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CONQUISTANDO O EMPREGO DOS SONHOS

Módulo 03 - Dominando as regras do jogo – se dando bem em qualquer


entrevista de emprego.

Vamos lá, para o nosso módulo número 03. Vamos dominar as regras do
jogo! Agora que a gente já falou sobre a estrutura do emprego e a do candidato,
vamos abordar sobre a estrutura da entrevista de emprego.
Uma entrevista de emprego nada mais é do que a medida, é um cabo de guerra,
entre quem contrata e quem é contratado. Você tem que entender que não é
como as tiazinhas do RH defendem. “Ai, o empregador e o empregado devem
dar as suas mãos. Eles querem ser felizes e um ajuda o outro. O colaborador
ajuda a empresa e a empresa ajuda o colaborador”. Isso é verdade, mas é um
cabo de guerra. É onde você quer ganhar o maior salário possível versus a
quantidade mais razoável de trabalho que eles te passem, de serviço que eles
te passem, e o empregador está defendendo a posição dele. Ele quer te passar
o maior volume de trabalho possível versus o menor salário possível.
“Não, Ícaro! Não é assim. Nem todo mundo quer pagar o menor salário...”. É o
menor salário que ele estiver disposto a pagar! Ponha uma coisa na cabeça:
você não está disposto a pagar mais pela cerveja que você prefere, pelo biscoito
que você prefere, do que o preço que está indicado no mercado! Imagina o
seguinte: vamos supor que você adore chocolate Alpino e que esse seja o seu
preferido. Você vai no mercado, olha a tag de preço e o chocolate está por 10
reais. Você não fala “Ah, na verdade, eu gosto tanto desse chocolate que eu vou
pagar 15 reais nele!”. Ninguém faz isso. Se alguém está disposto a contratar
outra pessoa, está disposto a contratar por um salário que seja justo, que
mantenha a pessoa trabalhando, mas ele não vai falar nunca “Você é tão bacana
que eu vou te pagar o dobro do que estava pensando antes!”.
A estrutura de entrevista de emprego é uma estrutura de controle, onde, logo no
início, é estabelecido quem possui esse controle. E onde está boa parte desses
problemas? Numa entrevista de emprego a postura do empregado já tende a ser
uma postura passiva. “Não, quem paga tem o controle. Tudo bem que você
atrasou duas horas...é, quanto eu quero ganhar? Ér..ér...não, eu quero
trabalhar...quero dar resultado. Depois a gente vê esses detalhes, né?!”. E se o
cara disser que vai pagar 50 reais, você aceita? Então, se o cara der o salário
que ele quiser daqui a 30 dias, vai ficar satisfeitinho? Só quer a oportunidade de
trabalhar? Se o cara te mandar trabalhar às 4 horas da manhã lá no Acre, você
vai? Se mudaria para Brasília?
Qual é a diferença quando você, desde cedo, se dispõe como quem quer assumir
o controle do negócio? Você nunca vai assumir todo o controle, a não ser que
você seja, dos trabalhadores, o que esteja entre os melhores dos melhores da
tua área. Se você é um dos 5 melhores programadores do Brasil, aí sim, você
tem como dominar todo o ambiente. Sabe que as pessoas irão pagar o que
puderem pagar por você. A questão não é tanto se eles querem ou não, mas se
podem pagar o preço que você vai dar. Se você é o melhor confeiteiro do Brasil,
é você quem dita quanto custa a sua mão de obra. Se você é o melhor
marceneiro da sua cidade, é você quem dita e quem controla isso daí. Mas,
numa estratégia normal, numa situação normal de pressão, você tem que tomar
parte do controle.
O que é tomar parte do controle numa entrevista de emprego? Demonstrar amor-
próprio, objetividade, facilidade em falar em número, dinheiro e metas,
predisposição a assumir decisões e riscos, liderar pessoas (estes dois últimos,
os dois grandes vetores), muito conforto na hora de falar em valores, não ceder
a tudo imediatamente — ainda que depois você ceda —, e dizer que você está
disposto sempre a realizar esforços além do acordado para receber
remunerações além da fixa. Isso demonstra o quê? Demonstra um cara que está
disposto a produzir mais do que foi acordado, desde que ele receba uma
pequena parcela em troca disso. No nosso caso, “pequena parcela” significa uma
remuneração justa.

O simples fato de você sentar e exibir postura, decisão, falar sobre dinheiro,
valores, responsabilidades, tudo isso de maneira natural, já muda tudo. Já muda
tudo!

