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Técnicas Farmacêuticas

e Desenvolvimento
de Formas Nutricionais
1. Introdução 4
Nutracêuticos x Alimentos Funcionais 5
Fitoquímicos 5
Aspectos Genéticos e Moleculares
da Produção Vegetal 6
Alimentos Funcionais 7

2. Aspectos Farmacocinéticos e Farmacodinâmicos 11


Compostos Fenólicos 11
Flavonoides 12
Antocianidinas 13
Isoflavonoides 13
Farmacocinética e Farmacodinâmica
dos Flavonoides 14
Catequinas do Chá Verde 15
Taninos 17
Saponinas 18
Resveratrol 19
Carotenoides 20
Aspectos Farmacocinéticos e Farmacodinâmicos 20
Licopeno e Betacaroteno 21
Fibras Solúveis e Insolúveis 22
Prebióticos x Probióticos 23

3. Forma Farmacêutica 26
Componentes da Formula Farmaceutica 27
Formas Físicas das Formas Farmacêuticas 27
Formas Farmacêuticas Sólidas 28
Formas Farmacêuticas Semi-Sólidas 32
Formas Farmacêuticas Líquidas 34
Formas Farmacêuticas Especiais 36

4. Referências Bibliográficas 38

02
03
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS

1. Introdução

Fonte: UOL1

C om o avanço da Ciência da Nu-


trição, hoje, muito se sabe so-
bre a ação dos nutrientes no orga-
alimentação e através da legislação
as indústrias foram obrigadas a adi-
cionar ácido fólico à farinha, iodo ao
nismo e a sua necessidade diária p- sal ou enriquecer biscoitos com vita-
ara que o organismo apresente suas minas.
funções Fisiológicas normais. A mai- Os nutracêuticos definidos co-
oria dos indivíduos não ingere os mo compostos bioativos presentes
nutrientes necessários devido a mo- em alimentos apresentados na for-
tivos diversos como falta de acesso a ma farmacêutica de cápsulas, com-
uma alimentação mais saudável de- primidos, efervescentes ou até mes-
vido à baixa renda ou ingestão de ali- mo na forma de shakes, pirulitos,
mentos pobres em nutrientes. As- entre outros, apresentam uma alter-
sim, a ciência foi buscando formas nativa para administração de nutri-
de incorporar alguns nutrientes na entes isolados de alimentos. Assim

1 Retirado em https://www.uol.com.br/

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com a necessidade e melhor com- ácidos graxos poliinsaturados, pro-


preensão sobre as formas nutricio- teínas, peptídeos, aminoácidos ou
nais e técnicas farmacêuticas utiliza- cetoácidos, minerais, vitaminas an-
das, essa disciplina visa apresentar tioxidantes e outros antioxidantes
conceitos básicos para profissionais como a glutationa e o selênio (RO-
da saúde interessados em aumentar BERFROID, 2002; HUNGEHOLTZ,
seus conhecimentos sobre o assun- 2002; ANDLAUER; FURST, 2002;
to. KWAK; JUKES, 2001).

Nutracêuticos x Alimentos Fitoquímicos


Funcionais
A fitoquímica é a ciência res-
Em muitos países, os termos ponsável pelo estudo dos compo-
nutracêuticos e alimentos funcio- nentes químicos dos vegetais. Estu-
nais são bem esclarecidos e defini- da cada grupo da planta, desde a es-
dos, mas alguns profissionais ainda trutura química molecular até as
fazem confusão com os termos, pois propriedades biológicas dos vege-
na prática os nutracêuticos e os ali- tais. Faz levantamentos e análises
mentos funcionais estão bem liga- dos componentes químicos das
dos. Podemos definir os alimentos plantas como os princípios ativos, os
funcionais como alimentos que pos- odores, pigmentos entre outros.
suem componentes que oferecem Segundo a American Dieteti-
benefícios fisiológicos e não apenas cAssociation, os fitoquímicos tam-
nutricionais e são indicados para bém conhecidos como fitonutrientes
prevenção de doenças, podendo ser ou fitoesteróis são encontrados em
incorporados em dietas específicas, vários alimentos e podem ser consu-
já os nutracêuticos são componentes midos diariamente em determinada
isolados de alimentos e são vendidos quantidade pelos seres humanos
em forma de barras, cápsulas, pó, como os vegetais, as frutas, os legu-
comprimidos ou outras formas. mes, os grãos, nas sementes e ser-
O termo nutracêutico define vem de proteção contra várias doen-
uma ampla variedade de alimentos e ças como câncer e doenças degene-
componentes alimentícios com pro- rativas (ANJO, 2004).
priedades terapêuticas. Sua ação va- A área de Farmácia que estuda
ria do suprimento de minerais e vi- os fitoquímicos é a Farmacognosia,
taminas essenciais até a proteção termo criado em 1815 por Seydler
contra várias doenças infecciosas em sua AnalectaPharmacognostica.

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Ciência criada para estudar as maté- de um produto específico natural-


rias de origem natural usadas no tra- mente já codificado por uma espécie
tamento de enfermidades. Atual- vegetal, as plantas podem ser utiliza-
mente, o termo se refere com exclu- das para produzir outras substân-
sividade às matérias de origem vege- cias de interesse na saúde humana,
tal e animal. A origem do nome Far- se os genes adequados forem trans-
macognosia vem de duas palavras feridos a elas. Os avanços obtidos
gregas: Pharmakon que significa com a biologia molecular permitem
droga, veneno e Gnosis que significa o isolamento de um gene numa bac-
conhecimento (OLIVEIRA; AKI- téria, vírus ou mesmo humano pode
SUE; AKISUE; 1998). ser incorporado ao genoma de uma
As pesquisas fitoquímicas têm planta e essa expressar esse gene e
por objetivo conhecer os constituin- produzir corretamente o produto gê-
tes químicos de espécies vegetais ou nico codificado. Dessa forma, vaci-
avaliar a sua presença. Quando não nas e outros produtos farmacêuticos
se dispõe de estudos químicos sobre poderiam ser produzidos por plan-
as espécies de interesse, a análise fi- tas (NODARI; GUERRA, 2002).
toquímica preliminar pode indicar Plantas transgênicas são vege-
os seus grupos de metabólitos se- tais transformados geneticamente,
cundários relevantes (SIMÕES et são plantas que tem inserido em seu
al., 2002). genoma, uma sequência de DNA
manipulada em laboratório por téc-
Aspectos Genéticos e Molecu- nicas moleculares ou biotecnológi-
lares da Produção Vegetal cas. O DNA inserido pode ser da
mesma ou de outra espécie. Essa
A utilização de plantas medici-
técnica conhecida como Técnica do
nais como recurso terapêutico ou
DNA Recombinante possibilita o
para o desenvolvimento de novos
corte e a ligação de fragmentos de
medicamentos, a partir das substân-
DNA de uma forma altamente pre-
cias delas isoladas, ou via plantas
cisa. Particularmente, sequências de
transgênicas, tem se mostrado uma
DNA (genes) podem ser removidas
forma não convencional de produ-
de um organismo, ligadas a sequên-
ção de matérias-primas vegetais,
cias regulatórias e inseridas em ou-
que começou a ser melhor explorada
tros organismos. A fonte desses ge-
nos últimos anos (SIMÕES et al.,
nes pode ser qualquer organismo
2002).
vivo (microrganismo, inseto, planta,
Além do melhoramento em si,
animal) e o organismo recipiente,
feito no sentido de aumentar o teor

