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Xeque-Mate

by SheWantsCamila

Um jogo perigoso, repleto de armadilhas. Uma disputa de poder, dinheiro e desejo.


De um lado do tabuleiro, a delegada Lauren Jauregui, do outro, a esposa de um
magnata, Karla Camila Cabello. Nesse jogo, apenas um cairá. Quem terá a melhor
estrategia? Quem melhor saberá jogar? Quem dará o Xeque-Mate? Façam suas
apostas, o jogo vai começar.
Inicio do Jogo.

Heeey mores! Voltei para torturar..ops, escrever para vocês! Assim como
em The Stripper, eu espero que todos vocês gostem muito de Xeque-Mate. Será uma
fanfic muito boa, com as ideias do ot3! (Lari, Sindy e eu) Estamos reservando coisas
maravilhosas, repleta de emoções e muitos tombos! haha' Não vou falar muito hoje,
mas quero que estejam preparados e conscientes de tudo que está por vir.
Para esse capitulo escutem "Castle - Halsey" vai dar o clima. - Evelin.

"Queria primeiramente agradecer a todas aquelas pessoas que vão acompanhar


Xeque-Mate, e dizer que fazemos a fanfic porque gostamos disso, como ja haviam
dito, nos divertimos e acima de tudo, amamos tombar vocês, espero que gostem
dela, nossas ideias casam e garanto que vocês vão se surpreender com cada um dos
personagens, Obrigada por estarem conosco nessa, Evelin é melhor com palavras do
que Larissa e eu, então, deixo pra ela agora.. e queria muito dedicar o cap pra minha
amiga (@Uponlylas- Amanda) e dizer que vou tombar você! .. PS: com muito amor,
sindy."

"Em primeiro lugar, obrigada a todas que estão lendo. Mas eu não sou muito boa com
isso, então deixo essa parte com a Eve, que está mais acostumada. Eu só queria
deixar um recado aqui para algumas pessoas e espero que entendam, se não, não
tem problema. Eu, Sindy e Eve estamos nessa fic Pq simplesmente gostamos disso
tudo que rodeia esse "universo". Não estamos aqui por faminha, não estamos aqui
por seguidores e muito menos pra chamar atenção. Se fazemos o que fazemos é
porque gostamos. Gostamos de zoar, de postar nos NOSSOS twitters e gostamos de
conversar com o vocês lá e principalmente, de TOMBAR todos vocês. Enfim, não vou
dizer que amo vocês, Pq como disse lá em cima, isso é o trabalho da Evelin.
Desfrutem e por favor: EU SOU INOCENTE

E também queria dedicar para a @fifthpridez , que como ela mesma diz, sua
heterossexualidade vai embora com os hots que montamos. Aproveite esse capítulo
Manu - Larissa"

Mount Vernon - 09:42Pm

A brisa fria daquela noite fez todos os pelos do meu corpo arrepiar. Esfreguei as mãos
em meus braços cobertos pelo grosso casaco preto em busca de calor. Já era tarde e
eu ainda estava presa aquela delegacia. Neguei com a cabeça e retirei as luvas de
minhas mãos para capturar a minha pequena caixinha onde continha meus cigarros.
Precisava daquilo para acabar com minha ansiedade.

Estávamos no inverno, Nova Iorque estava coberta por uma grossa e fria camada de
neve. Até que tudo estava bonito daquele jeito, eu particularmente amava essa época
do ano. Eu ainda poderia ver alguns jovens brincando de guerra no meio daquele gelo
todo na casa da vizinha ao lado. Piter o menor me avistou de longe e acenou
animado.

:- Oi Lauren! - Gritou o loirinho.

Eu sorri para ele e acenei. O menino voltou sua atenção aos amigos e a brincadeira
na qual estava. Peguei um cigarro para colocá-lo entre os labios,capturando meu
pequeno isqueiro desenhado com a bandeira dos Estados Unidos. Vi a faísca se
ascender quando pressionei o pequeno botão, até ver o fogo por completo. Assim que
o cigarro ascendeu, coloquei o isqueiro de volta no bolso. Traguei o mesmo de forma
intensa, sentindo automaticamente meu corpo melhor.

Maldito vicio.

Soltei à fumaça que se desenhou no ar frio daquela noite. Eu precisava sair dali. Tive
um dia extremamente exaustivo na delegacia. Naquele momento eu tinha uma pilha
de papeis com inúmeros casos para resolver. Assaltos, mortes, agressões tudo muito
pouco e nada satisfatório. Eu era delegada em Mount Vernon, uma pequena cidade do
estado de Nova Iorque, amava o que fazia, mas nos últimos anos todos os casos
pareciam pequenos demais. Eu amava ser desafiada, amava correr atrás de situações
que pareciam ser impossíveis de resolver e isso não estava acontecendo, não em
minhas mãos.

- Delegada, Jauregui?

- Sim Iglesias?

- Deixei todos os casos arquivados em sua mesa, a moça de hoje mais cedo está aqui
novamente e quer retirar a queixa do marido.

- Você está brincando, não é? - Perguntei a fitando.

Verônica Iglesias negou com a cabeça, dando de ombros.


- Essa mulher não percebe o que está fazendo com a própria vida? Vouprender seu
marido, e nunca mais soltar. Ela pode chorar lagrimas de sangue. - Resmunguei
irritada fazendo a oficial rir.

- Vou apoiar você, Lauren.

Eu sorri para ela, e traguei novamente um pouco de meu cigarro. Entregando para
que ela fizesse o mesmo. Ela se aproximou e se encostou na parede fria onde eu
estava, pegando o pequeno cigarro de minha mão para colocar entre seus labios. Ela
não demorou a soltar a cortina de fumaça entre os labios. Verônica Iglesias ou
simplesmente Vero era minha melhor amiga, trabalhava comigo como Escrivão e
Investigadora, ela era quase uma irmã desde os tempos do colegial no qual nos
conhecemos. Estávamos sempre juntas para tudo que houvesse nessa vida.

- O que houve? - Perguntou me encarando com o as sobrancelhas arqueadas.

- Mandei nossas fichas para Nova Iorque hoje, estou um pouco ansiosa para saber se
vamos ou não ser chamadas.

- Você e sua sede de casos grandes. - Sussurrou com o cigarro ainda na boca.

- Ainda bem que sabe, eu não agüento mais isso aqui.

- Gosto daqui, Laur. - Disse ela fitando o nada.

Eu suspirei, pegando o cigarro de sua mão para novamente tragar.

- Gosto daqui também, mas eu quero crescer como delegada. E nessa cidade eu não
vou conseguir, eu preciso de algo grande! Que seja difícil, mas que eu tenha certeza
que vou conseguir. E você também Vero. - Disse de forma sincera.

Ela deu de ombros e assentiu.

- Veja bem, já parou para pensar na gente morando na cidade de Nova Iorque? Vai
ser incrível!

Iglesias ficou um tanto pensativa e sorriu.

- Vai ser demais, Jauregui! Mal posso esperar por isso! - Falou animada, me deixando
aliviada.

Seria estranho ir para outro lugar se Vero não estivesse comigo. Eu sabia que não
iríamos permanecer juntas para sempre, mas em nossa trajetória como amigas e
policiais estávamos sempre em dupla.

- Casos importantes, novos lugares, novas pessoas. - Disse de forma maliciosa.

- Novas mulheres, você quis dizer. - Falou em meio a uma risada sacana.

- Exatamente.

- Vai ser incrível! Eu quero muito ir! - Falou de forma confiante.

- Nós vamos, eu tenho quase certeza. - Falei olhando em seus olhos.

- Confio em você!

Eu sorri dando a ultima tragada, para jogar o que restava do cigarro no chão, pisando
com a ponta do sapato no mesmo que se afundou na neve.

- Já está bem tarde, o que acha de irmos ao bar do Jared para comemorar nossos
planos futuros? - Perguntou.

- É uma ótima idéia, eu preciso de duas coisas para me manter relaxada essa noite. O
dia nessa delegacia não foi dos melhores. - Bufei irritada.

Vero soltou uma risada, e subiu as escadas até a porta da delegacia, abrindo a
mesma para entrar no ambiente mais quente e iluminado.

- Bebida e sexo.Acertei? - Perguntou me fitando por cima do ombro.

- Em cheio! - Falei enquanto entrava em minha sala.

Recebendo um olhar curioso da policial novata que estava na recepção. Não havia
nem duas semanas da moça naquela delegacia. Ela era muito bonita, tinha um corpo
de porte pequeno, e mesmo por de baixo da farda eu poderia notar facilmente que
seu corpo era definido. Ela tinha olhos claros, uma boca chamativa e provavelmente
muito gostosa.

- Iglesias?
Vero virou em minha direção enquanto arrumava sua mesa.

- Sim?

- Como se chama a moça da recepção? - Perguntei como quem não queria nada.

- A oficial novata?

- Essa mesmo.

Ela pareceu pensar por alguns segundos, quando finalmente respondeu.

- Acho que ela se chama Keana, pelo menos foi assim que Otavio a chamou hoje mais
cedo. - Falou de forma descontraída enquanto arrumava sua roupa. Ela fez uma
pequena pausa e me fitou. - Por quê, Jauregui?

Perguntou ela sabendo exatamente minha resposta.

- Por nada! Curiosidade! Poderíamos chama - lá para ir conosco ao bar do Jared, o


que acha?

Verônica revirou os olhos e soltou uma risada.

- Você literalmente não tem jeito. - Exclamou enquanto colocava as mãos para o alto.

- O que fiz dessa vez? - Perguntei me fazendo de desentendida.

- O que você quer e vai fazer Lauren. Ela mal chegou e você já quer comê-la?

Soltei uma risada alta e sentei em minha cadeira estufada, rodando algumas vezes
até parar de frente para Vero, que estava em pé me fitando com as mãos na cintura.

- Ela é gostosa, e está me dando umas boas secadas.

- Que ela é gostosa eu percebi desde que ela pôs os pés nessa delegacia. Mas não
acha que pega mal?

- Eu não vou iludir a moça, é só sexo. - Falei enquanto brincava com a borracha do
lápis.

- Você disse isso da Vivian mês passado, e hoje em dia ela enche seu celular de
mensagens e ligações.
- Não mais, eu troquei de numero. - Disse balançando meu aparelho celular.

- Você é uma puta, Lauren. - Vero falou entre uma risada divertida.

- Não sou, apenas não vejo motivos para me envolver com ninguém. Sexo sem
compromisso é a melhor coisa do mundo. Você transa por uma noite inteira, fica
satisfeita e no outro dia não tem cobranças e nem ninguém para ficar de carinho. -
Falei calmamente, levantando da cadeira onde estava sentada. - É perfeito.

- Eu sei bem disso, mas estou a fim de arrumar uma namorada. Preciso de alguém
fixa.

Rolei os olhos de forma impaciente. Desde que me entendo por gente eu sabia que
era lesbica. A minha necessidade por sentir o corpo feminino vinha desde a
adolescência aos dias de hoje. Meu único problema era o fato de eu nunca me
apaixonar. Bom, eu particularmente não encarava aquilo como um problema, na
verdade aquilo para mim era a melhor coisa que poderia acontecer. Você tem idéia?
Não sofrer por alguém me parecia fodidamente maravilhoso. Mas tantos meus amigos
como minha família sempre repetiam o mantra que um dia eu teria que colocar a
maldita aliança no dedo e me prender a alguém como um cachorro ao seu dono.
Aquilo literalmente não era bom.

Não para mim.

- Você sempre com essa vontade de namorar. Vero, ter alguém no seu pé o tempo
não é legal. - Disse me arrumando.

- Você nunca namorou Lauren. Se passou mais de um mês com uma mulher foi
muito.

Virei-me de frente para ela.

- Passei dois meses com Charlotte. - Disse de forma convencida e um sorriso


triunfante.

- Sim, mas aquilo não era namoro. Era sexo, você só a encontrava para transar.
Capitulo 2 - Welcome to New York.

Olá meus amores! Como estão essa noite? Espero que bem!

Antes de começar esse capitulo, quero fazer alguns agradecimentos!

Primeiramente a Roberta, que fez a capa de Xeque-Mate! Gente, eu surtei feito uma
louca quando vi a capa, morro sempre que vejo! Muito obrigada Roberta, você foi
incrível nos ajudando com isso! Quero agradecer também a todos os leitores que já
estão com a gente. Meu Deus, primeiro capitulo e entramos no Trends Brasil! E em
menos de um dia chegamos a mais de mil favoritos! Vocês são realmente incríveis!
Nós três ficamos imensamente felizes pelo carinho.

Agora vamos ao que interessa! Preparados?

Vamos lá!

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Um mês depois..

Eu assenti pela décima vez em menos de quinze minutos para a senhora que relatava
os fatos do possível roubo em sua casa. Eu começava achar que pela idade a pobre
senhora precisava de alguma emoção em sua vida, e relatar os fatos de um furto em
sua residência ajudaria bastante. Pois em menos de um mês ela já havia comparecido
a delegacia quatro vezes, e todas às vezes ela havia apenas entregado o objeto que
acreditou ser roubado para alguém. A idade realmente afeta as pessoas, ela narrava
os acontecimentos com tanta veemência que eu poderia acreditar ser real, quando na
verdade era apenas uma ficção criada por sua mente desocupada. Inclinei meu corpo
lentamente, deixando minha coluna totalmente ereta. Ficar sentada por muito tempo
me deixava incrivelmente preguiçosa.

- E eu vi quando ele pulou cerca. – completou a mulher de cabelos grisalhos.

Eu levantei o olhar que foi de encontro ao da senhora, que mantinha uma expressão
sofrida.

- A senhora viu o homem pular a cerca de sua casa? – perguntei incrédula.

- Sim, delegada.

Eu soltei uma lufada de ar, deixando que meu corpo encostasse-se à poltrona. Dona
Dolores, como era chamada. Havia chegado à delegacia esta manhã informando que
sua televisão tele king havia sumido de sua casa. Que ao sentar em seu sofá antigo
para assistir seu programa matinal de culinária, notou que a mesma já não estava
mais lá.

- Dona Dolores, com todo respeito. Onde está seu filho? Ele sabe que a senhora saiu
de casa?

- Ele saiu para consertar o pneu de nosso carro, delegada.

- Você tem o telefone dele? Podemos ligar para resolver este problema. – disse da
forma mais paciente possível.

A senhora assentiu pegando seu celular de dentro da pequena bolsa marrom que
permanecia em seu colo. Com os dedos vacilantes, ela digitou o numero do filho para
então iniciar a ligação. Assim que o homem atendeu, a senhora estendeu o aparelho
em minha direção para que eu falasse com o mesmo. A voz rouca do outro lado da
linha se desculpou pelo incomodo, e informou que em poucos minutos estava
chegando para solucionar o problema.

- Prontinho, Dona Dolores. Seu filho Mark está a caminho. – disse entregando o
celular de volta a mulher.

- Mas e minha televisão, delegada? – perguntou impaciente.

Eu suspirei, trocando um rápido olhar com Verônica que se encontrava na mesa ao


fundo, segurando uma risada divertida. Para em seguida voltar minha atenção a
senhora que me fitava esperando uma solução.

- Já localizamos ela, e ela se encontra na sala da sua casa agora.

De onde ela nunca saiu.


- Oh! Que ótimo, filha. Fiquei realmente preocupada, essa televisão quem
deu foi meu marido. E tem um grande valor sentimental para mim.

- Eu imagino senhora.

Apesar daquele tipo de situação me deixar incrivelmente irritada, hoje eu estava em


um bom humor imutável, quer dizer, nem tanto assim. Mas ainda essa tarde eu
receberia a resposta sobre minha transferência junto de Vero para a delegacia da
cidade de Nova Iorque. Era a minha oportunidade de mudar de vida, e nada poderia
estragar.

Vi o oficial Josh bater levemente na porta de vidro de minha sala, quando acenei
brevemente para que ele entrasse.

- Com licença, delegada.

O homem falou ao entrar na sala.

- Pode falar, Josh.

- O filho dessa senhora está à espera dela.

- Ah! Ótimo! – falei aliviada. - Dona Dolores, foi um prazer vê-la novamente aqui.

- Obrigada, delegada. A senhora sempre muito gentil comigo.

Eu sorri de canto, e levantei de minha cadeira para caminhar em passos lentos até a
idosa. A mulher envolveu minha cintura com os braços, dando um carinhoso abraço.

- Mamãe! – Mark falou envergonhado ao sairmos da sala. – Já disse para não sair de
casa sem mim.

Mark já era um homem maduro, devia estar na faixa de seus quarenta e poucos anos.
Tinha um porte físico forte, mas nada musculoso, seu cabelo era cortado no estilo
militar, acompanhado de uma barba por fazer. Pelas poucas vezes que eu já tinha o
visto, ele parecia ser bem cuidadoso com Dona Dolores, sempre tirando ela de
situações inusitadas.

- Minha televisão foi roubada, filho.

Ele me lançou um olhar tímido, enquanto suas mãos repousaram sobre os ombros
cansados da mulher.

- Mil perdões, delegada.

- Não se preocupe, Mark.

- Eu não sei nem o que dizer. – disse ele enquanto colocava os olhos sobre a mãe.

- Não precisa dizer nada, apenas leve sua mãe para casa.

- Obrigada mais uma vez.

O homem guiou a senhora para fora da delegacia, enquanto murmurava calmamente


que ela não devia aparecer aqui sem a presença dele. Talvez a senhora tivesse algum
problema auditivo ou apenas fazia pirraça das palavras de seu filho, pois nem sequer
lhe deu atenção.

- Ela deve gostar dessa áurea policial. – Vero falou ao se aproximar.

Encarei minha melhor amiga com o cenho franzido.

- Você acha?

- Tenho certeza! Ou ela está afim de você.

- Cala essa boca! – exclamei empurrando ela com o meu corpo.

Voltei a minha sala ouvindo a risada de Vero ao fundo.

- Não tem graça! Isso é frustrante!

- O que?

- Tudo! Essa delegacia está parada. – falei ao sentar novamente em minha poltrona.

- Quer dizer que está tudo bem, Lauren.

Eu bufei enquanto me debruçava sobre minha mesa.

- Você deveria ficar feliz com isso.

- Eu sei! Mas não estou.


- Isso pode melhorar seu humor?

Levantei parcialmente a cabeça, para fitar Verônica, que com a ponta dos dedos
arrastou uma folha de papal sobre a minha mesa. Eu me acomodei sobre a poltrona
capturando o papel nas mãos.

- Leia pra mim, Lauren!

Eu levantei o olhar para a mulher que encostou-se em sua mesa de madeira, que
ficava do outro lado da sala. Vero cruzou os braços com um sorriso largo, o que me
deixou ainda mais curiosa sobre o que tinha naquele papel.

"Prezada Sra. Jauregui.

Venho através desta informar que recebemos sua solicitação de transferência para a
delegacia da cidade de Nova Iorque. E através da analise minuciosa de seu histórico
policial. Verificamos que está devidamente enquadrada nos requisitos solicitados para
o cargo de admissão. Se ainda for de seu interesse entre em contato com nossa base.

Atenciosamente

Roger Brandon."

- Vero... – sussurrei ao abaixar a folha de papel, e encarar minha melhor amiga.

- Sim?

Eu respirei pausadamente, sem acreditar no que havia acabado de ler. As palavras


pareciam desconexas em minha cabeça, como se estivesse escrito em um idioma no
qual eu não era fluente.

- Essa carta, ela...

- Sim, Lauren. Você foi aceita! – ela falou animada.

- Oh meu Deus! Iglesias! – me levantei da cadeira rapidamente. – Eu vou pra Nova


Iorque! Vero, porra!
As pessoas fora da sala iriam pensar que eu estava tendo alguma espécie de surto
psicótico, mas era apenas felicidade. A oportunidade da minha vida estava agora em
minhas mãos, em um pequeno pedaço de papel. Eu abracei Verônica que retribuiu de
forma animada. Quando tratei de lembrar.

- Espera, mas e você? – perguntei com certo receio.

Os olhos castanhos de Verônica se conectaram aos meus, trazendo consigo um


mistério que me afligia. Ir para Nova Iorque sempre foi nosso sonho, fazíamos esses
planos desde os tempos do colegial, e ir sem Iglesias não seria a mesma coisa.

- Lauren...- Vero começou cabisbaixa.

Não, meu Deus, não.

- Vero não me diga que... - soltei baixinho.

- É claro que eu vou com você, Vadia. Acha mesmo que eu iria deixar você pegar as
mulheres de Nova Iorque, sem mim? Não mesmo!

Com uma alegria fora do comum tomei Verônica em um abraço animado.

- Sua filha da puta, me assustou!

Vero soltou uma risada alta, fazendo seu corpo inteiro vibrar. Ela sabia que sem ela
as coisas não seriam a mesma para mim.

- Você não vive sem mim. – seu tom convencido era evidente.

- Não fique se achando. – disse a soltando rapidamente.

- Apenas verdades, Jauregui.

Caminhei de volta para minha mesa, onde me acomodei por alguns instantes. Eu
simplesmente ainda não conseguia acreditar que aquilo iria mesmo acontecer.
Durante anos como delegada, meu grande objetivo foi sair daquela cidade para ir
para o centro do estado, onde tudo era muito mais intenso. Eu tinha certeza absoluta
que a cidade de Nova Iorque iria mudar minha vida.

[...]

Arrumar as malas nunca foi meu forte. Eu estava agora rodeada de coisas espalhadas
pelo meu quarto. Desde roupas, sapatos, objetos pessoais e todos os itens
indispensáveis para minha ida para Nova Iorque. Já havia se passado uma semana
desde o recebimento da carta de aceitação pelo delegado Roger, e minha mudança
para a capital já estava marcada para o dia seguinte. Eu me encontrava incrivelmente
ansiosa, afinal aquele sempre foi meu sonho na carreira policial, e conseguir isso
estava sendo maravilhoso.

- Não pode esquecer nada. – meu pai falou ao entrar no quarto.

Michael Jauregui estava com um sorriso largo, porém os olhos tristes. Desde o
momento que informei sobre minha transferência, pude notar sua clara mudança de
humor. Claro que ele havia ficado feliz com minha realização profissional, mas me ter
saindo de casa naquela altura do campeonato, não estava em seus planejamentos.

- Eu estou olhando tudo, não quero esquecer nada. – falei enquanto dobrava algumas
peças de roupa, para depositar na mala.

Ele caminhou cuidadosamente para não pisar em nada do que estava espalhado pelo
chão. Sentou-se na beira de minha cama, bem próximo de onde eu estava e me fitou.

- O que houve?

- Nada, só quero ficar com você aqui.

Seu tom de voz transmitia melancolia.

- Pai, eu não quero vê-lo assim. – disse ao me aproximar dele.

- Só é difícil ver minha filha sair de casa.

Sua tristeza estava evidente naquele momento. Mike e eu criamos uma relação muito
bonita entre pai e filha, já que desde muito nova ele e minha irmã, Taylor, foram às
únicas figuras de família para mim. Aos vinte e dois anos de idade, eu tive a enorme
infelicidade de perder minha mãe em um dos conflitos policiais. Clara, assim como
Mike, seguia carreira policial, sendo investigadora e ele prontamente delegado. Em
uma das operações da policia, a mulher foi brutalmente baleada por um grupo de
homens que tentavam assaltar o banco central de Nova Iorque. Haviam algumas
pessoas sendo mantidas de refém, e a mesma em um ato heroico para liberta-los
acabou dando sua vida em troca da delas. Pelas vagas lembranças de minha
juventude, eu ainda tinha a imagem de Mike chorando de forma descontrolada sobre
o tumulo de minha mãe. Desde aquele instante eu havia decidido que assim como
eles, eu seria um membro da policia.

- Você vai poder me visitar, pai.

- Eu sei, Lauren. Eu só tenho receio, você vai assumir um cargo importante em Nova
Iorque. Tudo lá é mil vezes pior do que aqui. – seu semblante preocupado ficava
evidente a cada palavra que saia de sua boca.

- Eu preciso disso, você sabe que sempre foi meu sonho crescer como policial.

Ele rolou os olhos, soltando uma lufada de ar.

- Você poderia ficar aqui, esse é seu lugar.

- Não, pai. Esse não é o meu lugar, você sabe disso.

Fitamo-nos por alguns instantes que pareciam ser intermináveis. Eu sabia que o
medo dele era que as coisas voltassem a acontecer. Mike depois da morte de minha
mãe, resolveu largar a vida policial para assumir um pequeno comercio no centro da
cidade. Ele nunca negou a vontade que sentia de voltar a entrar em ação, mas ele
sabia as consequências que aquilo poderia causar. Tanto que quando resolvi seguir o
mesmo rumo, o homem pestanejou irritadiço com minha ideia. Mas ele sabia que
assim como Clara, eu não mudaria de ideia.

- Eu tenho medo de perder você, filha.

Eu sorri para o mesmo, levantando do chão coberto pelo carpete felpudo do quarto,
para me sentar ao lado de meu pai.

- Você não vai me perder, eu sei o que estou fazendo.

Ele negou com a cabeça encarando a janela que estava aberta, deixando que a
corrente fria de ar invadisse o quarto. Era dolorido para mim deixa-los, mas eu sabia
que era o correto a se fazer.

- Nossa, que tristeza é essa?

Minha irmã perguntou ao entrar no quarto. Taylor Jauregui era minha irmã mais
nova, uma boa garota de pensamentos extremamente inteligentes e maduros, me
admirava sempre seu bom coração e o carinho que nos unia. Acho que nós três
apesar de extremamente parecidos, nos dávamos muito bem.

- Papai, que está todo chorão aqui.

- Ele está assim há dias, Lauren. – a menor falou se sentando do outro lado.

- Já expliquei que não precisa.

- Eu também não queria que você fosse.

Lancei um olhar para Taylor que sorriu melancólica, o que me fez suspirar. Eu não era
a pessoa mais sensível do mundo, mas se tratando de minha família as coisas eram
bem diferentes.

- Não me façam chorar, por favor. Deixar vocês é difícil para mim.

- Ela tem razão, papa. Nós não vamos fazer disso uma coisa ruim, Lauren! – Taylor
levantou da cama, buscando animação.

- Assim que eu gosto!

- Quero os dois na sala de jantar agora! Fiz um jantar maravilhoso essa noite.

- Consigo sentir o cheiro daqui! – meu pai falou animado. – Me parece bom!

- Sempre está bom, papa.

Levantei da cama, puxando pela mão do homem que se levantou, envolvendo seus
braços ao redor de Taylor e eu.

- Vocês vão ter que cuidar de mim até eu ficar um velho chato.

- Oh, droga, Lauren. – Taylor resmungou em brincadeira nos fazendo rir.

O resto da noite foi bem tranquilo, sentamos todos juntos a mesa para jantar em
família como todas as noites. Nosso dia a dia era sempre muito intenso, mas sempre
buscávamos reservar um momento para curtir em família, apenas nós três. Durante o
decorrer da noite, Mike fazia questão de contar suas piadas sem graças, que já
havíamos cansado de ouvir, mas as risadas sempre eram as mesmas. Momento esse
que eu sentiria falta durante as minhas noites na cidade de Nova Iorque.

- Promete que vai nos ligar sempre? – Taylor falou ao recolher nossos pratos.

Eu dobrei o pequeno lenço em duas partes, antes de deslizar por meus lábios.

- Eu prometo, Tay.

- Cobre dela, Lauren é sempre muito esquecida. – meu pai resmungou.

- Como eu poderia esquecer de vocês?

- Vai que arruma outra família por lá? – Mike soltou fingindo indignação.

Soltei uma risada divertida para levantar de minha cadeira e abraçar meu pai que
estava em pé ao lado de Taylor, a menor prontamente se juntou a nós em um abraço
coletivo.

- Eu amo vocês mais do que tudo nessa vida.

- Nós também amamos você, Laur. – foram as palavras de Taylor antes de apertar
seus braços em nossa volta em um abraço reconfortante.

[...]

Eu puxei minha mala, juntamente com outras dezenas de pessoas que deixavam
naquele instante o aeroporto internacional de Nova Iorque. Meu voo havia acabado de
pousar, e eu estava agora na sala de desembarque ao lado de Veronica, que
procurava por seu celular na bolsa que carregava.

- Sinceramente, odeio andar com tantas malas. – resmungou a mulher.

- Vero, seu celular está no bolso da frente da mala. Você o colocou ali não tem dez
minutos.

Ela fez uma careta confusa, lembrando-se de onde havia deixado o mesmo.

- Eu sabia disso, Lauren. Estava apenas brincando. – disse ela me fazendo rir.

Saímos com nossas malas a caminho dos pontos de taxi, uma fila de carros amarelos
com detalhes pretos se locomovia rapidamente como fluxo de pessoas que deixava o
aeroporto.
- Santo Deus, isso aqui é uma loucura. – Vero exclamou um tanto
assustada.

E realmente era. Mount Vernon não tinha nem a metade da movimentação que a
cidade de Nova Iorque possuía. Entramos em um dos taxis onde um senhor bem
humorado nos guiou pelas ruas nova iorquinas.

- Eu nasci pra morar em Nova Iorque! – Vero falou animada, enquanto mantinha sua
atenção pelos arranha-céus de Manhattan.

- Agora você diz isso, não é? Um mês atrás não queria sair de Mount Vernon.

- Eu estava louca, esqueça isso. Esse lugar é maravilhoso!

E ela tinha toda razão. A cidade de Nova Iorque era uma das mais populosas de todo
o mundo, o fluxo de dinheiro, pessoas e poder era bem visível ali. Eu olhei através do
vidro fumê do carro, as diversas pessoas dos mais diferentes aspectos, andarem de
um lado para o outro grudadas em seus celulares, como se vivessem em um mundo
alienado um dos outros. Nosso apartamento estava localizado em Manhattan, o
centro econômico da cidade. Graças aos pais de Vero, que nos doaram um
confortável lugar para morar, estaríamos muito bem hospedadas.

- Jauregui, nós vamos morar em um dos melhores lugares dessa cidade!

- Seus pais foram generosos.

- Sim, meus velhos sempre são ótimos! Estava pensando no quanto vamos aproveitar
essa cidade! – seu tom de voz era animado.

- E eu, que temos que estar daqui à uma hora na delegacia com nossas
documentações.

Vero rolou os olhos impaciente.

- Eu aqui toda vez feliz pensando nas festas, e você no trabalho.

- Só ficaremos aqui para curtir as festas, se conseguirmos o trabalho. – falei como se


aquilo fosse obvio, e realmente era.
- Ok! Eu já entendi, não corte meu barato. Eu estou encantada com tudo isso,
podemos ir a estatua da liberdade?

- Faremos isso depois!

O taxista não demorou muito ao estacionar em frente ao enorme prédio no qual


iriamos ficar. Realmente, o lugar era ótimo. Não era nem um condomínio de luxo,
mas tinha uma aparência incrivelmente acolhedora. Tiramos nossas malas de dentro
do carro com ajuda do senhor que dirigia para em seguida entregar alguns dólares
em pagamento.

- Sejam bem vindas! – disse ele bem humorado, antes de voltar ao seu carro.

Vero e eu nos entreolhamos, ficando estáticas em frente à porta do prédio do qual


iriamos morar, ali começava novos tempos, nos quais eu não fazia ideia do que me
esperava.

- Vamos nessa, Jauregui! – disse a mulher ao me puxar para dentro do lugar.

O apartamento era grande, bonito e bem confortável. A localidade era ótima, ficava
apenas a alguns quarteirões da delegacia onde iriamos trabalhar. Pela sacada eu
poderia ver o movimento de carros e pessoas lá embaixo, era tudo muito frenético,
completamente o oposto da pacata cidade de Mount Vernon.

- Gostei daqui! – falei ao colocar o pés de volta dentro da sala de estar.

As paredes do apartamento eram revestidas em uma tonalidade clara e suave, tendo


alguns quadros modernos acompanhados de algumas prateleiras onde colocaríamos
nossos livros e porta retratos. Os moveis eram bonitos e até bem modernos, o piso
era de madeira clara e lisa.

- Eu quero o quarto do lado esquerdo! – Vero se adiantou.

- Só porque tem o banheiro maior?

- Exatamente! E nem reclame, a sacada do seu quarto é imensa.

Fiquei parada a fitando, pensando que gostaria de uma bela sacada.


- Fechado. – concordei animada.

- Graças a Deus os quartos ficam de lados opostos.

Encarei a mulher com uma expressão confusa.

- Por quê? – perguntei ao me sentar no sofá ao seu lado.

- Já pensou quando trouxermos alguém para dormir aqui? Seria muito ruim ter que
dormir ouvindo seus gemidos, Lauren.

Soltei uma risada alta, jogando a almofada que estava sobre meu colo.

- Idiota!

- É serio, isso contaria pra mim também. Você não ia querer dormir me ouvindo
gemer.

Franzi o cenho fazendo uma careta para minha melhor amiga que explodiu em uma
risada divertida.

- Tá vendo? Eu disse.

- Vamos parar de falar disso, temos que ir a delegacia.

- Vamos nessa!

Em menos de meia hora estávamos em frente ao departamento de policia da cidade


de Nova Iorque, que por sinal era o maior dos Estados Unidos. Nela encontraríamos o
comissário de policia, o Sr. Roger Brandon, que nos encaminhou a carta de admissão.
Pelo que sabíamos dois dos agentes daquele lugar estariam aposentando seus
distintivos, e nós entraríamos em seu lugar.

- Boa tarde! – um moreno fardado se aproximou ao entrarmos na delegacia.

- Boa tarde, gostaríamos de falar com o Sr. Roger. – Vero falou educadamente.

- Como se chamam?
- Lauren Jauregui e Veronica Iglesias. – me adiantei, ao apontar para Vero.

- Eu sou o agente Barton, vocês tem hora marcada com ele?

- Sim, nos estamos aqui pela carta de admissão encaminhada por ele.

- Oh, creio que sei do que estão falando. Sente-se aí, volto em um instante.

O homem falou ao se retirar da pequena sala de espera. O departamento era grande,


e bem movimentado. O fluxo de pessoas entrando e saindo era grande, juntamente
com as atendentes aos telefones que tocavam sem parar. Se eu queria movimento
em minha vida, aquele seria o lugar certo. Veronica analisava tudo minuciosamente,
ela também parecia tão empolgada quanto eu.

- Senhoras. – O agente Barton chamou. – Venham por aqui, o comissário Roger está
a espera de vocês.

Caminhamos pelo corredor da delegacia, sendo guiadas pelo agente atencioso.


Pegamos o primeiro elevador que nos levou até o andar da sala do Sr. Roger, aquela
parecia ser uma área frequentada por poucos, já que somente alguns policiais
pareciam circular por ali. Olhei em todos os ambientes cuidadosamente, enquanto
caminhávamos em direção à sala do comissário. Barton deu três batidas de leve na
porta, quando ouvimos a voz rouca do agente Brandon.

- Fiquem a vontade.

Entramos na sala cuidadosamente, sendo recebidas com um sorriso gentil do homem


que eu julgava ser o Sr. Roger.

- Sejam bem vindas! Podem se sentar.

- Obrigada. – Vero e eu falamos ao mesmo instante.

Sentamos nas poltronas posicionadas de frente para a mesa do comissário, que nos
encarou.

- Chegaram há muito tempo?

- Oh, não! Chegamos ainda pouco, não tem nem duas horas que pousamos aqui.
- Então ainda tem muitos lugares que as duas vão conhecer. Mas enfim,
fico feliz que tenham aceitado vir até aqui.

- Eu que agradeço Sr. Brandon. É uma oportunidade maravilhosa.

O homem sorriu, enquanto afastava alguns papeis que estavam sobre sua mesa para
o canto.

- Querem um café? Temos muito o que conversar hoje.

-Eu aceito! – Veronica falou animada.

Nos primeiros minutos conversamos sobre todo nosso histórico policial. O comissário
Brandon parecia ter uma vasta experiência na área, e realmente tinha. Seus cabelos
grisalhos revelavam o bom tempo em que cumpriu sua tarefa aqui dentro. Soubemos
de seu interesse em se aposentar do cargo, e de sua vontade de colocar alguém tão
competente quanto, eu seu lugar. O homem me surpreendeu ao revelar que já havia
trabalhado com minha mãe, e que a considerava uma das melhores agentes no qual
havia conhecido. Saber daquilo me dava um gás a mais para dar o melhor de mim.

- Creio que você será uma ótima escrivã aqui Sra. Iglesias.

- É o que eu mais quero agente Brandon. – Veronica falou de forma seria.

- Bom, Lauren, eu sei que você veio de um cargo de delegada da cidade de Mount
Vernon. Mas acredito que saiba também que aqui terá uma posição um tanto distinta.
O departamento de policia de Nova Iorque tem muitas ramificações, e em cada uma
delas tem seu responsável. – disse ele pausadamente.

- Sim, eu entendo perfeitamente.

- Pois bem, o nosso departamento de grandes casos está em aberto. Pelo seu
histórico policial, vejo que você é uma das mais indicadas para isso. Eu preciso de
alguém que tenha força de vontade o suficiente para realizar as operações, devo
informar que não são nada fáceis, mas você não agirá sozinha. Terá ajuda de todos
os outros departamentos que forem necessários.

- Com toda certeza é algo que eu procuro agente Brandon, eu ficaria honrada em
poder realizar esse trabalho.

- Acredito que sim! Você parece muito com sua mãe, e sabe, ela também trabalhou
nesse departamento.

- Serio?

- Oh, sim! Mas ela preferia a força tarefa. Clara gostava de ação.

Soltei um riso baixo ao lembrar de minha mãe.

- Eu não iria me opor a isso também. Mas admito que desvendar um grande caso me
parece muito mais interessante.

- Concordo com seu pensamento! O trabalho no departamento de grandes casos, não


faz com que você fique de fora de toda a linha de ação. Muito pelo contrario, quando
ela for necessária no caso que você está resolvendo, a primeira que vai estar à frente
de tudo será você.

E assim a conversa seguiu. De acordo com Brandon, Veronica e eu começaríamos no


dia seguinte, já que o movimento aqui nunca parava. O senhor de idade informou que
precisava de mim bem cedo, para começar com nossos trabalhos. Ele parecia estar
empenhado em me fazer entrar afundo naquele departamento.

- Vejo as duas amanhã. Vocês podem passar no setor do RH para fazer o processo da
documentação.

- Tudo bem! Foi um prazer conhece-lo.

- O prazer é todo meu, espero que as duas sejam de grande serventia para resolução
de nossos casos.

- Seremos com toda certeza! – Foi à vez de Vero falar.

Enquanto Veronica estava na sala do departamento pessoal, eu havia ficado no


corredor a sua espera. No pouco tempo em que vistoriei o lugar, pude notar que o
numero de policiais era grande, todos pareciam bem focados em seus determinados
serviços, tirando aqueles típicos que estavam ali apenas para exibir seus distintivos é
claro.

- Novata? – um dos policiais perguntou um tanto sugestivo.


- Exatamente. – disse dando o mínimo de atenção.

- Entrou hoje? – insistiu.

- Entrarei amanhã na verdade. Você é o...?

- Agente Felix, responsável pela viatura 329. E você?

- Lauren Jauregui, futura responsável pelo setor de grandes casos.

O homem de barriga avantajada, estreitou os olhos rapidamente, enquanto deslizava


seus grossos dedos pelo bigode estranhamente grande. Enquanto se colocava em
uma postura seria a minha frente. Talvez em seu pensamento, eu seria uma mera
policial novata, não imaginava ele que meu proposito aqui era bem maior.

- Agente Felix, espero que não esteja importunando a senhorita aqui. – uma das
oficiais falou ao se aproximar, só então pude notar a familiaridade naquela voz. –
Creio que sua viatura deveria estar rondando por ai.

- Não senhora, eu já estou me retirando! – o homem falou rapidamente antes de se


retirar.

Virei-me de frente para a mulher de voz tão familiar, quando pude notar seu rosto
angelical.

- Oh, Deus! Allyson?

A mulher de cabelos loiros, e de porte baixo me encarou com os olhos arregalados,


abrindo um sorriso surpreso.

- Lauren! Meu Deus, que bom ver você! – disse animadamente. – O que faz aqui?

- Eu fui presa tentando roubar uma loja de vinil.

Allyson franziu o cenho com uma expressão assustada, mas desfez assim que soltei
uma risada.

- Oh Jesus, idiota como sempre!

- Que bom ver você Ally, não sabia que estava trabalhando em Nova Iorque.

Ela sorriu paciente.


- Eu fui transferida ano passado, estou adorando trabalhar aqui. Mas fala a verdade, o
que faz aqui?

- Creio que vamos ser colegas de trabalho!

- Eu não posso acreditar! Isso é ótimo! Você foi transferida para essa mesmo?

- Sim! Eu mandei a solicitação a um tempo atrás, e já tem uma semana que Veronica
e eu fomos selecionadas.

- Eu estou imensamente feliz, Laur. Fiquei bem triste de ter que partir.

Allyson Brooke foi, e é, umas das melhores pessoas que conheci. Estudamos juntas
durante toda a faculdade, com objetivo de seguir o mesmo caminho. Depois de nossa
formação, a mesma teve que ser transferida para o Texas, para realizar seu trabalho
de técnica em informática policial para a delegacia do estado. Soubemos que se
tornou uma das melhores, realizando muitos casos com a perfeita eficácia. De inicio
mantínhamos o contato frequente, mas com a vida rotineira acabamos ficando um
tanto afastadas. Mas vê-la agora, era como se nunca tivéssemos nos afastados.

- Eu estou feliz em ver você, Ally. Senti saudades.

- Eu também, Laur. Onde está Vero?

- Ela está dando entrada nos documentos.

- Vai ser muito bom ter vocês duas novamente em minha vida! – a menor falou com
carinho.

Ouvimos o barulho da porta sendo aberta, dando espaço para que Veronica saiu. Seu
olhar foi de tamanha surpresa quando notou quem estava ao meu lado. E em um
abraço apertado, Vero envolveu seus braços ao redor de Ally.

- Nem acredito nisso! – seu tom de voz carregava saudade.

- Muito menos eu! Ver vocês duas aqui está sendo uma das melhores coisas.

- Vamos ser todas colegas de trabalho, é isso?


- Com toda certeza sim! – Ally disse animada.

- Isso merece uma comemoração.

- Concordo. – falei ao trocar um olhar com Vero.

- Jesus, vocês não mudaram em nada!

[...]

A noite de ontem foi realmente bem agitada, a ideia de Veronica se concretizou, e


Allyson nos levou a um dos melhores bares de Nova Iorque. Eu não aproveitei da
maneira que realmente queria, afinal, chegar de ressaca em meu primeiro dia de
trabalho não estava em meus planos. Já era bem cedo, e por incrível que pareça eu
estava bem animada para chegar na delegacia. Vero por sua vez resmungava de uma
boa enxaqueca, em consequência das boas doses de tequila na noite de ontem.

- Eu disse pra você não beber tanto.

- Sem lição de moral, mamãe. – falou irritada, me fazendo rir.

- Para de resmungar, vamos descer. – falei assim que o taxi parou em frente a
delegacia. Meu carro estava para chegar essa semana, graças as minhas boas
economias eu havia comprado o mesmo, e seria entregue logo.

Entreguei alguns dólares ao taxista que rapidamente se retirou. Ao entrarmos no


ambiente mais aquecido, pude notar rapidamente a presenta do agente Brando.

- Muito pontual! – Exclamou ele satisfeito.

- Como tem que ser. Bom Dia Senhor.

- Bom Dia agente Jauregui, Iglesias. – ele assentiu para Vero que sorriu. – Barton!
Leve a oficial Iglesias até a sala da agente Pinheiro.

- Sim senhor! – o homem falou ao guiar Vero.

- E você, venha comigo. – ordenou.

- Tudo bem, mas aonde vamos senhor?


- Explico para você no caminho!

Entramos em uma das viaturas, acompanhada de mais dois oficias. Brandon sentou-
se ao meu lado, e me fitou ao começar a falar.

- Estamos a caminho do seu primeiro caso, Lauren.

Eu arregalei os olhos com certa surpresa, eu não imaginava que surgiria um caso tão
cedo. O Agente Brandon pareceu perceber a surpresa em minha expressão.

- Eu sei que isso nos dar um certo nervoso, mas Lauren, o primeiro caso é sempre o
melhor!

- Eu tenho certeza que sim, eu só.. – perdi as palavras.

- Não esperava?

- Exato!

O senhor sorriu paciente, deixando seu olhar vagar pela janela do carro.

- Tem que se acostumar, Lauren. Agora você está no centro do caos. – falou risonho.

- Sei que sim! Eu esperei muito por isso, e não vou desapontar agente Brandon.

- Tenho certeza que não!

- Mas aonde vamos?

- Estamos a caminho da Collins Enterprise. Temos um caso um tanto misterioso


envolvendo essa empresa.

- Pode me adiantar? – perguntei curiosa.

- É melhor deixar que o próprio senhor Collins nos esclareça.

Eu assenti para o comissário, e me calei. Não demorou muito, e a viatura estava


entrando no estacionamento da Collin's Enterprise. O prédio era simplesmente
gigantesco, uma estrutura que eu jamais havia visto igual.
- Nossa! – falei ao sair do carro.

- Realmente. O Senhor Collins não se contem quando a questão é dinheiro. Mas quem
se importa, não é? Ele é o maior explorador de petróleo dos Estados Unidos! – Agente
Brandon falou enquanto ajeitava seu casaco amarrotado.

Os seguranças da portaria rapidamente nos deram acesso, colocando pequenas


pulseiras de papel em nossos braços, antes de passarmos pela roleta de identificação.
O interior do prédio era muito luxuoso e sofisticado, tudo da melhor qualidade
possível. O lugar era digno de poder e muito, muito dinheiro.

- O Senhor Collins está à espera no ultimo andar. – Uma moça muito bonita,
perfeitamente uniformizada falou ao nos acompanhar até o elevador.

Entramos no mesmo acompanhado da mulher, que delicadamente apertou em um


dos botões do painel, para em seguida se posicionar a minha frente. Eu não pude
deixar de notar o quão bela a moça era, mas tratei de cortar aqueles pensamentos
assim que a porta se abriu.

- Por aqui, por favor.

Aquele andar parecia ser reservado a uma única sala, na qual estávamos a caminho
agora, onde provavelmente o Sr. Collins estaria nos esperando.

- Informe ao Sr. Collins que o Agente Brandon chegou.

A secretaria assentiu rapidamente, antes de capturar o telefone.

- Vocês podem entrar. – Ela informou ao se levantar, para nos guiar para dentro da
sala.

O comissário Brandon se adiantou, sendo seguido apenas por mim. Os outros dois
homens ficaram do lado de fora, apenas esperando a nossa saída. Ao entrar na sala,
pude notar a presença de um homem sentando a sua mesa no centro da sala, logo a
frente de uma enorme parede de vidro, que dava uma bela visão do horizonte dos
prédios de Manhattan. Eu me mantive seria, ao caminhar até o homem que em uma
postura seria nos fitou.

- Bom Dia Sr. Collins.

- Bom Dia Brandon. – seu tom de voz rouco, e pesado inundou o ambiente. –
Sentem-se.

O comissário assentiu, lançando-me um olhar para que eu me senta-se primeiro, e eu


prontamente o fiz, para logo em seguida ele fazer o mesmo.

- Essa é a Agente Lauren Jauregui, ela estará de linha de frente em seu caso.

O homem que tinha os olhos claros na direção de Brandon, colocou sobre mim com
certa superioridade.

- Espero que resolva o meu problema.

- Com toda certeza irei.

Collins era visivelmente um homem muito poderoso. Seu ar arrogante era totalmente
visível a olho nu. Era um homem forte, de pele morena, cabelos escuros e bem
penteados. Seu rosto tinha expressões decididas, com linhas faciais bem definidas,
acompanhas de uma barba por fazer. Ele estava vestido com um terno preto,
marcado com linhas de giz bem delicadas, mostrando o quão cara aquela vestimenta
poderia ser.

- Perfeito. Quero que aguardem um instante, meu advogado está subindo neste
momento. E vamos começar a tratar sobre nossos assuntos.

Eu assenti, enquanto o comissário ao meu lado puxou um breve assunto com o


homem a sua frente. Os mesmos mantinham uma conversa direta, e muito seria.
Enquanto eu apenas cuidava de analisar o perfil de Collins. Ouvimos algumas batidas
na porta, e o moreno cuidou de permitir a entrada. Eu fiquei parada, sem virar para
saber quem estava a sua porta. Quando o homem gentilmente abriu um sorriso.

- Meu amor, bom vê –la aqui.

- Precisava passar para dar um bom dia, não vi você sair essa manhã. – disse a
mulher que entrou na sala.

Eu fechei meus olhos por alguns instantes, tendo a leve sensação de já ter ouvido
aquela voz antes. Neguei com a cabeça rapidamente, expulsando pensamentos tão
absurdos.

- Me desculpe, tive que sair cedo.

- Atrapalho? – perguntou ela, fazendo-me questionar mais ainda sobre sua


identidade.

- Não, se aproxime. Deixe-me apresentar. – disse ele com um sorriso.

Ouvi as leves batidas dos saltos da mulher sobre o piso de madeira, ficando cada vez
mais fortes. Por algum motivo meu coração acelerou mais rápido, aquela voz não me
era desconhecida, eu só não conseguia identificar de quem seria. Eu puxei a
respiração, e soltei de uma só vez quando pus meus olhos sobre a mulher.

Oh, meu Deus.

- Brandon, Agente Jauregui, essa é minha esposa, Camila Cabello.

A mulher que tinha um sorriso nos lábios, rapidamente o tirou assim que colocou os
olhos sobre mim. Era ela, a latina que atormentou meus pensamentos por semanas.

Brandon rapidamente se levantou, para de forma gentil apertar a mão da Sra.


Collins, que a todo instante manteve seus olhos castanhos intensos sobre mim.

- Muito prazer, Sra. Collins. – o senhor falou gentilmente, capturando um sorriso


amarelo da mulher que nem sequer o olhou.

Eu engoli em seco, sentindo meu estomago revirar a cada passo que eu dava em sua
direção. Por incrível que pareça, ela não pareceu ficar nervosa, muito pelo contrario,
com um sorriso malicioso ela caminhou graciosamente em minha direção.

- Muito prazer Sra. – disse ao tocar sua mão delicada, que rapidamente me trouxe
boas lembranças.

Karla, ou melhor, Camila. Segurou em minha mão de forma delicada, enquanto seus
lábios se curvaram em um sorriso diabólico. Conectando seus olhos de forma tão
intensa com os meus.

- Prazer...- Disse ela ao se aproximar, depositando um beijo rápido em minha face, e


então sussurrar. - Sinto ate hoje quando o lembro, pena não ser na cama.
Ihh' acho que as coisas vão começar a ficar legais. :)

Os erros arrumo depois.


Capítulo 3 - Collins Enterprises

Olá lindas! Como estamos hoje? Sei que devem estar querendo me matar
pela demora, mas em minha defesa eu estou sem notebook. Por isso vamos ser um
pouquinho pacientes, estou fazendo o que posso. Obrigada a todo mundo que
comentou no capitulo anterior, e pela divulgação massa que estão fazendo no Twitter.

O capitulo de hoje eu vou dedicar a uma moça que vai fazer aniversario logo, logo! Eu
disse que faria, viu só? Espero que goste desse capitulo Dani! Feliz aniversario
adiantado haha'

Agora vamos ao capitulo, espero que curtam bastante!

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Lauren Jauregui's Point of View

Karla, ou melhor, Camila. Segurou em minha mão de forma delicada, enquanto seus
lábios se curvaram em um sorriso diabólico. Conectando seus olhos de forma tão
intensa com os meus.

- Prazer... – disse ela ao se aproximar, depositando um beijo rápido em minha face, e


então sussurrar. – Sinto até hoje quando o lembro, pena não ser na cama.

A mulher se afastou, ainda com os olhos fixados em mim. Eu engoli em seco ao


processar suas palavras. Pisquei mais vezes do que deveria, sentindo um súbito
nervoso tomar conta de meu corpo.

Ela havia mesmo dito aquilo?

Karla, quer dizer, Camila. Caminhou graciosamente para o lado do Sr. Collins, que
prontamente repousou a mão em sua cintura, em um ato possessivo. A morena sorriu
para ele, e depois colocou os olhos sobre mim.

- O que eles fazem aqui, meu amor?


- O comissário Brandon, e a agente Jauregui vão fiscalizar o movimento financeiro de
nossa empresa.

- Algum problema?

Ela perguntou preocupada. Collins a fitou, e então sorriu abertamente.

- Nada com que deva se preocupar, meu bem. – disse ele ao depositar um beijo no
rosto da esposa.

- Faço questão de saber. – insistiu.

- John acha que estamos sendo roubados.

Camila arregalou os olhos surpresa, colocando uma das mãos sobre o peito.

- Oh, Christopher! E você não me diz nada?

- Querida, eu não quero preocupar você! Não temos provas, por isso eles estão aqui.
– o homem falou apontando para nós.

Eu senti meu corpo arrepiar ao sentir os olhos minuciosos de Camila sobre mim. Ela
respirou fundo, e caminhou lentamente até a mesa de Collins, onde se encostou
parcialmente, cruzando os braços debaixo dos seios.

- Então, agente Jauregui, você que irá investigar essa situação?

Mantive uma postura firme, eu não queria parecer uma armadora na frente do
comissário Brandon. Mas não era todos os dias que você era escalada para solucionar
um caso, onde a mulher da vitima havia feito sexo selvagem com você.

- Sim Sra. Collins. Pretendo dar o melhor de mim para essa investigação.

- O melhor? – seu tom de voz foi sugestivo.

- Sim Sra. Collins.

- Algo em mim diz que o seu melhor, é muito bom. – disse a latina com um sorriso de
canto, e uma olhar malicioso.
Eu engoli em seco, tirando os olhos da mulher, para rapidamente colocar
sobre Christopher, que me encarava naturalmente.

- Espero que sim, senhora.

- Tenho que concordar com a Sra. Collins. A agente Jauregui chegou há pouco tempo,
mas estou apostando minhas fichas nela. – Brandon falou confiante.

Christopher se aproximou me analisando dos pés a cabeça. Seu olhar era superior e
avaliativo, um tanto intimidador.

- Acha que uma novata consegue desvendar isso, Brandon?

Semicerrei os olhos em sua direção, sentindo o puro incomodo de suas palavras


quase em tom sarcástico. Collins era um homem poderoso, egocêntrico, e puramente
arrogante. Isso se notava há poucos minutos em sua presença.

- Tenho a total certeza disso Sr. Collins. – o homem ao meu lado disse serenamente.

- Pois, bem! Confio em seu trabalho, Comissário. – Christopher falou ao estender a


mão, que logo foi apertada por Brandon. – Vou apresentar alguns setores da Collins
Enterprise para vocês.

- Isso será ótimo!

- Me acompanha, Camila? – Christopher perguntou a esposa, que sem disfarçar


mantinha os olhos sobre mim.

- Claro, querido. Faço total questão, já tem um tempinho que não venho aqui.

Droga, Droga! Se já não bastasse sua presença na mesma sala, ela ainda
acompanharia durante todo o trajeto? Eu fechei os olhos por breves segundos,
tentando manter a concentração no principal objetivo de estar ali.

- Perfeito! Me acompanhem.

Camila se pôs ao lado de seu marido, que gentilmente colocou a mão em sua cintura
enquanto caminhávamos para fora da sala. O comissário e eu, prontamente seguimos
os passos do casal que iniciariam nosso passeio.
- Vou mostrar apenas os setores mais importantes. Creio que não precisa ver todos
hoje, não é? – Collins perguntou ao virar em minha direção.

- Não senhor. No decorrer dos dias conheço os outros.

- Certo. – Foi apenas o que ele disse antes de entrarmos no elevador.

- Você terá muito tempo para isso agente Jauregui. – Camila disse ao virar em minha
direção.

A latina possuía um ar misterioso , sexy e imponente. Seus olhos castanhos


pousaram sobre mim, fazendo-me sentir quase despida sobre seu olhar tão profundo.
Eu engoli em seco, tentando controlar aquela tensão que se instalara entre nós. Mas
tudo parecia se intensificar cada vez mais, já que a mesma não fazia questão de
quebrar nosso contato visual. Collins apertou em um dos botões do painel de controle
que nos levaria ao primeiro setor visitado. O elevador ficava no centro da Collins
Enterprise, e pela parede de vidro maciço poderíamos ter uma ampla visão de quase
todos os andares daquele lugar. O movimento de funcionários devidamente
uniformizado mostrava o quão organizado aquela empresa poderia ser.

- Um bonito prédio, senhor Collins. – Brandon falou entusiasmado.

- Belo não é? A matriz é sempre a mais bela. Desse elevador, podemos ver todos os
andares, mas quem está do lado de fora não nos vê aqui dentro.

- Não?

- Não, é um jogo de espelhos.

- Muito criativo.

Tentei manter minha atenção em tudo que poderia se enxergar do elevador que
descia lentamente pelas dezenas de andares. Quando senti a mão de Camila repousar
sobre meu ombro.

- Me dê uma ajudinha, agente Jauregui.

Christopher Collins estava a nossa frente, em uma conversa entretida com o


comissário Brandon. E Camila agora tinha a mão repousada em meu ombro,
enquanto ajeitava a pequena tira preta de seu sapato alto.

- Claro.

Ela baixou a mão até meu antebraço, onde apertou com um pouco. Sentir o toque
suave de sua pele junto a minha me fez recordar situações, que não seriam bem
vindas ao meu pensamento agora. Algo em mim gritava alarmante, que a mulher
sabia exatamente o que se passava em meus pensamentos. Camila tirou os olhos de
seus saltos, e colocou sobre mim. E um breve sorriso se instalou em sua boca,
acompanhado de um olhar criminoso. Ela umedeceu os lábios lentamente, com a
ponta da língua. Antes de retomar uma posição ereta, encostando-se na parede de
aço atrás de si.

Deixei que meus olhos caíssem sobre seu corpo, analisando aquelas curvas que tanto
me enlouqueceram. Ela usava um vestido preto, com detalhes em vermelho. O tecido
leve se moldava perfeitamente bem nas curvas que aquela latina possuía. Ela pareceu
notar meu olhar quase faminto em seu corpo, pois sorriu cínica, antes de retirar suas
madeixas escuras que estavam sobre seu busto, deixando o decote extremamente
visível para mim.

Ela só poderia estar brincando comigo.

Eu respirei fundo, tentando limpar minha mente de todas as imagens que ela havia
deixado em minha cabeça há quase um mês atrás. Quando por sorte, e minha
felicidade as portas do elevador se abriram. A morena rapidamente se recompôs aos
olhos de seu marido, que sorriu.

- Estamos no faturamento da C.E. Aqui , que todas as saídas são registradas. –


Collins falou enquanto caminhava pelo corredor. Diferente do seu andar, aquele as
salas eram em conjunto. Um enorme grupo de pessoas estava agora devidamente
posicionadas em frente às telas de seus computadores.

- Todo o petróleo que vendemos para as refinarias está registrado aqui. Das vendas
de menor a maior escala.

- Imagino que tenha uma venda absurda.

Collins nos encarou com um ar convencido.

- Você não faz idéia do quanto, Brandon. Por isso vocês vão ter um bom tempo para
conseguir apurar as informações.
- No decorrer do caso, vamos precisar dos dados. – disse para o homem que
assentiu.

- Vou disponibilizar o responsável desse setor para ajudar em qualquer situação,


agente Jauregui.

- Será ótimo, senhor Collins. Vou poder colher todos os dados necessários.

- Sim, tudo o que precisar. Eu quero desvendar esse enigma. – Collins falou serio.

- E nós iremos, com toda certeza.

- Não duvido disso! – Camila disse, ao repousar sua mão no ombro de Christopher.

- Vamos, quero mostrar o setor de programas, e o financeiro.

Seguimos novamente para o maldito elevador, que agora estava bem mais lotado que
da ultima vez. E como da primeira vez, a latina de olhos castanhos fez total questão
de ficar próxima de mim. Eu estava logo atrás dela, a poucos centímetros de seu
corpo. Christopher entrou por ultimo, fazendo-a recuar um passo para trás. Eu fechei
os olhos assim que o corpo da latina se esbarrou no meu, e em um ato totalmente
impulsivo, segurei em sua cintura. Em surpresa, ela esticou a coluna rapidamente,
mas logo relaxou.

- Odeio elevadores lotados. – o marido de Camila murmurou.

- Oh, eu também odeio. - Disse ela movendo seu quadril devagar.

Meu corpo estava praticamente colado ao dela, e sem qualquer tipo de


escapatória, já que eu estava contra a parede de aço. O movimento leve de seu
quadril, causava um atrito mínimo em nossos corpos, mais precisamente nas partes
mais baixas. Eu fechei os olhos, sentindo meu corpo aquecer. O que diabos aquela
mulher estava tentando fazer? Me enlouquecer?

O elevador parecia se mover o mais lento possível naquele momento, ter o corpo de
Karla tão próximo inundava minha cabeça de pensamentos sujos e excitantes.

" - Fique de quatro para mim.


- Você..

- Faça o que eu estou mandando!

Ela mordeu os lábios em meio a um sorriso cínico, e prontamente obedeceu. Naquele


exato instante eu tinha Karla de quatro sobre a cama, completamente nua.

- Eu vou acabar com você. – murmurei ao agarra-la pelo cabelo, obrigando a morena
a ficar de joelhos na cama, mantendo seu corpo grudado ao meu. – Você entende?

- Diz como vai acabar comigo, diz.. – Sussurrou provocante.

Eu sorri para ela, e aproximei meus lábios de seu ombro, onde deslizei até sua nuca.

- Eu vou foder sua boceta todinha. Você nunca mais vai esquecer de mim.

- Então fode, Lauren. Mas fode bem forte."

- Porra! – sussurrei, em tom o suficiente para que ela ouvisse.

Camila lentamente ergueu as mãos até seus cabelos, retirando de seus ombros para
repousar de um lado só, deixando sua nuca totalmente amostra para mim, o que me
deu a chance de sentir o aroma adocicado que emanava de suas madeixas escuras.
Ela virou seu rosto de perfil, fazendo-me analisar o quão bela ela era daquela
maneira. De canto ela mantinha os olhos sobre mim, eu neguei com a cabeça, e ela
curvou o canto dos lábios em um sorriso sacana.

Aquela mulher era louca.

O elevador mais uma vez abriu as portas, dando-me chance de recobrar a consciência
que em poucos segundos aquele demônio em forma de mulher estava me fazendo
perder.

- Está tudo bem, agente Jauregui?

Eu assenti freneticamente, apertando os passos atrás do casal que aos olhos de todos
era perfeito.

- Nosso financeiro é esse! Está cercado de seguranças de uma agencia muito boa!

- Realmente, conheço essa agencia, é a melhor do país. – o comissário falou ao


fundo.
- Gosto sempre de ter o melhor comigo. – Christopher falou, para depois colocar os
olhos sobre Camila. – Não é, meu amor?

- Claro, Chris.

A morena olhou para seu marido, e sorriu abertamente. Christopher e Camila


pareciam ter saído da capa de alguma revista, daquelas de empresários importantes
que freqüentam grandes eventos. Cheguei ao ponto de me perguntar a quanto tempo
os mesmos eram casados, será que não havia nem um mês? Afinal, a mesma estava
em Mount Vernon, há algumas semanas, sendo fodida por mim.

Não pense nisso, Lauren!

- Você também vai ter total liberdade para analisar os balanços desse ano. Eu quero
tudo sendo devidamente inspecionado, agente Jauregui.

- Pode ficar tranqüilo, senhor. Eu vou tomar conta de tudo que você tem. – meus
olhos, em um breve vacilo, pousaram sobre a latina que me lançou um olhar
sugestivo.

- Me sigam, vamos ao setor dos programas de controle.

Collins falou enquanto caminhava em direção ao elevador.

- Não! – disse rapidamente.

Os três me olharam rapidamente, ambos os homens tinham uma expressão confusa


em minha direção, já Camila apenas sorriu.

- Algum problema, agente?

- Eu estou me sentindo um pouco enjoada, deve ser porque não tomei café da
manhã. E o elevador, não esta ajudando. – dei a primeira desculpa que me veio à
mente.

Eu não poderia ficar mais uma vez tão perto daquela mulher.

- Podemos ir de escada, é no andar de baixo. – Camila informou.


O homem ao seu lado não parecia ter gostado da idéia.

- Vamos de elevador. Brandon, acompanhe ela pela escada. Nos vemos em frente a
sala 45.

- Tudo bem, Senhor.

O comissário me encarou com uma expressão preocupada, provavelmente tentando


notar algum tipo de problema comigo.

- Quer ir para casa, Lauren?

Eu neguei com a cabeça rapidamente.

- Foi só um mal-estar.

- Certo, então vamos rápido. O Collins não gosta muito de esperar.

Por alguns segundos eu me senti arrependida de não ter escolhido o elevador. Mas a
tortura durou pouco, logo estávamos caminhando em direção a sala de numero
quarenta e cinco. Ao entrarmos no corredor, pude ver o homem com os braços
envolvidos na cintura da esposa, depositando um pequeno beijo em seus labios. Eu
me senti um tanto desconcertada com a cena, afinal, há poucos minutos eu estava
tendo pensamentos nada saudáveis com a mulher do mesmo.

- Rápidos! – Collins soltou com um sorrisinho. – Bom, essa é a sala de programas,


toda a movimentação financeira é registrada aqui. Qualquer transação muito grande
precisa de minha autorização.

- Só a sua autorização? – perguntei.

- Exatamente. Os chefes de setores possuem um microchip que dá acesso as áreas


permitidas do sistema. Mas somente o meu, que sou dono de tudo, pode ter livre
acesso a qualquer movimentação, e qualquer setor.

- Isso é muito interessante, uma forma de proteção absoluta. – Brandon analisou.

- Exatamente. Qualquer tipo de movimentação fora do comum, é imediatamente


alarmado, entrem.

Christopher tirou o pequeno cartão bolso e inseriu no leitor de microchip que ficava ao
lado da porta. Entramos todos juntos na sala de monitoramento do sistema. O lugar
possuía equipamentos da mais alta tecnologia.

- Nossa, isso é ótimo. – disse um tanto admirada.

A sala era repleta de computadores interligados, que analisavam todos os tipos de


movimentações feitas naquele exato instante. Os números corriam frenéticos pelos
monitores que era devidamente controlado por alguns funcionários.

- Tivemos um leve alarme na semana passada. Disseram que o sistema foi violado, e
uma pequena quantia em dinheiro sumiu.

- Quanto foi? – Camila perguntou curiosa.

- Quinhentos mil dólares.

- Oh, Deus. Christopher, e você conseguiu identificar alguma coisa?

- Não, meu amor. O sistema foi claramente violado, mas até o momento não
conseguimos identificar quem foi. Por isso, nossos agentes estão aqui.

- Eu espero que vocês consigam achar o mais rápido esse delinqüente.

- Nós vamos achar, Sra. – eu disse a tranqüilizando.

- Eu sei que vai, Lauren. – Camila falou olhando fixamente em meus olhos.

Depois de alguns minutos de conversa seguimos novamente para a sala do Sr.


Collins, lá fizemos um leve planejamento sobre minhas necessidades em relação ao
caso. O homem prometeu deixar qualquer um de seus funcionários a disposição para
me ajudar.

- Agente Jauregui?

Ouvi a voz rouca de Collins chamar assim que me levantei da poltrona.

- Hoje à noite vamos fazer um jantar. Meu advogado vai estar presente, assim vamos
poder falar dos mínimos detalhes para que consiga dar entrada nesse caso. Tudo bem
por você?

Lancei um rápido olhar para Camila, e logo em seguida para o homem.

- Claro senhor. Só preciso do endereço.

- Minha secretaria vai lhe informar.

- Tudo bem. Até mais tarde então Sr e Sra. Collins. Foi um prazer.

[...]

De todos os casos possíveis em Nova Iorque, eu havia pegado o único no qual ela
estava presente. Aquilo só poderia ser algum prova de fogo, ou uma pegadinha de
televisão. Não era possível, com tantas mulheres nesse mundo, Collins tinha que ter
casado justamente com Karla? Quer dizer, não era culpa do homem, se a algumas
semanas eu havia transado com sua esposa, se é que na época eram casados.

- Está tudo bem? – Verônica perguntou ao sentar a minha frente.

Eu meneei com a cabeça negativamente, tentando voltar a minha realidade.

- Está! Eu só estou pensando no caso de hoje.

- Está animada? Soube que é um caso grande! – seu tom de voz era surpreso.

- É um caso importante, e difícil. Muito difícil.

- Pensei que quisesse um caso difícil, Lauren. Foi para isso que viemos para cá, não
é?

Eu suspirei pesado, enquanto ela me fitava um tanto confusa.

- E eu quero! Vou resolver isso. Brandon apostou todas a fichas em mim.

- Isso é maravilhoso! Mesmo você não sendo mais delegada, creio que esse cargo é
tão importante quanto!

- Com certeza é. Só tem um problema.

Verônica semicerrou os olhos em minha direção.


- Que problema?

Eu olhei para ambos os lados, como se procurasse alguém que tivesse interesse em
nossa conversa. Apoiei meus braços sobre a mesa, me inclinando um pouco para
frente, a ponto de ficar mais próxima de minha amiga.

- A mulher do empresário, Collins.

- Ela é gata? – perguntou com um sorriso.

Eu sorri da expressão sacana e ao mesmo tempo maldosa de Iglesias.

- Sim, muito!

- Oh, Deus! Você quer pegar a mulher dele?

- A questão é essa, eu já peguei.

Verônica arregalou os olhos em puro susto.

- Você está brincando, não é? – ela cochichou.

Fechei os olhos, levando meus dedos até minhas têmporas, onde fiz uma massagem
leve.

- Não! Ele é casado com Karla Estrabão.

A mulher ficou calada por alguns segundos, talvez pensando em quem poderia ser
Karla Estrabão, quando em um lampejo de memória, Vero tocou com a ponta do dedo
indicador em sua cabeça.

- A latina do ménage?

Eu voltei com meu corpo para trás, encostando minhas costas na cadeira estofada.

- Ela mesma.

Vero levantou de sua cadeira, com uma risada que se espalhou por todo o ambiente.
- Você está muito fodida!

- Obrigada pela parte que me toca.

- Lauren, você passou o mês todo falando o quão boa na cama aquela mulher é. E
olha que você já dormiu com muitas, mas nenhuma teve esse efeito sobre você.

- Eu sei! Porra. – resmunguei ao levantar de minha cadeira. – Ela não pareceu ficar
desconcertada, pelo contrario, gostou de me ver.

Caminhei devagar até a estante, pegando uma das xícaras pretas com o brasão da
delegacia, para depositar uma boa quantidade de café quente. Aspirei a pequena
fumaça que saia do recipiente, sentindo o cheiro gostoso do café.

- De duas uma, ou ela é muito safada ou você está louca.

Eu virei em direção a Verônica, que me fitava com um olhar divertido.

- Eu aposto nos dois! – disse antes de tomar um gole do café quente.

- Eu acho que você deveria manter o foco no seu trabalho. Ela deu bola pra você?

- Ela passou o dia me provocando!

- Tem certeza?

- Vero, ela é cínica demais.

- Talvez você esteja assustada com tudo. Vai ver aquela noite deveria ser a despedida
de solteiro dela. E ela aproveitou com você, e Keana.

Eu me encostei sobre a estante, deixando minha cabeça vagar sobre a idéia de Vero.
Talvez eu estivesse louca, a correria e as poucas horas dormidas estavam me fazendo
imaginar coisas que não existem. Mesmo que suas palavras estivessem nítidas em
minha cabeça, eu ainda queria acreditar que eu estava ficando louca.

- O que vai fazer hoje? – Perguntou a mulher.

- Eu tenho que ir ao jantar com os Collins. Vamos relatar o caso mais


detalhadamente. E você?

- Eu vou curtir a noite. A agente Pinheiro é interessante, e me prometeu algumas


bebidas depois daqui. – seu tom de voz era animado.

Eu franzi o cenho.

- Você mal chegou e já vai sair com alguém da delegacia?

- Pelo menos não vou sair com a mulher da vitima, não é?

- Vai se foder!

Vero soltou uma risada e se afastou.

- Agora é serio, ela é divertida e bonita! Disse que me levaria para conhecer um
pouco de Nova Iorque, e como tem poucos dias na delegacia, eu aceitei!

- Espero que tenha uma boa noite então.

Levantei a xícara como se fizesse um brinde.

- Com toda certeza eu terei, Jauregui!

[...]

Com delicadeza girei o pequeno botão para que o volume do som aumentasse. Meus
dedos tamborilavam no ritmo da musica sobre o volante do volvo preto que agora
estava sobre meu comando. O comissário Brandon achou justo que eu tivesse meu
próprio carro, nada de viaturas da policia. Christopher deixou claro que quer total
discrição sobre a investigação das finanças da Collins Enterprise. Devido a essas
exigências, eu estava agora em meu carro do ano, vestindo roupas normais, nada de
fardas policiais, a caminho de um dos restaurantes mais caros da cidade de Nova
Iorque. O homem com todo seu poderio, fazia total questão de esbanjar seus bens
financeiros.

Eu estava a duas quadras do bistrô aonde seria feita a pequena reunião.


Passei cautelosamente os dois sinais de transito, para finalmente estacionar na vaga
vazia em frente ao restaurante. Olhei pelo pequeno espelho, ajeitando alguns fios de
cabelo que teimavam em ficar revoltos. Para em seguida guardar minha pistola
cromada, no coldre que ficava em minha coxa, a arma era pequena e dificilmente
seria notada por debaixo do vestido preto soltinho que eu usava aquela noite.
Sai do carro, pegando minha jaqueta de couro preta sobre o banco, na qual vesti
rapidamente antes de entrar no restaurante. Um rapaz muito bem vestido estava na
porta com um ipad nas mãos.

- Boa noite, senhora. Tem reserva? – perguntou educadamente.

- Sim, vim encontrar com o Sr. Collins.

- Oh, por favor. Venha comigo.

O homem lentamente me guiou até uma área mais privada do restaurante, onde só
havia uma mesa. Nela estava Christopher, juntamente de mais três homens,
incluindo o comissário Brandon. Agradeci mentalmente por não ver Camila junto a
eles, era um alivio sair do campo de visão da latina.

- Boa noite senhores. – disse ao me aproximar.

Os três de forma galante levantaram de suas cadeiras para me cumprimentar.

- Sente conosco, agente Jauregui. – Collins falou ao puxar a cadeira ao lado dele.

Tirei minha jaqueta, e delicadamente me sentei ao lado dele e de mais um homem


que não reconhecia.

- Esse é meu advogado, John

- Muito prazer, agente Jauregui.

- O prazer é meu.

- Bom, eu escolhi essa área mais privada para que possamos falar sobre o caso.
Podemos jantar depois, se importam?

- De forma alguma, Sr. Collins. – Brandon falou educado.

- Perfeito! John, explique tudo.

John era um homem que aparentava estar na faixa de seus trinta e cinco anos, era
branco de cabelos loiros, cortados em estilo militar. Seu porte físico mostrava que o
mesmo, assim como Collins, passava boas horas na academia. Ele usava um terno
cinza, e uma camisa azul claro por dentro.
- Bom, aqui estão às movimentações suspeitas. Eu tive o trabalho de recolher nos
setores as papeladas na qual vimos à irregularidade. – disse ele ao entregar uma
copia para cada pessoa da mesa.

- Vocês podem ver que os gastos programados não incluem a quantia que sumiu. O
grande problema é que não conseguimos obter informações de quem fez isso, mas o
mesmo falhou. O sistema foi brutalmente violado, por isso notamos rapidamente.

- Tiveram informações sobre o programa de segurança? – perguntei.

- Sim! O mesmo se isentou de culpa. Afinal, o alerta foi feito normalmente assim que
o programa foi invadido.

- Vocês tem algum suspeito?

- Agente Jauregui, eu sou um cara que tem muitos recursos financeiros. Sou cercado
de pessoas invejosas que querem o que é meu. Então é um pouco difícil apontar. –
Collins disse de forma seria.

- Sim, eu acredito nisso. Mas quero saber se tem alguém interessado em lhe fazer
mal.

- Tem algumas pessoas, mas não creio que sejam alguma delas. Esse alguém parece
conhecer bem minha empresa.

- Sr. Collins, hoje em dia temos muitos criminosos que se infiltram nas redes para
conseguir uma boa quantia em dinheiro. Não precisam necessariamente ter algum
contato com vocês. Mas não se preocupe! Vou reunir alguns agentes que são peritos
em programas de segurança, para buscar identificar alguma pista.

- Faça isso! Você pode entrar com sua equipe na empresa para buscar o
que precisa.

- Certo, eu vou precisar dos nomes das pessoas que tem acesso ao programa. Vou
falar com todas elas. Funcionários ativos, e aqueles que já foram demitidos. Quero
falar também com a empresa que cuida desse processo.

- Terá tudo o que precisa.


A reunião durou mais alguns minutos. O caso parecia um tanto complicado, já que os
mesmos ainda não tinham sequer uma pista de quem fosse. Os únicos dados que
foram recolhidos não identificava absolutamente nada.

- Com licença. – o rapaz que me trouxe a sala, apareceu na porta. – Pode entrar Sra.
Cabello.

Droga!

Eu desviei o olhar da porta, como se aquilo fosse me proteger de sua presença


tentadora. Mas não durou muito tempo, logo Camila se aproximou da mesa com um
sorriso cínico nos labios.

- Boa noite para todos. – disse ela de forma educada.

Karla Camila usava um vestido com estampa cinza, que caía perfeitamente bem em
seu corpo, modelando as curvas sinuosas e latinas que a mesma possuía. Suas
pernas estavam cobertas por uma meia calça preta e fina, que me fazia pensar se
estava usando uma cinta-liga por baixo. Meneei com a cabeça, para então encarar
seu rosto. Ela tinha os cabelos lisos, deixando seu rosto mais serio e desafiador.

- Chegaram mais cedo pelo visto. – disse ela ao encarar o marido de forma seria.

- Reunião chata, não queria entediá-la. Sente ao meu lado, meu amor. – O homem
falou ao puxar a cadeira para sua esposa, que prontamente se sentou, a minha
frente.

Os olhos castanhos intensos de Camila pousaram sobre mim assim que a mulher se
sentou. De forma quase imperceptível, a morena curvou os labios em um sorriso que
eu poderia jurar ser maldoso. Eu engoli em seco, desviando de seu olhar para tratar
de um assunto trivial com o comissário ao seu lado.

- Podemos pedir o jantar.

E assim foi feito. O jantar transcorreu baseado em uma conversa interessante. Collins
era um homem muito estudado, não era a toa que era um dos melhores empresários
do país. E Camila não ficava para trás, os dois pareciam ter sido moldados da mesma
maneira, com os mesmos conhecimentos e manias. O que me fazia pensar a quanto
tempo os dois estavam juntos.

- Há quanto tempo estão casados? – Brandon perguntou como quem lia meus
pensamentos.

Christopher sorriu, e repousou sua mão sobre a de Camila, fazendo um carinho leve.

- Estamos casados há cinco anos.

O vinho tinto que naquele instante eu tomava, desceu mais rápido do que o previsto,
fazendo-me tossir descontroladamente.

- Está tudo bem, agente Jauregui?

Eu rapidamente peguei o delicado lenço sobre a mesa, colocando sobre a boca. Para
finalmente cessar com a tosse.

- Está, não se preocupe.

Meus olhos se encontraram com os de Camila, que parecia saber exatamente o que
se passava em minha cabeça. Se os mesmos eram casados há cinco anos, ela já não
era uma esposa tão fiel assim. Christopher parecia ser apaixonado, ou apenas fazia
questão de exibir sua maravilhosa esposa para quem quer que fosse. Das duas
opções, eu ficava com a segunda.

- Um casamento e tanto! – Brandon sorriu.

- Sim, comissário. Eu tive muita sorte de encontrar Christopher. – Camila falou com
um sorriso, para em seguida tomar um gole de seu vinho.

Ela olhou para o marido, e depois para mim. Eu podia ver o liquido escuro
molhar seus labios tão carnudos, que eu daria tudo para sentir novamente.

Não!

Não, Lauren!

Tomei o álcool de minha taça até a ultima gota. Eu precisava daquilo para me manter
tranquila o suficiente diante daquele olhar faminto. Em meu interior eu travava uma
batalha continua para saber se tudo estava acontecendo, ou era apenas fruto de
minha imaginação fértil.
- Camila é uma mulher maravilhosa, não tenho do que me queixar. – disse o moreno.

Eu arregalei os olhos assim que senti algo me tocar por debaixo da mesa. Me
acomodei na cadeira, e aquilo continuou. A diaba estava secretamente deslizando os
pés cobertos pela meia preta, em minhas pernas. Eu engoli em seco, fechando as
mãos em punhos. Nossos olhares se fixaram sem o menor pudor, enquanto ela
discretamente subia com a ponta dos pés por minha panturrilha até minhas coxas.

Eu respirei fundo, tentando me manter calma. Como ela poderia ser tão ousada?
Camila sorriu doce para Christopher, que continuava a falar sobre sua esposa para o
comissário, que parecia interessado no assunto. Eu fechei as pernas, unindo minhas
coxas. E ela então negou com a cabeça, em uma ordem clara para que eu as abrisse.

Louca, isso que ela era.

O efeito da bebida estava começando a se fazer presente. Eu sentia a adrenalina


correr em minhas veias, pelo medo de ser facilmente notada por Christopher,
diferente de Karla, que parecia se divertir com a situação. O tecido de sua meia
deslizava macio sobre minha pele, subindo por entre minhas coxas. A mesa era
pequena, dando facilmente a oportunidade de ela chegar onde eu mais temia ou
ansiava. Meus dedos tamborilavam nervosos sobre a mesa, eu estava começando a
suar, como se tivesse a ponto de desarmar uma bomba.

- Meu bem mais precioso! Não deixo ninguém tocar, não é amor? – Christopher
perguntou a Camila.

- É verdade, mas com isso não tem que se preocupar, meu bem. Só tenho olhos para
você.

Camila levou a mão até o rosto do marido, que gentilmente beijou.

Aquilo só poderia ser brincadeira, que mulher filha da puta!

Depois do carinho, ela voltou os olhos para mim e deslizou a ponta da língua sobre os
labios de forma provocante, para em seguida sorrir. Eu fechei os olhos, e tentei tirar
forças de todo meu ser para levantar daquela mesa, e interromper tudo aquilo, mas
ela foi mais ágil. Eu senti seu toque sutil sobre minha calcinha.

Porra!

Levei uma das mãos para baixo da mesa, empurrando seu pé para longe. Mas ela não
desistiu, voltou a deslizar o mesmo por cima de minha boceta, sem a menor
vergonha.

- Você parece um tanto desconfortável. Está tudo bem? – John perguntou


preocupado.

- Se quiser te levo ao banheiro, Lauren. – Camila disse ao me fitar.

Tudo que eu menos queria era ir para um banheiro com ela, ou queria.

- Leve ela, meu amor. – Collins falou.

- Não! Eu estou bem! Só preciso ir para casa, tive um dia cheio.

- Tem certeza?

Eu assenti.

- Tudo bem então. – Christopher falou gentilmente.

Eu me levantei da cadeira rapidamente, arrancando um riso baixinho da morena a


minha frente.

- Foi um prazer jantar com vocês. Eu prometo que amanhã inicio tudo com o caso.

O moreno se pôs de pé a minha frente, abotoando seu terno preto.

- Espero que sim, quero os melhores resultados, agente.

- Vou dar tudo de mim para que tenha tudo resolvido, senhor Collins.

- Não sei por que, mas acredito que Lauren vai fazer um trabalho maravilhoso. –
Camila falou ao se aproximar, parando logo atrás de seu marido, mas ainda com os
olhos sobre mim.

- Espero atingir todas suas expectativas, Sra. Cabello.

- Você vai, Lauren. Com certeza vai.

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Karla Camila é uma diaba sim ou claro?


Erros eu arrumo depois!

Um grande beijo, e até o próximo.


Capitulo 4 - Alerta Vermelho

Heeey! Como estão? Espero que bem! Como somos muito boazinhas!
Vamos dar esse presente de natal para vocês! Um capitulo novinho de Xeque-Mate!
Eu espero que gostem bastante!

Quero agradecer muito a Camila (Brow - @SNAPBACK0RDEI) que fez o trailer


maravilhoso da fic! Quem ainda não viu, vai poder ver no link que vou colocar nas
notas finais!

Capitulo será dedicado a Aninha (@cm_5h)

Um Feliz Natal do OT3 para vocês! :)

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Camila Collin's Point of View

Com delicadeza deslizei a rodela de algodão sobre o rosto, retirando todo e qualquer
resquício da maquiagem que eu havia usado aquela noite. Christopher por sua vez
estava debaixo de uma ducha quente, fazendo o vapor embaçar o espelho a minha
frente. Bufei irritada, mas continuei com meu trabalho. Eu senti um calafrio correr por
todo meu corpo quando a lufada de ar frio veio a meu encontro, eu estava usando
apenas uma camisola de ceda branca, que tinha caimento até minhas coxas.

- Porque não me contou? – perguntei enquanto limpava ao redor de meus olhos.

Ouvi o barulho do chuveiro parar, e pelo espelho pude ver meu marido deslizar as
mãos pelo cabelo, tirando o excesso de água.

- O que? – seu tom de voz rouco ecoou pelas paredes do Box.

- Sobre o roubo, Christopher.

Ele ficou calado por alguns instantes, até que abriu a porta do Box.

- Não queria te preocupar. Pode me passar a toalha?


Peguei uma das toalhas que estavam repousadas sobre a bancada, entregando para
ele.

- Sou sua mulher, tem que dividir as coisas comigo.

O moreno capturou o tecido, no qual deslizou por seu corpo todo. Christopher era
dono de um corpo invejável a qualquer homem. Seus músculos definidos,
acompanhados de sua altura na medida certa, com seu olhar azul desafiador, o
caracterizavam como um homem extremamente lindo e atraente. Tive sorte, não é?

- Eu sei, Camila. Só não vi necessidade ainda. – disse ao enrolar a toalha na cintura,


cobrindo toda sua nudez.

- Só me preocupo.

Ele sorriu e se aproximou, unindo seu corpo no meu por trás. O aroma fresco do
sabonete se espalhou rapidamente. Christopher depositou um beijo em minha nuca,
fazendo-me encolher os ombros ao sentir um arrepio em minha coluna.

- Sei que sim. Seria estranho se não se preocupasse com seu patrimônio. Afinal, tudo
que é meu, também é seu.

- Exatamente! Quero tudo direitinho como sempre.

O homem envolveu minha cintura com os braços, enquanto repousou o queixo sobre
meu ombro. Eu poderia sentir as gotas de água umedecer meu rosto, enquanto nos
fitava pelo reflexo do espelho. Para muitos meu casamento com Christopher era
perfeito, digno de novela, mas como todos os outros, nós também tivemos nossos
momentos de crise.

- Vamos dormir? – perguntei.

Ele sorriu, e depositou um beijo em meu rosto, para então virar meu corpo de frente
para o dele. Senti meu corpo ir de encontro ao mármore frio da bancada assim que
ele segurou em minha cintura.

- Podemos fazer algo melhor. – disse ele olhando em meus olhos.

Os olhos de Christopher estavam em um azul mais escuro, transbordando luxuria. Eu


fechei os meus, assim que senti os labios macios do homem em minha pele, suas
mãos se fecharam em minha cintura em um aperto forte.
- Ou podemos deixar isso para depois. – sussurrei.

- Nada disso, amor. Vamos agora vai. – insistiu ele antes de tomar minha boca em
um beijo.

Seus labios de moveram inicialmente lentos sobre os meus, em um carinho leve. Eu


acompanhei seus movimentos, até sentir a ponta de sua língua contornar meus
labios. Entreabri a boca, deixando-me sentir a língua de Christopher invadi-la com
maestria.

- Chris... – sussurrei entre seus labios.

- Shhh, vamos para o quarto.

Ele me guiou lentamente até nosso quarto, sem deixar que nossos corpos se
afastassem. Eu recuei alguns passos até sentir minhas pernas baterem contra a cama
macia. O homem sorriu entre meus labios, para levar sua mão até minha camisola,
na qual tirou lentamente.

- Só aproveite.

[...]

Estávamos agora sentados juntos a mesa de café da manhã. Christopher sempre que
podia tomava café junto a mim, já que na maior parte do dia não nos víamos. Por
muito tempo me mantive a par sobre todos os assuntos da Collins Enterprise, já que
a mesma também era patrimônio meu. Depois de alguns conflitos em nosso
casamento, eu resolvi me afastar.

- Com licença, senhor. – o empregado se aproximou de forma educada.

- Diga, Thiago. – Christopher falou sem por os olhos no rapaz.

- Telefone para o senhor. O Sr. John está na linha.

Christopher olhou para o mordomo, e então capturou o celular de sua mão.

- Volto em um instante, querida. – disse ele me fitando.


- Tudo bem, meu amor.

Meu marido se levantou da mesa, ajeitando seu terno antes de caminhar para a
varanda. Pude ouvir sua voz irritada vindo do lado de fora da casa, imaginei ser
algum problema em uma das filiais, até que minutos depois ele voltou, e com uma
expressão nada boa, um tanto irritada eu poderia dizer.

- O que houve?

- John está doente, não vai poder ir à empresa hoje. – disse ele ao sentar-se a mesa
novamente.

- E o que tem de mal nisso?

- A agente Jauregui vai até a Collins Enterprise hoje para abrir a investigação. E
sabemos muito bem que ela não pode ter livre acesso a toda e qualquer informação
de minha empresa. – seu tom de voz indicava o quão irritado ele estava.

- Eu sei muito bem. Achei um tanto estranho você chamar alguém para investigar.

- Camila, eu estou sendo roubado. Não posso deixar isso impune.

Christopher fechou as mãos em punhos com força, seu olhar transbordava fúria.
Collins era um homem poderoso, e totalmente egocêntrico. Ter uma parte de sua
fortuna sendo roubada era como tirar um pedaço seu. Como se não tivesse controle o
suficiente em suas mãos para evitar tal dano.

- Eu sei que não! Só acho perigoso uma agente da policia investigando tudo.

- Lauren não me parece tão esperta assim. Está mais perdida do que cego em
tiroteio. Eu só quero que ela resolva o meu problema, quero achar quem me roubou e
depois a descarto.

- A achei competente o suficiente.

O homem franziu o cenho em minha direção, enquanto levava a xícara de louça fina
até os lábios.

- Vamos ver no decorrer do caso. Ela até agora não me mostrou nada.

Eu sorri para ele, dando de ombros.


- Se quiser eu posso ir, assim fico de olho no que ela pode ou não
investigar.
Christopher pareceu pensativo, ficou alguns segundos calado, provavelmente
analisando minha proposta.
- Não sei se quero você envolvida nisso.
Eu levantei de minha cadeira lentamente, caminhando para trás da cadeira dele.
Levei minhas mãos até seus ombros, onde apertei em uma massagem relaxante. O
homem tinha os músculos tensos, que logo foram relaxando com meus toques.
- Prefere que ela veja tudo? Sabemos muito bem, que fora John, somente eu sei o
que ela pode ou não investigar ali. – disse calma e persuasiva.
- Eu sei...só..
- Eu vou, preciso cuidar muito bem de nossa empresa.
- Você tem razão. Preciso de você colada na agente Jauregui. – disse ele serio.
- Deixe comigo, querido. Farei com prazer. – soltei com um sorriso para meu marido.
O homem sorriu, e eu lentamente selei meus lábios ao dele.
- Vejo você lá então. – Christopher se levantou. – Faça um bom trabalho, querida.
Eu me afastei do mesmo, e caminhei em direção a enorme escadaria de nossa casa.
- Eu sempre faço, Christopher.
Eu sentia seus olhos sobre mim, analisando cada detalhe de meu corpo. Apenas sorri
e continuei meu caminho em direção ao meu quarto. Eu precisava estar simplesmente
impecável para a agente Jauregui.
Lauren Jauregui's Point of View.
- Esses balancetes estão vagos demais.
Allyson resmungou do banco de trás de meu carro. A menor analisava os documentos
cautelosamente enquanto eu dirigia a caminho da Collin's Enterprise. Hoje
iniciaríamos as investigações no caso, e ninguém menos que Allyson Brooke para dar
uma boa vistoria no sistema da empresa de Christopher. Procuraríamos qualquer tipo
de movimentação suspeita para iniciar.
- Sim, creio que temos que pedir uma autorização para você entrar no sistema deles.
- Eu consigo fazer isso facilmente, Lauren.
- Sim, eu acredito nisso.
- Onde está Vero?
- Ela está terminando de receber o treinamento da agente Pinheiro. Ouvi dizer que ela
vai sair essa semana.
Allyson assentiu rapidamente.
- Vai sim! Foi transferida para outra unidade. Mas não sei bem se são treinamentos
policiais que Vero esta recebendo dela.
Soltei uma risada divertida, olhando para a menor através do espelho retrovisor.
- Você sabe muito bem, Lauren.
- Eu sei! Mas não vou entrar no mérito da questão.
- Muito menos eu! – A menor falou rindo.
- Chegamos!
Falei assim que entrei com o carro no estacionamento da Collin's Enteprise. Eu ainda
não havia me acostumado com a grandiosidade daquele lugar. Parei o volvo preto em
uma das primeiras vagas, perto da entrada do prédio.
- Esse cara gosta de esbanjar. – Ally falou sair do carro, e fitar o prédio luxuoso.
- Você não viu nada, Allyson.
Ajeitei minha jaqueta logo após colocar minha pistola no coldre axilar. Peguei as
papeladas em cima do painel do carro, e meu óculos aviador.
- Não gosto de não usar a farda policial. – Ally disse um tanto incomodada.
Capítulo 5 - Novas peças.

Hallo! ~~Lauren Voice~~

Voltei meus amores. Como prometido hoje mais cedo, aqui vai um capitulo novinho. É
um daqueles capítulos de ponte, para os futuros tombos. (brincadeira... mentira, quer
dizer, pode ser.) Enfim, vamos lá! Obrigada a todo mundo que está lendo, e
divulgando por aí. Vocês são uns amores!

Um recadinho: Xeque-Mate é claramente uma fanfic quente, ela terá muitos hots e
cenas improprias, então quero deixar avisada as pessoas que não curtem muito. Não
esperem menos hots, e romance cheio de mimimi aqui. O primeiro capitulo foi claro
com as intenções sobre a fic, obviamente estamos abordando todo um tema policial
envolta. Mas quem leu The Stripper e não gostou pela quantidade de hots, não tente
ler XM. - Evelin.

E outra, não adianta ficarem de mimimi não tem romance, mimimi não tem beijo,
mimimi não tem mais hot, mimimi tem muito hot, que vai ter beijo quando
necessário, vai ter hot quando necessário, vai ter tudo no tempo certo, estamos
planejando cada capitulo pra vocês com a intenção de fazer vocês se interessarem e
se sentirem bem com as coisas que estamos propondo. Amamos quando vocês
comentam ou surtam no twitter, um momento de interação com a gente.. criticas são
sempre bem vindas, tanto positivas quanto negativas, e construtivas, vamos tentar
melhorar sempre e deixar a fanfic perfeita pra nós e pra vocês.. então, estejam
cientes..- Sindy

Sem mais papos, vamos ao que interessa.

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Lauren Jauregui Point Of View.

Despejei mais uma boa quantidade de café quente em minha xícara. Eu iria precisar
se caso quisesse me manter ligada o suficiente em meu raciocínio. Sobre a mesa
estavam todas as documentações recolhidas por Allyson e eu. Depois de algumas
horas no centro técnico de informação, Ally ainda estava tentando decifrar a
codificação do sistema, na tentativa vaga de conseguir sequer uma informação que
nos levasse a um suspeito.
- O gerente de sistema entrou em contato com você?

- Sim, disse que iria vir à delegacia amanhã para prestar depoimento. Mas adiantou
que de acordo com eles, a senha que tem total acesso ao sistema só uma pessoa
pode ter.

- Mas eles como donos, tem acesso a qualquer coisa do sistema. – Disse tomando
mais um gole do café.

- Não creio que dariam um tiro no pé. Se o sistema se mostrar falho, eles pagariam
uma multa milionária para o dono da empresa. – Ally falou ao virar sua cadeira em
minha direção.

- Multa?

- Sim, de acordo com o contrato feito, se o sistema mostrar alguma falha, a empresa
de segurança terá que pagar a quantia roubada e mais uma multa altíssima.

- Mas para isso teriam que entrar com uma ação na justiça, provando que o sistema
teve uma falha.

- Sim, isso é.

Ally tocou com a parte traseira do lápis no canto de sua têmpora, enquanto pensava
na situação.

- Não seria tão difícil assim. Uma boa maneira de conseguir uma bela grana.

- Não acho que Collins precise disso. – a menor falou me encarando, provavelmente
achando aquela idéia absurda.

- Porque não? Esses homens costumam sempre querer mais do que tem.

- Sim, já vi muitos casos. Mas porque ele chamaria a policia para investigar?

- Estratégias. Não estou dizendo que ele roubou! Só acho que no meio disso tudo,
todos são suspeitos.
Ally deu de ombros, e voltou com a atenção no sistema.

- Tenho uma idéia! – disse ao me sentar ao lado da menor.

- Qual?

- Você está revirando todos esses dados, mas não está encontrando absolutamente
nada. Poderíamos colocar um rastreador de IP. Cadastramos todos os IP's da Collins
Enterprises, e qualquer IP diferente que entre no sistema vai ser automaticamente
informado.

- Isso é uma ótima idéia, Lauren! Mas não creio que a pessoa que roubou entre tão
facilmente. Ela mascara isso muito fácil.

- Eu sei, Ally. Mas podemos interferir nisso, enquanto ela estiver em nossa rede.
Precisamos ser rápidas, para tirar informações enquanto a pessoa estiver online.

- Acha que daria certo?

- Sim! Quinhentos mil dólares não deve ser a quantia suficiente para quem roubou,
ela vai entrar de novo, e pegáramos IP, e descobriremos de onde a pessoa é.

- Gosto da sua idéia.

- Perfeito. Amanhã eu quero interrogar algumas pessoas, Vero vai comigo até a
Collins.

- Enquanto isso eu vou procurar algum programa da policia federal para instalar na
Collins. Precisamos de mais uma pessoa. – a loira falou enquanto desligava o
computador.

- Vou falar com o Comissário Brandon, recrutar alguém da analise de sistema para te
ajudar.

- Certo, entre em contato comigo assim que conseguir. E Lauren..

Virei para a menor que parou em frente à porta.

- Sim?

- Vá descansar, está tarde. Não vai render se ficar sem dormir.


- Deixe comigo, Boa noite agente Brooke.

Allyson sorriu, e assentiu.

- Boa noite, Laur. – disse ela antes de sair da sala.

Eu devia ser a ultima pessoa naquele andar da delegacia. Todas as outras seguiam a
risca seus horários de saída, o que não era errado, é claro. Mas aquele era meu
primeiro caso, e só eu sabia o quão importante ele era para minha carreira como
policial. O mérito de desvendar aquele enigma ficaria marcado em minha trajetória.

- Eu vou conseguir, eu vou.

Sentei na poltrona macia, enquanto meus olhos vagavam pelas pilhas de papeis sobre
a mesa. Fechei os olhos, e as imagens de Karla no dia de hoje se fizeram presente
em meus pensamentos. Ela estava simplesmente impecável, como sempre. Eu não
sabia explicar, mas Karla Camila tinha uma áurea extremamente atrativa, tudo
naquela mulher se tornava atraente.

- Foco, é o que você precisa, Lauren. – disse a mim mesma.

Foco. Você conseguiria manter o foco tendo Camila Cabello em sua vida? A latina
tinha um jogo perigoso de encantar. O perigo e o desafio deixavam tudo mais
interessante. Ela andaria por todas as casas, derrubando todas as peças ao meu
redor, ela me derrubaria como uma rainha em um jogo de xadrez.

Meneei com a cabeça negativamente, enquanto levantava de minha cadeira. Capturei


a chave de meu carro sobre a mesa, para então sair de lá. Chegando em casa pude
notar algumas peças de roupas jogadas pelo chão. Verônica estava em casa, e
acompanhada pelo visto.

- Deus..- disse ao ver uma calcinha no chão. A noite seria longa e boa para ela.

[...]

Ouvi o barulho da torradeira ao fundo, enquanto eu fritava os ovos mexidos no fogão.


Fazer o café da manhã era fácil, mas servir de empregada para Vero e sua
acompanhante não estava na minha lista de coisas para se fazer em Nova Iorque.
Pude ouvir as risadas vindas do quarto, quando Iglesias apareceu na cozinha ao lado
da agente Pinheiro. A mulher sorriu desconfortável, talvez um pouco envergonhada
ao me ver. Mas logo sua expressão suavizou quando me viu sorrir.
- Bom dia. – disse ao caminhar em direção a mesa, com a frigideira nas
mãos.

- Bom dia, Laur! – Vero falou animada, sentando a mesa.

- Bom dia – a morena falou.

A agente pinheiro estava como investigadora na delegacia de Nova Iorque, mas pelos
últimos comentários ela seria transferida de volta para o Brasil, seu país de origem,
depois de quase três anos.

- Bruna disse que me levaria para conhecer o Brasil. – Vero falou enquanto se servia
dos ovos mexidos.

- Serio? Vou me livrar de você? – perguntei divertida.

- Sim! Eu vou, mas volto para perturbar seus dias.

- Hum, isso me parece ótimo. Tenho vontade também. – falei com um sorriso.

- Todas podem ir, tenho uma ótima casa lá. Seria um prazer ter vocês em meu país.

- Isso foi claramente um convite, ouviu não é Lauren? Vamos conhecer as terras
brasileiras.

- Ouvi sim! Bruna, você literalmente não vai mais poder retirar o convite. E não
somente as terras, Iglesias.

A oficial riu divertida.

- Não faria isso. E vou voltar essa semana, quando tiverem folga na delegacia. Podem
ir, vou adorar. Faço até uma festa de boas vindas.

- Nós com certeza vamos. – disse enquanto tomava um gole de café.

- Está toda arrumada, aonde vai?

Eu franzi o cenho na direção de minha melhor amiga que me analisou dos pés a
cabeça. Aquela manhã eu usava uma calça jeans azul claro, uma blusa listrada
horizontalmente em preto e branco. Por cima um terno feminino sofisticado na cor
preta, com as mangas dobradas até o antebraço.

- Vamos à delegacia e de lá temos que ir a Collin's Enterprise, esqueceu?

Verônica ergueu as sobrancelhas ao lembrar-se de nosso compromisso, que


claramente eu a via avisado no dia anterior.

- Eu não estava lembrando.

- Eu imagino que não.

- Se eu tive culpa, peço perdão. – Bruna falou de forma educada.

- Não se preocupe, você não tem culpa da cabeça de vento aqui. – falei ao fitar
Verônica. – Eu vou à delegacia, adiantar algumas coisas. Você pode ir com a Bruna,
certo?

- Claro! É o tempo que eu me arrumo.

- Certo! Vou indo então.

Levantei da mesa, enquanto limpava o canto dos lábios com o pequeno lenço.
Capturei a chave do carro que estava sobre a bancada da cozinha, para então seguir
em direção a porta.

- Meninas! – Exclamei, atraindo a atenção de ambas as mulheres. – Juízo, e não se


atrasem, por favor.

- Sim senhora, delegada! – Vero falou com um sorriso.

Depois de quase duas horas, estávamos entrando no estacionamento da Collins


Enterprise. Dessa vez, eu não teria uma visita especifica com Christopher, e muito
menos com sua esposa, Camila. O recolhimento de informações seria feito dos
funcionários, tudo muito burocrático. Vero e eu conversávamos com alguns
funcionários do setor financeiro, e de acordo com os mesmos, nunca havia acontecido
algo igual. Todos os valores altos eram devidamente transferidos com autorização de
Christopher, e seu microchip de liberação do sistema. Algumas vezes usado por John,
com supervisão do dono, é claro.

- John usava o microchip com freqüência? – perguntei ao rapaz do financeiro.


- Sim, o Sr. Collins tem muita confiança no mesmo.

- Há quanto tempo ele trabalha aqui? – Verônica perguntou.

- Eu trabalho aqui há seis anos. Quando entrei, ele já estava ao lado do Sr. Collins. –
disse o homem tranquilamente, enquanto tomava um gole de sua pequena xícara de
café. – Senhora, não creio que ele tenha feito algo.

- Não estou culpando ele, só preciso obter todas as informações possíveis. Aqui todos
podem ser culpados.

O loiro assentiu desconfiado com a maneira que falei. Vero me lançou um olhar
intenso, como se pedisse calma.

- Estou disposto a ajudar.

- Sabemos que sim, Fred. – Vero falou mais tranqüila.

Eu não tinha muita paciência para quem resolvia escolher as palavras no meio de um
interrogatório. Eu gostava de tudo muito claro e direto.

- Deixe que eu continuo daqui, você pode dar uma volta.

Alternei os olhos entre os dois, e assenti lentamente. Vero sabia de meu


temperamento curto, e sempre que pressentia um possível estourou de minha parte,
ela tomava as rédeas da situação.

- Vou dar uma volta pela empresa, volto em alguns minutos. – disse antes de sair da
pequena sala.

Caminhei pelo extenso corredor da Collins Enterprise, vendo a movimentação


frenética por todos os setores no qual tive acesso pelo caminho. Era nítido a alta
circulação de dinheiro por aquele lugar. Christopher Collins era o magnata do petróleo
em Nova Iorque, ter o que ele tinha não era para qualquer um. Admito que ficava
surpresa em como um homem relativamente novo, poderia ter construído um império
tão grande como aquele. Mas como dizem, alguns tinham o dom.

Em passos lentos cheguei ao pátio central, onde havia um enorme telão em LED, no
qual estava sendo transmitida uma seqüência de imagens da C.E. Nelas eram
mostrados alguns processos de extração do petróleo, fechamento de parcerias onde
se tinha o poderoso dono como protagonista dos vídeos. Christopher aparecia com
sua aparência impecável no centro de uma mesa enorme, sendo cercado de outros
homens que eu julgava serem seus sócios. Em outra imagem ele cumprimentava um
senhor de idade, para na seqüência ser ilustrado um pequeno texto informando os
grandes contratos que a Collins Enterprise estava fazendo aquele ano. E por ultimo,
sua imagem imponente ao lado de sua esposa na pagina inicial da The New York
times.

"O rei do petróleo"

Era a manchete principal. Meus olhos focaram exclusivamente na latina que mantinha
um olhar superior, quase desafiador para quem quisesse ver. Eu não sabia explicar o
que aquela mulher tinha, mas algo nela era tentador demais para resistir.

Meneei com a cabeça negativamente, quando vi um homem bem arrumado de


cabelos loiros em uma breve discussão com na portaria.

- Você não pode me impedir de entrar. Tem idéia de quem sou? – gritou ele.

O segurança educadamente tentou contê-lo, mas o homem simplesmente não quis


acordo. Passou pelas roletas de forma bruta, e caminhou em direção ao elevador
central. Alguns funcionários tentaram evitar, mas o mesmo parecia empenhado em
realizar seu objetivo. Caminhei rapidamente na tentativa de acompanhá-lo, mas o
loiro foi mais rápido.

- Merda! – Exclamei quando as portas do elevador se fecharam.

Pelo visor de LED pude ver que o mesmo se encaminhava em direção ao ultimo
andar. A presidência. Apertei no pequeno botão rapidamente, como se o mesmo fosse
descer mais depressa para mim. Por algum motivo eu sentia que devia saber quem
era aquele homem, e o porquê de ele estar ali tão transtornado. Fechei os olhos por
breves instantes, quando o bipe indicando que as portas iriam se abrir soou
estridente. Não demorou muito para o mesmo me levar até a área presidencial. Assim
que as portas de metal se abriram eu pude ouvir as vozes graves e altas vindo da
sala de Collins.

A porta da sala se encontrava aberta, provavelmente o loiro não havia se


dado o trabalho de ser educado com tanta fúria. Me aproximei delicadamente da sala,
eu não queria se vista. Com a proximidade eu pude ver Christopher atrás de sua
mesa, com uma expressão nada agradável, vomitando palavras duras contra o
homem que estava a sua frente, sendo cercado por seguranças e uma bela mulher.

- Você acha que pode proibir minha entrada aqui?! – o loiro gritou. – Eu tenho parte
nisso tudo, Christopher!

- Parte? Quantas vezes tenho que dizer que você não é mais nada aqui dentro,
Heitor!

- Você é um desgraçado! Eu sempre tive parte nessa empresa!

- Você teve! Não tem mais! – Christopher gritou.

Os ânimos naquela sala pareciam estar alterados demais. Heitor, carregava na voz
uma ira fora do comum.

- Claro que não tenho! Você me deu um golpe não é? Roubou tudo de mim!

- Você está louco! Faz maus negócios e vem me culpar?

- Seu filho da puta, desgraçado.

O homem carregado de fúria avançou sobre Christopher, acertando seu rosto com
força. Os seguranças rapidamente tomaram partido para segurar o loiro que
esbravejava furioso. Me aproximei mais da coluna de concreto que ficava próximo a
porta, e pela fresta pude ver o rosto do Sr. Collins com um leve corte nos lábios.

- Você vai se arrepender disso, Heitor. – falou ao limpar o canto dos lábios que
estavam sujos de sangue.

- Você que vai se arrepender, eu já estou tomando providencias. Eu vou acabar com
você, Collins!

- Você não se meteria comigo! – disse em tom sarcástico.

- Quem você acha que é? Deus? Eu vou tirar tudo que é seu! Até sua vida se possível!
Mas você vai me pagar pelo que fez. – Gritou o homem.

- Tirem esse cara daqui! Agora!

Christopher se aproximou de Heitor que estava sendo segurado por dois homens
fortes.

- Não se meta comigo, você na sabe do que sou capaz de fazer!

- Eu sei exatamente o que um verme como você é capaz de fazer! Mas eu posso ser
pior! Tome cuidado.

Os seguranças o puxaram para fora da sala com força. Heitor se soltou dos braços
dos mesmos.

- Me soltem! Eu sei onde fica a saída. – disse ao ajeitar seu terno.

O homem caminhou alvoroçado em direção ao elevador, sendo seguido pela dupla de


seguranças da C.E. Ouvi um barulho alto vindo da sala presidencial, como vidro sendo
quebrado. Collins logo apareceu na porta de sua sala, com uma expressão raivosa no
rosto. Eu me mantive parada longe de seu campo de visão, eu não queria que o
mesmo soubesse de minha presença naquele momento. Quando o mesmo voltou para
dentro de sua sala, eu tratei de me retirar daquele lugar. Eu procuraria saber quem
era aquele Heitor e o que havia acontecido de tão grave entre os dois.

Saí do elevador, vendo Verônica caminhando em minha direção.

- Onde você estava? Estou te procurando há tempos!

- Vem comigo, Iglesias!

Puxei Vero pela mão que parecia não entender nada, mas tratou de me seguir.
Caminhei em passos largos em direção a saída da Collins Enterprise, a procura de
Heitor. Mas foi tarde demais, o mesmo estava saindo com o carro pelo
estacionamento central.

- Porra! – esbravejei.

- Você pode me dizer o que aconteceu?

- Eu preciso saber quem é aquele homem.

- Por quê?
- Ele acabou de ter uma discussão feia com o Collins, até o ameaçou.

- Você se meteu? – Vero perguntou curiosa.

- Não.

- Deus! Christopher recebeu ameaças e você não fez nada? – minha amiga perguntou
incrédula.

- Eu preciso saber o que houve, Verônica. Não posso espantar nenhum dos dois. E
Christopher não se fez de rogado, ameaçou o cara da mesma maneira.

- Ainda acho que você devia ter aparecido.

- Eu sei o que estou fazendo! Agora vem comigo, eu preciso saber quem é esse tal de
Heitor.

Entramos novamente no pátio central da C.E, quando pude avistar a loira que há
pouco tempo estava dentro da sala da presidência. Em seu pequeno crachá com
letras pretas estava escrito seu nome.

"Clarice"

Eu me encostei no balcão da recepção ao lado de Verônica. Quando a loira se


aproximou, iniciando uma rápida conversa com a atendente.

- Onde está o Sr. Martinez? – seu tom de voz revelava certa ansiedade.

- Ele saiu tem alguns minutos! Estava furioso! – a morena da recepção falou baixo.

Eu fingia uma breve e vaga conversa com Vero a minha frente, enquanto estava
atenta a conversa de ambas as mulheres próximas a mim.

- Furioso quem está é o Sr. Collins. Metade da sala deve estar destruída! – a loira
disse receosa. – Eu já vi eles brigando, mas como hoje, nunca!

- Serio?

- Sim! Heitor bateu em Christopher.

A morena arregalou os olhos surpresa com as informações de Clarice, que estava


devidamente empenhada em relatar os fatos a sua colega de trabalho.
- Do jeito que o Sr. Collins é rigoroso deve ter batido nele também.

- Pior que não! Eu fiquei surpresa também! Christopher é duro demais, não sei por
que não fez nada. Se fosse em outros tempos teria partido para briga.

- Hoje em dia ele manda alguém fazer isso. – brincou a morena.

- Nem diga isso! Eu gosto do Sr. Martinez! Ele sempre foi muito gentil comigo. – A
loira falou preocupada.

- Uma pena eles terem quebrado a sociedade. – disse a morena, cujo nome eu ainda
não sabia.

- Sim! Desde então eles não se deram bem. Enfim, eu vou voltar para minha sala.
Tenho que chamar a equipe de limpeza para dar uma geral no escritório do furioso.
Ele disse que vai almoçar com a esposa.

- Boa sorte, Clarice! – a morena acenou enquanto Clarice se afastava.

A loira se afastou lentamente, enquanto a morena da recepção atendeu um senhor de


idade que havia acabado de chegar.

- E ai? – Vero perguntou curiosa.

- Vamos embora, conto no caminho.

Camila Cabello Point Of View.

- Eu ainda não perdoei você por ter saído daquela maneira, Hansen. – disse antes de
entrar em meu carro.

Dinah me lançou um olhar impaciente do outro lado do veiculo. Mas logo tratou de
abrir a porta da Ferrari preta, onde se acomodou.

- Já disse que minha tia não estava se sentindo bem, e pediu que eu a levasse ao
medico.

- Poderia ter pedido minha ajuda.


- Um caso de família, não se preocupe.

Lancei um olhar desconfiado para a mesma, que colocou seu óculos escuro e sorriu.

- Carro novo? – mudou de assunto rapidamente.

- Sim, chegou hoje cedo.

Dinah analisou o veiculo e arqueou as sobrancelhas.

- Bem chamativo.

- Você acha? Escolhi preto pra disfarçar mais.

- É uma Ferrari conversível, Camila.

Acomodei o delicado rayban em meu rosto, antes de ligar meu carro, fazendo o ronco
do motor soar alto.

- Digamos que eu goste de correr.

- Com tanto que não me mate, está tudo ótimo.

- Você não me deu motivos para isso, Jane. – disse com um sorriso de canto.

Arranquei com o automóvel daquele lugar. Voltaríamos para minha casa depois de
uma manhã cansativa na galeria. Eu resolvi investir o dinheiro que havia recebido de
minha família em uma grande galeria no centro de Nova Iorque, modéstia parte eu
tinha uma teia de clientes que dariam de tudo para apresentar suas obras e
espetáculos em meu imóvel. Dinah como minha melhor amiga havia sido contratada
para ser gerente da galeria Cabello Estrabão.

- Aonde vamos?

- Vamos para minha casa. Pedi para Elena fazer comida Italiana para o almoço, sei
que adora.

- Christopher odeia comida Italiana, Karla.

- Ele não vai almoçar em casa hoje. Disse que passaria o dia na empresa.
- Graças a Deus! – Dinah disse revirando os olhos.

Suspirei pesado ao notar a cara debochada de Dinah ao falar de Chris. Em poucos


minutos estávamos entrando pelos portões da mansão, ao estacionar o veiculo em
frente à entrada principal, pude notar o carro de Christopher parado mais a frente.

- Bom dia, senhora. – Carlos falou ao abrir a porta do carro para mim.

- Christopher está em casa, Carlos?

- Sim senhora Cabello. Chegou há poucos minutos.

- Certo. Guarde meu carro na garagem, por favor.

Carlos assentiu antes de entrar no veiculo. Logo Dinah se pôs a meu lado com uma
cara nada boa. Entramos em casa e pela calmaria as coisas não estavam nada boas.
Elena logo apareceu e informou que Christopher estava trancado em seu escritório
particular.

- Vou ficar na varanda. – Dinah falou antes de se retirar.

Ao entrar no escritório me deparei com o Christopher encostado na enorme janela,


enquanto fumava um de seus cigarros. Me aproximei lentamente, tocando seus
ombros, logo percebendo o quão tenso seus músculos estavam.

- O que faz aqui, querido?

- Onde você estava? – virou em minha direção com uma expressão seria.

- Na galeria com Dinah.

- Vive lá dentro agora?

Murmurou claramente irritado.

- Onde você queria que eu estivesse?

Ele se afastou, indo em direção a bancada de bebidas em sua sala, despejando uma
boa quantidade de whisky em seu copo.

- Em casa, é onde tem que estar. – ele falou permanecendo de costas para mim.
- Sabe muito bem que não gosto de ficar aqui sem fazer absolutamente nada. Já
conversamos sobre isso.

- Camila, eu te dou tudo que você quer. E ainda tem essa idéia idiota de
querer trabalhar?

Ele virou em minha direção, deixando-me ver o corte em seus lábios.

- O que aconteceu com você? – me aproximei.

- Heitor.

- Christopher o que fez para esse homem?

Ele meneou com a cabeça negativamente, para tomar um grande gole do álcool em
seu copo.

- Porque acha que eu fiz algo?

- Vocês se davam bem, e do nada começaram essa guerra. Você nunca me diz nada.

- Ele foi um idiota. Quer se tornar maior que eu. Mas não tem cacife para isso.

- O que quer dizer com isso?

- Heitor perdeu tudo, não quis investir seu dinheiro em meu projeto. Enfim, apareceu
hoje arrumando confusão.

- Você fez alguma coisa?

Ele virou de costas, e tomou o restante do Whisky.

- Ainda não. Mas ele que me aguarde.

- Não faça nada que vá te prejudicar.

- Ele me ameaçou, Camila. Disse que tiraria minha vida se fosse possível. Eu não sei
até que ponto ele pode chegar.
- E se ele fizer alguma coisa? Eu tenho medo.

- Não se preocupe. Eu vou colocar segurança reforçada em nossa casa. Vou falar com
o agente Brandon para arrumar algumas pessoas, deixo uma disponível para você.

- Que tal a agente Jauregui?

- Não creio que ela aceite. Ela está empenhada no caso do roubo.

- Oh, seria muito mais fácil para ela. Ficaria mais próxima de nós, a investigação seria
mais fácil.

Ele me fitou por alguns segundos analisando a situação, e então assentiu.

- Vou pensar, agora me deixe sozinho.

- Claro, querido.

Lauren Jauregui Point Of View.

- Heitor Martinez, nascido e criado em Washington, porém com residência atual e


permanente em Nova Iorque. Ex sócio da Collins Enterprise, sem antecedentes
criminais. – disse ao jogar a foto de Heitor sobre a mesa de Iglesias.

- A ficha dele parece bem limpa. – Vero falou enquanto analisava a foto do homem.

- Sim, por enquanto.

- Acha que ele tem algum envolvimento com o roubo?

- Algo me diz que sim, mas vou apurar melhor. Preciso de informações mais precisas.

- Precisa ter alguém próxima de Christopher para conseguir.

- Sim, eu preciso.

Para quem estava acostumada com os roubos em varejos de cidade pequena, o caso
Collins era uma catástrofe, mas que eu iria desvendar. Ouvi três leves batidas na
porta, antes de do agente Barton entrar na sala.

- Agente Jauregui?
- Sim?

- Estou com a oficial recrutada do centro de informações.

Franzi o cenho na direção o moreno que permanecia serio.

- Falei com Brandon hoje cedo, ele disse que não tinha nenhum oficial disponível.

- Sim senhora. Mas recebemos a ficha de uma oficial que se candidatou ao


cargo.

Eu apenas assenti, enquanto caminhava para minha mesa.

- Pode deixar entrar.

O homem rapidamente assentiu, e se retirou junto de Vero. Sentei em minha cadeira,


organizando a bagunça que estava com tantos papeis espalhados sobre a mesa,
quando a porta se abriu logo após algumas batidas. Uma bela mulher entrou na sala,
devidamente uniformizada com a farda policial.

- Boa tarde. – ela disse educadamente.

- Boa Tarde, pode se sentar, por favor.

A oficial era uma mulher negra, relativamente alta, com traços delicados e ao mesmo
tempo expressivos. Mesmo com a farda policial cobrindo seu corpo, facilmente
poderia ser notado o belo corpo que possuía. Ela tinha os cabelos longos e escuro
presos em um rabo bem feito.

- Fique a vontade. – disse apontando para a poltrona à frente. Onde ela lentamente
se acomodou. - Como você se chama?

- Normani Kordei, senhora.

- Está com sua ficha, agente Kordei?

- Sim senhora, aqui está. Trouxe toda minha trajetória em trabalhos no centro de
informação.
Eu assenti pegando a ficha de trabalho das mãos da bela mulher.

- Está desde o primeiro até o ultimo caso. Espero que seja o suficiente.

- Vamos ver isso agora, Normani.

Ficamos algumas horas em uma boa conversa a respeito da ficha da morena, que por
sinal era impecável. Normani, como ela havia se apresentado, tinha um currículo
policial privilegiado com ações importantes, e o melhor, ela parecia ser totalmente
competente para os objetivos na qual eu queria chegar. Ao lado de Ally teríamos um
grande avanço nas investigações da Collins Enterprise.

- Isso é maravilhoso. – disse ao fechar a pasta.

Normani sorriu esperançosa.

- Obrigada, agente Jauregui.

- Tenho certeza que ao lado da agente Brooke você irá fazer um ótimo trabalho.

- Isso quer dizer que...

- Seja bem vinda a equipe de grandes casos, agente Kordei.

Nos olhos castanhos da mulher eu pude notar a satisfação com aquela noticia.
Normani abriu um largo sorriso, e suspirou.

- Você não vai ser arrepender, agente Jauregui. Vou dar o melhor de mim.

- Eu não duvido disso. – disse ao me levantar e estender a mão à mulher, que


rapidamente apertou levemente.

Ouvimos algumas batidas na porta, tirando minha atenção da agente a minha frente.

- Entre!

- Com licença. – Ouvi a voz do Comissário Brandon antes do mesmo entrar na sala.

- Pode entrar, Comissário.

Brandon lançou um sorriso para Normani, provavelmente a oficial havia passado por
ele antes de entrar em minha sala.
- Vejo que fecharam parceria. – O homem falou animado.

- Sim! A agente Kordei vai nos ajudar.

- Seja bem vinda, Normani. Espero que ajude Lauren com esse caso.

- Com toda certeza, Comissário.

- Certo! Então você pode procurar por Iglesias, ela vai te instruir.

Normani assentiu gentilmente, para em seguida se retirar de minha sala.


Brandon esperou que a mulher saísse para se aproximar com um sorriso um tanto
desconfiado.

- Algum problema? – perguntei confusa.

- Tenho uma proposta para você, agente Jauregui.

- Pode se sentar. Quer um café?

O comissário se aproximou de minha mesa, sentando na poltrona à frente.

- Quero sim.

Voltei minha atenção à cafeteira que borbulhava o café quente em seu interior.
Peguei o pequeno recipiente despejando o liquido escuro em ambas as xícaras.

- Do que se trata essa proposta? – disse ao entrar a xícara do homem.

Brandon se acomodou melhor na cadeira, enquanto provava do café que esfumaçava


na xícara.

- Recebi uma ligação de Christopher Collins hoje, e o mesmo me relatou um


acontecimento em sua empresa essa manhã. Eu não sei se teve conhecimento, mas o
mesmo foi ameaçado por um homem.

Repousei a xícara sobre minha mesa, empurrando com o antebraço disfarçadamente


os relatos de Heitor para debaixo de uma pilha de papeis. Eu não queria dar espaço
para que o comissário percebesse que Heitor já estava sendo investigado por mim,
não por qualquer tipo de suspeita. Mas eu sabia que Brandon tinha uma grande
amizade com Christopher, e não estava disposta a ter qualquer informação privada de
meu conhecimento.

- Não, eu estive interrogando alguns funcionários essa manhã. Não cheguei a ter
contato com o Sr. Collins.

Ele assentiu lentamente, com os olhos fixos em mim.

- Imagino que sim. Enfim, o mesmo pediu que eu cedesse a ele uma equipe
competente de oficiais para realizar a segurança pessoal dele.

- Isso é realmente bom, se ele foi ameaçado creio que é a melhor saída. – tomei um
gole do café, enquanto tirava minha atenção de Brandon.

- Exatamente. Mas ele fez um pequeno pedido.

Meus olhos voltaram ao mesmo rapidamente.

- Que seria? – tomei outro gole.

O comissário pigarreou por alguns instantes antes de falar.

- A esposa do Sr. Collins quer que você faça a segurança dela.

Eu senti o café descer mais rápido do que deveria, quase fazendo me engasgar. Eu
tossi algumas vezes, na tentativa de recuperar meu fôlego.

- Eu?

Brandon me encarava assustado, e um tanto preocupado.

- Sim! Na verdade foi um pedido de Christopher, ele não quer que um homem faça a
segurança de sua esposa.

- Brandon, com todo respeito, eu não posso.

- Por quê?

- Eu não vim aqui para isso. Estou no meio de uma investigação importante! –
exclamei irritada.
- Lauren, eu sei que não é o seu trabalho. Mas veja bem, sei o quanto quer um cargo
importante nessa delegacia. Lembre que este é o seu primeiro caso aqui, você ainda
está em fase de teste.

Eu engoli em seco. Eu sabia onde Brandon queria chegar com aquele discurso.

- E por isso tenho que ser segurança particular?

- Você não vai ficar direto com eles. É só por enquanto, até acharmos uma oficial que
cubra isso.

Eu meneei com a cabeça, levantando de minha cadeira.

- Brandon, você sabe o quanto isso é importante. Eu vou acabar me


ausentando das investigações!

- Pelo contrario! Você vai ficar mais perto do caso. Vai ter o que precisa! – disse ele
firmemente.

Talvez ele tivesse razão. Estar mais pertos dos investigados poderia facilitar o
processo, mas aquilo poderia não ser tão eficaz assim. Eu estaria perto de tudo,
inclusive dela. Fechei os olhos por breves segundos recebendo as imagens de Camila
Cabello em meus pensamentos, que logo tratei de afastar. Eu sabia que para subir
em qualquer cargo ou lugar precisaríamos fazer coisas que não nos agradavam tanto,
e me diminuir a uma simples segurança particular estava encaixado nisso.

- Você não vai perder seu posto, Lauren. Ainda está responsável pela equipe de
grandes casos.

- Eu vou pensar, Brandon.

O homem assentiu, e então se levantou da poltrona.

- Pense, e escolha o certo. – disse ele antes de sair.

Eu sabia que para o comissário era de total importância que eu aceitasse aquela
proposta. Não era segredo para ninguém que por trás de muitas coisas havia uma
boa circulação de dinheiro, nenhum policial fazia favor aos empresários, não como
Christopher. O jogo era claro, tudo se movia com dinheiro.

Camila Cabello Point Of View.

O som da musica inundava todo aquele cômodo, deixando as caixas de som


tremerem com as batidas intensas. Eu sentia as gotas de suor escorrerem por meu
pescoço, enquanto dava passadas rápidas na esteira da minha academia particular.
Todas as manhãs eu reservava algumas horas para realizar exercícios físicos, não
queria perder o corpo que eu havia conquistado e muito menos o bom estado de
saúde. Na caixa de som tocava "Psyco – Muse" e com as batidas fortes, meu corpo
era impulsionado a continuar a maratona de exercícios com animo. Me mantive
concentrada até perceber a presença de Eliza no lugar.

- Com licença, Sra. Cabello.

- Pode falar, Eliza. – falei ofegante.

- Dona Camila, a senhora tem visita.

- Quem está aí? – perguntei ainda correndo.

- De acordo com a informação da portaria. Uma policial, agente Lauren Jauregui.

O nome da mulher foi como uma bela musica para os meus ouvidos, eu senti meus
lábios se expandindo em um sorriso involuntário. Rapidamente levei uma das mãos
até o painel de controle para desligar a esteira. Capturei a pequena garrafa de água
que estava no recipiente próprio.

- Ela está com quem? – perguntei ao descer da esteira.

- Está sozinha, dona Camila.

Tomei um gole da água na garrafa devagar.

- Sozinha? Que ótimo. – soltei com um sorriso.

- Pedi para Carlos mantê-la na sala de estar, senhora. Vou dizer para ela esperar
enquanto a senhora toma um banho, certo?

- Não! Eu vou pessoalmente dizer isso a agente Jauregui.

Eliza franziu o cenho de forma confusa.


- Mas, assim?

Eu sorri para a mulher que carregava um semblante confuso no rosto. Me olhei na


parede espelhada da sala, para arrumar alguns fios do cabelo que estavam fora do
lugar. Eu vestia um short branco soltinho, porém curto. Na parte de cima, apenas um
top na cor preta, deixando meu abdômen totalmente livre.

- Sim, acha inapropriado?

- Bom, eu acho sim. – a mulher falou um tanto acuada.

- Perfeito então, Eliza. – Soltei com um sorriso antes de sair da academia rumo à
sala.

Em pouco tempo eu já estava entrando na sala de estar. De longe eu pude ver Lauren
extremamente concentrada na vista que a enorme janela oferecia. Ela vestia uma
calça jeans branca, e uma jaqueta preta diferente da ultima que a vi vestir. Eu me
aproximei delicadamente até ficar bem próxima dela.

- Agente Jauregui. – disse atraindo sua atenção.

Lauren virou em minha direção, deixando que seus olhos verdes e brilhosos se
fixassem em mim de forma intensa. Eu senti meu corpo esquentar com a forma na
qual ela me olhava. Um tanto faminta, talvez.

- Karla. – foi o que saiu de seus lábios, me fazendo sorrir.

Acho que Lauren vai ter que se controlar, ou não.

Erros eu arrumo depois. Até o próximo, amores.


Capítulo 6 - Fraquezas

Olá amizades!

Como estão essa noite? Espero que bem! Depois da atualização da bebê Royals hein.
Vocês já viram o trailer lindo que a Camila (Brow) fez? Se não, vão ver logo após
acabar de ler isso aqui. Obrigada, de nada.

Enfim, sei que estão curiosos para saber o que acontece com camren nesse capitulo.
Então aqui vamos nós!

Ahh! uma coisa importante! Vai sim ter o especial The Stripper, e provavelmente o
primeiro capitulo sai amanhã! Aee!

Agora sem mais papos, vamos ao que importa!

Boa leitura :)

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Lauren Jauregui Point Of View

O jardineiro de boa idade cortava os galhos que estavam fora do lugar no jardim da
frente. A mansão Collins contava com uma enorme extensão de terreno, um gramado
bem cuidado, e um belo chafariz no centro do espaço, onde a todo instante jorrava
água, repetidas vezes. O homem parecia concentrado em seu serviço,o que atraiu
minha atenção até ouvir a voz aveludada ao fundo.

"Agente Jauregui."

Eu senti aquele arrepio percorrer minha nuca assim que senti a mulher se aproximar.
Virei de frente para a morena, deparando-me com a visão mais tentadora daquela
manhã. Engoli em seco, deixando que meus olhos fracos analisassem cada mínimo
detalhe da latina.

- Karla. – foi o que conseguir pronunciar.


A mulher curvou o canto dos lábios em um sorriso cínico, provavelmente se dando
conta de como eu praticamente a engolia com os olhos. Em minha defesa, eu tentei
empregar todas as minhas forças no pingo de sanidade que me restava. Camila
estava nesse exato instante a minha frente, usando apenas um mini short de tecido
soltinho, na parte de cima um pequeno top preto cobria seus seios. Ela tinha uma
toalha branca nas mãos, no qual delicadamente deslizou por seu pescoço, onde
pequenas gotas de suor escorriam.

-...Quer dizer, Sra. Collins.

Seu abdômen liso estava totalmente livre diante de meus olhos, igualmente como a
parte superior de seus seios. O top tinha um belo decote, eu poderia dizer. Era
notável como a latina dava certa atenção ao seu preparo físico, o corpo de Camila era
simplesmente invejável, para mim, delicioso.

Não, Lauren.

- Cabello, Lauren. Senhora Cabello. – corrigiu ela. - Enfim, a que devo a honra de sua
visita em minha casa?

Eu devo ter piscado mais vezes do que o normal, pois Camila sorriu abertamente
antes de se aproximar mais da janela.

- Estou aqui a trabalho, Sra. Cabello. Fui escalada temporariamente para fazer sua
segurança particular.

- Temporariamente?

Camila deslizou a toalha por cima de seus seios, atraindo meus olhos teimosos, que
se fixaram nos mesmos. Meneei com a cabeça negativamente, e voltei à atenção para
um canto qualquer da casa.

- Sim, até encontrarem uma substituta.

A morena assentiu, com um sorriso desacreditado. Onde você esta se metendo,


Lauren?

- Isso vai ser interessante.

- O que disse? – me fiz de desentendida.


Os olhos castanhos de Camila se fixaram em mim, e sua expressão se suavizou.

- Nada, Jauregui. Precisamos conversar melhor, quero saber como isso vai
funcionar.

- Claro, posso explicar. – falei me afastando dela.

Seria cômico, se não fosse trágico. Eu queria manter distancia daquilo que mais
poderia me perturbar ali, mas seria impossível.

- Certo, é melhor você me esperar no escritório particular do Christopher. Eu não


quero os empregados ouvindo a nossa... – Camila se calou por alguns segundos, e
depois voltou à atenção para mim. – conversa.

- Não vejo problema, Sra. Cabello.

- Mas eu vejo, agente Jauregui. – disse em tom decidido. – Eliza!

Camila chamou. Em poucos segundos a mulher se apresentou na sala, devidamente


uniformizada.

- Leve a agente Jauregui até o escritório de meu marido. Eu vou tomar um banho, e
logo desço.

- Sim senhora. – a mulher falou rapidamente.

- Ofereça algo para tomar, por favor, Eliza. – disse para a empregada. - Prometo não
demorar, Lauren.

Eu apenas assenti, antes de seguir a direção na qual Eliza me indicava. A mansão de


Camila era simplesmente impecável, tudo da mais alta qualidade. Se notava a léguas
a fortuna que seu marido carregava. A senhora a minha frente caminhava
apressadamente em direção ao final do corredor, onde educadamente abriu uma das
portas.

- Aqui, senhora.

Passei pela porta, entrando no escritório de Christopher. Tão luxuoso quanto os que
haviam na Collins Enterprise, pensei ao notar todo o ambiente.
- Deseja tomar alguma coisa? Café, suco, um chá talvez.

- Um suco, eu aceito.

A mulher assentiu com um sorriso gentil nos lábios.

- Tudo bem, volto em breve.

A empregada se retirou, deixando-me totalmente sozinha naquela sala. Caminhei pela


sala extensa, tendo minha atenção atraída por alguns retratos que se encontravam na
parte superior da lareira que havia ali. Na maioria das fotos Camila estava ao lado de
Collins com um sorriso desafiador, típico da latina. Os dois pareciam ter sido feitos
uma para o outro, ou não. Confesso que desde que pus meus olhos na latina, e
descobri que ela era a esposa de Christopher, a curiosidade de saber o motivo de sua
pulada de cerca me atormentava. Será que Collins não era tão bom assim? Ou Karla
tinha um certo desejo maior por mulheres?

Meneei com a cabeça, tentando afastar aquelas idéias de minha cabeça. Minha tarefa
ali era clara. Depois de horas pensando na proposta de Brandon, eu aceitei. Mas com
um único objetivo. Eu conheceria Christopher Collins, e a partir daí apontaria o
possível culpado pelo furto em suas empresas. Aquele caso era o numero um para
mim, o inicio de minha carreira, e eu faria de tudo para desvendá-lo.

- Com licença. – Eliza disse ao entrar na sala comum bandeja nas mãos. – Aqui está
seu suco, agente Jauregui.

- Obrigada.

- Desculpe perguntar, mas a senhora vai trabalhar aqui?

- Por enquanto sim, por quê?

- Nada, apenas curiosidade.

Eu sorri para a mulher, se devolveu antes de se retirar. Eu sentei no sofá de couro


preto que havia ali, já havia passado uns bons minutos e nenhum sinal de Camila. Eu
estava começando a cansar de esperar. Inclinei-me um pouco para frente, deixando
que meus cotovelos descansassem sobre minhas coxas. Tomei o restante do suco em
meu copo, e depois depositei o copo sobre a pequena mesa de centro a minha frente.
Sobre a mesma eu pude ver um pequeno tabuleiro de xadrez, com as peças de vidro
devidamente arrumadas. Capturei delicadamente uma das peças, analisando-a por
completo, antes de colocar ela sobre o lugar onde antes estava.

- Gosta de xadrez, Lauren? – Ouvi a voz de Camila perguntar.

Tirei minha atenção do tabuleiro e fitei a morena a minha frente. E porra, ela só
poderia estar brincando com meu psicológico. Camila usava um short relativamente
curto, na cor creme. Uma blusa soltinha azul marinho, de caimento na gola,
permitindo que seus ombros e sua clavícula ficasse a mostra. Nos pés um scarpin
delicado, na cor preto.

- Eu...não sei jogar.

Camila sorriu de canto, e caminhou em direção a uma bancada. A morena devagar


pegou duas taças pequenas, onde despejou uma quantidade de bebida, pelas cerejas
em ambas as taças, julgaria ser Martini.

- Xadrez é um jogo interessante. Precisamos ser bem astutas se quisermos ganhar. –


disse ela serenamente.

- Eu nunca me interessei em aprender.

Camila me estendeu uma taça.

- Eu não bebo em horário de trabalho, Sra. Collins.

- Não vai me fazer essa desfeita, Lauren. – disse ela ainda me encarando, com a taça
de Martini na mão.

Eu sorri e peguei, tirando um sorriso da morena que se sentou ao meu lado.

- Vou te ensinar como jogar, até o final de sua estadia aqui vai ser profissional. –
disse ela ao tomar uma boa quantidade do álcool em sua taça. – Basicamente se
resume em deixar o rei oponente sem qualquer possibilidade fuga, entende? Você
precisa ser boa o suficiente para derrubá-lo.

- Parece entender muito bem do jogo.

- Não só desse. – disse com um belo sorriso.


- Não creio que vamos ter tempo para isso.

- Não?

Droga! Aquilo havia sido sugestivo demais.

- Sim, digo, pelo trabalho. – tentei consertar.

Camila assentiu com um sorriso nos lábios. Por uma fração de segundos eu me
permiti encará-la, e analisar cada mínimo detalhe daquela mulher. Linda,
fodidamente linda. A tensão que se instalava entre nós era devastadora, eu me sentia
hipnotizada e quente. A morena virou a taça totalmente, tomando até a ultima gota
do Martini.

- Trabalho, eu sei bem. – disse ela antes de pegar a pequena cereja de sua taça e
comer.

Fodida, era como eu iria ficar. Levantei rapidamente do sofá, caminhando para bem
longe daquela mulher. Camila se encostou canto do sofá, cruzando suas belas pernas,
quase totalmente livres.

- Vai andar comigo para todos os lados, Lauren?

Tomei um pequeno gole do Martini, e sem olhar para ela, respondi.

- Sim, vou estar do seu lado sempre que precisar. Creio que aqui dentro não vai
precisar de mim, certo?

- Eu ainda vou analisar isso. Pode ser que sim, ou não. Eu decido depois.

Eu tinha a sensação que qualquer palavra que saia dos lábios daquela mulher tinha
um duplo sentido. Estava louca por isso?

- Certo. Vai ficar a seu critério. Eu tenho a investigação da Collins em minha mão,
então não vou poder ficar integralmente aqui.

- Sem problemas. Pode usar o escritório do Chris, caso precise fazer alguma coisa.
Ele dificilmente está aqui.

- Obrigada, mas eu preciso estar na delegacia para isso.

A morena me fitou por alguns segundos, e levantou do sofá. Inclinou-se um pouco


para frente, pegando a taça que repousava sobre a mesinha de centro. Dando a
maldita visão do belo volume de sua bunda.

- Como quiser, agente Jauregui. Só quero que esteja disponível quando eu


ordenar.

Seu tom imponente pesou naquele instante. Nossos olhares cruzaram violentos e
intensos. Karla Camila era acostumada com o poder nas mãos, e claramente
empregava a quem quer que fosse, mas comigo não seria tão fácil assim.

- Estarei quando for necessário, Sra. Collins.

- Quando eu achar necessário..- disse ela caminhando para mais próximo de mim.

- Creio que não será por muitas vezes.

- Isso quem decide sou eu, Lauren.

Karla parou bem a minha frente, a poucos centímetros de meu corpo. Eu senti minha
respiração se alterar, mas não tirei meus olhos dela. O lugar estava extremamente
quente, eu sentia minhas mãos formigarem com a maldita vontade de tocá-la. Levei a
taça até os lábios, tomando o Martini até a ultima gota. Camila sorriu, e
delicadamente capturou a pequena cereja de minha taça, levando até seus lábios que
devagar se entreabriram. Meus olhos gravaram os mínimos detalhes daquela cena,
desde o movimento suave de seus lábios, até a pequena gota de Martini deixando à
cereja e molhando os lábios da morena.

Porra.

Eu engoli em seco, e suspirei pesado. Me afastando abruptamente daquela mulher.


Olhando de canto, notei que ela meneava com a cabeça negativamente, com um
sorriso cínico nos lábios.

- Porque eu tenho a sensação que você foge de mim, Lauren?

Eu virei de frente para ela, que novamente se aproximou. Eu me encostei na bancada


de bebidas atrás de mim, onde larguei a taça.

- Está enganada, eu não tenho porque fugir. – tentei ser o mais firme que conseguia.
- Não?

Ela se pôs ao meu lado, ainda fixando os olhos em mim, deixando que seus dedos
delicadamente tocassem em minha mão que repousava sobre a bancada.

- Não, Sra. Collins. – me afastei novamente.

- Pois parece uma criancinha com medo do bicho papão. – soltou irônica, me fazendo
parar no meio do caminho.

- Como é que é? – virei na direção dela.

- Você foge de mim, ou estou enganada?

- Está muito enganada.

- Então prova, prova que não estou enganada com relação a você. – desafiou ela.

Eu senti meu peito subir e descer em uma respiração pesada. O fio de sanidade que
me restava tentava se manter firme a todo custo, mas Camila era mais forte.

- Eu não tenho que provar nada para você! – cortei.

Camila soltou uma risada irônica, e virou seu corpo de costas para mim.

- Foi o que imaginei. Covarde demais. – falou com desdém.

- Me chamou de que?

- Covarde! Medrosa, fraca.

As palavras saiam de seus lábios, ferindo violentamente meu ego. Aquilo não ficaria
assim, se ela queria que eu provasse o contrario, assim eu faria. Me aproximei
rapidamente da latina.

- Repete! – esbravejei furiosa.

Camila virou de frente para mim, e com os lábios próximo aos meus, ela sussurrou.

- Covar..
Antes da mesma terminar de pronunciar a palavra, eu puxei seu corpo com força,
tomando seus lábios ferozmente com os meus. Segurei o corpo da latina, e suspendi,
colocando-a sobre a bancada atrás da mesma. Deixamos alguns objetos caírem no
chão, mas ela nem se importou. Karla no mesmo instante cercou meu quadril com
suas pernas, me prendendo contra si. Levei uma de minhas mãos até sua nuca,
deixando que meus dedos entrelaçassem entre os fios de seu cabelo, no qual puxei
firme. A morena desgrudou os lábios do meu e sorriu por breves segundos, um
sorriso sacana, para em seguida deslizar a ponta da língua por meus lábios.

Maldita.
Tomei os lábios dela mais uma vez. Camila entreabriu sua boca, dando passagem
para que minha língua fosse de encontro a sua. Meus dedos ainda apertavam seus
cabelos, enquanto a mão livre deslizava pela coxa dela, que me beijava com volúpia.
A sincronia dos movimentos de nossa língua me faziam suspirar, era como se nosso
beijo tivesse um fodido encaixe. Karla mordeu meu lábio inferior, puxando entre os
dentes. Aproveitando para respirar fundo, antes de voltar com a boca junto a minha.
Nos beijávamos com tanta gana, que eu poderia sentir meus lábios doerem, em meio
a prazer daquele beijo tão delicioso.
A respiração ofegante da mulher estava me deixando inebriada, eu estava ficando
completamente fora de mim. Camila arqueou a cabeça para trás, dando-me livre
acesso ao seu pescoço. Eu não me fiz de rogada, beijei a pele macia com desejo,
enquanto minhas mãos puxavam seu corpo para mais junto do meu. Eu senti as
pequenas mãos de Camila ir de encontro a minha jaqueta, arrancando de meu corpo
com desespero. Como se precisássemos daquilo mais do que nuca.
A peça de roupa caiu no chão, deixando apenas a fina camiseta. Camila gemeu baixo
assim que meus lábios se fecharam em seu pescoço, chupando com força. A bancada
balançava com os movimentos de nossos corpos que a qualquer instante poderiam se
fundir com tamanha voracidade de nossos amassos. Ela subiu com as mãos para
dentro de minha camiseta, arrastando as unhas por minhas costas, me fazendo
gemer.
- Oh Deus, não! – sussurrei ao me afastar rapidamente.
Karla me fitou sem entender, seu peito subia e descia rapidamente em uma
respiração ofegante, exatamente como eu estava agora. Fechei os olhos com força, e
meneei com a cabeça negativamente, antes de pegar minha jaqueta que estava no
chão.
- Nós já decidimos os detalhes! – tentei ser firme o suficiente, mas a respiração falha
não estava ajudando. - Eu vou voltar pra delegacia.
Camila sorriu cínica ao descer da bancada. E eu rapidamente caminhei em direção a
porta.
- Se tiver alguma emergência, caso precise de mim. Ligue, eu volto. – foram minhas
palavras antes de fechar a porta.
"Covarde!"
Ouvi a voz da morena do outro lado da porta, mas continuei a caminhar. No corredor
acabei encontrando Eliza, a empregada de poucos minutos atrás. A mulher me
encarou com os olhos avaliativos, mas logo me afastei.
Camila estava louca, completamente louca. E está me deixando da mesma maneira.
Abri a porta de meu carro, jogando a jaqueta no banco de carona para logo em
seguida entrar. Encostei minha cabeça no volante, deixando que as idéias voltassem
ao seu devido lugar. Camila era uma boa jogadora, sabia exatamente o que fazer
para desarmar o adversário.
- Droga! O que você fez, Lauren? – esbravejei para mim mesma, batendo forte no
volante do carro.
Meneei com a cabeça negativamente, deixando que meus olhos fossem de encontro a
casa de Camila, e na janela do escritório de Christopher ela me fitava com um sorriso
cínico nos lábios.
- Filha da puta. – sussurrei ao vê-la lançar um beijo em minha direção.
Liguei meu carro no mesmo instante, e arranquei daquela mansão.
Camila Cabello Point Of View.
A raiva da mulher por ter perdido o controle só me fazia querer mais. Lauren estava
agora dentro de seu carro, resmungando algo que eu daria tudo para saber. Assim
que seus olhos verdes vieram de encontro a mim, eu sorri e lancei um beijo que
provavelmente a fez me xingar. Não demorou nada para que a agente saísse com seu
carro dali.

- Ai agente Jauregui, você não faz idéia de onde está se metendo. – falei
ao ver seu carro sumir pelos portões da mansão.

Eu sabia que entrar nesse jogo com Lauren era mais perigoso do que eu poderia
imaginar. Mas agora não havia a menor possibilidade de voltar atrás, eu já tinha
acendido a faísca de uma futura explosão. Durante todos esses anos, ninguém havia
conseguido me provocar tantas sensações como aquela mulher. Em uma única noite,
Lauren havia me dado o melhor sexo de toda minha vida. Você consegue entender?
Sentir os toques, os lábios, o gosto do prazer provocado por aquela mulher era
simplesmente inigualável. Modéstia parte eu era uma mulher muito requisitada por
homens e mulheres que dariam tudo por mim, mas ninguém me teve como ela. Nem
mesmo Christopher.

- Dona Camila, eu... – Eliza se calou ao notar o estado da bancada de bebidas.


Eu segurei um sorriso que teimava em querer sair pela expressão assustada da
empregada.

- Sim, Eliza?

- Quer que eu arrume isso? – apontou para a bancada.

- Ah! Claro, acabei deixando cair.

A mulher me lançou um olhar curioso, e logo caminhou cuidadosamente até a


bancada.

- Pegue um Martini para mim, Eliza.

Eu sentei na cadeira de Christopher, enquanto observava Eliza servir a pequena taça


com uma boa dose de Martini.

- O que achou de Lauren? – Perguntei quando a mesma me entregou a taça.

A mulher engoliu em seco, não entendo minha pergunta.

- Como assim?

- Acha que ela vai fazer o serviço dela direito?

A mulher estava ajoelhada no chão, recolhendo os objetos que eu havia deixado cair
a minutos atrás.

- Ela parece ser uma pessoa responsável, Dona Camila. Apesar de que... – Eliza
deixou que as palavras se perdessem.

- Apesar de que?

Seu rosto tinha uma expressão preocupada, quase confusa. A empregada ajeitou os
objetos sobre a bancada delicadamente para que nada fosse quebrado.

- Tome cuidado. Eu não me meto nos assuntos de meus patrões, mas..

- Não se preocupe com isso! Você vai ficar caladinha, e tudo vai ficar bem. – disse ao
tomar o álcool em minha taça.

- Eu nunca diria nada.


Eu levantei da poltrona macia, caminhando pelo carpete felpudo que havia naquela
sala. Aproximei-me da mulher que mantinha os olhos atentos em minhas expressões.

- Até porque você não viu nada, certo? – perguntei olhando nos olhos da mulher.

- Sim, senhora.

Abri um sorriso para a mesma, e depositei um beijo em sua testa.

- Por isso você é a minha funcionaria favorita, Liza. – falei antes de me retirar
daquela sala.

Sai do escritório de Christopher, e logo senti o celular vibrar no meu bolso. Ao olhar
no visor vi o nome de meu marido.

- Oi amor. – disse em um tom carinhoso.

- Humm, está com um tom animado. Aconteceu alguma coisa? – perguntou ele
curioso.

Me joguei no sofá da sala, deixando que meus pensamentos fossem tomados por
Lauren.

- Não, Chris. Só tive um ótimo dia hoje.

Ele ficou calado por alguns segundos.

- Perfeito, querida. Então não vai ficar chateada de ter que vir a empresa essa tarde
não é? Vou ter um jantar importante com um sócio, e adoraria que fosse comigo.

- Eu odeio seus jantares de negocio. – resmunguei.

- Eu sei, mas não custa me acompanhar. Prometo que podemos fazer o que quiser
depois.

Seu tom de voz sugestivo informava exatamente qual eram suas pretensões.

- Hum, certo. Nos vemos na empresa, amor! Eu tenho que desligar, Dinah acabou de
chegar.

- Vejo você depois. – foram suas ultimas palavras antes de desligar.

Lauren Jauregui Point Of View.

Entrei em minha sala, batendo a porta com força. Eu me sentia furiosa, fraca, como
Camila havia dito. Eu caí em suas provocações baratas, deixando o maldito desejo me
consumir. Aquela seria a minha fraqueza na qual Camila usaria e abusaria sem pena
ou piedade.

- O que aconteceu? Entrou como um furacão nessa delegacia. – Ouvi a voz de Vero
inundar o ambiente.

A mulher caminhou lentamente, provavelmente analisando meu estado.

- Eu que fiz besteira.

Iglesias franziu o cenho, cruzando os braços debaixo dos seios.

- O que você fez, Jauregui?

- Eu beijei a mulher do Collins.

Vero abriu a boca com uma expressão surpresa. Seus olhos tinham um ar alegre, e
seus lábios tentavam não sorrir.

- Sem brincadeirinhas. – falei irritada.

- Primeiro dia de trabalho, e você a beijou. Não quero pensar nem nos outros dias
viu. Será que Collins quer que eu encere suas galhadas futuras.

Eu meneei com a cabeça negativamente, jogando uma pequena bola de papel em


Vero que explodiu em uma risada alta.

- Isso não tem graça!

A mulher suspirou entediada.

- Qual é o seu problema, Lauren? Você nunca se importou em pegar mulheres


casadas.
- Essa é diferente, Verônica.

Massageei minhas têmporas, pensando na futura dor de cabeça que eu iria ter.

- Como assim? – perguntou ela, enquanto caminhava para sua mesa.

- As outras eram bobas demais. Eu conseguia enrolar fácil. Mas Camila...

- Ela controla você.

- Por enquanto, mas isso não vai durar.

- Não sei não, tem mulher que é o demônio.

- Com toda certeza ela é, e o melhor deles.

Ouvimos leves batidas na porta, e pela persiana aberta podemos ver a imagem de
Allyson ao lado de Normani. Acenei brevemente para que ambas as mulheres
pudessem entrar.

- Vejam que já se conhecem. – falei assim que as duas entraram.

- Oh, sim. Normani e eu nos demos super bem. – Ally falou ao se aproximar.

- Com toda certeza.

- Você precisa ver essas duas conversando sobre sistemas e codificações. Me sinto
perdida. – Vero falou revirando os olhos.

- Com um tempo vai se acostumar, agente Iglesias. – Normani falou com um sorriso.

- Espero, caso contrario vou ficar louca.

- Me digam, alguma novidade?

Allyson lançou um olhar para Normani que então começou a falar.

- Falamos com a equipe de seguranças do FBI. E eles nos autorizaram a


usar o programa de identificação de IP deles na Collins Enterprise.

- Serio? Os agentes do FBI sempre são metidos demais para deixar algo do gênero.

- Eles são sensacionais, Lauren. – Vero exclamou enquanto se aproximava de minha


mesa.

- Nem todos. Alguns se aproveitam da fama ali dentro.

- Não vamos entrar nesse mérito. – Ally cortou. – O importante é que graças a
Normani conseguimos.

- Isso é serio, agente Kordei?

- Sim senhora. Eu tenho conhecidos no FBI, e com uma mãozinha deles fui
autorizada.

- Isso é ótimo! – falei animada.

- Sim! Mas o programa tem que ser utilizado na empresa, em tempo comercial.

- Como assim? Não vamos poder ter ele aqui? – perguntei confusa.

Ally meneou com a cabeça negativamente.

- O que vamos fazer então? – Vero perguntou.

- Agora isso é com a Lauren. – Ally respondeu.

Afastei-me por alguns instantes das meninas que me encaravam a espera de uma
resposta. Minha cabeça borbulhava em pensamentos frenéticos em busca de uma
saída para aquela situação. O programa só poderia ser utilizado na base da C.E, ou
seja, uma de nós teria que estar lá recolhendo e vigiando os movimentos financeiros.

- É bem simples, meninas.

- Então diga.

- Vamos infiltrar a agente Kordei na Collins Enterprise.

- Lauren.. – Ally começou a falar. – Nós não somos o FBI.


- Allyson, somos a equipe de grandes casos. Temos autoridade para isso. A não ser
que Normani recuse.

Os olhos da sala se voltaram para a mulher que permanecia seria, provavelmente


analisando a idéia.

- Então, você aceita? – perguntei à agente Kordei.

- Eu vou, com prazer.

Eu abri um sorriso largo.

- Perfeito! Nós temos que colocar o cadastro da Normani na base de dados do RH da


Collins.

- Não seria melhor pedir a alguém? – Ally perguntou.

- Sim, ao Christopher. – Vero completou.

- Não, eu não quero que ele saiba.- interrompi.

- Mas Lauren, ele é o dono.

- Que seja, eu não confio nele.

Christopher não me parecia tão inofensivo como o pintavam, algo em mim dizia que
eu não devia confiar nele. Ele carregava consigo algum segredo que cedo ou tarde eu
iria descobrir.

- Certo. Então o que faremos?

- Ally e Normani podem entrar no banco de dados da C.E. Temos acesso ao programa
graças ao centro de informações. O RH não precisa de senhas, só vamos inserir um
currículo, e excluir outros. – falei calmamente.

- Ótima idéia, em poucas horas eles devem ligar para marcar a visita.

- Sim, ainda está cedo. A Collins Enterprise tem uma circulação de funcionários
intensa. E com o roubo, ouvi John falar que estão contratando novos funcionários
para o setor financeiro e de faturamento.
- Vamos fazer um belo currículo para você, Normani. – Vero falou
animada.

- Allyson, exclua os melhores currículos. Eu quero a Normani sendo a primeira da


lista.

- Pode deixar comigo, agente Jauregui. – Allyson falou antes de se retirar junto de
Normani.

- Vero, eu quero que tente descobrir o endereço de Heitor Martinez. Precisamos de


mais informações. Aquele homem é um forte suspeito.

- Eu vou conseguir pra você. Mas sabe, estive pensando em uma coisa nessas ultimas
horas. – a mulher falou sentando na poltrona a minha frente.

- Se não for em mulher, pode me falar.

A mesma soltou uma risada divertida, e depois negou.

- Bom, tecnicamente é! Mas não para mim, e sim para você.

- Iglesias, eu não quero envolvimento com ninguém agora. Só com meu trabalho! -
fiquei de costas para a mulher que continuou a falar.

- Exatamente por isso! Veja bem, quem mais pode ter mais informações sobre o corte
de laços de negócios do Christopher com o Heitor?

Virei em direção à mulher que me encarava com um semblante convencido.

- Camila.

- Sim, sua bela e poderosa Camila.

Meneei com a cabeça negativamente enquanto me servia de um copo de café quente.

- Esqueça, eu não vou tirar informações dela. É perigoso demais.

- Pra você ou para ela?

- Para ambas as partes! Eu não quero ferrar o primeiro caso importante da nossa
vida, dormindo com a mulher da vitima.

- Só vai ferrar se não souber lidar com o caso.

Abaixei a cabeça, deixando que aquelas idéias se espalhassem.

- Posso tentar outra pessoa. – falei tentando convencê-la.

- Quem pode saber tanto de Christopher, sem ser a mulher dele?

- Clarice! – voltei a minha cadeira, ficando frente a frente com Vero.

A mulher franziu o cenho, provavelmente tentando lembrar de alguém chamada


Clarice.

- Céus! A secretaria de Christopher. Ela não me parece tão espertinha assim.

- Boa! Uma ótima idéia, e ela é gostosa.

Soltei uma risada, para em seguida provar do café amargo.

- Exatamente! Uma noite com ela, algumas bebidas e ela me conta o que sabe.

- E ainda ganha sexo!

- Mereço um brinde depois de meu trabalho árduo.

- Eu já disse que você não presta, Lauren?

- O que? Com a mulher do dono da empresa pode e com a funcionaria não?

- A mulher do dono claramente é uma safada. E você já dormiu com ela uma vez
então..

- Não me lembre disso, por favor.

Vero tinha uma expressão divertida no rosto. A mulher esticou o braço para pegar o
copo com o café de minha mão.

- Carne fraca pra Sra. Collins, não é?

- Você iria entender se tivesse transado com ela. – murmurei com a cabeça baixa.
- Posso fazer isso pra te entender.

Vero levantou da poltrona, retirando seu distintivo do pescoço.

- Nem pense nessa hipótese. – soltei as palavras mais rápido do que


deveria.

Iglesias meneou com a cabeça negativamente, prendendo um riso.

- Sempre possessiva.

- Faz parte de mim.

Virei o copo de café, tomando o liquido escuro até a ultima gota. Quando senti o
celular vibrar no bolso de meus jeans. Levei a mão até o aparelho, notando que não
passava de mensagem. Ao destravar o visor do aparelho o primeiro nome se
destacou no visor.

Camila Cabello.

"Vou a um jantar de negócios com meu marido. Preciso de você em minha casa às
18hs em ponto. Não se atrase. Um beijo. – Karla Estrabão."

Travei o visor do celular, deixando que um suspiro pesado escapasse de meus lábios.
Até quando aquilo daria certo?

Camila Cabello Point Of View.

Passei pela ultima vez o batom de cor suave sobre meus lábios, para em seguida
deslizar os mesmos um no outro. Já estava próximo das 18 horas, e logo Lauren
chegaria para me levar em segurança até a Collins Enterprise. Eu poderia muito bem
pedir para que Carlos me levasse com um dos seguranças de Christopher até a
empresa, mas queria acostumar Lauren com minha presença. Levantei do banco em
frente ao pequeno espelho, para caminhar em direção ao meu closet. Em uma fileira
de metros, escolhi um salto na cor bege para completar. Depois de calçá-los caminhei
até o enorme espelho, dando uma ultima olhada em minha roupa.

Hoje eu usava uma blusa social de tecido leve na cor azul claro, acompanhado de
uma calça de pano delicado com estampa xadrez, na cor branco e azul claro, quase
na mesma tonalidade da blusa. Meus cabelos se encontravam ondulados, diferente
dos outros dias que permaneceram lisos.

- Estou bem, Eliza? – perguntei a mulher que me encarava com um sorriso sereno.

- Sim senhora, está linda.

Mexi em meus cabelos, virando-os para um lado só.

- A segurança chegou.

- Ótimo! Você está dispensada. Christopher e eu vamos jantar fora.

- Tudo bem. Vou organizar tudo antes de sair.

- Sei que vai!

Ao sair pela porta da frente logo notei a agente encostada no corrimão da escadaria.
Ela parecia distraída em seu celular, no qual digitava algo. Um sorriso escapou de
meus lábios, assim que me aproximei. Lauren vestia uma calça jeans branca, com
alguns cortes na parte da frente. Na parte de cima uma blusa simples na cor preta,
sendo coberta por uma camisa jeans azul, as mangas estavam perfeitamente
dobradas até seu antebraço. Nos pés um salto fechado, na cor preto. Ela estava linda,
como sempre, perfeitamente linda.

- Pensei que iria se atrasar. – falei atraindo sua atenção.

Lauren levantou a cabeça, e me fitou com uma expressão seria.

- Eu nunca me atraso.

- Ótimo, eu gosto de pontualidade. – falei jogando a chave de meu carro em sua


direção.

Lauren rapidamente agarrou.

- Vamos no meu carro. – disse caminhando em direção a Ferrari preta estacionada


em frente.

Lauren analisou o carro, talvez um tanto surpresa por eu ter escolhido um carro como
aquele.
- O que houve? – perguntei sentando no banco de passageiro.

- Pensei que esse carro fosse do Christopher, você não me parece gostar de carros
nesse estilo.

Lauren abriu a porta do veiculo e se sentou ao meu lado. Carlos havia deixado a
capota do carro fechada, como eu havia ordenado.

- Acha que só porque sou mulher de um cara rico, tenho que andar naqueles carros
vermelhos cheio de frescuras?

Lauren sorriu e deu de ombros.

- Dirija, agente Jauregui.

Com habilidade Lauren nos tirou da mansão, seguindo a caminho da C.E. O trajeto foi
totalmente silencioso, eu não a provocaria agora, eu sabia exatamente o que fazer, e
na hora certa a fazer. Brincar com Lauren Jauregui não era um jogo perigoso somente
para ela, mas para mim também. Em poucos minutos estávamos entrando no
estacionamento da Collins Enterprise.

- Sra. Collins. – ouvi a voz de Lauren.

- Sim?

- Eu queria falar a respeito de hoje. – seu tom serio me dava vontade de rir.

- E o que tem hoje? – me fiz de desentendida.

Lauren virou de lado, com o cenho franzido em confusão.

- Como assim o que tem hoje? O be..

- Não aconteceu nada, Lauren. Pelo menos eu não lembro, você lembra? – soltei com
um sorriso.

A expressão confusa da mulher era simplesmente impagável. Eu brincaria com o


psicológico da agente de maneira divertida.

- Não.
- Ótimo, vamos?

Ela assentiu, e logo saiu do carro. Em passos apressados caminhamos em direção ao


elevador central da Collins. Lauren se encostou na parede de metal, e me fitou
intensamente. Eu tirei meus olhos da policial, eu não me daria o luxo de flertar com a
mesma a poucos minutos de encontrar com Christopher, não agora. Assim que as
portas se abriram, vi meu marido em uma conversa seria com um dos homens que eu
julgava ser de um projeto importante.

- Boa noite. – falei educadamente.

- Meu amor, que bom que chegou! Conheça o Sr. Thomas. Ele é um ótimo investidor
da America latina.

- Sr. Essa é minha esposa, Camila Collins.

O senhor de idade me lançou um olhar dos pés a cabeça com certa intensidade, soltei
um sorriso forçado ao cumprimentá-lo. Os dois mantinham uma conversa restrita a
assuntos profissionais, me deixando totalmente entediada. Suspirei pesado sobre um
olhar desconfortável de Christopher, que hora ou outra alternava o olhar de mim para
o homem a sua frente. Deixei que minha atenção fosse levada rapidamente pela
conversa entretida que Lauren parecia ter com a secretaria de meu marido.

Você não perde tempo, não é Jauregui?

Lauren estava só sorrisos para loira a sua frente, que por sua vez se derretia inteira
para a agente. Tratei de disfarçar a atenção que eu estava dando aquela situação, eu
não queria que Christopher, e muito menos Lauren soubesse que aquilo me
estranhamente me incomodava. Olhei para meu marido que ria de alguma piada sem
graça vinda do senhor engravatado em nossa frente.

- Opa, cuidado Clarice. – ouvi a voz de Lauren murmurar ao fundo.

A loira sorriu abertamente, recebendo ajuda de Lauren que segurava em seu braço.

- Está tudo bem? – Collins perguntou ao fitar as duas mulheres.

- Sim senhor. Eu que acabei tropeçando com esses fios. Mas a agente Jauregui me
ajudou. – Clarice falou com um sorriso idiota.

Lancei um olhar para Lauren, que fitava a mulher ao seu lado.


- Menos mal. Tenha cuidado, Srta.

- Chris tem razão. – eu disse ao me aproximar da loira, parando a sua frente. –


Tenha muito cuidado, Clarice.

- Eu terei senhora Collins. – a moça falou com um sorriso em minha direção.

- É melhor mesmo, você não quer se derrubada por algo a sua frente, não é?

