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Já no blogue: O questionar as narrativas oficiais sempre foi

apanágio dos que estudavam, investigavam, discerniam e


apreendiam mais a Verdade que os seus contemporâneos que se
deixavam enrolar pelas aparências e manipulações ou mesmo
pressões dos que queriam determinar e fixar o que era verdadeiro
ou não, seja na religião seja na ciência, na política, na
historiografia longa ou do quotidiano.
Se no séc. XXI as narrativas que tem sido impostas mais pela
aliança de grupos de pressão e orgãos de cmunicação são as dos
virus e vacinas, e as do relato e caracterização do conflito entre a
Ucrânia, USA e NATO e a Rússia, há muitas outras que subsistem,
algumas com séculos, pois a História humana não existe sem
narrativas oficiais, sem diferentes comprensões dos factos, sem
diferentes olhares interpretativos e críticos.
Um dos terrenos mais fértil em narrativas oficiais foi o religioso,
em alguns séculos fecundissimo, nomeadamente no Cristianismo
primordial e na altura do Renascimento e da Reforma, quando
diferentes religiosos se digladiaram na compreensão da dogmática
antiga e moderna graças aos novos conhecimentos críticos dos
textos sagrados e da evolução dos dogmas e costumes na Igreja. O
embate foi tão grande, ainda que também justificado por razões
políticas, nacionaise económicas, que aconteceu mesmo a
Reforma Protestante, cindindo-se a Igreja Católica e as várias
igrejas protestantes.
Um dos mais sábios seres da época, que participou em alguns
debates e controversias, foi Erasmo de Roterdão que
paulatinamente foi-se afirmando como o grande conhecedor dos
padres antigos da Igreja, das versões antigas do Novo Testamento
e do que seria a mensagem de Jesus, que ele denominava
philosophia christi, tendo escrito dezenas de obras e traduções e
centenas de cartas em que ia expondo como via os problemas e os
seres.
Se foi sobretudo o Elogio da Loucura o que mais se imortalizou,
contudo algumas das suas obras, para além do sucesso da época,
ainda hoje se lêm com utilidade tais os Coloquios, os Adágios, o
Modo de Orar a Deus, as paráfrases aos Evangelhos.
Ora uma das polémicas que na época se ergueu e ele interviu dizia
respeito à eucaristia, ou como se devia entender tal acto fulcral da
missa:
Na eucaristia havia uma presença divina para quem a merecia, ou
como se decretou a partir de 1531, havia uma transubstanciação,
uma mudança miraculosa do pão e do vinho em corpo e sangue
de Jesus Cristo, que se realizava automaticamente
independentemente do estado da alma do celebrante e os
participantes?
Ora para Erasmo nada era automatico, dependia de cada pessoa a
possibilidade de ela se elevar do mero fenomeno físico à
comungar na sua alma e coração com Jesus e a Divindade.
Erasmo chamara à missa synaxis, uma palavra vindo do grego e
que significava concentração, assembleia ou reunião, festa
religiosa, união, e que foi utilizada por autores cristãos dos
primeiros tempo para designar ora as reuniões de orações e acções
de graças, ora aquelas em que se celebrava a eucaritia e que se
vieram a tornar a missa.
Ao realçar tal palavra Erasmo valorizava o aspecto interior de
concentração da alma piedosa ou devota em relação da Deus, e
seria esse aspirar moral e interior a realizar a filosofia de Critso,
tal como ele designava o eninamento de Jeus que permitiria a
comunhão com a bênção divina, ou se quisermos com o seu
espirito santo.
O valor da eucaristia era espiritual e consistia num morrer, tal
como sucedera Jesus, para o ego e seus defeito e paixões, e um
renascer moral, etico, de amor piedade e de religação harmoniosa
com os outros, e com o mestre e a Divindade, através da aspiração
e arrebatamento para o invisível, o espiritual, o eterno.
Havia uma conciência do corpo místico da Igreja forte em Erasmo
nomeadamente acerca da Missa, pois nela os laços de amor
fraterno com os participantes e do amor devocional para com Deus
eram intensificados. E era por isso que embora uando também o
termo eucaristia preferiu muitas vezes usar o de synaxis, já que
através deste termo ela realçava a tradiçao grega que via na
celebração religiosa uma conciliatio e communio,entre os
membros do corpo místico de Cristo, ou da Igreja. A qual se
realizava mais na adoração em silencio do que em grandes cantos,
musicas ou danças. E mais, Erasmo coniderava mesmo a sucessão
ritual da missa como sem grande importância, valorizava mais
cinco palavras ditas do coração e para edificaçãoque dezmil
superficiais, ou como cantos exteriorizantes.
Vemos como esta profundidade do sentido da missa de Erasmo
continua a ser pouco seguida pelos responsáveis das celebrações
religiosas que optam por condescender com a barulholatria que
reina hoje em quase toda a parte, enquanto as pessoas ficam mai
presas ao rito do que à ressurreição de Cristo, e dele em nós, que
esta a ser representada e evocada. E é pena pois perde-se assim
momentos em que a a renovação dos fiéis podia ser intensificada.e
o mundo espiritual e divino
Com efeito para os autores greagos como Gregório de Niza e
Origenes, e na linha deles, Erasmo, o que caractarizava a
comunhão era a conciliação ou intensificaçao da amizade entre os
participantes e comunhão com a Divindade ou com o Cristo e que
gerava efeitos beatíficos, extáticos, que poderemos chamar de
amor, alegria, fraernidade.
Estes ensinamentos se na época se dirigiam especificamente para
as reuniões de cristãos, nada os interdita de serem estendidos a
outras reuniões e podendo por isso concluir-se que muitas
reuniões de outras religiões e espiritualidades lucrem com os
conceitos desenvolvidos por Erasmo, de que as reuniões ou ritos
dependem da intensificação de laços de amizade entre os seus
participantes e de laços de aspiração, adoração e comunhão das
bênçãos espirituais e divinas, quaiquer que sejam as designações e
localizações que lhes atribuímos.

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