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nesse caso específico, plantas culti- mo alimentos funcionais, incluindo


vadas (NODARI; GUERRA, 2002). componentes que podem afetar inú-
Diversos genes de interesse meras funções corpóreas, relevantes
agronômico já foram isolados como, tanto para o estado de bem-estar e
por exemplo, o gene que codifica saúde como para a redução do risco
uma proteína de alto valor nutricio- de doenças. Essa classe de compos-
nal presente na castanha do Pará, tos pertence à Nutrição e não à Far-
pode ser usado para aumentar o va- macologia, merecendo uma catego-
lor nutricional de algumas culturas ria própria, que não inclua suple-
importantes como feijão, soja e ervi- mentos alimentares, mas o seu papel
lha (GANDER; MARCELLINO, em relação às doenças estará, na
2014). maioria dos casos, concentrado mais
Estima-se que mais de cem mil na redução dos riscos do que na pre-
metabólitos secundários são produ- venção.
zidos pelas plantas, geralmente em Segundo os autores, os ali-
baixas quantidades. A manipulação mentos funcionais apresentam as
de genes de enzimas que catalisam seguintes características:
os principais passos da rota de pro-  Devem ser alimentos conven-
dução ou de fatores de transcrição cionais e serem consumidos na
pode aumentar a produção desses dieta normal/usual;
metabólitos e tornar executável o  Devem ser compostos por
componentes naturais, algu-
cultivo de plantas transgênicas com
mas vezes, em elevada concen-
tal finalidade. Como consequência, o tração ou presentes em ali-
aumento do valor de certas espécies mentos que normalmente não
agrícolas pode ser alcançado por os supririam;
meio de modificações genéticas, que  Devem ter efeitos positivos
alteram a quantidade ou a composi- além do valor básico nutritivo,
ção de certos metabólitos, os quais que pode aumentar o bem-es-
são de grande importância para a sa- tar e a saúde e/ou reduzir o
risco de ocorrência de doen-
úde humana (NODARI; GUERRA, ças, promovendo benefícios à
2002) saúde, além de aumentar a
qualidade de vida, incluindo
Alimentos Funcionais os desempenhos físico, psico-
lógico e comportamental;
Segundo Moraes e Colla  A alegação da propriedade
(2006), uma grande variedade de funcional deve ter embasa-
mento científico;
produtos tem sido caracterizada co-

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 Pode ser um alimento natural  Fibras;


ou um alimento no qual um  Probióticos;
componente tenha sido remo-  Prebióticos.
vido;
 Pode ser um alimento onde a Veja na tabela abaixo, a dife-
natureza de um ou mais com- rença de alimento funcional e nutra-
ponentes tenha sido modifi-
cêutico (LOBÃO, 2014).
cada;
 Pode ser um alimento no qual
a bioatividade de um ou mais
componentes tenha sido mo-
dificada.

Já o alvo dos nutracêuticos é


diferente dos alimentos funcionais,
devido as seguintes razões (KWAK;
JUNES, 2001):
 Enquanto a prevenção e o tra-
tamento de doenças são rele-
vantes aos nutracêuticos, ape-
nas a redução do risco da do-
ença, e não a prevenção e tra-
tamento da doença estão en-
volvidos com os alimentos
funcionais;
 »enquanto os nutracêuticos
incluem suplementos dietéti-
cos e outros tipos de alimen-
tos, os alimentos funcionais
devem estar na forma de um
alimento comum.

Alguns fotoquímicos encon-


trados em alimentos funcionais são:
 Isoflavonas;
 Flavonoides e outros compos-
tos fenólicos;
 Carotenoides;
 Ômega-3;
 Fitoesteróis;

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Exemplos de alimentos funcionais e nutracêuticos

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2. Aspectos Farmacocinéticos e Farmacodinâmicos

Fonte: Tua Saúde2

Compostos Fenólicos são produzidos a partir do anel ben-


zênico de substâncias presentes na

O s compostos fenólicos podem


ser encontrados em muitas es-
pécies vegetais e em microrganis-
dieta alimentar. Já os vegetais e a
maioria dos microrganismos têm a
capacidade de sintetizar o anel ben-
mos que também fazem parte do zênico, e, a partir dele, principal-
metabolismo animal. Pertencem a mente, compostos fenólicos.
uma classe de compostos com estru- Entre os compostos fenólicos
tura química que podem ser simples pertencentes ao metabolismo secun-
ou complexas e possuem pelo menos dário dos vegetais são encontradas
um anel aromático e no mínimo um estruturas tão variadas quanto a dos
hidrogênio é substituído por um ácidos fenólicos, dos derivados da
grupamento hidroxila. Os animais cumarina, dos pigmentos hidrosso-
são incapazes de sintetizar o anel lúveis das ores, dos frutos e das fo-
aromático, e os compostos fenólicos lhas. Além disso, essa classe de com-

2 Retirado em https://www.tuasaude.com/farmacocinetica-e-farmacodinamica/

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postos abrange as ligninas e os tani- Flavonoides são divididos em:


nos, polímeros com importantes flavonas, flavonóis, chalconas, auro-
funções nos vegetais. Ainda, estrutu- nas, flavanonas, flavanas, antociani-
ras fenólicas são encontradas fa- dinas, leucoantocianidinas, proan-
zendo parte de proteínas, alcaloides tocianidinas, isoflavonas, neofla-
e terpenoides (CARVALHO; GOS- vonoides sendo que as flavonas e fla-
MANN; SCHENKEL, 2002). vanonas são de origem biossintética
muito próximas (BRAVO, 1998).
Flavonoides Os flavonoides têm funções
importantes nos vegetais, partici-
Os flavonoides representam pando do crescimento, desenvolvi-
um dos grupos fenólicos mais im- mento e na defesa dos vegetais, pro-
portantes e diversificados entre os tegendo-os do ataque de patógenos.
produtos de origem natural, são co- Estão presentes nas plantas, concen-
nhecidos mais de 4200 flavonoides, trados em sementes, frutos, cascas,
sendo que o número de novas estru- raízes, folhas e flores. As principais
turas identificadas praticamente do- fontes de flavonoides incluem frutos
brou nos últimos vinte anos (ZUA- como uva, cereja, maçã, groselha,
NAZZI, 2002). Segundo Pietta frutas cítricas entre outros, hortali-
(2000), mais de 8000 flavonoides já ças como pimenta, tomate, espina-
foram identificados. Sua estrutura fre, cebola, brócolis, entre outros ve-
básica consiste em um núcleo funda- getais folhosos e estima-se que o seu
mental, constituído de quinze áto- consumo na dieta humana está em
mos de carbono arranjados em três cerca de 1 a 2g (DORNAS et al.,
anéis (C6-C3-C6), sendo dois anéis 2007).
fenólicos substituídos (A e B) e um O tipo de flavonoide presente
pirano (cadeia heterocíclica de C) em um extrato de planta é determi-
acoplado ao anel A conforme figura nado inicialmente pelo estudo das
(DI CARLO et al., 1999). propriedades de solubilidade e rea-
Estrutura básica dos flavonóides ções de coloração. Esse procedimen-
to é seguido por análise cromatográ-
fica do extrato da planta. Os fla-
vonoides podem ser separados por
procedimentos cromatográficos e os
componentes individuais identifica-
dos, quando possível, por compara-
Fonta: (Damas et al. 2007) ção com padrões.

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As duas classes de flavonoides e as possíveis reações com o dióxido