Lauren franziu o cenho em minha direção.

- Não senhora.

- Ótimo, bem melhor assim querida.

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Com Camila Collins ninguém se brinca.

Erros arrumo depois!

Vejo vocês no especial de The Stripper amanhã!


Capítulo 7 - Intromissões

Hey meus amores!

- Sei que dessa vez eu demorei, mas em minha defesa digo que tive aqueles
bloqueios pra escrever. Odeio quando isso acontece, pois eu não gosto de demorar a
postar. Mas enfim, o que importa é que consegui terminar esse capitulo hoje. Espero
que gostem bastante. Obrigada a todo mundo que está lendo Xeque-Mate, e que está
divulgando por aí. Amo vocês! - Evelin S.

- Não tenho muito o que falar...Só queria dizer que sou a Lauren, Boo. - Sindy R.

- Karla, Karla...O que é seu está guardado. - Larissa R.

Sem mais papos, vamos ao que interessa. Curtam bastante, lindas.

Camila Cabello's Point Of View.

O jantar transcorreu lentamente, em uma espécie de tortura psicológica para mim.


Christopher dialogava educadamente com Thomas, que fumava seu charuto escocês,
soltando as lufadas de fumaça pelos lábios grossos, em meio aos sorrisos falsos e
forçados. Reuniões de negócios eram sempre assim, um querendo engolir o outro, se
sair melhor, ter a melhor proposta, mas no final sempre fechando um acordo. A falta
de paciência aquela noite me fez permanecer calada durante o jantar inteiro, exceto
por breves trocas de palavras com meu marido, que por sinal parecia ter percebido
minha irritação. Christopher me fitou por breves segundos, e repousou sua mão sobre
minha coxa, acariciando de leve. Eu nem sequer me movi, continuei degustando o
vinho tinto que preenchia minha taça em cristal fino.

- Muito bom esse restaurante Collins. – Thomas falou bem humorado.


- Eu também adoro. Foi aqui que pedi minha esposa em casamento, não é meu bem?

Soltei um sorriso amarelo, e com leveza retirei a mão de Christopher de minha coxa,
repousando a mesma sobre a mesa. Ele engoliu em seco, me fitando com os olhos
semicerrados.

- Exatamente. Boas lembranças daqui. – me permiti falar.

- Imagino que sim.

Talvez aquela fosse uma das poucas interações minha naquele jantar. Eu estava de
mau humor, irritada, furiosa melhor dizendo. Antes de sairmos da Collins Enterprise,
Christopher teve a "brilhante" idéia de dispensar os serviços de Lauren. Dando ordem
para que ela fosse embora em meu carro, e levasse a secretaria em casa antes de
devolver o veiculo para nossa garagem. Eu deveria dizer o quanto aquilo me irritou?
Ver o sorriso da agente ao conduzir a miserável secretaria para saída me causou um
súbito estalo de ira. Mas eu sabia muito bem meus limites, e onde posso chegar.

Na volta pra casa eu permaneci calada, como no jantar. O nosso motorista conduzia o
veiculo em uma velocidade alta, de acordo com minhas ordens. Ao meu lado,
Christopher se mantinha quieto, enquanto fumava um de seus cigarros. Ele fitava os
prédios do lado de fora, em um olhar distraído, quase perdido. Quando por mim
respirou fundo, e virou-se em minha direção.

- Posso saber o motivo de estar assim?

Deixei que meus olhos saíssem das imagens de fora do veiculo, e pousassem sobre a
expressão confusa de Christopher. Ele me fitava com aquele par de olhos azuis
intensos, espremidos por suas pálpebras apertas.

- É por conta do seu carro? Porque deixei Lauren usar ele?

Antes fosse por isso. Imaginar aquela secretaria aos beijos com Lauren no meu carro
me causava raiva.

- Obvio! Por que mais seria?

O homem rolou os olhos impaciente, levou o cigarro até os lábios dando um ultimo
trago antes de apagá-lo no cinzeiro à direita. Ele meneou com a cabeça lentamente e
me fitou.
- Qual o problema disso? Ela veio dirigindo para você, não?

- Sim! E por conta disso você vai disponibilizar o meu carro para ela levar a sua
secretariazinha em casa? – falei, dando certa ênfase nas palavras "meu carro" e
"secretariazinha"

Christopher abriu um sorriso, ainda com os olhos fixos em mim. Franzi o cenho em
sua direção, sendo tomada pela confusão daquele momento. Porque diabos ele estava
rindo?

- Então é isso? – perguntou ele em meio a uma risada alta.

- Isso o que? – meu tom de voz revelava o quão irritada eu estava.

- Está com ciúmes de mim com Clarice? Está irritada desse jeito porque mandei
deixá-la em casa?

Eu tentei formular uma frase diante daquela idéia estúpida de Christopher, mas sabia
que a verdade não era bem vinda ali. O que diria meu marido ao saber que meu
incomodo não era por ele, e sim por Lauren? Creio que não daria muito certo. Fechei
os olhos, e meneei com a cabeça em um sinal negativo.

- Não fale bobagens! – exclamei irritada, apenas aumentando a sonora risada do


homem ao meu lado.

- Meu amor, você fica linda com ciúmes.

- Christopher, não brinque comigo.

- Está com ciúmes sem necessidade. Clarice está comigo há anos, e veio se
incomodar agora?

- Não gosto dela.

- Camila...

Eu nada falei, voltei a me acomodar em meu assento. E Christopher conteve sua


risada, o mesmo parecia se divertir com um ciúme inexistente em sua cabeça.
Homens sempre achando que o mundo gira em torno deles. Rolei os olhos e suspirei
pesado, calando-me o restante do caminho todo. Ao chegarmos a nossa casa,
caminhei em passos apressados em direção ao quarto. Depois de um banho morno,
vesti uma camisola leve e deitei em minha cama. Eu não queria conversa e muito
menos sexo aquela noite, estava terrivelmente irritada com as idéias que rondavam
minha cabeça.

- Já vai dormir? – ouvi a voz rouca de meu marido.

- Sim, eu estou com dor de cabeça. – falei enquanto puxava a coberta sobre mim.

- Querida, posso melhorar isso.

- Eu não quero. Boa noite. – disse de forma seria ao me virar para meu lado da cama.

Ouvi o suspiro irritado de meu marido, ele se moveu na cama puxando a coberta para
seu corpo. Eu estiquei o braço, apagando a luz do abajur ao lado da cama. Tudo que
eu precisava aquela noite se restringia apenas em dormir.

No dia seguinte, acordei e percebi a ausência de Christopher em nossa cama. Sempre


que dormíamos mal, ele acordava mais cedo que o normal para ir trabalhar. O que
não me incomodava em nada, na verdade eu até preferia, evitar uma briga matinal
era tudo que eu precisava.

- Bom dia senhora. – Eliza falou serenamente ao entrar em meu quarto.

- Bom dia, Eliza. – disse enquanto penteava meus cabelos diante o espelho.

- Vim avisar que a agente Lauren Jauregui está no telefone, e perguntou se vai
precisar dos serviços dela hoje. Ela está a caminho daqui.

Fiquei por alguns segundos calada, pensando em meu dia. E estranhamente não
queria a presença de Lauren, eu ainda me encontrava um pouco irritada com a
mesma.

- Diga que não preciso dos serviços dela hoje.

Eliza assentiu e voltou a atenção ao telefone em suas mãos.

- Ela não irá precisar de seus serviços hoje, agente.


A mulher ficou calada, ouvindo o que Lauren tinha a dizer.

- Sim senhora, eu tenho certeza. Não precisa vir.

Em poucos minutos Eliza terminou a ligação com Lauren que pareceu questionar
demais minha decisão.

Lauren Jauregui's Point Of View

Desliguei a ligação com Eliza, que me informou que a Sra. Collins estranhamente não
precisava de meus serviços aquela amanhã. Estranhei que a mesma nem sequer quis
me ouvir, tampouco me passar seu recado.

- Algum problema? – Vero perguntou ao entrar na sala.

Deixei o celular sobre a mesa, e fitei Verônica. Ela organizava a pilha de pastas sobre
a sua mesa, enquanto esperava por minha resposta.

- Camila disse que não precisa dos meus serviços hoje.

- Isso é ruim?

- Não, na verdade é bom. Ficar longe dela deixa minha sanidade em um estado de
equilíbrio.

- E por que está com essa cara? – perguntou ao se sentar em sua cadeira giratória.

- Só estranhei! Aquela mulher gosta de me provocar, e hoje nem quis ouvir minha
voz.

Vero permaneceu calada, o que me fez fita-la na tentativa de ver se ela estava me
ouvindo.

- Te incomoda ela não querer falar com você, Jauregui? – o tom de voz dela revelava
as segundas intenções por trás de suas palavras.

- Nem comece! Não me incomoda em nada, pra mim tanto faz!

Falei com certo desdém enquanto levantava de minha cadeira. Caminhei até o
armário de arquivos, onde tratei de organizar os documentos pendentes em minha
mesa. Eu sentia o olhar de Iglesias pesar sobre minhas costas, mas não daria moral
aquele assunto.

- Mudando de assunto, Lauren...

- O que?

- Falou com Clarice?

- Quem?

Vero rolou os olhos impaciente.

- A secretaria de Christopher!

- Oh, sim! Falei!

Ela me encarou, provavelmente esperando a continuação do assunto. Eu estava um


pouco aérea, tentando entender o motivo pelo qual Camila não quis minha presença
hoje.

- Bom, ontem após levar Camila para a Collins Enterprise. Christopher me deu uma
ótima oportunidade. Pediu que eu levasse a secretaria no carro de Camila para casa.

- No carro da patroa?

- Sim, ela é dona de uma Ferrari. – falei rindo.

- Nossa, imagina aquela gostosa dirigindo uma Ferrari me deixa...

- Iglesias! – Exclamei. – Preste atenção...

Vero levantou as mãos como se rendesse.

- Conversamos o caminho todo, ela é bem discreta e creio que seja difícil demais tirar
alguma informação dela. Mas eu a chamei para sair essa noite!

- E ela aceitou?

- Claro! Eu joguei todo meu charme em cima da mulher.

- Morgadão em ação! – a mulher falou entre uma risada escandalosa.


- Cala essa boca! O Plano foi seu.

- E foi um plano maravilhosa diga-se de passagem.

Verônica Iglesias, convencida como sempre. Mas dessa vez eu deveria concordar.

- Sim, esse plano foi ótimo. Apesar de eu estar usando uma mulher para
conseguir informações! – dei de ombros.

- Sim, nem tudo é perfeito. Mas você não está engravidando a mulher ou fazendo ela
se apaixonar. É só uma saída!

- Tem razão, eu vou sair com ela hoje e descobrir algumas coisas. E ainda ter uma
noite agradável.

- Melhor forma de uma investigação, Jauregui.

"Com licença agentes"

Ouvimos a voz de Normani, que nesse exato instante entrava em nossa sala. Ao
contrario do de costume, ela não estava com a farda do departamento policial. A
negra vestia uma calça de tecido branca, e uma camisa de botão estampada, nos pés
usava um sapato alto marrom. Estava bem arrumada para um dia na delegacia, eu
diria. Foi então que lembrei que a mesma tinha sido chamada para uma entrevista de
emprego na Collins Enterprise.

- Está vindo de lá?

A morena assentiu e se aproximou, sentando na cadeira a minha frente.

- Eu fui contratada! – ela disse animada.

- Que maravilha! – exclamei alegre.

- Sim! O problema é que não fui contratada necessariamente para o financeiro. –


disse com um tom desapontado.

- E o que foi então?


- Por sorte consegui no faturamento de notas. Mas ouvi dizer que eles tem ligamento
direto com o centro financeiro da empresa.

- Sim, você por dentro daquele sistema vai poder vasculhar o que for, mesmo não
estando no setor que precisamos.

- E olha que nem excluímos currículos! Ally ficou se sentindo mal por tirar
oportunidades de emprego das pessoas. – Vero falou como se pensasse na idéia.

Soltei uma risada baixa, enquanto meneava com a cabeça negativa.

- O importante é que ela conseguiu! Agora temos olhos atentos integralmente na


Collins Enterprise.

- Sim! Eu percebi que eles são bem sistemáticos lá. Mas quanto a isso não se
preocupe, eu serei discreta o suficiente e vou repassar todas as informações. –
Normani disse de forma sincera.

- Vai conseguir instalar o programa do FBI sozinha? – Vero perguntou atenta.

A mulher assentiu.

- Sim, eu conheço o processo de instalação. Ele vai funcionar integralmente, como


uma espécie de alarme.

- Exatamente isso que eu quero. Nós vamos resolver este caso.

Eu estava incrivelmente esperançosa aquele dia. Tudo estava correndo como


planejado. Normani entraria como nossos olhos ocultos naquele lugar, e logo mais eu
tiraria informações de Clarice.

- Vou contar a novidade para Ally! Ela vai ficar imensamente feliz! – Normani disse
com um sorriso largo.

- Falamos com você depois então. E Mani, meus parabéns.

Recebi um sorriso animado da morena.

- Obrigada, agente Jauregui.

[...]
Em menos de dez minutos, aquela era a terceira vez que eu olhava em meu relógio.
Se havia uma coisa que eu odiava, essa coisa era esperar. Estava agora com o carro
estacionado em frente ao prédio onde Clarice morava, a mesma informou que já
estava descendo e eu não tinha outra alternativa a não ser esperar, certo? Apertei
delicadamente no botão do painel, ligando o radio que tocou uma musica suave. As
sonoras batidas se espalharam pelo pequeno especo do veiculo me fazendo relaxar.
Foi quando ouvi leves batidas no vidro ao lado do passageiro, pelo vidro da janela vi o
sorriso largo de Clarice em minha direção. Destravei as portas, e a mesma logo
entrou.

- Desculpe a demora, Lauren.

- Tudo bem, não se preocupe! Você está linda.

A mulher me fitou com um belo sorriso, deixando-me notar o quão linda Clarice era.
Ela usava um vestido cinza escuro, de pano soltinho, com alças finas que
proporcionavam um decote chamativo e bonito. Ela tinha traços delicados, joviais.
Seus cabelos eram loiros, e de comprimento até os ombros.

- Achou mesmo?

- Sim, como das outras vezes.

- Você está linda também. – disse ela.

A loira olhou em meus olhos e sorriu. Logo tratou de se acomodar melhor no banco
de meu carro, para em seguida puxar o cinto de segurança. Eu prontamente fiz o
mesmo antes de ligar meu carro.

- Aonde vamos?

- Vamos ao Sky Room, ouvi dizer que é maravilhoso!

- Oh, sim! Ele é ótimo!

- Costuma sair muito? – perguntei enquanto saia com o carro do estacionamento do


condomínio.

Clarice deu de ombros, analisando-me.


- Sim, quando tenho tempo eu saio bastante! Fico tão estressada em meu trabalho
que gosto de ir a um lugar agradável com algumas amigas depois.

Eu assenti serenamente, com um breve sorriso.

- Acredito que realmente deve ser estressante demais passar o dia todo naquela
empresa.

A mulher suspirou pesado.

- Não faz idéia do quanto! Tem dias que lá é tudo calmo, mas ultimamente as coisas
estão tensas. Mas não vamos falar disso, assuntos de trabalho são cansativos!

- Por mim não tem problema, se quiser conversar sobre. – tentei parecer o mais
natural possível.

Eu sabia que falar sobre trabalho em um encontro não era a melhor das opções, mas
eu não poderia esquecer sequer por um segundo o real motivo de eu estar com ela
aquela noite. Clarice era uma mulher bela e atraente, mas meu foco era outro.

- Melhor não.

Droga.

Eu assenti e continuei com a atenção no trajeto no qual seguíamos. Nova Iorque era
literalmente a cidade que nunca dormia. As ruas continuavam extremamente
movimentadas, com pessoas circulando de um lado para o outro, em trajetos
aleatórios e ao mesmo tempo em comum. Estávamos no meio de Manhattan, perto
da Time Square. O aglomerado de pessoas que circulavam me fez repensar na idéia
de seguir de carro, então estacionei o veiculo em uma vaga livre e pedi para que a
mulher ao meu lado me acompanhasse. O Sky Room não ficava tão distante, o
caminho seria curto e agradável.

- Imagino que a movimentação de Manhattan não chegue perto da sua antiga cidade,
não é?

Clarice perguntou enquanto caminhava ao meu lado. Levantei o rosto e fitei seu
semblante descontraído em minha direção.

- Realmente, aposto que tem mais gente na Time Square do que em Mount Vernon
inteira.
A loira sorriu divertida, deixando que sua atenção fosse roubada pelos telões enormes
que os prédios possuíam. As propagandas comerciais eram todas feitas ali, e para ser
honesta funcionava muito bem, já que Manhattan era o centro financeiro de Nova
Iorque.

- Mas está gostando daqui?

Paramos em frente ao hotel Fairfield inn and suítes, local onde o Sky Room tinha
funcionamento. A loira permaneceu em minha frente, esperando sua resposta. Soltei
um pequeno sorriso, encarando os olhos azuis da mesma.

- Eu estou adorando!

- Fico feliz em saber, Lauren.

Repousei a mão na cintura da mesma, conduzindo-a para o interior do hotel. Depois


de uma longa conversa com Vero, a mesma me liberou duas entradas para o Sky
Room, disse que havia ganhado de uma das moças que conheceu a alguns dias atrás.
Eu não me interessei muito em ouvir a historia, estava mais interessada em conseguir
o passe livre para o bar. O Sky Room era um dos melhores bares de Nova Iorque, um
ponto atrativo para muitas pessoas de alto poder aquisitivo. Imaginei que seria uma
boa primeira impressão levar a loira a um lugar tão agradável como aquele.

- Esse lugar está sempre incrível. – murmurou Clarice, quando as portas metálicas do
elevador se abriram.

- É a primeira vez que venho, e me parece ótimo.

- Você precisa conhecer muitas coisas nessa cidade.

- Eu irei, com toda certeza.

Estávamos no trigésimo terceiro andar do hotel, na cobertura do prédio. Era um


espaço amplo e moderno, com detalhes de vidro por todos os cantos. Iluminação
mediana, que dava um ar mais reservado ao ambiente. Havia um pequeno palco onde
uma banda de Jazz tocava uma musica animada para todos que estavam ali,
bebericando suas taças e copos repletos de álcool.
- Aonde quer sentar?

Estávamos perto da entrada ainda, onde havia algumas pequenas mesas com bancos
acolchoados na cor branco. Havia alguns casais, outros amigos em uma conversa
divertida.

- Podemos sentar em um lugar mais reservado.

Clarice me lançou um olhar sugestivo, e ao mesmo tempo animado.

- Podemos ficar um pouco naquelas mesas perto do palco, e em seguida procuramos


um lugar mais calmo.

Eu tentei dar outra a opção, mas a mulher me puxou pela mão até as mesas da
frente. O lugar estava lotado, e bem animado diga-se de passagem. Sentamos na
área mais próxima do palco, para aproveitar um pouco mais do show. A banda de
jazz era maravilhosa, Clarice se divertia bastante enquanto bebia. Eu segurei mais a
quantidade de álcool aquela noite, eu não poderia me dar o luxo de ficar bêbada em
meio a uma investigação. Ficamos por um bom tempo em uma conversa animada,
flertes e até caricias. A loira já estava bem alterada para um começo de noite, foi
quando eu a levei para uma área mais reservada do Sky Room. A parte de fora da
cobertura tinha menos pessoas, apenas alguns casais.

- Me diz, você trabalha há muito tempo na C.E?

Clarice suspirou, levando o copo com vodka até os lábios, tomando um gole suave.

- Dois anos e meio, eu acho.

- É um bom tempo.

- Com certeza é, ninguém dura muito naquele lugar.

- Por quê? – perguntei tentando parecer sutil no assunto.

- Eu não sei. Os únicos que duraram foi John e o Heitor. Mas ele saiu há um tempo..

- Saiu? Preferiu seguir sozinho? - perguntei enquanto tomava um gole de minha


cerveja.

- Não! Ele e o Sr. Collins brigaram feio. Disseram que Christopher tinha um grande
projeto, mas precisava do voto do Sr. Martinez para ser aprovado. Heitor preferiu
apoiar outro cara, pois se apoiasse o Chris, ele seria o mais bem remunerado. Eu não
sei, é muito confuso. – Clarice falou enquanto se acomodava mais próxima a mim. –
Acabou que Heitor investiu em uma empresa fantasma, e teve suas ações perdidas.
Hoje em dia ele acusa o Sr. Collins.

- Empresa fantasma? – perguntei curiosa.

- Sim! O dinheiro dele foi praticamente todo roubado. Eu não sei, ele teve que ser
retirado da Collins.

- E nunca fizeram nada?

- Não, Heitor investiu por fora dos projetos da Collins, não queria participação do
Chris. Lembro que o clima pesou muito naquele lugar. Pensei que daria certo, mas
semanas depois Heitor ficou transtornado quando descobriu que tinha perdido tudo.

- E Christopher não fez nada?

Clarice soltou uma risada com tom sarcástico.

- Christopher Collins não ajuda ninguém. Acho que ninguém ali gosta dele, só John e
a esposa, é claro.

- E você? – perguntei colocando uma pequena mecha de seus cabelos loiros para trás.

- Eu preciso daquele emprego.

Soltei um pequeno sorriso e assenti.

- A esposa dele, Camila. Ela fica muito por lá?

Clarice meneou com a cabeça negativamente.

- A megera não gosta dali, tem sua própria galeria. E vive lá.

Soltei uma risada divertida ao ouvir a forma como a mulher se referiu a Camila.
Parecia que a Sra. Collins também não era um amor de pessoa.

- Não gosta dela?


- A Sra. Collins é como o marido, arrogante e acha que é dona do mundo. – seu tom
de voz revelava uma certa irritação. – Parece ser com aquele dinheiro todo, mas não
é!

Meus pensamentos vagaram por Camila, pela sua pose imponente, seu ar arrogante e
egocêntrico. Merda, eu adorava aquilo nela. A mesma sabia utilizar de toda sua
artimanha para conseguir o que quer. Camila era manipuladora e dissimulada, porém
sexy, muito sexy.

- Mas não vamos falar disso, podemos falar de coisas melhores, ou fazer coisas
melhores. – disse ela ao se aproximar, tomando meus lábios em um beijo.

Camila Cabello's Point Of View

- Mais um drink, por favor. – falei ao barman que sorriu galante.

- Vai voltar bêbada desse jeito! – Dinah riu.

- Não me importo! Estou num estresse daqueles.

- Esquece isso, Mila.

Dinah resmungou enquanto balançava seu corpo de um lado para o outro ao som da
banda de Jazz que tocava ao fundo. O ambiente estava lotado, e bem animado.
Estávamos no balcão de bebidas, sentadas nos bancos altos que ficavam grudados
ali. Christopher havia saído para assistir o jogo de futebol americano com seus
amigos insuportáveis, e eu prontamente chamei Dinah para beber no Sky Room. Era
um de meus lugares favoritos em Manhattan, sempre que podia estava presente no
mesmo.

- Estou fazendo isso, querida. – falei levantando a taça para Dinah que sorriu.

- Podemos ir para uma boate depois daqui.

- Não, eu não quero chegar tão tarde em casa.

- Preocupada com o marido? – perguntou ela com os olhos fixos em mim.

- Só estou evitando estresse.

- Sinceramente não sei por que você agüenta o Christopher.


Olhei para mesma com uma expressão que dizia "Serio que está me falando isso?" Vi
minha melhor amiga rolar os olhos de forma impaciente, o que me fez sorrir. A
antipatia de Dinah para com Christopher era simplesmente cômica. O rapaz alto que
preparava o drink se aproximou de mim, colocando a taça limpa sobre o balcão, para
somente em seguida despejar o liquido amarelado no interior da mesma.

- Aqui está senhorita. – disse ele com os olhos fixos em mim.

- Isso me parece estar ótimo, obrigada.

Soltei um sorriso para o mesmo, que permanecia com os olhos fixados em mim. Me
virei para Dinah, que meneava com a cabeça negativamente. A mulher segurou em
minha mão, puxando-me para longe dali.

- Você estava flertando com o barman?

Soltei uma risada alta, enquanto caminhava ao lado da morena para um canto mais
afastado do Sky Room. Eu me sentia um pouco alterada, meus sentidos estavam
começando a ficar um tanto descontrolados.

- Estava!

- E ainda admite?

- Por Deus, era só de brincadeira. Acha que vou me envolver com um barman que só
quer sexo?

- Pensei que gostasse de sexo. – Dinah falou me encarando.

- E eu amo. Mas só tem uma pessoa que está na minha lista de desejos agora.

Paramos na divisória da cobertura. Bem em frente à porta para a parte descoberta do


lugar. Eu me encostei na parede feita de vidro maciço, enquanto tomava um gole do
drink feito com suco de laranja e vodka.

- Camila, você sabe que isso é perigoso... – a loira falou com uma expressão seria.

- Eu gosto do perigoso, Dinah. É excitante.


Movi meu corpo ao som da musica de fundo, acompanhando o ritmo mais animado
que tocava ali. Pelo canudinho suguei mais um pouco da bebida antes de largar sobre
uma mesa vazia. Levei as mãos até meu vestido preto, ajeitando o tecido que subia
lentamente quando eu dançava. Espalmei a mão na parede, sentindo minha cabeça
girar.

- Eu preciso de ar.

- Você precisa parar de beber, já esta bêbada.

- Shhh. Volto logo, vou só tomar um ar fresco.

Dinah assentiu antes de voltar sua atenção à banda que animava o lugar. Eu me
afastei da mesma, caminhando para fora do ambiente fechado. A parte de fora era
menos iluminada, o que se destacava era a bela visão do arranha-céu de Manhattan.
Ao caminhar para a parte mais afastada vi uma silhueta familiar, estava sentada
sobre o sofá acolchoado marrom, ao lado de outra mulher.

- Não pode ser...

Estreitei meus olhos na tentativa de enxergar melhor, mas não tive sucesso. Me
aproximei lentamente de uma das pilastras de concreto mais próxima, para não atrair
a atenção de quem eu imaginava. Quando uma das mulheres se levantou, fazendo-
me ter a certeza de quem estava ali.

- Maldita. – sussurrei ao ver Clarice em pé com um sorriso nos lábios.

Lauren estava sentada falando algo, que provavelmente fazia a outra sorrir feito uma
otaria. Rolei os olhos com a cena patética, até notar que a loira de cabelos medianos
se afastou. Lauren levantou do sofá, e caminhou para o batente de vidro do outro
lado da cobertura.

Minha vez.

Ela estava de costas para mim. Usava um vestido justo de alças finas, que batiam no
meio de suas coxas grossas e torneadas. Eu só ainda não havia conseguido identificar
se a cor era preto ou azul marinho, mas nem sequer me importava. A bela visão do
corpo da agente sobre aquela pequena peça de roupa só me rendia uma conclusão.

Lauren estava simplesmente gostosa.


Vi a mesma acender um cigarro, no qual tragou com gosto, antes de soltar a lufada
de fumaça que se espalhou pelo ar. Caminhei em passadas lentas, até ficar atrás da
mesma. Ela abaixou a mão, deixando ao lado de seu corpo. Com delicadeza levei
minha mão até a dela, para capturar o cigarro entre seus dedos rapidamente. A
mulher virou em minha direção em um movimento rápido, mas travou os movimentos
assim que fixou os olhos em mim.

- Deus! – exclamou.

Eu sorri de forma cínica, para em seguida levar o cigarro até os lábios. Suguei com
vontade, sobre a supervisão dos olhos verdes e surpreso de Lauren. E então tirei o
mesmo da boca devagar, para soltar a fumaça entre os lábios lentamente.

- Olá, agente Jauregui. – falei com um largo e malicioso sorriso.

- O que está fazendo aqui, Camila? – perguntou surpresa.

- Esqueceu do Sra. Collins foi? – perguntei cínica.

Lauren olhou para os lados e depois me fitou intensamente. Em seus olhos refletiam o
brilho das iluminações dos prédios ao redor, estavam obscuros e misteriosos.
Estávamos praticamente sozinhas naquela área mais afastada do Sky Room.

- Não, desculpe.

- Tudo bem, não se preocupe. – falei levando o cigarro até os lábios novamente.

Me apoiei sobre o batente de vidro, olhando para toda aquela vista ao nosso redor. O
prédio no qual estávamos dava visão para o Midtown e o Empire State, que
permaneciam grandiosos e iluminados.

- O que faz aqui?

- Eu é que pergunto. Na verdade, vi bem o que faz aqui.

Lauren engoliu em seco e assentiu.

- Está mesmo interessada nessa mulher?


- Eu acho que não tenho a obrigação de responder essa pergunta Sra. Collins.

Eu sorri de canto, e traguei o cigarro pela ultima vez antes de atira-lo fora.

- Sabe que pode ter coisas melhores não é?

- Posso?

Eu caminhei apenas um passo a frente, parando a poucos centímetros do corpo de


Lauren que paralisou. Os olhos da mulher fixaram-se em meus lábios, no qual fiz
absoluta questão de umedecer com a ponta da língua. Seu par de esmeraldas, ou
melhor, seus olhos, fitaram-me intensamente. Eu senti meu corpo aquecer, e aquela
vontade maldita de beijá-la.

- Deve. – sussurrei.

Eu senti as mãos de Lauren repousarem sobre minha cintura, em um aperto gostoso.


Meu peito inflou em uma respiração forte e surpresa, eu mordi o lábio inferior fazendo
a mulher negar com a cabeça em uma tentativa idiota de se controlar. Fiz questão
que nossos corpos se tocassem, para que ela sentisse ainda mais vontade de realizar
o que eu tanto queria. Lauren apertou mais, dessa vez, puxando-me para junto de si.

- Me beija, Lauren.

Em um ato rápido ela se afastou, e antes que eu pudesse reclamar, Lauren me puxou
pela mão, arrastando-me para uma parte mais escondida do lugar. Eu senti minhas
costas colidirem contra o concreto da parede com certa força, logo o corpo da mulher
se uniu ao meu em uma pegada de tirar o fôlego. Eu suspirei pesado quando senti as
mãos possessivas de Lauren se distribuírem por meu corpo, uma em minha nuca, e a
outra em minha cintura. Soltei um sorriso cínico, e ela prontamente o retribuiu.
Fechei meus olhos, quase soltando um gemido ao sentir a língua quente e macia de
Lauren ir de encontro ao meu pescoço. Eu tinha meu corpo pressionado com o dela,
enquanto seus lábios e sua língua deslizavam por minha pele.

- Vagabunda. – murmurei quando ela chupou com força.

Eu tinha total certeza que aquilo ficaria marcado, mas naquele instante nada me
importava. A mão possessiva de Lauren desceu lentamente de minha cintura até
minha bunda, na qual alisou devagar antes de apertar com força.

- Hmm! – Gemi sem poder me conter.


Ela sorriu contra minha pele, um sorriso tão diabólico quanto o meu. Para em seguida
beijar novamente meu pescoço, deslizando seus lábios macios pela região. Ergui uma
de minhas mãos até seu cabelo, deixando que meus dedos se perdessem entre as
madeixas escuras. A morena pressionou sua coxa entre minhas pernas, causando um
maldito atrito em minha boceta. Eu permaneci com os olhos fechados, sentindo a
ponta da língua de Lauren subir de meu pescoço até o lóbulo da minha orelha. Ela
lambia como uma felina sedenta, eu sentia meu corpo inteiro em chamas, e a
situação só se intensificou quando uma de suas mãos adentraram pela barra de meu
vestido. Em um gesto ousado, ela driblou o tecido de minha calcinha, tocando com a
ponta do dedo indicador e mediano a minha boceta molhada.

- Filha da puta! – murmurei em um gemido arrastado.

Lauren sorriu, e voltou com a língua pela linha do meu maxilar até meus lábios, no
qual lambeu rapidamente. Assim que ela afastou a boca de minha pele, eu abri os
olhos encarando-a. Ela tinha um sorriso malicioso.

- Desculpe, meu bem. Hoje eu estou acompanhada. – disse ela em um tom sarcástico
ao me soltar.

Antes que eu pudesse pronunciar qualquer palavra, Lauren se afastou mais.

- Tenha uma boa noite, Sra. Collins.

Ela se afastou com um sorriso vitorioso, enquanto levava os dois dedos até os lábios,
chupando lentamente como se estivesse se deliciando de meu sabor.

Maldita.

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Um dia da caça, e o outro do caçador, não é mesmo?

Os erros arrumo depois. Até o próximo!


Capítulo 8 - Punição

Heey! Demorei, mas voltei!

Bom, primeiramente queria agradecer todos os comentários e dizer que eu amo muito
a interação de vocês aqui. Esses tempos eu ando com certo bloqueio para escrever,
estou um pouco desanimada, cheguei a pensar em dar uma pausa em Xeque-Mate,
mas eu vou continuar tentando. As meninas e eu temos esse compromisso com vocês
e sei que não seria bom deixar de lado. Só quero pedir a paciência de todos caso os
capítulos demorem mais para sair.

Enfim, chega de papo e vamos ao que realmente importa. Sei que estão curiosos para
saber o que Camila vai fazer para se vingar. Então...

Façam uma ótima leitura, arrumo os erros depois.

Evelin.

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Camila Cabello's point of view.

Caminhei em passos lentos ao lado de Christopher até a entrada da Collins


Enterprise. Ele me olhou de canto, e lançou um sorriso feliz. Na noite anterior fizemos
as pazes, logo após eu ter chegado do Sky Room. Meu marido já estava em casa,
deitado em nossa cama enquanto assistia os comentários do jogo que havia saído
para ver. E eu, como boa esposa, dei ao mesmo o carinho que tanto ele havia pedido
na noite anterior. O que rendeu um homem bem humorado no dia seguinte, a ponto
de realizar um pequeno pedido meu.

- Tem certeza que não quer que eu peça para alguém do RH fazer isso? – perguntou,
enquanto acenou para um dos funcionários.

- Tenho, meu amor.

Passamos pelo sistema de identificação biométrica na entrada, recebendo alguns


olhares discretos. Na C.E os funcionários sempre mantinham em uma postura séria,
sem demonstrar qualquer tipo aparente de distração. Tudo se devia aos supervisores
rigorosos, a mando de Christopher. Atravessamos a ala principal da entrada,
caminhando em direção aos elevadores do outro lado. Dois dos três elevadores
estavam ocupados, dando a escolha do que estava na lateral esquerda. Não demorou
muito, e logo estávamos no ultimo andar, onde ficava a sala de meu marido. Aquela
área ficava reservada unicamente para sua sala, tendo divisória somente para a mesa
da secretaria, que até o momento estava completamente vazia.

Atrasada, que ótimo.

- E depois diz que não tenho razão. – falei ao deslizar a ponta dos dedos sobre a
madeira fria da mesa de Clarice.

Christopher me lançou um olhar, que dizia "você está exagerando". Mas logo virou-se
em direção a sua porta, entrando em sua sala. Caminhei rapidamente sobre meus
saltos finos, logo atrás do mesmo. Meu marido largou sua pasta de couro marrom
sobre a mesa, e então desabotoou os três últimos botões de seu paletó, na cor azul
marinho, sendo coberto por linhas finas de giz. Ele sentou em sua cadeira, e deixou
sua atenção se roubada pelos papeis que estavam sobre a mesa. Eu me aproximei do
mesmo, levando as mãos até seus ombros onde apertei devagar.

- Não vou demorar muito aqui, ok? Tenho que ir para a galeria com Dinah. – disse,
depositando um beijo na nuca dele.

- Tudo bem, querida. Eu também tenho uma serie de reuniões hoje.

Christopher olhou para fora da sala, provavelmente a procura de algum sinal de


Clarice. Levantou parcialmente o braço para olhar as horas em seu relógio de ouro, já
passava das oito e nem um sinal.

- Ela nunca se atrasa.

- Dinah me contou que viu ela no Sky Room ontem. Deve estar de ressaca.

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, ouvimos o barulho do bipe do
elevador. Dando espaço para uma Clarice apressada, e um tanto desajeitada. A
mulher ainda tinha o rosto com leves marcas de quem havia acabado de acordar. Seu
uniforme contava com ondulações amassadas de puro desleixo.

- Desculpe a demora Sr. Collins. – disse assim que pôs os pés dentro da
sala.

Christopher fitou a mulher por alguns segundos, assim como eu. Deslizei os finos
dedos sobre os ombros de meu marido, enquanto analisava a postura de Clarice a
nossa frente. A imagem de Lauren agarrada naquela mulher se desenhou em meus
pensamentos, fazendo-me expulsar qualquer tipo de dó que eu poderia ter.

- Clarice, eu quero que você passe no RH. Nós não vamos mais precisar de seus
serviços.

A mulher deixou que seu queixo caísse em surpresa, não esperava por tal noticia
aquela hora da manhã. Eu respirei fundo, erguendo a cabeça em uma postura firme.

- O que?

- Exatamente isso que ouviu.

- Mas senhor, eu sei que me atrasei e sinto muito.

- Não se preocupe, vamos pagar tudo conforme a lei.

- Foi pelo meu atraso?

- Sua falta de compromisso, minha querida. Você não está enquadrada nos quesitos
da Collins Enterprise. E eu tive que tomar providencia. – Falei, caminhando para mais
próximo da mulher.
Eu sentia o olhar furioso da secretaria sobre mim, como se ela soubesse exatamente
que fui eu quem ordenou sua demissão. No fundo ela sabia, as mulheres sempre
sabem, mas eu honestamente não me importava nenhum pouco o que ela achava ou
não. Movi meus lábios em um sorriso, para a mesma que apenas me fitou.

- Tudo bem, com licença Sra. Collins.

A mulher saiu da sala, e eu me permiti caminhar logo atrás dela. Fechei a porta, para
que Christopher não escutasse absolutamente nada do que se passava do lado de
fora. A secretaria começou a arrumar suas coisas, enquanto eu apenas assistia tudo.
Ela não me parecia estar triste ou chateada, sua expressão carrancuda revelava
raiva.

- Foi você não é? – murmurou. - Que fez ele me demitir?!

- O que?

- Não se faça de sonsa! Você me demitiu! – esbravejou.

- Sim. – disse, aproximando-me mais da mesa.

- Como pode ser tão megera?

Ela me encarou sem qualquer tipo de respeito. Eu franzi o cenho na direção da


mulher, que agora parecia ter as garras de fora.

- Eu deixei bem claro da ultima vez para você ter cuidado.

- Você acha que é dona do mundo?

Ela estava mesmo querendo medir forças comigo?

- Do mundo ainda não. Mas dessa empresa sim. Agora pare de encher minha
paciência e pegue suas coisas, saia daqui.

- Você ainda vai se dar muito mal Sra. Collins.

- Estou recebendo ameaças? – perguntei, enquanto repousava minhas duas mãos


sobre a mesa da mulher. – Porque se for, eu devo dizer que posso ser bem melhor do
que você em fazer isso.

- Você é uma...
- É melhor você ficar calada. Não aconselho terminar sua frase.

Clarice se afastou, lançando-me um olhar furioso. Agarrou sua bolsa, na qual


despejou seus objetos pessoais, e se retirou em passos apressados e duros. Assim
que a mulher desapareceu no elevador, peguei o celular no bolso de minha calça
jeans azul claro. Vasculhei a agenda telefônica por alguns segundos, até encontrar o
nome de Lauren. Não demorou muito, apenas três toques e eu pude ouvir a voz rouca
da mulher no outro lado da linha.

- Sim senhora Collins? – eu podia notar uma pitada sarcástica em sua voz.

- Bom dia agente Jauregui.

- Bom dia.

- Eu vou precisar de seus serviços hoje, estou na empresa de meu marido. Pode vir
até aqui? – perguntei, sem qualquer tipo de incomodo na voz. Lauren com toda
certeza pensava que eu estaria cuspindo fogo.

- Claro, estou saindo da delegacia em quinze minutos, chego logo.

- Tudo certo, obrigada, querida. – disse, ao desligar.

Guardei o telefone no bolso, soltando um suspiro animado entre os lábios. Eu ia


adorar ver a cara de Lauren ao saber que sua doce Clarice havia sido demitida. Fiquei
por alguns segundos divagando sobre nossa possível conversa, quando ouvi
novamente o bipe do elevador. De longe vi John caminhar na direção da sala de
Christopher, ao lado de uma bela mulher.

- Bom dia Sra Collins. – O homem falou.

- Bom dia, John. – disse, deixando meus olhos sobre a bela negra ao seu lado.

- O Christopher está?

Eu assenti com um breve sorriso, e caminhei para sala de meu marido, sendo seguida
por ambos. Christopher franziu o cenho assim que os fitou, mas logo relaxou. Eu
caminhei até seu lado novamente.

- Bom dia, senhor. – disse ela.

- Christopher, essa é Normani Kordei, a nova contratada. Normani, esse é o


Christopher Collins, e sua esposa, Camila Cabello.

Meu marido de forma gentil levantou-se de sua cadeira e estendeu a mão a bela
mulher. Normani era dona de um corpo maravilhoso, uma pele de tonalidade linda e
delicada. Seus traços eram finos, acompanhados de lábios carnudos e cabelos longos
e pretos. Com um belo sorriso, ela cumprimentou o homem e logo depois a mim.

- Muito prazer.

- Bom, como você me avisou da demissão da Clarice. A indicada para substituí-la está
no financeiro de nossa empresa. Normani havia sido contratada para o faturamento,
mas tem ume extenso currículo para contábeis. – John deu uma breve pausa e então
continuou. – Mas como sei que todos os funcionários do financeiro precisam passar
por sua supervisão, trouxe a moça aqui.

Christopher assentiu.

- Ela fez a entrevista?

- Sim senhor, ela passou pela seleção e com uma ótima posição eu diria.

Normani sorriu animada.

- Se ela foi tão bem assim, não me incomodo. Só leve ela para fazer o cadastro no
sistema e tirar o microchip.

- Ela foi indicação sua? – perguntei a John.

O homem lançou um olhar rápido para a mulher ao seu lado, e depois voltou à
atenção a mim.

- Não senhora, eu só trouxe a pedido do Marcus.

- Então, seja muito bem vinda, Normani. – disse com um sorriso para a mulher.

- Muito obrigada! Eu darei o melhor de mim para sua empresa.


- Assim espero. Mas não duvido disso. – Christopher falou de forma gentil.

- Tenha um bom trabalho Srta Kordei.

Ela assentiu antes de se retirar ao lado de John. Assim que os dois se puseram para
fora da sala, Christopher me fitou e se aproximou.

- Você vem uma vez ou outra aqui e vai mudando tudo.

- Só tirei sua secretaria incompetente, meu amor.

- Seus ciúmes é uma coisa.

O homem tocou em minha cintura, fechando as mãos em meu corpo, no qual puxou
para mais junto de si. Fechei os olhos assim que senti os lábios de Christopher se
unirem aos meus em um beijo calmo.

- Quem é a moça que será sua secretaria agora? – perguntei ao soltar os lábios dele.

- Rachel, aquela morena do financeiro. Ela é de minha confiança, e pelo visto já


conseguimos uma boa substituta para o lugar dela lá. Essa moça, Normani, me
parece à primeira vista competente.

- Sim, parece. Espero que dê certo.

- Vai dar sim.

Meu marido me fitou por alguns segundos, e assim que se aproximou para beijar
meus lábios, meu celular tocou.

- Deve ser Lauren. Eu vou para galeria, tenho um contrato para revisar! Querem fazer
uma exposição de arte moderna na galeria.

- Não pode ficar mais um pouquinho aqui comigo? Tenho reunião daqui a meia hora.

Levei as mãos até o rosto de meu marido, trazendo seu rosto para mais junto do
meu. Beijei seus lábios rapidamente e me afastei.

- Não posso, como disse, tenho mil coisas para resolver. Mas vejo você em casa,
querido.

Ele suspirou, encostando-se da estante atrás de si.

- Tudo bem, bom trabalho.

Eu parei na soleira da porta, encarando o mesmo com um sorriso.

- Para você também, meu amor.

Tirei o celular do bolso assim que entrei no elevador, mandando uma rápida
mensagem para Lauren, pedindo que me esperasse na entrada principal. Assim que
saí do elevador, vi Clarice no fundo do corredor conversando com outra mulher, que
eu julgava ser a recepcionista. Assim que a mulher colocou os olhos sobre mim, notei
sua fúria iminente, então soltei apenas um breve sorriso e continuei meu caminho até
Lauren, que me esperava do lado de fora.

Uma peça derrubada.

Mero peão.

Assim que vi a agente parada na entrada um novo sorriso se instalou em meus lábios,
sorriso que tratei de cortar rapidamente. Coloquei meu óculos de sol no rosto, e
caminhei até o luxuoso carro que estava preparado para mim na entrada. O motorista
abriu a porta assim que me viu, senti os passos de Lauren logo atrás de mim. Mas eu
nem sequer dei atenção.

- Vou no meu carro. – disse ela ao se aproximar da janela do carro.

- Certo, estou indo para galeria.

Lauren apenas assentiu, eu podia notar a expressão divertida em seu rosto, então
subi o vidro do carro antes mesmo que ela pudesse pronunciar qualquer palavra.

- Siga para galeria, Carlos.

Pelo espelho retrovisor, eu tive a imagem de uma Lauren em pé, olhando para meu
carro que se afastava gradativamente. Sua expressão era confusa, e divertida. Ela
estava acreditando mesmo que eu ainda estava irritada pela noite anterior, e eu
realmente estava, mas já havia dado o troco. E um belo troco.

Lauren Jauregui's point of view.


Vi o carro negro e luxuoso no qual Camila estava se afastar. A morena tinha uma
postura seria, um tanto irritada. Não fez questão sequer de falar direito comigo, mas
eu não iria me importar. Não iria cair nos caprichos de uma provocadora, ela havia
tido o que merecia. Suspirei e voltei para meu carro, quando no caminho vi Clarice
sair pela entrada principal. Ela não tinha uma expressão boa, pelo contrario.

- Hey.

Me aproximei da loira, que me fitou seria.

- O que houve? – perguntei preocupada.

Clarice me fitou novamente, e suspirou enquanto ajeitava sua bolsa no ombro


esquerdo.

- Eu fui demitida.

- O que? Como assim? Aconteceu algo?

Ela meneou com a cabeça negativamente, quando levou uma das mãos até o rosto
para limpar uma lagrima.

- Eu cheguei um pouco atrasada hoje, mas não sei o real motivo.

Por um instante eu me senti culpada, Clarice acordou tarde por ter ficado no hotel
comigo. Nossa noite havia sido interessante, eu não negaria que a loira sabia muito
bem como dar prazer a alguém, e fora isso, havia ajudado muito em minha
investigação.

- Tem certeza que não foi pelo atraso? Eu posso tentar falar com o Sr. Collins.

- Não precisa, eu tenho certeza que foi a mulher dele que fez isso. Na verdade, nem
duvidas tenho. Eu só não sei o que fiz para ela.

Eu fechei os olhos rapidamente, pensando que fazia todo sentido. Que filha da puta.

- Eu sinto muito. – falei ainda pensando em Camila.


- Tudo bem, eu vou indo. Tenho uma carona para voltar pra casa.

- Certo, se cuida. Eu vou trabalhar.

Clarice beijou meu rosto rapidamente, e sorriu amarelo.

- Ligo pra você depois.

Eu apenas assenti e me afastei. Clarice havia sido demitida, e eu sabia exatamente


por quem, e o porquê. Como Camila poderia ser tão má? Ela tinha poder para aquilo,
e não se importava em usar. Entrei em meu carro, arrancando com o veiculo até a
galeria Cabello. Ela teria que me dar boas explicações.

Em poucos minutos parei com o carro no extenso estacionamento da galeria. Sai do


veiculo rapidamente, e trilhei caminho até a entrada. O salão principal estava vazio, e
mesmo assim, podia se notar o quão grande e luxuoso aquele lugar era. Eu já havia
passado em frente aquele lugar na noite anterior com Clarice, e a loira havia me
contado que Camila era dona. Mas não fazia idéia do quão importante aquilo fosse
ser. Deixei que meus olhos varressem todo ambiente, a procura de um sinal da
mulher.

- Que droga.

Ouvi um pequeno barulho, quando um senhor de boa idade surgiu no salão. Ele usava
um uniforme azul marinho, e um boné da mesma cor. Em suas mãos havia alguns
itens para limpeza.

- Com licença, senhor. Sabe onde está Camila?

O home assentiu.

- A senhora Cabello está no segundo andar, em sua sala. Você pode subir por aquelas
escadas da direita, vai encontrar uma sala logo de frente.

- Obrigada.

Eu atravessei o salão vazio, ouvindo o barulho de meus sapatos no piso de mármore.


Subi a enorme escadaria, que dava de frente para a sala que o senhor havia me
informado. Me aproximei lentamente da porta de madeira, na qual bati duas vezes. A
voz de Camila soou ao fundo, permitindo minha entrada. A mulher que estava
concentrada em um folhetim que tinha nas mãos, levantou a cabeça para me fitar. Ao
ver minha expressão, ela sorriu.
Filha da puta.

Karla Camila tinha uma expressão como quem soubesse exatamente o que se
passava. Ela sorria cinicamente, porém, com uma postura seria. Hoje, ela usava uma
blusa branca, que dava uma visão parcial de sua barriga lisinha, coberta por uma
faixa grossa que fazia parte da blusa. Por cima dela, havia um blazer azul marinho,
com uma listra branca nas pontas; na parte debaixo, uma calça jeans com diversos
cortes. Seu cabelo estava liso e solto, dando um ar serio ao seu traje casual.

Ela estava linda, merda.

- Por que fez isso? – perguntei assim que fechei a porta.

- Isso o que? - perguntou, voltando sua atenção aos papeis.

Rolei os olhos e cruzei a sala em passos rápidos. O escritório de Camila era grande,
com moveis modernos. Sua mesa de vidro ficava bem a frente de uma janela grande,
que dava a visão da rua movimentada do lado de fora. As paredes brancas tinham um
belo contraste pelos quadros que possuía.

- Não se faça de cínica.

- Do que está falando, agente Jauregui?

- Você demitiu Clarice! – Esbravejei.

Ela colocou os olhos sobre mim, e reprimiu os lábios em um sorriso.

- Então ela já te contou a novidade? Estão se falando bastante pelo visto.

- Como você pode fazer isso? Ela dependia daquilo!

- Eu posso fazer o que eu quiser, Lauren. Ela não servia para a empresa do meu
marido.

Camila levantou de sua cadeira, carregando algumas pastas nas mãos. Cruzou sua
sala, passando ao meu lado, dando-me a chance de sentir seu perfume doce e ao
mesmo tempo forte; eu fechei os olhos respirando bem fundo, deixando que o aroma
da morena invadisse minhas narinas. Virei de frente para ela, que guardava tudo em
uma estante de madeira fina ao lado da porta. Eu não podia deixar de notar como ela
ficava fodidamente gostosa de jeans, digamos que realçava perfeitamente bem suas
curvas sinuosas.

- Ela trabalhou lá por anos, e só agora viu que não servia? – perguntei em um tom
irônico.

Ela fechou as portas da estante, e virou em minha direção com um sorriso. Aquele
sorriso.

- Ok, Jauregui! Você é bem espertinha para saber o motivo pelo qual eu fiz ela ser
demitida não é?

Camila falou, encostando-se na estante atrás de si.

- Oh, meu Deus. Você não vale nada!

A morena deslizou a ponta da língua sobre o lábio inferior, e se afastou da estante,


caminhando lentamente em minha direção. Em passos calculados, ela me rodeou,
como se estivesse me analisando por completo. Eu engoli em seco no exato instante
que ela parou atrás de mim, e inspirou perto de minha nuca.

- Isso nunca foi um segredo para você, Lauren. – sussurrou, e então caminhou
novamente, agora em direção a sua mesa.

Eu me sentia a beira de um abismo na presença daquela mulher. Era como se a


qualquer instante Camila pudesse me empurrar, fazendo-me perder completamente
todos os sentidos. E o pior de tudo, eu gostava. Gostava da maldita sensação do
perigo, do errado. Eu adorava me sentir tão tentada por ela. Tão viva e...excitada.

- Realmente, eu sempre soube que você não valia nada. Desde a droga daquele bar.

- Se pensa que isso me ofende, está enganada.

Eu não podia acreditar. Camila era totalmente cínica, e não se importava com isso.

- Não me olhe com essa cara, não é como se você não gostasse. Você dormiu com a
secretariazinha não é? Mas eu tenho certeza que não foi tão bom quanto foi comigo.

Realmente.
- Não me confiava muito nisso, Karla. – soltei confiante.

Ela franziu o cenho, com os olhos fixos em mim, e logo depois soltou uma risada alta.

- Não vai mesmo dizer que aquela mulherzinha foi melhor que eu, não é? Lauren, por
favor. Vou começar a achar que não sabe o que é bom na cama.

A morena virou de costas, e começou a arrumar algumas papeladas em


cima da mesa.

- Ela foi. – menti.

Camila virou-se em minha direção, com uma expressão neutra.

- Foi melhor do que eu?

- Sim, ela foi muito, muito boa.

- Você é uma cretina. – xingou, e internamente eu comemorei por sua irritação


súbita.

Ela pegou as ultimas pastas que estavam sobre a mesa, e repetiu o mesmo processo
de poucos minutos. Camila organizou delicadamente as pastas ali, enquanto eu me
aproximei, encostando o ombro esquerdo na porta que estava fechada do armário.

- Acha que é a melhor sempre? – soltei uma risadinha sarcástica.

A morena que estava concentrada ergueu seu corpo, fechando a porta para me fitar.

- Eu não acho, eu sou.

- É?

- Acho que você se esqueceu, Lauren. Mas não se preocupe, eu vou lembrar você.

Antes que eu pudesse pronunciar qualquer palavra, senti as mãos de Camila em


minha cintura, ao mesmo tempo que seus lábios se uniram aos meus. Minhas costas
foram de encontro à porta do armário, enquanto a morena prendia-me com seu
corpo. Por uma fração de segundos eu tentei não querer, tentei recusa - lá, mas
nenhum ser humano conseguiria evitar. Camila deslizou a ponta da língua por meu
lábio inferior antes de colocá-la dentro de minha boca, eu suspirei, levando uma das
mãos até os cabelos da morena. E com as madeixas enrolada em alguns dedos, puxei
com certa força, obrigando-a a soltar meus lábios. Seus olhos se abriram, dando-me
a chance de fitar a Iris de tom castanho tão intenso, que me engolia com pura
malicia. Seus lábios estavam entreabertos, avermelhados, e perdidamente
chamativos. A respiração de Camila estava um pouco alterada, fazendo as lufadas de
ar vir com certa força contra meu rosto. Ela apertou os dedos envolta de minha
cintura, e puxou meu corpo com força, e então eu a beijei novamente.

- Eu odeio você. – murmurei contra os lábios dela.

- Eu também te odeio.

Voltei minha atenção à boca carnuda de Camila, enquanto guiava o corpo da morena
para o sofá daquela sala. Em passos lentos e desajeitados seguimos, levei minhas
mãos até o blazer azul marinho da morena, tirando-o de seu corpo com força e
rapidez. Camila virou seu corpo, deixando-me de costas para o sofá. Com as duas
mãos, ela empurrou meus ombros, obrigando-me a sentar. Em poucos segundos, ela
sentou em meu colo, deixando uma perna de cada lado de minhas coxas.

- Vou lembrar você do que realmente gosta.

Naquele momento eu já não me importava mais com as conseqüências, e nem com o


que viria depois daquilo. Eu só queria aquela mulher, queria sentir seu corpo, seu
gosto. Estar com Camila era como se colocar a prova de qualquer perigo, a adrenalina
que percorria em mim só me fazia querer continuar. Eu fechei os olhos e arfei no
exato instante que senti a língua quente e macia da latina em meu pescoço, fechei
minhas mãos em suas coxas, apertando com força mais do que necessária. Ela tinha
uma das mãos em meus cabelos, puxando na medida certa.

- Você é um inferno! – murmurei, ela mordeu a pele de meu pescoço, e em seguida


chupou.

Senti as mãos ágeis de Camila desabotoarem minha camisa, um a um, enquanto seus
lábios rosados deslizavam por minha clavícula. Segurei firme em seu quadril,
movimentando seu corpo, causando um atrito desesperador entre nós. Os jeans que
usávamos se esfregavam com veemência, deixando-me cada vez mais perdida. Ela
abriu minha camisa totalmente, e seus olhos fitaram-me famintos. Eu estava usando
um sutiã cor de vinho, que se destacava em minha pele. A latina lambeu a minha
pele, como uma felina, desde o vale entre meus seios até a ponta de meu queixo.
- Tinha esquecido como você é gostosa, Jauregui. – sussurrou, fazendo
meu corpo inteiro tremer.

Ela moveu seu quadril, uma, duas, três vezes, que foram o suficiente para piorar
minha situação. O tecido grosso me deixava presa, mas ao mesmo tempo
intensificava tudo. Eu levei as mãos até a delicada blusa da morena, na qual tirei de
uma só vez. Os cabelos dela repousaram desgrenhados, dando um ar mais sexy
aquela visão. A latina estava sentada em meu colo, usando um sutiã rendado na cor
preto, deixando seus seios medianos apertadinhos por trás do tecido. Ela mordeu os
lábios, e eu levei os meus até sua pele. Camila arqueou a cabeça para trás assim que
comecei a beijar seu busto, clavícula até parte superior de seus seios.

- Lauren... – Sussurrou, quando movi seu quadril com mais força.

Eu queria mais contato, eu queria senti-la. Ela se esfregava em mim com força,
enquanto minha língua buscava o mamilo do seio da morena. Minhas mãos subiram
por suas costas, tocando a pele quente e macia, até chegar no fecho de seu sutiã, no
qual desabotoei rapidamente. Eu abri meus olhos a tempo de ver a delicada peça
intima deixar seu corpo, dando-me a visão maravilhosa de seus seios amostras para
mim.

Eram lindos e atrativos.

Eu desabotoei a calça jeans da morena rapidamente, enquanto ainda beijava seu


corpo. Camila se ergueu, ficando de joelhos sobre o sofá, deixando seus seios a uma
altura considerável em relação a meu rosto. Eu não me contive, abocanhei um de
seus seios, sentindo a pele macia e delicada contra minha língua. A morena gemeu de
forma tão gostosa para meus ouvidos, eu abri os olhos e a vi me fitar com aqueles
olhos flamejantes. Camila assistia a tudo que eu fazia, a cada movimento que meus
lábios e minha língua faziam em seu seio. Eu abaixei um pouco a calça jeans da
morena, e logo subi com as mãos até a sua cintura, para que ela não afastasse seu
corpo do meu. A latina capturou uma de minhas mãos, e com maestria guiou até
onde precisava.

- Sente, sente como eu fico molhada pra você. – sussurrou com aquela expressão
maliciosa.

Dei minha atenção ao outro seio da morena, movendo minha língua rapidamente
sobre o mamilo rígido que ela tinha. E desci com a mão dentro de sua calcinha, e me
praguejei por aquilo mil vezes. A boceta de Camila estava simplesmente encharcada.

- Porra.

- Oh, isso, sente. – gemeu.

Meus dedos deslizaram entre os lábios maiores até a entrada molhada da morena,
ficando totalmente encharcada. Com eles totalmente molhados voltei à parte de cima,
sobre o clitóris de Camila, e massageei lentamente. Eu a vi fechar os olhos, e morder
os lábios com certa força. Não era porque Camila estava sendo tocada, que eu não
sentia prazer. O fato de ter aquela mulher naquele estado sobre mim era
infinitamente prazeroso, senti-la daquele jeito me deixava totalmente inebriada. As
mãos da morena vieram em direção a meu rosto, erguendo minha cabeça para beijar
seus lábios. A língua quente e ávida da morena entrou em minha boca, movendo-se
de uma maneira deliciosa com a minha. Antes que eu pudesse senti-la por completo,
ouvimos batidas fortes na porta.

- Merda, não! – eu segurei ela.

"Camila!"

Ouvi uma voz feminina chamar do outro lado da porta.

- Só um instante Dinah! Espere um pouco! – gritou derrotada.

Karla Camila desceu de meu colo com rapidez, capturando seu sutiã que estava
jogado ao nosso lado no sofá. Eu fechei minha camisa o mais rápido que podia,
enquanto a mulher a minha frente tentava se recompor. A situação poderia ser
engraçada se eu não estivesse querendo matar quem quer que fosse do outro lado da
porta. Camila vestiu a blusa branca, e em seguida o blazer azul.

"Camila, está tudo bem?" perguntou a mulher lá fora.

- Sim, só espere um pouco!

- Merda, o que vão pensar de nós agora? – perguntei tendo um surto da realidade.

Camila me fitou, e riu enquanto ajeitava seu cabelo em frente ao espelho que havia
ali. Por Deus, ela estava mesmo rindo da situação?
- Do que você está rindo? – sussurrei.

A morena virou seu cabelo para um lado só, e com a ponta dos dedos tentou
contornar o batom que havia sido borrado. Para em seguida virar em minha direção
com uma expressão divertida.

- Do medinho que você tem de ser pega no flagra.

Ela capturou minha mão, erguendo até a altura de seu rosto. E em uma ousadia fora
do comum, colocou dois de meus dedos na boca, os mesmos que eu havia tocado sua
boceta há poucos minutos atrás, e os chupou. Meu queixo caiu com aquela cena, ela
os chupou até o final. E ao solta-los, sorriu depositando um selinho rápido em meus
lábios. Logo a morena se afastou em direção a porta, na qual abriu dando passagem
para uma mulher loira entrar.

- Finalmente chegou, Jane! – disse animada.

Cinismo já não era mais a palavra adequada para Karla, ela estava muito além
daquilo. Eu jamais, em toda minha vida havia visto uma mulher como ela.

- Atrapalhei alguma coisa? – perguntou a loira.

- Claro que não! A agente Jauregui e eu estávamos acertando algumas coisas na


programação dela enquanto estiver me protegendo.

A mulher parecia não ter acreditado, mas não pareceu se importar. Ela me fitou e
sorriu educadamente.

- Agente Jauregui, essa é minha melhor amiga, Dinah Jane.

- Muito prazer.

- O prazer é meu, Jauregui.

Sobre o ombro de Dinah, eu vi Camila ao fundo, com aquele sorriso de quem havia
aprontado.

- Então, eu vou dar uma volta pela galeria. Qualquer coisa me chame, Sra. Collins.

Camila assentiu, e caminhou até sua mesa.


- Tudo bem, Lauren. Eu chamo sim, e obrigada pela reunião.

As palavras sumiram de minha boca por alguns segundos, e eu apenas assenti.

- Com licença. – disse antes de me retirar daquela sala.

Eu precisava de ar, ou de algo que me acalmasse. Camila ainda iria me deixar louca,
disso eu não tinha a menor duvida. Desci as escadarias para o salão principal, ainda
sem acreditar no que havia acontecido ali. Como ela conseguia agir tão
naturalmente? Recebi um olhar curioso do senhor que estava limpando o lugar, mas
nem sequer me importei. Caminhei para fora daquele lugar, eu precisava de um
cigarro.

- Você está muito perdida, Lauren. Muito! – resmunguei ao destravar o veiculo.

No porta luvas do carro, retirei a pequena caixinha onde continha meus cigarros.
Levei um até os lábios, e logo em seguida ascendi com meu isqueiro. Em poucos
segundos após as duas primeiras tragadas, os efeitos vieram, me senti mais relaxada.

Droga de vicio.

Levei o cigarro mais uma vez até os lábios, e depois o tirei, deixando que a fumaça
escapasse entre os mesmos. A imagem de Camila chupando meus dedos se
formaram em meus pensamentos novamente, causando-me lá no fundo aquela
vontade de voltar lá e terminar o que começamos. Mas graças a Deus, ou melhor, a
Vero aquele pensamento foi interrompido. Meu celular tocava descontrolado com uma
chamada da mesma.

- Hello Bitch! – ouvi a voz da mulher do outro lado da linha.

- O respeito está morto nessa amizade!

Vero soltou uma risada animada do outro lado da linha.

- O que houve?

- Nada, liguei para saber se está protegendo bem sua patroazinha.

Rolei os olhos impaciente, enquanto jogava o cigarro na lixeira mais a frente.

- Nem queira saber.


- Meu Deus, você já esta aprontando?

- Eu não fiz nada! Literalmente.

Minha amiga ficou calada por alguns segundos, e depois voltou a falar.

- Ok! Eu não liguei para saber da sua vida sexual com a esposa do Collins. E sim para
informar que nosso plano entrou em ação hoje!

- Do que está falando? - Voltei para perto do meu carro, entrando novamente no
automóvel.

- Normani instalou o programa do FBI. Agora o sistema da Collins Enterprise está


sendo devidamente vigiado. Qualquer tipo de movimentação estranha e fora dos
padrões nós saberemos.

Um sorriso escapou por meus lábios.

- Agora sim, começamos com isso de vez. Mas não podemos deixar de tentar
descobrir sobre o primeiro roubo.

- Com isso não se preocupe, Ally e eu estamos focadas nisso.

- Vai dar tudo certo!

- É claro que vai, vamos resolver isso, Jauregui! Agora vou desligar, Ally está me
chamando.

- Tudo bem, qualquer coisa me avise, qualquer coisa mesmo.

- Deixe comigo, agente. Até mais.

- Até. – disse antes de desligar a ligação.

Agora sim, quem quer que tivesse roubando a Collins Enterprise estava sendo
vigiado. O jogo havia começado, e eu só sairia daquilo ganhadora.

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Devo dizer que a cada dia que passa eu amo mais essa Camila?
P.S: Falem de XM no twitter com a tag da votação da meninas! Assim vamos poder
ajudar elas.

Um beijo e até o próximo.


Capítulo - 9 Exposição.

Heeey! Olá lindas! Como estão?

Demoramos, mas finalmente saiu um capitulo novinho! Queria agradecer a paciência


de todos, e por continuarem aqui com a gente. Queria dizer também, que eu amo,
AMO, todos os comentários. Vocês me fazem rir muito com cada trecho que
comentam. Eu leio absolutamente todos. Eu sei que sou bem desligada com as
notificações, por isso me desculpem as pessoas que falam comigo aqui e eu acabo
não respondendo. Juro que não é por mal. Quando entro nas mensagens tem umas
83643 de tempos atrás que vou respondendo todo mundo, atrasado, mas respondo!

Enfim, outra coisa importante que eu queria falar. É que bom, nessa fanfic, a Camila
é casada com o Christopher Collins, então é natural que ambos tenham
demonstrações de carinho. Por isso, mesmo que não gostem, tentem ser pacientes
com os héteros kkk Faz parte do enredo!

Para esse capitulo, vamos usar uma musica! É importante que escutem quando for
solicitado. Vai dar aquele Up no capitulo! Acho que essa todos vocês conhecem "Do I
Wanna Know - Arctic Monkeys" Está disponível na Playlist de inspiração de Xeque-
Mate.

Link: https://play.spotify.com/user/evelinsilva17/playlist/1qQbAwuw4mxVbeBYSTkvv
8

Agora sem mais conversas, vamos ao que realmente importa. Eu espero que gostem
bastante! - Evelin.

"Hey galera, depois desse capitulo, leiam a Bíblia, pois a Camila é o satanás" - Larissa
R.

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Secret's Point Of View.

Pisei mais uma vez no acelerador do carro, que moveu-se poucos metros para frente.
O transito em Nova Iorque estava como sempre um caos. A fileira de carros a minha
frente, tirava toda e qualquer vontade de cruzar a cidade para visitar meu lugar
favorito. Girei o pequeno botão do aparelho de som acoplado no painel de meu carro,
ouvindo a musica se estender por todo interior do automóvel. Os ruídos dos carros e
reclamações do lado de fora, foram cessando gradativamente com o andar dos
veículos. Encostei a testa sobre o volante do carro ao notar a luz vermelha se
ascender no semáforo. O som estridente das buzinas a minha volta, me fizeram
perceber que o sinal verde já havia sido dado. Levei com o carro até a próxima
esquina, parando em uma das melhores cafeterias do bairro. Bem perto de onde
sempre costumava ir. A Collin's Enterprises. Estacionei meu carro na primeira vaga,
um Toyota Rav4, bem ao lado da porta de entrada. Olhei por todo interior do veiculo,
antes de pegar a mochila preta que estava repousada no banco do carona. Depois de
ligar o alarme do carro, caminhei em passos lentos até a entrada da cafeteria.
Algumas pessoas que passavam pela entrada soltaram um sorriso gentil, e logo se
retiraram. O lugar era sofisticado e aconchegante. Contava com uma decoração retro,
com moveis e objetos que hoje em dia pareciam não ter valor, mas ali se
enquadravam bem. Segui caminho até a ultima mesa, sentando no banco de frente
para todos que todos ali estavam. Larguei a mochila ao meu lado, quando pude
perceber a presença de uma das garçonetes bem próxima.

- O que deseja?

Uma moça ruiva, com sardas no rosto perguntou. Ela tinha o bloco de notas e uma
pequena caneta azul nas mãos. Levei os olhos ao cardápio, antes de escolher uma
das primeiras opções.

- Me veja um expresso duplo.

- Mais alguma coisa?

- Por enquanto não.

A moça terminou de anotar em seu pequeno bloco de notas, e então se retirou. Logo
capturei meu notebook, que estava dentro da mochila. Liguei o aparelho que em
poucos segundos estava pronto.

- Vamos ver como anda as coisas na Collins Enterprise's.

Digitei rapidamente a senha para que o computador liberasse o acesso. Cliquei no


pequeno atalho do programa utilizado pela empresa de Christopher, abrindo uma
pequena janela onde se pedia o login e a senha do funcionário.
- Vamos testar isso.

Antes de fazer qualquer tentativa de entrar no sistema digital da Collins. Tratei de


ativar o mascarador de IP. Com as ultimas informações obtidas por mim, alguma
espécie de investigação estava sendo feita. E ter meu notebook como referencia, não
estava em meus planos. Logo o programa mascarou o IP, dando assim a
tranqüilidade para continuar. Voltei à janela inicial da Collins. Digitando o login e a
senha utilizada por mim nas ultimas vezes na qual fiz uma pequena visita ao sistema.
O primeiro acesso foi rapidamente negado. Tentei mais uma vez, e novamente as
letras em vermelho informaram "acesso negado."

- Droga. – exclamei.

A terceira tentativa bloquearia o login, e instantaneamente uma mensagem de alerta


seria enviado à central do sistema. Eu respirei fundo, quando a garçonete ruiva se
aproximou.

- Aqui está seu café. – disse ela ao depositar a xícara de café sobre a mesa.

Eu agradeci com um breve sorriso, e logo a moça se retirou. Capturei a alça da


xícara, erguendo a mesma na altura de minha boca. Aspirei o aroma que se
propagava em meio a fumaça que deixava o liquido quente, antes de bebericar um
pequeno gole. Depositei a xícara de volta sobre a mesa de madeira, para voltar
minha atenção ao notebook. Apaguei as letras digitadas no login, para tentar com
outro. E novamente a tentativa foi falha. Pelo que parecia, o sistema da Collins
Enterprise havia bloqueado qualquer tipo de usuário inconstante.

- Porra. Se não entro por bem, será por mal.

Abri o zíper da mochila repousada no banco ao meu lado, capturando o telefone


celular. Destravei a tela de bloqueio seguindo diretamente para minha lista de
contatos. Em poucos instantes consegui achar o numero e o nome de quem me
importava. Depois de três chamadas, a ligação foi atendida.

- Alô?

- Pode falar. – a voz masculina soou do outro lado da linha.

- Eu estou na cafeteria Dom Valetim, e queria saber se está por perto. Estou
precisando de seus serviços.
- Não acredito que vai me fazer sair de casa. – murmurou zangado.

- Você quer dinheiro ou não?

Ouvi o suspiro forte pelo telefone, e o barulho como se estivesse se levantando ou


caminhando.

- Te encontro em vinte minutos.

Os vinte minutos pareceram se arrastar diante de meus olhos. O sistema da Collins


enterprise reluzia na tela de meu computador, com um enorme aviso de acesso
negado. Christopher parecia estar tomando certas precauções nos últimos tempos.
Maldito. Ele não queria que absolutamente ninguém tivesse acesso às informações
financeiras de seu patrimônio. Mas digamos que para mim, tais informações eram de
total importância, e eu não ficaria sem elas. Eu poderia muito bem ter errado antes,
mas agora seria diferente. Levei a xícara novamente até meus lábios, agora tomando
o restante do café que ainda restava ali.

- Deseja mais alguma coisa?

- Você pode me trazer outro café. Estou esperando uma pessoa.

A mesma ruiva com delicadas sardas no rosto perguntou.

- Do mesmo jeito? Ou quer diferente?

- Do mesmo jeito.

Ela assentiu, e se retirou. A moça caminhou até o final do balcão de madeira escura
antes de começar preparar o café expresso. O barulho da porta me tirou a atenção do
preparo, para notar que minha solução havia acabado de chegar. Com uma cara
amassada e cabelos bagunçados.

- Vou cobrar mais por me tirar da cama num dia de sábado. – murmurou sonoleton.

- Você está com uma cara péssima.

- Acabei de acordar. Estou de ressaca até agora.


- Perdido.

- Não enche.

Revirei os olhos impaciente, e virei o computador para o mesmo que se sentou em


minha frente.

- Veja isso.

Ele me lançou um olhar desconfiado, mas logo se acomodou melhor, puxando o


notebook para mais perto de si. A moça ruiva se aproximou, depositando o café sobre
a mesa.

- Aqui está seu café. – falou gentilmente.

- O que quer tomar? – perguntei.

- Eu quero rosquinhas e café. Duplo.

Gesticulei para mesma, em sinal para que trouxesse o que ele havia pedido. Logo ela
se afastou enquanto anotava em seu bloco de notas.

- Então, o que quer aqui?

- Eu quero que entre no sistema da Collins Enterprise, tendo todo e qualquer acesso
as informações contidas nele.

Ele me fitou por alguns instantes, provavelmente, esperando uma mudança de idéia.

- Isso é perigoso. – murmurou acuado. – você sabe disso.

- Eu não estou perguntando se é ou não. Eu quero que faça.

- Eu não sei. Não quero ser preso.

- Vou te pagar por isso. E muito bem.

- Não sei se consigo ter acesso a tudo. Geralmente esses sistemas têm senha para
qualquer campo que queira acessar.

- Ele tem. Tudo nesse programa é milimetricamente vigiado. Mas você já me ajudou
uma vez, não custa nada fazer o mesmo agora.

- Vai ter que me pagar bem mais agora. Da outra vez você conseguiu ter acesso para
entrar. E dessa não tem absolutamente nada.

Bufei. Peguei a mochila novamente, abrindo um pequeno bolso do lado esquerdo,


onde retirei uma boa quantidade de dólares. Joguei sobre a mesa, atraindo a atenção
do homem. Seus olhos fitaram as cédulas esverdeadas sobre a mesa com atenção,
antes de esticar a mão e capturar o bolo de dinheiro.

- Faça isso agora. – ordenei.

Ficamos por cerca de duas horas naquele lugar. A garçonete que nos atendia a
qualquer momento nos colocaria para fora. Apesar de que a cafeteria estava lotada,
agora uma maior quantidade de pessoas estava devidamente espalhada pelo lugar,
em conversas entretidas e irrelevantes. Impaciência tomava conta de mim, o trabalho
parecia árduo demais para conseguir acesso a algo que eu tanto desejava. A idéia de
desistir já rondava minha cabeça pelos últimos quinze minutos sem qualquer tipo de
solução. Apenas erros e mais erros.

- Sinceramente se não dá conta é melhor me falar de uma vez. – murmurei.

Pelo parte superior do visor do notebook, pude ver os olhos do rapaz de moverem
rapidamente. Quando por fim, se comprimiram pelo sorriso que se instalou em seu
rosto.

- Eu sempre dou conta. – disse ao virar o notebook em minha direção.

O slogan da Collins Enterprise's apareceu na parte superior da tela, e logo abaixo


todos os campos de possível acesso do programa. Um sorriso involuntário cresceu em
meus lábios, como se estivesse vendo uma pedra preciosa bem a minha frente.

- Agora você tem todo acesso. Mas devo avisar que não é por tempo integral, se você
fechar o programa, perderá novamente o acesso.

Eu assenti, puxando o notebook para mais próximo de mim.

Agora sim Christopher, vamos ver como está o nosso dinheiro.


Lauren Jauregui's Point of View.

O liquido tocou a ponta de minha língua, no qual fiz questão de apreciar lentamente.
O whisky escocês estava liberado para mim aquela manhã. Afinal, só bebendo para
suportar a chatice de ter que vigiar Camila em meio ao seu trabalho. A latina
fiscalizava cada mínimo detalhe do processo de arrumação das obras que seriam
expostas em sua galeria essa noite. Juntamente de sua melhor amiga, Dinah Jane. As
duas circulavam pelo salão extenso, agora devidamente repleto de caixas de madeira,
onde continha os quadros de um artista contemporâneo de grande importância. Uma
boa equipe de funcionários acomodava as obras nos pontos onde ambas as mulheres
ordenavam. De acordo com as mesmas, tudo precisava ficar do gosto do publico, até
mesmo a iluminação teria que favorecer as obras.

"Um pouco mais para esquerda! Vamos colocar o outro quadro em direção aquela
coluna."

Camila ordenou a dois homens que, agora estavam pendurados em escadas de


alumínio bem a sua frente. Uma das características da latina, perfeccionista. Ela
ordenava tudo com firmeza, sendo obedecida em questão de segundos. Encostei-me
no balcão, local onde seria montada uma espécie de bar. Alguns funcionários
também já arrumavam tudo, enquanto eu apreciava um pouco da bebida. De longe
recebi um olhar rápido, e um breve sorriso da morena. Virei o copo do whisky até o
final, tirando minha atenção da latina, que prontamente voltou a fiscalizar. Assim que
ela tirou os olhos de mim, voltei a prestar atenção na mesma. Hoje Karla Camila
estava toda de branco, vestia uma saia longa, com uma enorme fenda na coxa
direita. Dando uma bela e sexy visão de sua coxa, perna. Em seus pés um salto de
cor nude. Na parte de cima, ela usava um cropped de gola alta, sem mangas. Seus
cabelos permaneciam lisos, e longos. Eu adorava a maneira como ela mexia nos
mesmos, jogava de um lado para o outro, sem se preocupar se ficariam
desgrenhados, até porque mesmo assim, ainda dariam um ar sexy. A latina conseguia
transformar seus traços, jeitos, e tudo em si em algo sexy. Ela era sedução e poder.

- Acho que você precisa de mais um copo de whisky.

Tirei os olhos de Camila, e fitei o jovem rapaz que estava do outro lado do balcão,
segurando a garrafa do whisky nas mãos. Eu engoli em seco, sobre o olhar curioso do
mesmo que, com toda certeza, havia percebido a forma como eu fitava Camila.

- Realmente preciso.

- Eu sei. Mas olha, é impossível. – disse ele, ao me servir de uma dose da bebida.
Um sorriso se instalou em meus lábios. Ele parecia ser apenas um pobre garoto, cheio
de hormônios que admirava sua chefe, da forma mais sexual possível. O garoto fitou
Camila, e suspirou. Para ele, eu até diria que poderia ser impossível. Já para mim...

- Acho que você tem que beber também. – brinquei.

- Não, Deus me livre! Se ela me pegar bebendo estou no olho da rua.

Soltei uma sonora risada, e fitei Camila que nos encarou. O garoto logo voltou a
arrumar as prateleiras de bebida. E eu apenas ergui o copo de bebida a morena, que
negou com a cabeça, logo tendo sua atenção atraída por Dinah, que mostrava
algumas papeladas. Meu celular que estava sobre a bancada, moveu-se assim que
começou a tocar. Capturei o objeto, e na tela pude ver o nome de Normani.

- Bom dia, agente Kordei.

- Bom dia, agente Jauregui. – sua voz doce soou do outro lado da linha.

- Aconteceu alguma coisa?

- Sim senhora. Eu acabei de receber um alerta do sistema do FBI. O programa da


Collins Enterprise foi invadido.

Meus olhos se arregalaram, logo, larguei o copo de whisky sobre a


bancada. E caminhei para uma área mais afastada, com poucas pessoas.

- Tem certeza disso?

- Sim! Eles estão no sistema nesse exato momento.

- Excelente! Faça um relatório completo! Eu quero todas as informações possíveis.


Você consegue ver o endereço agora?

- Só um instante!

Eu poderia ouvir o suave barulho do teclado do computador.

- Eles estão usando o mascador. Isso vai levar mais alguns minutos.
- Ok, eu vou dar um jeito de sair daqui. Enquanto você vê a localização.

- Certo.

Cruzei o salão, caminhando em direção a Camila e Dinah que retiravam os plásticos


de cima de uma escultura.

- Sra. Collins.

Camila ergueu a cabeça, e me fitou.

- Sim?

- Eu estou com uma emergência para resolver. Eu preciso ir à delegacia, creio que vai
ficar aqui o dia todo, não é?

- Sim, não se preocupe. Eu só vou sair quando tudo estiver arrumado.

- Volto para buscar a senhora.

- Sem problemas, agente Jauregui. – disse com um sorriso.

Eu assenti, e em passos rápidos me retirei dali. Meu carro estava na primeira vaga do
estacionamento. Assim que entrei no mesmo, voltei à ligação com Normani.

- Normani?

- Estou aqui, agente. Mesmo com a mudança de IP eu consegui ver. Estão na W 57th
St, de esquina com a Av of the Américas. O numero é 182.

- Eu estou saindo da galeria agora. Fique na linha comigo.

- Agente, você sabe que não vai poder prender a pessoa, não é?

- Eu sei que não. Ela não chegou a fazer qualquer movimentação, certo?

- Certo. De acordo com as informações, o sistema foi violado. Tendo um acesso fora
dos padrões restritos pela Collins. O usuário é totalmente desconhecido, a mudança
de IP fez com que a localização aparecesse em Miami. Mas com o programa, pude
identificar que está sendo operado aqui em Nova Iorque mesmo.

- Eu quero que retire todas as informações. Se possível até o modelo do aparelho


utilizado. Temos como saber em nome de quem está?

- Temos sim. Cada aparelho vendido tem um protocolo. Vai levar um tempinho.

Eu suspirei, pisando no acelerador do carro que corria em uma velocidade absurda,


em meio às ultrapassagens na avenida. Parando somente nos sinais de transito, que
me faziam bufar.

- Droga. – ouvi ela resmungar, seguido de um silencio.

- O que houve?

- O usuário desapareceu.

- Merda! – bati com o punho no volante do carro. – Tem certeza?

- Sim, o sistema está estabilizado agora. A conexão foi fechada. – Normani falava
enquanto digitava algo no computador.

- O que faremos?

- Eu recolhi informações importantes. Vamos conseguir boas pistas com isso.

- Eu quero que você passe essas informações para Vero e Allyson, diga para elas
fazerem uma varredura total em todas as informações. Quero relatórios em minha
mesa. Vou passar nesse endereço, e depois encontro com elas na delegacia.

- Pode deixar, agente Jauregui. Farei isso nesse exato instante.

- Certo. Falo com você depois.

Desliguei a ligação com Normani, praguejando céu e terra pelo corte da conexão. Não
seria fácil encontrar a pessoa que havia invadido o sistema. Muito menos rápido, mas
não seria impossível. Tudo era questão de paciência e muita cautela. Pisei no
acelerador do carro, fazendo o motor roncar alto. O caminho estava livre, a grande
fileira de carros agora já havia se dispersado. Entrei na rua indicada por Normani,
automaticamente diminuindo a velocidade. Deixei meus olhos atentos as numerações
indicadas em cada estabelecimento.
179,180,181....182.

- Merda.

Dom Valetim. Era o nome da cafeteria. Estacionei meu carro na segunda vaga, bem
ao lado de um Toyota Rav4. O lugar ficava localizado no centro, devido a isso, era
freqüentado por uma boa quantidade de pessoas. Segui caminho para a entrada da
cafeteria. O ambiente era simples, porém com uma decoração sofisticada. Sentei
próxima ao balcão, tendo uma boa visão de todo o ambiente. O lugar estava lotado,
uma enorme quantidade de pessoas se encontravam distribuídas em mesas com seus
celulares e notebooks.

- Bem mais difícil. – sussurrei.

- Deseja alguma coisa, senhora?

Uma garçonete ruiva perguntou.

- Um cappuccino, por favor.

- Um instante! – disse ela antes de se retirar.

Respirei fundo, sentindo o ar escapar de meus pulmões rapidamente. Olhei de mesa a


mesa, procurando ao menos um sinal do que eu procurava. Eu não esperava
encontrar tão facilmente o invasor, mas ter a esperança de recolher alguma pista
material ainda se fazia presente em mim. A ruiva se aproximou novamente,
repousando a pequena xícara com cappuccino sobre o balcão, dando um leve sorriso
antes de se afastar. Tomei um breve gole, e repousei novamente sobre o pires de
louça branca. Minha atenção foi atraída pelo noticiário que relatava alguma questão
das bolsas de valores; quando ouvi uma voz suave e familiar naquele ambiente. Virei
em direção em que ouvia, e notei em uma das mesas a loira de cabelos curtos.

Clarice.

Ela estava sozinha, entretida em seu notebook e uma pequena xícara de algo que eu
julgava ser cappuccino. Tomei mais um gole do meu, antes de largar a xícara sobre o
balcão e me aproximar. Fiz um sinal para a garçonete informando que estaria na
mesa ao fundo, e a ruiva apenas assentiu.

- Olha só quem está aqui. – disse, atraindo rapidamente a atenção de Clarice que
arregalou os olhos.
- Nossa! Que surpresa!

A loira soltou uma risada nervosa, enquanto abaixava a tela de seu notebook.

- Sente aí Lauren!

Me aproximei dela, trocando dois beijos em cada lado de seu rosto, para depois
acomodar na poltrona que estava de frente para a dela.

- Sabe, eu estava pensando em chamar você para tomar um café comigo hoje. Juro!

- Mesmo?

- Sim, estou aqui tem um tempinho, e pensei em você.

- Me adiantei. – falei olhando nos olhos da mulher, que apenas sorriu. – Está tão
longe de sua casa, gosta mesmo desse lugar, não é?

Ela suspirou, levando a xícara com cappuccino até seus lábios.

- Eu adoro! Fica próximo a Collins, então sempre que tinha um tempinho, eu dava um
pulo aqui.

- Claro, eu imagino que deve encontrar com uma boa quantidade de pessoas que
trabalham lá, aqui.

- Com certeza. Esse é um dos lugares favoritos, praticamente todos os


funcionários freqüentam esse lugar. Eu passei na empresa para pegar algumas coisas
que havia esquecido e parei aqui.

Eu apenas assenti. Clarice ficou calada por alguns segundos, e voltou a falar.

- Aproveitei pra começar a mandar meu currículo para outras empresas.

- Faz muito bem. Creio que irá conseguir outro emprego bem rápido.

- Eu vou sim.

Minha cabeça estava fervilhando. Eu não esperava encontrar com a loira aqui, não
hoje. Fechei os olhos por breves segundos, tentando acalmar o furacão de idéias que
rondavam meus pensamentos naquele momento. Quando senti o toque suave em
meu braço. Abri os olhos encarando Clarice.

- Está tudo bem com você?

- Mais ou menos. Um pouco de dor de cabeça.

- Tenho analgésicos aqui. Quer?

- Não, eu já vou indo. Tenho mil coisas para resolver.

A mulher pareceu desconfortável, mas apenas assentiu.

- Como quiser. Foi bom ver você aqui, Lauren.

- Pra mim foi melhor ainda, Clarice.

- Podemos marcar de sair outro dia, se quiser é claro.

Eu me levantei da mesa, ficando em pé a sua frente.

- Claro, eu ligo para você, ok?

- Fechado.

Soltei um sorriso ligeiro e me afastei, seguindo em direção ao balcão novamente.


Tirei alguns dólares do bolso, colocando debaixo da xícara de cappuccino no qual eu
havia tomado. Dei uma ultima olhada para Clarice, que me fitava atenta do fundo do
estabelecimento. Ela acenou brevemente, com um sorriso reprimido. Eu não esperava
encontrá-la ali, não que algo a incriminasse. Mas ter sua presença em um lugar
suspeito era apenas mais um ponto, entre milhares nessa investigação. Antes de sair
do lugar, acenei para ela, soltando um sorriso forçado.

[...]

- Você tem mesmo que ir?

Vero perguntou enquanto abria a porta de nosso apartamento. Segurei com firmeza
as inúmeras pastas que havíamos pegado da delegacia. A mulher girou a chave na
fechadura, e a porta se abriu.
- Tenho. O Sr. Collins dispensou os outros seguranças.

- Não acredito que viemos para Nova Iorque para você servir de segurança pessoal.

Larguei as pastas sobre o balcão da cozinha. Enquanto Vero abria a geladeira,


capturando uma das garrafas com suco de laranja.

- Eu pensei exatamente isso quando me fizeram a proposta. Mas de qualquer


maneira, eu estou mais próxima do que estamos investigando. Isso ajuda muito. –
me apoiei no balcão, pegando o copo cheio com suco. – Fora que é meu primeiro caso
aqui. O inicio é sempre árduo. – disse, enquanto tomava um gole do suco.

- Não é tão árduo assim ter uma mulher gostosa querendo transar com você todos os
dias.

Vero saiu de trás do balcão da cozinha, passando ao meu lado, para capturar o copo
de minha mão. Lancei um olhar em reprovação, que causou uma sonora risada em
minha melhor amiga.

- Estou mentindo?

- Não. Meu maior perigo é Camila Cabello.

- Isso está bem evidente. Sabe que seu envolvimento com ela pode colocar tudo a
perder, não é?

- Eu sei, Vero. E até agora eu estou me controlando bastante.

- Quero saber até quando. Eu vi aquela mulher, Lauren. – Vero falava, enquanto
caminhava até seu quarto. - Ela é do tipo que consegue tudo o que quer. – Gritou do
outro cômodo.

E ela tinha absoluta razão. Karla Camila Cabello não parecia ser alguém que desistia
fácil. Muito pelo contrario. Ela se mostrava destinada a ir até o final do jogo, com a
certeza de ser vencedora.

- E é uma das coisas que mais gosto nela.

Horas depois, estacionei meu carro novamente em frente à galeria Cabello. O prédio
contava com um estacionamento lotado. Em seu interior, a boa iluminação, revelava
parcialmente a quantidade de pessoas que ali já estavam. Me olhei pela ultima vez no
espelho retrovisor, deslizando a ponta dos dedos pelo contorno de meus lábios. E logo
depois olhando para meus cabelos, que caiam sobre meus ombros em ondulações
suaves. Hoje, o evento seria diferente. Exigia uma vestimenta elegante e sofisticada.
Optei por um vestido tubinho vermelho, de cumprimento um pouco acima dos
joelhos. Ele tinha caimento justo, ou seja, se modelava de acordo com as curvas de
meu corpo. Contava com mangas curtas, e um belo decote. Nos pés, um sapato alto
preto.

- Ok Lauren, vamos lá. – peguei a bolsa preta de mão, que estava repousada sobre o
banco do passageiro. Verifiquei pela ultima vez a pistola que estava dentro. Eu não
poderia andar desprevenida.

Caminhei em passadas lentas até a entrada da galeria. Onde os seguranças


permaneciam parados diante a porta, permitindo a passagem de todos os convidados.
O lugar contava com um publico de classe alta. Notava-se fácil pelas pessoas que
saiam de seus carros de luxo, acompanhado de pessoas tão esnobes quanto os donos
da festa. Ao entrar no ambiente de temperatura mais agradável, logo notei a
presença de Dinah Jane. A loira estava muito bem arrumada, usava um vestido longo
e elegante. Ela conversava com um casal, e assim que me viu, lançou um sorriso.

- Lauren! – a mulher chamou.

- A Sra. Collins já chegou?

- Não. Acabei de falar com ela, está a caminho. E nossa, está querendo matar
alguém?

Lancei um olhar confuso, fazendo a loira sorrir.

- Quis dizer que está maravilhosa.

- Obrigada! Você também está.

- Quero ver é como Camila vem. Ela disse que iria fazer questão se ser o foco
principal da exposição.

Bem típico dela. Karla é como uma rainha. Gosta de atenção, luxo e poder.
Estranharia ela não querer ser o centro de todas as atenções. Afinal, egocentrismo
era uma de suas características.
- Pensei que o artista seria o astro principal.

Um garçom devidamente uniformizado se aproximou, servindo-nos com duas taças


de champanhe. A loira com um sorriso no rosto, capturou duas taças. Entregando
uma para mim, e a outra ficou para si.

- E ele é. Mas as donas do evento também são.

- Você e Camila.

- Exatamente.

Dinah ergueu a taça, como se brindasse aquilo. Repeti seu gesto, erguendo minha
taça, par logo em seguida tomar um pequeno gole.

- Falando nela...

Troquei um breve olhar com Dinah, que virou de frente para a entrada principal da
galeria. A movimentação dos jornalistas e fotógrafos, que até poucos minutos
estavam espalhados pelo salão, se concentrou no arco central, por onde os
convidados passavam. Os flashs das câmeras começaram em uma onda luminosa que
banhava o corpo da latina. Não que precisasse, é claro. Karla Camila Cabello era o
sol. O astro de maior poder e luz.

Ela só poderia estar brincando.

Meus olhos se concentraram na latina que adentrava o salão nesse exato instante.
Karla, diferente de hoje mais cedo, estavam toda de preto. Seu vestido era mais
parecido com um blazer, de caimento longo até os pés. Diferente do convencional, ele
possuía um decote escandaloso até a parte de baixo dos seios. E como se não fosse
bastante, o vestido possuía uma longa abertura na frente. Como uma fenda. Seus
cabelos longos, agora estavam lisos. Dando um ar sério e sexy ao rosto delicado da
latina. Ela usava uma maquiagem que realçava seus olhos e boca. Boca que naquele
momento estava coberta por um batom vermelho, dando uma aparência aveludada.
Eu não tinha outra palavra para defini-la.

Perfeita.

Magnificamente perfeita.

Levei a taça de champanhe até os lábios, e só agora notando a presença de


Christopher, que estava ao lado de sua esposa como bom marido. Ele trajava um
terno branco, com detalhes pretos na borda. Tinha os cabelos bem arrumados, e uma
barba por fazer. Ambos cumprimentava todos de forma educada, enquanto a mídia
fazia seu papel de fotografar o casal perfeito. Dinah logo se aproximou, e os três se
posicionaram juntamente do dono das obras para as fotos. Caminhei entre as
pessoas, sem tirar os olhos de Camila. Afinal, ela era minha protegida, certo?

- Obrigada. – disse ela ao homem, que eu julgava ser o dono da exposição.

- Eu que estou grato em colocar minhas obras em exposição em sua galeria.

Camila sorriu, apertando a mão do senhor gentilmente. Os fotógrafos deram os


últimos cliques, antes de a calmaria voltar. Assim que deram mais espaço, percebi
que a latina correu com os olhos pelo salão, até repousar sobre mim. Um sorriso
cínico nasceu em seus lábios. Virei o restante do álcool que continha na taça de cristal
fino, enquanto a morena conversava com algumas pessoas. Caminhei mais um pouco
entre os quadros. Parando na frente de em um em especifico. Nele era facilmente
observada à presença de duas mulheres, ambas despedidas. Uma delas envolvia o
corpo da outra com os braços, colocando o rosto sobre o ombro da outra. Como se
sussurrasse um segredo intimo.

- Um quadro interessante, não acha?

A voz de Camila provocou um arrepio que percorreu a linha de minha coluna até a
nuca. Fechei os olhos por breves segundos, antes de me virar de frente para ela. Ela
estava bem próxima, já que havia acabado de sussurrar em meu ouvido.

- Pensei que não viria, agente Jauregui.

Em segundos vacilantes, meus olhos correram pelo decote chamativo que a mesma
mostrava. Ela não usava sutiã, seus seios medianos estavam devidamente livres por
debaixo do tecido preto do vestido. Eu engoli em seco. Quando o garçom se
aproximou novamente. Camila pegou a taça de minha mão, colocando sobre a
bandeja. Para em seguida me entregar uma cheia, e ficar com outra.

- Eu não costumo faltar em meus compromissos de trabalho, Sra. Collins. – dei um


passo para trás.

Ela sorriu, e levou a taça até seus lábios vermelhos como sangue; provando do
primeiro gole da bebida.

- Claro que não. Você é competente demais para isso.

- Obrigada.

- Gostou do meu evento, Lauren?

Seu tom de voz demonstrava certa ambigüidade nas palavras. Ela sabia muito bem
como jogar. Eu respirei fundo, enquanto bebericava um pouco mais do champanhe.

- Sim, é maravilhoso. Devo dizer que estou impressionada.

Senti meu corpo despido diante dos olhos castanhos de Camila. Para mim, ela não
fazia questão de disfarçar a forma de olhar. Ambas sabíamos quem era quem ali.

- Eu também. – ela deu um passo à frente, diminuindo o espaço entre nós.


- Se me permite dizer, você está deliciosa nesse vestido vermelho.

- O que?

Nossos olhares se conectaram rapidamente, quando percebi os lábios vermelhos da


latina se expandir em um sorriso cínico.

- Meninas. – a voz grave de Christopher se fez presente.

- Oi amor.

Camila fitou o mesmo com uma expressão serena. O homem repousou a mão na
cintura da esposa em um ato natural.
- Sr. Collins. – apenas disse.

- Estava aqui falando para Lauren sobre o evento.

- Vai ter que freqüentar muitos agora que é segurança particular de minha esposa.
Confesso que não tenho paciência, mas faço isso por ela.

- Imagino que sim, Sr. Collins.

Collins sorriu, atraindo o olhar de Camila que retribuiu. Tomei o restante do


champanhe de uma só vez. Eu teria que começar a maneira no álcool, se não
quisesse chegar bêbada na metade da exposição. Um homem bem arrumado se
aproximou, puxando uma breve conversa com Christopher. Karla me fitou, e eu
apenas neguei com a cabeça. Quando seu marido voltou à atenção para nós.

- Devíamos ter trazido a equipe de seguranças. – Collins falou em um tom sério.

- Eu dispensei todos os outros seguranças. Quero apenas Lauren essa noite.

Meus olhos se fixaram nos dela.

- Camila acha que daria uma má visão ao evento tantos seguranças. – comentou um
tanto mau humorado.

- E realmente daria. Para que tantos? Temos os da galeria, e Lauren.

- Espero que se garanta, agente Jauregui. – o homem falou com os olhos fixos em
mim.

- Com isso o senhor não precisa se preocupar. Eu dou conta muito bem.

Camila pigarreou, e logo tomou um gole da bebida.

- Muito bem.

O evento correu tranqüilo, eu me mantive atenta a todo tipo de movimentação. Dinah


não havia errado em dizer que Camila seria o centro do evento. Apesar de o pintor
ser alguém de tamanha importância, as câmeras namoravam a dona da galeria. Karla
com seu ar imponente atraia as lentes das câmeras para si, e parecia adorar tudo
aquilo. Entre sorrisos e olhares, ela se dirigia de pessoa a pessoa. Tudo sobre minha
supervisão. As horas foram se passando, e Christopher parecia incomodado por ainda
estar ali. O mesmo agora já não tinha o mesmo sorriso da chegada, talvez o cansaço
ou algum problema o atormentava.

- Querida, será que já não podemos ir para casa? Muitas pessoas já se foram, e está
bem tarde.

Camila trocou um olhar com Dinah, e fitou seu marido.

- Chris, ainda tem muitas pessoas.

- Eu sei, mas tive um dia exaustivo. Quero ir para casa.

- Fique mais um pouco, Christopher. – Dinah falou calmamente.

- Eu até ficaria, mas preciso mesmo ir. Tenho um compromisso cedo amanhã.

Camila respirou fundo, e me fitou por alguns segundos. Franzi o cenho sem entender,
mas ela nada falou. Apenas sorriu.

- Tudo bem, amor. Vamos ficar mais dez minutinhos. Vou me despedir de algumas
pessoas e vamos.

- Certo, eu espero você.

- Me esperem aqui, vou ao escritório e volto logo.

Meus olhos acompanharam a latina que seguiu para a escadaria. Mantivemos uma
conversa aleatória enquanto Camila não voltava. Dinah mais falava comigo, do que
com o marido de sua amiga. Ele parecia impaciente, e estressado.

- Aí vem ela. – Dinah falou ao vermos Camila se aproximar.

- Já me despedi de algumas pessoas, vamos?

- Finalmente. – resmungou ele.

- Você vai ficar, Dinah? – Camila perguntou, ignorando Christopher.

- Sim, Mila. Vou ficar até o final, não se preocupe.

As duas trocaram um abraço rapidamente, e logo se afastaram. A loira acenou para


mim, e então retribui. Christopher segurou na cintura de Camila, que caminhou em
direção a saída. Antes que estivéssemos totalmente fora da galeria, a morena pediu
uma taça de champanhe para o garçom mais próximo.

- Ultima da noite. – Ela sorriu e ergueu a taça.

- Agente Jauregui, se quiser ir. Está liberada. - Christopher falou assim que saímos da
galeria.

- Não, nada disso. – protestou à morena, parando no meio do caminho.

Collins e eu encaramos a mulher que, apenas molhou os lábios com o champanhe.

- Está tarde, e eu não quero ir sem segurança até em casa. Fora que Lauren pode
muito bem dormir em nossa casa hoje.

- Posso levá-los em casa, e voltar para a minha.

- Não vejo necessidade disso. – Christopher falou. – Podemos ir sem ela.

- Pois eu sim. Lauren nos leva em casa em segurança. E volta para casa amanhã.

O marido de Camila bufou, e assentiu.

- Como quiser Camila, eu estou exausto demais para ir contra.

- Perfeito.

- Espero que não se incomode, agente. – o homem falou educado.

Eu neguei com a cabeça, sem acreditar no que estava acontecendo.

- Não me incomodo, fique tranqüilo Sr. Collins. – menti.

Descemos a pequena escadaria da frente, caminhando em direção ao Rolls Royce


Phantom preto que estava a nossa espera. A cada passo dado em direção aquele
carro, meu coração palpitava. Karla não dava ponto sem nó, por trás de sua simples
idéia havia alguma coisa. Disso eu tinha certeza. Um jovem rapaz se aproximou,
cumprimentando o Sr Collins que gentilmente o atendeu.

- Podem entrar senhoras. – o motorista do carro falou.

A latina rapidamente entrou no carro, e eu a segui. Ao sentar no banco de trás do


veiculo, a morena repousou a pequena taça de cristal sobre o suporte que havia ali.
Olhei pela janela, tendo a visão de Collins em uma conversa agradável com o garoto,
mas logo, um chiado baixo ao meu lado, atraiu minha atenção. Camila girou a
pequena taça em sentido horário, fazendo-me perceber que ela havia colocado algo
ali dentro.

- O que você fez? – sussurrei.

Ela sorriu abertamente.

- Eu? Nada. Só estou garantindo que ele não vai acordar essa madrugada.

Antes que eu pudesse protestar ou evitar. Christopher se juntou a nós.

- Esses garotos sempre querem emprego. – comentou ao se acomodar ao lado de sua


esposa.

- Você é um homem importante, querido. Todos querem estar perto de você. – disse
ela, beijando o rosto dele. – Tome, termine esse champanhe para mim. Não agüento
mais.

Eu arregalei os olhos, e quando pensei em me pronunciar; Camila repousou a mão


sobre minha coxa, apertando de leve. A iluminação parcial dentro do carro eliminava
qualquer possibilidade de Christopher ver o ato. O marido de Camila lentamente levou
a taça até os lábios, ingerindo o liquido ali contido até o fim. Ela olhou para ele, e em
seguida para mim, com aquele sorriso diabólico nos lábios.

- Isso vai ser interessante. – sussurrou ela, olhando unicamente para mim.

Acho que o próximo será bem interessante. ;)


Capítulo 10 - Rendição.

Oi, meus amores!

Como estão hoje? Cansadas com essa votação, eu sei, mas para relaxar aqui estamos
com um capitulo novo. Eu espero de coração que gostem bastante, é um momento
importante para a fanfic. Por isso queria dizer uma coisa, já dita antes, mas vale a
pena reforçar.

Xeque-Mate é uma fanfic de gênero hot. Ela terá muitas cenas de sexo, mas também
terá todo um enredo por trás. Tudo para que deixe propicio para que a cena aconteça
entre elas. Se você que está lendo isso, não curte esse tipo de fanfic, aconselho
repensar antes de continuar. E para quem gosta, está no lugar certo. Não poderia
deixar de agradecer todo o carinho e apoio que vocês tem para comigo. Muito
obrigada mesmo. Fico imensamente feliz, e jamais vou conseguir agradecer todo esse
amor. - Evelin.

" Hey, migas e migos, seus loucos. Queria agradecer pelos comentários, pelo buzz
que xeque-mate está tendo. Adorei o quiz que fizemos semana passada e vocês
entraram na onda, descobriram os detalhes, brincaram com a gente e o mais
importante, ajudaram bastante na votação do iHeart. Fico feliz pela fic estar no limite
da expectativa de vocês e que vocês realmente estão interessados nela... Enfim,
aproveitei e espero que gostem. Segurem suas mãozinhas nervosas, que a Karla
Camila Capeta Diabo Demônio Satanás Cabello Collins ataca novamente. - Larissa."

"Agradeço o carinho de todos vocês que acompanham a fanfic, que estão nessa com a
gente, e falar que vocês são as melhores pessoas, as que fazem a gente rir, brincar,
brigar, exigir, mesmo que em votação, nós interagimos e brincamos pra gerar votos!
Obrigada! - Sindy"

Vamos ao que interessa! Para esse capitulo, eu fiz uma playlist, o link está aqui
abaixo. Vocês podem escolher qualquer musica. Eu aconselho ouvir Wrong- Zayn.

Link: https://open.spotify.com/user/evelinsilva17/playlist/1q7GDPQJ0vRQXRbN5oB3s
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Camila Collin's Point of View.

O rolls royce phantom passou pelos enormes portões de minha casa lentamente,
sendo devidamente revistado pelos seguranças na portaria. Christopher repousou a
mão sobre minha coxa em um carinho suave. Eu encarei seu rosto que, carregava um
sorriso cansado. O homem me fitou, antes de bocejar pela quarta vez em menos de
dez minutos. Eu sorri para ele, antes de voltar meus olhos para a mulher que estava
sentada do outro lado. Lauren não me olhava nos olhos. Provavelmente nervosa
demais pela situação. E eu não estava diferente, afinal, aquela era a primeira vez que
eu dopava Christopher. Aquela era a primeira vez que eu o trairia dentro de nossa
própria casa.

- Chegamos. – o homem falou.

Carlos rapidamente se aproximou da porta, abrindo para que pudéssemos sair.


Christopher saiu do carro, e gentilmente estendeu a mão para mim, e logo depois
para Lauren. Subimos as escadas em direção a porta de entrada. Em um completo
silencio.

- Finalmente, estava exausto. – disse ele, enquanto desabotoava seu blazer.

- Eu acho que já vou. – Lauren comentou.

Me virei de frente para ela, que também recebeu um olhar de Christopher.

- Não mesmo. Você fica.

Os olhos verdes da agente se fixaram nos meus por uma pequena fração de
segundos, e logo desviaram.

- Está tarde, agente Jauregui. Fique, amanhã de manhã bem cedo mando levar você
em casa. – meu marido falou calmamente.

- Mas...

- Sem mas, querida. Eu vou levar você até o quarto de hospedes.

- Faça isso, meu bem. E depois venha para o quarto comigo. – Falou em meio a um
bocejo.

- Pode deixar, meu bem.


Me aproximei de Christopher, depositando um beijo rápido nos lábios de meu marido
que sorriu. Eu daria tudo para ver a cara de Lauren agora, ou ao menos saber o que
estava se passando em sua cabeça.

- Boa noite, agente Jauregui. – disse ele antes de subir a escada para o segundo
andar.

- Boa noite, Sr. Collins.

Assim que Christopher sumiu no alto das escadarias, eu voltei minha atenção para
Lauren. Ficamos uma de frente para a outra, sem falar absolutamente nada. O clima
parecia estar pesado e intenso.

- Vou lhe mostrar seu quarto.

- Eu vou embora.

Lauren falou se afastando.

- Você não vai. – segurei em seu braço rapidamente, fazendo seu corpo parar.

- Vou.

- Tem tanto medo de mim assim, agente Jauregui?

Lauren virou seu corpo novamente em minha direção. Ela tinha as sobrancelhas
unidas, com o cenho franzido.

- Eu não tenho medo de você, Camila. – sua voz soou rouca, sexy.

- Ótimo, então fique.

Lauren suspirou, ainda com o olhar fixo em mim. Eu não ousei desviar, eu mostraria
que estava firme ali.

- Tudo bem, Sra. Collins.

Abri um sorriso de canto, mas nada falei. Apenas dei as costas para a morena e,
caminhei em direção a um dos corredores. Lauren prontamente se movimentou, e
caminhou atrás de mim. Havia dois quartos de hospedes naquela casa. Um ficava no
segundo andar, bem ao lado do meu quarto com Christopher, e outro no andar de
baixo. Lauren ficaria nele.
- Você fica nesse. – falei ao entrar no quarto onde a mulher ficaria.

Lauren olhou por todo cômodo, provavelmente notando o quão grande e luxuoso era.
Em seguida repousou seus olhos sobre mim.

- Gostou? Do quarto.

- Sim, é ótimo.

- Bom que goste. Vai dormir aqui muitas vezes.

Antes que Lauren pudesse falar alguma coisa, eu caminhei até o banheiro da enorme
suíte.

- Aqui estão às toalhas, sais de banho. Tudo que você precisa está nesse quarto.

Nossos olhares se cruzaram, causando um maldito tremor em meu corpo. Apesar de


claramente eu ter o poder maior no jogo de sedução que se instalá-ra entre ela eu.
Lauren conseguia me afetar de forma tão intensa quanto eu a afetava.

- Tudo?

- Absolutamente tudo. – dei um passo à frente, mas ela recuou. Revirei os olhos ao
ver a agente caminhar para longe de mim.

- Camila...

- Sim?

- Não vai acontecer nada entre a gente.

- Eu não disse que aconteceria, Lauren. – falei da forma mais cínica que eu poderia,
enquanto caminhava em direção a porta. – Você que está supondo algo. Eu não falei
nada.

Ela parecia confusa. Seu semblante demonstrava claramente a confusão em sua


cabeça. Eu sorri, e encostei-me à porta.

- Não seja sonsa. Você não precisa falar para mostrar o que quer.

- Me sinto ofendida. Vai mesmo me desrespeitar dentro de minha própria casa,


agente?

- Não.

Eu ergui o queixo, e sorri para ela.

- Muito bem. Eu vou para o quarto com meu marido, ele deve esta me
esperando.

- É melhor mesmo. – ela suspirou.

- Você vai ter uma noite maravilhosa, como dona da casa, faço questão de lhe
proporcionar isso.

- O que quer dizer com isso, Karla?

- Boa noite, Agente.

Sai do quarto rapidamente, deixando a porta apenas encostada. Caminhei pelo


corredor enquanto girava o pequeno molho de chaves no dedo. Lauren não teria
como trancar a porta de seu quarto se não tivesse a chave, certo?

Entrei em meu quarto, vendo Christopher sair da área reservada para nosso closet.
Ele estava sem camisa, usava apenas uma calça moletom folgada. Enquanto
deslizava a toalha branca por seus cabelos escuros e ensopados.

- Demorou.

- Estava apenas mostrando o quarto para Lauren. – soltei com um sorriso nos lábios.

Christopher caminhou devagar até nossa cama, onde se sentou. O homem


rapidamente tomou seu lugar na cama, encostando suas costas na cabeceira. Ele
capturou seus óculos de grau sobre o criado mudo, utilizado apenas para às horas de
descanso. Meu marido vistoriou seu aparelho celular, enquanto eu retirava meus
saltos.

- Ela deve está se sentindo incomoda por dormir aqui. – comentou, com a atenção
no telefone.
- Ela vai ficar a vontade, querido. Não se preocupe.

- Vai sim. Vem pra cama comigo? – perguntou ele com um sorriso.

Larguei os saltos de lado e o fitei.

- Claro, amor. Deixe-me tomar um banho e já venho para cá com você.

Christopher sorriu, e em seguida bocejou. O homem deitou na cama, e logo deixou


seu óculos de lado, juntamente de seu celular.

- Não demore tanto. Quero aproveitar um pouco com você antes de dormir. Estou me
sentindo muito cansado.

- Está? Isso é excesso de trabalho. Por isso está com tanto sono.

- Deve ser. Sinto-me pesado, e muito sonolento.

- Não quer dormir logo? – perguntei enquanto caminhava em direção ao banheiro.

- Não, quero você. – o ouvi falar.

- Então espere um pouco.

Entrei no enorme banheiro, parando diante do espelho. Retirei todas as minhas


roupas, ficando totalmente nua. Para em seguida, levar as mãos até meu cabelo,
onde delicadamente fiz um coque mal feito. Caminhei em direção ao box, pisando na
ponta dos pés sobre os resquícios de água no piso de porcelanato. Liguei a ducha,
deixando que a água morna escorresse por meu corpo. Suspirei com certo alivio ao
sentir a água banhar meu corpo. Era no mínimo relaxante depois de um dia
movimentado e exaustivo.

- Você poderia ter usado uma roupa mais coberta hoje, não é? – ouvi a voz de
Christopher vinda do quarto.

- Chris, não comece. Você sabe que eu amo minhas roupas.

Fiquei alguns minutos no banho, antes de me enrolar em uma toalha felpuda.


Enxuguei todo o excesso de água em meu corpo, para então enrolar o tecido no
mesmo. Caminhei em direção ao closet, tendo a breve imagem de meu marido entre
pescadas sonolentas sobre a cama.
Faltava pouco.

Escolhi uma lingerie preta, de renda francesa. Havia comprado há quatro dias atrás,
pensando no quanto Lauren poderia gostar dela. Depois de vesti-la, peguei um robe
da mesma cor. O tecido era meio transparente, o que revelava boa parte da
minúscula lingerie que eu vestia. Calcei um par de scarpin preto, com solado
vermelho. E caminhei em direção ao enorme espelho no fundo do closet. Soltei meus
cabelos, deixando que as madeixas escuras caíssem sobre meus ombros e costas.
Capturei o mesmo batom que havia usado há horas atrás, para então deslizar o
mesmo sobre meus lábios, deixando-os totalmente vermelhos.

- Acho que está bom. – falei ao notar minha imagem refletida no espelho.
– Querido? Está acordado?

O silencio se fez presente, me fazendo sorrir. Caminhei em direção ao quarto, tendo a


imagem de Christopher dormindo sobre a cama. Me aproximei mais dele, para cobri-
lo com a grossa coberta que repousava sobre a cama.

- Oh, querido. Espero que essa noite você durma muito bem. – disse ao depositar um
beijo em seu rosto.

Me afastei do mesmo, andando em direção a porta.

- Porque eu terei uma noite maravilhosa.

Lauren Jauregui's Point Of View.

Sai do banheiro, enquanto retirava o excesso de água de meus cabelos. Uma ducha
fria depois daquele exaustivo dia era tudo que eu precisava. Esfreguei a toalha
pequena em minha cabeça, tendo meu corpo coberto por um roupão grosso e branco.
O quarto de hospedes da mansão Collins, mais parecia uma suíte de luxo em um
hotel caro. Olhei para a enorme cama de casal no centro do quarto, e a imagem de
Camila deitada sobre ela tomou meus pensamentos. Eu neguei com a cabeça
rapidamente, tentando afastar aquela visão tão...

- Não, Lauren.

Camila era um demônio provocador. Cheguei a pensar que ela ousaria invadir meu
quarto essa noite. Mas já havia se passado um bom tempo, e nem um sinal da latina
tão quente. Larguei a toalha sobre uma cômoda de madeira grossa, que ficava bem
abaixo da janela de vidro. Eu não tiraria o roupão, até porque não estava usando
nada por baixo. A idéia de Camila me pegou totalmente de surpresa, não me dando a
chance de pegar roupas em casa. Eu dormiria de roupão, e de manhã cedo vestiria
roupa para voltar para casa. Caminhei até a porta do quarto para trancá-la, quando
notei que a mesma não tinha chaves. Por alguns segundos meus pensamentos
vagaram pela cena de minutos atrás. Karla girou a pequena chave na maçaneta para
abrir o quarto de hospedes, e agora o objeto não estava mais ali.

- Maldita.

Ela não queria que nada pudesse atrapalhar sua possível visita. Esperta demais.

- Você terá que ser forte. – disse a mim mesma.

Abri a porta, olhando para os dois lados no corredor. Tudo estava silencioso e calmo.
Não havia qualquer sinal de movimentação. O que me rendeu certo alivio, é claro.
Caminhei pelo corredor, sentindo o piso frio contra meus pés. Eu precisava de água, e
encontrar a cozinha numa casa tão grande como essa não seria muito fácil. Os
cômodos estavam quase totalmente escuros, a não ser pelo reflexo da luz que vinha
do jardim, deixando tudo em uma penumbra. Tive todo cuidado para não esbarrar
nos objetos no meio do caminho, eu não queria acordar ninguém. Passei por um
cômodo maior, era a sala de estar. As cortinas estavam fechadas, o que rendeu uma
escuridão maior. Segui caminho mais a frente, passando para cozinha. Finalmente.

As luzes do jardim estavam acesas, permitindo certa claridade pelas janelas de vidro
daquele cômodo. Com certa dificuldade encontrei um copo, no qual rapidamente
enchi de água no filtro de água mineral. Eu me sentia estranha estando ali, como se
um lado de mim dissesse para eu ir embora, mas outro lado gritava que eu deveria
ficar. Motivos?

(Inicie uma musica de sua preferencia! - Todas disponíveis na playlist do spotify)

- Com sede, Lauren? - disse o motivo principal.

O copo deslizou de minha mão, mas em um reflexo rápido segurei. Meu coração
explodiu em batimentos frenéticos com o susto recebido. Eu fechei os olhos, ouvindo
o barulho suave dos sapatos de Karla no chão de madeira. Eu não respondi, e nem
sequer a fitei. A morena parecia mexer em algo, julguei ser a geladeira. Logo, o
barulho de seus sapatos ficaram mais nítidos, indicando sua proximidade. Eu respirei
fundo, quando ela gentilmente estendeu uma taça de champagne para mim. Pela
primeira vez naquele momento, eu coloquei meus olhos sobre ela.

Droga.

Karla Camila sorriu de canto, aquele sorrisinho cínico, sabe? Seus lábios estavam
pintados em um vermelho forte, o mesmo que ela usou na galeria há horas atrás.
Com a penumbra da noite, eu poderia ver o fraco reflexo da luz em seus olhos
castanhos, que me fitavam famintos. Em uma fraqueza, permiti que meus olhos
focassem no corpo da morena. Que vestia um robe preto, de tecido quase
transparente. O que me dava uma visão quase perfeita da lingerie preta de renda que
ela usava.

- Pegue, esse não está com nada dentro. Juro.

A mulher sorriu como quem estivesse se divertindo com minha expressão. Capturei a
taça de sua mão, deixando o copo de água sobre o balcão. A latina rapidamente
tratou de se sentar sobre a bancada da cozinha. Bem a minha frente. Camila cruzou
as pernas, fazendo com que seu robe se abrisse, em um falso acidente. Ela segurava
a garrafa do champagne francês na mão.

- Como posso ter certeza?

Ela não tirou os olhos de mim, me encarava sem se intimidar. Karla soltou um riso
nasal e, delicadamente pegou o morango que estava colocado na borda da taça que
eu segurava. Com os olhos fixos nos meus, ela mergulhou a pequena fruta dentro do
recipiente, para em seguida levar até seus lábios. A cena pareceu acontecer em
câmera lenta. Karla ergueu um pouco a cabeça, enquanto lentamente mordeu o
morango banhado em champagne Frances. A fruta suculenta liberou algumas gotas
de álcool que molharam os lábios vermelhos e atrativos daquela mulher. Ela mastigou
devagar, saboreando cada segundo, enquanto levou o restante da fruta até meus
lábios.

- Coma. – ordenou.

Entreabri a boca recebendo o restante do morango, sentindo a mistura com o


champagne em minha língua. Ela sorriu vitoriosa.

- Eu não tenho o menor interesse que você durma essa noite, agente Jauregui. –
disse ao levar primeiro o dedo indicador, e em seguida o polegar aos lábios. Um de
cada vez, para chupar o resquício da mistura deliciosa que ela havia feito. Céus, tudo
naquela mulher tinha uma conotação sexual. Camila transpirava sensualidade, e eu
amava aquilo nela.

- Não me provoque, Sra. Collins.

- O que aconteceria se eu provocasse, agente Jauregui?

Perguntou provocadora, em um tom de voz que transmitia puro sarcasmo. A morena


segurou a garrafa de champagne que há poucos minutos tinha repousado sobre o
balcão, e levou até os lábios. Arqueando parcialmente a cabeça para trás, para que
pudesse tomar do gargalo. Camila deixou que algumas gotas de champagne caíssem.
Deslizando por seu pescoço, busto, caindo entre o vale de seus seios apertados no
sutiã de renda.

- Oh, Deus. – ela soltou quase em um gemido.

Ela abriu mais o robe, dando-me a visão de que o álcool desceu mais do que deveria,
chegando a molhar um pouco de sua calcinha. Ela sabia que eu estava vendo tudo, e
se aproveitava daquilo.

- Gosta do que vê? – perguntou de forma direta.

- Gosto, mas...

- O que? Não quer?

- Droga, será que não vê que não podemos?

- Nós podemos. - Ela repousou suas mãos em meu roupão, puxando-me para mais
perto dela. – Nós queremos, Lauren. - sussurrou próximo ao meu rosto.

- Camila... – soltei hesitante.

- E nós iremos fazer. A não ser que você queira ficar aqui comendo morango e
tomando champagne comigo.

Camila desceu da bancada, com aquela expressão desafiadora e debochada. Virou de


costas para mim, ficando de frente para a bancada. A distancia de nossos corpos era
mínima, quase inexistente. Eu aspirei o doce aroma que emanava de seus cabelos
escuros e longos. Ela se inclinou um pouco para frente, e capturou outro morango
dentro de uma pequena tigela. Eu vi a latina levar a fruta até os lábios, e mastigar
devagar.

- Mas eu sei exatamente que não é o morango que você quer comer essa
noite.

Karla virou de frente para mim, repousando seus braços ao redor de meu pescoço.
Segurei com uma das mãos na cintura fina da morena, levando a outra até seu rosto.
A latina fechou os olhos, e permitiu sentir o toque de minha mão em sua pele.

- Você é um inferno, Camila. – disse ao deslizar o polegar sobre os lábios da latina,


que entreabriu a boca, para chupá-lo, da forma mais sensual que poderia fazer.

Porra.

- Sou o seu inferno, Lauren. – disse ao tira-lo da boca.

Eu não sabia explicar como aquela mulher havia conseguido ter um poder tão forte
sobre mim. Camila Cabello era dominadora, persuasiva. De uma forma fora do
comum, ela conseguia me render as suas vontades. Eu não sabia como negar, eu não
queria negar. Puxei sua cabeça para mais próximo, tomando seus lábios em um beijo
intenso. Seus braços se fecharam ao redor de meu pescoço, e os meus em sua
cintura. Nossos corpos colidiram um contra o outro, enquanto nossos lábios se
moviam com pressa. Camila entreabriu os lábios, recebendo minha língua que,
deslizou rapidamente. Fechei minhas mãos em sua cintura, empurrando seu corpo
contra a bancada atrás de si, enquanto chupava sua língua com maestria. Nossos
atos não tinham delicadeza, mas também não eram tão brutos. Tudo poderia se
encaixar em uma única palavra, intenso. Desci com ambas as mãos até sua bunda,
onde apertei com força. Camila suspirou contra os meus lábios, dando-me a chance
de sentir seu corpo estremecer. Reuni forças em meus braços, para erguer o corpo da
morena sobre a bancada. Alguns objetos caíram, fazendo um barulho mais alto.
Porém nem sequer nos importamos, estávamos ofegantes, devido ao beijo
desesperado e faminto, mas não ousamos interromper. Minhas mãos em um ato
alvoroçado foram de encontro ao fio de tecido nobre que rodeava a cintura da
morena. Desfiz o desajeitado laço, para então retirar o robe preto sobre o corpo da
latina. Camila arqueou a cabeça para trás, recebendo meus lábios em seu pescoço.
Deslizei minha língua sobre aquela região, para em seguida chupar com um pouco de
força. Segurei em seus cabelos castanhos, quando a mulher rodeou minha cintura
com as pernas torneadas.
- Lauren... – murmurou perdida naquelas sensações.

Eu apertei meus dedos entre os fios de seu cabelo, e lambi do ponto inicial que era
sua clavícula, até o começo de seu queixo. Ela quase gemeu, quase. Eu me
encontrava totalmente inebriada em meio a preliminares. Karla era um inferno,
excitante e tentador. Tudo nela me atraia, me guiava para um mundo onde tudo que
eu precisava era ela.

- Odeio você. – disse ao puxar seu corpo para mais próximo.

A morena estava com a coluna ereta e, um sorriso sacana nos lábios.

- Você me adora, Jauregui.

Ela deslizou a ponta da língua sobre seu lábio inferior, antes de selar seus lábios nos
meus. Minhas mãos apertaram suas costas, em uma tentativa de uni-la mais a mim.
E ela pareceu entender, pois apertou mais suas pernas envolta de meu corpo. Karla
estava usando apenas uma pequena lingerie preta, e seus saltos. Seus cabelos agora
estavam desgrenhados, e seu batom um tanto borrado.

A filha da puta continuava linda.

Levei minhas mãos até seus seios, apertadinhos naquele sutiã sexy. Apertei de forma
lenta e gostosa, enquanto deslizava os lábios pela parte superior. Camila olhava
absolutamente tudo com atenção, cada movimento de meus lábios e língua sobre sua
pele. Deslizei a língua entre o vale de seus seios, a fazendo suspirar. Senti uma das
mãos da morena em meus cabelos, apertando com um pouco de força. Levantei a
cabeça, para capturar os lábios da morena com os meus. Nos beijamos com fome,
fome uma da outra. Deslizei a mão que estava apertando a coxa da mesma, em
direção ao seu sexo. Sobre a ponta de meus dedos, senti a boceta molhada de
Camila. Mesmo com a calcinha, eu poderia sentir a umidade ali. A morena
interrompeu o beijo, mordendo meu lábio inferior em uma reação imediata ao meu
toque, ela puxou meu lábio com os dentes e soltou. Seus olhos se fecharam assim
que esfreguei o dedo do meio sobre seu clitóris. Nosso contato era sempre tão
intenso, como se uma corrente elétrica se propagasse entre ambas.

- Sente como você me deixa, Lauren. Eu estou tão molhada para você.

Camila juntou sua mão a minha, quase em uma ordem clara para que eu
intensificasse o movimento de meus dedos ali. Ela abriu os olhos, e me encarou
fixamente. Seus dedos se moviam junto dos meus sobre sua boceta. Mesmo por cima
do tecido fino, meus dedos estavam ficando levemente úmidos. Ela estava quente.

- Porra, Camila.

Eu não precisaria ser tocada para sentir prazer. Ver Camila daquela maneira, era o
suficiente para me enlouquecer. Sua boca entreaberta soltava seguidas lufadas de ar,
e alguns gemidos teimosos que por ali escapavam. Seu peito subia e descia em uma
respiração pesada. A latina mordeu o lábio inferior com um pouco de força, quando
por fim levou minha mão para dentro de sua calcinha.

- Me foda. Eu quero que me toque, que me foda com a vontade que carregou
durante esse tempo todo. Oh.

Meus dedos agora extremamente melados, deslizaram sobre a boceta quente daquela
mulher. Eu sentia meu corpo vibrar, em cada célula entorpecida pelo desejo
desmedido. Eu a queria. Molhei meus dedos na entrada do sexo úmido, e voltei com
três para esfregar sobre o clitóris da latina. Camila me puxou para si, tomando meus
lábios em um beijo desesperado. Eu não ousei parar os movimentos, continuei a
beijá-la com fervor, enquanto meus dedos se esfregavam com intensidade naquela
região. A latina passou há movimentar um pouco seu quadril, como se quisesse me
sentir mais.

- Você é tão gostosa. – sussurrei entre seus lábios.

- Sou? Você acha? – sua voz saia arrastada, em meio aquela respiração
descompassada.

- Sim, muito Karla. Meu Deus.

Envolvi sua cintura com o braço, prendendo seu corpo junto do meu, enquanto com a
outra mão esfreguei meus dedos sobre sua boceta. Karla suspirou pesado, o que fez
meu corpo tremer. Desci com dois de meus dedos até o centro úmido, fazendo com
que Camila se abrisse mais. Era notável o quanto a morena precisava me sentir
dentro dela. Ameacei durante três tentativas, quando senti a delicada mão da morena
repousar sobre meu braço, em um pedido desesperado por mais. Ela empurrou com
um pouco de força, fazendo meus dedos mergulharem no interior de sua boceta.

- Oh, isso...

Céus! O gemido da latina enviou uma pontada forte em seu sexo. Eu o senti latejar, e
meu corpo inteiro entrar em uma adrenalina maravilhosa. Movi meus dedos bem
devagar, para que ela se acostumasse com eles ali. A calcinha pequena atrapalhava
um pouco, mas não me dei o trabalho de tirar. Ela era quente, apertada e
extremamente úmida. Camila repousou a mão sobre a bancada, arqueando um pouco
seu corpo para trás. Levei meus dedos até o fundo, e tirei quase até o final. Eu me
sentia em puro êxtase ao tê-la daquela maneira. Dar a prazer a Camila era tão
gostoso quanto ter alguém dando prazer a mim. Ela mordeu os lábios, arqueando a
cabeça um pouco para trás, enquanto meus dedos mergulhavam fundo em seu sexo.
Ela apoiou o peso de seu corpo nas mãos, e moveu seu quadril. Para frente e para
trás, de acordo com as estocadas em sua boceta. Levei minha mão livre até seu
queixo, puxando sua cabeça para mais próximo da minha. Rocei meus lábios nos
dela, que permaneciam entreabertos.

- Que saudade de sentir você, Lauren. – sussurrou perdida entre gemidos.

Eu aumentei o movimento de meus dedos ao ouvi-la. Transar com Camila foi de longe
uma das melhores coisas que já fiz. É como se você desse seu melhor, mas sem
esforço. Como se ela despertasse em você todas as sensações prazerosas que seu
corpo pode oferecer. Era no mínimo alucinante a sensação. O perigo estava presente,
afinal, a qualquer momento poderíamos ser pegas no flagra.

- Sentiu seu saudades de foder comigo, Karla?

- Sim! Muita..e sei que você também sentiu. – ela soltou com aquele olhar fixo nos
meus.

E ela tinha razão. Eu movimentei meus dedos com precisão, inclinando um


pouco dentro de sua boceta, para então tocar seu ponto g. Camila colocou seus
braços ao redor de meu pescoço, se apoiando em meu corpo, enquanto movia seu
quadril rapidamente. Os seus gemidos estavam mais fortes, porém não muito alto. A
latina sabia que não poderíamos ser pegas, por isso, gemia só para mim.

- Caralho, você me fode tão bem. Deixa minha boceta tão molhada. Eu posso gozar a
qualquer momento.

Eu a xinguei em pensamentos. As palavras sujas que saiam de sua boca, só me fazia


perder o único fio de sanidade que me restava. Tudo ali colaborava para um orgasmo
delicioso.
- Mas...Oh. – Camila levou a mão até a minha, retirando de sua boceta.

Eu a fitei confusa, me perguntando o motivo para tal ato. A latina sorriu, e levou
minha mão até sua boca. Meus dedos foram chupados da forma mais sexual que
aquele momento oferecia. A expressão sedutora de Karla fez meu corpo inteiro
tremer.

- Eu não quero gozar assim. Tão rápido. – disse ela antes de deslizar a ponta da
língua sobre seu lábios inferior. - Eu quero que essa noite dure muito.

A morena desceu da bancada, segurou em minha mão, puxando-me para fora


daquele lugar. Caminhamos em meio à escuridão de um corredor. Nada poderia ser
ouvido, a não ser pelo barulho de nossas respirações. Eu agarrei a mulher por trás,
beijando seu pescoço, deslizando as mãos por seu corpo. Ela virou de frente para
mim, tomando meus lábios em um beijo desesperado. Eu apertei seu corpo contra a
parede, deixando que minha língua adentrasse sua boca com certa brutalidade. Nos
quase nos engolíamos de tanto fervor. A latina com muito custo se libertou de meus
braços, puxando-me para dentro de uma sala. A escuridão impossibilitava qualquer
visão de onde estávamos. Camila se aproximou, e beijou minha boca rapidamente,
quando então se afastou. Em questão de poucos segundos uma luz se ascendeu.
Dando uma visão parcial do ambiente. Era uma sala de lazer. O foco de luz vinda do
lustre oval estava sobre uma mesa de sinuca. Mesmo com a penumbra do lugar, eu
conseguia ver algumas coisas. Karla virou de frente para mim, ela estava a cerca de
um metro de distancia.

- Lembrei de quando nos encontramos. Quando você me observou de longe, devo


imaginar que queria muito me ter naquela mesa de sinuca.

Eu soltei um sorriso de canto, quando a imagem de Karla no Jared Drink's invadiu


meus pensamentos.

- Realmente, eu quis muito.

- Eu sei, Lauren. Eu via em seu olhar.

A morena girou sobre seus calcanhares, caminhando em direção a mesa de sinuca.


Lentamente. Meus olhos analisaram cada mínimo detalhe do corpo perfeito que
aquela mulher possuía. Ela ainda estava de lingerie, e saltos. Camila ao se aproximar
da mesa, sentou sobre ela. Ela tinha um olhar intenso, e um sorriso sacana nos
lábios. A latina levou as mãos até o fecho se seu sutiã, e os retirou. Sem tirar os
olhos de mim.
- Eu vi o quanto você me desejou desde o primeiro segundo que colocou os olhos
sobre mim. Pensou que eu seria mais uma boba que levaria pra cama. – uma
risadinha irônica deixou sua boca.

Eu prestava atenção em cada movimento que a mulher fazia. E agora ela levou as
mãos até a lateral de sua calcinha, e começou a tira-la.

- Mas não imaginou que eu poderia ser tão boa. A ponto de te enlouquecer daquela
maneira. – a calcinha agora estava passando por seus joelhos. – Que eu poderia ser
tão gostosa na cama.

Eu engoli em seco, quando a calcinha deixou totalmente seu corpo. Camila sorriu
diabolicamente, e jogou a pequena calcinha de renda em mim. Peguei o pequeno
tecido, com um sorriso nos lábios. Ela o retribuiu, antes de afastar um pouco seu
corpo para trás. Eu vi Camila deitar completamente nua, sobre a mesa de sinuca.
Tendo o único foco luminoso daquele ambiente sobre seu corpo despido.

Caralho.

Eu respirei fundo, e caminhei para mais próximo dela. A visão que eu tinha, era
simplesmente magnífica. A morena de corpo escultural, estava delicadamente deitada
ali, com seus cabelos longos e escuros derramados sobre o tecido verde que cobria a
mesa. Repousei a ponta de meus dedos sobre o corpo dela, deslizando lentamente,
enquanto rodeava aquela mesa. Camila arfou ao sentir o toque suave em sua pele,
mas nada falou. Eu parei agora onde havia iniciado a pequena caminhada ao redor, e
a encarei. Ela manteve seus olhos focados em cada movimento meu. Então, levei as
mãos até o laço do roupão em minha cintura, o desfazendo. Eu vi o peito de Camila
subir e descer, em uma respiração descompassada. Ela gemeu, quando o tecido
grosso, deixou meu corpo, caindo totalmente sobre o chão. Eu estava nua,
completamente nua.

- Vem... – seu tom de voz saiu mais rouco do que o normal.

Eu me aproximei, agora subindo sobre a mesa de sinuca. Engatinhei sobre o corpo de


Camila, para então me acomodar sobre ela. A latina abriu as pernas, para que eu
ficasse no meio. Eu suspirei pesado, quando senti sua pele quente em contato total
com meu corpo. Logo, senti seus lábios junto dos meus, e sua língua deslizando com
fome junto da minha. As mãos da morena adentraram entre os fios de meu cabelo,
deixando que a ponta de suas unhas arranhassem minha cabeça. O lugar estava
quente, nossos movimentos cada vez mais intensos. Uma mistura perfeita de perigo,
tesão e desejo. Deixei a boca da latina, arrastando meus lábios pela linha de seu
maxilar, até o lóbulo de sua orelha. E com a ponta da língua passei por cima, fazendo
suas mãos descerem até minhas costas. As unhas de Camila foram cravadas em
minha pele, no exato instante que chupei ali, deixando minha respiração ofegante
contra seu ouvido.

- Oh, Lauren.

- Você me deixa completamente louca, Karla. – sussurrei, ao descer com os beijos


pelo seu pescoço.

Camila arqueou um pouco a cabeça para trás, deixando seu pescoço totalmente livre
para mim. Deslizei minha língua em sua pele, enquanto movia meu corpo sobre o
dela, causando um atrito delicioso entre nós. Eu me esfregava nela, enquanto ela
gemia baixinho pra mim. Cravei meus dentes em sua pele, e logo em seguida chupei
seu pescoço deixando uma marca avermelhada ali. Ela arrastou suas unhas com um
pouco de força em minhas costas, deixando aquela ardência de leve.

- Você não pode me marcar, sua puta. – exclamou.

Eu sorri, e me acomodei melhor, agora tendo seus seios apertados contra os meus.
Beijei aquela boca carnuda, agora borrada com o batom. Quando Camila me virou
sobre a mesa, ficando por cima de mim. A latina expandiu seus lábios em um sorriso
cínico, e se levantou parcialmente, ficando sentada sobre mim. O lustre era alto, mas
se agora Camila levantasse as mãos poderia tocá-lo. Por uma fração de segundos eu
me permiti observá-la, em seus mínimos detalhes. Karla estava agora completamente
nua sobre mim, dando-me a chance de apreciar cada milímetro de seu corpo. Seu
abdômen lisinho, até seus seios medianos com mamilos rosados e rígidos pelo tesão.
Ela levou uma das mãos até seus cabelos, virando boa parte para um lado, deixando
os mesmos desgrenhados, o que dava um ar bem sexy ao momento. Ela tinha o lábio
inferior sendo mordido, enquanto seus olhos quentes me fitavam.

- Adoro como me come com os olhos, agente Jauregui.

Ela manteve sua coluna ereta, como se exibisse seu corpo para mim. Devagar, a
latina movimentou seu quadril, esfregando sua boceta por cima da minha. Eu fechei
os olhos, e gemi.

- Gosta quando eu como você também? – perguntei ao levar minhas mãos até sua
cintura.
- Sim, eu adoro quando você me come.

Camila se esfregou mais, impulsionando seu corpo para baixo. Eu sentia a boceta
quente e molhada dela roçando em mim. Apertei sua cintura, para ajudar ela a se
mover. A morena procurava a todo instante manter o contato total de nossos sexos.
Eu me sentia perdida, inebriada pelo prazer de tê-la. Meu corpo clamava a cada
segundo que passava por um orgasmo que eu sabia que em pouco tempo chegaria.
Camila ergueu parcialmente uma de minhas pernas, para acomodar melhor meu sexo
com o dela. Foi um contato total, eu tinha a boceta quente e úmida de Karla contra a
minha.

- Merda, Camila! – disse ao segurar na borda da mesa de madeira firme.

A latina gemeu de forma gostosa, quando passou a se esfregar mais em mim. A sala
estava em um repleto silencio, a não ser por nossos gemidos, as respirações pesadas
e o maldito barulho da fricção de nossas bocetas. A cada instante que se passava, a
morena se movia mais depressa, provocando aquele maldito tremor em meu corpo.
Ela estava suada, tendo alguns dos fios de seu cabelo grudados em seu corpo. A cena
era simplesmente linda e sensual. Eu fechei os olhos, arqueando a cabeça para trás. E
em um impulso levei minhas mãos até meus seios, onde apertei com força,
acompanhando os movimentos que a latina fazia sobre mim.

- Oh, porra! – Camila gemeu um pouco mais alto.

- Eu vou gozar, caralho. Karla...

Aquilo pareceu musica para seus ouvidos. Karla aumentou seus movimentos como se
quisesse me ver gozar em frações de segundos, e foi exatamente assim que
aconteceu. Meu corpo foi pego de uma só vez com aquele tremor e fisgadas
concentradas em meu sexo. Eu sentia cada canto de mim vibrar em prazer, fazendo-
me gemer roucamente. Camila estava prestes a gozar, estava nítido para mim. Eu
abaixei minha perna, obrigando-a parar.

- Vem, eu quero que goze na minha boca. – minha voz saiu carregada em um tesão
descomunal.

Os olhos da latina tinham um brilho tão intenso e quente. Ela soltou um sorriso de
canto, e delicadamente se aproximou de minha cabeça. Karla ainda estava de salto,
deixando uma visão puramente sexy. A latina se acomodou, repousando um joelho de
cada lado de minha cabeça. A luz acesa estava sobre nós, como se fossemos o único
foco daquela sala. Karla sorriu sacana, e devagar abaixou seu corpo a ponto de minha
boca chegar a sua boceta. Eu ouvi o gemido se espalhar pelo cômodo assim que
deslizei minha língua sobre seu sexo.

- Isso, Lauren... – gemeu ela.

Camila moveu seu quadril devagar sobre minha boca, fazendo com minha língua
deslizasse com um pouco de pressão. Eu não fechei os olhos, me mantive atenta com
a pouca visão que tinha. Com a ponta da língua penetrei a entrada da boceta
molhada da latina, sentindo seu liquido quente em contato com minha boca. Camila
era deliciosa em todos os sentidos possíveis. Ela gemeu, e movimentou devagar seu
corpo a cada vez que minha língua entrava e saia de seu centro. Eu vi a mulher levar
suas mãos até seus seios, no qual apertou com certa pressão.

- Você me chupa tão gostoso, oh, céus.

Karla não demoraria a gozar, ela já estava sensível demais. Retirei minha língua pela
ultima vez da entrada de seu sexo, e deslizei por cima dos lábios maiores. Ela arfou, e
gemeu em protesto. A latina desceu com uma das mãos até sua boceta, e com dois
dedos "abriu" os lábios maiores, deixando seu clitóris exposto para mim.

- Me chupa, vai...me come, me foda...Faça o que quiser, só me faça sua.

Senti meu sexo latejar forte com suas palavras tão intensas. Por uma fração de
segundos meus olhos se conectaram com os dela. Camila e eu estranhamente
tínhamos uma conexão. Eu ergui um pouco a cabeça, sem tirar meus olhos dos dela,
coloquei a língua para fora e deslizei apenas uma vez sobre o clitóris inchado da
morena. Camila estremeceu, soltando um gemido quase involuntário entre seus
lábios.

- Caralho!

Minha língua se arrastou por cima de seu clitóris, em movimentos sincronizados e


circulares. O quadril da morena se moveu com mais rapidez, a procura de um contato
maior. Camila ainda estava com os dois dedos em sua boceta, enquanto esfregava-se
em minha boca. Levei minhas mãos até sua bunda, onde apertei com força.

- Isso, chupa gostoso assim, Lauren...

Eu não ousei parar, eu queria senti seu gozo em minha boca. Minha língua moveu-se
de um lado para o outro, agora bem rápido. Camila a cada instante se esfregava mais
em mim, oferecendo tudo de si em troca de um orgasmo. A todo custo ela tentava
calar os gemidos que escapavam, mas era impossível. Karla Camila Collins estava
dominada pelo prazer, o prazer que eu estava dando a ela. Estalei um forte tapa em
sua bunda, arrancando xingamentos sujos da mesma.

- Eu vou gozar, Lauren. Caralho, eu vou gozar pra você.

O corpo da morena estremeceu. Ela moveu o quadril rápido e forte, esfregando sua
boceta em minha língua, que degustava daquele delicioso orgasmo que tomava conta
de seu corpo. Apertei o enorme volume de sua bunda, ajudando ela se mover até o
fim daquelas sensações. Camila gemeu, xingou em meio a respiração ofegante e o
ápice do prazer.

- Nossa... – disse ela ao repousar as mãos sobre a mesa.

Estávamos ambas ofegantes, cansadas, porém satisfeitas. Camila com cuidado se


acomodou sobre meu corpo, fazendo-me sentir a pele quente e suada contra meu
corpo. Eu fechei os olhos, e respirei fundo. Quando abri, vi seus olhos quentes fixos
sobre os meus.

- Você continua tão boa quanto da primeira vez, agente Jauregui.

Um sorriso escapou de meus lábios, capturando outro dela. A mulher ainda estava
extremamente ofegante, quando deslizou sua língua por cima de meus lábios.
Degustando de seu próprio gozo. Karla mais parecia uma felina maliciosa, ao lamber
de forma sensual todos os resquícios de seu gozo presente em minha boca.

- Vagabunda. – disse quando ela afastou sua boca da minha.

- Sua vagabunda.

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É gente, acho que agora ficou bem mais difícil para nossa agente Jauregui conseguir
escapar das garras da Sra. Collins! haha'

Surtem, falem, comentem usando a tag de votação!

Fifth Harmony #SoFantastic @radiodisney


#FifthHarmony #YouKnowYouLoveThem @radiodisney

Até o próximo capitulo!


Capítulo 11 - Lados ocultos.

Hallo ~~ Lauren Voice~~~

Como estão, meus amores? Eu estou bem nervosa com esses lances do show. Por
isso resolvi postar logo o capitulo hoje! Enfim, me desculpem a demora. Eu estou
trabalhando bastante, e o tempo para escrever diminuiu. Mas prometemos que não
vamos deixar vocês na mão.
O que estão achando das ultimas edits feitas para Xeque-Mate? Estamos amando
demais dividir isso com vocês. Podendo colocar todas nossas ideias nessas montagens
maravilhosas. Ahh, todas elas foram feitas pela Ju! Inclusive, quero agradecer muito
por ser tão paciente e fazer do jeitinho que a gente imaginou. haha'

Esse aqui é o user dela! - @Jaureguimalik25

Gostaram do hot do capitulo anterior? Espero que sim! Agora vamos ao que interessa,
nosso capitulo! Queria dizer que é um capitulo normal, precisamos de ponte...então,
aproveitem. Para ele, coloquei uma musica, apenas pra dar um climinha bom pra
cena. Nada demais. A musica é da Kehlani, se chama "FWU" Está disponível na
minha playlist (Instincts) no spotify.

Link:
https://open.spotify.com/user/evelinsilva17/playlist/1q7GDPQJ0vRQXRbN5oB3s8

Agora sim, aproveitem. Tenho uma surpresinha no final. :)

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Lauren Jauregui's Point of View.

"Mantive meus olhos fechados, enquanto Camila distribuía pequenos beijos pela
extensão de meu abdômen, indo em direção a minha cabeça. Já devia ser o terceiro
orgasmo daquela noite; eu me encontrava fodidamente exausta. Meu peito subia e
descia em uma respiração ofegante e descompassada. Camila acomodou seu corpo
sobre o meu, fazendo-me sentir o toque delicado de sua pele suada. Abri os olhos,
encarando aquele par de olhos castanhos em minha direção. Karla expandiu os lábios
em um sorriso satisfeito, exibindo seus dentes brancos. Estávamos deitadas sobre o
tapete da sala de lazer, completamente nuas. Estiquei meu braço, deixando que
minha mão deslizasse pelas costas da morena, acompanhando a linha de sua coluna
até chegar a sua nuca. A latina levou uma das mãos até seu cabelo, virando o mesmo
para um lado, deixando o outro totalmente livre. A pouca iluminação que banhava o
corpo da morena, realçava seus traços mais marcantes.

- Tinha esquecido como você era tão boa, Karla.

Ela sorriu, e em seguida mordeu o lábio inferior.

- Posso dizer o mesmo, Lauren.

Camila ergueu um pouco seu corpo, apoiando seus braços ao redor de minha cabeça.
Agora ficando com o rosto na mesma direção do meu, com uma pequena distancia
entre ambos.

- Claro que pode. Eu sou ótima. - soltei convencida.

- Somos uma bela combinação na cama.

- Eu não deveria, mas tenho que concordar.


- Claro que tem. Sou a melhor que você já teve, Jauregui.

- Como pode ser tão convencida?

- Eu sou realista, é diferente.

Camila inclinou a cabeça, alternando o olhar entre meus olhos e minha boca.
Lentamente a morena entreabriu os lábios, e fez a breve menção que iria uni-lo aos
meus. Quando tomei impulso para beijá-la, ela se afastou com aquele sorriso
cafajeste nos lábios. Franzi o cenho, com uma cara de poucos amigos, o que rendeu
uma expressão divertida da latina. Virei nossos corpos sobre o tapete, invertendo as
posições, agora eu estava sobre o corpo da morena.

- Isso não vale. - exclamou quando segurei seus punhos com as mãos.

- Vale tudo entre nós. - foi o que disse ao beijá-la."

As imagens dessa madrugada com Camila inundavam meus pensamentos, não


dando espaço para mais nada. Fechei os olhos, sentindo a água morna escorrer pelo
meu corpo inteiro. Já havia amanhecido, nesse momento a morena deveria estar
dormindo ao lado de seu marido dopado ou não. Desliguei a ducha, capturando a
toalha grossa que estava ao lado do box do banheiro. Demorei alguns minutos para
estar devidamente pronta. Logo deixei o quarto de hospedes da mansão Collins, e
caminhei pelo corredor até a sala central. Para minha infeliz surpresa, encontrei quem
eu menos queria descendo a escadaria.

- Bom dia, agente Jauregui. - Collins falou se aproximar.

O homem agora estava bem diferente do que eu estava acostumada a ver.


Christopher vestia uma calça de moletom cinza, e uma camisa branca bem simples.
Seus cabelos estavam úmidos e bem penteados.

- Bom dia, Sr. Collins.

- Dormiu bem?

- Sim, perfeitamente bem. - disse sem olhar nos olhos do mesmo.


- Ótimo, vejo que já está de saída. Não quer tomar café da manhã antes?

- Não, obrigada. Eu só preciso ir embora mesmo.

- Eu faço questão, Lauren. Se junte a mim.

Christopher apenas indicou para que eu seguisse para a mesa de café da manhã, e foi
exatamente o que eu fiz. Seguimos em absoluto silencio até a mesa, o que me
rendeu certo desconforto.

- Me sinto exausto, meu Deus. - comentou ele ao se sentar na cabeceira da mesa.

A imagem de Camila girando a taça com a droga veio em meus pensamentos,


fazendo meu coração acelerar. Neguei com a cabeça em uma tentativa de afastar
aquelas imagens de minha cabeça rapidamente.

- Isso deve ser excesso de trabalho, senhor.

- Com certeza. Mas para se chegar onde estou, é preciso fazer muitas coisas. Isso
inclui uma longa jornada de trabalho, agente.

- Eu imagino que sim. Fico surpresa e admirada com isso. Vejo que é um homem
novo, e mesmo assim tem tanta coisa.

Christopher sorriu.

- Eu nasci pra ser um grande empresário, Lauren. E trilhei o caminho certo para
chegar nisso. Pena que muitos querem o meu mal, por isso você está aqui, certo?

- O que? - perguntei confusa.

- Para investigar. - falou calmamente - Afinal de contas, você está na tentativa de


descobrir quem está me roubando.

Eu respirei fundo, deixando o ar escapar lentamente de meus pulmões.

- Claro, estou fazendo todo o possível.

- Espero que consiga.

Ficamos em silencio por alguns segundos, que para mim estavam sendo agonizantes.
Eu me encontrava confusa, e ao mesmo tempo nervosa. Era no mínimo estranho
demais tomar café da manhã ao lado do marido da mulher na qual você passou a
noite. Eu nunca me importei com isso, já havia transado com outras mulheres
casadas, mas nunca tive que conviver com seus devidos maridos. Afinal, meus
"relacionamentos" não passavam de uma única noite. E como se não fosse o
suficiente para me atormentar, ninguém menos que Camila se junta a nós.

- Bom dia. - disse ela um tanto surpresa.

- Bom dia, meu bem. - Christopher falou ao repousar a xícara de café sobre a mesa.

- Bom dia, Sra. Collins.

- Pensei que não veria você aqui essa manhã, agente. - disse ela com um sorriso.

Camila vestia uma blusa marfim de gola alta, e mangas longas, que estavam
devidamente repuxadas até os cotovelos. Um jeans azul escuro com cortes suaves
nas coxas e joelho, e delicadas sandálias nos pés. A morena sentou ao lado de
Christopher, e consequentemente a minha frente.

- Eu estava de saída, mas o senhor Collins me chamou para o café da manhã.

Camila reprimiu um riso, e manteve sua expressão tranqüila.

- Vai sair? - o homem perguntou.

- Sim, vou me despedir de pintor que estava na galeria ontem. Dinah já está lá, e
pediu que fosse.

- Acho que ele não foi muito com minha cara.

- Você não foi muito agradável com ele, querido.

- Eu estava cansado demais, Camila. Tive um dia exaustivo e não estava com muita
paciência para eventos.

- Pois eu estava com toda energia ontem. - ela disse trocando um rápido olhar
comigo.

Depois de mais alguns torturantes minutos, em uma conversa aleatória com o casal a
minha frente. Informei que já estava ficando tarde, e eu precisava voltar para casa.

- Levo você até a galeria, seu carro está lá. Certo? - Camila logo falou.

- Não precisa, senhora.

- Vou para lá, Lauren. Não custa nada, não é querido?

- Claro, uma carona não seria nada mal. - Collins falou ao tocar a mão de Camila que
estava repousada sobre a mesa.

Eu já estava do lado de fora da casa, perto da Ferrari preta de Camila. Olhei para a
entrada da enorme mansão, vendo a mulher rapidamente se despedir do marido que
lhe beijou os lábios. Revirei os olhos com um sorriso cínico nos lábios.

Você não presta, Lauren.

- Vamos? - perguntou ao se aproximar.

- Vamos.

- Você dirige.

Entramos em seu carro, e logo dei partida, fazendo o ronco do motor soar alto.
Saímos da área da mansão Collins, deixando Christopher para trás.

- Juro que fiquei surpresa ao te ver na mesa de café da manhã. - Camila falou com
um tom de voz cínico, enquanto ligava o som de seu carro. - Não imaginei que iria
me esperar para isso também.

Me acomodei melhor no banco do carro, e encarei Camila. A morena tinha atenção


concentrada em mim, enquanto mantinha seu corpo relaxado no banco do
passageiro.

- Acabei tendo a infelicidade de encontrar com seu marido ao sair do quarto. Não
pense que foi por você, Karla.

- Duvido que não tenha sido por mim. A noite foi tão boa, que quis esperar pra me
ver no café da manhã.

- Como consegue? - perguntei ao tirar os olhos da fileira de carros a frente, para


encará-la.
- O que?

- Agir naturalmente. Você se comporta como se tudo estivesse normal, Camila.

Ela suspirou e sorriu, enquanto girava o pequeno botão no painel do carro, para
aumentar o volume da musica que tocava. Dividi minha atenção entre a rua e a
mulher ao meu lado.

- Eu tenho que ser assim, Lauren. As pessoas vão ver o que eu quero que
elas vejam. - disse ao me lançar um olhar um olhar confiante. - Eu dou as cartas.

- Comigo não é assim, eu vejo quem você é, Camila.

Ela sorriu de canto.

- Você ver o que eu quero que veja, Jauregui.

- Você é louca. - disse com os olhos fixo em sua expressão divertida. - Sabe disso,
não é?

- Eu sei sim, é uma das minhas virtudes. Você não gosta?

Camila esticou o braço, afastando meu cabelo para o lado oposto do qual ela estava.
Eu nada falei, apenas parei o carro diante o sinal vermelho do semáforo, quando a
morena ergueu um pouco seu corpo. Eu fechei os olhos ao sentir os lábios macios e
úmidos de Camila na pele de meu pescoço.

- Você gosta, Lauren... - sussurrou em meu ouvido,

O carro que estava ao fundo buzinou escandalosamente, informando que todos os


carros à frente já haviam saído. Eu neguei com a cabeça, e pisei no acelerador do
veiculo. Camila soltou uma risadinha, e voltou para o seu lugar.

- Você pode ficar quieta?

- Não consigo.

- Pois tente, se não quiser que eu bata com seu carro. - Exclamei um tanto nervosa.
A morena parecia se divertir com a situação, notava-se facilmente pela sua expressão
cínica. Camila se remexeu lentamente no banco ao som da musica que deixava o alto
falante da Ferrari. Fiz o possível para manter a concentração na rua durante todo o
percurso até a galeria Cabello.

- Você fica toda nervosa. Gosto disso. - disse ela ao repousar a mão sobre minha
coxa.

- Camila...

- Não vou fazer nada. Prometo!

- Não confio em você.

Camila soltou uma risada divertida, e negou com a cabeça.

- Você está tendo uma péssima imagem de mim. Eu sou um amor, sabia?

- Você é um demônio, Karla.

- Você deveria ser um pouco romântica comigo. Me chamar de demônio não é nada
carinhoso. - seu tom de voz era puro cinismo.

Soltei um riso baixo, tentando manter a concentração na rua em que seguíamos.


Estávamos agora entrando no estacionamento da galeria Cabello, onde meu carro
estava.

- Mas como eu sou uma mulher boazinha, e vou te perdoar por isso. - completou.

- Vai? - perguntei ao desligar o carro.

- Claro, Lauren. - Camila se aproximou mais, agora ficando a poucos centímetros de


meu rosto. - Sou sempre muito boa.

Em um ato quase imperceptível, a morena apertou no pequeno botão do cinto de


segurança do meu banco, deixando-me totalmente livre. Por um momento, fixei meus
olhos no dela, e depois fitei seus lábios bem desenhados, que se entreabriram
devagar. Engoli em seco, e voltei meus olhos aos seus, notando o quão intenso
aquele momento se tornou. Em um impulso beijei sua boca. Camila pareceu surpresa,
pois demorou alguns segundos para corresponder, talvez ela não esperasse por uma
atitude minha. Levei uma de minhas mãos até sua nuca, puxando-a para mais
próximo, enquanto minha língua cuidava de adentrar sua boca, e deslizar sobre a
língua quente e macia da latina. Nossos movimentos não eram rápidos, e muito
menos desesperados, mas também, ficam longe de serem calmos. Chupei a língua da
morena com maestria, alternando a cabeça para o lado oposto, sem tirar a mão de
sua nuca. Camila correspondia à altura de minha vontade, intensificando nosso beijo.
Eu estava cada vez mais debruçada sobre o corpo da mulher, tomando seus lábios e
sua língua com vontade. A morena suspirou entre meus lábios, e eu os soltei
lentamente, para descer com os beijos por seu pescoço. Com toda certeza aquele
pequeno espaço estava ficando mais quente do que deveria.

- Afasta! - ordenou.

Recuei m pouco confusa, encostando as costas no banco do carro. Camila não


demorou a se mover. Com cuidado a morena se colocou sentada em meu colo,
deixando uma perna de cada lado de minhas coxas.

- Assim é bem melhor, Jauregui.

A latina segurou com as duas mãos em meu rosto, enquanto me encarava com
aquele par de olhos castanhos flamejantes. Repousei minhas mãos em sua cintura,
apertando com um pouco de força.

- Eu não deveria... - sussurrei um pouco ofegante.

- Mas você quer, e eu também. - disse ela ao tomar meus lábios em um beijo.

Nós ficamos mais alguns bons minutos dentro daquele carro. Entre beijo e amassos
intensos, apenas isso. Camila ainda estava em meu colo, agora sem blusa e com
belas marcas avermelhas perto de seus seios e pescoço. Estávamos suadas e
fodidamente excitadas com aquele momento, mas não passaríamos dos limites, não
hoje.

- Eu tenho que entrar. Estamos há quase meia hora aqui dentro, Dinah vai me matar.
- Camila falou, enquanto eu beijava sobre o ponto de pulso de seu pescoço.

- Eu preciso ir pra casa também. - fitei seu rosto, que continha um sorriso.

Camila assentiu, e deixou meu colo para voltar ao banco de passageiro. Olhei para o
espelho retrovisor, tendo a imagem de uma Lauren um tanto descabelada com lábios
inchados e avermelhados.

- Olha o estado que você me deixa. - disse ao tentar melhorar a situação.

Camila soltou uma risada baixa, enquanto procurava sua blusa pelo veiculo.

- Te deixo sexy e muito excitada.

A latina terminou de vestir sua blusa, e voltou sua atenção para o espelho.
Arrumando seus cabelos, e logo em seguida retocando o batom de cor suave que
cobria seus lábios macios e agora inchados.

- Prontinho.

- Ótimo, eu já vou.

Camila inclinou seu corpo e bem devagar apenas me deu um selinho.

- Obrigada pela proteção, agente Jauregui.

Eu neguei com a cabeça, e abri a porta da Ferrari. Saímos juntas do carro de luxo,
olhando a nossa volta. Tudo extremante calmo. Segurei a pequena bolsa de mão,
onde estava minha pistola, enquanto caminhava em direção ao meu carro que estava
estacionado do outro lado.

- Me ligue caso precisar de algo.

- Eu vou ligar sim. Até mais, agente.

Camila piscou para mim, e caminhou graciosamente até a entrada de sua galeria.
Destravei meu carro, entrando no mesmo. Joguei a bolsa de lado sobre o banco do
passageiro, enquanto me acomodava em meu lugar.

- Você só piorou tudo, Lauren. - sussurrei para mim mesma, enquanto ligava o carro.
- Mas bem...que seja o que tiver que ser.

Camila Collins Point of view.

Cruzei o enorme salão da galeria, que diferente da noite anterior já estava


parcialmente vazio. A equipe de montagem estava em um trabalho pesado e
cuidadoso para desmontar tudo que foi feito para a exposição da noite anterior. De
longe, pude ver Dinah no alto da escadaria em uma conversa entretida com o pintor
das obras. Passei as mãos em meus cabelos, na tentativa de me manter um pouco
mais apresentável. Subi as escadas, me aproximando de ambos.

- Olha só quem finalmente chegou.

A loira não estava com uma expressão nada boa. Dinah odiava quando eu me
atrasava para nossos compromissos de trabalho. Eu apenas sorri, e cumprimentei o
pintor que sorriu gentil.

- Sinto muito, eu tive um pequeno imprevisto.

- Eu imagino que sim. - Dinah falou enquanto me fitava com uma expressão
acusativa.

- Não se preocupe Sra. Cabello. Sua sócia me atendeu perfeitamente bem. Uma pena
que já estou de saída.

- Mas já? Não quer ir a minha sala. Podemos falar um pouco sobre ontem.

- Eu tenho um vôo marcado para daqui à uma hora. Não tenho como mesmo. - o
homem disse desanimado.

- Entendo, espero que tenha gostado de ontem.

- Eu adorei! Com toda certeza faremos negocio muitas outras vezes. Nosso evento
está em todas as colunas de sociais dessa semana.

- Vou fazer questão de olhar todas hoje!

- Faça isso, vai adorar. Foram só comentários bons!

- Tenho certeza que sim, suas obras são maravilhosas.

- O trabalho de vocês duas também. Mas enfim, eu tenho que ir. Muito obrigada por
tudo.

- Nós que temos que agradecer.

Nos despedimos do homem que gentilmente nos agradeceu mais uma vez. Vimos o
mesmo descer as escadas, e dar mais algumas ordens a sua equipe que comandava a
arrumação das obras que estavam sendo empacotadas, para depois se retirar.

- Você se perdeu?

Dinah perguntou ao entrarmos em minha sala de escritório.

- Eu tive um imprevisto.

- Claro. Com essa boca inchada, e esse cabelo desgrenhado, eu sei exatamente o tipo
de imprevisto que teve, Camila. E ele se chama sexo.

Soltei uma risada baixa, e sentei em minha cadeira.

- Não transei essa manhã. Só talvez a madrugada inteira.

Dinah revirou os olhos, enquanto retirava uma pequena garrafa de água com gás do
frigobar.

- Sério que você ainda tem esse animo todo com Christopher?

A loira perguntou com desdém, ao sentar na poltrona a minha frente. Soltei uma
risada divertida, enquanto meneava com a cabeça negativamente. Ela jamais
aceitaria meu casamento.

- E quem disse que foi com Christopher?

Dinah explodiu em um ataque de tosse ao se engasgar com a água que tomava. Seus
olhos se arregalaram, enquanto a mesma buscava ar para seus pulmões.

- Espera...Espera...você..

Girei em minha cadeira, até voltar à posição inicial.

- Eu...

- Você transou com a delegada?

Reprimi um sorriso nos lábios ao ver a expressão animada e ao mesmo tempo


surpresa de minha melhor amiga.

- Transei. Dinah, fizemos a madrugada inteira. - falei ao lembrar dos momentos com
Lauren.

- Oh, meu Deus! - Exclamou alto. - Você não vale um puto. E Christopher? Assistiu
tudo ou estava dormindo como um corno manso? - perguntou rindo.

- Eu dei uma ajudinha para ele dormir. Ele estava cansado, e eu estava animada
demais ontem. E como boa esposa que sou, deixei que ele tivesse uma ótima noite de
descanso.

- Às vezes penso que posso ter medo de você, mas lembro que ninguém te conhece
tão bem quanto eu.

- Falando assim até parece que sou uma má pessoa. - levantei de minha cadeira, e
caminhei até a bancada, onde me servi de um pouco de café fresco. Aspirei ao aroma
gostoso que emanava da xícara de porcelana. - Você melhor do que ninguém sabe o
quão boazinha eu sou, Jane.

- oh, claro. Mas me diz, a delegada aceitou numa boa? Vão continuar com
isso?

- Eu tive que jogar pesado para ela ceder. Mas Lauren gostou, muito. Tenho certeza
que vai querer mais..

- Ela parece ser tão certinha. Você está desviando a mulher do caminho dela..

- Se engana quem pensa isso dela. Lauren é uma caixinha de surpresa, Dinah. Eu
tenho certeza que de santa ela não tem nada. Vemos logo pelo fato de ela estar
dormindo com a mulher da vitima do caso que ela esta investigando. - dei de ombros,
ao sentar novamente em minha cadeira.

- Camila, sabemos que você pode ser bem persuasiva. Sempre consegue o que quer.
Faz das pessoas peças de um jogo.