E quais são os quatro grandes erros que você vai cometer que podem destruir a
tua entrevista de emprego? Isso daqui eu te garanto. Porque sempre que
aconteceu comigo ou com amigos meus que contratam, a entrevista vai ladeira
à baixo. Quais são esses erros?
Esse primeiro vem lá da sua avozinha, que é a de achar que você não é capaz
de negociar o seu salário. Você está procurando empregos, distribuindo
currículos, patrocinando lá no Linkedin, na Catho, e de repente alguém te chama.
Você vai pedir conselho para a tua mãe, para a tua tia, para o teu marido que é
funcionário público e se encontra feliz do jeito que está — não que tenha mal
algum nisso, mas ele não entende essa dinâmica de cabo de guerra por salário
—, e fala que tem uma entrevista de emprego. Todo mundo já comemora. Mas...
se você comemora uma entrevista, é porque já está pronto para ceder em
qualquer coisa. Para você, ser contratado é o objetivo, e não ser bem contratado.
Isso está errado!
E como a maior parte das pessoas pertencem ao que nós chamamos de
manada, a maioria vai achar que você nunca é capaz de negociar um salário.
Nunca! Eu virava para a minha esposa, que não é uma pessoa de mercado, e
dizia para ela “Putz! Eu estou trabalhando demais. Vou pedir o dobro para o meu
cliente X”. Ela falava: “Nossa, mas vocês assinaram o contrato há dois meses...”.
Eu concordada, mas dizia eu estava trabalhando o dobro do acordado, então
teria que receber duas vezes mais do que o acordado. “Não, mas você já vai
pedir um aumento?”. Eu dizia: “É, já! Eu não estou trabalhando mais do que foi
acordado previamente desde o mês retrasado? Então, está na hora de pedir
aumento”.
Então, as pessoas acham que você não é capaz de negociar o seu salário. Elas
acham que vão entrar numa entrevista de emprego e o chefe vai falar “Dois mil
reais. E é isso e acabou! É só isso” e que a você cabe apenas dizer sim ou não.
Quando, na verdade, não é assim. É plenamente possível subir de 10 a 25% do
seu salário sem grandes esforços. Simplesmente aplicando duas ou três
técnicas que são muito eficientes e que iremos falar mais na frente. É possível
aumentar 30% do salário antes de começar a trabalhar, no momento da
negociação. É mais difícil? É! Mas 10 a 25% é bem factível. Por quê? Porque as
pessoas nunca dispõem de 100% da sua grana para contratar alguém. Quando
você precisa de um vendedor novo, você pode pagar 10 a 15% a mais do que
você vai pagar para ele na proposta inicial.
“Ah, Ícaro, então por que não pagam?”. Simples: porque não pagam. Imagine
que você vai ao posto de gasolina e todo dia, todo mês, e abastece o seu carro
a R$ 3,30. Aí você chega nesse posto e agora está R$ 3,15. Você diz para o
frentista “Nossa, mas todo a vez eu pago R$3,30 e essa gasolina é ótima. Quero
pagar R$ 3,30 mesmo”. Não! Você aproveita a situação. Você tem 10, 15, 20%
a mais para pagar para o cara? Tem, mas ele não vai pedir. Se ele não pede,
você não dá.
Agora, se você perceber que ele é a peça exata que você busca, se você
perceber que ele tem elementos que são diferenciados, uma postura
diferenciada, você tem 10, 15, 20, 25% para dar, porque esse dinheiro existe.
Ninguém contrata com 100% do dinheiro. Ninguém contrata com 100% do caixa.
“O único dinheiro que existe no caixa da minha empresa é para contratar apenas
esse funcionário”. Não, existem outros dinheiros.
Segundo ponto é você achar que basta trabalhar duro que as pessoas te darão
aumento. “Não, se eu vier todo dia, se entregar tudo, se fizer tudo, terei
aumento”. Muita gente fala isso. Muita gente acha que por trabalhar muito duro
o chefe vai perceber. Não! Sabe o que vai acontecer? O teu chefe vai achar
ótimo, e só. Porém, a lógica é a do chocolate: ele continua satisfeito em pagar
10 reais no Alpino, mas se aumentarem ele paga 15 porque ele vai querer
continuar comendo o chocolate.

A postura de um aumento salarial, em 95% das vezes, parte de você.