consideradas como mais importan- de enxofre, muito empregado como
tes são os flavonois e as antocianidi- conservante de alimentos. Também
nas. Os pigmentos ocorrem geral- possuem algum interesse farmaco-
mente na forma de antocianinas, lógico resultante de suas atividades
que são derivadas das antocianidi- anti-inflamatórias e antiedematogê-
nas. As antocianidinas não possuem nicas (ZUANAZZI, 2002).
grupos glicosídeos e a maioria pos-
sui hidroxilas, isto é, grupos OH, em Isoflavonoides
posições específicas na sua estrutura
química (MARÇO; POPPI, 2008). As isoflavonas são uma sub-
classe dos flavonoides e têm uma
Antocianidinas distribuição extremamente limitada
na natureza. Os Isoflavonoides são
O termo antocianina, derivado de ocorrência exclusiva das Faba-
do grego de floor e azul (anthos = ceae.
flores; kianos = azul), foi inventado Apesar dessa restrição a uma
por Marquart em 1853 para se refe- só família botânica, essa classe apre-
rir aos pigmentos azuis das FLores. senta uma diversidade estrutural
Mas com o passar do tempo, importante como isoflavonas, isofla-
foi demonstrado que não apenas a vanonas, isoflavenos, aril-3-cumari-
cor azul, mas também várias outras nas entre outras. A isoflavona, parti-
cores observadas em flores, frutos, cularmente, possui uma forma bioa-
folhas, caules e raízes são atribuídas tiva encontrada em poucos vegetais
a pigmentos quimicamente simila- de consumo humano, sendo a soja a
res aos que deram origem ao “flor maior fonte. São conhecidas como
azul” (MARÇO; POPPI, 2008). fitoestrógenos (SALGADO, 2001).
Pigmentos antociânicos são As isoflavonas de soja podem
responsáveis pela cor vermelha de agir como:
sucos de frutas, de vinhos e doces de  Estrógenos e antiestrógenos;
confeitaria. São considerados como  Inibidores de enzimas ligadas
aditivos eficazes e seguros na indús- ao desenvolvimento do cân-
tria alimentar, não sendo emprega- cer;
dos em grande escala em razão de  Antioxidantes.
sua instabilidade decorrente de dife-
A ação estrogênica se deve ao
rentes fatores físicos como luz e pH,
fato das isoflavonas se ligarem aos
dificuldades de purificação e síntese,

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receptores de estrogênio, e a ação es- tienvelhecimento. As catequinas,


trogênica e antiestrogênica vai de- por exemplo, são prontamente ab-
pender do nível de hormônios sexu- sorvidas no intestino, de 70 a 80%
ais endógenos. Como inibidor de en- delas passam para a circulação; no
zimas relacionadas ao câncer, um fígado, cerca de 90% das catequinas
exemplo seria a inibição da tiroxina ingeridas são biotransformadas e
quinase responsável pela indução cerca de 2 a 5% das catequinas inge-
tumoral. E a ação antioxidante se ridas permanecem intactas na circu-
deve a inibição da produção de oxi- lação.
gênio reativo, que está envolvido na A propriedade mais impor-
formação de radicais livres (PIMEN- tante dos flavonoides é a capacidade
TEL; FRANCKI; GOLLUCKE, antioxidante. Os antioxidantes são
2005). compostos químicos capazes de rea-
gir com radicais livres e dessa forma
Farmacocinética e Farmaco- reduzir os seus efeitos maléficos no
dinâmica dos Flavonoides organismo (PIMENTEL; FRANCKI;
GOLLUCKE, 2005).
Os flavonoides quando absor-
Alguns dos efeitos deletérios
vidos, após passarem pela metaboli-
dos radicais livres no organismo são:
zação no intestino delgado, são su-
 Oxidação de LDL, aumen-
jeitos a várias reações de biotrans- tando o risco de aterosclerose;
formação no fígado. Estudos em ani-  Formação de adesão plaquetá-
mais e humanos confirmaram que ria, acarretando trombose e
os flavonoides são encontrados na aumentando o risco de AVC e
circulação pouco tempo após o con- enfarte;
sumo e são distribuídos nos tecidos.  Dano ao DNA, gerando aber-
Quando o extrato de chá verde foi rações cromossômicas e neo-
plasias;
consumido por voluntários saudá-
 Potencializa processos infla-
veis, várias catequinas foram encon-
matórios e altera o sistema
tradas no plasma numa concentra- imune.
ção variando entre 0,2 a 2% da
quantidade ingerida, com uma con- Os flavonoides interferem no
centração máxima entre 1,4 e 2,4 ho- processo de produção dos radicais
ras após a ingestão. livres, sendo assim combate os seus
A biodisponibilidade dos fenó- efeitos indesejáveis no organismo.
licos é crucial para a sua eficiência Na literatura científica podemos en-
como agentes anticancerígenos e an- contrar muitos estudos comprovan-

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do o efeito benéfico de substâncias os aminoácidos derivados de teani-


que contêm flavonoides em sua nas; os alcaloides: xantinas como ca-
composição como, por exemplo, o feínas, teolina e teobromina; saponi-
extrato de uvas e o chá verde devido nas, ou seja, cerca de 30 substâncias
a seus efeitos anticarcinogênicos, adicionais. Além disso, o chá verde
anti-inflamatórios, anti-hepatotóxi- deve conter traços de pesticidas co-
co, antiviral, antialérgico, antitrom- mo organoclorados, organofosfora-
bótico e antioxidante. Veja a seguir, dos e piretrinas.
as propriedades das catequinas do Segundo estudos in vivo e in
chá verde. vitro, antioxidantes, como o EGCG,
presente no chá verde, podem redu-
Catequinas do Chá Verde zir o risco de obesidade e as conse-
quências do estado de sobrepeso.
O chá verde é um produto he- Dentre os benefícios das catequinas
terogêneo que contém uma grande estão prevenção do câncer e de do-
variedade de componentes. Os pro- enças cardiovasculares, redução da
dutos predominantes são as quatro colesterolemia, efeitos protetores
catequinas polifenólicas: epigaloca- contra danos ao fígado e estresse
tequinagalato (EGCG), epicatequi- oxidativo, atividade antimutagênica,
nagalato (ECG), epigalocatequina antitumoral, efeitos anti-inflamató-
(EGC) e a epicatequina (EC), e se- rios, antiarrítmicos, antibacteria-
gundo dados da literatura são os nos, antivirais e neuroprotetor e me-
componentes responsáveis pelos lhora da tolerância à glicose. Muitos
principais efeitos benéficos dessa desses efeitos benéficos do chá verde
erva. têm sido atribuídos a sua catequina
A EGCG compõe cerca de 50 a mais abundante, a EGCG.
60% das catequinas do chá verde Tem sido mostrado que as ca-
correspondendo a cerca de 200- tequinas do chá verde reduzem a ati-
300mg por xícara. Existem também vidade da alfa-amilase e da sacarose
outros monômeros das catequinas em intestino de ratos. Assim, vários
que se apresentam em menores estudos in vitro sugerem que as ca-
quantidades: galatocatequinagalato tequinas do chá verde podem redu-
(GCG), galocatequina zir a absorção de glicose pela inibi-
(GC), catequina galato (CG) e ção de enzimas gastrointestinais en-
catequina (C). Os outros componen- volvidas na digestão de nutrientes.
tes incluem: flavonoides como ka- Além disso, estudos em animais
empferol, quercetina e miricetina; mostraram que o chá verde modula

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o sistema de captação de glicose no proteína gp130 de membrana que se


tecido adiposo e no músculo esque- liga ao receptor de IL-6 e produz a
lético e suprime a expressão e/ou transdução de sinal.
ativação de fatores de transcrição re- Tem sido observado que a
lacionados à adipogênese, como os EGCG reduz o estresse oxidativo,
possíveis mecanismos de ação anti- inativa NF-κB e eleva a concentra-
obesidade. ção sérica de adiponectina. Estudos
O chá verde reduziu significa- recentes demonstraram que a ex-
tivamente a captação de glicose pressão proteica de NFκB é reduzida
acompanhado por uma diminuição em células tratadas com EGCG.
na translocação dos transportadores EGCG inibiu a ligação de NF-κB ao
de glicose 4 (GLUT4) no tecido adi- DNA induzido por TPA (um agente
poso, ao mesmo tempo que estimu- tóxico) em pele de camundongo. A
laram significativamente a absorção inativação de NF-κB pela EGCG foi
de glicose com translocação de relatado ser mediado pela supressão
GLUT4 no músculo esquelético. da fosforilação e subsequente degra-
Os efeitos benéficos das cate- dação de IκBα, evitando a transloca-
quinas do chá verde nas desordens lização nuclear da subunidade p65.
do metabolismo de glicose implica- Entretanto, a modulação da ativi-
dos na diabetes tipo 2 parecem ser dade transcricional de NF-κB pela
mediados por vários mecanismos EGCG não depende unicamente da
relacionados a várias vias como atra- degradação de IκBα e subsequente-
vés da modulação o balanço energé- mente liberação da subunidade NF-
tico, sistema endócrino, consumo de κB, como demonstrado por pesqui-
alimentos, metabolismo de carboi- sadores. EGCG inibi a fosforilação
dratos e lipídeos, estado redox e ati- de IκBα induzida por lipopolissaca-
vidade de diferentes tipos de células rideos sem afetar a atividade lucife-
(adiposas, hepáticas, muscular e β- rase de NF-κB em célula s de câncer
pancreáticas). Devido ao fato do re- de cólon humano (HT-29). Além
ceptor de EGCG, conhecido como disso, a interferência com a sinaliza-
receptor laminin67-kDa, ser encon- ção de IKK-IKB, a supressão da
trado tanto em células cancerosas transdução de sinal mediada por
como em células normais, conclui-se MAPKs e PI3K-Akt pela EGCG tem
que EGCG possui numerosas ações. implicado na inativação de NF-κB e
O tratamento com EGCG ini- supressão da indução de COX-2.
biu a produção de IL-6 induzidas Muitos trabalhos relatam a ação da
por IL-1β e diminuiu a expressão da EGCG, como um agente promotor