- É um dom. Tenho que usá-lo em meu beneficio. Mas com Lauren é diferente.

- Diferente?

- Você sabe que sim.


- Cuidado com isso.

- Sempre tenho, Dinah.

Christopher Collins Point of view.

Fiz uma seqüência de socos e chutes rápidos no enorme saco de areia pendurado ao
teto. Depois de um sono pesado essa noite, eu resolvi perder algumas horas na
academia para retomar as energias. Repeti os movimentos seguidas vezes,
depositando toda minha força. Meu copo estava suado e em uma temperatura alta
devido ao calor e a forte movimentação. Suspirei pesado, sentindo o ar cada vez mais
escasso.

- Senhor Collins? - Eliza chamou ao entrar na academia particular de minha casa.

- Diga, Eliza.

- O comissário Brandon está aqui, disse que marcou com ele.

- Droga. - resmunguei ao lembrar do compromisso. - Deixe que ele entre. Não vou
interromper meu treino.

A mulher assentiu, e logo caminhou em direção a porta de saída. Afastei-me do saco


de areia, indo em direção a bancada de madeira que ficava encostada na parede.
Retirei minhas luvas, e peguei minha camisa branca que lá estava, e vesti
rapidamente, para depois capturar a pequena garrafa de água que estava repousada
sobre a cômoda. Abri a tampa, levando a mesma até os lábios. O liquido gelado me
rendeu certo alivio, pelo calor que fazia. Ouvi a porta sendo aberta novamente, agora
com a presença do comissário Brandon.

- Bom dia, Christopher. - o homem falou ao se aproximar.

- Bom dia. - deixei a garrafa de lado, peguei novamente as luvas e voltei a caminhar
sobre o tatame para mais próximo do saco de areia preto.

- Vim porque você me pediu no outro dia e...

- Eu sei, sente ali. Precisamos tratar de alguns assuntos.

Brandon assentiu, e caminhou até o banco que ficava ao lado do tatame. O


comissário era sempre um homem extremamente prestativo, e obediente. Claro, com
a quantidade de dinheiro que eu lhe oferecia, não poderia ser diferente.
- É sobre a investigação da empresa? Se for, devo lhe pedir calma, a agente Jauregui
está cuidando do caso.

Neguei com a cabeça, ajeitando a bandagem elástica nas mãos, para logo colocar
novamente as luvas.

- Eu sei disso. Lauren já me informou sobre tudo. Não é sobre essa investigação que
quero falar.

- E é sobre o que?

- Heitor.

O comissário franziu o cenho em uma expressão confusa, mas nada falou. Eu respirei
fundo, movendo meu pescoço de um lado para o outro.

- Eu estou um pouco preocupado com o que ele pode fazer.

- Ele falou alguma coisa? - perguntou curioso.

- Sim. A ultima vez que foi a Collins Enterprise me ameaçou, disse que iria se vingar.

- Christopher, Heitor está sem nada.

- Eu sei, e é exatamente por isso.

Comecei uma seqüência de socos novamente, enquanto Brandon me fitava.

- Acha que ele pode querer se vingar?

- Eu tenho certeza que ele vai. E exatamente por isso que chamei você aqui. - falei,
enquanto esmurrava o saco de areia.

- O que está planejando, Collins?

Parei com os socos, sentindo meu peito subir e descer rapidamente em uma
respiração ofegante. Deslizei o antebraço pela testa, retirando os resquícios de suor
que emanavam dali.
- Nós temos que agir, Brandon. Eu não vou esperar para que ele ferre comigo.

A expressão do comissário não foi calma, ele pareceu claramente nervoso com aquilo.
Brandon se remexeu sobre o banco de madeira, e então falou:

- Não pode entrar em um acordo? Ele sabe demais.

- Acordo? Você acha mesmo que nessa altura do campeonato ele aceitaria um
acordo? - soltei uma risada sarcástica e sem humor.

- Eu acho que seria o melhor caminho.

- Não quero. Eu o odeio, e não confio nele. Heitor quer me ver morto.

Retirei as luvas de minha mão, jogando-as para um lado qualquer daquele lugar.

- Você não deveria ter quebrado a sociedade com ele, Christopher.

- Vai querer ficar me dizendo o que devo ou não fazer, comissário?

- Não, senhor.

- Eu não gosto de ter sócios, acho que percebeu isso. Nasci para imperar tudo
sozinho. E acho que me esforcei demais para ter um encostado querendo meu
dinheiro.

- Se esforçou?

- Claro, tudo que eu fiz não foi o suficiente para você? As vezes precisamos tomar
medidas drásticas para ter o que queremos.

- E está querendo fazer isso de novo?

- Se for necessário, eu farei sim. Na verdade, nós faremos.

- Eu não sei se posso fazer isso outra vez.

Soltei uma risada para o homem, que desviou os olhos dos meus.

- Eu não estou pedindo para que me ajude. Comissário, devo dizer que você tem que
fazer o que eu mando?
- Christopher você não pode me obrigar! - ele levantou do banco.

Semicerrei os olhos, e encarei o homem com uma expressão séria.

- Claro que posso. Eu tenho você na minha mão, Brandon. Você vai fazer o que eu
ordenar. Mas não se preocupe, eu ainda não decidi nada. Estou pensando no que
tenho que fazer...Você vai receber bem por isso, como sempre.

- Certo.

- Eu vou investigar mais. Tenho muitos informantes, e quero saber dos passos de
Heitor. Ele não me engana em nada. Esteve conosco da ultima vez.

- Eu não acho que ele falaria algo. Ele também estava lá.

- Ele não tem mais nada a perder, comissário. Acha que ele vai se importar em abrir
o bico?

- Creio que sim.

- Você é um idiota. Ele não tem nada pra perder, esta cego de ódio. E vai querer se
vingar de mim.

- E o que vai fazer?

- Eu vou pensar. Quero dar um susto nele.

- Isso é arriscado.

- Exatamente. Heitor precisa saber com quem está se metendo. Ainda fico
impressionado com a burrice do mesmo. Ele sabe como eu sou, e ainda quer dar um
de valente.

- Sim, eu tenho que concordar com você.

- Mas eu sou paciente. Vou esperar mais um pouco, tenho alguns compromissos da
empresa por essas semanas. Enquanto isso, eu quero que fique bem atento, que
busque saber de absolutamente tudo.
- Eu vou fazer isso, Sr. Collins.

- Muito bem. Heitor vai ter o que merece.

- Você não tem medo? - perguntou, receoso.

- Medo de que? Brandon, as pessoas que deveriam ter medo de mim.

- Christopher...

Ouvi o barulho da porta novamente, fiz um sinal para que o comissário ficasse calado.
Logo vi o rosto de minha esposa pela fresta da porta. A morena sorriu e entrou na
academia, caminhando em minha direção.

- Interrompo? - perguntou com o cenho franzido.

Eu engoli em seco, analisando as expressões de minha esposa. Troquei um rápido


olhar com o comissário que parecia nervoso.

- Claro que não.

- Comissário, não sabia que encontrá-lo aqui hoje. - disse ela com um sorriso
agradável.

- Olá, senhora Collins. Eu vim resolver alguns assuntos com seu marido.

Soltei um sorriso para Camila que se juntou a nós. Ela parecia bem tranqüila,
provavelmente havia acabado de chegar. Não devia ter ouvido nada de minha
conversa, caso contrario sua expressão seria bem diferente.

- Sobre a investigação?

- Não, meu amor. São outros assuntos. Estou acertando com ele algumas questões
da equipe de segurança da Collins.

- Você não deixa Brandon em paz nem em um domingo, querido.

- Eu não me incomodo, senhora.

- Você sempre muito gentil, Brandon.


- Pensei que iria demorar mais na galeria. - falei tentando me aproximar, mas a
morena recuou um passo.

- Você está todo suado, nem pense.

Soltei uma risada para a mesma.

- Eu só deixei a Lauren na galeria, resolvi algumas questões com Dinah, e voltei.

- Ótimo, vamos poder almoçar juntos.

- Como Lauren está se saindo? - Brandon perguntou, tentando ser o mais natural
possível.

- Ela está se saindo perfeitamente bem. Você não poderia ter escolhido uma agente
melhor.

- Camila se deu bem com a Jauregui. Menos mal, ela nunca gosta dos seguranças. -
falei calmamente.

- Lauren é muito discreta e competente. E creio que colocar uma mulher como a
gente pessoal, é bem mais fácil.

- E mais seguro. Não quero tantos homens perto de minha esposa.

Camila me fitou, tocando em meu ombro.

- Não seja bobo, querido. Bom, vou tomar um banho e ficar pronta para almoçarmos
juntos. Faça o mesmo você. - Camila disse ao depositar um beijo rápido em minha
boca.

A morena sorriu, e se retirou da sala rapidamente. Assim que a porta se fechou, eu


lancei um olhar para Brandon, que pareceu suspirar aliviado.

- Isso é um segredo nosso, lembre disso.

Camila Collin's point of View.

Sai da academia particular com aquela pontinha de curiosidade. Christopher e


Brandon pareciam tensos, e até um tanto nervosos. Ao entrar naquela sala, notei
uma brusca mudança de assunto. Eu não sabia se estava imaginando coisas, mas
havia algo ali que ambos tentaram disfarçar. Não era de hoje que eu sabia que ambos
tinham sempre assuntos ocultos. Christopher e Brandon eram uma caixinha de
surpresa, eu só precisaria abri-la.

- E eu ainda vou conseguir..

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Ihhh, Collins também tem seus segredos hein.

Agoraaa, queria falar de uma coisa muito importante. Outro dia eu estava quietinha
no meu cantinho, quando tive uma ideia para uma nova fic. Gostei tanto que resolvi
colocar em ação! Será uma especie de mini Fanfic, ou seja, não será longa.

Sinopse:

Karla Camila, modelo, milionária. Com um passado carregado de amor e magoas,


causados por Lauren Jauregui,uma das grandes empresárias da Victoria's Secrets,
cuja insegurança de ser quem realmente é lhe tirou grandes oportunidades. Depois
de anos, Lauren reencontra o primeiro amor de sua vida, em cima de uma passarela,
trazendo de volta todo um sentimento que ela pensou ter esquecido. Agora com a
missão de reconquistar o doce anjo que Camila um dia foi.
Mas a questão é: Anjos caídos podem ter volta?

Devo dizer que ela vai ser postada essa semana ainda?
Capítulo 12 - Hacker Attack!

Olá meus amores!

Como falei mais cedo no twitter, hoje tem XM! Obrigada a todo mundo que é paciente
e espera por capítulos novos. Em meio ao pouco tempo, eu e as meninas tentamos
fazer tudo direitinho pra vocês. Aproveitem bastante!

"" Esse capitulo quero dedicar pra galera que tá lá no acampamento do vivo rio,
passando fome, fedendo sem tomar banho, na chuva, na rua, na fazenda, numa
casinha de sapê.. MENTIRA.. Enfim, pra galera que tá lá e que está guardando um
lugarzinho pra gente.. E especialmente pra Cintia ( @5hfrombrazil ),
@oldwaysnojinho @leerdoy ( que são menores de idade e não deveriam estar lendo
XM, e pro meu amorzão, Gabe ( @twolfnudes ),que está atrasado na fic, mas é
aquele ditado, né?! - Larissa Rios"

Sobre o textinho da Larissa, quero agradecer imensamente também por estarem


fazendo isso! Estão sendo maravilhosos em ajudar toda uma galera que vai estar
nesse show, inclusive eu. Muito obrigada mesmo!

Bom, agora vamos ao nosso capitulo...espero que gostem. :)


Secret's point of View.

Cruzei a enorme extensão daquela sala, ouvindo o barulho de meus passos sobre o
assoalho desgastado daquele galpão abandonado. Olhei pela janela de vidro, suja por
falta de cuidado, o movimento quase nulo de pessoas ao lado de fora, o horário já
não era propicio para ter tantas pessoas na rua. Fitei meu relógio pela quarta vez em
menos de vinte minutos, os ponteiros pareciam se mover mais lento que o normal, ou
talvez apenas fosse à ansiedade do momento. Já passava das duas da madrugada,
quando a luz de um farol chamou minha atenção. O carro mais do que conhecido por
mim estacionou bem a frente da porta lateral do galpão. Os faróis se apagaram,
fazendo o carro negro quase se perder em meio à escuridão da noite. Afastei-me da
janela, e caminhei em direção a uma das mesas que havia ali, servindo-me de uma
boa quantidade de whisky depositada em uma bela e refinada garrafa. Despejei
algumas pedras de gelo no copo, juntamente do álcool que lá já estava. Movi o
liquido de um lado para o outro, antes de erguer até meus lábios, tomando um gole
significativo da bebida, o que fez minha garganta aquecer.

- Desculpe a demora, eu tive que passar para buscar alguém. – Falou ao abrir a porta
e entrar na sala.

Abaixei o copo sobre a mesa, e encarei com uma expressão confusa e assustada.

- Alguém? Do que está falando?

- Calma, eu vou explicar.

- Acho bom que explique. – me virei em direção a procura de um lugar para sentar.

Ouvi um suspiro pesado e passos lentos, informando que se aproximava. Sentei na


poltrona estufada, para relaxar meu corpo e manter a calma.

- Bom...Você sabe que da ultima vez que tentamos não deu muito certo, lembra?

Ergui o copo de whisky novamente até os lábios, que logo foram molhados pelo álcool
de aroma tão forte. Um gole, apenas.

- Sim.

- Devido a isso, eu pensei que precisaríamos de mais alguém para nos ajudar. E tratei
de procurar alguém de confiança que se unisse a nós. E bom, eu encontrei.
- Eu não acredito que você fez isso. – bufei em irritação.

- Era a melhor escolha.

- Você deveria ter me perguntado! Como toma uma decisão sem mim?

- Era a melhor saída.

- Que seja, poderia ter falado antes de fazer.

- Você não aceitaria. – exclamou um pouco mais alto.

- Obvio que não, é perigoso!

- E quer ficar na mesma? Você viu que a ultima vez foi um fracasso. Entramos no
sistema, mas o setor financeiro estava bloqueado.

- Poderíamos resolver isso. Com um tempo e um bom trabalho. – soltei impaciente.

Levantei da poltrona, caminhando em direção a janela de vidro novamente. Eu


respirei fundo, tentando manter a calma para não explodir naquele momento. Invadir
o sistema da Collins e ter aquele dinheiro era uma questão de honra, e eu não
poderia deixar que nada, absolutamente nada desse errado. Mas, colocar mais uma
pessoa dentro do esquema não estava em meus planos, nunca esteve.

- Eu resolvi isso por nós. A solução é perfeita, e totalmente confiável. Não sairá nada
daqui.

- Como posso ter certeza? – exclamei ao me virar, e fitar aqueles olhos receosos.

Eu vi seu peito subir e descer em uma respiração forte, como se estivesse tomando
forças para manter sua decisão firme.

- Dou a minha palavra. – seu tom de voz saiu confiante como de um rei.

Ficamos em silencio por alguns segundos, como se estivéssemos selando um novo


acordo. Suspirei pesado, mas aceitei em um breve aceno com a cabeça.
- Mande entrar.

Vi um sorriso vitorioso nascer ali. Neguei com a cabeça, enquanto seus passos foram
em direção a porta, na qual abriu devagar.

- Bom, apresento a você, o nosso bispo.

Meus olhos se estreitaram na direção daquela pessoa que me analisou


minuciosamente. Por uma fração de segundos eu senti aquela insegurança tomar
conta, ter uma nova peça naquele jogo não era tão simples quanto parecia ser. A
atenção agora seria redobrada.

- Bispo?

- Creio que é uma peça importante. E o que nos faltava. Não dizem que o bispo é
uma peça um tanto rápida? Que se tiver o caminho livre pode ter um bom proveito? –
perguntou ao se servir de um pouco de whisky.

- Sim, claro. – disse sem tirar os olhos de nossa nova peça.

- E pode manter a calma. O bispo não pula por cima de outra peça, e só segue na
seqüência de casas da mesma cor. Ou seja, a nossa cor. – completou ao tomar um
gole do álcool. – Eu sou a torre, e consegui um bispo para você.

- Você confirma isso? – perguntei ao "bispo".

- Com toda certeza. Sei que não tenho sua confiança ainda, mas terei logo. Vou
ajudar na derrubada do rei.

- Eu não confio mesmo. Mas acho que está bem clara a nossa situação. Eu costumo
ter uma generosidade imensa com quem realmente está do meu lado, muito diferente
do Collins. Mas tenho algo em comum com ele. – falei calmante, enquanto me
aproximava do bispo.

- O que?

- Sei como resolver problemas que me pareçam perigosos. E garanto que não é de
uma maneira gentil. – soltei cada palavra com a precisão exata.

- Eu sei muito bem, tive uma ótima instrução antes de aceitar tudo isso. – disse antes
de engolir em seco. – Não vou decepcionar.
- Perfeito. Estou lhe dando as boas vindas.

- Isso poderia ter sido mais gentil. – A "Torre" falou enquanto sentava na cadeira a
frente da mesa. – Sabe disso, não é?

- Em minha posição, ser gentil não é algo bom. Já fui demais..

Eu seus olhos se revirarem em puro tédio, antes de convidar o bispo para se sentar
ao seu lado.

- Vamos agora falar sobre o trabalho. Acho que vai mudar essa idéia quando souber
tudo que podemos fazer em união.

- Eu já sei muito bem.

- Sabe?

- Sim, e tenho que te dar os parabéns por isso.

- Me agradeça quando tirarmos todo o dinheiro que aquele miserável carrega.

- Vamos ao trabalho, teremos uma longa madrugada. – disse ao abrir o notebook.

[...]

Caminhei de um lado para o outro sem parar, aquela maldita sensação de ansiedade
estava me consumindo. Estávamos a mais de uma hora e meia de frente para aqueles
computadores, o processo para entrar no sistema estava bem mais complicado do
que dá ultima vez. As seqüências de números e letras pareciam infinitas, corriam
sobre a tela do notebook utilizado pelo bispo. Respirei fundo, e procurei me
concentrar. A sala era mal iluminada por uma lâmpada amarelada ao fundo, o brilho
da tela dos computadores mantinha nossa atenção presa, enquanto nos rendia uma
boa dose de tensão e ansiedade se algo ali desse errado.

- Pronto! Temos que agir rápido. Vamos! - ouvi o bispo falar com a atenção
concentrada na tela do notebook de ultima geração.

- Conseguiu? – perguntei com certo nervosismo.


- Acho que sim. Mas vamos precisar da chave, para que o sistema não identifique o
corpo estranho. Depressa! O sistema congelou.

- Deixe nas minhas mãos, agora é minha vez.

Estávamos em uma conexão tripla, cada maquina tinha um trabalho para fazer. O
bispo abriu o caminho, para que eu entrasse livremente no sistema e retirasse o que
me interessava. A torre apenas esperava pela quantia, que seria enviada para uma
conta fora do país. Comecei a digitar a seqüência numérica em uma rapidez fora do
comum, enquanto meus olhos corriam pelos números que apareciam na tela
luminosa.

- Não temos muito tempo. O sistema está paralisado.

Ouvi aquela voz ao fundo, como se eu estivesse a muitos metros longe.

- Estou quase lá... – disse, sem parar de digitar os números que dariam livre acesso.

Eu poderia ouvir as batidas de meu coração, forte e frenético. Naquele momento,


toda minha concentração estava ali. Digitei o ultimo numero, e cliquei no pequeno
botão à esquerda. Quando uma nova janela se abriu na tela, informando a seguinte
frase "Sistema financeiro liberado". Um sorriso escapou de meus lábios, atraindo a
atenção da torre que se aproximou com rapidez.

- Espero que esse sorriso seja de coisa boa.

- Mantenha a atenção, vou transferir a quantia. – disse.

A adrenalina que corria em minhas veias naquele momento me proporcionava um


prazer quase indescritível. O frenesi de fazer aquele momento acontecer tomava
conta de mim. Os números da conta da Collins Enterprise estavam ali, bem a minha
frente reluzindo.

- Ah, Christopher, você não sabe com quem se meteu. – sussurrei ao digitar a
quantia desejada.

- Um pouco mais rápido, o tempo vai estourar.

- Vai pagar pelo que fez.

Confirmei a transferência, vendo a pequena tarja ser preenchida rapidamente, e


consequentemente a caixa de mensagem com a frase "Transferência concluída"
- Pronto, avançamos algumas casas. Logo chegarei a você, rei.

Lauren Jauregui's point of view.

Um maldito barulho perturbava meu sono, me remexi sobre a cama em meio aos
lençóis macios. Coloquei os dois travesseiros sobre a cabeça, na tentativa de fazer o
ruído parar, mas não tive sucesso. Abri os olhos com certa dificuldade, sentindo
minhas pálpebras mais pesadas que o normal. As poucas horas dormidas na casa de
Camila estavam sendo descontada agora, ou ao menos eu estava tentando fazer isso.
O barulho voltou novamente, quando só agora me dei conta que se tratava de meu
celular, que tocava insistentemente sobre o criado mudo. Estiquei o braço, tateando
sobre a madeira fina a encontro de meu aparelho celular. Capturei o objeto, levando
até o ouvido.

- Alô? – soltei de forma sonolenta e irritada.

- Lauren... – Ouvi a voz de Vero soar baixa e temerosa.

- Eu espero que você tenha um ótimo motivo pra me ligar a essa hora. – resmunguei.

- Eu preciso que venha a delegacia agora.

- Por quê? Meu horário é as sete.

- Lauren, por favor. Venha aqui, eu preciso.

A forma como Vero estava falando começou a me assustar. Sentei-me sobre a cama,
e dei toda a minha atenção para minha melhor amiga.

- O que aconteceu? – perguntei com receio.

- A Collins, foi roubada novamente.

Aquelas palavras me pegaram em cheio, como se eu tivesse recebido um soco forte


no estomago. Acho que demorei cerca de alguns minutos para processar aquela
informação tão desastrosa. Rouba, outra vez.

- Verônica Iglesias, você tem certeza disso?


- Tenho, vem pra cá agora.

[...]

Não demorei sequer meia hora, e meu carro já estava entrando no estacionamento
da delegacia de Nova Iorque. Talvez eu tivesse passado absolutamente todos os
sinais de transito possíveis, mas só talvez. Saí do veiculo, caminhando em passos
rápidos para dentro do prédio. Já estava quase amanhecendo, mas a delegacia ainda
se encontrava em pequena quantidade de funcionários pelo turno da noite. Corri pelo
corredor de extenso, entrando no primeiro elevador disponível. Aquela droga parecia
seguir em uma lentidão fodida. Assim que as portas de metal se abriram, caminhei
em passadas largas até a minha sala. Dando de cara com a expressão preocupada de
Iglesias, ela estava pálida e tensa.

- Que horas isso aconteceu? – perguntei ainda ofegante pela correria.

- Eu não sei. – murmurou.

- Como assim você não sabe?

Ela gesticulou com as mãos, sem deixar que qualquer palavra deixasse seus lábios. O
nervosismo e ansiedade era notado a quilômetros de distancia.

- Lauren, o sistema do FBI congelou, não tive sinal sonoro de alarme.

Eu franzi o cenho, e fitei o nada.

- Vero, você estava de olho no sistema?

- Não...

Aquela simples palavra fez um peso cair sobre as minhas costas.

- O que você estava fazendo aqui?

- Eu estava aqui na sala, mas me distraí. A oficial do setor de baixo veio conversar e
acabamos...

- Oh meu Deus, eu não acredito nisso! – exclamei furiosa.

- Me desculpe!
- Desculpar? Você fodeu tudo! – gritei.

Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Caminhei até o computador


no qual o sistema do FBI estava instalado, vendo a janela do programa paralisado,
com as letras em caixa alta escrito "ALERTA". Há duas horas atrás. Malditas duas
horas atrás.

- Merda, merda! Ligue para Ally e Normani! Onde elas estão?

- Estão de folga, o turno essa noite era meu. – disse com a voz tremula.

- Liga pra elas agora!

Iglesias saiu da sala rapidamente, fazendo a porta de vidro bater. Sentei-me na


cadeira, encarando a tela do computador totalmente congelada. O sinal de alerta
estava ali, mas Vero não foi atenta o bastante para identificar isso na hora. Eu não
fazia idéia do quanto havia sido roubado, mas com toda certeza não teria sido pouco.
Seja lá quem estivesse roubando, estava a um passo a frente. Coloquei os braços
sobre a mesa, abaixando minha cabeça. Eu sentia aquela pressão tomar conta do
meu corpo e mente.

- Elas estão a caminho. – ouvi Vero falar, fitando-me receosa.

- Isso vai ser um inferno. Como você pode ser tão irresponsável??

- Foi um deslize!

- Um maldito deslize que vai custar a nossa carreira nessa merda! Você estava
transando com alguém aqui né?

Ela respondeu.

- Meu Deus, conheço você tão bem! – exclamei ao me levantar. – Você tem idéia do
que vai acontecer?

- Vamos dar um jeito! O que mais eu poderia fazer? O sistema congelou!

- Se você tivesse visto logo, tudo poderia ser diferente! Caralho.


Eu sentia meu sangue ferver, de raiva e ódio. Eu não poderia acreditar naquilo, todo
um projeto por água abaixo.

- Não adianta mais ficar assim, temos que resolver. – Vero falou exaltada.

Eu nada falei, apenas me afastei dela. Minha cabeça borbulhava com uma imensidão
de idéias e problemas que logo viriam à tona. Eu estava perdida. Minutos depois ouvi
o barulho da porta se abrindo, logo Normani e Ally entraram com expressões
assustadas.

- Viemos o mais rápido possível. – Ouvi a voz de Mani.

Eu nem sequer me virei para encará-las, estava ainda atordoada demais para tudo
aquilo. Normani sentou na cadeira que eu estava há poucos minutos atrás, Ally puxou
outra para sentar-se ao lado.

- O sistema está impossibilitado. – Ally exclamou.

- Podemos ligar para a central, pedir a chave de acesso universal. Já que essa foi pelo
ralo.

- Faça isso, verônica. – meu tom de voz saiu cortante, e Vero apenas assentiu antes
de se retirar.

- Eu ainda queria ficar aqui hoje, mas Vero disse que não era necessário. – Normani
falou nervosa.

- Deveria ter ficado! Eu não sabia que as duas estariam de folga hoje. Desde quando
você tem liberação nesses turnos Allysson?

A loira me encarou rapidamente e respirou calmamente.

- Eu tive que sair, precisava resolver algumas coisas.

- E você, Normani?

- Eu tive folga, fiquei nos últimos quatro turnos desse horário.

- Seja lá quem mexeu nisso, está bem agora.

- Eu quero que entre e veja toda a movimentação feita, quero saber a quantia e para
onde foi transferida.

Caminhei de um lado para o outro na sala, enquanto as duas mulheres pareciam


concentradas na maquina a sua frente. Eu estava a mil por hora. Vero entrou na sala
com a papelada nas mãos, os códigos de acesso do FBI estavam ali, acreditava eu.
Em poucos minutos, Normani e Ally conseguiram obter um sinal positivo do sistema,
a imagem congelada havia se desfeito, e só agora poderíamos tentar ter alguma
informação.

- Finalmente! – Normani falou esperançosa. - O sinal de alerta foi feito, há duas horas
e meia. Mas pelo que parece, o setor que identifica para onde a quantia foi transferida
foi totalmente bloqueado.

- Não podemos ver para onde o maldito dinheiro foi? – exclamei alterada.

Ally me encarou, e negou com a cabeça lentamente.

- De quanto se trata isso?

- Cinco milhões de dólares. – a loira continuou.

- Meu Deus! Isso não pode esta acontecendo.

- Espera, eu estou conseguindo ver de onde foi feito o roubo, e de qual


tipo de maquina. O mapa vai me dar o endereço correto! – Normani falou enquanto
digitava algo no teclado.

- Como alguém consegue congelar o sistema do FBI? Isso não deveria ser
impossível?!

- Lauren, às vezes pequenas frestas podem ser identificada nesses sistemas. Quem
tem conhecimento, consegue! Apesar de dar um extremo e delicado trabalho.

- Vão querer a nossa cabeça.

- Agente, se quiser, eu assumo a culpa pela irresponsabilidade. – Vero falou em um


tom serio.

- Não vai adiantar, Verônica! Nada vai mudar isso. Eu estou à frente desse caso, a
culpa vai cair nas minhas costas!

- Juntas vamos resolver isso. – Ally soltou calma.

Eu neguei com a cabeça, desviando o olhar de Vero. Eu estava decepcionada, com


raiva e triste.

- Prontinho, meninas. O lugar parece afastado da cidade, não é nada publico. Pelas
imagens mais me parece um galpão, vejam!

A mulher virou a tela do computador para que todas nós pudéssemos ver a imagem
feita pelo satélite. Se tratava de um grupo de galpões. Talvez fosse um lugar de
fabricas, ou algo do gênero. Analisei a imagem minuciosamente.

- Eu vou para lá. Enquanto isso, tentem desvendar tudo que for possível. Eu vou
mandar informações a todo instante.

- Quer que eu vá com você? – Vero perguntou, enquanto eu me arrumava.

- Não, fique.

- É melhor ir acompanhada. – Allyson falou.

Eu engoli em seco, trocando um rápido olhar com a loira que me encarava. Eu apenas
assenti, e me retirei daquela sala. Eu não queria ficar perto de Verônica agora, eu
ainda a culpava por aquilo estar acontecendo. Não como se ela tivesse roubado, mas
como se tivesse sido irresponsável o suficiente para deixar aquilo acontecer. Saí da
delegacia, caminhando em direção a meu carro. Eu só queria poder mudar toda
aquela situação, poder ter uma maldita pista de quem estava fazendo todo aquele
estrago. Entrei no veiculo, me acomodando no banco do motorista, enquanto
colocava minha pistola no coldre axilar.

- Pronto. – Vero falou ao abrir a porta do carro e se juntar a mim.

Eu não respondi, apenas virei à chave na ignição do carro, fazendo motor roncar. O
caminho inteiro foi em puro silencio, a não ser pelas seguidas vezes em que eu
trocava algumas palavras com Ally e Normani pelo radio.

- Normani está me informando que há sinal de conexão nesse galpão. O sistema está
vendo um ponto de acesso disponível, mas pelo que pesquisei o lugar é totalmente
abandonado. – Ouvi Ally informar pelo radio.
Soltei uma das mãos do volante, para aperta no pequeno botão do radio.

- Quem sabe o invasor ainda esteja lá.

- Foi o que pensamos. Então se apresse.

- Certo, qualquer coisa, chame.

Pisei no acelerador do carro, correndo em quase 160k/h. Vero ficou calada até
chegarmos ao local de destino. Entramos em uma área mais deserta da cidade, eu
nunca havia andado por aquelas bandas. Me guiei pelo GPS do veiculo, que indicava o
caminho preciso até o local dado por Normani. Desacelerei o automóvel, para
conseguir analisar minuciosamente o lugar onde eu estava entrando. O conjunto de
galpões ficava um pouco mais distante da periferia, o lugar era totalmente
abandonado.

- Acho que é aquele ali, Lauren.

Vero apontou para o penúltimo galpão, bem parecido com a imagem que vimos na
delegacia.

- Com certeza é esse. – troquei a primeira frase com ela depois de todo o
caminho.

Parei o carro bem a frente do prédio, o mais próximo possível.

- Vamos entrar.

Minha melhor amiga assentiu, enquanto se preparava. Retirei minha pistola do coldre,
verificando se a mesma estava carregada e em perfeito estado, caso fosse preciso.
Vero fez o mesmo, para somente depois sair do carro. Capturei o radio e sai, me
juntando a ela.

- Vamos pela lateral, eu vi a uma porta menor. – a mulher falou.

Caminhei atrás de Vero que se aproximou da porta de ferro enferrujada, por sorte
estava aberta. O ruído da porta me fez praguejar baixinho, mas suspirei aliviada
assim que entramos. Saquei minha arma, e vi Vero fazer o mesmo. O galpão era uma
espécie de fabrica abandonada, o maquinário todo ainda estava ali, coberto por
poeira e teias de aranha. O cenário poderia ser macabro se não fosse pela claridade
que invadia o lugar pelas janelas de vidro quebradas. Não havia absolutamente
ninguém ali, a não ser pela presença dos pombos que lá estavam.

- Isso aqui está fedido. – Vero sussurrou logo atrás de mim. – Culpa dos pombos.

- Eu sei, mas fique atenta, e esqueça os malditos pombos.

Caminhamos lentamente entre as maquinas, a procura de algo. Tudo ali parecia velho
e acabado. Cheguei a pensar que estávamos no lugar errado, mas continuei a olhar
tudo. Segurei a pistola com mais precisão enquanto atravessava o galpão, indo em
direção a uma escadaria de ferro corroído. Haviam duas portas no andar superior, o
que eu julgava ser o antigo escritório. Ao subir a escada, ouvi um barulho vindo da
sala superior, troquei um rápido olhar com Veronica, gesticulando para que ela ficasse
esperta. A mulher assentiu e ergueu sua pistola preta para cobrir a retaguarda. Eu
respirei fundo, e em passos lentos caminhei até a porta, aproximando o ouvido na
tentativa de ouvir algo. Escutei um pequeno ruído, quando me assustei com o grito
de Vero.

- Filho da puta! – a mulher exclamou. – O pombo cagou em mim.

- Porra.

Empurrei a porta com ombro rapidamente, e apontei a arma para dentro da sala.
Vazia. Fechei os olhos, e tentei acalmar minha respiração.

- Você só pode está brincando comigo hoje. – falei quando Vero entrou na sala.

- Me desculpe, foi um reflexo. Não tive culpa.

- Já pensou se tivesse alguém aqui? Estávamos mortas agora, porque você gritou
comum pombo. – as palavras saíram irônicas e irritadas de minha boca.

- Eu me assustei, sinto muito. Mas não tem ninguém. – a mulher falou ao tirar sua
jaqueta suja. – Eca.

Me afastei da mulher, e adentrei melhor na sala extensa. Diferente do restante da


fabrica, aquela sala parecia bem mais cuidada e limpa. Era nítido que havia sido
utilizada. Normani estava certa, na verdade o sistema. Peguei o radio em meu bolso e
levei até próximo da boca.

- Agente Kordei, na escuta?


- Kordei na escuta! – o som do radio saiu baixo.

- Veja no localizador se estamos no endereço que foi dado pelo sistema.

- É esse mesmo! Encontraram alguém?

Na sala havia um pequeno sofá de couro, uma cômoda e apenas uma mesa de
escritório com uma cadeira.

- Não, está tudo vazio...mas estamos em uma sala de escritório agora. Pelo que
parece foi utilizada recentemente.

- Ainda vejo o ponto de acesso presente neste lugar. – a voz deixou o radio.

Vero começou a abrir os armários à procura de alguma prova. Eu me


aproximei da mesa, e sentei na cadeira. E pensar que há horas atrás a pessoa que
roubou estava aqui, fez meu sangue ferver. Olhei para a lateral da mesa, vendo duas
pequenas gavetas. Puxei rapidamente, mas as mesmas se encontravam trancadas.

- Eu posso abrir, tem um clipe ou grampo? – Perguntou Vero ao se aproximar.

Eu levantei da cadeira, e peguei minha pistola. Mirei na fechadura da gaveta e


disparei.

- Ou você pode arrebentar ela toda...- Vero falou ao se afastar.

Abri a gaveta de madeira grossa, e retirei os objetos que estavam lá dentro. Chaves,
um extrator de grampo, papeis e canetas, nada realmente proveitoso. Coloquei a mão
novamente sobre gaveta, sentindo o fundo instável. Franzi o cenho, abaixando-me na
altura da mesma para olhar. Tateei com a mão pelo fundo de compensado, notando
que havia algo de errado.

- Droga! – exclamei irritada.

Coloquei o extrator de grampo pela pequena fresta que a gaveta oferecia, forçando
com o pequeno objeto de ferro até retirar o maldito fundo.

- Iglesias!
- Oh meu Deus! – minha melhor amiga exclamou alegre.

- Agente Kordei, acabamos de encontrar um notebook. – informei pelo radio.

- Isso é maravilhoso! Tragam ele, por favor. Vamos analisar tudo.

- Vou levar, cambio desligo.

Coloquei o radio no bolso da jaqueta, e peguei o notebook prateado da gaveta. Ergui


a tela fina, mas não liguei o aparelho.

- Vamos embora.

- Vamos, eu preciso de um banho.

Abaixei a tela, e carreguei o notebook para fora daquela sala. Saímos bem mais
rápido agora já que conhecíamos o caminho para fora do galpão abandonado. Entrei
em meu carro, e Vero fez o mesmo. Entreguei o aparelho para a mesma que
repousou sobre sua perna. Liguei o carro, dando uma ultima olhada pelo lugar antes
de sair dali. Em meio aquele caos um fio de alivio se fez presente com aquele
notebook, apesar de não saber se o mesmo possuía alguma informação realmente
aproveitável. O caminho estava silencioso, deixando que meus pensamentos
vagassem por tudo que eu teria que fazer pra arrumar essa bagunça, e
provavelmente por todas as coisas que eu ouviria de Brandon e Collins hoje. Não
seria um dia fácil, talvez ele já tivesse acabado assim que ouvi a informação vinda de
Iglesias, mas eu teria que virar aquele jogo.

Camila Collins' point of View.

Acordei com os gritos raivosos de Christopher ao telefone, o homem parecia nervoso


e extremamente irritado. Capturei o travesseiro macio, colocando sobre minha cabeça
para abafar o barulho que o mesmo fazia. Enquanto ele apenas andava de um lado
para o outro, grudado em seu telefone celular.

- Eu não acredito que isso aconteceu de novo! Merda! Resolva as coisas, John.

Eu não ousei me intrometer, esperaria ele dar fim a ligação para somente aí
perguntar o que havia lhe deixado tão irritado.

- Eu não vou deixar isso barato. Vou agora mesmo a delegacia falar com Brandon,
aquela maldita agente não está fazendo nada! Filha da puta!
Ouvi algo que se referia a Lauren fez-me abrir os olhos rapidamente. Sentei sobre a
cama macia, esfregando os olhos com os dedos em uma tentativa de despertar mais
rápido. Meu marido meneava com a cabeça em um sinal negativo, seu semblante
preocupado me fazia pensar no que havia acontecido.

- Eu sei! Cuide de tudo, vou me arrumar para ir à delegacia. – foram suas ultimas
palavras com John, antes de desligar a ligação.

- O que aconteceu?

O homem me fitou com um olhar frio, fazendo meu corpo arrepiar.

- Fomos roubados outra vez.

- Oh, céus! Quando? E quanto?

- Hoje, nos levaram cinco milhões de dólares! Merda. – Christopher exclamou ao


bater com a mão na parede de concreto.

Levantei-me da cama rapidamente, aproximando-me dele. Sua respiração estava


ofegante, em puro ódio.

- Tiveram alguma informação de quem foi?

- Provavelmente não. Culpa daquela maldita iniciante de quinta. Não está resolvendo
a merda do problema.

Ele praticamente cuspia as palavras, fazendo-me sentir incrivelmente incomodada por


se referir a Lauren de uma maneira tão grosseira.

- Ela não poderia fazer nada.

- Poderia ter resolvido isso antes?! Poderia ter encontrado o maldito que fez isso e o
matado!

- Não é tão fácil quanto parece, Christopher.

Ele franziu o cenho em minha direção e se afastou.


- Vai defender aquela incompetente?

- Só acho que está sendo precipitado em falar tantas coisas. Você sabe que o
processo de investigação não é fácil.

Ouvi uma sonora e sarcástica risada.

- Você está virando amiguinha de sua segurança particular e pensa dessa maneira,
Camila. Pare de ser idiota. Ela não serve pra resolver o caso. É uma incompetente e
burra.

- Então por que não resolve sozinho? – exclamei mais alto.

Nos encaramos por alguns segundos, que me fizeram notar o quão cheio de ódio ele
estava. Seus olhos se fixaram em mim, enquanto sua mandíbula estava trincada.

- Eu bem que teria um melhor resultado. Mas infelizmente tenho que deixar aquela
infeliz resolver.

- Você..

Ele não me deixou completar, apenas seguiu em direção ao banheiro de nosso quarto.
Alguns bons minutos depois estávamos devidamente prontos. Informei ao mesmo
que não abriria mão de ir até a delegacia para estar presente na conversa que ele
queria ter com Brandon e Lauren. O caminho até o centro policial foi em repleto
silencio, não trocamos sequer uma palavra, eu ainda estava com raiva pela grosseira
de mais cedo, e não mudaria de idéia tão cedo. O carro de luxo parou em frente ao
prédio, e logo Carlos abriu a porta para que saíssemos.

- Sejam bem vindos. – um oficial falou ao entrarmos na delegacia.

Christopher nem sequer respondeu, apenas caminhou em direção a sala de Brandon.


Entramos na sala dando de cara com o senhor com uma expressão receosa e
preocupada, o oficial temia Christopher como ninguém.

- Sr. Collins.

O oficial que nos encaminhou até a sala rapidamente se retirou, deixando-nos a sós.

- Eu espero que você realmente resolva isso, Brandon. Porque mais uma vez fui
roubado! – gritou.
- Não temos como controlar isso. Só estamos correndo atrás de quem esta fazendo e
tentando fazê-lo parar.

- Quando? Quando esse maldito levar todo meu dinheiro?

- Isso não vai acontecer, Christopher.

- Pelo ritmo das coisas, não creio que vai demorar muito! Colocou a mais
incompetente das agentes para o meu caso.

- Coloquei a melhor, não seja injusto.

- Injusto? Me levaram cinco milhões de dólares! Você tem idéia do quanto


isso é? Aposto que não, vai trabalhar sua vidinha imunda toda nessa delegacia e não
vai ganhar isso.

- Chris...- falei.

- Não altere seu tom de voz na minha delegacia. – Brandon assumiu uma postura
firme.

Christopher suspirou pesado, e negou com a cabeça, afastando-se da mesa onde


Brandon estava. Não demorou muito, e meus olhos paralisaram sobre a pessoa que
entrou na sala. Lauren. Nossos olhares se cruzaram por uma fração de segundos, que
logo foram quebrados.

- Olha só quem chegou...- meu marido falou.

Lauren engoliu em seco, e se manteve com a mesma postura. Sua expressão era
frustrada e até irritada. Eu sabia que se Christopher estava daquela maneira, Lauren
poderia estar bem pior, já que o caso estava em suas mãos.

- Me diga que conseguiu alguma informação, agente. – Brandon falou ao se levantar


da cadeira.

- Até o momento não, senhor. Mas estamos apurando algumas coisas que
conseguimos...
A risada sarcástica de Christopher inundou o ambiente.

- Está vendo o que estou falando? – perguntou, ao apontar para Lauren. – Ela não vai
resolver nada!

- Estou em processo de investigação, Sr. Collins. – Lauren se pronunciou.

- Não pode ser mais rápida? Minha fortuna está sendo levada por inteiro! Inferno!

- Creio que esse processo seja demorado. – Meus olhos se encontraram com os de
Lauren outra vez.

- Não vou ser compressível quando o dinheiro que ganhei com tanto esforço está
sendo roubado, por culpa de incompetência de uma agente.

- Collins.

- Não, Camila. Estou falando a verdade!

O homem aproximou-se de Lauren, parando bem a sua frente. Os dois encaravam-se


fixamente, sem baixar a guarda. Lauren não ousou falar nada, mas também não
abaixou a cabeça e muito menos desfez sua postura firme diante de meu marido.

- Você está fazendo um péssimo trabalho, e está me causando um fodido prejuízo. Se


quer ser uma das melhores agentes, é melhor treinar mais um pouco.

Lauren estava com os punhos fechados, forçando os dedos que pareciam


esbranquiçados. Talvez em uma tentativa de controlar a raiva que sentia.

- Sim, senhor. – apenas disse.

- Volte para sua sala, Lauren. Continue com o processo, eu converso com o senhor
Collins. – Brandon por fim falou.

Lauren Jauregui's point of view.

Eu sentia todo meu corpo tremer, mas não era de nervoso e muito menos de medo.
Tudo poderia se resumir em raiva. Raiva pelo deslize de Vero, raiva pela falta de
provas, raiva de Christopher Collins. Em toda minha carreira policial, nada igual havia
acontecido. O empresário que se achava dono do mundo, jogou suas palavras de
desdém contra mim de uma forma grosseira e humilhante. Mas como bem treinada,
não ousei demonstrar o que estava sentindo, ao invés disso apenas agiria. Fechei a
porta da sala do comissário, parando em frente a mesma.

- Eu irei viajar por dois dias, quando eu voltar quero que vocês tenham resolvido
algo. Entendido, Brandon? – ouvi a voz grave de Collins soar irritada dentro da sala.

Caminhei em passadas lentas pelo corredor, pensando nas mil hipóteses que eu
poderia devolver todas as grosserias de Christopher há minutos atrás. Mas nada era o
suficiente, não para devolver de maneira gloriosa o que ele havia me causado agora.
Peguei um pequeno copo plástico no suporte, enchendo o mesmo de água no
bebedouro no final do corredor, quando por fim, tive a visão de Brandon saindo de
sua sala, ao lado de Christopher. Os dois entraram na sala da frente, provavelmente
a procura de algum documento. Meus pensamentos seguiram para Camila, que
surpreendentemente ainda tentou amenizar as coisas a meu favor. Sorri fracamente,
quando um estalo de idéias se fez presente. Voltei em passadas rápidas, verificando
através do vidro se os dois homens já estavam voltando. Quando pensei em entrar na
sala de Brandon, Christopher apareceu no corredor e, consequentemente, Camila saiu
da sala do comissário. Recebi um olhar superior do empresário, que me fez querer
sacar uma arma e mata-lo ali mesmo. Ao invés disso, apenas o fitei. O homem
caminhou em direção a saída, e Camila o seguiu. Avancei alguns passos, e segurei no
braço da morena, deixando que seu marido seguisse mais a frente ao lado de
Brandon.

- Camila. – sussurrei.

A latina de olhos castanhos me fitou confusa, mas não impediu meu contato. Olhou
rapidamente para onde Christopher estava e depois voltou seus olhos para mim.

- Eu quero vê-la hoje.

- O que? - A morena franziu o cenho, e aproximou-se mais.

- Precisamos conversar.

Ela suspirou e assentiu.

- Vá a minha casa hoje, Christopher vai viajar.

- Eu vou, pode me esperar.

Camila sorriu fraco e assentiu. Soltei seu braço devagar, vendo a morena de corpo
tão belo, coberto por um vestido de tonalidade verde caminhar em direção a saída.
- Eu vou devolver da melhor maneira essa humilhação, Christopher.

Lauren está com sangue nos olhos, Christopher que se prepare...

Qualquer erro, eu arrumo depois. Não tive tempo pra revisar! Então vamos ser
boazinhas com a Evelin aqui.
Capítulo 13 - Novas sensações

Olá lindas!

Demoramos como sempre, mas aqui estamos nós com um capitulo novo. Eu, Evelin,
quero agradecer pela paciência de cada um em esperar por atualização, o tempo aqui
está corrido, mas faço o que posso. O capitulo está bem tranquilo, apenas para
suavizar um pouco o clima tenso do anterior, e consequentemente preparar para
todas as ideias que estão por vir. Para esse capitulo indico duas musicas!

1° FWU - Kehlani (Já pedi ela aqui antes, mas vamos de novo)

2° You Should be here - Kehlani

Quem tiver spotify, podem entrar na minha playlist (INSTINCTS) Que vai ter essas
duas musicas adicionadas lá. Quem não tem, por favor, procurem no youtube, ou em
outro lugar, mas escutem...Vai ajudar no clima do capitulo.

Link: https://open.spotify.com/user/evelinsilva17/playlist/1q7GDPQJ0vRQXRbN5oB3s
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"Queria primeiramente agradecer de novo a vocês que lêem a história, e surtam


demais no twitter..E aquelas pessoas que me vêem pessoalmente e cobram a fanfic
kkkkk.. Então, nada mais justo do que dedicar um tempinho e um capítulo pra elas,
alô pessoal do Acamp São Paulo, B1, B2 e B3 mãezona.. Essas barracas ai tão
demais, hein?! Esse capitulo é pra vocês.. Espero que gostem e superem o frio que
esta fazendo, lendo Xeque-Mate e tentando saber qual o grande mistério da fic. Bjs
seus lindos - Sindy R."

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Lauren Jauregui's point of view.

Fiquei ao lado de Normani, enquanto a mesma tentava desbloquear o maldito


notebook que mais parecia morto. Allyson estava focada em analisar o sistema do
FBI, e os dados informados pelo sistema da Collins Enterprise. A invasão silenciosa só
reafirmava que não estávamos lidando com armadores, muito pelo contrario. O
preparo tecnológico e intelectual era tão alto como os que tínhamos em nossa base, o
que me deixava ainda mais frustrada. As palavras de Christopher ecoavam em minha
cabeça, repetidas vezes, atormentando meus pensamentos com a verdade. Eu estava
fazendo um péssimo trabalho, ele tinha razão.

- Acho que a placa queimou. Eu vou ter que abrir a maquina. – A Oficial Hamilton
falou enquanto retirava os cabos conectados ao aparelho.

- Isso vai demorar. – sussurrei, enquanto massageava as têmporas.

- Um pouco, agente Jauregui. Eu praticamente vou ter que montar a maquina outra
vez.

Olhei para o relógio, vendo os pequenos ponteiros marcarem dez e treze da noite. Eu
me encontrava simplesmente exausta. Tanto de maneira física quanto psicológica.
Fechei os olhos e ergui um pouco a coluna, tentando relaxar a musculatura tensa de
meu corpo rígido. Aquele havia sido o pior dia desde que coloquei meus pés em Nova
Iorque.

- Lauren, é melhor você ir pra casa. Tente relaxar. – Allyson falou ao se levantar da
cadeira giratória.
- Não posso.

- Claro que pode. Não vai ter proveito algum nervosa desse jeito. E muito menos
cansada.

- Eu preciso resolver isso, Brooke. – murmurei de mal humor.

- Vai demorar algumas horas para montar tudo, mas não me importo em ficar. –
Normani falou calmamente.

- Não quero abusar, Mani.

- E nem vai.

- Mas eu preciso. – retruquei.

- Amanhã vamos continuar. Você disse que iria sair, desistiu?

A menor perguntou, despejando uma boa quantidade de café quente em sua xícara
azul. No mesmo instante lembrei o combinado com Camila, e só agora senti a real
vontade de sair daquela sala.

- Eu estava quase esquecendo. Eu preciso mesmo ir. Amanhã vou estar


cedo aqui.

- Certo, vou esperar você pra continuar. – Normani falou.

- Tudo bem, eu vou saindo. Tranquem tudo. – falei ao me retirar.

[...]

Depois de passar em meu apartamento, para tomar um bom banho e trocar de roupa.
Segui caminho para a mansão Collins, onde Camila estava a minha espera. O trajeto
era longo, já que meu apartamento ficava para o lado oposto de onde o casal tinha
sua residência. Mas eu não me importaria de demorar alguns minutos, na verdade,
nada me impediria de fazer o que eu planejei a tarde inteira. O ar imponente e
arrogante do empresário ainda me causava ânsia, suas palavras sarcásticas se
repetiam em minha cabeça como um cd furado. Apertei os dedos no volante de meu
carro, vendo as juntas esbranquiçadas pela força que eu empregava ali.
"Você está fazendo um péssimo trabalho, e está me causando um fodido prejuízo. Se
quer ser uma das melhores agentes, é melhor treinar mais um pouco."

- Eu sou a melhor, Collins. Muito melhor do que você...e será Camila quem dirá isso.

Um sorriso escapou de meus lábios ao pensar no que eu tanto queria. Meus


pensamentos ainda corriam frenéticos desde a hora que acordei, como se um milhão
de idéias passassem em segundos por minha cabeça. Tudo muito rápido e turbulento.
Uma pessoa normal voltaria para casa e, depois de uma boa ducha, deitaria na cama
para descansar. Mas eu não, eu faria diferente. O dia péssimo que tive apenas serviu
de combustível para que eu abrisse os olhos e acordasse para a real situação. O
desafio era bem maior do que eu estava imaginando, e eu não me daria por vencida
tão fácil. Eu não deixaria que ninguém passasse por cima de mim e, muito menos me
humilhasse. Eu devolveria tudo, e começaria por Christopher. Por mais que eu
soubesse o quanto aquilo era errado, nada me faria sentir melhor. Eu jamais poderia
devolver da mesma maneira, eu tinha um caso importante nas mãos, e não me daria
o luxo de perder a maior oportunidade de minha vida discutindo com a "vitima".

- Boa noite. – falei ao abaixar o vidro do carro na portaria da mansão Collins.

O segurança aproximou-se do carro lentamente, e soltou um sorriso assim que me


viu.

- Boa noite, Lauren. O turno é seu essa noite? – o homem perguntou com a testa
franzida.

- Sim, Charlie. Fiquei sabendo que o Sr. Collins foi viajar, e o mesmo pediu que eu
ficasse de turno por conta de sua esposa.

- Oh, sim! Ele viajou tem duas horas. Carlos o levou para o aeroporto.

Bom, eu adoraria que ele estivesse em casa. Mas já que não estava, faria do mesmo
jeito.

- Sim, eu estou sabendo. Falei com ele essa tarde. Mas enfim, quer anotar minha
entrada? Vou pegar os documentos.

- Não precisa, agente. Pode entrar.

Soltei um sorriso largo para Charlie que me encarou um tanto abobalhado. O homem
sempre fazia questão de ser gentil comigo em minhas visitas a mansão, e até mesmo
quando nos encontrávamos pelo corredores da delegacia, já que Charlie fazia parte
da equipe de segurança organizada pelo comissário Brandon. Dei um breve aceno
para o mesmo que abriu os portões, dando-me livre acesso. Parei meu carro na vaga
disponível no pátio da frente, onde geralmente o carro de Christopher ficava. Olhei-
me pela ultima vez no espelho, verificando se estava tudo certinho, antes de sair do
veiculo e caminhar até a porta da frente. Dei atenção ao relógio do celular, e os
números no visor marcavam onze da noite. Toquei a campainha uma vez, e aguardei
um pequeno tempo antes de tocar novamente. Toquei mais uma vez. Há essa hora os
empregados da mansão já haviam terminado seus turnos de trabalho, ou seja, quem
me atenderia seria ninguém menos que....

- Pensei que não viria.

A latina falou ao se escorar no arco da porta. Camila parecia ter saído do banho há
pouco tempo, seus cabelos estavam amarrados em um coque mal feito, deixando
alguns fios levemente umedecidos soltos. Ela vestia uma camisola pequena de seda
branca, e por cima um robe do mesmo tecido. Sua pele ainda possuía algumas gotas
de água, e o cheiro delicioso de amêndoas que emanava do corpo da mulher me
fizeram aspirar bem fundo.

- Eu disse que viria, Karla. Não vai me convidar para entrar?

A morena sorriu de canto e, me encarou ainda confusa. Talvez Camila não estivesse
acostumada com minhas decisões. Ela sempre foi à dona do jogo, sempre ditou as
regras e saiu vencedora no final. Mas hoje seria diferente, hoje eu seria a
dominadora.

- Claro, entre. – disse ao virar o corpo de lado, dando um pequeno espaço para que
eu passasse por ela.

- Confesso que estou surpresa com sua decisão de vir aqui. – Camila falou ao fechar a
porta. - Pensei que...

- Pensou que eu não viria em sua casa tão cedo, Karla? – perguntei ao curvar o canto
dos lábios em um sorriso cínico.

A casa estava em repleto silencio, reafirmando que estávamos completamente


sozinhas ali. Dei um alguns passos à frente, aproximando-me mais da latina que me
encarava com uma expressão indecifrável.
- O que está acontecendo com você? – perguntou ela assim que parei a poucos
centímetros de seu corpo.

Pela primeira vez eu sentia o poder correr em minhas veias, juntamente da


adrenalina e o desejo que aquela mulher me provocava. Fixei o olhar sobre o dela,
que não ousaram desviar. Karla entreabriu os lábios, deixando uma pequena lufada
de ar escapar e tocar meu rosto.

- Quer mesmo saber? – dei mais alguns passos, agora parando atrás de Camila.

Minhas palavras saíram como um sussurro arrastado, provocando um arrepio no


corpo da mulher a minha frente. Meus olhos captaram rapidamente o momento que
ela estremeceu.

- Quero.

A ponta de meu nariz arrastou sobre a pele macia da nuca de Camila, fazendo-me
sentir perfeitamente o aroma que emanava dali. Eu aspirei seu cheiro doce, enquanto
minhas mãos repousavam suavemente sobre sua cintura delicada, coberta pela seda
cara.

- Eu sinto raiva. – sussurrei com os lábios próximos a sua pele, deixando que toda
aquela sensação ficasse viva em mim. – Ódio.

Pressionei mais os dedos em seu corpo, puxando-a para mim. Camila suspirou, mas
não evitou. Meus lábios deslizaram para a lateral de seu pescoço, em um roçar suave
e ao mesmo tempo intenso.

- Rancor e...

Ela se soltou de minhas mãos, virando seu corpo de frente para mim. Seus olhos
castanhos intensos me fitaram fixamente, carregando em si toda a tensão sexual que
rondava aquele momento. Eles eram hipnotizantes, tentadores.

- E o que mais, Lauren?

Meu nome deixou os lábios da latina de forma tão arrastada e excitante, fazendo-me
estremecer por segundos. Meu corpo clamava por aquela mulher, em cada maldita
célula. Meus olhos que até poucos segundos fitavam os lábios carnudos da morena a
minha frente, subiram novamente para seus olhos flamejantes.
- Tesão, desejo...Eu quero você essa noite, Karla.

Levei uma de minhas mãos até a lateral de seu rosto, puxando-a para um beijo. Ao
tocar de nossos lábios, Camila recuou lentamente, fazendo-me soltar um olhar
confuso em sua direção.

- Eu sei do que você precisa essa noite, Lauren. E eu vou dar a você.

Camila Collin's point of view.

[Inicie FWU]

Lauren tinha um quê de interrogação estampado em seu rosto, mas não ousou me
questionar. Estendi a mão para a mesma, que logo se aprontou a segurar. Conduzi a
bela agente pelos corredores de minha casa, seguindo até a sala de jantar. Vi um
sorriso sarcástico, e ao mesmo tempo surpreso nascer em seus lábios assim que a
mais velha notou a mesa devidamente pronta e arrumada para um jantar.

- Vou te dar uma noite para relaxar, para não achar que só sei sugar... – dei uma
breve pausa a procura das palavras. – suas energias.

- Não vai me dizer que cozinhou para mim?!

Repousei minhas mãos sobre o encosto da cadeira, deixando que um sorriso


escapasse de meus lábios. Lauren iria provocar-me pelo resto da vida com o simples
agrado que me coloquei a fazer.

- É o que parece, não? – disse ao indicar a mesa pronta.

Lauren se aproximou, sentando no lugar onde ordenei. Ela parecia bem surpresa,
talvez esperasse chegar e me encontrar a disposição de um bom sexo, que não
tardaria a chegar, é claro. Peguei uma das melhores e mais caras garrafas de vinho
da adega particular de Christopher para nos servir.

- Pode colocar em nossas taças, enquanto vou pegar o nosso jantar?

- Claro. – ela se adiantou a pegar a garrafa e servir nossas taças.

Caminhei até a cozinha, pegando os dois pratos que havia finalizado minutos antes de
Lauren tocar a campainha. Já havia um bom tempo que deixei o habito de cozinhar
de lado, eu nunca me dispus a cozinhar para Christopher, mesmo eu tendo certo
amor e habilidade para aquele trabalho. Levei os dois pratos perfeitamente
arrumados até a mesa, sendo recebida pelo olhar avaliativo de Lauren.

- Você pediu isso de um restaurante? – perguntou com o cenho franzido em minha


direção.

- Por que? Está bonito como um de restaurante?

Soltei de forma convencida ao me sentar a sua frente. Lauren sorriu e assentiu ao


pegar o lenço que estava repousado sobre a mesa, bem ao seu lado. Eu havia
preparado filé de peixe, com um molho cítrico delicioso, acompanhado de uma salada
bem colorida e um purê de batata.

- Está muito sofisticado, parece comida de restaurante caro. Me custa acreditar que
você tem dom para cozinha, Camila.

- Me sinto ofendida assim. Preparo um jantar para você, e ganho essa desconfiança.

Lauren soltou um risada divertida, e por impulso esticou a mão para tocar a minha
que estava repousada sobre a mesa.

- Me desculpe, não queria.

Olhei para sua mão que agora estava junto da minha, e logo depois para seus olhos.
Sustentamos aquela troca de olhares por alguns instantes, até que ela voltou a sua
posição na cadeira.

- Prove, eu quero saber se ainda cozinho bem.

A mulher pegou os talheres prateados, e com calma cortou o filé de peixe tão macio.
Eu me permiti apenas a observá-la, estava estranhamente esperançosa para que ela
gostasse do que havia preparado.

- Tenho uma pergunta antes de provar.

Um sorriso escapou de meus lábios por tanto falatório para somente comer um
pedaço do peixe.

- Faça.
- Não tem nenhuma espécie de calmamente na comida, certo?

- Não, deixei os meus remédios guardados essa noite. Você ainda não me deu
motivos para precisar deles.

Meu tom sarcástico manteve aquele sorriso cínico naqueles lábios tão
beijáveis. Lauren levou um pedaço do peixe com molho até sua boca, mastigando
lentamente. Eu estava ansiosa por saber seu parecer, mas sua expressão revelou o
resultado e para minha total satisfação, ela havia adorado.

- Isso está divino. – disse agora ao pegar com o garfo um pouco de cada
acompanhamento restante.

- Está admitindo que cozinho bem?

Lauren terminou de mastigar, para limpar o canto de seus lábios com o lenço.

- Se realmente foi você que cozinhou isso, o que acho impossível, com certeza você
tem mãos maravilhosas para cozinha também.

- Também? Para o que mais tenho mãos maravilhosas, Jauregui?

- Para o que vamos fazer após esse jantar. – respondeu direta, fazendo-me suspirar
nervosa.

Eu perdi todas as respostas que poderiam ser dadas diante de sua investida tão
firme. Ao invés de responder, apenas deixei que meu sorriso revelasse o quão afetada
fiquei com sua afirmação. Capturei os talheres para acompanhá-la na refeição que eu
havia preparado para nós duas. Os empregados haviam sido dispensados, eu só
estava com a escolta de seguranças noturnos do lado de fora. Eu queria ter aquele
momento sozinha com Lauren, já que depois do ocorrido de hoje mais cedo, algo em
mim achou necessário trazer algo para amenizar aquele dia.

- Você também é envolvida com arte, ou apenas tem o prazer de administrar a


galeria?

Lauren perguntou do nada, fazendo-me fita-la.

- Eu sempre gostei de arte, acho que é uma bela maneira de se expressar. E bom, eu
aprecio sim, e me arrisco a pintar e desenhar algumas vezes. Mas já faz muito tempo
que não paro para fazer algo.

- Por que?

Eu me sentia um tanto confusa com toda pergunta vinda da mulher a minha frente,
eu não esquecia que ela estava investigando um caso de meu marido. Queria poder
identificar claramente se as perguntaras eram apenas para satisfazer sua vontade em
me conhecer, ou apenas mais um tipo de material para seu trabalho.

- Não sinto mais vontade. Desenho apenas quando me interesso realmente por algo,
quando admiro.

- E não tem isso hoje? – perguntou ao levar a taça de vinho tinto até seus lábios.

- Não, por enquanto nada me inspirou tanto a ponto de voltar a desenhar.

- É um tanto diferente para mim conhecer você.. Acho que até hoje, essa esteja
sendo a primeira oportunidade que estamos tendo de nos conhecer realmente.

- Eu penso da mesma maneira, Lauren. Não sei se é certo, mas não sou a pessoa
mais indicada para dizer o que é certo ou não.

Ela sorriu, tomando outro gole.

- Muito menos eu.

- Mas me diz você, sempre quis ser policial?

- Sim, é uma profissão predominante em minha família. Meu pai foi delegado em
nossa cidade, e minha mãe trabalhou no setor que estou hoje.

- E agora são aposentados?

- Meu pai sim, minha mãe morreu em uma operação. Digamos que diferente de mim,
ela não tinha paciência para desvendar casos, e sim para assumir uma linha de frente
de operação.

Lauren falou tranquilamente, como se aquilo já tivesse cicatrizado em sua vida.

- Eu sinto muito.
- Já faz muito tempo, Camila. Não fique desconfortável.

- Certo.

Continuamos a jantar, entre uma conversa tranqüila, porém carregada de flertes e


olhares.

- O que estava fazendo em Mount Vernon aquele dia? Creio que aquela
Karla, era bem diferente dessa que conheci em Nova Iorque.

- Diferente em que? Posso saber? – Perguntei ao tomar o ultimo gole de minha taça
de vinho.

Lauren sorriu descontraída, retirando sua jaqueta de couro preta, para colocar na
cadeira ao lado. Ela estava mais relaxada, e aproveitando o jantar tanto quanto eu.
De forma delicada, pegou a garrafa de vinho para encher nossas taças novamente.

- Diferente, Camila... Ali você era mais comum, não em beleza, que isso você jamais
vai ser comum. Mas na forma de ser, era mais despojada, quase uma aventureira
como eu.

- Eu tenho muitos lados, acho que deu para perceber.

- Estava com Collins lá?

Remexi o liquido roxo em minha taça, sentindo o aroma saboroso que emanava dali;
levando até meus lábios para degustar lentamente de mais um gole; tudo sobre a
supervisão daqueles olhos verdes levemente embriagados.

- Não, eu estava sozinha. Christopher e eu tínhamos brigado, estávamos separados


por umas duas semanas.

- E daí para descontar sua raiva em seu marido, fez um ménage?

Soltei uma risada relaxada ao lembrar daqueles momentos.

- Por que não? Você estava louca para que aquilo acontecesse.

- Estava? – perguntou em uma postura desconfiada.


- Claro que estava. Lauren você me quis assim que colocou esse par de olhos verdes
sobre mim.

- Como pode ter tanta confiança nisso, Karla?

- Eu tenho uma enorme facilidade de desvendar as pessoas apenas pelo olhar e pela
maneira como elas se comportam. Fui muito bem instruída. – disse com os olhos fixos
nos dela.

Lauren não desviou o olhar, pelo contrario, sustentou com veracidade. O clima agora
havia ficado mais denso, talvez pelas inúmeras taças de vinho, ou pelo desejo que
sempre nos rondava. Eu poderia ver o peito de Lauren subir e descer lentamente, a
medida que seus ombros subiam e desciam sutilmente.

- Tem razão, eu te desejei desde o primeiro minuto que te vi naquele bar.

- Vai melhorar se eu disser que sentei naquele banco por ter achado você
fodidamente linda, e quis que puxasse assunto comigo?

A mulher mordeu o lábio inferior, e logo me mostrou um sorriso convencido, quase


prepotente.

- Então você me queria também!

- Poderia ser qualquer outra, ok? Só foi a primeira que vi. – menti descaradamente ao
levantar da mesa, com minha taça de vinho nas mãos.

[Inicie You should be here]

Lauren largou o lenço de lado, e levantou-se também. Eu recuei alguns passos ao vê-
la se aproximar com aquele fodido sorriso cínico; logo a tive em minha frente, a
poucos centímetros de meu corpo. Eu engoli em seco, levando a taça de cristal fino
até os lábios para tomar o restante do vinho até a ultima gota. Assim que engoli todo
o álcool, Lauren se apossou de minha cintura com as mãos. Meu corpo agora estava
junto ao seu, de forma firme e segura. Aquela maldita ebulição de calor se fazia
presente em meu corpo, e a necessidade de tê-la só aumentava a cada segundo.
Larguei a taça sobre a cômoda da sala de jantar, para que agora com os braços
livres, eu pudesse envolver o pescoço de Lauren.

- Mentir é feio, sabia? Admite que você me quis tanto quanto eu quis você aquela
noite.
Sua voz rouca me deixava nervosa, eu já estava mais do que sensível por conta do
álcool presente em meu corpo; o tesão só era mais um agravante fortíssimo para
minha situação. Eu deslizei a ponta de minha língua por meus lábios, reprimindo um
sorriso cínico.

- O que eu ganho com isso? – desafiei.

- Só vai saber se falar a verdade.

Lauren deu alguns passos a frente, encostando meu corpo na coluna de concreto.
Agora eu estava sendo pressionada por ela, e porra, estava adorando aquilo.

- Ok, eu não quis outra naquele maldito bar. Eu vi você, e quis você aquela noite. Sua
amiguinha foi apenas um bônus, mas era em você que eu estava interessada.

Lauren riu baixinho, deixando-me sentir seu hálito de vinho tinto. Eu estava um tanto
embriagada, e ela também, o que deixava tudo mais intenso e prazeroso.

- Assim como esteve quando cheguei? E como está agora.

- Exatamente assim. Droga, eu quero muito você.

- Quer, Camila?

Eu fechei os olhos ao sentir os lábios molhados e quentes de Lauren em meu pescoço,


deslizando suavemente sobre minha pele quente. Eu apertei minhas pernas uma
contra a outra, em uma tentativa de conter as pontadas de excitação em minha
boceta. Lauren pareceu perceber, pois fez absoluta questão de interromper o ato,
pressionando com sua perna meu sexo latejante.

- Oh, Deus..

Uma de minhas mãos foram de encontro ao seu cabelo, enquanto sua língua quente
serpenteava por minha clavícula, subindo em direção a meu queixo. Lauren cravou
seus dentes ali devagarzinho, para depois fixar seus olhos nos meus. Meu coração
estava disparado, e meu peito subia e descia em uma respiração pesada. Ela moveu
um pouco sua perna, pressionando mais sobre minha boceta.
- Responde.

- Porra, sim...eu quero muito você.

Aquelas palavras foram o suficiente para que seus lábios se unissem aos meus. Beijar
Lauren poderia ser uma das coisas mais prazerosas que já fiz, a forma como seus
lábios delicados se moviam com gana sobre os meus, me tirava de orbita. Sua língua
habilidosamente pediu espaço entre meus lábios, para se encontrar com a minha,
movendo-se em uma sincronia perfeita e excitante. Uma de suas mãos que apertava
minha cintura, subiu pela lateral de meu corpo, passando pelo lado de meu seio que
ansiavam por seus toques. Soltei um gemido assim que senti a palma de sua mão se
fechar contra um de meus seios, apertando de maneira tão gostosa, que me fez
apertá-la mais contra mim.

- Eu também quero você, quero demais. – ela sussurrou ao deixar meus lábios, para
beijar a linha meu maxilar.

A língua de Lauren seguiu até o lóbulo de minha orelha, deixando que as lufadas de
ar quente fossem contra aquela região. Cravei minhas unhas em suas costas, em
puro instinto, sentindo seu joelho pressionando hora ou outra contra minha boceta.

- Você não tem o maldito direito de me fazer gozar sem nem sequer me tocar.

Eu sabia que ela estava sorrindo, sua respiração denunciava isso perfeitamente bem.
As duas mãos da mulher agora estavam sobre meus seios, massageando lentamente,
porém coma pressão perfeita para me fazer estremecer.

- Vamos para o quarto. – sussurrei perdida.

A morena virou meu corpo de costas para ela, agarrando minha cintura de forma
possessiva. Senti seus lábios irem de encontro a minha nuca, arrepiando todos os
pelos de meu corpo. Tentei me desvencilhar por alguns minutos de seus braços, para
que conseguisse levar ela para o quarto. Subimos as escadas rapidamente, largando
algumas peças de roupa no meio do caminho. Lauren me prensou contra a parede do
corredor, me mantendo de costas para si. Sua mão foi de encontro ao meu cabelo,
afastando as madeixas para o lado, deixando minha nuca livre para ser beijada. Sua
língua ágil desenhou sobre meu ombro direito, subindo por minha nuca, em direção a
minha orelha.
- Você me deixa completamente louca de tesão.

- Deixo? – provoquei.

- Muito, você não faz idéia do quanto.

Abaixei as finas alças da peça que eu usava, movendo meu corpo lentamente para
que ela fosse ao chão. Lauren se afastou um pouco, talvez analisando a minúscula
calcinha branca que me cobria aquela noite, já que eu estava sem sutiã.

- Porra, Karla. Por que você tem que ser tão gostosa?

- Sou gostosa? Fala de novo vai.

Lauren agora estava somente de calça jeans e sutiã vermelho. Senti seu corpo
novamente junto ao meu, mas agora suas mãos que repousavam sobre minha
cintura, viraram meu corpo de frente para si.

- Você é fodidamente gostosa, Karla Camila.

Dessa vez quem tomou seus lábios em um beijo de tirar o fôlego fui eu. Explorei cada
milímetro de sua boca, degustando do beijo maravilhoso que Lauren me oferecia.
Chupei sua língua devagar, seguidas vezes antes de morder seu lábio inferior. Senti
as mãos ágeis da mulher descerem sobre minha bunda, apertando fortemente. Logo,
com cuidado e habilidade, Lauren suspendeu meu corpo, obrigando-me a entrelaçar
as pernas em sua cintura.

- Puta merda, eu sinto minha boceta latejar. – soltou as palavras que me fizeram
tremer.

Lauren me guiou até o centro do quarto, enquanto eu distribuía alguns beijos em sua
boca. Suas mãos seguravam-me firmemente, enquanto as minhas se perdiam em
seus cabelos agora totalmente desgrenhados. Com certo cuidado, a mulher deitou
meu corpo sobre a cama enorme, aproveitando o curto intervalo para retirar suas
calças jeans. Me acomodei mais no centro do colchão macio, tendo a visão de uma
Lauren seminua se aproximar. Ela sorriu maliciosa e intensa, fazendo-me morder os
lábios em ansiedade por seus toques. Com a delicadeza evidente de um toque
feminino, ela retirou a fina calcinha que eu usava, expondo meu sexo úmido e
pulsante para ela. Eu me abri para ela, dando a visão clara do que ela mais ansiava
ali. Eu a vi engolir em seco, com seu olhar flamejante em minha direção. Lauren
retirou seu sutiã, dando-me a oportunidade mais uma vez de ver seus seios tão
perfeitamente redondos e medianos; eram lindos e extremamente atrativos. A
vontade de tê-los em minha boca só aumentava a cada segundo que se passava. Ela
inclinou seu corpo em minha direção, de modo que se encaixasse perfeitamente bem
com o meu. Agora novamente seus lábios se uniram aos meus, e com a mão livre,
Lauren deslizou a ponta de seus dedos sobre meu abdômen, descendo na direção de
minha boceta molhada. Eu controlei o gemido baixinho que teimava em querer sair de
meus lábios no exato instante que sua mão deslizou sobre meu sexo. Os dedos de
Lauren moveram-se lentamente sobre a carne molhada, de cima a abaixo, como uma
massagem calma e deliciosa, que acompanhava a ritmo de seus beijos.

- Oh, você quer me deixar louca. – sussurrei ofegante, quase em suplica por mais.

Lauren movia a ponta de seus dedos sobre meu clitóris, de forma circular e
constante; hora ou outra descia até o centro de minha boceta para umedecê-los, mas
em seguida subia novamente, masturbando-me fodidamente bem. Eu sentia meu
corpo suando, e aquela maldita vontade crescendo em meu ventre.

- Me fode vai, por favor...Lauren... – minha voz soou rouca e arrastada.

Lauren sorriu, beijando meu pescoço, descendo em direção aos meus seios nus.
Xinguei em surpresa, ao sentir sua língua em contato com um deles, estavam
eriçados e sensíveis pelo tesão que se espalhara. Ela o chupou com tamanha maestria
que não pude evitar os gemidos que começavam a se tornar freqüente. A mão dela
ainda se movia sem parar, enquanto sua língua rodeava meu mamilo.

- Porra, me fode de uma vez, eu não vou suportar isso por muito tempo.

- Quer que eu foda você, Camila? Fala pra mim.

- Quero, caralho. Eu preciso que você me coma.

Ela soltou um gemido assim que terminei a frase. Seus dedos desceram até o centro
de minha boceta, e com dois deles ela me penetrou devagar, até o fundo. Eu queria
gemer alto com a sensação maravilhosa de ser preenchida por dentro daquela
maneira. Lauren demorou alguns segundos para começar a move-los em minha
boceta. Seus lábios roçavam entre o vale de meus seios, para que pudesse fazer o
mesmo trabalho no seio ao lado. Sua boca se fechou ao redor do mamilo durinho,
chupando de forma gostosa e um pouco forte. Meus dedos que até poucos segundos
estavam fincados no lençol macio da cama, agora foram de encontro ao cabelo de
Lauren; guiando sua cabeça, para que ela continuasse ali, chupando sem parar. Eu
sentia meu corpo ferver por inteiro, e aquela sensação maravilhosa se espalhar para
cada extremidade.

- Você me come tão gostoso, me fode tão bem. – murmurei em meio aos gemidos.

Os dedos de Lauren entravam e saiam de minha boceta apertada seguidas vezes,


com a facilidade por estar extremamente molhada. Eu podia ouvir o barulho da
fricção de seus movimentos lá embaixo. Ela subiu com os beijos para minha clavícula,
deslizando a língua como um felino sedento.

- Mais forte, vai....fode mais forte.

- Você tem a porra de uma boceta tão gostosa.

Eu fechei os olhos com força, sentindo os movimentos ficarem cada vez mais intensos
e rápidos. Eu movia meu quadril para frente para trás, a procura de um orgasmo que
seu tinha a absoluta certeza que ela me daria. Desci com uma das mãos até minha
boceta, mais precisamente sobre meu clitóris. Massageei o mesmo com um pouco de
pressão, enquanto Lauren fodia-me com seus dedos.

- Porra, eu vou gozar só por foder você. – exclamou contra meu ouvido.

Meus gemidos estavam cada vez mais constantes e fortes, nossas respirações
ofegantes se perdiam uma na outra a cada vez que nossos lábios se encontravam em
um beijo desesperado. Lauren metia seus dedos em minha boceta até o fim, rápido e
forte como eu implorava. Meu quadril batia contra sua mão em desespero.

- Eu vou gozar, meu Deus. Não pare...

Eu senti seus dedos se inclinarem levemente no interior de minha boceta, tocando


exatamente onde eu mais precisava.

- Filha da puta!

Minhas mãos foram de encontro ao rosto de Lauren, puxando sua cabeça para mais
próximo, eu queria beijá-la naquele momento, e assim ela fez. Sua língua deslizou
sobre a minha, com certa dificuldade por nossos movimentos excessivos, mas eu
poderia saborear do orgasmo devastador durante um beijo inebriante que só ela sabia
dar. Meu corpo inteiro começou a se convulsionar, espalhando as fagulhas por cada
extremidade, enquanto ela metia seus dedos em mim sem parar. Meus dedos se
perderam em seus cabelos, apertando com certa força enquanto Lauren me
proporcionava o clímax daquele prazer. Seus dedos deslizavam para dentro e para
fora de minha boceta que agora os comprimia; ela só parou quando os últimos
espasmos daquele orgasmo se fizeram presente.

- Meu Deus... – sussurrei ofegante.

Lauren deixou que seu corpo se acomodasse sobre o meu, estávamos suadas e
quentes. Ela retirou seus dedos lentamente de minha boceta, fazendo-me praguejar
em pensamentos. Eu deslizei meus dedos por seu cabelo agora suavemente úmido
pelo suor, enquanto ela se mantinha quieta, respirando pesadamente.

- Eu quero mais de você essa noite.

- Você vai ter mais de mim, nessa casa, nessa cama.

Lauren ergueu sua cabeça que estava repousada sobre meus seios, olhando em meus
olhos por alguns instantes. Um sorriso começou a nascer no canto de seus lábios, e
logo senti sua boca se unir com a minha.

Lauren Jauregui's point of View.

Eu poderia ouvir aquela voz suave falar bem ao fundo, mas não conseguia
compreender absolutamente nada do que era dito. Me encontrava totalmente
embargada pela sonolência e exaustão. Remexi meu corpo devagar sobre os lençóis
macios da cama de Collins, e tentei abrir os olhos para ficar a parte da situação.
Ainda era madrugada, pois o sol nem sequer tinha nascido; quando vi Camila parada
na varanda de seu quarto. Ela vestia apenas um robe fino, e estava parcialmente
inclinada, apoiando seus braços no batente de ferro da pequena varanda. Entre seus
dedos, um cigarro, talvez; pela ponta iluminada não poderia ser outra coisa. Minha
vista estava um pouco embaçada, e meu cérebro mais lento impossível pela minha
exaustão. Será que ela estava falando com alguém? Não, era madrugada. Abaixei a
cabeça sobre o travesseiro macio, fechando meus olhos novamente. Ouvi um barulho,
e os abri outra vez, sentindo minhas pálpebras pesadas.

- Pensei que estivesse dormindo. – murmurou ela tranquilamente, ao deixar algum


objeto sobre a cômoda, a carteira de cigarro talvez.

- Estou e não estou.

Mesmo a pouquíssima luminosidade, eu pude a ver sorrir de canto. Camila levou o


cigarro até seus lábios carnudos para dar uma forte tragada, enquanto caminhava em
direção a cama. Mesmo que tudo estivesse acontecendo em câmera lenta na minha
cabeça, aquela cena tinha sido extremamente sexy. A morena subiu na cama,
acomodando-se sobre mim, de maneira que ficasse sentada sobre meu quadril. Eu
ainda estava completamente nua, e ela também, a não ser pelo robe quase
transparente que cobria seu corpo. Karla ergueu um pouco a cabeça, soltando a
fumaça para o alto.

- Estava falando com alguém? – perguntei entre um bocejo.

- Não, eu estava fumando apenas. Desculpe ter te acordado.

- Não tem problema, eu consigo dormir facilmente. – uma risada sonolenta escapou.

- Vejo que sim.

Eu a analisei por alguns segundos, vendo o quão linda aquela latina poderia ser. Seus
cabelos ondulados agora caiam por seus ombros, moldando seu rosto bem desenhado
por traços finos e ao mesmo expressivos, acompanhado de dois belos olhos castanhos
tão profundos. Ela novamente levou o cigarro até os lábios, sugando com volúpia,
como quem quisesse terminar logo. Então, inclinou seu corpo parcialmente sobre o
meu, de modo que seu rosto ficasse a poucos centímetros de minha boca. Nossos
olhares se encontraram, e se mantiveram fixos um no outro. Camila roçou seus lábios
contra os meus devagar, fazendo-me entreabrir a boca lentamente para receber um
beijo. De olhos fechados, ela liberou a fumaça por sua boca, em direção a minha que
recebi até o fim. Segurei em seu queixo, puxando sua boca para um beijo forte e
intenso, sentindo a mesma largar o cigarro sobre o criado mudo ao lado da cama.
Nossa noite se prolongou por mais um tempo, antes de pegarmos no sono mais uma
vez.

Acordei horas depois com o barulho irritante de meu celular, o aparelho tocava
insistentemente alarmando as ligações. Abri os olhos com certa dificuldade pela forte
claridade vinda das janelas de vidro do quarto. Olhei para o lado, vendo Camila
debruçada, completamente nua. Me permiti admirar seu corpo por alguns instantes,
quando o celular novamente voltou a tocar. Levantei da cama, ouvindo alguns
resmungos vindo da morena, enquanto eu fazia uma caça pelo aparelho pelo quarto.
Foi quando avistei minha calça jeans jogada no canto da cama, ao chão. Peguei o
aparelho rapidamente, avistando o nome de Ally no visor.

- Diga, agente Brooke.

- Finalmente! Achei que tinha morrido. – exclamou nervosa do outro lado da linha.
- Eu estava dormindo. O que aconteceu? Por que me ligou tão cedo?

- Lauren, vai dar oito horas da manhã.

Olhei para o visor do aparelho telefônico na confirmação das horas, e realmente, eu


estava mais do que atrasada.

- Mesmo assim. – disfarcei.

- Tenho boas noticias. – seu tom de voz animado, fez-me franzir o cenho.

Olhei para Camila que estava na cama, ainda adormecida em puro cansaço, então
caminhei em direção ao banheiro do quarto, para poder falar com Ally sem atrapalhar
seu sono.

- Boas noticias? Tem certeza que não são péssimas?

Ouvi Ally bufar do outro lado da linha.

- Saber a numeração da conta para qual o dinheiro que foi roubado foi transferido, é
uma noticia boa pra você?

Aquela frase pareceu transcorrer em câmera lenta em meu cérebro, para logo depois
ser repetida em uma velocidade descomunal.

- Meu Deus.

- Sim! – Ally exclamou.

- Tem certeza?

- Absoluta! Ficamos a madrugada quase toda aqui. Vero disse que não descansaria
até saber algo realmente importante, e nós achamos, Lauren!

- Caralho, caralho! – falei em meio a um sorriso. – Nós temos apenas que descobrir
de quem é essa conta, e pegar o desgraçado.

- Vamos conseguir!

- Eu estou indo até aí.


- Até logo, agente Jauregui.

Afastei o celular do ouvido, ainda perplexa com a noticia boa que recebi aquela
manhã. Voltei para dentro do quarto, catando minhas peças de roupa pelo chão.
Camila lentamente sentou sobre a cama, enquanto coçava seus olhos sonolentos.

- O que está fazendo, Lauren?

- Eu preciso ir à delegacia.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntou ainda um pouco perdida.

Vesti a calça jeans rapidamente, enquanto tentava achar minha blusa pelo cômodo
extenso.

- As meninas conseguiram uma informação importante para o caso do seu marido. Eu


preciso ficar totalmente informada de tudo.

Camila encolheu as pernas que estavam cobertas pelo lençol fino. Sua expressão se
transformou rapidamente, agora ela parecia ter despertado mais depois da noticia.
Olhei para o chão, vendo minha blusa jogada perto da porta.

- Isso é maravilhoso!

- Sim! É um alivio! – falei ao vesti-la.

- Eu fico feliz por você.

Suas palavras soaram tranqüilas e sinceras; olhei para seu rosto, deixando que um
sorriso deixasse meus lábios. Me aproximei da cama, e segurei em seu queixo com
suavidade.

- Obrigada. – sussurrei antes de depositar um beijo rápido sobre seus lábios. Um


selinho. – Agora eu preciso ir, nos falamos depois, ok?

Ela assentiu serenamente, e eu deixei seu quarto.

----

Hummmmmm, sentiram o mesmo que eu?

Nos vemos no proximo!


Ahhh! E uma coisa MEGA IMPORTANTE. Semana passada, as meninas e eu, lançamos
uma one-shot. Ela se chama "No Way" É bem diferente do que já escrevi durante
todo esse tempo, mas as meninas e eu nos esforçamos bastante para dar o melhor a
ela. Quem ainda não leu, deem uma olhadinha, e quem já leu, leia de novo. kkk

Link: https://www.wattpad.com/265377366-cap%C3%ADtulo-1-no-way
Capítulo 14 - Suspeitos.

Depois de mil anos, voltamos! Nos perdoem pela demora, mas com a correria das
meninas no Brasil, show e essas coisas, não conseguíamos pensar em mais nada! Mas
aqui estamos, com um capitulo novinho! Espero que gostem!

Quero dedicar esse capitulo especialmente para Lívia, que conheci na fila do show no
Rio de Janeiro, e foi super carinhosa e gentil comigo. Foi muito bom conhecer você,
espero que goste desse capitulo. - Evelin

"Queria dedicar esse capitulo pra Karol.. Que vem me cobrando a fanfic sempre..
KKKKK miga, cap dedicado só pra você, aproveite!" - Sindy.

Ahh' uma observaçãozinha importante!

Tem algumas pessoas confundindo um pouco as coisas com relação a quem escreve
Xeque-Mate e escreveu The Stripper. Assim, foi feita uma musica chamada Dear
Stripper e logo sairá uma outra chamada Checkmate, criada pela Paolla Quirino, que
está envolvida em um projeto para lançar uma espécie de episodio de The
Stripper(Se tudo der certo, é claro) E como os projetos tem o mesmo nome, algumas
pessoas estão confundindo. Mas aqui deixamos claro que, as autoras de Xeque-Mate
são Larissa, Sindy e eu (Evelin) e The Stripper foi feita unicamente por mim. A Paolla
é responsável pelas musicas e pelo provável curta de The Stripper, ok? Sem
mais....Agora vamos ao que interessa!

P.S: A manip maravilhosa foi feita pela Juliana(meu bolinho)

Curtam bastante!

Lauren Jauregui's point of view.

Depois de um rápido banho, e troca de roupas, segui para a delegacia o mais rápido
que pude. A noticia de que foi encontrado o numero da conta para qual o dinheiro
roubado foi transferido trouxe um gás a mais para meu dia, que por sinal já estava
bem mais tranqüilo graças a Camila. Eu não sabia dizer, mas algo aquela noite havia
sido diferente. A latina não só me deu uma bela e satisfatória noite de sexo, mas
também me fez relaxar, e consequentemente esquecer os problemas. O jantar
divinamente delicioso trouxe uma espécie de calmaria para mim. Confesso que ter
aquele lado da latina era um tanto diferente, entretanto, bom.

- Bom dia, agente. – um dos oficiais falou assim que entrei na delegacia.

- Bom dia.

Cruzei a recepção da delegacia rapidamente, seguindo em direção aos elevadores.


Minha cabeça começou a trabalhar mais rápido, trazendo consigo a ansiedade.
Pressionei duas vezes o botão do andar em que ficava minha sala, em uma tentativa
falha de ir mais rápido. Assim que as portas de metal se abriram, segui em direção a
minha sala. Ao entrar na mesma, me deparei com Vero, Normani e Ally.

- Finalmente! – Ally exclamou ao levantar-se de sua cadeira giratória.

- Desculpe, eu tive que passar em casa para tomar um banho.

Recebi alguns olhares maliciosos, que cuidei de desviar. Me aproximei da mesa, onde
continha um amontoado de papeladas próximo ao notebook que resgatamos no
galpão abandonado.

- Podem me passar o relatório.

Normani lançou um olhar para Verônica, que assentiu.

- Bom, Lauren...como fui uma das grandes culpadas pela falta de supervisão no
sistema, pedi para as meninas que ficassem comigo essa madrugada. – Vero falou
com os olhos concentrados em mim. – E juntas, montamos o computador novamente.

- Deu certo trabalho, a maquina tinha um bom sistema de segurança. – Normani


disse com a expressão visivelmente exausta.

- Mas o importante é que demos um jeito. E conseguimos pegar o histórico de


transferência. Sabemos a numeração digitada no processo, mas apenas isso. – Ally
completou enquanto empurrava o pedaço de papel com a numeração.
- Com a numeração podemos saber o banco e a agencia. – disse ao fitar a
seqüência numérica.

- Podemos. E já fizemos uma leve pesquisa pelo sistema da policia. A conta é na


suíça. – Vero entregando o outro papel.

- Droga.

Bancos suíços e sua singular forma de proteção as informações. Não era a toa que
muitos dos criminosos cuidavam de ter seu dinheiro devidamente guardado no cofre
suíço. Lá era seguido acirradamente o sigilo das informações sobre qualquer tipo de
movimentação ou dados, a não ser que seja solicitado por meio do proprietário da
conta.

- Temos uma petição policial, podemos obter informações, e eles vão ter que nos dar.
– Normani comentou.

- Para isso precisaríamos abrir contato com o departamento de grandes casos de lá. –
murmurei insatisfeita.

- Tenho conhecidos de lá. – Ally exclamou.

- Você poderia entrar em contato com eles, mandar uma equipe até o banco. – Vero
soltou tranquilamente.

- Não... – afastei-me da mesa, enquanto minha cabeça parecia trabalhar mais rápido
do que o normal. – Não vamos avisar ninguém ainda.

As três me olharam confusas, procurando decifrar o que se passava por minha


cabeça. Eu não poderia tomar qualquer tipo de decisão precipitada, tudo precisava
ser devidamente pensado e calculado.

- Mas Lauren, nós temos... – Vero começou a falar.

- Temos apenas uma seqüência de números.

O silencio se instalou naquela sala, todas se entreolhavam. Eu suspirei pesado,


enquanto caminhava em direção a cômoda atrás de minha mesa.

- Eu preciso pensar no que vamos fazer agora. – falei calmamente ao depositar uma
boa quantidade de café na xícara com o brasão da policia de Nova Iorque.
- Ela tem razão. – Normani comentou.

- Vou dispensar vocês essa manhã já que estão amanhecidas aqui.

- É tudo que eu preciso, minha cama deve está sentindo minha falta. – Ally exclamou
ao se levantar.

Soltei um riso baixo, levando a xícara com o café quente até os lábios. Todas
começaram a arrumar suas coisas para deixar a sala.

- Meninas... – as três me encararam rapidamente. – Essa informação não pode sair


daqui. Apenas nós quatro vamos saber disso.

- Como quiser, agente Jauregui. – Normani concordou. – Eu já vou, ainda tenho que
ir para Collins mais tarde.

- Bom trabalho, Hamilton.

- Obrigada, até depois meninas. – a mulher falou antes de sair da sala.

Não demorou muito, e logo Ally também se despediu deixando apenas Verônica e eu
na sala. Ela não ousou falar nada, apenas continuou a arrumar sua bolsa em repleto
silencio.

- Vero...

Depositei a xícara sobre a estante na qual eu estava encostada, recebendo um olhar


sereno e curioso de minha melhor amiga.

- Queria me desculpar por ter sido tão grossa com você.

- Não tem que se desculpar, você teve razão em ser. Por descuido meu tudo isso
aconteceu, e sei o quanto essa operação é importante para sua carreira.

- Não só para a minha, para a nossa. – corrigi.

- Para nossa.

- Vem aqui, me dê um abraço. – disse ao abrir os braços para a mesma, que


expandiu seus lábios em um sorriso de canto. – Ás vezes tenho vontade de te matar,
mas ainda sim eu te amo.
Vero se aproximou devagar, e envolveu seus braços ao redor de meu
corpo. Eu a abracei com todo carinho, devolvendo na mesma intensidade que ela
dava a mim. Mesmo em meio a tantas confusões da vida, Vero esteve do meu lado,
passando por todas elas com muita determinação. Eu não só a tinha como melhor
amiga, mas como irmã.

- Eu também te amo, Laur. Mas ainda estou curiosa por saber onde você passou a
noite. Você estava transando, safada?

Me livrei dos braços de Verônica, deixando que uma risada divertida escapasse de
meus lábios.

- Você não consegue não ser você por cinco minutos?

Ela ergueu as mãos como se demonstrasse inocência. Eu apenas meneei com a


cabeça negativamente, pegando de volta a xícara de café sobre a estante.

- Eu estava com Camila.

- Eu nem sei pra que perguntei se já sabia a resposta. – soltou irônica.

- Sabia? Eu poderia estar com outra.

A mulher fitou-me com uma expressão entediante.

- Se você conseguisse ver outra mulher na sua frente, até poderia estar. Mas a Sra.
Collins não deixa isso acontecer.

Vero falava enquanto arrumava o casaco em seu corpo. Franzi o cenho, e sentei-me
em minha cadeira, próximo a mesa.

- O que quer dizer com isso?

- Quero dizer que Camila é do tipo de mulher que sabe envolver alguém, que sabe ser
exatamente tudo que a pessoa quer que ela seja. Digamos que ela tenha tudo que te
atrai, e com isso você fica devidamente presa a ela.

Eu nada falei, apenas continuei a tomar meu café, pensando nas coisas que minha
melhor amiga havia acabado de falar. E analisando todos os fatos, Vero tinha toda
razão.

- Isso é ruim?

- Levando em consideração que ela é casada? É. Mas se você conseguir deixar seus
sentimentos fora disso, está ótimo pra você.

- Então tudo tranqüilo. Você sabe exatamente que envolvimento emocional está longe
de acontecer comigo.

Vero me encarou por breves segundos, nos quais ficamos em absoluto silencio.

- Tenho a sensação que vai ser diferente agora.

Revirei os olhos impaciente, e me acomodei melhor sobre a cadeira.

- Isso é o sono afetando seus neurônios? Melhor ir para casa. – resmunguei.

- É melhor mesmo, eu só consigo ver aquelas peças de computador e números na


minha frente.

- Então vá pra casa, e durma muito.

- Eu vou, mas pense no que eu falei, ok? – Vero falou ao passar pela porta, deixando-
me sozinha na sala.

- Está louca. – murmurei.

Camila e eu tivemos uma boa conexão, desde o primeiro momento que colocamos os
olhos uma na outra, entretanto era nítido como aquilo se restringia aos caminhos do
desejo e tesão. Já que tanto ela, quanto eu, não tínhamos a menor possibilidade de
ter alguma espécie de envolvimento emocional. Me envolver com a latina já estava
sendo uma das coisas mais arriscadas e impensadas de toda minha vida. Eu tinha o
maior caso de toda minha carreira policial nas mãos, e ela era um dos pilares que
poderia me derrubar com facilidade.

- Mas se ninguém descobrir, estamos bem... – sussurrei ao pegar o papel com a


numeração da conta, que estava sobre a mesa.

Meus olhos analisaram numero por numero, logo depois o outro relatório com os
dados da localização da agencia. Suíça era o lugar perfeito para esconder uma grande
quantia em dinheiro, já que era bem mais difícil conseguir informação sobre o
proprietário da conta. Mas eu não desistiria tão fácil, eu descobriria algo, nem que
para isso, eu tivesse que me prestar ao trabalho de ir até lá.

- Vamos analisar um pouco.

Capturei a pasta com todos os documentos sobre aquele caso, lendo novamente
algumas situações que poderiam ter alta relevância no processo de investigação.
Tudo ali precisava ser minuciosamente analisado, para que nem um tipo de
informação ficasse em aberto. Retirei alguns dados, anotando em um bloco de notas
sobre a mesa. Meus pensamentos pareciam correr em uma velocidade assustadora
com tantos papeis e informações contidas neles. Eu não sei por quantas horas fiquei
ali, a base de café, sem receber ligações ou pessoas em minha sala, mas em certo
momento me dei conta que a mesa inteira estava repleta de papeis, fotos e
documentos. Eu estava empenhada em organizar aquele processo, para que no final,
eu pudesse descobrir. Levantei de minha cadeira, pegando uma caneta piloto para
utilizar no quadro em minha sala. Eu começaria agora com organograma da
investigação, listaria os envolvidos e seus devidos acontecimentos.

- Vamos ver agora.

Comecei pelos suspeitos mais fracos, de pouca relevância, porém ainda sim
suspeitos. Anotei seus devidos nomes na base inferior do quadro, puxando uma linha
para os suspeitos intermediários, aqueles que possuíam uma ligação relativamente
mais próxima. E subindo agora para os principais suspeitos, aqueles que poderiam ter
uma ligação direta com o roubo. Colei suas devidas fotos no topo do organograma,
acima de seus respectivos nomes. Colocando agora, todos os pequenos papeis do
bloco de nota, grudados em cada individuo suspeito ali presente. Os pequenos papeis
amarelos destacavam-se com a cor do quadro, chamando atenção para seus devidos
motivos. Meus olhos se mantiveram presos as três pessoas no topo do quadro, em
suas fotos que me traziam ao pensamento, a imagem durante o processo do roubo.
Mas é claro, tudo ali ainda era apenas hipótese, talvez quem estivesse abaixo, seria o
grande responsável pelo sumiço do dinheiro, e os mais próximos a isso, poderiam ser
apenas peões nesse jogo de tabuleiro. Um deles era o proprietário da conta milionária
da Suiça, e eu descobriria quem. Tomei mais uma dose de café, sentindo meu
estomago roncar de fome, já havia passado das três da tarde e eu ainda esta ali,
enfurnada naquele departamento, na tentativa de organizar minhas idéias. Capturei o
celular sobre a mesa para tirar uma foto de todo o organograma feito no quadro,
após isso retirei todas as informações ali contidas. Eu não me daria ao luxo de deixar
tudo exposto dentro da delegacia, já que um de meus suspeitos estava ali. Montaria
novamente, mas em casa.

Ao chegar em casa, livrei-me dos papeis e da roupa, seguindo em direção ao banho.


Logo após alguns bons minutos na ducha morna, me vesti e me propus a preparar
algo para comer. Enquanto os ingredientes estavam ao fogo, lembrei de meu celular
que ainda estava desligado. A essa altura, já deveria ter uma boa quantidade de
ligações e mensagens. Liguei o aparelho, que em poucos minutos foi bombardeado
com notificações.

- Céus...

Mensagens de Vero, de Ally, Taylor e por fim Camila. Respondi as mais rápidas,
quando recebi a ligação de Taylor, interrompendo o que estava fazendo.

- Finalmente! – exclamou ela assim que atendi.

- Desculpe, Tay. Estava ocupada na delegacia. – falei um tanto melancólica por ouvir
a voz de minha irmã do outro lado da linha. – Como você está?

- Eu estou bem, Laur. E você?

- Eu estou bem, porém muito atarefada.

- Eu imagino que sim, quase não liga mais.

Apoiei o celular entre o ouvido e meu ombro direito, enquanto pegava a colher para
mexer os ingredientes na panela fervente.

- Me desculpe, eu juro que vou tentar ligar mais vezes. Como estão as coisas por aí?
Papa como está?

- Está tudo muito tranqüilo, eu estou cheia de trabalhos para fazer, mas estou dando
conta de todos. E papa está envolvido com aquela oficina de carros, acho que agora
ele consegue montar tudo.

- Está conseguindo levar as coisas? E ele conseguiu mesmo?

O aroma que emanava das panelas fazia meu estomago roncar. O cheiro ao menos
estava delicioso, só me restava saber o sabor.

- Sim, estou fazendo tudo certo. Apenas esperando a carta de aprovação. Faculdade
de psicologia realmente é o que eu mais quero. E bom, ele conseguiu, fez uma
espécie de sociedade com o Sr. Adams. E agora estão procurando o lugar, mas creio
ser em outra cidade.

Aquela noticia realmente havia melhorado ainda mais o meu dia. Depois de ter
deixado a carreira policial, Mike sempre quis trabalhar com carros ou motos, mas
nosso capital ainda não era tão grande para montar um sozinho. Enquanto não
poderia trabalhar com o que queria, seguiu tomando conta de um comercio no centro
da cidade.

- Isso é maravilhoso, Tay. Mas espera, outra cidade?

Virei o pequeno botão, para que a chama do fogão fosse apagada. E logo retirei a
panela de cima para colocar sobre o balcão.

- Sim! O Sr. Adams tem um bom lugar em Miami, e foi o que ele ofereceu para a
sociedade. Pelo que vejo, vamos nos mudar para Miami, Lauren.

- Nossa, nunca esperei ver o papa saindo de Mount Vernon. Mas fico realmente feliz
com isso. Ainda mais por saber que você mandou cartas para faculdade de lá, certo?

- Sim, é um dos fatores que ele esta considerando para ir para lá. Na verdade, já esta
tudo bem certo.

- Fico feliz com isso, de verdade.

- E você aí?

Suspirei pesado, enquanto depositava o celular sobre a mesa. Apertei no touch para
que o som ficasse mais alto, e eu pudesse conversar com a menor enquanto jantava.

- Eu estou em uma investigação realmente grande. E muito complicada, sinto que vou
enlouquecer a qualquer momento.

- Tem certeza que quer isso? Aqui era tão mais cômodo.

- Tenho, apesar de ser muito mais difícil. É gratificante. Você sabe que eu amo
desafios, e esse com certeza é o maior deles.
- Gosta do desafio e do perigo. – a menor murmurou do outro lado da linha.

- Exatamente.

- E Vero?

- Ela está dormindo agora, ficou a madrugada inteira acordada. Creio que não vai
acordar tão cedo. – soltei em meio a uma risadinha baixa.

- Estou sentindo sua falta, Laur.

- Sinto a sua também, e do papa. Prometo que em breve vou visitá-los, em algum
feriado.

- Promete?

- Eu prometo.

Ficamos conversando por mais alguns minutos, sobre coisas aleatórias, sobre planos
e tudo que poderíamos colocar em dia. Eu sentia falta de minha família, do carinho ao
me receber no final do dia, do sorriso de Mike e Taylor ao me ver voltar para casa.
Mas as coisas nem sempre poderiam permanecer iguais, quando se queria evoluir e
tocar a vida para um lado oposto do comodismo na qual me encontrava, tudo
precisava ser diferente. As mudanças sempre tem um valor alto a pagar.

- Não esqueça de me ligar.

- Não vou esquecer. Quando se mudar para Miami, me avise.

- Pode deixar. Se cuida, Laur. Eu amo você.

- Eu também amo você, diga ao papa que o amo.

- Eu digo! Até logo.

- Até.

Dei fim à ligação com Taylor, largando o celular de lado. Caminhei até a
mesa de centro na sala de estar. Capturando a pasta com todos os documentos, fotos
e arquivos da investigação. Resolvi que montaria novamente o organograma, agora
no quadro em casa. Aqui eu não temia que alguém pudesse ver, já que somente Vero
e eu entravamos no apartamento. Demorei alguns minutos, recriando tudo que havia
feito na delegacia, mas por fim, tudo ficou exatamente parecido com o primeiro.
Faltando apenas a ultima foto e alguns papeis.

- Só falta você... – murmurei ao pendurar a foto no canto direito da parte superior do


quadro. – Agora sim.

Fitei o organograma por completo, agora analisando a ligação entre cada pessoa ali
presente. Todos por menor que seja tinham uma ligação direta com quem foi
roubado. Suspirei pesado, agora pegando os pequenos papeis amarelados com os
motivos, e suspeitas, para colar ao lado de cada um. Quando ouvi a campainha tocar
estridente.

- Porra. – resmunguei ao guardar os papeis dentro da pasta novamente. – Quem é?

A campainha tocou novamente, e eu me apressei a atender. Ao abrir a porta tive a


imagem da latina parada com um sorriso de canto nos lábios.

- Olá, Jauregui.

- O que está fazendo aqui, Karla?

- Nossa, que falta de educação. Não vai me convidar para entrar?

Eu engoli em seco, e soltei um sorriso. Recuei alguns passos, dando espaço para que
a morena entrasse em meu apartamento. Camila estava usando uma calça jeans
escura, e uma delicada blusa de seda branca. Em seus pés havia saltos com tiras
delicadas, na cor preto. Seus cabelos estavam presos em coque desleixado, deixando
algumas finas mechas caídas.

- Como descobriu meu endereço?

- Sua ficha. Ao te contratar como segurança particular, preciso saber de algumas


coisas sobre você. – disse ela ao caminhar dentro de meu apartamento.

- Muito esperta. – murmurei ao fechar a porta.

- Sempre sou. – ela parou, pousando seus olhos sobre mim.

- A que devo a honra de sua presença Sra. Collins? Sentiu saudades?


Ela reprimiu um sorriso, e negou com a cabeça.

- Não, vim apenas conversar com você.

Franzi o cenho de forma confusa, sem acreditar em suas palavras. O que Camila
poderia querer de mim sem ser sexo?

- Está brincando comigo?

Ela revirou os olhos impaciente, e eu nada falei. Caminhei em direção ao sofá da sala,
e indiquei o lugar para ela se sentar. Karla parecia analisar cada milímetro de meu
apartamento, com muita cautela.

- Não, eu estou falando sério. E creio que o assunto seja de seu interesse.

Me aproximei mais dela, agora sentando ao seu lado. Diferente da morena, eu estava
completamente desleixada, com um short curto de algodão cinza, e uma simples
camiseta preta. Meus cabelos estavam presos em um rabo bem feito, e meus pés
descalços.

- Está me deixando curiosa, Camila.

- Imaginei que ficaria.

- Então conte.

Ela relaxou seu corpo sobre o sofá, soltando um suspiro entre seus lábios
entreabertos.

- Brandon esteve em minha casa hoje. E falamos com Christopher por telefone. -
iniciou olhando em meus olhos.

Eu fiquei calada, para que a mesma pudesse contar até o final.

- Ele perguntou como anda o caso, e Brandon disse que até o momento está
estagnado. Eu não me pronunciei com o acontecimento que me informou hoje mais
cedo. Já que isso tem que partir de você.
- Sim, e agradeço por isso.

- Mas não sei se isso foi bom. Christopher está irritado, e disse que se não conseguir
algo realmente concreto em uma semana vai pedir que te tirem do processo de
investigação.

- Ele não pode. – retruquei.

- Lauren, Brandon pode. E ele faz tudo que Christopher pede.

Bufei irritada, pois Camila tinha razão. Brandon era nitidamente um fantoche nas
mãos de Collins, e eu não poderia fazer absolutamente nada contra isso.

- Seu marido é um filho da puta. – soltei de forma impulsiva. – Droga, desculpa.

Camila sorriu de canto, e negou com a cabeça.

- Tudo bem.

- Chegaram a falar mais alguma coisa?

- Christopher tem muitos conhecidos, disse que conhece um ótimo investigador, e


que se encaixaria perfeitamente bem no caso.

- Ele não pode colocar alguém dele. O investigador precisa ser totalmente imparcial.

- Brandon. – foi à única palavra de Camila.

Revirei os olhos impaciente. O circulo estava se fechando, e eu precisava adiantar


aquela investigação.

- Uma semana?

- Sim, são os dias que ele vai ficar fora. Daqui a uns sete dias Christopher volta para
Nova Iorque.

- Qual motivo da viagem dele?

- Negócios, estão procurando uma nova área para extração de petróleo. E ele precisa
estar presente.

Eu assenti lentamente, pensando em todas aquelas informações. Ficamos em um


repleto silencio, enquanto minha mente parecia correr em uma velocidade absurda.
Camila apenas me analisava, fazendo por breves segundos uma duvida pairar sobre
minha cabeça.

- Camila...

- Sim? – perguntou ao fitar-me.

- Por que está me ajudando?

Ela ficou calada por alguns segundos, enquanto nossos olhares se mantiveram fixos
um no outro.

- Eu não sei, Lauren.

Camila era um enigma, uma caixinha secreta com códigos quase humanamente
indecifráveis. Seus olhos castanhos tão intensos estavam fixos em minha direção,
com a imensidão de segredos que eu sabia que existiam.

- Tem certeza?

- Tenho. Eu só confio em você para resolver esse caso, e sei o quanto ele é
importante para sua carreira.

- Você me confunde.

- Por quê? – perguntou com o cenho franzido.

- Nada. – respondi rapidamente, um tanto nervosa.

Os olhos dela me analisaram rapidamente, como se captassem cada mudança em


meu estado emocional.

- Está sozinha?

- Não, Vero está dormindo no quarto. – disse ao apontar em direção ao corredor.

- Ela sabe que você e eu...

- Sabe.

Camila soltou uma risada e se inclinou um pouco para frente, aproximando seus
lábios delicados dos meus.

- Contou para sua amiga que transou comigo?

- Ela iria saber em algum momento. – soltei nervosa pela proximidade. – Vero sabe
absolutamente tudo sobre mim.

- E ela vai guardar nosso segredo, Lauren?

- Vai, ela sempre guarda meus segredos.

- Agora, nossos. – sussurrou.

Camila fechou os olhos, e roçou a ponta de seu nariz pela maça de meu rosto,
deixando-me sentir sua pele macia contra a minha. Eu fechei os olhos, me permitindo
sentir aquele contato. O apartamento estava em repleto silencio, dando-me a
oportunidade de ouvir apenas nossas respirações se alterando gradativamente. Eu
senti os lábios macios da morena se arrastarem pela linha de meu maxilar, indo em
direção ao meu queixo. Os dentes de Camila apertaram devagar aquela região, em
uma mordida sutil. Por impulso levei minha mão até sua nuca, deixando que meus
dedos adentrassem um pouco entre os fios de seus cabelos. Nós abrimos os olhos no
mesmo instante, e aquela corrente elétrica parecia ter se intensificado mais. Não
falamos absolutamente nada, ficamos em um silencio constante, apenas nos
encarando.

- Nosso. – sussurrei.

Seus lábios se expandiram em um sorriso, mostrando aqueles dentes brancos. Ela se


inclinou mais, agora empurrando meus ombros para que eu encostasse as costas no
sofá. A latina suspendeu seu corpo, e sentou em meu colo, com uma pena de cada
lado de meu corpo.

- Acha que ela vai acordar agora?

Arqueei minha cabeça para trás, quando Camila levou a mão até a lateral de meu
rosto. Seu polegar deslizou suavemente sobre meu lábio inferior, enquanto seus olhos
se mantiveram fixos nos meus. Minhas mãos repousaram sobre suas coxas,
movimentando-se lentamente, de cima abaixo.
- Acho que não, ela passou a madrugada inteira acordada.

- Então creio que ela não vai se importar se eu te fizer companhia, certo? –
perguntou ela ao depositar um pequeno beijo molhado em meu pescoço.

Suspirei pesado ao sentir seus lábios deslizarem por minha pele.

- Aposto que não, ela não vai se incomodar nem um pouco. – murmurei ao engolir
em seco.

Camila continuou com aqueles carinhos lentos. Seus lábios carnudos moviam-se
devagar, por toda extensão de meu pescoço; desde o inicio até perto de minha
orelha. Eu podia sentir as lufadas de ar contra meu ouvido, fazendo meu corpo inteiro
estremecer. Ela não parecia ter pressa, era como se quisesse aproveitar cada
segundo. Delicadamente ela abaixou a fina alça de minha blusa, e beijou meu ombro
direito, seguindo em direção de minha clavícula, fazendo-me suspirar. Eu já sentia
meu sexo úmido com aquele simples contato. Ela de forma habilidosa, lambeu do
começo de meu pescoço até meu queixo, como uma felina. Naquele instante minhas
mãos subiram até sua cintura, apertando com um pouco mais de força. Camila
suspirou em surpresa e aproximou seus lábios de minha orelha.

- Se começar a me apertar desse jeito eu não vou conseguir me segurar. – sussurrou,


e em seguida chupou o lóbulo de minha orelha.

Eu envolvi o corpo de Camila com os braços, apertando ela com força contra mim.
Reuni forças e me levantei do sofá com ela em meu colo, entrelaçando suas pernas
ao redor de minha cintura. Eu caminhei alguns passos para frente, até encostar o
corpo da latina contra a parede da sala. Ela colocou os pés no chão, e deixou que eu
beijasse seus lábios com toda vontade que me consumia naquele momento. Minha
mão estava em sua nuca, apertando contra mim. As mãos de Camila adentraram
minha blusa, deixando que suas unhas se arrastassem por minha pele. Eu sentia a
língua macia da morena deslizar sobre a minha, em chupadas lentas e ao mesmo
tempo intensas.

- Queria saber por que não consigo resistir a você, Lauren. – murmurou assim que
desci com os beijos por seu pescoço.

Eu lambi aquela região, para depois morder bem devagar. Ouvi um gemido baixinho
em resposta, e senti suas unhas sendo cravadas em minhas costas.
- Quer ir para o meu quarto? – perguntei para ela, que assim que iria
responder parou nosso contato.

Eu franzi o cenho tentando entender o que havia acontecido. Camila tinha o olhar fixo
para um canto da sala, eu apenas levei o olhar na mesma direção do dela, quando me
dei conta o que havia chamado a atenção de Camila.

Droga.

Ela me encarou séria, e logo tirou minhas mãos de seu corpo. Eu fechei os olhos e
engoli em seco assim que ela se afastou de mim, caminhando em direção ao quadro,
onde estava feito o organograma criminal. Camila parou diante o quadro, observando
tudo que estava ali. Eu não me aproximei, fiquei onde estava apenas a fitando.

- Então quer dizer que sou uma das principais suspeitas do roubo? – perguntou ao
virar em minha direção.

A foto de Camila estava ali, junto das outras duas pessoas na primeira linha
organograma. Eu respirei fundo, e dei alguns passos até parar diante dela.

- Sim, você é uma das principais.

Nos encaramos fixamente, agora com desejo e imponência.

- Me diz isso com essa naturalidade?


Eu soltei um sorriso de canto, erguendo a mão até o rosto da morena.

- Todos, absolutamente todos são suspeitos, Karla. Você é esperta demais, não pode
ficar de fora.

Ela assentiu e se afastou, em direção ao quadro. Camila fitou mais uma vez, e logo
virou em minha direção, encostando seu corpo na cômoda ali.

- E mesmo achando isso, ainda tem a coragem de se envolver comigo? Mesmo


achando que posso ter roubado?

- Não consigo controlar. Posso estar fodendo com a maldita que está quebrando
minha cabeça com essa investigação, ou não.

- Filha da puta. – xingou.

- Faz parte, e você gosta. – retruquei.

- Você não vale nada, Jauregui.

- E muito menos você.

- Isso você não sabe, eu sou apenas uma das suas suspeitas, não?

- Mesmo que não tenha roubado. Você não vale nada. – soltei com um sorriso
sarcástico, recebendo outro dela.

Camila segurou na barra da minha blusa, puxando-me para mais perto. Senti seus
lábios colidirem contra os meus, logo pedindo passagem para sua língua, que
adentrou minha boca com uma habilidade maravilhosa. Nos beijamos com fome,
desejo e uma pitada de raiva. Nossos corpos pareciam ter um encaixe único, quase
perfeito?

- Te dou as informações e você me coloca como suspeita. Se você não fodesse tão
bem, eu te mandaria para bem longe. – murmurou ao virar de costas para mim, e
encarar o quadro novamente.

Eu soltei uma risada, e colei meu corpo no dela por trás. Agora Karla sabia quem
eram meus principais suspeitos, mas não sabia os motivos, já que não me deu tempo
de continuar e terminar o organograma. Ela parecia tentar entender tudo aquilo.

- O que isso? – perguntou, enquanto eu beijava sua nuca.


Olhei para onde a morena estava indicando, vendo a numeração da conta.

- Uma conta, na suíça.

- O dinheiro está nela?

- Pelo que parece sim.

- E de quem é?

- É exatamente isso que tenho que descobrir. Mas para isso vou acionar o
departamento de lá. Infelizmente.

- Infelizmente? – perguntou confusa.

- Não queria dar esse caso para ninguém. Vai abrir mais espaço para confusão.

Ela assentiu, pensativa.

- E por que não vai até lá?

- Sou sua segurança particular também, não posso te deixar sozinha. Está no
contrato que assinei.

Camila virou de frente para mim, agora me encarando. Ela parecia pensar, quando
por fim falou:

- Vamos juntas para Suíça.

Eu soltei uma risada alta, mas ela continuou seria, demonstrando a seriedade de suas
palavras.

- Espera...está falando sério?

- Sim, Lauren. Eu tenho um projeto artístico com os pontos turísticos na suíça em


mente há alguns meses, e posso aproveitar enquanto você resolve os seus
problemas. Assim consigo limpar a minha ficha com você, já que acha que estou
roubando meu próprio marido. – disse com ironia.

Eu fiquei calada por alguns instantes, apenas analisando tudo aquilo.


- O que vão falar disso? Não podemos. Não posso levar você em uma viagem de
investigação. Você é uma suspeita!

- Eu vou estar indo a Suíça para resolver alguns projetos. E você como minha
segurança particular tem que me acompanhar. Simples.

- Camila...Não podemos.

- Está decidido. Embarcamos amanhã. – informou ao depositar um pequeno beijo em


meus lábios.

Nos vemos na Suíça meninas. ;)

Os erros arrumo depois, até o próximo.


Capítulo 15 - Suíça part. 1

Hallo! Voltamos rapidinho dessa vez viram? Vou tentar junto das meninas
postar mais rápido! Queria agradecer de coração os comentários do capitulo anterior,
entramos até para os trends no twitter, e isso foi incrível! Obrigada mesmo!

"No meio de tantas pessoas que leem Xeque-Mate, uma em especial chamou a
minha atenção, porque ela não é do fandom, mas mesmo assim se interessou pela
Estória que nós, Evelin, Larissa e eu, estamos fazendo.. Queria dedicar esse capitulo
pra D. Aracy e dizer que fico feliz que ela tenha gostado do que foi proposto por nós e
tenha interesse de "ler" a fanfic.. espero que goste desse capitulo e dos outros que
virão - Sindy"

" Queria dedicar o cap para minhas bichinhas do #FicSquad.. Parceiras de FIC e o
mais importante, de máfia @lylasbitch @AllLernJergi - Larissa Rios"

Agora vamos ao que interessa, espero que gostem do capitulo.


Lauren Jauregui's point of view.

Abri os olhos assim que ouvi a voz do comandante soar pelas caixas de som do
jatinho. O mesmo informava que em poucos minutos pousaríamos em solo suíço, e
que deveríamos manter os cintos de segurança afivelados. Olhei para o lado
esquerdo, tendo a imagem de Camila em um sono profundo e sereno. A mesma
estava exausta depois de tantas horas de vôo, e terminou a adormecer. Verifiquei se
seu cinto estava devidamente pronto, quando senti a aeronave descer
gradativamente. Camila preparou tudo de ultima hora, já que a idéia veio totalmente
de surpresa para a mesma; o que não era tão dificultoso, é claro; com quantidade de
dinheiro que ela possuía, bastava algumas ligações e tudo estava em suas mãos. De
primeiro caso pensei em recusar a proposta, já que não era o correto a se fazer.
Entretanto, a sede por mais informações me consumia, fazendo-me deixar de lado
meus princípios de conseguir qualquer informações por meio metaforicamente ilícito.
Em seu processo normal, eu deveria encaminhar uma petição para o departamento
de policia da Suíça, pedindo que entrassem em contato com o banco, a procura de
informações precisas do proprietário da conta; porém, preferi fazer de meu jeito.
Assim que as rodas da aeronave entraram em contato com a pista de pouso,
causando aquele choque inicial, Camila remexeu-se no assento do lado, despertando
de seu sono. Puxei o zíper de meu casaco em buscar de me aquecer mais um pouco,
enquanto a latina parecia se arrumar.

- Chegamos, Sra. Collins. – soltei com um sorriso cínico.

Ela levou uma das mãos até seus cabelos longos, virando para apenas um lado, e
então me fitou séria.

- Cabello, Lauren. Sou a Sra. Cabello aqui.

- Longe do seu marido é uma pessoa diferente?

Ela nada falou, apenas sorriu. Em poucos minutos o jatinho parou no local onde
desceríamos. Camila pegou sua bolsa sobre a poltrona do lado, e se levantou. Ela
estava devidamente agasalhada. Usava uma calça escura, uma blusa de lã de gola
alta na cor preta; por cima um casaco bem grosso na cor branco. Nos pés um sapato
fechado de salto. Seus cabelos escuros e longos estavam soltos e sedosos, do jeito
que eu gostava. A porta do jatinho foi aberta, e logo um dos funcionários do
aeroporto subiram as pequenas escadas. Levantei da poltrona, e assim como Camila,
eu usava jeans escuros, e um bom e quente casaco, só que na cor preto, com ajuda
de um cachecol no pescoço.

- Sejam bem vindas a Zurique, senhoras. – o homem falou educadamente ao


colocarmos os pés para fora da aeronave.

A brisa fria logo entrou em contato com meu rosto, fazendo todos os pelos do meu
corpo se eriçarem. Zurique estava em seu inverno; a enorme cidade da Suíça estava
coberta por uma grossa camada de neve. Deixando seu cenário um tanto monótono e
opaco. O branco da neve cobria toda e qualquer coisa presente ali.

- Obrigada. – disse ela ao homem que assentiu.

- O carro já está a sua espera.

Descemos as escadas, caminhando em direção a Mercedes preta estacionada bem


próxima a aeronave, enquanto os funcionários cuidavam de colocar nossas bagagens
no porta mala. Camila entrou no carro rapidamente, e eu logo a segui. A morena
respirou fundo, enquanto esfregava suas mãos uma na outra em busca de calor. Eu
sorri, e me acomodei ao seu lado, vendo seu cabelo coberto com alguns flocos de
neve.

- Vou congelar, meu Deus. – resmungou ao pedir que ligassem o aquecedor do carro.

- Vem cá, deixe-me ajudar.

Camila se aproximou rapidamente, dando-me a oportunidade de segurar em suas


mãos para esfregar junto as minhas. Em seguida, assoprei uma lufada de ar quente
entre as mãos da latina que buscava por calor. Seus olhos castanhos me fitaram por
alguns segundos, no qual sustentamos por uma razão desconhecida. Naquele curto
espaço de tempo, nos encaramos com uma energia diferente; os olhos da morena
não expressavam imponência e muito menos sarcasmo, pelo contrario, eu poderia
jurar que foram doces e sutis. Ela deslizou a ponta de sua língua sobre o lábio
inferior, umedecendo lentamente, para logo em seguida engolir em seco. Ela piscou
mais vezes do que deveria, e logo tirou suas mãos de perto das minhas,
acomodando-se de seu lado do banco.

- Obrigada. – foi a única coisa que falou.

Desviei meu olhar do dela, focando agora na paisagem que a janela do carro me
oferecia. O motorista já tinha dado partida no automóvel, e agora estávamos saindo
do aeroporto internacional de Zurique. A arquitetura do lugar era bem diferente da
selva de pedra que era Nova Iorque. A cidade tinha um aspecto colonial, seus
edifícios basicamente tinham um limite padrão de altura, como se quisessem deixar
uma paisagem linear. Ela já havia sido uma cidade imperial, por isso, notava-se a
forte ligação com a arte; e apesar de seu aspecto antigo, que lhe acarretava um
charme a mais, seu lado urbano e moderno se fazia presente. Zurique claramente era
uma cidade antiga, porém a e evolução urbana não a deixava obsoleta.

- Eu adoro esse lugar. – Camila murmurou.

- É realmente um lugar lindo.

- Espero que aproveite nossa estadia aqui. – seus olhos pousaram sobre mim
intensamente.

- Tenho muito o que fazer, Karla.

- Realmente, você tem. – disse ela em um tom quase malicioso.

Soltei um sorriso de canto, negando com a cabeça lentamente. Não demorou muito,
logo chegamos ao hotel escolhido por Camila. Franzi o cenho ao notar o enorme
prédio, de características luxuosas e antigas que esbanjava o quão caro ele deveria
ser. A Mercedes preta parou sobre a fachada principal, quando um dos funcionários
devidamente uniformizados abriu a porta.

- Sejam bem vindas ao Baur au lac. – o homem falou com seu sotaque alemão.

- Obrigada.

Entramos no prédio iluminado, com uma temperatura bem mais agradável graças aos
aquecedores. Enquanto os funcionários cuidavam de pegar nossas malas.

- Espera um instante.

Eu apenas assenti para a morena que se afastou. Se por fora o prédio parecia
luxuoso, por dentro era mil vezes mais; em seu interior as paredes se destacavam
pelo granito, os moveis de madeira com estofados de tecido nobre e a boa
iluminação. Os funcionários devidamente organizados permaneciam em seus postos
prontos para atender seus hospedes.

- Temos que reservar os quartos. – falei assim que Camila parou ao meu lado.
- Já reservei, não se preocupe. Vamos?

- Eu não sei se quero ficar aqui.

- Lauren, se for em questão de dinheiro..Você é minha segurança particular, tem que


ficar colada em mim o tempo inteiro. Então vai ter que ficar, por minha conta.

Bufei impaciente, e ela sorriu. Caminhamos juntas em direção ao elevador que ficava
na lateral do saguão do hotel. Ficamos em um dos últimos andares, pelo menos era o
que indicava o painel da caixa metálica. Assim que saímos do elevador, caminhamos
em direção a porta do quarto 212. Camila passou o cartão que servia como chave do
quarto, e então entrou.

- Onde está o meu cartão? – perguntei parada ao lado da porta.

A morena prontamente estendeu um em minha direção. Peguei o mesmo notando a


numeração presente ali, "212".

- Espera, mas esse é o mesmo quarto e....

Ela expandiu os lábios em um sorriso sacana, quase perverso. Caminhou para fora do
quarto, parando a poucos centímetros de mim. Nossos corpos ficaram frente a frente,
dando-me a chance de sentir sua respiração perfeitamente controlada.

- Você acha mesmo que eu iria trazer você para Suíça, e ia te deixar dormir em outro
quarto?

- Karla....

- Vai dormir comigo... – sussurrou, e logo em seguida mordeu levemente meu lábio
inferior. – na mesma cama.

- Fico pensando o que seu marido acharia disso. – falei ao vê-la entrar novamente no
cômodo.

- Ele não vai achar nada, porque não vai saber de nada.

[...]
Eu dirigia pelas ruas cobertas pela camada branca de neve, seguindo o caminho
indicado pelo GPS no painel do carro. Camila havia deixado um veiculo disponível
para que eu usasse, enquanto a mesma usava outro com motorista particular. A
latina agora estava em restaurante luxuoso em uma reunião com alguns conhecidos
do ramo artístico. De forma educada a mulher havia me feito o convite para
acompanhá-la, mas logo informei que havia muitas coisas para resolver. Ela
prontamente entendeu, se seguiu caminho para sua reunião. Olhei para os prédios
das avenidas de Zurique, enquanto algumas pessoas caminhavam apressadamente
com seus agasalhos grossos e quentes pelas calçadas frias; de longe notei o prédio
grandioso da UBS, United Bank of Switzerland, um dos maiores bancos da Suíça,
com grande impacto global. E era justamente o mesmo o detentor do dinheiro
retirado da Collins Enterprise's. Depois de estacionar o veiculo, segui em direção a
entrada do banco, e assim como o prédio que eu estava hospedada, aquele era tão
luxuoso quanto, e até mais. Com características antigas, porém perfeitamente
extravagante.

- Boa tarde, senhora. – uma moça de cabelos ruivos, com leves sardas no rosto falou.

- Boa tarde.

- Em que posso ajudá-la?

- Eu gostaria de algumas informações sobre uma conta.

- Venha comigo, por gentileza.

A jovem moça caminhou em direção ao balcão de granito escuro, e sentou-se em sua


cadeira, indicando a outra a minha frente, onde rapidamente me sentei.

- Você pode me passar seus documentos, vejo sua conta em poucos minutos. – disse
de forma educada.

- Não, acho que tem algum mal entendido. A conta não é minha, mas preciso saber
de dados sobre ela.

A mulher fitou-me por alguns segundos, e com um olhar quase superior informou:

- Desculpe, senhora. Mas não podemos fornecer qualquer tipo de informação para
pessoas que não seja o proprietário da conta.
- Foi o que imaginei. – falei a contra gosto. – Eu preciso falar com o
gerente geral dessa agencia, você pode conseguir isso?

Ela sorriu, provavelmente sarcástica. O UBS era um dos maiores bancos do mundo, e
não eram todas as pessoas que poderiam ser atendidas pelo gerente geral de um
órgão tão importante.

- Olha, creio que não será possível. Você pode falar com um de nossos auxiliares.
Deseja abrir uma conta?

Me acomodei melhor sobre a poltrona, enquanto meus olhos pousaram sobre o seu
pequeno crachá pregado sobre o tecido de sua blusa. "Luiza Lambert" estava escrito
sobre a pequena chapa metálica sobre seu seio direito.

- Acho que não entendeu, eu preciso falar com o gerente geral dessa agencia.

Ela suspirou, enquanto arrumava alguns papeis sobre a mesa, quase de forma
impaciente com minha insistência.

- Não posso a levar até o mesmo com essa solicitação. Apenas proprietários de conta
tem acesso ao mesmo.

Eu abaixei a cabeça, colocando a mão no bolso de meu sobretudo preto.

- Srta. Lambert, eu sou chefe do departamento de grandes casos da Policia Federal


de Nova Iorque. – disse em um tom de voz firme, enquanto mostrava meu distintivo.
- Estou aqui em uma investigação criminal muito importante, e creio que você deva
me levar ao seu responsável se não quiser problemas.

A ruiva calou-se no mesmo instante, engolindo em seco com minhas palavras.

- Vou levá-la até ele, um instante.

- Obrigada. – soltei com um sorriso cínico.

Não demorou muito, e logo, a moça de cabelos ruivos guiou-me até o ultimo andar do
prédio. Um homem fora do peso, com os cabelos devidamente penteados, que usava
um terno cinza e gravata vermelha, fitou-me com um falso sorriso. Eu não esbocei
qualquer emoção, apenas parei diante do mesmo que, estendeu a mão em um
cumprimento.

- Você deve ser da policia de Nova Iorque. Como se chama?

- Lauren Jauregui.

- Seja bem vinda a UBS, Sra. Jauregui. Entre, por favor. – disse ele ao abrir espaço
para que eu entrasse em sua sala. – Eu me chamo, Calton Tomaz.

Depois de uma curta conversa fiada, retirei algumas papeladas de minha bolsa.
Colocando sobre a mesa de vidro, tudo sobre o olhar curioso do homem a minha
frente.

- Eu desejo a ficha de cadastro do dono desta conta bancaria. – disse ao empurrar a


folha de papel na direção do gerente.

O homem cautelosamente pegou o papel, verificando de forma minuciosa a


numeração ali impressa. Ele parecia um tanto desconfortável com a situação.

- Algum problema com essa conta?

- É o que preciso verificar. Você só precisa me dar os dados que preciso para isso.

- Desculpe, agente Jauregui. Mas nosso banco respeita os limites da lei, e o sigilo
bancário é um deles.

- Compreendo perfeitamente bem, mas sou conhecedora da lei, até mais que o
senhor, creio eu. E estou com uma petição policial, ou seja, tenho autorização para
interferir no sigilo bancário desta conta.

Nesse momento, entreguei outra papelada em suas mãos. Calton pigarreou, e passou
a analisar os documentos. Eu estava bem impaciente, mas isso se decorria pela
ansiedade em saber o maldito nome naquela ficha. O tempo parecia se arrastar em
câmera lenta, fazendo meus instintos nervosos ficarem cada vez mais fortes.

- O que aconteceu?

- Um roubo. Tenho a informação que a quantia em dinheiro foi transferida para essa
conta, e preciso ter certeza disso.
- Certo, eu preciso entrar em contato com os sócios.

- Calton, sei que pode resolver isso sozinho. É o gerente geral, não faça eu ter que
abrir uma espécie de processo contra o banco por negar informações para um
investigação criminal. – meu tom de voz foi firme, assim como usado para a moça
minutos atrás.

- Vamos ter problemas com isso?

- Se fizer o que estou pedindo, não.

Ele ficou calado por alguns segundos, parecia pensar em tudo. E logo voltou sua
atenção ao computador em sua mesa. O homem digitou a numeração no teclado,
enquanto seus olhos corriam de um lado para o outro na tela do computador. Ouvi o
barulho suave da impressora ao seu lado, os papeis com a provável ficha de meu
criminoso estava ali, saindo tranquilamente. Com uma calmaria fora do comum, ele
pegou os papeis, e arrumou, para logo em seguida me entregar.

- A ficha será encaminhada em seu email, mas antes de entregá-las a você, preciso
que assine um documento.

- Que documento?

- De solicitação com a petição policial. Esse aqui. – disse ele ao entregar a filha de
papel.

Li todo o documento, e se tratava apenas de uma carta de responsabilidade. Capturei


uma caneta que estava sobre a mesa, rubricando a linha em branco do termo.

- Quando vou recebê-la?

- No Maximo em dois dias, é o tempo estimado para que possamos juntar todas as
informações, já que é uma investigação.

Eu queria uma informação rápida, mas sabia que aquilo não aconteceria tão
facilmente.

- Certo. Mas você precisa saber que a conta não pode mais ser movimentada,
qualquer mudança nela, o banco será responsabilizado.

- Vamos paralisar a conta.


- Muito bem, aguardo em dois dias. Caso contrario, volto para

- Você recebera tudo, pode deixar seus dados aqui?

- Claro.

Depois de deixar todos os meus dados, agora eu só precisava esperar dois dias e
então teria a ficha completa do proprietário da conta na UBS. Me despedi de Calton
educadamente, antes de me retirar daquele lugar. O homem não poderia fazer
qualquer movimentação na conta, e muito menos repassar informações ao
proprietário. Tudo estava expressamente detalhado no termo em que o gerente
também assinou. Eu voltei para o hotel, e até o momento não havia tido sequer um
sinal de Camila, em poucas horas a noite chegaria. Tomei um banho quente, e logo
após fiquei apenas deitada na cama, assistindo um filme qualquer na TV a cabo.
Mesmo tentando prestar atenção no enredo do filme, minha cabeça estava bem longe
daquilo, mas precisamente no possível nome presente naquela ficha. O gerente
poderia muito bem ter dito,mas preferiu fazer de acordo com as normas do banco. Eu
precisaria de dois dias a mais na Suíça, e só quem poderia me possibilitar aquilo,
nesse momento, era Camila. E falando na mesma... Apenas ouvi o barulho da porta
sendo fechada, e os saltos sobre o chão. A suíte que estávamos hospedada era
dividida em quarto, e uma sala de estar. Logo a latina se aproximou da divisória entre
os dois cômodos para que eu a visse.

- Não sabia que ia voltar logo.

- Eu cheguei tem pouco tempo.

- Fui fazer compras! Por isso demorei. - ela falou animada enquanto carregava suas
sacolas.

Soltei um sorriso de canto, vendo a morena cruzar o quarto em direção a


mesa que havia ali, na qual depositou todas as sacolas em que estavam em suas
mãos.

- Como foi seu dia?

- Acho que foi bom..


Ela ergueu uma das sobrancelhas, em uma expressão desacreditada.

- Isso não me parece bom, deu algo errado?

- Só estou cansada, Sra. Collins.

- Eu não acredito que estamos na Suíça, vamos dormir na mesma cama, e você ainda
está me chamando assim. – murmurou ao retirar seu casaco que por muitas partes
estava com flocos de neve. – Eu deveria te deixar sem sexo.

- Você não conseguiria. – retruquei de forma convencida, ao me levantar da cama.

- Realmente, não mesmo. Vou entrar nos meus dias em breve, e tenho que
aproveitar antes disso. – disse ela ao se aproximar de mim, parando bem a minha
frente.

- Me sinto um objeto sexual com você falando assim.

- Quer uma mulherzinha romântica é? – seu tom de voz era irônico, quase sarcástico.
Camila inclinou a cabeça, dando um beijo suave em meu pescoço. – Eu posso ser.

- Camila...

- O quê? Eu vou tomar um banho rapidinho, e volto pra cama com você. – ela se
afastou com aquele sorriso sacana no rosto. – Melhor pedir nosso jantar, eu não
quero sair do quarto.

- Eu queria conversar com você depois.

Ela franziu o cenho e parou antes de entrar no banheiro.

- Algum problema?

- Nada de tão grave. Vá lá, eu vou pedir nosso jantar.

Depois de pedir o jantar, me acomodei na cama por debaixo das cobertas em busca
de calor. Apesar de ter os aquecedores ligados, o frio suíço ainda me maltratava. Eu
estava tentando organizar em meus pensamentos uma maneira de pedir para Camila
que ficássemos mais dois dias. Eu sabia que havia grandes chances da mulher negar,
já que seu marido chegaria em breve a Nova Iorque. Mas eu precisava daqueles dias,
precisava voltar para o EUA com a ficha do criminoso. Ouvi o som estridente de meu
celular sobre a cômoda do quarto, e rapidamente me levantei para buscar. O nome
que reluziu na tela do aparelho era de Vero.

- Se eu não te ligar, você não liga, puta.

Soltei uma risada assim que ouvi o tom irritado de minha melhor amiga.

- Me desculpe, eu estava ocupada.

- Espero que seja resolvendo nosso caso, e não transando.

- Eu estava no banco à tarde inteira, não fale bobagens. – resmunguei ao me afastar


do quarto, indo em direção a sacada.

- E como foi lá? Conseguiu alguma informação?

- Entreguei a petição, os dados vão ser enviado em no Maximo dois dias. – Esfreguei
as mãos em meus braços, enquanto apoiava o celular entre o ombro e minha cabeça.

- Porra, não poderiam ter dado logo?

- Não, como se trata de uma investigação, os dados terão que vir completos. E isso
requer tempo.

- Você não iria voltar amanhã?

- Sim, mas vou ter que arrumar maneira de ficar.

- Vai pedir a sua mulherzinha?

- Vero.... – soltei em tom repreensivo.

- O que? Fez uma viagem com ela, Lauren.

- Foi por causa da investigação!

- Mas enfim, agora que está aí, aproveite. Eu aposto que ela não negaria
ficar.

- Você acha?
- Tenho certeza. E que merda de quadro é esse na nossa sala? Você a tem como uma
das principais suspeitas, e ainda dorme com ela? E se ela te matar?

- Não fala bobagens. – murmurei ao olhar para os lados, verificando se Camila já


havia saído do banho. – Todos são suspeitos, inclusive o próprio Collins.

- Você está ficando louca, sabe disso não é? Pode estar fazendo a própria bandida
gozar esse tempo todo.

- Isso daria uma bela historia.

- Você não vale nada, Jauregui.

- Sabemos, Vero...todos sabemos. – soltei em meio a uma risadinha baixa.

Ouvi um barulho dentro do quarto, provavelmente Camila havia acabado de sair do


banho.

- Acho que ela saiu do banho.

- Espera.... estão no mesmo quarto? – perguntou curiosa.

- Em um hotel caríssimo por sinal.

- Eu não sei como o marido dessa mulher consegue andar com essa galhadas.

Sua risada escandalosa do outro lado da linha, me impulsiva a rir junto.

- Cala a boca, eu preciso desligar.

- Tudo bem, destruidora de lares. Boa gozada.

- Que?

- Boa noite! Foi mal, isso foi a única coisa que me veio a cabeça.

- Boa noite, Iglesias. E nada de levar mulher para dentro de casa.

- Estou de folga dessa vida. Período vermelho.

Me despedi da mulher rapidamente, e voltei para dentro do quarto. Fechei a porta da


sacada, para que não entrasse uma brisa fria muito forte. Camila estava usando
apenas um roupão grosso, de caro branco. Seus cabelos estavam presos em um
coque mal feito, deixando que algumas mechas de seu cabelo ficasse levemente
umedecidos.

- Se importa se eu ficar de roupão pelo quarto? – perguntou, já sabendo de minha


resposta.

- Não, de forma alguma. Não está com frio?

- Um pouco, mas tomei um banho bem quente. E os aquecedores estão ajudando.

Estar sozinha com Camila era sempre uma linha de perigo e sedução. Nós tínhamos
uma espécie de tensão sexual constante, como uma vibração em um patamar só
nosso. Eu me sentei sobre a beira da cama, enquanto a morena se aproximava.

- Estava lembrando daquele seu organograma. Como pode desconfiar de mim, e


dormir no mesmo quarto que eu?

Camila agora estava parada a minha frente. Suas mãos foram de encontro aos meus
ombros, empurrando-me contra o colchão. Deitei meu corpo sobre o mesmo, a latina
subiu sobre meu corpo, sentando sobre meu quadril. Eu senti meu coração errar a
batida só por imaginar que por baixo do roupão ela poderia estar completamente nua.

- Devemos manter os inimigos bem próximos.

Ela sorriu cínica, mordendo seu lábio inferior. Suas mãos foram de encontro ao lençol
da cama, uma de cada lado de minha cabeça. Camila levou a mão até seu cabelo,
soltando os fios sedosos com aroma tão doce. Seus olhos castanhos agora me
fitavam intensamente, alterando entre meus olhos e minha boca. Com a ponta da
língua umedeci meus lábios, me sentindo um pouco ansiosa.

- Muito corajosa. Eu posso ser quem você procura. – sussurrou ao lamber do inicio de
minha clavícula até o lóbulo de minha orelha.

Eu senti aquele calor tomar conta de meu corpo, fazendo totalmente desnecessário a
presença dos aquecedores no quarto. Camila moveu seu quadril bem devagar sobre o
meu, pressionando seu corpo contra mim. Minhas mãos foram de encontro a sua
cintura, pressionando meus dedos contra aquela região.
- Você também é muito corajosa, porque se for quem eu procuro, está se
metendo com o fim da sua vida.

Ela expandiu seus lábios carnudos em um sorriso quase diabólico. Eu adorava quando
ela sorria daquela maneira, me sentia profundamente desafiada, tentada a possuí-la.

- Mas se eu não for, vai ter que me pedir desculpas de joelho no final disso tudo. –
disse ela, gesticulando com o dedo indicador.

- Nem morta.

- Ah, você vai. Me colocou como suspeita e não quer arcar com as conseqüências?
Teria coragem de me prender, Lauren?

Camila perguntou ao deixar seu corpo ereto sobre o meu. Eu franzi o cenho, soltando
uma risada irônica. Enquanto a latina ainda me fitava esperando sua resposta.

- Claro que teria.

- Duvido. – retrucou.

- Por quê?

- Ia mesmo prender uma mulher que te faz tão feliz na cama? – perguntou ao levar
suas pequenas mãos até o fio que amarrava o roupão. – Que te deixa tão louca?

Meus olhos acompanhavam cada movimento que a morena fazia. Ela ainda estava
sentada sobre meu quadril, agora desamarrando o pequeno nó de seu roupão branco,
enquanto seus olhos me engoliam. Camila reprimiu um sorriso, provavelmente da
expressão fascinada com a qual eu a fitava. Seus cabelos ondulados caiam sobre seus
ombros, moldando seu rosto composto de traços latinos. Seus olhos eram brilhosos,
destacando a coloração castanha ali presente. Eu adorava como eles poderiam ser
intensos, e com isso, causando um forte efeito sobre mim.

- Seria ainda mais excitante prender você.

- Seria? Gosta da idéia de me ter presa?

Ela sussurrava roucamente, arrastando as palavras de forma excitante. Meus olhos


foram rapidamente atraídos pela pele macia que gradativamente ficava exposta.
Camila estava agora, apenas de calcinha sobre mim. Meu coração saltitou em meu
peito, e aquele calor se espalhou por todas as extremidades, mas logo se concentrou
em meu sexo. Eu sentia vontade de beijá-la, de tocá-la por inteiro. Karla tinha uma
pele levemente bronzeada, seu corpo magro, porém, perfeitamente dividido.
Mostrando que a morena perdia algumas horas na academia, pois tudo tinha a
proporção perfeita para aquela mulher.

- Confesso que a idéia é muito atraente, sabia? Ter você na minha delegacia, com
aquelas algemas em seus pulsos.

Camila moveu seu quadril mais uma vez, agora arrastando o fino tecido de sua
calcinha sobre minha calça de moletom cinza. Ela tinha o lábio inferior sendo
pressionado por seus dentes brancos, enquanto suas mãos deslizavam por meus
braços, até alcançar as minhas mãos que estavam repousadas sobre o colchão, acima
de minha cabeça.

- Isso me parece uma fantasia sexual, e não as verdades de fato. – ela sussurrou
bem próximo ao meu ouvido.

Eu senti aquele tremor se espalhar por meu corpo, e os pelos existentes se


arrepiarem. Fechei meus olhos quando senti seus lábios macios na pele de meu
pescoço. Seus dedos se entrelaçaram aos meus, no exato instante em que ela cravou
seus dentes naquela região. Eu movi meu corpo abaixo do seu, esfregando-me nela.

- Você é... – as palavras morreram em meus lábios, quando sua língua deslizou
novamente sobre minha pele.

- Sou o que, Lauren?

As mãos de Camila adentraram meu moletom, estavam frias, fazendo-me arrepiar.


Por baixo daquela peça, eu usava apenas uma fina camiseta. Suas unhas se
arrastaram por meu abdômen, subindo em direção aos meus seios. A latina retirou a
peça mais grossa, e por seqüência a mais fina, deixando meu tronco nu. Eu sentia
meu corpo em chamas, ter a morena quase completamente nua sobre mim, era mais
do que eu poderia suportar. A todo custo eu tentava controlar minha respiração, mas
meu corpo parecia perder o controle quando eu estava com ela. Levei uma de minhas
mãos até sua nuca, adentrando com os dedos em meio aos seus cabelos, no qual
segurei com força, obrigando a latina a me fitar.
- Fala.

Seus lábios entreabertos deixavam uma respiração descompassada escapar, ela os


umedeceu lentamente, como uma espécie de provocação. Tirei a atenção de sua
boca, voltando para seus olhos que pareciam ter um vigoroso tesão ardendo.

- Vadia.

- Sou, não é? – Ela se esfregou agora com mais veemência, enquanto suas mãos
apertavam meus seios. – Sou muito, e você adora isso.

Eu puxei com certa força o rosto da morena, para tomar seus lábios com os meus. Eu
jamais poderia explicar o quão bom era a sensação de beijar aquela boca. Os lábios
volumosos, e bem desenhados me tiravam de orbita. Os mesmos se moviam sobre os
meus com a pressão que o momento necessitava; Camila inalou com força, sem
desgrudar sua boca da minha. Seus lábios se entreabriram, dando-me a chance de
explorar sua boca com minha língua. Ela passou a mover seu corpo mais depressa,
esfregando sua boceta sobre a minha sem parar. Eu chupava sua língua de forma
ávida, degustando daquele momento, que fazia meu corpo inteiro vibrar. Minha mão
livre desceu até a cintura da latina, impulsionando seus movimentos rápidos, para
frente e para trás.

- Caralho. – exclamei sentindo aquela fricção em meu sexo. O tecido impossibilitava


um contato maior, o que me deixava ainda mais nervosa.

- Tira isso. – ordenou em meio a uma respiração ofegante, e movimentos apressados.

Assim que Camila se afastou, para abaixar minhas calças, ouvimos o barulho de
batidas na porta. Eu arregalei os olhos, sentindo a indignação tomar conta de mim.

- Não. – soltei rapidamente.

- Lauren...

- Continua.

Camila obedeceu, pois se aproximou novamente para beijar meus lábios. Mas as
batidas na porta continuaram, quando a voz educada falou.

"Serviço de quarto. O jantar."

- Vou atender... – ela disse com um sorriso derrotado.


- Que inferno.

Ela parou, e eu apenas revirei os olhos ao relaxar sobre a cama. Camila levantou-se,
pegando meu moletom que estava ao nosso lado na cama. Vestiu o mesmo
rapidamente, e caminhou em direção a porta, nem sequer se importando com a
ausência da peça da parte de baixo, já que o agasalho cobria um pouco de sua
calcinha. Eu me sentei sobre o colchão, vestindo novamente a camiseta, e a segui.
Camila abriu a porta, dando de cara com um jovem rapaz devidamente uniformizado.
Ele pareceu estático por alguns segundos ao encarar Camila daquela forma; já que a
latina estava apenas com meu moletom e uma pequena calcinha. Seus cabelos
estavam um tanto desgrenhados, e seus lábios avermelhados, evidenciando o que
estava fazendo, ou prestes a fazer.

- Ah, o jantar.....senhora. – gaguejou ele ao apontar para o carrinho.

Mesmo com a raiva e indignação que tomava conta de mim, ver o nervosismo do
garoto por ver uma mulher como Camila era cômico. Ela sabia o que causava, e
adorava aquilo.

- Deseja mais alguma coisa?

- Eu estava desejando, mas você me interrompeu. – Camila apontou para mim.

O menino desviou com certa dificuldade os olhos de Camila, para me fitar.

- Sinto muito. – disse ele visivelmente tenso.

- Aqui está sua gorjeta.

O rapaz assentiu mais vezes do que deveria, e então se retirou como um raio. Camila
fechou a porta em meio a uma risada divertida, sabendo exatamente como havia
deixado o pobre garoto.

- Isso foi perverso. – falei com um sorriso ao me aproximar dela.

- Tadinho, aposto que vai sonhar com nós duas essa noite.

- Vai mesmo, principalmente você nesse estado.

Camila deu um passo à frente, colocando seus braços ao redor de meu pescoço.
Envolvi sua cintura, prendendo seu corpo ao meu. Camila era apenas alguns poucos
centímetros mais baixa, nada exagerado. Ela inclinou sua cabeça para frente, selando
seus lábios com os meus.

- Ele vai ter um sonho delicioso então, e você terá uma boa realidade.

Eu sorri, e beijei sua boca. Karla entreabriu seus lábios lentamente, dando passagem
para que eu adentrasse com minha língua no interior de sua boca, e assim eu fiz. Ela
suspirou assim que minha língua deslizou sobre a sua bem devagar. Degustando
minuciosamente daquele momento, que apesar de lento, causava um calor profundo
entre nós. Apertei mais meus braços ao redor de sua cintura, enquanto Camila descia
com as mãos até minha nuca. Nossas respirações começaram a se alterar, e
decorrência da gana por mais.

- É melhor a gente jantar, antes que esfrie... – murmurou contra sua vontade.

- Tem razão..

Eu estava ofegante, excitada, porém faminta. E Camila parecia estar da mesma


maneira. Levamos o carrinho em direção ao quarto, pois lá havia uma mesa
adequada para que pudéssemos jantar. Depois de arrumar tudo sobre a mesa,
sentamos juntas para degustar do jantar que me parecia delicioso. E realmente
estava, tivemos uma conversa sobre coisas aleatórias enquanto aproveitávamos o
jantar.

- Você disse que queria conversar comigo. Aconteceu algo? – ela perguntou enquanto
limpava o canto de seus lábios.

- Sim, eu preciso ficar mais dois dias aqui. – falei calmamente.

- Alguma coisa deu errado onde você foi hoje?

- Não, mas eu preciso aguardar uma informação, e não posso ir embora antes disso.
São apenas dois dias, e eu queria saber se...

- Se a gente poderia ficar. – interrompeu ela rapidamente.

- Exato.

- Se for tão necessário, nós ficamos. Só vamos chegar junto de Christopher em Nova
Iorque. – ela disse com um sorriso fraco.

- Isso é um problema?
- Não para mim, só não acho que devemos dizer que viajamos para Suíça. Não vão
levar de uma boa forma se está investigando.

- Eu sei, podemos dizer que fomos para outro lugar.

- Pensamos nisso depois. Mas hum.... tenho uma condição. – ela disse agora mais
animada.

Eu franzi o cenho em sua direção, tendo o leve receio pela idéia que se passava
naquela cabeça.

- Diga.

Camila levantou de sua cadeira rapidamente, e caminhou até a minha. A latina ainda
estava usando o meu moletom que, havia caído perfeitamente bem para ela, logo, a
mesma se sentou em meu colo, envolvendo seus braços em meu pescoço.

- Já que precisa ficar mais dois dias, a espera de algo. Eu pensei da gente ir para
outro lugar. Uma outra cidade.

Eu não falei nada, apenas deixei que ela continuasse a falar sua idéia.

- Não precisa ficar necessariamente em Zurique, ou precisa?

- Não, eu só preciso ficar por perto, caso eu não receba o que desejo.

- Então poderíamos ir para outra cidade que conheço, é bem menor que essa, e bem
mais calma. Mas eu juro que é maravilhosa!

Eu soltei um sorriso pela maneira como ela tentava me convencer. Naquele momento
não parecia Karla, que ordenava suas vontades para mim, mas somente Camila, com
uma idéia diferente em busca de me convencer.

- Por que não quer ficar aqui? – perguntei ao fita-la.

- Preciso de algo diferente nos últimos tempos. Então, aceita ir comigo?

Levei uma de minhas mãos até seu rosto, colocando uma pequena mecha de seu
cabelo atrás de sua orelha.

- Eu aceito, Camila.
Como será que vai ser esses dois dias do nosso "casal"?

Em breve vamos descobrir quem é o proprietário da conta, preparados?

Até o próximo capitulo!


Capítulo 16 - Suíça part. 2

OLÁ LINDAS DA MINHA VIDA.

Chegamos muito mais cedo dessa vez, estão gostando das atualizações frequentes?
Se acostumem não viu? Estou sem vida social desse jeito. Mas enfim, queria
agradecer a galera que está comentando, e divulgando por aí, isso é realmente
maravilhoso. Sobre esse capitulo, devo dizer que amei escreve-lo, de verdade é com
certeza um dos meus favoritos. Eu espero que gostem muito, assim como as meninas
e eu.

Queria dedicar esse capitulo para Maria Luisa (@mussalemluisa ), ouvi dizer que ama
muito Xeque-Mate, e que está sempre a falar sobre a fanfic kkk Então eu espero que
goste desse capitulo. - Evelin.

" Vivi pra ver Femo surtar por FIC, ainda mais por essa aqui. Então esse cap vai
dedicado pra ela, que já me fez gargalhar horrores hoje. Enfim, bebe, obrigada por
aparecer e me levantar, por me fazer esquecer de todos os problemas, quando o que
eu mais quero é sentar e me desesperar. Obrigada por me segurar quando eu estou
prestes à cair, obrigada por não deixar eu me perder de novo. Às vezes quero te
matar, mas não imagino mais uma vida sem sua amizade, sem sua irmandade.
Obrigada por me fazer acreditar de novo e quebrar todas as minhas barreiras. Te
amo, bichinha - Larissa."

"Esse é um espaço pra gente conversar nem que seja um pouco, entao, vou começar
dizendo que estou agradecida do retorno que estamos tendo com Xeque-Mate, é
muito bom escrever e saber q vcs gostam, que vocês criticam pra fanfic crescer, e
pegamos todas as criticas e tentamos melhorar a cada capitulo.. Aos leitores antigos
obrigada por estarem aqui.. E aos novos, bem vindos..

Ps: bem vinda, Femo kkkkkkkk espero que voce seja tombada demais, all the love -
xx - Sindy"

Para esse capitulo eu preciso que escutem as seguintes musicas quando for
solicitado:

1° One Dance - Drake.

2° Ride - SoMo.

Agora vamos ao que interessa, espero que aproveitem cada segundo. ;)

Lauren Jauregui's point of view.

Zurique era uma cidade muito bela, confesso que o inverno havia a deixado ainda
mais charmosa. Ver seus prédios cobertos pela camada de neve dava um ar sutil ao
lugar. Fiquei por alguns minutos na sacada do hotel, apenas observando o trafego
suave de carros, e a movimentação de pessoas ao redor, enquanto Camila terminava
de se arrumar. Estávamos nos preparando para seguir a caminho de Saint Moritz,
uma pequena cidade na Suíça, que de acordo com a latina, ficava a duas horas e
meia de onde estávamos. Nós não poderíamos nos afastar tanto do centro da Suíça,
já que eu ainda tinha assuntos a tratar com UBS. A ansiedade por finalmente
descobrir o nome do proprietário da conta milionária estava me consumindo; meu
cérebro parecia trabalhar o tempo todo em cima de todas as probabilidades
existentes naquela resposta. Os únicos minutos que meus pensamentos não estavam
afundados na investigação eram quando os mesmos se perdiam pela mulher que me
acompanhava. Camila e eu não transamos sequer uma vez desde que colocamos os
pés na Suíça, mesmo tendo grandes oportunidades para isso, não o fizemos. Não por
falta de vontade, mas, bom eu não sabia o motivo.

Esfreguei as mãos por meus braços, causando atrito em busca de calor. Caminhei de
volta para dentro da suíte, vendo Camila em frente ao espelho. A morena estava
usando uma blusa branca de mangas longas, com uma calça preta de cintura alta que
tinham suspensórios como acessório; em seus pés um sapato preto fechado. Seus
cabelos estavam soltos e ondulados, caindo perfeitamente bem sobre suas costas. Em
sua cabeça havia uma delicada boina vermelha, dando um charme a mais a latina.

- Está pronta? – perguntou ao virar em minha direção.

- Apenas esperando você.

Camila esticou seu braço para pegar o sobretudo preto sobre a cômoda a sua frente.
Ela o vestiu rapidamente para se proteger do frio, em seguida pegou o cachecol preto
que estava ao lado da peça há poucos segundos, e logo caminhou em minha direção.
De forma delicada, a morena repousou o acessório ao redor de meu pescoço, dando
apenas uma volta com o tecido delicado.

- Estou pronta. – disse ela ao me fitar.

- Então vamos, senhorita.

Fechamos nossa estadia no hotel rapidamente, enquanto um dos funcionários


colocava nossas malas no carro. Camila parecia empolgada com a idéia de ir para
outra cidade, pois seus sorrisos eram largos e gentis. O clima entre nós não era
provocador, e muito menos sexual, pelo contrario, desde que chegamos a Suíça tudo
estava calmo.

- Onde está o motorista? – perguntei assim que nos aproximamos do veiculo.

- Dessa vez não vamos ter motorista. Vamos apenas você e eu. – ela falou
sorridente. – Quer dirigir?

Ela nem sequer me deu tempo de responder, apenas jogou a pequena chave da range
rover evoque cinza em minha direção. O caminho foi longo e cansativo, já que eu
teria que ter a atenção redobrada por conta da manhã nublada. Entretanto, Camila
cuidava sempre em manter uma conversa casual comigo para me fazer permanecer
esperta na direção do veiculo. Estávamos chegando a Saint Moritz, a cidade era bem
menor que Zurique, chegava a ter a aparência de um vilarejo colonial, simples, porém
com uma beleza diferenciada. As pequenas casas, com alguns poucos elevados
prédios se destacavam em meio aos Alpes suíços ao fundo, deixando uma paisagem
realmente maravilhosa. Camila estava visivelmente distraída diante a imagem
privilegiada que tínhamos de Saint Moritz, seus olhos não perdiam o foco da janela
por um só segundo. Hoje, diferente dos outros dias, a morena me parecia diferente.
Poderia ser loucura, mas Camila naqueles instantes havia perdido seu ar superior, e o
visível ego inflado. Tirei os olhos da estrada reta, e repousei sobre a morena por uma
fração de segundos, e como se eu não pudesse conter, uma única palavra deixou
meus lábios.

- Linda.

Eu arregalei os olhos no mesmo instante, voltando minha atenção ao caminho à


frente. Praguejei-me centenas de vezes por ter pensado alto demais, e pedi
internamente que Camila não tivesse escutado aquilo. Mas como nem tudo era como
queríamos, ela virou em minha direção e sorriu.

- A paisagem é realmente linda.

Eu apenas assenti com um sorriso amarelo. Eu não sabia se ela havia feito aquilo
para evitar qualquer clima tenso entre nós, ou se realmente acreditava que eu me
referia à paisagem do lugar, que também não deixava de ter uma beleza radiante. Eu
não ousei tocar no assunto novamente, depois do incidente apenas me calei até
chegarmos ao hotel indicado pela latina. E assim como o hotel de Zurique, esse era
grandioso, chamava-se Carlton Hotel St Moritz. Era um dos maiores prédios da
pequena cidade, ganhando destaque entre as casas ao seu redor.

- Finalmente, eu estou exausta. – Camila resmungou ao se esticar dentro do carro.

- Somos duas, preciso de um banho quente e uma cama.

- Vai ter isso hoje, aproveite para descansar esses dias.

- Por que está sendo tão boazinha? – perguntei ao me virar para ela.

Ela soltou uma risada nasal, e negou com a cabeça.

- Você não deveria reclamar dos meus momentos de doçura, Jauregui. Aproveite, são
raros. E a propósito, você também é linda. – disse ela ao sair do carro.

Eu soltei uma risada baixa ao ver a latina me encarar do lado de fora do carro, ela
carregava no rosto um sorriso divertido e moleque. Neguei com a cabeça, e saí do
veiculo, realizando o mesmo caminho que a morena. O hotel era simplesmente
magnífico, tão grande e luxuoso como o anterior, porém esse tinha um charme a
mais por apresentar um aspecto bem original do lugar, com predominância de moveis
de madeira, tijolos grossos e vidro. Um rústico moderno poderia se assim dizer.
Camila rapidamente fez a reserva de nosso quarto, enquanto um dos funcionários nos
aguardava com as malas. Eu estavam realmente encantada com o pouco que vi de
Saint Moritz, e diferente de Zurique, eu tive uma certa curiosidade em conhecer.

Entramos no quarto de hotel que era um pouco maior do que o anterior.


Ele era tão aconchegante, tinha aparência de um interior de um chalé, com direito a
lareira, paredes de madeira e concreto, alguns tapetes, armários com livros, e um
sofá bem perto da mesinha de centro. Eu caminhei em direção ao outro cômodo
lentamente, vendo a enorme cama, do lado oposto à parede de vidro, que se dava
uma paisagem maravilhosa dos Alpes suíços cobertos pela neve.

- Gosta? – Camila perguntou ao largar a bolsa sobre o sofá marrom.

- É maravilhoso. – soltei de forma sutil.

- Eu adoro esse lugar, um dos meus favoritos.

- Costuma vir aqui sempre?

- Na verdade, tem alguns anos que não venho.

- Por quê?

- Ainda está cedo para saber. – ela disse ao se afastar.

O dia transcorreu bem tranqüilo, eu literalmente usei o restante do tempo para


descansar da viagem longa pela manhã. Camila prontamente fez o mesmo, usando os
benefícios da sauna e do spar que o luxuoso hotel oferecia para seus hospedes. Nós
nem sequer almoçamos juntas, ela optou por ficar no restaurante e eu no quarto, e
mesmo com as escolhas diferentes, nada afetou o clima bom que se instalou entre
nós. No inicio da noite, a latina entrou em nosso quarto com um sorriso largo,
demonstrando sua alegria.

- Feliz?

- Muito, eu estava precisando de um dia tão relaxante como esse! Eles fazem umas
massagens ótimas aqui.

Camila deitou de bruços sobre o colchão, apoiando seus cotovelos sobre o lençol
macio da cama.

- Vejo que realmente te fez bem. Está alegre. – murmurei ao fechar o livro que
estava em minhas mãos.

- Estou mesmo, você deveria ter ido.

Soltei um sorriso para a mulher que me encarava sutilmente. Eu não estava com
cabeça para ir para um spar, por melhor que ele fosse; meus pensamentos pareciam
ser totalmente consumidos pela investigação criminal, a ansiedade ficava maior a
cada minuto em direção ao prazo dado pelo gerente do banco. Mesmo tendo a
oportunidade de descansar fisicamente, meu cérebro ainda estava em um trabalho
continuo diante de todas possibilidades possíveis de nomes para quem roubou. E isso
me acarretava um cansaço psicológico, que parecia impossível de se vencer.

- Não estou com cabeça para isso.

- Você está uma chata, Lauren. – murmurou Camila ao deitar totalmente sobre o
colchão, e não demorou muito, a morena me fitou outra vez. – Perco até o tesão
desse jeito.

- Perde? – perguntei em meio a uma risada.

- Sim, totalmente. – brincou. – Mas falando sério, você está chata, e precisamos
mudar isso.

- Eu não estou chata. – resmunguei.

- Está, só ficou no quarto o dia inteiro. Nós vamos sair.

- O que?

A morena levantou do colchão rapidamente, e me encarou.


- Nós vamos sair, não vim para outra cidade para ficarmos trancadas em um quarto.
Mesmo que ele nos ofereça uma coisa que eu adoro fazer.

Eu não pude conter a risada ao comentário de malicioso de Camila, ela realmente


parecia ter falado sério apesar de seu sorrisinho cínico.

- Está tão bom aqui, eu adorei esse hotel. – resmunguei, vendo-a rolar os olhos de
forma impaciente.

