FITOQUÍMICA - VALOR CLÍNICO, FARMACÊUTICO E ECONÓMICO!
Por Maria do Céu Costa, Professora ca-
MEDICAMENTOS
TRADICIONAIS À
BASE DE PLANTAS:
A PRÁTICA ANCESTRAL
RECONHECIDA NO
SÉCULO XXI
Este artigo tem por objetivo mostrar como
este tema que se estuda nos cursos de
Farmácia onde lhe chamam Farmacog-
nosia, Fitoquímica, Produtos Naturais, e
Medicamentos à Base de Plantas, está
inserido também nos Cursos de Medicina
nas matérias de Farmacologia, embora os
médicos não cheguem a aprofundar estas
áreas da ciência, apenas são preparados
para as aplicar.
Talvez porque são os farmacêuticos que
têm que se preocupar com a preparação
dos medicamentos e os médicos apenas
têm de os saber receitar.
Em Portugal, os profissionais de Terapêu-
ticas Não Convencionais também podem
indicar medicamentos tradicionais à base
de plantas (MTBP), nomeadamente os
Naturopatas. Mas isto acontece só em
Portugal? Não, acontece no mundo inteiro.
Os termos internacionais comuns são os
adotados pela Organização Mundial de
Saúde (OMS )
https://apps.who.int/iris/handle/10665/312342
medicina tradicional e complementar
(MT&C). Em Portugal como em toda a
Europa existe uma diretiva que legaliza os
MTBP, em venda livre, não sujeitos a receita
médica, e, portanto, acessíveis a qualquer
consumidor. Atualmente, existem oito
MTBP comercializados em Portugal apesar
de estarem autorizados 15.
No Reino Unido, existem 366 registos. Mas
o que são MTBP?
Um «Medicamento é toda a substância
ou associação de substâncias, possuindo
propriedades curativas ou preventivas de
doenças em seres humanos, ou dos seus
sintomas, que possam ser utilizada para
restaurar, corrigir ou modificar funções
fisiológicas.
Raíz de Valeriana
É o caso das folhas do Ginkgo biloba em
O «Medicamento à base de plantas», tem
exclusivamente como substâncias ativas
uma ou mais substâncias ou preparações
derivadas de plantas, e o «Medicamen-
to tradicional à base de plantas» é um
medicamento à base de plantas comprova-
damente não nocivo, com efeitos farmaco-
lógicos ou de eficácia plausível, tendo em
conta a utilização e a experiência de longa
data.Há então diferença entre um medica-
mento à base de plantas tradicional e não
tradicional.
É o caso da Valeriana, existem autorizados
“MTBP para o alívio da tensão nervosa
ligeira e dos distúrbios do Sono”, e outros
“indicado para o alívio dos sintomas leves
de perturbações nervosas e da dificuldade
em adormecer”, ambos com Classificação
médica (OMS): 2.9.1 – Sistema Nervoso
central. Psicofármacos. Ansiolíticos, seda-
tivos e hipnóticos, os primeiros baseados
em ensaios clínicos e os segundos, na
experiência de longa duração.
A atuação de qualquer planta no corpo
humano ou animal em geral deve-se à exis-
tência dos seus componentes químicos, a
“Fitoquímica”.
Da fitoquímica para o componente químico
isolado e produzido puro na fábrica em vez
de ser retirado da planta é uma questão
de tecnologia: existem atualmente 8
medicamentos que contêm a substância
natural tal e qual. Um deles é a Vinblasti-
na, anticancerígeno isolado desde 1958 da
planta Vinca rosea abundante em Mada-
gáscar. Desde 1981 até hoje 64,9% dos
medicamentos são de origem natural ou
inspirados na natureza. E tudo começa no
uso da planta!