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anti-tumor. Essa catequina supri- cia, pois são responsáveis pela ads-
miu a ação maligna de TPA (12-O-te- tringência de muitos frutos e outros
tradecanoylphorbol-13-acetate) em produtos vegetais. A complexação
células JB6 epidermais de camun- entre taninos e proteínas é a base
dongos através da inativação de AP- para suas propriedades como fator
1 ou atividade de NF-κB. Em contra- de controle de insetos, fungos e bac-
partida, a administração oral de térias, assim como para seus princi-
EGCG não afetou a ligação de AP-1 pais usos industriais, como na ma-
ao DNA induzido por TPA, mas ini- nufatura do couro (MELLO; SAN-
biu a ativação de NF-κB, bloqueando TOS, 2002).
a degradação de IκBα na pele de ca- Os taninos podem ser classifi-
mundongos. cados como hidrolisáveis e não hi-
Estudo recente revelou que drolisáveis. Os taninos hidrolisáveis
EGCG estimula a secreção de adipo- por hidrólise ácida liberam ácidos
nectina (adipocina anti-inflamató- fenólicos: gálico, caféico, elágico e
ria) e reduz TLR-4 (receptor ativado um açúcar. O ácido tânico é um típi-
por patógenos) em adipócitos, suge- co tanino hidrolisável, o qual é que-
rindo, portanto, que a EGCG tem brado por enzimas ou de forma es-
efeito anti-inflamatório. Adicional- pontânea.
mente, os resultados deste estudo Os taninos não hidrolisáveis
também demonstram efeito dose- também chamados de condensados
dependente sobre a expressão pro- (flavolanos) são polímeros dos fla-
teica de TNFR1 (receptor da via in- vonoides, formados predominante-
flamatória), o que indica que em do- mente por unidades de flavan-3-ols
ses elevadas essa catequina pode de- (catequina) e flavan 3,4-diols (leuco-
sencadear efeito pró-inflamatório antocianidina), presentes em maior
(SILVA, 2013) quantidade nos alimentos normal-
mente consumidos. Em geral, a pro-
Taninos dução de altos níveis de fenóis na
planta está relacionada com o pro-
São substâncias fenólicas solú-
cesso de cicatrização. Próximo a “in-
veis com massa molecular entre 500
júria” isto é, a algum tipo de agres-
e cerca de 3000 daltons, que apre-
são, os fenóis são oxidados pela po-
sentam a habilidade de formar com-
lifenoloxidase a quinonas e comple-
plexos insolúveis em água com alca-
xos polímeros fitomelanina mar-
loides, gelatina e outras proteínas.
rom, que são frequentemente mais
Tais compostos possuem importân-

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tóxicos aos invasores do que os fe- clicos. Esse tipo de estrutura, que
nóis. possui uma parte com característi-
Os taninos condensados estão cas lipofílicas (triterpeno ou este-
presentes na fração da fibra alimen- roide) e outra parte hidrofílica (açú-
tar de diferentes alimentos e podem cares), determina a propriedade de
ser considerados indigeríveis ou po- redução da tensão superficial da
bremente digeríveis. Em legumino- água e suas ações detergentes e
sas e cereais os taninos têm recebido emulsificantes.
considerável atenção, por causa de As saponinas em soluções
seus efeitos adversos na cor, sabor e aquosas formam espuma persistente
qualidade nutricional. Nossa dieta, e abundante. Essa atividade se deve,
de uma maneira geral, possui vários como nos outros detergentes, do
alimentos contendo considerável fato de apresentarem na sua estrutu-
quantidade de taninos, tais como ra, como citado anteriormente, uma
feijões secos, ervilhas, cereais, fo- parte lipofílica denominada aglicona
lhas, vegetais verdes, café, chá, cidra ou sapogenina e uma parte hidrofí-
e alguns tipos de vinhos (SILVA; lica constituída por um ou mais açú-
SILVA, 1999). cares. A espuma formada é estável à
Plantas ricas em taninos são ação de ácidos minerais diluídos, di-
empregadas na medicina tradicional ferenciando-a daquela dos sabões
como medicamento para o trata- comuns. Essa propriedade é a mais
mento de diversas moléstias orgâni- característica desse grupo de com-
cas, tais como diarreia, hipertensão postos, da qual deriva o seu nome
arterial, reumatismo, hemorragias, (do latim sapone = sabão).
feridas, queimaduras, problemas es- Algumas propriedades físico-
tomacais como azia, náuseas, gas- químicas e biológicas encontradas
trite e úlceras, problemas renais e do na maioria das saponinas são:
sistema urinário e processos infla-  Elevada solubilidade em água;
matórios em geral. Vários estudos  Ação sobre membranas: mui-
recentes têm demonstrado os efeitos tos saponinas são capazes de
farmacológicos dos taninos (MEL- causar desorganização das
membranas das células san-
LO; SANTOS, 2002).
guíneas (ação hemolítica);
 Complexação com esteroides:
Saponinas
razão pela qual frequentemen-
As saponinas são glicosídeos te apresenta ação antifúngica e
hipocolesterolemiante.
de esteroides ou de terpenos policí-

18
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS

As saponinas são componen- teores elevados de potássio


tes importantes para a ação de mui- (SCHENKEL; GOSMANN; ATHAY-
tas drogas vegetais, destacando-se DE, 2002).
aquelas tradicionalmente utilizadas
como expectorantes e diuréticas co- Resveratrol
mo por exemplo:
Ação expectorante: O Resveratrol é uma substân-
 Polygalasenega L. (Polígala) cia encontrada na pele da uva ver-
 Primulaveris L. (Prímula) melha. As fontes mais abundantes
 Grindelia robusta Nuh (Grin- são as uvas Vitis vinífera, V. Labrus-
délia) ca, V. muscadine que são usadas na
 Hederahelix (hera) fabricação de vinhos. É encontrada
nas videiras, nas raízes, sementes e
Como diurética: talos, mas a concentração maior está
 Smilaxspp (Salsaparilla) na película das uvas, que contém en-
 Herniaria glabra L. (Herniá- tre 50 e 100 microgramas por gra-
ria)
ma.
 Betula pendula Roth (Bétula)
O Resveratrol é conhecido há
 Equisetum arvense L. (Cavali-
nha) muito tempo na terapêutica medici-
nal oriental, sendo utilizado pelos
Mecanismo de ação não foi chineses e japoneses para o trata-
completamente elucidado. Os auto- mento de aterosclerose, doenças in-
res argumentam que a irritação no flamatórias e alérgicas. Suas carac-
trato respiratório aumentaria o vo- terísticas polifenólicas permitem ex-
lume do fluido respiratório, hidra- plicar suas atividades antiagregan-
tando a secreção brônquica. O muco teplaquetária, antioxidante e redu-
então ficaria com sua viscosidade di- tora de triglicerídeos.
minuída. Outra possibilidade seria Os estudos científicos de-
devida à atividade superficial das sa- monstram que o resveratrol diminui
poninas, também originando menos os níveis de lipídeos no soro sanguí-
viscosidade e maior facilidade de ex- neo e a agregação plaquetária, au-
pulsão do muco. Já a atividade diu- mentando o colesterol HDL que aju-
rética seria devido à irritação do epi- da a remover o colesterol LDL do
télio renal causada pelas saponinas, sangue e assim previne a obstrução
ou ainda devido aos flavonoides, ge- das artérias.
ralmente também presentes nessas A estrutura molecular do res-
drogas, ou mesmo pela presença de veratrol é similar à do estrogênio