- Eu amo esse hotel, mas quero sair, me distrair um pouco. Você precisa disso até
mais do que eu.

- Camila...

- Vamos, por favor.

Estreitei os olhos em sua direção, vendo que pela primeira vez ela não ordenou,
Camila apenas pediu. Soltei um suspiro em rendição que no mesmo instante a fez
notar que ela havia ganhado. Talvez a latina tivesse razão, eu deveria me distrair de
alguma maneira, e ninguém poderia fazer isso melhor do que ela.

- O que tem em mente?

- Podemos sair para jantar, tem um restaurante maravilhoso no centro da cidade.

- Eu gosto da idéia.

- Perfeito! Eu vou me arrumar.

- Eu vou também.

Por volta de uma hora depois Camila e eu estávamos caminhando pelo centro de
Saint Moritz, havíamos deixado o carro em um estacionamento mais próximo, para
que pudéssemos aproveitar uma pequena caminhada até o restaurante escolhido pela
mulher. A cidade era bem tranqüila, mas era notável a presença de muitos turistas
que aproveitavam a beleza do lugar. A movimentação era relativamente grande,
como se pela noite as pessoas saíssem nas ruas para curtir um pouco da cidade. Não
demorou muito, e logo chegamos ao nosso destino.
- Sejam bem vindas, senhoras. – o maître disse educadamente.

- Obrigada. Uma mesa por gentileza.

- Sim, claro. Me acompanhem.

O homem de terno escuro nos guiou para uma ótima mesa, ficava entre as primeiras
mais próximas a sacada. Camila retirou seu sobretudo vermelho, dando-me a
oportunidade de ver seu vestido preto, de mangas longas e tecido justo. O mesmo
possuía um belo decote, dando ênfase ao colar delicado em seu pescoço, era um fio
de ouro dourado, com um pequeno pingente de alguma pedra preciosa que eu não
conseguia identificar no momento. Eu também usava um sobretudo, porém branco.
Por dentro do mesmo apenas uma blusa de mangas longas e gola alta, era preta, e
na parte de baixo uma calça de tecido cor de vinho.

- Volto em breve para verificar o que vão pedir.

Camila assentiu com um sorriso nos lábios antes do homem se retirar. Meus olhos
vagaram por todo o ambiente de temperatura agradável. O lugar era tão
aconchegante como a cidade que o comportava. As paredes de tijolos se
contrastavam com a madeira refinada; as mesas todas bem arrumadas com suas
taças de cristais e talhares de prata, tudo repousado sobre o tecido branco que a
cobria. O restaurante estava parcialmente cheio, nada exagerado a ponto de ser
incomodo, na verdade o lugar criava um clima de certa intimidade, talvez fosse à luz
amarelada e baixa vinda das luminárias distribuídas pelas paredes, ou a presença de
velas em seus castiçais únicos sobre a mesa. Era tudo muito delicado, caloroso e
bonito.

- Você tem um bom gosto para escolher lugares. – comentei ao deixar meu sobretudo
sobre a cadeira ao lado.

Camila expandiu os lábios, mostrando seu sorriso branco e iluminado. Ela estava tão
linda aquela noite, talvez tudo estivesse colaborando para enaltecer a sua beleza tão
marcante. A morena não abusou da maquiagem, pelo contrario, estava quase até
mesmo natural, se não fosse por seus lábios e seus olhos.

- Eu tenho bom gosto para tudo.

- Devo me sentir elogiada? – perguntei com um sorriso.

Ela estreitou seus olhos que foram comprimidos à medida que seu sorriso cresceu.
- Sim, com certeza deve.

Ergui as sobrancelhas em uma expressão convencida, fazendo-a menear com a


cabeça negativamente. Camila deixou sua atenção presa por alguns minutos no que
iria pedir, logo fiz o mesmo, depois de admirá-la por alguns segundos. O maître
voltou novamente, parando ao lado de nossa mesa, a espera de nosso pedido, que
logo fizemos.

- Você pode trazer um vinho?

- Tem alguma preferência, madame? – perguntou com seu sotaque alemão.

- Vou deixar isso nas suas mãos, me traga o melhor.

Ele sorriu gentilmente e se retirou, não demorando quase nada para voltar com o
vinho pedido pela mulher a minha frente. De forma elegante e sofisticada o maître
nos serviu de um vinho tinto, enquanto esperaríamos o nosso jantar.

- Você me parece tão familiarizada com esse lugar. – disse ao tomar o primeiro gole
do vinho, que por sinal era maravilhoso.

- Eu já estive aqui duas vezes, mas já faz muitos anos. Antes de me casar.

- Se gostou tanto do lugar, porque não veio com seu marido?

- Eu não sei, não senti vontade. – respondeu tranquilamente.

- E sentiu comigo?

- Por mais estranho que seja, sim. Você me dar um ar diferente.

- Como assim?

Camila abaixou o olhar por alguns minutos, fazendo-me perder o contato com o
castanho de seus olhos, que foram cobertos pela mascara de cílios longos. Eu
conseguia prestar atenção em cada mínimo detalhe seu; desde a maneira como
umedecia os lábios, ou como gesticulava sutilmente com as mãos ao falar sobre algo.
A morena me fitou novamente, me proporcionando outra vez nossa troca de olhares.
- Em certos momentos me sinto diferente quando estou com você.

- Se sente assim agora?

Nós ficamos em um repleto silencio por alguns segundos, apenas em um contato


visual. Camila engoliu em seco, soltando um suspiro entre os lábios, que logo recebeu
o encontro da taça de cristal com vinho. Eu poderia ver o liquido molhar seus lábios
carnudos, fazendo-me crescer internamente a vontade de beijá-los.

- Pode se dizer que sim.

- Isso é muito bom. – soltei com um sorriso.

- Bom? Por quê?

- Ah, eu posso dizer que me sinto diferente agora.

O ar entre nós parecia mais pesado, mas não de uma forma ruim, pelo contrario, era
intenso e prazeroso, no sentido mais puro da palavra. Como se algo nos mantivesse
envolvidas em uma intimidade diferente do comum. Nós trocamos de assunto, em
busca de amenizar as coisas. Logo nossos pratos chegaram, e degustamos de um
jantar delicioso, em uma conversa animada e casual. Já havíamos tomado algumas
boas taças de vinho que nos deixaram um tanto mais soltas.

- Eu juro sentia muita vergonha. – Camila falou em meio a uma risada descontraída
ao falar de seu primeiro flerte com uma mulher.

- Minha mente não consegue formular essa cena, você sendo tímida é no mínimo
surreal.

- Por quê? – perguntou ao me encarar, enquanto segurava sua taça.

- Ah, Camila...você é linda, e muito segura de si, e de suas palavras.

Falei sobre seu olhar castanho penetrante, que fazia total questão de se fixar sobre
mim. Ela repousou o cotovelo sobre a mesa, inclinando seu corpo para frente,
enquanto sorria sutilmente.

- Acha que sou linda?

- Eu acho você muito linda.


- Eu sei que você acha. – ela riu, e tomou o ultimo gole de sua taça. – Quero ir para
outro lugar.

- Pra onde?

- Não sei, eu quero me divertir mais. Algo mais empolgante.

Eu franzi o cenho em sua direção, duvidando de suas intenções. A latina soltou uma
risada e negou com a cabeça.

- Ainda não é sexo que eu quero, Lauren. Isso fica para mais tarde.

- E o que você quer?

- Ir a outro lugar.

Pagamos a conta do restaurante, e Camila logo me levou para o lugar desejado pela
mesma. Era uma das poucas casas noturnas existentes em Saint Moritz, e não
chegava nem perto das que havia ido anteriormente, mas era tão boa quanto. Isso se
devia pelo estilo diferente, mas parecia um barzinho, com show ao vivo, e uma área
reservada para as pessoas dançarem. O lugar estava cheio, pessoas de estilos
ecléticos circulavam pelo lugar, enquanto bebiam, conversavam e dançavam
animadamente. A temperatura do lugar era bem mais quente, tornado totalmente
desnecessário a presença de nossos sobretudos, que foram tirados depois de poucos
minutos dentro da casa noturna.

- Vamos procurar um lugar para ficar. – Camila falou próximo ao meu ouvido, por
conta da musica alta.

- Acho difícil conseguir uma mesa. – comentei ao tentar encontrar algo vago.

- Vem. – a ouvi dizer antes de me puxar para o balcão, onde havia dois bancos
vagos.

- Quando alguém sair de alguma das mesas, a gente vai. – Ela disse sorrindo ao
depositar seu sobretudo sobre o balcão ao nosso lado.

Eu prontamente fiz o mesmo enquanto a morena pedia nossas bebidas. Camila


parecia bem mais feliz e solta do que qualquer outra dia que já estive em sua
presença. Seu sorriso era natural, o que a deixava incrivelmente mais linda, se é que
isso poderia ser possível. Eu adorava como suas características latinas eram tão
marcantes e envolventes. Seus cabelos castanhos ondulados, seu olhar intenso, sua
boca carnuda e seu corpo tão sensual.

- Pensei que esse lugar havia fechado, pelo visto eles melhoraram muito desde a
ultima vez.

- É ótimo, eu adorei.

- Que bom que gostou, você parece esta se divertindo agora, já pode me agradecer.

Camila falou de forma convencida ao pegar a pequena garrafa de cerveja sobre o


balcão, a morena levou o recipiente de vidro até os lábios, tomando um gole do
liquido estupidamente gelado.

- Podemos dizer que você é boa em me distrair. – disse ao tomar um gole de minha
cerveja.

- Sou?

Nós estávamos bem próximas, sentamos lado a lado, porém uma de frente para a
outra. Conversávamos sem quebrar nossa troca de olhares, eu me sentia hipnotizada
por aquela mulher. A forma como ela falava, sorria, tudo me era atrativo.

- Muito boa nisso.

- Você é fodidamente boa nisso também, Lauren. E eu te odeio por isso.

- Me odeia?

Me aproximei mais dela, e Camila fez o mesmo com aquele sorriso cínico.

- Muito.

Ela abaixou um pouco a cabeça, fazendo-me sorrir. Eu poderia jurar que deixava
Camila desconsertada em certos momentos, seu olhar desviava do meu sempre que
isso acontecia, e mesmo com a baixa luminosidade do lugar eu poderia a ver corar.

- Você me adora, Karla.

Camila estava agora sentada de lado, com as pernas cruzadas, deixando boa parte de
suas longas e bronzeadas pernas amostra pela fenda de seu vestido preto. Ela tinha a
cabeça um pouco arqueada para trás, enquanto degustava de um gole da cerveja. Eu
poderia ver perfeitamente bem a pele de sua clavícula e pescoço, fazendo-me sentir a
enorme vontade de beijá-la. A latina se virou de frente para mim com um olhar
intenso.

- Adoro mesmo, muito.

Suas palavras me atingiram com força, fazendo-me engolir em seco. Meu corpo
pareceu reagir instantaneamente à investida pesada de Camila sobre mim, pois o
calor pareceu triplicar, obrigando-me erguer um pouco as mangas de minha blusa.
Levei a garrafa de cerveja até os lábios, tomando uma seqüência de goles, que a fez
sorrir sarcástica. Era nítido como o álcool já nos guiava, eu me sentia muito mais leve
do que no inicio da noite, e Camila estava da mesma maneira.

- Você, sinceramente... – falei com um sorriso, que provocou outro nela.

- Eu o que? – os olhos da morena fitavam minha boca sem nem mesmo disfarçar.

- Não vale nada.

- Nunca disse que valia, Lauren.

[Inicie - One Dance - Drake]

A latina piscou com um dos olhos para mim, e sorriu. Ela começou a mover seu corpo
discretamente ao som da musica envolvente que tocava na casa noturna,
acompanhando perfeitamente a sincronia das batidas. Seus olhos me encaravam,
enquanto seu lábio inferior era pressionado por seus dentes brancos. Eu sentia meu
corpo fervilhar com aquelas imagens, a mulher conseguia me envolver apenas com o
movimento de seu corpo, e seu olhar penetrante.

- Vem, vamos dançar.

- Karla...

- Não vou aceitar não como resposta. Se não vier comigo, vou dançar com outra.

Eu franzi o cenho em sua direção, repugnando a idéia de ver a latina com outra.
Neguei com a cabeça rapidamente, tomando o ultimo gole de minha cerveja, antes de
largá-la sobre o balcão e descer do banco. Camila pediu gentilmente que o barman
guardasse nossas coisas, e o rapaz assim o fez. Senti sua mão agarrar a minha,
entrelaçando nossos dedos, para me puxar para o meio do aglomerado de pessoas
que dançavam. Paramos quase no meio, e Camila virou-se de frente para mim e
começou a dançar ao som da musica. Eu sorri para ela, e me juntei aos seus
movimentos. A latina tinha uma facilidade imensa ao acompanhar o ritmo que a
musica lhe oferecia, e eu confesso estar amando apreciar isso. Suas caras e bocas
poderiam ser tão sensuais como a musica e os movimentos de seu corpo, ela
rebolava enquanto por seguidas vezes suas mãos iam de encontro aos seus cabelos
que se moviam com leveza. Ela virou de costas para mim, e eu prontamente me
aproximei mais, colando seu corpo ao meu. Agora Camila movia seu quadril de um
lado para o outro, causando um atrito forte entre nós. Eu fechei os olhos, enquanto
minhas mãos repousaram sobre sua cintura, guiando seus movimentos de um lado
para outro. Karla com delicadeza afastou seus cabelos para o lado, deixando sua nuca
livre para mim. Trocamos um olhar intenso sem parar de dançar, ela parecia se
divertir com a tensão que nos rodeava. Eu inclinei a cabeça um pouco para frente,
roçando a ponta de meu nariz em sua pele macia, inalando seu cheiro delicioso,
quase inebriante.

- Você é boa dançando. – murmurou arqueando um pouco a cabeça para trás,


prolongando nosso contato.

- Sou boa em tantas coisas, Karla.

A morena sorriu, e rebolou, esfregando seu corpo no meu lentamente. Eu não sabia
explicar, mas meu corpo reagia a cada movimento que ela fazia. Eu me sentia em
chamas com aquela situação, com nosso contato, com nossos olhares. Cada célula
existente em mim ansiava por ela, como se aquilo fosse necessário para manter
minha sanidade, ou literalmente perde-la de vez. Era um misto de desejo, mas de
outra coisa que eu não poderia identificar.

- Eu sei, nunca duvidei disso.

- Nunca? – sussurrei em seu ouvido, sentindo o corpo da morena estremecer por


inteiro.

Eu agarrei em sua cintura com mais força, e de forma provocante ela rebolou,
incitando-me a agarrá-la. Em seguida, ela se afastou, virando de frente para mim.
Seus braços repousaram ao redor de meu pescoço, e no mesmo instante agarrei seu
sua cintura, puxando para mais próximo. Ela suspirou em surpresa, e através da
mascara longa de cílios ela me fitou, enquanto seus lábios me davam um de seus
melhores sorrisos.

- Nunca.

Nós nos encaramos por um tempo que não pude contabilizar, apenas ficamos ali,
agora paradas com os olhos fixos uma na outra. Seus olhos castanhos embriagados
tinham um brilho diferente, intenso. Era notável sua respiração descompassada,
deixando sua boca entreaberta; com a ponta da língua, Camila umedeceu o seu lábio
inferior lentamente, obrigando meus olhos analisarem cada segundo. Por instinto
acabei fazendo o mesmo, e ela também observou tudo.

- Quer ir embora daqui? – sussurrei para ela.

- Quero, muito.

Nós recolhemos nossas coisas que estavam guardadas com o barman, e saímos do
alvoroço daquele lugar, ganhando a noite fria e o céu estrelado de Saint Moritz.
Camila ria por ter esbarrado acidentalmente em uma garota na saída, e eu apenas
tentava tirar ela o mais rápido antes que a moça viesse tirar satisfação.

- Ela está vindo atrás de nós? – perguntou em meio a uma risada.

- Não, ela só está olhando. Então caminhe mais rápido. – eu segurei na mão da
morena, e apressei seus passos.

Camila estava bem mais risonha, e isso se dava pela enorme quantidade álcool
presente em seu corpo. Eu segurei em sua mão, e ela entrelaçou nossos dedos,
caminhando ao meu lado. Fizemos o caminho mais longo, pois a morena insistiu que
queria passar pelo pequeno park no centro da cidade. Nós conversávamos
tranquilamente enquanto andávamos pela calçada, bem ao lado da pista de
patinação, onde havia uma relativa quantidade de pessoas se divertindo.

- Eu quero patinar. – murmurou pensativa, parando no meio do caminho.

Eu parei logo em seguida, e a fitei com o cenho franzido tentando enxergar o tom de
brincadeira em sua expressão, mas só aí me dei conta que sua vontade era
totalmente real.

- Camila, você está bêbada. – eu disse com um sorriso.


- Não estou não. – retrucou rapidamente em pura teimosia.

- Sim, você está. Vamos, vem comigo.

Aproximei-me dela, tentando capturar sua mão, mas ela a afastou rapidamente,
cruzando os braços abaixo dos seios.

- Lauren, eu quero patinar.

- Eu não vou patinar agora, eu me sinto um pouco tonta. E você está bem pior do que
eu, por isso anda, vamos para o hotel. – estendi a mão para ela.

Camila rolou os olhos impaciente, bufando em indignação. Eu senti vontade de rir de


sua teimosa, mas me controlei para não a deixar ainda mais irritada; eu sabia que
aquilo era efeito do álcool, e até mesmo de sua personalidade forte.

- Você não vai vir comigo? – indaguei despreocupada.

- Não, eu quero patinar. – ela apontou para a pista.

Eu assenti sutilmente, olhando para as pessoas que patinavam sobre o gelo.

- Você vai ficar aí sozinha, eu vou para o hotel. – fiz a expressão mais
despreocupada possível, apenas para provocá-la.

- Não pode me deixar aqui sozinha! – resmungou.

- Posso, quer ver?

Ela não respondeu, apenas assentiu com um ar superior, parada no mesmo lugar. Eu
soltei um sorriso cínico antes de virar de costas e caminhar para longe da morena.

- Lauren! – ela gritou. – Volta aqui agora!

Eu sentia meus lábios se expandirem em um sorriso largo; Camila estava bêbada, e


sua teimosia só me fazia sentir vontade de rir. Eu coloquei as mãos nos bolsos de
meu sobretudo, e continuei minha caminhada lentamente.
- Eu vou contar de um até três para você parar. – ela continuou a gritar. –
1!

Eu reprimia o riso que teimava em se fazer presente.

- 2!

Eu a sentia mais perto, talvez Camila tivesse dado alguns passos para frente em
minha direção.

- Lauren Michelle Jauregui. Eu vou falar o 3. Não vai parar?

Eu continuei a caminhar apenas para irritá-la, porém era obvio que eu não a deixaria
sozinha naquele lugar. Quando tomei impulso e, girei sobre meus calcanhares para
ficar de frente para a morena...

- 3! – Ela gritou, e eu senti o impacto de uma massa pesada e fria contra meu peito.

Eu fechei os olhos por instinto, quando abri tive a imagem de uma Camila que me
fitava boquiaberta, para logo em seguida explodir em uma risada alta. A maldita
havia acabado de me acertar com uma bola de neve.

- Você não fez isso... – falei de forma assassina, a vendo reprimir o riso.

- Lauren... – disse ela lentamente, como se sentasse me acalmar.

- Você vai me pagar.

Eu me abaixei rapidamente, pegando um pouco da neve pelo chão, enquanto formava


uma pequena bola em minhas mãos. Joguei a primeira, mas ela de forma habilidosa
conseguiu desviar.

- Não, por favor. – exclamava ela em meio a uma risada.

- Não tente fugir! – joguei a próxima, acertando seu braço.

Eu me abaixei para pegar outra bola de neve, e quando me levantei fui atingida em
cheio mais uma vez pela morena. Ela se aproximou rapidamente, com uma
gargalhada contagiante.

- Você é péssima com isso. – disse ao me puxar pela gola do sobretudo.


Franzi a testa em uma careta, fazendo-a me fitar com um sorriso largo. Eu tinha que
concordar, atirar bolas de nele nunca havia sido meu forte desde a infância. A morena
bateu em minha mão, derrubando os resquícios de neve que ainda estavam ali. Eu
olhei para seu rosto, vendo um sorriso feliz e descontraído. Seus braços envolveram
meu pescoço, e por instinto apertei os meus ao redor de sua cintura.

- Só um pouquinho. – brinquei.

- Acho que é muito ruim. – ela murmurou com uma expressão engraçada.

Naquele momento, eu me sentia incrivelmente leve. Como se por instantes os


problemas tivessem evaporado, libertando minha cabeça de qualquer perturbação ou
atrapalho; eu só conseguia pensar em como era bom estar ali naquele lugar com
Camila. Ela me encarou, penetrando seu olhar castanho intenso sobre mim, causando
aquele misto de sensações que me deixavam nervosa. Sustentei seu olhar, vendo ela
agora encarar meus lábios, que soltavam pequenas lufadas de ar que se desenhavam
pelo ambiente em decorrência da baixa temperatura. Levei uma de minhas mãos até
seu rosto, parar gentilmente colocar uma fina mecha de seu cabelo atrás de sua
orelha. Camila fechou os olhos assim que sentiu o contato de minha mão em sua
pele, como se aproveitasse cada segundo daquele momento. Eu sentia minha pele
formigar em vontade de tocá-la mais, de senti-la mais. Seus lábios tão bem
desenhados me chamavam, ansiavam pelos meus com uma intensidade tão grande
que eu poderia sentir o ar me faltar.

- Eu acho que vou te beijar agora. – sussurrei em um fio de voz.

- Me beija, por favor.

Os lábios macios e delicados da latina entraram em contato com os meus, fazendo-


me suspirar em agradecimento. Eu sentia como se todo meu corpo tivesse reagindo
aquele simples contato de nossos lábios que se moviam em uma sincronia única.
Camila me apertou contra si, depositando toda sua vontade naquele beijo, que
parecia apenas ser o primeiro de muitos essa noite.

[...]

Entramos em nosso quarto de hotel sem desgrudar nossos corpos, eu não queria
solta-la por um só minuto. Camila segurava em meu rosto com suas pequenas mãos,
enquanto sua língua quente e macia adentrava em minha boca, deslizando sobre a
minha com uma habilidade incrível. Empurrei a porta atrás de mim com o pé, e
avancei em passos desajeitados com Camila presa a meu corpo.

- Oh, Deus. – ela murmurou perdida ao sentir meus lábios na pele de seu pesco.

Eu retirei o sobretudo de seu corpo, deixando que a peça caísse ao chão, e logo em
seguida tirei o meu que, assim como o de Camila, se perdeu no meio do caminho.
Nós caminhamos de forma desastrada por não querer interromper nosso contato até
chegar ao sofá perto da lareira que queimava ao fundo. Eu deitei a morena sobre o
estofado confortável, e repousei meu corpo sobre o dela, ganhando a extensão da
pele de seu pescoço para beijar. Minha mão subiu por sua coxa em um carinho mais
intenso que a fez suspirar.

- Espera. – pediu quase sem fôlego.

Eu ergui um pouco a cabeça para poder olhar nos olhos de Camila, que me encarava
com um olhar enigmático.

- Algum problema? – perguntei preocupada, tentando decifrar em seus olhos.

- Não, eu só quero te pedir uma coisa antes.

Eu franzi o cenho, e engoli em seco.

- Pode pedir. – murmurei ao fixar meu olhar no dela.

- Podemos fazer diferente dessa vez?

Eu me senti confusa diante de seu pedido, talvez estivesse excitada e nervosa demais
para raciocinar qualquer pedido nesse momento.

- Como assim?

- Lauren...

[Inicie - Ride, SoMo.]

Camila sorriu de canto, dando-me a chance de vê-la corar. Foi quando se um estalo
me fizesse perceber ao que ela se referia. Eu fechei os olhos por breves segundos, e
assenti para a morena antes de me levantar do sofá. Recebi um olhar curioso, quase
receoso da mulher agora levemente embriagada. Eu não faria aquilo só por ela, mas
por mim também; porque de certa forma hoje, mais precisamente aquela noite eu
queria que fosse daquele jeito. Estendi a mão em sua direção, recebendo a sua logo
em seguida. Nós duas caminhamos juntas em direção a cama, parando bem ao lado
dela. Camila não falava absolutamente nada; era como se aquela mulher tentadora e
imponente não existisse, como se suas barreiras de sedução tivessem sido
visivelmente devastadas pelo tsunami de sensações novas proporcionadas aquela
noite. Eu me afastei dela por alguns instantes, apenas para abaixar a intensidade da
luz do quarto, que agora só estava sendo iluminado parcialmente pelas lâmpadas do
abajur sobre o criado mudo. Aproximei-me dela, que estava de costas para mim. Eu
poderia ver sua respiração forte e espaçada pela forma como seus ombros subiam e
desciam gradativamente. Parei a poucos centímetros de seu corpo, e com as mãos
afastei seus cabelos para um lado, deixando sua nuca totalmente exposta para mim.
A latina estremeceu assim que meus lábios entraram em contato com a pele fina
daquela região, onde fiz absoluta questão de beijar delicadamente, enquanto minha
mão subia a barra de seu vestido preto lentamente. Camila ergueu os braços para
que a peça saísse por completo, dando-me a visão de seu corpo coberto apenas por
uma lingerie delicada de cor azulada. O silencio tomava conta do ambiente por
completo, fazendo-nos ouvir apenas o barulho de nossas respirações vacilantes. Meus
lábios roçaram pela nuca da morena, enquanto minhas mãos deslizaram
pacientemente sobre sua cintura, indo em direção ao seu abdômen chapado, para
depois retirar seu sutiã. A mulher arqueou a cabeça para trás assim que sentiu minha
língua em contato com sua pele quente, sendo seguida por uma mordida suave.

- Lauren...
Eu me sentia inebriada com seu corpo, sua pele, e seu cheiro tão doce. Apertei o
corpo magro de Camila contra mim, recebendo sua mão em meus cabelos, enquanto
meus lábios percorriam por seu pescoço. Eu virei à mulher de frente para mim em um
movimento rápido que a fez suspirar em surpresa. Conectamo-nos de uma forma
intensa assim que nossos olhares entraram no mesmo campo de visão. Eu a puxei
para mim, e tomei seus lábios em um beijo carregado de desejo e vontade, vontade
dela. Camila não tardou a retirar minha blusa, e por seqüência minha calça,
deixando-me agora no mesmo estado em que ela estava. Eu a deitei sobre a cama
macia, vendo seu corpo tão belo derramado sobre os lençóis brancos.
- Vem... – pediu em um tom de voz tão arrastado que me fez estremecer.
Eu juntei meu corpo ao dela, sentindo o contato de nossas peles quentes que ardiam
pelo desejo que se espalhava entre nós. Diferente das outras vezes, Camila parecia
sugar mais de mim, como se pudesse absorver minhas energias vitais. Minha língua
dançava em movimentos perfeitos com a dela, como se nosso beijo tivesse o melhor
encaixe existente no mundo. Suas mãos passeavam por minhas costas, de cima a
abaixo, enquanto suas unhas se esfregavam por minha pele a cada movimento que
meu corpo fazia sobre o seu. Eu estava perdida em um turbilhão de sensações que
me guiavam apenas por um caminho, onde o final me reserva uma única pessoa.
Sentei sobre o seu quadril delicadamente enquanto levava suas mãos acima de sua
cabeça, prendendo sobre o colchão macio. Ela expandiu seus lábios em um sorriso,
mantendo nossos olhares conectados; eu sorri para Camila, e uni minhas mãos as
dela, entrelaçando nossos dedos.
- Você é linda. – soltei sem medo do que ela poderia pensar.
- Você também é, Lauren.
Eu inclinei minha cabeça para frente, sentindo seus lábios macios serem pressionados
contra os meus, sua língua ávida buscava pela minha com um desejo desmedido.
Senti seus dentes morderem meu lábio inferior, fazendo-me apertar nossas mãos
uma na outra. Eu deixei sua boca, e deslizei minha língua sobre a linha de seu
maxilar, em direção ao lóbulo de sua orelha, na qual chupei habilidosamente. Camila
reagiu no mesmo instante, soltando um gemido abafado. Soltei suas mãos, e desci
com os beijos por seu pescoço, passando por sua clavícula na qual beijei com todo
carinho. Minha boca trilhava sua pele com cuidado, agora passando entre o vale de
seus seios durinhos. Apesar de todo o frio que fazia lá fora, o quarto parecia ter a
temperatura bem mais levada. Meus olhos se abriram para fitar os olhos castanhos e
flamejantes da morena, que fitava-me perdida. Deslizei a ponta de minha língua
sobre os lábios, e aproximei minha boca sobre o mamilo rígido da morena. Camila
mordeu seus lábios ao sentir a primeira sucção em seu seio direito; eu movimentava
minha língua com a pressão exata sobre sua pele tão sensível. Ela inclinou seu quadril
para cima, forçando contra meu sexo que hora ou outra se esfregava sobre o dela.
- Hmm... – gemeu ao fechar os olhos.
- Olhe para mim, não tire seus olhos de mim. – ordenei, e ela obedeceu
instantaneamente.
Eu deixei seu seio e, desci com a trilha de beijos por seu abdômen lisinho. Eu sentia
vontade de beijá-la por completo, de sentir sua pele macia com meus lábios até
cansar. Camila me deixava em estado de frenesi constante, como se fosse tudo que
me fizesse viver naquele momento. Beijei uma, duas, três vezes seu abdômen,
chegando bem próximo ao seu sexo; tudo sobre seu olhar penetrante e quente.
Retirei sua calcinha de renda fina e cara, exibindo seu corpo por completo. Antes de
voltar a acomodar meu corpo sobre o dela, eu retirei as peças que me faltavam,
agora eu tinha uma de minhas coxas entre as pernas da mulher, fazendo com que
nossos sexos tivessem um contato forte com a pele uma da outra. Eu beijei sua boca,
mordi seu lábio inferior enquanto movimentava meu corpo sobre o dela, obrigando
sua boceta roçar em mim.

- Oh, céus, Lauren. – ela murmurou em meio a um gemido, levando suas


mãos para minhas costas.
- Você me deixa completamente louca por você. – sussurrei contra seus lábios,
movimentando meu quadril.

Eu sentia a boceta molhada de Camila se esfregar em minha perna, cada vez mais
rápido. Estávamos suando, nossos corpos estavam em um atrito intenso, nossas
respirações se misturavam a cada beijo trocado. Eu repousei minha testa sobre a
dela, e apoiei meus braços sobre o colchão, agora movendo meu corpo mais rápido,
roçando com mais força. Ela tentava controlar seus gemidos que rasgavam sua
garganta incontrolavelmente. Meu corpo a cada segundo que se passava pedia por
mais, pedia por ela e pelo ápice. Eu afastei minha testa da dela, encarando seus olhos
perdidos em prazer, sem deixar de movimentar meu corpo. Camila por puro impulso
levou a mão até minha nuca, segurando em meus cabelos, obrigando-me a fita-la
sentir prazer; ela gemia com vontade, apenas multiplicando a sensação que explodia
em mim. Meu corpo inteiro estava ali, para ela, de todas as forças que ela pudesse
ansiar de alguém. Ela arranhou minha nuca levemente, e em seguida me puxou para
um beijo desesperado. Nossos lábios moviam-se com ganância, com fome uma da
outra. Eu ergui meu corpo, e com habilidade segurei em uma das pernas de Camila,
levantando-a para me dar o encaixe perfeito. Agarrei em sua coxa arqueada, e
movimentei meu quadril com mais depressa, agora tendo sua boceta se esfregando
com a minha sem qualquer tipo de impedimento. Eu vi as unhas da morena se
fincarem nos lençóis da cama assim que comecei a me movimentar sobre ela; meus
olhos se perderam em seu corpo agora parcialmente iluminado pelo abajur. Eu
poderia notar as gotas de suor escorrerem por seu pescoço com veias elevadas. Ela
gemia cada vez mais constante, porém não tão alto. Os gemidos de Karla poderiam
ser uma das melhores coisas que já ouvi. Sua mão deixou o lençol da cama, e parou
sobre minha cintura, forçando-me contra ela. Fechei os olhos, e arqueei a cabeça
para trás, sentindo-me cada vez mais próxima do ápice. Meu corpo parecia dar ênfase
a todas as minhas terminações nervosas que explodiam com as sensações
proporcionadas por aquela latina.

- Porra, eu vou gozar. Lauren, eu vou gozar.

Minha mão foi de encontro com a sua, onde entrelacei nossos dedos de forma
carinhosa. Camila me olhou profundamente, enquanto seu peito subia e descia em
uma respiração pesada. Eu sentia-me na beira do que mais queria, ela manteve seu
olhar fixado ao meu, quando foi invadida pelo ápice do prazer. Os dedos de Camila
pressionaram os meus com força, enquanto seu corpo se movia depressa com o meu;
ela estava gozando comigo, e para mim. Meu corpo se convulsionava com o dela,
movendo-se sem pudor. Eu a ouvia gemer, e xingar como uma maneira de expressar
o que estava sentindo. O roçar de nossos sexos se prolongou até o ultimo segundo
daquele orgasmo devastador. Ela só agora fechou os olhos, enquanto sua boca
entreaberta deixava sua respiração ofegante escapar. Eu sentia sua boceta pulsar
contra minha pele, deixando-me notar o quão intenso aquilo havia sido. Com cuidado
eu me acomodei sobre seu corpo suado, repousando minha cabeça sobre seu busto;
eu poderia ouvir seu coração bater freneticamente ali, enquanto seu peito subia e
descia em buscar de normalizar-se.

- Essa com certeza foi a melhor até hoje. – ela riu com sua respiração ofegante,
fazendo-me sorrir. – E eu quero mais de você.

Eu ergui meu corpo, para olhar em seus olhos castanhos. Camila tinha uma
expressão relaxada, satisfeita. Seu rosto estava corado, deixando-a ainda mais viva e
vibrante. Eu ainda sorria para ela, enquanto uma de minhas mãos deslizava sobre a
maçã de seu rosto.

- Você vai ter muito mais.

[...]

Eu me remexi sobre a cama, sentindo os beijos delicados em minhas costas. Um leve


arrepio percorreu minha coluna ao sentir os lábios de Camila vir de encontro ao meu
ouvido, me fazendo sentir sua respiração contra minha pele.

- Não podemos dormir o dia todo. – sua voz rouca me fez sorrir.

- Podemos sim. – resmunguei, forçando meus olhos a permanecerem fechados.

Ela riu, e beijou minha nuca. A cada movimento que Camila fazia, seus cabelos
deslizavam por minhas costas, fazendo-me arrepiar por inteiro. Ela parecia se divertir
com aquilo, pois não tratou de parar ao ver os pelos eriçados de meu corpo.

- Eu quero sair para aproveitar. O dia está lindo, e hoje é o nosso ultimo dia aqui.

Eu suspirei pesado, lembrando que já teríamos que voltar. Tudo que é bom dura
pouco. Eu abri um dos olhos com certa dificuldade, o que fez Camila soltar uma
risada contagiante. Ela não parecia cansada, pelo contrario, estava mais esperta e
animada do que no dia anterior; e olha que nossa noite foi no mínimo agitada demais.

- Eu vou tomar um banho, espero sair do banheiro e ver você muito bem acordada,
Jauregui. – ela beijou minhas costas pela ultima vez, antes de levantar da cama.

Eu abri os olhos para fitar a morena seguir o caminho em direção ao banheiro. Jamais
poderia perder a cena de ver Karla totalmente nua, caminhando com seus cabelos
longos e ondulados pelo quarto de hotel. A morena sabia que atraia meu olhar, pois
parou na soleira da porta, e me encarou com uma expressão maliciosa.

- Pode me acompanhar se quiser. – foram suas palavras antes de entrar no banheiro.

Eu me sentei rapidamente sobre a cama, como se as palavras de Camila tivessem me


despertado de uma forma eficaz. Esfreguei meus olhos com a palma de minhas mãos,
e levantei da cama enrolada no lençol branco. Nossas roupas estavam jogadas pelo
chão do quarto, revelando o que havia acontecido aqui na madrugada. Eu me
aproximei do sobretudo repousado sobre o sofá da sala, pegando meu aparelho
celular. Olhei para as notificações, quando uma delas me chamou atenção, era um e-
mail.

"Calton Tomaz- UBS"

Eu engoli em seco ao ver aqueles nomes, as informações que me trouxeram a Suíça


estavam ali, apenas a um click. Eu me sentei no sofá, e respirei fundo antes de
pressionar sobre o ícone do email. Minha cabeça parecia entrar em choque com
todos os acontecimentos desde o inicio da investigação do roubo da Collins
Enterprise's. Apertei com o polegar vacilante sobre o e-mail, passando rapidamente o
texto desnecessário de Calton, para então fazer o download do documento. A tarja
se preencheu por completo na tela do celular, abrindo o arquivo automaticamente. Eu
conhecia aquelas fichas, e fui direto a pagina que me interessava. Meu coração estava
disparado, em batidas enlouquecidas de ansiedade, quando por fim meus olhos
pararam sobre o nome completo na ficha.

- Lauren, você não vem pro banho comigo?

Meus olhos deixaram o aparelho celular para encarar o rosto da mulher a minha
frente.

Opa, e agora? Qual será o nome escrito no documento? Falem suas teorias,
conversem com a gente. Vamos usar uma tag! #TeoriasXequeMate, para ver tudo
que vocês vão falar a respeito da fic!

Espero que tenham gostado, os erros eu arrumo depois, até o próximo!


Capítulo 17 - Fim de jogo?

Olá, lindinhas! Como estão? Chegamos de surpresa outra vez! Queria


agradecer a galera inteira que comentou muito no capitulo anterior, nossa, me divirto
lendo os comentários de vocês. E queria dizer que, estamos chegando em momentos
importantes da fanfic, as meninas e eu estamos bem animadas com tudo que vai vir
pela frente. Espero que assim como nós, vocês gostem bastante. - Evelin

"Venho através desta para avisar que, a partir de agora, leiam deitadas, de
preferencia no chão, que é pra evitar os futuros tombos.

Att,

Larissa Rios."

Então vamos ao que interessa! Aproveitem muito!

Secret's point of view.

A fumaça deixava a xícara de porcelana, liberando o aroma delicioso do café;


era a única coisa que poderia deixar alguém acordado nessa madrugada. Levei o
recipiente agora até os lábios, deixando que o liquido escuro e quente entrasse em
contato com minha língua, enquanto o notebook tratava de iniciar.

- Não entendo por que não podemos fazer isso outra hora? – perguntou em um tom
irritado.

- Sabe que não tenho o menor tempo de manhã.

Ouvi um suspiro pesado da pessoa a minha frente, em pura irritação pelo horário da
reunião. Trabalhar nisso era bem mais cômodo de madrugada, quando não se tinha o
mundo inteiro funcionando, e pessoas podendo atrapalhar.
- Ótimo. – soltou cortante.

Rolei os olhos de forma impaciente, vendo o computador iniciar por completo. Não
demorou muito, logo tratei de acessar o site da UBS, o banco suíço no qual o dinheiro
retirado da Collin's Enterprise estava guardado. Digitei o numero da conta, senhas de
acesso. E aguardei pacientemente o carregamento da pagina inicial.

- Está tudo certo? – perguntou ao me fitar.

- Me parece tudo normal.

- Então anda, transfira logo a parte do dinheiro. – resmungou ao se aproximar de


mim.

Eu assenti rapidamente, e ao tentar realizar o processo de transferência, uma nova


janela se abriu na tela.

"Acesso negado. Valor retido por termos do banco. Entre em contato com sua
agencia."

- Merda! – exclamei em irritação, batendo com o punho na mesa.

- O que houve?

- O dinheiro está retido, aquela maldita policial deve ter conseguido. – levantei da
cadeira, sentindo meu corpo inteiro ferver de raiva, toda a quantia em dinheiro agora
não poderia ser mexida. – Isso não pode estar mesmo acontecendo.

- Nós sabíamos que uma hora isso poderia acontecer.

- Foi burrice deixar lá, que droga!

- E agora?

- Está tudo perdido.

Lauren Jauregui's point of view.

Camila estava parada a minha frente, coberta com um roupão e um sorriso nos
lábios. Eu engoli em seco, deixando que minha mente tentasse se organizar em meio
ao impacto da informação contida.
- O que houve? Você está aérea. – perguntou ao se aproximar.

- Nada, eu só...

- Lauren...

Senti sua mão macia e delicada tocar meu queixo, puxando meu rosto
levemente para encará-la. Os olhos castanhos de Camila se fixaram sobre mim,
demonstrando certa confusão.

- Nós temos que ir embora.

- Por quê? – seus olhos eram vacilantes.

- Eu preciso voltar para a delegacia, tenho que fechar o meu inquérito, e emitir uma
ordem judicial de prisão. Eu consegui descobrir o nome do proprietário da conta.

Camila arregalou os olhos e sorriu surpresa, levantou-se do sofá ao meu lado com
uma exaltação contagiante.

- Oh, Deus! Isso é maravilhoso!

- Sim! Eu sei!

- E quem é? – perguntou ao sentar novamente ao meu lado.

- Camila... – soltei de forma hesitante. - eu não posso dar qualquer informação


ainda...

- Por Deus, sério isso? Eu vi o seu quadro de investigação, no qual você até me
colocou. Sei dos seus suspeitos, e não pode me dizer quem roubou a empresa do
meu marido?

- Eu não posso, preciso terminar de fechar as lacunas. Isso não vai demorar nada.

Ela assentiu com uma expressão séria e, levantou novamente do sofá, caminhando
para longe de mim.

- Camila... – caminhei alguns passos em sua direção. - Tente entender.


- Só acho que não faria diferença alguma você me dizer! Vai que eu conheço a pessoa
que rouba meu dinheiro?

- Fica calma, ok? Você logo vai saber. – disse ao tocar em seus ombros.

A latina bufou irritada, em pura frustração. Ficamos em silencio por alguns segundos,
até ela suspirar novamente, e virar em minha direção. Seus cabelos tinham alguns
fios úmidos, talvez Camila já tivesse iniciado o banho, e com minha demora, resolveu
voltar.

- Apesar de não querer me falar, eu estou feliz que esteja conseguindo resolver esse
caso.

Deixei que um sorriso escapasse de meus lábios, ao mesmo tempo em que minha
mão foi de encontro ao rosto delicado da mulher.

- Eu estou feliz também, Camila.

- Ótimo! Já que vamos voltar logo, ao menos tome um banho comigo. Vamos
aproveitar os últimos momentos da Suíça.

A mão de Camila foi de encontro a minha, para gentilmente me puxar em direção ao


banheiro de nossa suíte, dando-me a chance de aproveitar os últimos minutos de
calmaria antes da volta à Nova Iorque.

[...]

Deixamos o aeroporto internacional de Nova Iorque, depois de dez horas de vôo, o


dia estava ensolarado na cidade de pedra. Agora tudo estava assumindo novamente
as posições anteriores naquele tabuleiro. Camila, ou melhor dizendo, a Sra. Collins
caminhou graciosamente até o carro que estava a sua espera. E eu prontamente a
segui, fazendo meu trabalho como segurança particular. Carlos, seu motorista, abriu
a porta, e aguardou até que nós duas tivéssemos devidamente acomodadas no
interior do veiculo.

- Vou acompanhar você até sua casa, e pegar meu carro.

- Vai para sua casa ou vai descansar?

- Eu vou para a delegacia, não vou conseguir descansar até resolver isso.
- Você não dormiu a viagem inteira, Lauren. – murmurou de forma preocupada.

A Suíça me trouxe um lado diferente daquela mulher, Camila não havia deixado de
ser imponente, autoritária e sensual; mas agora, de um outro lado havia uma jovem
latina envolvente, natural de sorriso largo que me era tão fascinante como seu lado
mais ousado. Eu a fitei por breves segundos, lançando um sorriso fraco em sua
direção.

- Não se preocupe, eu estou perfeitamente bem.

- Tem certeza?

- Tenho.

Não demorou quase nada, e o carro importado estava adentrando os aposentos da


mansão Collins. Um dos empregados de Camila tratou de retirar suas malas,
enquanto eu seguia com a minha em direção ao meu carro estacionado na garagem.
Ouvi os passos da morena ecoarem pela garagem vazia logo atrás de mim, já que
agora o funcionário havia seguido para o interior da casa com as bagagens. Acomodei
minha mala no banco de trás cuidadosamente, e ao fechar a porta de meu carro, vi
Camila se encostar no mesmo. Ela estava usando uma calça jeans branca, justa, que
definia as curvas de sua bunda e pernas; uma blusa de seda vermelha com alças
finas que permitia que boa parte da pele de seu busto e ombros ficassem amostra;
em seus pés havia um par de scarpin de cor nude. Seus cabelos estavam lisos, dando
um ar mais sério e sexy.

- Acho que nossa festinha acabou. – disse ela com um sorriso cínico.

- Realmente, sua folga de mulher casada acabou hoje.

- Não importo, eu já tinha você antes mesmo da Suíça, isso não vai mudar agora. –
Camila soltou em tom convencido, ao se desencostar de meu carro, e caminhar para
minha frente.

- Me tinha?

- Desde o primeiro momento que pus os olhos em você, agente Jauregui.

Olhei para toda extensão da garagem, verificando se não havia mais ninguém ali. E
no instante seguinte, repousei minhas mãos na cintura de Camila, puxando seu corpo
para junto do meu. A latina soltou um suspiro em surpresa com o movimento rápido,
mas logo um sorriso malicioso se formou em sua boca.

- Pois assim como você acha que estou presa a você, você está a mim, Karla.

Minhas palavras saíram em um tom firme, enquanto meu olhar estava fixado sobre o
dela. Nós nos encaramos por segundos que pareciam infinitos, até ela se afastar.

- Você está sonhando.

Antes que ela pudesse se afastar demais, eu segurei em seu braço, mas precisamente
em seu punho, puxando-a novamente para próximo de mim. Camila soltou uma
risada, enquanto tentava se desvencilhar de minha mão.

- Vem aqui. – exclamei ao prendá-la junto a mim. – Você precisa aceitar, Cabello.
Você está caidinha por mim.

A morena arqueou um pouco a cabeça para trás, soltando uma gargalhada


contagiante.

- Você está ficando completamente louca, Lauren.

- Eu? Você praticamente pediu pra fazer amor comigo em Saint moritz.

Camila tentava a todo custo se desvencilhar de meus braços, que a cada instante só
a apertavam mais contra mim.

- Eu estava bêbada. Você que estava bem melhor do que eu, e fez amor gostosinho
comigo, não é?

Eu revirei os olhos, enquanto ela agora ria de mim.

- Apenas fiz o que você queria. Sou boa nisso.

- Você fez o que você queria.

Eu odiava como ela tinha o poder de virar o jogo, e me colocar como submissa de
suas ações e palavras.

- Era o que você queria também. – retruquei rapidamente.


- Eu te odeio. – sussurrou, enquanto seus olhos fitavam meus lábios.

- Eu também te odeio, Karla.

Ela mordeu os lábios, reprimindo um sorriso sarcástico. E aproximou seu rosto para
lentamente roubar um beijo. Camila deixou que seus lábios delicados roçassem sobre
os meus, até colocar a ponta de sua língua para dar leves lambidas sobre os mesmo.
Eu tentei beijá-la de uma vez, mas a morena recuou com um riso baixo, então ergui
uma de minhas mãos até sua nuca, deixando que meus dedos se entrelaçassem aos
fios de seu cabelo castanho, no qual segurei com certa força para em seguida tomar
sua boca em um beijo repleto de vontade, que terminou com alguns pequenos
selinhos.

- Agora vai embora, resolver o seu caso. – ela disse ao afastar sua boca da
minha.

- Eu vou.

Camila tinha um sorriso nos lábios, enquanto recuava alguns passos. Ela ficou ali até
que eu entrasse em meu carro e ligasse o mesmo.

- Não morra de saudade. – soltei com uma piscadinha.

- Idiota.

Eu acenei brevemente antes de sair daquele lugar. Mesmo com a confusão que
rondava meus pensamentos, eu estava incrivelmente relaxada depois desses dias ao
lado de Camila. Eu poderia dizer que estava com as energias recarregadas para
resolver aquele caso até o final, ainda mais agora que tudo parecia estar próximo do
fim. Eu segui pelas avenidas movimentadas de Nova Iorque em direção a delegacia,
com o nome do proprietário da conta milionária em mãos. Eu simplesmente não
poderia acreditar que finalmente havia conseguido saber quem era, o único trabalho
agora era fechar o inquérito, pegar o suspeito e esperar a sentença. Estacionei meu
carro na garagem da delegacia, e segui em direção ao prédio.

- Veja só! A leveza no olhar de quem transou muito nos últimos dias com a toda
poderosa. – Vero exclamou assim que entrei em minha sala.

Soltei uma risada involuntária, mas logo assumi uma expressão séria, enquanto
caminhava para dentro da sala.

- Sem brincadeiras, Vero. Onde estão as meninas?

- Apenas a verdade. Foi gostoso? Imagino que a casada deve ser uma loucura.

- Iglesias!

- Tudo bem, não fico mais sabendo de nada. Essa amizade não está fluindo.

Rolei os olhos de forma impaciente ao sentar em minha poltrona. Depositei minha


arma sobre a mesa, com o restante de alguns pertences que eu tinha em mãos.

- Você pode chamar Normani e Ally? Eu tenho uma informação importante.

- Posso, chefa. Um instante.

Não demorou muito, logo Vero adentrou a sala ao lado de Normani e Ally. As duas me
cumprimentaram rapidamente antes de se sentar nas cadeiras a frente de minha
mesa.

- Como foi a investigação na Suíça? – Ally perguntou curiosa.

- Não deu trabalho algum. A petição policial com certeza ajudou bastante, apesar
deles terem tentando embargar a situação.

- Esses banqueiros sempre fazem isso. – resmungou.

- Mas então, o que conseguiu, agente Jauregui? – Normani perguntou atenta.

Eu virei minha poltrona de lado, para que eu pudesse pegar as folhas de papel que
saiam da impressora. Eu olhei para foto, e para o nome da pessoa na qual nos deu
tanta dor de cabeça.

- Eu preciso que vocês providenciem uma ordem de prisão para Heitor James
Martinez. – falei empurrar o papel que continha a ficha completa do proprietário da
conta.

A expressão surpresa tomou conta dos três rostos a minha frente. Normani logo
pegou o papel para verificar as informações, Ally e Vero apenas a acompanharam.

- Meu Deus, eu tenho a sensação que vou ter um infarto. – Vero resmungou.
- Ele é o sócio do Collins.

- Exato! Ele estava entre os meus principais suspeitos. – suspirei pesado e continuei a
falar. – Heitor era um dos aliados de Christopher, e pelas informações os dois tiveram
um forte atrito, já que Heitor não apoiou o projeto, e acabou perdendo todo seu
dinheiro. Eu lembro da discussão feita que os dois tiveram na empresa, e Heitor
prometeu que se vingaria, e o que seria melhor do que recuperar o seu dinheiro?

- Claro! E a conta é dele, o dinheiro está lá!

- Sim, o dinheiro está retido. Ninguém mais pode tocar naquela quantia sem ordem
de um juiz.

- Bendito seja aquele maldito computador! – Vero murmurou alegre.

- Eu preciso fechar o inquérito policial, e entregar ao meu superior. Isso vai ser
encaminhado para o tribunal de justiça. Mas antes, temos que pegar o Heitor.

- Nós vamos fazer isso, agente Jauregui. – Normani falou decidida.

Ally e Normani se retiraram da sala rapidamente, as duas ficariam responsáveis pelo


mandado de prisão, enquanto Vero e eu fecharíamos o caso.

- Lauren...

Eu tirei minha atenção da ficha do banco, e olhei para Vero sentada a minha frente. A
mulher tinha o cenho franzido, em uma expressão pensativa, quase enigmática.

- Se Heitor realmente fez isso, deve ter tido seus motivos sérios. O que me leva a
pensar que Christopher não é tão santo quanto imaginamos...

- Eu nunca achei que ele fosse. Esses empresários sempre tem algo a esconder.

- Como vamos descobrir isso?

- Heitor. Se Christopher tem algo a esconder, ele não vai fazer questão de ajudá-lo a
deixar isso em segredo.
- Tenho a sensação que esse jogo ainda não terminou.

- Agora que ele realmente começou, Iglesias.

Camila Collin's point of view.

Eu respirei fundo, inalando o aroma delicioso dos sais de banho suíço, que estavam
misturados com a água de minha hidromassagem. A espuma cobria toda superfície,
que me deixava quase toda submersa. Estava apenas com a cabeça encostada na
borda da banheira, deixando que todo o restante de meu corpo relaxasse com a
temperatura da água. Todo aquele ambiente me fazia recordar os acontecimentos de
horas atrás.

Flashback on.

Mantive meus olhos fechados, apenas sentindo o deslizar das mãos macias de Lauren
sobre o meu corpo molhado. A água morna do chuveiro caía sobre nós, perdendo-se
suavemente entre os espaços mínimos que existia entre meu corpo e o dela. A
mulher beijava delicadamente a pele de meu ombro direito, proporcionando-me a
sensação deliciosa de ter seus lábios em minha pele; por outro lado, suas mãos
apertavam meus seios, massageando de forma habilidosa, me fazendo suspirar. O
corpo nu de Lauren estava colado ao meu por trás, provocando-me aquele calor
inevitável pelo contato de nossas peles.

- Gosto de cada detalhe do seu corpo.. – sussurrou ela, descendo com uma das mãos
por meu abdômen. – Céus, Camila...

- Gosto como me toca, como me beija...de como me faz sua, Lauren.

Eu me sentia inebriada. Lauren Jauregui tinha aquele maldito poder sobre mim. De
alguma maneira, ela conseguia me prender a si, com sua personalidade forte e
decidida, que ao mesmo tempo poderia ser tão submissa as minhas vontades. Ela
resgatava algo profundo, quase oculto em meu interior. E mesmo que eu tentasse a
todo custo evitar a maneira como me envolvia, eu só conseguia me afundar mais
naquela situação; como em uma areia movediça, quanto mais se move para sair,
mais afundada fica.

Inclinei minha cabeça para frente, encostando na parede de mármore frio. Lauren
afastou meu cabelo para cima de um dos meus ombros, e beijou minha nuca
delicadamente, subindo até o lóbulo de minha orelha, que recebeu sua língua ávida e
sua respiração descompassada. Meus dedos escorregaram pela parede na qual me
apoiava, quando um gemido baixo deixou minha boca. A mulher desceu com a mão
de meu abdômen até meu sexo úmido.

- Oh, Lauren...

- Sente como você é minha, Camila. – sussurrou com aquela voz rouca e arrastada
em meu ouvido.

Flashback off.

Era possível eu me sentir quente agora? Somente com as lembranças dos toques, dos
beijos, das palavras de Lauren? Com certeza sim. As imagens da mulher preenchiam
meus pensamentos de forma tão perfeita e detalhada, que eu poderia até mesmo
sentir suas mãos em mim; sua boca em meu corpo; sua língua em minha pele. Meu
corpo respondia em sinais de excitação, a apenas as lembranças de como aquela
mulher me fazia completamente sua. Lauren de forma extraordinária conseguia me
ter por completo, como se ela soubesse exatamente o que precisava fazer para me
tirar de orbita. Ela não precisava me fazer chegar até o orgasmo para me deixar
perdida, nossas preliminares já atendiam perfeitamente esse objetivo. Ela tinha um
poder, uma energia sobre mim que eu jamais seria capaz de explicar.

- Não, não pense nisso Camila. – sussurrei para mim mesma ao abrir os olhos. – Nela
não.

Eu terminei meu banho por completo, sai do chuveiro que despejava água morna,
capturando o roupão branco que estava pendurado ao lado do box. Vesti a peça
branca e grossa, enquanto caminhava até a bancada existente no banheiro. Me olhei
no espelho por alguns instantes que foram o suficientes para notar uma pequena
marca em meu pescoço.

- Maldita. – exclamei com um sorriso.

A marca era pequena, mas não deixava de ser visível diante a vermelhidão quase
escurecida. Meneei com a cabeça em um sinal negativo, enquanto capturava um
pequeno recipiente com uma base da cor de minha pele. Passei apenas o suficiente
para esconder a marca criminal que Lauren havia deixado em mim, ao terminar
depositei o pequeno pote sobre a bancada, e ao olhar no espelho novamente tive a
imagem de Christopher atrás de mim.

- Oh porra! – soltei em susto.


O homem soltou uma risada alta e divertida. Eu virei de frente para o mesmo,
enquanto me encostava na bancada tentando controlar meus batimentos
descontrolados. Sua risada cessou gradativamente, enquanto caminhava em minha
direção.

- Eu sinto muito, querida. Apenas queria fazer uma surpresa.

- Você quase me mata!

Ele ainda riu mais um pouco, enquanto envolvia minha cintura com seus braços.

- Me desculpe, fique tranqüila. - eu sorri sem jeito, e ele me puxou para um abraço.

- Estava com saudades. – sussurrou próximo ao meu ouvido.

Fechei os olhos e só então o abracei da mesma maneira. Eu não respondi, apenas o


abracei por alguns segundos até ele afrouxar seus braços ao redor de meu corpo. O
homem me encarou, fixando seu olhar intenso sobre mim. Não eram aqueles olhos
verdes tão hipnotizantes que me analisavam agora. Christopher levou sua mão
grande até meu rosto, enquanto aproximava seu rosto do meu. Eu respirei fundo,
fechando os meus em seguida. Os lábios não eram delicados, e nem tão macios
quanto os de Lauren, mas eu o beijei. Ele pressionava seus lábios contra os meus,
buscando qualquer abertura para adentrar com sua língua, que logo foi concedida. O
corpo grande de Chris pressionava contra o meu, enquanto sua mão me apertava
contra si. Eu abri os olhos, percebendo que os dele ainda estavam fechados, como se
tivesse aproveitando cada segundo de um beijo que só ele estava entregue. Eu
abaixei a cabeça, interrompendo o nosso beijo antes de me afastar.

- Eu também estava, querido. – disse com um sorriso amarelo ao me soltar de seus


braços fortes.

Caminhei em direção ao quarto, enquanto sentia os passos apressados de meu


marido logo atrás. Fui agarrada por trás, recebendo seus lábios em meu pescoço.

- Está, não é? O que acha da gente matar a saudade de todos esses dias
longe?

- Ah, Chris eu estou muito cansada.


- Não seja malvada com seu marido aqui, ficamos tantos dias longe. Eu estou
morrendo de saudade de você.

Ele virou meu corpo de frente para ele e, com habilidade me deitou em nossa cama.
Seu corpo se acomodou sobre o meu, fazendo-me sentir um peso maior enquanto
seus lábios afoitos beijavam meu pescoço. Eu não queria aquilo, não estava a
vontade e muito menos excitada para ter sexo naquele instante.

- Chris...

- O que houve, Camila?

- Você não quer tomar um banho antes? Me parece tão cansado, amor, eu vou pegar
algo para você comer.

- Não, meu bem. Eu só quero você. – ele disse ao desatar o nó de meu roupão,
deixando parte de meu corpo parcialmente nu.

- Eu acho melhor você fazer isso. – murmurei.

Ele continuou a beijar meu pescoço, agora descendo com sua mão até minha coxa.
Eu fechei os olhos, e as imagens de Lauren me vieram à mente, apenas para tornar
aquela situação ainda mais desconfortável. Não era culpa, e muito menos consciência
pesada, mas meu corpo não reagia de outra maneira que não fosse desconforto; não
era por ele que meu corpo ansiava, não eram os toques brutos de um homem que eu
precisava.

- Tome um banho, eu vou preparar algo pra você. Podemos ficar o dia todo no
quarto. – murmurei ao me desvencilhar de seus braços.

O homem sentou na cama e assentiu a contra gosto.

- Vou fazer isso, mas você não vai se livrar de matar essa saudade que sinto, meu
amor.

- Sei que não. Volto logo.

Me cobri com o roupão novamente e sai do quarto, deixando-o sozinho. Desci as


escadas, seguindo em direção a cozinha. Minha cabeça parecia girar com tantos
pensamentos acumulados naquele instante.
- Está tudo bem, senhora? – Eliza perguntou assim que adentrei a cozinha.

- Está tudo ótimo. – menti descaradamente. - Prepare algo para o Christopher


comer.

- Tudo bem, o que preparo?

- Qualquer coisa, Eliza. Um sanduíche, um suco, sei lá.

A mulher assentiu rapidamente e tratou de buscar os ingredientes. Eu me sentei em


um dos bancos próximo ao balcão no centro da cozinha, enquanto massageava
minhas têmporas circularmente. Teria que me preparar psicologicamente para o inicio
da discussão com meu marido, que com toda certeza reagiria o pior possível diante
minha negação. Minha cabeça explodia em pensamentos que se restringiam entre
Christopher e Lauren. A diferença entre ambos era drástica, e devastadora.

- Senhora, aqui está. Eliza informou ao mostrar a bandeja que continha um sanduíche
de algo desconhecido por mim, e um copo de suco de laranja.

- Obrigada.

Capturei a bandeja e segui em direção ao quarto, refazendo em meus pensamentos


todas as desculpas que daria para não ter que transar naquele momento, quando por
mim, uma única idéia se ascendeu.

- Como você não pensou nisso antes?! – murmurei para mim mesma.

Entrei em nosso quarto, notando que o mesmo ainda estava no banho. Depositei a
bandeja de prata sobre a cômoda encostada na parede, enquanto corri em direção ao
criado mudo; abri a gaveta de madeira e segurei o pequeno frasco de plástico, onde
continha a solução para o meu problema. Retirei apenas um comprimido antes de
guardar o calmante forte no interior da gaveta outra vez. Olhei para a porta do
banheiro e para minha sorte, nenhum sinal de Christopher. De forma delicada abri a
cápsula do remédio, e despejei no copo de suco; o pó branco caiu naturalmente sobre
a coloração amarelada, e com uma colher misturei, tornando agora apenas mais um
ingrediente da maravilhosa refeição.

- Prontinho, querido.
- O que? – ele perguntou ao entrar no quarto.

- Fui buscar algo para você comer, veja.

Christopher enxugava o excesso de água em seus cabelos escuros, enquanto se


aproximava de mim. Recebi um sorriso largo, no qual fiz questão de retribuir da
melhor maneira possível.

- Tenho que cuidar bem do meu marido, não? – perguntei ao dar um passo a frente,
para então depositar um pequeno beijo em seu rosto.

- Claro que tem, adoro quando faz isso.

Suas mãos repousaram em minha cintura outra vez, apertando-me contra si. Eu fiz
um carinho rápido em seu rosto, e me afastei.

- Se alimente primeiro, amor.

O homem assentiu, enquanto capturava o sanduíche no pequeno prato. Ele


permaneceu encostado na cômoda, apenas com uma toalha ao redor de sua cintura.
Meu olhar alternava entre o homem e o precioso copo de suco.

- Como foi sua viagem? – ele perguntou.

- Foi muito cansativa. Os artistas canadenses são bem exigentes. – murmurei ao me


sentar na poltrona do outro lado do quarto.

- Conseguiu o contrato?

- Consegui, ainda falta fechar alguns detalhes, mas logo consigo.

- Você sempre consegue tudo que quer, Camila. – disse ele ao capturar o copo sobre
a bandeja.

Aquela cena parecia acontecer em câmera lenta diante de meus olhos; o homem
ergueu o copo até os lábios, e quando inclinou levemente para tomar um gole, seu
celular tocou.

Merda!

O copo foi deixado de lado sem um gole tomado, e eu praguejei intensamente em


meus pensamentos. Ele caminhou em direção ao criado mudo, capturando seu celular
que lá estava.

- Pois não?

Eu apenas o observei de longe.

- Finalmente, agente Jauregui. Pensei que não iria descobrir isso nunca. – soltou em
um tom irônico.

Será que Lauren não poderia ter ligado um minuto depois? Inferno!

- Quem foi o desgraçado? – perguntou ele de forma ansiosa e irritada. E após alguns
segundos, exclamou. – Filho da puta! Eu estou indo até a delegacia agora mesmo.

O telefone foi largado de lado sobre a cama em um gesto agressivo e irritadiço.


Levantei da poltrona e me aproximei dele, em uma distancia segura. Christopher
estava visivelmente muito nervoso, sua respiração agora era descompassada.

- O que houve? – perguntei de forma confusa.

- Heitor! Aquele maldito está me roubando! – gritou.

- Deus, tente se acalmar, Chris!

- Não vou ter calma até matar aquele cara. Se arrume, nós vamos a delegacia agora.

Lauren Jauregui's point of view.

Já havia passado meia hora desde o fim da ligação com Collins, a qualquer momento
o homem entraria por essa porta em busca de provas. Provas essas que
incriminassem Heitor Martinez como mandante do roubo milionário a sua
multinacional. Provas que agora estava em minhas mãos, como resultado de meu
trabalho, que o mesmo julgou insuficiente. Mas como nem tudo poderia ser perfeito,
havia um novo grande problema no meio de tudo aquilo. Após o mandado de prisão
ter sido feito, e encaminhado por um de nossos agentes a residência do sócio de
Christopher, tivemos a informação que o mesmo havia sumido. Ou seja, agora
tínhamos um foragido a ser pego. As equipes de rua foram devidamente acionadas
para encontrar o homem onde quer que fosse, tudo sobre minha supervisão, é claro.

- Boa tarde, agente Jauregui. – ouvi a voz rouca de Collins em minha sala.

Virei minha poltrona de couro preta em direção a porta para encarar o homem que
lá estava, ao lado de sua bela esposa.

- Boa tarde, senhor Collins.

As palavras foram para ele, mas meus olhos se prenderam em Camila, ou melhor
dizendo, nas mãos entrelaçadas do casal. A latina havia percebido meus olhos
avaliativos aquela situação, pois respirou fundo, e mesmo assim manteve a cabeça
erguida com seu ar superior digno de sua personalidade.

- Boa tarde para você também, sra. Collins. Queiram se sentar. – soltei as palavras
com a maior naturalidade possível, indicando os lugares que o casal deveria ocupar.

Não demorou muito, e Brandon adentrou minha sala, juntando-se a nós para a
reunião.

- Como pode ter certeza que é ele? – foi sua primeira pergunta.

A presença de Camila estava me tirando o foco. De certa forma, vê-la bancando a boa
esposa agora tinha um impacto estranhamente diferente, um peso maior, como se
aquilo não fosse feito para ela. Uma tensão unicamente nossa estava presente, como
se apenas nós duas pudéssemos perceber. Ela estava visivelmente desconfortável
diante meus olhares avaliativos tão profundos. Pigarreei e meneei com a cabeça em
um sinal negativo para recuperar o foco central daquela reunião.

- Eu consegui achar a conta para qual o dinheiro foi transferido. E está no nome dele.
– murmurei ao entregar a pasta com a ficha completa.

O empresário analisou o papel, enquanto por vezes meu olhar se encontrou ao de


Camila.

- Eu vou matá-lo! – esbravejou.

- Aconselho não fazer isso se não quiser passar o resto da sua vida atrás das grades.
– informei com um tom sarcástico.

Christopher revirou os olhos impaciente, enquanto bufava em pura raiva.

- O que vai acontecer agora? – foi a vez de Camila perguntar.

- Como falei com seu marido ao telefone, Heitor está foragido. O mandado de prisão
foi feito e encaminhado até o local de sua residência. Creio que a paralisação da conta
foi o suficiente para ele saber que foi descoberto.
- A família dele não sabe de nada? – perguntou novamente.

- Ele estava separado da mulher, e ele não tem filhos. Então não temos muito o que
saber dela. Mas não se preocupem, todas as equipes foram acionadas, vamos pegar
esse cara.

- Eu espero realmente que você faça isso, Jauregui. Eu quero esse homem atrás das
grades o mais rápido possível. – ele soltou quase desafiador.

Minha antipatia pelo empresário agora parecia mil vez maior; se antes eu não gostava
de Christopher Collins, agora era bem menos. Suspirei pesado, encostando minhas
costas na poltrona, enquanto pegava minha pistola sobre a mesa. Eu analisei cada
mínimo e precioso detalhe daquele objeto, enquanto deslizava meu dedo sobre o
cano da arma, como se fosse uma das coisas mais preciosas para mim; tudo, sobre o
olhar das três pessoas a minha frente. Meu olhar deixou a pistola, e pousou sobre
Camila, em seguida sobre Collins.

- Com isso você não precisa se preocupar, tudo que eu faço é bem feito, e até o final.
– minhas palavras saiam firmes, com aquela pitada de sarcasmo com as verdades
ocultas, que somente Camila e eu sabíamos. – Deixe com a policia, Christopher. Eu
vou resolver esse caso ou não me chamo Lauren Jauregui.

Daqui pra frente eu só tenho uma coisa a dizer: sejam bem vindos ao jogo. ;)
Capítulo 18 - Surpresa.

Boa noite para as melhores leitoras do mundo!

Como estão? Eu ando bem empolgada porque estamos chegando em momentos


emocionantes da fanfic, e espero de coração que estejam gostando e aproveitando
cada segundo. Obrigada a todo mundo que comentou no capitulo anterior. Vi que
vocês ficaram um tanto desacreditadas com nosso culpado, mas muitas coisas vão
acontecer, enfim..vamos voltar ao nosso joguinho. Espero que estejam todas
preparadas.

Lauren Jauregui's point of view.

A musica deixava os alto falantes de meu carro, enquanto Verônica cantarolava ao


meu lado. Só ela para estar com um incrível bom humor tão cedo; eu nem poderia
julgá-la, a mesma foi dormir assim que voltou para nossa casa. Já eu, continuei a
trabalhar todos os lugares possíveis onde Heitor poderia estar neste momento. O
maldito homem estava tirando meu sono, eu não poderia descansar até finalmente
vê-lo condenado pela justiça. Era uma questão de honra desvendar aquele caso por
completo, e mostrar não só para Christopher, mas como para mim mesma que eu era
capaz de solucionar aquele problema.

- Não vai mesmo me contar como foi na Suíça? – ouvi Vero murmurar.

Soltei um sorriso para minha melhor amiga que mesmo depois de inúmeras tentativas
de descobrir como havia sido minha viagem com Camila, não ousou desistir. Suspirei,
lançando um olhar entediado.

- Nem adianta fazer essa cara. Qual é, Lauren? Você sempre me conta tudo.

Deixei minha atenção concentrada na avenida movimentada aquela manhã, dando-


me totalmente por vencida. Iglesias não iria desistir nunca. As imagens dos
momentos com Camila na Suíça vieram em meus pensamentos, fazendo-me recordar
as sensações boas que senti ao estar com ela. Era estranho pensar, que depois de
tantos anos eu havia realmente me divertido com alguém, sem ser apenas com uma
boa noite de sexo e bebida. Eu conseguia recordar detalhadamente todos aqueles
instantes ao seu lado, principalmente os nossos momentos em Saint Moritz. As
imagens de Camila sorrindo durante nosso jantar, e a forma distraída como ela
conversava estava impregnada em minha cabeça, da mesma forma como seu
momento de pura teimosa no park de patinação.

- Cambio, terra chamando Lauren.

- O que você quer saber? – perguntei lançando um rápido olhar para ela.

- Como foi na Suíça com a casada.

- Ela se chama Camila, Vero.

Eu mantive meus olhos atentos a fileira de carros a minha frente, que gradativamente
foram parando diante o semáforo.

- Certo, desculpe. Como foi com a Camila? Vocês transaram muito, acertei?

- Não acertou, não.

- Não? Como assim, não? – a surpresa em seu tom de voz era nítida. – Deus me
perdoe, mas tem algo errado aí.

- Errado, por quê?

- Errado pelo histórico de ambas. Vocês não podiam se ver que dava em preliminares
ou sexo. E agora que passaram dias juntas e, sozinhas, não abusaram disso? Olha...

Eu meneei com a cabeça em um sinal negativo, enquanto acelerava o veiculo.

- Não começa, nós só fizemos outras coisas. – soltei de forma despreocupada.

- Tipo o que?

- Nós saímos, jantamos, nos divertimos.

- Sem sexo?

- Sim, Vero. Sem sexo.

- Eu sabia que isso iria acontecer. – murmurou ao olhar pela janela.

- Isso o que?
- Você se apaixonando por essa mulher.

- Você enlouqueceu? Eu não estou apaixonada! – respondi rápido o suficiente para


convencê-la disso.

Iglesias tinha um ar de riso, como quem tivesse prendendo uma gargalhada em seu
peito. Eu meneei com a cabeça em um sinal negativo, mantendo minha concentração
no transito.

- Lauren, eu te conheço. Sou sua melhor amiga de anos, e eu sinto algo diferente em
você agora.

Eu encarei os olhos castanhos de Verônica, vendo a seriedade em suas palavras.

- Eu não estou. – insisti.

- Algo em você mudou, só espero que isso não atrapalhe seus planos e sua vida.

- Nada mudou, eu só estou dormindo com ela. Camila e eu temos relações restritas a
trabalho e sexo, apenas.

- Ok, senhora sem coração. – ela ergueu os braços rapidamente. – Não está mais
aqui quem disse as verdades na sua cara.

Rolei os olhos impaciente, ouvindo as bobagens que Vero tinha a dizer. Era obvio que
eu não estava apaixonada por Camila, isso seria impossível. Em todos os anos de
minha vida, eu nunca me permiti me apaixonar desde o colégio. Essa era oficialmente
uma das coisas que não estava na minha lista de planos: amar.

- Chegamos à delegacia, melhor descer do meu carro com esse seu papo de
sentimento.

Vero soltou uma risada divertida, e assentiu.

- Vai lá com a casada. Bom romance. – murmurou pela janela aberta do carro, antes
de se afastar em direção ao prédio da delegacia.

Suas palavras ecoavam em meus pensamentos, projetando as imagens da hipótese


onde Camila e eu éramos de fato um casal. Aquilo poderia dar muito certou ou muito
errado, mas não era algo que eu devia me preocupar, já que tanto ela quanto eu não
tínhamos a intenção de consumar tal idéia. Era tudo apenas, sexo.

Segui meu caminho em direção a galeria Cabello; Vero e Ally ficariam responsáveis
pela supervisão das equipes nas ruas, que a todo instante buscavam alguma
informação sobre Heitor. Normani ainda estava nos cobrindo na Collins Enterprise, e
consequentemente supervisionando o sistema, que agora mais do que nunca
precisava de nossos cuidados. Parei com meu carro no estacionamento da galeria, e
segui para o interior do prédio em busca de Camila. O lugar estava lotado, algum
evento estava acontecendo; exposição de algumas esculturas que estavam
espalhadas pelo enorme salão de luxo. Olhei para ambos os lados, entre o
aglomerado de pessoas, e nem uma delas era a latina, tive apenas a visão de Dinah
que circulava ao lado de um homem. Segui caminho até as escadas que dariam em
sua sala; e depois de três leves batidas, ouvi sua voz permitindo minha entrada.

Ao entrar naquele cômodo tive a imagem de Camila em pé próxima à enorme janela


de vidro. Ela estava de costas para mim, e mesmo assim eu já conseguia perceber o
quão linda ela estava aquela manhã. Em seu corpo havia um vestido vermelho, cor de
sangue, de comprimento até o meio de suas coxas magras porém definidas; seus pés
estavam calçados com um par de scarpin negros com solados vermelhos; seus
cabelos agora não eram ondulados como de costume, estavam lisos e compridos,
batendo na altura de sua cintura. Eu amava como a latina conseguia ter um ar tão
poderoso somente com a maneira de se vestir, já que sua personalidade não negava
o ser dominador presente em seu interior.

- Pensei que não iria vir. – disse ao virar de frente para mim.

- Jamais faltaria, é o meu trabalho.

Camila assentiu devagar, enquanto caminhou até a frente de sua mesa, na qual se
escorou lentamente. Seu vestido era de mangas longas, que estavam parcialmente
repuxadas para perto de seus cotovelos. O decote em seu busto era chamativo e
sexy.

- Vem cá. – ordenou, ao gesticular com o dedo indicador em um sinal para


que eu me aproximasse.

Eu engoli em seco diante seu olhar castanho intenso, e caminhei para mais próximo
dela. Atravessei a extensão de seu escritório, parando diante a mulher que em
nenhum momento tirou seus olhos dos meus. Um sorriso perverso nasceu no canto
de seus lábios rosados que, agora foram pressionados pelos dentes brancos da
morena.

- Eu adoro como você é obediente, Jauregui. – disse ela ao segurar em minha jaqueta
preta.

Eu não sabia como explicar, mas de uma forma resumida, Camila mandava em mim e
me fazia gostar daquilo. É como se ela pudesse me deixar totalmente hipnotizada
com suas palavras e ações, dando-me a sensação de que realizar suas vontades e
desejos poderia ser uma das melhores escolhas a serem feitas. Se havia mesmo a
existência de outras vidas, Karla Camila Cabello sem duvidas havia sido uma rainha;
daquelas que possuem o poder de fazer o povo inteiro se curvar aos seus pés, e
agradecerem aos deuses por terem uma mulher de sangue tão nobre a governá-los.

- Não me provoque.

A morena repousou suas mãos em meus ombros, empurrando-me um pouco para


trás, fazendo-me sentar na poltrona a frente de sua mesa. Camila caminhou ao meu
redor, parando atrás de mim.

- O que houve? Hum? – suas mãos delicadas apertaram os músculos de meus ombros
de forma habilidosa; eu fechei os olhos e relaxei meu corpo. – Está me parecendo tão
estressada. Será que nossa ida a Suíça não te relaxou?

Eu permaneci calada enquanto suas mãos massageavam meus ombros de forma tão
gostosa.

- Nosso sexo não foi gostoso? Ou isso já é saudade? – meu corpo inteiro arrepiou ao
sentir ela sussurrar em meu ouvido.

- Imagino que falta de sexo para você não deve ser. Seu marido já voltou para
assumir seu posto.

Minhas palavras saíram cortantes e frias. Camila parou a massagem em meus ombros
e, caminhou para minha frente com uma das sobrancelhas arqueadas.

- Então é isso?

- O que?

- Está com ciúmes por pensar em mim transando com Christopher?


Eu revirei os olhos de forma tediosa, bufando diante de idéia tão...verdadeira?
Imaginar aquele homem tocando no corpo da latina agora me embrulhava o
estomago, mas Camila não precisava e não iria saber disso.

- Claro que não! – exclamei ao me levantar da poltrona. - Faça-me o favor.

O sorriso dela se alargou diante minha negação nervosa e mal feita. Eu desviei de seu
olhar avaliativo, ficando de frente para sua mesa, fingindo olhar alguns objetos que lá
estavam.

- Por que não admite? Eu senti seu olhar irritado ontem. – sussurrou próxima a minha
nuca, enquanto suas mãos deslizaram por meus braços.

- Eu não tenho nada pra admitir, Sra. Collins.

Camila segurou em meu braço com força e, virou meu corpo, obrigando-me a encará-
la.

- Então não te incomoda nem um pouco? Que ele me toque como você faz, que ele
beije meu corpo como você?

Nossos olhares se encontraram, fixando-se um no outro com a mesma carga de


intensidade. Minha respiração estava mais pesada, meu peito subia e descia de forma
mais evidente. Camila olhou para meus lábios entreabertos, e em seguida para
minhas mãos, na qual capturou e levou até sua cintura. Acompanhei com os olhos a
forma como ela me fazia tocá-la. Minhas mãos deslizaram pela lateral de seu corpo,
desde seu quadril largo, para sua cintura fina. A latina fechou seus olhos enquanto
continuava a me fazer tocar seu corpo tão atraente.

- Me diz que não te incomoda que ele me toque assim. – sussurrou, ao


parar minhas mãos sobre seus seios nos quais apertei.

Sobre a mascara de cílios longos, ela abriu seus olhos castanhos para me encarar.

- Odeio isso. – sussurrei para ela, como resposta as imagens do casal que se
formaram em minha cabeça. – Odeio pensar nisso. – as palavras saíram com mais
raiva do que deveria.
Eu desci um pouco com as mãos, parando em sua cintura, na qual puxei com certa
força.

- Eu sei que odeia, e eu amo isso em você. – ela soltava cada palavra em um tom tão
cínico, que apenas servia para me deixar ainda mais irritada.

- Você dormiu com ele?

- O que acha, Lauren?

Camila se afastou, virando de costas para mim, mas antes que ela pudesse ir longe
demais eu a segurei, obrigando seu corpo a voltar com certa força contra o meu. A
morena suspirou surpresa, soltando um sorriso que se deliciava de meu sentimento
de posse sobre ela.

- Responde.

A bunda de Camila estava pressionada contra meu sexo; eu tinha suas costas contra
meu peito. Ergui a mão até os fios longos e lisos de seu cabelo, segurando com
firmeza. A maldita gostava daquilo, o sorriso cínico não deixava seus lábios por um só
segundo. Ela arqueou um pouco a cabeça para trás, até que encostasse em meu
ombro.

- Vamos!

- Transei. – ela mordeu os lábios.

Eu senti meu sangue inteiro ferver em uma resposta imediata aquela única palavra
que deixou seus lábios. Minhas mãos soltaram sua cintura, e quando tentei me
afastar, Camila me prendeu diante a mesa.

- Adoro sua cara de ciúmes. Me excitada. Mas pode parar... Eu não transei com ele.

Eu franzi o cenho, encarando-a com um olhar confuso. Camila sorriu, e tocou com a
ponta do dedo indicador as linhas de meu rosto.

- Ele bem que quis viu? Mas eu não.

- Por que não quis?

Nós ficamos em silencio por alguns segundos, deixando nossos olhares conectados.
Camila meneou com a cabeça em um sinal negativo antes de suspirar.
- Eu estou nos meus dias, por isso não quis. – disse ao se afastar.

- Não minta. Pode me dizer que não queria seu marido ali, e sim eu.

- Não se engane tanto, Lauren.

- Vai negar?

- Sempre. – ela piscou para mim, soltando um sorriso de canto.

Assim que tentei me aproximar de Camila, ouvimos o toque estridente de seu celular.
Ela me encarou, e caminhou em direção a mesa para pegar o aparelho que lá estava.
Eu apenas a observei enquanto me sentava no sofá macio.

- Oi, querido.

A ouvi dizer assim que atendeu a ligação Eu revirei os olhos com aquilo, recebendo
uma risada baixa da mesma.

- Claro, vou esperar você lá então. – ela se calou por alguns minutos, quando voltou
a falar. – Lauren? Sim, ela está aqui. Certo, vou com ela até o restaurante.

Camila se despediu do marido de uma forma carinhosa antes de largar o celular sobre
a mesa.

- Ele quer que você me leve até um restaurante. Vamos almoçar fora.

- Tudo bem, levo você até o alce.

[...]

O almoço transcorreu lento e torturante. Camila e eu mantínhamos uma conversa


trivial enquanto Christopher continuava pregado ao seu telefone celular, alternando
entre algumas garfadas de sua massa italiana. O homem parecia tentar se dividir em
um exercito para tomar de conta de tantos assuntos. Depois de alguns pedidos
insistentes da esposa, foi que Collins abandonou o aparelho e terminou sua refeição,
enquanto se entrosava no assunto que se resumia a investigação.
- Podemos ir embora? – Christopher perguntou ao limpar o canto de seus
lábios com o lenço.

- Claro, por mim tudo bem.

Eu apenas assenti para o homem que me encarou. Christopher estava sem seu
segurança particular aquela manhã, de acordo com a informação do mesmo, o agente
que cuidava de sua segurança, havia avisado no decorrer do dia que não estava se
sentindo bem e por isso não poderia comparecer ao serviço. E com o imprevisto,
Brandon não foi ágil o suficiente para arranjar outro no mesmo instante, o que me
gerou a tarefa de cobrir a segurança de ambos por algumas horas, mesmo contra
minha vontade.

- Nós podemos passar na delegacia, falei com Brandon e recebi a informação que ele
já tem um substituto. – Collins falou ao abotoar seu paletó.

- Ótimo, assim Lauren pode me levar de volta a galeria. – Camila completou com um
sorriso.

Depois que a conta foi paga, saímos os três juntos em direção ao carro de luxo
estacionado entre as pequenas motos e uma van na frente do restaurante caro.
Carlos cumprimentou seu chefe, e gentilmente abriu a porta para que entrássemos.
Camila se sentou entre seu marido e eu, e tudo aquilo me fazia lembrar a primeira
vez que transamos em sua casa, logo após a mulher ter dopado o marido. Eu apenas
neguei com a cabeça, e voltei minha atenção para a janela do carro, enquanto o
motorista seguia para seu devido lugar. O trafego de carros estava intenso, causando
a lentidão de cada veiculo nas extensas fileiras de carros a nossa frente.

- Carlos, pegue um atalho, eu tenho uma reunião importante. – Christopher


murmurou irritado.

- Você vai chegar a tempo. – Camila apenas disse.

Eu estava calada durante todo o trajeto, aquela situação agora era muito mais
estranhada do que de costume. Eu me sentia incrivelmente incomodada ao ver o
homem tão grudado em sua esposa, mesmo que aquilo fosse normal diante aos laços
conjugais que os uniam. Com muito custo tirei a atenção dos dois ao meu lado,
apenas vendo a movimentação fraca do lado de fora, os carros pareciam lesmas de
tão lentos; as pessoas andavam ao lado de fora com muito mais velocidade do que
acelerar de carros no transito infernal. Fiquei a observar a vitrine de uma loja de
roupas até o momento que uma van impediu minha visão. Carlos depois da ordem
dada por seu patrão conseguiu um pequeno espaço para sair da enorme avenida.
Conseguimos sair e seguir por ruas menores, agora com mais velocidade do que
minutos atrás. Com atenção agora concentrada na estrada mais deserta, percebi que
seguíamos por um bairro bem menos movimentado, o numero de casas era menor,
pois se dividia com os galpões e oficinas perto do cais.

O espelho retrovisor apenas me dava à imagem de algumas pessoas na rua, a


passagem rápida de carros menores e uma van preta ao fundo. Franzi o cenho de
forma confusa, olhando mais uma vez para o veiculo ao fundo. Quando minha mente
soltou flashes de segundos atrás, na saída do restaurante, no trafego de carros e
agora na rua deserta.

Estávamos sendo seguidos.

Olhei para trás novamente, enquanto em um instinto automático puxei minha arma
do coldre axilar. Camila me encarou com um semblante assustado, alarmando a
atenção de Christopher.

- O que está havendo? – perguntou ele.

- Estamos sendo seguidos. Acelere mais, Carlos.

Carlos me lançou um olhar vacilante, e pisou fundo no acelerador do carro.


Christopher olhou para o mesmo ponto que atraía minha atenção, para logo em
seguida capturar seu telefone celular. A van aumentou a velocidade, como se tivesse
a certeza que havíamos descoberto.

- Oh, meu Deus. Lauren. – Camila segurou em meu braço, lançando-me um olhar
temeroso.

- Vai ficar tudo bem. – disse firmemente, sentindo meu coração acelerar.

Nosso carro corria em uma velocidade assustadora, e a van marcava


acirrado na traseira do veiculo.

- Merda! Abaixa! – gritei ao ver um dos homens apontando um revolver na nossa


direção.

Camila abaixou a cabeça rapidamente, iniciando um choro carregado de medo. A


latina estava visivelmente nervosa, o que me deixava ainda mais preocupada com
sua proteção e bem estar. O primeiro disparo foi efetuado, trazendo o grito da mesma
no interior do carro.

- Porra! Entre em alguma rua, seu imbecil! – Christopher gritou para o motorista
nervoso ao volante.

- Não tem outras saídas por aqui, senhor! – ele respondeu agoniado enquanto
tentava manter o controle do carro em alta velocidade.

Apertei no botão para abaixar o vidro do carro, acomodando meu braço na janela do
veiculo. Mirei com a pistola em direção a van escura que corria ao fundo, e apertei o
gatilho, disparando contra os perseguidores. O carro ao fundo movimentou-se de um
lado para o outro, na tentativa de desviar dos disparos que acertaram a lataria. Foi
quando senti o forte impacto de meu corpo batendo contra o banco da frente. Os
pneus cantaram sobre o asfalto enquanto o mesmo parecia rodopiar sobre a pista. Eu
senti a mão de Camila agarrar a minha com força; tentei segura-la com a pressão
precisa para que ela não se machucasse. Quando por fim o nosso carro parou,
fazendo nossos corpos baterem contra o banco da frente.

- Estão todas bem? – Collins perguntou enquanto nos encarava com um olhar
assustado.

Eu não pude prestar atenção o suficiente, pois no minuto seguinte vamos todos
surpreendidos por um grupo de homens.

"Saiam do carro!" - gritou um deles.

Eu segurei firme em minha arma, e com a outra mão agarrei a de Camila, que tremia
em meio a lagrimas. Carlos estava desacordado, debruçado sobre o volante do
veiculo. Olhei com cuidado a nossa volta, e agora havia mais um carro. Estávamos
cercados.

- É melhor não atirar, ou mato todos vocês. – o mesmo homem gritou.

Pelo espelho retrovisor que agora estava trincado, pude ter a visão de três homens ao
fundo. Todos estavam encapuzados, com armas nas mãos. Eu fechei os olhos por
breves segundos, tentando pensar em algo que nos ajudasse.

- Nós vamos morrer. – Camila murmurou chorando.

- Não vamos, eu não vou deixar isso acontecer. – sussurrei para ela.
- Droga, culpa desse imbecil. – Collins exclamou ao bater no banco de Carlos.

"Saiam da porra do carro!"

O homem do meio gritou novamente, agora disparando para o alto com sua
metralhadora. O que estava ao seu lado caminhou em direção ao nosso carro, abrindo
a porta do lado de Christopher.

- Aqui está ele. – o segundo homem falou em um tom sarcástico ao tirar Christopher
do carro com força.

- Chris! – Camila gritou ao ver seu marido ser jogado ao chão.

O homem de estatura mediana segurou no braço da morena com força, fazendo-me


ter o reflexo instintivo de atirar contra o mesmo. O disparo alto ecoou no interior do
carro, acertando o ombro do homem que se chocou contra porta e caiu no chão.

- Sua puta! – ele gemeu de dor, agora atraindo a movimentação mais forte do lado
de fora.

Quatro homens se aproximaram do carro, um deles puxou Camila para fora do


automóvel, enquanto o outro fazia o mesmo comigo. Minha pistola caiu no chão,
deixando-me agora totalmente desarmada. A morena gritava pedindo ajuda, e aquilo
só me deixava ainda mais nervosa e irritada.

- Larga ela! – gritei com todo o ar de meus pulmões, enquanto me debatia


nos braços do capanga.

O homem mais alto que a segurava soltou uma risada cínica, enquanto apertava o
braço da morena com força. Christopher estava ajoelhado no chão, imóvel com um
dos homens que apontava o revolver em sua cabeça. O quarto criminoso prestava
socorro ao baleado no chão.

- Eu vou matar essa vadia, veja isso! – ele gritava em meio aos gemidos de dor.

- Cala a boca, Phil! Coloquem eles na van!

Ordenou o homem que apontava a arma na cabeça do Collins; ele parecia ser o
mandante, pois tratava de dar ordens aos outros quatro homens que estavam ao
nosso redor.

- Pegue primeiro o nosso rei aqui. Trate de fazê-lo dormir. Tem alguém que vai
adorar conversar com ele.

Eu sentia minha cabeça trabalhar de forma frenética a ponto de me fazer sentir dor. A
sensação de impotência me consumia, quando minha única vontade era de tirar
ambos dali, mas nada que eu fizesse daria jeito, eu estava em desvantagem diante
de cinco homens que possuíam armamentos pesados, e vitimas em suas mãos. Eu
não poderia arriscar a vida de nenhum dos dois.

- Droga!

Um deles segurou no braço de Christopher, erguendo o corpo do mesmo com força.

- Seu infeliz! – murmurou Collins, recebendo uma forte coronhada na cabeça.

- E ainda ousa me desafiar? Se acha poderoso demais, Collins! – o criminoso soltou


firmemente, enquanto se aproximava do homem que agora tinha um corte
ensangüentado na cabeça.

– É melhor ficar quieto se não quiser que uma bala perfure seu corpo.

Collins o encarou frente a frente, e mesmo tendo suas mãos presas por outro homem,
cuspiu no rosto daquele que o ameaçava. E em uma resposta quase imediata levou
outra coronhada com o cabo da arma. Camila gritou nervosa ao ver o corpo do
marido cair ao chão.

- Leve esse merda para o carro.

Christopher foi arrastado em direção a van, ele se encontrava desacordado. Agora a


atenção do mandante virou-se em direção a latina que chorava ao fundo, eu poderia
ver como a mesma tremia diante toda aquela situação. Eu tentava me soltar dos
braços do homem magro que me segurava, a cada passo que o outro dava em
direção a Camila.

- E você, a mulherzinha dele não é? Vejo que ele tem bom gosto para essas vadias. –
soltou com escárnio. – É bom não fazer escândalo, ou eu mesmo mato você? Mas
claro, depois de aproveitar um pouco.

Fechei as mãos em punhos, sentindo o ódio tomar conta de todo meu corpo. Naquele
instante meu cérebro processou todas as maneiras mais dolorosas que eu poderia
matar aquele homem, desde as mais lentas as mais rápidas. Olhei para o chão, vendo
minha pistola jogada ao lado do pneu do carro, e em seguida olhei para a morena que
estava em prantos sendo assediada pelo homem a sua frente. Eu respirei fundo,
percebendo a distração evidente daquele que me segurava; então ergui meu braço
rapidamente, virando com o cotovelo no rosto do homem atrás de mim. Pude ouvir o
estralar vindo do nariz do homem atrás de mim.

- Ah, caralho! – gritou ele ao tropeçar e cair no chão.

Em um movimento rápido capturei a pistola do chão, mirando em direção ao mesmo


que tinha o nariz totalmente ensangüentado. Ele gemia de dor no chão.

- Que merda foi essa? – o homem que estava com Camila gritou, chamando atenção
do outro que correu do fundo da van.

- Oh, meu Deus, essa mulher é o diabo! – disse o mesmo homem que ajudou o
baleado.

O mandante puxou Camila com força para mais perto de mim.

- Larga ela, ou eu mato ele! – gritei apontando a pistola para um de seus capangas.

Ele riu, e em um movimento rápido bateu em Camila, obrigando a mulher a se


ajoelhar. Meu coração estava disparado, dando-me a chance de ouvir os batimentos
mesmo em meio a todo o alvoroço. Minha mão tremia ao redor do cabo da pistola,
mas não ousei abaixar.

- É melhor você largar essa pistola... – ele falou calmo, enquanto engatilhava sua
arma, que agora estava na direção da cabeça de Camila. – Ou eu mato ela. Larga!

- Lauren... – ela murmurou em um choro desesperado. – Por favor.

Eu fechei os olhos, tentando dissolver aquela imagem tão frágil da mulher a minha
frente. Eu não tinha outra alternativa, eu não poderia vê-la morrer. Abri os olhos em
direção ao homem, e soltei a pistola que foi ao chão.

- Amarrem essa mulher antes que ela mate alguém! – gritou o mandante.

Dois dos caras me seguraram, sendo um deles o que eu havia acabado de acertar. Fui
amarrada, e arremessada dentro da van com força, no canto oposto ao de
Christopher. Logo em seguida, Camila foi colocada no centro, suas mãos estavam
presas com cordas grossas. Ela tinha a respiração ofegante, enquanto seus olhos
vacilavam entre Christopher e eu. Um dos homens adentrou no interior do veiculo
para nos reparar, enquanto o outro fechou a porta, deixando-nos naquela escuridão.

- Eu acho bom você não tentar nada, escutou bem? Eu mato você. – disse o cara que
julguei ser aquele que prestou socorro as minhas duas "vitimas"

O silencio tomou conta do interior do carro, até que senti o mesmo entrar em
movimento. Eu estava deitada de bruços, com as mãos amarradas nas costas, da
mesma maneira que Christopher. Camila estava sentada, com os pulsos amarrados.
Eu podia ouvir seu choro baixinho, com medo de que pudessem ouvi-la.

- Eu não quero morrer, Lauren. – sussurrou.

Ergui um pouco a cabeça, e mesmo com a pouca luminosidade eu conseguia enxergá-


la.

- Eu vou dar um jeito de tirar você dessa, eu prometo, Camila. – soltei de forma
sincera.

- Não faz nada, eles vão acabar matando você. – ela soluçou entre as lagrimas.

- Não me importo! Tenta se acalmar,vou tirar você e o seu marido disso.

- Calada as duas! – gritou o homem.

Nós trocamos um olhar intenso antes da latina abaixar a cabeça contra seus joelhos.

[...]

Eu não sei quanto tempo passou, mas fui acordada assim que as portas da van se
abriram. Os homens nos tiraram do interior do carro de forma bruta, de um por um.
Pela aparência do lugar, estávamos dentro de um galpão antigo e abandonado. O
lugar era dos piores possíveis, mas servia perfeitamente bem para o objetivo dos
criminosos ali presente.

- Coloquem eles na sala dois. – o mandante exclamou.

- Por favor, não nos matem. Nós podemos oferecer todo o dinheiro que quiserem. –
Camila murmurou.
- Eu acho bom que tenha muito dinheiro, madame. – disse ele ao se aproximar de
Camila. - Ou vai ter que pagar de outra forma.

- Se afasta dela! – gritei.

- Meu Deus, eu vou ter que matar você. – ele se aproximou de mim enfurecido. –
Apaguem ela!

- Não! – Camila gritou. – Lauren!

Um dos homens me puxou com força, guiando-me em direção a uma das salas.

- Não façam nada com ela, por favor! Por favor! – a morena estava desesperada. –
Lauren!

- Calada! – o mandante ordenou ao acertar um tapa no rosto de Camila que caiu no


chão.

Meus olhos se arregalaram, e eu tentei correr em sua direção, mas as cordas ao redor
de meu corpo e o homem me impediram de realizar qualquer movimento.

- Seu filho da puta! – gritei.

- Apaguem elas!

Eu me contorcia nos braços do homem, enquanto via Camila sendo levada para
dentro da sala. Eu não sabia explicar o que estava sentindo, mas ver aquela situação
passando diante de meus olhos, e não poder fazer absolutamente nada, estava me
enlouquecendo de uma forma desesperadora.

- Camila!

Ela chorava de forma desesperada enquanto pedia ajuda; ajuda que eu não poderia
dar. Meus olhos se mantiveram sobre o corpo da latina, que estava sendo arrastada
para uma das salas. Até que um dos homens se aproximou de mim, forçando um
pedaço de pano contra meu nariz e boca. O aroma exageradamente forte estava me
deixando tonta. Minha visão que até poucos segundos era nítida se transformou
apenas em um borrão. E antes de perder totalmente os sentidos, eu só pensava em
uma única coisa:

Eu teria que salvar Camila.


Agora sim o tempo fechou. O que estão achando??

Os erros eu arrumo depois, beijinhos e até o proximo.


Capítulo 19 - Xeque

CHEGAMOS!

Voltamos bem mais rápido do que imaginaram, não é mesmo? Já superaram o


capitulo anterior? Estão preparados para tudo que está por vir? Espero que sim.
Senão, preparem seus calmantes, o jogo agora vai ficar bem mais pesado. Esse com
certeza é um dos meus capítulos favoritos, e vocês vão saber exatamente o porque. -
Evelin.

Vou primeiro falar que temos uma parceria ótima ao fazer a fic, uma pensa, a outra
completa e outra executa, ou tudo junto, ou sei la, é e sempre será assim, esse
capitulo venho dedicar a pessoas importantíssimas pra que essa fic caminhe, nossas
inspirações e experiências pessoais fazem parte de todos personagens um pouco.. E
enfim, formamos o que queremos, obrigada pela parceria mais que certa de vocês, e
esse capitulo dedico a nós mesmas, porque nós somos fodas e vamos dar tiros nesse
capitulo pra caralho, quem não está acostumados com os tiros, sugiro que ja deite
em algo macio, porque vai tombar gostoso - Sindy.

"Quero dedicar esse capitulo maravilhoso, para as pessoas que criaram esse cap..
Essa estória. Que coisa maravilhosa. Se fosse comigo, eu ficaria de boca aberta..
Olha.. Parabéns para as autoras.. Sem falsa modéstia, está espetacular. Continuem
assim .

Mas por fim, quero dedicar esse cap pra Cissa, que porra.. Tu é inteligente pra
caralho, tem nem graça brincar contigo. Pra Juh e a pra Amanda, do ficsquad que me
torram a paciência por causa de Xeque-mate e pra bebe Femo, de novo.. Aguardando
ansiosamente pra gravar os vídeos e postar no Twitter kkkk e galera, por favor,
escutem as musicas do cap, é de extrema importância. E mais um detalhe: leiam
deitadas, pq sinceramente, esse cap está cheio de tombos. Adoro vocês kkkk -
Larissa.

Nossa, meninas. Adorei as dedicações, melhor impossível, somos demais mesmo.


Amo vocês autoras mais legais desse mundo. - Evelin.

Agora vamos lá...

Para esse capitulo eu quero que usem duas musicas. A primeira será Gansta -
Kehlani, a segunda é Psycho - Muse. Por favor, escutem quando for indicado, é de
total importância para dar o clima ao capitulo.

Link da
playlist: https://open.spotify.com/user/evelinsilva17/playlist/1qQbAwuw4mxVbeBYST
kvv8

ATENÇÃO: Não nos responsabilizamos por qualquer tipo de surto, danos ao


psicológico de nossos leitores e etc.

Agora sem mais papos, aproveitem o tombo, ou melhor, o capitulo.

O lugar era grande, mal iluminado, e totalmente afastado da cidade. Foi uma perfeita
escolha para executar meu plano. Nada poderia dar errado naquele momento, e nem
nos acontecimentos futuros. Tudo foi minuciosamente pensado, trabalhado, e
executado, para que nada pudesse atrapalhar aquela jogada. Afinal, aquilo não era
um mero jogo de sorte, mas sim, de estratégia. Só os melhores e mais fortes
jogadores sobreviviam na selva desigual daquele tabuleiro chamado vida real. E eu
mostraria que minha entrada naquela partida só havia um único objetivo: ganhar.

"Os coloquem naquela sala!"

[Inicie a musica – Gangsta – Kehlani]

Ouvi a voz grossa e masculina gritar ao fundo, ecoando pelo espaço extenso do
galpão abandonado. Eu caminhei lentamente para dentro de uma das salas, bem
melhor arrumada do que a que as vitimas de minha pequena brincadeirinha ficariam.
Ouvi os passos pesados no piso frio logo atrás de mim, cuidando para me servir.
Caminhei até o centro do enorme cômodo, onde havia uma mesa com três poltronas
ao redor, e um pequeno sofá de couro preto; do lado esquerdo da sala uma pequena
bancada com uma cafeteira elétrica e garrafas de bebidas alcoólica. Creio que deva
ter sido o melhor que conseguiram fazer para me trazer o mínimo de conforto
durante aqueles momentos ali.

- Me desamarre. – ordenei de forma séria.

O homem agora com o rosto livre do pano preto que o cobria, assentiu rapidamente,
aproximando-se de mim em alguns segundos, para finalmente desatar o nó na corda
que rodeava meus pulsos. Aquela merda estava me deixando com marcas vermelhas
na pele.

- Rainha. – murmurou o outro, quase em tom de respeito, ao se aproximar com uma


pequena maleta prateada.

Esfreguei meus dedos sobre as marcas vermelhas em meus pulsos, e só então virei
em sua direção. Encarei um dos capangas com um olhar superior, até erguer minhas
mãos até as travas da maleta prateada estendida sobre suas mãos. Movi os polegares
sutilmente para destravar a maleta que se abriu, dando-me uma vista perfeita de
meu brinquedinho favorito. Um sorriso nasceu em meus lábios ao encarar a pistola
dourada de calibre 45 que reluzia no interior daquela maleta.

- Ah, que saudade de você querida.

Levei uma das mãos até o objeto pesado e valioso. Meu brinquedinho era totalmente
banhado a ouro, tendo apenas alguns detalhes de cor preto no cabo, onde continha
as iniciais de meu nome cravadas em ouro dourado. O homem me encarou com um
olhar receoso antes de fechar a maleta e se afastar. Segurei a pistola com firmeza
com uma das mãos, e com a outra deslizei a ponta de meus dedos pelos detalhes da
arma. Eu me sentia tão mais poderosa com ela em mãos, como se eu ganhasse super
poderes. Como se nada e nem ninguém pudesse me afetar.

Como se Karla Camila Cabello fosse à rainha mais poderosa desse mundo.

- Mal posso esperar para usar você outra vez.

Ergui a pistola dourada, deixando meu braço totalmente reto, sendo apoiado pela
palma de minha mão na parte inferior do cabo da arma. Fechei um de meus olhos,
para conseguir mirar de forma precisa no pequeno copo repousado sobre a janela no
fundo da sala. Engatilhei a arma lentamente, ouvindo aquele pequeno barulho que
fazia o sangue correr mais rápido em minhas veias. Eu sentia a adrenalina se
espalhar, e aquela sensação prazerosa de poder imensurável tomar conta de mim
cada célula existente em meu corpo, causando aquele maldito frenesi.

- Essa é para você Christopher.

Foram minhas palavras antes de apertar no gatilho de minha pistola. O barulho alto
do disparo, seguido pelo estouro do corpo de vidro me fez sorrir satisfeita. Olhei para
os cacos de vidro no chão, e consequentemente o buraco feito na janela. Eu ainda
sabia fazer aquilo perfeitamente bem.

- O que foi isso? – perguntou um dos capangas ao entrar na sala.

- Estava apenas brincando. – falei com um sorriso quase diabólico ao apontar a arma
na direção do mesmo.

- Senhora... – murmurou ao recuar dois passos.

- Tem medo? – perguntei ao caminhar na sua direção.

Ele nada respondeu, apenas continuou a me fitar com seus olhos vacilantes.

– É bom que tenha mesmo. – murmurei ao passar ao lado dele, saindo daquela sala.

Caminhei lentamente pelo corredor escuro e extenso do segundo andar daquele


galpão. A baixa luminosidade dava um ar muito mais sombrio aquele lugar, suas
paredes com tintas desgastadas e o piso sujo e empoeirado contribuía para o mesmo
aspecto.

- Senhora. – o mandante cumprimentou ao se aproximar.

Encarei o moreno alto, de corpo relativamente forte. Ele devia estar na faixa de seus
trinta e poucos anos, tinha os cabelos bem cortados e escuros como seus olhos. Era
um velho conhecido que não se recusou em fazer serviços em troca de uma boa
quantia em dinheiro.
- Onde estão eles?

- Estamos colocando naquela sala. – informou ao apontar para a porta a poucos


metros de nós. – Camila, meus homens não estão satisfeitos com a quantia.

- Posso saber por quê? – perguntei com o cenho franzido.

- Pensamos que a tarefa seria mais fácil. Um deles foi baleado, e o outro teve o nariz
quebrado por aquela mulher.

Um pequeno sorriso escapou de meus lábios ao lembrar exatamente dos momentos


em que Lauren movida pela fúria os atacou para me defender.

- Eu não tenho culpa se escolheu os homens errados. Foram lentos e incompetentes.


E dá próxima vez que me baterem com força, eu vou ser obrigada a descontar. – dei
um passo à frente. – E você sabe que posso ser bem pior.

Ele nada falou, apenas engoliu em seco e assentiu.

- Ótimo.

Segui caminho no corredor em direção a sala onde Lauren e Christopher estavam


sendo colocados. Ao abrir a porta enferrujada, pude ver um dos capangas jogarem o
corpo amarrado de Lauren no chão, sem qualquer tipo de cuidado. E como se não
bastasse, o mesmo homem chutou seu estomago com força, fazendo o corpo da
mulher virar para o outro lado. Em uma fração de segundos meu sangue inteiro
ferveu, e eu adentrei aquela sala movida com o ódio tomando conta de todo meu
corpo. Puxei o infeliz pela camisa com força, empurrando-o contra a parede suja do
lugar.

- O que você pensa que está fazendo? – indaguei nervosa ao segurar em seu casaco,
e apontar minha pistola contra seu queixo.

O homem arregalou os olhos, e deixou que uma respiração pesada e surpresa


deixassem sua boca. Nenhum outro companheiro ousou se aproximar e impedir
aquele momento. Trinquei a mandíbula, e pressionei a ponta do cano da arma com
força em sua cabeça. Ele era o homem que teve seu nariz quebrado por Lauren.

- Se você encostar em um fio de cabelo dela outra vez, eu juro que descarrego todas
essas balas em sua cabeça. – minhas palavras saíram frias, quase cortantes. Ele se
manteve imóvel com os olhos fechados, devido ao medo de que eu pudesse fazer
algo. - E eu vou fazer isso com todo prazer. Entendeu bem?
Ele piscou mais vezes do que deveria, e assentiu. Eu soltei seu casaco com força,
empurrando seu corpo mais uma vez contra a parede.

- Saiam todos daqui! Agora! – gritei.

Os homens rapidamente obedeceram minhas ordens, e se retiraram daquela sala.


Assim que a porta se fechou eu me aproximei do corpo de Lauren, me ajoelhei ao seu
lado, repousando minha pistola no chão. Acomodei-me da melhor maneira para em
seguida puxar a mulher para mais perto, repousando sua cabeça sobre meu colo.
Lauren tinha uma expressão serena, como se nem sequer soubesse o que se passava,
e realmente ela não sabia.

- Me desculpe por isso, mas eu simplesmente não posso fazer diferente. – sussurrei
ao tocar com a ponta de meus dedos em seu rosto tão delicado. – Você não estava
nos meus planos, Lauren.

Eu suspirei, e deslizei o polegar sobre a maçã de seu rosto, até chegar ao contorno de
seus lábios.

- Talvez você seja a única que pode me fazer cair nesse jogo. – minha mão deslizou
sobre seus cabelos, em um carinho suave. – Mas não posso deixar isso acontecer.

Segurei delicadamente em sua cabeça, repousando sobre o chão devagar. Eu me


levantei, e fitei a sala por completo. Do outro lado estava Christopher, amarrado e
jogado sobre um colchão velho. Eu me aproximei dele, e puxei seu corpo pesado com
certa dificuldade para fora do objeto macio; arrastei o colchão até o corpo de Lauren.
E com menos dificuldade empurrei o corpo da jovem mulher para cima do colchão
relativamente macio; desatei o nó e retirei a corda ao redor de seu corpo, para em
seguida amarrar apenas seus pulsos.

- Acho que está melhor assim. – murmurei para ela, como se ela pudesse
me ouvir. – Eu não vou deixar que ninguém machuque você outra vez, tudo bem?
Você vai sair daqui logo, eu prometo. – foram minhas palavras antes de depositar um
beijo sobre seus lábios.

Soltei um sorriso para a mulher e, peguei minha pistola no chão. Caminhei com ela
em direção ao homem que todos julgavam ser meu marido e, de acordo com os
termos da lei, realmente era.
[Inicie: Psycho – Muse]

- E você, querido?

Puxei o corpo do homem com força, encostando-o na parede para que ele ficasse
sentado. Christopher assim como Lauren estava desacordado. Sua cabeça pendia
para frente; então puxei em seu cabelo com força, obrigando supostamente me
encarar.

- Está gostando da minha brincadeirinha, rei?

Um sorriso deixou meus lábios ao encarar o homem a minha frente; confesso que
tudo aquilo me era prazeroso. Ver Christopher Collins daquele jeito me trazia uma
sensação de felicidade e satisfação.

- Imagino que sim, não é? Você adora joguinhos pesados, pena que agora eu sou a
dona de tudo.

Minha mão livre segurava em seu cabelo, no topo de sua cabeça; com a outra eu
levei minha arma até seu rosto, deslizando o cano dourado sobre a pele de seu rosto.

- Eu sou a rainha, Collins. E ao contrario do que imaginam os outros, o rei é a peça


mais fraca desse jogo.

O objeto dourado e duro deslizava com força sobre os lábios desenhados de meu
marido, subindo em direção a maçã de seu rosto, passando por suas têmporas.

- Foi tão fácil te manipular. Me custa acreditar que tenham medo de você. – uma
risada baixa deixou minha boca. – Se acha tão esperto, mas é apenas um projeto de
inteligência barata.

Soltei seu cabelo, vendo sua cabeça pender para frente novamente. Eu fiquei de pé, e
ajeitei meu vestido vermelho, agora um tanto amarrotado.

- Hoje é um dos melhores dias da minha vida, meu amor. Apenas o primeiro, é claro.
– eu suspirei, dando pequenos passos com meus saltos finos. – Não vejo à hora de
me livrar de você, não sabe o quanto fui paciente todos esses anos.

Eu caminhava lentamente de um lado para o outro, acariciando minha pistola,


enquanto conversava com ele, como se ele estivesse à altura de me responder.
- Aturar você não é uma tarefa fácil. Ter que bancar a boa esposa, e agüentar o sexo
horrível que você me dá é um saco. – soltei com sarcasmo. – Você fode muito mal,
meu amor. Desculpe ter que dizer isso.

Continuei a caminhar, sem tirar os olhos de seu corpo no chão.

- Mas tudo tem o seu porque, e um dia você vai saber. – eu me abaixei novamente,
puxando seu cabelo como há alguns minutos atrás. – Se eu não matar você primeiro,
é claro.

Eu fiquei calada apenas o fitando, o sorriso de satisfação não queria deixar meus
lábios.

- Já pensou em como quer morrer? – perguntei ao deslizar a ponta da arma


novamente em sua cabeça. – Eu já pensei em como você deve morrer.

Puxei a arma lentamente e, deslizei minha língua sobre toda a extensão do cano
dourado e perfeitamente polido de minha pistola, antes de apontar no centro de sua
testa.

- Pow pow. – imitei o barulho dos disparos com um sorriso. – Você é um otario
mesmo.

Flashback On.

Seis anos atrás...

Caminhei entre o aglomerado de pessoas que se encontrava distribuído no salão de


festa. Meus olhos focaram no moreno de olhos claros que conversava com um grupo
de homens que bebiam e riam sobre assuntos desconhecidos por mim. Um garçom
passou ao meu lado e gentilmente me entregou uma taça de champagne; eu o
encarei com um olhar confuso, pois não havia pedido nada.

- Foi aquele rapaz que me mandou entregar. – o loiro apontou para quem
eu mais queria.

Christopher tirou a atenção de seus amigos e, me encarou com um sorriso galante


nos lábios. Não podia se negar a beleza estonteante do homem, ele era sofisticado e
elegante. Eu segurei a delicada taça de cristal e lhe lancei um sorriso. Ele devolveu o
sorriso e ergueu a que estava em sua mão.

- Obrigada. – eu disse ao garçom que logo se retirou.

Olhei mais uma vez para o glorioso alvo que agora caminhava em minha direção. Eu
fechei os olhos por breves segundos, respirando lentamente.

"Vamos lá Karla, é apenas o inicio desse jogo."

- Com licença. – disse ele de forma educada.

Eu virei em sua direção com um dos meus melhores sorrisos.

- Posso saber como você se chama?

- Me chamo Karla Camila.

Christopher estendeu a mão para mim como um bom cavalheiro, e eu rapidamente


repousei a minha sobre a dele em um cumprimento.

- Sou Christopher Collins, muito prazer.

- O prazer é meu.

Aquele era apenas a primeira casa a ser avançada, diante de um tabuleiro inteiro a
minha espera. Não seria um jogo fácil; pelo contrario, eu estava lidando com
jogadores bem maiores do que eu julgava ser naquele momento. Mas eu sabia de
minha capacidade, e do que teria que fazer para cruzar todas as etapas e em tornar
rainha. E eu faria, daria absolutamente tudo de mim para que esse dia chegasse. Eu
derrubaria o rei com gloria.

Um ano depois...

- Você está me deixando nervosa, amor. – murmurei para ele que sorria a minha
frente.

Estávamos em um dos restaurantes favoritos de Christopher, ele só gostava de ir


aquele lugar para comemorar situações importantes. A ultima vez em que viemos, ele
havia se tornado o maior empresário do ramo de petróleo do mundo, o que não me
importava em nada, é claro, mas o teatro estava livre. Depois de quatro meses em
um envolvimento regado a encontros e sexos terríveis para mim, o jovem homem me
pediu em namoro, e eu prontamente aceitei. Nosso relacionamento era perfeitamente
estável, já que eu cuidava sempre de ser a melhor namorada de todas. Eu havia me
tornado a mulher que todo homem egocêntrico e imbecil como Christopher adoraria
ter, uma perfeita submissa as suas vontades, independente de quais fossem. Eu me
propus aquilo, e iria até o fim por um único objetivo.

- Eu também estou bem nervoso, Camila. – ele gesticulou um pouco com as mãos. –
Mas quero fazer isso logo.

- Fazer o que, amor?

Eu estava realmente nervosa, mas porque sabia o que iria acontecer, e sabia também
o quanto aquilo seria de extrema importância para meus planos. Eu o encarei com um
falso olhar nervoso, a espera de apenas um pedido.

- Isso. – ele disse ao abrir a pequena caixa de veludo preto. – Todos sabem que sou
louco por você, e que ninguém antes havia me deixado dessa forma. Eu sou
apaixonado por você, Camila. E eu quero que case comigo.

Eu olhei para o anel de diamante no centro da pequena caixa de veludo e, logo em


seguida em seus olhos claros e receosos. Eu vibrei em meu interior, tudo estava
acontecendo como eu queria e havia planejado.

Mais uma casa avançada.

- Você aceita se casar comigo?

- É claro que aceito, meu amor. – com largo e falso sorriso eu me aproximei dele e o
abracei apertado.

- Eu estou tão feliz, Camila. – murmurou ao me afastar.

Ele me encarou com um sorriso largo, e capturou minha mão. Onde deslizou
delicadamente o lindo e caro anel de noivado.

- Eu também estou, querido.

Eu encarei o anel de diamante repousado em meu dedo anelar com um sentimento de


vitoria. Mais uma etapa concluída.
"Você é melhor nesse jogo do que imagina, Camila." Aquela voz em meu
subconsciente murmurou.

Vou te dar a vida que você merece. – sussurrei com um sorriso de canto para meu
futuro marido.

Flashback off.

- Está gostando da vida que você merece? – perguntei ao solta-lo novamente. –


Corno.

Eu me afastei dele, vendo seu corpo cair para o lado totalmente mole. Lancei um
olhar para Lauren que permanecia da mesma maneira. Até que ouvi algumas batidas
na porta.

- Senhora. – um dos capangas adentrou a sala. – Já estão a sua espera na outra sala.

Eu apenas assenti para ele que se retirou em seguida. Eu lancei um ultimo olhar para
Christopher, e depois me aproximei de Lauren novamente.

- Eu vou resolver umas coisinhas, mas não se preocupe. Eu estou aqui para proteger
você. – sussurrei depositando um beijo em sua testa.

Me levantei novamente, e arrumei o vestido em meu corpo, em seguida passei uma


das mãos em meus cabelos e caminhei para fora daquela sala. Avistei os homens no
primeiro andar em uma conversa entretida, e voltei a caminhar para a sala inicial. Ao
entrar em minha sala, deparei-me com quem estava a minha espera.

Torre. Bispo.

- Estava visitando seus encarcerados? – Dinah perguntou com um sorriso cínico. – Ou


devo dizer de seus amores?

Rolei os olhos de forma impaciente, e caminhei até a mesa que foi reservada a mim.
Larguei minha pistola sobre a mesma, e segui até a compactada bancada de bebidas,
onde me servi de uma pequena dose de whisky.

- Estão atrasadas. – disse ao despejar os cubos de gelo no interior do copo.

- Eu disse para Dinah que deveríamos vir antes, mas ela não me escutou. – Normani
murmurou ao se sentar ao lado de sua namorada.
Assim que soubemos da entrada de Lauren Jauregui como investigadora do roubo da
Collins, feito por Dinah e eu, é claro. Tivemos que tomar decisões mais adequadas
para reforçar nosso lado e não sermos descobertas. A entrada de Normani foi
totalmente inesperada por mim, mesmo tendo conhecimento de seu relacionamento
com Dinah, jamais imaginei que a mulher se renderia as vontades da mais nova e nos
ajudaria em um plano tão arriscado. A bela negra tinha uma carreira policial, e
mesmo assim aceitou servir de infiltrada na operação de Lauren que por pura
coincidência do destino precisava de novos agentes. Normani era os nossos olhos, nos
mantinha informada a todo instante, deixando-nos sempre a um passo a frente de
todos.

Flashback on.

Cruzei a enorme extensão daquela sala, ouvindo o barulho de meus passos sobre o
assoalho desgastado daquele galpão abandonado. Olhei pela janela de vidro, suja por
falta de cuidado, o movimento quase nulo de pessoas ao lado de fora, o horário já
não era propicio para ter tantas pessoas na rua. Fitei meu relógio pela quarta vez em
menos de vinte minutos, os ponteiros pareciam se mover mais lento que o normal, ou
talvez apenas fosse à ansiedade do momento. Já passava das duas da madrugada,
Christopher estava devidamente dopado em sono profundo em casa, mas eu não
poderia abusar do tempo e muito menos da sorte, foi quando a luz de um farol
chamou minha atenção. O carro mais do que conhecido por mim estacionou bem a
frente da porta lateral do galpão. Os faróis se apagaram, fazendo o carro negro quase
se perder em meio à escuridão da noite. Afastei-me da janela, e caminhei em direção
a uma das mesas que havia ali, servindo-me de uma boa quantidade de whisky
depositada em uma bela e refinada garrafa. Despejei algumas pedras de gelo no
copo, juntamente do álcool que lá já estava. Movi o liquido de um lado para o outro,
antes de erguer até meus lábios, tomando um gole significativo da bebida, o que fez
minha garganta aquecer.

- Desculpe a demora, eu tive que passar para buscar alguém. – Dinah


falou ao abrir a porta e entrar na sala.

Abaixei o copo sobre a mesa e encarei com uma expressão confusa.

- Alguém? Do que está falando?

- Calma, eu vou explicar.


- Acho bom que explique. – me virei em direção à procura de um lugar para sentar.

Ouvi um suspiro pesado e passos lentos, informando que ela se aproximava. Sentei
na poltrona estufada, para relaxar meu corpo e manter a calma.

- Bom...Você sabe que da ultima vez que tentamos não deu muito certo, lembra?

Ergui o copo de whisky novamente até os lábios, que logo foram molhados pelo álcool
de aroma tão forte. Um gole, apenas.

- Sim.

- Devido a isso, eu pensei que precisaríamos de mais alguém para nos ajudar. E tratei
de procurar alguém de confiança que se unisse a nós. E bom, eu encontrei.

- Eu não acredito que você fez isso. – bufei em irritação.

- Era a melhor escolha.

- Você deveria ter me perguntado! Como toma uma decisão sem mim?

- Era a melhor saída.

- Que seja, poderia ter falado antes de fazer.

- Você não aceitaria. – ela exclamou um pouco mais alto.

- Obvio que não, é perigoso!

- E quer ficar na mesma? Você viu que a ultima vez foi um fracasso. Entramos no
sistema, mas o setor financeiro estava bloqueado.

- Poderíamos resolver isso. Com um tempo e um bom trabalho. – soltei impaciente.

Levantei da poltrona, caminhando em direção a janela de vidro novamente. Eu


respirei fundo, tentando manter a calma para não explodir naquele momento. Invadir
o sistema da Collins e ter aquele dinheiro era uma questão de honra, e eu não
poderia deixar que nada, absolutamente nada desse errado. Mas, colocar mais uma
pessoa dentro do esquema não estava em meus planos, nunca esteve.

- Eu resolvi isso por nós. A solução é perfeita, e totalmente confiável. Não sairá nada
daqui.

- Como posso ter certeza? – exclamei ao me virar, e fitar aqueles olhos receosos.

Eu vi seu peito subir e descer em uma respiração forte, como se estivesse tomando
forças para manter sua decisão firme. Dinah era tão teimosa quanto eu.

- Dou a minha palavra. – seu tom de voz saiu confiante como de um rei ou melhor de
uma rainha.

Ficamos em silencio por alguns segundos, como se estivéssemos selando um novo


acordo. Suspirei pesado, mas aceitei em um breve aceno com a cabeça.

- Mande entrar.

Vi um sorriso vitorioso nascer ali. Neguei com a cabeça, enquanto seus passos foram
em direção a porta, na qual abriu devagar.

- Bom, apresento a você, o nosso bispo.

Meus olhos se estreitaram na direção daquela mulher que me analisou


minuciosamente. Por uma fração de segundos eu senti aquela insegurança tomar
conta, ter uma nova peça naquele jogo não era tão simples quanto parecia ser. Ainda
mais quando eu já a tinha visto antes, e não era do nosso lado que ela se mostrou
estar. A atenção agora seria redobrada.

- Bispo?

- Creio que é uma peça importante. E o que nos faltava. Não dizem que o bispo é
uma peça um tanto rápida? Que se tiver o caminho livre pode ter um bom proveito? –
perguntou ao se servir de um pouco de whisky.

- Sim, claro. – disse sem tirar os olhos de nossa nova peça.

- E pode manter a calma. O bispo não pula por cima de outra peça, e só segue na
seqüência de casas da mesma cor. Ou seja, a nossa cor. – completou ao tomar um
gole do álcool. – Eu sou a torre, e consegui um bispo para você.

- Você confirma isso? – perguntei ao "bispo".


- Com toda certeza. Sei que não tenho sua confiança ainda, mas terei logo. Vou
ajudar na derrubada do rei. – Normani disse de forma precisamente confiante."

[...]

Caminhei de um lado para o outro sem parar, aquela maldita sensação de ansiedade
estava me consumindo. Estávamos a mais de uma hora e meia de frente para aqueles
computadores, o processo para entrar no sistema estava bem mais complicado do
que dá ultima vez. As seqüências de números e letras pareciam infinitas, corriam
sobre a tela do notebook utilizado por Normani. Respirei fundo, e procurei me
concentrar. A sala era mal iluminada por uma lâmpada amarelada ao fundo, o brilho
da tela dos computadores mantinha nossa atenção presa, enquanto nos rendia uma
boa dose de tensão e ansiedade se algo ali desse errado.

- Pronto! Temos que agir rápido. Vamos! - ouvi ela falar com a atenção concentrada
na tela do notebook de ultima geração.

- Conseguiu? – perguntei com certo nervosismo.

- Acho que sim. Mas vamos precisar da chave, para que o sistema não identifique o
corpo estranho. Depressa! O sistema congelou.

- Deixe nas minhas mãos, agora é minha vez.

Estávamos em uma conexão tripla, cada maquina tinha um trabalho para fazer.
Normani abriu o caminho, para que eu entrasse livremente no sistema e retirasse o
que me interessava. Dinah apenas esperava pela quantia, que seria enviada para
uma conta fora do país. Comecei a digitar a seqüência numérica em uma rapidez fora
do comum, enquanto meus olhos corriam pelos números que apareciam na tela
luminosa.

- Não temos muito tempo. O sistema está paralisado.

Ouvi a voz de Normani ao fundo, como se eu estivesse a muitos metros longe.

- Estou quase lá... – disse, sem parar de digitar os números que dariam livre acesso.

Eu poderia ouvir as batidas de meu coração, forte e frenético. Naquele momento,


toda minha concentração estava ali. Digitei o ultimo numero, e cliquei no pequeno
botão à esquerda. Quando uma nova janela se abriu na tela, informando a seguinte
frase "Sistema financeiro liberado". Um sorriso escapou de meus lábios, atraindo a
atenção da torre que se aproximou com rapidez.

- Espero que esse sorriso seja de coisa boa. – Dinah murmurou esperançosa.

- Mantenha a atenção, vou transferir a quantia. – disse.

A adrenalina que corria em minhas veias naquele momento me proporcionava um


prazer quase indescritível. O frenesi de fazer aquele momento acontecer tomava
conta de mim. Os números da conta da Collins Enterprise estavam ali, bem a minha
frente reluzindo.

- Ah, Christopher, você não sabe com quem se meteu. – sussurrei ao digitar a
quantia desejada.

- Um pouco mais rápido, o tempo vai estourar. – Normani exclamou nervosa.

- Vai pagar pelo que fez.

Confirmei a transferência, vendo a pequena tarja ser preenchida rapidamente, e


consequentemente a caixa de mensagem com a frase

"Transferência concluída"

- Pronto, avançamos algumas casas. Logo chegarei a você, rei.

Flashback off.

- Dinah anda um pouco rebelde nos últimos tempos. – murmurei a contragosto.

Já havia algumas semanas que minha relação com Dinah estava um tanto fragilizada.
Nas ultimas vezes que nos encontramos, qualquer assunto se resumia em como
nosso plano poderia dar errado com minhas decisões. Tudo aquilo era causado pela
idéia de que a entrada de Lauren, e a minha proteção sobre a mesma colocaria tudo a
perder.

- E não só eu, não é Camila? – Ela se levantou com um sorriso sarcástico no rosto. –
Anda trabalhando sozinha ultimamente.

Eu fechei os olhos e respirei fundo, tentando manter a calma. Levei o copo de whisky
até meus lábios, deixando que o liquido frio entrasse em contato com minha boca.

- Nenhuma das minhas decisões foram executadas sem seu conhecimento. Todas
passaram por você, Dinah.

Ela soltou uma risada sarcástica.

- Tenho que concordar, mas não podemos esquecer que você não me deu direito de
revogá-las.

- Não precisavam ser revogadas. Elas tinham que ser assim. Não deu nada errado,
deu?

Nós nos encaramos no centro da sala, sem desviar o olhar. Havia um conflito de
idéias, de opiniões, que não seriam mudadas. O plano inicial havia sido parcialmente
modificado de ultima hora, pela interferência de Lauren.

- Tinham? Nós tínhamos mesmo que perder 5 milhões de dólares por causa do seu
romancezinho?

Bufei irritada pela insistência da mais nova em recorrer à discussão desnecessária


sobre aquele assunto.

Flashback on.

Depois de ver a maneira como Lauren havia sido intensamente humilhada por
Christopher, logo após o segundo roubo de cinco milhões de dólares, algo em meu
interior quis ajudá-la, quis que ela mostrasse aquele homem que era sim capaz de
avançar naquele caso. Mas ajudar Lauren, era o mesmo que recuar uma casa no
tabuleiro. Eu estaria disposta aquilo?

- Droga, Camila...Não interfira nisso. – murmurei para mim mesma ao levar o cigarro
até meus lábios.

Suguei com força e depois de alguns segundos deixei que a fumaça deixasse meus
lábios em um assopro suave. Olhei para dentro do quarto, vendo Lauren deitada na
cama que era de Christopher, ou melhor, nossa. A jovem mulher dormia serenamente
depois de um jantar aconchegante e belas horas de um sexo fodidamente
maravilhoso. Minha cabeça estava fervilhando com as idéias que pairavam depois de
muitas conversas. Os cinco milhões haviam sido nossa maior quantia até o momento,
nosso maior trunfo. É claro que tínhamos a intenção de tirar muito mais, o suficiente
para deixar Christopher totalmente na miséria, mas tudo precisava ser feito com
calma e paciência. Ajudar Lauren era colocar nosso trabalho por água abaixo, mas
algo em mim dizia que era o correto a se fazer.

- Você vai me perdoar por isso. – murmurei ao entrar no quarto, e pegar o meu
aparelho celular.

Disquei o numero de Dinah que em pouco tempo me atendeu com uma voz
sonolenta.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntou minha melhor amiga.

- Sim, eu preciso que faça uma coisa importante.

- O que é tão importante que não poderia ser contado amanhã?

Eu suspirei e traguei mais um pouco do pequeno cigarro entre meus dedos.

- Não quero que retire o dinheiro da conta de Heitor. – falei ao soltar a fumaça
novamente.

Um breve silencio pairou durante a ligação; Dinah suspirou pesado do outro lado me
fazendo pensar se ela havia pegado no sono outra vez.

- Está ficando louca? – perguntou incrédula. – Você sabe que essa conta é só uma
passagem, logo vamos dividir as quantias para nossas contas no exterior.

- Eu sei, Dinah. Mas eu quero que ele continue lá. E quero que diga para Normani
desbloquear o sistema do notebook pego por Lauren.

- Você está bêbada, não está? Ela ter pego aquele notebook foi um erro nosso!
Esquecemos aquela merda lá, e Normani bloqueou para que ela não pudesse tirar
informações dele.

- Eu sei disso tudo. Mas agora estou mandando que ele seja desbloqueado! – falei
pausadamente, e logo lancei um olhar em direção a Lauren que permanecia imóvel.

- Nós vamos perder todo o dinheiro. Você enlouqueceu?

- Nós vamos perder agora, mas vamos ganhar muito mais depois.
- Nada disso! Você sabe que a cada dia que passa está ficando mais difícil de retirar
dinheiro daquele inútil. Eu não vou perder esse dinheiro.

- Dinah, faça o que estou pedindo, ok?

- Eu posso saber o motivo?

- Não agora.

- Você está fazendo isso por ela, não é?

- Claro que não! Só precisamos recuar um pouco, e depois voltar a avançar. – tentei
parecer convincente.

- Você acha mesmo que me engana, Camila? Está fazendo isso por aquela delegada.
Não percebe que tudo isso é um erro?! Vai colocar tudo a perder por uma maldito
envolvimento.

- Merda! Não vai dar nada errado. Faça isso de uma vez! – exclamei em um tom mais
alto e irritado.

- Eu não vou fazer isso, Karla. – Dinah exclamou do outro lado da linha.

- Sim, você vai. Eu quero esse notebook desbloqueado antes do amanhecer. É uma
ordem. – desliguei o telefone celular, vendo Lauren se remexer sobre a cama.

Caminhei lentamente em direção a suíte, depositei o celular sobre uma cômoda.

- Pensei que estivesse dormindo.

- Estou e não estou.

Eu sorri com a maneira sonolenta como ela falava, Lauren estava visivelmente
exausta de todo o ocorrido aquele dia. Levei o cigarro até os lábios, e traguei
suavemente enquanto caminhava em sua direção. Subi na cama devagar, e me
acomodei sobre o corpo delicioso da delegada, de maneira que eu ficasse sentada
sobre seu quadril. Lauren estava totalmente nua, assim como eu, exceto por meu
robe quase transparente. Encarei seus olhos atentos, e ergui a cabeça para soltar a
fumaça para o alto.

- Estava falando com alguém? – perguntou ao bocejar em seguida.


Senti meu coração fraquejar naquele instante. Será que ela tinha ouvido alguma
coisa?

- Não, eu estava fumando apenas. Desculpe ter te acordado.

- Não tem problema, eu consigo dormir facilmente. – disse ela com uma risada
sonolenta e divertida.

- Vejo que sim.

Lauren me encarou por longos instantes, e eu me permiti fita-la da mesma forma. A


mulher tinha uma beleza incrivelmente surreal, arriscaria dizer que era uma das
mulheres mais belas que meus olhos tiveram a oportunidade de contemplar. Levei o
cigarro novamente até meus lábios, para dar uma ultima tragada; puxei o ar com
força e ao retirar o pequeno cigarro dos lábios, inclinei minha cabeça para frente, de
modo que meus lábios roçassem sobre os de Lauren. Ela permaneceu parada, quando
lentamente assoprei a fumaça para o interior de sua boca; a mulher sugou tudo como
se saboreasse aquilo da melhor maneira possível. Eu senti uma de suas mãos
repousarem sobre meu queixo, onde segurou e puxou para tomar meus lábios em um
beijo intenso e carregado de tesão.

[...]

Acordei com os murmúrios de Lauren ao telefone. Sua voz soava alto e


aparentemente animada. Me sentei na cama lentamente, vendo a mulher adentrar
meu quarto enquanto catava suas roupas espalhadas pelo chão.

- O que está fazendo, Lauren?

- Eu preciso ir à delegacia.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntei um tanto confusa devido ao sono.

Ela vestia a calça jeans rapidamente, enquanto tentava achar sua blusa pelo cômodo
extenso.

- As meninas conseguiram uma informação importante para o caso de seu marido. Eu


preciso ficar totalmente informada de tudo.
A forma como Lauren estava incrivelmente animada com a noticia fez meu dia
despertar bem melhor. Eu a encarei, e encolhi minhas pernas debaixo das cobertas
finas. Eu não sabia explicar, mas ajudá-la com aquilo havia por alguns segundos me
feito sentir alguém melhor, tirado apenas uma barrinha dos pesos que eu carregava
nas costas.

- Isso é maravilhoso!

- Sim! É um alivio. – disse ao vestir a blusa.

- Eu fico feliz por você. – soltei de forma sincera. A felicidade de Lauren naquele
instante havia custado exatos 5 milhões de dólares da minha conta, mas eu estava
perfeitamente tranqüila.

Ela sorriu para mim e, se aproximou da cama. Levantei e me juntei a ela; segurando
em seu queixo com suavidade.

- Obrigada. – ela sussurrou ao depositar um pequeno beijo em meus lábios. Um


selinho. – Agora eu preciso ir, nos falamos depois, ok?

Eu assenti vendo ela sair do quarto."

Flashback off.

- O grande problema de tudo é que você não consegue ver a realidade agora! – Dinah
quase gritou.

Eu estava tentando me manter calma para não entrar em uma discussão feia com
Dinah, nós tínhamos nossos desentendimentos às vezes, mas no final sempre
ficávamos bem. Éramos como irmãs, cuidávamos uma da outra da maneira mais pura
e bela, mesmo não tendo mesmo laço sanguíneo. Mas isso não mudava o fato que
muita das vezes eu sentia vontade de esganá-la, depois de cobri-las de beijo em seu
rosto, é claro.

- E qual é a realidade agora? – minha voz ecoou na sala, atraindo o olhar de Normani
que permaneceu calada apenas ouvindo a discussão.

- Você se apaixonou por quem menos devia. Se apaixonou pela pessoa que pode
acabar com a sua vida, e com a minha também.

As palavras de Dinah me acertaram com força. Encarar a realidade na qual


estranhamente eu havia me apaixonado por alguém era assustador. Eu não me
apaixonava, não me permitia. Tratei qualquer tipo de envolvimento emocional como
fraqueza durante todos esses anos, deixando minha vida trilhada por metas racionais
e distrações como sexo, festas e bebidas. Mas no meio de um plano minuciosamente
calculado, Lauren chegou.

- Não fale bobagens! – soltei rapidamente.

- Camila, me escuta. Essa mulher é um erro na sua vida, não tem como dar certo.

Eu respirei fundo, sentindo minha cabeça fervilhar com tantos pensamentos.

- Não tem nada demais! Não vai atrapalhar nossos planos. – permaneci firme.

- Não tem nada demais? Nós perdemos cinco milhões de dólares para fazer a sua
namoradinha feliz. Você praticamente entregou em uma bandeja para ela. Até levar
ela a Suíça, você levou! A Karla de meses atrás jamais faria isso, jamais. – exclamou
ao caminhar de um lado para o outro.

Eu permaneci calada. Eu sabia que Dinah estava certa, sabia que tudo aquilo era
arriscado demais. E que em apenas um passo em falso, eu poderia colocar tudo a
perder.

- Seu problema é o dinheiro? – perguntei nervosa. – Quer o dinheiro? Você vai ter!

- Camila... – ela murmurou.

- Normani, eu quero que volte a delegacia. Depois de 24 horas vão notar o sumiço de
nós três. Eu vou deixar Lauren e Christopher em outro galpão do lado oposto da
cidade. Dê a idéia de rastrear os celulares, encontre eles e os liberte.

- O que está fazendo? – Dinah perguntou confusa.

Eu respirei fundo e encarei a mulher.

- Vou cobrar pelo meu resgate, Dinah. Vamos pedir 10 milhões de dólares. E ambos
precisam estar soltos para conseguir o dinheiro.

- Isso é muito arriscado.

- Mantenha os dois devidamente apagados. - Disse ao fitar Dinah, e depois sua


namorada. - E Normani, não se esqueça dos detalhes.
- Sim, senhora.

- Mas antes, vamos ver o nosso terceiro encarcerado. – disse com um sorriso
diabólico.

Como está aí no chão, meninas? Uma rainha é uma rainha né mores?

Um aviso importante! Vamos fazer um pequeno joguinho com vocês, um Q&A com os
personagens de Xeque-Mate. Vocês vão poder perguntar o que quiser a cada um
deles! É só mandar a sua pergunta na nossa ask ( http://ask.fm/fanficXequeMate )
Lembrando que é obrigatário indicar para quem será a pergunta, e somente depois
fazer. Participem, vamos postar em breve em forma de capitulo aqui no site.

Qualquer coisa nos chamem no twitter.

@Shewantscamila - Evelin

@Veroboobs - Sindy

@Damnnhipster - Larissa.
Capítulo 20 - Q&A de Xeque-Mate.

Olá, lindinhas!

Pensaram que era capitulo novo, não é? Sinto muito, mas ainda não foi dessa vez!
Ando atualizando rápido demais, tenho que voltar ao normal, mentira, é que tenho
outras coisas para escrever e uma vida para viver.

Enfim, o que trazemos aqui é o nosso Q&A! Lembra que mandaram perguntas na
ask? Agora elas serão respondida. Selecionamos algumas, e vamos responder. Nos
divertimos fazendo, e espero que gostem também.

Ahh' pra quem ainda não leu, deem uma olhada na minha outra fanfic. "Fallen Angel"

Aproveitem!

Pov Narrador.

A sala reservada para realização do Q&A de Xeque-Mate estava relativamente vazia,


a não ser pela presença das três garotas que de forma habilidosa davam os caminhos
da estória. A van que transportaria os questionados naquele pequeno debate ainda
não havia chegado, dando assim tempo para uma pequena preparação antes de tudo
começar. Sindy, uma das autoras agora se acomodava em uma das três poltronas
que lá estavam, enquanto Larissa retirava seu celular do carregador, aquele celular
que tanto lhe dava trabalho.

- Sindy, tu viu a menina que tava dando em cima da Evelin, por anônimo esses dias
atrás? Vamos ter que matá-la. – a loira murmurou com um sorriso quase assassino
em direção a Evelin, a terceira autora.

Ela nada falou, continuou a arrumar a pequena mochila que estava depositada sobre
a mesa de madeira. O Q&A seria gravado para a demonstração para os leitores.
Quando por fim, Sindy respondeu:

- Evelin pensa q eu não vejo nada, mas vejo tudo sim, inclusive isso, Lari. Vamos
matá-la sim. – completou em tom cínico, entrando no mesmo jogo de Larissa.

- Vocês não podem matar as leitoras, gente. – a mais nova exclamou com uma risada
nervosa ao se aproximar de ambas. - Pelo amor de Deus.

- Tô nem aí. – Lari respondeu.

- Caguei. – Sindy apenas completou.

Evelin meneou com a cabeça negativamente enquanto se sentava ao lado de suas


amigas, não era segredo que dentre as três, ela era a mais calma. O temperamento
mais explosivo e emotivo partia das duas ao seu lado, que se contrastava
perfeitamente com o seu, mas nada que fosse para pior, pelo contrario, a parecia
apenas se tornava mais forte. Como se uma fosse o completo da outra.

- Ave maria, cadê meu amor que não chega logo? – a loira perguntou de forma
ansiosa perfeitamente evidente em seu tom de voz.

- Larissa... – Evelin murmurou atraindo a atenção da garota. - Promete que não vai
surtar pela Lauren?

- Prometer eu não prometo. Mas é aquele ditado, né?!

- Eu quero saber da Camila..... Da Lauren, da Vero.... Dinah, ai gente, me ajuda. –


ouvimos Sindy falar de forma nervosa nos fazendo rir.

- Ainda bem que estou perfeitamente calma. – Evelin soltou de forma convencida.

O barulho de três batidas na porta foram ouvidos, logo o porteiro do prédio se


adiantou a falar.

"O carro chegou. Acho que seus convidados já estão subindo!"

- Meu Deus, a Camila...gente, a Camila, eu vou morrer. – a que há poucos minutos


estava calma desandou a falar de forma nervosa. – Eu vou morrer.

- PRESTA ATENÇÃO, EVELIN.

Larissa exclamou ao acertar um tapinha no rosto da amiga que arregalou os olhos


surpresa. Estar perto de Camila Cabello era no mínimo um evento que para pessoas
de coração fraco, como Evelin não estava preparado para viver.
- Evelin, sem surtar.. Plmdds ela vai falar se leu seu diário. – foi à vez de
Sindy exclamar enquanto se levantava.

- Meu diário, será que ela vai achar ruim se eu pedir pra ela me responder no twitter?
– perguntou a garota.

- Nem pense. – Sindy respondeu ao encará-la. – Vamos poder dar beijinho neles?
QUERO. Vou dar beijinho em todas, no Christopher eu me jogo.

- Nele eu roço. – completou Larissa com uma risada única e escandalosa.

- Gente, por favor... – Evelin murmurou tentando acalmar os ânimos daquela sala
movida a hormônios.

- Me deixa, Evelin... Oxe.. Tu já olhou pra ele? Já viu o homem que ele é? Tá doida.

- O Christopher não te quer, só porque tu veio da roça, roça, roça o peru nela q ela
gosta. – Sindy cantarolou animada, fazendo Larissa dançar eufórica.

As três explodiram em uma risada divertida e alta que foi rapidamente cessada
quando a porta da sala se abriu.

- Olá, Olá. – Camila murmurou com um largo sorriso nos lábios ao entrar naquela
sala, acompanhada de todos os outros.

As três autoras permaneceram intactas por alguns segundos, talvez admirando tanta
beleza que adentrava aquela sala naquele instante. O grupo de pessoas se aproximou
de forma simpática, cumprimentando todas de forma gentil e animada.

- Sejam bem vindos. – Sindy disse ao apontar para os bancos a frente. – Sente-se,
por favor.

- Obrigada! – Dinah disse ao se sentar.

- Podemos sentar em qualquer lugar? – Lauren indagou.

- Se quiser sentar aqui do meu lado, amor. Pode sentar. – Lari rapidamente
respondeu ao bater com a mão na cadeira do lado, arrancando uma risada da
delegada.
Todos eles se acomodaram nos bancos destinados a eles. Lá estavam Christopher,
Camila, Lauren, Dinah, Normani, e Vero. Os participantes estavam bem eufóricos,
vieram todos juntos na mesma van reservada pelas autoras. A todo instante
trocavam algumas breves conversas e brincadeiras.

- Então gente, fico feliz que tenham aceitado a nossa proposta de participar do nosso
Q&A com os leitores. Eu vou explicar para vocês como vai acontecer. – Evelin
murmurou calmamente, enquanto eles assentiam e concordavam. – Nós
selecionamos perguntas dos leitores para todos vocês, e vão responder de acordo
coMEU DEUS, LARISSA E SINDY VOCÊS PODEM DEIXAR CAMREN EM PAZ E SENTAR
AQUI?

A mais nova gritou para ambas as amigas que estavam em burburinhos entre as duas
mulheres. Larissa e Sindy viraram rapidamente com os olhos arregalados enquanto os
outros riram.

- Calma, Evelin. – a loira murmurou. - Amor, já anotou o número?

- Já sim, está aqui. – Lauren respondeu com um sorriso encantador para a loira.

- Evelin, mas... – Encarou a latina. - Eu só estou... Camila anda logo por favor...-
Camila rabiscou rapidamente o pedaço de papel branco no qual Sindy segurava,
anotando seu numero de telefone. - Pronto, Tiger, já estou indo. – exclamou a garota
ao caminhar para seu devido lugar.

Todos agora estavam em seus devidos lugares, recebendo algumas risadas divertidas
e baixas. O clima na sala era totalmente descontraído, devido aos ataques de fãs.

- Voltando ao que eu estava falando, vamos começar agora. Vou indicar para quem
será a pergunta, e o questionado pode responder logo em seguida, fechado?

- Por mim tudo perfeito. - Christopher respondeu ao desabotoar seu paletó.

- Por mim também. – Vero exclamou.

- Antes de começar, detetive Jauregui, mas conhecida como "amor" por


mim, preciso confessar que quando eu era mais nova, assaltava a carteira da minha
tia. Você me prenderia por isso?
- Ah.. – Lauren tentou responder, mas rapidamente foi interrompida.

- Vamos começar com as perguntas logo? Pois não tenho tempo a perder. – Camila
respondeu rapidamente, enquanto encarava Larissa com um olhar intenso.

- Se ela matar você depois daqui eu não posso ser responsabilizada. – Evelin
sussurrou para a amiga ao seu lado.

- Contanto que me mate de me foder, - respondeu em um sussurro.

- Enfim, vamos começar?

Sindy pigarreou atraindo a atenção das outras. Logo, todas trataram de pegar as
folhas de papel onde continua o pequeno questionário feito pelos leitores de Xeque-
Mate.

- A primeira pergunta é para você, Christopher.

O homem assentiu com um sorriso, enquanto deslizava a mão por cima do braço de
sua esposa ao lado.

1 - Christoper, o que você faria se descobrisse uma traição da sua esposa?

Christopher: Bom, eu não sou o tipo de homem que reage bem a traições, isso para
mim é algo inaceitável. Mas sei que minha esposa jamais faria algo assim, confio
fielmente em Camila. – disse ele com um sorriso aberto ao encarar a latina.

Todos na sala se entreolharam rapidamente, enquanto Lauren, Vero e Dinah


seguraram uma risada.

2- Quero perguntar para Camila: Você acha que Collins tem algum envolvimento com
o roubo?

Camila: Para que meu marido roubaria a si mesmo? Tudo é dele, não tem o porquê,
mas vamos prender o culpado, não é, meu bem?

Christopher: Claro, querida. – soltou com um sorriso.

3 - Queria perguntar pra Lauren se ela ainda desconfia que a Camila está envolvida
em algo do roubo ou de alguma sujeira da Collins Enterprise?
Lauren: Como já foi provado, todas as minhas suspeitas principais do caso, tirando o
Heitor, não tem nenhum envolvimento com o caso, Camila não está mais na minha
lista, agora, estamos atrás do grande culpado que está foragido.

Dinah e Camila sorriram sutilmente, enquanto as autoras se entreolharam.

4 - Lauren andei sendo uma menina má. Me prenda por favor. De preferência na sua
casa ou na minha tanto faz... Contanto que você esteja junto vale de tudo.

Camila :ahh.. prender... vale tudo... – seu tom de voz foi quase assassino enquanto
mirava Lauren ao seu lado. - Quem é essa vagabunda?! – exclamou ao dar um tapa
no braço da delegada.

Dinah: Se controla, Camila.

Christopher: O que? Não entendi.

Lauren: Ai, Camila! eu não sei!

5 - Pergunta para o Christopher: Verdade que as roupas que você mais gosta de usar
são cor sim CORNÃO?

Christopher: Ah.. Pra ser bem sincero, eu sou muito vaidoso e ternos nessa
tonalidade me dão um ar mais sério e imponente. Eu particularmente gosto.

Dinah: Deus que me perdoe. kkkkkkkkk

6 - Quero perguntar para Normani: como é pra você ser uma policial? o que te fez ir
pra está carreira?

Normani: eu gosto de trabalhar nesse ramo, de proteger as pessoas, sem contar na


remuneração que essa área me trás, e trabalhar em grandes casos como esse do Sr.
Collins, será ótimo pra minha carreira.

7 - Quero perguntar para Vero: você acha que a Camila é confiável ou só


está usando a Lauren?

Vero: Achar eu não acho, mas é aquele ditado... E se a Lauren está gostando de ser
usada, quem sou eu pra impedir?
8 - Por que a Camila casou com o Christopher, pq amor não foi"

Camila: Toma chá da tarde comigo, é, querida? Não sabia dessa.. é claro q eu o amo.
– respondeu ao depositar um pequeno beijo no rosto de Christopher, para em seguida
soltar uma leve piscada para Lauren.

9 - Vero, já pensou em fazer um ménage com a Lauren e a Camila?

Veronica: Com certeza sim. Já viu como são gostosas? Queria, mas só a Keana teve a
sorte. Inclusive, falei com ela semana passada, parece que ela está vindo para NY,
Lauren.

Lauren: Vero.. Não. – sussurrou.

Camila: Fique longe dessa vadia. – soltou em tom de ameaça.

10 - Pra Camila: Camila pelo amor de Deus cai na realidade antes que eu te empurre
que tu sabe que aquilo ali na Suíça não foi um hot que aquilo ali foi o amor para de
ser palhaça"

Chris: que hot ela está falando?

Camila: a nova bebida da Suiça amor, é maravilhosa, quando formos pra lá, levo você
para experimentar.. mas não, eu gostei do hot, amor é fraquinho.. não me deixa
tonta e quente..

11- Pergunta para a Camila: Joga na rodinha o que você achou do sexo selvagem
encima da sinuca.

Christopher: Não lembro da gente ter transado em cima de uma sinuca.

Camila: Cof Cof, como não meu amor? Foi tão gostoso, e maravilhoso. Nossa, fico
quente só de pensar

Lauren rindo:Que otario.

12- Pergunta para a Camila: vc conhece a amiga da lauren, vero iglesias? deveria...

Camila: deveria? Ela é uma boa amiga?.. Quem sabe podemos sair qualquer dia
desses, vai que nos damos bem...
Vero: Opa.

Lauren: Nem pensem nisso.

13- "Pergunta para a Camila: Você quer casar comigo? Casa comigo em nome de
Jesus."

Lauren e Christopher: NÃO.

Christopher: oi? Lauren?

Lauren: É que... vocês dois,.. formam um casal tão...

Christopher: Tão?

Lauren: Bonito

Christopher: Obrigado, eu sei.

14 - "O QUE EU TENHO QUE FAZER PARA CAMILA SENTAR NA MINHA CARA?"

Christopher: seja o marido dela, não é querida? RS

Lauren: rs rs rs

- Alguém quer um copo de água? – Sindy perguntou ao se levantar.

Dinah: GRITEI PORRA!

Vero: AI CARALHO ESSA FOI MUITO FODA, NORMANI.

Normani: essa o que?

Vero: a piada que você contou kkkkkkk

Normani: mas eu nã...

Dinah: você é boa sim em contar piadas!!

Christopher: que piada também quero rir

Vero: VOU CONTAR.


Dinah: CONTA.

Vero: O marido chega em casa tenso, revoltado encontra a mulher e vai falando:

— Acabei de saber que você está me traindo. Confesse... Com quem você
está me traindo?

— Mas o que é isso, amorzinho? Que fúria é essa

— Quero saber e é agora. Quero o nome deles. De todos eles. Um por um. Agora!
Vai!

— Oh, amor! Pra que isso? Tem gente que você nem conhece...

Chris: Essa foi muito boa!!!

Lauren: Meu Deus eu não acredito nisso...

Camila: nem eu kkkkkkkkkkkkkk

Evelin: Isso foi ótimo kkkkkkkkkkkkkkkkkk Mas ok ok, chega, vamos continuar.

16 -Pergunta é para as autoras: E o hot no elevador, vai ter?"

Sindy: se depender de mim tem hot até no teto, porque no chão vocês vão estar
caídos.. e sobre um comentário que eu li aqui, aproveitando o gancho kk.. se prepare,
porque tombar é o que eu mais gosto de fazer com vocês, e não te surpreendeu os
últimos acontecimentos? ótimo, me esforço mais na próxima.. e deixo aberto ai a
minha vontade de fazer um hot no elevador..

Evelin: Mas gente...que revolta. Não vou mentir, adoro.

Camila: Vamos transar no elevador.

Lauren: Obrigada, autoras.

17 - A minha pergunta é pra Camila: O que ela mais gosta em Lauren? No aspecto
físico e de personalidade."
Camila: A Lauren é uma pessoa bem centrada, ela é inteligente, honesta, pelo pouco
que eu conheço ela, me parece ser muito justa, não é a toa que é uma excelente
policial e segurança particular. Inclusive, obrigada querido, ao ter pedido a Lauren pra
que ela fizesse minha segurança, me sinto segura perto dela.. – acariciou o braço do
marido. - E no físico, ela deve ser maravilhosa, um corpo perfeito. Deve malhar muito
pra ter uma barriga do jeito que tem...

Lauren: Obrigada, Camila.

Camila: não há de que, meu bem...

18 -Quero perguntar pra Lauren o que ela acha de verdade (e sem filtros) do
Christopher.

- Será que podemos fazer uma outra pausa?

19 - Pergunta pra Camila: como é saber que você pode ter a Lauren só pra você, mas
fica perdendo tempo com o encosto do seu marido?"

*Christopher olha para Camila desconfiado*

Camila: tem algo errado com o seu encosto, amor?

Chris: O que? Eu não ouvi a pergunta.. Tava vendo a minha próxima reunião.

Camila: O encosto.. estão perguntando do encosto do Chris.. tem algum problema


com ele? Cuidado pra não cair, meu bem. rs

Chris: pode deixar, estou seguro amor.

*beijinho*

20 - Camila além de artes cínicas você é formada em que?

Camila: Sexo.

Christopher: sei bem...

Lauren fala baixinho pra vero; eu também, alce.

21- Heitor onde está vocêee??


Lauren: foragido, mas não por muito tempo

22 - Quero perguntar a Camila, se ela tivesse uma única escolha a ser feita, o que ela
escolheria?"

Camila: Queria poder voltar um pouco no tempo, há uns 7 anos atrás mais
precisamente. As coisas eram um pouco diferente pra mim, mas ainda assim, boas,
sinto falta de pessoas. E queria poder encaixar outras pessoas naquela época
também. – responde ao lançar um olhar para Lauren.

23 - Quero perguntar pra Evelin: Você aprendeu a ser cínica em algum


curso ou nasceu assim?

Evelin: QUE? Eu sou um anjo. J

Camila: Você é das minhas, adorei.

Essa é uma pergunta para a Evelin, Sindy e Larissa. Pode ser uma observação
também, porque quando a gente faz uma coisa procuramos de tudo para ser o
melhor, e eu tenho certeza de que vcs fizeram isso. Mas lendo Xeque-Mate, uma
coisa me incomoda, que são os valores usados na estória.

Se a Collins Enterprise é a maior empresa de petróleo dos EUA (segundo vcs), pq de


valores tão baixos? O que é 5 milhões para o maior empresário de petróleo? Nada! Fiz
uma pesquisa sobre as maiores empresas de petróleo do EUA, e esse valor é muito
pouco para ter tanta importância na estória. A maior empresa desse ramo nos EUA é
a Exxon Mobil que tem um valor de mercado de 363,3 bilhões de dólares, 16,2
bilhões de lucro, isso dados da Forbes. O seu presidente (Rex Tillerson) tem um
salário anual de 40,3 milhões de dólares.. A segunda maior é a Chevron, 192,3
bilhões de valor de mercado e 4,6 bilhões de lucro. O que eu quero dizer com tudo
isso é que para estória ter um lado real, os dados tinham que serem reais, O valor de
5 milhões nesse caso, que monta toda estória por causa do roubo, fica muito
banalizado por ser uma grande empresa. Não sei se vcs estão lendo "Ascéncion", mas
eu consigo sentir o poder da Karla Camila não só pela personalidade, mas também
pelos valores indicados pela autora.. Então minha pergunta é: Vcs acham q esse valor
é suficiente para mostrar o poder do Chris? Ou da Camila?"

Sindy: Enfim.. 5 milhões é pouco, eu também concordo, mas nenhum roubo começa
com rombo enorme em caixa.. Elas estão começando com pouco, pra depois tornar-
se grande, a evolução ainda será pequena, ainda tem estória pra rolar, tem muita
coisa pra acontecer, e quando vocês não estiverem esperando vem o que nós
gostamos, não se preocupem com a quantia por enquanto, isso será apenas um
detalhe. Mas o valor será aumentado conforme o tempo for passando.

Evelin: Xadrez é um jogo gradativo, você não pode ultrapassar certas etapas, tudo
tem seu momento exato para acontecer de acordo com o plano dos jogadores. E
garanto que quem rouba sabe exatamente a forma como está jogando.

- Então viadas, é isso. – Larissa exclamou ao se levantar da cadeira.

- Gostei, nós podemos fazer mais vezes. – Camila murmurou sorridente.

- Quando você quiser, sempre que quiser, a hora que quiser. – foi a vez de Evelin se
aproximar da mulher. – Quando você vai ver o tweet sobre o diário?

- Oi? – perguntou a latina de forma confusa.

- Evelin... – Sindy e Larissa se aproximaram puxando a amiga pelos ombros. – Nada,


miga.

[...]

- Até que foi divertido, não? – Lari perguntou com um sorriso, agora que todos os
personagens já haviam ido embora.

- Foi maravilhoso! Queria mais. – Sindy respondeu triste. - Devia ter dado mais em
cima da Vero, vocês acham que ela vai me ligar?

- Vai, Sindy. Você não largou do pé dela.

- Sabe gente, eu não sei quem é mais trouxa, o Collins ou o amor. – a loira
comentou.

- Com certeza somos nós, Larissa. – Evelin respondeu.

- Ahhh.. Isso também, Eve.

- Mas mais trouxa que nós e eles, só os leitores.

Evelin comentou com as amigas, deixando que um sorriso cínico deixasse seus lábios.
- Mal sabem o que lhes aguardam... Só vem monstrão! – Sindy entrou no jogo.

- Adoro os tombos. – respondeu Larissa enquanto tinha a atenção presa no celular


em suas mãos. – Eu vou contar de um poAAAH MEU DEUS, VIADO!

- O que houve Larissa?? – Evelin perguntou assustada.

Ambas olharam para Larissa que levantou da cadeira rapidamente em um pulo


eufórico.

- GENTE, DSJFG GENTE, SOCORRO.

- Oi? – Sindy a encarou.

- ATUALIZOU, MEUDEUS ATUALIZOU.

Evelin lançou um olhar para Sindy que, no mesmo instante pareceu entender sem
nem sequer soltar uma palavra.

" Ascención!" Exclamaram as duas em um coro.

- EU PRECISO LER, ME PERDOA GENTE, AMO VOCÊS, ADEUS. – a loira soltou


desesperada ao sair da sala, fazendo ambas as meninas rirem.

- Ér Tiger...vamos atrás dessa louca. – a menor falou ao colocar a mochila nas costas
e caminhar ao lado da amiga em direção a porta.

Ambas deixaram a sala e seguiram pelo corredor extenso do prédio, e ao virar em


direção ao elevador. Puderam ver a terceira amiga sentada ao chão, com as pernas
cruzadas feito índio enquanto os olhos estavam fixos no celular.

- Gente..... – Larissa exclamou, provocando uma risada divertida nas outras.

- Amigas, né?!.. Nãoo basta ser amigas, temos que participar.. Então, vamos que
vamos. – foram as ultimas palavras da menor antes de todas se juntarem ao lado
uma da outra.
Então foi isso, meninas. Semana que vem( espero eu) vamos voltar com um novo
capitulo de Xeque-Mate.

Até logo.
Capítulo 21 - Resgate

Hey, meninas e meninos (porque sei que tem garotos que também estão lendo) kkk

Como estão essa noite? Espero que animados para essa atualização. Dessa vez
demoramos mais um pouquinho, porque estava sem inspiração, mas me esforcei
bastante para terminar e não demorar tanto a postar para vocês. Quero agradecer de
coração a todos os comentários do capitulo anterior, entramos nos trends! E ficamos
muito, muito animadas com isso.

As meninas e eu ficamos muito felizes que gostaram do nosso Q&A, foi uma
brincadeira muito divertida que quisemos compartilhar com vocês, e saber que se
divertiram conosco foi incrível! Ahh, uma observaçãozinha, é que muita gente ficou
sem entender o lance do diário no Q&A, então vou explicar:

Bom, na vinda das meninas ao Brasil, eu consegui entregar um diário para Camila na
hora em que ela saiu do hotel (Sim, eu surtei demais ao ver meu amor segurando o
meu diário) e eu fiz um tweet perguntando se ela leu e o que ela achou, mas até o
momento não obtive resposta, por isso toda essa coisa com o famoso tweet do diário
kkk Alias, quem quiser ir no meu twitter e mencionar o @ da Camila ou do Alejandro,
Sinu e etc para ver o meu tweet fixado, ficarei imensamente agradecida. Será uma
realização enorme que eu quero muito conseguir. Então conto com a ajudinha de
vocês, pode ser? (Façam uma autora feliz )

Enfim, vamos ao que interessa. Espero que gostem do capitulo de hoje.

Camila Collin's point of view.

O barulho de nossos saltos ecoava pelos corredores vazios daquele galpão. Caminhei
à frente, tendo Normani e Dinah seguindo logo atrás. Um dos capangas nos
acompanhava para prestar os serviços solicitado por nós. Encarei ambas as mulheres
assim que paramos diante a porta grossa de metal; elas assentiram brevemente, e
então encarei o rapaz.
- Pode abrir. – ordenei.

- Sim, senhora.

O homem aproximou-se da porta, retirando o molho de chaves de seu bolso e,


rapidamente tratou de destrancar a porta que rangeu ao ser empurrada lentamente
por mim.

- Pode ir dar uma volta. Chamamos você se precisar. – murmurei ao rapaz que
alternou seu olhar diante das três mulheres a sua frente.

- Como quiser. – disse antes de se retirar.

Dinah adentrou a sala escura, sendo seguida por Normani e depois por mim. A loira
estava incrivelmente bela para aquela situação, como se para minha melhor amiga
aquele plano também fosse um ato para ser comemorado e deliciado da melhor
maneira possível. Ela gesticulou com o dedo indicador em meio à penumbra do lugar,
sinalizando que deveríamos fazer silencio. Eu assenti lentamente, e caminhei para o
centro da sala. Normani se aproximou da parede, próximo a uma caixa de controle. A
mulher abriu a tampa, e de forma delicada girou o interruptor, acendendo o foco de
luz sobre o corpo do homem preso a uma cadeira de ferro no centro daquela sala fria.

Heitor.

O loiro estava devidamente amarrado com as mãos para trás, tendo seus olhos
vendados com um pedaço de pano preto. Talvez ele estivesse desacordado, pois seu
corpo pendia para frente. Um sorriso vitorio e satisfeito nasceu em meus lábios no
exato instante que tive aquela imagem a minha frente. Caminhei lentamente,
deixando que o barulho de meus saltos fossem o único efeito sonoro daquele lugar.

- Vamos acordar ele agora. – Dinah exclamou.

Ela e Normani seriam as únicas a falar naquele momento, eu apenas assistiria ao


show como uma perfeita espectadora assistia seu programa de TV favorito. Eu não
poderia me dar o luxo de participar, mesmo que a vontade fosse tamanha. Então,
puxei uma outra cadeira, colocando de frente para a dele, há alguns metros de
distancia. Sentei-me sobre ela, e cruzei as pernas delicadamente, enquanto
repousava a pistola dourada sobre meu colo.
- Está na hora de acordar, querido. – Dinah soltou sarcástica ao puxar os
cabelos loiros de Heitor. – Chegou agora de conversar.

