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1.

Prólogo

O Sistema 5×1 é o sistema mais amplamente usado em equipes que alcançaram um nível técnico
aceitável no Voleibol moderno e rege o esporte no mundo todo, mas engana-se quem acredita ser o único
sistema tático existente, Seleções Nacionais como é o caso de Cuba em diversas ocasiões não o utilizam,
optando pelo sistema 6 x 2 onde os dois levantadores também são atacantes.

Tentarei mostrar de forma mais didática possível como implantar este sistema em uma equipe de
Voleibol, entretanto é necessário enfatizar que há certos pontos a serem levados em consideração antes
de trabalhar neste sistema tático.

a) Para que funcione, o sistema necessita de uma coordenação de movimentos e de memorização


de posicionamento, portanto não é ideal para equipes nas quais os atletas ainda não dominem os
fundamentos básicos do Voleibol.

b) Este sistema tático depende muito da eficiência e da habilidade do levantador, sendo assim,
concordo com as opiniões dos estudiosos do Desenvolvimento no Voleibol quando afirmam que a chance
de sucesso de uma equipe que utiliza este sistema tático é proporcional a eficiência de seu levantador.

2. Características dos Atletas:

No Sistema 5×1 teremos 5 posições básicas:

a) Levantador: Tratado pela maioria das equipes das escolas da Europa Oriental e Asiáticas como
o cérebro da equipe, este conceito tem caído por terra nos últimos anos, é um atleta importantíssimo, mas
a figura de líderes dentro de quadra em outras posições tem acabado com este tabu, entretanto o
levantador deve possuir discernimento em buscar nos atacantes certos os pontos para sua equipe, ele
deve observar os bloqueadores ineficientes, onde estão os bloqueadores mais baixos e espaços vazios
que possam ser utilizados pelos atacantes ou por ele mesmo.

b) Oposto: O nome oposto tem origem no simples fato dele ser a diagonal do levantador, no
voleibol moderno é o principal atacante das equipes de alto nível e o atacante responsável por desafogar a
equipe nas bolas de segurança.

Nos sistemas táticos modernos, o oposto não passa, para assim sempre estar disponível para o
ataque, já que ele é frequentemente acionado, por isso, mesmo em equipes amadoras, o oposto não
precisa ser um passador, mas muitas equipes podem utilizar o passe do mesmo se ele o possui em nível
aceitável, entretanto seu papel principal é o ataque e o bloqueio, não o passe.

c) Central: O Central normalmente é o atleta de boa estatura e especialista em bolas rápidas,


entretanto existem inúmeras outras funções que estes atletas executam em quadra e que em muitas
equipes amadoras são desconhecidas até pelos próprios atletas, que acreditam ser função exclusiva
deles, bloquear e atacar com bolas rápidas.

São funções dos centrais por exemplo, efetuar o levantamento quando o levantador e o líbero não
podem fazê-lo, ponteiros e opostos nunca levantam, também é função do central receber de toque os
saques curtos em sua posição e partir para a finta ou ataque propriamente dito.

d) Ponteiro Passador: Com o passar dos anos, esta posição passou a ser tão importante na defesa
como no ataque, com o advento do líbero e da utilização cada vez maior do oposto e dos saques cada vez
mais difíceis de serem passados com perfeição, o papel do ponteiro passador passou a ser crucial dentro
do sistema tático da equipe, pois além de atacar ele precisa passar com perfeição, pois nas equipes
modernas somente 3 atletas são responsáveis pelo passe, os dois ponteiros passadores e o líbero.

Normalmente, se a equipe adversária é bem orientada, não vai sacar no líbero quando pode dirigir
o saque, ela fará o saque em um ponteiro de forma a anular o ataque dele e provavelmente fará no
ponteiro que está na rede, a menos é claro que um dos jogadores da linha de passe da equipe adversária
esteja inseguro no passe, ou fará de forma tática no fundo para desacelerar a jogada, tornando-a lenta e
de fácil marcação.

e) Líbero: O líbero é um atleta que tem características especiais dentro do Voleibol, pois com a
criação desta posição em 1997, o Voleibol mudou toda sua estrutura tática, como se o Voleibol tivesse tido
um marco zero à partir daquele momento, usado normalmente para substituir o Central na zona de defesa,
é membro efetivo da linha de passe e principal jogador da defesa, não é exagero afirmar que um bom
líbero pode determinar o resultado de uma Partida de Voleibol, entretanto os treinadores tem que
conscientizar seus atletas das funções exercidas pelo líbero e de sua importância para o sistema tático da
equipe.