19
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS

sintético, o dietilestilbestrol. Portan- ra possam ser encontrados em ali-


to, tem propriedades farmacológicas mentos de origem animal como
semelhantes à do estradiol, princi- ovos, leite, queijos, vísceras e ali-
pal estrogênio humano natural. mentos processados, onde são adici-
onados para colorir alimentos. As
Carotenoides fontes vegetais dos carotenoides
são: cenoura, manga, abóbora, mi-
Em 1929, as obras de von Eu- lho amarelo, páprica, mamão, aça-
ler, Karrer e Moore demonstraram a frão, urucum, pimenta vermelha, to-
relação entre os carotenoides e a vi- mate, melancia entre outros (PI-
tamina A, revelando o seu valor nu- MENTEL; FRANCKI; GOLLUCKE,
tritivo. A partir de então, o interesse 2005).
nesses compostos tem crescido e, Os carotenoides têm a capaci-
graças ao contínuo desenvolvimento dade de reduzir o risco de doenças
de técnicas analíticas, o conheci- cardiovasculares e cânceres, devido
mento do número de carotenoides às suas propriedades antioxidantes.
que ocorrem naturalmente também São capazes de:
aumentou, hoje mais de 650 são co-  Interromper as reações de ra-
nhecidos (PINTO, 2010). dicais livres que podem oxidar
Os carotenoides são substân- lipídios insaturados;
cias coloridas amplamente distribuí-  Proteger o DNA contra o ata-
das na natureza. Têm cor intensa, que de radicais livres.
que varia do amarelo ao vermelho,
Aspectos Farmacocinéticos e
mudando para azul por reação com
Farmacodinâmicos
ácido sulfúrico, e se divide em:
Carotenos: carotenoides constituí-
Absorção: a absorção dos carote-
dos por carbono e hidrogênio; e
noides é facilitada pela presença de
Xantofilas: derivados do caroteno
lipídios da dieta e enzimas digesti-
que possuem um ou mais átomos de
vas, principalmente as lipases. A
oxigênio.
ação das lipases produz ácidos gra-
Apesar dos carotenoides se-
xos livres que são incorporados a
rem abundantes nos alimentos, ape-
uma micela mista. Fatores que difi-
nas uma pequena parte é consumida
cultam a absorção de gorduras, co-
em quantidades significantes. A
mo a presença de fibras solúveis, po-
maioria dos carotenoides são origi-
dem também reduzir a taxa de ab-
nados de alimentos vegetais, embo-
sorção de carotenoides. Doenças

20
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS

que prejudicam a absorção de lipí- Licopeno e Betacaroteno


dios como a fibrose cística, doença
celíaca e deficiência de vitamina A Licopeno: O licopeno, dos carote-
podem também prejudicar a absor- noides, é o que possui a maior ativi-
ção de carotenoides, resultando em dade antioxidante in vitro contra as
um baixo nível destes compostos no espécies reativas de oxigênio. Estu-
plasma. O uso de medicamentos que dos demonstram que esta substân-
impedem a absorção de gordura co- cia reduz o risco de doenças cardio-
mo o Orlistate (Xenical) também po- vasculares. Não possui ação pró-vi-
dem prejudicar a absorção dessa vi- taminaA, mas possui efeitos benéfi-
tamina. cos à saúde, como ação antioxidante,
Metabolismo: após absorção, o regulação da comunicação célula-
carotenoide liga-se a uma proteína e célula, crescimento celular, entre
a um triacilglicerol formando um outras propriedades. Mais de 85%
quilomicron, que é hidrolisado por da ingestão de licopeno provém do
lipases. consumo de tomates e seus deriva-
Os carotenoides são então ex- dos.
cretados pelo fígado na forma de Mas também pode ser encon-
VLDL que é metabolizado em LDL, trado em goiaba, melancia e grape-
IDL e HDL. Essas diferentes classes fruit (PIMENTEL; FRANCKI; GOL-
de lipoproteínas carreiam os carote- LUCKE, 2005).
noides e os distribuem no corpo hu- Betacaroteno: O betacaroteno
mano na seguinte forma: 80% na constitui um pigmento natural sen-
gordura corporal, 10% no fígado e o do o mais abundante do grupo dos
restante em locais variados. A retina carotenoides presente nos alimen-
dos olhos contém altos níveis de tos. Pode ser encontrado em vege-
xantofilas (luteína e zeaxantina), as- tais e frutas de cor amarelo-alaran-
sociadas às proteínas. jado e em vegetais folhosos de cor
Mecanismo de ação: alguns caro- verde-escura. Nesses, a cor natural
tenoides são precursores de vita- do carotenoide é mascarada pela
mina A, são conhecidos como pró- clorofila, presente nos cloroplastos.
vitaminas A. E embora, possuem ati- Sua principal função biológica
vidade pró-vitamina A, também comprovada em humanos é sua ca-
apresentam outras funções como pacidade em se converter em vita-
ações antioxidantes, antimutagêni- mina A. A maior parte do betacaro-
cas e efeito imunomodulador. teno absorvido pela mucosa duode-

21
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS

nal é convertida a retinol que em se- proporcionam volume às fezes. O


guida é metabolizada a ésteres de re- amolecimento e o volume das fezes
tinila no enterócito. Esses agrupa- ajudam a prevenir a constipação, al-
mentos com a molécula intacta do guns tipos de diarreia e os sintomas
carotenoide atingem o fígado atra- do intestino irritável. Essas ações di-
vés da linfa, veiculados por rema- minuem também a pressão no trato
nescentes de quilomicrons. O beta- intestinal, reduzindo o risco de he-
caroteno é transportado no plasma morroidas e doença diverticular, um
por lipoproteínas e estocado princi- transtorno no qual se formam bolsas
palmente no tecido adiposo e fígado. na parede intestinal.
A conversão metabólica do carote- A fibra tem outros benefícios,
noide a retinoides pode ocorrer tam- há evidências de que a fibra solúvel
bém em tecidos de diferentes ór- pode diminuir o colesterol, aumen-
gãos, tais como o fígado, pulmão e tando a quantidade de ácidos bilia-
rins. res excretados nas fezes. Para elabo-
rar mais ácidos biliares, o fígado ex-
Fibras Solúveis e Insolúveis trai mais colesterol do sangue. A fi-
bra pode melhorar também o con-
Os alimentos derivados das trole do diabetes, tornando mais
plantas como frutas, vegetais e ali- lenta a liberação de açúcar no san-
mentos feitos com grãos integrais gue. Esse efeito se deve tanto as fi-
contêm vitaminas e sais minerais e bras em si como também ao fato das
compostos como os fitoquímicos dietas ricas em fibras geralmente se-
que podem proteger contra o câncer. rem baixas em gorduras e conter ou-
As plantas são também uma exce- tros nutrientes que podem afetar o
lente fonte de fibras, um nutriente metabolismo do açúcar. Também
especialmente importante para a di- existem diversos estudos mostrando
gestão. A fibra vem em duas formas: os benefícios das fibras na preven-
solúvel e insolúvel. A forma solúvel ção do câncer. Os estudos sugerem
absorve até 15 vezes seu peso em que as dietas ricas em fibras prote-
água e se desloca através do sistema gem contra o câncer de cólon e de
digestório, produzindo fezes mais mama (KING, 2003).
moles. Recomendação para consumo
As fibras solúveis são abun- de fibras:
dantes na aveia, nos legumes e nas Grãos: sete a oito porções: os grãos
frutas, já a fibra insolúvel, que se en- que podem ser consumidos através
contra nos vegetais e grãos integrais, dos cereais, pão, arroz e massas, são