Assim que as mãos de Dinah deixaram as madeixas claras do homem, sua cabeça
pendeu para frente, ainda desacordado. Normani me lançou um olhar intenso, então
caminhou até o outro lado da sala, talvez um banheiro. Me permiti analisar o corpo do
homem a frente; ele estava lá há alguns dias, mais precisamente desde o momento
que deixei a Suíça acompanhada de Lauren.

- Infeliz está totalmente apagado. – Dinah resmungou ao dar alguns pequenos tapas
no rosto do mesmo.

- Uma péssima vilã, Dinah. – sussurrei, fazendo a gesticular novamente para que eu
fizesse silencio.

Antes que eu pudesse murmurar em protesto para a jovem mulher, Normani se


aproximou rapidamente, e despejou um balde com água fria sobre a cabeça de Heitor
que despertou em desespero em meio a uma crise de tosse.

- Acorda, porra! – exclamou em uma ordem severa, arrancando-me um sorriso


satisfeito. – Acabou a brincadeira.

Dinah a encarou de olhos arregalados, e Normani lhe lançou um pequeno beijinho no


ar. Eu apontei para Normani e assenti como quem dissesse "Assim que tem que ser."
Dinah apenas meneou com a cabeça em um sinal negativo e se aproximou de Heitor.

- Quem são vocês? – ele gritou desesperado, para minha alegria.

- Somos o seu inferno. – Dinah sussurrou próximo ao ouvido do homem, que mexeu
a cabeça de um lado para o outro.

- O que querem de mim? Deixem-me sair daqui! – exclamava desesperado. – Eu


posso dar todo meu dinheiro.

Dinah gargalhou enquanto caminhava ao redor da cadeira do homem, sua risada soou
alta, quase diabólica. Eu apenas sorri com a cena, era no mínimo fascinante toda
aquela situação.

- Que dinheiro, Heitor? Você não tem absolutamente nada.

- Eu tenho algumas economias, por favor.


- Suas economias não me servem de nada. Não seja ridículo!

- Não me matem, por favor. Não me matem! – ele choramingava me fazendo rir.

Dinah se aproximou do homem novamente, e segurou em seu cabelo molhado,


arqueando sua cabeça para trás. Ela tinha um canivete prateado nas mãos, que
deslizou suavemente pela pele do pescoço de Heitor, apenas para sentir o que
poderia lhe esperar.

- Tem medo da morte? Ela pode ser sua melhor opção.

- Deus...

- Se acha poderoso agora, Heitor? Você e Christopher sempre se acharam os donos


do mundo. Até ele te dar uma rasteira.

O peito do homem subia e descia em uma respiração descompassada e nervosa.

- Quem é você? O que quer de mim?

- Bom... – ela deslizou a ponta do canivete pelas maçãs do rosto do homem. – Você
pode ser obediente e aceitar a proposta que tenho para você, ou pode escolher como
quer morrer.

- Que proposta?

Eu encarei Normani e logo em seguida Dinah que respirou fundo e continuou a falar.

- Eu quero que me entregue os documentos da empresa do Charlie Cooper, todos


aqueles que provaram a falência.

- Eu não tenho nada disso, eu não sei do que está falando. – negou rapidamente.

- Tem coragem de mentir para mim? Eu sei que você sabe do que estou falando, não
queira me fazer de idiota. Ou eu mato você. – ela exclamou raivosa.

Heitor deixou que uma risada escapasse de seus lábios, seu tom sarcástico
encheu meu peito de rancor. Segurei minha pistola com força, pressionando meus
dedos ao redor do objeto pesado.

- Me matar? Uma mulher me matar? – ele ria.

Levantei de minha cadeira em um ato rápido, e com toda a raiva e adrenalina que
corria em minhas veias, acertei a cabeça do homem com o cabo de minha pistola,
fazendo seu corpo ir ao chão. E como se não fosse o suficiente, soltei dois disparos
contra a parede mais próxima, o fazendo gritar.

- O que disse, Heitor? – Dinah indagou provocadora, enquanto Normani me segurava.

- Eu digo, eu digo o que vocês quiserem, por favor, não me matem!

- Você e aquele cretino afundaram aquela empresa não é? Roubaram tudo.

Heitor ainda estava jogado no chão, amarrado a cadeira de ferro.

- A idéia foi de Christopher! Ele que desviou o dinheiro, ele que ficou com todas as
ações!

- Você ajudou! Você é tão culpado quanto ele!

A loira gritou ferozmente, e acertou a barriga do homem com um belo e forte chute.

- Eu não queria que a situação chegasse aonde chegou. Eu só pensei no dinheiro!

- Seu infeliz!

- Se acalme. – Normani murmurou ao se aproximar de Dinah.

- Eu quero a porra dos documentos!

- Eles foram forjados, a empresa faliu pelos desvios! Charlie assinou um contrato de
uma sociedade comigo e com Christopher para manter Cooper Enterprise, mas ele
descobriu.

- Perdeu tudo por culpa de vocês! – Dinah exclamou ao puxar o corpo do homem,
sentando outra vez.

- Eu já disse, eu não imaginei que fosse tanto. Eu não tive culpa do que aconteceu!
Foram eles!
Eu fechei os olhos por alguns segundos, sentindo um aperto forte em meu peito.
Soltei um suspiro e voltei a encará-lo.

- Certo. Eu quero todos esses documentos, eu quero tudo que você tiver! E se o fizer,
deixo você ir para outro lugar. Só quero que suma.

- Como posso ter certeza que não vão me prender? Se não vão me matar?

- Você não tem que ter certeza, tem que fazer o que estou mandando! – ela
aproximou seu rosto do dele, e sussurrou. – Eu vou te dar uma boa quantia em
dinheiro pra você se esconder no núcleo da terra se for preciso, mas eu quero
absolutamente tudo sobre Christopher Collins.

- Ok! Eu tenho os documentos guardados, ele pensa que joguei fora os originais, mas
escondi todos. Talvez eu tenha algo muito melhor para vocês.

- Se você me ajudar, garanto que não irá se arrepender.

A loira caminhou lentamente, fazendo o barulho de seus saltos ecoarem naquela sala
parcialmente vazia.

- Eu posso ser boazinha com quem colabora. Mas se eu souber que está mentindo, eu
vou achar você até no inferno se for preciso, mas eu acabo com a sua vida.

Ele abaixou a cabeça e balançou de um lado para o outro.

- Eu quero que você me entregue tudo, e quando o fizer eu deixo você ir. Mas suma
daqui, porque terá não só um, mas três lados para correr. Será Christopher, a policia
e eu.

- Quem é você? Eu sei que tem mais pessoas aqui, eu sinto!

- Não te interessa! Trate de pensar em tudo que tem, eu vou resolver outras coisas,
mas volto mais tarde pra continuarmos a nossa conversa.

Eu me levantei daquela cadeira, fitando o corpo de Heitor amarrado e


totalmente sujo. Senti uma profunda vontade de descontar o que eu estava sentindo
naquele momento, mas não era ele o foco principal. Então apenas caminhei em
direção a saída, sendo seguida por Dinah e Normani.

- Está tudo bem? – Normani perguntou tanto para mim quanto para Dinah.

Eu apenas assenti, e Dinah fez o mesmo. Apesar de eu ter me preparado


psicologicamente para tudo aquilo, certas coisas ainda me deixavam incrivelmente
abalada. Mas era forte o suficiente para ultrapassar.

"Camila!" a voz de Lauren ecoou alto pelo corredor depois da forte batida na porta de
ferro.

Meu corpo inteiro estremeceu em puro susto, com a idéia de ela me descobrir.
Encarei ambas as mulheres de olhos arregalados a minha frente, e depois respirei
fundo, tentando me acalmar.

"Onde está Camila? Infelizes! Eu vou matar vocês!"

Lauren gritava enquanto batia na porta de ferro, causando um barulho terrível no


galpão. Um dos capangas logo entrou em meu campo de visão, seguindo rumo à sala
onde Lauren estava; assim que o mesmo notou minha presença recuou alguns
passados acanhado. Transformei minha expressão agora séria, e, caminhei na direção
do mesmo.

- Chame mais dois, e entrem aí. Eu a quero desmaiada.

- Sim senhora.

- E preste bem atenção como vai fazer isso, ok? Se eu ver um só arranhão nessa
mulher, vocês vão se ver comigo. – soltei em um tom ameaçador, mesmo sabendo
que Dinah e Normani estavam bem próximas.

Ele assentiu.

- Não se esqueça de Christopher, o quero apagado também. Os dois.

- Deixe comigo, senhora. – ele falou antes de se retirar.

"Meu Deus, me falem onde ela está! Desgraçados! O que querem??"

Ela batia na porta enfurecida, como se quisesse a todo custo me encontrar. No fundo
eu me sentia extremamente culpada por enganá-la de tal maneira, mas não havia
nada que eu pudesse fazer. Tudo ali foi minuciosamente planejado para acontecer, e
eu não poderia mudar, não até o final do jogo.

"Merda!"

Eu me aproximei mais da porta, como se pudesse senti-la do outro lado. Um suspiro


pesado deixou meus lábios, e então me afastei sob o olhar de minhas cúmplices.
Dinah me encarava com uma expressão que dizia "você está ferrada" e eu realmente
estava.

- Vamos até a nossa sala, precisamos fechar os detalhes. – soltei ao passar entre as
duas.

Assim que entramos em nossa sala novamente, Dinah desandou a falar:

- O que vamos fazer agora? Você já esta com esse plano na cabeça e eu preciso
saber de todos os detalhes.

Caminhei até a mesa, onde escorei meu corpo lentamente.

- Vamos fazer o que combinamos. Vou deixar Lauren e Christopher do outro lado da
cidade, em algum lugar vazio. Eles vão conseguir entrar em contato com Normani e
as outras meninas, logo vamos pedir o meu resgate. – soltei tudo tranquilamente. – E
você finja estar preocupada, por favor.

- Melhor pedir 15 milhões. Eu acabei de oferecer 10 ao Heitor, e eu quero os cinco


que devolveu por causa da sua namoradinha.

- Dinah... – Normani murmurou.

Eu revirei os olhos de forma quase tediosa, fazendo a loira rir.

- Tudo bem, 15 milhões.

- Eu vou voltar para a delegacia. Vamos manter o contato. – a mulher falou ao nos
fitar.

- Certo. Vamos avançar mais essa casa. Eu encontro com vocês em breve,
meninas.
Lauren Jauregui's point of view.

Bati com força na porta mais algumas vezes em busca da atenção dos homens do
outro lado, mas nenhum se manifestou. Eu só precisava de alguma noticia de Camila,
a ausência da mesma na sala onde estava Christopher e eu me deixava cada vez
mais apreensiva. Eu sentia meus punhos doloridos pelas cordas que o amarravam,
mas com toda certeza, eu estava bem melhor do que Christopher. Os homens ainda
me deixaram sobre um colchão velho, e as cordas só envolviam minhas mãos, com o
empresário era totalmente diferente. Ele estava jogado no chão, com o corpo
totalmente amarrado.

- Pare com esse barulho infernal. Vai acabar irritando eles! – o homem resmungou
mal humorado. – Ela deve estar bem!

- Você não sabe de nada! Que espécie de marido você é?

- Do tipo esperto que não quer que nenhum de nós morra por insistência e rebeldia.

- Ela pode estar sofrendo em outra sala!

Ouvimos barulhos vindos da porta, eu logo me afastei rapidamente quando os


homens entraram com os rostos vendados. Eles carregavam pistolas e canivetes nas
mãos, mas nem mesmo aquilo me deixava com medo o suficiente para me submeter
suas ordens.

- Onde está Camila? – eu perguntei ao que julguei ser o mandante. – Falem! – gritei.

- Cala a boca! – exclamou um deles.

- Lauren! - Christopher murmurou.

- Me diga onde ela está!

"Peguem eles!"

- Eu falei, porra! – ouvi a voz de Christopher no fundo.

Eu não tive temo sequer de reagir, dois dos homens se aproximaram, forçando um
pequeno pedaço de pano contra meu nariz. Eu movimentei meu corpo, mas senti o
mesmo sendo embalado pelos braços agressivos dos capangas. Meu campo de visão
perdeu a nitidez, agora me restando apenas à escuridão.
[...]

Meu subconsciente alarmava como um sensor de proteção em meu cérebro; eu me


movi devagar, sentindo o corpo inteiro doer, como se cada musculatura tivesse sido
friamente maltratada. Meus olhos se abriram com dificuldade, capturando uma
imagem desfocada e turva do céu aberto e iluminado pelo sol. Eu sentia meu corpo
pesado, como se meu cérebro não estivesse mandando as coordenações exatas para
que ele se movesse. Eu sentia sede; a garganta estava seca e os lábios totalmente
ressecados. Deslizei a ponta da língua sobre os mesmos, sentindo o gosto parcial de
areia.

- Droga... – murmurei baixo, seguido por um gemido de dor.

Com dificuldade ergui meu corpo, sentindo minhas costas arderem em dor. Sentei
sobre o chão de areia fina e amarelada. Fechei os olhos e abri novamente em uma
tentativa de enxergar melhor e, de pouco em pouco, aquilo pareceu fazer efeito.
Assim que retomei totalmente a consciência, a confusão se instalou em mim. Olhei a
minha volta, enxergando apenas uma enorme extensão de um campo abandonado.
Eu já não estava no interior daquele galpão escuro e sombrio, pelo contrario, o lugar
agora era totalmente aberto e ausente de qualquer tipo de maneira para me fazer
permanecer presa. Eu estava literalmente no meio do nada, não havia sinal de
qualquer habitação ao redor, exceto pelo casebre de madeira abandonado ao fundo,
mas de resto, apenas montanhas, areia e mata. Mesmo com as dores, levantei do
chão, cambaleando para finalmente me manter em pé.

- Céus...

Foi à única palavra que deixou minha boca ao ver o corpo de um homem jogado mais
a frente, era Christopher. Me aproximei do mesmo que estava estirado sobre o chão a
metros de distancia longe de mim; assim como eu, o empresário tinha as roupas
sujas e empoeiradas. Ele contava com alguns hematomas em sua pele, perto da boca
e nas maçãs agora arroxeadas de seu rosto, talvez causado por socos e tapas. Por
uma razão desconhecida, ou sorte, os capangas não ousaram me bater, muito menos
me deixar marcas. Eu estava dolorida, mas em conseqüência das horas em que fiquei
amarrada e jogada ao chão.

- Christopher! – Exclamei nervosa ao me ajoelhar ao seu lado. – Acorde!

Levei minha mão até seu pescoço, pressionando dois de meus dedos sobre o seu
ponto de pulso. Ele estava vivo.

- Acorde, pelo amor de Deus. Nós temos que sair daqui.

Dei leves tapas em seu rosto em uma tentativa de fazê-lo despertar. Aquilo não
parecia funcionar, mas de forma insistente continuei. Precisávamos sair dali,
precisávamos de ajuda. Eu não descansaria até saber que Camila estava salva e bem.

- Que inferno! Acorde, infeliz! – resmunguei ao puxar sua camisa e empurrar


novamente, fazendo seu corpo bater contra o chão.

Ergui meu corpo, ficando de pé novamente. O sol forte fazia meus olhos se
estreitarem em busca de uma melhor visão daquele lugar. O campo era muito
extenso, o que me fazia pensar no quanto eu teria que andar para conseguir ajuda de
qualquer habitante, se é que havia algum naquele lugar. Ouvi o resmungar baixo,
acompanhado de um gemido de dor. Meus olhos pousaram sobre o corpo de
Christopher, que agora estava tossindo sem parar.

- Finalmente!

- Onde estamos? – murmurou em meio aos gemidos de dor.

- Eu não faço ideia, mas preciso que levante. Nós temos que procurar ajuda. – as
palavras saíram apressadas.

- Onde está minha esposa? Camila?

- Ela não está aqui, e é justamente por isso que você tem que levantar e andar
comigo em busca de ajuda! – exclamei nervosa

- Será que a mataram?

- Oh, merda! Não vale besteira! – virei em sua direção, lançando-lhe um olhar quase
assassino. – Se ficaram com ela lá, teve um objetivo, que nós temos que descobrir.
Agora levante.

Ele parecia ter muita dificuldade em se levantar, então me aproximei dele e estendi a
mão para puxá-lo. Ele ergueu seu corpo, se colocando de pés ao meu lado. Nós
caminhamos juntos até o casebre de madeira que ficava a bons metros de onde
acordamos; mas não havia nada que pudesse nos ajudar naquele instante. O local
estava totalmente degradado, com teias de aranha e partes dos cômodos quebrados,
contendo apenas objetos velhos e sem utilidade alguma em seu interior.

- Inferno! – Christopher exclamou ao chutar um objeto no chão. – Malditos! Eu vou


matar todos esses caras quando pega-los.

- Minha vontade é a mesma, pena que não posso fazer. – resmunguei enquanto
saiamos da casa.

Nós caminhamos pela estrada de areia por cerca de horas; eu sentia minhas pernas
doloridas, a garganta cada vez mais seca. Meu corpo já não parecia obedecer tão
bem aos comandos, e para melhorar, ainda precisava aturar o marido de Camila
resmungar sobre as dores o feito dos bandidos. Eu sentia vontade de socá-lo com
tamanha raiva que me consumia, mas minha cabeça girava apenas nas possibilidades
de onde estava Camila, e o que eles fizeram com a mesma. Aquilo realmente estava
me atormentando, deixando-me ainda mais enfurecida e estranhamente preocupada.
Entretanto, era como um gás que motivava a correr atrás de encontrá-la, e tira-la das
mãos de seus seqüestradores.

- Será que ainda não colocaram uma equipe de buscas? Eu não acredito que aquele
infeliz do Brandon não fez nada até agora, ele...

Eu respirei fundo, contando de um até cem silenciosamente em meus pensamentos,


em uma maneira de fazer meu cérebro bloquear qualquer efeito sonoro de
Christopher ao meu lado. O homem desandou a reclamar de tudo desde que o
levantei do chão, se eu soubesse de toda perturbação mental que sofreria, teria o
deixado jogado lá mesmo.

- Uma equipe totalmente incompetente, e despreparada..

Eu ergui a cabeça e ao fundo avistei a poeira da estrada sendo levantada; estreitei


meus olhos, quando um suspiro de esperança surgiu. Havia um carro, talvez um
caminhonete seguindo em nossa direção.

- Vou ter uma reunião e mandar uma reclamação..

- Você pode calar a porra da boca por um minuto? – gritei, fazendo o homem me fitar
de olhos arregalados – Tem um carro vindo, grite para ele!

Christopher me lançou um olhar enfurecido, mas não retrucou. Gritamos e acenamos


para o carro que se aproximava, e um senhor de cabelos grisalhos parou o veiculo,
abaixando o vidro da caminhonete lentamente. Ele nos encarou de forma assustada,
talvez pelo estado deplorável de nossas roupas e os hematomas no rosto do homem
ao meu lado. Nós pedimos ajuda, e de forma compreensiva e gentil, ele nos deu
carona até um estabelecimento mais próximo. Eu agradeci ao senhor, enquanto
Christopher ainda tratava de reclamar, agora eu sentia ele mais enfurecido do que há
minutos atrás.

Uma mulher de certa idade, dona do estabelecimento que julguei ser um pequeno
mercado, nos ofereceu seu telefone para que pudéssemos pedir ajuda. Eu agradeci e
aceitei, discando rapidamente o numero de meu telefone na delegacia. Fui atendida
por Vero que exclamou alto e de forma nervosa como estava aliviada ao me
encontrar, que já havia acionado a policia inteira por nosso desaparecimento. Eu
entreguei os dados fornecidos pela senhora, para que ela pudesse mandar uma
equipe ao nosso encontro o mais rápido possível. Christopher estava sentado em um
dos bancos, enquanto limpava os ferimentos com um pequeno pano molhado.
Descansei sobre uma das cadeiras, enquanto tomava toda a água contida no copo de
vidro. Ele não trocou sequer uma palavra comigo desde o momento em que o mandei
calar a boca, pelo menos obediente ele era.

- Delegada. – a senhora se aproximou. – Você quer mais alguma coisa?

- Não, já está ótimo. Obrigada mesmo por nos ajudar.

- Não precisa agradecer, eu jamais negaria ajuda em algo tão importante. O rapaz ali
me disse que a mulher ainda está presa, eu sinto muito.

Meus pensamentos vagaram por Camila, e no que ela poderia estar passando agora.
A sensação de impotência era terrível, quando minha única vontade era de tê-la nos
braços e dizer que tudo ficaria bem. Fiquei conversando com a senhora por longos
minutos, até que ouvi o barulho de carros chegando. Levantei da cadeira onde
estava, caminhando em direção a porta.

- Oh, céus, Lauren! Eu quase morro do coração. – Vero exclamou ao vir ao meu
encontro em um abraço apertado.

Eu envolvi o corpo da mulher com meus braços, apertando forte seu corpo contra o
meu.

- Somos duas, Vero.

- Lauren! – Ally se adiantou, e assim que Vero me soltou a mesma me agarrou em


um abraço. – Fiquei preocupada.

- Está tudo bem, ou quase tudo. – sussurrei.

- Agente Jauregui, que bom que está bem! – Normani me abraçou fortemente.

Outros policiais ajudavam Christopher, enquanto eu mantinha uma conversa com as


meninas.

- Nós precisamos achar esse lugar, eu não faço a menor idéia de onde seja. Só que é
um galpão abandonado.

- Temos que acionar mais equipes!

- Acionem todas que puder, e coloquem escutas nos telefones da casa do Collins. Eles
vão pedir algo em troca, não podem ficar com Camila. – soltei nervosa.

- Vamos voltar para a delegacia. Você pode ir pra casa e descansar um pouco. – Ally
murmurou preocupada.

- Allyson, eu não vou conseguir dormir até encontrar Camila.

- Você precisa se acalmar. – Normani falou de forma sincera.

- Não posso, só de pensar no que eles podem fazer com ela, eu sinto vontade de
matá-los.

Eu já não estava me importando com que elas iriam pensar de toda minha
preocupação com a latina, aquilo era o que menos me importava no momento. É
claro que eu teria que enfrentar bons questionamentos mais tarde, mas não era algo
que me atormentava.

- Nós temos que ir. – disse em direção a Christopher.

- Temos, assim posso chamar alguém de qualidade para resolver esse problema.

Eu virei em sua direção, franzindo o cenho de forma confusa. Meus olhos pousaram
sobre os leus, conectando nossos olhares que se cruzavam de forma quase assassina.
- Do que está falando?

- Que você é a culpada de tudo isso! Se fomos seqüestrados é porque o seu serviço
não vale de nada!

Christopher gritou em alto e bom som, atraindo os olhares de todos que estavam
naquele lugar. Eu senti meu corpo inteiro entrar em ebulição, como se o ódio
acumulado de todas as outras sensações ruins que sofri nas ultimas horas estivesse
se juntado.

- Minha culpa? A culpa é toda sua, seu imbecil! Eu sou responsável por cobrir a
segurança da sua esposa e não sua! Ela estaria salva se estivesse com seus malditos
seguranças, porque eu teria a tirado daquele inferno de carro, e deixado você na mão
daqueles desgraçados!

Ele me encarava abismado com a audácia na qual me pus diante dele. Eu não estava
me importando com seu nível econômico, ou até mesmo com seu poder diante
Brandon. Eu não deixaria que ele despejasse sobre mim a culpa de algo que não
estava em minhas mãos resolver, não sozinha.

- Eu tenho certeza que aqueles caras queriam você! E não ela! Mas agora viram um
ponto fraco, e vão abusar disso!

- Você não sabe de nada! É apenas uma policialzinha de merda!

Fechei minhas mãos em pulsos, tentando controlar a vontade que eu tinha de


esmurrá-lo naquele instante.

- Já deveria ter resolvido essa droga de caso, mas não! Estou sendo roubado sem
parar.

- Seu infeliz, tudo estava seguindo bem! Eu já tinha suas malditas provas! Você só
pensa na merda do seu dinheiro? Quando sua esposa está nas mãos de homens que
podem matá-la?

- Por que está tão preocupada? Por que se esforça tanto? – indagou furioso ao dar um
passo a frente.

Nós nos encarávamos frente a frente, em uma troca de olhares enfurecidos e


assustadores. Minha respiração estava ofegante, eu apertava meus dedos com força
em uma maneira de segurar minha raiva.
- Porque é o meu trabalho cuidar dela, fui contratada para isso! E eu vou salvar
Camila, custe o que custar.

- Lauren... – ouvi a voz de Vero, acompanhada de um toque suave em meus braços.

- Meu Deus! – Ally exclamou. – Alô?

Eu tirei os olhos dos de Christopher, e encarei Allyson que estava com uma expressão
assustada.

- Eu vou passar para ela, um instante!

Ally caminhou rapidamente em minha direção, entregando-me o aparelho celular com


as mãos tremulas.

- São os seqüestradores, querem falar com um de vocês.

Eu capturei o celular rapidamente de suas mãos, e toquei no pequeno ícone que


acionava o viva voz.

- Alô?

Uma voz grossa e rouca, que julguei ser do mandante entre os capangas desandou a
falar:

- Preste bem atenção, eu estou com a madame aqui. E estou até sendo muito
bonzinho com vocês, mas não pretendo continuar assim.

- O que você quer? – soltei nervosa. – Onde está Camila?

- Cala a boca, apenas escute!

Troquei um olhar com Christopher, que parecia tão tenso quanto eu.

- Eu quero que consiga quinze milhões de dólares pelo resgate até o final da noite.

- O que?! – Christopher exclamou incrédulo.

- É isso mesmo que ouviu. Se não conseguirem o dinheiro até o fim da noite, eu vou
ser obrigado a me livrar dela. E eu garanto que não vou fazer uma forma gentil.

"Lauren...Chris.."

Meu coração acelerou em batidas frenéticas ao ouvir a voz chorosa de Camila ao


fundo; senti como se alguém estivesse o segurando com força, causando-me aquele
desconforto, aquela dor. Eu me sentia fraca, impotente enfurecida.

- Nós vamos conseguir o dinheiro! Não faça absolutamente nada com ela, por favor. –
eu sussurrei.

- Eu quero o dinheiro em espécie. Nada de transferências. Vou encontrar apenas com


a policial, e ela tem estar totalmente sozinha, então me ouvindo bem? Se vier alguém
com ela, eu atiro nessa mulher. E eu não vou me importar em fazer isso.

- Eu vou, mas me diga o lugar!

- Entro em contato em quatro horas para confirmar o endereço.

- Nos deixe falar com ela! Por favor!

"Me ajudem, por favor, Me tirem daqui"

A voz desesperada de Camila ao fundo fez todo meu corpo arrepiar. Eu engoli em
seco, recebendo o afago amigo de Verônica, que dentre todos ali, era a única que
sabia de minha ligação com Camila.

- Quatro horas. – foram as ultimas palavras antes do celular ser desligado.

- Nós temos que conseguir o dinheiro. – me dirigi a Christopher.

- Eu vou trocar de roupa e vou ao banco fazer a retirada do valor.

Eu neguei com a cabeça rapidamente.

- Não, nós vamos agora. Entre no carro, e diga qual é o seu banco.

Caminhei em direção a viatura estacionada ao lado de fora sobre os olhares de todos


ali presente. Virei em direção à senhora que gentilmente nos recebeu e agradeci de
forma sincera pela sua ajuda. Recebi um olhar fraterno e um incentivo para encontrar
Camila. Despedi-me e segui rumo ao automóvel do lado de fora.
- Lauren, você pode descansar um pouco. Nós vamos acompanhar Christopher até o
banco para retirada do dinheiro. – Normani informou ao se aproximar. – De noite
você vai na missão de salvar a Sra. Collins.

- Não, eu preciso resolver isso logo.

- Laur, escute a Normani. Você só vai se desgastar indo até o banco. Vá para casa,
tome um banho enquanto conseguimos o dinheiro com o Christopher.

Mesmo a contra gosto eu aceitei o plano de minhas amigas, e fui deixada em meu
apartamento, enquanto as outras seguiram com Christopher para o banco. Tomei um
banho, deixando que a água morna derramasse sobre os músculos tensionados de
meu corpo. Após sair, vesti roupas leves e caminhei em direção a sala enquanto
retirava o excesso de água de meus cabelos. Parei diante o meu organograma,
encarando todos os sistemas interligados.

- Isso é bem mais complexo do que imaginei.

Encarei os rostos daquelas fotos por um determinado instante. Fechei meus olhos,
deixando que as imagens do seqüestro, das humilhações de Christopher, dos
momentos com Camila se misturassem minha cabeça. As coisas pareciam rodar como
um filme em meu cérebro, mas em de forma desordenada e rápida. Eu respirei fundo,
sentindo meu coração acelerar e minha respiração se alterar. Eu estava suando frio.

- Merda... – exclamei ao abrir os olhos e encarar o quadro novamente.


Deslizei as mãos pelo mesmo com força, fazendo com que o organograma se
desmanchasse por inteiro. – Faça o seu trabalho. – sussurrei.

[...]

Pressionei a bagana do cigarro contra o batente de concentro na área de externa da


delegacia, vendo o mesmo se apagar por completo antes de ser jogado ao chão. Eu
respirei fundo, tentando me manter o mais calma possível, evitando a todo custo que
a ansiedade tomasse conta de mim. Já era noite, e eu estava devidamente pronta
para buscar Camila, mas até o presente momento os seqüestradores não haviam
dado sequer um sinal de onde eu poderia encontrá-la. A maleta com os quinze
milhões de dólares estava no interior de minha sala aos cuidados de Vero e Ally;
Christopher havia deixado logo após a saída do banco, no qual foi devidamente
escoltado por Brandon e mais dois homens. Já passava das nove, e nenhum dos
celulares havia tocado.

Meus pensamentos confusos vagavam pelos momentos que tive com Camila, desde o
primeiro contato no Jared'Drink's, até os acontecimentos na Suíça. Eu me encontrava
totalmente perturbada com a idéias que rondavam meus pensamentos, mas tratei de
afastar todas e apenas fazer o meu trabalho. Era por isso que eu estava ali, não?

- Lauren!

Ouvi a voz de Vero que corria em minha direção. Ela parecia nervosa e ofegante, eu
me aproximei e recebi um pequeno papel que estava em suas mãos. Os outros
policiais envolvidos no caso, junto de Christopher e Brandon saíram para a área
externa conosco.

- Acabaram de ligar, e deram apenas esse endereço.

- Tentem rastrear a linha o mais rápido. Eu vou salvar Camila.

- Você tem certeza que não quer uma equipe? Nós podemos ficar escondidos.

- Vero, vamos fazer do jeito deles. Eu não quero que nada dê errado.

- Aqui está o dinheiro, salve a minha mulher.

Encarei Christopher de forma séria, assim como ele fazia. Havia agora um clima
pesado entre nós, como se a qualquer instante pudéssemos sair em uma briga sem
fim. Eu apenas capturei a mala de suas mãos, e virei meu corpo diante as minhas
companheiras de delegacia.

- Eu vou manter contato com vocês assim que eu estiver com a Sra. Collins.

Me despedi de todos, e desci as escadarias em direção ao meu carro. Despejei a


maleta com a quantia em dinheiro no banco do carona, enquanto me acomodava no
banco do motorista. Lancei um ultimo olhar para todos os outros que estavam na
entrada da delegacia, e só então arranquei com o carro. O lugar indicado no endereço
era totalmente longe do centro da cidade, ficava em uma área mais rural, sem a
presença de casas ou prédios. Eu segui com ajuda do GPS pelas estradas de areia,
extremamente parecidas com as que caminhei na parte da manhã. O clima estava
totalmente fechado, as nuvens cobriam boa parte do céu de Nova Iorque, sendo
iluminado apenas pelos raios que cortavam o espaço, trazendo consigo o barulho dos
trovões.
Parei com o carro no exato instante em que o GPS sinalizou que eu havia chegado ao
ponto indicado pelo endereço. Sai do carro, e como um dejavu me deparei com um
campo extenso e totalmente vazio. Somente os faróis de meu carro iluminavam o
local tomado pelo a escuridão da noite. Eu me encostei no veiculo, e senti as
pequenas gotas contra minha pele.

- Droga...

Entrei no carro novamente, observando a chuva cair e aumentar gradativamente com


o tempo. Olhei para o meu relógio, quando um foco de luz chamou minha atenção.
Encarei pelo para brisa que recebia a água torrencial da chuva, quando novamente o
foco de luz piscou, eram faróis. Estreitei os olhos, quando os faróis novamente se
acenderam, dando-me a imagem de um homem encapuzado com um fuzil preso ao
seu braço, ao seu lado o outro jogou um corpo no chão.

Camila.

Olhei para a arma sobre o banco ao lado da maleta prateada. A coloquei no coldre
axilar, para em seguida fechar minha jaqueta parcialmente. Segurei a mala, e sai do
carro. Deixando os faróis ligados, para me oferecer uma visão parcial do caminho que
eu iria seguir até os homens. A chuva banhava meu corpo, encharcando-me
rapidamente pela intensidade.

- Está com meu dinheiro? – gritou ele enquanto mantinha a arma apontava para o
corpo de Camila.

Ela estava ajoelhada no chão, seu corpo estava rodeado por cordas grossas, e sua
boca devidamente tapada com um pedaço de pano. Ela mantinha a cabeça baixa,
mas levantou devagar assim que ouviu minha voz.

- Eu estou com seu dinheiro, está todo aqui. – disse ao erguer a maleta.

- Se você trouxe alguém, nós vamos matar todos. Saiba disso! – ele parecia
enfurecido, empurrava o cano na arma contra o topo da cabeça da mulher.

Eu parei de caminhar, mantendo uma distancia segura entre nós.

- Eu estou sozinha! Por favor, deixe-a em paz! – gritei.


Meus olhos encontraram os de Camila, e ela parecia abalada demais para me encarar.

- Como posso ter certeza?

- Confie em mim. Eu estou com todo o dinheiro nessa maleta, apenas me deixe ficar
com ela!

- Você! - ele gritou para um dos homens. – Vá até ela devagar e pegue a maleta
Ande!

O capanga assentiu e caminhou lentamente em minha direção. O mandante que


estava ao lado de Camila ergueu o fuzil, mirando em minha direção, enquanto seu
auxiliar caminhava debaixo do temporal a meu encontro. Meu coração estava
vibrando em batidas desesperadas somente com a possibilidade de tudo que poderia
acontecer naquele momento.

- Me passe à merda da maleta!

Pela estatura e tom de voz, julguei ter sido mesmo que acertei com o cotovelo, tendo
o nariz quebrado. Seus olhos escuros me encararam firmemente, sem desviar por um
segundo.

- Vai, porra!

- Eu quero que soltem ela primeiro!

- Ah, porra. Entregue a merda da maleta para ele de uma vez! – o mandante
empurrou o corpo de Camila que foi ao chão molhado. – Não tente se fazer de
valente, eu não estou brincando!

Naquele instante todas as possibilidades de atirar nos homens passavam por minha
cabeça, mas dentre tantas opções, nenhuma deixava a vida de Camila totalmente
segura. Eu respirei fundo, e ergui a maleta para o homem que em um ato rápido a
tomou de minha mão. Eu o vi caminhar em direção ao mandante em passos rápidos,
enquanto ele ainda apontava seu fuzil em minha direção.

- Abra a maleta! – ordenou ainda com os olhos pousados em mim.

O capanga abriu o objeto, dando a visão de todos os bolos de dinheiro no interior da


maleta.

- Eu quero que você fique afastada, e só se aproxime no instante em que entramos


no carro, ouviu bem?

Eu apenas assenti, enquanto contava os segundos para ter Camila em meus braços.
O homem recuou alguns passos, caminhando de costas até o carro que o esperava ao
fundo. Ele mantinha a mira de sua arma apontada para a morena o tempo inteiro,
como se quisesse ter a certeza que eu não faria absolutamente nada. Um terceiro
homem abriu a porta, e o mesmo entrou. Agora todos eles estavam dentro do carro,
e tudo que eu pude ouvir foi ronco do motor soar alto.

- Camila!

Eu corri em sua direção, vendo seu corpo cair sobre o chão sujo e molhado. Ajoelhei-
me ao seu lado, erguendo-a para meu colo, para em seguida puxar o pano que cobria
sua boca.

- Lauren... – ela sussurrou fracamente. – Que bom que está aqui..eu..

A chuva caía sobre nós em uma intensidade grande, banhando nossos corpos agora
parcialmente sujos de lama. De forma afoita tentei desamarrar as cordas que
envolviam seu corpo, tendo o cuidado para não machucá-la mais. Camila tinha
hematomas em seu corpo, e alguns pequenos cortes na boca e sobrancelha. Ergui a
cabeça vendo o carro se afastar ao fundo, a ponto de sumir totalmente na escuridão.
Puxei as cordas, libertando a mulher que se agarrou em meu corpo rapidamente. Ela
estava nervosa em meio as lagrimas.

- Obrigada! Obrigada, Lauren... sua voz embargava em meio a emoção.

- Shh, não precisa agradecer. Está tudo bem.. – disse ao apertar seu corpo
delicadamente contra o meu. – Não vou deixar que mais nada aconteça com você,
Camz.

- Promete?

- Eu prometo.

Os erros eu arrumo depois, até o próximo capitulo!


Capítulo 22 - Cuidados

OLÁ MEUS AMORES! VOLTAMOS.

QUE SAUDADE DE VOCÊS!

Depois de um mês! Nossa, demoramos, eu sei. E eu, Evelin, assumo a culpa. Mas é
que vocês sabem que tenho outras fics pra cuidar, certo? Tem minha filha Fallen
Angel, e o meu bebê Royals, que eu só acho que deveriam ler enquanto Xeque-Mate
não atualiza. Assim sempre vão estar atualizados. Quero pedir desculpa, de verdade.
Não gosto de demorar, mas dessa vez não tive como mesmo. Vou fazer
o possível para que não demore tanto, vocês sabem que eu já estava atualizando
com frequência e tal. Enfim, temos um capitulo novinho, todo lindinho pra vocês.
Espero que gostem muito! Um Beijo na boca, e aproveitem. - Evelin.

"Depois de anos.... Oi lindas, tudo bom? Enfim, esse cap eu prometi que ia dedicar à
alguém mas ela meio que não sabe que eu ia dedicar pra ela... Enfim kkkk Nathany
minha xeque-matinha preferida, presidente do fã-clube, esse cap é dedicado pra
você. Espero que goste. BEIJAO linda... - Larissa Rios."

Queria dedicar pra Karol do acamp sp.. De aniversário atrasado baby' - Sindy
Ribeiro.

Camila Collin's point of view.

Senti os braços de Lauren me envolvendo com cuidado, enquanto a chuva caia sobre
nossas cabeças. O carro com os capangas havia acabado de se perder em meio à
escuridão daquele campo deserto. Senti meu corpo ser erguido, fazendo com que eu
me sentasse.

- Camila? Olhe pra mim. – abri os olhos e encarei aquele par de olhos verdes tão
preocupados.

Mesmo com a escuridão que nos acomodava, eu encarei seu rosto parcialmente
iluminado pelos faróis acesos de seu carro, vendo as gotas de chuva escorrerem por
sua pele alva. Mesmo sabendo que nada daquilo foi real, e que nunca corri perigo de
vida, sentia-me incrivelmente segura nos braços daquela mulher, como se ela
pudesse me emergir daquele lamaçal de mentiras e rancor.

- Está tudo bem, eles foram embora.

- Me desculpa. – soltei quase em automático, sem perceber.

Lauren franziu o cenho, unindo suas sobrancelhas no centro de sua testa. Ela me
encarou com uma expressão confusa, mas logo tratou de negar com a cabeça. Senti
minha respiração falhar em puro medo.

- Pelo que, Camila?

- Por te fazer passar por isso, eu... – acomodei meu rosto na curva de seu pescoço,
interrompendo minhas palavras.

- Não tem que se desculpar, Camz. Eu vou tirar você daqui, ok? Está tudo bem
agora.

Ela se ajoelhou no chão sujo, e com força me levantou, acomodando meu braço sobre
seus ombros, enquanto rodeava minha cintura com um de seus braços. Caminhei com
ela em direção ao seu carro parado no meio da estrada de areia. Estávamos
completamente molhadas e sujas. Lauren abriu a porta do veiculo, e me acomodou
no banco do passageiro, para logo em seguida correr em direção ao lado oposto.
Gemi de dor pela ardência no cortes em minha boca e sobrancelha, ao contrario de
todo resto, aqueles eram reais. Lauren se acomodou em seu banco de forma afoita,
respigando água pelo interior do carro enquanto retirava o seu de tecido
impermeável.

- Eu vou te levar direto para o hospital, e de lá chamo todos.

Suas mãos vieram de encontro ao meu rosto, deslizando seu polegar delicadamente
em minha pele. Agora eu tinha uma visão melhor do rosto de Lauren, graças à luz
que iluminava o interior do veiculo. Ela realmente parecia preocupada, o que só
aumentava minha carga de culpa. Fechei os olhos, sentindo seus carinhos suaves me
reconfortarem.

- Você vai ficar comigo? – perguntei.

- Vou fazer o possível pra isso, Camz.

De forma cuidadosa ela esticou seu corpo, pegando uma espécie de casaco que
estava no banco de trás, no qual estendeu em minha direção.

- Vista isso, está frio e não faz nada bem você ficar molhada desse jeito.

- Mas e você?

- Não se preocupe, Camila. Eu estou bem, ok?

Eu assenti lentamente, ainda encarando seu par de olhos verdes. Lauren tinha uma
expressão nervosa, e um tanto cansada. Eu abaixei as alças de meu vestido vermelho
até a cintura, ficando apenas de sutiã na parte superior. Recebi seus olhos sobre
mim, mas diferente do de costume, eles não demonstravam desejo, apenas
preocupação. O casaco fazia parte do uniforme da mulher na delegacia, suas mangas
longas e o tecido grosso me esquentaram juntamente do aquecedor ligado por ela.

- Como está Christopher?

- Está ótimo. – disse ela sem nem sequer me fitar.

O carro foi ligado, dando partida para bem longe daquele imenso campo vazio. O
lugar escolhido para o resgate era um pouco distante do centro da cidade, ainda
tínhamos bons minutos sozinhas antes de começar o alvoroço entre policia e hospital.
Lauren estava séria, um pouco tensa, permaneceu calada por um longo tempo, até
que me acomodei mais próximo de seu corpo, juntamos minha cabeça ao seu ombro.
A roupa molhada me dava calafrios, e eu só queria tê-la mais perto para me aquecer.

- Fiquei muito preocupada com você. – disse ela enquanto mantinha seus olhos na
estrada.

- Ficou?

Fechei os olhos sentindo minha cabeça fervilhar com a maldita culpa. Mentir era uma
arte que eu dominava com uma facilidade muito grande, nunca me senti culpada e
muito menos incomodada por omitir ou negar fatos reais, não até Lauren aparecer.
Senti ela se mover um pouco mais para o lado, como se quisesse me sentir mais
perto. Envolvi seu braço com os meus, sentindo o calor de seu corpo em minhas
mãos.

- Muito. Eu estava ficando louca sem noticias sua, sem saber se estava viva.
- Queria que você não tivesse que passar por isso. – sussurrei de forma sincera, ao
deslizar a ponta de meus dedos sobre o braço de Lauren.

Ela desviou os olhos da estrada extensa e retilínea para me encarar por alguns
segundos. Eu não sabia explicar o porquê, mas algo nos olhos dela me prendiam, me
hipnotizavam, aquele mesclado de tonalidade esverdeadas me engoliam por
completo. Como se nos conectássemos através do olhar. Logo a estrada roubou sua
atenção novamente, fazendo nossa conexão ser interrompida.

- Essas coisas acontecem, Camila. Eu fui treinada para isso, mas você...

- Podemos não falar sobre o seqüestro? Eu só preciso esquecer.

- Tudo bem, não vamos falar disso.

Respirei fundo, quando senti a mão dela que repousava sobre o descanso do banco,
segurar a minha suavemente. Lauren entrelaçou nossos dedos, movendo seu polegar
para acariciar minha pele, enquanto sua atenção se mantinha o tempo todo na
estrada. Ela agora transparecia calma, seu olhar era sereno como quem tivesse
certeza que tudo estava bem, e realmente estava.

Depois de alguns minutos, estávamos entrando no estacionamento do hospital em


Nova Iorque. No caminho, Lauren passou as informações para Ally, uma de suas
auxiliares na delegacia, que informou que logo nos encontraria com o restante das
pessoas, incluindo Christopher.

- Pronto, chegamos. – disse assim que desligou o carro.

- Eu não queria vir ao hospital. – resmunguei.

Lauren ergueu a sobrancelha com um olhar acusativo, enquanto retirava o cinto de


segurança.

- Você está com hematomas, precisa cuidar disso.

- Poderia fazer isso em casa! Eu pediria ajuda a alguém.

- Para o seu marido? Aquele troglodita?


Ela perguntou de forma séria, mirando-me com uma expressão desconfortável. Um
sorriso nasceu no canto dos meus lábios, os quais umedeci lentamente antes de
inclinar meu corpo em direção ao dela.

- Eu tinha pensado em você. – sussurrei.

- Em mim?

Eu assenti, deixando que meu olhar caísse sobre seus lábios agora entreabertos, para
logo em seguida subir em direção a seus olhos novamente. Lauren conseguia me
deixar nervosa apenas com sua presença.

- Sim, em você. Se eu pudesse ficaria contigo depois de tudo isso.

Ela engoliu em seco, fechando seus olhos por alguns instantes que me permitiram
analisar como a delegada era incrivelmente linda, mesmo estando um tanto
bagunçada agora. Eu sentia como ela também ficava nervosa comigo, sua respiração
se tornava mais pesada, ficando evidente no subir e descer de seu peito. Seus lábios
hora ou outra se espremiam, talvez buscando as palavras certas.

- Não estamos sozinhas para isso. Todos vão querer falar com você.

As palavras saíram baixas, sussurradas, bem próximo aos meus lábios. Deslizei a
ponta de minha língua sobre meu lábio inferior, antes de me aproximar mais um
pouco. Eu podia sentir sua respiração contra meu rosto, provocando-me aquele
formigamento em minha pele. Queria tocá-la.

- Vamos aproveitar que ainda estamos.

Lauren não demorou nada. Senti suas mãos repousarem sobre meu rosto, puxando-
me para junto de si. Seus lábios macios e delicados foram pressionados contra os
meus, fazendo-me arfar em agradecimento. Beijá-la era um vicio, um maldito e
delicioso vicio. Sua mão escorregou até minha nuca, deixando que a ponta de seus
dedos adentrasse entre os fios de meu cabelo; ela os puxou com um pouco de força,
apenas o necessário para me fazer perder o fio de razão. Sua língua não tardou a
adentrar minha boca de forma habilidosa, serpenteando sobre a minha suavemente.
Não era um beijo alvoroçado, mas passava longe de ser calmo. Havia uma carga de
intensidade entre nós que eu não poderia explicar. Um beijo era suficiente para me
deixar fora de orbita.

- Melhor pararmos... – ela sussurrou ofegante.


- Não, não precisamos parar.

Segurei em sua nuca, impedindo que ela se afastasse. Eu estava praticamente


debruçada sobre ela, Lauren tinha suas mãos em minha cintura, e seus olhos nos
meus. Meu peito subia e descia em uma respiração pesada, ofegante. A delegada
olhou para os lados, provavelmente verificando se havia alguma movimentação no
lugar. O estacionamento era ao ar livre, bem a frente do hospital, havia poucos
carros, no maximo uns seis; a circulação de pessoas era quase nula, o que nos dava
uma privacidade maior.

- Camila, eu quero. Quero muito. Mas você está machucada, e logo os outros vão
chegar. Precisamos dar entrada no hospital.

- Eu não quero transar, Lauren. Eu só quero que me beije, que me toque.

Ela se calou, deixando apenas nossos olhares presos um no outro. Senti suas mãos
apertando minha cintura, e foi exatamente a resposta que esperei para tomar seus
lábios novamente em um beijo de tirar o fôlego. Soltei um gemido de dor, ao sentir o
corte em meus lábios durante um beijo mais forte e intenso. Lauren rapidamente o
interrompeu para me encarar.

- Está doendo muito?

- Um pouco. – falei com sinceridade.

- Vamos entrar, ta bom? Cuidar desses cortes, e das marcas roxas. – sussurrou ao
tocar o ponto dolorido nas maças de meu rosto.

Antes de me permitir ser levada pelos capangas. Dinah fez o favor de


marcar meu rosto com fortes tapas. Os machucados precisavam ser reais caso eu
quisesse mesmo convencer os outros que havia mesmo sido seqüestrada. Eu tinha
um corte no supercílio, e outro no canto dos lábios, fora o arroxeado na maça de meu
rosto.

- Estou horrível.

- Está, mas é impressionante como você ainda consegue ficar bonita e atraente. –
disse com uma risada baixa.
Eu me afastei dela, acomodando-me lentamente no banco de passageiro. Lauren
estava mais calma, o que me deixava mais tranquila. Saímos de seu carro, e ela
ainda me ajudava a caminhar em direção ao hospital. Enfermeiras trataram de me
atender imediatamente assim que souberam meu sobrenome. Influencias ajudavam
nessas horas. Lauren acompanhou todo o processo, que não demorou quase nada. Eu
tomei um banho, troquei minhas roupas por um roupão dado no hospital, e fiquei de
repouso em um dos quartos. De acordo com os médicos eu precisaria ficar de repouso
por algumas horas, e Lauren concordou, prometendo que eu faria isso. Estava deitada
sobre a cama macia, enquanto a TV transmitia algum programa que eu nem sequer
dei atenção.

- Acabei de falar com Brandon, eles estão a caminho. Estão demorando porque
Christopher estava dando alguns depoimentos, e como você está acompanhada de
uma policial, não teve porque mandar as outras meninas. – Lauren disse assim que
entrou em meu quarto.

- Você pode parar um pouco?

Ela me lançou um olhar confuso, expressado nitidamente por seu cenho franzido.

- Como assim?

- Vem aqui comigo. – falei ao bater sobre o lençol da cama, bem ao meu lado.

Lauren me fitou, deixando que um sorriso escapasse de seus lábios. A mulher


caminhou até meu leito, sentando-se ao meu lado. Eu estava sentada, o que nos
deixava praticamente da mesma altura.

- Você não deve ter parado desde que saiu daquele lugar.

- Eu só consigo parar quando tenho as coisas resolvidas, Camila.

- Eu sei, mas creio que precise descansar, agente Jauregui.

- Vou fazer isso.

- Acho bom que faça. Deixe sua capa de heroína por algumas horas, e apenas
descanse.

- Só se deixar de ser a donzela em perigo por algumas horas. – ela disse ao soltar um
riso baixo.
- Sou mais do que uma donzela em perigo, Lauren.

Ela ergueu a cabeça, e me fitou nos olhos. Nós nos encaramos por alguns segundos,
que tive a sensação que duraram mais do que deveriam. Lauren não falou nada,
apenas sorriu. Fechei meus olhos ao sentir uma de suas mãos tocarem meu queixo,
acariciando de leve.

- Foi durante esses dias.

- Fui. Mas não quero falar sobre isso.

- Se sente mal?

- Muito.

- Então não vamos falar sobre isso. Eu quero que você se recupere, Camila. – ela
disse ao segurar em uma das minhas mãos, fazendo um carinho suave.

Ela tinha a cabeça baixa, enquanto deslizava a ponta de seus dedos pelas linhas das
minhas mãos. Parecia pensativa, quase absorta. Me permiti observá-la por aqueles
instantes, notando todo seu cuidado e dedicação para me manter bem.

- Acho que já fazia muito tempo que eu não me sentia tão cuidada por alguém. –
soltei de forma sincera. – Me sinto segura contigo.

- Sente?

- Por incrível que pareça... – um sorriso escapou de meus lábios. – sinto.

Lauren era a pessoa que eu mais devia temer. Mesmo não sabendo, ela possuía o
poder de atingir todas as minhas fraquezas, como se soubesse os pontos estratégicos
para me jogar para fora daquele tabuleiro. Era a única que poderia desmontar meu
reinado com gloria. Entretanto, quanto mais eu sentia que deveria me afastar, e
repelir qualquer contato que me aproximasse dela, mas consumida pelo prazer de
estar com ela eu estava sendo. Lauren era como uma substancia viciosa, quanto mais
você prova, mais você quer.

- Acho que nunca cuidei de alguém assim. – disse ao me encarar. – Sei que é errado,
mas...

Eu não deixei que ela terminasse, apenas aproximei meu rosto do dela e tomei seus
lábios em um beijo. Eu não queria ouvir, não queria palavras que me afundassem
mais na culpa que me corria. Então a beijei com tudo aquilo que me transbordava
agora. Lauren inclinou seu corpo lentamente para frente, depositando toda sua
vontade naquele beijo, que parecia roubar de mim todas as forças, até que ouvimos
as batidas na porta de madeira, fazendo com que ela se afastasse rapidamente.

- Querida? – ouvi a voz grave de Christopher assim que o mesmo adentrou a sala.

Lauren virou de lado, e eu tentei controlar minha respiração antes de encara-lo com
um sorriso amarelo. Ele se aproximou, abrindo os braços antes de me envolver.

- Que bom ver você, meu amor. Estava tão preocupado! – disse em um tom
agoniado. – Está com muitas dores? O que você fizeram com você?

Ele me soltou por alguns instantes que usou para me olhar nos olhos, eu não
conseguia falar. Apenas o encarei, e respirei fundo. Christopher me abraçou
novamente, e por cima de seus ombros encarei os olhos de Lauren que me fitava. Ela
estava próxima a parede, assistindo toda aquela cena com uma expressão séria. Eu
fechei os olhos, quando senti as mãos de Collins tocar meu rosto, obrigando-me a
fita-lo. Antes mesmo que eu pudesse impedir, senti seus lábios grossos selarem os
meus.

- Eu estou bem, Chris. – murmurei ao me soltar rapidamente. – Por favor.

- Que isso, amor. A agente Jauregui sabe que somos casados, e é normal a gente
trocar carinhos depois de todos esses acontecimentos, não é Lauren?

Lauren permaneceu de cabeça erguida, soltando um sorriso falso.

- Claro, Sr. Collins. Muito normal, tem mais que cuidar bem de sua esposa pra não
perder.

- Jamais perderia, ela está muito bem. Não é, querida? – indagou ao acariciar meu
braço.

Eu apenas assenti, trocando um rápido olhar com a mulher no canto da sala.

- Bom, vou deixar vocês sozinhos para conversarem e matarem a saudade. Tenham
uma boa noite. – Lauren murmurou ao sair da sala.
Eu quis impedi-la de sair, não queria que Lauren fosse embora, mas eu não poderia
obrigá-la a ficar e assistir a tudo aquilo. Olhei para os olhos claros de Christopher, e o
mesmo transmitia uma expressão confusa, talvez com minha falta de ação.

- Por que você a trata assim? – perguntei incrédula.

- Não gosto dela, Camila. Não tivemos um bom convívio nas ultimas horas.

- O que aconteceu?

- Não importa, não quero que se preocupe com isso. – ele falou ao se levantar.

Collins se afastou da cama, caminhando em direção a janela. Era nítido que


Christopher e Lauren tinham força que os repeliam, mas eu não poderia deixar isso
arruinar tudo.

- Eu quero saber, Chris.

- Só discutimos, estávamos nervosos com sua ausência e gerou certa confusão. Mas
não se preocupe, eu já falei com Brandon, vamos colocar outra pessoa para cobrir
sua segurança.

Eu arregalei os olhos e o encarei.

- O que? Está louco?

Ele virou com seu corpo em minha direção, colocando as duas mãos no bolso de sua
calça de tecido azul Royal. Seus olhos me fitaram fixos, como quem estivesse me
analisando.

- Por quê? Ela não fez o que deveria, Camila. Fomos seqüestrados! Por sorte não
posso tira-la do caso antes que ela termine o inquérito, mas se pudesse com toda
certeza essa mulher já teria saído.

- Lauren não tem nada a ver com o seqüestro, Christopher! Por Deus. – exclamei
irritada.

O homem caminhou em minha direção, parando ao lado de minha cama.


- Ela tinha como obrigação ter nos salvado!

- De um grupo de homens? Quando na verdade você deveria estar com seus


seguranças?

Christopher franziu a testa, quase unindo as sobrancelhas no meio da mesma.


Carregava uma expressão incrédula, confusa e no mínimo irritada. Eu o encarei de
cabeça erguida, mostrando o quão ridícula sua idéia era.

- De que lado você está? Vai defender aquela policialzinha?

- Policialzinha que me resgatou? Arriscou a vida por mim? Sim, claro! Você não vai
trocar minha segurança pessoal, eu te proíbo.

- Posso colocar seguranças mais competentes, Camila!

- Eu não quero! Lauren vai continuar sendo minha segurança particular, será que não
vê tudo que ela fez por mim?

- Ela é paga para isso! Não seja tola. – exclamou em um tom mais alto.

- Nem tudo se resume a dinheiro.

Nós nos encaramos de forma fria, quase mortal quando ouvi mais batidas na porta.
Pela fresta oferecida pude ver Dinah pedir licença.

- Camila! Meu Deus! – ela correu em minha direção, abraçando-me com força. – Não
sabe o quanto fiquei preocupada com você.

- Eu vou tomar um pouco de café, depois volto. – o homem falou antes de sair e me
deixar sozinha com Dinah.

- O que aconteceu? – Dinah perguntou ao me soltar, agora me encarando


naturalmente, sem todo o drama de poucos segundos atrás.

- Christopher está implicando com Lauren. – soltei em um tom áspero.

- E a leoa está armada para defender a pobre delegada?

Encarei a loira que tinha um sorriso cínico nos lábios.


- Dinah...

- Eu estou brincando, Mila. Eu não vou pegar no seu pé com isso outra vez. Temos
assuntos mais importantes a tratar do que a sua vida amorosa com a agente
Jauregui.

- Me passe o relatório de tudo que ouviu.

- Certo, vamos logo antes que o infeliz volte.

Lauren Jauregui's point of view.

- Está tudo bem com você?

Ouvi a voz doce de minha melhor amiga assim que entramos em nosso apartamento.
Depois dos dias alvoroçados, tudo que eu precisava era de descanso. E isso foi
concedido por Brandon, que solicitou que eu comparecesse a delegacia pela manhã,
para em seguida ter o restante da tarde livre.

- Sim, por quê?

Joguei meu casaco em um canto qualquer da sala e caminhei até o sofá. Meu corpo
relaxou assim que sentei sobre o estofado macio.

- Veio calada o caminho todo, está quieta demais desde que saímos do hospital.
Aconteceu alguma coisa?

- Não.

Arqueei minha cabeça para trás, e respirei fundo. Verônica sentou ao meu lado, e me
encarou com uma expressão que dizia "não minta pra mim."

- Não me olhe assim, não aconteceu nada mesmo. Só estou com cabeça cheia depois
de tudo isso.

- Eu imagino que sim, foram dias conturbados, mas sei que algo mais te perturba, e
eu como sua melhor amiga devo saber.

Fechei os olhos praguejando a forma como Verônica Iglesias sabia me ler, me decifrar
sem nem mesmo eu comentar.

- Vamos, Laur. Tem a ver com a toda poderosa?

- Ultimamente tudo tem a ver com ela, não é mesmo?

Vero me lançou um sorriso de canto, enquanto descansava seus pés sobre a mesinha
de centro da sala.

- Eu não sei o que está acontecendo comigo. Há tantas idéias na minha cabeça,
tantos acontecimentos, sinto que vou ficar louca. Todos eles Camila está presente. Ela
está me dominando.

- Já conversamos sobre isso, e você sabe muito bem o que acho que está
acontecendo, não é?

- Eu sei... – sussurrei ao fechar os olhos.

- Lauren, você evitou se apaixonar por anos, por inúmeras garotas maravilhosas que
tinham tudo pra te fazer ter uma vida tranquila, mas não foi o atrativo perfeito.

Encarei os olhos castanhos de Verônica, que agora não tinha um tom zombeteiro,
mas sim, sério.

- Nenhuma mulher conseguiu roubar tantos seus pensamentos, sua atenção e sua
preocupação desse jeito. Você ainda tem duvidas do que isso seja? Ela pode transar
muito bem, mas você não pode se enganar em dizer que isso é apenas sexo.

- Vero...

- Você precisa aceitar que está apaixonada por Camila Collins.

Ela levantou-se do sofá, enquanto retirava seu casaco da policia lentamente.

- E eu não digo pra você admitir para os outros, e sim para você mesma. Agora eu
vou te deixar pensando nisso, preciso tomar um banho. – falou ao se afastar em
direção ao seu quarto.

Eu neguei com a cabeça, enquanto as imagens de Camila se materializavam


perfeitamente em minha mente. Eu tinha todos os seus traços gravados nos mais
mínimos detalhes, moldando aquela face latina tão atraente. Eu não podia negar que
mulher me envolvia, me tomava para si mesmo quando eu insistia em negar. Eu não
conseguia entender, e muito menos explicar. Mas eu não poderia deixar isso crescer,
eu teria que parar.

[...]

Olhei para aquela pilha de documentos sobre a minha mesa, vendo os depoimentos
de todos que estavam no carro no momento do seqüestro. O desaparecimento de
Heitor apenas o acusava mais, agregava a sua ficha criminal suspeitas bem maiores
do que o roubo da Collins Enterprise, mas eu sabia que havia uma parte daquela
historia em aberto, e que eu teria que começar a investigar.

- Alguma noticia do Heitor? – indaguei para Ally que digitava algo em seu
computador.

A loira ergueu a cabeça, encarando pelas lentes de seus óculos pretos.

- Eu consegui algumas informações. Dos lugares que ele freqüentou antes, algumas
pessoas que os viram. Mas apenas o comum.

- Acha que ele tem algo a ver com o seqüestro? – Normani perguntou.

- Estou apurando algumas informações ainda. Mas não descarto a


possibilidade. Se Heitor é mesmo o ladrão, nada impede de ser o seqüestrador.

- Com certeza deve ser. – afirmou Normani.

- Tem muita coisa por trás. – sussurrei.

- O que disse? – perguntou Ally.

- Nada, agente Brooke.

Ela assentiu e voltou sua atenção ao computador. Eu continuei a ler os relatórios


sobre minha mesa, quando vi o comissário Brandon do outro lado da porta de vidro.
Ele gesticulou com as mãos para que eu o acompanhasse, e assim fiz.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntei assim que me pus ao seu lado.

- Não, Lauren. Só quero que venha a minha sala.


- Certo, eu estava mesmo querendo falar com você.

- Algo em especial? – perguntou o senhor de cabelos grisalhos.

- É sobre a segurança particular da sra. Collins. – eu respirei fundo, e então continuei.


– Eu não quero mais fazer isso.

O comissário me encarou com uma expressão confusa, um tanto incrédula. Levou sua
xícara azul marinho com o brasão da policia até os lábios e tomou um gole do que
julguei ser café.

- Por quê?

- Eu não me sinto apta para isso, Brandon. Não foi o que eu busquei ao vir para Nova
Iorque. Está fugindo de meus planos, e eu sei que preciso fazer alguns esforços se
caso eu queira subir nessa delegacia, mas... Não quero continuar com isso.

- Sabe, Lauren... – iniciou ao caminhar pelo corredor, em passos lentos. –


Christopher ordenou que eu tirasse você do papel de segurança particular de sua
esposa. Disse que tiveram desentendimentos durante alguns momentos. Seus
motivos são esses também?

Eu não poderia dizer para o comissário que meus motivos iam muito além daqueles,
então apenas assenti.

- Não só por isso, só não é o que eu quero pra mim.

- Entendo, você tem ambição de algo maior. E eu acredito que vá conseguir, mas
lembre-se que precisa fazer esforços.

- Eu sei. – soltei em um tom seco. – Se quiser pode me colocar para ser segurança
particular de outra pessoa, já que até mesmo o Sr. Collins não me quer para cuidar
de sua esposa.

- Certo, eu vou ver o que posso fazer por você, ok?

Eu apenas assenti e segui até sua sala. Brandon me passou alguns dos relatórios que
eu havia solicitado assim que cheguei à delegacia. Ficamos conversando por mais
alguns minutos, e então voltei para minha sala. Todas as imagens e acontecimentos
no seqüestro passavam por minha cabeça de forma constante, como se fosse
impossível de esquecer. Até ouvir as leves batidas na porta de vidro, mostrando um
dos policiais do outro lado. O rapaz gentilmente informou que Brandon me aguardava
em sua sala com mais algumas pessoas, então rapidamente segui até seu encontro.

No interior da sala estava o empresário acompanhado de sua esposa. Camila me


encarou com seu olhar intenso, ao contrario de seu marido que nem sequer colocou
os olhos sobre mim. Brandon estava em seu devido lugar, e eu apenas me aproximei.

- Bom dia.

- Bom dia. – ela respondeu, e Christopher apenas me lançou um olhar frio.

- Lauren, o Sr e a sra. Collins estão aqui para esclarecer algumas situações dos
últimos dias. E pediram para chamá-la.

- Desculpe, esclarecer o que? – perguntei de forma confusa ao parar diante o casal.

- O nosso mal entendido, agente Jauregui. – Collins falou ao se levantar da cadeira,


enquanto fechava os botões de seu paletó cinza. – Creio que deve saber que pedi seu
afastamento da segurança particular de minha esposa, não?

Ergui minha cabeça, e encarei os olhos claros do homem a minha frente


que me lançava um olhar desafiador.

- Eu sei sim, Sr. Collins. Mas com isso não se preocupe, eu mesma pedi o
afastamento.

- O que? – ouvi a voz de Camila ao fundo.

Christopher abriu um sorriso de canto, e virou em direção à latina, que carregava


uma expressão no mínimo confusa.

- Viu, querida? Nem adiantou me fazer vir até aqui, a própria Lauren quer sair.

O tom de voz dele era sarcástico, causando-me ânsia de vomito.

- Pode me dizer o motivo? – a morena se aproximou, parando a minha frente.

Camila e eu tínhamos uma intimidade enorme, mas oculta de todos os outros. Eu a


encarei, a fazendo perceber o quão próxima estávamos. A mulher apenas engoliu em
seco, e tomou sua postura, afastando-se.

- Eu não acho que fique bem para mim ser sua segurança particular depois do ultimo
ocorrido, Sra. Collins.

- Eu também acho que não. – Christopher complementou.

- Pois eu não vejo problema algum. E foi exatamente para isso que vim aqui.
Christopher veio se desculpar pela grosseria, não é querido?

A mulher o fitou, persuasiva, quase em tom de ordem mascarada de gentileza. O


sorriso em seus lábios morreu, e então ele me fitou.

- Claro. Creio que fui um tanto grosseiro com você, e isso não faz parte de minha
forma de agir. – seus passos eram lentos em minha direção. – Mas quero que saiba
que ainda sou contra sua permanência como segurança particular de minha esposa.

- Eu imagino que seja.

- Sou sim. Entretanto, minha esposa acredita no seu trabalho e na garantia que está
segura sobre sua proteção. Por isso quero pedir que continue cuidando dela.

Meus olhos os fitaram fixamente, e eu sabia que ele não queria aquilo, mas era
domado demais pela esposa para ir contra. Deixei os olhos claros, para encarar os
castanhos ao fundo.

- E então, agente Jauregui? Deseja continuar sendo minha segurança particular? –


perguntou ao se por ao lado do marido.

Naquele instante travei uma batalha interna em permanecer ou não. Não poderia
negar que, ser agente particular da latina havia sido melhor do que eu esperava,
estar em sua presença me rendia momentos bem...interessantes. Porém, perigosos.
Karla não tinha medo do perigo, se arriscava constantemente para manter nossa
relação, e para mim que conseguia ser facilmente dominada pelo dom de sedução da
morena, acabava sendo inevitável.

- Bom... – eu respirei fundo, colocando um sorriso um tanto petulante em meus


lábios. Dei apenas três passos lentos a frente, passando pelo empresário, ficando de
frente para a latina. – se gostou tanto de meu trabalho, eu não vejo motivos para
deixar de exercê-lo. – virei para Christopher, ainda com um sorriso. - É sempre um
prazer trabalhar com a sra. Collins.
- Ótimo! – exclamou Brandon. – Então está tudo resolvido.

Christopher arqueou a sobrancelha, e assentiu de mal grado. Troquei um rápido olhar


com Camila que apenas meneou com a cabeça em um sinal negativo, soltando aquele
conhecido sorrisinho cínico.

- Então se me permitem, eu vou voltar para minha casa com minha esposa. Ela
recebeu orientações medicas que precisava ficar em repouso, mas foi teimosa o
suficiente para vir a essa reunião.

- Imagino que sim. Você tem que se cuidar, sra. Collins.

- Vou fazer isso muito bem, obrigada.

Nós todos nos despedimos. Logo vi o casal se retirar da delegacia de


braços dados como se fossem a união perfeita, mal sabiam aqueles. Me despedi de
Brandon, e do restante das meninas; eu por sorte teria o restante da tarde e da noite
de folga. Ao chegar em casa, tomei um banho morno e demorado, vestindo roupas
leves enquanto tratava de pensar no que faria para o jantar. Naquelas horas eu não
queria saber de investigação, policia ou roubos. Por alguns instantes eu apenas seria
Lauren.

Fiquei alguns minutos na cozinha, apenas retirando todos os ingredientes necessários


para preparar meu jantar, quando por fim ouvi o toque suave de minha campainha.
Enxuguei as mãos em pano que estava sobre a bancada, e caminhei em direção a
porta. Eu não estava esperando por visitas, ainda mais às dez da noite. Ao abrir a
porta, dei cara com a minha inesperada visita.

- Sentiu saudade? – perguntou com um sorriso de canto.

Camila estava com diversas sacolas plásticas nas mãos, franzi o cenho e rapidamente
ajudei, segurando algumas para que ela por fim entrasse em minha casa. Ao
contrario do de costume, ela não estava tão arrumada, trajava roupas casuais como
um short de tecido azul marinho, e uma blusa branca que deixava boa parte de seu
ombro esquerdo amostra. Seus cabelos estavam presos em um coque mal feito, que
deixava alguns fios soltos próximo a sua nuca.

- Atrapalho?
- Ah, não. Só estou surpresa com sua visita. Não teve ordens medicas para ficar de
repouso? – perguntei ao capturar as outras sacolas de suas mãos. – Você deveria
estar sendo cuidada, Camila.

- Exatamente por isso que estou aqui.

Despejei as sacolas sobre a bancada, e pelas embalagens em seu interior pude notar
que Camila estava com fome.

- Como assim? – virei para ela.

- Achei que você poderia cuidar de mim. Sei que está na sua folga, e que só quer
descansar... – ela se aproximou, parando a minha frente. – Mas queria ficar na sua
companhia.

- Cadê o seu marido? Não reclamou por sair a essa hora?

- Bom... – ela soltou um sorriso sacana. – ele está dormindo.

- Camila... – neguei com a cabeça.

- Qual é, Lauren? Só é um calmamente. Ele vai dormir que é uma maravilha, volto
antes que ele acorde.

- Você é louca, sabe disso, não é?

- Eu sei.

Ela sorriu, e envolveu seus braços ao redor de meu pescoço. Ela não usava
maquiagem, o que deixava os hematomas mais visíveis para mim. Ergui uma de
minhas mãos, e deslizei a ponta dos dedos sobre a marca, fazendo ela fechar os
olhos.

- Eu não estou usando maquiagem, para não irritar minha pele. Eu estou horrível, eu
sei e sinto muito.

Inclinei minha cabeça um pouco para frente, e com toda delicadeza do mundo beijei
sobre o hematoma no rosto da latina, que suspirou profundamente ao sentir meus
lábios em sua pele.

- Você está linda, não se preocupe.


Nós nos encaramos por alguns segundos, e naquele instante algo diferente se
instalou entre nós. Camila permaneceu com os olhos fixos nos meus, até afastá-los, e
seguir em direção a bancada.

- Eu trouxe comida. Não sei se já jantou, mas estou morrendo de fome. Você gosta
de frango? – perguntou enquanto retirava as embalagens no interior da sacola.

- Eu adoro, minha comida favorita.

Nós ficamos sentadas no chão da sala, enquanto assistíamos a um filme que passava
na TV. Comemos lá mesmo, Camila estava sentada ao meu lado enquanto degustava
do frango a xadrez que trouxe de um restaurante maravilhoso no centro da cidade.
Mantínhamos uma conversa casual, sobre assuntos aleatórios de nossa vida,
enquanto tomávamos suco, já que eu proibi a mulher de tomar vinho. Ela reclamou
por um bom tempo, mas se deu conta que nada mudaria minha opinião.

- Então seu pai agora mora em Miami?

- Sim, ele se mudou para lá com minha irmã, Taylor. Não deve ter tanto tempo.

- Você parece se apegar unicamente a sua família. – perguntou ao limpar o canto dos
lábios com o lencinho.

- Sempre foi assim, até... – eu meneei com a cabeça em um sinal negativo.

- Até?

- Nada, Camila.

Ela me encarou com um olhar fixo, mas logo o desviou.

- Não vá se apaixonar por mim, Lauren. – um sorriso de canto nasceu em seus lábios.

Eu deixei o copo sobre a mesa, e fiz uma careta para ela. Camila riu, e deitou no
tapete da sala, deixando suas pernas dobradas. Eu me coloquei entre elas, apoiando
minhas mãos no chão, ao redor de sua cabeça. Encarei seu rosto que carregava uma
expressão animada.

- Não estou apaixonada. – murmurei.


Camila levou as mãos até a gola de minha blusa, puxando-me para mais próximo
dela.

- Não? Tem certeza?

Eu tinha sua boca bem próxima a minha agora, mais um pouco e eu a beijaria. Senti
as pernas da morena se prenderem ao meu corpo, impedindo-me de me afastar.
Repousei meus braços sobre o tapete ao lado da cabeça dela, deixando nossos rostos
um de frente para o outro.

- Cala a boca. – sussurrei.

- Me cala.

- Com prazer.

Senti as mãos de Camila deslizarem por minhas costas assim que meus lábios se
uniram aos dela em um beijo lento. Eu não sabia dizer por quanto tempo ficamos ali,
entre beijos e caricias deitadas no tapete da sala, mas depois de alguns minutos a
morena decidiu que queria deitar no sofá, e eu não discordei. Afinal, ainda sentia meu
corpo todo dolorido pelos últimos dias no cativeiro dos seqüestradores.

- Quer que eu faça uma massagem em você?

- Você anda tão boazinha, eu fico com medo de estar tentando me matar. – brinquei,
recebendo um tapa de leve.

- Cachorra. Eu deveria ser sempre mandona com você, só assim pra me respeitar. –
ela resmungou ao se sentar no sofá.

Soltei uma risada alta, que a fez ficar com um bico emburrado. Coloquei minhas
pernas sobre suas coxas, prendendo seu corpo no meu.

- Não tenho culpa se você nunca me pareceu inocente, Sra. Collins. – segurei em seu
queixo, obrigando ela a me olhar.

- Nunca disse que era, Lauren.

- E não tem medo de ser pega?

- Não é o medo que me move. São meus objetivos. – disse ela com um tom de voz
confiante, aquele tom de voz próprio de Karla. – E meu objetivo agora é lhe dar um
bom orgasmo.

- Apenas me dê.

- Com prazer, delegada.

Como eu amo as minhas mães, vocês amam também?

Não vou demorar muito a voltar, só vou atualizar Fallen Angel, e depois vem Xeque-
Mate dnv. Os erros eu arrumo quando achar, beijinhos.
Capítulo 23 - Fugindo da realidade

OLÁAAA LINDAS.

VOLTAMOS!

Obrigada a todo mundo que comentou no capitulo passado, e me desculpem a


demora. É que vocês sabem, as vezes surge ideia nova, e eu acabo escrevendo.
Sindy e eu fizemos uma nova one, chamada "Better Together" Fala sobre os
acontecimentos no grupo, o primeiro dueto da Camila, amizade de nossas meninas.
Está bem legal, eu espero que vocês deem uma olhadinha lá. Fizemos com muito
carinho, espero que gostem! - Evelin

Link: https://www.wattpad.com/324796546-cap%C3%ADtulo-%C3%BAnico-better-
together

"Primeiramente: eu amo a Camila

Segundamente: ola gente, voltamos haha, demoramos? Sim, mas ok, nao somos
maquina e nem a Evelin um robô pra dar conta de tantas fics juntas.. Enfim, esse
capitulo foi um dos melhores pra mim, pelo simples fato de que... (vocês vão ver o
por quê) kkkk espero que gostem tanto quanto eu, é importante vocês lerem o
capitulo com CALMA e absorver ele ao todo, entrem no personagem, sintam o
personagem, essas coisas foram feitas pra vocês sentirem, não?! E, queria dedicar
esse capítulo pro Bolinho Ju .. E pra xequematinha Nathany .. Amo vcs, lindas, boa
leitura! - Sindy"

hey galerinha do barulho. Andei um pouco desanimada e bla bla bla com esse lance
de fic e acabei me dispersando um pouco nos últimos caps de Xeque-Mate, mas a fic
chegou em um momento que não dá pra parar e desanimar. Voltei com tudo e com a
cabeça fervendo, juntamente com as meninas. Aproveitem o cap e desfrutem.
Qualquer crítica, dúvida, elogio ou sugestão, não nos procure. KDKAKAKAK desculpa.
- Larissa."

Enfim, para esse capitulo, indicamos uma musica! Se chama "We can make love" é do
SoMo. Procurem, e por favor, escutem quando for solicitado.

Aproveitem!
Camila Collins point of view.

Depositei um segundo beijo sobre a linha de sua coluna, bem no meio de suas costas
nuas. Lauren estava debruçada sobre sua confortável cama, totalmente despida. Uma
mera conseqüência de nossa noite animada. Eram quatro e meia da manhã, e o sol
ainda estava dando sinal. Ergui meu corpo lentamente, tendo todo cuidado para que
ela não acordasse. Lauren teve sua folga roubada pelo trabalho que lhe dei, não que
ficar por algumas horas em um sexo comigo fosse um sacrifício, é claro; mas se seus
planos eram deitar e dormir, fugiram totalmente de suas mãos.

- Eu tenho que ir. – sussurrei ao depositar um pequeno beijo em sua nuca.

Ela encolheu o pescoço em resposta, mas não acordou, apenas moveu seu corpo na
cama, na qual me levantei. Caminhei pelo seu quarto a procura de minhas peças de
roupa que estavam jogadas pelo chão, retiramos tudo da sala para não sermos
descobertas por sua melhor amiga, mas ao entrarmos em seu quarto fui agarrada
novamente, o que rendeu uma nova retirada de roupas sem o menor cuidado. Após
conseguir todas as peças, segui para o banheiro de seu quarto, onde tomei um banho
rápido. Eu tinha que voltar para casa antes que Christopher acordasse, não poderia
me dar ao luxo de acordar tarde, mesmo que minha vontade fosse acordar com
alguns carinhos de Lauren. Sai do banheiro, vendo a mulher descansar em um sono
pesado, sua expressão serena demonstrava a satisfação evidente. Eu me aproximei
da cama, sentando ao seu lado. Puxei o edredom cinza, cobrindo seu corpo até a
cintura, e em seguida deslizei a ponta de meus dedos por sua pele clara, como se
fizesse pequenos desenhos circulares. Sentia-me incrivelmente bem ao lado daquela
mulher, como nunca mais havia me sentido em anos. Mas eu sabia que devia
aproveitar aquilo enquanto ainda era tempo, não tardaria até o momento que nossa
relação teria que ser cortada.

"Você não devia ter aparecido. Só complicou meus planos, Lauren."

Inclinei minha cabeça para frente, depositando um beijo suave sobre sua boca, quase
como apenas um roçar de nossos lábios. Levantei-me da cama, a procura de papel e
caneta, e por sorte encontrei um bloco de notas na cozinha. Segui para seu quarto
novamente, mas precisamente até o banheiro onde grudei o pequeno bilhete
amarelado no espelho.
"Não pude ficar até você acordar, mas queria que soubesse que gostei
muito da nossa noite. Obrigada por cuidar de mim. – KC."

Soltei um sorriso de canto a ver o bilhete grudado no espelho, e então me retirei


daquele apartamento. Ainda estava escuro, o que facilitou o quase nulo movimento
de pessoas pelas ruas. Entrei em meu carro, ou melhor, o de Christopher. Eu não
ousaria sair em meu carro, e dar aos seguranças motivos para falar. Os vidros
peliculados impediam qualquer visão do interior do automóvel, assim pensariam que
era apenas uma pequena fuga de meu marido pela madrugada. Já passavam das
cinco, quando adentrei no estacionamento de mansão Collins. Deixei o veiculo, e
entrei em casa, tudo estava no mais repleto silencio. Olhei para ambos os lados, e
nem mesmo os empregados estavam acordados. Subi as escadas delicadamente,
como se pisasse sobre ovos, e segui em direção ao meu quarto com Christopher. Abri
a porta delicadamente, percebendo o total silencio no interior do cômodo, assim que
fechei a porta a luz do abajur ascendeu.

- Posso saber onde esteve, Camila?

Naquele instante, a sensação foi como se meu corpo inteiro esfriasse. Ser pega no
flagra era uma das situações mais difíceis de lidar. Eu fechei os olhos, engolindo em
seco o nó em minha garganta. Encostei a porta, e respirei fundo antes de virar na
direção do homem.

- Fui tomar um ar.

Caminhei até o outro cômodo, mas precisamente o closet do outro lado, agindo da
forma mais natural que poderia. Christopher tinha o cenho franzido, em raiva ou
confusão. Ele levantou da cama, e caminhou em passos lentos até mim. O vi
encostado no canto, enquanto vasculhava uma das gavetas.

- Não acha que a hora é um tanto inapropriada para tomar um ar?

- E por a caso tem hora para isso?

- Acredito que sim. Sair no meio da noite para tomar um ar não é muito comum para
uma mulher casada.

Larguei as roupas no interior da gaveta, e encarei os olhos claros e intensos do


homem ao meu lado.

- Está insinuando alguma coisa, Collins? Porque se estiver, quero que seja bem claro.
- Onde esteve?

- Eu apenas fui dar uma volta de carro. Tenho que pedir sua permissão para isso?

- Deveria me avisar? Ou acha que gosto de acordar no meio da madrugada e ver que
minha esposa não está na cama comigo?

Rolei os olhos de forma impaciente, e caminhei em direção ao banheiro.

- Você fala como se eu estivesse horas fora de casa, sendo que não deve ter nem
uma hora. – resmunguei.

- Não importa! Eu acordei tem apenas meia hora e você não estava aqui. – ele me
seguiu.

- Eu odeio que você tente me controlar. – encarei o mesmo novamente. – Você sabe
toda confusão que passei nos últimos dias! Não ouviu o medico falando que seria
normal a insônia e a ansiedade? Você parece que não me entende!

Christopher se calou, apenas me fitando. Andei de um lado para o outro, enquanto


respirava fundo. Fazer o papel de esposa deprimida pós um duro seqüestro era a
melhor saída.

- Exatamente por isso, Camila. Acabamos de sofrer um seqüestro, e você quer ficar
andando de carro sozinha pela madrugada?

- Eu só não queria te incomodar, você parecia cansado demais.

Nós nos encaramos por alguns segundos, e a expressão dele se suavizou. Christopher
caminhou até mim, envolvendo-me em seus braços fortes. Soltei uma respiração
controlada, em puro alivio.

- Vou tomar um banho, e tentar dormir um pouco. – sussurrei.

Ele nada falou, apenas assentiu. Desvencilhei-me de seus braços, e caminhei até o
boxe do banheiro. Christopher voltou ao quarto, e mesmo eu sabendo que ele não
ficou satisfeito com minha explicação, não daria espaço para interrogação. Depois de
um longo banho morno, sai do banheiro vendo meu marido entrar logo em seguida;
nós não trocamos sequer uma palavra. Vesti uma roupa leve, de tecido macio e me
coloquei na cama. Já eram seis e alguma coisa, e Christopher já estava preparando-
se para descer e tomar seu café da manhã, antes de ir para empresa. Aquela manhã
eu não o acompanharia, precisava deitar e dormir, já que durante a madrugada foi o
que menos fiz.

O barulho do chuveiro indicava que ele ainda estava no banho, tranqüilizando-me


mais. Me encolhi por debaixo das cobertas, deixando que meu corpo relaxasse. Meus
pensamentos agora mais calmos depois do susto de ter sido pega, correram até a
mulher de olhos verdes. De forma estranha e intensa, Lauren conseguia me roubar os
pensamentos com mais freqüência, como se em cada detalhe tivesse um pouco dela.
Sentia-me satisfeita, e feliz depois da noite que tivemos, e não somente pelo sexo
divino, mas pela sua companhia.

"Arquei a cabeça para trás, recebendo seus lábios macios na pele de meu pescoço.
Arfei forte ao sentir sua língua deslizar por minha clavícula, subindo até a
extremidade de meu queixo. Eu estava sentada sobre seu colo, com uma perna de
cada lado de sua cintura. Lauren tinha suas mãos em meu corpo, subindo e descendo
por minhas costas nuas.

- Melhor a gente ir para o quarto. – murmurei com os olhos fechados.

Já estávamos completamente nuas sobre o sofá de seu apartamento, e pelo que a


mulher havia dito sua melhor amiga não tardaria a chegar.

- Eu quero você aqui.

- Quer ser pega? – indaguei a fita-la.

- Não me importaria, com tanto que peguem depois de terminarmos.

Um sorriso cínico nasceu em seus lábios, fazendo-me soltar outro em resposta. Nós
nos encaramos fixamente, instalando uma conexão intensa apenas com nossos olhos.
O apartamento estava parcialmente iluminado, dando uma aura de intimidade e
aconchego entre nós. Inclinei minha cabeça para frente, tendo seus lábios a pouco
centímetros dos meus. Eu poderia sentir seu hálito quente contra minha boca, e suas
mãos descerem de minhas costas, passando por minha cintura, parando sobre minha
bunda.

- Acho que estou viciada em você. – sussurrei para ela.

- Por que acha isso? – seus olhos alternaram de minha boca entreaberta para minha
Iris castanha.
Ela inclinou a cabeça novamente em direção ao meu pescoço. Fechei os olhos
lentamente ao sentir seus lábios roçarem em minha pele, subindo em direção a minha
orelha. Um gemido baixo escapou quando senti sua mão puxar algumas mechas de
meu cabelo, obrigando-me a ficar mais perto. A língua da delegada serpenteou sobre
o lóbulo de minha orelha, chupando devagar.

- Fala pra mim... – seu hálito quente foi de encontro ao meu ouvido, fazendo-me
gemer.

- Eu quero você o tempo inteiro, Lauren. – as palavras traíram-me, saindo sem eu


nem sequer notar.

Com delicadeza ela me obrigou a fita-la. Minha respiração pesada evidenciava meu
estado de puro tesão e entrega. Fechei os olhos, sentindo seus lábios roçarem contra
os meus. Ela pressionou sua boca contra a minha, e não demorou a pedir passagem
com a ponta de sua língua. Sentia meu corpo formigar com a vontade de senti-la por
completo. Lauren degustava de minha língua com a sua, chupando de forma lenta e
torturante, mas tão prazerosa. Com cuidado, senti-a inclinar seu corpo com o meu,
deitando-me sobre o sofá macio. Assim que meu corpo se acomodou totalmente
sobre o estofado, Lauren se colocou sobre mim. Ela tinha a respiração pesada, e um
olhar penetrante.

- E você tem, o tempo inteiro.

- O tempo inteiro? – perguntei perdendo-me em seus beijos e caricias.

- O tempo que quisermos. – disse ao descer com os beijos por todo meu corpo."

- Camila? – ouvi a voz de Christopher, arrancando-me de meus devaneios.

- Sim?

- Não vai descer e tomar café da manhã?

Ele parou em frente ao espelho enquanto ajeitava sua gravata cor de vinho.

- Não, eu estou cansada. Vou tentar dormir, daqui a algumas horas preciso ir para a
galeria.
Ele me fitou através de seu reflexo no espelho, e apenas assentiu. Não demorou
muito, e logo ouvi a porta sendo batida. O todo poderoso começou o dia com o pé
esquerdo, e adivinhem só? Eu não me importava em nada.

Depois de algumas horas de sono, acordei com o telefone tocando sem parar. Abri os
olhos com certa dificuldade, enquanto deslizava a mão sobre o colchão a procura do
aparelho. Mas só então me dei conta que o aparelho que tocava, não era meu celular,
e sim o fixo da casa. Eliza com toda certeza havia transferido a ligação para meu
quarto.

- Inferno!

Sentei sobre a cama, pegando o aparelho ao lado, sobre o criado mudo.

- Alô? – perguntei.

- Finalmente!

Ouvi a voz familiar de Dinah do outro lado.

- O que aconteceu?

- Quero saber se vai vir à galeria, tenho um assunto importante para tratar com você.

- Pode me adiantar? Eu não sei se vou, estou exausta. – resmunguei ao me encolher


novamente entre os lençóis.

- Consegui o queríamos do peão. Depois de alguns métodos um tanto brutos, ele


liberou o material sobre a empresa.

- O que? Não combinamos que ele iria me esperar? – perguntei incrédula. – Droga,
Dinah!

- Estou com o que precisamos, Camila. Não precisamos mais do Heitor.

- Deveria ter me esperado! Enfim, nos encontramos daqui à uma hora.

Desliguei com Dinah, e levantei para realizar minha higiene matinal mais uma vez
aquela manhã. Depois de um banho rápido, segui em direção ao meu closet; optei
por um vestido tubinho preto e branco de mangas longas, era refinado e muito
sofisticado, dando-me uma aparência séria e elegante; nos pés um par de scarpin
negros para completar. Deixei meus cabelos soltos, ondulados como em sua forma
natural. Usei apenas um pouco de maquiagem para esconder os hematomas em meu
rosto, e ressaltar alguns pontos.

- Prontinho.

[...]

Estacionei minha Ferrari preta em frente à entrada principal da galeria Cabello,


quando um dos novos seguranças se aproximou. Nossa equipe de proteção aumentou
depois do ultimo ocorrido; Christopher julgou valido acrescentar mais homens a
equipe.

- Sra. Collins. – disse ele de forma educada ao abrir a porta.

Sai do veiculo de luxo, capturando minha bolsa sobre o banco de passageiro. Ajeitei
os óculos escuros em meu rosto, e caminhei para o interior do prédio. A equipe de
manutenção estava no interior do salão, reparando alguns detalhes sobre a
supervisão de Dinah. Assim que a loira pousou seus olhos sobre mim, tratou de se
aproximar.

- Pensei que não viria. – murmurou ao caminhar ao meu lado.

Recebi alguns olhares curiosos e atentos. O ocorrido nos últimos dias se espalhou
pela imprensa, a essa altura toda Nova Iorque sabia do seqüestro dos "donos do
petróleo."

- Eu não viria, mas temos assuntos a tratar.

Seguimos juntas em direção a minha sala no segundo andar. Assim que Dinah fechou
a porta, me acomodei sobre a poltrona macia em frente a mesa.

- Aconteceu alguma coisa? – a loira indagou ao sentar a minha frente. – Você disse
que estava exausta, mas lembro que apenas descansou.

- Estive com Lauren essa madrugada, então descansar não foi exatamente o que eu
fiz. – falei ao retirar meus óculos, e depositá-los sobre a mesa.
- Você e essa delegada nesse amor bandido. Você parece que tem prazer em mexer
com fogo.

- Confesso que tenho, muito. – me acomodei melhor, e a fitei. – Mas não é sobre isso
que quero falar. Conseguiu o material que precisamos?

Dinah se aproximou mais, como se fosse me contar um segredo, e realmente era.

- Estão todos comigo. Tenho uma pasta com todas as papeladas, movimentações,
extratos de conta. Precisamos nos reunir, e estudar tudo isso.

- Vamos fazer isso. Eu não quero terminar com isso somente provando que eles
roubaram, e afundaram a C.E. Mas outras coisas mais...

- Camila...

- Heitor ainda não esclareceu tudo, e você sabe muito bem. Eu só vou descansar
quando conseguir o que eu quero.

- E se ele não disser? – indagou.

- Ele vai dizer. – afirmei ao me levantar da cadeira.

- Como pode ter tanta certeza, Camila?

Caminhei até a cômoda no canto de minha sala, capturando um copo de vidro, no


qual despejei uma pequena quantidade de Whisky.

- Só vou dar duas opções para ele. Conta ou morre. – murmurei antes levar o copo
com a bebida alcoólica até os lábios.

- Seria capaz?

Um sorriso nasceu no canto de meus lábios, enquanto caminhava em direção a minha


cadeira novamente.

- Dinah, todos nós vamos morrer um dia... – a loira me encarava de forma fixa. – Só
vou adiantar a ida dele para o inferno. Veja o anjo que me tornei.

- Você me dá medo as vezes.

- Não há com que se preocupar, lindinha. – tomei mais um gole do liquido forte. – Só
estou prestando contas por alguém, e quem melhor do que você para saber disso.

- Não quero que no final disso você se de mal, Camila.

- Está dando para trás Dinah? O plano de uma vida? Eu vou até o final. Só vou
descansar quando derrubar o rei da jogada, nem que isso custe a minha vida.

- Você sabe que isso pode realmente custar sua vida, não sabe?

- Soube desde o primeiro instante. Mas eu não entraria no jogo se eu não tivesse
certeza da minha capacidade de ganhar.

A mulher suspirou e assentiu.

- Vamos recolher absolutamente tudo daquele cara. Sabemos que Heitor é o ponto
fraco de Collins, e ele sabe de absolutamente tudo. Eu vou fazer da vida dele um
verdadeiro inferno.

- Temos que nos reunir em outro lugar. Em um horário menos movimentado.

- Não sei, isso de sair de madrugada não está dando certo.

Dinah franziu o cenho em minha direção.

- Como não? Sempre deu.

- Voltei para casa hoje antes das seis, e adivinha quem estava acordado? Acho que
coloquei pouco calmante na droga do jantar.

- Oh, céus! Que desculpa você deu? – perguntou assustada. – Precisa


dobrar a dose.

- Que sai para tomar um ar. Ele não engoliu muito, mas não dei espaço para
perguntas. Juro que senti meu corpo esfriar quando vi ele acordado.

A loira soltou uma risada alta, fazendo-me revirar os olhos.

- Suas puladas de cerca estão em perigo. Tome mais cuidado! E que loucura é essa
de sair assim? Você sempre dormiu com alguém aleatório durante o dia, e agora com
a delegada escapa pelas noites?

- Ah, Dinah, com Lauren é diferente. – murmurei enquanto arrumava alguns papeis
sobre a mesa.

- Claro que é, você está apaixonada.

Encarei a mulher a minha frente, e tomei até a ultima gota do álcool em meu copo.

- Só sinto vontade de ficar com ela. Não é só sexo, entende? Já faz tanto tempo que
não me sinto assim, é impossível não gostar.

- A bandida apaixonada pela policial. – zombou. - Trágico.

- Eu diria excitante. – soltei com um sorrisinho. – E nada diferente de você, já que é


uma bandida e está de namorinho com uma policial.

- Vamos com calma, a minha policial é metade bandida. E sabe da vida que levo, já a
sua...

- Se ela descobrir, eu vou lindamente para algum presídio desse país.

- Precisa tomar cuidado. – me encarou séria.

- Estou fazendo. Quero aproveitar ao Maximo antes do final desse jogo. Eu vou sumir
no mundo depois de derrubar Christopher.

- É o melhor que tem a fazer.

- É o que vou fazer, Dinah. Enquanto isso deixe-me aproveitar do que ela pode me
oferecer.

[...]

Fiquei por mais algumas horas na galeria. Depois da reunião, Dinah e eu acertamos
alguns contratos pendentes. A galeria estava com a agenda lotada, inúmeros artistas
e eventos estavam programados para ocupar o salão durante bons meses, o que era
ótimo, nosso projeto estava indo como esperávamos. Olhei para o relógio, e ainda
faltava duas horas até o intervalo do almoço; todos os documentos necessários
estavam empilhados sobre a minha mesa, chamando-me para analisá-los, entretanto,
minha vontade de mergulhar em meio a orçamentos e projetos era totalmente nula.
Fitei o celular pela terceira vez em menos de dez minutos, estava me controlando
para não ligar para Lauren e sugerir um breve passeio. Não seria de todo mal, seria?
Ela estava de folga, e em nada a atrapalharia.

Tamborilei os dedos sobre a mesa seguida vezes, antes de bufar e capturar o


aparelho celular. Disquei o numero da delegada, que não tardou a atender.

- Lauren?

- Sim, sou eu. Aconteceu alguma coisa, Camila?

- Você pode vir aqui? – perguntei enquanto mordia o lábio inferior, quase de forma
insegura. Eu estava parecendo uma adolescente.

- Está com algum problema?

- Só preciso que venha aqui agora. Estou na galeria.

- Está saindo sem segurança, Camila? Céus. – resmungou de forma rabugenta do


outro lado da linha. – Estou indo.

- Estou esperando. – soltei com um sorrisinho antes de desligar.

- Que sorriso bobo é esse? – perguntou Dinah ao entrar na sala.

Levantei de minha cadeira, rolando os olhos.

- Nem começa.

- Hm, Lauren Jauregui?

- Vou sair com ela. Se Christopher ligar, diga que estou em reuniões com
artistas, sei lá. – gritei do banheiro.

Abri o pequeno armário que havia no meu banheiro privativo, retirando algumas
roupas mais despojadas. Optei por macacão verde, de mangas longas e botão, ele
mais parecia um conjunto de calça e blusa social, mas tudo muito casual e despojado,
troquei os sapatos, agora usando um de cor clara, com tiras ao redor do tornozelo.
Queria me libertar um pouco da pose autoritária que utilizava no dia a dia.
- Posso saber aonde vai?

- Eu não sei, só quero dar uma volta com ela.

- Passeio de casal?

- Bem isso, querida.

Não demorou muito, e tive a visão do carro de Lauren estacionando em frente a


galeria. Pela janela de vidro de minha sala, vi a bela agente policial deixar o veiculo,
dando-me a chance de analisar com cautela sua entrada na galeria. Depois de alguns
minutos, ouvi as batidas na porta antes de ser aberta pela mulher. Lauren estava
incrivelmente linda aquela manhã, nada diferente do normal, é claro. Eu a fitei de
forma descarada, dos pés a cabeça, observando cada mínimo detalhe presente nela.
A delegada usava uma calça jeans preta, com cortes no joelho, que combinava
perfeitamente bem com sua bota preta de salto fino; sua blusa era cinza, grande,
com cortes irregulares na barra. Seus cabelos estavam presos, deixando que apenas
uma mecha caísse ao lado de seu rosto, coberto por uma sutil camada de
maquiagem, exceto por seu batom vermelho chamativo. Em seu pescoço havia uma
gargantilha preta com detalhes branco, dando um ar mais despojado.

- Finalmente chegou.

- Aconteceu alguma coisa com você? – perguntou ao se aproximar. – Algum


problema?

Encarei seus olhos que pareciam muito mais brilhosos e fortes agora.

- Não, só queria te ver. Pensei da gente sair...

Ela suspirou, em alivio talvez?

- Você me assustou, Camila.

- Sinto muito, Jauregui. Mas precisava de você aqui, não disse que estava correndo
perigo, disse? – meu tom de voz foi cínico.

- Não, não disse. Mas poderia ter sido mais... – toquei com a ponta do dedo indicador
sobre seus lábios vermelhos como sangue, calando-a no mesmo instante.

- Quer sair daqui? Eu poderia ficar e me meter no meio dessas papeladas, mas estou
com uma vontade enorme de ir para um lugar longe de tudo isso.
- Por que isso? – sussurrou.

- Às vezes gosto de me desligar do mundo.

- E isso não me inclui? – ela deu um passo a frente, fazendo-me recuar um passo, e
encostar na mesa.

- Não, literalmente não. Você faz parte da fuga.

Lauren sorriu de canto, e me prensou lentamente contra a mesa, ficando entre seu
corpo e objeto atrás de mim.

- Então vamos, antes que eu resolva ficar.

Soltei um sorriso para a mulher, e me desvencilhei de seus braços antes de caminhar


para fora da sala. No caminho me despedi de Dinah, que apenas me lançou um olhar
malicioso. Entramos em minha Ferrari preta, e depois de meu pedido, Lauren assumiu
o volante do carro. De inicio não tínhamos um destino final, então apenas pedi que
ela me levasse para o lugar mais longe e calmo que pudesse imaginar.

- Calmaria não combina com você.

- Por que não?

- Você é ativa demais, Camila. – murmurou ao tirar os olhos da estrada e me fitar.

Estávamos em uma área mais rural, a presença de prédios e casas foram


totalmente substituídas por campos e casebres. Era disso que eu precisava naquele
instante. Percebi que a viagem para a Suíça ao lado de Lauren me trouxe de volta
sensações que pensei que nunca mais fosse sentir. Esquecer por alguns instantes a
vida que levava, me trazia paz.

- Até mesmo pessoas como eu gostam de se deslizar um pouco.

- Porque sinto que está fugindo de algo? – indagou com os olhos presos a estrada.

- Só se for de mim mesma.


Lauren sorriu e meneou com a cabeça.

- Posso saber onde está me levando?

- Um ponto de paz.

O caminho foi longo, quase uma hora e meia de estrada, com mais alguns minutos já
que insisti em pararmos em um pequeno comercio no meio da estrada. Depois de
comprar algumas coisas para suprir nossa fome, pegamos o caminho de volta. Lauren
entrou em uma estrada de areia, perto de uma vegetação mais alta. A terra molhada
impedia que o carro levantasse poeira. Mexi no painel do carro, fazendo com que a
capota da Ferrari conversível fosse aberta. O vento fresco e o cheiro maravilhoso das
arvores deixava meu corpo relaxado e calmo. Percebi que Lauren me fitava algumas
vezes, ela tinha um sorriso calmo em seus lábios.

- Como descobre esses lugares? Chegou não faz tanto tempo. – perguntei.

- Vero gosta de pesquisar sobre lugares assim, e estávamos olhando outro dia. E esse
é de um amigo do meu pai, um velho conhecido que disse que eu poderia voltar
sempre que quisesse.

Depois de falarmos com um senhor de certa idade, muito gentil por sinal, entramos
em uma área mais aberta, que nos oferecia uma grande extensão de campos de
trigo. Lauren seguiu mais um pouco, passando os campos, ganhando uma área mais
arbórea; estacionou o carro debaixo de uma arvore enorme, bem próxima a um
riacho. Levantei do banco, ainda dentro do carro.

- Isso é maravilhoso! – soltei de forma admirada.

- É um lugar lindo. – Lauren murmurou ao sair do carro.

Era exatamente o que eu queria, ou melhor. A única coisa que poderia se ouvir
naquele lugar, era o barulho da água que corria pelo riacho. Lauren e eu ficamos
naquele lugar por horas, em uma conversa casual e alguns carinhos. Em certos
momentos sentia como se fossemos de fato um casal, o que me deixava
incrivelmente assustada. Eu sabia que estava gostando dela, mas não poderia deixar
que aquilo ficasse maior do que deveria ser.

- O que você acha da gente tomar um banho no riacho? – perguntei.

- Camila, eu não trouxe biquíni.


Lancei um sorriso malicioso, que a fez rir. Lauren tinha uma risada tão gostosa para
meus ouvidos.

- Vão acabar nos vendo.

- Eu não me importo.

Coloquei-me de joelho sobre a rocha no qual estávamos sentadas, e levei as mãos


até o primeiro botão de meu macacão verde. Lauren assistiu meus movimentos de
forma atenta, sem piscar uma só vez. Abaixei o tecido lentamente, com um sorriso
sarcástico em meus lábios. Ela abaixou a cabeça, e meneou em sinal negativo antes
de me encarar novamente. Depois de retirar o macacão, levantei rapidamente,
apenas de lingerie. Virei de costas para minha delegada, e desci minha pequena
calcinha branca, para logo em seguida retirar meu sutiã.

- Oh, céus, Karla.

Virei apenas o rosto em sua direção, lançando-lhe uma piscada. Caminhei até a beira
da rocha, completamente nua. Eu sentia o olhar da mulher queimando em minha
pele, mas não ousei fita-la. Com a ponta do pé senti a temperatura fria água, e
apesar do frio, sua forma cristalina e profunda me chamava; então apenas entrei.

- Você é louca.
O riacho não era tão fundo, cobria um pouco acima de minha cintura. Curvei meus
joelhos, e mergulhei de uma só vez, submergindo sob a água. Assim que emergi de
volta, deslizei as mãos por meus cabelos, retirando o excesso de água.
- Não vem? Está uma maravilha.
- Não acredito que vai me fazer entrar. – resmungou ao se levantar. – eu te odeio.
(Inicie – We can make Love)
Abri um largo sorriso assim que a vi começar a tirar suas roupas. Não demorou muito
e Lauren estava completamente nua juntando-se a mim no interior do riacho.
Estávamos na área mais funda, perto da corrente de água que descia entre as rochas
mais altas. Lauren se abaixou, e nadou para próximo de mim. Eu a fitei por longos
instantes, apenas apreciando toda sua beleza. Ela estava quase toda submersa na
água, deixando apenas uma parte de seu rosto para fora. Seus olhos verdes
brilhavam mais com o reflexo cristalino da água, deixando-me incrivelmente fraca.
- Você é um inferno. – sussurrei.
- Sou? – perguntou ela ao me puxar pela cintura, eu apenas assenti. – Como não tem
nada para frequentar o céu, é comigo que tem que ficar.
- E quem disse que quero ir para o céu?
- Não quer?
- Não.
Entrelacei minhas pernas ao redor da cintura de Lauren, que me envolveu com os
braços rapidamente. A brisa fria veio contra nossos corpos colados, fazendo-me sentir
o corpo da mulher se arrepiar por inteiro. Soltei um sorrisinho em sua direção, que
não tardou a ser beijado. Lauren deslizou sua língua sobre a minha da forma mais
lenta e deliciosa que poderia fazer. Retribui de forma ávida, quase faminta a seu beijo
tão intenso. Mesmo em meio aquela água fria, sentia meu corpo quente, quase em
chamas por tê-la daquele jeito junto a mim.
- Você é o meu fim, Camila.
- E você o meu. – sussurrei contra seus lábios, antes de tomá-lo com os meus.
Me vi tão perdida com suas caricias, que só depois notei que ela havia me arrastado
para a beira. De forma cuidadosa subimos em uma rocha, parte da pedra ficava
submersa na água, mas grande maioria ficava ao lado de fora. Um arrepio percorreu
meu corpo assim que ela me deitou ali. Lauren se acomodou sobre mim, enquanto
seus lábios roçavam contra meu pescoço. Espremi os olhos com um pouco de força,
quando ela pressionou o joelho contra meu sexo.Ter uma mulher como Lauren
Jauregui deitada sobre você, estando completamente nua era um teste para
autocontrole no qual eu já havia perdido. Minhas mãos subiram por suas costas,
apertando sua pele a cada instante que sua boca maltratava de forma prazerosa meu
pescoço.
Mesmo com nossos corpos molhados, e a brisa fria, sentia-me quente, ardendo em
uma vontade devastadora de tê-la dentro de mim. Lauren com a ponta da língua
lambeu meu pescoço, subindo até meu ouvido.
- Sou louca por você. – sussurrou, arrancando de mim um gemido baixinho.
Cravei minhas unhas em suas costas em puro instinto. Lauren estava com o corpo
perfeitamente encaixado com o meu, movimentando-se seguidas vezes, causando um
atrito gostoso entre nós. Nossas peles úmidas escorregavam facilmente, facilitando
nosso contato.
- Repete, vai.
Ela ergueu a cabeça, fitando-me fixamente. Desde a Suíça havia algo diferente, em
seus olhos, seus toques. Tinha a sensação que havia cuidado, carinho e proteção. De
uma forma estranha, já não sentia que nossos encontros se restringiam a puro prazer
carnal, existia mais coisas ali.

- Sou completamente louca por você assim, Camila.

Suas palavras saíram arrastadas, com aquele tom de voz rouco. Me mantive
concentrada em seus movimentos; e agora, ela beijava meus seios de forma
delicada, deixando que a ponta de sua língua acariciasse meu mamilo rígido pelo frio
e pelo tesão. Sua boca quente em contato com a minha pele fria me fazia delirar.
Levei uma de minhas mãos até seus cabelos molhados, segurando devagar, enquanto
ela sugava da forma mais gostosa que poderia. Lauren se acomodou melhor, agora
ficando ao lado de meu corpo, um tanto inclinada em minha direção.

- Isso, chupa mais forte... – pedi em meio a minha respiração pesada.

Senti seus lábios se fecharem ao redor do mamilo rosado, apertando com uma
pressão que me fez apertar as coxas. Minha boceta estava pulsando, completamente
molhada. Lauren sabia o que me causava, pois no mesmo instante desceu com a mão
que até poucos segundos massageava meu seio, a meu abdômen, descendo
lentamente em direção ao meu sexo. Me remexi sobre a pedra, um tanto
desconfortável é claro, mas nada que viesse impedir ou diminuir o prazer que eu
estava sentindo. Meu peito subia e descia de forma ansiosa, mas ela não parecia ter
pressa. Lauren ainda brincava com um de meus seios, movendo sua língua de um
lado para o outro sobre o mamilo sensível. Um gemido arrastado escapou assim que
senti seus dedos tocarem minha boceta.

- Lauren...

Ela deslizou os dedos por cima, pelos lábios maiores, como se fizesse um carinho. Eu
engoli em seco, movendo meu corpo devagar, quase em um pedido que ela me
tocasse mais. Não havia pressa, mas havia desejo; eu sentia em seu olhar, e na
forma como ela me acariciava. Lauren ergueu a cabeça novamente, agora olhando
para onde sua mão estava. Com o dedo do meio ela abriu minha boceta, tocando
onde eu mais queria; eu fechei os olhos, quando senti descer com o mesmo até o
centro, umedecendo para subir novamente em direção ao meu clitóris. Ela roçava os
dedos devagar em cima daquele ponto, deixando-me inquieta, sedenta por mais.

- Por favor, não faz assim...

- Shhh, quieta, Karla. – disse ela ao me encarar.

Senti dois de seus dedos se esfregarem com mais pressão sobre meu clitóris,
fazendo-me abrir mais as pernas em puro instinto. Lauren vez ou outra descia até o
centro de minha boceta, para umedecer seus dedos e voltar a me masturbar. Eu
gemia baixinho, enquanto movia meu quadril devagar em direção aos seus dedos que
me davam prazer. Ela passou a esfregar mais rápido, com mais pressão. Apertei a
carne de minha coxa, cravando minhas unhas em minha pele. Minha respiração
ofegante revelava o quão gostoso aquilo estava sendo. Eu movia meus quadris mais
depressa, querendo cada vez mais. Parecia que todas minhas terminações nervosas
estavam concentradas em minha boceta, exatamente onde ela estava com aqueles
malditos dedos.

- Isso, faça mais. – gemi. – Me fode, vai..

Lauren inclinou seu corpo em minha direção, agora tomando meus lábios com os
seus. Eu suguei sua língua de forma ávida, com a intensidade que meu corpo pedia.
Minhas mãos pousaram sobre seu rosto, prendando-o com o meu. Eu gemia entre
seus lábios, o que a deixava cada vez mais afoita. A mulher interrompeu a massagem
sobre meu clitóris, fazendo-me querer praguejar, quando para minha surpresa,
penetrou minha boceta com um de seus dedos.

- Oh, caralho. – murmurei perdia em todas aquelas sensações.

Fechei a mão ao redor de seu cabelo molhado, gemendo contra sua boca. Lauren me
encarou com aquele par de olhos famintos, que esbanjavam luxuria e prazer. Eu só
conseguia gemer manhosamente, e pedir por mais. Ela me penetrou devagar, como
se não quisesse me machucar. Remexeu seu dedo no interior de minha boceta,
retirando e colocando por seguidas vezes, até acomodar mais um. Tudo lentamente,
como se quisesse sentir o interior de minha boceta por completo.

- Isso, porra...me fode. – supliquei.

Sentia meu sexo engolir seus dedos com mais facilidade agora, eu estava molhada, e
excitada demais. Remexi meu quadril com seus dedos dentro de mim, em um pedido
silencioso por mais. Eu precisava de mais, queria senti-la até o ultimo instante; e ela
parecia querer o mesmo, pois me fodia com tamanha vontade que eu poderia jurar
escutar gemidos baixinhos vindo de sua boca entreaberta. Lauren socou seus dedos
com mais vontade, na medida em que eu me movia mais depressa; nossas
respirações ofegantes se misturavam, entre os beijos intensos que trocávamos.

- Você é tão gostosa, caralho.

Sua voz embargada pelo tesão só aumentava minha vontade de chegar ao ápice. Os
movimentos de seus dedos eram constantes, concentrando todas aquelas sensações
gostosas em meu sexo.

- Sou? Sou sua gostosa, Lauren.


Ela me encarou novamente, agora socando seus dedos mais fundo. Eu cravei as
unhas em sua nuca, gemendo mais alto. As gotas de água caíam sobre meu corpo,
deslizando em minha pele agora quente. Senti todo meu corpo se convulsionar, em
um estado de frenesi prazeroso. Me movimentei rapido, forçando meu quadril contra
suas estocadas fortes.

- Minha! Só minha. – sussurrou próximo ao meu ouvido.

Naquele instante o controle se foi; fechei os olhos com força, deixando que os
gemidos engasgados deixassem minha boca. Aquele formigamento delicioso se
concentrou em minha boceta que recebia os dedos de Lauren com volúpia. Segurei
forte na pele alva da mulher, sabendo exatamente as marcas que ficariam, mas era a
única maneira de descontar tudo que estava sentindo. Meu corpo se movia sem
controle, de forma rápida em busca do delicioso orgasmo que ela me deu. Senti meu
sexo se fechar ao redor dos dedos de Lauren, assim que ergui meu quadril para cima,
ela os socou até os últimos espasmos de prazer.

- Meu Deus... – sussurrei ofegante com um sorriso nos lábios.

Ouvi um risinho baixo, e logo a senti repousar sua cabeça em meu peito que subia e
descia em uma respiração pesada.

- Gostou?

Abri os olhos encarando o céu aberto, e o topo das arvores altas ao redor. Eu não
falei nada, apenas sorri para ela que pareceu entender. Lauren desceu devagar para
dentro da água outra vez, puxando-me com cuidado. Gemi baixinho ao entrar em
contato com a água fria novamente.

- Responde, eu quero saber. – murmurou ao me abraçar pelas costas.

Eu respirei fundo, sentindo seu corpo quente me envolver por trás. Afastei meus
cabelos para o lado, dando espaço livre para ela, que repousou seu queixo em meu
ombro.

- Gostei, muito.

- Muito quanto?

Minha pele se arrepiou por completo quando ela depositou um pequeno beijo em
minha nuca. Minha respiração estava se acalmando, entrando quase na mesma linha
que a dela.
- Muito a ponto de querer mais, e não só agora.

Lauren virou meu corpo de frente, puxando-me para junto de si. Nós nos encaramos
em um repleto silencio, deixando apenas o barulho de nossas respirações e o cair da
água entre as rochas. Me senti nervosa, perdida, somente em tê-la daquele jeito. Eu
não sabia decifrar o que ela me causava, mas não poderia negar o quão bom era
sentir. Era como ter a sensação de ter seu peito aquecido, ao mesmo tempo em que
ele parecia formigar com sentimentos que pra mim se tornaram estranhos.

- Camila...

Eu adorava como Lauren pronunciava meu nome. Ela piscou algumas vezes, antes de
me encarar novamente. Eu senti que algo diferente acontecia ali, e ela não demoraria
a falar. Estaria eu pronta para ouvir? Assim que Lauren tomou impulso para falar, eu
a calei com meus lábios. De inicio ela não correspondeu, talvez por meu ato
impulsivo, mas não demorou nada a retribuir. Seus lábios estavam sendo pressionado
contra os meus, enquanto sua língua por seguida vezes deslizava lentamente sobre a
minha. Nós terminamos o beijo com pequenos selinhos; e então encostei minha esta
com a dela, mantendo meus olhos fechados.

- Melhor a gente ir embora.

- Tem razão, é melhor. – disse em um suspiro.

Lauren Jauregui's point of view.

Saímos da água, completamente nuas. Caminhamos até o carro de Camila,


procurando nos enxugar rapidamente. Já estava ficando tarde, e ainda tínhamos um
longo caminho de volta para o centro de Nova Iorque. Vesti minhas roupas, e
procurei retirar o excesso de água em meu cabelo, quando encarei a latina sentada
no interior da Ferrari negra. Camila estava vestida parcialmente com o macacão
verde, quase em estilo militar, tendo seu busto coberto apenas pelo sutiã preto de
tecido liso. Seus cabelos estavam molhados, e um tanto desgrenhados, dando um ar
sexy. Ela sorriu para mim, até ter sua atenção roubada.

- Hm, veja o que eu achei aqui. – disse ela ao retirar minha pistola preta de dentro do
coldre no chão do carro,
- Camila não mexa nisso. – a repreendi ao me aproximar mais.

- Me deixa! – insistiu ao segurar perfeitamente a pistola.

- Não, vai acabar se machucando.

Ela sorriu de canto, enquanto deslizava os dedos pela arma. Parecia admirar o objeto,
como se fosse algo precioso, e para mim realmente era.

- Sei o que estou fazendo, delegada.

Ela se colocou de pé no banco do carro, se apoiando no para-brisa, a capota estava


aberta dando liberdade para que ela ficasse como bem queria; a morena ergueu o
braço de forma linear, mirando com a pistola em direção a uma das arvores. Seria
loucura dizer que aquela foi a cena mais sexy que eu já vi? Karla estava dentro de
uma Ferrari, usando seu macacão feminino com estilo militar, deixando seu busto e
abdômen totalmente amostra, exceto por seus seios que estavam cobertos com o
sutiã; enquanto segurava uma arma nas mãos.

- Camila, pare de brincar com isso. – murmurei ao entrar no carro. – Não pode mexer
com o que não sabe.

Ela ficou mais alguns instantes mirando para arvores diferentes, quando para minha
surpresa, efetuou três disparos seguidos. Eu franzi o cenho ao notar que todos os
tiros acertaram os alvos desejados pela latina, com a precisão exata da mesma altura
em cada arvore.

- O que... – perguntei confusa assim que ela sentou-se ao meu lado.

- Não me subestime, Jauregui. – ela falou ao assoprar a ponta do cano da arma, com
um sorrisinho cínico no canto dos lábios.

- Como conseguiu isso? – perguntei ao retirar a arma de sua mão.

- Fiz aulas de tiro quando mais nova, e digamos que eu tenho uma ótima pontaria.

- Você não cansa de me surpreender.

Ela sorriu se inclinou para me dar um pequeno beijo.

- Agora vamos, antes que alguém pense que te matei.


- Ou o contrario, viu? – ela riu e se acomodou no banco.

O caminho de volta foi tranqüilo, tivemos uma longa estrada para correr; o sol já
estava se pondo, indicando que nosso passeio durou mais do que planejamos. Olhei
para o lado, notando que mesmo com a falta de um espaço confortável, a morena
havia pegado no sono. Seu semblante sereno indicava o quão proveitosa nossa tarde
juntas havia sido. Mantive minha atenção concentrada na estrada, sem deixar de hora
ou outra fita-la.

- Nem parece a toda poderosa de sempre.. – sussurrei ao repousar minha mão sobre
a dela.

Entrelacei nossos dedos, deixando que meu polegar deslizasse sobre a pele macia de
sua mão; Camila respirou fundo, apertando seus dedos juntos dos meus como se
quisesse prolongar aquele instante, e assim eu permiti. Depois de mais alguns
minutos, chegamos à galeria. Nós nos despedimos, e eu a acompanhei de meu carro
até chegar a sua casa. Já estava anoitecendo quando ela entrou nos cômodos da
mansão Collins, e só então eu me retirei. No caminho para casa, parei na delegacia
para buscar Verônica que encheu meu celular com mensagens.

- Pensei que não viria, cachorra. – disse ela ao sair da delegacia.

- Estou na minha folga, será que pode me deixar descansar?

- Eu poderia, mas sei que descansando era a ultima coisa que estava fazendo. Com
essa cara de otaria felizinha, estava com a patroa, não é safada?

Ela rolou os olhos de forma impaciente, me fazendo rir. Verônica sabia me ler
como ninguém, nada passava desapercebido por minha melhor amiga. Nós
caminhamos juntas em direção ao meu carro, e ao descer pela escadaria da
delegacia, acabei esbarrando em alguém que parecia distraído demais.

- Me desculpe! – disse uma voz feminina.

Ergui a cabeça e encarei a mulher, tendo um súbito choque em surpresa.

- Keana!

- Oh, Deus, ferrou. – foi o que ouvi de Vero ao fundo.

Ficamos a conversar por poucos minutos, nada de muito profundo. Apenas soube que
a agente policial havia sido transferida e que agora trabalharia na mesma delegacia
que eu; que destino, não? Voltamos para casa, deixando a mulher para o trabalho
que tinha a fazer. Passei o caminho ouvindo Vero zombar sobre o que Camila teria a
dizer sobre isso, e se ela aceitaria um novo ménage.

- Ai, chega. Me deixa quieta. – resmunguei ao entrarmos em casa.

Vero adentrou seu quarto, enquanto eu retirava minhas botas pela sala. Sentei no
sofá, deixando que meu corpo relaxasse. Foi quando encarei a tela de meu
computador, havia uma mensagem piscando sem parar. Me aproximei do aparelho,
colocando-o sobre minhas pernas e assim que cliquei sobre o icone na tela do
computador, meu celular tocou estridente, fazendo-me largar o objeto de lado.
Caminhei até a cômoda, capturando o aparelho, vendo um numero desconhecido.

- Alô?

- Lauren?

- Sim, quem fala?

- É a Keana! Eu fui liberada cedo, e pensei se não gostaria de dar uma volta.

Eu respirei fundo, não vendo mal em sua proposta.

- Claro, te encontro em meia hora.

Ihhhh, Keana voltou. Agora o negocio esquentou.

Até o proximo capitulo, lindas. Não esqueçam de ler Better Together!


Capítulo 24 - Desentendimento.

Oi, meus amores!

Como estão essa noite?

Demorei um pouquinho pra voltar, mas isso se deve pela atualização dupla de Fallen
Angel, e pela senhorita Camila Cabello, que em dois dias seguidos quase me mata do
coração, tirando toda e qualquer concentração de mim.

Mas com tantos pedidos para atualização, as meninas e eu resolvemos terminar e


postar hoje! Espero que gostem, tem muita coisa pra acontecer daqui pra frente.
Ahh, uma novidade! Xeque-Mate agora está sendo traduzida para dois idiomas. Além
do Inglês, agora temos em Espanhol! Logo nossa filha vai chegar a um milhão de
visualizações, e eu não poderia ficar mais feliz!

Quero agradecer a Juliana, que fez essa capa maravilhosa! Essa menina um dia vai
me matar! - Evelin.

Camila Collin's point of view.

Encarei meu reflexo no espelho do closet, enquanto retocava os últimos detalhes de


minha maquiagem. Depois de chegar em casa, encontrei com um marido mais calmo,
de humor mais ameno. Christopher não parecia tão irritado como essa manhã, o que
me rendia certa tranquilidade. Como prova de seu bom humor, o homem resolveu me
chamar para jantar fora, de acordo com ele precisávamos de mais tempo juntos.

- Está pronta, querida? – perguntou ao parar logo atrás de mim.

Ele sorriu de canto, antes de envolver meu corpo com os braços, e depositar um beijo
suave sobre minha nuca. Aquela noite optei por um vestido verde escuro, de tecido
leve e solto, com alças finas e um decote suave; nos pés apenas um salto de tiras na
cor nude. Meus cabelos estavam presos em um coque, deixando minha nuca e busto
livre para o colar de diamante que ganhei em nosso ultimo aniversario de casamento.

- Sim, está bom assim? – perguntei ao me desvencilhar de seus braços, e virar em


sua direção.

- Está maravilhosa, como sempre.


O homem me encarou com seu par de olhos claros e atraentes. Ele usava apenas
uma calça jeans escura, uma blusa social cor de vinho, que tinha as mangas dobras
até seu antebraço; nos pés um sapato preto social.

- Você também está ótimo, meu amor.

Saímos de nossa casa, e logo entramos no carro que já estava a nossa espera.
Christopher gentilmente abriu a porta do carro, e fechou no instante em que me
acomodei no interior do mesmo. Logo se pôs ao meu lado, para que o motorista nos
levasse até o restaurante no centro da cidade. O caminho foi tranqüilo, e rápido.
Chegamos a um restaurante muito conhecido, nada sofisticado demais, Collins
resolveu escolher um mais simples, e muito bom. Nos acomodamos em uma das
mesas, e logo pedimos nosso jantar.

- Queria pedir desculpas por hoje mais cedo, fui muito rude com você.

Encarei seus olhos que me fitavam um tanto receosos a espera de uma resposta. Eu
limpei o canto dos lábios com o lenço branco, e sorri.

- Está tudo bem, querido. – murmurei ao repousar minha mão sobre a dele em cima
da mesa. - Eu devia ter avisado.

- Eu só não quero que saia sozinha, tenho medo que aconteça outra vez.

- Claro, você tem toda razão.

Eu estava tentando dar o ar de boa esposa, era o melhor a se fazer depois de quase
ser descoberta. Christopher era facilmente manipulado, claro, eu já sabia todos os
truques para mantê-los sobre minhas rédeas, não poderia errar agora.

- Estava pensando de viajarmos no final do ano, o que acha?

Tomei um gole do vinho, enquanto minha cabeça fervilha com inúmeros


pensamentos. Em meus planos, até o final do ano, Christopher seria uma peça
derrubada do tabuleiro, e um problema a menos em minha vida, eu não queria
programar viagens, e nem nada que prolongasse minha presença ao seu lado, mas
ele não precisava saber disso, certo?

- Eu acho a idéia maravilhosa! Podemos ver um ótimo lugar para essa


viagem.

- Eu vou pensar em alguns destinos, quero passar mais tempo com você. – ele
acariciou minha mão, enquanto me fitava. – Ahm...Camila.

- Sim?

- Eu estive pensando muito hoje, e queria te falar uma coisa.

- Pensando no que? – perguntei ao tomar um gole de água da taça de cristal.

- Quero ter um filho. – disse de forma rápida, e sem rodeios.

Naquele instante a água pareceu descer pelo lugar errado, eu comecei a tossir sem
parar, engasgando-me com o liquido frio. Christopher arregalou os olhos, e tentou me
ajudar até que a tosse cessasse gradativamente.

- Está tudo bem? – perguntou ele de forma assustada.

Eu respirei fundo, trazendo o maximo de ar possível para meus pulmões, antes de


encara-lo.

- Sim, está tudo bem.

- Eu não quero assustar você, só achei que seria...

- Christopher...

Desviei os olhos dos seus, tentando raciocinar uma resposta convincente para afastar
aquela idéia de seus pensamentos sem deixá-lo irritado. Foi quando avistei duas
pessoas sentadas próximo a janela em uma conversa animada. Eu na precisaria de
muito para reconhecer uma delas. O cabelo escuro, a pele clara e corpo sobre medida
me traziam lembranças de poucas horas atrás.

- Algum problema? – Christopher perguntou ao virar-se para direção a qual eu


olhava. – Vejo que a agente Jauregui está muito bem essa noite.

O tom malicioso de sua voz apenas ajudou aquela sensação triplicar em meu interior.
Lauren estava a poucos metros, sentada em uma mesa, com uma mulher no qual eu
não fazia idéia. Ela me era familiar, mas nada que eu pudesse captar facilmente,
afinal, ela estava de costas para mim.
- Parece que sim. – murmurei sem tirar os olhos de ambas.

- Não sabia que Lauren gostava de mulheres. – Christopher comentou, enquanto


degustava da massa em seu prato.

Eu não conseguia ouvi-lo perfeitamente, minha cabeça parecia girar em torno de


Lauren e a mulher ao fundo. Confesso que meu corpo estava fervilhando, mas não
como a delegada estava acostumada a me deixar, pelo contrario, eu fervilhava de
raiva. Fechei uma das mãos em punho, enquanto pressionava a mandíbula com força.
Eu respirei fundo, tentando afastar todo tipo de idéia de minha cabeça.

- Ela já deu em cima de você?

- O que? – perguntei confusa.

- Lauren, já deu em cima de você?

- Ah, por Deus, Christopher! – resmunguei irritada. – Claro que não.

- Melhor assim.

Tomei um grande gole de vinho, e voltei meus olhos sobre Lauren e a mulher, que
agora levantou, dando-me a chance de descobrir seu rosto. Quando a bela moça
virou-se, meus pensamentos foram bombardeados com lembranças de uma noite.

Inferno.

Keana estava cheia de sorrisos, acenou para Lauren enquanto caminhava em direção
ao banheiro. Eu encarei meu marido, que tagarelava sem parar sobre assuntos que
eu nem sequer fazia idéia. Estava ocupada demais pensando em como matar alguém.

- Por que sinto que está distraída depois que viu a agente Jauregui?

Porque eu realmente estava. Minha vontade naquele momento era de levantar da


mesa, e caminhar até a delegada, exigir uma espécie de explicação como se eu fosse
merecedora dela. Eu estava com raiva, irritada e com ciúmes. E me praguejava por
aquilo, eu odiava sentir ciúmes, mas Lauren era tão perturbadora a ponto de me
enlouquecer com tal sensação.
- Impressão sua. – ponderei com um sorriso falso.

- Certeza, Camila?

- Sim, meu amor. Estava pensando em nossa viagem. Nos lugares que podemos ir.

- Isso é maravilhoso! Já pensou em Cancun?

O jantar transcorreu lento e torturante. A todo instante eu me permitia observá-las,


Lauren estava tão entretida com sua companhia que nem sequer notava as pessoas
ao seu redor. Era inacreditável como as coisas tinham seus altos e baixos. No
momento em que ambas se separaram, Lauren pareceu observar o restaurante
inteiro, então rapidamente me encolhi, abaixando a cabeça para que ela não me
notasse, e pareceu surtir efeito já que a mulher se comportou da forma mais natural
possível antes de sair daquele lugar, acompanhada de uma bela e insinuante mulher.
O caminho de volta foi silencioso, mas Collins não parecia se importar, transparecia
cansaço e sono. A ausência de dialogo apenas aumentava a pressão de meus
pensamentos, que giram ao redor de Lauren e Keana. Estariam se envolvendo outra
vez? Eu conhecia aquela mulher, mesmo que em poucas horas em sua presença.
Além de sua beleza estonteante, a jovem sabia seduzir, provocar e instigar, não como
eu, é claro; mas eu não tirava seus méritos de conquista.

Depois de uma noite mal dormida, enfrentei o barulho do despertador indicando que
eu deveria levantar e ir para galeria. Christopher já havia saído como de costume,
acordava bem mais cedo para comparecer na Collins Enterprise. Sai de casa depois
alguns minutos, me dirigindo até a galeria Cabello. Meu humor estava dos piores
possível, e todos sabiam disso sem eu nem sequer precisar falar.

- Bom dia, senhora Cabello. – o segurança da portaria murmurou assim que passei na
entrada.

- Bom dia. – soltei de forma seca ao tirar os óculos de sol. – Dinah já chegou?

- Sim senhora, está no escritório.

Segui rumo a minha sala, e não demorou muito ouvi algumas batidas na porta. A
loira adentrou meu escritório com uma expressão animada, nada fora do comum.

- Bom dia, chefa!

- Bom dia.
- Ihhh, que cara é essa? - perguntou ao notar minha forma fria de falar.

- Nada.

Sentei em minha poltrona, vendo o amontoado de papeis que deixei de lado no dia
anterior para sair com Lauren. Tudo estava acumulado.

Lauren...

Meu mau humor, minha dor de cabeça matinal, minha raiva e chateação.

- Lauren veio aqui hoje mais cedo, procurando por você. Mas falei que ainda não
tinha chegado, e que achei que não viria. Ela disse que iria esperar você ligar, pois
ligou muito e você não a atendeu.

- Eu deixei o celular desligado... - falei de forma indiferente.

- Camila... – Dinah soltou apreensiva, sentando-se a minha frente. – Você sabe que
pode me contar, certo? Sou como sua irmã durante anos.

- Eu sei, eu só...

- Brigou com Christopher?

- Não, Christopher nem sequer me afeta. – resmunguei irritada. – Foi aquela...

Dinah permaneceu calada, como se esperasse meu desabafo. Eu respirei fundo,


odiando-me por ficar tão irritada com aquela situação. Eu não era assim, eu não me
permitia abalar, não por...

- Lauren? O que aconteceu? Estavam tão bem ontem, e hoje te encontro assim. – ela
me encarou. – Não foi bom o passeio?

- Pelo contrario, foi ótimo.

- Então não entendo o porque de estar dessa forma.

- Tivemos um dia incrível, para de noite eu vê-la com outra em um restaurante.


Dinah assentiu, com uma expressão que eu conhecia muito bem. Ela não concordava
de fato com aquela relação entre Lauren e eu, mas cansou de tentar ir contra.

- Poderia ser uma amiga, Camila.

- Eu conheço a mulher. Foi com aquela que transei junto de Lauren na primeira vez
que nos vimos.

- Ok... – ela se levantou e caminhou até o pequeno frigobar no canto da sala. – Acho
que é mais complicado do que imaginei.

- Elas estavam tão próximas, sabe? Aquilo me deixou tão irritada e com..

- Ciúmes? – a mais alta interrompeu.

Eu fitei os olhos acusativos de Dinah, enquanto a mesma abria uma pequena garrafa
de água.

- Será que elas estão se envolvendo?

Vi a mulher terminar de beber o liquido da garrafa, e caminhar para minha frente


novamente.

- Eu não sei, se elas já tiveram um envolvimento antes, creio que é uma forte
possibilidade.

As imagens de Lauren e Keana na primeira noite em que nos vimos me acertavam


com força. Eu não podia acreditar que depois de tantos anos eu estava simplesmente
me corroendo por ciúmes de alguém que não era meu. Fechei os olhos com força, e
meneei com a cabeça em um sinal negativo, buscando afastar tudo aquilo. Eu não
poderia ter me permitido gostar da delegada, e nem ter me envolvido tanto. Sempre
fui tão controlada, com objetivos fixos e sem qualquer tipo de atrapalho, para chegar
a reta final e ser atrapalhada por uma paixão fugaz.

- Não deveria ficar tão abalada, Camila. Vocês não tem nenhum tipo de
relacionamento sério. Você não pode querer que ela seja fiel, quando você é casada.

- Eu só pensei que... – levantei, e respirei fundo. – que ela gostava de mim. Ontem
eu tinha certeza que ela iria dizer algo importante sobre seus sentimentos, mas eu
impedi.
- Você queria que ela estivesse apaixonada? Assim como você está?

- Dinah...

- Camila, por favor. Isso é loucura! Você é uma bandida, tem idéia? Você deixou isso
ir longe demais. Eu sei que de inicio era apenas sexo, mas você está vendo que não é
mais assim.

- Eu sei... – sussurrei.

- Então, aproveite isso para dar um fim. Sei que você não programou se apaixonar
por aquela mulher, mas pode tentar reverter isso.

- Eu estou apaixonada por ela, Dinah.

Pela primeira vez em tantos anos, eu me apaixonei. Que bela ironia do destino, não?
Clichê. A vilã apaixonada pela mocinha da historia, mas diferente dos filmes, Lauren
não era tão inocente assim. Era uma perfeita cafajeste que não recusava um bom
sexo. Não estávamos falando de uma comedia romântica, e sim um romance policial.
Um perigoso e excitante romance que poderia não terminar bem.

- E vai deixar que isso que te derrube? Agüentou coisas piores. E não pode deixar que
tudo se acabe pelo seu relacionamento instável com aquela mulher. – ela ergueu a
cabeça e me encarou em forma de desafio. – Você é uma mulher forte, cheia de
atitude, Karla.

- Você tem razão, não vou ficar perturbando minha cabeça por ciúmes. Eu sou a dona
desse jogo, Dinah. As peças se movem como eu quero, e eu não posso esquecer
disso, pensando em outras coisas.

- Assim que eu gosto de ver, você pode ter quem você quiser, Camila. E no
momento, existem coisas que precisam de atenção. – ela começou a falar mais baixo.
– Nós temos que nos reunir.

- Aconteceu alguma coisa?

- Sim, eu recebi a encomenda do Heitor. Faltava entregar a ultima parte do


pagamento, e como combinamos somente depois do que ele tinha para nos dar.
- Você pegou?

- Sim, um pen drive tem tudo que precisamos.

Eu fechei os olhos, sentindo meu coração acelerar. O jogo estava chegando ao fim, e
finalmente eu me libertaria de tudo aquilo.

- Você viu o que tinha nele?

A loira se calou, e eu pude notar sua expressão se converter em desconforto. Seus


olhos me encararam de forma apreensiva, enquanto ela assentia.

- Um vídeo. O vídeo que vai dar o ponto final nessa historia.

- Que vídeo é esse? – perguntei curiosa.

- É melhor você ver, eu prefiro não falar nada agora. Podemos nos reunir naquele
lugar de sempre.

- Claro, podemos sim. Eu preciso ver do que se trata esse vídeo.

- Certo! No mesmo lugar de sempre então.

Eu assenti e voltei aos meus afazeres na galeria. Dinah por sua vez continuou seu
trabalho para o próximo evento. Depois de revisar alguns contratos, me permiti dar
uma pausa, tomei um pouco de café, enquanto pensava no jantar de ontem. Sentia-
me frustrada com tudo, com Lauren. Pela primeira vez em anos, achei que algo daria
certo, mas eu não poderia esperar nada de onde já começou como erro. Sabia que
não poderia cobrá-la, eu não tinha o direito para isso, mas eu tinha sérios motivos
também para querer e não poder.

Ouvi algumas rápidas batidas na porta, antes da mesma se abrir. Lauren adentrou a
minha sala com uma expressão animada, fazendo-me pensar no motivo daquilo.

- Posso entrar?

- Claro.

A mulher caminhou até mim, e depositou um beijo em meus lábios, beijo que eu não
correspondi.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntou com receio. – Eu vim aqui hoje mais cedo,
mas você ainda não tinha chegado. Liguei para o seu celular e nada.

- Ele está sem bateria. – falei ao me levantar.

Lauren assentiu, e se calou. Eu queria poder não demonstrar o que eu estava


sentindo, mas minha vontade era de colocar as coisas a limpo de uma vez. Talvez eu
tenha perdido o real sentido do meu envolvimento com Lauren, que nada mais era
que sexo. Desde o momento em que a mulher voltou, e que passamos a nos envolver
novamente, minha vida sexual com meu marido foi por água abaixo. Tinha como ser
fiel a sua amante?

- Ok, você pode me dizer o que houve?

Joguei as pastas dentro do armário, e fechei a porta com força. Como poderia ser tão
cínica? Ok, eu era bem pior, mas...inferno.

- Sua noite foi boa? Aproveitou o jantar com aquela vagabunda? – soltei com um tom
irônico.

- Ah... – ela assentiu. – é isso...

- O que mais seria?

- Está me vigiando?

Soltei uma risada alta, em puro deboche.

- Por favor, eu tenho coisas mais importantes para fazer.

- E então?

- Por ironia do destino, estava no restaurante com Christopher quando você estava
com aquela mulher. – falei enquanto me aproximava dela lentamente. – Desde
quando estão se encontrando?

- Desde ontem. Ela vai trabalhar na delegacia também. – deu de ombros.

- Nossa! Primeiro dia e você já foi recebê-la da maneira mais calorosa? Bem a sua
cara, Jauregui.
Lauren me encarou de forma séria, trincando a mandíbula. Seus olhos eram intensos,
misteriosos, quase hipnotizantes. Ela respirou fundo, deixando que um sorriso
escapasse de seus lábios.

- Está com ciúmes, sra. Collins? – sua pergunta foi carregada de ironia.

- Não me teste, Lauren. Você não sabe do que eu sou capaz.

Ela deu um passo à frente, diminuindo quase que totalmente a distancia entre nós. Eu
pude sentir sua respiração ir de encontro ao meu rosto.

- E do que você é capaz, Karla?

Sua expressão, seu tom de voz, e aquele maldito sorriso me desafiavam. Ela queria
testar meus limites, saber até onde eu poderia chegar; me puxava para um
precipício, que a qualquer instante eu poderia cair.

- Quer mesmo saber?

Ela ficou calada, apenas me encarando. Havia uma tensão maior entre nós, como se
existisse um divisor de águas. Lauren era uma força oposta, que não hesitaria em me
colocar para fora do jogo.

- Você não quer saber. Não agüentaria. – zombei sarcasticamente, antes de me


afastar.

- Eu agüento qualquer coisa, Sra. Collins. – ela ergueu a cabeça. – Mostre-me do que
é capaz.

- Não tenha pressa, eu vou mostrar. Você nunca vai se esquecer de mim, Lauren.

- O que quer dizer? – ela se aproximou.

Eu sentei em minha cadeira, atrás da mesa. Lauren deu alguns passos para frente,
aproximando-se de mim. Suas mãos se espalmaram sobre a mesa, e seus olhos me
fitavam fixamente.

- Fale. – insistiu.

- Espere pra ver. Não quer saber do que sou capaz?


- Tenha cuidado, Camila. Eu não tive nada com Keana!

Eu mordi o lábio inferior, antes de soltar uma risada divertida. Ela tinha medo, medo
que eu poderia fazer com aquela mulher. Aquilo me alimentava, me injetava forças
para continuar.

- Está com medo?

- Não. – retrucou. – Só não faça besteira, assim como fez com Clarice.

- Vai defendê-la? Sei que você não vale nada, Jauregui. E ela também não.

- E você vale?

Eu respirei fundo, e ergui meu corpo da poltrona, espalmando minhas mãos sobre a
mesa também. Estávamos nos encarando frente a frente, com olhares fuzilantes.

- Mais do que você e ela juntas. Por favor, olhe para mim, Lauren. – seus olhos
percorreram meus lábios, e desceram por meu decote, para em seguida voltar para
meus olhos. – Eu sou muito mais do que você pode imaginar.

- Você se acha a dona do mundo.

- Eu sou, querida. Sou a dona do seu mundo.

Lauren se afastou e riu. Era uma risada irritada, com um humor negro.

- É o que vamos ver.

- Já estou vendo. – provoquei. – Não percebe? Acho que não, mas você um dia vai
entender.

- Você não é a única mulher do mundo. Sabe que posso voltar a me envolver com
Keana, certo? Você me usa, eu posso fazer o mesmo com você. Já faço!

Eu dei de ombros, fazendo-me totalmente indiferente, mesmo que minha


vontade fosse de esganá-la. Eu não poderia me abater, e muito menos mostrar isso a
ela. Eu voltaria a ser aquela de antes, demonstrar sentimentos não me levaria a lugar
algum, principalmente com Lauren. Eu resumiria a delegada em puro sexo. Ela
comeria na minha mão, como sempre.

- Ah, é?

- Claro! Só temos um caso, e eu não devo fidelidade a você. Posso me deitar com
quantas eu quiser. – ela estava com raiva, eu sentia. – Você é casada, não? Dorme
com seu marido todas as noites.

Se ela soubesse que eu não me entregava a ele desde que voltou a minha vida, não
ousaria me dizer tais coisas. Mas ela não saberia, eu não demonstraria que ela tinha
poder sobre mim.

- Vá em frente, Jauregui. Procure uma mulher melhor que eu.

- Eu já achei.

- Faça bom proveito.

Nós nos encaramos por alguns segundos, até que Lauren assentiu e caminhou em
direção a saída. A porta se fechou com força, fazendo os vidros da janela tremerem.

Um erro.

Havia sido um erro me apaixonar por Lauren, ela quase me fez perder a cabeça,
desviar dos planos que tracei por anos, mas ainda estava em tempo de consertar. E
era exatamente isso que eu faria. Terminaria minha missão, deixando tudo isso para
trás. Ao fim do jogo, eu seria uma mulher realizada, e liberta.

- Se concentre, Camila. Você não pode perder. – disse a mim mesma.

Caminhei em direção a janela de minha sala, vendo Lauren sair da galeria. A


delegada caminhou rapidamente em direção ao seu carro, parando ao lado do
mesmo. Vi ela se encostar no veiculo, como se quisesse apenas se acalmar antes de
arrancar dali.

- Aconteceu alguma coisa? – ouvi a voz de Dinah ao fundo. – Vi Lauren sair daqui
furiosa.

A morena entrou em seu carro, e então eu me afastei da janela e encarei a loira


dentro de minha sala.

- Apenas dei um passo para longe dela. Você sempre teve razão. Me envolver com ela
foi um erro.

Dinah ficou por alguns segundos em silencio, e então se aproximou. Ela me conhecia
como ninguém, e sabia que a delegada não era apenas um caso para mim, não mais;
mas sabia também o que aquele envolvimento poderia nos acarretar.

- Quem sabe no final disso tudo? – ela soltou esperançosa.

- Não sei o que vai acontecer depois da uma ultima jogada. – respirei fundo. – Só
espero ficar viva, e fora da prisão.

- Vai dar tudo certo, Camila.

- Assim espero, Dinah.

Dinah Hansen's point of view.

Sai da sala, deixando Camila sozinha com seus pensamentos. Ela parecia tensa,
confusa e um tanto frustrada. Desde o inicio eu senti que isso poderia dar errado; a
latina estava se deixando levar por sensações que a delegada lhe proporcionava,
sensações essas que não sentia há anos. Eu sabia que ela merecia ser feliz, Camila
mais do que ninguém merecia isso. Seu passado nunca foi um mar de rosas, talvez a
jovem mulher nunca teve a paz de espírito desde sua infância. O passado guardava
feridas que não cicatrizam com o tempo, elas ainda estavam ali, vivas e expostas,
sendo alimentadas por um jogo perigoso de poder e vingança. Aquilo só acabaria com
a ultima jogada, e esperava eu que ela fosse nossa.

Caminhei em direção ao meu carro estacionado a frente da galeria, quando senti o


vibrar de meu celular no bolso de meus jeans. Encarei o visor iluminado vendo o
nome de minha namorada. "Normani Kordei"

- Oi, meu amor.

- Oi, linda. Estou saindo da delegacia agora, pensei de jantarmos juntas, o que acha?
- perguntou animadamente.

- Eu adoraria, estou realmente precisando de sua companhia.

- Aconteceu alguma coisa?


Entrei em meu carro, acomodando-me no banco de motorista.

- Umas coisinhas, preciso de você.

- Eu estou indo para seu apartamento, ok? Te encontro lá.

- Certo! Um beijo. - murmurei antes de desligar.

Normani era uma das melhores partes do meu dia, acredito que nosso envolvimento
me mantinha sã em meio a tanta confusão. Eu tinha medo por ela, ser pega seria
uma sentença de morte a sua carreira. Ela nem sempre concordou com tudo isso,
quando soube sobre os planos tivemos uma séria discussão, quase nos levando ao
término, mas por sorte, ou claramente amor, a mulher resolveu se juntar a nós. Era
perigoso, eu sabia, mas ela estava disposta aquilo, e eu estava disposta a protegê-la.

Cantarolei ao som da musica que deixava os alto falantes de meu carro, quando meu
celular começou a tocar, era Camila. Conectei ao carro, fazendo com que sua ligação
se conectasse aos alto falantes.

- Oi, Mila. Aconteceu alguma coisa?

- Ah, é só para confirmar se vamos nos encontrar no galpão essa madrugada.

- Vamos, eu encontro com você lá as três.

- Certo, as três eu estou lá. Vou dobrar a quantidade de calmantes para o rei.

- Faça isso, não quero imprevistos.

- Tudo bem, até mais tarde. - murmurou calmamente, e desligou.

O tom de sua voz revelava seu humor melancólico. Era um tanto inusitado pensar em
uma Camila sensível, quando durante anos ela se fez imponente e forte. Entretanto,
sua capa de mulher de ferro, não era o suficiente para esconder de mim seus
sentimentos mais sinceros. Ela realmente estava apaixonada por Lauren, e se não
fosse tão perigoso, eu daria minha ajuda para continuar, mas eu sabia que juntar
Camila a Lauren poderia ser o fim não só dela, mas como meu. Meneei com a cabeça
em um sinal negativo, e continuei meu caminho até o apartamento. Ao chegar em
casa, ouvi o som ligado, uma musica animada.
- Alguém está feliz. - disse ao encontrar com Normani na cozinha.

Recebi um sorriso largo, e relaxado. Aquela mulher possuía um dos sorriso mais
lindos do mundo, isso era um verdadeiro fato.

- Estou apenas querendo fazer um jantar legal para você - murmurou antes de me
dar um pequeno beijo. - me pareceu tensa ao telefone.

- Eu realmente estou.

- Posso saber por quê?

- Ah, conto depois. Quer ajuda? - perguntei ao largar minha bolsa sobre o balcão da
cozinha.

- Eu quero sim.

Eu me uni a ela para preparar nosso jantar. Se tratava de massa, molhos


diferenciados. Normani amava inovar na cozinha, e eu não me queixava daquilo.
Depois que tudo estava quase pronto, eu segui para o banheiro, tomando um banho
morno para depois voltar a encontro de minha namorada que ajeitava os talheres na
mesa.

- Deixe-me fazer isso, pode ir tomar seu banho.

Recebi um sorriso, seguido por um beijo antes de vê-la caminhar até meu quarto.
Arrumei tudo da melhor maneira possível, e esperei até que ela voltasse para
jantarmos. O cheiro estava maravilhoso, e o sabor não ficou para trás.

- Me conte o que houve mais cedo. Acho que ninguém teve um dia bom
hoje.

- Por quê?

- Lauren estava péssima, ficou na sala dela o dia todo, com um humor terrível.

- Não foi só ela. - tomei um gole do vinho tinto em minha taça.

- Como assim?
- Camila estava da mesma forma, elas meio que brigaram hoje mais cedo.

- O que houve? Lauren descobriu alguma coisa? - a mulher perguntou assustada.

Repousei minha mão sobre a sua, fazendo um carinho suave para tranquiliza-la.

- Não, de forma alguma. O problema são os ciúmes. Camila viu Lauren com uma
mulher em um restaurante ontem, e acredita que ficaram juntas.

- Ela está realmente apaixonada. Eu acho que elas fazem um casal lindo. - falou de
forma animada.

- E perigoso! - completei.

Normani franziu o cenho, e tomou um pouco de água.

- Por quê?

- Lauren é policial, e Camila uma bandida. Mesmo tendo motivos, não creio que ela
hesitaria em levar minha amiga para prisão.

- Eu tenho minhas duvidas. - soltou pensativa. - A mulher se chama Keana?

- Essa mesmo, como sabe?

- Ela me pareceu intima da Lauren, estava sempre a ficar perto dela. Eu não sei, não
gostei dela. Mas temos que pensar no lado que Camila é casada, e Lauren não tem
um compromisso com ela. E pelo pouco que sabemos, nem uma das duas se mostra
sentimentalmente, parecem cão e gato.

- São orgulhosas, mas eu acredito que tenha sido melhor assim.

- Ai, Dinah. Pare de ser tão dura. Camila merece alguém de verdade, e não aquele
traste do marido.

- Ela merece terminar o plano, e ser livre, Mani. Eu não quero que ela vá presa, nem
nós.

Normani se calou, provavelmente pensando nas hipóteses de acontecimentos que o


relacionamento de Lauren e Camila poderiam acarretar.
- Eu sei, só acho que ela poderia se permitir. Para ela colocar todo nosso plano em
risco por causa de Lauren, é claramente uma prova concreta de seus sentimentos.
Uma prova torta e desajeitada, mas uma prova de amor.

- Você é sempre tão romântica.

Ela fez uma careta e riu, fazendo-me rir também.

- Elas vivem nesse jogo de sedução. Ultimamente estavam feito um casal, mas depois
da noite de ontem, eu duvido que isso continue. Camila é orgulhosa, dura, não aceita
ser trocada, ainda mais quando ela se permitiu depois tantos anos gostar de alguém.
Acho que ela vai tratar Lauren como um verdadeiro nada.

- Duas complicadas! Porque pelo pouco que conheço da agente Jauregui, ela não vai
fazer questão de reverter isso.

- Melhor a gente parar de falar disso. Quero saber de você, e esquecer um pouco
esses problemas.

Depois do jantar ficamos namorando um pouco no sofá, assistimos a um filme


qualquer, mas eu não conseguia prestar atenção. Meus pensamentos giravam em
torno de nossos planos, e nas provas recolhidas por mim. O jogo anterior havia sido
mais pesado do que imaginamos, e agora eu já não tinha certeza de como esse
terminaria.

- Dinah? - ouvi a voz de Normani chamar.

- O que está acontecendo? Está perdida em pensamentos. Tem mais alguma coisa?

- Eu peguei um ultimo arquivo com Heitor antes de deixá-lo ir.

A mulher ergueu seu corpo que estava ao meu lado, agora ficando sentada. Seus
olhos me fitaram receosos.

- Que arquivo?

- Um video.

- Eu quero ver.
- Normani...

- Deixe-me ver. - ela pediu enquanto deslizava a ponta dos dedos entre meus cabelos
carinhosamente.

Eu assenti, e me levantei para buscar o notebook. Segundos depois voltei para sala,
sentando ao lado de minha namorada. Procurei entre as pastas, os arquivos salvos no
pendrive de Heitor; e lá estava o vídeo. cliquei sobre o ícone, fazendo com que a
janela se abrisse, expondo as imagens para nós. Normani ficou atenta a cada
segundo daquelas imagens, sua expressão foi um misto de sensações, e nem uma
delas foi boa.

- Isso foi mais sério do que pensei. Eu sinto muito.

Eu respirei fundo, e assenti. Foi um tanto chocante para mim, eu não esperava ver
isso, não assim.

- Eu nem sei o que senti ao ver isso.

- Camila já viu?

Eu meneei com a cabeça em negação.

- Vamos mostrar para ela essa noite, no galpão.

- Agora eu entendo o motivo de quererem destruir Christopher Collins.

- Nós queríamos antes de saber desse vídeo, mas agora...

- Ela precisa ver isso. - murmurou ao me fitar.

- Eu não sei se é uma boa ideia. - falei ao me levantar.

- Não pode esconder isso dela.

- Ela pode colocar tudo a perder!

- Não importa! Ela merece isso, Dinah. Sem mentiras, por favor.

Minha cabeça fervilhava com aquelas imagens, pareciam se repetir infinitamente em


meus pensamentos. Se eu que sempre fui a mais centrada, fui totalmente abalada
com aquela prova, Camila poderia o juízo. Uma jogada errada, e o plano iria por água
abaixo.

- Vamos reforçar agora. O jogo está chegando ao fim.

Camila Collin's point of view.

Collins tagarelava sem parar sobre seu dia na empresa, e como seus negocios
estavam indo a todo vapor. Sempre os mesmos assuntos, mesmas conversas,
risadas, momentos. Eu estava chegando a um limite, onde a qualquer instante eu
poderia transbordar. Foram anos, fodidos anos ao lado de um homem arrogante,
prepotente, e mau caráter. Eu não era diferente dele nesse quesito, mas meus
motivos para isso eram.

- Vou pegar um pouco de água na cozinha. - murmurou ao se levantar.

Eu apenas assenti, e continue a beslicar o jantar. Estava sem fome, e sem humor
para fazer o teatro de boa esposa. Entretanto, havia esforço necessários. Observei ele
entrar na cozinha, e esperei mais alguns segundos antes de pegar as duas cápsulas
de calmamente em meu bolso. Abri o envoltório e despejei o pó branco no interior do
suco em seu copo, rapidamente o remédio se misturou ao coloração rosada no
interior do copo de vidro.

- Prontinho. - ele disse com um sorriso ao se sentar ao meu lado.

- Sente-se, e coma. Me parece cansado, amor. - falei ao afastar um pouco minha


cadeira.

- Estou, muito. Sai da empresa e fui para o treino de box.

- Ah, está explicado. Pode tirar o dia de folga amanhã, dormir até mais tarde o que
acha?

- Eu não sei...

Me levantei da cadeira devagar, e caminhei até meu marido. Fiquei atrás do mesmo,
e repousei minhas mãos delicadamente sobre seus ombros. Ele se encostou na
cadeira, deixando que eu massageasse.
- Fique, descanse.

Ele estava calado, parecia pensar na proposta tentadora. Eu pressionei meus dedos
em seus ombros tensos bem devagar, subindo para sua nuca, onde deslizei as minhas
unhas.

- Posso te dar uma noite animada.

- Estou começando a gostar disso. - ele falou sorridente, e esticou a mão para pegar
o copo de suco sobre a mesa.

Acariciei seus ombros novamente, quando ele levou o copo até os labios, tomando
seguidos goles da minha solução. Um sorriso nasceu no canto dos meus lábios; eu me
aproximei dele, e beijei sua nuca.

- Vai gostar mais ainda depois.

Voltei ao meu lugar ao seu lado, vendo ele tomar até a ultima gota do suco. Recebi
um sorriso malicioso, no qual fiz absoluta questão de retribuir. Ficamos mais alguns
minutos a mesa, terminando nosso jantar. Subi até nosso quarto com um Christopher
sonolento, porém um tanto animado para alguém que estava dopado. Ele me beijou
de forma intensa, e eu apenas retribui. Me deitei em nossa cama, e recebi seu corpo
pesado sobre o meu, enquanto seus lábios acariciavam a pele de meu pescoço.
Arrastei minhas unhas por suas costas, dando impulso para situação. Eu o sentia cada
vez mais lento, mais pesado.

- Amor... - sussurrei.

Christopher beijou uma, duas, e na terceira foi o suficiente para apagar. Esperei
alguns instantes, e por fim o joguei para o lado na cama.

- Que saco fazer isso toda semana. - resmunguei. - Alguém já disse que você é
insuportável?

O homem estava completamente apagado, o calmante surtiu efeito esperado. Ergui


meu corpo, e tratei de ajeitá-lo em seu lugar. Retirei seus sapatos, calça, e blusa, o
deixando apenas com uma cueca box preta.

- Pelo menos beleza tem. - zombei ao vê-lo desmaiado na cama. - Espere sua bela
esposa chegar, ok? Ah, sinto muito, você não vai acordar tão cedo.

Depois de algumas horas de espera, comecei a me arrumar. Após um banho morno,


fui até o closet; optei por uma calça preta, justa, e uma blusa de mangas compridas e
gola alta da mesma cor; nos pés usava botas com salto médio e cano baixo. Encarei
minha imagem no espelho, acertando os últimos detalhes de minha maquiagem leve.
Meus cabelos estavam soltos, e ondulados em seu natural. Caminhei até o quarto,
enquanto vestia meu sobretudo preto. Encarei o corpo de Christopher debruçado
sobre a cama, e me aproximei.

- Até logo, amor. - sussurrei ao dar um tapa sutil em seu rosto.

Entrei em meu carro estacionado na primeira vaga, e segui com o mesmo até a saída.
O segurança da madrugada me encarou, e eu apenas lhe lancei um sorriso sedutor.

- Aqui está seu presentinho de todo mês. - murmurei ao entregar o envelope com
uma quantia em dinheiro.

- A senhora é sempre muito gentil, Sra. Collins.

- Sou gentil com quem merece, e você se mostra um belo profissional.

- Obrigado. - soltou empolgado ao abrir o portão da mansão.

- Até depois, Nick. E lembre-se... - gesticulei com o indicador em sinal de silencio.

O caminho até o galpão era longo, e deserto. Meus pensamentos giravam em torno
de Lauren, e dos últimos acontecimentos. Eu sabia que havia pegado pesado com ela
hoje mais cedo, eu não poderia cobrá-la, mas me sentia nervosa, e frustrada por não
poder seguir com nosso envolvimento da maneira que eu queria. Infelizmente a
situação não nos oferecia espaço para sentimentos, carinhos e até mesmo amor. Era
um jogo, e nele, o sentimentalismo era sinônimo de fraqueza. Entretanto, eu não
perderia tão facilmente, eu traria ela de volta para minha mão, com ou sem Keana
Marie, Lauren Jauregui era minha.

O movimento de carros era mínimo, o normal para o horário. Encarei o relógio de


ouro em meu pulso, marcava três horas da madrugada, eu estava atrasada. Pisei no
acelerador da ferrari, fazendo o motor roncar alto antes do automóvel ganhar as
largas avenidas nova iorquinas com muita velocidade. Não demorou muito, entrei na
área mais afastada do centro da cidade, havia muitos galpões abandonados,
utilizados para guardar as embarcações próximo ao cais. Segui com o carro até o
penúltimo, onde estacionei ao fundo, longe de qualquer um que pudesse passar na
rua. Segui para o interior do galpão abandonado, até a sala iluminada.

- Finalmente! - ouvi a voz de Dinah.


- Me desculpe a demora.

- Tudo bem, não tem problema.

- E então, onde está o vídeo? - perguntei ao largar minha bolsa sobre a mesa.

- Camila, acho que precisamos conversar antes de você ver. - Dinah murmurou
receosa.

Eu franzi o cenho em sua direção, estranhando sua maneira defensiva. Caminhei até
a poltrona de couro, onde me sentei lentamente.

- Conversar sobre o que? Estou esperando por esse vídeo a manhã inteira. Eu quero
ver. Agora.

Normani permaneceu calada, alternando o olhar entre Dinah e eu.

- É que...

- Dinah, o vídeo.

- Acho que isso vai dar um rumo diferente agora. - disse ela ao me estender o
notebook.

- É o que vamos ver.

Aiai, esse vídeo hein. Sei não...

Até o próximo capitulo, um grande beijo!


Capítulo 25 - Descontrole

VOLTEI, MORES.

Eu sei, eu sei. Demorei uma vida, né? Mas acho que com os últimos acontecimentos é
compreensível. Fora que acabei esquecendo meu notebook na casa da minha irmã,
que fica em outra cidade, o que ajudou a atrasar mais a atualização. Mas enfim, aqui
estou eu.

Quero responder a todo mundo que andou perguntando uma coisa; não, eu não vou
desistir das fics por conta da saída da Camila do Fifth Harmony, uma coisa não
influencia em nada a outra. Por isso, tudo vai continuar normalmente com as
ficzinhas.

E outra coisa, quero agradecer muito, porque acabei de perceber que Xeque-Mate
chegou a 1 milhão de visualizações! AAAAAAA vocês são uns amores, e estão sendo
acompanhando meus trabalhos. MUITO OBRIGADA MESMO.

Agora, sem mais papos, vamos ao que interessa. Aproveitem.

Camila Collins point of view.

Silêncio. Era tudo que preenchia aquele cômodo. Eu não conseguia dormir, não depois
do que aconteceu aquela noite. Minha cabeça trabalhava freneticamente sobre as
imagens fornecidas; aqueles acontecimentos, tudo, jogando para longe toda e
qualquer disposição para um bom descanso.

"Assim que o vídeo chegou ao final, a tela escureceu, deixando-me enxergar apenas
meu reflexo espantado no visor do notebook sobre a mesa. Pela primeira vez depois
de anos eu havia ficado incrivelmente surpresa, aterrorizada. Ver aquelas imagens
era bem diferente do que imaginá-las, agora eu tinha provas concretras de que minha
teoria estava certa. Eu permaneci parada diante aquela tela apagada, enquanto
minha cabeça parecia fervilhar. Sentia meu corpo inteiro reagir, como se meu sistema
nervoso tivesse entrado em convulsão, mas por fora tudo estava normal. Era como
explodir dentro de mim mesma. Um maldito nó se formou em minha garganta, meus
olhos por conseqüência se encheram de lagrimas.

- Camila...
Ouvi a voz de Dinah soar ao fundo, quase imperceptível. Foi quando meu corpo
pareceu reagir. Forcei meus dentes um contra o outro, trincando a mandíbula,
enquanto forçava-me a engolir aquele maldito nó em minha garganta. Uma única
lagrima caiu, mas logo desapareceu. Eu fechei minha mão ao redor da arma
lentamente, porem com a força necessária para sentir meus dedos doerem. Eu
poderia senti-las tremendo, e não só elas, meu corpo inteiro.

- Ele vai me pagar isso por isso, hoje. Maldito...maldito...

- Não, Camila. Você não pode perder a cabeça... – seu tom de voz carregava receio,
medo. – Fique calma...

- Isso não vai ficar assim... – levantei da cadeira devagar, deixando que outras
lagrimas teimosas caíssem. – Isso não vai ficar assim!

Tinham sabor de raiva, ódio e rancor.

- Céus! Tenta ficar calma. Não podemos dar um passo errado agora. Você pode ir
presa, ou até mesmo morrer.

- E você acha que eu me importo?! – exclamei alto. – Aquele homem maldito acabou
com tudo, Dinah! Tudo! Ele...

- Eu sei! Eu sei! Mas nós já programamos como vamos nos vingar, não faça isso
agora. – ela tocou em meus ombros lentamente.

- Isso é pouco demais para ele. Eu quero vê-lo completamente destruído, e eu serei a
pessoa que vai fazer isso. – falei enquanto pressionava o cano de minha pistola sobre
a mesa de ferro. – Eu vou mata-lo como sempre sonhei durante todos esses anos.

- Você nunca matou alguém, não pode fazer isso. Eu sei que você não é assim...

- Está tentando se convencer disso? – eu gritei completamente perdida. - Eu já não


sou aquela pessoa de antes. Não consegue ver? Cansei, Dinah! Eu quero derrubar
Christopher Collins, e eu vou fazer isso hoje!

- Você não vai fazer nada!"

Pensei ter vivido momentos difíceis durante os últimos anos, ter visto coisas
indesejáveis, mas nada se comparava com aquilo. Foi o ápice. Naquele momento,
todos os motivos plausíveis para a realização de meu plano se multiplicaram. Se
antes eu tinha sede em derrubar o rei, agora eu tinha vontade de destruí-lo com
minhas próprias mãos.