Terceiro grande erro é achar que o esforço é premiado naturalmente. “Não, se


eu for muito esforçado, se eu for muito bom, as pessoas vão reconhecer...”. Não!
Esforços e resultados devem ser demonstrados, e, de preferência,
documentados. E eles só são entendidos se eles forem acordados previamente.
É por isso que o próximo slide é um dos mais importantes do nosso curso,
quando falamos de pré-frame. Você tem que entrar no seu trabalho sabendo as
regras do jogo. Se você não souber as regras, não souber o que o teu chefe
espera de você, você não sabe o quanto que entregou a mais. Isso é um
pensamento claro, que para qualquer empreendedor bem sucedido é óbvio
demais.
Se eu vou fechar um contrato com um cliente e ele fala que as vendas dele estão
baixas, qual é a primeira coisa que eu quero saber? “Baixas, quanto?”. Então,
um funcionário, quando senta com um patrão que diz que está precisando de
ajuda porque está difícil vender, você tem que perguntar “está difícil vender
quanto? Quanto que estava antes? Qual o histórico de venda? Por que é que
caiu? Onde estão os gargalos? Você identificou os problemas? Quanto que
está? Está vendendo 100 mil? Quanto que você gostaria que chegasse? Quanto
dessa parcela depende de mim?”. Agora você sabe as regras do jogo! Agora
você pode chegar daqui a 6 meses e falar para o chefe: “Chefe, o senhor me
contratou para fazer isso, não é?! Eu fiz isso e mais 30%. Vamos falar de
renegociar meu pagamento?!”. Cara, você acabou de entregar tudo o que ele
pediu mais 30%. É isso, entendeu?
Você é o dono da régua. Você que mede. Você é que está lá todo dia, atendendo,
sendo o top 02 de funcionário. Não é só ele te mandar embora que ele encontra
outro. Se ele te mandar embora, terá que encontrar outro funcionário top 02 que
vai chegar e pedir aumento do mesmo jeito.
Último ponto é “Tudo bem que não tenha aumento, desde que eu não seja
demitido”. As pessoas não têm ascensão salarial no Brasil. Eles iniciam
recebendo 4 mil, e, 4 anos depois, continuam recebendo 4 mil. Por quê? Porque
não fazem os três elementos de cima. Não assumem novas diretrizes, não
documentam conquistas alcançadas, não demonstram os trabalhos que elas
produziram, não mostram que elas se destacam e acham que é só ficar
trabalhando que o chefe vai ficar pagando 15 no Alpino que está a 10 reais.

Então, trabalho de pré-frame, que puxei no slide anterior, é exatamente isso: é


você entender exatamente o porquê de estar sendo contratado para solucionar
qual problema e quanto seria o resultado desejado para o seu chefe.