22
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS

ricos em carboidratos complexos dia e o nível de estresse (KING,


cheios de energia e proporcionam 2003). Como é extremamente adap-
importantes nutrientes, incluindo a tável, o sistema digestório humano
fibra. Junto com os vegetais e as fru- pode ajustar-se a uma variedade in-
tas, os grãos devem formar a base da finita de alimentos, a menos que mi-
dieta. crorganismos prejudiciais e potenci-
Vegetais: pelo menos três porções: almente patogênicos dominem.
os vegetais são naturalmente pobres Manter um equilíbrio apropriado da
em calorias e quase livres de gordu- microbiota pode ser assegurado por
ra. Proporcionam fibra, vitaminas, uma suplementação sistemática da
sais minerais e fitoquímicos. dieta com probióticos, prebióticos e
Frutas: pelo menos duas porções: simbióticos (BIELECKA, BIEDRZY-
as frutas geralmente têm poucas ca- CKA, MAJKOWSKA, 2002). Em vir-
lorias e pouca ou nenhuma gordura tude desse fato, nos últimos anos, o
e contém fibras, vitaminas, sais mi- conceito de alimentos funcionais
nerais e fitoquímicos. As frutas fres- passou a concentrar-se de maneira
cas são geralmente mais ricas em fi- intensiva nos aditivos alimentares
bras, porém também em calorias. que podem exercer efeito benéfico
Legumes: pobres em gordura e sobre a composição da microbiota
sem colesterol, os legumes como fei- intestinal (ZIEMER, GIBSON,
jões, ervilhas e lentilhas secas são a 1998). Os prebióticos e os probióti-
melhor fonte de proteínas vegetais e cos são atualmente os aditivos ali-
excelentes fontes de fibras. mentares que compõem esses ali-
mentos funcionais.
Prebióticos x Probióticos Existem várias definições na
literatura para probióticos, prebióti-
A saúde do sistema gastroin- cos e simbióticos mas segundo Saad
testinal está bem relacionada com o (2006) as definições aceitas são:
estilo de vida, embora alguns trans- Probióticos: são microrganismos
tornos digestivos sejam hereditários vivos, administrados em quantida-
ou se apresentem por causas desco- des adequadas, que conferem bene-
nhecidas. Os fatores relacionados fícios à saúde do hospedeiro. A in-
com o estilo de vida que influenciam fluência benéfica dos probióticos so-
o bom funcionamento do sistema bre a microbiota intestinal humana
gastrointestinal são: os alimentos inclui fatores como efeitos antagôni-
que consome, a quantidade de exer- cos, competição e efeitos imunológi-
cício que pratica, as atividades do cos, resultando em um aumento da

23
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS

resistência contra patógenos. Assim,


a utilização de culturas bacterianas
probióticas estimula a multiplicação
de bactérias benéficas, em detri-
mento à proliferação de bactérias
potencialmente prejudiciais, refor-
çando os mecanismos naturais de
defesa do hospedeiro.
Prebióticos: são componentes ali-
mentares não digeríveis que afetam
beneficamente o hospedeiro, por es-
timularem seletivamente, a prolife-
ração ou atividade de populações de
bactérias desejáveis no cólon. Além
disso, o prebiótico pode inibir a mul-
tiplicação de patógenos, garantindo
benefícios adicionais à saúde do
hospedeiro. Esses componentes
atuam mais frequentemente no in-
testino grosso, embora eles possam
ter também algum impacto sobre os
microrganismos do intestino del-
gado.
Simbiótico: é um produto no qual
um probióticos e um prebióticos es-
tão combinados.

24
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS

3. Forma Farmacêutica

Fonte: Engine3

F orma farmacêutica: É o estado


final que substâncias medici-
nais apresentam depois de submeti-
Adjuvantes, Veículos ou Exci-
pientes tem as seguintes funções so-
bre a mistura final (fármaco), afim
dos a operações farmacêuticas exe- de fornecer uma forma farmacêutica
cutadas com finalidade de facilitar a agradável e eficiente:
administração e visando melhor  Solubilizar;
efeito do princípio ativo.  Suspender;
Os princípios ativos não são  Espessar;
administrados no seu estado puro/  Diluir;
natural aos pacientes, mas sim, co-  Emulsionar;
mo parte uma formulação, ao lado  Estabilizar;
de substâncias Adjuvantes (coadju-  Preservar;
vantes), Veículos ou Excipientes,  Colorir;
 Melhorar sabor.
que desempenham várias funções
para potencializar o funcionamento
do fármaco.

3 Retirado em https://www.enginebr.com.br/

26
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS

Podem haver diversas formas Adjuvante técnico: substâncias


farmacêuticas para um princípio ati- cujas propriedades visam estabili-
vo comum. Desta forma, pode-se: zar, conservar, espessar e favorecer
 Modificar a forma de adminis- a dissolução. Visa também corrigir
tração; as propriedades organolépticas da
 Garantir a precisão da dose; forma farmacêutica.
 Proteger o fármaco durante o Edulcorantes: Conferem sabor
percurso pelo organismo; doce à forma farmacêutica;
 Selecionar o local de absorção Aromatizantes/Flavorizantes:
do princípio ativo.
conferem sabor agradável à forma
Diversos fatores influenciam farmacêutica;
no momento da escolha da forma Corantes: dão cor à forma farma-
farmacêutica: cêutica;
Veículo ou Excipiente: são todos
 Via de administração;
 Velocidade (tempo) de ação; os componentes de uma forma far-
 Tipo de paciente (especial, macêutica que serve para dissolver,
adulto, jovem, criança, etc.). suspender ou misturar-se homoge-
neamente com o(s) princípio (s)
Componentes da Formula ativo (s) e o (s) adjuvante (s) técnico
Farmaceutica (s), desta forma possibilitando a
confecção da forma farmacêutica e
Substância ativa: representa o facilitando a sua administração.
componente da formulação respon- Veículo: é a parte liquida de uma
sável pelas ações farmacológicas. forma farmacêutica na qual estão
No caso de haverem mais de dissolvidos os demais componentes.
uma substancia ativa, teremos que: Excipiente: ingrediente inerte, só-
Base: substância ativa de maior ati- lido, que “abriga” os demais compo-
vidade farmacológica, seja pela po- nentese serve para dar volume e
tência, seja pela concentração. peso à forma farmacêutica.
Adjuvante (coadjuvante) tera-
pêutico: Outra(s) substancia(s) Formas Físicas das Formas
ativa(s) quecomplementam a ação Farmacêuticas
da base. Tem como função auxiliaro
princípio ativo. Sólidas:
OBS Sinergismo: ação de uma  Comprimidos - Orais, Vagi-
droga que aumenta a efetividade de nais;
 Drágeas (comprimido reves-
outra droga.
tido com açúcar + corante);

27
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS

 Cápsula;  Ampolas;
 Hóstias;  Colírios;
 Implantes;  Extratos;
 Óvulos;  Sprays.
 Papéis;
 Pérolas; Formas Farmacêuticas Sóli-
 Pílulas; das
 Pós;
 Supositórios. Comprimidos:
 Princípio ativo preparado com
Pastosas: excipiente.
 Cataplasma;  Obtido por compressão de
 Cremes; uma mistura de pós (princípio
 Pastas; ativo + excipiente).
 Pomadas;  Principalmente administrado
 Unguentos. via oral, mas também pode ser
administrado via sublingual,
Líquidas: bucal e vaginal.
 Abrange a maioria dos medi-
 Suspensões;
camentos.
 Emulsões;
 Xaropes;
 Enemas;
 Óleos medicinais;
 Alcoolatos;
 Alcoolaturas;
 Colutório;
 Linimentos;
 Poções;
 Tinturas. Tipos de comprimidos:
Não-revestidos: possuem camada
Gasosas: única (resultado de uma compres-
 Inalantes são), ou camadas dispostas concen-
tricamente ou paralelamente (resul-
Especiais: Podem apresentar-se tado de compressões sucessivas de
em mais de uma forma física, ou es- diferentes pós).
tão emestado de matéria que não Revestidos: São recobertos por
seja sólido, pastoso, líquido ou ga- uma ou mais camadas de misturas
soso. de substancias como resinas, gomas,
 Aerossóis;