Outras pessoas teriam se isolado, chorado, buscado ajuda, mas em uma vida onde
você sempre teve que se manter firme sozinha, recuar não era a melhor saída. Eu
não tinha forças para chorar, eu não tinha tempo para me sentir frágil. Eu não queria
me sentir fraca, e eu não seria. Respirei fundo, deixando que o ar adentrasse minhas
narinas bem devagar. Encarei o corpo de Christopher debruçado sobre a cama,
completamente apagado. Quantas pessoas teriam sangue frio suficiente para se casar
com o homem que você mais odeia na vida? Se juntar aquele que lhe provocava
repulsa? Ah, não era uma tarefa fácil, nunca foi. Muitas vezes me senti mal, por achar
que tudo não passava de um tremendo encontro de informações erradas, mas algo
em mim dizia que eu deveria continuar, persistir, e foi exatamente o que eu fiz. Sexto
sentido, nunca me falha. Não havia informações erradas, todas eram verídicas.
Aqueles olhos misteriosos ocultavam um passado sujo, repugnante e infernal. Para
lidar com gente do tipo, nada mais pratico do que se tornar como ele.

- Seu tempo está acabando, Collins.

Eu poderia me sentir triste, magoada, devastada, mas algo em mim canalizava todos
aqueles sentimentos para um único: raiva. Era o que me movia, me impulsionava até
o final. Viver com um único objetivo, e um único sentimento foi o que me manteve
focada. Eu seria direta, pelo menos foi o meu objetivo até Lauren aparecer. Maldita
delegada, foi a única a conseguiu encontrar em mim o que eu sempre fiz questão de
esconder. E quando deixei que visse, me mostrou sua falta de merecimento.

- Lauren...Lauren.. – sussurrei ao menear com a cabeça em um sinal negativo.

Ergui meu corpo da poltrona macia no canto da suíte, e caminhei em direção a janela
de vidro extensa que dava visão para o jardim da mansão Collins. O sol estava
nascendo, a temperatura era refrescante aquela manhã. Ajeitei o robe de seda preto
em meu corpo, antes de caminhar com os pés descalços até a varanda. A brisa fria
fez os pelos de meu corpo se arrepiarem por inteiro, trazendo-me as imagens de
Lauren aos meus pensamentos. Aquele par de olhos verdes furiosos que me
encararam na ultima vez que nos vimos ainda me fazia perder o ar. Se ela estava
pensando que eu iria facilitar sua vida, estava extremamente enganada. Lauren não
sabia o que eu poderia fazer.

- Camila?
Olhei para o homem que tentava se manter sentado sobre a cama, enquanto colocava
a mão sobre a cabeça, estava tonto. Nada mais justo depois da quantidade de
calmante em seu suco. Fechei meu robe e coloquei o melhor sorriso em meu rosto
antes de virar e caminhar em sua direção.

- Bom dia, querido.

- Bom dia... – sussurrou. – me sinto tão cansado, parece que fui dopado.

- Apenas cansaço da noite anterior.

- O que aconteceu?

- Como assim? Não faça essas brincadeiras. -

Ele me encarou confuso, mas nada falou. Desviou seus olhos dos meus, e olhou para
seu próprio corpo, que estava coberto apenas por uma cueca box.

- É melhor descansar mais um pouco, ainda está muito cedo para se levantar.

Me sentei ao seu lado, acomodando-me embaixo do edredom. Christopher


permaneceu em silencio, mas logo se deitou novamente, puxando-me para mais
próximo de si. Deixei que o homem me envolvesse com seus braços, mesmo que eles
não me fossem convidativos. Faltava pouco para mudar isso, bem pouco.

[...]

Acenei para o homem que me lançou um sorriso antes de adentrar em seu carro, ao
lado de seus dois seguranças. Fiquei o observando pela janela da sala, até que seu
carro estivesse saído pelos portões da mansão Collins. Assim que os portões se
fecharam, me afastei da janela, e caminhei até o sofá da sala.

- Eliza!

- Sim, senhora? – a mulher se pôs ao meu lado.

- Conseguiu entrar em contato com a agente Jauregui?

Capturei uma das revistas sobre a mesa, folheando de forma lenta enquanto passava
os olhos diante as matérias. Eliza pareceu hesitante, mas não tardou a se pronunciar.

- Eu não consegui, senhora. Liguei muitas vezes, mas só deu na caixa de mensagem.
Quer que eu deixe algum recado?

- Ligou para a delegacia? – perguntei a fita-la.

- Sim, mas também não consegui informações. Disseram que ela não está disponível.

Eu franzi o cenho e assenti devagar.

- Certo.

- Quer que eu ligue para pedir outro segurança para lhe acompanhar?

- Não preciso, Eliza. Obrigada. – exclamei ao me levantar do sofá. – Avise para Carlos
preparar meu carro, eu vou sair.

- Como quiser, sra. Collins.

Lauren estava me evitando, mas não teria sucesso nisso. Nós tínhamos muita coisa
para conversar, e se ela não estava disposta a vir até mim, eu iria até ela. Depois de
um banho rápido, me vesti e segui em direção a delegacia de Nova Iorque. Parei com
meu carro no estacionamento frontal, recebendo alguns olhares dos oficiais
encostados em suas viaturas, eles se entreolharam e depois voltaram a olhar para
mim, e em seguida para meu carro.

- Perderam alguma coisa? – perguntei ao encará-los.

Os três ficaram calados, e logo tomaram uma postura séria e imponente.

- Imaginei que não.

Subi a pequena escadaria e adentrei no prédio, vendo o movimento de policiais que


circulavam em seu interior. Me aproximei do balcão onde um jovem rapaz fardado,
anotava algo em pedaço de papel.

- Com licença.

- Bom dia, senhora.


- Bom dia, eu gostaria de falar com a agente Jauregui.

Ele franziu o cenho, e logo ergueu suas sobrancelhas como se tivesse lembrado de
quem se tratava.

- Só um minuto.

O policial discou o numero que julguei ser o da sala de Lauren, e não demorou a ser
atendido.

- A agente Jauregui se encontra? Tem uma senhora aqui querendo falar com ela. –
murmurou ao me fitar um tanto receoso. – Certo, um instante.

Ele afastou o telefone e me encarou.

- Com licença, como a senhora se chama?

- Camila Collins.

Ele voltou ao telefone, informando meu nome, e logo desligou.

- Estão vindo falar com a senhora. – murmurou com um sorriso simpático.

- Muito obrigada.

Me afastei do balcão, e caminhei para o outro lado da sala, enquanto ajeitava o


vestido em meu corpo. Fiquei alguns minutos observando as matérias noticiadas no
jornal transmitido pela TV, quando senti um toque suave sobre meu ombro direito.

- Com licença. – murmurou uma voz feminina.

Respirei fundo, e virei em direção a jovem mulher próxima a mim. Keana arregalou
os olhos em puro susto, mas não ousou pronunciar sequer uma palavra. Eu me
mantive séria, sem demonstrar qualquer tipo de emoção. Confesso que diferente da
primeira vez, a presença da mulher agora me irritava. Pude notar como ela havia
ficado sem jeito ao me reencontrar, sua respiração foi lenta, quase parando.

- A senhora é Camila Collins?


- Sim, sou eu. – encarei seus olhos. – Lauren se encontra? Eu preciso falar com ela.

- Não será possível, senhora. A agente Jauregui não se encontra no momento.

- Sabe me informar onde ela se encontra?

- Não posso fornecer informações pessoais da agente. – disse ela com uma
serenidade irritante.

Desviei meus olhos dos seus, e respirei fundo, deixando que um sorriso carregado de
irritação repousasse sobre o canto de meus lábios.

- Então será que você pode chamar alguém que me forneça essa informação, já que
você não pode?

- Ninguém poderá lhe ajudar. É uma informação pessoal, se quiser falar com ela,
basta ligar. – eu sentia o cinismo escorrendo em sua voz.

- Se eu tivesse conseguido ligar para ela, com toda certeza não estaria parada dentro
dessa delegacia a espera de uma informação.

- Eu sinto muito, sra. Collins. É no que eu posso te ajudar, sendo assim...

- Você não me ajudou em nada, querida.

Minhas expressões não se alteravam nem por um segundo, mas confesso que em
meu interior tudo estava virando guerra. O sorrisinho cínico, e a serenidade na voz da
garota me fazia estremecer, mas de raiva. Ela sabia onde Lauren estava, mas eu
tinha certeza que não diria, não para mim.

- Espere ela voltar. Se foi e não avisou, deve ser por algum motivo. Ela deve voltar
em menos de uma semana.

Quando pensei em responde-la, vi a amiga de Lauren se aproximar, Veronica Iglesias.


Assim que ela notou minha presença ao lado de Keana, estagnou na passagem do
corredor, mas logo se aproximou um tanto receosa.

- Pode deixar comigo, agente Marie.

Keana olhou para a mulher e sorriu.

- Claro, com licença, senhora Estrabao.


Naquele instante ela deixou claro que se lembrava de mim, e da noite em que
passamos juntas. Talvez estivesse com certo rancor por ter sido deixada de lado no
meio de um ménage, mas que culpa tinha eu se os olhos da delegada estavam
voltados para mim? A mulher se afastou, deixando-me a sós com a melhor amiga de
Lauren.

- Onde está Lauren?

Vero olhou para os lados e me encarou novamente.

- Ela pediu licença de alguns dias, foi visitar a família na casa nova em Miami. Soube
que fizeram a mudança tem pouco tempo, e ela parecia muito irritada ontem, talvez
tenha ido esfriar a cabeça.

- Entendo.

- Mandamos um agente para cuidar da sua segurança essa manhã, pelo menos por
alguns dias.

- Agente Iglesias, não vamos fingir que se trata disso. Sei que é a melhor amiga de
Lauren, e sabe exatamente o que se passa entre ela e eu.

- É, eu sei.

- Quando conseguir falar com ela, diga que tenho urgência para que ela entre em
contato comigo.

- Pode deixar, eu vou passar o seu recado.

- Muito obrigada.

- Tenha um bom dia. – ela murmurou antes de eu me afastar.

Sai da delegacia ainda com aquele gostinho de insatisfação, agora incrementado com
o de raiva. Lauren havia viajado de forma repentina depois da discussão que tivemos,
e havia deixado aquela maldita garota em seu lugar? Ou era intrometida o suficiente
para tomar conta de seus assuntos? Entrei em meu carro, deixando que minha
cabeça processasse o que estava acontecendo. Aquilo era loucura, Lauren estava me
deixando completamente louca.

- Filha da puta. Que escolhesse outro maldito momento para viajar, não agora. –
exclamei ao bater com a mão no volante do carro.

Ela não poderia ter viajado, não agora. Mas eu sabia como fazê-la voltar, e rápido.
Capturei meu celular, e disquei o numero de Dinah, que depois de alguns segundos
atendeu.

"O que aconteceu?"

"Vamos nos reunir hoje, eu quero colocar a primeira parte do nosso plano em
pratica."

"Mas assim tão rápido? O que aconteceu?"

"Mais tarde eu conto."

[...]

Depois de ter deixado Christopher devidamente dopado em nossa cama, fiz o mesmo
caminho da noite passada, seguindo em direção ao galpão abandonado. Nós nunca
ficávamos no mesmo lugar, era uma espécie de precaução, e hoje seria nossa ultima
noite antes de levar todo o equipamento para outro lugar, bem distante dali. Assim
que parei diante o galpão, dei apenas um jogo de luz com os faróis de meu carro, e
minutos depois as enormes portas de ferro se abriram para que eu adentrasse com o
veiculo. Saí da Ferrari negra, e me deparei com Dinah que caminhou lentamente em
minha direção.

- Onde está Normani?

- Seu bispo tem plantão essa noite, disse que não queria ter ido para delegacia, mas
achou melhor ficar lá.

- Ela está certa, vai precisar deixar o rastro que eu quero que ela deixe.

Dinah franziu o cenho de forma confusa, e eu apenas dei de ombros antes de


caminharmos para uma das salas no segundo andar daquele prédio. A loira se pôs
próximo a porta, destrancando com cuidado, enquanto eu dei uma ultima olhada ao
redor. Entramos na sala, e tudo estava como havíamos deixado na noite anterior.
Desatei o nó de meu sobretudo preto, e o larguei sobre uma das poltronas.
- Camila, não acha que está se precipitando? – indagou a mais nova assim que
sentamos em nossos lugares.

- Por quê?

Encarei seu olhar receoso, enquanto retirava minha pistola dourada de dentro da
gaveta da mesa.

- Pensei que depois de ontem, deixaríamos isso um pouco de lado.

- Eu não posso deixar isso de lado, Dinah. Eu não agüento mais esse jogo, sinto que
posso enlouquecer a qualquer instante. – fechei os olhos, e respirei fundo. – se é que
já não estou louca...

- Eu sinto que depois de ter visto o vídeo, as coisas mudaram.

- Depois de ontem, tudo mudou. Não percebe?

Deslizei a ponta de meus dedos pelo contorno do cano da arma, sentindo o objeto liso
sobre minha pele. A pistola era hipnotizante, seu brilho clamava por atenção que eu
fazia questão de dar. Ergui a cabeça, e fitei Dinah do outro lado da mesa, encarando-
me como se eu fosse uma psicopata.

- Não temos para onde correr, querida.

- Acho que não vai terminar como planejamos. – ela sussurrou, quase que em um
tom tristonho.

- Não se preocupe, ok? Eu vou livrar você e Normani de qualquer


responsabilidade. Confie em mim.

- Não me preocupo somente com isso, me preocupo com você também.

- Dinah, ninguém será mais feliz do que eu, quando Collins estiver derrubado. Eu não
me importo de passar os últimos dias da minha atrás das grades, se ele estiver
também.

- Você é louca, Cabello.


Um sorriso nasceu em meus lábios ao pensar naquela hipótese. Eu poderia não sair
vitoriosa daquele jogo, mas antes dele terminar, eu tiraria Christopher da jogada, era
uma questão de honra. Só deixaria uma única pessoa me derrubar, apenas uma.

- Entre em contato com a Normani, ela precisa ficar em alerta. Vamos entrar no
sistema da Collins Enterprise.

- Lauren vai enlouquecer quando souber.

- Vai, ela vai enlouquecer. Mas vai voltar o mais rápido possível para Nova Iorque, e é
disso que preciso. – deixei a arma sobre a mesa, e ergui meu corpo da poltrona. – Ela
não quis voltar bem, vai voltar por mal.

- Essa mulher vai te odiar pelo resto da vida. Você vai dar um tiro de misericórdia na
carreira dela. – a loira resmungou enquanto ligava os computadores.

Virei dois copos de vidro que estavam sobre a cômoda no canto da sala, e despejei
uma pequena quantidade de whisky em cada um. Levei um até a loira, e outro ergui
até meus lábios, deixando que o liquido de aroma forte, e sabor único molhasse
minha língua.

- Por enquanto, apenas por enquanto. – murmurei antes de voltar ao meu lugar. - Ela
vai recuar bons passos agora, mas eu vou jogá-la no topo mais tarde. Vou fazer de
Lauren Jauregui a grande estrela desse caso.

Dinah que estava conectando os cabos de nosso eletrônicos, ergueu seu corpo, e me
fitou curiosa.

- Como assim?

- Simples. Vou fazê-la mudar de foco, eu a quero concentrada em Christopher.


Lauren será meu peão, Dinah. E o peão que joga bem, chega do outro lado do
tabuleiro e se torna rainha.

- Você vai fazê-la rainha? Isso é perigoso.

- Eu sei como fazer isso, não se preocupe. – tomei mais um gole do whisky, sentindo
minha garganta queimar. – Christopher será derrubado por mim, mas para todos de
fora, será por Lauren. Eu não posso simplesmente denunciar meu "marido" em uma
delegacia. Mas Lauren pode receber em anônimo as informações, e montar esse
quebra-cabeça.
- Você deve ser superdotada, só isso explica. – disse ela me fazendo rir. – Como
conseguiu pensar em tudo isso?

- Não sei, mas é um plano perfeito, não acha? Imagine como seria para mim? Pobre
esposa, que viveu anos com um marido corrupto sem saber? Que pena de mim. E
para Lauren, ganhará mérito pelo maior caso de sua carreira, quem sabe se tornando
até mesmo comissário, já que Brandon será chutado.

- Você é o diabo, Camila.

- Eu sou a rainha, Dinah. Mas pode me chamar de demônio também. – soltei com um
risinho baixo.

Organizamos tudo da melhor maneira possível. Dinah estava em seu computador, e


eu prontamente no meu. Normani por sua vez estava em uma ligação com Dinah,
enquanto desabilitava o programa instalado na delegacia para o roubo da Collins.
Dessa vez, usaríamos de um método diferente, a passagem pelo sistema seria com o
acesso total do chip utilizado por Christopher.

- Altere o rastro, deixe o sistema paralisado até que eu chegue em casa. – sussurrei
para Normani que concordou.

- Como conseguiu o chip dele? Pensei ter dito que ele escondia.

Dei de ombros com um sorrisinho cínico, fazendo a loira menear com a


cabeça em um sinal negativo. Christopher tinha a total certeza de que eu não sabia
da existência de um cofre secreto atrás de um dos quadros de seu escritório, estava
coberto por uma tampa amadeirada, coberta pelo mesmo papel de parede de toda a
sala. Ele nunca falará, mas eu era esperta o suficiente para descobrir, e até mesmo
desvendar sua senha pela mancha de seus dedos nos botões negros do pequeno
cofre.

- Tenho meus métodos.

- Claro que tem, sempre tem.

- Vamos, meninas. Eu não tenho muito tempo.

Mantive minha atenção concentrada na tela do computador, onde o programa com o


logotipo da Collins Enterprise estava aberto. Todos os outros meios para que não
deixássemos rastros estava ativado. Tão logo adentrei na aba financeira da empresa,
vendo os inúmeros relatórios e extratos bancários da conta. Era uma bela conta,
diga-se de passagem. Encarei os números que indicavam o quão poderoso
financeiramente, meu marido era.

- Eu estou abrindo a segunda conta na suíça. Vamos transferir o dinheiro para lá.

- Estão fazendo tudo certo? – indagou Normani pelo telefone.

- Sim, não se preocupe. – Dinah respondeu.

Olhei para a quantidade de dinheiro que entrava e saia daquela empresa diariamente,
era assustador e ao mesmo tempo inacreditável. Eu não poderia negar que Collins era
um bom empreendedor, mas nada daquilo inicialmente foi dele, nem sequer um
misero dólar.

- Vamos, Camila. Transfira a quantia.

Eu respirei fundo, enquanto digitava as senhas solicitadas para ter acesso na


movimentação da conta, enquanto isso, Dinah estava em um setor do sistema que
permitia apagar qualquer movimentação. Ela organizava o sistema a sua maneira,
apagando assim, o rastro deixado por mim.

- Estou na área de transferia. – sussurrei. – Uau, quantos zeros nessa conta. Apagou
o relatório do meu login?

- Parcialmente, só vou poder apagar tudo depois que você sair do sistema. – a loira
murmurou sem tirar os olhos do computador.

- Certo, eu vou ser breve.

Cliquei sobre o ícone que indicava transferência para conta, quando uma nova janela
se abriu. Era incrível como a adrenalina tomava conta de meu corpo todas as vezes
que fazíamos aquele tipo de coisa. Era alucinante a sensação de ter o poder nas
mãos, e fazer dele o que bem entender.

"Insira a quantia a ser transferida." – informou o sistema com letras reluzentes.

- Acho que está na hora do Christopher sentir realmente o que é ser roubado por
mim.
- Do que está falando? – Dinah me encarou.

- Cansei de tirar tão pouco daquele cretino. Eu dei apenas o gostinho do que é ter seu
patrimônio sendo invadido, e não poder fazer nada para impedir. Mas agora, eu vou
arrancar realmente o que eu sempre planejei.

- Camila...

Sorri para Dinah, e voltei à atenção para tela do notebook. Cliquei sobre o espaço em
branco e digitei a quantia necessária.

100 bilhões de dólares. Era como derrubar um pouco menos da metade de seu
capital, levando em consideração que suas empresas hoje em dia tinham quase 300
bilhões de dólares em seu total.

- Você enlouqueceu? – Dinah exclamou assustada, com os olhos arregalados.

- Não, nunca estive tão sã em toda minha vida. Esse dinheiro nunca foi dele, Dinah. –
sussurrei antes de clicar sobre o ícone que finalizava a transferência. – Esse dinheiro
é meu, é nosso.

Vi a tarja verde sendo preenchida gradativamente, fazendo-me sentir


aquele gostinho de vitoria em meu interior. O jogo estava acabando, só mais algumas
casas e eu venceria. Eu havia decretado aquele como penúltimo roubo a Collins
Enterprise. O tiro de misericórdia ainda seria dado, e eu queria poder assistir de
camarote. Eu iria deixar sua conta redonda, com zeros bem pintados. Eu veria seus
prédios monumentais cair por terra. Eu veria Christopher Collins completamente
afundado na miséria.

"Transferência concluída com sucesso."

A mensagem na tela do notebook me arrancou um sorriso satisfatório. Encarei Dinah,


fazendo apenas um breve sinal que ela deveria continuar.

- Saia do login, Camila. – Normani sussurrou, e eu rapidamente o fiz.

Não demorou muito, e ambas as mulheres finalizaram o trabalho. Nesse exato


instante, as estruturas financeiras da Collins Enterprise tiveram o maior rombo de sua
historia. Com a quantia retirada, a produção de Collins cairia drasticamente,
comprometendo sua rede de empresas, que não tardariam a falir. Era como um efeito
dominó, logo, apenas a matriz estaria de pé.

- Ele vai ver tudo desmoronando. – soltei com um sorriso.

- Eu sinto que vou ter um infarto com tanto zeros em nossa conta.

A loira comentou entusiasmada, enquanto saía dos sistemas ativados.

- Você vai ter dinheiro pelo resto da sua vida, Dinah! – falei alegremente.

- Somos bilionárias. – ela exclamou assim que fechou seu notebook. Seus olhos
tinham um brilho fora do comum. – Ouviu isso, bispo? Somos bilionárias!

- Somos. E ainda seremos mais do que hoje, lembrem-se disso.

Ouvi Normani comemorar baixinho do outro lado da linha, ela não poderia demonstrar
tanta alegria em seu ambiente de trabalho, mas sabíamos o quanto ela estava
animada com sua nova condição financeira. Quem não ficaria, não é mesmo? Cem
bilhões de dólares era como sair do inferno e pular direto para o céu. Mas não era o
dinheiro que realmente me alegrava, para ser sincera, ele era o de menos agora. O
que me mantinha em puro êxtase, era ver meus planos acontecendo como planejado.
Eu sabia que meus atos teriam graves conseqüências, mas eu saberia lidar com elas.
Eu as conduziria de acordo com minhas vontades.

- Quem não vai ficar nada feliz com isso, é sua delegada.

O tom irônico na voz de Dinah me fez sorrir. Ela estava certa. Minha pequena
brincadeirinha traria Lauren de volta a Nova Iorque em menos de doze horas, disso
eu tinha a total certeza. Se eu fechasse os olhos, poderia ver perfeitamente sua
expressão furiosa ao saber do maior roubo da Collins Enterprise. Ela iria enlouquecer
com tamanha raiva, mas eu saberia lhe acalmar, tinha bons métodos para aquilo.

- Ela vai pirar.

- Coitada dessa mulher, se meteu com uma perfeita mafiosa.

Me levantei da cadeira, enquanto degustava do restante da bebida alcoólica em meu


copo. Segurei minha pistola dourada, deslizando sua ponta sobre a madeira da mesa.

- Ela vai aprender a lidar com isso.


- Ou vai por você atrás das grades.

- Não é uma hipótese a ser descartada. Pelo contrario, é a mais forte.

- Camila, isso é um jogo perigoso demais.

- Não tenho mais como sair, Dinah. Eu vou até onde eu conseguir. Quero testar todos
meus limites.

- Você é completamente louca.

Um único sorriso deixou meus lábios com aquela afirmativa. Eu não poderia negar,
certo? Havia sim um lado louco em mim, motivado pela coragem e raiva que era
alimentada por Collins. Lauren foi apenas um desvio de caminho, apareceu na vida de
uma pessoa errada, e teria que lidar com isso. Talvez fosse egoísta, mas eu já não
era uma pessoa que poderia se importar com isso, ou poderia?

Lauren Jauregui's point of view.

Eu não sei por quantas horas fiquei na frente daquele computador. Sentia minhas
costas doerem pela mesma posição por tanto tempo, mas eu simplesmente não
conseguia largar todo aquele material. Era como um labirinto, cheio de caminhos para
chegar a um único ponto. Estava obcecada com aquilo, como se o caso Collins fosse
uma droga viciosa. Maldita hora que encontrei aquela mulher, que me mudei para
aquela cidade. Bufei de forma impaciente, enquanto capturava a xícara de café.

- Merda... – murmurei ao notar que estava vazia.

Antes mesmo de levantar para buscar mais café, ouvi algumas leves batidas na porta.
Logo, Taylor adentrou o quarto, com uma expressão nada boa. Depois de muitos
pedidos, e ligações insistentes, resolvi visitar minha família, que agora residia em
uma casa em Miami. Depois de fechar negocio com um dos antigos clientes, Mike
abriu seu próprio negocio em Miami, e até o presente momento estava indo bem.

- Você vai deixar esse quarto em algum momento? – resmungou.

- Taylor, por favor.

- Não, Lauren! Eu que digo, por favor, você veio para nos ver, certo? Para esquecer
um pouco essa loucura do seu trabalho.
- Eu estou cheia de coisas para fazer. Eu só preciso de um lugar tranqüilo.

- Deixo você em paz, mas antes venha jantar conosco. Papai sente sua falta.

Encarei seus olhos, que me encaravam quase que em um pedido silencioso. Deixei
que uma forte lufada de ar deixasse meus lábios e assenti.

- Eu já vou descer.

Um largo sorriso nasceu em seus lábios, seguido por um gritinho em comemoração.

- Vou descer para terminar nosso jantar. Te espero lá embaixo.

Eu assenti novamente, e minha irmã mais nova seguiu em direção a saída. Assim que
a porta se fechou, eu tratei de desligar meu notebook, e arrumar toda a papelada em
cima da mesa. Foi quando senti meu aparelho celular vibrar sobre o criado mudo.
Caminhei até o mesmo, quando por fim o peguei, vendo o nome de Veronica no visor.

"Alô?"

"Oi, Lauren..."

"Aconteceu alguma coisa?"

Vero parecia respirar lentamente do outro lado da linha. O que me deixava um tanto
preocupada.

"É melhor você voltar para Nova Iorque"

"O que aconteceu?"

"Eu prefiro falar pessoalmente."

"Veronica, fala de uma vez!"

"A Collins Enterprise. Dessa vez eles não vieram brincar, Lauren. Metade do
patrimônio do Collins foi roubado."

"Não..." – sussurrei.

"Isso aqui está um caos, pegue o próximo vôo."


"Eu vou o mais rapido que puder" – murmurei antes de desligar o celular.

- Isso não vai ficar assim, não mesmo!

Bom, mores. Acho que Xeque-Mate está chegando em suas partes mais decisivas;
então não está tão longe do fim. Claro, ainda falta alguns bons capítulos, mas
estamos caminhando para a reta final. Aproveitem bastante, vamos começar a
desenrolar isso tudo em breve. ;)
Capítulo 26 - Consequência

Boa noite, meus amores!

Como eu havia prometido ontem, hoje tem um capitulo novinho pra vocês.
Desculpem a demora, e espero que gostem desse capitulo.

Queria falar apenas uma coisinha antes de começar. Outro dia fizeram uma enquete
de melhor autora no twitter, uma especie de brincadeira com um fc de fanfics
camren, e eu fiquei em primeiro. Isso me fez pensar, o quanto sou agradecida a
vocês que estão aqui lendo, e acompanhando todas as minhas fanfics. Eu garanto que
faço com muito carinho, e tento oferecer o melhor para vocês.Isso não quer dizer que
será perfeito, jamais será, mas me esforço para oferecer o melhor, e irei buscar
melhorar sempre. Então muito obrigada, não por ter ganhado uma enquete, as outras
merecem da mesma forma pois tem fanfics incríveis, mas por estarem aqui, lendo,
divulgando e acompanhando o meu trabalho. Eu amo o que eu faço aqui, e fico feliz
de compartilhar com cada um de vocês. Obrigada!

Agora vamos ao que realmente importa, desculpem o momento meloso, deve ser a
musica que estou ouvindo agora. Aproveitem a leitura, e os erros eu arrumo depois
quando eu for ler o capitulo outra vez.

Christopher Collins point of view.

Me remexi sobre a cama macia, sentindo meu corpo mais pesado que o normal. A
claridade vinda das frestas oferecidas pela cortina estavam exatamente sobre meu
rosto, fazendo-me bufar de forma impaciente. Inclinei meu corpo para o lado,
sentindo o corpo de minha esposa tocar o meu. Abri os olhos com certa dificuldade,
as pálpebras pareciam pesar mais do que o normal, quase me impedindo de
despertar. Vi minha esposa deitada ao meu lado, com uma expressão serena, como
se estivesse tendo uma das melhores noites de sono da vida. Levei as mãos até meu
rosto, enquanto resmungava sobre o cansaço que eu estava sentindo. Nos últimos
tempos aquilo estava piorando, tinha a sensação de que quanto mais eu dormia, mais
cansado eu ficava. Isso seria possível?
Olhei para o relógio sobre o criado, e o mesmo indicava que já passava da hora de
levantar. Sentei sobre o colchão, enquanto pegava meu aparelho celular ao lado.
Franzi o cenho assim que visualizei dezoito ligações perdidas. Algumas de Brandon,
outras de John. Por uma fração de segundos senti que uma bomba estouraria sobre
minha cabeça, como uma espécie de pressentimento. Fechei os olhos e respirei
fundo, para em seguida olhar para minha bela esposa que repousava sobre os lençóis
de nossa cama. Disquei o numero de Brandon, depois de alguns segundos, ouvi sua
voz temerosa do outro lado da linha.

"Bom dia, Christopher."

"Bom dia, Comissário. Algum problema?"

Ele ficou em silencio por alguns instantes que fizeram meu coração acelerar. Calcei os
chinelos posicionados ao lado de minha cama, e segui em passos lentos até a varanda
de meu quarto. O dia estava nublado, o céu fechado pelas grossas camadas de
nuvens escuras. Um temporal viria.

"Você pode comparecer na delegacia. Temos uma ocorrência."

"Diga o que aconteceu."

"Christopher..."

"Fale de uma vez, Brandon!" – exclamei nervoso.

"A Collins Enterprise foi violada novamente. E dessa vez temos uma situação mais
delicada. Por favor, compareça aqui."

Não dei chance para que ele continuasse a falar. Abaixei o celular devagar, sentindo
meus dedos doerem ao redor do mesmo, que estava sendo apertado com o maximo
de força que possuía naquele instante.

- Maldito...

Eu poderia ouvir o som baixo da voz do comissário chamando pelo meu nome no
telefone, até que a ligação chegou ao fim. Meu corpo inteiro vibrava de raiva, ou
melhor, de ódio. Os roubos não parariam até me deixar na miséria, eu sentia isso.
Era como ter uma fortuna amaldiçoada, que nunca seria totalmente minha. Nunca me
deixariam em paz. Infelizes! Custava-me acreditar que Heitor seria tão inteligente
aquele ponto, era apenas um mero peão em um jogo pesado. Invadir um sistema tão
bom quanto o meu não era para um simples iniciante, muito menos para um amador.
Seja lá quem for, não estava disposto a brincar, e eu não poderia mais aliviar aquela
situação. Eu jogaria pesado, descobriria quem realmente estava por trás desse
maldito inferno que se tornou a minha vida.

- Merda! – bati com força no batente da varanda. – Você vai conseguir,


Collins. Você sempre conseguiu. Não fez tudo aquilo para cair desse jeito. – sussurrei
para mim mesmo, enquanto respirava fundo.

- Christopher? Está tudo bem, querido?

Ouvi a voz serena de minha esposa vindo do quarto. Afastei-me da varanda e segui
para dentro, vendo Camila ainda sobre a cama. Ela parecia tranquila, descansada.

- Se arrume, nós vamos à delegacia.

- O que aconteceu? – indagou curiosa.

- Fui atacado novamente. E pelo que parece, dessa vez não foi tão simples assim.

A expressão de Camila se transformou, seu semblante calmo desapareceu, dando


espaço para uma mulher nervosa.

- Fomos roubados novamente, Camila. – as palavras saiam por minha boca de forma
desacreditava. – Outra vez, fomos roubados! – gritei, antes de jogar o telefone
celular com força contra o espelho que se espatifou.

A morena arregalou os olhos de forma assustada.

- Christopher... – ela levantou da cama, e se aproximou devagar. – Se acalme.


Vamos ver o que aconteceu.

- Como você quer que eu me acalme? Estão claramente me tirando para um perfeito
idiota! Brincaram comigo inicialmente, mas agora querem me destruir! – exclamei
com ódio.

- Vamos resolver isso. A policia pode ajudar.

Uma risada carregada de sarcasmo deixou meus lábios.


- A policia não fez absolutamente nada! Aquela maldita policial não conseguiu nada a
não ser piorar essa merda! Mas ela vai me pagar por isso.

- O que vai fazer?

- Se arrume, vamos para lá agora.

Minha respiração estava pesada, totalmente ofegante. Efeitos de minha maldita


ansiedade. Eu apenas assenti, sendo guiado por minha esposa até o banheiro.

[...]

Carlos estacionou o carro em frente ao departamento de policia de Nova Iorque.


Saímos rapidamente, e seguimos para o interior do prédio, sendo atendidos
inicialmente por um oficial que nos dirigiu até a sala do comissário. A delegacia
parecia mais movimentada do que o normal.

- Christopher. – ouvi a voz do mais velho assim que atravessei o corredor. – Sra.
Collins.

Camila o cumprimentou de forma educada, antes de sermos conduzidos para dentro


de sua sala. Brandon não estava com uma das melhores expressões, suas linhas
faciais indicavam o quão grave poderia ser o problema. Assim que adentramos a sala,
pude notar a presença de duas policiais, dentre elas estava Lauren.

- Sente-se. – o homem de cabelos grisalhos murmurou. – Quer tomar alguma coisa?

- Será que pode ir direto ao ponto? Eu não vim aqui para tomar nada!

O clima na sala pesou. A agente Jauregui me encarou sem qualquer emoção, parecia
anestesiada.

- Quanto me roubaram, Brandon?

O comissário engoliu em seco, e se sentou, fazendo um maldito suspense que me


deixava mais irritado.

- Christopher, sua conta foi mexida em um valor significativo. Mas não foi
caracterizada como roubo.

- O que? Como assim?


- 100 bilhões de dólares foi retirado essa madrugada, com o seu login.

Naquele instante eu senti como se todo o sangue do meu corpo tivesse parado de
circular em minha veias. Recuei alguns passos, e me sentei na cadeira que havia ali.
Camila suspirou pesado em surpresa, mas se aproximou de mim assim que notou
meu estado.

- Oh, céus. Um copo de água para ele, por favor. – ouvi a voz de Camila
um tanto nervosa.

Abaixei minha cabeça, sentindo tudo girar. Tomei fôlego, sentindo meu peito inflar
rapidamente.

- Me deixe. – resmunguei para Camila que me encarou preocupada.

- Quer que eu chame algum enfermeiro? – ouvi a voz de Brandon ao fundo.

Fechei as mãos em punhos, e ergui meu corpo da poltrona que estava sentado.

- Eu quero que você dê a porra de um jeito para ter esse dinheiro de volta! –
exclamei alto. – Você sabe muito bem que não fui eu quem retirou essa quantia
absurda. Estive a noite inteira dormindo com minha esposa!

- Tem certeza disso, Sr. Collins? – Lauren indagou acusativa.

- Está insinuando alguma coisa? – esbravejei ao me por de frente para ela.

Mirei os olhos verdes da agente, pareciam furiosos e ao mesmo tempo debochados.


Ela se manteve firme, me encarava com uma expressão quase desafiadora. Eu juro
que sentia meu sangue inteiro ferver em sua presença.

- Não, estou apenas tentando colher informações exatas.

- Pode interrogar todos os meus empregados. Eu estive em minha casa durante a


noite inteira. Vocês sabem que eu não faria isso! – gritei.

- Amor, se acalme... – ouvi Camila sussurrar.


- Eu sei, Collins. Mas não podemos descartar a entrada feita com seu login. Isso tudo
importa para a justiça. – Brandon murmurou nervoso.

- Alguém usou isso contra mim! Inferno! – andei de um lado para o outro, enquanto
minha cabeça parecia viajar. - 100 bilhões de dólares, você tem idéia do quanto isso
significa? Oh, porra. Minhas empresas vão parar!

- Tente se acalmar.

- Não tem como ficar calmo quando metade do seu patrimônio foi tirado! A produção
vai parar, tudo vai por água abaixo. – sussurrei.

- Meu Deus... – Camila tocou em meus ombros delicadamente.

- Tudo por culpa sua... – sussurrei. – Você é a culpada! – gritei ao encarar Lauren.

- O que? – ela exclamou surpresa.

- Você! – gritei diante de seu rosto.

Vi a agente inflar as narinas com uma expressão de raiva.

- Você foi incompetente! Não conseguiu absolutamente nada! Deixou que eu fosse
massacrado! Uma oficial de quinta!

- É melhor você ficar calado. Eu posso prender você por desacato. – a mulher
murmurou sem desviar seu olhar do meu. – E você não vai querer mais itens na sua
ficha criminal.

- Acha mesmo que eu retirei esse dinheiro? Sua infeliz! – avancei para cima dela,
quando senti as mãos de Camila segurando em meu braço. – Acha que eu me
sabotaria?

- Christopher, você está nervoso demais. Por favor, pare! – ela exclamou.

- Me deixe!

- É melhor chamar seu advogado. – Brandon me empurrou, afastando-me daquela


mulher.

- Isso não pode estar acontecendo! Eu fui roubado, porra! – falei ao retirar as mãos
dele de perto de mim. – E ainda serei culpado?
- Eu acredito em você! Mas precisamos provar isso!

- Certo! Ok! Eu vou chamar John para vir até aqui. Mas comissário, eu quero que
entre com uma ação para retirar Lauren Jauregui deste caso.

Brandon se calou por alguns instantes, e então falou:

- Isso já está sendo feito.

- O que? – Lauren exclamou alto em pura surpresa.

- Christopher... – Camila sussurrou ao me encarar.

- Você não pode fazer isso! Não pode!

Mesmo em meio a todo aquele caos, ver o desespero da agente era gratificante. Não
era segredo, desde o inicio Lauren me incomodava, eu nunca tive motivos suficientes
para afastá-la, mas sua falta de provas e progresso naquele caso permitia tal
hipótese. Para uma mulher em ascensão em sua carreira policial, aquele seria um tiro
de misericórdia, dado por mim.

- Não faça isso... – Camila estava assustada, nervosa. – Por favor.

Encarei os olhos castanhos de minha esposa, eram temerosos, quase que surpresos.
Camila em pouco tempo na companhia da segurança particular criou vínculos, que
logo eu teria de cortar.

- Não a quero resolvendo isso. Tem idéia de que estou sendo acusado de roubar
minha própria empresa? Você ainda quer essa mulher a frente dessa investigação?

- Isso tudo pode ser resolvido, amor.

- Você vai mesmo me tirar desse caso, por que ele está pedindo? – Lauren indagava
Brandon de forma nervosa. Toda a pose desafiadora caiu por terra.

- Não é por um pedido dele, Lauren. O tempo do inquérito está acabando, e não
tivemos evolução. Você não será demitida, só será transferida de cargo.
- Você sabe o quanto isso é ruim para a carreira de um policial, Brandon. Por favor.

- Eu sinto muito, Jauregui. Você está fora do caso Collins.

Lauren fechou os olhos por alguns instantes, o que me fez sorrir. Camila sussurrava
pedidos para que eu fizesse algo, mas eu apenas assisti aquela cena, que
provavelmente seria a única satisfatória do meu dia.

- Certo. – foi a única palavra que saiu de sua boca.

Ela se afastou da mesa do comissário, e voltou seus olhos para mim. Se Lauren
pudesse me matar com um único olhar, seria com aquele. Ela respirou fundo, fazendo
com que seu peito subisse e descesse rapidamente.

- Lauren... – minha esposa sussurrou.

- Deixe ela. – murmurei para Camila em repreensão.

- Isso não vai ficar assim. – disse a agente.

- Está me ameaçando, Lauren? – dei um passo a frente, parando diante a mulher


outra vez.

- Quer levar como uma ameaça? – ela olhou para mim, e depois para Camila de
forma séria, quase furiosa.

- Saia do meu caminho. – disse.

- Ainda não, Collins. Ainda não. – Lauren recrutou raivosa antes de sair da sala.

A porta foi batida com força, fazendo o vidro da mesma vibrar. O silencio preencheu
aquela sala, em um clima mais pesado do que o normal. Encarei o olhar temeroso de
Brandon, e logo em seguida a expressão decepcionada de Camila. A morena recuou
alguns passos, e se sentou no sofá no canto da sala, quase sem acreditar no que
tinha acontecido.

- Eu não quero essa mulher metida nesse caso.

- Vou tratar do desligamento dela o mais rápido possível.

- Brandon, preste atenção. Eu não fiz isso, tem alguém querendo acabar comigo. Não
podemos deixar isso acontecer.
- Eu sei! Vou colocar alguém mais maleável no caso. Mas vou ficar junto para
investigar. Já tenho alguém em vista.

- Precisamos de alguém que esteja do meu lado, e não contra mim.

- Deixe comigo, Collins.

Camila ficou o tempo inteiro em silencio, parecia chateada, um tanto aérea. Irritava-
me ver como a mulher se preocupada com a agente, aparentemente até mais do que
comigo.

- Vou ligar para John agora.

- Faça isso, eu vou resolver algumas coisas agora. Fique em minha sala.

O comissário me lançou um olhar e logo em seguida se retirou. Eu ainda me sentia


nervoso, um tanto alvoroçado. Algumas gotas de suor deixavam minhas têmporas,
enquanto eu sentia meu corpo frio. Todo aquele estresse me rendia um tremendo mal
estar.

- Vai ficar calada?

- Eu não tenho nada para falar.

- Por que se preocupa tanto com essa mulher, Camila?

Caminhei em sua direção devagar, enquanto coloca as mãos frias dentro dos bolsos
de minha calça.

- Não é essa a questão, só achei exagerado. Não gosto de injustiça. – disse ela sem
nem sequer me olhar.

- Injustiça é o que estão fazendo comigo! E ela não fez absolutamente nada pra
impedir!

Camila virou seu rosto, deixando-me encarar seus olhos castanhos que agora tinham
um brilho enigmático.
- Você sabe que já passou por cima de muitas pessoas, querido. Acha mesmo injusto?
– ela se levantou, e caminhou até mim, parando diante de meu corpo. – Dizem que
aqui se faz, e aqui se paga.

- Do que está falando?

Ela respirou fundo, e meneou com a cabeça em um sinal negativo.

- Há tantos homens que se sentiram traídos com sua antiga sociedade. Heitor é um
deles! Aposto que ele está fazendo isso. – ela tocou em meus ombros.

- Heitor não seria tão inteligente a esse ponto. Foi burro o suficiente para colocar tudo
em meu nome, e quando teve a oportunidade de fazer algo digno, ficou contra mim.
– soltei pensativo.

- Não subestime as pessoas, meu amor. – Camila sussurrou com os olhos fixos nos
meus, enquanto deslizava a ponta de seu dedo polegar sobre meus lábios. - Elas
podem carregar muitos segredos.

- Não importa. Eu vou descobrir quem está por trás disso, e vou resolver do meu
jeito.

- Eu espero de verdade que você consiga. Viver nesse inferno está cada dia mais
insuportável. Preciso me livrar!

- Vai ficar tudo bem, querida. – murmurei ao puxá-la para um abraço.

- Vamos sair disso logo. Eu sinto que essa guerra vai chegar ao fim. – disse ela ao me
abraçar.

Ficamos naquele abraço por alguns minutos, quando senti aquele mal estar
aumentar. Minha visão começou a embaçar de um minuto para o outro, uma fraqueza
maior do que o normal tomou conta de mim. De repente, minhas pernas pareceram
perder as forças.

- Camila... – sussurrei um tanto perdido antes de apagar.

[...]

Eu não sei por quanto tempo fiquei apagado, mas acordei dentro de um maldito
quarto branco, com cheiro de desinfetante barato. Resmunguei algumas vezes,
enquanto tentava me sentar; sem sucesso. Olhei para ambos os lados, era um quarto
de hospital, depois do desmaio, não poderia ser outro lugar. Tateei o lençol da cama,
até achar o pequeno controle que indicava alerta para algum enfermeiro, mas assim
que iria apertar o botão, a porta do quarto foi aberta.

- Finalmente acordado, Sr. Collins.

Ashton Morgan adentrou a sala com seu jaleco branco, e um sorriso paciente. Era
meu medico durante anos, e sempre tratava de minha saúde.

- Sabe onde está minha esposa?

- Eu a liberei para ir a sua casa. Ela disse que precisava de um banho e trocar de
roupas. Mas falou que não demora a voltar.

- Certo, não tem problema. Pode me dizer o que houve?

- Bom, Christopher, fizemos alguns exames. E coletamos algumas informações de sua


esposa. Sabemos que passou por um estresse forte demais, e isso pode ter
ocasionado um pequeno problema de pressão. Mas tudo está bem agora, sem
qualquer risco. – murmurou o medico de forma serena.

- Estresse é a única coisa que venho passando nos últimos dias. Imagino que saiba o
que aconteceu.

- Eu estou sabendo sim, é um verdadeiro absurdo. E espero que consiga resolver esse
problema.

- Eu vou resolver sim, doutor.

O doutor ficou alguns segundos em silencio, enquanto parecia analisar alguns papeis
em sua prancheta verde em suas mãos.

- Collins, eu tenho uma pergunta.

- Sim?

- Anda tomando algum remédio ultimamente?

Eu franzi o cenho, e meneei com a cabeça em um sinal negativo.


- Não, nenhum. Por quê?

- Tem certeza? Fizemos alguns exames, e foram encontradas algumas substancias


em seu organismo. Trata-se de remédios para ansiedade, calmantes. Sei que sua vida
não está sendo fácil, mas tomar em grande quantidade sem prescrição medica não é
aconselhável.

Fiquei em silencio por alguns instantes, enquanto minha cabeça se perdia em


pensamentos. Eu não estava consumindo remédios, e muito menos calmantes. Mas
havia uma grande quantidade em meu organismo, e se estavam presente, é porque
alguém estava me fazendo tomar. De repente, minha cabeça processou todos os
momentos que me senti extremamente cansado nos últimos meses.

- Acabei esquecendo que algumas vezes eu tomo para me manter tranqüilo. – menti.

- Certo. Eu vou indicar um melhor, menos forte. Mas não tome com muita freqüência,
ok?

- Pode deixar, Dr. Morgan.

- Você vai ficar em observação por mais algumas horas e depois será liberado.

- Obrigado.

Camila Collins point of view.

Estava com o carro estacionado em frente ao departamento de policia, enquanto


esperava de forma ansiosa que Normani atendesse o telefone. Tocou no mínimo três
vezes antes de ouvir a voz da mulher do outro lado da linha.

- Aconteceu alguma coisa? – indagou ela assim que notou de quem se tratava.

- Não, Mani. Eu estou aqui na frente.

- Como assim? Você não deveria estar no hospital com Christopher?

Fechei os olhos por alguns segundos, e meneei com a cabeça em um sinal negativo.

- Sim, mas ele dormiu por horas. Eu disse ao doutor que iria em casa para tomar um
banho e descansar um pouco.
- Entendi. E ele está bem?

- Infelizmente foi só a pressão, está forte como um touro. – bufei irritada.

- Eu poderia fazer um comentário a respeito do animal que escolheu para representá-


lo, mas irei ficar calada. – sussurrou com um risinho baixo, o que me fez rir também.
– Me diga, por que está aqui?

- Eu preciso falar com Lauren.

- Camila...

- Normani, por favor. Eu preciso.

- Lauren está em um dia péssimo. Eu nunca a vi tão transtornada antes.

- Droga...

Nada saiu como eu planejei. Em meus planos, Lauren apenas teria um bom atraso na
investigação, mas não um desligamento total do caso. Era como ter tirado a maior
oportunidade da carreira policial da mulher. Inferno. Ela iria me odiar pelo resto da
vida. E como se não fosse o suficiente, ainda foi agredida verbalmente por aquele
cretino dos infernos.

- Mas bom, ela foi liberada. Deve estar em casa agora.

- Certo, obrigada pela ajuda. Eu tenho que desligar. – murmurei antes de desligar a
ligação.

Dessa vez eu tinha um peso enorme sobre minhas costas, como nunca havia tido
antes. Por anos, fazendo tudo que já fiz, nada me abalou daquela forma. Era como se
sentir a pior pessoa do mundo, e não poder fazer nada para mudar. Bati com força
contra o volante do carro, sentindo raiva de mim mesma por tê-la envolvido nisso.
Mas não era como se eu tivesse alternativa. Tudo estava milimetricamente planejado
desde o primeiro instante que coloquei meus olhos sobre aquele homem. Lauren foi
uma grande surpresa; no caminho de um jogo pesado, regado de mentiras e rancor,
ela se infiltrou, tirando toda a estabilidade que julguei ter.

- Eu não devia ter me apaixonado por você, Lauren. – sussurrei, enquanto tinha
cabeça inclinada sobre o volante de meu carro.

Naquele instante, um único pensamento tomou conta de minha mente.

"E se eu me entregasse?"

Lauren me odiaria por tudo, e consequentemente me prenderia. Christopher seria


exposto, e ambos seriamos julgados. Não era a melhor escolha a ser feita, não para
mim, já para Lauren poderia ser a melhor. Ela não merecia ser envolvida em uma
historia tão conturbada como aquela, ela não merecia isso, certo?

- Você não pode...

Pela primeira vez eu poderia fazer algo realmente bom, não por mim, mas por
alguém que amo. Encostei a cabeça no banco do carro, e encarei meus olhos no
reflexo do espelho retrovisor. De repente, tudo que passei durante todos esses anos
se espelhou por minha cabeça, todos os mínimos momentos. Desde minhas lagrimas,
minha dor, raiva, rancor, até minha coragem e persistência para chegar onde
cheguei. E no meio disso estava meu sentimento por ela, uma maldita mulher que se
tornou minha fraqueza, meu calcanhar de Aquiles.

- Tudo pode ser diferente.

Respirei fundo, tentando afastar todos aqueles pensamentos. Antes de qualquer


decisão eu precisava vê-la, ouvi-la, e era exatamente o que eu faria agora. Dirigi
pelas avenidas de Nova Iorque, enquanto minha cabeça pensava em uma forma de
mudar aquela situação, até que finalmente parei diante do prédio onde ficava
localizado o apartamento de Lauren. O porteiro, um senhor muito gentil, assentiu e
sorriu assim que passei em direção ao elevador.

- Vamos lá, Camila. Faça ela se sentir bem pelo menos uma vez. – sussurrei para
mim mesma. – Você é a dona do jogo, mude isso.

O bipe do elevador indicou que o andar de Lauren havia chegado. Caminhei pelo
corredor até parar em frente ao apartamento da delegada. Acho que fiquei ali parada
por alguns minutos, apenas reunindo coragem para bater naquela porta. Meneei com
a cabeça em um sinal negativo, pensando em como eu poderia ser tão covarde
quando se tratava de Lauren, e tão corajosa para enfrentar um plano de vingança.
Certo, vamos lá. Ergui a mão e bati três vezes na porta de madeira, esperei alguns
instantes, e novamente bati. Ouvi um barulho no interior do apartamento, e logo
julguei que a porta seria aberta, recuei dois passos, quando a porta se abriu.
- Deseja alguma coisa?

Assim que ergui a cabeça, encarei um par de olhos, e eles não eram de Lauren.
Keana me fitou com uma expressão neutra, e um leve sorriso nos lábios. Ela usava
uma camisa grande, com o sobrenome de Lauren abaixo do símbolo policial, e apenas
aquilo. Pelos seus trajes, e modos, não era difícil de descobrir o que havia acontecido.

- Quero falar com a agente Jauregui. – disse de forma séria.

- Ela está no banho, se quiser deixar um recado.

- Não, eu não quero deixar recado. Eu vou aguardar.

- Tem certeza? Ela acabou de entrar e...

"Keana? Quem está aí?"

Ouvi a voz de Lauren ao fundo, fazendo crescer um nó em minha garganta. Eu não


sabia dizer o que estava sentindo, naquele momento, meu interior estava explodindo
em raiva e decepção. Eu sabia que Lauren e eu não tínhamos uma espécie de relação,
eu era casada, mas a essa altura de toda aquela situação, vê-la com outra era o que
eu menos precisava. Respirei fundo, e mantive a mesma expressão séria, sem deixar
que a outra oficial notasse qualquer desconforto. Se havia uma coisa que eu sabia,
era fingir.

- Sim, querida. A sra. Collins está aqui. – Keana murmurou ao abrir mais a porta.

Lauren paralisou assim que me encarou. Permaneci onde estava, apenas a fitando. A
delegada estava apenas de roupão, cabelos molhados e pés descalçados.

- O que está fazendo aqui? – indagou enquanto desviava seus olhos dos meus.

Puxei todo ar que poderia para meus pulmões, e ergui a cabeça para adentrar em seu
apartamento. Passei pela oficial que estava parada na porta, em uma tentava imbecil
de me inibir. Ela não sabia com quem estava se metendo, sabia? O barulho dos meus
saltos eram perfeitamente ouvidos no piso de madeira do apartamento silencioso.
Olhei brevemente pelo apartamento, e tudo estava organizado, a festa foi apenas no
quarto?
- Vim com a preocupação de que estaria se sentindo mal pelo ocorrido de hoje mais
cedo, mas vejo que soube pedir consolo. – dei uma breve olhada para Keana que
revirou os olhos no canto da sala.

Lauren estava parada a minha frente, com uma expressão séria, um tanto raivosa.

- Você é a pessoa menos indicada para se preocupar, não acha? – rebateu a


delegada.

- Agora vejo que sim.

- Você não deveria estar aqui, Camila. Sabe disso.

- Eu tinha outros planos antes de me deparar com isso.

- Que planos? Bancar a boa samaritana depois do seu marido ter me tirado o caso?

- Acha que eu não tentei impedir?

- Você só pode estar brincando comigo.

- Eu vou deixá-las sozinhas. – Keana murmurou enquanto caminhava para o quarto.

- Ah, que isso, querida. – murmurei com um tom debochado. – Fique, ou só sabe
ficar para se deitar com ela?

- Camila...

- O que? Estou mentindo? Por favor, Lauren. Não cansa? Deixa sempre a coitada
como sua segunda opção. – caminhei ao redor de Lauren, parando perto de Keana.

Ela me fitou desafiadora, ainda em sua tentativa de me intimidar.

- Me admira de você, querida. – toquei seu queixo, antes dela virar o rosto. – Vai
ficar de escanteio.

- Seu marido sabe disso?

- O que te interessa? Dele cuido eu.

- Vá embora, Camila. – Lauren segurou em meu braço com força.


- Adoro quando você me segura assim, Jauregui.

Virei de frente para ela, recebendo seu olhar fuzilante. Lauren estava respirando
pesado, talvez lembrando de toda raiva que estava sentindo. Não era para menos, só
que naquele momento, eu não conseguia sentir dó, não ao ver aquela cena patética
entre ambas as mulheres, e pensar em tudo que deve ter acontecido.

- Não brinque comigo, Karla.

Seus olhos desviaram dos meus, e desceram até meus lábios que se expandiram em
um sorriso diabólico. Eu vi Lauren respirar fundo, pesado, enquanto tentava a todo
custo me odiar.

- Mais?

Lauren endureceu o maxilar, e apertou mais os dedos ao redor de meus braços.

- Vai me marcar? Porque se for, quero que seja da maneira que sabe fazer melhor.

- Vá embora daqui.

- Eu vou. Mas por que cansei de ficar presenciando essa sua decadência. Ai, Lauren,
ela é bonita, mas sabemos que fode mal. – resmunguei ao me afastar.

- Escute bem, Karla... – Keana se aproximou.

- Não tenho tempo para ouvir você, meu amor. – encarei a mulher. - Sou uma mulher
ocupada, e literalmente não faz parte da minha vocação ficar escutando reclamações
de passa tempo do que é meu. Aproveite, logo será descartada outra vez.

- Você não...

Lauren segurou no ombro da mulher que se calou.

- Vá embora de uma vez! – exclamou a delegada.

- Você nervosa assim é um tesão. Mas enfim, quero te dar apenas um recado,
Jauregui.
- O que?

Caminhei para próximo dela novamente, e assim que estive perto o suficiente, sorri
da forma mais cínica que poderia. Levei minhas mãos até a gola de seu roupão, onde
ajeitei devagar.

- Você pode ter saído do caso Collins, mas ainda é minha segurança particular. Então
eu quero você bem linda em minha casa antes de anoitecer, estamos entendidas?

- Você está ficando louca, eu não volto naquela casa.

- Volta sim, se você quiser ter algum prestigio na sua carreira, é bom ir. Não quer ser
demitida, quer?

- Você sabe que isso não vai ficar assim, não sabe?

- É o que veremos. Enfim, aproveitem o resto do dia.

Girei sobre meus calcanhares e caminhei para a saída. Eu respirei fundo, e parei na
soleira da porta para lançar um ultimo olhar para ambas.

- Não se atrase, Lauren. Odeio esperar. - foram minhas ultimas palavras antes de
deixar aquele lugar.

- Espere! – exclamou a delegada.

Continuei a caminhar, seguindo para o fim do corredor, onde estava o elevador. Meus
passos foram firmes, mas não apressados.

- Camila, volte aqui!

Eu não pararia, e muito menos voltaria para ouvi-la. Respirei fundo, e adentrei o
elevador, e só então virei de frente, vendo a imagem de Lauren parada em frente a
porta de seu apartamento. Mirei seus olhos antes das portas se fecharem, rompendo
nosso contato. Assim que perdi total contato visual com aquela mulher, deixei que
todo o ar fosse embora de meus pulmões. Pela primeira vez, aquela foi uma situação
que tive que reunir todo minha habilidade de atuar, pois minha única vontade era de
por tudo que estava sentindo para fora, mas eu não faria isso. Nunca.

- Você quase foi idiota, quase estragou tudo. – sussurrei para mim mesma. – Por ela.
Cogitar a possibilidade de me entregar em uma tentativa de salvar a carreira de
Lauren foi de longe à ideia mais tola, e impensada que tive durante anos. O que eu
poderia esperar? Que ela estivesse triste e sozinha em seu apartamento? Que talvez
ela sentisse o mesmo que eu? Que excluísse a possibilidade de dormir com outra por
gostar de mim? Ah, Camila, tantos anos sem envolvimento emocional, e ainda sim
poderia ser ingênua? Não, eu não poderia.

- Você vai ter o troco disso, Lauren. E eu serei bem pior.

A porta do elevador se abriu, e eu levei uma das mãos até o rosto, limpando a única
lagrima que teimou em deixar meus olhos marejados. Eu não me permitiria ser tão
fraca a esse ponto. Não era Lauren, e esse maldito sentimento que me faria
vulnerável.

O que será que essa mulher vai aprontar?

Vejo vocês no próximo capitulo! Um grande beijo.


Capítulo 27 - O troco

Heey, meus amores.

Como estão? Eu espero que bem! Eu prometi que postaria essa semana, e aqui
estamos nós com um capitulo novo. Foi um tanto dificil de escrever, mas eu consegui
terminar. Obrigada a todos que comentaram no capitulo anterior, e que divulgam XM
por aí. Não sabem o quanto fico feliz quando vejo os comentários bons a respeito da
historia e de seus personagens! - Evelin

"Queria dedicar esse capítulo à todos vocês que gostam e acompanham Xeque-Mate,
saibam que sem vocês, isso tudo não seria possível também, vemos o entusiasmo de
vocês para com a estória e isso inspira cada dia mais nossas mentes para trabalhar e
trazer uma coisa nova pra vocês, amo montar e trazer novidades e casos que talvez
vocês possam não ter visto em outras fanfics. É um misto de tudo nosso para vocês.
Espero que vocês gostem do que está por vir, aproveitem e coloquem os coletes,
arrumem o colchão no chão, tomem uma água com açúcar porquê vai ser difícil pra
nossa Lauren.." - Sindy.

Bom, antes de começar o capitulo, queremos conversar com vocês sobre uma
coisinha.

Durante todo esse tempo de ot3, tivemos inúmeros casos de diversão e discussões
para montar a fanfic que vocês tanto amam, porém, de uns tempos pra cá, houve
algumas reuniões em que um dos membros não compareceu, e decorrente desses
atos, há uns meses, fomos informados pelos representantes que Larissa Rios não
faria mais parte da equipe de Xeque-Mate. De antemão, avisamos que
continuaremos, Evelin, Sindy e vocês, sem mentiras, sem jogos, apenas nós!

- Equipe de Xeque-Mate.

Então, agora vamos seguir com o trabalho, ainda tem muita coisa pra acontecer.
Uma foi solo, mas ainda restaram Sindy e eu, e vamos continuar.

Ahh, só mais uma coisa! No segundo pov Camila, aconselho ouvirem "Escape" -
Kehlani. Está no novo álbum, e acho que a musica de encaixa ao momento.
Camila Collins point fo view.

Respirei fundo, enquanto meus pensamentos vagavam pela imagem de Lauren ao


lado de Keana. Sentia-me traída, mas não pela delegada, e sim, por mim mesma.
Durante tantos anos tive total controle de meus sentimentos, de meus atos, para no
fim, uma mulher chegar e mostrar que eu não poderia administrar tudo ao meu
redor. Aquilo me consumia, célula a célula; era como perder o controle de meu
próprio ser. Maldita delegada.

- Você está bem, querida?

Ouvi a voz grave de meu marido ao fundo, enquanto fitava o movimento de pessoas
que caminhavam pela calçada, com seus enormes guarda-chuvas, e outras com suas
capas. O céu cinzento derramava sobre Nova Iorque uma garoa fina, que não tardaria
a se intensificar, transformando-se em um temporal. Encarei os olhos claros de
Christopher assim que senti o toque suave de sua mão sobre a minha. Ele estava
bem agasalhado, fitando-me com um semblante curioso.

- Está sim, meu amor. Só estava um pouco pensativa com tudo isso.

- Não se preocupe. Tudo vai se resolver. – murmurou ao entrelaçar os dedos aos


meus.

Soltei um sorriso fraco, recebendo outro em troca. Ele parecia melhor do que nunca;
talvez todos os medicamentos tenham surtido efeito rápido demais. Apesar do dia
cheio, carregado de acontecimentos, ele parecia tranqüilo.

- Eu espero que sim.

- Não tenha duvidas, Camila.

Não demorou muito, e os enormes portões de ferro da mansão Collins foram abertos
para nossa entrada. O veiculo foi estacionado na parte frontal da casa, quando um
dos funcionários se aproximou, abrindo a porta para que saíssemos. Corremos para o
interior da casa, evitando nos molhar tanto com a chuva. Christopher e eu nos
reservamos ao nosso quarto, ele de um lado com seu computador, e eu do outro com
um livro qualquer. Ficamos algumas horas assim, sem trocar uma misera palavra.
Meus pensamentos estavam longe demais para entrar no papel de uma boa esposa,
meus pensamentos rondavam a mulher de olhos verdes que não tardaria a chegar.
Por alguns instantes julguei ter sido um erro ordenar que Lauren comparecesse essa
noite em minha casa, não era um momento adequado. Tanto pela sua expulsão do
caso, quanto pelo meu estado emocional visivelmente abalado pela mesma. Atuar
para Christopher havia se tornado algo natural, era como ser um personagem criado
por mim mesma, para completar uma historia que não teve fim. Mas com Lauren não
era assim, não mais. Eu me perdi. Me perdi nos meus sentimentos, nos meus atos,
nos meus planos. Tudo em mim era sincero para com ela, e eu simplesmente não
conseguia agir diferente. Era enlouquecedor não ter controle sobre mim quando se
tratava de Lauren Jauregui.

- Você fez tudo errado, Camila. – sussurrei.

- Disse alguma coisa? – indagou o homem.

Ergui a cabeça e encarei seu rosto. Christopher deixou seu computador de lado,
enquanto me fitava tranquilamente.

- Pensei alto, querido. Você quer que eu mande servir seu jantar aqui?

- Não, podemos comer lá embaixo mesmo.

- Tem razão. – disse ao me levantar, e me aproximar dele. – acho que depois de todo
esse estresse, devemos ficar um pouco juntos.

Sentei ao seu lado, recebendo um sorriso.

- Acho a idéia maravilhosa. Estou com saudade de você.

- Está?

- Não faz idéia do quanto. – murmurou ao repousar sua mão sobre minha coxa.

Olhei para sua mão que deslizou suavemente pela minha pele, e em seguida encarei
seu olhar cortês. Eu já não lembrava há quanto tempo Christopher e eu tivemos a
ultima noite de sexo. Desde que passei a me envolver com Lauren, recusei suas
investidas, o dopei e fiz acreditar que tivemos noites e noites de uma foda que nunca
existiu, não depois de me entregar a Lauren. Era como se ela pudesse me dar tudo
que eu precisava, tornando assim a presença de meu marido totalmente
desnecessária. Mas aquilo não poderia continuar, não depois de hoje. Se Lauren era
tão desprendida, por que eu não seria? Logo eu, que sempre vou me esforçar para
estar um passo a frente, por cima. Sempre.

- Podemos matar essa saudade hoje, mais tarde! – exclamei ao meu levantar.

- Podemos é?

Espalmei minha mão sobre a cama, inclinando meu corpo para frente, aproximando
meu rosto ao dele.

- Claro, depois de um dia tão estressante, quero fazer meu marido relaxar. –
sussurrei, e beijei sua boca.

- Acho a idéia maravilhosa.

Afastei-me dele com um sorriso no canto dos lábios, e ao ficar de frente para janela
de meu quarto, vi os enormes portões da frente serem abertos. Dei alguns passos
mais a frente, em direção a varanda da suíte, vendo o carro de Lauren adentrar a
extensão de meu jardim. Um sorriso enfeitou meus lábios, seguido por uma
respiração pesada.

- Acha? – indaguei Christopher.

- Com toda certeza, fico até ansioso.

Apesar da chuva, e da pouca luminosidade oferecida pelo jardim aquela noite, eu


pude ver Lauren no interior do carro. Observei seu trajeto até a frente de minha casa.

- Então se prepare, meu bem. Eu vou te dar uma noite inesquecível. – murmurei
enquanto observava Lauren deixar seu carro e caminhar para o interior da mansão.

Respirei fundo, sentindo meu peito inflar. Girei sobre meus calcanhares e caminhei
para o interior da suíte outra vez. Christopher me encarou com um sorriso largo,
pretensioso.

- Não podemos começar agora? – perguntou ao se levantar.

- Nada disso. Desça, vamos jantar. Eu vou tomar um banho, e ficar bem cheirosa
para você, ok?

Ele se aproximou, puxando-me pela cintura lentamente.


- Ok, meu amor. – sussurrou, antes de beijar meus lábios e se afastar.

Assim que Christopher deixou o quarto, eu segui em direção ao banheiro. Eu


precisava estar divina para aquela noite. Ser boazinha demais estava interrompendo
meus planos, afastando-me do real motivo para eu estar ali. Lauren era a culpada
disso. Mas eu não continuaria daquela forma, se deixei um lado dócil aparecer, e ela
não soube tirar proveito disso, eu voltaria a ser o que ela merecia. E Lauren merecia
uma doce e bela vingança de Karla Estrabao.

Lauren Jauregui's point of view.

Mantive-me na sala, longe de onde Christopher estava. Eu não tinha estomago para
olhá-lo, e o homem sabia disso. Depois do ocorrido essa manhã, os ânimos entre nós
estavam mais do que aflorados. Ele se manteve entretido com seu notebook,
enquanto eu fazia questão de nem sequer olhá-lo. Camila ainda não havia dado sinal,
mas eu sabia que não tardaria a aparecer. A latina estava tramando algo, disso eu
tinha total certeza. Ela nunca, jamais, fazia algo sem um propósito. E daquela vez,
seria contra mim.

- Quer tomar alguma coisa, senhora Jauregui? – Eliza perguntou ao se aproximar.

- Não, obrigada. Eu estou bem.

A mulher assentiu com um sorriso fraco e se retirou. Aproximei-me mais da enorme


janela da sala, vendo o temporal que caía do lado de fora. O barulho da chuva me
trazia uma tranquilidade momentânea, que por alguns segundos me fazia esquecer
de toda aquela confusão. Há meses, eu nunca me imaginaria em uma situação como
essa. Mas tudo acontecia por um motivo, certo? Eu não acreditava em acasos, e sim,
em planos perfeitamente traçados. E se o meu era entrar na vida dos Collins, aqui eu
estaria.

- Finalmente. – ouvi Christopher murmurar, atraindo minha atenção.

Olhei para o alto da escadaria, vendo a latina descer lentamente. Ela tinha um ar
superior, como o de uma rainha. Karla estava de preto, um vestido longo, justo, com
caimento leve, de tecido quase que transparente. A fenda enorme na coxa esquerda,
lhe dava um ar sexy. Ele tinha um decote chamativo, e alças finas, dando espaço
para destacar a gargantilha preta em seu pescoço. Tratava-se de um traje simples,
mas que em Camila, ou melhor, em Karla, se transformava em algo exuberante. Seus
cabelos estavam soltos, ondulados, dando certa seriedade a sua expressão. Em seus
pés, um par de scarpin preto.

- Desculpe a demora, meu amor. – disse ela ao se aproximar do marido, e depositar


um beijo em seus lábios.

Desviei o olhar do casal, e voltei a encarar a janela. Eu sentia ânsia ao vê-los em seus
momentos de carinho, e não era exagero, meu estomago revirava nesse momento.

- Pedi a Eliza que esperasse você descer para servir o jantar.

- Ai, obrigada.

Para minha surpresa, ela nem sequer se aproximou, ficou ao lado de seu marido o
tempo todo. Pelo menos não teria suas provocações para me manter firme, tudo seria
mais tranqüilo, certo? Fiquei em meu canto, cumprindo meu papel de segurança
particular, como todos os outros que estavam do lado de fora. Eu sabia que minha
presença não era necessária, mas que Camila havia feito apenas para me enfrentar.
Minha cabeça borbulhava em pensamentos sobre tudo que estava acontecendo, o dia
literalmente foi um dos piores. O jantar do casal pareceu tranqüilo, até um pouco
animado demais para quem perdeu 100 bilhões de dólares de sua conta. A latina
parecia esforçada em manter o bom humor do marido, o regando de beijos e carinhos
o tempo inteiro. Após o término das refeições, Christopher fez total questão de
permanecer no ambiente, agora na sala de estar, onde eu estava. Sentou-se no sofá
macio, com seu notebook, bem ao lado de sua esposa, que graciosamente o
acariciava.

- Você vive para o trabalho. – ouvi ela resmungar.

- Camila, as coisas estão bem mais difíceis agora. Sinto que minha cabeça vai
explodir. 100 bilhões de dólares é muito mais do que eu poderia perder.

- O que quer dizer, meu amor?

- Mais da metade de minha produção será parada. Era um dinheiro liquido, meu
patrimônio está em investimentos, prédios, construções e maquinas. O liquido foi
quase todo com esse roubo.

Eles sussurravam, mas eu ainda poderia ouvir. Camila o fitava com um olhar
preocupado, enquanto deslizava a pequena mão sobre sua coxa, de cima a abaixo.
- Eu sinto muito. – disse ela.

Eu não pude ouvir sua resposta, mas tive a infeliz imagem de outro beijo. Camila o
procurava, e fazia questão de me mostrar isso. Eu sabia o que ela estava fazendo,
agora entendia o real motivo de minha presença. Ela queria vingança, queria me
fazer sentir o que sentiu há horas atrás em meu apartamento. Karla não dava um
ponto sem nó.

Filha da puta.

Respirei fundo, procurando acalmar meus pensamentos que me induziam a cair fora
dali. Camila repousou uma das pernas sobre a dele, recebendo uma das mãos do
homem que subia e descia em um carinho pretensioso sobre sua coxa. Eu não queria
olhar, não queria me sentir incomodada com aquela situação, mas era tudo mais forte
do que eu. Ela o beijava lentamente, desde seu pescoço, seu rosto, seus lábios. Ela o
provocava, o instigava, e vez ou outra me fitava.

- Não faça isso aqui. – sussurrou, o suficiente para me fazer ouvir.

Virei de costas para eles, e fechei minhas mãos em punhos em uma tentativa ineficaz
de controlar a raiva que eu estava sentindo. Eu os odiava, com todas as forças do
meu ser.

- Vamos para o quarto.

- Vamos daqui a pouco.

Ela queria me torturar ainda mais, queria me fazer pagar por cada segundo.
Ressentida, vingativa, e fodidamente calculista, essa era Karla Camila. Como se já
não fosse o suficiente tudo que passei, ela ainda conseguia piorar mais. Maldita hora
em que a encontrei, em que me entreguei. Fodida hora em que me apaixonei.

- Ah, que merda! – exclamou Christopher assim que seu celular tocou. – eu preciso
atender, querida. É uma ligação importante.

- Claro, amor. Vai lá.

Ele ergueu seu corpo do sofá, depositou um beijo rápido nos lábios da esposa, e
caminhou para o lado de fora da casa. Eu pude o ouvir falar ao telefone até o mesmo
seguir para mais longe, perdendo total contato. Pelo vidro da janela, vi Christopher se
encostar no batente da escada, enquanto conversava ao telefone. O observei por
alguns instantes, até ouvir os passos de Camila logo atrás de mim.

- Você é sempre tão obediente, Lauren.

Eu não me movi, permaneci da maneira que estava, ignorando totalmente sua


presença.

- Eu gosto disso. Quando obedecem minhas ordens. Quando sabem que sou eu quem
manda. – ela deu uma breve pausa, enquanto caminhava até a bancada de bebidas
no canto da sala. – Não vai falar nada?

Virei com o corpo, permitindo-me observá-la, ainda em silencio. O vestido longo era
uma peça inútil, quando o tecido oferecia uma visão perfeita da traje que ela usava
por baixo. Uma espécie de corselet preto, sensual, que caía perfeitamente bem para
ela. Neguei com a cabeça e desviei meu olhar de seu corpo tão tentador. Era um
inferno o desejo desmedido que nos atraía, com um magnetismo que não poderíamos
conter.

- O gato comeu sua língua, ou foi a Keana? – indagou com um sorriso irônico.

- Me deixe em paz, Camila. – sussurrei, alternando os olhos do corpo da mulher para


o seu marido ao telefone no lado de fora.

- Não estou fazendo nada. – murmurou antes de tomar um gole do Martini em sua
taça.

- Não venha se fazendo de inocente, é a ultima coisa que você é. Sei o que está
fazendo!

- Sabe?

Ela parou a minha frente, com a cabeça erguida e um olhar desafiador.

- Não tem como não saber diante de seus atos tão explícitos.

Nós nos encaramos por alguns instantes que foram o suficiente para criar
uma áurea densa entre nós. Se tratava de raiva, rancor, e uma pitada de excitação.
- E o que eu estou fazendo, Lauren?

Camila desviou o olhar do meu, enquanto remexia o liquido avermelhado no interior


da taça que estava em sua mão. Eu respirei fundo, deixando que o ar entrasse com
veracidade em meus pulmões, em uma tentativa de não explodir. Odiava a maneira
como ela poderia ser controlada diante de seus instintos, e de seus sentimentos.
Camila poderia estar explodindo, mas não demonstraria isso.

- Karla...

- O que? Não estou fazendo nada. Nunca fiz nada. Ao contrario de você, que se deitou
outra vez com aquela vagabunda.

- Ah, claro. Então está fazendo esse teatrinho por isso, certo? Está com ciúmes.

- É o que você acha?

Dei um passo à frente, encostando meu corpo no dela. Inclinei minha cabeça um
pouco para frente, até que meus lábios tocassem sua orelha.

- Eu tenho certeza. – sussurrei.

- Talvez você esteja certa, Jauregui. Mas ao contrario do que imagina, eu não vou
ficar fazendo ceninha de ciúme, comigo as coisas são bem diferentes. – ela tomou
outro gole, molhando seus lábios, nos quais foram limpos com a ponta de sua língua.

- Diferentes?

Camila recuou um passo, enquanto soltava uma risada baixa, em um tom totalmente
sarcástico.

- Vou te mostrar como se faz, Lauren. E ainda vou te dar o prazer de ouvir.

Naquele instante eu senti todo meu sangue ferver, e aquela maldita raiva me
dominar. Minha respiração que até poucos segundos estava controlada, pesou com
um chumbo, saindo por minhas narinas de forma furiosa. Em um impulso, segurei o
braço de Camila com força, puxando-a para mais perto. O liquido em sua taça caiu
parcialmente sobre o chão, atraindo o olhar da latina para o lugar, em seguida para
sua mão, seu braço onde eu segurava e por ultimo, em meus olhos furiosos.

- Não brinque comigo. – murmurei de forma séria.


- Eu não estou nesse jogo para brincar.

- O que pensa que vai fazer? – apertei seu braço com mais força.

- Espere, você vai ver, ou melhor, vai ouvir. – ela suspirou, e me encarou novamente.
– agora me larga.

- Não faça uma besteira.

- Eu faço o que eu quiser, assim como você fez.

- Pois faça o que bem entender! – exclamei ao soltar seu braço de forma bruta. – eu
não me importo. – menti.

- Ah, não?

- Nem um pouco! Foda-se o que vai fazer, não me interessa.

- Pois bem, Lauren. Aproveite sua noite em minha casa.

"Algum problema?"

Ouvi a voz de Collins ao fundo, ele estava parado na soleira da porta, enquanto nos
fitava um tanto curioso. Camila abriu um largo sorriso, e eu apenas desviei de seu
olhar.

- Não, meu amor! Eu só estava aqui avisando para a agente Jauregui que o quarto de
hospede do primeiro andar está com uma infiltração terrível. – eu encarei Camila,
sem entender sua desculpa. – Mas que ela pode utilizar o quarto do segundo andar,
bem ao lado do nosso.

Christopher assentiu e caminhou para o centro da sala. Enquanto eu praguejava


Camila em meus pensamentos. Aquela maldita estava se vingando, e não me
pouparia em nada aquela noite.

- Você decide o que faz, meu bem. Vamos para o quarto?

- Claro, vamos sim. – ela se pôs ao lado dele, e parou para me encarar. – Você pode
ir descansar, Lauren. Só fique atenta, como sempre. – foram suas palavras antes de
subir as escadarias ao lado de seu marido.

Talvez eu tenha ficado sozinha naquela sala por trinta o quarenta minutos, em um
debate interno sobre ir embora ou não. Como novata no departamento de policia em
Nova Iorque, abandonar uma "missão" seria dar adeus a elogios em minha ficha
profissional, e consequentemente a idéia de ascensão em minha carreira. Depois do
ocorrido com o caso Collins, aquela não era uma opção a ser contestada, e Camila
sabia muito bem disso. Ergui meu corpo do sofá em meio a um suspiro pesado, e
caminhei em direção a escada. O quarto de hospede ficava exatamente ao lado do
quarto de Camila com Christopher; por alguns segundos, duvidei de suas intenções
para aquela noite, mas logo, aquela duvida foi sanada. Assim que sentei sobre a
cama, que ficava encostada a parede do quarto, ouvi um barulho vindo do quarto ao
lado.

- Não...

Fiquei em absoluto silencio, tentando ter a total certeza do que havia acabado de
escutar. E eu não poderia me enganar, não diante aquele barulho, aquele gemido.
Camila estava se vingando de mim, e de uma maneira bem pior. Ela me faria ouvir
durante uma noite inteira seus gemidos que, daquela vez, não seriam proporcionados
por mim, e sim, por um dos homens que mais odeio.

- Filha da puta! – exclamei ao me levantar da cama. – Não, Lauren, não.

"Oh, meu Deus"

"Isso, Chris, porra!"

Tapei meus ouvidos com as mãos assim que a ouvi outra vez. Camila na gemia tão
alto, e eu duvidava muito que o corno estaria lhe dando tanto prazer, quando durante
cinco anos não o fez. Ela era um demônio, calculista, que faria qualquer coisa para
me atingir. Maldita.

- Merda, você não devia ter se metido com essa mulher. – resmunguei enquanto
andava de um lado para o outro, ouvindo os gemidos da mulher que eu....

Eu não tinha como negar. Não era meu ódio por Christopher Collins que me
incomodava naquele momento. Era ter certeza que ele estava tocando algo meu.
Dentre tudo que poderia sentir, meu interior se corria em ciúme, raiva, e por que não
tristeza? Aquilo não poderia estar acontecendo, não comigo. Tantos anos em uma
vida vazia, sem interesse, ou qualquer tipo de ambição amorosa, eu me permiti
aquilo.
- Você é uma idiota, Lauren. – sussurrei ao me sentar na cama novamente.

Camila estava nesse instante se deitando com seu marido, e me fazendo ouvir tudo
aquilo, em uma tentativa de me fazer sentir o mesmo que ela havia sentido quando
me viu com Keana. Eu não poderia me sentir incomodada, poderia? Eles eram
casados, nada havia de errado, certo?

"Isso, faça assim."

"Você faz tão gostoso"

A cada palavra, suspiro, gemido, minha raiva se multiplicava. Eu sentia meu sangue
inteiro ferver em minhas veias, enquanto minha respiração pesada demonstrava meu
estado descontrolado. Em meu subconsciente, a vontade era de entrar naquele
quarto, e interromper aquela merda com gritos, mas eu não o faria. Se Camila queria
jogar, eu mostraria que poderia ser tão forte quanto ela. Não era aquele maldito
sentimento que me faria curvar diante de seus atos, tudo era diferente agora.

- Você quer guerra, Camila? Você vai ter.

Christopher Collins point of view.

Olhei para o lado, vendo minha esposa descansar sobre a cama. Estava coberta pelo
lençol branco, enquanto dormia serenamente. Já passava das seis horas da manhã,
horário no qual eu devia ter levantado da cama, se eu não tivesse tido uma noite tão
cansativa, porém, satisfatória. Camila se mostrou uma mulher atenciosa, disposta a
me fazer esquecer um dia tão conturbado como o anterior. Mas nem tudo durava
para sempre, certo? Logo, eu voltaria ao inferno, e mil vezes pior diante a todo o
estrago causado por uma única pessoa.

Depois de me preparar, me juntei a uma reunião de acionistas no prédio


da Collins Enterprise. E pelas expressões de cada um, tudo só iria piorar.

- Como assim? – indaguei.

- Bom, Collins, a conta da empresa em um estado liquido possuía 200 bilhões de


dólares. Seu patrimônio em geral está avaliado em media de 300 bilhões, entretanto,
100 bilhões são investimentos, seus prédios, maquinário, funcionários, automóveis e
gastos diários, gastos pessoais. Ou seja, é um dinheiro aplicado, a Collins Enterprise
tem apenas 100 bilhões para manter sua produção de extração em todas as filiais do
mundo.

- Não, isso...Por favor.

- Você deve saber que para uma das maiores empresas petrolíferas do mundo, você
despencou. E se quisermos manter tudo isso, vamos ter que fechar temporariamente
ou não, mais da metade do seu negocio.

- Você tem idéia do que está me falando? Empresas serão fechadas. Prédios como
esse ficaram vazios!

- Foi a nossa melhor saída. Se quiser manter tudo, logo, todas irão fechar.

- Não estão falando de milhões, John! São bilhões, eu ainda sou um bilionário!

- Sim, eu sei! Mas você tem gastos altíssimos. Temos reservas em todos os lugares,
existem maquinas, pessoas, contas, e milhares de gastos que não vão ser
sustentados com o que sobrou. Você não pode falir, mas precisa recuar, não seja
orgulhoso!

- Eu não vou recuar! Meu nome será jogado na lama! Você quer me fazer vender o
que demorei anos para erguer? Já basta tudo que falam sobre mim na imprensa por
culpada daqueles desocupados!

- É única saída.

- Se não recuar, nossa parceria terá que ser quebrada, Collins. – Josef, um dos
principais compradores da CE, murmurou de forma séria.

- O que? Você não pode fazer isso.

- Você me forneceu um planejamento que agora foi quebrado. Não posso me permitir
custear isso. Outras empresas estão interessadas em nós.

- Trabalhei para vocês durante anos, e agora vem me apunhalar?

- São negócios, Christopher. Você vai encontrar outro comprador para o seu produto.

- Josef, por favor, você é nosso maior parceiro. – eu me aproximei, sentando ao seu
lado. - Se fizer isso, vou perder ainda mais dinheiro.
- Se eu não fizer, terei minha empresa afetada com falta de produto. Já basta os
problemas que enfrento com você diante a insatisfação da população. E eu não vou
me colocar em risco, sinto muito.

- Isso é o de menos! Eles sempre reclamaram, mas você nunca se importou! –


exclamei de forma exaltada.

- Estão ficando cada vez pior, Collins. Você está passando dos limites. Logo vamos
ser atacados pela extração e produção sem equilíbrio. As organizações em beneficio
do meio ambiente já estão nos prejudicando, fazendo propaganda que estão sujando
nossa imagem. E agora esse roubo, a falta de produção...não tem como continuar.

A reunião não durou muito, não depois de eu ter abandonado aquela sala e seguido
para minha. Tudo parecia estar dando errado. Como se o roubo de 100 bilhões de
dólares não fosse o suficiente, a Collins enterprise estava sendo ameaçada por
algumas organizações, pelo vazamento excessivo de petróleo, que prejudicou uma
grande área há alguns anos atrás. O assunto se estendeu, foi um tremendo caos, que
mesmo depois de uma multa milionária, ainda me prejudicava.

- Eu não vou agüentar isso.

- Christopher, vai dar tudo certo. – John murmurou.

- Eu estou falindo! Não vê? Ainda preciso lidar com esses ambientalistas imbecis!

- Vamos dar uma boa quantia em dinheiro para eles, e esse assunto será
silenciado por algum tempo. Sempre fizemos isso.

- Que dinheiro? Eu estou sem a porra do dinheiro!

- Vamos dar um jeito. A quantia será utilizada da melhor forma. – o homem


murmurou de forma séria.

Sentei em minha poltrona, enquanto massageava as minhas têmporas, minha cabeça


latejava em dor. A qualquer instante, eu pararia no hospital outra vez.

- Com licença, senhor Collins. – a secretaria exclamou ao entrar em minha sala.


- Beatriz, por favor, agora não.

- Sinto muito, só vim para avisar que o Comissário Brandon está a sua espera. Disse
que precisa falar com o senhor.

Soltei uma forte lufada de ar, e assenti brevemente para a mulher que me encarava.

- Pode deixar ele entrar.

- Sim, senhor. Com licença. – murmurou antes de se retirar.

Não demorou muito, e logo, Brandon adentrou minha sala com um semblante sério,
ao lado de uma mulher muito bonita por sinal. Eu me levantei rapidamente, e os
cumprimentei assim que se aproximaram.

- Bom dia, Collins.

- Bom dia.

- Quero lhe apresentar a agente Keana Issartel. Depois de verificar as fichas, julguei
que ela poderia ser a melhor para nos ajudar.

- Com toda certeza vou. – disse ela de forma confiante.

Olhei para a mulher por alguns instantes, tentando analisá-la da melhor maneira
possível. Keana Issartel era uma mulher séria, de uma beleza admirável, custava-me
acreditar que seria uma policial tão competente, mas julgando pela ultima, algo nela
me era atrativo. Seu olhar confiante, e um tanto persuasivo indicava que eu poderia
ter o que eu queria. Soltei um dos melhores sorrisos, e a encarei.

- Preciso de alguém competente para dar um fim nesse problema, antes que eu perca
tudo.

- Eu estive estudando esse caso, e acredito que vamos dar um fim nisso o quanto
antes.

- Pode me garantir isso?

- Com toda certeza, senhor.

- Muito bem, não tive tanta sorte com a agente anterior, mas acredito que com você
será diferente.
- Eu também acredito nisso. – disse ela com um sorriso encantador.

- Então temos um acordo, Srta. Issartel?

- Temos sim, Sr. Collins.

Depois de uma extensa reunião, no qual abrimos todas as lacunas para a nova
responsável no caso. Fechamos uma parceria para a investigação dos roubos na
Collins Enterprise. Keana parecia determinada, e apta o suficiente para resolver o
meu problema. Brandon a todo instante se colocava a disposição, em ajudar nos
mínimos detalhes, para que nada saísse de nossas mãos.

- Você tem certeza que ela vai nos ajudar?

- Christopher, eu estive observando ela. Keana parece nadar conforme da maré, ou


seja, vai fazer o que eu pedir. Quer subir para um cargo importante, e não creio que
se importe em deixar algumas coisinhas de lado.

Eu assenti para o homem, enquanto tomava o ultimo gole de uísque em meu copo.

- Sabe que há muitas coisas que ninguém pode saber.

- Ela saberá guardar segredo. Vamos cuidar disso.

- Confio em você.

- Não se preocupe. Esse inferno vai acabar.

- É o que eu mais preciso. Quero pegar o desgraçado que está tentando


me derrubar, e então ele vai ver com quem se meteu.

Camila Collins point of view.

Abri os olhos encarando o céu aberto, e o topo das arvores altas ao redor. Eu não
falei nada, apenas sorri para ela que pareceu entender. Lauren desceu devagar para
dentro da água outra vez, puxando-me com cuidado. Gemi baixinho ao entrar em
contato com a água fria novamente.
- Responde, eu quero saber. – murmurou ao me abraçar pelas costas.

Eu respirei fundo, sentindo seu corpo quente me envolver por trás. Afastei meus
cabelos para o lado, dando espaço livre para ela, que repousou seu queixo em meu
ombro.

- Gostei, muito.

- Muito quanto?

Minha pele se arrepiou por completo quando ela depositou um pequeno beijo em
minha nuca. Minha respiração estava se acalmando, entrando quase na mesma linha
que a dela.

- Muito a ponto de querer mais, e não só agora.

Lauren virou meu corpo de frente, puxando-me para junto de si. Nós nos encaramos
em um repleto silencio, deixando apenas o barulho de nossas respirações e o cair da
água entre as rochas. Me senti nervosa, perdida, somente em tê-la daquele jeito. Eu
não sabia decifrar o que ela me causava, mas não poderia negar o quão bom era
sentir. Era como ter a sensação de ter seu peito aquecido, ao mesmo tempo em que
ele parecia formigar com sentimentos que pra mim se tornaram estranhos.

- Camila...

Eu adorava como Lauren pronunciava meu nome. Ela piscou algumas vezes, antes de
me encarar novamente. Eu senti que algo diferente acontecia ali, e ela não demoraria
a falar. Estaria eu pronta para ouvir? Assim que Lauren tomou impulso para falar, eu
a calei com meus lábios. De inicio ela não correspondeu, talvez por meu ato
impulsivo, mas não demorou nada a retribuir. Seus lábios estavam sendo pressionado
contra os meus, enquanto sua língua por seguida vezes deslizava lentamente sobre a
minha. Nós terminamos o beijo com pequenos selinhos; e então encostei minha esta
com a dela, mantendo meus olhos fechados.

Abri os olhos em uma tentativa de afastar todas aquelas lembranças. Depois de


realizar minha vingança contra Lauren, um peso se instalou sobre mim. Era
simplesmente inacreditável como eu havia me entregado a ela. Depois de um feito,
que para um casamento seria totalmente normal, eu me sentia culpada. Culpada por
ter transado com Christopher, culpada por tê-la feito ouvir, culpada por não ter sido
com ela. Lauren odiava-me agora, e eu não sabia até que ponto aquilo poderia ser
benéfico. Afastá-la emocionalmente era o melhor caminho, mas eu ainda não sabia
percorrê-lo.
Um suspiro exausto deixou meus lábios assim que ergui meu corpo que estava
repousado sobre colchão. Puxei o lençol acinzentado que me cobria, e caminhei
lentamente até o banheiro, desviando das peças de roupas jogadas sobre o chão da
suíte. Segui em direção a hidromassagem no canto do cômodo, e acionei os
dispositivos digitais para enche-la com água morna. Larguei o lençol sobre a bancada,
onde ficava pia de mármore branco, e encarei meu reflexo no espelho enorme a
minha frente. Havia algumas marcas avermelhadas espalhadas pela extensão de meu
corpo, pelo pescoço, busto e próximo aos seios, em uma demonstração ilusória de
uma noite satisfatória para um casal. Quando na verdade, para mim, havia sido um
pesadelo. Sentia-me suja, de todas as formas possíveis. Eu me sentia podre, como há
anos não me sentia. Talvez o tempo tenha mudado minha percepção, meus
sentimentos, meus pensamentos. Sexo com aquele homem era algo totalmente
programado, trabalhado e calculado em minha cabeça, como parte de um plano que
tracei por um longo tempo. Eu havia mudado, me adaptado de acordo com a situação
em busca de um único objetivo. Havia criado em mim, uma mulher capaz de suportar
a tudo, e não sentir absolutamente nada. Mas naquele instante, eu sentia nojo.

- Droga, Camila... – sussurrei para mim mesma assim que algumas


lagrimas deixaram meus olhos. – Você não pode mais...

Escorei-me na bancada, sentindo um nó se formar no meio de minha garganta,


enquanto a vontade de chorar crescia cada vez mais. Era sufocante. Toda aquela dor,
aqueles sentimentos e lembranças, que se impregnaram em minha pele, e em minha
cabeça. Naquele momento, eu me sentia sozinha, outra vez, como se ninguém
pudesse me arrancar daquele emaranhado de sentimentos ruins. Meu desespero se
fez presente em lagrimas e soluços sentidos, que traziam consigo marcas de uma
vida dura.

- Você não pode chorar! – murmurei enquanto limpava as lagrimas revoltas que a
todo custo descia sobre minha face. – Não pode, Camila!

Sentia-me fraca, indefesa. E Lauren era culpada por aquilo. Não por meus atos, eu
era mulher o suficiente para saber que fora decisões minhas. Mas Lauren tinha culpa
em minha fraqueza, em meus sentimentos agora. Em pouco tempo ao seu lado,
tendo seus carinhos, suas conversas sinceras, sua confiança, e sua alma boa, ela
trouxe um lado bom em mim; um lado que durante anos julguei ter desaparecido. Era
como se ela tivesse resgatado a Camila de anos atrás, trazendo com ela todas as
minhas inseguranças e sentimentalismo que deixei de lado para me tornar o que sou
hoje. Lauren se tornou minha válvula de escape, minha libertação, mesmo que
momentânea. Foi meu ponto de paz. Com ela, eu me sentia viva outra vez, e pensar
na possibilidade de perdê-la, era como perder a única parte realmente boa em mim.

Ergui meu corpo, e segui para a banheira. A água morna me fez suspirar em meio aos
soluços assim que sentei em seu interior. Eu abracei minhas pernas curvadas próximo
ao peito, e permiti que todo aquele choro deixasse minha alma por longos minutos.
Em seguida, esfreguei cada canto de minha pele, em uma tentativa de apagar a noite
anterior, mas em foi vão. Havia sido a ultima vez que Christopher Collins tocaria em
mim. O jogo estava chegando ao fim.

Lauren Jauregui's point of view.

Aquele dia com certeza entraria para um dos piores desde que cheguei à Nova
Iorque. Na verdade, nos últimos tempos, tudo parecia dar errado. Me joguei no sofá
grande, enquanto um suspiro pesado deixava meus lábios. Minha cabeça estava
trabalhando cem vezes mais rápido do que o normal, me rendendo uma dor
insuportável. Eu retirei minha jaqueta, jogando sobre a poltrona ao lado, enquanto
tentava fazer meus músculos relaxarem sobre o estofado macio.

- O que você vai fazer, Lauren? – sussurrei para mim mesma.

Havia uma disputa em minha cabeça sobre o que aconteceria agora, tudo dependeria
de mim, certo? O próximo passo seria dado, e por ele, todo o rumo poderia ser
diferente. Agora, tudo parecia mais intenso, mais pesado. Depois de uma avalanche
de problemas, que pareciam não ter fim, eu teria que dar o próximo passo, contra ou
a favor. Eu fechei os olhos, e respirei bem fundo, sentindo o ar preencher meus
pulmões quase que por completo. Eu não sei por quantos minutos fiquei naquele
exercício, em busca de calma, mas não foi o bastante, até ser interrompido pelo
barulho insistente da campainha.

- Eu já vou! – exclamei irritada.

Aproximei-me rapidamente da porta, e ao abrir dei cara com a mulher.

- Oi, Lauren. – Keana murmurou de forma contida.

- Entra.

A mulher assentiu, e caminhou lentamente para o interior de meu apartamento. Eu


fiquei a observá-la, de longe, enquanto ela parecia pensar no que veio fazer.
- Desculpe aparecer sem avisar, mas eu queria muito conversar com você sobre um
assunto importante.

Permaneci em silencio, enquanto seguia para a sala novamente, sentando sobre o


sofá. Gesticulei com a mão para que ela se sentasse, e assim ela o fez.

- Sobre o que quer falar?

- Sobre o caso Collins.

- Ah, não! Chega disso, eu não agüento mais ouvir o nome desse homem. – exclamei
ao meu levantar.

- Lauren, por favor.

- Por favor, digo eu. Podemos falar sobre tudo! Menos sobre isso? Eu estou realmente
exausta de tudo que os envolva.

- Até de Karla? – indagou, fazendo-me encará-la.

- O que disse?

Keana olhou em meus olhos, mas logo desviou, enquanto soltava um suspiro fraco.

- Nada. Eu quero falar sobre o caso na delegacia.

- O que tem isso? Eu estou fora! A delegacia inteira sabe disso. – esbravejei enquanto
seguia para a cozinha, sendo seguida pela mulher.

- Eu sei, Lauren.

- E então?

Perguntei ao repousar a jarra com suco sobre o balcão, e encarar a mulher um tanto
nervosa.

- O comissário me colocou a frente do caso.

Meus olhos repousaram sobre os seus, enquanto engoli em seco o nó que se formou
em minha garganta. Nós ficamos em silencio por alguns segundos, enquanto minha
mente trabalhava sobre aquela informação.
- Lauren... – ela deu um passo a frente, fazendo-me recuar. - eu sinto muito, juro
que não foi minha intenção ao vir pra cá.

- Meu Deus...

- Por favor, não fique irritada comigo. Eu não poderia negar, é uma oportunidade
enorme. Ele estava procurando alguém, e eu me ofereci!

- Se ofereceu para o meu cargo? Para o meu lugar naquela delegacia?

- Você foi retirada, e eu sabia que não poderia recorrer! – exclamou nervosa.

- Você nem sequer me deu tempo disso, não é mesmo?- eu quase gritei, mas logo
voltei a minha postura.- Me deixe sozinha.

- Lauren...

- Eu só quero ficar sozinha. – disse de forma séria, e fria.

- Mas...

Eu caminhei rapidamente em direção a porta, abrindo-a de uma só vez.

- Eu preciso ficar sozinha. Então, por favor, saia.

Ela assentiu com um semblante tristonho e caminhou devagar até mim.

- Espero que isso não interfira em nada entre nós.

Permaneci estática ao lado da porta, enquanto ela se colocava para fora. Assim que a
vi totalmente fora de meu apartamento, encarei seus olhos novamente.

- Eu posso te ligar mais tarde? – perguntou.

- Não, eu não quero falar com ninguém.

- Laur...me deixa ficar!

- Até outra hora. – murmurei antes de fechar a porta, impedindo-a de responder.

Eu me encontrava exausta, de todas as maneiras possíveis. Era como se eu estivesse


nadando contra a correnteza, em um esforço contínuo para no fim me afogar. Em
questão de dias, o que julguei estar perfeito, desmoronou. Meneei com a cabeça em
um sinal negativo, enquanto caminhava em direção a cozinha novamente. Tirei meu
coldre, juntamente com minha pistola e distintivo, deixando sobre o balcão. Recolhi
toda a bagunça que Vero havia feito antes de sair, quando a campainha novamente
voltou a tocar.

- Inferno! Eu falei pra ela que não quero ver ninguém! – exclamei, enquanto
caminhava em direção a porta.

Parei diante da mesma, e puxei o maximo de ar possível para só então abri-la.


Encarei os olhos da mulher a minha frente, e soltei o ar em um suspiro irritado.

- Meu Deus, eu disse que quero ficar sozinha.

- Não vou te deixar sozinha agora. – foram suas palavras antes de adentrar meu
apartamento.

Nos vemos no próximo capitulo, mores. Sejam pacientes, tenho mais duas fanfics
para manter. Beijos!
Capítulo 28 - Novos elos.

Heeeeey, meus amores!

Como estão essa noite? Bem? Eu estou bem, e animada com a surpresinha que a
Juliana fez pra vocês hoje. Quero agradecer a ela, que há muito tempo vem dando
vida as imagens de Xeque-Mate e das minhas outras fanfics. Sempre fazendo um
trabalho maravilhoso com todas as manips, e agora com esse trailer sensacional!
Sério, eu acho que assisto ele todos os dias desde que ela me mostrou, espero que
gostem tanto quanto eu, desse trabalho incrível da Ju! Quero dedicar o capitulo de
hoje a ela, que merece demais. Amo você, Ju!

Agora sem mais papos, vamos ao que interessa...

Lauren Jauregui's point of view.

Permaneci deitada sobre o estofado macio de meu sofá, enquanto meus pensamentos
trabalhavam freneticamente a respeito de tudo que estava acontecendo. Sentia-me
verdadeiramente cansada, de todas as formas possíveis, no entanto, aquele não era o
momento certo para descansar ou desistir, pelo contrario, eu teria que empregar
todas minhas energias se eu quisesse sair daquele furacão. Pousei meu olhar sobre o
distintivo localizado sobre a mesa de madeira no centro da sala, observando cada
letra que compunha o objeto. Em anos de carreira, no qual me mantive engajada,
dando o melhor de mim, aquele era o pior o momento. Eu não havia escolhido aquela
profissão por ser a mais rentável, ou a mais prestigiada. Por trás daquela escolha de
vida, existia um sentimento, um propósito. Minha família carregava uma linhagem
profissional moldada sobre os órgãos de policia, sendo eles em seus mais
diferenciados cargos, mas a maioria lutava por um propósito: Justiça.

Desde muito nova, observar todas aquelas pessoas, tomadas pela coragem de sair de
suas casas para servir ao seu país, com objetivo de proteger seu próximo, enchia-me
de esperança e coragem. Eu sabia que nem todos eram honestos, ou completamente
certos, mas sabia que existiam as pessoas boas, e foi nelas que me espelhei durante
tantos anos, e seria por elas que eu lutaria. Quando se é policial, o senso de justiça
fala mais alto, deixando fora a parte o caminho da compaixão. Por vezes, muitos se
esquecem que por trás daquele presente problema, há muitos outros que o levaram
até ali. Ninguém nasceu ruim, o mundo os fez assim.
- Está tão pensativa. – a mulher murmurou ao se aproximar.

Keana sentou-se sobre a mesinha da sala, bem ao lado de onde eu estava deitada.
Entre suas mãos havia uma caneca de porcelana, do qual emanava um forte aroma
de chá, acompanhado da fumaça que se desenhava no ar. Ela ainda parecia um
pouco acanhada devido ao nosso ultimo contato, mas faria o possível para que ela se
sentisse tranquila outra vez.

- Só aconteceram muitas coisas ultimamente.

- Escute, Lauren... – encarei o olhar preocupado da mulher, que tão logo deixou que
um suspiro escapasse por seus lábios. – você me perdoa? Eu não quis passar por
cima de você. Nós sabemos como essas coisas acontecem, o caso iria para mão de
outra pessoa de qualquer maneira. É difícil manter, mesmo depois de recorrer.

Ergui meu corpo do sofá, sentando-me bem a sua frente, de modo que nossos joelhos
ficassem um na frente do outro.

- Keana, esqueça isso, certo? Eu fui idiota quando a tratei mal. – segurei em suas
mãos, deixando que meu polegar deslizasse suavemente sobre a pele macia daquela
região. - Fico feliz que tenha ficado com esse caso, e quero muito que tenha êxito na
resolução.

- Mesmo?

- Claro! Sei o quão difícil é ascender a um cargo na policia, e se você tem a


oportunidade, corra atrás.

- Você está sendo maravilhosa. – sussurrou com um sorriso.

- E como prova disso, vou te entregar todo meu material. Tudo que recolhi desde o
começo. Não precisa se guiar nele, mas por tirar suas conclusões a respeito.

Levantei do sofá, e segui para outra parte do cômodo, no canto da sala,


onde ficava minha mesa, uma espécie de mini escritório particular.

- Isso é maravilhoso! – exclamou ela.

Olhei para toda papelada espalhada sobre a mesa, aquilo estava uma
verdadeiramente bagunça. Sentei na poltrona, enquanto organizava as pastas do
caso Collins. Toda documentação, relatos, e pistas estavam ali. Keana se pôs ao meu
lado, observando cada item com atenção.

- Chegamos a recolher informação de uma conta na Suíça. Estava em nome de Heitor


Martinez, ex-sócio de Christopher.

- Estudei sobre ele, e o vejo como um dos principais suspeitos.

- Eu o vi também. Há uma historia um tanto dramática entre os dois.

- Um rompimento, certo? – indagou ao encostar-se à mesa, mantendo os olhos


atentos no papel em suas mãos.

- Aham, uma espécie de quebra na sociedade. Heitor perdeu tudo, e pelo visto,
Christopher se deu muito bem com isso.

Keana permaneceu em silêncio, ainda concentrada naquele relatório. Entregar todo


aquele material seria levá-la um pouco mais a frente do que fui capaz de chegar, mas
era meu dever lhe entregar todas minhas provas, certo?

- Há uma mente diabólica por trás disso. Fico surpresa com a habilidade para realizar
todos os atos, e não deixar rastros significativos. Não é para qualquer um. –
ponderou seriamente.

- Com certeza, quem está fazendo isso, por mais errado que seja, pode ser
considerado um gênio. – completei. – Não há rastros, todos foram apagados. Seja lá
quem for, tem um entendimento gigantesco sobre o sistema digital.

- Colocou Collins como suspeito? – perguntou após alguns instantes, atraindo minha
atenção.

- Sim. Ele é um homem relativamente inteligente. – dei de ombros. – e bom, o


sistema financeiro utilizado em sua empresa é um dos mais caros do mundo. Existe
uma clausula do contrato, onde esta empresa é responsável por uma multa caso seu
sistema seja violado. Essa multa gira com uma porcentagem considerável acima do
valor roubado.

Keana me encarava atenta, com as sobrancelhas franzidas no centro de sua testa.


Talvez aquela possibilidade não tivesse sido cogitada para a mesma, não até o
momento.
- Se for provado que o sistema não é tão seguro, a empresa paga a multa para a
Collins Enterprise?

- Exato. E diga-se de passagem, seria uma multa bilionária.

Ela assentiu, e virou a pagina para dar seqüência ao meu relatório de suspeitos. E se
eu me recordava perfeitamente bem, o suspeito seguinte era John.

- John é o advogado do Collins, está sempre ao seu lado. E bom, foi uma das pessoas
que sempre teve acesso a toda movimentação financeira da empresa. Ele não se trata
apenas do principal advogado, mas do braço direito do empresário.

- Nunca se pode confiar nas pessoas.

- Nunca. – reafirmei no presente momento em que ela olhou em meus olhos.

Voltei minha atenção às outras pastas, quando a mulher devolveu sua concentração
aos relatórios em suas mãos. Ela parecia realmente entretida, já que por longos
minutos, não me questionava sobre nada ali exposto.

- Pensei que ela não chegaria.

O aglomerado de papeis foi depositado sobre a mesa, bem a minha frente, sobre as
folhas aleatórias que há poucos segundos tinham minha atenção, expondo a pagina
no qual colocava Camila como suspeita. Meus olhos foram de encontro à foto, presa
com um clipe no canto da pagina. Na fotografia, a latina carregava seu ar imponente,
majestoso, como o de uma verdadeira rainha. Poucas pessoas conseguiam
transparecer tanto poder daquela forma, mas para Camila, era natural. Fazia parte de
quem ela era, e do que ela poderia se tornar.

- Ela é próxima de Collins, não poderia ficar de fora. – disse ao me


levantar. – mas creio que seu único defeito seja a infidelidade para com o marido.

Caminhei de forma despreocupada até a cozinha, sobre a supervisão do olhar de


Keana.

- Isso é um defeito para você? – indagou um tanto sugestiva.

Mantive uma expressão neutra, enquanto despejava uma boa quantidade de água
quente no interior de uma caneca sobre a bancada, remexi o saco com o sabor do chá
em seu interior, misturando com a água morna, colorindo a água com um tom
amarelado. Ouvi os passos delicados da mulher, informando que ela se aproximava.

- Não, isso com certeza deve ser um defeito na visão do marido dela, não na minha.
– falei ao me virar para a mulher, que estava encostada na bancada do lado oposto a
minha.

Keana assentiu devagar, deixando a pasta em um canto qualquer da bancada. Recebi


seu olhar incomodado, quase que enciumado? Mas nada falei, apenas levei a xícara
com o chá morno até meus lábios, ingerindo um pequeno gole.

- Sabia que ela morava em Nova Iorque, quando resolveu vir para cá?

Ergui as sobrancelhas um tanto surpresa com sua pergunta, mas balancei a cabeça
em um sinal negativo.

- Desde aquela noite, eu não tive mais noticias de Karla, até encontrá-la na empresa
do marido. Aquilo literalmente foi uma ótima investida do destino.

- Será que ficou tão surpresa quanto eu ao encontrá-la?

- Aposto que sim. – sorri, e me afastei.

- Você gosta dela? – perguntou de supetão.

Sua pergunta veio de forma inesperada, fazendo-me engolir uma quantidade maior
do que poderia suportar. Respirei fundo, tentando abafar aquela vontade maldita de
tossir.

- Não! – falei ao encará-la outra vez.

- Mas se envolveram depois daquela noite?

- Sim, algumas vezes. Mas não foi nada demais, só sexo. E bom, acredito que isso
agora tenha ficado para trás.

Depositei a caneca sobre a mesa, e me joguei no sofá da sala outra vez. Keana
permaneceu onde estava, parecia pensativa, e um tanto distraída.

- É melhor assim, ela é mulher do Collins. Não creio que seja bom arrumar problema
no meio de toda essa confusão, certo?
- Com certeza! Camila ficou para trás.

- Fora que ela é uma suspeita. Aquela mulher me parece manipuladora, e má, não
descarto a possibilidade de estar roubando o marido, já o trai.

- Não creio que tenha roubado. Camila tem uma ótima condição de vida, mesmo sem
o marido. Dinheiro literalmente não é um problema para aquela mulher.

- Pode ser. – deu de ombros. – mas não quero falar dela, vamos deixá-la para trás.

- É melhor assim.

Ela sorriu largo, e caminhou rapidamente ao meu encontro, sentando-se ao meu lado.

[...]

Olhei para Keana, que dormia com um semblante sereno sobre o sofá da sala.
Ficamos conversando a respeito do caso Collins por longas horas, debatendo as
inúmeras possibilidades para montar aquele quebra-cabeça. As horas se passaram
com tamanha pressa, que nem sequer me dei conta do quão tarde era.

Toquei em seu rosto suavemente, percebendo a intensidade de seu sono, com certeza
não acordaria tão cedo. Ergui meu corpo do sofá com todo cuidado, e tratei de
arrumar os papeis sobre a mesa de centro. Capturei nossas canecas, e as depositei
sobre a bancada da cozinha, antes de seguir para o corredor de meu apartamento,
até a ultima porta, onde havia uma pequena sala extra, uma espécie de escritório,
que mais usei como uma dispensa. Tirei as chaves de meu bolso, e destranquei o
cômodo onde entrei devagar. Tateei a parede com as mãos, a procura do interruptor,
para finalmente iluminar o lugar. Caminhei pelo interior da sala, deixando que meus
olhos focassem em todo o organograma espalhado pelas paredes brancas. A
seqüência de fotos, anotações, documentos e provas, tudo estava ali.

- Você pode ter me tirado desse caso, mas ainda vou pegar você. E eu
garanto, os anos no presídio serão poucos para o que você merece. – murmurei como
se pudesse olhar em seus olhos.

Aproximei-me da mesa de madeira, vendo a pilha de papeis ao lado de meu


notebook. Abri a pasta, pegando a foto que repousava sobre a primeira folha. Uma
bela foto, diga-se de passagem. Segui até o quadro principal, onde havia um espaço
em branco no centro do organograma. Retirei uma das tachinhas, de tamanho médio,
do pote sobre a cômoda, e cravei sobre a foto no quadro a minha frente.

- Achou que se passaria de inocente até quando? – indaguei com um sorriso de canto,
ao encarar os olhos intensos na foto.

Todo mundo tem um lado obscuro, seja em seus mais diversos sentidos, e opções,
ninguém era totalmente inocente. Por trás de olhares inocentes, gestos gentis,
existiam monstros acorrentados, prontos para carregar até os lugares mais
profundos, pobres descuidados. Sobreviver era bem mais difícil do que se imagina,
ainda mais quando se tem uma vida cercada por lobos disfarçados de cordeiros.

- Um belo jogo, mas você subestimou demais as outras peças. – sussurrei. - Um peão
pode ser tão bom quanto você, basta saber usar.

Afastei-me devagar, recuando alguns passos, sem tirar os olhos do organograma, que
passei longos dias montando. Tudo estava devidamente organizado, calculado.

Um passo a frente para o xeque-mate.

Apertei o botão do interruptor, deixando o cômodo totalmente escuro antes de me


retirar e trancar o lugar. Coloquei as chaves em um lugar especifico, longe de
qualquer curioso, e voltei à sala, observando a mulher deitada em um sono tranqüilo.
Aproximei-me de seu corpo, tocando os fios de tonalidade castanha de seus cabelos,
fazendo-a suspirar a contra gosto.

- Melhor ir para cama.

Recebi um sorriso preguiçoso, mas tão logo, Keana me acompanhou até o quarto.

Camila Collins point of view.

A noite pareceu se arrastar, os minutos mais pareciam horas de pura tortura


psicológica. Me remexi sobre a cama, vendo os raios de sol adentrarem pelas frestas
oferecidas pela cortina do quarto. Durante as horas de insônia, meus pensamentos
vagaram ao em torno de Lauren; era enlouquecedora a forma como a delegada
preenchia meus pensamentos ininterruptamente. Olhei para Christopher, que
suspirava em um sono pesado e profundo, bem ao meu lado na cama. Com
delicadeza, afastei o lençol que me cobria, enquanto erguia meu corpo do colchão,
utilizando de movimentos lentos para não despertar o homem ao meu lado. Livrei-me
das peças de roupa, e deixei que água morna do chuveiro caísse sobre minha pele por
longos minutos, o suficiente para proporcionar certo alivio ao estado exaustivo de
meu corpo. Após a ducha morna, realizei o restante de minha higiene matinal, e segui
para o closet, aonde determinei alguns instantes de meu tempo à procura de uma
bela roupa. Depois de perfeitamente pronta, degustei de um café da manhã farto
preparado por Eliza, e as outras empregadas.

- Deixe tudo organizado para o café da manhã de Christopher, se caso ele perguntar
por mim, diga que fui mais cedo para galeria.

A mulher balançou a cabeça em um sinal positivo, e eu apenas me retirei.

Eu não estava com animo, e muito menos com paciência para bancar a boa esposa,
contudo, me afastar do olhar supervisor de meu marido aquela manhã, era minha
melhor opção. Ao colocar os pés para fora da mansão, me deparei com um moreno
alto, de corpo esbelto, e semblante sério. Ele pousou os olhos sobre mim, como se
esperasse por alguma ordem.

- Você está à procura de alguém? – perguntei ao me aproximar.

- Creio que a senhora seja Camila Collins, certo?

- Sim, sou eu.

- Bom, sou Dylan Carter, fui encaminhado pelo comissário Brandon James. Sou seu
novo segurança particular.

Encarei os olhos castanhos do homem, quase em tom de mel, e suspirei pesado. Não
eram os olhos verdes de Lauren que me vigiariam por um dia inteiro, e eu teria que
me acostumar com isso, certo?

- Certo. Acompanhe-me, estou indo para meu trabalho.

Ele assentiu e prontamente seguiu meus passos como um cão bem treinado. Carlos
estava devidamente pronto, parado ao lado do carro que me levaria até a galeria.

- Bom dia, sra. Collins.

- Bom dia, Carlos.


Depois que nos acomodamos no interior do carro, ambos na parte da frente, e eu no
banco de trás, como mandava os costumes, seguimos pelas ruas de Nova Iorque até
a galeria Cabello. Dylan permaneceu ao lado de fora, no inicio do corredor, enquanto
me acomodei no interior de minha sala. O ar na galeria parecia bem mais leve do que
pelos cômodos da mansão Collins, aqui, eu não precisaria fingir.

- Estou realmente surpresa ao vê-la aqui tão cedo.

Ergui o olhar, e mirei a loira que adentrava a minha sala com um olhar curioso. Dinah
costumava chegar cedo ao trabalho, já que era a principal administradora depois de
mim.

- Bom dia, Dinah.

- Sua cara não está das melhores, parece que não dormiu. – murmurou a mulher ao
se aproximar, sentando-se na poltrona à frente. – bom dia, Mila.

- Eu realmente não dormi muito bem. Na verdade, eu não sei o que é dormir bem há
um bom tempo.

- Problemas?

- Sempre. – soltei com um sorriso.

A mais alta acomodou sua bolsa sobre a poltrona ao lado, enquanto levantava-se
rapidamente. Ela seguiu até a cafeteira, que ficava no canto de minha sala, próximo a
janela.

- Você tem andado muito pensativa, com certeza aconteceu alguma coisa. – disse ela
ao colocar alguns ingredientes no interior da cafeteira. – Sei que envolve sua
delegada.

Qualquer nome que mencionava a existência de Lauren, fazia-me pensar em Keana,


que com toda certeza estava grudada em seus braços agora. Ew.

- Envolve a minha vida, que é um desastre. – resmunguei, atraindo o olhar da loira. –


Sabemos, mas nunca vi você resmungar tristonha.

- Eu transei com Christopher.

- Você o que? – exclamou assustada, deixando o pote com açúcar cair sobre a
bancada de forma desastrada. – Oh, merda!

- Cuidado com isso!

Dinah virou em minha direção, com um olhar confuso, quase com um "quê?" enorme
no meio de sua testa. Desviei de seu olhar, encarando os papeis sobre a mesa,
quando ela se aproximou com os braços cruzados abaixo dos seios, a espera de uma
resposta.

- Estou esperando uma explicação, porque creio que desejo não tenha sido.

- Claro que não, nunca foi.

- E então? – me encarou, mas logo ergueu o dedo indicador, como se tivesse se dado
conta de meus pensamentos. – vingativa, como sempre.

- Não foi só por isso. – rebati rapidamente, fazendo-a transformar sua expressão em
uma careta desacreditada.

- Conheço você, sabia que iria fazer besteira! Me ligou do carro em meio as lagrimas
por ter visto a delegada com aquela policialzinha. Céus, Camila! Está se deixando
abater por amor.

Desviei de seu olhar novamente, era incomodo ter minhas fraquezas tão
expostas, mesmo sendo para Dinah, única pessoa que realmente me conhecia por
completo.

- Não me olhe assim, como se nunca tivesse feito nada de errado. – exclamei ao meu
levantar, e caminhar até a cafeteira que trabalhava freneticamente em nosso café.

- Por amor? Nunca fiz.

- Duvido! Lembro de seus namorinhos de infância! E das besteiras que fez.

- Nunca foi nada sério. Sabe que a única pessoa por quem realmente me apaixonei,
foi por Normani.

- Que seja! – bufei. – eu já fiz!


- Não entendo em que isso afeta Lauren. Digo, você poderia ter mentido, dito que
transou e pronto.

- Ela não acreditaria. Eu a fiz ouvir, Dinah. Ordenei que fosse a minha casa, ou
perderia seu emprego na delegacia. E ela foi, e ouviu tudo. – as ultimas palavras
saíram em um sussurro.

- Isso deve ter sido difícil. – ponderou, enquanto despejava um pouco do leite, e logo
em seguida o café.

- Espero que sim. Se ela se sentiu como eu ao visitar seu apartamento, pra mim está
ótimo.

- Vocês parecem duas crianças, com esse joguinho de não vou admitir que "gosto de
você".

- Mas isso já passou. – soltei de forma tranquila.

- Como foi?

- O que?

- A foda. – exclamou como se fosse obvio.

- Encenação, como sempre.

- E valeu à pena? Ter aquele homem tocando você novamente por puro capricho?

- Não foi apenas por capricho, havia outro motivo por trás.

A loira franziu o cenho, enquanto tinha a boca em contato com a xícara em suas
mãos.

- Que outro motivo?

- Eu não fiz isso somente para me vingar de Lauren. É claro que foi um grande
impulso, mas não sou tão idiota a esse ponto.

- Agora estou confusa.

Recostei meu corpo na poltrona, quando um suspiro pesado deixava meus lábios. Eu
não havia feito tudo aquilo por ciúme, é claro que havia uma grande parcela, mas os
motivos que me levaram a tal ato foram bem mais estratégicos.

- Ao voltar da casa de Lauren, depois de vê-la com Keana, segui para o hospital onde
Christopher estava internado. Fiquei por alguns minutos na recepção, aguardando
que ele fosse liberado, foi quando encontrei com o nosso medico, o que o atendeu
aquela tarde. Com a cabeça a mil por Lauren ter perdido o caso, me descuidei, e não
tratei dos assuntos com o Doutor. O homem chegou a mim, e informou que havia
conversado com Collins a respeito de remédios, mas especificamente os calmantes.

- E o que você fez? – indagou com os olhos arregalados.

- Eu não tive o que fazer! Christopher não é um total idiota, por mais que não tenha
certeza, sei que ele pode ter desconfiado de mim com relação aos calmantes. Ele
nunca ligaria isso ao roubo, mas pode sim ligar a traição.

- Sim, é uma grande hipótese. Ele não chegou a comentar nada com você?

- Não, eu não dei brecha para isso. Ele nem sequer deve lembrar a ultima vez que
transamos. E com toda certeza vai começar a ligar os pontos. Contudo, me entregar a
ele, e mostrar que não seria capaz de dopá-lo para evitar sexo foi a opção que me
veio a cabeça.

- Bom, pensando por esse lado, você fez certo. – deu de ombros. – precisa
prestar mais atenção, Camila.

- Fica tranquila, ok? Tudo está sobre controle agora. Vamos seguir com o plano, e
acabar logo com isso.

- Você está contando os minutos, não é?

- Você não faz idéia, Dinah. Os dias parecem mais longos agora, eu só quero que isso
acabe de uma vez. – murmurei com um sorriso fraco. – sabe, após transar com ele,
eu me senti a pessoa mais suja do mundo. Nunca senti tanto nojo de mim mesma
como naquele momento.

Dinah tocou em uma de minhas mãos suavemente, em um carinho reconfortante,


como se quisesse me dar apoio. Sua expressão não era das melhores, eu odiava
quando ela me encarava daquela forma; eu poderia ver em sua íris iluminada, o
sentimento de pena.
- Eu imagino o quanto isso deve ser difícil. Mas veja, isso está chegando ao fim! Não
pode desistir agora, e muito menos deixar que suas fraquezas a derrubem. Nós
passamos por muitas coisas, e estamos aqui, juntas, firmes e fortes!

- Eu sei, mas às vezes é pesado demais, entende? Sinto que minhas forças estão se
esvaindo a cada instante. – disse desanimada.

- Quer um motivo a mais para continuar? Fora o que já temos; que são muitos! –
falou em uma tentativa de me animar.

Deixei que um sorriso fraco nascesse em meus lábios, quando meus olhos foram
junto aos da mulher.

- Creio que saiba quem é a nova responsável pelo caso Collins, não é? – perguntou,
fazendo-me revirar os olhos em pura birra. – Pelo visto sim, vai mesmo deixá-la
enquadrar você?

- Nem morta!

- Então fique esperta no jogo!

- Aquela vagabunda, se acha que vai sair como heroína, resolvendo esse caso, está
completamente enganada. Ela não sabe com quem está lidando. – vociferei ao me
levantar da poltrona.

- Assim que eu gosto de ver! Karla Estrabao a todo vapor. – exclamou animada, com
os olhos fincados em mim. – Normani me disse que ela está o tempo todo na sala de
Brandon, provavelmente vai fazer tudo que ele mandar.

- E consequentemente tudo que o Collins ordenar. –completei, enquanto divagava


sobre a nova situação daquele jogo. – Dinah, é isso!

Keana era esperta, ambiciosa. Lauren mal havia sido retirada do caso, e não teve
demora a assumir seu lugar Uma vaga em um cargo importante, seria a ascensão em
sua carreira, e a ajuda de um bilionário, com a benção de um comissário não seria de
todo mal, certo?

- Keana e Collins.

- Do que está falando?


Girei sobre meus calcanhares, e inclinei meu corpo para frente, espalmando minhas
mãos sobre a mesa. Dinah me olhava, como se eu estivesse tendo alucinações, mas
eu estava tão eufórica com tal pensamento, que não poderia conter.

- Brandon tirou a Lauren porque Collins não a queria. Ela não estava disposta a
aceitar seguir a linha ordenada pelo homem, não facilitaria para ele caso encontrasse
algo que o incriminasse, mas Keana, pelo jeito, vai ser diferente.

- Espera...está dizendo que...

- Estou dizendo que Keana será usada por Collins e por Brandon. Ele não custará a
seduzi-la. Eu o conheço como ninguém, sei do que ele é capaz. Ela vai seguir com a
investigação beneficiando meu marido, o contrario do que a Lauren fez.

- Por isso ela está tão presente na sala de Brandon!

- Exato! Isso é musica para meus ouvidos. Eu vou derrubar três peças com uma
jogada só!

- Temos que ficar espertas, Camila. Estamos chegando à linha de frente


com o inimigo.

Um sorriso nasceu em meus lábios. Confesso que toda aquela adrenalina me


impulsionava a jogar com mais vontade.

- Vamos nos reunir, eu quero planejar minuciosamente a nossa ultima jogada. Eles
não sabem o que os esperam.

- Espera, ultima?

Encarei o olhar surpreso de minha melhor amiga, e balancei a cabeça em um sinal


positivo, antes de me sentar na poltrona confortável.

- A ultima e a melhor de todas. Será o nosso tiro de misericórdia.

Keana Marie Issartel point of view.

Semanas depois...
Tentei me manter concentrada na tela do notebook, onde relia pela terceira vez o
ultimo relatório encaminhado pelo banco central da Suíça. O gerente geral havia
encaminhado o documento com os dados de Heitor, como os que Lauren havia
conseguido há tempos atrás. O caso Collins era um perfeito enigma, que escondia a
identidade do autor de um crime tão minuciosamente planejado. Mesmo com auxilio
da equipe policial, e do comissário, as pistas legais se encaminhavam por um único
caminho, que levava a Heitor. A diferença era que nas ultimas semanas, uma nova
peça entrou em jogo, colocando meus pensamentos iniciais em questão.

- Bom dia!

Lancei um sorriso cansado para Lauren que agora estava parada na soleira da porta
com um olhar tranqüilo.

- Bom dia, agente Jauregui. Entre.

A mulher se aproximou de minha mesa, recostando-se na cômoda que ficava logo


atrás de mim. Recebi um beijo rápido no topo de minha cabeça, fazendo-me suspirar.
Lauren e eu estávamos em uma espécie de amizade com benefícios, nada além disso,
de acordo com a mesma, relacionamento não era seu objetivo. No fundo eu sentia
que Camila tinha uma grande participação naquilo, não de forma direta, já que ambas
as mulheres quebraram o contato, desde o episodio em sua casa. Lembro de ver a
expressão irritada de Lauren ao contar sobre ter ouvido a mulher transar com o
marido.

- Muito atarefada?

- Bastante. Esse caso está consumindo minhas energias. – bufei.

- Entendo perfeitamente. – completou ao se afastar, sentando-se na cadeira a minha


frente. – mas creio que vá conseguir, estou aqui pra ajudar você.

- Obrigada, você tem sido maravilhosa.

Lauren sorriu gentilmente, fazendo-me fita-la por mais tempo que o necessário. Ouvi
algumas batidas na porta, e assim que encarei a entrada da sala, avistei a agente
Kordei que não tardou a entrar.

- Com licença, agente Issartel. – murmurou a mulher ao entrar com uma pilha de
papeis no braço.

- Pode entrar, agente Kordei.


- Desculpe interromper, mas estou encarregada de entregar as correspondências
hoje. E esta aqui está em seu nome. – ela estendeu o envelope branco, se remetente,
apenas com meu nome.

- Muito obrigada.

- Não tem nada pra mim? – Lauren indagou com um sorriso.

- Ah, não, agente Jauregui.

- Ninguém liga pra mim. – brincou.

- Para não dizer que ninguém liga, a agente Iglesias solicitou sua presença na sala
dela agora.

- Eu já estou indo, por favor, pode avisar a ela?

- Claro. Até mais. – disse ela ao se retirar.

Lauren ergueu seu corpo da cadeira, e caminhou até a cômoda no canto


da sala, servindo-se de um copo com água. Eu permaneci em silencio, enquanto
analisava o envelope fechado em minhas mãos.

- Está tudo bem? Parece que acabou de receber uma bomba. – brincou após
bebericar um pouco do liquido em seu copo.

Soltei um sorriso amarelo, e meneei com a cabeça em um sinal negativo.

- Está tudo bem, só me sinto cansada. – falei ao desviar de seu olhar.

Lauren ficou parada, encarando-me por alguns instantes, ela era observadora demais
para acreditar tão facilmente, mas não era intrometida a ponto de insistir. Pelo
contrario, apenas assentiu com um sorriso tranqüilo.

- Eu vou falar com Iglesias, depois nos falamos, só passei para dar bom dia.

- Certo, podemos almoçar juntas! – sugeri com um tom mais animado.


- Perfeito. Nos vemos depois! – falou antes de se retirar.

Assim que a mulher fechou a porta, deixando-me completamente sozinha, voltei


minha atenção ao envelope sobre a mesa.

Mais uma.

Desde o momento que assumi o departamento de grandes casos, a presença de


cartas anônimas se fez constante, como uma espécie de aviso sobre meus
investigados, bom, na verdade, o conteúdo de todas se referia a apenas um deles:
Christopher Collins. Alguém estava muito interessado em expor uma face negativa do
empresário, e tinha como objetivo incriminá-lo. A situação se tornava um tanto
confusa, fazendo-me entrar em uma maré de pura desconfiança. O autor das cartas
anônimas poderia ser o responsável pelo roubo, tendo como objetivo apenas jogar
Collins para os leões, ou de certa forma, poderia ser uma espécie de justiceiro, que
apenas ansiava por um fim justo.

"Está desperdiçando tempo, ele não é tão inocente quanto imagina. Você tem poder
para descobrir, procure. Mas se te deixa menos apreensiva, aqui vai uma pista."

As letras eram perfeitamente organizadas pela fonte de um computador qualquer,


impossibilitando qualquer ligação a algum suspeito. Depois do pequeno aviso, havia
uma seqüência de letras e números, que identifiquei como um link. Afastei o envelope
para o canto, e voltei minha atenção ao notebook sobre a mesa. Digitei cada código
lentamente na barra de procura do navegador, e ao terminar cliquei sobre o botão de
busca no mouse. O monitor expôs um arquivo em PDF, alguns documentos
importantes, como: contratos, certidões, seguido por fotos, e endereços. Perdi longos
minutos lendo cada linha daqueles registros, dando-me conta do que se tratava. Os
documentos se referiam a criação de uma empresa, chamada Indústrias Turner, que
foi fechada há alguns anos, como falência inesperada.

O que Christopher Collins tinha em comum com as Industrias Turner? Meneei com a
cabeça em um sinal negativo, e continuei a vistoriar o arquivo, vendo as imagens de
um prédio grandioso, de arquitetura antiga, mas bem conservada. Salvei todos os
arquivos, em diversos pontos seguros, antes de guardar uma copia em meu pendrive.
Dobrei a carta rapidamente, e a juntei com as outras que permaneciam trancafiadas
na gaveta de minha mesa. Quem quer que fosse, sabia de muitas coisas, e não teria
pena de derrubar o empresário.

Depois de alguns minutos divagando sobre o ocorrido, resolvi que a melhor saída
seria encaminhar os acontecimentos ao comissário. Brandon estava sempre presente,
me auxiliando da melhor maneira possível, e seguir suas instruções, realizando seus
desejos seria a melhor maneira de me manter firme no departamento de grandes
casos, já que o caso Collins era um breve teste diante a minha permanência.

- Posso falar com o senhor, Comissário?

- Claro, agente. Entre.

Me aproximei devagar, assumindo o lugar na poltrona a frente de sua mesa. O


homem de cabelos grisalhos me encarou com um semblante curioso, enquanto
recostava seu corpo em sua cadeira.

- Aconteceu alguma coisa? Está tensa.

- Sim, está acontecendo.

Ele ergueu as sobrancelhas e inclinou seu corpo para frente.

- Conte-me, para que eu consiga ajudá-la.

[...]

A informação levada ao comissário foi de tamanha importância, que tão logo o senhor
de mais idade entrou em contato com Christopher, que ordenou nos encontrar o mais
rápido possível. Já era tarde da noite, e estávamos os três reunidos em um bom
restaurante no centro da cidade. O lugar era realmente luxuoso, se adequando
perfeitamente bem aos costumes do empresário tão charmoso a minha frente. Collins
era um homem atraente, de olhar galante, esbanjando seu ar poderoso, tão parecido
com o de sua esposa, que naquela noite não se fazia presente. Acredito que o marido
não dividia assuntos tão delicados com a mulher, e fazia certo a meu ver. Karla não
me transmitia confiança.

- Há quanto tempo vem recebendo essas cartas? – indagou serenamente

- Há umas duas semanas e alguns dias.

Vi os olhares trocados por ambos os homens ao meu lado, fazendo-me perceber certa
cumplicidade. Brandon era como um fiel escudeiro para o empresário; fazia de suas
vontades o caminho para seguir, sem questionar ou retrucar. E pelo que vi, recebia
muito bem por aquilo.
- Estão querendo me incriminar por algo que nem sequer tenho envolvimento. Isso
são águas passadas, brigas sem futuro. Aconselho deixar essas informações
guardadas conosco. – ponderou o moreno seriamente.

- Não acha que isso seria um problema? O que aconteceu com as Industrias Turner?

Christopher olhou em meus olhos, enquanto erguia a taça com vinho branco até seus
lábios, ingerindo um pouco do liquido alcoólico.

- Fique tranquila, isso não é de hoje. Brandon aqui já lidou com a mesma situação, e
tudo está bem, não é Comissário?

- Sim, claro! Não há o que se preocupar. É como falei para você hoje mais cedo. Há
muitas pessoas que não aceitam perder, e querem a todo custo derrubar alguém que
conseguiu o melhor.

Eu assenti brevemente, recebendo um sorriso sereno de Collins.

- Veja bem, Keana...

Senti o toque suave de uma das mãos de Christopher sobre meu braço, que
descansava sobre a lateral da mesa. Seus olhos claros me fitaram com tamanha
intensidade, que pude sentir meu corpo inteiro arrepiar.

- Não tire seu foco do principal objetivo, ok? Estive conversando com Brandon, e ele
me informou que colocou esse caso em suas mãos como uma espécie de teste, para
saber se merece ou não esse departamento tão importante. Acredito que você é uma
ótima profissional, e sonha em conseguir o melhor em sua carreira, certo?

Olhei para sua mão, e logo em seguida para seu olhos, alternando vez ou outra para
o comissário ao nosso lado.

- Exatamente, eu estou dando o melhor de mim para resolver esse caso e conseguir
esse cargo tão importante. Seria um marco em minha carreira que está apenas
começando. – falei de forma sincera.

- Isso é ótimo. Pensamento grande é o primeiro passo! O Segundo é caminhar pelos


seguimentos corretos, vai conseguir alcançar seu objetivo sem tanto esforço.

- Do que está falando?


Ele interrompeu nosso contato, com um sorriso galante nos lábios.

- Se conseguir descobrir quem está roubando minha empresa, e enquadrá-lo, será a


nova heroína e prometo recompensá-la muito bem. Assim como fiz com o meu amigo
Brandon aqui. Tornou-se um perfeito comissário com minha generosa ajuda.

Brandon sorriu brevemente, recebendo uma batida de leve nas costas pelo
homem ao seu lado. Eu franzi o cenho, enquanto procurava entender o que acontecia.
Christopher Collins era um dos mais renomados empresários do campo petrolífero do
mundo, e não era tão difícil se intrometer na ascensão da carreira de um policial,
quando se tinha tanto dinheiro, certo?

- Ouvi dizer que em pouco tempo Brandon vai se aposentar, cansou dessa vida tão
frenética. E seria maravilhoso ter alguém de confiança em seu lugar. – completou ao
repousar sua mão sobre a minha.

Céus, ele estava me prometendo o cargo de comissário?

- Como terei um grande peso na escolha do próximo, não será tão difícil. – disse o
mais velho.

- Não mesmo, e com uma mãozinha, tudo fica como queremos.

Abri um dos mais largos sorriso para ambos, e assenti rapidamente.

- Vou achar o responsável pelo roubo, e vou me manter focada nisso. – afirmei
seriamente.

- Perfeito.

Christopher acariciou minha mão sutilmente e encarou o olhar confiante do


comissário.

- Só mais uma coisa! – sussurrou, atraindo minha atenção. – Precisa continuar me


mantendo informado de tudo que acontecer, assim como essas cartas. Absolutamente
tudo, ok?

- Ok! Vou passar toda informação.


Dinah Jane's point of view.

O homem perfeitamente uniformizado, com seus trajes sociais exigidos pelo


restaurante, despejou outra quantidade de champagne em minha delicada taça de
cristal. Lancei um sorriso tranqüilo, balançando a cabeça em um breve sinal para que
ele se retirasse. Após repousar a garrafa do item mais caro oferecido pelo lugar sobre
o balde preenchido com gelo, retirou-se educadamente logo em seguida. Afastei a
mecha escura da peruca para trás de minha orelha, enquanto mantinha minha
atenção sobre o visor de meu celular. Procurava pelo numero de Camila na infinidade
de nomes em minha agenda telefônica. Ao encontrá-lo, pressionei sobre o ícone,
iniciando uma ligação.

"Alô?" - disse ela após o terceiro sinal de chamada.

"Olá, rainha."

"Que voz animada, tem boas noticias?"

Soltei um breve sorriso, e de maneira sutil voltei meus olhos para a mesa do outro
lado do restaurante, onde estava Christopher, Keana e Brandon.

"Tenho ótimas noticias."

"Conte-me então."

"Tudo está correndo como planejamos. A isca foi mordida com sucesso."

"Onde você está?"

"No mesmo restaurante que seu marido, e a agente Issartel, acompanhada do puxa
saco do Brandon."

"Não acredito que realmente foi, pensei que faria de outro modo" – Camila falou em
um tom surpreso, e ao mesmo tempo divertido.

"Querida, estou jantando em um dos melhores restaurantes da cidade, tomando o


champagne mais caro do menu. Enquanto escuto aquele imbecil propor um cargo de
comissário a Keana."

"Collins sempre previsível. Comprando a idiota que se deixou levar." – ponderou


tranquilamente, seguido por um suspiro. – "Espere, está ouvindo? Não acredito que
está se colocando em risco."
"Ah! Me ofende a maneira como esta me subestimando, Cabello. Sou sua cria, apesar
dos seus deslizes, estou fazendo tudo certinho."

"Está?" – indagou curiosa.

"Sim, escolhi a mais bela peruca, e devo dizer que fico perfeitamente linda com os
cabelos escuros."

"Não duvido, mas ainda prefiro você loira."

"Eu também! Mas enfim, não se preocupe, estou segura. Escolhi uma mesa bem
distante, optei por escutas. Dei em cima de um funcionário e descobri em qual mesa
seu marido ficaria. Então tratei de colocar um pequeno ponto de áudio nessas
florzinhas chiques que tem sobre a mesa."

"Agente secreto, estou adorando." – zombou risonha.

"Somos quase como as três espias demais, concorda?"

"Hmm, talvez." – redargüiu serenamente. – "O importante é que conseguimos o que


precisávamos, agora, só basta agir."

"Admito que estou ansiosa, nunca planejamos algo tão..."

"Monumental?" – completou minha frase em duvida.

"Exato."

"Esperei por isso por muitos anos, o final precisa ser grandioso."

"E será, Camila. Só espero que tudo dê certo, não podemos esquecer que se isso der
errado, você está perdida."

A latina ficou em silêncio por alguns instantes, fazendo-me suspirar nervosa. Depois
de seguidas reuniões, no qual planejamos nosso próximo ato de forma minuciosa,
ainda me sentia insegura. Camila nunca havia sido tão ousada em suas jogadas, era
tudo muito silencioso e discreto. Mas daquela vez, fugimos de nossa zona de conforto,
optando por um final triunfal.

"Eu posso cair, mas levo esse desgraçado comigo até o inferno."
A coisa vai pegar fogo! Até o proximo capitulo, meus mores!
Capítulo 29 - Premonição?

Olá, lindas e lindos!

Como eu prometi, voltei com um capitulo novinho! Primeiramente, queria dizer que,
vocês não podem ficar com medo de ler os capítulos, seja lá o que tiver neles. E nem
esperar alguém ler pra ver se é seguro. Perde a graça desse jeito. Então vamos ler,
vamos tombar, todo mundo junto. Obrigada pela paciência, e vamos ao que
interessa. Estamos em momentos muito legais. Eu adorei escrever esse capitulo
porque fiquei MUITO nervosa. Espero que gostem também! - Evelin.

Gaby, nunca fiz nota pra ti, então, aqui vai uma..surta mto, e se não ler agora, não
falo contigo até eu assistir o proximo capitulo de greys. bjs asodnlsaodlçsa - Sindy

Sem mais papos, vamos ao que interessa!

Camila Collins point of view.

Olhei pela janela da sala, enquanto meu marido caminhava lentamente até o carro
estacionado em frente a nossa casa. Carlos se aproximou rapidamente, abrindo a
porta para o homem que mantinha a atenção presa ao telefone celular. Um sorriso
nasceu em meus lábios em pura euforia por saber quem estava do outro lado da
linha. Bem como esperado, previsível. Assim que o carro deixou os aposentos da
mansão Collins, fui à procura de meus pertences, tais como chaves, celular e bolsa.
Tinha um compromisso importante, na verdade, um propósito, e precisava cumpri-lo.

- Para onde vamos, senhora? – Dylan indagou assim que coloquei meus pés para fora
de casa.

- Eu vou a um compromisso. Mas quero que você tire o resto do dia de folga.

- Mas, senhora Collins... – insistiu ao seguir meus passos.

Eu respirei fundo, enquanto caminhava sobre meus saltos em direção ao meu carro
estacionado na garagem. Apertei no pequeno controle, destravando o veiculo, para
então me acomodar no interior da Ferrari.

- Eu não posso deixá-la sair sozinha, fui pago para...

Abri minha bolsa escura, retirando algumas cédulas do interior recheado, para então
voltar minha atenção ao homem que estava ao lado de fora.

- Sr. Carter, faça o que estou mandando, ok? Aqui está um agrado pra você
aproveitar seu dia. – falei persuasiva e direta, enquanto colocava alguns bons dólares
no bolso de sua camisa.

O homem olhou para o bolso preenchido com dinheiro, e depois voltou seus olhos
para mim.

- Saiba que se me seguir, eu mando demitir você. E não duvide que eu possa fazer
isso. – soltei com um sorriso cínico, antes de voltar a minha posição no carro, e subir
o vidro da porta.

Liguei o automóvel, ouvindo o ronco grosso da Ferrari assim que pisei sobre o
acelerador. Encarei o olhar abobalhado de Dylan, e acenei rapidamente antes de
arrancar com o carro dali, deixando o segurança para trás. Mantive meus olhos no
retrovisor, apenas para ter certeza que Dylan não iria me seguir, e obediente,
realmente não o fez. Ganhei as avenidas nova iorquinas com os pneus de minha
Ferrari até o prédio de Lauren. Estacionei na vaga de costume, bem ao lado do carro
da mulher, e segui para o elevador. Toquei a campainha apenas duas vezes, e tão
logo ouvi o barulho interior. Ergui a cabeça, e respirei fundo, pedindo coragem para
encarar aqueles olhos verdes.

- O que você está fazendo aqui? – foram suas primeiras palavras ao notar minha
presença.

- Você já foi mais receptiva, Lauren. Não é assim que se trata uma visita como eu. –
falei ao passar por ela, entrando em seu apartamento.
Olhei por todo cômodo de forma cautelosa e precisa, apenas para ter
certeza de uma coisa. Ela estava sozinha. Girei sobre meus calcanhares, e encarei a
mulher que agora me fitava com uma expressão séria. Lauren fechou a porta, e
cruzou os braços abaixo do seio, enquanto se aproximava.

- O que quer aqui?

- Quero conversar com você.

- Nós não temos nada pra conversar, Camila. – seu tom de voz era seco, quase
cortante.

- Nós temos sim, muita coisa pra conversar.

Lauren assentiu, e encostou-se à pilastra de concreto atrás de si, enquanto esperava


pelo que eu tinha a dizer. Ela estava incrivelmente atraente, fazendo-me praguejar
por ser tão fraca aos meus desejos. A delegada usava um short de algodão cinza, que
deixava boa parte de suas coxas grossas bem evidentes. Na parte de cima, apenas
uma camiseta preta, simples, de alças finas, e para piorar minha situação, sobre o
tecido negro, eu poderia notar a leve elevação de seus mamilos. Ela estava sem sutiã.
Merda!

- E eu posso saber do que se trata? Porque vendo nossa situação atual, não temos
mais nenhum tipo de vinculo, seja sexual ou trabalhista.

- É justamente disso que eu vim falar. – falei ao tomar fôlego, e largar minha bolsa
sobre o sofá.

Lauren franziu a testa, unindo suas sobrancelhas no centro da mesma.

- Por que mandou colocar aquele tal de Dylan no seu lugar? Por que diabos abriu mão
do cargo?

Sua expressão confusa tão logo se transformou. Lauren deixou que um sorriso sacana
enfeitasse seus lábios rosados.

- E ainda tem a cara de pau de me perguntar o por quê? Sério?

- Claro! – dei de ombros.


- Você é uma cínica mesmo. Não se lembra da ultima vez que estive na sua casa?

Eu lembrava, aos mínimos detalhes, mas não ousaria dizer. Meu silêncio preencheu o
ambiente, dando espaço para que ela continuasse a falar.

- Vejo que você se lembra... – Lauren murmurou ao iniciar passos lentos ao meu
redor. – tudo aconteceu como planejou, não é? Queria se vingar de mim.

Mantive minha postura firme, com a cabeça erguida. Naquele instante, a delegada
sabia que estava em vantagem, minha ausência de provocações e argumentos
expandiu seu campo de ataque.

- Você mereceu.

- Mereci? Mereci ouvir você se entregando aquele inútil do seu marido? – perguntou
ela ao parar a minha frente.

- Não fale como se fosse inocente, Lauren. Não combina com você.

- E muito menos com você, Sra. Collins.

Ela carregava um maldito sorriso sarcástico nos lábios, que mais era comum para
mim. Sentia-me acuada, e aquilo me deixava em pânico. A essência do jogo sempre
foi minha, eu ditava as jogadas, eu atacava.

- Nunca disse que era inocente. Mas não se esqueça do porque fiz aquilo.

- Fez por ciúmes. – rebateu.

Soltei uma risada irônica que preencheu todo aquele cômodo. Lauren abusava de
minha boa vontade, e paciência.

- Fiz pra você ver como te afeta.

- Não me afeta!

- Não? – arqueei uma sobrancelha, lançando uma expressão de duvida.

- Não!
- Não seja covarde! Admita que te afeta!

Ela engoliu em seco, seus olhos verdes, que agora exibiam uma tonalidade mais
escura, se fixaram sobre mim.

- O que você quer com isso? Hum? Foi você que começou esse maldito jogo! Queria
um bom sexo, não é? Eu te dei um bom sexo, coisa que eu tenho certeza que seu
marido não te proporciona. – exclamou exaltada. – Não entendo sua fixação comigo,
já que seu único objetivo era ter prazer.

- Fixação?

- É o que tem por mim, não é? Me persegue, me instiga.

Desviei de seu olhar, enquanto ria de nervosismo da mulher a minha frente.

- Não percebe? Eu apenas fui o que você deseja, Lauren. Eu te seduzi, e você se
prendeu a mim. Esse teu desejo desmedido que se tornou uma fixação. – eu dei um
passo à frente, me aproximando mais dela. – essa tua vontade que te aproxima de
mim. E não só isso...

Eu podia ver o peito de Lauren subir e descer de forma intensa, seguindo o ritmo de
sua respiração pesada, ofegante. Por alguns instantes, meus olhos se perderam sobre
sua pele clara, macia e tão familiar para mim. Não precisava de muito para se
estabelecer uma aura mais densa entre ela e eu. Apenas segundos. Segundos
valiosos que nos prendiam naquele emaranhado de sensações.

- Vai embora daqui, Camila.

Inclinei minha cabeça para frente, diminuindo quase que totalmente a distancia entre
nós. Lauren fechou os olhos, e suspirou, quase que em uma suplica silenciosa para
manter o controle sobre seu corpo que ansiava por mim a cada célula. Eu não estava
diferente, eu poderia estar bem pior. Cada centímetro de minha pele se encontrava
aquecido por aquele desejo devastador que nos consumia.

- Você não quer que eu vá. – falei ao tocar suavemente sobre o busto de Lauren com
a ponta de meus dedos.

Seria possível me sentir totalmente excitada com aquele mínimo contato? Meu sexo
alarmava para todo meu corpo, o estado deplorável no qual me encontrava. Talvez
fosse a saudade de seus toques, de nosso contato, naquele instante meu tesão por
Lauren era muito mais intenso do que asúltimas vezes. Tateei com a ponta dos dedos
sobre a parte superior de seus seios, sentindo sua pele quente, abaixei a palma da
mão por completo sobre sua pele, agora sentindo até seu coração acelerado. Lauren
abriu os olhos, e me encarou intensamente, como se pudesse me despir inteira.

- Você não vai fazer isso comigo.

Eu franzi o cenho com uma expressão confusa, agora vendo um sorriso quase
diabólico nos lábios da delegada.

- Você adora me envolver nos seus joguinhos de sedução, não é? Me doma facilmente
com seus encantos diabólicos. – Lauren afastou minha mão de seu corpo, e recuou
alguns passos. – Mas isso não vai acontecer mais.

Antes que eu pudesse protestar, ela se aproximou novamente, agora assumindo uma
posição atrás de mim. Os pelos de meu corpo se eriçaram no exato instante que senti
o hálito quente da mulher vir de encontro a minha nuca, já que meus cabelos
estavam amarrados em coque. Fechei os olhos ao sentir suas mãos tomarem posse
de minha cintura, em um aperto que fez meu corpo voltar aquele calor absurdo.

- O que quer dizer com isso? – perguntei ainda inquieta.

- Que você me subestima demais, Karla. Se acha a rainha desse jogo.

- Eu sou.

- Não discordo, você realmente é a rainha desse tabuleiro. – ela terminou aquela
frase, e prendeu meu corpo com o seu, fazendo-me suspirar em surpresa.

- Sou, sou a rainha.

Minhas palavras saíram sussurradas, enquanto seus lábios macios e sua língua
quente deslizavam por minha nuca tão lentamente. Meu corpo queimava de tamanho
tesão que ela me proporcionava.

- Sim, mas tem suas fraquezas.

- Não tenho. – protestei, recebendo outro aperto em minha cintura.


- Tem! Eu sou sua fraqueza, Camila Collins.

As palavras de Lauren vieram carregadas de tamanha intensidade, fazendo meu


corpo inteiro vibrar. Merda! Ela não estava errada, e sabia muito bem disso. A
delegada havia encontrado os furos de meu jogo tão planejado, e como uma boa
adversária usaria a seu favor.

- Quem te garante isso? – perguntei ao virar meu corpo, e encarar seus olhos
misteriosos.

Lauren sorriu de canto, e repetiu meus movimentos de minutos atrás. No entanto, ao


invés de tocar minha pele com as mãos, foram seus lábios que pousaram sobre a
parte superior de meus seios. Um beijo suave, porém demorado.

- Seu corpo... – ela beijou outra vez, agora mais acima. – suas atitudes.

Suas mãos se apossaram novamente de meu corpo, enquanto sua boca percorria
uma trilha sobre minha clavícula, em direção a meu pescoço.

- Acha que eu não sei que morreu de ciúmes esse tempo todo? Que não sentiu raiva
quando me viu com Keana? Acha mesmo que eu não sei que fez tudo aquilo com seu
marido para se vingar de mim pelo seu ciúme?

Ela usava de minhas táticas para me vencer. Todos aqueles truques de sedução
sempre foram usados e abusados por mim, e como boa aprendiz, agora era Lauren
quem me envolvia em suas teias.

- Está enganada. – protestei nervosa, sentindo meu peito ofegar.

- Sabemos que não estou. Por que não admite? – seus lábios agora estavam em meu
pescoço, e a ponta de sua língua desenhava sobre meu ponto de pulso. – Admite,
Camila. Admite que é louca por mim, que perdeu os eixos de seus planos.

Lauren deu alguns passos a frente, empurrando meu corpo até seu sofá. Não
demorou nada, e me vi caindo sobre o estofado macio, recebendo o corpo da mulher
sobre o meu. Encontrava-me totalmente rendida, entregue, e por mais que eu
quisesse virar as peças daquele jogo, encontrava-me perdida.

- Não, não vou... – sussurrei.

- Vai sim, você vai porque estou mandando.


Lauren encaixou seu corpo com o meu, deixando que uma de suas coxas ficassem
entre minhas pernas, e consequentemente próximo a meu sexo. De forma tentadora,
e habilidosa, ela chupou meu pescoço ao mesmo tempo em que sua perna
pressionava contra minha boceta.

- Ah, merda! – exclamei subitamente.

Meus olhos se fecharam rapidamente, espremendo-se em puro instinto. Envolvi o


corpo da mulher com as mãos, apertando-a contra mim. Lauren por sua vez só
desgrudava a boca de minha pele para provocar-me.

- Fala que é louca por mim. Fala porque fez tudo aquilo. Fala! – ela pressionou seu
joelho sobre minha boceta, fazendo-me crava as unhas em suas costas.

- Para com isso...

Ela nunca havia sido tão provocante e objetiva como naquela manhã. Sentia-me
cercada, sem escapatória. Lauren estava sedenta por uma resposta, e eu sabia muito
bem qual era a resposta. Proferir aquelas palavras seria me entregar de corpo e alma
para aquela mulher. Eu estava pronta?

- Diga, Camila... – ela roçou seus lábios pela linha de meu maxilar, até próximo de
minha boca.

Meu coração bombardeava meu peito, como se a qualquer instante pudesse sair por
minha boca. Meu corpo e minha mente se desligaram do ultimo fio de equilíbrio que
me restava. Lauren pressionou seus lábios nos meus, e os moveu delicadamente,
fazendo-me suspirar quase em alivio por matar a saudade que eu carreguei de seu
beijo. Era ridícula a forma abestalhada e excitada como aquela mulher conseguia me
deixar com um único beijo. Sua língua adentrou minha boca com maestria, deslizando
suavemente sobre a minha, deixando-me sentir o toque suave e excitante que nos
provocávamos. Ela a sugou de forma tão gostosa, que me sentia fora de órbita.
Minhas mãos deslizavam por suas costas, enquanto minhas unhas deixavam rastros
mais intensos.

- Por que ficou tão irritada ao me ver com outra? Por que quis se vingar? –
ela sussurrou contra meus lábios, e em seguida olhou em meus olhos. – por que não
consegue ficar longe de mim?
- Me deixa em paz!

Ela riu, e se sentou em meu quadril rapidamente.

- Não ria.

- Tenho vontade de rir do seu desespero.

- Não estou desesperada. – disse rapidamente, evidenciando que estava


desesperada.

Lauren riu novamente.

- Idiota. – resmunguei ao empurrar seu corpo de cima de mim.

- Para com isso!

Continuei a empurrá-la, empregando todas minhas forças para sair de suas garras.
Foram tentativas falhas, quando ela pressionava suas coxas ao redor de meu corpo, e
desviava minhas mãos com as suas.

- Eu te odeio! – exclamei.

- Não, não! Não é isso que eu quero ouvir, e sabemos que seu sentimento por mim é
totalmente o contrario.

Uma risada nervosa deixou minha boca, enquanto meu coração sambava
desesperado em meu peito.

- Você está louca.

- E você está com medo.

- Medo de que?

- De admitir seus sentimentos por mim.

- Eu já admiti, disse que te odeio.

Lauren mordeu o lábio inferior, e em seguida me lançou um daqueles sorrisos que me


deixava completamente perdida.
- Me odeia?

- Muito! Agora me deixe sair!

- Se me odeia como diz... Por que está aqui? Por que me persegue? Por que se
vingou de mim? – a mulher segurou firme em minhas mãos, e as ergueu até o topo
de minha cabeça, pressionando contra o estofado do sofá. - Por que está tão
nervosa?

Eu estava completamente imóvel. Eu não tinha mais saída. Percorri um caminho


inteiro, temendo o fim da linha, e cá estava eu, em um beco sem saída. Agora eu já
não poderia voltar e refazer meus planos. Eu estava aqui, diante daquela mulher que
de forma inesperada e inexplicável virou meu mundo do avesso. Lauren tinha razão,
ela era meu ponto fraco, meu calcanhar de Aquiles, e eu já não poderia mais negar.
Eu avançaria aquela casa em um jogo que eu não tinha experiência.

- Porque...

Aquele par de olhos verdes se encontravam fixados nos meus, ansiando por sua tão
esperada resposta. Minha respiração encontrava-se totalmente irregular, tão
igualmente como as batidas de meu coração. Meu corpo inteiro parecia tremer a
espera dos próximos segundos. Não tinha mais jeito, eu me entregaria.

- Fale... – pediu em um fio de voz.

- Porque eu sou apaixonada por você. – eu respirei fundo. - Eu te amo, Lauren.

Nós nos encaramos por instantes que pareceram uma eternidade. Lauren respirava
fundo, mas não dizia sequer uma palavra. Era como se ela esperasse por aquilo, mas
ainda sim tivesse ficado surpresa pela forma como foi dita. Seus olhos carregavam
um brilho doce, sutil, que fazia meu coração nervoso entrar em calmaria. Vi ela
engolir em seco, e em seguida inclinar a cabeça em minha direção, aproximando seus
lábios dos meus. Eu fechei meus olhos, e deixei que seus lábios beijassem os meus
delicadamente. Eu poderia sentir o cuidado em seus toques, a leveza, e até quem
sabe seus sentimentos? Lauren pediu espaço com a boca, e adentrou com sua língua
junto a minha, degustando da sincronia lenta e perfeita de nosso beijo. Foram poucas
as vezes que nos beijamos assim, com tanto sentimento, como se fosse o ultimo. Ela
sugou minha língua devagar, antes de investir novamente. Foi em questão de
segundos, e a sutileza de seus toques se transformaram.
Seu beijo ganhou certa agressividade, como de costume em nossos
primeiros encontros. Suas mãos possessivas apertaram meus punhos que ainda se
encontravam presos acima de minha cabeça. A mudança repentina de seu humor
havia me deixado confusa, quase que perdida. Lauren prendeu meu lábio inferior
entre seus dentes brancos, e puxou rapidamente, para em seguida soltá-los. Assim
meus olhos foram de encontro aos seus novamente, algo havia mudado. O brilho
singelo, e doce havia dado espaço ao escuro do mistério, e vitorioso. De repente, um
sorriso sarcástico enfeitou sua boca, trazendo uma Lauren diabolicamente poderosa.

- Acho que agora é o momento exato para dizer que, sinto muito em acabar com seu
conto de fadas, mas eu não me apaixono por criminosos, Sra. Collins.

Suas palavras me acertaram com força, fazendo meu corpo inteiro entrar em um
estado imóvel. A surpresa foi tamanha que nem sequer me dei conta que Lauren
havia algemado meus pulsos, só percebi no instante em que ouvi o barulho sutil das
peças se fechando, e o metal frio vir de encontro completo a minha pele.

- Lauren, isso não tem graça. – murmurei temerosa.

A delegada carregava aquele sorriso cafajeste nos lábios, enquanto se levantava do


sofá. Eu ergui meu corpo, e encarei as algemas ao redor de meus pulsos.

- Achou que poderia sair impune? Você pensou que era esperta, mas eu sou muito
mais do que você.

- Você não pode fazer isso! Tire! – exclamei nervosa ao me levantar.

- Acabou seu jogo, rainha. Você caiu.

Suas palavras cortaram o ar com um tom vitorioso, quase que imponente. Encarei
aqueles olhos verdes, que agora tinham suas pupilas escuras dilatadas, emanando
um brilho maligno. Voltei minha atenção ao objeto metálico em meus pulsos.

- Não...não... – sussurrei para mim mesma.

- Você está presa, Camila.

- Não...

- Acabou.
- NÃO!

Gritei com todo ar que preenchia meus pulmões assim que abri os olhos. Ergui meu
corpo parcialmente, sentando sobre a cama, enquanto procurava organizar meus
pensamentos embaralhados. O quarto estava parcialmente escuro, a não ser pela
baixa luminosidade vinda do abajur sobre o criado mudo. Encontrava-me totalmente
desestruturada, nervosa e ofegante.

- Um pesadelo... – passei a palma de minha mão sobre a testa, sentindo minha pele
úmida pelo suor frio. – Só um maldito pesadelo, Camila.

Meu coração batia descontrolado no peito, enquanto eu buscava ar para me acalmar.


Levei as mãos até a cabeça, vendo as imagens de Lauren que, se repetiam
insistentemente, evidenciando seu olhar impiedoso, e suas palavras tão duras.

"Acabou o jogo."

"Você está presa, Camila."

Meneei com a cabeça em um sinal negativo, fechando os olhos em uma tentativa


falha de sumir com tais ideias. Isso não aconteceria, não poderia acontecer. Afastei o
lençol de meu corpo, e me arrastei para fora da cama.

- Vai dar tudo certo. Vai dar tudo certo. – repeti aquelas palavras como um
verdadeiro mantra, enquanto andava de um lado para o outro. – Você não vai cair,
você não pode cair.

Segui em passos apressados até o banheiro da suíte, onde tão logo encarei meu
reflexo no espelho extenso que se encontrava na parede.

- A rainha não pode cair.

Christopher Collins point of view.

Encarei as ultimas quatro cartas recebidas por Keana, já havia mais de dez. Em cada
uma delas, existiam evidencias de minhas más atitudes para com muitas pessoas.
Todos os feitos ilícitos que um dia me propus a fazer para ascender como empresário,
apareciam ali, entre aquelas linhas impressas. Confesso que um pedaço de mim
temia o autor das cartas. Seja lá quem fosse, conhecia meus planos, e meus atos
como ninguém mais; como se tivesse total conhecimento sobre minha vida, e sobre
meus passos, até mesmo meus pensamentos.
"As pistas estão se esgotando. O jogo está chegando ao fim. Procure,
investigue. Lembre-se de três coisas:

Charlie Cooper.

Industrias Turner.

Calton Enterprise. "

"O tempo está acabando, o rei vai cair."

A ultima frase ecoou em meus pensamentos insistentemente, fazendo minha cabeça


latejar. Amassei uma das cartas com força, espremendo o papel na palma de minha
mão, como se o infeliz que as redigiu pudesse sentir a força empregada ali. Fechei os
olhos por alguns instantes, enquanto meus pensamentos vagavam em todas as
possibilidades, todos os suspeitos. E naquele momento, absolutamente ninguém
ficava de fora.

- Deixe isso um pouco de lado. Vai ficar irritado outra vez.

Ouvi Keana murmurar, antes de me envolver por trás cuidadosamente. A mulher


estava de joelhos na cama, enquanto suas mãos desceram de meus ombros até o
peitoral, envolvendo meu pescoço com seus braços logo em seguida. Desde o
primeiro jantar, onde a nova responsável pelo caso teve a brilhante ideia de me
entregar as cartas; passamos a nos encontrar em horários livres. Keana era uma
mulher linda, atraente, e perfeitamente controlável. Sua cumplicidade naquele
momento era primordial para me manter seguro contra toda e qualquer denuncia de
um inimigo. O caso Collins estava sobre seu comando, então era ela quem ditava o
que seria mostrado ou não no inquérito encaminhado para o tribunal de justiça, já
que a oficial tinha apoio do comissário dentro do departamento de policia.

- Não consigo esquecer isso. Sinto que cada dia que passa, estou me aproximando de
algo muito grande.

- Isso não quer dizer que seja ruim para você. Quem sabe, não seja o dia em que
vamos finalmente pegar aquele que quer te derrubar? – disse ela depositando um
beijo lento em meu pescoço.
- Apenas três pessoas tem conhecimento disso.

- Quem são?

- Heitor, Brandon e John.

Keana se afastou por alguns instantes, e me encarou com uma expressão confusa.

- Desconfia de Brandon? Pensei que ele estava do seu lado.

- Ninguém é totalmente confiável. Não estou dizendo que ele mandou essas malditas
cartas. Mas não posso descartá-lo.

A mulher permaneceu em silencio, talvez estivesse analisando as possibilidades.

- Não creio que ele tenha motivo para derrubar você. E muito menos John. Agora
Heitor...

- Eu sei. Heitor sumiu, eu nem sequer sei se está vivo. Ele sim, esteve comigo no
inicio de tudo, sabe de cada misero detalhe.

- Não tem mais ninguém que saiba? – perguntou ao se sentar ao meu lado.

Eu meneei com a cabeça em um sinal negativo, enquanto um suspiro deixava meus


lábios. Era evidente que outras pessoas foram envolvidas em meus planos, mas
ninguém além de Heitor e Brandon sabiam sobre as Industrias Turner, a não ser
Charlie, que agora não poderia provar nada, já que estava morto.

- Não, apenas Heitor e Brandon.

- Nem Camila?

A pergunta da oficial me pegou de surpresa, fazendo-me encará-la com um


semblante confuso. Soltei um riso baixo, e neguei com a cabeça novamente.

- Claro que não. – exclamei ao me levantar da cama.