No voleibol Brasileiro, desde a iniciação no esporte, os atletas acreditam que o ataque é o maior
fundamento do jogo e não raro e erroneamente as pessoas consideram que os melhores jogadores são os
que atacam com mais força ou com maior habilidade, o que na verdade é uma concepção equivocada, já
que todos os atletas desde o levantador até o líbero, tem o mesmo valor e importância para uma equipe de
Voleibol.

Estas características deverão ser levadas em conta na hora de implantar este sistema em uma
equipe de voleibol e não espere obter resultados imediatos, a implantação requer paciência e
determinação por parte da comissão técnica e atletas.

3. Posicionamentos

Existe algumas regras simples de posicionamento no sistema 5×1 que precisam ser explicadas aos
atletas, para que entendam e memorizem, a primeira e mais básica é da divisão da quadra em posições.

Figura 1 – Posições do Voleibol

3.1 – Levantador na posição 1

Muitos perguntam o porque de todas as equipes começarem com o levantador no saque, será que
alguém inventou isso e todo mundo copiou? Não, o levantador começa no saque para que a equipe tenha
uma rede com 3 atacantes o maior tempo possível no set.

Ao iniciar uma partida recebendo o saque, a maioria dos técnicos opta por voltar uma posição, de
forma que o levantador fique na posição 2 e saque em seguida, via de regra, o levantador é sempre o
primeiro a sacar.

No início de uma set, o central posicionado na defesa deverá estar em quadra para a conferência
do mesário e logo após poderá ser substituído pelo líbero, a seguir apresentarei um dos muitos sistemas
de posicionamento para receber o serviço adversário com o levantador na posição 1, é o sistema que
utilizo e existem vários outros, portanto não existe uma regra quanto a isso, fica a critério de cada técnico
fazer modificações que acredite se encaixar melhor em sua equipe

Figura 2 – Posicionamento inicial do sistema 5 x 1

O- Oposto

C- Central

P – Ponteiro Passador

Lb – Líbero

Lv – Levantador

Figuras 3 – Posicionamento para defesa após o saque

Note que após o saque, e isso tem que ser treinado para ser executado com extrema rapidez, o
líbero vai para a posição 5, o ponteiro vai para a posição 6 e o levantador continua na posição 1, no
ataque ouve uma inversão do ponteiro com o oposto que vão para as posições padrão de cada um
Justificativa:

O Líbero vai para a posição 5 que é a sua posição padrão na defesa. por se tratar do principal vetor
de ataque da equipe adversária, ele terá que marcar os ataques provenientes do ataque adversário na
diagonal da posição 4 da quadra adversária (entrada de rede) e paralela da posição 2 adversária (saída de
rede).

É sua função também efetuar o levantamento (se possível) se o levantador fizer a defesa do
ataque. Ele permanece nesta posição por não existir ataque do fundo vindo da posição 5

O Ponteiro Passador se desloca para a posição 6 para defender o vetor de diagonal do ataque da
saída de rede (posição 2) juntamente com o levantador, no contra ataque ele sempre puxa a pipe, que é
uma forma utilizada hoje da famosa “escadinha” criada pelos Asiáticos na década de 70 mas que utilizava
um ponteiro vindo pela zona de ataque por trás do Central.

Pipe (paipe) : Jogada de ataque onde um ponteiro ataca vindo da posição 6 por trás do central que
na finta engana o bloqueador central adversário deixando o ponteiro em posição de atacar praticamente
sem bloqueio.

A pipe é uma jogada muito utilizada atualmente e se executada com habilidade deixará o ponteiro
passador que vem da posição 6 praticamente sem bloqueio

Figura 4 e 5 – Posicionamento de passe e ataque com cobertura

Note que para receber o saque adversário, é mantida a formação clássica de meia lua com o líbero
ao meio com o oposto e central escondidos, estes atletas tem que ser treinados para se deslocarem
rapidamente para suas posições de ataque a fim de não causar confusão no sistema tático.

O Central pode recuar um pouco a fim de receber de toque saques curtos em sua área de
atuação. O levantador se desloca para sua posição entre as posições 2 e 3 assim que o sacador
adversário arremessa a bola para sacar. Se o passe não sair quebrado (passe A), o levantador terá 4
opções de ataque, caso contrário, terá duas opções nas pontas, os técnicos devem lembrar que quanto
pior for a qualidade do passe, melhor tem que ser a cobertura de ataque.