28
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS

açucares, plastificantes, ceras, co- ção do medicamento por pessoas


rantes ou aromatizantes. que sofram de gastrite ou úlceras; e.
De liberação controlada (modi- Efervescente: não-revestido. Sua
ficada): Não liberam imediata- composição consiste de um ácido e
mente todo o princípio ativo, o fa- um carbonato/bicarbonato, capaz
zendo de forma gradual e continua de reagir rapidamente em presença
em diferentes tempos e locais. de água, liberando CO2. Destina-se
 Liberação sustentada: man- para a dissolução em água antes da
tém concentração plasmática administração.
do princípio ativo constante Mastigável e Sublingual: nor-
por um certo período de malmente não-revestidos. Formu-
tempo;
lado para liberação lenta e ação lo-
 Liberação retardada (revesti-
mento entérico): prolongam o cal, ou absorção sublingual ou pela
período de tempo entre a ad- mucosa oral. Desintegram na boca
ministração e a absorção do com ou sem mastigação. São prepa-
fármaco para a corrente san- rados por granulação úmida com
guínea. Busca promover a mu- compressão, utilizando grãos de mí-
cosa gástrica da ação irritante nimo grau de dureza.
do fármaco e proteger o fár-
Vaginal: Destinado à aplicação no
maco da ação do suco gástrico.
 Liberação repetida: Ocorre li- canal vaginal.
beração de uma dose logo após Drágea: forma farmacêutica que
a administração do fármaco consta de um núcleo, que é um com-
(situada na camada mais ex- primido; e uma camada de revesti-
terna do comprimido), e ou- mento externo com açúcar e coran-
tras doses com horas após a in- tes.
gestão.
Cápsulas:
 Liberação prolongada: Há a
absorção de uma primeira do-  Constituídas por um invólucro
se, chamada dose inicial de li- (duro ou mole) que abriga o
beração imediata, que produz princípio ativo (sólido, liquido
o efeito desejado. Uma segun- ou pastoso), normalmente
da dose, chamada dose de ma- usados de uma só vez.
nutenção, é liberada gradual-  Forma cilíndrica
mente, prolongando a respos-  Invólucro feito de: Gelatina
ta do organismo ao fármaco. (cápsula dura) e Gelatina +
emolientes (cápsula mole,
Tamponado: revestido por pelí- elástica);
 Podem ser administradas via
cula protetora que permite a utiliza-
oral, retal, nasal e vaginal.

29
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS

Tipos de cápsulas: parados de modo que haja modifica-


Cápsulas duras: Consta de duas p ção da velocidade ou lugar da libera-
artes cilíndricas arredondadas nas ção do princípio ativo.
extremidades, que se encaixam. A Pílula:
parte mais cumprida serve para po-  Consistência firme, sensivel-
sição do medicamento e a menor mente esférica, destinadas a
serve como tampa. Consideradas as serem deglutidas sem masti-
mais resistentes contra a luz, o ar e a gação;
 Pode ser gastro-solúvel ou gas-
umidade. São de fácil administra-
tro-resistente.
ção. Possibilitam, em alguns casos, Vantagens:
ingestão associada com substancias
 Mascaram o cheiro/sabor de-
incompatíveis. Administrada via sagradável;
oral.  Pequeno volume fácil admin-
Cápsulas moles: invólucro mais istração;
espesso do que as cápsulas duras,  Resistentes a alterações por
constituído por uma só parte que luz, umidade e ar;
pode ter várias formas. Pode abrigar  Fácil produção.
líquidos sozinhos ou sólidos dissol-
vidos em veículos apropriados, ob- Grânulos
tendo solução pastosa.  Constituídos por princípios
Capsulas gastro-resistentes: ativos associados a açúcar e/
ou adjuvantes.
podem ser duras ou moles. Possui
 Homogêneos
invólucro que resiste à ação do suco
 Preparados umedecendo o pó
gástrico. Evita a digestão do princí- (ou mistura de pós), e pas-
pio ativo no estomago, evita a irrita- sando a massa umedecida por
ção da mucosa gástrica pelo medica- uma “peneira” que produza os
mento, evita a geração de náusea grânulos do tamanho dese-
quando o medicamento age no esto- jado.
mago, e garante que o princípio  Podem ser revestidos ou efer-
vescentes
ativo só aja a partir do duodeno em
 Partículas de tamanho maior
diante. que 10 micrômetros.
Cápsulas de liberação modifi-
cada: podem ser duras ou moles. Vantagens:
Seu conteúdo, seu invólucro, ou am-  Grãos não se aderem;
bos, contem adjuvantes ou são pre-  Melhor de ingerir que pós;

30
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS

 Posologia facilmente mantida;  Administração oral: adminis-


 Podem ser envolvidos com re- trados com/em água ou outro
vestimentos protetores, ao liquido apropriado. Também
contrário dos Pós. podem ser diretamente deglu-
tidos.
Pós:  Efervescentes: contem na sua
 Mistura de princípio (s) ativo formulação substancias acidas
(s) e adjuvante (s) finamente e carbonatos/bicarbonatos,
divididos e secos. reagindo na presença de água,
liberando CO2.
 Podem ser administrados pe-
las vias tópica, oral e parente-  De aplicação local: destinados
ral a aplicação sobre feridas ou
pele afetada.
 Partículas de tamanho menor
que 10 micrometros.  Para preparação de medica-
mentos.
Tipos de pós:

Supositórios: Óvulos:
 São formas farmacêuticas des-  São formas farmacêuticas
tinadas à inserção retal, onde ovoides destinadas à inserção
amolecem, se dissolvem e vaginal.
exercem efeitos seja sistêmi-  Dispersam-se ou fundem-se à
cos ou locais. temperatura do organismo.
 Dispersam-se ou funde-se à
temperatura do organismo. Desvantagens:
 Pode haver irritação da mu-
cosa vaginal;
 Pode haver absorção de prin-
cípio ativo que era para ter
ação exclusivamente local, es-
te, então, passa a ter ação sis-
têmica.

31
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS

Pastilhas: Absorventes de água: absorvem


 Formas farmacêuticas de for- certa quantidade de água. Usa os
matos variados, destinadas à mesmos excipientes das pomadas
lenta dissolução na boca, hidrófobas, mas com adição de
tendo efeito local ou sistêmico; emulsionantes.
 Contem aromatizantes.
Hidrófilas: seu excipiente é hidro-
fílico. Pode conter grande quantida-
Tipos:
de de água.
 Pastilha dura;
Aplicação vaginal: são pomadas
 Pastilha gomosa.
mais ácidas; e Oftálmicas.
Formas Farmacêuticas Semi-
Sólidas Pomadas cremosas ou Cre-
mes:
Pomadas: 1. O princípio ativo está dissol-
 Aspecto homogêneo; vido ou suspenso em fase aquosa ou
 Aplicação na pele ou mucosas; oleosa. A maioria dos cremes são
 Ação principalmente local, emulsões de óleo em água, mas o
mas também há penetração contrário pode acontecer.
cutânea do princípio ativo; 2. O emulgente regula o equilí-
 Efeito emoliente ou protetor; brio hidrófilo-lipófilo.
 Tem alta adesividade, fixando-  Emulgentes anion ativos dão
se no local da aplicação. ao creme alto poder de pene-
 Obturam poros, favorecendo tração na pele e propriedades
edemas e reduzindo as trocas umectantes.
gasosas pela pele, induzindo a  Emulgentes tensoativos não
resposta inflamatória. iônicos oferecem pouco poder
de penetração e propriedades
Tipos de pomadas: umectantes.
Propriamente ditas: constituídas
por excipientes de fase única lipofí- 3. Administração tópica.
licos (oleosos) nos quais são disper- 4. Efeito mais lento que as poma-
sas as substancias liquidas ou soli- das.
das.
Hidrófobas: absorvem pequenas Pomada Geléia ou Gel:
quantidades de água. Usa excipien-  Sistema semi-sólido composto
tes como vaselina, parafina, óleos por dispersões de pequenas
vegetais e gorduras animais. partículas inorgânicas ou