- Por que não?

- Camila veio depois disso tudo. E ela nunca sequer ligou para os negócios da
empresa, mal sabe o que se passou com Heitor. Apenas que eu fiquei com suas ações
na Collins Enterprise.
- Se você diz...

A mulher se levantou e caminhou até a estante no canto do quarto, servindo-se de


uma boa quantidade whisky. Fiquei a observá-la por longos instantes, pensando no
porque de tamanha desconfiança para com minha esposa.

- Desconfia de Camila?

Keana virou seu corpo devagar, enquanto bebericava um pouco do liquido alcoólico
no interior do copo em suas mãos. Ela arqueou as sobrancelhas, e deu de ombros
enquanto caminhava para perto de mim.

- Só não acho que você deva tirá-la da lista. Camila não me parece tão inocente
assim.

- Por quê? Sabe de alguma coisa?

Keana riu baixinho, e tomou impulso para se afastar, quando tomei seu braço com
força, puxando-a para perto novamente.

- Eu fiz uma pergunta. – murmurei seriamente.

Ela fitou meus olhos, agora sem aquele sorriso debochado estampado em sua boca, e
em seguida baixou o olhar para minha mão, que apertava seu braço.

- Eu não sei de nada. Não tenho pistas ligadas a ela, só não acho que ela mereça
tamanha confiança. Pode ser uma perfeita mentirosa.

- Por que tenho a sensação que sabe de alguma coisa?– indaguei.

- Está enganado. – disse ela ao puxar o braço com força, rompendo nosso contato. –
só fique esperto com a esposa que tem.

Vi Keana se afastar, caminhando para o lado oposto do quarto, em direção ao


banheiro. A forma como a oficial se referiu a Camila foi mais do que duvidosa, não
pelo roubo, pareceu sincera ao dizer que não encontrou pistas ligadas a minha
esposa, mas eu sentia que havia algo mais. Camila seria uma das suspeitas? Eu não
podia sequer pensar no envolvimento de minha esposa em algo contra mim. Ela não
seria capaz, seria?

Camila Collins point of view.

- Você já arrumou tudo? – perguntei ansiosa, enquanto andava de um lado para o


outro.

- Sim, Camila. Os equipamentos estão todos arrumados. Eu segui a sua lista, e


conferi tudo. – Dinah murmurou pela terceira vez.

Encontrava-me nervosa, pela primeira vez eu estava fodidamente nervosa. Era um


plano arriscado, e totalmente ousado. Um erro, apenas um pequeno erro, e o plano
de uma vida seria jogado por água abaixo.

- Desculpe. – sussurrei.

Respirei fundo, enquanto cruzava a extensão de minha sala. Collins não deu sinal
durante um dia todo, provavelmente estava na empresa, ou na cama de
KeanaIssartel. Depois do jantar que os tornaram cúmplices, o envolvimento de ambos
ganhou uma nova proporção. Amantes, como previsto. Chegava a ser cômica a
maneira como eram previsíveis, no entanto, o que mantinham era o que menos
importava. Poderiam morrer transando no fogo do inferno, eu não ligaria.

- Você está bem nervosa. – Dinah murmurou ao me encarar.

- Eu estou. Mas estou feliz também. – disse ao me encostar à estante ao lado de


minha mesa.

- Feliz?

- Sim, muito. Tem noção do quanto esperei por esse momento? Foram anos de
esforço, de raiva e rancor. Eu vou me libertar disso em breve.

- Tem razão, confesso que estou animada e com medo.

Lancei um sorriso para a loira, que me fitava.

- Não tenha medo.

- Não tem como não ter medo, Camila! Eu sei que não vou participar efetivamente,
pois vou ficar atrás de um computador, mas você vai. Se alguém pegar você naquela
empresa...
- Dinah, deixe disso! – exclamei ao me aproximar dela. - Eu sei o que vou
fazer. Se tudo ocorrer como planejamos, nada vai dar errado. Eu só preciso que
vocês fiquem atentas, e façam tudo como programamos.

- Vamos ficar, mas mesmo assim...- sussurrou apreensiva. - Será que não podemos
fazer de outro jeito?

Caminhei até minha poltrona, onde me sentei, ficando agora de frente para minha
melhor amiga.

- Não, não podemos. Eu quero que seja assim. Eu vou terminar esse jogo como
sempre sonhei. – falei de forma determinada, vendo Dinah bufar.

- Você é louca. Parece que ama o perigo.

- Eu sou o perigo.

Desviei o olhar da expressão de Dinah, e os voltei para o porta retrato que repousava
sobre minha mesa. Nele, estávamos Christopher e eu, abraçados como um casal
perfeito. Exibindo sorrisos que indicavam uma vida plena e feliz, como daqueles
malditos comerciais de TV. Estiquei o braço, e capturei a fotografia para mais perto.

- Amanhã eu vou tirar tudo que ele tem. Não vai restar absolutamente nada.

- E isso tudo vai acabar. – Dinah murmurou, atraindo minha atenção. - O roubo
estará completo.

- Finalmente, você vai cair Christopher. O jogo vai acabar.

Lauren Jauregui's point of view.

Adentrei em meu apartamento, enquanto ouvia Vero resmungar sobre o sabor de


nosso jantar. Saímos juntas da delegacia, e paramos em um restaurante, já que
ambas se encontravam totalmente exaustas para preparar o jantar. De inicio pareceu
boa ideia, até a comida chegar.

- Nunca mais vamos naquele lugar.


- Certo, vamos tirar ele da nossa lista. – falei, enquanto me controlava para não rir
de sua expressão raivosa.

- Por que está rindo? Tivemos um jantar horrível.

- Estou animada.

- Voltou com a casada?

- O que? Não, esqueça Camila. – disse com um tom de voz indiferente.

- Então é com a Keana? Ouvi dizer que ela está indo muito bem com o caso Collins.
Ou com o Collins, não sei! As más línguas estão rolando solta na delegacia. – falou
ela enquanto se livrava de seu casaco, e seus sapatos. – Só acho que precisa parar
de dividir mulher com aquele homem.

- Cala a boca.

- Apenas a verdade. – deu de ombros, rindo.

- Vai tomar banho, vai.

- Vou mesmo. Preciso de uma ducha quente, estou cheirando a carne daquele
restaurante. – ela cheirou sua roupa, e deu de ombros antes de caminhar em direção
ao seu quarto.

Assim que Vero sumiu pelos corredores, deixando-me completamente sozinha, segui
rumo ao meu escritório particular. Retirei as chaves de meu bolso, e abri a porta,
adentrando na sala escura. Depois de fechá-la, liguei a luminária, que iluminou minha
mesa, e o organograma exposto na parede. Minha investigação pessoal estava mais
do que pronta, eu tinha tudo que precisava para minha ascensão.

- Lauren, Lauren...você está indo bem. – disse para mim mesma, depois de sentar
em minha poltrona, diante a mesa.

Inclinei meu corpo para frente, e liguei meu notebook, que tão logo expôs as
mensagens no visor iluminado.

"Novos documentos."

Franzi o cenho, e então coloquei meus fones de ouvido, para em seguida clicar com o
mouse sobre a janela aberta na tela do computador. O programa de escutas se
expandiu na tela, indicando um novo arquivo, no qual selecionei para ouvir. Depois de
alguns instantes, duas vozes inundaram meus ouvidos. Uma delas era Dinah, e a
outra Camila.

"Você já arrumou tudo?"

"Sim, Camila. Os equipamentos estão todos arrumados. Eu segui a sua lista, e conferi
tudo." – Dinah falou.

"Amanhã eu vou tirar tudo que ele tem. Não vai restar absolutamente nada."

"E isso tudo vai acabar. O roubo estará completo."

"Finalmente, você vai cair Christopher. O jogo vai acabar." – Camila disse com
determinação.

Eu fechei os olhos, e respirei fundo, antes de tirar os fones do ouvido, e despejá-los


sobre a mesa. Aquela seria uma das coisas mais difíceis que eu iria fazer durante
anos de carreira, mas não me restava escolha. Encarei o organograma, vendo a foto
de Camila, tão bela.

- Você tem razão, Camila. O jogo vai acabar amanhã.

FERROU, MEU POVO. ATÉ O PRÓXIMO! E SÓ AVISO, VAI SER.....AAAAAA


Capítulo 30 - Mate

Olá, meus amores.

Primeiramente, boa noite pra vocês. Eu comecei a escrever esse capitulo de XM no


sábado, e terminei no domingo, porque já tem um tempinho que não atualizo. Então
espero que sejam pacientes, já que eu tenho outras fanfics como Fallen Angel e
Royals, que merecem atenção.

Mas enfim, esse capitulo está bem legal. Tranquilo, bem tranquilo até. Espero que
gostem, assim como eu gosto dele. É um dos meus favoritos.

Ah, para ele eu vou indicar uma musica, e espero que escutem quando for solicitado.

Aqui está: https://www.youtube.com/watch?v=C2A-Jbo-EaU

Sem mais papos, vamos ao que interessa.

Evelin. :)

POV Narrador.

Um dia comum.

Apenas um dia comum.

Christopher se levantou, beijou o topo da cabeça de sua esposa que, descansava


serenamente em um sono aparentemente profundo ao seu lado. Na noite passada,
voltou para casa muito tarde; o encontro com Keana rendeu boas e prazerosas horas
de sexo, que o impediu de voltar mais cedo, e encontrar sua esposa para uma
simples conversa. Mas não era de todo mal, Camila nunca se importava se
Christopher chegava tarde ou não, era muito bem desprendida desses tipos de
cuidados para com o marido. Collins ergueu seu corpo da cama por completo, e
caminhou em passos preguiçosos até o banheiro daquela suíte, onde realizou toda
sua higiene matinal. No final daquela ducha quente, que embaçou os vidros do box, o
moreno enrolou uma toalha branca ao redor da cintura, enquanto esfregava seus
cabelos ensopados com uma toalha de mão. Ele parou diante de seu closet, fitou a
sequencia gradiente de ternos importados, dos mais escuros até os mais claros.
Optando por um preto, riscado por linhas finas de giz em um sentido vertical. Depois
de perfeitamente arrumado, se juntou a farta mesa de café da manhã, enquanto
checava seus e-mails e recados na tela de seu aparelho celular. O empresário teria
um dia cheio, já que sua agenda contava com uma reunião extremamente importante
com um de seus maiores investidores, seria o fechamento de um novo contrato, uma
espécie de renovação, e de nenhuma forma aquilo poderia dar errado.

O rolls-royce estava estacionado em frente a porta da mansão, somente a espera do


empresário que agora descia as escadarias a caminho do veiculo preto, luxuoso.
Carlos, seu motorista, abriu a porta rapidamente, após um educado cumprimento,
que tão logo foi respondido pelo moreno antes de se acomodar no banco confortável
de seu carro. Não demorou muito, e o veiculo estava adentrando o estacionamento
da empresa petrolífera. O trânsito aquela manhã parecia colaborar para que não
houvesse atraso, o tráfego de carros pelo caminho foi fraco, quase indiferente.
Christopher deixou o automóvel, e caminhou em passos apressados para o interior do
prédio monumental da Collins Enterprise. Os funcionários estavam em seus devidos
lugares, realizando suas tarefas diárias, como de costume. Alguns o fitaram, temendo
seu olhar imponente, quase maligno. Ele era um homem respeitado, ou melhor,
temido. Não tinha uma fama muito dócil, o que ajudava a manter certo
distanciamento do resto de seus funcionários para com ele.

- Bom dia, Christopher. – John murmurou ao se aproximar, fazendo com que Collins
estendesse a mão para frente, informando aos sensores do elevador para que a porta
não fosse fechada.

- Bom dia.

- Está preparado para hoje? – disse ele ao coçar sua nuca.

- O quê?

- Para a reunião com os investidores. Será um tanto complicada depois do roubo, os


cofres da Collins Enterprise estão em baixa. E ainda tem os ambientalistas.

O advogado deu de ombros insatisfeitos ao lembrar-se do amontoado de problemas


que a empresa enfrentava. Christopher torceu os lábios, e suspirou, enquanto
observa a troca constante de números no painel do elevador;

- Nós vamos nos recuperar desse problema, não se preocupe. Não acredito
que vão querer quebrar contrato conosco, seria um absurdo. Perderiam uma parceria
e tanto! E os ambientalistas são insignificantes, não me amedrontam em nada.

- Eu não os veria dessa forma. – John proferiu com um semblante preocupado,


fazendo o empresário rolar os olhos.

- Pois eu os vejo! Não há nada que eles possam fazer contra mim, a não ser reclamar
o tempo todo.

O bipe do elevador soou alto, informando que o andar solicitado havia chegado, as
portas metálicas se abriram, dando espaço para que ambos os homens seguissem
pelo corredor extenso até a sala presidencial.

- Estive observando o movimento pelas redes sociais, tenho receio que eles comecem
algo maior. Você sabe como isso se espalha, e com apoio das massas, isso pode virar
uma bola de neve.

Christopher acenou com a cabeça para sua secretaria, e adentrou sua sala
rapidamente, sendo seguido pelos passos de John. Ele não queria ouvir sobre
ambientalistas, estava de saco cheio daquelas pessoas que a todo custo tentavam
interromper seu trabalho expansivo, com idéias corretas sobre o que ele deveria ou
não fazer. Collins pouco se importava com o meio ambiente, e muito menos com
aqueles os que defendiam. Seu objetivo principal, era encher seus bolsos com
dinheiro, e expandir seu poder no ramo empresarial.

- Eu sou um dos empresários mais poderosos desse país, acha mesmo que alguém
tem cacife para me derrubar? – exclamou confiante, enquanto desabotoava seu
paletó, para ocupar seu lugar na cadeira presidencial.

John permaneceu parado a alguns metros da mesa, enquanto engolia em seco a idéia
temerosa que rondava sua cabeça. Ele sabia que as coisas estavam em uma situação
delicada, e que todo cuidado seria pouco para manter a Collins Enterprise em um
equilíbrio saudável.

- Não, senhor. – respondeu.

- Viu? Fico feliz que concorde comigo, John. Não fique colocando todas suas energias
em boatos espalhados por aí. Esses ambientalistas não passam de desocupados,
sempre me ameaçaram, e veja só, ainda estou faturando sem problemas. – disse
com um sorriso vitorioso.

Ele assentiu devagar, mesmo não concordando. John sabia que contrariar Christopher
Collins era totalmente inútil, o empresário tomava sua verdade como absoluta, e não
havia um ser que o fizesse mudar de idéia.

- Eu sou o rei disso tudo, John. – disse ele ao pressionar seu dedo indicador sobre a
mesa. - Não há força superior a mim.

- Tudo bem, esqueça o que eu disse.

- Muito melhor.

Depois de planejarem alguns tópicos para a reunião daquela manhã, o advogado


deixou a sala de Christopher, deixando-o completamente sozinho com seus
pensamentos. Collins não demonstrou, mas ele sentia que algo muito grande estava
se aproximando, e não era ao seu favor. Ele suspirou cansado, enquanto erguia o
copo de vidro até seus lábios, degustando de um pequeno gole de whisky, um dos
mais caros daquele país. Depois de repousar o copo sobre a mesa, passou os olhos
pelos relatórios deixados por sua secretaria, aonde continha todas as pautas da
reunião que aconteceria em meia hora. Entre o amontoado de papeis presente em
sua mesa, havia um único envelope, sem remetente. Christopher franziu o cenho,
unindo as sobrancelhas no centro de sua testa, analisando a entrega anônima,
enquanto pensava a respeito dos bilhetes recebidos por sua nova amante, Keana
Issartel. Seria mais uma das cartas? De inicio se sentiu receoso, no entanto, a
curiosidade foi tamanha, que o empresário não se deu ao trabalho de abrir com
cuidado, o papel foi rasgado, expondo o conteúdo desconhecido até então.

De fato, não havia um remetente naquela carta. Christopher suspirou, engolindo em


seco antes de tentar começar a ler as linhas impressas daquele papel.

"Olá, rei. Quanto tempo, não? Vejo que está aproveitando seus últimos
minutos de gloria. O jogo está chegando ao fim, você sabe, não é? Christopher...no
jogo de xadrez, ganhar tempo é uma vantagem importante. E eu o fiz. Você
subestima aqueles que acha, serem seus peões, e mesmo que fossem, nem de longe
são peças fracas. Estão em linha de frente, sempre, tendo uma mobilidade
extraordinária. Incrível não? Mas a questão não é essa, eu não sou seu peão, pelo
contrario. Sou uma peça muito mais importante, e vale lembrar que sou do lado
oposto, adversário. Não se esqueça, nunca, que tudo tem um motivo para acontecer;
assim como no xadrez, não se deve realizar uma troca sem haver uma boa razão.
Como no xadrez, não se pode sacrificar algo sem uma razão clara e adequada, e você
o fez. Seus motivos? Será que existem motivos que não seja sua ganância desmedida
pelo poder? Pouco importa. Isso já não me diz respeito. Você se expôs, rei. E essa é
uma falha grave em um jogo como o nosso. Não há mais o que fazer, seus protetores
foram inúteis, e agora você está sozinho diante do meu exercito.

Se prepare."

O homem concentrou sua atenção na ultima linha daquela carta. Seu coração
palpitava frenético, nervoso e enfurecido. Christopher respirou fundo, e amassou o
papel com força, espremendo-o na palma de sua mão, como se o autor pudesse
sentir sua ira pelo que escreveu. Ele fechou os olhos, engolindo em seco o nó que se
formou em sua garganta agora seca. Seu adversário não estava ali para brincar,
tampouco para blefar, ele havia especificado perfeitamente bem no decorrer do
tempo. Ele não tinha um amador como inimigo, isso estava claro. O adversário do
empresário se mostrava tão, ou mais, poderoso que ele.

- Isso não pode acontecer! – exclamou nervoso.

Seus pensamentos se encontravam desordenados, confusos; o impossibilitando de


formular qualquer raciocínio lógico ao redor do conteúdo daquela carta. Tudo que
preenchia o pensamento de Collins naquele momento se resumia a raiva e temor.
Raiva por saber que alguém planejava o derrubar, e temor por saber que seja lá
quem fosse, tinha munição para isso, e ele não poderia fazer nada para impedir.
Christopher não tinha saída, pois não sabia quem era seu inimigo. No meio desse
jogo, o rei se encontrava com uma venda sobre os olhos, impedindo-o de mirar para
um inimigo concreto. Havia muitas peças do lado oposto daquele tabuleiro, peças
importantes, que escondiam o verdadeiro motivo de temor. Quanto ao seu lado, ele
nada mais tinha que peões mal usados.

- Merda! Eu tenho que fazer alguma coisa.

Levantou-se de sua cadeira rapidamente, enquanto tentava organizar suas idéias.


Algo precisava ser feito, e urgentemente se não quisesse ser exposto, como
imaginava que seria. O empresário andou de um lado para o outro, constantemente,
enquanto falava consigo mesmo em uma tentativa de armar seu próximo passo.

- Você precisa ficar calmo. – disse a si mesmo.

O homem caminhou até sua mesa, capturando o copo com o conteúdo alcoólico, para
virá-lo completamente em sua boca, descendo garganta a baixo o restante do whisky
ali presente. Ele fechou os olhos por alguns segundos, sentindo o liquido queimar em
sua garganta, seguida por seu estomago. Aquilo o acalmou, estranhamente o
acalmou. Ele respirou fundo, inflando seu peito ao maximo, e virou-se para a parede
de vidro de sua sala, que dava uma ampla visão do mar acinzentado de prédios em
Nova Iorque. Christopher sentia que algo muito ruim iria acontecer, seu
subconsciente acionava como um alarme de incêndio. Naquele instante, todas as
pessoas que passaram por sua vida, e que de certa forma foram atingidas por seu
manancial de poder, se tornaram alvos.

- Ninguém pode me derrubar, ninguém tem poder para isso.

Ele repetiu aquela frase três vezes, em uma tentativa frustrante de convencer seu
subconsciente de que tudo terminaria bem, mesmo quando o mundo inteiro indicava
o contrario. Collins ouviu o bipe suave de seu celular, e tão logo o tomou nas mãos
para verificá-lo. Era uma mensagem de texto, de um numero desconhecido. Um
arrepio percorreu sua coluna, como se pudesse sentir o conteúdo da mensagem,
mesmo não sabendo realmente do que se tratava. Com certo receio, pressionou o
ícone na tela, expandindo a janela com o recado enviado.

"Seu tempo está esgotando."

Antes que ele pudesse sequer pensar, outra mensagem se expandiu na tela, logo
abaixo da primeira.

"Está com medo?"

"É melhor ter."

Sua respiração pesou, fazendo seu peito subir e descer com certa dificuldade. Ele
olhou para todos os lados, e não havia ninguém ali, estava sozinho.

"Tic,Tac. Pense em suas ultimas palavras antes de cair."

Seu coração voltou a esmurrar seu peito, como se a qualquer instante pudesse
perfurar seu busto. Ele fechou os olhos, travando o aparelho nas mãos, que ainda
vibrava insistentemente a cada mensagem. Era uma tortura psicológica, lenta que de
pouco em pouco o enlouqueceria.

"Quem é você? Fale." – digitou rapidamente, e a enviou.

"Eu sou o seu fim."


- Com licença, senhor Collins. – a secretaria murmurou ao entrar em sua sala.

- O que você quer? Está aí há muito tempo? – perguntou nervoso.

- Não, senhor. Acabei de chegar.

Ele respirou fundo novamente, passando o dorso da mão pela testa molhada pelo
suor que, nada mais era do que uma conseqüência de seu nervosismo. Meneou com a
cabeça em um sinal negativo, e guardou o aparelho celular no bolso de sua calça
social.

- Só vim para avisar que sua reunião vai começar. Os investidores estão esperando.

- Diga que já estou indo. – ordenou rapidamente, para que a secretaria pudesse se
retirar.

Christopher parou diante a sala de reuniões, como se estivesse prestes a entrar em


uma jaula com leões. A carta, seguida pelas mensagens de texto realmente haviam o
desestabilizado. Antes seguir para seu compromisso, enviou as mensagens para
Brandon, e as encaminhou para Keana que tão logo prometeu ajudá-lo. Ele precisava
de reforços, e ninguém melhor do que seus cúmplices para isso.

- Não vai entrar? – indagou John ao abrir a porta.

- Vou! – exclamou surpreso.

A reunião transcorria tranquila, pelo menos para os outros. Um dos funcionários da


Collins Enterprise articulava sobre a situação atual da empresa, e argumentava com
base no mercado o rumo que ela tomaria, sempre indicando uma melhora, mesmo
que isso fosse difícil de ser alcançada. Os investidores pareciam atentos, prestavam
atenção em cada detalhe, já Christopher tentava disfarçar seu estado de
desequilíbrio. As mensagens não paravam, e pelas informações obtidas por Keana, o
numero de celular a cada instante se encontrava em um lugar diferente, impedindo-a
de chegar a um culpado. A manipulação digital era tamanha que nem mesmo poderia
ser rastreado de forma precisa.

"Oh, rei. Acreditou que ninguém poderia invadir seu palácio?"

"Deixe-me dizer: eu posso tudo."

"Eu estou em todos os lugares, Christopher."


Ele ergueu a cabeça, aspirando o ar com força, aquilo parecia lhe faltar. Tamborilou
com os dedos sobre a mesa, e em seguida limpou a testa com um lenço, retirando os
resquícios de suor. Ele estava nervoso, ou melhor, estava desesperado. Sua cabeça
entrava em curto, o deixando completamente perdido. Collins encarou todos os
outros presentes naquela sala, percebendo que ninguém mantinha um celular em
mãos. Voltou sua atenção ao aparelho celular, que se escondia um pouco abaixo do
nível da mesa, e encarou a ultima mensagem enviada.

"Não está me vendo, não é? Mas vou te mostrar que estou aqui."

O homem pressionou o botão na lateral do celular, e o desligou. E tão logo se livrou


do mesmo, o jogando em um canto qualquer daquele chão. Christopher não queria
mais ver aquelas mensagens, não queria pensar sobre aquilo. Acreditava que não
passava de um truque para deixá-lo completamente louco, desestabilizado diante
uma reunião tão importante para o futuro de sua empresa.

Collins encarou o funcionário mais a frente, que desandava a falar sobre os


projetos futuros de sua empresa, mas não absorveu sequer uma palavra emitida pelo
rapaz. Tudo que conseguia pensar naquele instante, era em Charlie Cooper. Sim, ele
pensava em um homem que estava morto há mais de cinco anos. Seus olhos se
fecharam, e uma sequencia de lembranças invadiram seus pensamentos como ondas
magnéticas que tirava de orbita. E como se não fosse o bastante, no fundo de sua
cabeça ele ouvia gritos, urros de uma multidão enfurecida. Estaria ele
enlouquecendo? As vozes se tornavam cada vez mais intensas, e constantes.
Christopher abriu os olhos, e as luzes da sala de reunião começaram a trepidar, como
se as lâmpadas a qualquer instante fossem se apagar.

- O que está acontecendo? – indagou o senhor do lado oposto da mesa, enquanto


franzia o cenho em confusão.

- Estão ouvindo isso? – perguntou o outro.

Collins se deu conta que as vozes não estavam somente em sua cabeça, todos os
outros também ouviam como ele. As luzes continuaram a piscar constantemente,
deixando todos ali presentes com um semblante ainda mais confuso.

- Não deve ser nada demais. – John exclamou em uma tentativa de acalmá-los.

- Não, eu estou ouvindo gritos. – o senhor falou novamente. – Vocês também?


Eles assentiram rapidamente, encarando uns aos outros. Realmente havia gritos,
cada vez mais altos e intensos. Collins engoliu em seco, tendo seus pensamentos
tomados pelas mensagens de texto com as ameaças. A lâmpada voltou ao normal,
mas os gritos ainda estavam presentes, e cada vez mais forte.

- O que está acontecendo, Collins? – perguntou o principal acionista.

- Eu não sei... – murmuro perdido. – mas não se preocupe, não deve ser nada de
mais. Eu...

As luzes que até então tinham voltado ao normal, voltaram a trepidar


insistentemente. Ele arfou pesado, encarando o olhar temeroso de John que balançou
a cabeça em um sinal negativo. Collins deixou que seu olhar alternasse entre o vazio
e os membros da reunião.

- Isso não pode estar acontecendo comigo. – sussurrou para si mesmo ao abaixar a
cabeça.

(Inicie a musica)

- Christopher...

O advogado murmurou aturdido, com um olhar perdido em direção ao seu chefe.


Collins tinha receio do que estava por vir, mas tinha que demonstrar tranquilidade
diante os investidores, não poderia perder o controle e colocar tudo a perder.

- É melhor ver isso.

O empresário engoliu em seco, e caminhou até a janela de vidro na sala de reuniões.


Ao parar diante do vidro grosso, avistou a multidão de pessoas em frente a Collins
Enterprise. Não eram dezenas, nem centenas, eram milhares de pessoas que
gritavam em alto e bom som, frases em protesto contra a exploração petrolífera
exercida por sua indústria. Todos estavam de preto, com cartazes e mascaras em
oposição.

- Não pode ser... – murmurou incrédulo.

- O que vamos fazer? – perguntou John em um sussurro.

- O que diabos está acontecendo? Estão furiosos. – exclamou o investidor


extremamente nervoso.
- Sr. Francis, fique tranqüilo, nós vamos dar um jeito nisso. – disse ele em direção ao
senhor que mantinha os olhos espantados em direção ao grupo de protestantes mais
abaixo.

- Você não tem como lutar contra isso, Collins. Veja, são milhares deles.

Francis estava realmente apavorado, notava-se facilmente em seu olhar perturbado.


Os outros membros e investidores se encontravam da mesma forma, todos eram
trabalhadores do ramo petrolífero, e tinham tamanha culpa pelos estragos quanto
Christopher. O presidente da Collins Enterprise se afastou da janela, e correu até a
mesa, capturando seu celular que estava jogado no chão. Ele sabia que aquilo era
obra de seu adversário, nada explicava tamanho estardalhaço, quando por anos
nenhuma manifestação havia sido feita. Sua respiração descompassada indicava
claramente seu estado de nervoso, que não cessaria tão cedo. Depois de alguns
segundos, o aparelho celular recuperou o sinal, e tão logo vibrou indicando a chegada
de novas mensagens.

"Está começando..."

"Não diga que eu não avisei."

"O seu jogo está chegando ao fim, Christopher Collins."

"Dê um olá para seus amigos manifestantes."

"Aprecie sua derrocada, poderoso rei. O espetáculo é por minha conta."

O homem o praguejou com toda sua fúria, enquanto apertava o aparelho celular nas
mãos. As vozes que preenchiam o ambiente se misturavam com os gritos de protesto
ao lado de fora, deixando-o completamente transtornado. E como se não fosse o
bastante, o som estridente do alarme de incêndio cortou o ar, acionando a tubulação
que despejou água por todos os lugares, deixando todos ainda mais sobressaltados. A
sirene era mais alta do que de costume, a ponto de ser quase ensurdecedor.

- Que porra é essa? – o empresário exclamou ao fundo, enquanto estava sendo


completamente molhado.

- Christopher! – exclamou Francis com as duas mãos em seus ouvidos, em uma


tentativa ineficaz de abafar o barulho.

A sala foi invadida bruscamente por uma das secretarias, que carregava um olhar
espantado, nervoso. Ela tinha a respiração ofegante, como quem tivesse corrido uma
maratona.

- Estão evacuando todas as salas. Acho que estão prestes a invadir a Collins
Enterprise. – disse nervosa.

- Vamos sair daqui! – John gritou, abrindo a porta para que todos os investidores
pudessem sair.

Os senhores de mais idade deixaram aquela sala em passos apressados, sendo


seguidos por todos os outros. Christopher permaneceu parado, como se seu corpo
não fosse capaz de obedecer às ordens enviadas pelo seu cérebro. Estava chocado,
incrivelmente surpreso com tantos acontecimentos de uma só vez.

- Chris! Vamos! – John esbravejou do corredor, enquanto toda aquela água desabava
sobre suas cabeças, atraindo a atenção do homem que por fim caminhou em sua
direção.

- Não é perigoso ficarmos no saguão? – perguntou o moreno ao passar pela porta das
escadas de incêndio. – E se invadirem?

- Não, os seguranças estão na frente, impedindo a entrada dos manifestantes.

- John! São milhares deles, não podemos contra. – Collins murmurou exaltado,
enquanto descia as escadarias.

- Eu vou ligar para a policia. Não se preocupe!

Todos os andares do prédio luxuoso agora estavam vazios. Depois de uma evacuação
geral, acionada pelo alarme de incêndio, os funcionários de todos os setores se
encontravam aglomerados no enorme saguão de entrada. Homens e mulheres
murmuravam nervosos sobre a possível invasão dos manifestantes, que gritavam
furiosamente ao lado de fora. A população estava revoltada e insatisfeita com a
extração exagerada de petróleo, e como agravante, ainda havia o vazamento que
poluiu uma grande área natural.

"A policia já foi acionada! Fiquem todos calmos!"

Um dos funcionários exclamou alto, para que todos os outros pudessem se


tranqüilizar, mas de nada surtiu efeito. O clima entre a centena de funcionários era de
puro nervosismo, que se alastrava entre os olhares assustados e gritos desesperados.
Enquanto isso, a população esbravejava enfurecida ao lado de fora. Era uma perfeita
demonstração do inferno, o inferno comandado pela tão poderosa rainha.

Camila Collins.

A latina estava no ultimo andar, no topo do prédio monumental da Collins Enterprise,


assistindo ao protesto de toda aquela multidão mais a baixo. Camila sentia a
adrenalina percorrer em suas veias, direto em seu sangue que circulava veemente
pelo seu corpo. Durante muitos anos, ela esperou por aquele momento, ansiou por
aquela sensação como o ápice de sua vida, e finalmente chegara. Nada poderia deixá-
la mais feliz, satisfeita, e sobretudo, vingada.

- Collins acabou de descer para o saguão. Não há mais ninguém nos


andares da C.E. – Dinah murmurou tranquilamente no ponto de áudio que a latina
possuía em seu ouvido.

Camila puxou a alavanca da maquina que instalou na área frontal do prédio, seria um
pequeno presente para os que gritavam furiosos mais a baixo.

- Tem certeza? Não há mais nenhum funcionário?

- Nenhum. Olhei pelo sistema de câmeras, e tudo está limpo.

O sistema digital da Collins Enterprise foi totalmente invadido. Dinah e Normani se


infiltraram como um vírus letal, danificando toda e qualquer movimentação
considerada normal naquela empresa, desde o sistema de som, iluminação, até as
câmeras e cofres. Tudo estava sobre o domínio e ordem de Camila.

- Vamos para a segunda parte.

- Certo. Vou congelar o sistema de câmeras, tenha todo cuidado, vamos perder visão
sobre você.

- Ok. Vamos continuar pelo ponto de áudio.

Camila respirou fundo, e entrou no elevador principal. Aproximou-se do painel, e


digitou a numeração que a levaria até o andar da sala presidencial. Naquele
momento, a mulher não sentia medo, e muito menos receio. Estava dominada pela
adrenalina, que embalava seus atos tão milimetricamente calculados. Karla havia
planejado aqueles passos por longos sete anos, e finalmente estava ali, diante de sua
ultima jogada. O bipe do elevador soou tranqüilo, seguido pelo abrir das portas
metálicas. A jovem mulher encarou o corredor totalmente encharcado, com um
sorriso no canto dos lábios. Antes de dar o primeiro passo para fora da caixa
metálica, a latina ergueu a mascara branca, lisa, que cobria todo seu rosto,
escondendo assim sua identidade, e só então caminhou graciosamente pelo corredor
principal. O alarme de incêndio agora só era barulho, a água não jorrava pela
tubulação. Camila não queria estragar seu terno feminino, tão perfeitamente
escolhidas para a ocasião. A única coisa que se ouvia naquele andar, fora os gritos
desesperados dos manifestantes, era as batidas delicadas dos saltos negros sobre o
piso.

- Ah, Collins, não sabe como esse momento me faz feliz.

Camila entrou na sala de seu marido calmamente, como se não tivesse pressa,
mesmo quando deveria ter. Retirou a mascara, sentou-se sobre a cadeira
presidencial, era confortável, e lhe caia muito bem, diga-se de passagem. Ficou por
alguns instantes observando o lugar, imaginando como tudo poderia ser, se ele não
tivesse mudado o rumo de sua vida. Quem sabe, aquele lugar agora não era seu?
Quem sabe ela ainda teria a presença de Charlie ao seu lado? Camila engoliu em
seco, e afastou tais lembranças de seu pensamento. Não queria recordar nada que a
fizesse fraquejar, não era o momento certo.

- Está preparada? Tente ser mais rápida. A policia foi acionada, e a equipe de viaturas
está saindo da delegacia.

Ela pouco se importava com a policia, não tinha medo do perigo, e nem das
conseqüências que seus atos poderiam acarretar. Ela só tinha um único objetivo, e o
realizaria até o fim.

- Acabei entrar no sistema da C.E. – murmurou ela ao encarar a tela do notebook de


Collins. – Estou com o login do Collins.

- Certo, estamos abrindo passagem para sua transferência. – Normani falou de forma
concentrada, enquanto digitava a seqüência numérica em seu computador. Tanto ela,
quanto Dinah estavam perfeitamente concentradas em duas telas de computadores.
Ambas com inúmeras janelas, e sistemas.

- A conta está somente à espera.


Camila olhou para a tela do computador, deixando sua atenção sobre a numeração
altíssima que ainda estava sobre o domínio das industrias de Christopher. Aquele era
o ultimo roubo, não restaria absolutamente nada depois daqueles simples cliques.

- Pronto, rainha. Tire o que é seu. – Dinah falou em um tom de voz


vitorioso, que abriu um largo sorriso no rosto de Camila.

Os olhos castanhos de Camila brilharam diante aquela numeração exposta na tela,


era mais do que poderia imaginar. Não se tratava de milhões, eram malditos bilhões
de dólares. Ela abriu a janela de transferência, e digitou a quantia que ultrapassava a
marca de 170 bilhões de dólares. Naquele momento, Camila Cabello retirava toda a
fortuna bilionária do maior empresário do ramo petrolífero dos Estados Unidos da
America.

- Estou transferindo.

Ela sentia a garganta seca, as mãos suarem, e seu coração palpitar frenético, em
pura euforia e adrenalina. Sua respiração pesada indicava seu estado alvoroçado. Mas
nada se comparava a paz que inundava sua alma, ela estava caminhando para fora
daquela escuridão. Finalmente, ela estava se libertando. Camila inseriu o pendrive de
acesso na lateral da maquina, para que a senha fosse liberada, e o acesso a
transferência fosse autorizado.

A tarja verde se preenchia vagarosamente, fazendo com que ela tamborilasse com os
dedos de forma ansiosa sobre a mesa de Christopher. Era uma contagem regressiva
para o fim daquela era. Tudo que ele havia conseguido por meio de ações ilegais
estava sendo tomado de volta. Seu majestoso plano se concretizou ao fim daquela
transferência. A mensagem reluzente se ascendeu na tela preenchendo o olhar
ganancioso de uma mulher vingativa.

"Transferência concluída com sucesso."

"Saldo atual: negativo."

- Meu Deus... – foram as únicas palavras que deixaram sua boca. Ela ainda não
acreditava que realmente havia conseguido. – Consegui...

- Sério? – Dinah perguntou ansiosa.


- Sim! Dinah, eu consegui!

- Porra, não acredito! Conseguimos!

Camila riu nervosa, ouvindo os gritos animados de Dinah e Normani do outro lado.
Ambas as mulheres também estavam tão nervosas quanto Camila, mas precisavam
se manter tranqüilas para que nada desse errado. A atenção criteriosa era
fundamental para concluir a operação.

- Saia daí! Acabei de ouvir a freqüência do radio da policia. Lauren está chegando. –
Normani ordenou.

- Merda! – exclamou a latina ao se levantar.

- Estamos milionárias, queridas. – Dinah falou vitoriosa.

- Estamos, mas se concentre. Vamos apagar toda a movimentação agora. A porta de


acesso para backups está aberta, podemos retirar de lá também. Temos a senha do
Collins, e com ela podemos tudo. – Normani falou rapidamente, enquanto ditava no
teclado de seu computador.

Dinah apenas assentiu, e seguiu as ordens de sua namorada. Normani tinha um


conhecimento abundante sobre sistemas digitais, e nada poderia ser totalmente
impossível para ela.

- Nós vamos resolver isso aqui, se concentre em sair daí em segurança, rainha.

- Deixem comigo. Apreciem o restante do meu show, meninas. Agora vem a melhor
parte.

- Essa eu quero ver. – a loira riu.

- Você é louca, Camila. – Normani sorriu.

- Sou.

Camila fechou a sala de Christopher, e caminhou tranquilamente pelos corredores


daquele andar, como se quisesse gravar em sua memória os mínimos instantes
daquele momento. Seu coração batia violento, mas satisfeito. Ela voltou ao elevador,
apertou o botão que lhe levaria até o saguão, e se voltou ao centro da caixa metálica,
enquanto se deliciava daquele sensação que tomava conta de sua alma. O elevador
da Collins Enterprise possuía um jogo de espelhos, onde quem estava dentro, tinha
uma ampla visão de quem estava ao lado de fora, no saguão principal, mas quem
estava no hall não poderia ter conhecimento de quem estava no interior do cômodo
metálico.

Karla apreciou ao show pavoroso no saguão, onde centenas de


funcionários se encontravam atentos a movimentação enfurecida dos manifestantes
ao lado de fora. A gritaria ainda se fazia presente, inundando seus ouvidos com
satisfação. Ela concentrou seu olhar em Collins, que exclamava irritado, nervoso no
meio daquela multidão de funcionários. Era um verdadeiro caos, assistido de
camarote pela provocadora de tudo.

Camila riu.

Ela deixou que uma risada sarcástica, e vitoriosa deixasse seus lábios, como uma
forma de extravasar sua felicidade. Voltou seus olhos para o espelho dentro do
elevador, enquanto soltava seus cabelos que até então estavam presos em um coque
bem feito. Ela virou seu corpo de frente para a parede espalhada, e deslizou uma das
mãos suavemente sobre seu ombro direito, como se limpasse algo ali. Encarou seu
conjunto de roupa de grife, que se tratava de um terninho feminino, negro, muito
bem cortado e ajustado a suas medidas. Ele a deixava sexy e incrivelmente bela.

"Carros da policia dobrando a avenida. Não demore mais."

A rainha não respondeu, permaneceu calada, enquanto deslizava o batom vermelho,


cor de sangue sobre seus lábios tão perfeitamente desenhados por Deus. Estava
maravilhosa, pensou ela.

O elevador parou, abrindo as portas para o lado oposto do saguão. Camila conhecia
aquela empresa como a palma de sua mão, e sabia exatamente o que precisava fazer
para não ser reconhecida. Caminhou até o banheiro no final do corredor, onde havia
uma mochila preta, no qual retirou um moletom escuro com capuz. O vestiu
rapidamente, e acomodou óculos escuros em sua face, para então voltar ao saguão. A
movimentação era tamanha, que ninguém poderia reconhecê-la no meio de toda
aquela confusão. Os manifestantes estavam a todo vapor, em um embate agressivo
com os seguranças da indústria, que usam da força para afasta-los. Collins estava
mais a frente, ao lado dos investidores, que passavam mal com todo aquele pavor.
Ela não se sentia satisfeita em espalhar o medo pelos inocentes, mas se sentia
vingada por fazer Christopher se sentir daquela forma. Karla arrumou os óculos
escuros sobre seu rosto, e ergueu o capuz sobre sua cabeça. A multidão no interior
do saguão começou a se movimentar alvoroçada, seguindo rapidamente para a saída
de emergência, que parecia ser pequena demais para tamanha aglomeração de
pessoas desesperadas. Os seguranças perderam o controle, e todos começaram a se
misturar. Funcionários, manifestantes, deixando Collins totalmente atordoado. A
latina lançou um ultimo olhar para seu marido, que andava de um lado para o outro,
totalmente transtornado, antes de se infiltrar no meio daquela multidão que
abandonava o prédio caótico.

Ao lado de fora tudo estava muito mais intenso, as pessoas gritavam, levantavam
seus cartazes pedindo o fim de tamanha exploração inconseqüente. Estavam furiosos,
e com razão muito bem pensada. Camila parou no meio daqueles, e encarou o prédio,
antes de capturar seu celular. O jogo de mensagens ainda não havia chegado ao fim.

"É melhor correr até sua sala, salve o que te resta."

Assim que Christopher leu a mensagem de texto, abandonou seus parceiros de


trabalho, e correu desesperado até as escadas incêndio. Ele sabia do que se tratava,
sabia que estava sendo roubado. E no fundo de seu subconsciente lhe restava uma
fagulha de esperança em tentar salvar algo, mesmo quando sabia que não tinha
poder para aquilo. Ele corria entre degraus e mais degraus. Estava cansado,
apavorado, sentindo-se totalmente inútil diante tamanho golpe contra seu poder. O
homem alcançou um elevador, e por fim chegou ao andar presidencial, encarando o
corredor completamente molhado. Ele suspirou e correu, invadindo sua sala até então
intacta.

- Meu Deus...

Seu olhar se concentrou em um único objeto, seu computador. No fundo ele sabia o
que iria ver, mas tentava adiar aquele momento o maximo que poderia. Caminhou
em passos lentos, melancólicos, até alcançar sua mesa. Ele se sentou sobre a
cadeira, temendo o que estava por vir. E com cuidado, ergueu a tela de seu
notebook, se permitindo enxergar o que tanto tinha medo. Ele ficou por minutos ali,
parado, estático, com o olhar compenetrado nas pequenas letras expostas pelo
monitor.

"Saldo em conta: 0,0.

Collins teve a sensação que seu coração parou, congelou por uma fração de
segundos, que fez todo seu sangue esfriar. Ele não conseguia se mover, e muito
menos esboçar qualquer tipo de reação. Ele não tinha nada, absolutamente nada.
Seus ouvidos deixaram de identificar a multidão ao fundo, absorvendo apenas o
barulho de seus batimentos cardíacos. Eram lentos, mas isso não se resumia a
tranquilidade, se identificava como desespero. Christopher só se moveu, quando seu
celular vibrou novamente. Ele relutou por alguns segundos, mas sua curiosidade era
maior.

"Você está tendo o que merece. E tudo isso ainda é pouco, pelo tamanho ódio que
sinto por você."

"Veja como é não ter mais nada. Agora sabe como eu me senti um dia. Você me tirou
tudo, absolutamente tudo. E eu não falo dos bens matérias, isso pouco me importa.
Falo de algo maior, que você nunca irá entender. Vermes como você, não sentem
nada."

Ele não conseguia tirar os olhos da tela reluzente de seu celular.

"O jogo acabou, querido. Você caiu diante do meu poder. – de sua rainha, Camila
Cabello."

Ele fechou os olhos, os comprimiu com força, enquanto seu corpo inteiro tremia.
Collins estava domado pelo ódio, um dos sentimentos mais obscuros que um ser
humano poder ter. Ele se levantou, respirando fundo, pesado, como se o oxigênio não
entrasse em seus pulmões. Sua cabeça trabalhava enlouquecida sobre tudo que havia
acabado de acontecer. Em malditos minutos, tudo estava perdido.

- Merda! Merda! – gritou com todo ar de seus pulmões, antes de arremessar seu
celular com toda força contra a parede. Objeto se espatifou com o impacto furioso.

Os objetos de sua mesa foram ao chão, , enquanto o homem os arremessava de


forma descontrolada, em uma tentativa de liberar a raiva que lhe preenchia a mente.
Ele ouvia os gritos ao lado de fora, e pedia aos céus que tudo aquilo parasse. Mas não
havia nada que pudesse ir contra as leis de causa e efeito. Era uma conseqüência. Ele
sabia que tudo aquilo não se passava de uma conseqüência por tudo que fez.

- Eu vou matar você. – gritou. – Maldita! Vagabunda!

Collins deixou tudo para trás, correu para longe dali. Estava sendo guiado pelo ódio
que tomava conta de seu coração. Agora ele entendia tudo, ele sabia exatamente do
que se tratava. Sabia que havia dormido ao lado de seu pior inimigo por longos anos,
e nunca sequer se deu conta. Mantinha ao lado um demônio disfarçado em pele de
anjo. Um anjo tentador, persuasivo, calculista. Camila sempre soube de tudo, em
seus mínimos detalhes. Ela estava ali, em cada casa avançada, em cada peça
derrubada. Ela estava lá, aumentando seu poder na surdina da noite.

- Desgraçada. – murmurou raivoso, ao invadir o saguão movimentado mais uma vez.

Ele olhou para ambos os lados, como se quisesse encontrá-la. A população ainda
estava lá, gritando, esbravejando por seus direitos, mas para ele aquilo se tornou
apenas um detalhe. A sirene das viaturas foram ouvidas ao fundo, aumentando
gradativamente com a proximidade.

- Senhor! Não saia! – exclamou um dos seguranças.

- Me deixe! – gritou.

- Pode ser perigoso! – o empregado murmurou novamente.

- Tire a porra da mão de mim. Eu quero sair!

O segurança o fitou assustado, e permitiu acesso ao empresário, que se meteu no


meio da multidão. Era uma manhã ensolarada, que o fazia comprimir os olhos para
enxergar melhor. As pessoas gritavam próximo a ele, mas se afastavam a cada passo
que ele dava rumo ao meio da multidão. Christopher não se importava com todos ali,
queria encontrar uma única pessoa, e tinha certeza que ela estava presente. Ele
encarou os rostos, que mais pareciam um borrão diante os seus olhos perdidos. Sua
respiração ofegante fazia seu peito subir e descer desesperadamente. Ele estava
zonzo, enjoado.

A multidão exaltada se afastou bruscamente quando as viaturas de policia


chegaram ao lugar. Lauren saiu do primeiro carro, com um semblante sério, e olhar
penetrante, enquanto os outros policiais pediam calma as pessoas ali presente. Todos
estavam devidamente armados, preparados para o pior. A delegada mirou o olhar
sobre Collins, que ainda procurava por sua esposa no meio de tamanho aglomerado
de mulheres. Ele tinha razão, ele a conhecia de certa forma. Sabia que ela estava ali,
e que não perderia nunca vê-lo cair. Entre os milhares de corpos que se moviam
inquietos, ele a encontrou.

Seu olhar cruzou aquela multidão, parando sobre aquela mulher que um dia o seduziu
com um único propósito. Camila ergueu a cabeça, desafiadora, poderosa e petulante.
Ela estava magnífica, parecia ter se arrumado para o evento mais importante do ano,
o que não deixa de ser. Ele suspirou, e praguejou em pensamentos, mas não se
moveu. Tudo acontecia em uma mínima fração de segundos. Karla expandiu seus
lábios pintados em vermelho, entregando um dos seus melhores sorrisos.

"Você caiu."

Ela sussurrou, antes de pressionar um único botão no controle que mantinha em suas
mãos.

Um barulho forte, quase como o de uma pequena explosão.

Dois estouros no topo do prédio.

E todos os olhares assustados estavam virados para o céu. A multidão gritou


desesperada, alvoroçada, quando as milhares de cédulas voaram sobre suas cabeças.
Estava chovendo dinheiro. Camila literalmente havia feito chover dinheiro naquele
lugar. Naquele instante, uma quantia exata de um milhão de dólares banhava os
corpos daqueles que protestavam contra o império de Christopher Collins.

- Filha da puta! – gritou ao ver o povo enlouquecido.

As pessoas corriam, pulavam e se moviam bruscamente para obter o maximo de


dinheiro que podiam, quase como jogos vorazes, enquanto a latina se afastava
graciosamente até o carro do outro lado da rua. Christopher por sua vez, tentou
encontrá-la novamente, e antes que pudesse correr para capturá-la, ouviu a voz de
Lauren cortar o ar até seus ouvidos.

- Não dê mais nem um passo!

Ele parou, mas por pura confusão. Collins se virou em direção a Lauren, com um
olhar incrédulo, desacreditado.

- O que disse?

- Eu mandei você ficar onde está.

- Eu preciso fazer uma coisa importante, que você deveria fazer! – murmurou com
desdém, antes de caminhar para o lugar onde viu Camila.

- Se não parar, eu serei obrigada a atirar em você.

Ele arregalou os olhos, quando os outros policiais se aproximaram, tomando seus


braços nas mãos.

- O que está fazendo? Solte-me agora! – gritou, enquanto se desvencilhava dos


policiais. – Tem idéia com quem estão lidando?

- Com verme criminoso.

- Como ousa falar assim comigo? Me solte agora!

- Você está preso, Christopher!

- O que....você não pode.. – murmurou atordoado, enquanto recebia olhares


acusativos.

- Não tente resistir! Acabou! – Lauren gritou.

- Eu acabei de ser roubado, e está me prendendo? Você está louca! – esbravejou. –


Me solte, porra! – gritou para o policial.

- Não soltem ele!

- Você não pode me prender, Jauregui!

- Eu não só posso, como vou. Você precisa entender, que eu sou a autoridade agora.
E sobre minha ordem, você vai pra delegacia.

- Não tem motivos para isso!

- Você está sendo preso pela morte de Charlie Cooper. Pelo desvio de dinheiro da
Cooper Enterprise, pela criação da empresa fantasma chamada Industria Turner.
Quer mais, ou isso é o suficiente para você?

- Não...

- O algemem. – ordenou à delegada, antes de se afastar.

- Você está do lado dela! Duas vagabundas! – gritou desesperado, enquanto tinha
seus punhos algemados pelo grupo de policiais. – Você é uma policial de merda! Puta!
Lauren trincou a mandíbula, enfurecida. Ela tentava não perder o controle, mas
Christopher abusava de sua boa vontade. A mulher girou sobre seus calcanhares, e
caminhou até o homem, que a encarava raivoso. Ela parou a poucos centímetros
dele, encarando seus olhos claros, sem medo ou receio.

- É melhor você ter muito cuidado com o que fala. Posso aumentar a sua ficha com
desacato a autoridade. E você não quer aumentar seus anos naquele presídio, não é?
Você está tendo o que merece, eu vou fazer absoluta questão de fazer você pagar por
tudo que um dia fez.

- Eu vou matar ela. – o homem sussurrou, olhando no fundo dos olhos verdes de
Lauren.

- Levem ele para a viatura. E acompanhem o resto da operação. – ela ordenou para
os homens ao seu lado, sem tirar os olhos atentos do empresário a sua frente.

- Eu vou matar ela, você vai ver! – ele gritava, enquanto era arrastado pelos homens.

Christopher Collins foi levado ao interior da viatura policial sobre vaias da população
que agora carregava uma parte de seu dinheiro. Os policiais cuidavam de afastar
todos, para que o carro pudesse manobrar sobre a ala central da empresa. Lauren
encarou o olhar furioso do homem, que agora estava acomodado no interior de sua
viatura. Ela apenas sorriu de canto, e acenou com a cabeça antes de colocar seus
óculos escuros no rosto.

- Você vai pagar por tudo.

[...]

Camila Cabello's point of view.

Despejei duas pedras de gelo no interior do copo de vidro, seguido por uma boa
quantidade de whisky. Acomodei a garrafa sobre a bandeja de prata, e capturei meu
copo. Caminhei em passos lentos, enquanto ouvia a musica que emanava das caixas
de som naquela sala. Eu estava em uma mansão, comprada por Dinah no ultimo mês.
De acordo com a loira, ela precisava de um lugar a seu nível, e aquele lugar parecia
ser de seu gosto, e conforto. Ficava do lado oeste da cidade, bem afastado da
mansão Collins, onde eu menos queria estar. Dinah e Normani por sua vez
aproveitavam nosso dia glorioso, sozinhas, fazendo coisas que eu bem adoraria
praticar.
Meneei com a cabeça em um sinal negativo, e degustei do primeiro gole daquela
bebida forte. Senti minha garganta aquecer no exato instante em que entrou em
contato com o liquido, trazendo-me certa estabilidade. Minha cabeça ainda se
encontrava na mesma freqüência de horas atrás. Tudo girava em torno de minha
ultima jogada, e de como ela havia sido perfeita.

- Um brinde, Charlie. – sussurrei, ao erguer meu copo para o alto.

Eu estava cansada, porém exaltada demais para descansar. Era noite, e mesmo com
aquele dia cheio, meu corpo ainda se encontrava em pura adrenalina, como se tivesse
ingerido algum tipo de droga. Eu respirei fundo, preenchendo meus pulmões em seu
limite, antes de caminhar até o centro da sala. Joguei-me sobre o sofá grande, de
estofado tão macio. Dinah sabia escolher aquelas coisas, pensei. Repousei o copo
sobre a mesinha de centro, enquanto pensava em tudo ao meu redor. O quão louca
aquela situação poderia ser? Tudo finalmente havia chegado ao fim?

Céus!

Fechei os olhos e deslizei as mãos sobre meus cabelos, enquanto suspirava em alivio.
Ao abrir os olhos, encarei o tabuleiro de xadrez, muito refinado, feito em vidro. E por
alguns instantes, toda minha historia se estendeu como flashes em meu pensamento.
Afastei todas as peças do lado oposto, deixando apenas um rei, e dois peões. Do meu
lado, organizei com precisão, deixando no centro a rainha, ao seu lado esquerdo
estava à torre e o bispo, do lado direito havia um peão. No entanto, ao analisar a
situação como um todo, aquela peça ao lado direito, já não se enquadrava como um
mero peão, sua força era muito maior. Dessa maneira, bati com a ponta dos dedos
sobre as peças jogadas ao lado, e optei por outra. O meu peão havia atravessado o
tabuleiro, chegando a ultima casa do lado oposto, onde finalmente recebia o poder de
se transformar na peça que eu tanto almejava.

Outra rainha.

Uma dama.

Um sorriso nasceu em meus lábios ao colocar as duas peças juntas, uma do lado da
outra.

Segurei ambas com os dedos, e quando derrubei o rei parado, desprotegido no centro
do tabuleiro, senti as mãos suaves escorregarem por meus ombros, dando espaço
para que alguém ocupasse o lugar ao meu lado. A peça do rei bateu contra o
tabuleiro, trincando em seu centro.
Eu encarei os olhos verdes e brilhantes de Lauren, que carregavam certo cansaço,
mas um brilho vitorioso. Ela repousou sua mão sobre minha coxa, e expandiu seus
lábios rosados em um sorriso cúmplice. E o retribui, recebendo sua boca com a
minha.

- Xeque-mate. – sussurrou ela em vitoria.

AAAAAAAAA TRANQUILO NADA. AMO MINHAS MÃES, PORRA.

E CAMILA COLLINS, VOCÊ É O AMOR DA MINHA VIDA.

RECADO: Tudo será esclarecido daqui pra frente.

Beijinhos, sonhem com Camila Collins.


Capítulo 31 - Depoimento

OLÁ, MEUS AMORES.

VOLTAMOS.

E dessa vez, é com capitulo sim!

Obrigada pela paciência de vocês em esperar, eu tive alguns bloqueios, seguido pelo
lançamento das coisas da Camila, e por isso demorei. Mas enfim, aqui estamos.
Queria agradecer a todo mundo que participou do projetinho no domingo. Eu amei
muito a força de vocês.

Agora vamos ao que interessa.

Queria avisar que as explicações vão acontecer em forma de flashback, mas não está
tudo nesse capitulo. Tem muito momentos para serem explicados, por isso vamos
dividir a cada atualização, ok?

Agora sim, vamos lá.

Camila Collin's point of view.

Depois de algumas horas, eu estava acomodada no interior do rollsroyce preto, a


apenas uma quadra do departamento de polícia de Nova Iorque. Era a primeira vez
que eu iria comparecer diante as autoridades depois da prisão de meu marido no dia
anterior. A notícia do ocorrido se alastrou como um vírus;há essa hora, toda a
imprensa mundial noticiava a prisão do magnata do petróleo, Christopher Collins.
Mantive-me atenta ao movimento do lado de fora, enquanto degustava de uma taça
de champagne, um dos mais caros, comprado exclusivamente para aquela situação.

- Senhora, há muitos jornalistas em frente à delegacia. – Carlos murmurou ao


diminuir a velocidade, agora que estávamos em frente ao prédio.
Um sorriso nasceu no canto de meus lábios quase que automaticamente. Ergui a
cabeça e fitei o aglomerado de repórteres e fotógrafos mais a frente. Levei a taça até
meus lábios, tomando mais um gole do álcool ali presente, antes de repousá-la sobre
o suporte oferecido no banco de trás do carro luxuoso.

- Não há problema, Carlos. Pare em frente à delegacia, eu vou descer.

O homem me fitou pelo espelho retrovisor e assentiu, acatando minha ordem de


forma precisa. Quanto mais o carro se aproximava da área frontal do prédio, mais
fotógrafos nos rodeavam. A gritaria, acompanhada da movimentação exagerada ao
lado de fora, me fazia perceber como aquela notícia estava sendo bombástica. Não
era para menos, as indústrias Collins estavam no olho do furacão de um escândalo.

"É Camila Collins! Esposa dele."

"Camila! Camila!"

Eles gritavam, enquanto eu me mantinha na mesma posição, cabeça erguida e olhar


fixo à frente.

- Eu vou chamar alguns policiais para abrir caminho. – disse Carlos antes de deixar o
veículo.

Puxei minha bolsa repousada sobre o banco, de onde retirei meu batom, tinha uma
tonalidade avermelhada, quase como sangue, mesma cor presente em minhas unhas
grandes, contrastando perfeitamente com o vestido tubinho preto que cobria meu
corpo. Deslizei-o sobre meus lábios suavemente, antes de encarar meu reflexo no
pequeno espelho presente no banco da frente. Meus olhos tinham um leve contorno
em preto, destacando minhas pupilas castanhas e agora brilhantes. Sorri satisfeita
com o que via, e fechei o espelho, guardando o batom no interior da bolsa. Vi Carlos
parar ao lado da porta, e rapidamente coloquei meus óculos escuros, precisava de
uma imagem abalada para tantos olhares sobre mim. A porta foi aberta e meu corpo
foi banhado com flashes de todas as câmeras ali presente.

"Camila! Você sabia de tudo sobre o seu marido?"

"Conhece a pessoa que ele matou?"

"Por favor, responda!"


"Sra. Collins, você faz parte de tudo?"

Carlos e mais alguns policiais me conduziram em meio aquela multidão tumultuada


de fotógrafos e repórteres que dariam a vida por uma informação privilegiada. Eu
nem sequer os fitei, não poderia abrir margem para qualquer erro, o plano havia sido
executado, mas me exigia certos cuidados.

- Se afastem! – gritou um dos oficiais, enquanto éramos bombardeados com tantos


flashes.

Assim que subimos as escadarias em frente à delegacia, ergui a cabeça e encarei


aquele par de olhos verdes que me observavam na entrada da delegacia. Lauren
estava parada a minha espera, maravilhosa como sempre, com um ar imponentee
desafiador. Hoje ela parecia ainda mais bonita, usava uma calça branca, justa, uma
blusa de seda vermelha, e sua típica jaqueta de couro preta, sem esquecer o
scarpinnegro em seus pés.

- Obrigada, soldados. – disse ela para os policiais que tão logo se afastaram. – Bom
dia, senhora Collins.

- Bom dia, agente Jauregui.

Ela se manteve séria e eu não fiquei para trás. Ambas sabíamos que disfarçar era o
ponto principal naquela situação. Assim que adentrei o interior mais calmo da
delegacia, me deparei com John. O rapaz tinha um semblante exausto,
provavelmente estava em trabalho pesado desde o momento em que Christopher fora
preso.

- Sra. Collins! Que bom que apareceu! Preciso falar com você, em particular. – disse
ele, lançando um breve olhar para Lauren.

- Não demorem muito, vamos precisar acelerar o processo de recolha de depoimento.


– ordenou Lauren.

- Sim, agente.

A mulher me fitou mais uma vez e tão logo se afastou ao lado de outro oficial,
fazendo-me observar o movimento de seu corpo, mais especificamente seu quadril
com aquela calça branca.
Gostosa.

- Senhora?

- Sim?

- Preciso preparar você para depor, não podemos falar qualquer coisa. Não queremos
que Collins saia prejudicado.

- Veja bem, John... – murmurei pausadamente, enquanto arrumava os óculos escuros


em meu rosto. – eu não tenho sequer uma informação sobre tudo isso. Você sabe
que Christopher não gosta de dividir qualquer assunto comigo, não há nada que eu
possa falar.

- Ele acha que você sabe além do que deveria. Durante todas nossas conversas,
Christopher a culpou. – disse ele com um olhar minucioso. – disse que você está
contra ele.

- Acha que eu seria capaz disso? Como eu teria poder para fazer qualquer coisa
contra meu próprio marido? Meu próprio patrimônio? Às vezes tenho a sensação que
ele está enlouquecendo com tantos problemas. – abusei de um tom de voz
melancólico.

- Eu sei, penso o mesmo. Ele está muito atordoado desde ontem.

- Isso não é de hoje, eu estou sinceramente muito preocupada. – falei ao tocar em


seu braço suavemente.

- Vai ficar tudo bem, Camila. – tentou me tranqüilizar.

- Assim espero, isso é demais para mim. Estou muito abalada com toda essa
situação.

- Eu consigo imaginar. Vou acompanhar o processo de depoimento para que não


façam perguntas descabidas, sei que não tem nada a ver com tudo isso.

- Obrigada, você é sempre muito gentil.

- Não há de quê.

Nós ficamos por mais um determinado tempo naquela recepção, à espera da ordem
que nos conduziria a uma das salas. Estava ficando impaciente, aquela demora
deixava-me cada vez mais ansiosa e farta de ter que bancar a esposa idiota.

- Sra. Collins, John! – chamou Lauren ao fundo. – me acompanhem, por


favor.

Lancei um sorriso disfarçado para Lauren, que retribuiu da mesma forma. Depois de
tamanha descoberta com o caso, a agente ganhou certo destaque e importância,
agora sendo uma das principais agentes daquele departamento.

- Me deixe fazer apenas uma ligação. – John solicitou, recebendo um aceno positivo
da mulher a nossa frente.

O rapaz se afastou nos deixando sozinhas naquele corredor extenso e vazio. Lauren
olhou para ambos os lados e logo voltou seus olhos em minha direção.

- Como está? – indagou em um sussurro.

- Estou ótima, só um pouco ansiosa.

- Está dando tudo certo, não se preocupe. Estou cuidando de tudo por aqui.

- Sei que sim, estou apenas eufórica com tudo isso.

Lauren suspirou e assentiu, antes de olhar novamente para ambos os lados,


certificando-se que estávamos sozinhas.

- Prometo que te faço relaxar depois disso tudo. – disse ao dar um passo a frente,
ficando a poucos centímetros do meu corpo.

Encarei seu olhar provocador, fazendo-me arfar em desejo. Lauren gostava de me


instigar, desafiar, deixando-me à beira de cometer uma loucura. Eu respirei fundo,
diante de seu corpo tão próximo, com tamanho perigo de sermos pegas.

- Quer ser pega por alguém aqui? – indaguei nervosa. – Imagina o que iriam dizer? A
oficial dando em cima da esposa de um acusado.

Lauren sorriu.

- Iria dizer que estava apenas consolando a pobre esposa, tão inocente. – seu tom de
voz era de puro cinismo. Ela estava pegando isso de mim?

- Cachorra.

- Talvez. – sussurrou ao me roubar um beijo.

Arfei em surpresa, mas ela se afastou rapidamente com aquele maldito sorriso cínico.
Segundos depois ouvimos a voz de John ao fundo, ele ainda falava ao telefone,
totalmente irritado, nem sequer notando a tensão entre a agente e eu. Afastei-me
alguns passos, tomando a postura para meu papel novamente. Depois de alguns
minutos, adentramos a sala, em seu interior havia alguns policiais, sendo um
investigador e um escrivão.

- Bom dia, Sra. Collins. Me chamoTravis Levy, sou investigador criminal. – ele
estendeu a mão em minha direção, em um cumprimento gentil. – pode se sentar, por
gentileza.

Lauren caminhou até o outro lado da mesa, ficando de frente para mim, ao lado de
Verônica que faria o relatório de meu depoimento. O clima naquele lugar era pesado,
intenso, mas de nada me acanhou. Eu tinha todos os olhares sobre mim e nem de
longe aquilo me afetaria. Acomodei-me tranquilamente sobre a cadeira em frente à
mesa e retirei meus óculos escuros, para encarar o investigador com um dos olhares
mais inocentes e exaustos que eu poderia oferecer. O agente Levy parecia estar na
faixa de seus trinta e cinco anos; carregava linhas faciais cansadas, como se
estivesse trabalhando por longos e exaustivos dias. Era um homem aparentemente
bem cuidado, tinha cabelos escuros, curtos e uma barba bem feita. Usava um
conjunto de terno cinza, dando ênfase a seu distintivo sobre o peito.

- Sei que deve estar muito cansada com tudo isso, mas vamos começar o
depoimento, certo? – murmurou ao arrumar um pequeno bloco de papeis sobre a
mesa. – Quero que comece dizendo seu nome, idade e relação com o nosso acusado.
E lembre-se, diga somente a verdade.

- Sim, agente Travis, eu direi somente a verdade.

Lauren Jauregui's point of view.

Era inacreditável o poder daquela mulher. Camila chegou sob todos os


olhares da imprensa, mostrando seu estado tão "abalado" pelo acontecimento com
seu até então marido e agora fazia o mesmo para o investigador criminal. Estava
sentada de frente para mim, perfeitamente arrumada como de costume, mas
diferente do habitual, não esbanjava poder, pelo contrário, se mostrava tão indefesa
como uma criança. Seus olhos se faziam perdidos, em meio a suspiros desapontados
e melancólicos. Ninguém naquela sala, além de mim, sabia de seu teatro tão
perfeitamente calculado por longos anos.

- Me chamo Karla Camila Collins Estrabao, tenho trinta e um anos, sou esposa de
Christopher Collins.

Confesso que em outra ocasião, aquilo iria me parecer surreal. No entanto, meus
longos anos como delegada policial me afirmavam o poder de algumas pessoas para
mentir de forma tão convincente. Era certo que alguns não tinham tamanha
habilidade, outros poderiam se esforçar e conseguir com dificuldade, mas apenas uma
seria totalmente perfeita, e esta seria Camila.

- Certo, Sra. Collins. Me diga, como soube do ocorrido?

Ela suspirou, deixando sua bolsa de lado, para então voltar os olhos na direção do
investigador próximo a mim.

- Eu estava na galeria com minha melhor amiga, Dinah Jane, quando ligamos a
televisão e vimos a coberturaao vivo do protesto dos ambientalistas em frente a
Collins Enterprise. Lembro-me de ter ficado extremamente nervosa, pois havia muitas
pessoas e todas estavam tão furiosas. Senti receio por meu marido, não queria que
ele se machucasse. Tentei ligar diversas vezes, mas ninguém atendia minhas
ligações, nem ele e muito menos a secretária. Logo pensei que algo de ruim teria
acontecido e acabei me sentindo muito mal. – ela deu uma breve pausa, como se
buscasse forças para falar. Mentirosa. – Acho que minha pressão baixou, eu não sei!
Dinah me ajudou e me pediu calma.

O investigador me fitou com um olhar atento, mas nada falou.

- Eu liguei para John, mas ele também não atendeu. E compreendo, tudo estava
caótico demais para falar ao telefone. Depois de me sentir um pouco melhor, tive
vontade de ir ao encontro de meu marido, mas Dinah julgou melhor esperar, não
queria me ver no meio daquela confusão. Foi quando vimos pela televisão, o
momento da prisão. Aquilo sinceramente me tirou o chão.

- Então viu tudo pela televisão?

- Sim, havia muitos jornalistas, em todos os canais se falava disso. Foi devastador, eu
nem sei como dizer. Fiquei simplesmente abismada com aquela situação. Estou com
Christopher há cinco anos e jamais poderia imaginar tais atrocidades. – ela murmurou
enquanto enxugava uma das lágrimas que desciam por sua face.

Uma atriz. Uma perfeita e inigualável atriz. Camila Collins estava ali, em meio às
lágrimas, falando o quão devastador era saber que seu marido não passava de um
criminoso. Nada, absolutamente nada em suas ações dava margem para outro
pensamento. Tudo nela agora indicava decepção e surpresa.

- De início não acreditei. – ela respirou fundo, e deixou que outras lágrimas caíssem.
– eu achei que a agente Jauregui estava equivocada, mas recebi a ligação de John,
informando sobre todas as acusações e provas contra Collins. Passei o restante do dia
trancada em minha casa, sozinha, pois havia dispensado todos os empregados. Eu
não queria ver ninguém, depois minha melhor amiga se juntou a mim, ela estava
realmente preocupada. Nós ficamos juntas a madrugada inteira, onde eu só sabia
chorar.

- Essa sua melhor amiga, é Dinah Jane?

- Sim, ela mesma.

- Certo. – ele suspirou. – deve saber que temos provas suficientes para colocar seu
marido atrás das grades por muitos anos, não é? Acha que ele seria capaz de fazer
tudo isso pelo que está sendo acusado?

Camila desviou o olhar e os voltou para John, que parecia nervoso. Ele não
queria que ela falasse nada para prejudicar seu cliente, mas para infelicidade dele,
Camila era a peça principal para a derrubada do rei.

- Se sente acuada com a presença do advogado de defesa, Sra. Collins? Se quiser,


podemos retira-lo.

- Não! – exclamou, remexendo-se devagar sobre a cadeira. – eu falo.

- Pois bem, continue.

- Agente Travis, eu poderia muito bem dizer que essa acusação é infundada, que meu
marido jamais seria capaz de cometer tais atrocidades. Maseu sei que não ficaria em
paz com minha própria consciência. Eu não suporto mentiras e agora só quero a
verdade. – uma pausa dramática. – eu acredito sim que ele seria capaz disso. Collins
sempre foi um homem ambicioso, com gana de poder. Eu nunca soube sobre seus
negócios dentro da Collins Enterprise, mas ouvi muitos murmúrios com a quebra de
sociedade com seu até então parceiro, Heitor Martinez.

- Seu marido nunca falou sobre os negócios com você? – indagou em um tom
desacreditado.

- Apenas coisas básicas, nada muito aprofundado. Collins nunca gostou de me inserir
nesse campo. Por muitas vezes me senti deixada de lado, eu queria saber, queria
participar mais da vida de meu marido, mas ele nunca quis. – ela murmurou em
meios às lágrimas. – talvez porque tinha coisas demais para esconder.

Reprimi um sorriso e estendi a mão até uma caixa de lenços, no qual levei até a latina
sentada mais a frente.

- Pegue um, Sra. Collins. – murmurei ao encará-la.

Camila voltou seus olhos marejados em minha direção, mas apenas agradeceu.

- Muitas coisas, Sra. Collins, seu marido tinha muitas coisas para esconder. – afirmou
o investigador.

- Eu não sei o que fazer, queria vê-lo fora daqui, mas sei que a justiça precisa ser
feita.

- E será. Graças à agente Jauregui, que não desistiu do caso, estamos realizando tudo
da maneira adequada, não se preocupe.

- Sempre confiei em você, agente Jauregui. – disse ela.

- Estava apenas fazendo meu trabalho.

- Sra. Collins, você conhecia Charlie Cooper?

Camila se calou e voltou seus olhos ao investigador. Naquele instante, senti certo
receio por ela, a latina não poderia perder a linha de pensamento, e eu sabia que
aquele determinado assunto era delicado demais.

- Não, nunca conheci. – respondeu seca.

- Nem ouviu falar?


- Apenas depois da prisão de meu marido.

- Engraçado, porque seu marido disse que você o conhecia. Na verdade, ele anda
falando muitas coisas sobre você. – o tom de voz usado pelo investigador, indicava
que Camila era uma verdadeira suspeita.

- Posso saber o que ele anda falando?

- Que você é a verdadeira culpada. Que está por trás de tudo, dos roubos, do
protesto e de tudo que o colocou aqui. Para ser sincero, seu marido está colocando
toda a culpa sobre suas costas.

Ela abaixou a cabeça, e meneou negativamente. Ergueu o lenço até o olho direito,
enxugando algumas lágrimas.

- Eu não o conheço, apenas sei que era um empresário importante no ramo das
indústrias petrolíferase que foi morto de forma tão fria. Eu soube também que Collins
o conhecia, cheguei a perguntar sobre, mas ele pareceu irritado e não me respondeu.
No dia eu julguei ser pelo estresse de um dia cheio de trabalho, e não insisti.

- Não sabe mesmo de nada? Devo lembrar que se estiver mentindo, será
pior, sra. Collins.

- Não estou, agente. Eu não mentiria para livrar um homem que merece passar pela
justiça, mesmo ele sendo meu companheiro por cinco longos anos. Mas imagino o
porquê de ele estar me acusando dessa forma e me surpreendo mais ainda com um
ato tão sujo. Céus!

- E por que seria?

- Nosso casamento ficou muito desgastado nos últimos meses. Permanecíamos em


brigas constantes e nas últimas semanas descobri que ele estava me traindo com a
agente Issartel. Por pura casualidade, vi uma mensagem de texto em seu celular,
acho que iriam se encontrar, eu não sei. Ele passou a chegar mais tarde em casa, o
celular vivia desligado.

Como era possível? Ela conseguia encaixar tudo a seu favor, sem deixar um furo
sequer. Aquela mulher não podia ser real.
- Está me dizendo que seu marido está lhe acusando por ser um elo fraco? Por não
ter mais interesse no casamento de vocês?

- É única coisa que me vem à cabeça, infelizmente. – ela murmurou baixinho,


permitindo-se chorar. – Não há nada contra mim, agente. Eu nunca fiz nada para
receber tais acusações, eu imagino que ele deve estar desesperado para sair daqui.
Christopher nunca se importou em sacrificar pessoas próximas para se livrar de
problemas.

- Isso explica muita coisa. – ponderou o investigador, dando uma breve pausa. –
então você me afirma que não tem nada a ver com as acusações de seu marido? Que
tudo que ele está falando é mentira?

Camila poderia negar friamente para todos naquela sala e os convenceria de que
nada tinha a ver com tais crimes, mas eu sabia que ela estava envolvida até os fios
de cabelo naquele caso. Desde aquela maldita noite, eu tive conhecimento de um
outro lado daquela mulher tão misteriosa. E foi justamente ali, que tudo mudou para
nós.

Flashback on

- Nem parece a toda poderosa de sempre... – sussurrei ao repousar minha mão sobre
a dela.

Entrelacei nossos dedos, deixando que meu polegar deslizasse sobre a pele macia de
sua mão; Camila respirou fundo, apertando seus dedos juntos aos meus como se
quisesse prolongar aquele instante e assim permiti. Depois de mais alguns minutos,
chegamos à galeria. Nós nos despedimos e eu a acompanhei de meu carro até chegar
a sua casa. Já estava anoitecendo quando ela entrou nos cômodos da mansão Collins,
e só então eu me retirei. No caminho para casa, parei na delegacia para buscar
Verônica que encheu meu celular com mensagens.

- Pensei que não viria, cachorra. – disse ela ao sair da delegacia.

- Estou na minha folga, será que pode me deixar descansar?

- Eu poderia, mas sei que descansando era a última coisa que estava fazendo. Com
essa cara de otária felizinha, estava com a patroa, não é safada?

Ela rolou os olhos de forma impaciente, me fazendo rir. Verônica sabia me ler
como ninguém, nada passava despercebido por minha melhor amiga. Nós
caminhamos juntas em direção ao meu carro e ao descer pela escadaria da delegacia,
acabei esbarrando em alguém que parecia distraído demais.

- Me desculpe! – disse uma voz feminina.

Ergui a cabeça e encarei a mulher, tendo um súbito choque em surpresa.

- Keana!

- Oh, Deus, ferrou. – foi o que ouvi de Vero ao fundo.

Ficamos a conversar por poucos minutos, nada de muito profundo. Apenas soube que
a agente policial havia sido transferida e que agora trabalharia na mesma delegacia
que eu, que destino, não?! Voltamos para casa, deixando a mulher para o trabalho
que tinha a fazer. Passei o caminho ouvindo Vero zombar sobre o que Camila teria a
dizer sobre isso, e se ela aceitaria um novo ménage.

- Ai, chega. Me deixa quieta. – resmunguei ao entrarmos em casa.

Vero adentrou seu quarto, enquanto eu retirava minhas botas pela sala. Sentei no
sofá, deixando que meu corpo relaxasse. Foi quando encarei a tela de meu
computador, havia uma mensagem piscando sem parar. Aproximei-me do aparelho,
colocando-o sobre minhas pernas e assim que cliquei sobre o ícone na tela do
computador, meu celular tocou estridente, fazendo-me largar o objeto de lado.
Caminhei até a cômoda, capturando o aparelho, vendo um número desconhecido.

- Alô?

- Lauren?

- Sim, quem fala?

- É a Keana! Eu fui liberada cedo e pensei se não gostaria de dar uma volta.

Eu respirei fundo, não vendo mal em sua proposta.

- Claro, te encontro em meia hora.

Depois de um jantar casual com Keana, eu voltei para casa. Não estava em meus
planos prolongar a noite com a oficial, mesmo quando ela se mostrou interessada,
havia tido um dia maravilhoso ao lado de Camilae me sentia satisfeita assim. Nos
últimos tempos, minha aproximação com a latina se intensificou, e não de uma
maneira sexual que sempre tivemos. Havia algo mais agora, eu sentia isso e ela
também.

Sentei no sofá macio da sala em meu apartamento, permitindo que meu corpo
relaxasse por alguns instantes. Havia sido um dia cheio, não de forma ruim, ter uma
folga ao lado de Camila Collins poderia ser muito proveitoso. Passamos a manhã
inteira em um passeio animado, com direito a banho de riacho e muitos carinhos. Foi
inevitável o sorriso que estampou meus lábios, quando aquelas lembranças invadiram
meus pensamentos. Talvez eu estivesse começando a aceitar que algo mais forte
estava surgindo entre nós.

- Camila, Camila...

Respirei fundo, quando meus olhos se voltaram ao notebook sobre a mesa. De


imediato, lembrei da mensagem que havia deixado de lado, antes da ligação de
Keana. Com tamanha pressa, acabei largando o notebook e corri ao seu encontro.
Ergui meu corpo do sofá e puxei o aparelho eletrônico para mais perto. Assim que o
monitor se ascendeu, encarei a janela aberta. Era um dos programas do
departamento de polícia, mais precisamente um programa de escutas. Franzi o cenho
de forma confusa, quando me recordei do momento em que o utilizei. Levei o mouse
suavemente até o ícone de novas gravações, quando cliquei sobre a primeira.

Não havia nada.

Segunda, nada de importante.

E na terceira enfim ouvi a voz de Camila, e de outra pessoa que julguei ser Dinah.

- Alô? – iniciou Camila.

- Finalmente!

Dinah exclamou em um suspiro.

- O que aconteceu?

- Quero saber se vai vir à galeria, tenho um assunto importante para tratar com você.

- Pode me adiantar? Eu não sei se vou, estou exausta. – resmungou ela, com uma
voz sonolenta.

- Consegui o queríamos do peão. Depois de alguns métodos um tanto brutos, ele


liberou o material sobre a empresa.

Estreitei os olhos e aumentei o volume do áudio. Por alguma razão, meu coração
disparou quase como um alerta do que estava por vir.

- O que? Não combinamos que ele iria me esperar? – perguntou incrédula. – Droga,
Dinah!

- Estou com o que precisamos, Camila. Não precisamos mais do Heitor.

- Deveria ter me esperado! Enfim, nos encontramos daqui a uma hora.

Fim do áudio.

Tudo que eu conseguia ouvir naquele momento era o barulho de minha respiração
pesada, acompanhada de meus batimentos cardíacos tão violentos. As imagens de
Camila se formaram em meus pensamentos como uma sequência de flashes, desde o
primeiro instante até o último. Minha cabeça trabalhou em todos os nossos
momentos, absolutamente todos, em uma fração mínima de segundos. Como uma
explosão catastrófica, desmanchando toda imagem que construí da mulher.

Maldita.

Era ela.

Aquele áudio foi como a última peça do quebra-cabeça. Aquela que nos dá a imagem
perfeita de todo um trabalho.

A peça principal.

Afastei o notebook em um solavanco, enquanto puxava o ar com forças para dentro


de meus pulmões. Existia uma fusão de sentimentos que tomavam conta de mim
agora, e nenhum deles era bom. Encontrava-me surpresa, desapontada, enfurecida e,
principalmente, decepcionada.

- Não, você não podia ter feito isso comigo...


Fechei os olhos, sentindo o ar me faltar. Levantei do sofá lentamente, enquanto
aquele áudio se repetia ao fundo. A voz de Camila se espalhava pelo ambiente,
seguidas vezes, provocando-me uma sensação inexplicável dentro do peito. Eu
caminhei até a mesa no canto da sala, onde apoiei ambas as mãos. Meu estômago se
revirava, provocando-me um desconforto, seguido pela vontade de vomitar. Abaixei a
cabeça e respirei fundo diversas vezes em uma tentativa de me tranquilizar, mas
nada surtia efeito imediato. A voz dela ainda repetia as mesmas frases, como eco
maldito no fundo do meu subconsciente que gritava em alto e bom tom que eu havia
sido enganada. Erguia cabeça e me deparei com a foto de Camila no pequeno
organograma exposto em minha parede. Seu olhar superior e sua postura condiziam
perfeitamente com sua nova imagem. Era poderosa, imponente e, sobretudo,
misteriosa.

- Você me seduziu tão bem a ponto de me cegar. Me enganou esse tempo todo, o
tempo todo.

Camila Collins era diferente, ou melhor, ela era única. Nenhuma outra mulher possuía
tamanha habilidade de sedução e persuasão como tal. Era natural, quase como
respirar. Tudo naquela latina poderia ser atrativo, desde seu olhar intenso, seu corpo
sinuoso, suas expressões instigantes e até mesmo sua forma provocadora de falar.
Ela poderia ser o que você quisesse, bastava desejar.

Ela tinha poder para isso.

- Maldita. – esbravejei, antes de bater com força sobre a mesa.

Tudo que eu sentia naquele momento estava se convertendo em raiva.


Absolutamente tudo. Saber que durante todo esse tempo, fui apenas uma peça de
seu jogo manipulador, me destruía, mas ao mesmo tempo me dava forças para
continuar.

- Isso não vai ficar assim, eu também posso jogar, Karla. – murmurei entre dentes,
antes de arrancar a foto dela presa a parede.

[...]

Talvez eu tenha perdido mais tempo do que deveria, ainda me encontrava nervosa
demais pelos acontecimentos da noite anterior. Descobrir que Camila era uma das
criminosas havia me acertado em cheio, mesmo quando eu já havia considerado tal
hipótese. Desconfiar era muito diferente de ter certeza, ainda mais quando se tratava
de alguém tão próximo. Permaneci com a cabeça encostada no banco do carro,
enquanto uma respiração pesada deixava meus pulmões. Já passavam das sete e
daqui à uma hora Camila estaria chegando a seu local de trabalho. Eu estava em
frente à galeria Cabello, em uma preparação psicológica parar mergulhar naquele
jogo em busca de uma resolução precisa e certeira.

- Vamos lá, Lauren. Se ela mentiu tão bem, você também consegue. –
suspirei. – entre no jogo, e vença.

Respirei fundo mais algumas vezes antes de sair do interior de meu carro. Caminhei
em passos apressados até a entrada da galeria, enquanto calculava em minha cabeça
tudo que eu precisava fazer. Na entrada principal, um dos seguranças me encarou e
logo me lançou um sorriso gentil, eu o retribui da mesma forma antes de adentrar o
salão extenso no interior da galeria. Com a ordem de Camila, eu tinha livre acesso na
entrada, podendo circular quando necessário pelo ambiente. Cumprimentei mais
alguns funcionários pelo caminho e segui até o segundo andar, com todo cuidado
para não tornar a situação suspeita.

- Finalmente. – sussurrei para mim mesma assim que entrei a sala presidencial.

Olhei para o escritório bem arrumado, recordando quase que automaticamente as


imagens de Camila em seu interior. Afastei tais pensamentos rapidamente, antes de
me aproximar de sua mesa. Tudo perfeitamente organizado, bem como ela gostava.
Com cuidado, vasculhei tudo, desde sua mesa, armários, documentos e até mesmo
seu computador, não havia nada. Caminhei até a janela atrás da mesa, certificando-
me de que eu não teria presenças indesejadas naquele momento, eu não poderia me
dar ao luxo de ser pega colocando pontos de áudios no interior da sala de Camila,
certo?

Após colocar duas escutas no interior da sala, me retirei da mesma e segui para a
sala do outro lado do corredor, era a de Dinah, e estava completamente vazia. Fiz o
mesmo trabalho da sala anterior, e tão logo me adiantei a sair para não ser pega em
flagrante. Desci as escadarias em passos rápidos, enquanto procurava por meu
telefone celular nos bolsos de meu casaco, quando ao fundo ouvi a voz me chamar.

- Lauren!

Arregalei os olhos em puro susto, e me voltei à loira que adentrava o salão com um
sorriso simpático, enquanto retirava seus óculos de sol tão charmosos. Dinah parou a
minha frente e sorriu antes de guardar o aparelho celular no interior de sua bolsa.
Tudo que eu conseguia pensar naquele instante, era em como ela reagiria quando eu
a colocasse atrás das grades.

- Ei, bom dia! – cumprimentei.

- Bom dia, que surpresa ver você aqui agora.

- Eu estou atrás de Camila. Liguei hoje mais cedo, mas só caiu na caixa de
mensageme na casa dela ninguém atende. – dei uma breve pausa. - Passei por aqui
primeiro porque fica no caminho, mas acho que é melhor eu seguir até a casa dela.

Dinah assentiu sutilmente. Não parecia desconfiar de nada, pelo contrário. Eu tinha
certeza que a melhor amiga de Camila tinha total conhecimento sobre nosso caso,
dessa maneira, deixando minha presença completamente habitual, fora que eu
trabalhava como segurança particular, é claro.

- Ela não chega tão cedo, mas não se preocupe. Venha daqui à uma hora e meia,
talvez ela já tenha chegado.

- Tudo bem, eu vou fazer isso sim. Obrigada, Dinah.

- Não precisa agradecer, até logo.

- Até logo. – murmurei com um sorriso.

Saí da galeria Cabello com um ar confiante, afinal, eu havia avançado a primeira casa
rumo ao outro lado do tabuleiro. Não havia escapatória naquele jogo, agora ganharia
quem possuísse as melhores estratégias e, naquele momento, eu tinha a melhor
delas.

- Você vai ter o que merece, Camila.

Primeira parte de como tudo aconteceu! O flashback continua! Até o próximo!

Ah! Queria pedir uma coisa para vocês, prometo que se ajudarem, eu recompenso
bem kkk

Vamos fazer stream de Crying In The Club no Spotify! É muito fácil, e nem da tanto
trabalho. Basta baixar um programa pra mudar o IP no computador, eu conheço o
"Zenmate" e ele é muito bom. Com ele você muda o IP para US. Em seguida você só
precisa criar uma conta US no Spotify, (como seu IP vai estar mudado, o spotify
automaticamente vai te dar uma conta US) Depois de criada a conta, é só colocar
uma playlist com Crying in the club, e deixar tocando por quanto tempo quiser. ( se
quiserem uma playlist, é só me pedir no twitter)

Lembrem que não podem colocar no mute, sendo o spotify ou computador. Deixem
tocando baixinho, ou coloquem os fones de ouvido.

E antes que perguntem, vamos fazer essa divulgação com Fifth harmony também,
como sempre. Por enquanto, o momento é de Camila Cabello. :) - Evelin.

Então gente, me tira uma duvida aqui.. Existe musica nova de Fifth Harmony pra
fazer stream? Não. A unica é a da Camila. E antes que venham perguntar
ironicamente se vamos fazer o mesmo para as meninas.. A resposta esta nas notas
iniciais e finais de alguns capítulos, que por sinal, usamos pra divulgar votações para
FIFTH HARMONY , se quiserem insistir nisso, fiquem a vontade. Mas sabemos o que
fazemos, e não é ninguém que vai dizer isso a nós. - Sindy.
Capítulo 32 - Flagrante

SURPRESA!

VOLTAMOS OUTRA VEZ.

Esqueci de agradecer pelos vários comentários do capitulo 30! Xeque-Mate foi para os
trends, e Camila Collins também. E FOI PARA OS MUNDIAIS AAAAA. Vocês são
demais mesmo. Obrigada por tudo!

Esse capitulo está sendo dedicado pela Larissa, a uma galera que ela conheceu na fila
do show da Dulce Maria, no Rio de Janeiro. Então.. Emily, Carla, Wendy, Luciana e
Marciely, esse capitulo é de vocês!

Ahh! Estamos nos trends agora mesmo!

Continuação do Flashback.

[...]

"Não deveria ficar tão abalada, Camila. Vocês não têm nenhum tipo de
relacionamento sério. Você não pode querer que ela seja fiel, quando você é casada."

"Eu só pensei que... – ela deu uma breve pausa – que ela gostava de mim. Ontem
eu tinha certeza que ela iria dizer algo importante sobre seus sentimentos, mas eu
impedi."

Eu sabia a que momento ela se referia, e realmente, naquele instante eu cometeria o


maior erro de minha vida. Camila e eu havíamos acabado de transar a beira de um
riacho, estávamos aproveitando um dia tranquilo na presença uma da outra, e por
alguma razão, senti que deveria expor meus sentimentos a ela, sentimentos que nutri
no decorrer de nossa tão tumultuada relação. Por sorte, ou destino, ela me impediu.
Talvez por culpa? Culpa por mentir, por me usar.

"Você queria que ela estivesse apaixonada? Assim como você está?"

Eu suspirei pesado, enquanto ouvia a conversa particular de ambas as mulheres. As


escutas estavam funcionando perfeitamente bem, dando-me livre acesso para
descobrir sobre todo e qualquer assunto discutido entre elas.

"Dinah..."

"Camila, por favor. Isso é loucura! Você é uma bandida, tem ideia? Você deixou isso
ir longe demais. Eu sei que de início era apenas sexo, mas você está vendo que não é
mais assim."

"Eu sei... – sussurrou ela."

"Então, aproveite isso para dar um fim. Sei que você não programou se apaixonar por
aquela mulher, mas pode tentar reverter isso."

"Eu estou apaixonada por ela, Dinah."

Retirei meus fones rapidamente, jogando-os sobre o painel do carro com força. Eu
estava em um estacionamento a uma quadra da galeria, não queria ficar longe o
bastante, quando logo eu teria que encontrá-la.

- Está mentindo até para Dinah que é sua cúmplice. – murmurei desacreditada. –
Nunca esteve apaixonada por mim, Camila. Não seja tão mentirosa! – gritei, como se
ela pudesse me ouvir.

Um lado meu, por mais que eu não quisesse aceitar, lamentava tal situação. No fundo
eu queria que Camila não fosse uma criminosa, queria que ela realmente estivesse
apaixonada por mim e que nunca tivesse me usado para realizar seu plano
ganancioso contra Christopher Collins. Mas as pessoas nunca são como imaginamos,
ou como queremos. Claro, nem todas fazem parte de um roubo milionário, mas
também nos machucam de alguma forma.

Expectativas demais nos frustram.

Olhei para os fones jogados sobre o painel do carro, ouvindo os murmúrios baixinhos
pela distância. Os capturei de volta, enquanto tomava forças para continuar com
aquilo. Não seria tão simples, mas eu teria que ter forças para chegar até o final.

"Nós temos que nos reunir." – disse Dinah.

"Aconteceu alguma coisa?"

"Sim, eu recebi a encomenda de Heitor. Faltava entregar a última parte do


pagamento. E como combinamos somente depois do que ele tinha para nos dar..."

"Você pegou?"

"Sim, um pendrive tem tudo que precisamos."

"Você viu o que tinha nele?" – sussurrou Camila.

Dinah demorou alguns instantes, mas em seguida a respondeu.

"Um vídeo. O vídeo que vai dar o ponto final nessa história."

"Que vídeo é esse?"

"É melhor você ver, eu prefiro não falar nada agora. Podemos nos reunir naquele
lugar de sempre."

"Claro, podemos sim. Eu preciso ver do que se trata esse vídeo."

A conversa entre ambas se encerrou, deixando-me com um enorme ponto de


interrogação. Existia um propósito por trás daqueles planos, que talvez não se
resumissem somente em arrancar toda a fortuna do magnata do petróleo. Camila e
Dinah pareciam querer algo a mais, algo muito mais importante que eu teria que
descobrir.

- Por que está fazendo isso, Camila? Por quê?

Eu fiquei por mais alguns minutos ali, pensando sobre tudo que eu pretendia fazer
agora. Entrar sozinha nesse jogo não era uma tarefa fácil, mas eu tinha a grande
vantagem de saber para onde todas as peças iriam avançar. Naquele momento, eu
tinha uma ampla visão do tabuleiro. Não demorou muito e tão logo voltei com meu
carro para o estacionamento da galeria Cabello, precisava continuar cumprindo meu
papel de segurança particular, e agora de uma forma muito mais eficaz.

- Posso entrar?

Camila estava sentada atrás de sua mesa, enquanto mantinha a atenção totalmente
concentrada no aglomerado de papeis a sua frente. Ela estava linda, fodidamente
linda, como sempre.

- Claro. – respondeu seca.

Eu cruzei a sala com um dos meus melhores sorrisos, mesmo quando por dentro
minha vontade era de matá-la. Aproximei-me o suficiente para depositar um beijo
rápido em seus lábios, agora pintados em uma cor clara.

- Aconteceu alguma coisa? – perguntei ao notar sua postura séria. – eu vim aqui hoje
mais cedo, mas você ainda não tinha chegado. Liguei para o seu celular e nada.

- Ele está sem bateria. – disse ao se levantar da cadeira.

Permiti-me fitá-la por alguns instantes, notando sua visível falta de humor. E se
Camila tivesse descoberto as escutas? Seria o fim do jogo?

- Ok! Você pode me dizer o que houve?

Ela nem sequer me encarou, jogou algumas pastas no interior do armário e o fechou
com força, deixando clara a sua irritação.

- Sua noite foi boa? Aproveitou o jantar com aquela vagabunda? – indagou furiosa.

Uma espécie de alívio tomou conta de mim. Camila não estava furiosa por ter
descoberto minha investigação, estava furiosa porque estive com outra mulher. Como
se ela se importasse o suficiente para isso.

Falsa.

Nós iniciamos uma breve troca de farpas, carregadas de raiva e cinismo. A latina se
mostrava uma mulher ciumenta, como se tivesse sido traída por mim. Quem era ela
para falar de traição, certo?
- Não me teste, Lauren. Você não sabe do que eu sou capaz. – ameaçou.

Encarei seus olhos castanhos flamejantes e dei um passo à frente, o suficiente para
nos deixar a poucos centímetros uma da outra. Nossas respirações se confundiam ao
mesmo tempo em que nossos olhares se conectavam. Minha raiva se exibia através
de um sarcasmo exagerado que lhe rendia uma quantia a mais de fúria.

- E do que você é capaz, Karla?

Eu sabia do que ela era capaz, mas provocaria seus instintos até o último instante, eu
queria que ela perdesse o controle, queria vê-la rendida diante das suas fraquezas.

- Quer mesmo saber?

Ela considerou nossos lados opostos, eu enxergava isso por trás daqueles olhos tão
intensos. Sua pergunta veio como um enigma, que em sua cabeça ainda se
encontrava oculto, mas na minha, não era tanto assim.

- Você não quer saber, não aguentaria. – zombou ao se afastar.

- Eu agüento qualquer coisa, Sra. Collins. – desafiei. – mostre-me do que é capaz.

Camila recuou alguns passos, antes de virar seu corpo em minha direção.

- Não tenha pressa, eu vou te mostrar. Você nunca vai se esquecer de mim, Lauren.

Suas palavras vieram carregadas de um duplo sentido. Camila não se referia a Keana,
passava longe disso. Naquele momento, nossa conversa atingiu outro patamar. Nas
entrelinhas, ela deixava as pequenas pontas soltas, mostrando-se como realmente
era. Ela sempre o fez, mas eu nunca enxerguei. E agora, vendo tudo tão claramente,
eu só conseguia sentir raiva. Raiva por gostar de alguém que mentia para mim tão
friamente.

Nossa discussão se prolongou por mais alguns minutos, inflamando-se a cada frase
dita de forma tão ríspida. Havia raiva entre nós, a diferença era que ambas eram
provocadas por motivos extremamente distintos. Eu deixei a sala da latina e caminhei
em passos largos até a saída. Eu estava furiosa, a ponto de explodir, e jogar contra
ela tudo que sabia. Cruzei o estacionamento, enquanto uma respiração pesada
tomava conta de mim. Encostei-me no carro, procurando forças para continuar.

- Se acalme, Lauren. Se acalme. – eu disse a mim mesma.


Eu não podia perder o controle, não agora. Eu não poderia simplesmente deixar que
meus sentimentos influenciassem naquela investigação. Tudo teria que acontecer
como eu havia planejado.

[...]

Me remexi mais uma vez no banco do carro, enquanto tomava mais um gole do café
quente no interior do copo térmico; aquilo precisava me manter acordada e atenta o
suficiente aquela noite. Já passavam das duas horas da madrugada e eu estava aqui,
a apenas alguns metros da mansão Collins. Depois de ouvir todas as conversas entre
Dinah e Camila, me prontifiquei a vigiar a única saída daquele terreno. Camila havia
combinado de se encontrar com Dinah e conhecendo-a relativamente bem, sabia de
seus métodos para escapar, sem se preocupar com a possível intervenção do marido.

- Vamos, Camila. Cadê você?

Duas noites sem dormir, aquilo estava consumindo todas as minhas energias. A
ansiedade por chegar até o fim daquele caso era tamanha, que dormir era uma opção
descartada. Meu corpo se mantinha em movimento a base cafeína, e açúcar. Eu
suspirei pesado, enquanto me debruçava sobre o volante do carro.

Eu estava exausta.

Por alguma razão, meus pensamentos se voltaram à latina, mas não em seu lado
obscuro recém descoberto; naquele momento eu recriava em meus pensamentos a
primeira vez que a vi sentada ao meu lado, enquanto degustava de uma dose de
whisky. Lembro-me exatamente do quão fissurada estive somente por observá-la.
Camila emanava de si uma sensualidade natural, ela não precisava se esforçar para
chamar atenção, bastavam alguns olhares intensos, alguns sorrisosenvolventes e
pronto,você estava presa a ela.

- Sai da minha cabeça! – resmunguei ao menear negativamente.

Quando voltei meus olhos para frente, avistei a claridade vinda do portão. Os faróis
do carro iluminavam a passagem mais a frente. Camila demorou alguns pequenos
minutos antes de deixar a mansão Collins em sua Ferrari negra.

- Agora eu pego você.


Eu deixei que ela se afastasse o suficiente para não notar que estava sendo seguida.
As ruas de Nova Iorque nunca permaneciam sem movimento, sendo pouco ou muito,
ainda tinham pessoas circulando por ali. A mulher praticamente cruzou a cidade,
fazendo-me deduzir durante todo caminho, para onde ela iria. Não demorou muito, e
tão logo adentramos uma área menos habitada. Estávamosna área dos galpões de
embarcações marítimas, a apenas alguns metros do porto. Com a rua totalmente
deserta, desliguei os faróis, e permiti que ela se afastasse cada vez mais, eu não
queria colocar tudo a perder, todo cuidado agora era pouco. Depois de mais alguns
metros percorridos, vi as luzes de freio da Ferrari se ascender. Camila guiou o
automóvel para lateral de um dos galpões, sumindo do meu campo de visão. Segui
com o carro até o galpão de número dezessete, apenas dois a menos de onde Camila
havia entrado. Estacionei o carro em um lugar mais escuro, e em seguida capturei
meu aparelho celular, seguido pela minha pistola. Verifiquei se o armamento estava
devidamente carregado e após me certificar de todos os detalhes, deixei o veículo e
segui rumo ao galpão de número dezenove.

Silêncio; era tudo o que se tinha.

O lugar era sombrio. Os galpões não tinham uma iluminação, os únicos indícios de luz
eram emanados de um poste elétrico solitário do outro lado da rua, deixando seus
arredores mergulhados em uma penumbra intensa. Segui com passos rápidos e
silenciosos até a lateral da cerca divisória entre um e outro. Ao me aproximar do
galpão de número dezenove, notei as frestas de luz em seu interior. Mantive-me
atenta, com a pistola em punho, antes de me aproximar cada vez mais. Minha
respiração era controlada, diferente do meu coração que palpitava frenético no peito.
A cada passo dado em direção aquele lugar, era uma esperança a menos de que tudo
fosse diferente do que realmente era. Gostar de Camila me fazia ansiar por sua
inocência, mesmo quando isso se mostrava impossível.

Ela era culpada e isso não iria mudar.

Depois de analisar todo aquele barracão, enxerguei uma porta menor na lateral.
Deduzi que Camila havia entrado pela principal, já que sua Ferrari não estava
estacionada ao lado de fora. Aproximei-me da porta de ferro, tomando visão das
correntes soltas que a mantinham fechada, e de forma cautelosa as retirei dos
suportes, fazendo-a ranger baixinho. Merda! Suspirei pesado, parando por alguns
segundos, apenas para me certificar de que não havia chamado atenção, antes de
empurrar a porta suavemente, abrindo um espaço mínimo, porém suficiente para
minha entrada.

O galpão estava cheio, havia diversos barcos antigos, alguns cobertos com lonase
outros não. Mantive meus passos lentos e silenciosos entre um e outro, até me
aproximar mais da claridade em seu interior. Minha arma estava erguida na altura
necessária, tomando a direção para onde caminhava; não que eu planejasse usá-la
contra Camila, mas fazia parte do costume policial. Mesmo com a distância, eu já
conseguia ouvir algumas vozes, mas especificamente alguns murmúrios. Segui entre
as embarcações, tomando todas as precauções necessárias para não ser descoberta.
Quando me aproximei da última, tive uma ampla visão da reunião conduzida por
Camila.

Não pode ser...

Por uma fração de segundos senti meu corpo inteiro esfriar. Era como se meu sangue
tivesse parado de circular em minhas veias, tudo por um único motivo.

NormaniKordei.

A oficial se aproximou de Dinah, enquanto dialogava sobre algo, pareciam íntimas o


suficiente para uma troca de carinhos. Eu não havia sido traída só por Camila, mas
por um dos membros de minha própria equipe.

- Camila, acho que precisamos conversar antes de você ver. – Dinah


murmurou.

Eu tentei me concentrar nas três mulheres mais a frente, afastando toda a fúria que
tomava conta de mim. Até então Normani era uma das mais importantes oficiais de
minha investigação, a mulher possuía um vasto conhecimento sobre informática, e
trabalhou de perto obtendo conhecimento de todos os nossos passos. Foi tudo em
vão, agora, eu sabia que tudo era obra de Camila.

- Conversar sobre o que? Estou esperando por esse vídeo a manhã inteira. Eu quero
ver, agora. – resmungou a latina.

- É que...

- Dinah, o vídeo.

Dinah e Normani pareciam nervosas, quase que receosas. Havia algo muito pesado
ali, algo que em breve iríamos descobrir. A loira suspirou e assentiu, recebendo um
olhar encorajador de Normani. Camila as fitou tranquilamente, antes de sua melhor
amiga estender o notebook em sua direção. Dei apenas mais alguns passos a frente,
queria me manter perto o suficiente.

- Se acalme, Lauren. – sussurrei para mim mesma.

Camila se sentou e em seguida estendeu a mão até o notebook, provavelmente


dando inicio a seqüência de imagens na tela. Depois de um determinado tempo sua
expressão tranquila se transformou. Seus olhos estavam estáticos diante a tela
iluminada e, só depois de alguns segundos, pude notar que ela lacrimejava.

- Camila... – Dinah sussurrou.

Minha cabeça fervilhava em curiosidade. O que Camila havia visto naquele vídeo? A
mulher voltou seus olhos para a tela, enquanto as lágrimas desciam por seu rosto. Ela
não tinha uma expressão de tristeza, suas feições agora indicavam outras emoções.
Era raiva, revolta e, sobretudo, descontrole.

- Ele vai me pagar por isso hoje. Maldito...maldito.. – praguejou nervosa.

- Não, Camila! Você não pode perder a cabeça... – Dinah murmurou. – fique calma...

- Isso não vai ficar assim!

Camila ergueu seu corpo devagar, parecia perdida, transtornada. Algo naquele vídeo
a tirou dos eixos em questão de minutos. Ela se afastou da mesa e só então pude ver
claramente a pistola dourada em sua mão.

Céus, quem era aquela mulher?

- Céus! Tenta ficar calma. Não podemos dar um passo errado agora. Você pode ir
presa ou até mesmo morrer.

- E você acha que eu me importo? – gritou. – Aquele maldito acabou com tudo,
Dinah! Tudo! Ele...

Ela fechou os olhos, levando as mãos até a cabeça visivelmente transtornada. Camila
parecia fora de si. E por alguns instantes, eu senti vontade de reconfortá-la por
tamanha dor.

Não...

Não pode, Lauren.


- Eu sei! Eu sei! Mas nós já programamos como vamos nos vingar, não faça isso
agora. – Dinah disse ao se aproximar, tocando suavemente os ombros de Camila,
que tão logo se afastou.

- Isso é pouco demais para ele. Eu quero vê-lo completamente destruído, e eu serei a
pessoa que vai fazer isso. – esbravejou, enquanto pressionava a arma contra a mesa.
– eu vou matá-lo como sempre sonhei durante todos esses anos.

Recuei um passo e me encostei devagar em uma das embarcações. Minha respiração


era pesada, intensa, perfeitamente sintonizada com os batimentos de meu coração. O
que diabos Christopher havia feito para aquela mulher? Por que ela o odiava tanto?
Camila agora não carregava somente seu ar persuasivo, havia algo mais. Era
vingativa, impiedosa e má.

- Você nunca matou alguém, não pode fazer isso. Eu sei que você não é
assim... – Dinah suplicou.

- Está tentando se convencer disso? – gritou Camila. – eu já não sou aquela pessoa
de antes. Não consegue ver? Cansei, Dinah! Eu quero derrubar Christopher Collins e
eu vou fazer isso hoje!

- Camila! – Normani exclamou.

Assim que a latina tomou impulso para se afastar com a arma em uma das mãos,
algo em mim despertou. Eu não poderia simplesmente deixá-la ir e cometer um crime
ainda mais grave por seu nítido descontrole emocional. Respirei fundo, e ergui meu
corpo em solavanco.

- Você não vai fazer nada!

Os passos de Camila se estagnaram quase que automaticamente. Os olhares de


Dinah e Normani se fixaram em minha direção, mesmo quando ainda não poderiam
me ver, graças à escuridão entre os barcos. O galpão mergulhou em um silêncio
temeroso, surpreso, tendo como único efeito sonoro as batidas de meus sapatos no
chão empoeirado. Mais alguns passos, e por fim adentrei a parte iluminada.

- Não acho essa uma das coisas mais inteligentes a se fazer, levando em conta que
vocês já estão encrencadas o suficiente.
As palavras saíram de minha boca em um tom desafiador, quase imponente. Entre os
rostos a minha frente eu só conseguia notar os semblantes surpresos. Camila, Dinah
e Normani me encaravam como se tivessem visto um fantasma.

- Lauren...não é bem assim.. – Normani sussurrou.

Um sorriso sarcástico deixou meus lábios, enquanto eu me aproximava cada vez


mais.

- Chega desse teatro. Chega! – exclamei ao erguer a arma novamente. – fizeram um


jogo quase perfeito, meninas. Quase. Acredito que você seja a peça principal, não é
Camila?

- Lauren...

- Diga que é você! Anda! – gritei.

- Acalme-se! Deixe-nos explicar tudo. – Normani murmurava de forma tranquila,


mesmo quando seus olhos indicavam seu nervosismo.

- Explicar? Quer me explicar como se tornaram criminosas? Mentirosas? Quer explicar


como brincaram comigo esse tempo todo? Eu confiei em você! E em você.

- O que vai fazer? Hum? Vai nos prender? – desafiou a latina.

Minha respiração pesada fazia meu peito subir e descer rapidamente. Meu corpo
inteiro se encontrava em um estado de pura adrenalina, enquanto minha cabeça
fervilhava.

- Eu devia acabar com sua vida! Durante todo esse tempo me enganou, mentiu pra
mim. Foi suja o suficiente pra se envolver comigo, e tirar informações.

- Você não sabe de nada!

- O que? Vai me dizer que se sente ofendida? – perguntei em um tom sarcástico. -


Aposto que não. Gostou de brincar comigo, não foi? Gostou de me usar como uma
peça qualquer do seu jogo imundo e ganancioso.

- Eu estive do seu lado...eu fiz muito por você!

- Do meu lado? Faça-me o favor! Você me usou! E pensar que... – eu meneei com a
cabeça em um sinal negativo, sentindo aquela raiva se espalhar por todo meu corpo.
– Me traíram.

Eu virei de costas por alguns instantes, e tão logo senti o toque suave em um de
meus ombros.

- Lauren...eu não quis usar você.. – Camila sussurrou.

Em um solavanco virei meu corpo em direção ao dela, e segurei em seu pescoço com
uma de minhas mãos, deixando ambas as mulheres alarmadas. Camila não se
defendeu, não teve tempo para isso. Eu a empurrei contra um pilar de concreto,
arrancando de sua boca um gemido surpreso de dor.

- Cala a boca! Cala a porra da boca! – esbravejei furiosa.

Eu não queria ouvi-la. Não queria explicação alguma. Nada iria amenizar o inferno
causado dentro de mim. Eu sentia Camila engolir em seco contra minha mão que
pressionava seu pescoço com força.

- Laur... – ela sufocava.

- Larga ela! – Normani gritou.

- Afaste-se! Afasta-se ou eu mato ela. – gritei ao apontar a arma em direção a


Camila, fazendo com que Dinah e Normani recuassem.

O rosto de Camila estava ganhando uma coloração avermelhada, enquanto ela se


esforçava para respirar. Minha mão apertava seu pescoço, enquanto ela me encarava
fixamente. Sua boca entreaberta, engasgava em meio a uma respiração falha. Seus
olhos castanhos me fitavam com um brilho indecifrável. Eu não sabia distinguir se a
mulher sentia medo ou raiva.

- Eu confiei em você. Eu me permiti gostar de você...

Ela fechou os olhos e respirou fundo.

- Por favor. – suplicou.

Afrouxei minha mão ao redor de seu pescoço avermelhado, soltando-a de uma só


vez. Camila me empurrou com força e tossiu insistentemente, enquanto buscava
recuperar o ar que lhe tomei. Eu recuei alguns passos, puxando a respiração com
força para dentro de meus pulmões, quando avistei a latina erguer a arma em minha
direção.

- Não vai me matar agora, Jauregui. – disse ainda ofegante.

- E você vai me matar? Depois de tudo que fez comigo? Vai terminar seu jogo,
matando quem você mais enganou?

- Vão embora daqui. – Camila ordenou para suas cúmplices

- Não vamos sem você... – Dinah retrucou.

- Vão agora!

- Camila...

- Vão!

As mulheres relutaram por alguns instantes, mas Camila se manteve firme em sua
ordem, fazendo com que ambas as mulheres saíssem do galpão, deixando-nos
completamente sozinhas com todo aquele emaranhado de sentimentos. O clima entre
nós pesou como uma tonelada. Encarar aquela mulher agora tinha um impacto
diferente sobre mim. Havia decepção, raiva, ódio, mas ainda sim, eu sabia que existia
amor.

- Não me obrigue a fazer isso, Lauren. – murmurou de forma nervosa, enquanto


apontava o cano de sua pistola dourada e reluzente em minha direção

- O que? Isso? – indaguei ao erguer minha arma novamente.

Estávamos de frente uma para outra, ambas com suas armas devidamente postas
para dar um ponto final aquele jogo. Camila me encarava fixamente, como se
buscasse força e coragem para persistir naquele combate. Suas mãos estavam
trêmulas, bem como seu olhar marejado e perdido. Por incrível que pareça, Camila
Collins agora não carregava seu poder sobre os ombros, pelo contrário, estava tão
perdida como uma criança órfã.

- Atira! É única forma de concluir seu plano. – gritei.

- Para!
- Atire, Camila!

- Atire você! Não está com raiva o suficiente para isso? Não me odeia tanto a ponto
de acabar com a minha vida? Faça de uma vez, é um favor que me faz!

Sua voz estava embargada, sufocada entre uma frase e outra, como se ela fosse
desabar em um choro compulsivo a qualquer instante. Seu peito subia e descia em
uma respiração pesada, deixando-me ainda mais instável diante de sua presença.
Havia uma guerra dentro de mim, um conflito enlouquecedor entre meus sentimentos
por aquela mulher. Eu a odiava agora, eu tinha raiva dela, mas nada era o bastante
para deixar de amá-la. Camila era uma maldita substância tóxica que me fazia sentir
viva.

- Não me provoque, eu posso acabar com isso agora mesmo.

Nós nos encaramos por um longo instante, como se nossos olhares pudessem
transmitir toda aquela carga intensa de sentimentos que nos consumia. Camila
suspirou pesado, fechando os olhos, enquanto seu dedo indicador se movia no gatilho
da pistola. Suas mãos tremiam a olho nu, como se lhe faltasse coragem para dar o
próximo passo.

Ela seria tão fria e calculista para me matar?

Ela faria isso?

Seus olhos castanhos se voltaram aos meus profundamente, como se pudessem


adentrar minha alma, fazendo-me sentir um peso ainda maior. Eu senti meu corpo
inteiro estremecer, seguido por um arrepio em minha nuca. Camila engoliu em seco,
e depois de alguns instantes, seus ombros se encolheram e seus braços se
abaixaram, desarmando-se por completo.

- Eu não posso fazer isso, não com você, não depois de tudo. – disse quase em
lamentação.

Minha arma ainda estava erguida e perfeitamente apontada para ela. Eu não queria
demonstrar fraqueza, não queria que ela percebesse o quanto me afetava.

- Mas se quiser, vá em frente. Faça! Mas antes...


A latina se afastoue seguiu em direção à mesa mais a frente, lugar onde repousou
sua pistola de forma cuidadosa, em uma espécie de rendição silenciosa, deixando
claro que nada mais faria. Com certo cuidado, virou o notebook em minha direção,
dando-me a visão nítida da tela.

- Assista.

Eu demorei cerca de alguns segundos para abaixar a arma, buscando confiar em suas
ações tão pacíficas. Aproximei-me lentamente, sem soltar minha arma, para clicar
sobre o botão que iniciaria o vídeo.

As imagens se tratavam de uma câmera de segurança, em um provável


estacionamento. O lugar que até então estava vazio, ganhou a presença de quatro
homens, três deles eram: Christopher Collins, Heitor Martinez e Brandon James; o
quarto homem era desconhecido, mas possuía o mesmo porte físico que os dois
primeiros, mesmo aparentando mais idade. Pareciam discutir furiosos, notava-se pela
maneira que esbravejavam entre si. As imagens eram um pouco escuras, mas ainda
sim, notava-se nitidamente o confronto entre eles. O desconhecido meneou com
cabeça em sinal negativo, e empurrou Christopher com força suficiente para que ele
se desequilibrasse e caísse ao chão. Collins em contra partida, ergueu seu corpo em
um solavanco, e partiu para cima do quarto homem, abusando de força bruta a ponto
de deixá-lo no chão após uma seqüência de socos agressivos.

Ele estava sendo espancado.

Brandon por sua vez não o impediu, Heitor ainda tentou controlá-lo, mas de nada
surtiu efeito, o homem só parou quando o outro já não tinha forças para se erguer.
As cenas se avançaram, com uma edição para encurtar os fatos, agora trazendo a
imagem do empresário andando de um lado para o outro; parecia nervoso, enquanto
o comissário exclamava algo que nunca iríamos saber. Christopher o confrontou
verbalmente, enquanto Heitor transparecia um semblante transtornado. Ele não
parecia de acordo com aquilo. Todos ali pareciam nervosos. Mas apenas um deles
tomou a frente.

Collins sumiu do campo de visão por alguns instantes, enquanto ambos os homens
discutiam, mas tão logo o moreno voltou. Em uma de suas mãos havia um revolver,
ou uma pistola, não era tão fácil de identificar com a má iluminação. Brandon e Heitor
recuaram alguns passos, temerosos, quando o moreno mais alto voltou o armamento
em direção ao quarto homem completamente machucado. O desconhecido se moveu
devagar, como se tentasse reagir, ou até mesmo fugir de tal situação. Ele tossia sem
parar, enquanto despejava sangue de sua boca cortada. Havia uma tentativa falha de
se erguer, mas ele não tinha mais forças para isso. Heitor se aproximou de
Christopher, como se quisesse impedi-lo, mas era tarde demais...

Em seqüência vieram três disparos a sangue frio e a vida daquele homem foi tomada.

As imagens pareceram ocorrer em câmera lenta. Os tiros acertaram em cheio o peito


do homem completamente machucado ao chão, seu corpo recebeu os impactos da
bala com força, forçando-o a se mover. Não demorou muito, e uma poça de sangue
surgiu ao seu redor. Heitor avançou contra Christopher, totalmente desesperado, mas
o homem apenas o empurrou, fazendo-o cair ao chão.

Meus olhos deixaram o monitor e se voltaram para Camila, que permanecia estática a
minha frente, com um semblante vazio, quase que sem vida.

- Agora sim, faça o que quiser. – foram suas únicas palavras.

Agora sim, até o próximo capitulo! Tenham paciência, quanto mais rápido os
capítulos chegam, mais rápido a fic acaba!

Beijinhos, e não se esqueçam de fazer Stream para Crying In The Club!


Capitulo 33 - Do passado ao presente.

Olá galerinha, turo bom contigo??? kk

aqui é a Sindy, pra quem não me conhece, sinto muito! k brincadeira.. estou aqui pra
atualizar pra vocês, e tortura-los até a próxima atualização hehehe.

Evelin está com o note quebrado (acho que é isso) se não for, me desculpa bb.. mas
é isso ai, quaisquer eventuais erros, apontem na fic (por favor) que arrumaremos
depois.

beijos.

__________________________________________________________

Minha cabeça parecia fervilhar com tantos acontecimentos nas últimas horas. Como
tudo saiu do controle assim? Eu me via perdida, sem saber o que fazer, mesmo
quando minhas obrigações eram claras. Camila era uma criminosa, e eu uma oficial
do departamento de polícia, isso nunca poderia dar certo.

- Droga! - exclamei irritada, batendo com a mão contra o volante do carro.

As imagens daquele vídeo se repetiam constantemente, frisando em minha cabeça


uma desculpa para justificar os atos impróprios da latina. Nada, infelizmente, nada
justificava fazer justiça com as próprias mãos, não para a policia. O grande problema
era que meu coração não parecia compreender isso, pois tentava a todo custo fazer
minha cabeça aceitar que eu poderia perdoá-la. Eu não poderia. Camila havia
mentido, não só para Christopher durante os longos anos de casamento, mas para
todos ao seu redor, incluindo eu, pessoa que ela disse estar apaixonada.

- Por que você tem que ser assim?

Meneei com a cabeça em um sinal negativo, enquanto continuava a dirigir pelas ruas
de Nova Iorque, a caminho de casa. Depois do confronto no galpão abandonado, onde
de fato eu pude descobrir tudo, incluindo os motivos para Camila exercer tais
praticas, eu deixei que ela fosse embora. Eu sabia que era errado, que a morena
poderia muito bem reunir todo o dinheiro roubado, e se perder no mundo em uma
fuga repentina. No entanto, eu simplesmente não pude reagir de outra forma ao ver
seu olhar perdido após o término do vídeo em que Christopher Collins assassinava
Charlie Cooper. Apesar de seu ar imponente e forte, bem característicos de sua
personalidade singular, eu pude notar a falta de brilho em seus olhos castanhos,
agora tão opacos. Era nítida a maneira como aquilo a afetava brutalmente. Camila em
certo momento de sua vida foi destroçada, e agora estava sedenta por vingança.

- Eu não devia ter deixado você ir! O que você fez, Lauren? - disse a mim mesma, em
uma briga interna entre o certo e o errado.

E se ela tivesse a coragem de matar Collins? E se realmente fugisse? Eu teria


colocado tudo a perder por ser fraca o suficiente, por não dar a cabeça de Camila em
uma bandeja de prata. Até em que ponto eu poderia deixar meus sentimentos de lado
para cumprir meu dever como profissional?

Bufei em frustração, e pisei fundo no acelerador do carro. Eu precisava de um tempo


pra mim, um tempo longe de tudo aquilo. Eu não poderia simplesmente agir por
impulso, precisava pensar e analisar tudo que qualquer decisão minha poderia
acarretar. A madrugada parecia mais fria do que o normal, a movimentação era fraca,
apenas a presença de alguns carros pelas avenidas desertas. Faltava pouco para
amanhecer, e quando todos estivessem ativos, eu queria estar bem longe daqui.
Assim que cheguei a minha casa, tendo todo cuidado para não acordar Verônica,
cuidei de arrumar uma pequena mala. Havia decidido que precisava ficar longe,
mesmo que fosse por alguns dias. Eu poderia dar uma desculpa no trabalho, por uma
viagem de uma ultima hora para complementar minha investigação, que agora estava
completa. Mas meu verdadeiro destino estava em Miami, na nova casa de minha
família. Eles poderiam me trazer calma.

[...]

Errado, não poderiam. Não quando sua cabeça estava cheia de pensamentos que
envolviam Camila Collins. Ela era mais do que qualquer um poderia suportar. Se
infiltrava em minha cabeça, e permanecia ali por um tempo indeterminado.

- Estou tão feliz que está aqui, filha. - Mike murmurou, enquanto fazia um
carinho leve em meu braço.

- Eu também estou, pai. Senti sua falta.

- Eu também senti a sua. - disse ele ao me abraçar de lado. - mas me diga, por que
não nos avisou que viria? Eu teria ido buscá-la no aeroporto.

- Ah, eu queria fazer uma surpresa! E acho que consegui.


- Uma surpresa maravilhosa!

Eu sorri para o homem que parecia tão animado em me ver. Mesmo com tamanha
confusão em minha vida, era bom estar na presença de meu pai, ou melhor, de
minha família.

- Oh, céus! Lauren! - ouvi a voz de Taylor ecoar ao fundo.

A garota abriu um largo sorriso e correu a meu encontro, envolvendo-me em um


abraço apertado, carregado de saudade. Era bom revê-los, eu precisava disso. Fechei
meus olhos, e abracei da mesma forma, retribuindo todo carinho que a menor sentia
por mim.

- Não posso acreditar que finalmente veio nos visitar. Pensei que tinha esquecido de
nós.

- Não seja exagerada, Tay. Eu jamais esqueceria da minha família.

- Eu sei que não.

Nós ficamos por algumas horas ali, conversando sobre tudo que andava acontecendo
em nossas vidas. Quer dizer, quase tudo. Eu não poderia mencionar a minha família
que estava apaixonada por uma criminosa, mas havia dito que estava a frente de um
caso importante, que poderia ser a alavanca para minha carreira policial. Já eles,
falavam sobre tudo que agora viviam. Depois de saírem de vez de Mount Vernon,
meu pai conseguiu abrir um negocio em Miami, mas especificamente uma oficina
mecânica, e pelo visto, estava se saindo muito bem. Com as economias de longos
anos, pode construir seu próprio negocio, com direito a ter seu próprio grupo de
funcionários. Taylor estava focada nos estudos, bem como havíamos programado
durante tanto tempo. Ela sabia o caminho para se ter um futuro desejado, e estava o
trilhando.

- É melhor ajudar sua irmã a colocar as coisas no quarto, ela parece cansada.

- Pode deixar, só me diga qual é o quarto, pai.

- Ah, que isso, Laur. Eu ajudo você com as coisas, vem. - Taylor afirmou, enquanto
capturava minha mala.

A casa que meu pai havia escolhido era de muito bom gosto, grande, com cômodos
extensos e bem arrumados. Muito melhor do que nossa antiga casa em Mount
Vernon. Eu segui Taylor pelo corredor, enquanto caminhávamos em silencio até o
quarto. Ela parecia tranquila, o silencio nunca era um incomodo entre nós, mas
daquela vez pairava no ar uma nuvem de curiosidade. Sentia que minha irmã queria
perguntar algo.

- Como estão as coisas em Nova Iorque?

- Bem. - murmurei ao adentrar no quarto de hospedes, enquanto a menor repousava


minha bolsa sobre a cama.

- Bem mesmo?

- Sim, por quê? - indaguei com uma das sobrancelhas arqueadas.

Taylor se sentou sobre a cama, enquanto transparecia uma falsa tranquilidade. Ela
me conhecia, e sabia que havia algo de errado.

- Você está estranha. Parece um tanto perdida, ou estressada. Está com algum
problema?

Eu torci os lábios, e dei de ombros antes de caminhar em direção a cama, sentando-


me ao lado dela. Recebi seu olhar reconfortante, como quem dissesse que eu poderia
confiar nela. Mas sabendo do que se tratava, não era uma boa idéia envolver minha
família. Quanto menos soubessem, melhor seria. Meu caso com Camila era muito
mais complicado do que se imaginava, tratava-se não só de uma resolução de um
caso milionário, mas de uma questão de ética profissional, no qual eu me encontrava
em cheque.

- Só alguns problemas com o caso que estou investigando, nada demais.

- Certeza? Está abatida.

- Sim, o primeiro caso sempre rende uma dor de cabeça.

- Tudo bem, só quero que saiba que pode me contar qualquer coisa.

- Eu sei que sim, Tay. Obrigada por isso. - segurei em sua mão, lhe fazendo um
carinho sutil.
- Bom, eu vou deixar você descansar. Acho que está precisando disso, suas olheiras
estão como as de um panda. - exclamou me fazendo rir. - vou preparar algo que você
goste para o jantar, acho que vai ser de bom proveito.

- Com certeza vai!

- Certo, então eu vou indo. Tem cobertores e toalhas no armário, qualquer coisa me
chame.

Eu assenti, e lancei um sorriso antes da garota sair e me deixar sozinha naquele


quarto. Silencio, era tudo que se tinha ao meu redor, diferente do interior de minha
cabeça, onde o barulho ainda era infernal. Depois de alguns bons minutos no banho,
optei por roupas leves, e o conforto daquela cama. Eu precisava de algumas horas de
sono para me manter de pé, se eu conseguisse dormir, o que não aconteceu. Eu
fiquei por horas presa aquele maldito notebook, a procura de arquivos ou provas que
envolvessem o caso Collins-Cooper. Depois de tal descoberta, me encontrava
obcecada com toda e qualquer informação a respeito, aquilo estava consumindo
minhas energias até os últimos fluídos.

- Merda... - murmurei ao notar que estava vazia.

Antes mesmo de levantar para buscar mais café, ouvi algumas leves batidas na porta.
Logo, Taylor adentrou o quarto, com uma expressão nada boa.

- Você vai deixar esse quarto em algum momento? - resmungou.

- Taylor, por favor.

- Não, Lauren! Eu que digo, por favor, você veio para nos ver, certo? Para esquecer
um pouco essa loucura do seu trabalho.

- Eu estou cheia de coisas para fazer. Eu só preciso de um lugar tranqüilo.

- Deixo você em paz, mas antes venha jantar conosco. Papai sente sua falta.

Encarei seus olhos, que me encaravam quase que em um pedido silencioso. Deixei
que uma forte lufada de ar deixasse meus lábios e assenti.

- Eu já vou descer.

Um largo sorriso nasceu em seus lábios, seguido por um gritinho em comemoração.


- Vou descer para terminar nosso jantar. Te espero lá embaixo.

Eu assenti novamente, e minha irmã mais nova seguiu em direção a saída. Assim que
a porta se fechou, eu tratei de desligar meu notebook, e arrumar toda a papelada em
cima da mesa. Foi quando senti meu aparelho celular vibrar sobre o criado mudo.
Caminhei até o mesmo, quando por fim o peguei, vendo o nome de Verônica no visor.

"Alô?"

"Oi, Lauren..."

"Aconteceu alguma coisa?"

Vero parecia respirar lentamente do outro lado da linha. O que me deixava um tanto
preocupada.

"É melhor você voltar para Nova Iorque"

"O que aconteceu?"

"Eu prefiro falar pessoalmente."

"Verônica, fala de uma vez!"

"A Collins Enterprise. Dessa vez eles não vieram brincar, Lauren. Metade do
patrimônio do Collins foi roubado."

"Não..." - sussurrei.

"Isso aqui está um caos, pegue o próximo vôo."

"Eu vou o mais rápido que puder" - murmurei antes de desligar o celular.

- Isso não vai ficar assim, não mesmo!

Camila estava brincando com o fogo. Mesmo depois de tudo, ela ainda tinha audácia
de continuar com seu plano? Maldita! Não tinha medo do perigo? Não tinha medo de
ser presa e acabar o resto da vida atrás das grades?
- Filha da puta! - exclamei nervosa, enquanto arrumava o restante dos papeis sobre a
mesa.

Isso não iria ficar assim, dessa vez, ela tinha passado por cima das minhas ordens. E
isso teria uma conseqüência grave, muito grave.

Eu fiquei pelo restante da noite com minha família, mesmo quando minha cabeça se
encontrava em Nova Iorque. Eles perceberam minha ausência de atenção, mas
compreenderam depois de saber o ocorrido. Meu pai como sempre me pediu que
tivesse cuidado; e Taylor suplicou por noticias. Despedi-me de ambos, e segui de
volta ao aeroporto mesmo durante a madrugada, para amanhecer em Nova Iorque, e
confrontar aquele enorme problema.

[...]

O clima na delegacia era de puro caos. O roubo havia sido o maior até o momento,
um terço das industrias Collins havia sido tomado sem dó. O pior de tudo era que eu
sabia a grande mentora do crime, mas não conseguia reagir a isso. Meus sentimentos
por Camila estavam me inibindo de tomar qualquer decisão que viesse a prejudicá-la,
mas eu não poderia continuar assim. Eu teria que pará-la.

- Lauren, você precisava ter feito alguma coisa! - Brandon exclamou irritado. - o que
vamos dizer para Christopher?

Permaneci calada. Olhar para Brandon James agora me causava repulsa. As imagens
do comissário no galpão abandonado, na noite da morte de Charlie Cooper se
repetiam constantemente, lembrando-me a cada segundo o quão corrupto ele poderia
ser. Estava marcado por Collins, e não poderia fazer nada para sair daquele ciclo
vicioso de crimes.

- A verdade.

- A verdade? Acha que ele vai se conformar com a verdade?

- É o que temos para ele no momento, comissário. - retruquei séria.

Antes que o homem pudesse responder, ouvimos algumas batidas na porta. Era
Normani. Eu senti seu olhar congelar sobre mim, e poderia jurar que ela engolia em
seco.

- Com licença, o senhor Collins acabou de chegar.


- Eu estou indo. - Brando esbravejou irritado ao sair pela porta.

- Você ainda tem a ousadia de aparecer aqui? - sussurrei ao me aproximar da


morena.

- Lauren, por favor, tente entender a situação.

Eu a encarei fixamente, sentindo meu sangue ferver por inteiro em minhas veias.
Camila foi tão astuta, a ponto de infiltrar um dos seus em minha equipe, para sempre
estar um passo a frente sobre todo e qualquer movimento em direção ao culpado.
Normani era uma das melhores agentes daquele departamento, e denunciá-la, seria
jogar todo sua carreira policial no lixo.

- Entender que você é uma criminosa ao lado daquela vagabunda?! Tem idéia que
tudo isso é culpa de vocês. Eu mandei que parassem com isso, mas fizeram pior.

- Há um motivo por trás disso, você sabe. - constatou ela, enquanto olhava para
ambos os lados, certificando-se de que ninguém nos ouvia.

- Você é uma policial, Normani. Sabe que a justiça não se faz com as próprias mãos! -
vociferei, fuzilando-a com os olhos.

A mulher deu um passo à frente, mirando-me com um semblante sério, firme.

- Você é uma policial, Lauren. Sabe como a justiça pode ser falha quando se deixa
nas mãos de terceiros. Você sabe como é perder alguém, e sabe como é se permitir
fazer algo de ilícito por amor. Eu fiz isso, e você está fazendo agora.

Normani suspirou, enquanto eu permanecia em repleto silencio depois de


suas palavras. Nós nos encaramos por mais alguns instantes, onde as palavras se
perderam, eu não tinha o que dizer, porque no fundo sabia que ela estava certa, mas
não daria o braço a torcer para admitir.

- É melhor ir até a sala do comissário, Collins está lá. - foram suas palavras antes de
se retirar.

Nós estávamos dentro da sala, somente a espera da entrada do magnata do petróleo.


E como previsto, Collins surtou. Camila por sua vez estava ao seu lado, em um teatro
perfeito, onde interpretava a esposa surpresa e preocupada. Cínica. Ela fingia tão
bem, que mesmo sabendo de toda verdade, ainda me sentia tentada a acreditar.

- Eu quero que você dê a porra de um jeito para ter esse dinheiro de volta! - ele
exclamou alto. - Você sabe muito bem que não fui eu quem retirou essa quantia
absurda. Estive a noite inteira dormindo com minha esposa!

Um sorriso sarcástico nasceu em meus lábios por puro instinto. Assim como Camila
usava de calmamente para dopá-lo, enquanto passava a noite comigo, usava para
roubar todo seu dinheiro. Ela pensava em tudo, nos seus mais mínimos detalhes de
forma tão precisa, que absolutamente nada poderia dar errado.

- Tem certeza disso, Sr. Collins? - meu tom de voz saiu carregado de acusação, mas
não para ele, Camila sabia que era para ela.

- Está insinuando alguma coisa? - esbravejou ao avançar a minha frente.

Ao encarar seu par de olhos claros, senti meu estomago revirar em puro nojo. Eu
estava em uma sala, onde todos, absolutamente todos tinham um grande motivo
para serem presos. Seria uma vitoria triunfante sobre uma conjunto de criminosos,
certo? Mas existia Camila, e existia meus sentimentos. Malditos sentimentos.

- Não, estou apenas tentando colher informações.

- Pode interrogar meus empregados. Eu estive em minha casa durante a noite inteira.
Vocês sabem que eu não faria isso! - gritou.

Não, ele não faria. Mas porque não era tão inteligente aquele ponto.

- Amor, se acalme... - a voz de Camila saiu doce, preocupada.

Eu me afastei alguns passos, trocando vez ou outra alguns olhares com a mulher do
outro lado da sala. Eu sentia a tensão que se instalara entre nós. Camila sabia que
estava caminhando por uma linha, onde a qualquer momento, poderia ser derrubada.

- Tudo por culpa sua. Você é a culpada. - empresário exclamou nervoso.

- O que?

- Você!

Eu respirei fundo, procurei a maior quantidade ar possível para tentar acalmar meus
nervos, que a qualquer instante entrariam em curto. Eu estava sobre uma pressão
fodida, e aturar as acusações de Collins não estava em meus planos.

- Você foi incompetente! Não conseguiu absolutamente nada! Deixou que eu fosse
massacrado! Uma oficial de quinta!

Ele cuspia as palavras com escárnio, enquanto mantinha o olhar fixado sobre mim. Eu
sabia que Collins me odiava, sabia que nunca, desde o começo eu havia sido de seu
agrado. Não que eu me importasse, desde o primeiro instante, eu também não havia
o aceitado de bom grado. Collins era minha espinha em minha garganta, uma pedra
no meu sapato. E me livrar dele no final de tudo isso, seria a solução perfeita para os
meus problemas.

- É melhor você ficar calado. Eu posso prender você por desacato. - exclamei furiosa,
sentindo meu corpo inteiro tremer. - e você não vai querer mais itens na sua ficha
criminal.

- Acha mesmo que eu retirei esse dinheiro? Sua infeliz! - ele avançou mais uma vez,
agora sendo impedido pelos braços de Camila. - Acha que eu me sabotaria?

O olhar da latina veio de encontro ao meu, e naquele instante eu pude


perceber sua incerteza. Camila não se mantinha forte, ela temia o pior.

- Eu vou chamar John para vir até aqui. Mas Comissário, eu quero que entre com uma
ação para retirar Lauren Jauregui deste caso.

A sala mergulhou em um silencio profundo, e meu olhar foi de encontro ao dele.


Christopher esbanjava um ar prepotente que me rendia uma boa parcela de nojo.

- Isso já está sendo feito.

- O que? - exclamei surpresa.

- Christopher... - Camila contestou.

- Você não pode fazer isso! Não pode!

Brandon deu de ombros com um semblante receoso. Meu coração pareceu explodir
em batimentos acelerados, enquanto minha cabeça tentava processar aquela
informação. Ser retirada de um caso, era como atestar em meu currículo policial
minha incompetência diante de uma investigação. Seria afunda minha carreira
profissional pelo resto da vida.

- Não faça isso... por favor. - a voz de Camila agora foi temerosa, e preocupada.

- Você vai mesmo me tirar desse caso, por que ele está pedindo? - indaguei quase
em desespero. Eu estava me humilhando para um grupo de corruptos.

- Não é por um pedido dele, Lauren. O tempo de inquérito está acabando, e não
tivemos evolução. Você não será demitida, só será transferida de cargo.

- Você sabe o quanto isso é ruim para carreira policial, Brandon. Por favor.

- Eu sinto muito, Jauregui. Você está fora do caso Collins.

Aquelas palavras pesaram como uma tonelada sobre meus ombros. Como se todo
meu esforço e força de vontade tivessem evaporado em questão de segundos. O chão
pareceu sumir sobre meus pés, e aquele maldito enjôo preencheu meu estomago.
Droga.

- Certo. - foi à única palavra que consegui pronunciar.

Eu me afastei da mesa do comissário, e voltei meus olhos para o homem do outro


lado. Seus olhos denunciavam a satisfação por aquele momento, como se sentisse
prazer em me derrubar. Collins usou de uma boa tática para me tirar de campo, mas
eu mostraria que eu ainda não estava totalmente fora daquele jogo.

- Lauren...

Olhei para os olhos castanhos da morena, que me fitava totalmente perdida. Camila
era culpada por aquilo, e sabia disso.

- Deixe ela. - ordenou o marido.

- Isso não vai ficar assim.

- Está me ameaçando, Lauren? - ele perguntou ao dar um passo a frente.

- Quer levar como uma ameaça? - meu tom de voz foi desafiador, enquanto meu
olhar se alternava entre o marido e a esposa.

- Saia do meu caminho. - esbravejou ele.


- Ainda não, Collins. Ainda não. - foram minhas palavras antes de deixar aquela sala.

Sai daquela sala totalmente transtornada. Sentia meu corpo inteiro vibrar em pura
raiva. Raiva de Camila por ter me enganado, e ultrapassado os limites que impus;
raiva de Collins por ter me tirado do caso e consequentemente afundado minha
carreira policial; raiva de Brandon por ter permitido que isso acontecesse. Eu estava
com raiva de tudo, e de todos. Naquele instante, eu poderia explodir, e espalhar para
todos os lados o que sabia. No entanto, algo dentro de mim alertava insistentemente
para que eu mantivesse calma. Eu sabia que Camila era responsável pelo roubo,
sabia que Collins havia matado Charlie, e que Brandon era seu cúmplice, mas eu não
tinha como provar, não tão precisamente a ponto de enfim condená-los, já que
Camila havia ficado com o vídeo. Eu precisava ter calma. Estávamos em um jogo
onde a estratégia, era a principal aliada, e era justamente ela que iria me ajudar.

- O que houve? - Vero perguntou ao se aproximar.

Eu respirei fundo, diversas vezes, enquanto andava de um lado para o outro sem
parar. Meu peito subia e descia em uma respiração espessa, fazendo minhas narinas
inflarem.

- Fui tirada do caso.

- O que? Não pode ser, Lauren! - exclamou a mulher com os olhos arregalados.

- Pois aconteceu. Collins pediu, e Brandon acatou como um cachorro. - esbravejei.

- Isso não pode, você precisa revogar! - minha melhor amiga exclamou nervosa. -
porra.

- Eles acabaram com minha carreira, Iglesias.

A mulher me encarou visivelmente abalada com a noticia. A vi menear com a cabeça


em um sinal negativo, enquanto pousava uma de suas mãos sobre a testa.

- Você precisa correr atrás de conseguir voltar a esse caso. Lauren, consiga uma
prova importante, e esse caso será seu.

- Eu vou fazer isso, mas não agora. Eu só preciso ir embora daqui.


- Quanto mais cedo, melhor. - ela tocou meus ombros.

- Se eu fizer algo agora, será muito pior.

Ela engoliu em seco e assentiu.

- Vá para casa, esfrie a cabeça.

[...]

Foi exatamente o que procurei fazer, mesmo sabendo que qualquer esforço para
aquilo seria invalido, nada acalmaria a revolta que se instalara em meu interior. Os
acontecimentos pareciam se repetir em minha cabeça a cada gole de álcool ingerido.
As imagens de Camila no jared drink's, seguido pelo seu olhar sedutor na sala de
Collins, suas provocações nos momentos mais inusitados, sua forma de me seduzir,
nossos encontros ocultos, nossos beijos, toques, e olhares. Tudo se repetia em um
flashback, mostrando nitidamente onde pequei, onde me entreguei ao mal. Fui
consumida pelo fogo do desejo, que me arrastou para o fundo de um lamaçal de
mentiras e rancor. Atravessei o caminho de uma mulher sedenta por vingança, que
me usou a seu bel prazer para construir sua armadilha contra o homem que destruiu
uma parte de sua vida.

- Maldita. Você não poderia ter me usado dessa forma. - fechei os olhos, e apertei os
dedos ao redor do copo de vidro.

O gosto forte do whisky se alastrava por minha língua, descendo ardente por minha
garganta, em uma tentativa de esquecer aquela mulher. Tantos anos mantendo um
controle emocional, em uma tentativa de não me ver envolvida a qualquer mulher,
para terminar rendida pela pior de todas. Camila se infiltrou nas brechas de minha
fraqueza, e construiu seu território firme e inquebrável.

- Você precisa fazer alguma coisa... - disse a mim mesma, ao largar o copo sobre a
mesa a minha frente.

Inclinei meu corpo para frente, repousando a cabeça sobre meus braços que se
encontravam debruçados sobre meus joelhos. Me sentia cheia, cheia de sentimentos,
decepções, raiva e, sobretudo, revolta. Entregar Camila seria o fim de tudo? Seria
como derrubar o pilar que mantinha o jogo vivo, arrastando todos os outros para o
fim de seus planos ambiciosos e corruptos. Meneei com a cabeça em um sinal
negativo, enquanto ouvia meu coração bater frenético em meu peito, o som invadia o
ar como se tivesse próximo aos meus ouvidos. Aquilo estava me enlouquecendo.
"Entregue ela, Lauren."

"Ela ama você."

"Ela é uma criminosa."

"Ela perdeu tudo."

Suspirei pesado, e ergui meu corpo do sofá em um solavanco. Capturei a garrafa de


bebida sobre a mesa, e a levei até a pia da cozinha. Encostei-me no balcão, sentindo
minha cabeça girar, quando ao fundo ouvi o som estridente de minha campainha.
Seria Camila? Ela teria coragem de aparecer aqui depois de tudo? Impulsionei meu
corpo para frente, e segui em passos lentos até a porta de entrada. Ao abrir, me
deparei com os olhos curiosos de Keana Issartel.

- Vim saber como está. - foram suas palavras.

Durante algumas horas Keana foi minha companhia. A mulher cuidou de se mostrar
extremamente atenciosa e cuidadosa para com meu estado deplorável. Eu não abri a
boca para dizer sobre o que sabia de Camila, e muito menos de Christopher, apenas
disse que havia sido tirada do caso Collins com a ordem do próprio empresário.

- Você pode reverter isso, entre com uma ação para ter o caso de volta. Apresente
alguma prova. - seu tom de voz era manso.

- Você sabe como isso é difícil. Quando eles tiram, não tem mais jeito. - retruquei ao
erguer o copo de bebida até os lábios.

- Tente, Lauren. Você é boa no que faz.

Sua mão repousou sobre minha coxa, enquanto seu olhar se fixou no meu de forma
intensa. Talvez tenhamos perdido alguns instantes naquele contato; Keana engoliu
em seco, e umedeceu os lábios lentamente. Eu fechei os olhos por alguns segundos,
sentindo minha cabeça girar. Droga, eu havia bebido além da conta. Assim que abri
os olhos novamente, encarei o rosto da mulher a minha frente. O que diabos estava
acontecendo? Eu via Camila, via seu olhar castanho, e seu sorriso provocador.

Não! Não, Lauren.


Fechei os olhos mais uma vez, mas ela ainda se encontrava ali. E em um impulso
desmedido, inclinei meu corpo em direção ao dela, para tomar sua boca em um beijo,
que tão logo foi retribuído com vontade. Eu sabia que não era Camila, mas ainda sim,
sentia ela ali. Encontrava-me perdida no que poderia ter daquela mulher, por mínimo
que fosse, eu não conseguia conter. Nós nos beijamos com vontade, enquanto
caminhávamos de forma desajeitada até o quarto. Deitei o corpo da mesma sobre a
cama, enquanto retirava minha roupa com pressa. Ao me posicionar sobre o corpo da
mulher, encarei o olhar de Keana. Eram sedentos, flamejantes, carregados de um
brilho puramente sexual. Talvez eu tenha parado os movimentos por alguns instantes
com o choque de realidade, mas voltei assim que meu cérebro informou que Camila
merecia aquilo. Ela merecia saber que não era a única que me tinha.

- Que saudade que eu estava de você, Lauren. - sussurrou Keana, enquanto eu me


deliciava com seus seios.

Meus atos eram guiados pelo tesão e pelo o álcool que percorria meu corpo,
acompanhado de minha raiva, e desejo de vingança contra a latina. Eu descontaria no
corpo de Keana, toda minha fúria pelos enganos de Camila Collins.

- Porra...Isso... - gemeu arrastadamente, enquanto fazia de seu corpo meu objeto de


desejo.

Por vezes, eu vi Camila em meus braços. Eu sentia seus toques, suas investidas, eu
ouvia sua voz arrastada entre os gemidos. Inferno. Estava sendo traída por meu
subconsciente que a desejava de todas as formas, sem se importar com todo resto.

Eu só a queria.

Eu precisava de Camila.

Estava perdidamente louca por ela.

Sentei-me na cama, trazendo a mulher para meu colo. Ela estava completamente
nua, seus cabelos eram revoltos, dando-lhe um ar sensual e atraente. Eu fechei os
olhos mais uma vez, e Camila se apossou de meus pensamentos, tirando-me de
orbita.

- Você é minha, Lauren. Não há como fugir, você está presa a mim. - disse ela antes
de me beijar.

Eu era dela.
Eu era de Camila Collins.

[...]

A água fria escorria por meu corpo agora relaxado, enquanto eu tentava despejar
todos aqueles pensamentos pelo ralo juntamente da mesma. Eu precisava tomar uma
atitude, precisava me mostrar presente naquele jogo como uma das peças mais
fortes, e assim eu faria. Camila não era inocente, mas Christopher Collins era menos
ainda. Hoje eu estava à frente, eu tinha o comando das peças, e do futuro de cada
uma delas.

- Acho que tem alguém tocando a campainha. - ouvi a voz de Keana


exclamar ao fundo.

- É melhor ver quem é, pode ser Verônica. - respondi alto, para que a mulher
pudesse me ouvir.

- Deixe comigo!

Desliguei o chuveiro, e capturei a toalha branca pendurada no box de vidro do


banheiro. Me enrolei no roupão felpudo, e usei a toalha menor para retirar o excesso
de água de meus cabelos, enquanto caminhava para o interior do quarto. Olhei para
ambos os lados, vendo que Keana ainda não havia voltado. Franzi o cenho,
estranhando tamanha demora, e segui em passos preguiçosos pelo corredor, até a
sala. Ao adentrar o espaço mais aberto, ouvi a voz familiar inundar o cômodo,
atingindo-me em cheio.

- Não pode ser... - sussurrei, antes de me virar em direção à porta.

Meus olhos foram de encontro aos dela, arrancando-me um arrepio por toda coluna.
Camila Collins estava ali, parada na soleira da porta, encarando-me com seu olhar
indecifrável.

Flashback off.

- Isso explica muita coisa. - ponderou o investigador, dando uma breve pausa. -
então você me afirma que não tem nada a ver com as acusações de seu marido? Que
tudo que ele está falando é mentira?
- Sim, senhor. Eu não faria algo do tipo, nem saberia como fazer tais coisas.
Christopher está transtornado, e por mais que eu queira ajudá-lo, não posso assumir
a culpa de um crime que não cometi. - disse ela tristemente.

- Você está certa, sra. Collins. Mas fique ciente de que precisa de um advogado, você
como esposa de Christopher, vai precisar.

- Estou sendo colocada como suspeita?

- Todos são suspeitos. - afirmou.

Eu suspirei, e recebi o olhar de Camila. Ela se manteve tranquila, não transpareceu


qualquer alteração em seu humor, ou estado. Mas eu sabia que ela temia, no fundo
ela temia ser descoberta.

- Mas não se preocupe, se não tiver nada a ver com o caso, irá sair livre disso o
quanto antes. - o investigador murmurou calmamente. - basta dizer a verdade.

- Eu estou dizendo, agente Travis. Só tenho receio que Christopher faça algo que me
prejudique.

- Não há motivos para isso, sra. Collins. Você é inocente. - falei firmemente, atraindo
novamente seu olhar, e o do investigador.

Camila me fitou, e curvou o canto dos lábios em um sorriso cúmplice. Eu não pude
retribuir, tinha o olhar do investigador sobre mim, mas ela sabia que eu estava ao
lado dela.

- Se ela for realmente inocente de qualquer acusação, com certeza não há motivos. -
constatou o policial, voltando os olhos a Camila.

Ninguém era inocente, ninguém.

Flashback on.

- Por favor, não fique irritada comigo. Eu não poderia negar, é uma oportunidade
enorme. Ele estava procurando alguém, e eu me ofereci!

- Se ofereceu para o meu cargo? Para o meu lugar naquela delegacia? - indaguei
furiosa, enquanto ela me encara com um olhar apreensivo.
- Você foi retirada, e eu sabia que não poderia recorrer! - Keana exclamou nervosa. -
Você sabe como essas coisas são...

- Você nem sequer me deu tempo disso, não é mesmo?- eu quase gritei, mas logo
voltei a minha postura retraída. - Me deixe sozinha.

- Lauren...

- Eu só quero ficar sozinha. - disse de forma séria, e fria.

- Mas...

Eu caminhei rapidamente em direção a porta, abrindo-a de uma só vez, em uma


ordem clara para que ela fosse embora.

- Eu preciso ficar sozinha. Então, por favor, saia.

Ela assentiu com um semblante tristonho e caminhou devagar até mim. Talvez a
espera de uma interrupção que não viria.

- Espero que isso não interfira em nada entre nós.

Permaneci estática ao lado da porta, enquanto ela se colocava para fora. Assim que a
vi totalmente fora de meu apartamento, encarei seus olhos novamente.

- Eu posso te ligar mais tarde? - perguntou.

- Não, eu não quero falar com ninguém.

- Laur...me deixa ficar.

- Até outra hora. - murmurei antes de fechar a porta, impedindo-a de responder.

Eu me encontrava exausta, de todas as maneiras possíveis. Era como se eu estivesse


nadando contra a correnteza, em um esforço contínuo para no fim me afogar. Em
questão de dias, o que julguei estar perfeito, desmoronou. Meneei com a cabeça em
um sinal negativo, enquanto caminhava em direção a cozinha novamente. Tirei meu
coldre, juntamente de minha pistola e distintivo, deixando sobre o balcão. Recolhi
toda a bagunça que Vero havia feito antes de sair, quando a campainha novamente
voltou a tocar.

- Inferno! Eu falei pra ela que não quero ver ninguém! - exclamei, enquanto
caminhava em direção a porta.

Parei diante da mesma, e puxei o Maximo de ar possível para só então abri-la.


Encarei os olhos castanhos da latina a minha frente, e soltei o ar em um suspiro
irritado e surpreso por vê-la ali.

- Meu Deus, eu disse que quero ficar sozinha.

- Não vou te deixar sozinha agora. - Camila retrucou em um tom de voz firme, antes
de invadir meu apartamento.

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Primeiramente, temos mais um capitulo de Xeque-Mate PRONTO pra atualizar, só


falta apertar o botãozinho e vocês tem outra atualização, mas ai, eu estava pensando
aqui, nada na vida é de graça, né?! pois então, vocês vão ter que trabalhar, Existe
Down e Crying in the Club pra fazer Stream, Request, Thumbs E SHAZAM! muito
shazam pra ajudar os mores né?! mandem o print do incio do shazam de vocês, com
a comparação do final. Eu quero MUITOS shazam's e varias playlist do spotify no meu
twitter afraidcamila pra liberar o outro, e agora é a hora que vocês trabalham e veem
o resultado depois, se não, infelizmente, daqui a 84 anos vamos atualizar novamente.
vocês querem ser o Jack ou a Rose? kkkk até mais, baby's.
Capítulo 34 - Confissões

Oi meus amores!

Voltamos rapidinho dessa vez, não acham? Tudo porque esse capitulo já estava na
metade da ultima vez, e como fiquei sem computador, não deu pra postar em
seguida. Mas dei um jeitinho aqui e consegui terminar! O capitulo de hoje é muito
legal, eu amei escreve-lo, espero que gostem tanto quanto eu. Vou dedica-lo a dois
anjos, que essa semana me ajudaram bastante! Uma delas é a Bruna, e a outra é a
Dani. Ambas me ajudaram, pois ficaram sabendo do problema no meu computador.
Então se eu fosse vocês, agradecia muito a elas, viu?

Outra coisinha importante que eu queria falar com vocês! No capitulo passado, Sindy
fez uma breve nota pedindo para que façam stream de Down e Crying in the club.
Nos comentários, vimos coisas que realmente nos deixaram chateadas. Pelo menos,
eu fiquei bastante, e até desabafei no twitter. Uma fanfic como Xeque-Mate, que tem
uma boa quantidade de leitores, serve como meio de divulgação para projetos como
esse. Pedir que façam esse esforço pelas meninas em troca de capitulo, é apenas
uma forma de incentivar sem que seja algo chato. Pra ser sincera, não seria nem
necessário um "premio". Todos vocês amam as meninas, tem as suas favoritas; e se
querem as musicas sejam verdadeiros "hits", precisam trabalhar para isso. Então,
pensem um pouco antes de chegarem aqui, e falar que essa não é uma forma legal
de levar a fic. Além de estarmos aqui, trazendo uma forma de entreter vocês,
estamos dando um pouquinho dessa visibilidade que temos para atrair ajuda para que
elas tenham reconhecimento nesse trabalho.

Espero que entendam agora. Não vamos parar de pedir porque alguns não gostam.
Ajuda quem quer. - Evelin.

"Que voces consigam entrar no personagem e sentir tudo o que ele sentir.. Sejam
eles por um dia. E voces entenderão muitss coisas.." nao se esqueçam de deixar
(Human - Bebe Rexha) tocando. Da um detalhe a mais pro capitulo. Espero que voces
amem.. Assim como eu. Beijinhos - Sindy.

Agora vamos ao que interessa! Aproveitem esse capitulo!

Lauren Jauregui's point of view.


Continuei parada ao lado da porta, enquanto Camila invadia o interior de meu
apartamento mesmo contra minha vontade. Ela caminhou até o centro da sala, sobre
seus saltos escuros e finos, enquanto parecia procurar por algo no ambiente. Eu
engoli em seco, e tomei o maximo de ar para me manter calma. Depois de alguns
instantes, ergui a cabeça e encarei a mulher que estava na sala de estar, fitando-me
fixamente. Empurrei a porta com força, e caminhei em passos preguiçosos em sua
direção.

- Posso saber o que está fazendo aqui? Como tem a ousadia de aparecer no meu
apartamento?

- Nós precisamos conversar.

Uma risada sarcástica deixou minha boca, enquanto encostava-me ao pilar de


madeira, que dividia um cômodo e outro. Karla mantinha sua postura firme, bem
característica sua. Aquele ar imponente e poderoso tomava conta, até mesmo em
momentos como aquele, que ela claramente estava em desvantagem.

- Conversar? Você é a ultima pessoa desse mundo com quem eu quero conversar,
Karla. Eu quero que você suma da minha vida! – exclamei irritada.

- Quer conversar com quem? Com Keana que roubou seu lugar na delegacia? Eu
avisei que ela não era a melhor pessoa, Jauregui.

- Nenhuma de vocês são confiáveis!

- Não me compare com aquela mulherzinha. – retrucou.

- Claro! Você é muito pior do que ela. E me diga...

Eu franzi o cenho, e trinquei a mandíbula sentindo meu sangue esquentar.

- Como você sabe? – me aproximei dela, vendo a morena engolir em seco. Camila
ficou calada, nada respondeu.

– Ah! claro, sua cúmplice te contou. – constatei. - Está feliz com isso, não
é? Pode comemorar ao lado daquele desgraçado a vitoria de vocês contra mim. Era
isso o que você queria, não? Desde o começo está me usando nesse jogo sujo, como
um peão qualquer, para saciar tua sede de vingança contra aquele verme do seu
marido.

- Não fale o que você não sabe. – ela deu um passo à frente. – Eu não estou do lado
dele. Achei que isso estivesse bem claro.

- E nem do meu, pelo visto.

- Não existe seu lado. Existe o meu e o dele. – disse olhando fixamente em meus
olhos.

- Agora existe o meu. Você não está mais lidando com um peão.

- Lauren, tente se acalmar, ok?

Seu tom de voz manso me alertava suas intenções. Senti o toque suave das mãos de
Camila sobre meu braço, enquanto seu olhar buscava se conectar ao meu.

- Não comece! Você não vai continuar com essa manipulação!

- Não estou te manipulando. – rolou os olhos impaciente. – eu só preciso que me


escute! Você está cega diante a sua revolta!

- Eu não vou escutar suas mentiras! Por Deus! Ainda quer que eu acredite em você?
Depois de tudo?

- Preciso que acredite em mim. – pediu, fitando-me profundamente. - Eu imagino


como deve está se sentindo, mas eu não podia fazer diferente! Eu realmente não
queria prejudicá-la.

Qualquer frase dita por Camila, em uma tentativa de se justificar, fazia meu sangue
ferver. Ela mentia, e mentia sempre. Não era agora que diria a verdade, certo?

- Eu não consigo acreditar em nada que você diga! Você não passa de uma
mulherzinha dissimulada. Eu não sei onde estava com a minha cabeça quando me
envolvi com você, quando me permiti... – as palavras sumiram de minha boca. – você
não faz idéia do que eu sinto por você agora. Mas se me permitir dizer...

- Não quero que fale. – retrucou, engolindo em seco.

- Não quer saber o que sinto por você, Sra. Collins? – dei um passo à frente, fazendo-
a recuar outro. – Não quer saber o quanto estou arrependida de um dia ter desejado
você? De ter achado que poderíamos ter algo?
- Lauren...

- Você me dá nojo. Nojo! Odeia um homem, um monstro como ele, mas se deita na
cama dele, e entrega seu corpo como uma vagabunda! – murmurei de forma ríspida.
– não tem caráter, e muito menos princípios.

- Você não pode falar assim comigo... – ela parecia procurar forças para pronunciar
as palavras.

- Posso. Eu posso, porque você merece. É mentirosa, falsa, traiçoeira. Se divertiu


com ele mais cedo? Claro que sim. Me fez ouvir tudo! Me fez ver o quão burra fui por
me envolver contigo! – gritei.

- Não fale como se você fosse inocente. Você se deitou com outra! Eu não poderia
simplesmente falar tudo! – esbravejou da mesma forma.

- Quer mesmo comparar nossos erros? Tem coragem para isso?

Nós nos encaramos por alguns instantes, e por mais que eu me sentisse horrível por
dizer aquelas coisas, eu simplesmente não poderia evitar. Camila havia me ferido, me
enganado, e me prejudicado de tal forma, onde eu me via sem saída. Ela permaneceu
em silêncio, encarando-me friamente.

- Claro que não tem. Você foi à pior coisa que me aconteceu, Karla. E eu vou me
arrepender amargamente, todos os dias da minha vida, por entrado no seu caminho.
Você não sente. Você não sabe o que é se preocupar com alguém. Você só pensa em
si mesma. Deita-se ao lado do seu pior inimigo, vive uma vida fingida, para tirar dele
o dinheiro que um dia foi de um homem que teve importância na sua vida. O que ele
era pra você? Hum? – indaguei, enquanto a latina permanecia calada. - Charlie era
seu amante?

Ela permaneceu intacta. Eu caminhei ao seu redor, analisando-a por


completo.

- É por ele que faz tudo isso, não é? É por ele que se tornou esse ser desprezível. Que
não se importa com mais ninguém. Que passa por cima de qualquer um por dinheiro.

Camila se manteve em silêncio, enquanto sua respiração se intensificava. Ela não


ousou rebater, ou provocar. Estava ali, apenas recebendo minhas ofensas.

- Responde! – gritei, fazendo ela tremer. – ele era teu amante? Teu marido? Fala,
vagabunda!

Ela fechou os olhos, e os reprimiu firmemente, enquanto eu segurava em seu braço


com força.

- Eu deveria te colocar atrás das grades. É o que você merece! Como conseguiu?
Como conseguiu se tornar o objeto de Christopher? Porque acredito que tenha se
rebaixado a coisas humilhantes para entrar na vida daquele desgraçado. Mesmo
sabendo que ele matou seu parceiro. Você foi lá, e se entregou. – as palavras saiam
carregadas de raiva.

Sentia meu estomago embrulhar. Tudo que conseguia sentir naquele momento era
raiva. Eu estava cega com aquele sentimento que me consumia até as ultimas
células. Eu havia me enganado com a única pessoa com quem me permiti de
verdade. Camila me usou, me enganou, e se vingou de mim, sem se importar com
que eu poderia sentir. Ela não merecia perdão, merecia?

- Charlie a onde quer que esteja deve sentir nojo de você.

- Não... – sua voz saiu como um sussurro.

- Acha que ele se orgulha do que faz? Se estiver orgulhoso, deve ser tão sujo e falso
como você!

- Não fale dele. – outro sussurro.

- Ele que te ensinou a ser assim? Ele era tão ganancioso e mentiroso como você?

Camila ainda estava de olhos fechados. Ela respirava fundo, a ponto de me fazer ver
nitidamente seu peito subir e descer. Estava fulminando em uma revoltada causada
por mim.

- Devia ser tão desprezível quanto você! – cuspi as palavras.

- Cala a boca! Cala a porra da boca! – ela gritou, e avançou sobre mim, enquanto
distribuía uma seqüência de tapas, que me fazia recuar. – você não sabe de nada,
ouviu bem?! De nada!

Ela continuava a tentar me bater insistentemente, até que em um ato rápido segurei
seus punhos com força. Ela ofegava, enquanto seu par de olhos castanhos
flamejantes de ódio me fuzilavam.

- Você pode me xingar, pode falar o que quiser! Pensar o que quiser! Mas não fala
dele, não toque no nome dele dessa forma! – exclamou, enquanto as lagrimas
preenchiam seus olhos. Camila ergueu a cabeça, e me encarou firmemente, mesmo
com os olhos marejados. – Você não me conhece, Lauren! Você só tem o resultado de
tudo, mas não sabe o que me fez ser assim!

As palavras morreram em minha boca, enquanto eu encarava o olhar perdido da


mulher a minha frente. Ela parecia furiosa, magoada. Exclamava as palavras com
certo desespero.

- Eu sou sim tudo isso. Eu sou a pior pessoa desse mundo, eu sei disso! Eu me tornei
mentirosa, falsa, e dissimulada como você disse. Eu me deitei com o meu pior
inimigo, para entrar na sua vida, e tirar o que lhe mais era valioso. Eu fiz isso! E sou
culpada sim. Eu tenho o meu lugar no inferno, Lauren. – ela cuspiu as palavras contra
mim, provocando-me aquele aperto no peito. – nada disso é uma novidade.

A latina recuou, e se desvencilhou de meus braços, enquanto buscava acalmar sua


respiração irregular. Nunca, literalmente, nunca havia visto Camila Collins daquela
forma. Toda sua postura firme, seu ar imponente e provocador caiu por terra,
evidenciando uma mulher fraca, solitária e ferida.
Capítulo 35 - Duas rainhas.

Veja só quem está de volta!