Se a bola é passada de forma a haver contra-ataque e se houver tempo hábil, as trocas devem ser
feitas no ataque e na defesa.
3.2 – Levantador na posição 6

Figura 6 e 7 – Posicionamento básico e após trocas com levantador na posição 6

Com o levantador na posição 6, apenas o levantador volta para a posição 1 e o oposto troca de
posição com central na posição 3, estas duas trocas reposicionam a equipe para o sistema defensivo
como explicado anteriormente

Para o contra ataque teremos novamente 4 jogadores em condição de atacar, entretanto neste
caso teremos o oposto atacando pela posição 2, o central em sua posição normal e um ponteiro passador
na posição 4, além da pipe que pode ser executada pelo outro ponteiro passador vindo da posição 6

Figura 8 e 9 – Posicionamento de passe e ataque com levantador na posição 6

Note que o Central pode atacar tanto com bola rápida atrás do levantador como na frente, o Oposto
exercendo sua função de bola de segurança na posição 2 e os dois ponteiros atacando respectivamente
na posição 4 e na 6 com a pipe
3.3 – Levantador na posição 5

Figura 10 e 11 – Posicionamento básico e após trocas com levantador na posição 5

É bom que se note que ao executar este saque, a equipe não terá o líbero em quadra, pois o
mesmo não pode sacar, sendo assim o central que vai sacar geralmente já excuta o saque próximo a
posição 5 que ocupará no sistema defensivo, para o contra ataque continuará a disposição do levantador 4
atacantes, entretanto se o mesmo fizer a defesa é tarefa do central melhor posicionado efetuar o
levantamento, pois o líbero não estará em quadra.

Assim que a equipe adversária tomar a vantagem, o líbero poderá voltar a quadra

Figura 12 e 13 – Posicionamento de passe e ataque com levantador na posição 4

Novamente o posicionamento permite que o levantador tenha os mesmos 4 atacantes a disposição.


3.4 – Levantador na posição 4

Figura 14 e 15 – Posicionamento básico e após trocas com levantador na posição 4

Deste momento em diante a equipe contará apenas com dois atacantes na rede, porém muitos
técnicos em determinadas situações optam por fazer a inversão do 5 x 1 que é substituir o oposto pelo
levantador reserva e o levantador pelo oposto reserva, fazendo com isso que a equipe tenha novamente 3
atacantes na rede.

Inversão do 5 x 1: Técnica utilizada para manter 3 atacantes na rede utilizada por muitos
treinadores, consiste em substituir o oposto que acabou de chegar ao saque pelo levantador reserva e
substituir ao mesmo tempo o levantador titular que acaba de chegar a zona de ataque pelo oposto reserva
ou mais raramente por um outro ponteiro ou central.

Figura 16 e 17 – Posicionamento de passe e ataque com levantador na posição 4

Deste momento em diante se não houver inversão do 5×1, o oposto passará a atacar vindo de trás,
da posição 1.
3.5 – Levantador na posição 3

Figura 18 e 19 – Posicionamento básico e após trocas com levantador na posição 3

Figura 20 e 21 – Posicionamento de passe e ataque com levantador na posição 3


3.6 – Levantador na posição 2

Figura 22 e 23 – Posicionamento básico e após trocas com levantador na posição 2

Notar novamente que nesta posição será encontrado o momento de maior dificuldade técnica de
sistema defensivo todas os 6 posicionamentos do levantador, pois durante o ataque adversário a equipe
terá teoricamente um bloqueador baixo (levantador) e não contará com o líbero, pois o saque foi
executado por um central, por isso esta é a última posição depois de iniciado o set e portanto fica clara e
evidente a razão de todos os técnicos experientes começarem o set com o posicionamento seguinte
(levantador sacando ou recebendo na posição 2, e consequentemente com o líbero em quadra)

Figura 24 e 25 – Posicionamento de passe e ataque com levantador na posição 2

O Oposto deve assim que o jogador adversário arremessar a bola para o serviço se deslocar para
uma posição de corrida para ataque e o Central deverá se posicionar para o ataque, o passe é sempre
executado pelos ponteiros e pelo líbero.

Os treinadores deverão treinar este posicionamento ou qualquer variante dele a exaustão para que
todos os movimentos sejam feitos automaticamente pelos atletas.

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