Agora você começa a entender as regras do jogo, a saber o que é um bom


resultado. Por que se eu não sei disso, se eu não sei o que o meu chefe espera
de mim, se não sei por que caíram os resultados, se eu não sei o que o meu
chefe quer que eu traga, como é que eu peço um aumento depois?
Como é que você conquista confiança e como é que você domina o ambiente de
trabalho? Como é que você se destaca ali, naturalmente? Como é que as
pessoas percebem que você está ali para trabalhar, para produzir e que é melhor
elas te respeitarem, pois é questão de tempo para você gerenciar elas?
Você tem que desenvolver 10 elementos do que eu chamo de mentalidade
inabalável. O que é essa mentalidade? Hoje eu estava respondendo stories e
uma mocinha me fez uma pergunta até gentil: “Ícaro, você está feliz? Ninguém
te pergunta, né?!”. E eu pensei “Putz! Semana passada eu não estava feliz. Eu
estava cansado, desgastado, meio para baixo”. Vocês estão vendo a rotação
que estou dando nesse curso e veem que hoje eu estou para arregaçar! Por
quê? Porque é assim. Você pode ficar para baixo, mas depois tem que subir. Eu
tenho que pagar minhas contas, tem muita gente para pagar. Tenho que crescer!
O empreendedor já está acostumado a sentar num canavial de pirocas a vida
inteira. O funcionário também tem que desenvolver habilidades mentais que
tornam ele forte, corajoso, destemido, agressivo — no bom sentido.
Quais são esses 10 elementos? Presta atenção! Presta bem atenção que esses
elementos são o filé mignon da nossa teoria de destaque num momento de uma
entrevista de emprego ou no início da execução de um trabalho.
Você tem que encarar a entrevista como um missão, não como uma
oportunidade. Ninguém está te fazendo um favor algum. É uma missão! “Ah,
consegui uma entrevista de emprego!”. Pô, legal! Agora vai lá conseguir o
máximo de informação sobre a empresa! Vê se encontra alguém no Linkedin
para perguntar quais são as dificuldades, vai ver quais são os concorrentes,
quais são os últimos trabalhos realizados! O que é que o empreendedor faz
quando quer fechar com um cliente? Ele estuda o cliente. O que é que o emprega
faz quando quer fechar um trabalho? Ele estuda o trabalho dele.
“Não há verticalidade entre o contratante e você”. Apenas, apenas e apenas é
uma verticalidade contratual. Ele é teu chefe, você é o empregado. Você deve
respeitá-lo porque ele te dá dinheiro, porque te oferece um ambiente, uma
tecnologia, para você produzir ali tranquilinho no carpete, no assoalho, com
micro-ondas para esquentar a sua comida. Mas na hora de falar sobre soluções,
assumir riscos e fazer propostas, não há verticalidade. Você vai falar com o
mesmo grau de persuasão e de profusão que ele fala com você. Ser passivo só
mostra o quê? É aquela música do Rappa, que “os cães farejam medo”. É isso,
cara! O cara fareja que você é fraco, fareja que você não sabe falar de dinheiro,
fareja que você só não quer que ele o demita. Assim, ele nunca vai aumentar o
teu salário. Ele sabe que não precisa. Não tem ameaça alguma, porque você
não vai sair dali.
“Você não se compara pela média do mercado”. Em 2010, quando fui abrir o
Novo Mercado, todos os meus amigos falaram que não ia dar certo, porque tinha
o sucesso do Flávio Augusto, tinha a assinatura do Conrado Adolpho, tinha a
Udemy. Eles me perguntavam o porquê de eu tentar. E advinha? Todos estavam
errados, eu estava certo. Se você fica se comparando, vai se ferrar. “Ah, mas
prometeram tanto para os engenheiros, e a maioria está sem emprego...”. Um
cacete! Tem um monte de engenheiro ganhando 50 mil dólares para trabalhar
embarcado na ExxonMobil lá fora, na Chevron também. Só que foram apenas
os melhores. Foram os fluentes em inglês, os capacitados, formados nas
melhores universidades. Não o cara que ficou encostado, numa
universidadezinha bosta, jogando futebol e que passou a faculdade toda indo
para a Atlética. Você não tem que se comparar.
“Não, mas está difícil arrumar emprego agora no setor de tecnologia, no setor de
construção civil...”. Não, não está! Se você fizer parte do top 02, você só concorre
com os 2% do mercado, não com os outros 98%. Você nunca se compara pela
média do mercado. Nunca dê ouvidos para os teus primos ou amigos fracassado!
Tudo bem em você ser amigo do cara, afinal ele é gente boa e você o ama de
coração. Mas não vai usar o fracasso dele como média. Eu cresci 1100% de
janeiro para cá. Tem um monte de amigo meu reclamando da crise, colocando
culpa em governo. É isso. Como é que eu explico meu crescimento para o cara?
Não dá. Então, não se compara pela média do mercado, pelos que estão
chorando. Vai para os caras que estão arregaçando de ganhar dinheiro, vai nos
caras que estão bem empregados para caramba, vai nos caras CLT, PJ,