Mas o que são MTBP? Um «Medicamen-
to» é toda a substância ou associação
de substâncias, possuindo propriedades
curativas ou preventivas de doenças em
seres humanos, ou dos seus sintomas,
que possam ser utilizada para restaurar,
corrigir ou modificar funções fisiológicas.
tedrática, Coordenadora do Mestrado em
Produtos de Saúde e Suplementos Alimen-
tares na Escola de Ciências e Tecnologias
da Saúde, da Universidade Lusófona.
SUPLEMENTOS
ALIMENTARES À
BASE DE PLANTAS
A crescente consciencialização dos consu-
midores em relação à saúde e bem-estar
tem estimulado a procura de nutrientes
que completem a alimentação e assegu-
rem benefícios para a saúde.
Esta procura tem levado nos últimos 50
anos, a um aumento crescente de géneros
alimentícios com teores elevados e con-
centrados de nutrientes, sejam minerais,
vitaminas ou outras substâncias, incluindo
produtos botânicos derivados de plantas,
com efeito, nutricional ou fisiológico,
comercializados sob a forma de "dose"
(comprimidos, cápsulas) e designados
suplementos alimentares.
Ginkgo Biloba
Em 2020 a dimensão do mercado mundial
de suplementos alimentares foi avaliada
em 140,3 mil milhões de dólares, e espera-
-se que se expanda a uma taxa de cresci-
mento anual de 8,6% entre 2021 e 2028.
Mas há um novo paradigma. Ao contrá-
rio do passado, em que os suplementos
alimentares à base de plantas, vendidos
na ervanária, eram chás e infusões que
continham concentrações baixas das
plantas, hoje o que se vende são extratos e
produtos muito concentrados.
Estes produtos são considerados seguros
como qualquer outro género alimentício:
uma couve ou um pedaço de carne, e
como tal, vendidos em quase todo o lado,
das farmácias aos supermercados, ervaná-
rias e/ou pela internet, com ou sem acom-
panhamento de profissional de saúde.
Na busca de uma solução para o seu esta-
do de saúde, o indivíduo pode ler na inter-
net que um determinado produto resolve
um problema, compra o produto e utiliza-o
sem qualquer informação relacionada
com a toma correta do produto, enquanto
suplemento alimentar, sem saber que, por
exemplo, existem possíveis interações
deste com outros produtos, podendo criar
um problema de saúde.
suplementos com intuito de auxiliar a
memória e concentração e até estados de
confusão e dor de cabeça, que pode dar
origem a situações graves de hemorragia
em pessoas que tomam Varfarina e outros
anticoagulantes, medicamentos cujo efeito
fica afetado.
O mesmo pode acontecer com outros
géneros alimentícios, por exemplo, um
alimento comum como a toranja interage
com dezenas de medicamentos, alterando
os efeitos da Sinvastatina, e de alguns
antibióticos.
Os suplementos alimentares estão disponí-
veis em supermercados e a perceção dos
consumidores de que podem ter o mesmo
efeito dos medicamentos à base de plan-
tas- por exemplo de Ginkgo, mas com um
risco muito menor de efeitos adversos, por
serem “géneros alimentícios naturais” é
enganadora.
É o caso das folhas do Ginkgo biloba
procuradas em suplementos com
intuito de auxiliar a memória e con-
centração e até estados de confusão
e dor de cabeça, que pode dar origem
a situações graves de hemorragia
particularmente em pessoas que
tenham de tomar Varfarina e outros
anticoagulantes.
Porque ser natural não é sinónimo de ser
seguro, porque são produtos químicos,
têm ação nos recetores de medicamentos,
devido à sua ação farmacológica poten-
cial em função da quantidade ingerida, a
toma de suplementos à base de plantas
deve ser acompanhada por um nutricionis-
ta ou um profissional de saúde.
Árvore Ginkgo Biloba
E o médico deve ser informado.
E notificado à autoridade qualquer efeito
adverso através do link
https://www.dgav.pt/alimentos/conteudo/ge-
neros-alimenticios/regras-especificas-por-tipo-
-de-alimentos/suplementos-alimentares/
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