32
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS

grandes moléculas orgânicas da de matéria solida, veiculan-


encerradas por um liquido. do princípios ativos.
 Administração tópica.  Tem boa capacidade absor-
vente.
Tipos:  Aumenta chance de infecção
Géis hidrófobo (óleogel): seus por micro -organismos.
excipientes constam principalmente
de parafina liquida, óleos gordos ge- Pomadas resinosas ou Un-
lificados ou sabões. guento:
Géis hidrófilos (hidrogel): seus  Contém, além da base, resina.
excipientes são principalmente água  Utilizadas quando há necessi-
dade de maior tempo de atua-
e a glicerina gelificados por amido,
ção e efeito de proteção.
celulose, etc.  Sofre menos alteração que as
Pomada pastosa ou Pasta: demais pomadas e mais con-
 Contem grande quantidade de sistente.
substâncias pulverulentas.  Administração tópica.
 Espessa, devido à grande
quantidade de pós dispersos Emplastros:
no excipiente.  Consiste numa base adesiva
 Devido à sua alta concentra- contendo os princípios ativos
ção, tem efeito secante, absor- distribuídos em camada uni-
vendo exsudatos cutâneos, forme num suporte apropri-
mas não congestiona tecidos. ado (sintético ou natural).
 Tem pouco poder de penetra-  Mantém o princípio ativo em
ção. contato com a pele.
 Ação refrescante, pois há eva-  Também desempenha função
poração do conteúdo da pasta. protetora e imobilizam áreas
da pele.
Tipos:
 Pastas preparadas com excipi- Tipos:
entes hidrófilos.  Emplastros epidérmicos: ação
 Pastas preparadas com excipi- protetora ou anti-séptica.
entes gordurosos.  Emplastros endodérmicos:
efeito sedativo, estimulante ou
adstringente.
 Emplastros diadérmicos: ação
sistêmica.
Cataplasma:
 Forma farmacêutica constituí-
da por uma massa mole e úmi-

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TÉCNICAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS

Formas Farmacêuticas Líqui-  Suspensões oftálmicas.


das
Soluções
Suspensões:  Misturas homogêneas de uma
 Consiste em partículas sólidas ou mais substancias dissolvi-
dispersas em um veículo lí- das em água (com ou sem sol-
quido, no qual as partículas vente).
são insolúveis.  Pode apresentar adjuvantes
 Aumenta ou prolonga a ação técnicos.
do princípio ativo.  Tipos, quanto à constituição:
 Há suspensões prontas, mas a. Sólido em Líquido
há suspensões que devem ser b. Líquido em Líquido
preparados a partir de um gra-
nulado ou pó misturado com
algum veículo liquido. Tipos, quanto ao uso:
 Deve ser agitado antes do uso. Orais: os princípios ativos sofrem
dissolução nos fluidos do trato gas-
trointestinal, sendo absorvidos no
intestino.
Injetáveis: Utilizadas quando se
requer uma resposta rápida, quando
o princípio ativo é ineficiente por ou-
tra via ou o medicamento é rejeitado
pelo paciente. Requer cuidados higi-
Tipos: ênicos. Requer profissional habili-
 Suspensões orais: os princí- tado.
pios ativos sofrem dissolução Oftálmicas ou Colírios: liquido
nos fluidos do trato gastroin- isotônico com pH 7,4 estéreis. Pro-
testinal, sendo absorvidos no
dução de lagrimas dificulta a absor-
intestino;
ção do princípio ativo.
 Suspensões extemporâneas -
Uso oral e Injetável; Otológicas: liquido isotônico com
 Suspensões injetáveis: veicu- pH entre 5 e 7,8. Administrado no
lados por água ou óleo vegetal. ouvido externo. Promove remoção
Tem dissolução lenta e ação da cera, de infecções ou inflamações.
prolongada, mas há o descon- Frasco deve ser pré-aquecido com as
forto da injeção; mãos.
 Suspensões tópicas: aplicada
Nasais - Errinos: liquido isotô-
na superfície da pele. Tem
efeitos protetores, secante ou nico estéril com pH entre 6,4 e 9des-
medicamentosa; tinado à administração nasal para

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TÉCNICAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS

ação local ou sistêmica. Seu uso abu-


sivo tende a reduzir a resposta à sua
utilização.

Sacaróleos líquidos ou Xaro- em misturas hidroalcoolicas.


pes:  Menos doce e viscoso que xa-
 Solução aquosa riquíssima em ropes, menor efeito de masca-
açúcar (concentração próxima ramento do sabor, alto teor al-
à saturação de dissolução), ca- coólico.
racterizando solução hipertô- Edulito ou Xarope sem açúcar:
nica.  Forma farmacêutica para uso
 Pode conter aromatizantes e oral edulcorada isenta de saca-
flavorizantes. rose.
 Possui consistência própria e  Substitui o xarope clássico na
boa conservação. forma de veículo.
 Mascara odores e gostos desa-
gradáveis qu e possa conter. Emulsões:
 Não é indicado para uso de di-  Sistema heterogêneos de as-
abéticos. pecto leitoso formado por li-
quido imiscível disperso num
Tipos: outro liquido sob forma de go-
 Xaropes simples: constituído tículas por ação de um agente
apenas por água e açúcar. São emulsivo.
o veículo para princípios  Destinado a usos interno e ex-
ativos. terno.
 Xaropes medicamentosos:  Possibilita a mistura de 2
constituído por água, açúcar e substancias imiscíveis.
princípio ativo.

Elixir:
 Soluções alcoólicas medica-
mentosas edulcoradas.
 Adequado para fármacos inso-
lúveis em água, mas solúveis

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TÉCNICAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS

Colutórios: Adesivo transdérmico: Destina-


 Liquido viscoso destinado à do à produção de efeito sistêmico
aplicação tópica na gengiva e pela difusão do princípio ativo numa
nas partes internas da boca. velocidade constante por tempo pro-
longado.
Formas Farmacêuticas Espe- Filme: Consiste numa película fina
ciais alongada contendo uma dose de
princípio (s) ativo (s), com ou sem
São aquelas que não se encai-
excipientes.
xam plenamente nas classificações
anteriores, ou se encaixam em mais
Implantes:
de uma classificação.
 Forma farmacêutica sólida es-
téril contendo um ou mais
Aerossóis: princípios ativos de formato
 Suspensão de partículas liqui- adequado para ser inserido
das/sólidas de tamanho tão num tecido do corpo.
pequeno que flutuam tempo-  Busca liberar o princípio ativo
rariamente num gás presente por período prolongado.
num recipiente pressurizado.  Administrado por injeção es-
 Obtidos por nebulização, pecial ou inserção cirúrgica.
transformação de um liquido
num aerossol. Sabonete:
 São aplicados sobre a pele ou
 Forma farmacêutica solida de
mucosas acessíveis externa-
formato variável.
mente.
 Destinado à aplicação cutânea.
 Forma nevoeiro não molhan-
te.
Formas farmacêuticas dife-
 Forma suspensão coloidal (fa-
se dispersante - gás; fase dis- renciadas:
persada - liquido/solido).  Pirulito medicamentoso;
 Gomas e Jujubas medicamen-
Sprays: Semelhante aos aerossóis, tosas;
mas suas partículas são maiores e  Goma de mascar medicamen-
formam nevoeiras molhantes. tosa;
 Chocolate terapêutico;
Ampolas:
 Gel transdérmico.
 Recipiente fechado hermetica-
mente armazenando líquidos
estéreis.
 Facilitam a esterilização do
seu conteúdo.

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37
TÉCNICAS FARMACÊUTICAS E DESENVOLVIMENTO DE FORMAS NUTRICIONAIS

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