melhores posicionados que você conhece, pergunta quais são as posturas que
ele adota no trabalho que o fazem ter tanto sucesso e ouve! Ouve porque é uma
conversa vencedora. Afasta o choro! Afasta reclamação! Só ouve história
vencedora! Não fica sentado com amigos que ficam reclamando o tempo todo
do plano de saúde, da escola das crianças, reclamando do preço do mercado,
falando de outras épocas que eram mais fáceis. Esquece essa galera, cara!
“Ah, mas se eu estou sentado na mesa dos caras?...”.Vira a cabeça para o lado,
mexe no celular, faz alguma outra coisa. “Pô, mas você não fala nada?”. Então
adverte que eles estão há uma hora só reclamando e diz que contigo está tudo
bem. Todo mundo na hora vai se espantar.
Não se contamina, cara.
“Sempre fale de dinheiro com naturalidade, com todo mundo!”. Pessoas bem
sucedidas se sentem muito confortáveis com quem sempre fala sobre dinheiro.
Então, fale do preço das coisas, o quanto você quer ganhar, o quanto que você
tem que ganhar mais porque você fez mais trabalho. Fale sobre dinheiro como
se dinheiro não fosse grande coisa, porque ele não é! Dinheiro só é uma
remuneração sobre o trabalho que você fez, sobre as grandes coisas que você
gastou o seu tempo para fazer. Isso são as grandes coisas. As grandes coisas
são o tempo que você já gastou.
Você fala dos problemas que resolveu e dos resultados que gerou, não da
história da sua vida. Quando você está numa entrevista de emprego, o
entrevistador pergunta sobre a sua história, você fala “Então, eu nasci em
Maceió, daí eu fiz a escola tal, e daí eu fiz tal coisa..”? Não! Não é sobre você. É
sobre os resultados que você gerou.
Vou dar um exemplo de como eu faria. Se o cara pede para que eu fale sobre
um pouco da minha história, eu começo: “Então, cara, eu comecei no Brasil
Paralelo em 2016 e a gente tinha um desafio. Precisávamos vender um produto
com alto padrão de qualidade. Nós tínhamos 89 entrevistas, havíamos investido
140 mil reais e precisamos pagar esse investimento todo. Todo mundo passou
no cartão de crédito...”. Nada é sobre você. Só sobre o que você fez. Não cometa
esse erro.
“Você exige sempre as regras do jogo”. Você precisa saber o porquê de estar
sendo contratado, o porquê do cenário ser aquele, o que tem que melhorar e
quanto tem que melhorar. Porque, senão, não tem como pedir um aumento
depois.
Você sempre pede por performance. Então, o cara vai te contratar para você
aumentar as vendas. Você pergunta: “Aumentar em quanto? Em 20%? Eu posso
voltar daqui a 3 meses para você avaliar como está o meu trabalho?”. Isso é
fundamental. Porque daqui a 3 meses é onde aparece janela de aumento.
Se você trouxer 30, 40%, você vira para o seu chefe e diz: “Olha aqui, chefe!
Você tinha pedido 20%, não é? Eu trouxe 40%”. Ele vai dizer: “Oh, cara, muito
obrigado! Muito legal”. Ele não vai pagar 15 no Alpino, pois o Alpino ainda está
10. Vai te dar tapinha nas costas, dizer que você tem futuro na empresa, e aí
você diz: “Então, chefe, eu entreguei mais. Preciso saber o seguinte: como é que
a gente vai trabalhar um tipo de performance onde eu receba mais quando eu
trouxer resultados excepcionais como esse? Porque isso não estava no acordo.
Estou muito feliz de trazer esses resultados para o senhor, para mostrar o quanto
eu posso dar a mais. Agora, quanto que eu recebo a mais quando eu trouxer
resultados acima do que a gente acordou?”. Puta merda! Se eu ouço isso daqui
de um funcionário meu, eu falo: “Senta aí. Negocia!”.
Você não pede, você negocia.
Então, muitas vezes, você é contratado para receber X mil reais para fazer Y.
Dois anos depois, você faz 5 vezes mais coisas. Porque você fica aceitando,
docilmente, tudo o que te pedem para fazer a mais do que o acordado, e no final
você tem 10 bolas para gerenciar e não consegue fazer nenhuma tão bem feita.
E o chefe ainda fala: “Ô, estamos com as coisas atrasadas, não é?”. Tudo o que
for pedido a mais ou tem uma contraprestação ou você deixa muito claro e
documentado “Chefe, estou assumindo essa tarefa temporariamente para
apagar este incêndio. Mas eu preciso que você me diga quando ela sai do meu
hall de atribuições. Eu tenho que focar nos resultado para os quais eu fui
contratado”. É assim!
Se alguém chega dizendo “Ícaro, eu sei que você é do Marketing Digital, mas
será que você poderia dar uma olhada nessa questão aqui que tem no
departamento de vendas”, respondo que posso. Mas vou no patrão e digo:
“Então, chefe, eu vou olhar aqui esse departamento. Posso trabalhar com esses
meninos aqui por 15 dias, até o senhor encontrar uma pessoa para fazer isso?
Porque não é minha atribuição e eu vou desfocar nisso daqui. Ou o senhor quer
que eu monte aqui e gerencie?”. Então eu já fugi do trabalho não remunerado. E
se ele quiser que eu monte uma equipe e gerencie, qual que é o próximo passo?
“Então, chefe, beleza! Vou começar a procurar, vou gerar uma planilha com os
custos dessa equipe e eu mostro para o senhor”. E na planilha está lá
“Supervisão: preço tal.”. E ele vai perguntar “que supervisão é essa?”. “Chefe, a
supervisão é a minha. Estou dedicando horas que não são do meu trabalho
original para fazer essa supervisão”. Ele vai falar: “Não, não, mas você vai tirar
de parte do seu trabalho”. Respondo: “Então, o senhor está consciente de que
parte do meu trabalho será desacelerado aqui, não é?!”. É sempre assim. E não
é para ter vergonha, porque é justo, entendeu? E ele vai ter que ou entender que
um trabalho vai ser reduzido e vai ser focado em outro ou vai ter que te pagar
para que essas coisas não aconteçam.
E aí vem o 10, que é o mais importante de todos. “Você quer tanto o emprego
quanto a empresa precisa de você”. Os cinco minutos mais importantes são os
primeiros 5 minutos em que você define as regras do jogos. Que são quais? “Eu
sou um cara competente, um cara produtivo, um cara consciente, um cara que
gerencia pessoas, que assume riscos, estou aqui para crescer, para produzir
resultados, eu quero os resultados claramente em cima da mesa, o que o senhor
e a empresa esperam de mim, porque eu vou entregar o que for pedido. Agora,
se eu entregar mais, quanto eu vou receber?”.
Qual que é a regra de ouro do candidato ideal?
Não é sobre você, é sobre a empresa.
Não é sobre os seus sonhos de trabalhar ali, seu sonho mudar o mundo. É sobre
o que você gera, que problemas você resolve, quanto dinheiro você traz, quanto
você produz, quantas pessoas você assume, quantas tarefas você gerencia,
quantos departamentos você desenvolve. Não é sobre você. É sobre eles. E
você precisa eliminar 90% dos problemas que destroem uma entrevista de
emprego. A notícia boa é que você precisa eliminar um único vício. O único vício
que para mim representa 90% dos problemas de um candidato que não está
preparado para ser de destaque:
O problema é a falta de especificidade.
Cara, seja específico em tudo. Seja específico nas suas tarefas, no que a
empresa espera de você, nas suas entregas, nas responsabilidades. Seja
específico no horário de trabalho, no pedido de uma nova conversa quando você
entregar resultados superiores, com os seus colegas de trabalho que vão te
empurrar alguma coisa que não te cabe.
Se um colega pede para você fazer algo, você perguntar se o superior está ciente
disso e ele disser que não, diga “Então pede para ele autorização, porque ele
precisa estar ciente.”. Você pode, sim, fazer. Mas o seu chefe precisa saber que
você está fazendo algo que não está no seu escopo. Porque quando você for
negociar um aumento daqui a 3 meses, você vai poder dizer: “Chefe, inclusive,
você lembra que é bem recorrente eu ficar resolvendo gargalos de outros
departamentos. Então, eu fiz isso durante esses três meses porque eu entendo
o valor que eu tenho na empresa, mas eu também entendo que as coisas são
do jeito que dá para ser. Diante desse tempo todo que nós estamos trabalhando
juntos, o senhor pretende resolver essa situação ou eu posso incrementar as
horas que eu trabalho para resolver isso na minha remuneração?”.
Quando você não sabe o que pedir, quando você não sabe falar sobre dinheiro,
quando não sabe apresentar as coisas — e ainda apresenta de maneira
genérica, como “não sei...”, “vamos ver...” —, você sempre vai receber menos.
Porque ser específico adiciona valor a sua hora. Gerenciar pessoas adiciona
valor a sua hora. Assumir riscos adiciona valor a sua hora. E quando você
adiciona muitos valores a sua hora, você ganha mais. Você não ganha por mês,
mas ganha por hora.
Então, seja específico!
Pessoas produtivas, decididas, bem resolvidas, eficientes, todas elas, são
específicas. Pessoas perdedoras, atrasadas, fracas, que ganham pouco, que
são substituíveis no ambiente de trabalho, todas elas são genéricas. Todas estas
têm medo de responder, de falar, todas elas ficam no “Vamos ver! Vamos ver!...”.
Seja específico!
Última vez: seja específico!
Quando você é específico, a tua empresa ganha, o teu contratante ganha, a tua
carreira ganha, o teus parceiros de trabalho ganham, todo mundo ganha. Se eu
pudesse resumir, em uma única frase, o que separa, para mim, as pessoas que
vão ter sucesso nos seus empregos e serem bem avaliadas pelos seus
empregadores daquelas que não são, se eu tivesse um único chute para dar —
porque a gente sabe que tem esse pulo todo –, eu diria que é a especificidade.
Os que se destacam são aqueles que sabem exatamente o que eles querem.

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