Dessa vez ficamos muito tempo longe, eu sei. Mas tive motivos, e um deles foi ter
ficado sem computador por mais de um mês! Mas enfim, sem muitas explicações,
estou de volta.

E tenho que admitir que estava morrendo de saudade de vocês. Tive certa dificuldade
pra escrever esse capitulo, por conta do tempo que fiquei sem atualizar, o que me
causou certo bloqueio. Por isso, esse capitulo está mais suave, para gente voltar para
nossa rotina bem estilo Xeque-Mate. Vamos interagir bastante, para que no próximo,
as coisas esquentem mais rs

Estamos muito perto do fim, então, vamos aproveitar bastante cada momento daqui
pra frente.

Esse capitulo conta como os últimos esclarecimentos com flashback, apesar de que
vamos ter um pouquinho no próximo.

Indico algumas musicas para esse capitulo: A primeira é Ride- SoMo, ou IDFC -
Blackbear, ou We can make love - SoMo (sim, outra vez) Escutem nessa primeira
parte, vou indicar. A outra é Fairly Local - Twenty One Pilots, que será necessaria no
final.

Sem mais papos, aproveitem, meus anjos.

Lauren Jauregui's point of view.

(Inicie uma das três musicas indicadas)

- Eu estou me entregando a você agora, delegada. Estou lhe dando todas as provas
necessárias para me colocar atrás das grades pelo resto de minha vida. Mas antes
que o faça, quero que saiba. Eu nunca; nunca quis engana-la. Nunca quis magoa-la.
– Disse em um suspiro.

- No início você foi sim um maldito escape carnal, para minha sede por me sentir
superior. Mas eu me deixei levar por esses malditos olhos verdes, por suas
investidas...

Meu peito subia e descia em uma respiração cada vez mais pesada. Eu sentia minha
pele aquecer diante do seu olhar, de suas confissões sobre mim. Em um ato
impensado, ergui uma das mãos até seu pescoço, tocando sua pele.

- Por seu toque... – ela sussurrou, seguido por um suspiro surpreso. - E me perdi. Eu
me perdi em quem me tornei, por você. Me perdi no que me fez sentir. – Ela desviou
nossos olhares, e recuou um passo, mas eu a segurei.

- O que sente, Camila? – Perguntei, ofegante.

Seus olhos que até então encaravam o nada, voltaram aos meus, balançando-me o
interior com vigor.

- Eu sinto que sou perdidamente apaixonada por você, agente Jauregui.

Havia uma batalha no interior de minha cabeça. Meus sentimentos confrontavam


violentamente os meus ideais. Me render diante aqueles sentimentos, seria abrir mão
de um código de ética profissional por qual lutei por longos anos, mas ir contra o que
sentia, seria me enganar, e perder o que eu realmente precisava para ser feliz.
Camila Collins poderia ser a mulher menos indicada para se relacionar, mas foi por
ela que me apaixonei. Eu precisava dela, mais do que de minha carreira como policial.
Eu precisava mostrar para ela que ainda existia a possibilidade de uma vida feliz. E
que eu daria isso para ela outra vez.

Fechei os olhos por alguns segundos, sentindo meu corpo inteiro estremecer.

- Faça o que tem que fazer. Eu realmente não aguento mais... – ela sussurrou fraca.
– Eu preciso disso.

Eu sabia que Camila esperava uma reação negativa, eu sentia isso.

- Eu preciso acabar com isso. – Sua voz soou embargada outra vez.

Eu respirei fundo, e puxei seu corpo com força para junto do meu. Camila suspirou
em surpresa, quando meus lábios foram de encontro aos seus. Foi como um toque
sutil de fogo em um montante de pólvora. A latina quase gemeu em alivio, quando
nossas línguas entraram em contato em uma sintonia perfeita. Eu me via perdida,
sem escapatória. Eu não poderia ir contra aquilo, não contra o que sentia. Eu a
amava, e me via no dever de resgata-la de uma vida desgraçada como a que tinha.
- Lauren... – sussurrou contra meus lábios.

- Nós vamos acabar com isso juntas, Camila.

- Não posso... – ela se afastou, deixando-me confusa.

- Do que está falando?

A morena virou de costas, afastando-se de meus braços. Ela parecia um pouco


confusa, quase perdida. Vi seus ombros se erguerem em uma respiração funda, como
se buscasse forças.

- Eu não posso envolver você nisso, não mais do que está. Não do meu lado.

- Camila... – murmurei.

- Lauren, você quanto policial tem uma ética profissional, eu sei. Sei o quanto valoriza
isso. Pode achar que não, mas observei você em todo esse tempo. Vem de uma
família de princípios e virtudes. Eu não posso ser ainda mais egoísta para te fazer ir
contra eles.

- Você não pode me impedir.

- Se eu te contei tudo isso agora, foi para saber que eu nunca quis engana-la, e que
sempre houve um motivo mais forte por trás de tudo. – Ela virou de frente para mim,
encarando-me intensamente. – Me deixa fazer uma coisa certa.

Aquele momento definia um ponto crucial em nossa história. Um marco entre seguir
em um caminho desconhecido, de futuro incerto, ou voltar para rota onde tudo
parecia mais tranquilo, e sem emoção. De repente, um flash de lembranças invadiram
minha cabeça, desde aquela maldita noite em Mount Vernon, quando informei a Vero
que havia enviado nossos currículos para o departamento de polícia em Nova Iorque.
Desde o início, minha sede por uma vida movimentada era o impulso para me fazer
correr atrás de meus objetivos como profissional. Eu queria ser alguém diferente,
alguém melhor. Queria sair da pacata cidade do interior para viver uma vida, que me
fizesse sentir feliz. Eu ansiava por emoção, por adrenalina, ansiava por me sentir
realmente viva e completa.
- É isso... – Sussurrei para ela, que franziu o cenho.

- Isso o que? – Indagou confusa.

De forma inusitada o destino tratou de me fazer enxergar o que me faltava. Não


estava em minha profissão; não era o departamento de polícia, e seus casos difíceis
que me faziam sentir realmente viva. Eles me desafiavam, me instigavam a ser uma
profissional melhor, mas não me completavam. Não como ela fazia.

- Lauren...

O que me faltava? Eu sabia aquela resposta; sabia desde o primeiro instante em que
coloquei meus olhos sobre a bela mulher misteriosa que ocupou um lugar ao meu
lado naquele bar. Hoje, eu sabia compreender todos aqueles sinais. Tudo que ela me
fazia sentir com sua presença. Agora não existia mais confusão, negações ou
incertezas. Eu sabia, e tinha certeza. Era Camila o que me faltava. Era ela que me
fazia sentir realmente viva. Era sobre seu olhar e seus toques que eu me sentia
completa.

- Eu não posso deixar que faça isso. – Falei ao me aproximar dela novamente.

Ela fechou os olhos assim que uma de minhas mãos foram de encontro a sua nuca.
Parecia tão sensível agora, tão exposta e frágil. Eu a via como um todo, eu enxergava
sua alma.

- Eu não quero destruir sua vida. – Murmurou ao tentar se desvencilhar.

Assim que a latina me deu as costas, eu a abracei, unindo meu corpo ao dela em uma
tentativa de faze-la ficar. Camila tinha a respiração irregular, como se lutasse contra
si mesma para ir.

- Você me faz sentir realmente viva, Camila.

Por alguns instantes tive a sensação que nossas respirações entraram em sincronia.
Eu sentia seu corpo ansiar pelo meu, assim como eu precisava do dela. Meus braços
envolveram sua cintura, enquanto meu rosto foi de encontro a curva de seu pescoço,
dando-me a chance de sentir o aroma adocicado e sutil de sua pele.

- Eu não sei mais ficar longe de você. Não sei mais não pensar em você. –
Ela suspirou nervosa, enquanto meus lábios deslizavam por sua pele. - Estou presa a
ti.

- Tem certeza do que quer?

Virei o corpo de Camila, obrigando-a a me encarar. Seu peito subia e descia em uma
respiração pesada, enquanto seus olhos castanhos me fitavam receosos.

- Eu tenho certeza. – Afirmei séria. – Eu quero você.

Camila permaneceu parada a minha frente, mantendo aquele olhar intenso sobre
mim. Aquela imensidão castanha agora revelava todos os segredos e sentimentos que
se mantiveram ocultos por tantos anos. Hoje, eu sentia que não havia mais segredos
entre nós. Eu finalmente conhecia o interior sombrio de Camila Collins.

- Eu sou sua, Lauren. – Sussurrou ela, encarando-me. – Sou sua desde o primeiro
instante.

Senti meu coração esmurrar o meu peito com suas palavras, atingindo-me tão
fortemente, a ponto de me fazer perder o ar. Ela era minha.

- Só minha. – Sussurrei, antes de puxa-la para mim.

Beijar Camila agora me proporcionava uma sensação diferente. Tudo era mais intenso
e envolvente. Não existia apenas desejo, paixão. Tê-la em meus braços agora
representava algo além de tudo que um dia pensei em sentir. Eu mantive meus olhos
fechados, enquanto me deliciava de sua boca. Sentia sua língua deslizar sobre a
minha devagar, fazendo-me sentir a maciez quase que viciante. Segurei em sua
cintura, apertando vez ou outra, a cada espasmo de desejo emanado por meu corpo.
A latina tinha os olhos fechados, enquanto minha boca descia lentamente em direção
ao seu pescoço.

- Senti sua falta... – ela sussurrou perdida.

- Eu também senti a sua. – Murmurei contra sua pele, deixando-a ainda mais
nervosa.

- Lauren...

- Hum?

- Eu quero que hoje seja diferente. – Disse ela, fazendo-me encara-la.


- Já fizemos isso antes, lembra?

Camila sorriu de canto, provavelmente lembrando de nossos momentos mais


românticos.

- Eu sei, eu quero assim...Mas dessa vez, eu quero amar você.

Nós nos encaramos por uma fração de segundos que pareceram durar mais do que o
normal. Camila parecia decidida, seu olhar expressava isso através de suas pupilas
dilatadas.

- Eu quero que sinta, apenas sinta.

Fechei os olhos no exato instante em que senti seus lábios delicados virem de
encontro a minha pele, deslizando com uma calmaria que me deixava perdida. As
mãos da morena subiram por meus braços, apertando-me, puxando-me contra si.
Camila queria que eu me entregasse da mesma maneira como ela fez enquanto
estávamos na Suíça.

- Deixe-me mostrar o que eu sinto, e se permita sentir.

Um arrepio percorreu por minha coluna, fazendo meu coração palpitar veemente.

- Eu deixo...

Eu poderia jurar que ela sorria satisfeita contra meu pescoço, quase que em alivio.
Senti seus dedos se entrelaçarem aos meus; e através de um simples olhar, ela deu a
deixa do que queria. Caminhamos juntas em direção ao meu quarto, mesmo em meio
a dificuldade de nos largar entre um beijo e outro.

- Tem certeza que quer assim? – Perguntei, fazendo ela sorrir.

- Tenho, você vai gostar. Eu prometo.

Camila queria me fazer sentir as mesmas sensações que lhe proporcionei em nossas
noites mais intensas. E apesar de ter compartilhado dos mesmos sentimentos em
todas as vezes, eu me permitiria à sua maneira. Ela me deixou parada diante da
cama, enquanto retirava minhas roupas lentamente, como se buscasse prolongar
aquele momento o máximo que poderia. Sua boca distribuía beijos a canta canto
despido, provocando-me aquele maldito calor que me incendiava o ventre. Ela
prontamente retirou as peças que a cobria, agora ficando totalmente nua, assim
como eu. As persianas baixas, deixavam o quarto mergulhado em uma escuridão
parcial, trazendo um clima mais aconchegante, mesmo a luz do dia ao lado de fora.
Fui induzida a deitar em minha cama, enquanto recebia o olhar faminto, carregado de
desejo daquela mulher. Eu poderia ver naquela imensidão de tonalidade castanha,
todo o tesão que nutria por mim.

- Vem logo, eu preciso de você. – Murmurei ao me remexer sobre os


lençóis.

Arfei forte quando seu corpo veio de encontro ao meu, fazendo-me sentir sua pele
quente deslizando sobre a minha. Minhas mãos subiram por suas costas, deslizando
suavemente de baixo até em cima, seguida vezes; enquanto sua boca fazia questão
de se deliciar de meu corpo. Seus dentes apertaram meu queixo, e tão logo sua boca
subiu até minha. Os lábios perfeitamente desenhados de Camila se moviam em uma
sincronia perfeita e viciante contra os meus, sua língua serpenteava de forma
pretenciosa, obscena. Ela a chupava devagar, sem parar, enquanto seu corpo se
remexia contra o meu. Minhas mãos subiram até sua nuca, perdendo-se entre os fios
de cabelo que foram pressionados em meio ao tesão. Eu vi ela sorrir satisfeita, antes
de voltar a chupar minha língua em um vai e vem gostoso. Sentia meu corpo em
chamas, sedento por seus toques, e por qualquer coisa que me fizesse liberar toda
aquela vontade.

- Poderia fazer isso com você pelo resto da vida...

Camila acomodou uma das coxas contra minha perna, pressionando meu sexo com
certa força, enquanto sua língua deslizava avidamente pelo lóbulo de minha orelha.
Eu segurei firme em seu cabelo, em uma tentativa de faze-la continuar. Movi meu
quadril devagar, criando mais atrito entre minha boceta e seu corpo.

- Ah...

Meu peito subia e descia em respiração ofegante, enquanto minhas terminações


nervosas pareciam ainda mais sensíveis. Ela desceu com os beijos por meu pescoço,
entre algumas mordidas e chupadas. Mantive os olhos fechados, permitindo-me
apenas sentir o que ela poderia me proporcionar. Sua língua deslizou por minha
clavícula, enquanto uma de suas mãos percorriam meu corpo, apertando-me vez o
outra.

- Lauren... – Chamou. – Olhe para mim, eu quero que permaneça olhando para mim.
Abri os olhos, e a encarei. Confesso que me sentia ainda mais exposta diante
daqueles olhos. Camila tinha um magnetismo único neles, como se pudesse nos
desvendar, sem precisar sequer de uma palavra. Ela sorriu, fazendo-me sorrir em
resposta.

- Isso... – Disse ela ao beijar meus lábios. - Não tire os olhos de mim.

As mãos delicadas da latina percorreram meu corpo, desde meus seios, descendo por
meu abdômen até chegar ao meu sexo. Ela me fazia assistir a tudo aquilo, em
movimentos lentos e torturantes. Camila parecia fascinada com meu corpo, fazia tudo
com tanta vontade e desejo que me rendia suspiros desesperados. Fechei os olhos
por breves segundos, quando senti sua boca se fechar ao redor de um de meus
mamilos. Sua língua quente deslizou lenta e molhada sobre minha pele, provocando-
me um espasmo em meu sexo. Minha mão foi de encontro a seu cabelo, conduzindo-
a a me chupar, e assim ela fazia. Sem deixar que nosso contato visual se perdesse.

- Você vai me deixar louca, oh.

Camila desceu com os beijos, mas ocupou suas mãos com meus seios, ela os
apertava de uma maneira tão gostosa, tornando cada vez mais difícil segurar os
gemidos que se formavam em minha garganta. A visão que eu tinha de seu corpo,
deixava-me ainda mais em chamas. Karla possuía um corpo de dar inveja ou tesão a
qualquer um. Seus cabelos longos e escuros, se espalhavam por suas costas
delicadas, até o elevado de sua bunda. Através da máscara de cílios, pude encarar
seu olhar intenso, a cada instante em que ela se aproximava mais de meu sexo. Me
remexi sobre a cama, inquieta e repleta de desejo. Minha boceta pulsava, ansiava
pelos toques daquela mulher. Havia algo diferente ali, não só no ato, mas no que ele
nos fazia sentir. Hoje, eu me sentia totalmente entregue, como nunca estive antes
em toda minha vida. Meu corpo todo estava sendo tomado por um turbilhão de
sensações quase que enlouquecedoras.

- Você é tão linda, Lauren... – Camila falou com uma voz arrastada, rouca. – Tão
linda, e minha.

Em um ato totalmente involuntário, eu gemi. Gemi quando ela por fim me tocou. Os
dedos de Camila deslizaram por minha boceta devagar, umedecendo-os quase que
por completo.
- Diga que é minha. Diga. – Ordenou, enquanto esfregava seus dedos.

- Por Deus, eu sou sua, Camila. Sou completamente sua.

Me encontrava ofegante, mergulhada em um mar de desejo e tesão que impedia de


sequer pensar. Não que eu fosse responder algo diferente, eu já havia aceitado o fato
de que pertencia aquela mulher, e que nada, e nem ninguém poderia mudar isso.
Mordi o lábio inferior, assim que a vi se aproximar mais de meu sexo. A morena
inclinou a cabeça, e soltou uma pequena lufada de ar contra minha boceta, fazendo-
me fita-la. Nossos olhares se cruzaram, e se fixaram por todo daquele momento.
Interrompendo somente quando ela por fim me fez sentir sua boca. Minhas mãos
foram de encontro aos lençóis da cama, cravando as unhas em puro instinto. A boca
quente de Camila envolveu meu sexo, deslizando a língua tão lentamente que me
fazia gemer baixinho.

- Oh, isso...

Minhas mãos se fizeram inquietas, assim como meu corpo. Eu queria mais, precisava
de mais. E ela sabia disso, mas faria do seu jeito, e eu sabia que seria bom. Sua
língua macia e quente deslizava por minha boceta, pressionando sobre meu clitóris
vez o outra. Eu gemia, entregue a ela.

- Camila... – murmurei baixinho, enquanto pressionava meu quadril contra sua boca.

Ela me chupava de forma tão gostosa, que me fazia sentir a beira de um precipício.
Meu corpo inteiro se fazia quente, e sedento por sua boca, por sua língua e pelo que
ela poderia me proporcionar. Movi meu quadril, enquanto ela aumentava os
movimentos de sua língua sobre minha boceta. Vez ou outra eu recebia seu olhar,
que fazia questão de gravar minhas expressões de prazer. Sem pensar duas vezes,
levei uma de minhas mãos até seus cabelos, e o segurei firme, quase que em um
pedido implícito para que continuasse.

- Eu vou goz...Oh, Camila!

- Shhh... – ela se afastou. – ainda não.

Ela escalou meu corpo, se colocando sobre mim rapidamente. Eu não tive tempo de
protestar, sua boca veio de encontro a minha, dando-me a chance de sentir meu
próprio sabor vindo de sua língua. Minhas mãos deslizaram por suas costas,
arranhando-a devagar; enquanto eu me rendia a seu beijo viciante. Ela se movia
sobre mim, fazendo com que nossos corpos roçassem insistentemente. Nossas
respirações se confundiam, em meio aos nossos gemidos contidos.
- Eu quero que faça isso comigo... – Disse ela, enquanto uma de suas mãos descia
rumo ao meu sexo.

Camila me deixava a flor da pele, em todos os sentidos possíveis. Naquele instante,


sob seu olhar, me sentia entregue. Meu corpo era seu, e meu interior também. Era
por ela que minha pele ansiava, era sob seus toques que meu corpo estremecia. Era
diante do seu olhar que meu coração palpitava. Reprimi os olhos em um impulso,
quando senti os dedos da latina sendo mergulhados em minha boceta.

- Ah, porra... – gemi em seu ouvido.

Ela voltou a me encarar, Camila sentia prazer em me ver daquela forma. Seus olhos
brilhavam ao me ver sendo tão sua. Cravei minhas unhas em suas costas, a cada
estocada de seus dedos em meu sexo.

- Sou tão louca por você...

- Repete. – Ordenou a latina em meio a uma respiração pesada.

- Sou louca por você, Camila.

Meu quadril ia de encontro a sua mão quase em desespero. Aquela maldita sensação
se construía em meu ventre, em uma suplica pelo ápice. Arrastei minhas unhas pelas
costas da morena, sentindo sua pele suada, até uma de minhas mãos adentrarem
entre os fios de seu cabelo. Eu a segurei com firmeza, obrigando-a a me encarar. Eu
estava prestes a gozar, e queria que ela me olhasse no fundo dos meus olhos agora.

- Olhe para mim. – Ordenei, recebendo aqueles olhos castanhos diante dos
meus.

Eu me esforçava para encara-la, quando meu corpo quase me suplicava para me


deixar levar por aquelas sensações.

- Diga que você me ama. Diga enquanto eu te faço minha. – Camila pediu,
multiplicando o estado descontrolado de meus batimentos.

Nós ficamos em silencio por alguns instantes, enquanto nossos corpos se mantinham
conectados. Eu sentia a respiração ofegante de Camila vir de encontro a minha,
misturando-se perfeitamente. Eu poderia jurar que seu coração batia tão
descontrolado quanto o meu. Mesmo em meio aquele turbilhão de sensações, onde
meu corpo caminhava para onde eu mais ansiava, eu olhei no fundo daqueles olhos
castanhos tão brilhantes e intensos, e me entreguei.

- Eu te amo, Camila. Eu sou apaixonada por...por você.

Aquelas simples palavras nos levaram de uma só vez para o ápice. Camila se
entregou comigo, junto a mim. Eu fechei os olhos, enquanto meu corpo inteiro
estremecia com o dela. Sentia-me completamente fora do controle, enquanto me
deliciava o orgasmo que ela me proporcionava.

- Eu também te amo, Lauren. – Foram suas palavras assim que seu corpo repousou
sobre o meu.

[...]

- Não podemos ver isso depois? Vamos para cama. – Resmunguei, fazendo ela rir.

- Não, temos que ver agora. Logo preciso ir embora, estamos no meio do dia.

Camila estava sentada sobre a mesa de escritório, usando apenas sutiã e calcinha,
enquanto se mantinha totalmente concentrada nos relatórios policiais recolhidos no
início do caso Collins. Agora que ambas estávamos do mesmo lado, não havia
problema algum em abrir todas as minhas provas e evidencias dentro daquela
operação.

- Acho que aqui tem material suficiente para ela se enrolar. Entregue tudo, menos os
que tem naquela sala. – Apontou para meu escritório particular.

- Não acho uma boa ideia engana-la.

- Está com pena da sua namoradinha? – Indagou ela com um tom sarcástico, que me
rendeu uma boa risada.

- Não, só não acho justo.

- Lauren! Por Deus! Ela não esperou um segundo para pegar esse caso. Não teve a
menor consideração com você.

- Eu sei, mas eu não sou assim. – Retruquei.


Camila suspirou, e sorriu.

- Você é boa demais. – Ela pousou a ponta do pé entre minhas pernas, apoiando no
acento da cadeira no qual eu estava sentada.

- Sou?

Perguntei ao levar minhas mãos ao seu tornozelo, subindo lentamente até alcançar
sua coxa. Camila permaneceu com os olhos fixados em mim, como se buscasse me
manter ali. Ela estava linda, como de costume. Suas peças intimas de tonalidade
negra, se destacam em sua pele bronzeada e macia. Seus cabelos longos, e agora um
tanto revoltos pendiam para um único lado, dando-lhe um ar mais sensual. No
entanto, agora ela carregava um sorriso preguiçoso, e desleixado que me deixava
hipnotizada.

- Muito. Preciso te ensinar a ser má.

- Me deixe assim, acredito que nos damos bem dessa forma.

- Certo, vem aqui. – Murmurou ao me puxar pela camisa.

Ergui meu corpo da cadeira, recebendo as pernas de Camila ao redor de meu quadril,
ao mesmo tempo em que seus braços envolveram meu pescoço. Eu agarrei sua
cintura, recebendo um beijo rápido em meus lábios.

- Eu não confio nela, mas sei que meu histórico também não é nada
confiável. – Ela deu de ombros, e eu assenti. – Nós não vamos fazer nenhum mal a
ela, a não ser que mereça. Só vamos colocar você de volta nesse caso, como a
estrela principal. Só vamos fazer ela caminhar para direção oposta do grande enigma.

- Você controla tudo, fico pensando como fazia isso comigo.

Camila fez uma careta engraçada, quase em um pedido de desculpas.

- Me desculpe, só eu sei o quanto minha consciência pesou. Eu não quero que ache
que não é uma boa policial. Você é incrível, Lauren. – Disse ela, enquanto deslizava o
polegar pelas maçãs de meu rosto. - Eu me aproveitei de você, mas havia um motivo
sério para isso. Hoje, eu quero consertar o mal que lhe causei.
- Sabe que não precisa fazer isso...

- Eu quero. Você é a única que pode fazer isso por mim. Tem ideia do quão
importante é sua missão? Você vai colocar o homem que mais odeio na vida atrás das
grades. Vai fazer justiça da maneira correta por mim, e por Charlie.

- Eu só quero que isso acabe, Camila. Quero ver você livre dele, e de todo esse mal.

A morena suspirou de forma tensa.

- Eu só quero me ver livre de todo esse sentimento ruim que ainda existe em mim.

- Vou mudar isso.

- Confio em você, Lauren.

Flashback off.

- Eu sou inocente, agente. Estou tão espantada quanto vocês. As acusações contra
meu marido são tão fortes. - murmurou ela de forma melancólica.

- São sim. Seu marido tem uma ficha criminal bem vasta, sra. Collins. Me custa
acreditar que nunca desconfiou de nada.

O olhar do investigador se mantinha fixo sobre latina como se quisesse analisa-la por
completo. Ele não sabia com quem estava lidando, sabia? Ela poderia passar horas
ali, e continuaria da mesma forma.

- Quando amamos alguém sempre enxergamos o melhor lado, talvez tenha


acontecido isso.

Ele assentiu, enquanto olhava para o bloco de papeis repousados sobre sua mesa.
Camila havia errado em meio ao depoimento, se contradisse ao falar sobre Charlie, o
que para mim, parecia totalmente normal, levando em conta o peso que aquele nome
tinha em sua vida. Mas sabia que para Travis, aquilo seria uma boa entrada.

Flashback on

Depois da saída de Camila, que tratou de reclamar durante longos minutos sobre
Keana. Estava enciumada, revirava os olhos a cada instante em que lembrava que eu
teria que continuar meu envolvimento com ela se quisesse que nosso plano desse
certo.

- Se você for para cama com ela outra vez, eu acabo com sua vida.

Eu ri de sua cara emburrada, recebendo outro resmungo.

- Sempre muito ciumenta.

- Me odeio por isso. – Ela suspirou, e me encarou. – Eu preciso voltar, vou passar na
galeria com Dinah.

- Tudo bem.

- Espero que as coisas fluam bem para nós daqui para frente.

- Espero também.

Aquele era um recomeço. Camila e eu agora estávamos em um outro nível. Minha


cabeça ainda estava perdidamente bagunçada, deixando-me um pouco confusa. Era o
momento de confiar em Camila, mesmo quando seu histórico como um todo me dava
sinais para fazer o contrário. Eu havia enxergado verdade em seus olhos, em suas
palavras e em seus toques. Ela não poderia estar mentindo, poderia?

- Vamos manter contato, sem que ninguém saiba.

- Certo, se cuida. – Falei ao beijar seus lábios.

Vi Camila se afastar pelo corredor de meu prédio. Ela parecia cansada, apesar de um
tanto mais aliviada do que quando chegou. Era notável agora os sinais de exaustão
com toda aquela história, foram muitos anos em uma transformação guiada pelo
ódio. Ela merecia algo melhor.

Voltei para o interior de minha casa, mais precisamente o meu pequeno escritório.
Camila e eu ficamos por cerca de uma hora vasculhando todos os documentos,
verificando todos os detalhes. Perdi mais alguns minutos ali, montando toda a historia
que agora eu já sabia. O organograma ganhou um novo rosto, e um novo topo. Agora
no centro estava ela, interligando todos os pontos. Sendo a grande mandante daquele
jogo.
- A rainha. – Sussurrei para mim mesma ao tocar sua foto exposta no quadro
pendurado na parede.

Ouvi o toque da campainha ecoar ao lado de fora, lembrando-me que agora, eu era
uma peça mais forte. Ter a visão ampla sobre todas as peças do tabuleiro, prevendo
suas possíveis jogadas, me dava certa adrenalina em continuar a jogar, até que meu
lado fosse o grande vencedor. Respirei fundo, inalando o ar para dentro de meus
pulmões, enquanto controlava minha mente para tudo que estava por vir. Apaguei as
luzes do escritório, e me retirei daquele lugar, trancando para que ninguém mais
tivesse acesso. A campainha continuou a tocar insistentemente, e tão logo me
aproximei, recebendo a primeira peça que eu teria que ultrapassar.

- Lauren.

- Entre, Keana.

[...]

Senti a brisa fria bater contra meu rosto, enquanto caminhava em passos apressados
pela rua escura. Estava em um bairro distante do centro de Nova Iorque, a caminho
de uma das casas utilizadas por Camila, e suas cumplices. Havia deixado meu carro
em uma esquina qualquer, evitando qualquer ligação com o local escolhido pela
latina. A madrugada deixava aquele setor totalmente vazio, sem qualquer tipo de
movimento de moradores ou visitantes. Segui pela calçada, até alcançar a casa
indicada pela morena há horas atrás. Olhei para ambos os lados, e me contive a
caminhar pela área mais escura, até adentrar a lateral da casa. Me aproximei da
porta estreita, e antes que eu pudesse bater, a porta foi aberta.

- Estava ansiosa para te ver. – Camila murmurou com um sorriso cumplice assim que
me encarou.

- Eu prometi que viria.

Envolvi sua cintura com os braços, recebendo um sorriso seguido por um beijo rápido.
Camila sorriu novamente, e se afastou, caminhando pelo interior da casa simples e
aconchegante. Estávamos na cozinha, mas ela me guiou até a sala de estar. O
interior daquele lugar contava com toda mobília de uma casa qualquer, como se fosse
realmente utilizada por alguém no dia a dia.

- Aonde estão as outras?

- Devem estar chegando, eu pedi para vir mais cedo, queria ficar um pouco com
você. – Murmurou ao se sentar no sofá.

- Está com más intenções, Karla? – Arqueei uma das sobrancelhas, ao me sentar ao
seu lado.

- Eu? Jamais, você mais do que ninguém sabe que minhas intenções são as mais
inocentes possíveis.

Seu tom de voz revelava seu cinismo tão característico. Se não houvesse cinismo,
não era Camila Collins, certo? Meneei com a cabeça em um sinal negativo, tentando
evitar o sorriso que preenchia meus lábios. Me inclinei em sua direção, enquanto
levava uma das mãos até seu cabelo, afastando para o lado, deixando assim seu
pescoço totalmente livre para meus lábios.

- Tem certeza disso, sra. Collins?

Camila arfou assim que meus lábios e minha língua entraram em contato com sua
pele. Vi ela fechar os olhos em puro instinto, fazendo-me sorrir contra seu pescoço.
Me aproximei mais, agora levando uma das minhas mãos para sua coxa, por cima do
tecido de sua calça escura; apertei ao mesmo tempo em que beijava sua pele
lentamente, e subi com a mão rumo ao seu sexo.

- Te-tenho. – Gaguejou.

- Nervosa, rainha? – Sussurrei em seu ouvido com um tom debochado.

- Jamais.

Ela tentou se recompor, afastando-se de minhas garras; no entanto, me adiantei a


segura-la com firmeza, deitando-a sobre aquele sofá. Me inclinei para frente, me
debruçando sobre seu corpo, que se encaixou bem ao dela.

- Pois eu acho que está. – Falei ao começar a beijar seu pescoço devagar.

- Acho que te ensinei coisas demais. Inferno. – Resmungou fingindo indignação.

- Me ensinou? - Voltei a encara-la, agora retirando a pistola dourada presa no coldre


utilizado pela mesma.
Camila deu de ombros, e sorriu cínica. Eu meneei com a cabeça em um sinal
negativo, deixando a arma sobre a mesinha de centro.

- Claro! No início de tudo você me disse que não sabia jogar xadrez, lembra?
Estávamos no escritório de minha casa. – A morena falou, enquanto brincava com a
gola de minha blusa. – Mas agora, vejo que sabe muito bem como articular suas
estratégias de jogo.

- Caminhei muitas casas desse tabuleiro, sra. Collins.

Depositei outros beijos em sua pele macia, deixando que meus lábios deslizassem
lentamente para seu decote. Uma de minhas mãos apertava a coxa de Camila,
descendo até sua bunda.

- Pode se tornar tão poderosa quanto eu.

Camila arfou pesado quando minha língua deslizou entre o vale de seus seios.

- Eu já sou tão forte como você, rainha.

Senti uma das mãos da latina ir de encontro a meu cabelo, entrelaçando os dedos em
meios aos fios longos e escuros, antes de puxar com certa firmeza, obrigando-me a
encara-la.

- Agora você é, Lauren. Uma rainha, como eu.

Um sorriso satisfeito e um tanto malicioso nasceu no canto de seus lábios. Confesso


que vê-la falando de tal maneira, me fazia sentir tão forte e poderosa. Ela tinha esse
poder, sabia o que fazer ou dizer no momento preciso. Camila era dona de uma
malícia apaixonante. E eu tinha que admitir, era um dos grandes atributos para me
deixar tão perdidamente louca por ela.

- Por que está me olhando assim, Jauregui?

- Estava pensando que sou fodidamente apaixonada pela mulher que tem a mente
mais criminosa e diabólica dessa Nova Iorque.

Camila riu, e me puxou pela gola da camisa, aproximando nossas bocas.

- Você gosta de mim assim, não gosta? Toda errada.

- Eu não sei o que você fez, Camila. Mas eu gosto até mais do que deveria.
- Eu sei, mas manterei isso em segredo. – Murmurou ela antes de me beijar.

Suspirei contra seus lábios que se moveram lentos e gananciosos contra os meus.
Camila tinha um beijo viciante. Seus lábios tão milimetricamente desenhados
pressionavam contra os meus, enquanto sua língua pedia abertura para serpentear
sobre a minha com habilidade. Me movi devagar, encaixando-me melhor a seu corpo
naquele sofá tão pequeno. Uma de minhas mãos escorregavam com vontade em sua
coxa, enquanto nosso beijo ganhava proporções maiores. Ela soltou meus lábios por
alguns instantes, puxando a respiração para então me provocar. Mordeu a ponta de
meu lábio inferior, puxando-o devagar, antes capturar minha língua e chupar
devagar, em um vai e vem que estava deixando-me em chamas.

- Camila... – Sussurrei assim que desci com os beijos para seu busto, próximo aos
seus seios.

Ela fechou os olhos, arfou enquanto nossos quadris passaram a se esfregar com mais
força.

"Sexo na nossa reunião não! "

Ouvi a voz de Dinah que me fez me afastar do corpo de Camila de uma só vez.

- Porra, Dinah! – Exclamou a morena, enquanto tentava se recompor. – Que susto.

Normani riu baixinho, e virou o rosto. Me sentei no canto do sofá, enquanto sentia
meu coração bater na garganta.

- Medo de serem pegas?

- Pela polícia? – Indaguei ao encarar a loira.

Dinah ergueu a cabeça, e me fitou com um olhar nada amigável.

- Eles não são confiáveis.

- Nem vocês.

- Vamos focar na reunião? – Normani sugeriu.


Encarei o olhar de Camila que me pedia tranquilidade. Eu respirei fundo e assenti,
antes de me levantar do sofá. Dinah não confiava em minha lealdade, para a loira, eu
estava ali com o único intuito de acabar com os planos das mesmas. No entanto, ela
se mantinha quieta em respeito as ordens de Camila. A reunião se iniciou, as
mulheres começaram a expor seus pontos de vistas a respeito de todas as próximas
jogadas. Era incrível como a mente de ambas se conectavam para manter o crime
perfeito. Cada mínimo detalhe era programado, para que nada saísse do controle.
Tudo partindo originalmente da mente de Camila, e aperfeiçoado pelas outras.

- Não acho uma boa ideia. Ela não vai contra ele, eu tenho certeza.

- Talvez devêssemos dar uma oportunidade. – Normani retrucou.

- Concordo com Normani.

Vi Camila revirar os olhos, enquanto tomava um gole do whisky presente em seu


corpo.

- Eu conheço mulheres como ela. Ela tomou o seu lugar nesse caso, sem te deixar
recorrer. Você ainda quer dar uma chance para ela sair como vitoriosa?

- Você é a menos adequada para julgar o que fizeram comigo, Camila.

- Eu tive um motivo, Lauren. – Rebateu furiosa.

- Eu disse que era uma péssima ideia colocar essa mulher aqui. – Dinah exclamou ao
se levantar. – Ela está do lado da polícia.

- Dinah, só estamos tentando não ser injustas. – Normani ponderou séria.

- Vamos dar pistas a Keana. Será o teste perfeito para saber o que ela pretende. Se
esconder tudo, estará cometendo um crime, e assim, você poderá fazer o que quiser
no final de tudo.

- Está disposta a perder a oportunidade de ser a grande estrela desse caso? – Camila
indagou.

- Prometi que faria isso por justiça.

Camila me encarou desafiadora, ela odiava ser contrariada, mas sabia que aquilo era
o melhor a se fazer. Nossos olhares se cruzaram no meio daquela sala, criando uma
áurea mais intensa. Apesar de todo ciúme, ela sabia que não se tratava de Keana,
mas do que eu acreditava. De repente, um sorriso nasceu no canto dos seus lábios;
ela remexeu o liquido no interior do copo, e o levou até os lábios, bebericando
devagar.

- Tudo bem, Jauregui. Nós vamos fazer assim, mas só porque eu tenho certeza do
que vai acontecer.

- Vamos fazer o melhor, rainha.

Flashback off

Camila Collins point of view

- Tudo bem, sra. Collins. Acredito que por enquanto, o que temos é o suficiente. Você
está liberada. – O investigador falou, enquanto batia com a ponta da caneta sobre o
papel em sua mesa.

- Certo, espero ter ajudado de alguma forma a sua investigação, agente


Travis.

- Toda informação é válida. Vamos saber aproveitar muito bem o seu depoimento,
Camila.

Eu assenti tranquilamente, antes de lançar um olhar para Lauren que parecia


perfeitamente estável. Ergui meu corpo da cadeira, enquanto segurava um dos lenços
oferecidos por minha policial. Assim que caminhei em direção a saída, estagnei meus
passos, e voltei os olhos ao grupo policial no interior da sala.

- Eu queria pedir uma coisa.

Lauren franziu o cenho, assim como o investigador.

- Diga.

- Quero ver Christopher.

- Eu não acho uma boa ideia, sra. Collins. – Lauren respondeu quase de imediato.
- Eu preciso. – Respondi, olhando no fundo de seus olhos. Lauren suspirou a
contragosto, e nada respondeu.

- Posso conceder isso a você. – O investigador interviu.

- Obrigada, agente Travis.

Lauren não deu sequer uma palavra, estava totalmente contra minha decisão.
Notava-se por sua expressão fechada, e carrancuda. Nós saímos da sala em um
repleto silencio. No instante em que o investigador se afastou, seguindo para a sala
de visitas, eu me aproximei dela.

- Por que está assim? – Sussurrei, sem colocar meus olhos sobre ela.

- Eu não quero você se arriscando mais.

- Lauren, eu preciso disso.

- Não percebe que isso ainda não acabou totalmente?

Seus olhos me encaram com firmeza, evidenciando o quão preocupada ela estava.
Lauren sabia que mesmo dentro daquela delegacia, Christopher ainda tinha poder
contra mim.

- Está acabando.

- Ele ainda não foi condenado, Camila. - Esbravejou.

- Mas será, nós faremos isso.

- Sra. Collins?

Ergui a cabeça, e encarei o olhar do investigador na entrada do corredor. Ele fez um


breve sinal com a cabeça, indicando que eu deveria me aproximar. Assim que dei o
primeiro passo, Lauren me acompanhou como uma guardiã.

- Não precisa fazer isso. – Murmurei disfarçadamente.

Recebi seu olhar penetrante, e ainda raivoso.

- Estamos juntas nesse jogo.


[...]

Depois de alguns pequenos processos, fui guiada por Lauren e mais alguns policiais
até uma área mais restrita. Só então me dei conta, que a visita não aconteceria na
sala padrão, como todas as outras pessoas. Eu teria uma espécie de passe livre para
adentrar o setor aonde os criminosos ficavam.

(Inicie Fairly Local)

- Quer que eu acompanhe você? – Ouvi a mulher indagar.

- Não, deixe isso comigo.

Ela assentiu.

- Estão liberados. – Ordenou aos oficiais que tão logo se afastaram.

Lauren destrancou um dos portões que oferecia passagem livre para caminhar diante
das celas. Eu respirei fundo, e a encarei por breves instantes. Sentia vontade de
beija-la, mas sabia que fazer aquilo ali seria nos condenar a acusações que mais
tarde renderiam problemas; então eu apenas assenti.

- Ele está na cela de número 7. Não faça nada que vá se arrepender.

- Não estou armada, Jauregui. – Pisquei para ela, seguido por um sorriso. –
Infelizmente.

- Karla...

- Delegada. – Retruquei ao girar sobre meus calcanhares e virar em direção ao


corredor extenso.

Eu sentia meu coração bater cada vez mais rápido, como se a qualquer instante fosse
sair por minha boca. Aquele momento representava tudo que sempre almejei durante
longos e torturantes anos. Era sentir e presenciar o final daquela batalha, ou melhor,
daquele jogo, onde eu era a grande vencedora. Naquele momento, eu me deliciava da
derrocada do tão poderoso rei, Collins.

Ouvi os assovios e falatórios de outros presos que se alvoraçam com minha presença.
Ambos os homens se levantaram, e se aproximaram das grades grossas para me
fitar.
- Uau, que beleza. Está aqui para me visitar, madame? – Um deles falou.

- O que essa gostosa está fazendo aqui? – Outro.

- Estamos recebendo presentes? – E mais outro.

- Vocês vão receber um belo tiro se continuarem com isso! – Ouvi Lauren exclamar
firme ao fundo, fazendo-me sorrir.

- Desculpe, senhora. Não está mais aqui quem falou. – O primeiro se adiantou a
dizer.

Eu olhei para eles, lhes oferecendo uma pequena piscada em provocação, antes de
continuar a caminhar. O lugar era parcialmente escuro, frio; as cores acinzentadas
colaboravam para a imagem de um ambiente sombrio, e solitário. O silencio ali
presente fazia o barulho de meus saltos ecoarem pelo corredor extenso, o som
perfeito para minha chegada. Deslizei as mãos por meu vestido tubinho negro, para
em seguida arrumar meu cabelo. Precisava está simplesmente impecável para aquele
momento.

- Finalmente... – Sussurrei.

Caminhei graciosamente, aproveitando cada segundo daquele momento. Queria


gravar em minha memória para levar de recordação o sabor de minha vitória contra o
rei. Meus saltos batiam lentos, torturantes contra aquele piso frio. Aspirei o ar com
vontade, erguendo minha cabeça em um ar superior antes de enfim ter a visão que
me engradeceu o interior.

Um sorriso maldoso nasceu no canto de meus lábios ao presenciar aquele momento.


A sensação era simplesmente inexplicável, eu sentia meu coração bater tão forte,
aumentando o fluxo de sangue em minhas veias.

Satisfação, prazer, vitória.

Em um estado deplorável, lá estava ele, Christopher Collins.

- Está gostando de suas novas acomodações, rei? - Perguntei com um sorriso


vitorioso, recebendo o olhar do homem.

Ficamos por aqui, até a próxima atualização.


Capítulo 36 - Obsessão

Olá, meus anjos!

Nem demorei dessa vez, viu? Obrigada a todo mundo que tem paciência e
compreende minha rotina tão cheia. Todo tempinho que tenho livre, estou usando pra
escrever.

Bom, antes de começar esse capítulo, queria chamar a atenção de vocês para algo
importante. Queria pedir a ajuda de vocês, todos os leitores, em benefício de uma
causa séria. Uma família de Belo Horizonte, perdeu a casa em um incêndio, ficando
em uma situação bem complicada. A Gabriele, fez uma vakinha para arrecar fundos e
ajudar essas pessoas que perderam absolutamente tudo. Dessa forma, quem puder
ajudar, com a quantia que for, será muito bem aproveitada por essas pessoas que
nesse momento estão precisando. Para entender melhor, vou colocar o link do tweet
aqui abaixo, ela conta melhor. Então, de verdade, quem puder ajudar, com qualquer
quantia, será muito bem vinda! Vamos ajudar eles a recomeçar!
O Twitter dela é: @jaguarscrazy

Link: https://twitter.com/jaguarscrazy/status/919962443287355392

Agora vamos ao nosso capítulo. Espero que gostem bastante! E se quiserem, pode
colocar a musica que indiquei no capitulo passado. Fairly Local - Twenty One Pilots.
Ou se quiserem outra, basta olharem na minha playlist de Xeque-Mate no spotify.
Minha conta é evelinsilva17, procurem aí!

Camila Collins point of view.

- Está gostando de suas novas acomodações, rei?

Minha voz soou firme e maliciosa, ecoando por aquele cômodo tão pequeno. Eu não
conseguia evitar o sorriso que enfeitava minha boca. Era incrível o efeito que aquele
momento me causava. Naquele instante, eu me sentia revigorada em poder desfrutar
de uma grande realização como aquela. Christopher virou o rosto em minha direção,
com uma expressão desacreditada por me ver ali. Ele tinha a testa franzida,
estreitando aquele par de olhos claros em minha direção, evidenciando as olheiras de
uma noite mal dormida. Ainda trajava uma blusa social, agora totalmente amassada,
e descompensada. Incrível como a primeira noite em uma cela lhe caía perfeitamente
bem, para mim, é claro.

- Como ousa aparecer aqui? – Esbravejou ao se aproximar das grades.

As mãos do empresário seguravam as barras de ferro com força, enquanto seu rosto
se alinhava na direção do meu. Eu estava parada de frente para ele, fitando cada
mínimo detalhe daquela cena, em uma tentativa de guardar como uma recordação
preciosa. Christopher me encarava com fúria, com ódio. Eu via nitidamente em suas
pupilas negras, envolvidas por aquele azul intenso.

- Achou mesmo que eu iria perder esse momento? – Indaguei com um sorriso.

Eu vi o maxilar dele trincar, ao mesmo tempo que suas narinas inflaram. Ele apertou
com mais força as barras de ferro, a ponto de fazer as juntas de seus dedos
esbranquiçarem.

- Esperei muitos anos para realizar esse momento, e não poderia simplesmente
perder a oportunidade de me deliciar dessa vitória.

- Vagabunda! – Ele bateu com força contra o ferro. – Isso não vai ficar assim, se está
achando que vai sair ilesa desse seu joguinho, está muito enganada.

Rolei os olhos de forma entediante, enquanto brincava com a ponta de meu cabelo,
enrolando lentamente ao redor do indicador.

- Ai, querido! Não se estresse dessa forma, vai lhe fazer mal. Não deveria ficar tão
irritado ao receber sua bela esposa, sabia? Muitos aqui adorariam me receber. – Meu
tom de voz carregava um sarcasmo exagerado.

- Só se quiserem serem levados para o inferno. Você é um demônio!

- Adoro quando você me elogia, Chris. Me sinto ainda mais... – me fiz de pensativa,
antes de voltar meus olhos para ele. – Poderosa.

- Não cante vitória antes do tempo, Camila. Eu posso virar esse jogo. –
Murmurou de forma intensa.
Deixei que uma risada escapasse de minha boca, enquanto recuava alguns passos.
Ele achava mesmo que ainda poderia fazer algo contra mim? Collins realmente não
sabia com quem estava lidando, sabia?

- Está me ameaçando, meu bem? Se eu fosse você, tomava muito cuidado com o que
fala. – Disse, enquanto caminhava lentamente de um lado para o outro. – Você não
me conhece, Christopher. Não faz ideia de quem eu sou, e do que eu posso ser.
Durante todos esses anos, tudo que você viu não passa de uma atuação. Ou acha
mesmo que eu sou tão ingênua e manipulável por um merda como você?

Ele inseriu o braço entre uma brecha e outra da grade, em uma tentativa de me
puxar para mais perto. Olhei para seu braço que se mexia de um lado para o outro,
com um olhar esnobe e superior.

- Tsc, tsc. Não tente me agredir, isso vai aumentar sua ficha criminal. Que modéstia
parte está linda para passar o resto da sua vida miserável na cadeia.

- Desgraçada, eu vou acabar com sua vida! – Gritou.

- Chega de desse showzinho barato. Você não pode fazer nada contra mim! –
Desdenhei. - Não sabe a satisfação que sinto por vê-lo aqui. Eu esperei cada segundo
por esse momento, e nossa! É mais prazeroso do que qualquer noite de sexo que tive
com você.

A expressão feita por Christopher me rendeu uma boa gargalhada. Ele não conseguia
reagir, não como eu sinto que gostaria. Talvez o impacto de ver minha verdadeira
face; audaciosa, imponente, e cínica, lhe tirava as forças. Afinal, estava acostumado a
mulherzinha obediente, que cumpria suas ordens como uma perfeita idiota.

Imbecil.

- Cala a boca! Cala a porra da boca! – Gritou ao bater com força nas grades da cela.

- Não gosta de ouvir as verdades? – Perguntei com um sorriso.

- Você está querendo me deixar louco. Eu não quero ouvir você! – Esbravejou.

- Nada disso, agora vai ouvir. Não está curioso em saber como foi feito de otário esse
tempo todo? Eu faço questão de contar. – Me aproximei das grades, enquanto ele
virava de costas para mim.

Notava-se facilmente como ele estava perturbado com minha presença, e confesso,
aquilo me impulsionava a continuar. Eu queria poder descontar tudo, absolutamente
tudo que um dia senti por culpa dele. Queria que Christopher Collins pudesse se
sentir tão derrotado e sozinho como um dia me senti.

- Eu não quero saber, saia daqui agora! – Ele levou as mãos à cabeça.

- Achou mesmo que conseguiria uma mulher tão boa como eu? Com aquele papo sem
graça e esse sexo ruim? Você pode conseguir uma lesada, como Keana, mas eu não.
Sou demais para você, rei. Se é que podemos chamar de rei... – deslizei os dedos de
uma barra a outra, bem devagar. – Eu pesquisei sobre sua vida, eu vi cada mínimo
detalhe do ser medíocre que você é. Eu estudei você por meses e meses, para enfim
lhe encontrar. Você caiu tão facilmente... – uma risada baixa deixou minha boca. –
Lembro do seu olhar galante e deslumbrado em minha direção.

Christopher respirava fundo, enquanto mantinha as costas viradas para mim.

- Como se sente? Como se sente sabendo que eu manipulei você durante todos esses
anos?

As palavras deixavam minha boca com tamanha satisfação, que eu poderia sentir
meu corpo inteiro vibrar com aquele momento. Finalmente eu poderia expor o que
guardei durante tanto tempo. Por fim, ele sentiria o gosto amargo daquela derrotada,
causada por mim.

- Eu usei você. – Sussurrei com um sorriso. - Os últimos anos de sua vida


até agora foram minuciosamente articulados por mim. Eu adentrei no seu reino, e
criei a minha fortaleza.

O homem negou com a cabeça repetidas vezes, como se tentasse afastar aquela voz
de sua cabeça. Estava enlouquecendo.

- Não... – Protestou em um sussurro.

- Não precisei de um exército para lhe derrotar, Christopher. Eu só precisei das


pessoas certas, e sobretudo, das melhores estratégias. – Eu sorri assim que ele
voltou seus olhos em minha direção. – Inteligência, eu não sei se você sabe o que é
isso.

- Como pude me deixar levar assim... – murmurou ele encarando-me. – Como deixei
você entrar na minha vida? Maldita!

Ele engoliu em seco, estava suando. Eu poderia ver as gotículas de suor escorrerem
por sua testa.

- Não pense que foi fácil para mim. Tem ideia dos anos torturantes que eu tive? Viver
ao seu lado era um castigo. Um castigo diário que suportei friamente para degustar
desse momento. – Ergui os braços, dando ênfase ao lugar em que estávamos. -
Ainda sinto nojo de mim mesma por ter me entregado a você, mas sou capaz de
superar tal desgraça em minha vida.

- Quem mais está ao seu lado? Além daquela policialzinha vagabunda.

- Não interessa. Meu reino é feito apenas de uma rainha. – Retruquei firmemente.

Eu não queria envolver Lauren, por mais que soubesse que Christopher não era tão
inocente em isentar o poder de Lauren em sua derrocada. Não queria que ela se
tornasse um alvo, isso não.

- Ela esteve do seu lado esse tempo todo? Estava se deitando com ela? Fala,
desgraçada! Ela pode perder esse cargo na polícia, sabe disso, não é? Pode ser presa,
como você também pode.

- Você não tem como provar nada, meu bem. – Eu sorri. – De acordo com a situação
atual, o único bandido que está atrás das grades aqui é você. Não há nada que
consiga fazer. E espero que não tente, acho que já provei que posso ser pior.

- Eu vou... – Ele fechou o punho com força.

- Uh, não se altere tanto, meu amor. Sabe que odeio lhe ver tão exaltado. Quer que
eu pegue um calmante? – Indaguei irônica. – Está tão acostumado com eles em seus
dias.

Christopher fechou os olhos, e piscou mais vezes do que o normal. Eu poderia jurar
que a bagagem de memorias inundavam seus pensamentos agora. Que todas peças
se encaixavam como um quebra-cabeça finalizado. Para ele, agora tudo fazia sentido.

- Você... – Ele murmurou quase sem voz. – Então era você! Me dopou esse tempo
todo, vagabunda! Por Deus...

O homem avançou contra a grade residente, inserindo os braços entre as brechas em


uma tentativa ineficaz de me capturar.

- Oh, fui tão boazinha, lhe fiz dormir tantas e tantas noites, e é assim que me trata?

Me fiz de ofendida, enquanto repousava a mão sobre o peito.

- Vai me dizer que não gostou? Confesso que foi torturante para mim ter que te
abandonar dormindo, para me deliciar de um sexo realmente gostoso nos braços
dela. – Zombei.

Vi os olhos do homem me fuzilarem com repleta fúria. Queimavam em puro ódio, ódio
contra mim, contra minha vitória. Enquanto em mim, aquele sentimento de realização
se prolongava a cada reação revoltada do homem a minha frente.

- Vocês vão pagar caro por isso! Eu juro que vão pagar. Você não podia ter me
enganado assim! – Ele gritava enfurecido, enquanto tentava me capturar.

- Como não percebeu? Eu não fazia a menor questão de esconder que a


desejava. – Sorri ao lembrar dos momentos com Lauren. – Confesso que me senti
quente no exato instante em que entrei aquele dia em sua sala, e me deparei com
aquele par de olhos verdes. Devo contar que havia transado com ela uma única vez
antes daquele dia? Por pura obra do destino eu a reencontrei.

Christopher permaneceu calado, talvez tentasse processar todas aquelas informações.

- Vou te contar!

Murmurei animada vendo o transtorno estampado no rosto dele.

- Uma das melhores noites, foi quando transamos em seu escritório em casa. Nunca
fui fodida tão bem em toda minha vida. Era triste ter que voltar para o quarto e me
deparar com... eca. – Suspirei enojada. - Você fode tão mal, eu precisava dizer isso.
Foi um peso em minha consciência esse tempo todo ter que fingir que você fazia algo
bom. Mas por sorte, Lauren alegrou meus dias, enquanto eu lhe fazia dormir com
alguns remedinhos.

- Isso não vai acabar assim... – ele sussurrou. – Eu sei que não. Você e ela vão pagar
caro por isso. Eu vou te destruir outra vez!
- Já acabou, não percebe? Não tem para onde correr. Não existe estratégias que
reconstruam seu exército. – Meu tom de voz soava firme. - Eu derrubei de um por
um, enquanto você se achava poderoso demais. Eu o enfraqueci! Eu derrubei você! –
Esbravejei.

- Assim como eu derrubei Charlie? – Indagou ele ao erguer a cabeça, e encarar meu
olhar, com aquele sorriso debochado. – O que ele era para você? Hum? Seu amante?
Seu pai? Ou irmão? De que importa, não é? Está morto.

Christopher tinha os olhos fixados em mim. Eu sabia o que ele estava tentando fazer.
De alguma forma ele sabia que tudo isso se resumia em Charlie, ele não era tão
idiota assim. Eu me calei, e apenas o fitei friamente.

- Dói? Dói lembrar do seu queridinho? É por ele que fez tudo isso, não é? – Seu tom
de voz me embrulhava o estomago. – Eu sinto que é por ele. Nada do que eu fiz,
causaria tanta revoltada em alguém.

- É melhor não continuar... – Avisei tranquilamente.

- Achei seu ponto fraco. – Ele riu, e se afastou das grades. – Charlie, pobre Charlie.
Não passou de um imbecil, ingênuo. Me custa acreditar como conseguiu todo aquele
patrimônio, era tão bonzinho.

- Nem todo mundo precisa ser repugnante e traiçoeiro como você para alcançar o
sucesso. – Retruquei.

- Eu alcancei o sucesso assim, nas costas dele. Com aquelas lindas e certeiras balas
em seu peito. – Disse ele ao gesticular uma arma.

De repente, as últimas imagens de Charlie invadiram meus pensamentos, alastrando-


se em questão de segundos. A voz da repórter que narrava o fatídico dia de sua
morte ecoou no fundo de minha cabeça. Eu fechei os olhos com força, e respirei
fundo.

- Isso acaba com você, não é? Pois saiba, eu teria feito outra vez. Eu teria matado
aquele maldito verme quantas vezes fosse necessária! – Gritou, fazendo-me abrir os
olhos.

Avancei contra a grade, e segurei em seu pescoço com força, cravando minhas unhas
em sua pele. Collins agarrou meu pulso com força, mas eu não o soltei. Eu ainda
sentia ódio. Ódio por ver o nome de Charlie sendo pronunciado por aquele homem.
Talvez aquilo fosse o karma eterno para minha vida. Eu nunca me livraria daquele
sentimento, não enquanto Christopher Collins fosse vivo. Aquele rancor me
consumiria por todos os dias de minha vida?

- Eu devia ter matado você quando tive a oportunidade. Foram tantas... – Vociferei,
enquanto cravava as unhas com força em seu pescoço. Eu sentia meu punho doer
com aperto forte de sua mão. – Mas eu não queria manchar minhas mãos com seu
sangue. Não queria me ver suja dessa maneira.

- Não teve coragem, rainha? – Debochou. – Fraca.

Ele se afastou, enquanto deslizava a mão por seu pescoço agora arranhado. Puxei o
ar com força para meus pulmões, buscando me manter controlada o suficiente para
não cometer uma loucura. Não seria agora, que eu colocaria tudo a perder.

- Fraca? – Eu ri ironicamente. – Acha mesmo que sou fraca? Olhe para você, e olhe
para mim. Não sou eu que vou apodrecer o resto da vida em uma cela. Não fui eu
quem foi enganada durante tantos anos. Não fui eu quem foi dopada, e traída por
inúmeras noites. Não fui eu quem perdeu até os últimos dólares, sem poder fazer
nada. Você não percebe? Você não é nada, absolutamente nada diante de mim. Eu te
fiz cair, rei. Você caiu, e nada do que fizer vai te trazer de volta para esse jogo. Eu
dei o xeque-mate.

Ele engoliu em seco, enquanto respirava fundo. Christopher suava. Havia um embate
entre nossos olhares, que fuzilavam um ao outro.

- Eu vou matar você, grave isso. – Afirmou ele com aquele olhar diabólico. – Nós
vamos nos encontrar no inferno, Karla.

Eu ergui a cabeça, e dei alguns passos lentos para frente, permitindo que meus saltos
desses leves toques por aquele chão frio. Ofereci um olhar desafiador em sua direção,
que foi recebido por outro do mesmo.

- Com certeza esse será o nosso lugar. Mas saiba, que até mesmo no inferno eu vou
te encontrar, e te mostrar que sou mais forte e inteligente que você. Até no inferno
eu vou derrotar você, Christopher Collins.

"Sra. Collins? O horário de visita acabou."


Afastei o olhar do homem furioso a minha frente, para encarar o oficial no fundo do
corredor. Assenti rapidamente em resposta, antes de voltar a fitar meu marido.
Encarei seus olhos por alguns instantes, antes de sorrir confiante.

- Espero que aproveite seus dias aqui, logo terá que dividir seu quartinho de "luxo"
com mais alguns amigos. Mas não se preocupe, vou cuidar bem de nossas coisas. -
Falei antes de acenar.

- Se prepare, Camila! Se prepare para o que lhe espera! - Gritou.

Eu me aproximei da cela pela última vez, fixando meu olhar no dele.

- Sabe o que me espera, querido? Seu dinheiro, e uma bela mulher. É isso o que me
espera agora. – Sorri satisfeita, e me afastei.

Caminhei em passos graciosos, enquanto fitava Lauren me esperando no final do


corredor. Ao fundo, Christopher esbraveja furioso que se vingaria, que no final de
tudo me mataria. Eu sabia que ele realmente poderia fazer alguma coisa, mas agora
eu já não tinha medo da morte. Eu havia por fim, cumprido meu objetivo, e nada me
deixaria mais realizada do que o ver no fundo do poço, como estava.

- Satisfeita? – Lauren indagou a contragosto.

Um sorriso nasceu no canto dos meus lábios, antes de pegar meus óculos escuros de
sua mão, e acomodar em meu rosto.

- Muito. – Respondi confiante. – Quer dizer, ficaria muito mais se...

Me inclinei para frente, tocando em seu abdômen.

- Camila, podem nos ver.

- Tudo bem, tudo bem! – Ergui as mãos para o alto, arrancando um sorriso dela. –
Tenho que fingir ser a esposa magoada, eu sei.

- Volte a atuação, rainha.

- Como desejar.

Voltei ao meu estado de esposa incrivelmente devastada assim que adentramos o


corredor da delegacia. Lauren me acompanhava, enquanto mantinha uma conversa
com um dos oficiais. Ao cruzar o meio do caminho, dois policiais saíram de uma das
salas ao lado de Brandon. O antigo comissário agora tinha algemas envolta de seus
pulsos, e um ar cabisbaixo. Assim que ele ouviu o falatório, ergueu a cabeça,
deparando-se com minha presença. Eu pude vê-lo engolir em seco, ao mesmo tempo
que seu olhar espantado me fitava. Continuei a caminhar, e no exato instante em que
passei por ele, sussurrei com um sorriso:

"Aproveite ao lado dele."

- Vocês precisam prender essa vagabunda! – O homem gritou ferozmente,


assustando todos que estavam próximos. – Ela é culpada! Foi ela!

Os policiais o seguraram com força, enquanto ele tentava avançar contra mim.
Lauren se pôs a frente, enquanto eu fingia inocência.

- O que pensa que está fazendo? – Esbravejou a oficial extremamente irritada.

- Você está do lado dela, todos vão saber disso, Jauregui!

- Você está ficando louco! Leve ele daqui, e o coloquem em uma das celas! – Ordenou
de forma imponente, enquanto os soldados o puxavam com certa dificuldade. –
Imbecil!

"Vai pagar isso, Camila!" – Brandon gritava, atraindo a atenção de todos.

- O que está acontecendo aqui? – Travis indagou assim que saiu de sua sala.

- Eu não sei, agente. – Murmurei assustada.

- Está tudo sob controle, Travis. – Lauren o tranquilizou, ainda com uma expressão
fechada.

O investigador viu Brandon sendo arrastado, enquanto gritava para os quatro cantos
que eu era culpada. Ele suspirou pensativo, e tão logo me fitou.

- Vejo que é muito visada.

- Quando querem se inocentar, procuram o alvo mais fraco. – Retruquei


tranquilamente.
- É o mais fraco mesmo?

- Vou acompanhar você até a porta, sra. Collins. – Lauren o interrompeu, atraindo
meu olhar.

- Obrigada, agente Jauregui.

O policial me encarou e fez um breve aceno com a cabeça, antes de Lauren me


conduzir até a saída.

- Fique atenta. Eu vou continuar resolvendo as coisas por aqui. – Disse ela assim que
chegamos ao lado de fora.

- Me parece nervosa. – falei de forma contida, quando minha necessidade de toca-la


gritava em meu interior.

- Não quero que as coisas terminem mal.

- Nada vaia acabar mal. Está cansada, apenas isso. Quando sair, vá para sua casa. Eu
vou encontrar com você lá.

Lauren deu um breve sorriso, e assentiu. Nos restringimos a uma distância segura,
para que tudo continuasse o mais profissional possível. Nenhuma de nós conseguia
esquecer a possibilidade de que todos ainda me vigiavam.

- Espero que fique bem, sra. Collins. – Lauren falou em um tom mais alto, enquanto
alguns ao redor nos observavam.

- Obrigada, agente. – Respondi antes de me afastar, e seguir em direção ao meu


carro estacionado em frente à delegacia.

Christopher point of view

Tamborilei com a ponta dos dedos a barra de ferro da cela no qual eu estava
trancafiado. O metal frio entrava em contato com minha pele, fazendo-me frisar a
cada segundo que ela era culpada por eu estar aqui. Camila foi a mente maliciosa por
trás de minha derrocada.

- Maldita...

Era frustrante recordar cada mínimo detalhe dos últimos anos, sem me dar conta de
que ela era o meu pior inimigo. Camila criou seu exército de poucos soldados na
escuridão de minha visão. Se apoderou das melhores estratégias, identificou minhas
fraquezas, e nunca me deu a chance de perceber. Sua mente diabólica, e seu corpo
atraente me fizeram mergulhar em uma ilusão, como uma hipnose, que fazia daquela
mulher o melhor que eu poderia ter. Foi astuta, em se mostrar tão fraca e sensível,
quando na verdade era tão nociva quanto eu. Meneei com a cabeça em um sinal
negativo, praguejando-me internamente por ter sido tão burro.

Ela havia me enganado por mais de cinco anos. Se fez a melhor esposa, a
mulher que todo homem gostaria de ter. Me enfraqueceu, e me traiu. Eu não
conseguia aceitar, não o fato de ter sido traído, mas o de não ter percebido que ela
nunca foi real.

- Não, não pode ficar assim.

Eu sentia o sangue correr em minhas veias, acompanhando a velocidade arrebatadora


de meus pensamentos tão confusos e revoltos. Eu sentia ódio, como nunca havia
sentido antes em toda minha vida. Camila havia me derrubado da maneira mais
cruel, e humilhante. Eu não poderia permitir, não poderia cair, e não leva-la comigo.
Eu ainda não sabia o que Charlie era para ela, mas sabia que tudo aquilo era por
causa dele. Infeliz, até mesmo depois de morto, ainda me causava prejuízos.

- Infeliz maldito! Espero que esteja queimando no inferno! – Esbravejei furioso.

Minhas têmporas latejavam constantemente. Eu me encolhi no canto da cela,


enquanto rodeava meus joelhos com os braços. As horas naquele lugar pareciam se
arrastar, e pensar que aquele seria o meu destino, aumentava ainda mais a minha
sede de vingança. Eu fechei os olhos com força, quando as imagens de Camila
inundavam minha mente. Seu olhar malicioso, sua postura confiante, suas palavras
ofensivas. Aquilo se repetia a todo instante, como uma tortura psicológica. Naquele
momento, tudo se encaixava, deixando claro todos os pontos que me recusei a ver.
Minha vida nos últimos anos passou como uma sequência de flashes em minha
cabeça, mostrando minha ascensão e minha derrocada.

- Você vai morrer, Camila... – sussurrei com um sorriso. – Eu mesmo vou cuidar
disso.

Era a única coisa que eu conseguia pensar. Era meu único desejo. Eu mataria Camila,
como um dia matei Charlie.
- Se amava tanto aquele imbecil do Charlie, é para o lado dele que vou te mandar,
Camilinha. – Respirei fundo, sentindo aquela sensação de adrenalina me consumir
pouco a pouco.

- Falando sozinho, Collins?

Ergui a cabeça, encarando o olhar minucioso de Lauren em minha direção. Audaciosa,


não? Me levantei do chão rapidamente, sem tirar os olhos da policial. Eu sabia que ela
era tão culpada como Camila, e eu me vingaria dela também. A dor da perda agora
seria seu melhor fim, certo?

- Estou apenas conversando comigo mesmo.

- É bom se acostumar, é a única companhia que terá pelo resto da sua vida. – Disse
antes de se afastar.

- Talvez esteja certa, agente. Eu vou ficar sozinho, mas você também irá. – Falei ao
me aproximar das grades.

Lauren que já estava a alguns metros longe, estagnou seus passos e voltou os olhos
em minha direção.

- O que quer dizer com isso?

Eu sorri para ela, um sorriso debochado, arrancando um olhar furioso da mulher.

- Acha mesmo que vão se sair bem dessa? Não vão, é melhor ter cuidado. Ela vai
morrer.

Ela trincou a mandíbula, evidenciando o maxilar definido.

- Você não pode fazer nada, Christopher. É melhor ter cuidado com suas ameaças,
não se esqueça, que eu mesma posso cuidar de você agora. E garanto, não serei
amigável. – Retrucou em defesa.

- Você que pensa, agente. Posso estar aqui dentro, mas ainda tenho poder. Camila
vai pagar pelo que está me fazendo, e você também. Ou acha mesmo que vou aceitar
ser traído por vocês?

- Hm, então sabe que foi traído? – Ela deu de ombros, e se aproximou novamente.

O corredor era iluminado pelas frestas de luz que partiam das janelas pequenas,
ocasionando apenas alguns focos de claridade sobre o corpo da mulher que se
aproximava.

- Eu apenas fiz o que você não soube fazer esses anos todos. – Ela parou
em frente a cela, encarando-me de cabeça erguida, com um maldito olhar superior. -
Não me culpe por satisfazer muito bem a sua mulher, sr. Collins. Quer dizer...

Um sorriso cínico e vitorioso nasceu no canto de seus lábios, fazendo crescer em mim
aquele ódio que a qualquer instante explodiria em meu interior.

- A minha mulher.

Eu respirei fundo, avançando contra grade. Lauren não se moveu um milímetro


sequer, continuou ali, parada com um ar soberbo.

- Escute bem, policialzinha de merda. Você não vai ficar com ela, eu mesmo vou
arrancar a vida daquela vagabunda. E mostrar para ela que ninguém pode me
derrubar, ouviu bem? – Esbravejei diante a expressão séria, e furiosa.

Lauren avançou contra a cela, erguendo a pistola escura contra o meu peito em um
ato visivelmente exaltado. Eu vi seus olhos verdes fixados em minha direção com um
brilho quase sombrio.

- Não me faça cometer uma loucura, Collins. – Murmurou enfurecida. – Se encostar


em um fio de cabelo daquela mulher, eu juro que acabo com sua vida. E acredite,
será muito fácil para mim fazer isso com você sobre meus comandos.

Eu me afastei das grades, vendo ela se afastar também.

- Está avisado. – Ela recuou mais um passo, e guardou a arma no coldre posto em
sua coxa. – Não brinque comigo, você não sabe o que posso fazer com você.

- Agente! – Exclamei.

Lauren parou, mas não virou em minha direção.

- Quero falar com meu advogado, tenho assuntos para tratar com ele.

A mulher não respondeu, apenas voltou a seguir seu caminho sem olhar para trás.
Apesar da falta de resposta, depois de algumas horas, fui conduzido até a sala de
visitas da delegacia. Um dos oficiais se aproximou da cela, com uma expressão séria
em minha direção. Assim que coloquei os pés para fora da mesma, o homem
acomodou em meus pulsos as algemas prateadas. Caminhei em passos lentos até
adentrar na sala pequeno, onde John me esperava.

- Recebi a informação que queria conversar comigo.

Esperei que o policial se retirasse da sala, antes de me sentar à frente de meu


advogado.

- Como estão as coisas?

Vi ele respirar fundo, um tanto hesitante, para sem seguida me encarar.

- Bem complicadas, você será transferido para penitenciaria.

- O que?! – Exclamei assustado.

- Está sendo acusado de muitas coisas, existem provas concretas contra você, Collins.

- Eu ainda não fui julgado!

- Eu sei, mas não há nada que eu consiga fazer. Estou buscando todos os meios para
diminuir esse caos, mas parece que tudo se voltou contra você. Inclusive sua esposa,
o depoimento dela não trouxe sequer um benefício.

Fechei os punhos com força, sentindo toda aquela raiva tomar conta de minha
cabeça. Ela havia conseguido fechar o círculo a minha volta, impedindo-me de pensar
em qualquer escapatória.

- Acha que consigo sair dessa?

John se calou por alguns instantes, fazendo-me ter certeza de sua resposta.

- Não, Christopher. Sinceramente, meu trabalho será para diminuir sua pena, mas
evita-la seria praticamente impossível. Você será condenado.

- Não, eu não posso ser condenado! John, eu sou um empresário, um dos mais
importantes desse país! Eu fui roubado, ninguém consegue ver isso?
- Isso não se trata apenas do roubo, Christopher. Você matou alguém,
criou uma empresa fantasma, roubou outro homem. Há um mundo de acusações
contra você!

- Culpa dela... – Esbravejei furioso. – Isso não vai ficar assim...

- O que disse?

Voltei os olhos para ele, vendo sua expressão confusa.

- Eu preciso que faça uma coisa para mim. – Ordenei.

- Eu não quero me meter em confusão...

- Você não pode me abandonar agora, ouviu bem? Sabe que posso tirar tudo de você,
mesmo daqui de dentro. – Murmurei em um tom confiante. – Você não quer ficar
contra mim, John.

Vi seu olhar estático, seguido por um suspiro derrotado.

- O que você quer?

- Eu ainda tenho uma pequena quantia em uma conta no exterior. Preciso que use
esse dinheiro para realizar meu último plano. Eu não vou ficar nesse lugar, não
sozinho.

Narrator's point of view

Algumas semanas depois...

As linhas eram rabiscadas com força e raiva. Christopher pressionava a ponta da


caneta contra o papel machucado, formando letra por letra, enquanto seus
pensamentos trabalhavam minuciosamente sobre o dia tumultuado que teria. Depois
de semanas trancafiado em um presidio ao lado de outros detentos, seus
pensamentos ficaram ainda mais conturbados. Alguns cogitavam dizer que ele estava
enlouquecendo, outros apenas diziam que se tratava do estresse por ter que habitar
em um lugar como aquele, mas no fundo, ninguém sabia o que se passava no interior
daqueles pensamentos. Foi submetido a dividir um espaço ínfimo com outros
criminosos, vestir uniformes, e cortar o cabelo a gosto dos oficiais. Estava colhendo
as consequências de atos que um dia o fizeram crescer.

- Quem é essa mulher? – Um dos presos indagou ao vê-lo encarar a foto de uma
latina com ar poderoso.

Christopher encarou cada mínimo traço do rosto de Camila estampado naquele


pedaço de papel. Ela usava roupas claras, contrastando perfeitamente com o fundo
em marrom; seus cabelos longos batiam na altura de sua cintura, onde recebia o
encostar suave de um dos braços, que se apoiava o outro. A mulher carregava uma
expressão séria, e um olhar desafiador, bem típico de sua personalidade. Ele adorava
aquela foto, olhava para ela todos os dias desde que entrou naquela cela.

- Essa é minha esposa. – Disse ele com um sorriso diabólico.

O detendo ao lado franziu o cenho, um tanto confuso pelo olhar do homem para sua
bela esposa.

- Não disse que sua esposa é a culpada por estar aqui? Por que está com a foto dela?

O homem deixou a imagem de Camila sobre o chão, ao lado do caderno aberto onde
havia rabiscado o nome da latina por todas as partes. As folhas amareladas
carregavam os nomes de todos aqueles que um dia passaram por sua vida, mas o
dela se destacava por linhas grossas, e evidentes.

- Não quero esquecer um detalhe sequer do rosto dela. Logo, ela não irá mais existir.
– Murmurou o empresário de forma confiante.

- Do que está falando?

- Vamos ficar juntos. – Disse ele enquanto acariciava o rosto de Camila impresso no
papel.

- Você está preso, cara. Não pode ficar junto dela. – O detento exclamou incrédulo.

- Estaremos juntos no inferno. Brady. Faço questão de tê-la comigo, porque Camila é
minha.

- Não faça nada que vá se arrepender, Collins. Hoje é o seu julgamento.


Christopher fechou os olhos e respirou fundo, antes de levantar daquele
chão frio e acinzentado da penitenciaria. Faltavam apenas algumas horas para o sol
nascer; logo, todos os interessados no caso Collins estariam adentrando o tribunal de
justiça para decidir o destino do magnata do petróleo. Durante as últimas semanas,
todos os depoimentos foram recolhidos, provas foram evidenciadas, e o inquérito
havia sido fechado. Lauren sendo a grande estrela do caso, recebia todo
reconhecimento pela gama de informações que condenavam o empresário diante a
lista de crimes cometidos pelo mesmo. No entanto, não era nela que ele pensava
durante cada segundo de seus dias naquele lugar, não era ela quem ganhavam a
culpa por ele estar ali, não para Christopher. O homem sabia que existia uma mente
maliciosa por trás, e sabia exatamente de quem se tratava.

Camila.

Era Camila o seu grande alvo.

Sua obsessão.

Era ela quem habitava em seus pensamentos a cada segundo do dia. Christopher se
via totalmente mergulhado naquele lamaçal de rancor, vingança, e desejo por aquela
mulher. Muitos profissionais diriam que ele havia criado uma obsessão doentia por
ela. Collins havia decidido, ele passaria o resto de sua existência ao lado de Camila.

- Não se preocupe, amigo. Apenas irei buscar a rainha. – Ele encarou seu colega de
cela, que o fitava um tanto assustado. – É assim que ela se denomina. Rainha, e eu
sou o rei. Nada mais jutos, terminarmos essa história juntos, certo?

- Você está louco. – Disse o homem se afastar, enquanto balançava a cabeça em um


sinal negativo.

Collins apenas riu. Ele sabia que estava ficando louco, mas não se importava. Hoje
ele só precisava de uma única coisa, e não descansaria até ter. Hoje seria o grande
dia em seu calendário de vida.

- Sou louco por ela. Só por ela.

O homem retirou um pequeno isqueiro que escondia consigo, abrindo a tampa de


metal em um ato. Movimentou o polegar sobre o dispositivo, que logo emanou
algumas faíscas antes de ascender a pequena chama. Com a outra mão, aproximou a
foto de sua esposa em direção ao fogo reluzente, que tão logo tomou conta do
material.
- É melhor estar pronta para mim, querida. – Sussurrou ele com um sorriso diabólico,
enquanto assistia a imagem da rainha sendo consumida pelo fogo.

[...]

Camila Cabello's point of view.

Me remexi entre os lençóis desarrumados da cama de Lauren pela vigésima vez


aquela noite, com todo cuidado para que a mesma não despertasse. Depois de uma
noite maravilhosa ao seu lado, tudo que eu poderia oferecer era a oportunidade de
deixa-la descansar, teríamos um dia cheio para suportar aquela manhã. Virei-me
delicadamente, para poder encarar a expressão serena de minha mulher que se
encontrava mergulhada em um sono profundo, e sereno. Vê-la dormir agora havia se
tornado uma maneira estranhamente curiosa de me tranquilizar, como se mesmo na
ausência de palavras ou atos, eu pudesse me sentir segura apenas com sua presença
calma. Aquilo estava funcionando há algum tempo, já que nos últimos dias, sono era
uma das principais dificuldades. Por inúmeras noites me via acordada, enquanto meus
pensamentos se proliferavam com ideias assombrosas e macabras sobre meu fim.
Confesso que no fundo, eu relutava contra o medo que a todo custo tentava me
inibir. Eu não poderia simplesmente chegar no final do jogo, e me ver abatida por
meus próprios pensamentos, poderia?

Meneei com a cabeça em um sinal negativo, e em seguida ergui a mão, que deslizou
sutilmente pelas costas macias de Lauren. Um carinho sutil, como se quisesse
aproveitar cada instante ao seu lado. Por vezes, cheguei a me perguntar se eu
realmente merecia a sorte de ter encontrado Lauren. Minha vida havia se tornado tão
conturbada, e falsa, que nada que eu fizesse poderia servir de sementes para uma
boa colheita. Talvez Deus tivesse tido misericórdia de minha alma, para enviá-la ao
meu encontro, e me salvar de um fim tão solitário.

- Camila... – Ouvi sua voz rouca e sonolenta me chamar. – Por que está
acordada? Ainda é muito cedo.

- Só fui beber agua, não se preocupe. – Menti.

Lauren franziu o cenho com certa dificuldade, ela tentava abrir os olhos em minha
direção. Eu sorri para ela, que me devolveu o sorriso em resposta, antes de estender
os braços para que eu me aproximasse. E assim eu fiz, recebendo-os a minha volta,
em um abraço carinhoso e calmo.
- Durma, ainda temos um tempinho antes para descansar. – Sussurrou ela, para em
seguida depositar um beijo no topo de minha cabeça.

Me acomodei ao seu corpo, envolvendo seu tronco com um dos braços, enquanto
minha cabeça repousava sobre o seu ombro. Lauren emanou um suspiro satisfeito, e
tranquilo.

- Está ansiosa? Por isso não consegue dormir?

- Sim, estou. Mas não se preocupe, eu estou bem. – Menti novamente.

- Tem certeza? – Indagou, fazendo-me encara-la.

Os olhos de Lauren estavam clarinhos aquela manhã, carregavam um verde, quase


mesclado em um tom de azul. Eu os amava pela manhã. Na verdade, eu os amava
sempre. Eu assenti devagar, em meio a um suspiro.

- Vai ficar tudo bem. Eu estou aqui com você.

- Sei que sim, confio em você.

Eu confiava em Lauren. Sabia que ela estaria ali para me proteger diante todo e
qualquer perigo. Eu sabia disso, sabia porque eu sentia da maneira mais sincera, e
via em seus atos tão protetores. Ela já havia me dado provas suficientes para
concretizar nossa união. Me sentia culpada por mentir, como me senti durante todos
esses meses, mas eu não queria preocupa-la. Não queria dizer que durante longas
semanas, eu me via acordada em meio a madrugada por ter despertado diante o
pesadelo que relatava minha morte. Eu não queria que ela soubesse o medo que se
apoderava de mim sem uma razão explicável. Não queria desperdiçar nossos
momentos juntas, mergulhando em inseguranças de meu futuro.

- Não me parece tranquila, o que está acontecendo?

Eu encarei seu olhar minucioso, enquanto ela me fazia um carinho leve nas costas.

- Eu estou bem, amor.

- Amor? – Lauren sorriu desacreditada.

- Ai, não...
Lauren ergueu seu corpo, virando-me na cama de uma só vez. Eu vi ela rir, antes de
sentar sobre meu quadril rapidamente.

- A toda poderosa rainha me chamou de amor? É isso mesmo?

- Foi um deslize. – Retruquei em meio a uma risada. – Não se acostume.

- Aham, sei que está contando os minutos para assumir nossa relação publicamente.
Quer sair de casalzinho pelas ruas com suas amigas? Depois que fez amor gostosinho
comigo, ficou toda romântica!

- Não! Que mentira! Cala a boca! – Ordenei sem jeito, eu aposto que estava corando.

- Não minta para mim, sra. Collins. – Disse ela ao segurar minhas mãos, entrelaçando
nossos dedos.

- Jamais, agente Jauregui.

Nossas risadas ecoaram pelo quarto, até se perderem no silêncio. Lauren ainda
sorria, enquanto me encarava fixamente. Seus olhos eram brilhantes, amorosos, e
tão acolhedores. Eu me sentia estranhamente única diante deles, como um dia me
senti diante os olhos de Charlie. Claro, que os de Lauren acarretavam outros
sentimentos, que se diferenciavam drasticamente de uma relação entre pai e filha.
Mas os dois tinham amor, um amor sincero feito exclusivamente para mim.

- Eu..

- Queria dizer qu...

Falamos juntas, nos fazendo rir outra vez.

- Fala. – Ela concedeu.

- Quero que hoje seja a última página dessa história ruim. Que depois disso, tudo
seja diferente.

- E vai ser, Camila. Eu prometo. – Ela falou antes de deitar ao meu lado.

Eu sorri para ela, que de maneira sutil tranquilizou meu coração ainda inseguro.
Naquele momento, eu sentia que não estava sozinha, apesar do receio causado por
aquela sensação ruim, eu sentia que ainda poderia contar com ela.
- Lauren...

- Sim?

- Eu quero te agradecer pelo que está fazendo e sempre fez por mim.

Ela virou seu corpo de lado, agora nos deixando frente a frente. Seu olhar era um
tanto confuso, mas ainda sim tranquilo. Vi sua mão se unir a minha, entrelaçando
nossos dedos lentamente.

- Não precisa me agradecer, Camila.

- Preciso. Fui tão idiota com você esse tempo todo, fiz tantas coisas ruins. O mínimo
que eu posso fazer é agradecer por ter me dado uma chance de explicar, de abrir a
minha vida para você. Te agradecer por ter ficado a meu lado, e ter me protegido
quando eu nem sequer mereci.

Eu conseguia ver a confusão estampada na expressão da mulher, mas ela não iria me
interromper, estava disposta a me ouvir.

- Então obrigada, por tudo. Eu quero que saiba, que você foi a melhor coisa que me
aconteceu desde o momento em que perdi o Charlie. Você é a razão para eu querer
sair dessa história, e ter uma vida feliz. - Falei com certa dificuldade.

- Por que está falando tudo isso agora? Não fale assim, parece que está se
despedindo... – Ela murmurou inquieta, puxando-me para seus braços. - Olha, vai
ficar tudo bem. Não precisa mais se sentir culpada, eu compreendi os seus motivos, e
é por isso que estou aqui, com você.

- É uma despedida.

Eu sentia uma estranha vontade de chorar. Como se meu peito estivesse prestes a
explodir com tantos sentimentos, acompanhados de minha cabeça exausta com
aqueles pensamentos, mas Lauren não precisava saber disso. Eu não queria transferir
minhas inseguranças para ela.

- Camila... – Lauren sussurrou temerosa.

- Uma despedida dessa fase. Hoje é o julgamento do Christopher, e sinto que é uma
grande virada nesse fim. – Sussurrei agora presa a seus braços. – Eu só quero que
lembre todos os dias, que eu amo você, e que todos meus sentimentos por ti foram
sinceros.
Ela segurou firme em minha mão, e olhou em meus olhos a todo instante.

- Eu acredito em você.

- Eu te amo, Lauren.

- Eu te amo, Camila.

É melhor irem se despedindo. Nos vemos no penúltimo capitulo de Xeque-Mate!


Capítulo 37 - Sentença

Olá, meus amores! Quanto tempo hein?!

Bom, antes de mais nada, quero dar uma noticia boa! Esse não é o penúltimo capitulo
de Xeque-Mate! Consegui encaixar mais um capitulo antes dos dois últimos! A
intenção era fazer uma atualização dupla, mas não vamos adiantar o fim, certo?

E outra coisa, antes da gente começar o capitulo. Queria falar para vocês algo
importante. Todos sabem que eu pretendo reescrever The Stripper, certo? Será o
mesmo enredo, com algumas modificações que acredito que irá melhorar bastante a
historia em muitos aspectos! É um plano certo que tenho para 2018, vou apenas
finalizar Xeque-Mate, adiantar um pouquinho as outras que estão paradas, e logo
voltarei com a nossa Stripper.

Com isso, acredito que muitos vão querer um pedacinho da primeira versão, que não
deixará de ser importante. Então criei uma vakinha, ou melhor, uma rifa, onde será
sorteado um livro de The Stripper. Isso mesmo, uma parte de TS em formato físico! A
arrecadação do dinheiro será para algo muito importante, por isso conto com a ajuda
de vocês. Eu explico tudinho no meu twitter, é o meu tweet fixado. A rifa custa R$
20,00, dando direito a vocês escolherem quatro números da sorte! Você só precisa
pagar na vakinha, e me chamar na dm, mostrando seu comprovante. Eu irei reservar
os números, tudo certinho. E no dia 18/12 irá acontecer o sorteio do grande ganhador
que irá receber em casa

Então se quiserem esse bebê em casa, entrem nessa causa comigo, ajudando com a
rifa. A sorte pode ser de qualquer um de vocês! Leiam atentamente as informações, e
qualquer duvida basta me perguntar. Espero que me ajudem nessa!

Link da vakinha: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/the-stripper-volume-1-o-


livro

Meu twitter: shewantscamila

Agora, sem mais papos, vamos ao nosso capitulo! Aproveitem bastante.

Narrator's point of view

O quarto extenso, agora iluminado pela luz do sol se fazia silencioso demais aquela
manhã. Os cômodos da mansão Collins sempre foram exageradamente grandes e
bem decorados com os itens mais caros da atualidade, em pura demonstração de
poder e soberba. Sem a presença de Christopher aquele lugar se tornava mais leve
para Camila, mesmo que todo aquele cenário ainda representasse algo tenebroso. A
morena caminhou pela área de seu closet devidamente pronta; trajava um vestido
social vermelho, algo bem sofisticado, que lhe acarretava uma postura séria e
superior, digna de sua personalidade inventada. Ele não tinha um decote chamativo,
mas ainda possuía um caimento em "v" que deixava o início do vale de seus seios, e
suas clavículas bem delineadas amostras; suas mangas eram longas, justas, como
todo resto do vestido que marcava o corpo da mulher. Estava linda, e perfeitamente
sexy sem ultrapassar o limite permitido para ocasião. E para complementar, em seus
pés haviam um par de scarpin negros, revestidos de veludo, trazendo um toque a
mais de elegância.

Ela tomou postura, e caminhou até o espelho que revestia uma das paredes de seu
closet. Observou alguns detalhes de sua maquiagem leve, e seus cabelos longos e
ondulados. Camila carregava consigo um ar envolvente, elegante, e sensual, mesmo
quando não queria ser. Era sua essência latina, ela lhe dava um diferencial que
nenhuma outra conseguia ter.

- Licença. - Eliza murmurou antes de adentrar o quarto. - Vim avisar que seu
motorista, Carlos, está pronto.

Camila terminou de colocar os brincos de diamante, e tão logo virou em direção a


empregada que a fitava.

- Como estou?

A mulher a encarou por alguns segundos, e de forma contida respondeu:

- Está linda, senhora. Como sempre.

- Obrigada, Eliza. Tenho que ficar deslumbrante hoje. - Respondeu


confiante e animada, enquanto se olhava no espelho.

- Para a volta do sr. Collins? - Indagou a mulher curiosa.

Camila permaneceu com o olhar fixo ao seu reflexo no espelho, enquanto um sorriso
diabólico nascia em seus lábios. Não era exatamente para volta de Christopher que
ela tanto se arrumava, pelo contrário, Camila queria estar simplesmente magnifica
para ver os últimos suspiros de esperança do rei.

- Claro, Eliza. Para volta de Christopher. - Mentiu.

- Espero que dê tudo certo, o senhor Collins não merece passar por isso. - Disse ela
um tom realmente preocupado.

Karla a fitou com certa atenção, analisando a postura preocupada da empregada para
com seu patrão. Eliza realmente acreditava que Christopher possuía algo bom?

- Vejo que realmente se preocupa. - Camila disse, enquanto colocava seu sobretudo
bege.

- Aposto que ele irá voltar. - Murmurou esperançosa.

- Sabe, Eliza, eu não colocaria todas as minhas fichas nisso. Christopher está lá por
um motivo, e se for realmente provado que foi culpado, é melhor se acostumar com
ausência dele. - A morena falou antes de capturar sua bolsa sobre a cama. - Não
precisa ficar hoje, termine de fazer o que precisa, e depois vá para casa. Está liberada
pelo resto do dia.

- Sim, senhora.

Camila sorriu de canto, e deixou o cômodo com certa pressa. Carlos, seu motorista,
assim que a viu deixar a mansão Collins, se adiantou a abrir a porta do Rolls- Royce
prata, dando espaço para que ela adentrasse no carro de luxo. A latina se acomodou
sobre o banco de couro que tinha um tom de caramelo, deixando sua bolsa no banco
ao lado. O trajeto se escorria tranquilo, apesar do amontoado de informações que se
cruzavam em sua cabeça. Camila a todo instante se forçava a acreditar que aquele
finalmente seria o desfecho de sua história, mesmo quando sua intuição alertava que
algo ainda estava por vir. O que de tão ruim poderia acontecer? Christopher não tinha
chances de ser absolvido, tinha? Ela meneou com a cabeça em um sinal negativo,
tentando afastar qualquer possibilidade de algo dar errado. Talvez aquilo nada mais
fosse do que nervosismo e ansiedade por um dia tão importante.

- Quer que eu desligue? - Carlos indagou, atraindo a atenção da morena.

Camila o fitou sem entender, quando o motorista apontou para as telas de LED
acopladas nas costas dos bancos da frente. Nos televisores se passava uma matéria
em um jornal, sobre o caso Collins, e o seu tão esperado julgamento. O país inteiro
estava à espera da resolução daquele caso. Todos queriam enfim saber se o magnata
do petróleo era mesmo um criminoso.

- Não, deixe, eu quero ver.

Haviam inúmeros jornalistas e fotógrafos em frente ao tribunal de justiça, à espera da


primeira informação que os tornaria privilegiados da notícia que tanto ansiavam.

"O empresário se encontra a caminho do tribunal, está vindo em um carro forte,


escoltado por uma equipe de segurança da penitenciaria. Hoje vamos descobrir se
Christopher Collins é mesmo culpado pela morte de seu antigo sócio, Charlie Cooper."

- Ainda há dúvidas? - Sussurrou Camila.

- Disse alguma coisa, senhora?

- Não, Carlos. Não se preocupe.

A mulher voltou a atenção ao noticiário que continuava a relatar todas as


informações.

"Agora vamos falar com a agente responsável por desvendar toda essa gama de
informações sobre o empresário. Lauren Michelle Jauregui, cidadã americana,
responsável pela equipe de grandes casos da delegacia de Nova Iorque."

"Bom dia, agente Jauregui. O que devemos esperar da resolução do caso


Collins? "

Os olhos de Camila assumiram um brilho mais intenso, assim que a imagem da


agente policial tomou a tela a sua frente. Lauren estava incrivelmente bela. Usava um
vestido preto, de alças finas, e caimento leve, mas ainda sim extremamente
elegante; por cima, havia uma jaqueta de couro em um tom de vermelho mais
escuro. Seus cabelos estavam presos em um coque bem feito, deixando seu rosto
completamente livre para ser apreciado.

"Bom dia, Ahsley. Bom, antes de mais nada esperamos que a justiça seja feita.
Existem muitas provas contra Christopher Collins, que o incrimina diante de uma lista
de acontecimentos. " - Respondeu a agente em um tom sério.

"Temos a informação que você havia sido retirada do caso do roubo da Collins
Enterprise, pelo ex comissário Roger Brandon James, que agora descobrimos que é
cumplice de Christopher nesses feitos. Ele também será julgado hoje? "

"Não, o primeiro julgamento é o de Collins. Brandon também receberá seu


julgamento, mas só após a possível condenação de Collins. "

A postura séria e determinada da delegada, acompanhada de um olhar penetrante,


trazia a Camila alguns suspiros involuntários. Ver Lauren tão imponente, tratando de
um caso tão importante em sua vida, lhe enchia o interior de satisfação. Era gloriosa
a sensação de poder compartilhar com ela, o gosto daquela vitória.

"Sabemos que foi agente particular da esposa de Christopher, Camila Collins. Que
inclusive, deve estar chegando a qualquer momento. Acredita que ela tenha alguma
ligação com tudo isso? "

Lauren permaneceu com o mesmo semblante, e da forma mais natural possível


respondeu:

"Não há nada que coloque Camila Collins como suspeita. Então, não. "

"Ouvimos boatos que Christopher a culpa por tudo que aconteceu. "

"Ele precisa de provas para afirmar tal acusação, e elas não existem. " - Retrucou
rapidamente.

A mulher assentiu com um sorriso fraco, e encerrou a matéria com Lauren.

"Certo, obrigada, agente Jauregui. "

Camila sorriu de canto, antes de desligar o televisor a sua frente. Estava segura, não
haviam provas contra ela. Suas estratégias minuciosamente traçadas, seguiram como
planejado. Camila Collins era a maior jogadora, esse era um fato que o mundo não
ousaria contrariar.

- Estamos chegando, sra. Collins.

A morena assentiu, e repousou seus óculos sobre o rosto. Com delicadeza, ajeitou
seu sobretudo bege, e tão logo capturou seus pertences no banco ao lado. O roll-
royce prateado, parou diante do tribunal Thurgood Marshall, recebendo os olhares de
todos os jornalistas e fotógrafos presentes, bem como havia sido em sua aparição na
delegacia. Carlos deixou o banco da frente, e caminhou até o outro lado. Alguns
oficiais se aproximaram do carro, e só então o motorista particular abriu a porta do
veículo para que Camila pudesse sair.

"Camila, acha que seu marido irá se livrar? "

"Sra. Collins, pretende continuar casada com ele? "

Camila foi banhada pelos flashes das câmeras enlouquecidas ao seu redor. De cabeça
erguida, a latina caminhou entre a multidão de pessoas, sendo conduzida pelas
escadarias até o interior do tribunal. Ela não pretendia dar pistas, ou informações que
colocassem tudo a perder. Em certos momentos, o silencio poderia ser a melhor
resposta.

- Finalmente chegou! - Dinah murmurou assim que a viu.

- Quase não consigo entrar, estão loucos lá fora.

- Como se sente sendo a mulher de um bandido? - Indagou a loira em um


tom de zombaria.

- Devastada. - Camila respondeu em fingimento.

Dinah riu baixinho.

- Viu Lauren?

- Vi sim, ela estava por aqui há alguns minutos. Mas foi chamada para uma sala, ela
vai depor, então precisa se preparar. E você também precisa! Trouxe nossa
advogada, venha comigo.

[...]

O interior do tribunal estava movimentado. Todos ali pareciam incrivelmente ansiosos


para aquele momento. Alguns acreditavam na inocência de Collins, outros fingiam
acreditar para não perderem seus interesses financeiros, e existiam aqueles que
sabiam de sua bagagem de culpa. Os olhares de todos ali presente pousaram sobre a
presença de Camila que adentrou a sala extensa, caminhando graciosamente até a
primeira fila.

- Parece que todos querem vê-la. - A morena ouviu Dinah murmurar discretamente
ao se sentar.

- Se ao menos soubessem tudo que represento, iriam querer mais. - Camila


sussurrou em resposta.

Os minutos pareciam se arrastar. Camila estava extremamente ansiosa; apesar do


sentimento de dever cumprido, ainda precisava do ponto final, que seria dado pelo
juiz de acordo com a resposta do júri presente no local. Carter Wilian era o promotor
de justiça, um homem jovem, de cabelos escuros, e porte físico consideravelmente
forte, permaneceu em seu lugar, preparando-se para iniciar a acusação com todo
material fornecido por Lauren, e indiretamente por Camila. Do outro lado, estava
John, como advogado de defesa, à espera do réu que a qualquer instante entraria
naquela sala.

- Céus, pare de balançar essa perna, está me deixando nervosa. - Resmungou Dinah.

- Desculpe, só estou...

- Se acalme, vai dar tudo certo.

Camila encarou o olhar de Dinah, que era como sua irmã mais nova, e assentiu
devagar. Querendo ou não, aquele momento poderia ser o mais importante de toda
sua trajetória. Seria o fim de um projeto de vida traçado com tantos sentimentos
envolvidos. O julgamento de Christopher Collins daria a Camila o rumo de sua vida,
longe de tudo aquilo, ou não. Depois de mais alguns minutos de espera, o oficial de
justiça informou a todos a entrada do juiz, fazendo com que todos ali presente
levantassem em demonstração de respeito. Após o senhor de certa idade se
acomodar em seu lugar, foi ordenado a entrada do réu.

- Céus, ele está diferente... - Dinah murmurou.

Christopher entrou no tribunal acompanhado por alguns policiais. Trajava o uniforme


alaranjado da penitenciaria, deixando-o com um aspecto desleixado. Seus cabelos
eram mais curtos agora, evidenciado o trato dado pelos oficias em sua nova "casa".
Todo aquele ar superior não se fazia mais presente em Collins, notava-se a
quilômetros de distância, o quanto tudo aquilo o abateu. Camila suspirou pesado. Um
suspiro satisfeito, como se finalmente Christopher estivesse recebendo as duras
consequências pelo mal que fez a Charlie. O homem se sentou ao lado de seu
advogado, mas não deu sequer uma palavra.

A audiência havia começado. O promotor iniciou seu trabalho de acusação, falando ao


júri e ao juiz todos os pontos, e provas existentes para que Collins fosse realmente
condenado.

"Senhoras e senhores do júri. As provas aqui estão claras, evidenciadas com imagens
e documentos que exibem o réu como culpado, deixando o posto de apenas suspeito.
Aquele homem, Christopher Collins, burlou nossas leis! Há documentos que
comprovem a criação da Industrias Turner, que na verdade, nunca sequer existiu. Foi
apenas um método para arrancar dinheiro de um homem, que agora está morto.
Morto pelas mãos desse homem que aqui se encontra."

Trazer de volta a história de Charlie, fez com que Camila sentisse de volta
o gosto da melancólica, e da saudade. Dinah entrelaçou os dedos aos de Camila,
demonstrando apoio diante aqueles pensamentos que lhe acuavam o interior. Ela
conhecia a latina, e sabia exatamente o que as lembranças da morte de Charlie lhe
causavam.

"Charlie Cooper foi morto há mais de sete anos, e todo caso foi abandonado. Sabem
por que? Porque Christopher soube escolher as pessoas certas para o encobrir.
Brandon James, sendo comissário da polícia de Nova Iorque, e cumplice! Usou de
métodos ilegais para abafar o caso Cooper. Uma enorme falha em nosso sistema,
meritíssimo. Mas graças a investigação de uma policial, recentemente retirada do
caso do roubo da Collins Enterprise, pelo Comissário que agora está preso, temos as
provas de quem realmente é culpado. Quero chamar a testemunha de acusação,
Lauren Jauregui."

Lauren adentrou o tribunal sob o olhar todos que lá estavam. Ela encarou o
empresário que permaneceu com o olhar fixo em sua direção, mas tão logo ergueu a
cabeça, cruzando a sala até o lugar oferecido as testemunhas. Ao se acomodar no
lugar indicado, suspirou pesado, e encarou todos a sua frente. Seu olhar tão logo
cruzou ao da latina mais à frente. Naquele instante, uma espécie de flashes de
memória explodiram em sua cabeça, como uma recapitulação perfeita para o motivo
de estar ali. Lauren atravessou um campo minado, pronto para explodir os mais
fracos, para se posicionar dentro de uma história que não era sua, por amor e por
justiça.

Lauren, você jura dizer a verdade? - Indagou o Juiz.

- Juro dizer a verdade, somente a verdade. - Respondeu, arrancando um sorriso sutil


de Camila.
- Consegue dizer a verdade, Jauregui? Mente igual àquela vagabunda. - Gritou
Christopher.

- Silencio! Mais respeito em meu tribunal, Sr. Collins! - Protestou o juiz.

- Ela vai mentir! Não percebem? Está sendo cumplice de minha esposa! Querem
acabar comigo!

- Christopher... - John murmurou tentando acalma-lo.

- Se não se conter, terei que retira-lo do tribunal!

Após comentar o mal comportamento de Collins, o Carter se aproximou de Lauren,


pedindo que ela começasse a relatar como havia conseguido todas as provas contra
Christopher. E assim ela fez. A policial de forma habilidosa e bem planejada, contou
que o caso Collins lhe trouxe muitas interrogações, apontou alguns suspeitos, citando
o antigo sócio, Heitor, e até mesmo o próprio Collins. Ao conseguir contato com
Heitor Martinez, que teve os vínculos cortados com Christopher por brigas passadas,
conseguiu arrancar informações de uma má conduta por parte do empresário. E
desde então, mudou o foco de sua investigação, agora com objetivo de descobrir o
que o magnata do petróleo escondia.

- Então Heitor Martinez, antigo sócio de Christopher, foi quem deu a isca de que
Collins não era inocente?

- Sim. Incialmente acreditei que seria apenas uma maneira de se vingar, pelos
negócios de ambos terem dado errado. Mas me propus a investigar, e consegui
informações precisas de que Collins tem uma ficha criminal extensa. As industrias
Turner foi criada com o intuito de montar uma sociedade com Charlie Cooper, no
entanto, foi apenas uma maneira de sumir com o dinheiro de um contrato milionário.
Existem fotos, endereços, e documentos que comprovem que essa empresa faliu há
anos, mas Christopher conseguiu encobrir para que Charlie acreditasse que tudo
estava bem.

- E o que aconteceu com Heitor? - Indagou o promotor, sob o olhar atento do júri.

- Eu não sei. Ele não deu tantas informações, ele apenas indiciou o que eu poderia
encontrar. Depois de descobrir tantas coisas, tentei acha-lo outra vez, mas não tive a
mesma sorte. Heitor está foragido.
- Como encontrou as provas?

- No apartamento de Heitor. Após sumir, tive acesso a sua casa, e encontrei o


material que acredito que foi escondido por anos, em uma tentativa de se proteger
caso algum dia a relação entre ambos desse errado.

- Foi então que encontrou o vídeo?

- Não, primeiro foram apenas os documentos. Depois encontrei um endereço, se


tratava do lugar onde eles se reuniam.

- Desculpe, eles quem? - Interrompeu.

- Christopher, Brandon e Heitor.

O promotor assentiu e permitiu que ela continuasse.

- E nesse lugar encontrei o restante do material. Os documentos de sociedade com a


Cooper Enterprise, os extratos de retirada de dinheiro, e até mesmo o vídeo que
mostra o exato momento em que Christopher mata seu antigo sócio.

Os murmúrios se intensificaram, obrigando o juiz a bater com o martelo em um


pedido de ordem. O depoimento de Lauren caiu com precisão para a derrubada de
Collins, não havia como livra-lo de tais acusações.

- Então, senhores do Júri, não há como proteger este homem. Um cidadão de bem
morreu em suas mãos, por pura ganancia de poder. Pensem em como isso afeta a
família e todos que o conheciam! Christopher tem sobre suas costas, acusação de
fraude, roubo, assassinato, e para muitos que não sabem, a fraude aconteceu
novamente.

"O que? " - Christopher exclamou.

- A que se referente, promotor? - Indagou o Juiz curioso.

- Meritíssimo, Collins violou o próprio sistema de sua empresa, retirando grandes


quantias em dinheiro, para que tivéssemos a visão de que havia sido roubado!

- Protesto! Isso é um absurdo, meritíssimo! - John exclamou exaltado. - Não há


cabimento em tal acusação. A promotoria não apresentou essas provas antes!
- Protesto negado!

O advogado em defesa bufou incrédulo, fazendo com que as mentes por trás de tudo
sorrissem. Camila, Dinah, e Normani que também estava presente, puderam sentir o
gosto do trabalho bem feito.

- Conte para eles, agente Jauregui. - Induziu o advogado de acusação.

- Uma parte do dinheiro retirado da Collins Enterprise sumiu, mas as duas maiores
retiradas foram encontradas em uma conta em nome de Christopher Richard Collins
no exterior.

- Alguém pode ter feito isso, meritíssimo. Acusar meu cliente com provas tão rasas é
totalmente inviável. - Exclamou John.

- Temos a assinatura dele, mas temos o vídeo das câmeras de segurança da Collins
Enterprise, que comprovam a retirada do dinheiro no computador que foi utilizado
para o ultimo roubo.

John, assim como Collins franziram o cenho desacreditados. O último roubo havia
acontecido no mesmo dia em que a Collins Enterprise foi invadida por manifestantes.

- Isso está fora de cogitação, eu estava lá! E ele não roubou!

- Prove. - Carter respondeu. - Porque Lauren Jauregui tem provas concretas que seu
cliente cometeu essa fraude, não é, Lauren?

- Sim. Com ajuda da minha equipe policial, conseguimos entrar no sistema, e


recolher as informações necessárias, como horário da retirada, destino da
transferência, e o endereço da máquina que fez a violação. Notamos que o roubo
havia partido do computador de Christopher, mesmo com a tentativa de mascarar o
IP.

Flashback on

"Ao lado de fora tudo estava muito mais intenso, as pessoas gritavam, levantavam
seus cartazes pedindo o fim de tamanha exploração inconsequente. Estavam furiosos,
e com razão muito bem pensada. Camila por sua vez, parou no meio daquelas
pessoas, e encarou o prédio monumental da Collins Enterprise, antes de capturar seu
celular novamente. O jogo de mensagens ainda não havia chegado ao fim.
"É melhor correr até sua sala, salve o que te resta." - Enviou.

E assim ele fez. Mesmo sabendo que nada mudaria o que estava acontecendo, Collins
correu desesperadamente até o último andar de sua empresa, em uma tentativa
ineficaz de salvar o que ainda lhe restava.

- Ele está subindo. - Murmurou Dinah no ponto de áudio para Camila.

- Liberem as câmeras, eu quero que gravem tudo. Atrasem o horário, preciso que
tudo ocorra no momento exato da transferência.

- Estamos controlando isso, rainha. O tempo está em nossas mãos agora. -


Respondeu Normani, enquanto alterava o relógio de gravação das câmeras.

O sistema interno da Collins Enterprise voltou ao normal no exato instante em que ele
invadiu as escadas de incêndio, seguindo em direção a sua sala. Naquele instante, as
câmeras de segurança registravam cada passo do rei para sua derrocada. Dinah e
Normani continuavam a alterar os códigos e numerações necessárias para que tudo
ocorresse de acordo com o plano traçado por Camila.

- Ele acabou de entrar na sala dele. - Dinah informou. - Está indo em direção ao
computador.

Apesar do barulho exagerado, Camila conseguia ouvir as informações fornecidas por


suas cumplices, que estavam a alguns metros do local.

- Sua transferência foi feita as 10:13, mesmo que ele tente mexer em alguma coisa
no sistema, estará impossibilitado. Deixei o sistema do computador totalmente
congelado. - Normani sussurrou.

Camila suspirou, e fitou o relógio preso a seu pulso, notando que já haviam passado
15 minutos desde a transferência efetiva do dinheiro. Mas aquilo não importava,
certo? Ela controlava o tempo agora.

- Christopher começou a mexer no computador...

- Meninas, são 10:13. - Ordenou Camila.

Dinah e Normani prontamente atenderam a ordem indicada. A alteração no horário


das câmeras começou a ser feita, para todos os efeitos, Collins estaria fazendo uso do
computador no horário exato do roubo bilionário.

- Parece que alguém está encrencado. - Cantarolou Dinah animadamente, fazendo


Camila sorrir vitoriosa, antes de mandar outra mensagem.

- Cortem as câmeras novamente, salvem os dados. E as deixem paradas daqui em


diante, só precisamos desse material.

- Entendido!

- Agente, na escuta? - Camila chamou.

- Na escuta, rainha. - Respondeu Lauren ao entrar na viatura policial.

- É sua vez de entrar em ação."

- Deixe comigo."

Flashback off

- Não, não... - Collins protestou. - Isso foi armação! Armação dela!

O homem se levantou alvoraçado em busca de Camila, mas tão logo os policiais


agiram, impedindo-o de se aproximar.

- O que está fazendo? Eu nunca fiz nada para você! - Exclamou a latina totalmente
nervosa diante os olhos do juiz. - Por Deus, ele está louco.

- Ordem! Ordem, ou será retirado! - O senhor de autoridade exclamou.

Após todos os depoimentos de acusação, prontamente reforçados pelo promotor.


John, como advogado de defesa, apresentou um material escasso, em uma tentativa
de inocentar, ou até mesmo diminuir a pena que certamente seria dada a seu cliente.
Collins sabia que seria condenado, não restava duvidas diante tudo que se voltou
contra ele. Naquele momento, suas esperanças se foram; evaporando como fumaça.
Tudo que restava no interior de sua cabeça, era todo ódio que sentia por Camila.

- Veja bem, Collins. Se confessar todos esses crimes, podemos melhorar


as coisas para você. - John sussurrou, enquanto o promotor tinha atenção do juiz e
do júri.

- Não há nada o que confessar. - Respondeu friamente.

- Não me culpe pelo que irá acontecer.

Collins nada falou, apenas voltou os olhos para sua esposa, que assistia ao
julgamento com extrema atenção na primeira fileira. Camila estava realizada,
satisfeita, ele sabia disso.

- Senhoras e senhores, vamos dar uma pausa de trinta minutos para que o júri
decida sobre a sentença do réu. - Informou o Juiz com uma expressão séria, batendo
com o martelo.

Assim que o juiz se retirou da sala, alguns policiais se aproximaram do réu que seria
conduzido a uma sala isolada. Durante o trajeto para a sala, Christopher pousou os
olhos em sua esposa, que agora o fitava sem recuar. Camila sabia que ele a odiava
com todas as forças, mas por alguma razão sentia algo diferente em seu olhar. Collins
carregava em si um ar quase doentio. No entanto, a morena não se deixou intimidar,
manteve firme a postura imponente de uma rainha, presenteando-o com um sorriso
diabólico e vitorioso.

- Você vai pagar por isso... - Sussurrou ele antes de ser retirado da sala.

Camila apenas acenou brevemente com a cabeça, e sorriu.

- Camila... - Lauren sussurrou ao se aproximar, em um tom de voz que indicava


repreensão.

- Sim, agente Jauregui?

- Não acha que precisa se controlar?

- Eu não fiz nada. - Retrucou cinicamente.

- Você nunca faz.

- Exatamente, sou inocente.

Lauren semicerrou os olhos na direção da latina, antes de sorrir. Ela não queria ser
vista tão intima da esposa do acusado, não seria bem visto durante o julgamento.
- Eu preciso me juntar a minha equipe, se comporte. - Disse a agente policial ao tocar
rapidamente a cintura.

- Não fique tão longe, quero você perto na hora da sentença.

- Estarei ao seu lado, sra. Collins. - Lauren respondeu, quando alguns conhecidos se
aproximaram. - Com licença.

[...]

O tempo naquele tribunal parecia se arrastar. Camila encarava os ponteiros do


relógio, que se moviam preguiçosamente em direção ao momento que ela ansiou
durante anos. Era inexplicável a sensação que lhe tomava o interior, como se por fim,
estivesse enxergando a linha de chegada em uma corrida violentamente cansativa.

- Acho que é agora. - Dinah sussurrou.

Christopher voltou a sala do tribunal com os punhos algemados, sendo conduzido por
dois policiais que o levaram até seu lugar. O juiz, assim como júri, tão logo voltaram
a seus devidos lugares, permitindo que o julgamento fosse retomado. Camila respirou
fundo, preenchendo seus pulmões com o máximo de oxigênio que poderia suportar,
em uma tentativa desesperada para se manter calma diante toda aquela ansiedade
que a atacava. O senhor de mais autoridade desandava a falar mais à frente, em um
discurso anteriormente preparado para a sentença do réu. Naquele instante, seus
pensamentos se confrontavam violentamente, em recordações e memorias que a
levaram até aquele momento. Desde os últimos minutos na presença de Charlie, seus
dias perdidas em uma depressão profunda, sua ascensão com sentimento de
vingança, a seu primeiro encontro com o rei.

Finalmente, aquele momento chegara.

O plano de uma vida seria realizado.

Charlie Cooper seria vingado.

O juiz em um tom de voz firme, iniciou a leitura da sentença para que todos
ouvissem.

- O tribunal do júri reconhecendo a existência do crime de fraude, estelionato,


homicídio e supressão de documento declara o réu culpado. Dessa maneira, segundo
a dosimetria prevista em lei, declaro que Christopher Richard Collins passará 42 anos
na penitenciaria de Downstate, em cumprimento de sentença condenatória em regime
fechado.

Christopher abaixou a cabeça, desacreditado com que acabara de ouvir. Suas mãos
se fecharam com força, enquanto as batidas do martelo do juiz ecoavam pela sala
extensa. O homem respirou pesado, sentindo-se ofegante, enjoado. Ele recuou um
passo, sentindo uma mão vir de encontro as suas costas, quando enfim abriu os
olhos.
- Eu sinto muito, cara.

O empresário permaneceu estático, e sobre os ombros de John avistou a imagem da


mulher que o derrotou. Camila estava de cabeça erguida, o encarando com seu típico
olhar superior. Notava-se o ar vitorioso em sua expressão, acompanhado do sorriso
debochado e cínico que só ela conseguia ter. Ela havia conseguido, Camila Collins
havia dado o xeque-mate.

- Você vai pagar caro por isso! - Gritou, vendo a mulher repousar os óculos escuros
sobre o rosto. - Vagabunda!

A mulher deixou a primeira fileira de cadeiras, saindo em direção ao corredor, e tão


logo estagnou os passos, voltando os olhos ao homem que esbravejava descontrolado
ao fundo. Christopher gritava, enquanto os policiais cuidavam de segura-lo.

- Eu vou matar você, Camila! Você e essa policialzinha de merda!

Camila sorriu de canto, e retirou os óculos novamente. Quando tomou impulso para ir
de encontro a seu marido, sentiu Lauren se aproximar, tocando sua cintura
sutilmente, em um pedido silencioso para que ela se retirasse. A morena encarou os
olhos verdes da agente policial, e assentiu.

- Foram elas! Foram elas as culpadas! - Esbravejou, enquanto era arrastado pelos
homens fortes e uniformizados.

Christopher tentava a todo custo se aproximar, mas em uma tentativa se soltar foi ao
chão, sendo puxado pela camisa até o interior de uma das salas. Seus olhos se
concentraram na imagem de Lauren e Camila se entreolhando.

- Odeio vocês... - ele repetia transtornado.

Antes que a porta fosse fechada, ele se concentrou na imagem perfeita de sua
esposa, tão magnificamente arrumada. Camila sorriu e sussurrou expressivamente
para que ele pudesse compreender.
- Xeque-mate, rei. - Foram as últimas palavras até a porta os separar.

Agora sim, nos vemos no penúltimo capitulo de Xeque-Mate!

Ah! E participem da rifa! Um grande beijo, meus amores!


Capítulo 38 - "Castigo."

Olá, meus amores.

Como estão se sentindo essa noite? Espero que bem.

Bom, eu estou um pouco, ou talvez, muito nervosa. Um tanto triste, pelo simples
fato da fanfic está caminhando para o fim. Mas não vou começar com esse falatório
triste, vou deixar para o ultimo capitulo. Só queria agradecer do fundo do coração a
cada um de vocês que acompanharam essa historia desde o inicio. Que me deram
forças, e incentivo para dar o melhor de mim para esse trabalho, que com certeza
será um dos meus favoritos por toda vida. Obrigada mesmo. Eu amo vocês.

Agora vamos ao que interessa, certo?

Para esse capitulo, eu tenho duas musicas. É importante que escutem, para
complementar melhor a sensação.

1º - Might Not - The Weeknd

2º - Found You - Austin Mahone

Escutem quando for indicado! Estão na minha playlist de Xeque-Mate no Spotify.

Agora sem mais papos, vamos ao capitulo. Aproveitem!

Narrator's point of view

Ao lado de fora do tribunal Thurgood Marsh, havia uma multidão sedenta por
informações sobre a sentença dada ao caso Collins. Camila foi alvejada por flashes
assim que colocou os pés para fora, recebendo atenção de todos os jornalistas e
repórteres presentes.

"O que vai acontecer agora que seu marido foi condenado? Você assumirá os
negócios?"

" Collins, é verdade que seu casamento acabou? "

" Seu marido a culpa pelo que aconteceu? "

- Saiam todos! – Exclamou um dos seguranças. – A deixem passar!

A latina foi conduzida entre o aglomerado de pessoas que disputavam pelo melhor
ângulo. Queriam registrar cada detalhe do assunto que tomava conta dos telejornais
Nova Iorquinos. Com certa dificuldade, a morena conseguiu se juntar a Dinah, que
seguiu caminho em direção ao rolls-royce estacionado mais à frente.

" Sra. Collins, você será a presidente da Collins Enterprise? "

- Ela não tem nada a declarar no momento, respeitem isso! – Dinah retrucou com
firmeza.

Ambas as mulheres adentraram o carro luxuoso, deixando para fora a selvageria dos
fotógrafos.

- Céus! Está famosa, e eu não sabia?! – Exclamou ofegante.

Camila riu um tanto nervosa.

- Famosa por ser mulher de um criminoso! Mas, enfim, vamos embora daqui. Carlos,
por favor.

O homem assentiu rapidamente e logo iniciou nosso trajeto para longe do tribunal.

- Eu não consegui ver Lauren depois que saí da sala. Estou preocupada.

Dinah, que encarava a paisagem ao lado de fora, apenas sorriu. A loira havia aceitado
que a policial não era de todo mau na vida de Camila, muito pelo contrário, já havia
tido provas da fidelidade de Lauren para com seus sentimentos em relação a latina e
fazia muito gosto disso.

- Sua policial foi na frente. Não quer que vejam vocês juntas, certo? – Dinah
sussurrou.

- Não, ainda não. – Respondeu de forma pensativa.


- O que houve? – Indagou a loira com um olhar curioso.

- Não consigo acreditar que isso aconteceu mesmo. Você tem ideia?

- Deu tudo certo, Mila. – Respondeu a mais nova, entrelaçando os dedos


aos de Camila. – Nós conseguimos.

Depois de um trajeto tranquilo, ambas chegaram à mansão Collins. Carlos estacionou


em frente à entrada principal, adiantando-se para abrir a porta para as mulheres, que
logo saíram do veículo.

- Você está liberado pelo resto da semana, Carlos.

- Mas, senhora... – Relutou o homem sem entender.

- Aproveite! Todos estão de folga. Eu pretendo fazer uma viagem, então não vou
precisar de funcionários aqui.

O homem assentiu e sorriu brevemente.

- Sinto muito pelo que aconteceu, senhora. Espero que fique tudo bem. – Disse ele
em um tom gentil.

- Não se preocupe, estou ótima.

- Certo, com licença.

Assim que o homem se afastou, Dinah e Camila seguiram para o interior da mansão.
Aquela casa agora parecia grande demais, talvez fosse a ausência dos funcionários
que circulavam por todos os lugares, ou até mesmo a de Christopher, que não
voltaria mais ali.

Camila caminhou por um dos cômodos, enquanto analisava o lugar como um todo.
Estava pensativa, quase perdida em meio a seus devaneios.

- Está tudo bem? Você voltou pensativa do tribunal. – Dinah murmurou enquanto
avistava sua melhor amiga.

- Acabou, Dinah. – Camila respondeu simplesmente, enquanto encarava um pequeno


retrato repousado sobre a mesinha no canto da sala.

- Você está livre. – A loira ergueu as mãos.

- Eu estou livre... – ela virou-se em direção à loira, que sorria. – Meu Deus, eu estou
livre! Livre, Dinah! – Exclamou sorridente, antes de correr e abraçar a mulher que ela
tinha como a uma irmã.

- Estamos livres, Mila! Finalmente esse pesadelo acabou! – Exclamou incrivelmente


animada.

- Oh, céus, eu quero chorar e gritar ao mesmo tempo! Eu nem sei dizer o que estou
sentindo! Uma espécie de alívio, alegria e até mesmo saudade...

Dinah a abraçou fortemente, a ponto de sentir os batimentos acelerados de Camila


contra seu peito. Elas riam, mesmo quando seus olhos estavam preenchidos de
lágrimas. Ambas compartilhavam os mesmos sentimentos, as mesmas dores, e a
mesma vitória. Tratava-se de uma história de vida compartilhada, entrelaçada, que
faria com que duas pessoas permanecessem unidas até o fim.

- Precisamos comemorar! – Camila exclamou em meio a uma risada, enquanto


tentava limpar as lágrimas que escorriam por sua face.

- Sim! Claro, eu vou ligar para Normani, ela está com Lauren em algum lugar. Não
quer se juntar a elas? – Indagou alegremente.

- Não, eu quero comemorar aqui. Minha última noite nesta casa.

- Não acha que é perigoso? Digo, alguém pode ver. – Dinah alertou.

- Não se preocupe, eu liberei todos os funcionários. Só temos o segurança da


entrada.

- Você pensa em tudo.

- Sempre.

Dinah assentiu com um sorriso e logo saiu a procura de seu telefone celular.

[...]

- Eu não posso beber tanto, ainda tenho plantão hoje. – Lauren resmungou enquanto
recebia um beijo sutil na curva de seu pescoço.

- Não acredito que não vai ficar comigo essa noite. – A morena sussurrou, evitando
que o outro casal pudesse ouvir. – Queria comemorar só com você.

As quatro resolveram comemorar a sentença de Collins em um banquete


mais casual. Por mais animadora que a notícia fosse, qualquer alarde poderia trazer
suspeitas desnecessárias para um time que estava ganhando. Dessa forma, a
comemoração se resumiu a um jantar farto, bebidas importadas e boa música.

- Só comigo? – Indagou a policial, fixando o olhar nas íris castanhas da morena.

- Exatamente, preciso agradecer a coragem e o esforço que fez por mim hoje. –
Respondeu a mulher, enquanto deslizava a ponta do dedo nas linhas definidas da
clavícula de Lauren.

A agente suspirou sem tirar os olhos da mulher ao seu lado. Camila cruzou as pernas,
chegando mais perto de Lauren para que ela pudesse acompanhar mais de perto a
fenda do vestido longo que usava aquela noite. Normani e Dinah conversavam
animadamente no sofá ao lado, enquanto a música alta preenchia o ambiente.

- Acho que mereço esse agradecimento.

Camila mordeu a ponta do lábio inferior, aproximando-se o suficiente para sussurrar


no ouvido de sua mulher.

- Merece. E, por isso, estou disposta a agradecer da maneira que você quiser.

- Camila...

A latina sorriu maliciosamente enquanto deslizava a mão por uma das coxas da
policial. Lauren respirou fundo, olhando vez ou outra para o casal ao lado, que parecia
totalmente entretido em sua conversa particular.

- Sim? – O tom de voz cínico veio acompanhado de uma carícia mal-intencionada


rumo a seu sexo.

- Eu não vou poder ficar, não faz assim... – Ela quase suplicou.
- Assim como?

Camila era o próprio demônio. Sedutora como só ela conseguia ser, arrastava Lauren
para seus domínios com seus truques de sedução previamente armados. Não era um
trabalho árduo, a policial tinha uma queda por aqueles olhos castanhos, aquela boca
bem-desenhada e mal-intencionada. Lauren era prisioneira de seus desejos por
Camila e, daquela sentença, não poderia escapar.

- O que você quer? – Indagou em um sussurro, impedindo a mão de Camila de


continuar.

Ela sorriu de canto antes de levar a taça de cristal até seus lábios e ingerir uma boa
quantidade da bebida com teor alcoólico presente em seu interior. Em seguida, fitou
os olhos verdes mais escuros a sua frente.

- Quer mesmo ouvir? – Provocou.

- Quero.

Ela deu de ombros, aproximando-se novamente. Os lábios de Camila tocaram


sutilmente uma parte da orelha de Lauren, liberando uma lufada de ar quente, que
trouxe um arrepio como consequência.

- Eu quero que você levante desse sofá e me leve até o quarto. – uma breve pausa,
outro suspiro. - Quero que me coma naquela cama até eu não aguentar mais, Lauren.
– A última frase saiu arrastada, sussurrada, enviando uma pontada certeira até o
sexo da policial.

A mulher de olhos verdes engoliu em seco, sentindo seu corpo inteiro estremecer.
Camila tinha o olhar fixo, mantendo firme a conexão visual entre ambas, aumentando
ainda mais a intensidade daquelas sensações tão prazerosas e quentes que tomavam
conta de seus corpos. Lauren desviou os olhos dos de Camila por tempo suficiente
para se certificar de que Dinah e Normani não as vigiavam. Ela parecia pensar, ou
resistir. Mas quem poderia resistir a Camila Collins? A policial suspirou e ergueu seu
corpo do sofá, virando a taça de vinho de uma só vez na boca.

- Vem comigo. – Ordenou.

Camila, que ainda estava sentada, descruzou as pernas, estendendo a mão para que
Lauren a ajudasse a se levantar. Ela tinha um sorriso largo, malicioso e satisfeito pelo
que estava por vir.
- Como ordenar, agente.

- Nós vamos dar uma volta. – Lauren avisou, recebendo algumas indiretas do outro
casal, que riu ao fundo.

Camila largou a taça sobre a mesinha de centro antes de ser puxada pela mulher em
direção a escada. As duas subiram as escadas da mansão Collins, adentrando o
corredor extenso que daria até o quarto principal. A latina de olhos castanhos tomou
a frente, caminhando graciosamente, enquanto Lauren apenas apreciava seu corpo.

- Me espere na cama. – Ordenou Camila assim que adentraram o quarto.

Lauren caminhou pela extensão do cômodo, sentindo-se um tanto desconfortável por


ter que usar o quarto de Collins. Mas sabia que agora as coisas seriam diferentes e
que aquela seria a última noite delas naqueles aposentos.

- O que está aprontando, Camila? – Indagou ao abaixar o retrato do antigo casal que
repousava sobre o criado-mudo.

- Meu agradecimento a você. Não seja apressada!

Lauren sorriu e meneou a cabeça em um sinal negativo. Sentia-se um tanto


embriagada, as taças de vinho desceram mais forte do que esperava. Precisava
perder todo aquele álcool antes de voltar para o plantão agendado na delegacia.
Como agente responsável pelo departamento de grandes casos e uma futura indicada
ao comissariado, precisava ser pontual e ágil caso quisesse ascender
profissionalmente.

- Temos pouco tempo. – Retrucou enquanto se desfazia da jaqueta e de sua arma.

Passados alguns minutos, Lauren encontrava-se impaciente, ardendo em desejo pela


mulher que tanto a fazia esperar. Quando pensou em ir ao encontro dela, Camila
atravessou a soleira da porta com um sorriso malicioso nos lábios.

[ Inicie Might Not – The Weeknd ]

- Temos tempo suficiente.

- Oh, céus...
Camila trajava um conjunto de lingerie de renda na cor preta, com direito a cinta-liga
e saltos agulha. Por cima havia somente um robe da mesma tonalidade. A roupagem
mínima deixava boa parte de sua pele bronzeada à mercê dos olhos famintos da
mulher a sua frente.

Lauren encontrava-se simplesmente hipnotizada por cada detalhe existente na latina,


desde as linhas expressivas e bem-desenhadas de seu rosto, como seus lábios
sutilmente contorcidos em um sorriso perverso. Ela adorava a cor dos olhos da
morena, castanho-claros, intensos e cintilantes; tão brilhosos e chamativos como as
joias que repousavam em seu pescoço agora.

- Você terá sua recompensa, Jauregui. – Disse enquanto caminhava graciosamente,


parando bem na frente da agente que permanecia sentada na beirada da cama. – É
isso que você quer? – Murmurou em um tom de voz firme, exibindo um bolo de
dólares nas mãos.

- Acha que é isso que eu quero? – Indagou, olhando-a fixamente.

- É melhor você dizer o que quer, e eu darei.

A mulher ergueu uma das pernas para pisar com a ponta de seu sapato na beira do
colchão, descobrindo boa parte de sua perna. Lauren ergueu as mãos até o calcanhar
de Camila, subindo pela panturrilha até alcançar sua coxa e o objeto preso nela.

- Capturou uma mulher criminosa. – Camila continuou assim que Lauren tocou na
arma dourada presa ao coldre em sua coxa. – O que fará a respeito disso?

Lauren ergueu seu corpo da cama, agora ficando frente a frente com a criminosa.
Estavam próximas o suficiente para sentirem as respirações descompassadas,
acompanhadas de uma troca de olhares intensa. Camila suspirou diante da presença
confiante e intimidadora da policial, que a engolia com seus olhos verdes-escuro.

- Darei sua sentença, sra. Collins. – Foram suas palavras, antes de


desarmá-la com um só ato, obrigando-a a ficar de costas para ela.

Lauren segurou a pistola dourada com firmeza e encostou no centro das costas de
Camila, que contraiu o corpo ao sentir o metal frio em sua pele. Um suspiro surpreso
deixou os lábios da latina, que respirava pesado, sentindo a resposta quase
automática do tesão que deu sinal em seu corpo.

- Deita. – Ordenou a policial, após abaixar o robe que cobria o corpo de Camila.

Ela prontamente obedeceu, curvou-se sobre a cama, empinando-se toda para que a
mulher atrás de si apreciasse tanto seu corpo como seus movimentos instigantes.

- Vai me castigar pelo que fiz? – Indagou Camila com um sorriso.

- É o meu dever, e eu o farei. – Lauren respondeu ao jogar o montante de dólares no


ar.

Aquele momento pareceu acontecer em câmera lenta. Os olhos verdes da policial


capturaram cada segundo daquela cena. Camila recebia sobre seu corpo os dólares,
que desciam gradativamente sobre a cama, banhando sua pele com o símbolo do
poder. Era a demonstração clara de sua vitória triunfal sobre o reinado de seu maior
inimigo.

- Precisa ser boa para me capturar, sabe que sou ótima no que faço. – Provocou,
enquanto deslizava os braços sobre o colchão, movendo as centenas de dólares ali
jogados.

Lauren se ajoelhou sobre a cama, permitindo-se analisar cada pedaço do corpo a sua
frente. Tinha uma postura firme, séria, bem como pedia sua profissão. Camila se
remexeu sutilmente, sentindo sua pele aquecer diante de um olhar carregado de
luxúria. A mulher de olhos claros inclinou-se para frente e deslizou a ponta da pistola
suavemente sobre a pele da morena, seguindo o caminho com sua boca bem
devagar.

- Lauren... – Ela quase gemeu quando os lábios da policial deslizaram sedentos por
sua pele.

- Quieta, sra. Collins.

Camila estava começando a ficar ofegante, nervosa. Estava se desmanchando em


desejo e tesão, enquanto Lauren pressionava o cano da arma sobre sua pele
acompanhado de seus lábios, que distribuíam beijos e mordidas.

- Você está me deixando....

- Eu sei... – Um sorriso.
Lauren via o peito de Camila subir e descer em uma respiração excitada,
descompassada, aumentando ainda mais sua satisfação interior por vê-la tão
entregue a suas vontades. Ela se sentou sobre o quadril da morena, forçando-se
sobre seu ponto mais sensível. A latina engoliu em seco, vendo Lauren lamber
lentamente o vale entre os seus seios, subindo em direção a seu pescoço.

- Finalmente o seu momento chegou. – Disse a policial ao erguer os braços de Camila


acima da cabeça. - Pensou que iria escapar?

- Acha que conseguiu me capturar? – Camila provocou.

Lauren sorriu de canto e se inclinou para frente, esticando os braços até o criado-
mudo que estava próximo delas. Camila franziu o cenho, mas nada falou. Aguardou
até que o rosto de Lauren voltasse a seu encontro, presenteando-lhe com um sorriso
cafajeste, quase dissimulado.

- Eu não acho... – Lauren sussurrou contra os lábios da morena, que por instantes
mínimos fechou os olhos. – Eu tenho certeza.

O barulho sutil das algemas chegou aos ouvidos da latina, que agora tinha os pulsos
presos junto à cabeceira da cama.

- Filha da puta! – Exclamou ao tentar puxar os braços.

- Não abaixe a guarda para seu inimigo. Nunca aprendeu isso, sra. Collins?

Camila mordeu o lábio inferior e sorriu nervosa, excitada. Ela sentia sua
pele suar, pura consequência do calor interno que Lauren lhe causava. Cada mínimo
pedaço de seu corpo entrava em êxtase por toda aquela situação. Estava presa,
literalmente presa sob os domínios da policial.

Lauren, naquele momento, era a dona do jogo.

- Não faça nada de que vá se arrepender, Jauregui.

A morena tomou uma postura ereta, ainda sentada sobre o quadril de Camila.
Analisou minuciosamente os detalhes da arma dourada, passando o dedo sobre as
iniciais de Camila Collins.
- Não me arrependo de nada que faço. – Retrucou, repousando o cano da arma sobre
a barriga chapada da latina. – Como se sente sabendo que eu tenho o poder agora,
rainha?

A ponta da pistola deslizou pelo abdômen de Camila, fazendo com que seu corpo
inteiro se arrepiasse. Lauren subiu com o objeto entre o vale dos seios da criminosa,
como se tivesse desenhado os pequenos detalhes ali existentes.

- Excitada. – Respondeu, arrancando um sorriso da policial.

- Cachorra. – Lauren disse ao engatilhar a arma.

Poderia ser loucura, mas, apesar de todo o perigo, Camila sentia-se excitada,
fodidamente excitada. Ela confiava em Lauren, sabia que a mulher nunca ousaria
fazer mal a ela, no entanto, a posição de policial lhe dava um ar tão incrivelmente
atraente, e tudo que lhe restava era a sensação maravilhosa que se concentrava em
sua boceta agora.

- Não posso negar que vê-la sendo uma policial criminosa me enche de tesão,
Jauregui. Se soubesse o estado em que me encontro por ver esse teu lado agora...

- Gosta que eu seja tão maliciosa quanto você, não é? Te excita.

- Muito. Me excita muito.

Elas se entreolharam por alguns instantes, o suficiente para fazer Lauren estremecer.
A conexão dos corpos naquele momento proporcionava a elas as mesmas sensações.

- Tenho que me certificar disso.

Lauren recuou com o corpo e desceu com o cano frio da arma pelo busto de Camila,
tirando seu sutiã para deslizar a pontinha da arma sobre os mamilos rígidos da
morena. Em seguida, desceu sutilmente por seu abdômen até alcançar seu sexo. A
mulher mordeu os lábios em uma tentativa de segurar o gemido que veio a sua
garganta quando o cano da arma foi pressionado por cima de sua boceta. De forma
instintiva, levantou os braços, sendo impedida pelas algemas em seus pulsos. Lauren
sorriu maliciosamente, e continuou a deslizar o cano da arma por ali.

- Está tão molhada...

- Eu vou matar você.


- Tsc, tsc... – Debochou a policial ao sentar-se novamente sobre o sexo da latina. – A
arma está comigo, querida.

Camila fechou os olhos quando a policial esfregou seu corpo ao dela. Sentia sua
boceta sendo pressionada por Lauren, que se movia devagar, com o único intuito de
provocá-la. Estava perdendo o controle. O objeto frio voltou agora pela linha de seu
maxilar, fazendo com que Karla abrisse os olhos assim que sentiu a pistola dourada
de encontro a seus lábios carnudos. Lauren sentiu seu corpo inteiro estremecer com
tal imagem. Naquele momento, a criminosa, em um ato perverso e instigante,
recebeu o cano da pistola com a boca, deslizando a ponta de sua língua lentamente
sobre o material reluzente do início ao fim.

- Maldita... – A policial sussurrou paralisada, trazendo à rainha um sorriso vitorioso.

Ela repetiu os movimentos, lambendo lentamente, como uma felina sedenta por sua
presa. Os olhos de Lauren acompanharam cada mínimo detalhe, enviando espasmos
insistentes a seu sexo.

- Eu ainda sou a dona do jogo, presa ou não. – Retrucou.

Lauren respirou fundo, sentindo seu corpo inteiro entrar em chamas. Estava sedenta
por aquela mulher e por tudo que ela poderia lhe proporcionar.

- Você está fodida na minha mão, Camila. – Ameaçou.

- É o que eu mais quero agora, então vai... – Ela se remexeu ansiosa.

Lauren não ousou esperar, não conseguia mais suportar a vontade que tomava conta
de si. Desceu com as mãos ao encontro da calcinha fina que cobria o sexo de Camila,
arrancando-a de seu corpo com certa pressa. Camila estava completamente nua,
deitada sobre a cama, rodeada por alguns milhares de dólares. Era poderosa,
persuasiva e sensual. Essa era Camila Collins.

- Repete, repete para mim o que você quer que eu faça. – Ordenou a policial,
enquanto inclinava-se para frente, o suficiente para que sua boca fosse de encontro a
um dos seios da prisioneira. A língua quente foi de encontro ao mamilo sensível,
movendo-se em uma sincronia perfeita com os desejos da morena que arfava.

- Lauren...
A latina engoliu em seco, tentando manter o fio de sanidade que a segurava diante do
tesão enlouquecedor. Lauren encostou novamente a ponta da pistola contra o sexo de
Camila, agora sem qualquer impedimento.

- Porra... – a morena se contorceu e arfou pesado.

- Diga. – Provocou, descendo com a ponta da arma para sua entrada bem devagar.

Camila fechou os olhos, puxando os braços presos à cabeceira da cama. Estava


suando, explodindo em um desejo insano em cada célula de seu corpo.

- Me foda. – Gemeu. – Me foda com vontade.

O som daquelas palavras trouxe à policial um misto de sensações que ela não podia
mais controlar. Agora sem a pistola nas mãos, Lauren massageou o sexo pulsante de
sua mulher, sentindo a pele úmida deslizar facilmente sob seus dedos. Camila se
remexeu ansiosa, ofegante, ela precisava de mais, muito mais do que o roçar dos
dedos sobre seu ponto mais sensível. E como se Lauren pudesse ler os sinais de seu
corpo, tão logo a penetrou com o dedo até o fundo.

- Oh, caralho. – Gemeu a latina, contorcendo-se em prazer.

Lauren ouviu o gemido deixar sua garganta assim que sentiu a boceta de Camila ao
redor de seu dedo. Estava tão molhada, quente e apertada agora. A mulher se
contorceu sobre a cama, enquanto recebia as investidas da policial, que metia fundo e
lentamente. Camila arqueou o pescoço, ainda com os pulsos presos acima de sua
cabeça. O calor tomava conta, tornando tudo ainda mais pesado, ardente.

- Isso... – Murmurou a criminosa, totalmente perdida. – Fode.

Os gemidos, acompanhados das palavras sujas de Camila deixavam Lauren


completamente fora de controle, como se enviassem pontadas certeiras a seu sexo.
Ela se acomodou sobre o corpo da morena, deixando que seus lábios e sua língua se
aproveitassem de tudo que ela poderia oferecer. Ouviu a mulher xingar assim que sua
boca foi de encontro a um de seus seios, que chupou e lambeu com vontade,
enquanto ainda permanecia com estocadas lentas e profundas. Camila remexia seu
quadril a cada movimento da mão de Lauren contra sua boceta.

- Você me deixa louca, Camila.

- Deixo, eu sei que deixo. E adoro deixá-la assim... – Respondeu com um sorriso
malicioso. – Mete mais, vai...

- Por Deus...

A policial observava cada mínimo detalhe do corpo entregue da mulher. A morena


mantinha os olhos fechados enquanto a ponta de sua língua deslizava sutilmente por
seus lábios, umedecendo entre um gemido e outro. A pele bronzeada e macia
carregava o brilho do suor causado por todo calor provocado entre ambas. Camila era
a mais bela visão diante dos olhos de Lauren, e ninguém nunca mudaria isso.

- Porra, isso! – Exclamou sem qualquer controle. – Mais rápido...

A cada instante que se passava, Lauren sentia o corpo da latina implorar por mais. Os
sinais se tornavam cada vez mais evidentes, desesperados, ela queria mais e teria.

- Vire de costas para mim. – Ordenou a policial.

E de maneira obediente, ela virou-se, dando as costas para Lauren, que ofegava
diante da visão daquele corpo. Karla repousou o antebraço sobre a cabeceira, ainda
com os pulsos algemados, empinando-se de maneira exibida com o único intuito de
provocar sua policial.

- Assim?

Seus cabelos longos e ondulados caíram feito uma bela cascata sobre suas costas,
batendo na altura de sua cintura fina. Camila se moveu para frente e para trás,
chamando Lauren entre sussurros e sorrisos cínicos.

- Me come assim, eu adoro quando faz desse jeito.

Lauren se aproximou da morena, encaixando seu corpo perfeitamente ao dela.


Ergueu uma das mãos, levando-a entre as madeixas escuras e longas da morena,
segurando firme para que Camila virasse com o rosto de perfil.

- Adora? – Indagou em um sussurro rouco que fez o corpo de Camila se arrepiar por
inteiro.

- Muito.
As mãos de Lauren desceram pelo corpo da morena, parando primeiramente sobre os
seios, o qual apertou de forma gostosa, enquanto seu corpo roçava ao dela por trás.
Em seguida parou sobre a cintura, onde apertou com vontade, prendendo seu quadril
com o dela. De maneira provocante, a latina remexeu seu quadril, roçando com a
bunda sobre o sexo quente de Lauren. Que desceu com uma das mãos lentamente
até onde Camila mais ansiava.

Os dedos de Lauren deslizaram sobre a boceta de Camila, sentindo o liquido quente


umedecer sua pele. Ela massageou toda a região, e desceu até o centro, ameaçando
enfia-los ali.

- Mete, mete eles em mim agora.

- Adoro vê-la suplicar assim.

- Porra, só mete. Eu faço o que você quiser, mas preciso sentir teus dedos em mim.
Agora.

Lauren deslizou a outra mão pela coluna de Camila, do início ao fim, obrigando a
mulher a se empinar. A latina estava exposta, entregue, atendendo aos desejos de
uma mulher completamente perdida em meio ao tesão. Lauren levou a mão que
antes massageava o clitóris até a bunda de Camila, onde bateu com vontade,
arrancando um gemido surpreso e forte da morena.

- Caralho. – Ela ofegou. – Bate!

E ela prontamente obedeceu, marcando sutilmente a pele delicada. Em seguida,


deslizou a mão pela vermelhidão ali presente e desceu entre as nádegas, alcançando
a boceta encharcada. Ela não fez cerimônias, apenas introduziu dois dedos ali, até o
fundo.

- Puta merda, você fode tão gostoso. – Camila murmurou, movendo seu quadril a
cada investida contra seu sexo.

Os movimentos se tornaram gradativamente intensos, selvagens, ela atendia a cada


sinal dado pela latina a frente. Lauren já não tinha mais controle de si, estava tomada
pelo tesão que a consumia. Camila sentia sua boceta sendo preenchida pelos dedos
da mulher, que entravam e saiam em uma sincronia enlouquecedora. Estava
incrivelmente molhada, ou melhor, encharcada, almejando pelo ápice que tão logo se
apresentaria. Ela forçava seu quadril a cada estocada, emitindo gemidos e palavras
sujas, enquanto o suor escorria pelo corpo de ambas. Lauren sabia exatamente o que
e como fazer para levar Camila ao ápice. Conhecia o corpo daquela mulher como
ninguém.

- Se continuar assim, eu vou gozar... – Seu gemido era arrastado, rouco.

- Eu quero que goze enquanto te faço minha assim...

Ela arqueou a cabeça, fechou os olhos, sentindo sua boca secar. Os


movimentos faziam seu corpo ir para frente e para trás com tamanha rapidez,
aumentando o calor vibrante em si. As algemas marcavam seus pulsos, enquanto
seus dedos se prendiam a cabeceira da cama, segurando-se firmemente por puro
instinto. Camila estava indo em direção ao clímax.

- Porra!

E foi então que a policial sentiu seus dedos sendo apertados no interior daquele sexo.
Ela os estocou por diversas vezes, ainda ouvindo os gemidos prazerosos de sua
mulher, que se derretia em pleno gozo. Ver Camila mergulhar em um orgasmo de
maneira tão intensa como aquela trouxe Lauren para o mesmo caminho, sentindo as
mesmas sensações de um prazer imensurável. Estavam as duas ali, comemorando a
grande vitória em um jogo perigoso com o ápice do prazer.

[...]

[Inicie Found You – Austin Mahone]

Depois de certo tempo, ambas se renderam ao cansaço. Camila se acomodou


perfeitamente ao corpo de Lauren, repousando sua cabeça em um dos ombros da
policial, que agora lhe envolvia em um abraço carinhoso. Estavam suadas, ofegantes
e muito satisfeitas.

- Não tenho força para sequer pensar em levantar daqui, está feliz? Como vou
trabalhar dessa maneira?

Camila abriu um largo sorriso, enquanto deslizava a ponta dos dedos suavemente
sobre o braço de Lauren como se estivesse fazendo pequenos desenhos em sua pele.

- Não vá, fique comigo a noite inteira.

- Confesso que essa é a minha única vontade, mas infelizmente não posso, amor.
A latina suspirou forte e encarou os olhos verdes a sua frente. Ela tinha um sorrisinho
no canto da boca, evidenciando o quão feliz estava.

- Por que está me olhando assim?

- Você me chamando de amor.

- Ao contrário de você, não sinto vergonha em dizer.

- Eu não tenho vergonha! – Retrucou. – Só não tenho costume, quer dizer, nunca
chamei alguém assim com sentimentos reais. Você foi a primeira.

- Nunca se apaixonou, sra. Collins? – Provocou.

Camila sentia-se incrivelmente nervosa com tais perguntas. Talvez nem mesmo os
interrogatórios policiais a deixavam tão exposta daquela forma.

- Não, é a primeira vez. Acho que eu não tive muitas coisas que qualquer pessoa tem.

- Como o que?

Lauren deslizou a mão sutilmente pelas costas da morena em um carinho preguiçoso.


A conexão construída entre elas trazia uma mistura perfeita de sensações. Camila e
Lauren poderiam ser fogo ardente, mas ainda se encontravam em calmaria.

- Uma vida normal, Lauren. – Murmurou em um tom melancólico. – Sem mentiras,


disfarces ou vingança.

A policial levou sua outra mão ao rosto da morena, conduzindo-o em direção ao seu.
A meia luz do quarto dava aos olhos de Lauren um brilho atraente, profundo, que
prendia Camila de uma maneira fora do comum.

- Você poderá ter agora, Camila. E se quiser, eu estarei do seu lado para viver tudo
isso.

- Gosto do seu lado romântico, Jauregui. – Respondeu com uma risadinha.

- Não me faça ficar com vergonha! Argh! Odeio você, Camila. – Ela tentou se
desvencilhar. Lauren sentia as maçãs de seu rosto corando violentamente.

- Pare! Sério! – Camila a segurou e riu. – Eu estou falando sério!


- Você está zombando de mim. – Resmungou com o cenho franzido, enquanto
tentava sair dos braços da mulher.

- Não estou! Eu realmente gosto. – Camila respondeu serenamente. -


Gosto de me sentir importante para você, não só de uma maneira sexual. Me faz
sentir viva e esperançosa por algo melhor em uma vida tão conturbada como a
minha.

- Isso acabou, Camila. Viramos essa página hoje. Você pode voltar a ser aquela
mulher de antes.

A latina sorriu e negou com a cabeça.

- Eu nunca mais serei a mesma.

- Por quê?

- Não posso voltar no tempo ou apagar tudo que vivi. Está tudo aqui, marcado dentro
de mim. Não tenho como recuperar a Camila de anos atrás, mas posso ser alguém
melhor, muito melhor do que fui durante os últimos anos.

Camila fechou os olhos e recebeu o carinho sutil das mãos de Lauren sobre seu rosto.
Os lábios da morena repousaram sobre sua face seguidas vezes fazendo com que ela
risse baixinho.

- Então seja... – Lauren sussurrou. - Seja por você, por Dinah, por Charlie e por mim.

A mulher abriu os olhos, deparando-se com aquela imensidão esverdeada a sua


frente. Eram tão intensos e verdadeiros, traziam uma sensação aconchegante de lar.
Lar esse em que Camila precisava se abrigar.

- Nunca vou poder agradecer completamente por tudo que fez por mim.

- Só quero ver você feliz.

- Eu te amo tanto. – Murmurou em meio a um suspiro.


- Eu te amo muito mais. – Respondeu, antes de beijar os lábios da morena
carinhosamente. – E estarei aqui para proteger você.

Lauren a abraçou fortemente, sentindo os batimentos acelerados contra seu peito. De


uma maneira estranha, sentia-se extremamente feliz e ao mesmo tempo receosa.
Talvez fosse apenas a consequência de um dia tão tumultuado de emoções como
aquele. Agora ela sabia que tudo mudaria. Aquela página finalmente estava sendo
virada, e um destino completamente diferente estava sendo traçado.

Depois de longos minutos, Lauren ouviu a respiração da morena soar serena, ela
estava dormindo tranquilamente em seus braços. A policial permitiu-se observá-la por
alguns instantes, enquanto pensava em todos os sentimentos que nutria por aquela
mulher.

Foi incrível como tudo aconteceu. De certa forma, o destino as uniu, da maneira mais
improvável e perigosa de todas. Lauren a amava de um jeito tão puramente
verdadeiro que já não conseguia imaginar um futuro onde ela não se fizesse
presente. Ela a queria, não mais como amante. Tal posição não cabia mais naquela
relação. Estava disposta a mudar aquele quadro e faria isso naquele mesmo dia,
como prova perfeita de um novo começo.

- Será um recomeço, Camila. – Sussurrou.

Passados alguns minutos de descanso, Lauren se desvencilhou delicadamente dos


braços de Camila, precisava retornar à delegacia, ainda tinha um plantão para
cumprir. E mesmo contra sua vontade, deixou a bela morena adormecida na cama.
Reuniu todas as roupas espalhadas pelo chão e seguiu em direção ao banheiro. Logo
após uma ducha fria, vestiu suas roupas e voltou ao interior do quarto.

- Tem mesmo que ir? – Indagou Camila em um tom de voz sonolento, o que fez
Lauren sorrir.

A mulher permaneceu parada na soleira da porta por alguns minutos, apenas


admirando o quão bela era a mulher que amava, em seguida, se aproximou,
deitando-se ao seu lado na cama outra vez.

- Está fria. – Resmungou.

- Preciso, mesmo quando minha vontade é de ficar nessa cama com você a noite
inteira.

Camila bufou amuada, arrancando um risinho baixo de Lauren, que se inclinou para
frente, depositando um beijo carinhoso em sua boca.

- Venha tomar café da manhã comigo então?

A latina encontrava-se tão sonolenta que sequer abria os olhos para falar.

- Claro que sim, me espere bem linda para o café da manhã. Terei uma surpresa para
você.

- Surpresa? – Ela abriu os olhos.

Um sorriso largo enfeitou a boca de Lauren, que tão logo se afastou.

- Bom, sim.

- Me conte agora. – Ela se sentou na cama e coçou os olhos preguiçosamente.

- Nada disso!

- Odeio ficar curiosa, Lauren...

- Logo irá descobrir. Será o início desse recomeço.

Camila franziu o cenho de forma confusa, talvez o sono estivesse retardando seus
pensamentos.

- Agora eu preciso ir. Vista-se. – Lauren murmurou, antes de roubar um beijo rápido
da morena.

Antes mesmo que Camila pudesse retrucar, Lauren se adiantou e saiu da suíte da
mansão Collins. Não queria ser fraca o suficiente para desistir e ficar nos braços de
sua mulher. A casa agora encontrava-se mergulhada em um silêncio completo, sendo
parcialmente iluminada pelas lâmpadas dos cômodos abertos. Desceu em direção a
sala de estar, vendo as taças de vinho acompanhadas de algumas garrafas sobre a
mesinha de centro.

Nenhum sinal de Dinah ou Normani, talvez devessem estar em algum dos quartos ou
resolveram seguir juntas para casa. Capturou as chaves de seu carro, dando uma
última olhada nos cômodos para só então se retirar. Lauren carregava um sorriso
satisfeito e alegre em seu rosto, estava feliz. Os planos daquele recomeço se
encontravam cada vez mais vivos em seus pensamentos.
- Espero que goste da surpresa. – Sussurrou ela antes de entrar em seu carro.
Capítulo 39 - Fim do reinado.

Pensaram que tinha acabado? Agora que as coisas vão ficar quentes...

Para esse capitulo, indico uma musica.

Dusk Till Dawn - Zayn feat. Sia.

Narrator's point of view

- Entre nessa porra! – Exclamou um dos policiais.

Christopher fechou os olhos, tentando se controlar diante de tamanha ignorância do


agente que o conduzia, mas logo foi empurrado firmemente para o interior do furgão
da polícia. Os homens, devidamente armados, algemaram seus pulsos e o colocaram
em um dos bancos traseiros. Depois de sentenciado pela justiça, Collins estava sendo
transferido para a prisão de Downstate, onde cumpriria quarenta e dois anos de pena
por seus crimes.

- Poderíamos estar em casa, mas temos que levar esse fodido para a prisão.

- Não reclame tanto, Bryan! Deixamos ele lá e voltamos para a cidade.

- Soube que é um empresário importante, veja só onde vai terminar a vida. –


Zombou o loiro mais alto, enquanto ocupava seu lugar no banco do passageiro.

- Eu li sobre o caso dele. Ouvi dizer por aí que a mulher dele o colocou atrás das
grades, acredita? Vi a foto dela no jornal e por Deus! – Comentou o moreno mais
baixo, acomodando-se no banco do motorista.

- Ela é uma gostosa! Bem que eu adoraria tê-la para mim. Você deixa, não é, amigo?
Agora que vai morrer em uma cela, eu posso fazer seu papel. – O loiro riu
debochado.

Collins permaneceu intacto sobre o banco. Parecia perdido ou concentrado demais em


seus próprios pensamentos. Era um tanto assustador seu estado psíquico, visto que
tudo se restringia a seus novos planos, que logo se realizariam. Ele tamborilou com a
ponta dos dedos sobre sua coxa, enquanto cantarolava baixinho. Sua cabeça
perturbada relembrava cada instante ao lado de sua esposa, dando ênfase a cada
mínimo detalhe presente nela. Camila havia se tornado o único alvo dos desejos
daquele homem, e ele não descansaria até tê-la outra vez.

- Vamos para sua nova casa, rei. – Zombou o policial, seguido por uma risada.

O caminho seria longo, mas Collins não parecia se importar. O horário dava aos
policiais um trânsito ameno, visto que iam pela madrugada adentro. Collins começou
a bater com os pés no canto do furgão, causando um barulho contínuo e irritante.

- Quer parar com essa merda? – Exclamou o loiro.

O homem continuou, enquanto observava o painel do carro entre a divisória da


cabine e a área da traseira do furgão. Passava da primeira hora da madrugada, e o
GPS indicava que o carro já havia saído do centro da cidade. Ele continuou a bater
com o pé, aumentando a frequência das batidas em um ato de baderna. O lugar pelo
qual seguiam era deserto e um tanto escuro.

- O que esse fodido pensa que está fazendo? – O outro exclamou, irritado.

- Ele quer morrer antes de chegar na prisão!

Christopher batia com mais força, tornando o barulho insuportável. Ele via
parcialmente o brilho de faróis pela janela escura do automóvel, indicando que o jogo
ainda estava acontecendo.

- Merda! Pare agora! – O homem apontou a arma para o detento, que continuava
com toda desordem. – Eu vou matar esse filho da puta!

As batidas ficaram mais fortes, agora em vários lugares. Collins sorria de uma
maneira perturbadora, e quando o policial tomou impulso para abaixar a divisória
entre as cabines, o carro foi violentamente batido na lateral, fazendo com que o
policial presente no volante freasse bruscamente.

- Quer porra é essa?! – Murmurou o agente assustado, parando o veículo


no meio da estrada deserta.
- Acelere, caralho! – O policial ao lado gritou.

- Saíam do carro agora! – Um dos homens abriu a porta do veículo, puxando o policial
com força.

O motorista arregalou os olhos e puxou a pistola para atirar no desconhecido, quando


foi atingido por dois tiros no peito.

- Não! Me solte! – Gritou o loiro desesperado, quando o grupo de homens o rodeou.

- Tirem o corpo do carro!

Collins se levantou do chão do furgão, sentindo uma dor aguda no canto de sua
cabeça. Com a forte batida do carro, seu corpo foi arremessado no chão com força,
presenteando-lhe com um corte pequeno na sobrancelha.

- Quem são vocês? – Gritou o policial estirado no chão.

O homem sorriu de canto e pisou com o coturno com força no peito de Bryan, que
gemeu de dor.

- Não interessa, meu caro. É melhor ficar quieto se não quiser morrer logo. –
Murmurou enquanto apontava o cano do fuzil em direção ao rosto do policial. – Abra
o furgão! – Ordenou para o capanga que estava ao seu lado.

O homem de estatura mediana, fez um breve aceno com a cabeça e seguiu ao lado
de outros dois rapazes para a porta traseira do veículo. Com algumas ferramentas, a
porta do furgão foi arrombada de uma só vez.

- Estão atrasados. – Murmurou Collins ao passar pelas portas do furgão, pisando


sobre a estrada de areia. – Tirem isso.

- Não façam isso, filhos da puta! – Gritou o policial, antes de ser chutado outra vez. –
Vocês merecem morrer!

Com uma das ferramentas, o capanga partiu a corrente entre a algemas, dando
liberdade aos braços de Collins. Ele encarou seus próprios pulsos, sentindo uma dor
sutil nas áreas vermelhas em sua pele. O homem com uma postura impecável
caminhou lentamente até o policial estirado no chão empoeirado.

- O que vamos fazer com ele?


Christopher olhou em volta por certo momento, antes de solicitar a pistola presa à
cintura do mais alto a sua frente. O capanga com o cenho franzido estendeu a arma
na direção do empresário, que logo a capturou. Ele tinha um sorriso malicioso no
canto dos lábios, combinando perfeitamente com seu olhar perturbado.

- Apenas um recado. – Disse ele diabolicamente. – Acabou para você.

O barulho dos disparos soou firme, bem como o impacto brutal sobre o corpo do
policial. As perfurações logo expeliram o sangue vivo, espalhando-se no chão.

- Levem o furgão pelo caminho indicado no GPS, o carro é rastreado, e eu não quero
que ele seja encontrado antes do amanhecer, entendeu?

- Sim, senhor. – O homem respondeu. – Tem certeza que não possui câmeras de
segurança?

- Absoluta. Meu advogado pagou um dos agentes internos para me colocar em um


dos carros mais antigos, e, por sorte, o sistema de câmeras desse está desativado. –
Collins murmurou tranquilamente. – Onde está o carro? Trouxe as roupas?

- Sim! Está tudo ali.

- Perfeito. Procure o John, ele está com seu pagamento. Espero que aproveite a
quantia.

- Se precisar dos meus serviços outra vez é só chamar. – Exclamou o capanga


quando Collins seguiu o caminho até o carro parado ao fundo.

- Não precisarei, eu posso terminar isso com as minhas próprias mãos. – Disse ele
com um sorriso.

[...]

O caminho pareceu curto, quase mínimo diante da ansiedade por aquele momento.
Christopher seguiu com velocidade pelas ruas nova-iorquinas até enfim chegar a seu
destino final: a tão exuberante mansão Collins. O carro simples parou em frente ao
portão principal e logo foi aberto por um dos seguranças de confiança de Christopher.
O homem não fazia a menor ideia das intenções de seu chefe, mas se colocou à
disposição em troca de uma bela quantia em dinheiro. As poucas economias
trancafiadas nos cofres no exterior financiaram o plano final do rei.

- Ela está aí dentro?

- Sim, senhor. Está sozinha.

O segurança encarou o olhar diabólico do homem e temeu por sua decisão, mas
agora não poderia simplesmente voltar atrás, apenas permitiu sua entrada e em
seguida abandonou o posto, com receio pelo que estava por vir. Collins deixou o
carro, equipado com todos os objetos deixados pelos capangas, e adentrou sua casa.
O homem se sentia poderoso, forte, como nunca havia se sentido antes. Era como
retornar à batalha em grande vantagem contra o inimigo. Daquela vez, ele tinha a
melhor estratégia.

- Lar, doce lar. – Murmurou após respirar fundo.

O silêncio o obrigava a ser incrivelmente cuidadoso, não queria despertar a fera antes
do espetáculo final. Christopher caminhou lentamente até o meio da sala de estar,
observando atentamente a bagunça ali instalada. Capturou delicadamente uma das
taças de vinho, imaginando quem ali teria tomado. As opções não foram de seu
agrado, visto o ciúme excessivo que o dominava. Ele apertou o material com certa
força, mas logo afastou aqueles pensamentos que o perturbavam. Abandonou a taça
vazia e se serviu de uma boa dose de whisky, que bebericou lentamente. O líquido
escorreu ardente por sua garganta, dando impulso para suas vontades tão vibrantes.

O homem perdeu alguns minutos observando cada mínimo detalhe daquele lugar,
como se recordasse cada instante de todos os anos que foi perfeitamente controlado
por aquela mulher. Camila, ou o próprio diabo, como ele gostava de pensar, o
manipulou de forma minuciosa, dissimulada, e, sobretudo, astuciosa. E mesmo tendo
total conhecimento daquilo, ainda se via perdidamente preso a ela, como se a bela
mulher fosse a única coisa que lhe restava na vida. Christopher não estava
apaixonado por Camila, ele estava obcecado por ela, e nem mesmo todo o mal que
ela causou a ele foi capaz de despertar o seu desprezo, pelo contrário, despertou o
sentimento doentio que lhe preenchia o interior.

- Você não devia ter feito isso comigo, querida. – Sussurrou enquanto deslizava a
ponta dos dedos sobre o porta-retrato repousado sobre a mesinha no canto da sala. –
Eu a amei tanto, e você me traiu.

Ele meneou a cabeça em um sinal negativo, sentindo-se profundamente magoado por


tal traição. Suspirou, cansado, mas logo voltou à entrada da casa, onde apanhou
quatro galões de gasolina, levando-os para o interior da mansão. Collins sabia que
não lhe restava sequer esperanças de um futuro em liberdade e não se importava
mais com isso. Sua única vontade desde o momento em que se viu dentro de uma
cela foi encontrar-se com sua bela esposa e sentenciar sua vida ao lado dele para
sempre, e era exatamente isso que faria.

- Iremos nos encontrar no inferno, Camila. – Ele riu diabolicamente. - Bem como
deve ser.

O líquido inflamável foi arremessado pelo piso de madeira de lei, espalhando-se por
todos os cantos por onde ele caminhava. O sentimento de satisfação o consumia,
como se finalmente pudesse realizar seu sonho, teria Camila e todo seu patrimônio
unicamente para ele. Ninguém mais os teria, nem mesmo Lauren.

- Estou chegando, querida. – Disse ele após acabar o segundo galão sobre os móveis
e cortinas espalhados pela casa.

Christopher capturou os dois galões restantes e seguiu em direção aos outros


cômodos. Em sua cabeça tudo que se passava naquele instante era por quanto tempo
Camila o traía. Em quantos lugares ela teria se deitado com a policial enquanto ele
dormia? Estava enfurecido, sentia-se enganado, mas não deixaria barato. Lauren
nunca mais tocaria em um fio de cabelo de sua mulher.

- Vagabundas.

Após esvaziar os galões de gasolina, Christopher voltou à sala principal, sentindo o


cheiro de combustível espalhado por todo ambiente. Sorriu, satisfeito, capturando seu
copo de whisky, repousado ao lado de dois pequenos objetos. O homem seguiu em
direção à escadaria, parando no primeiro degrau, voltando seus olhos para o restante
da casa, certificando-se de que tudo estava a seu gosto. Collins sentia-se nervoso, no
fundo o medo ainda o dominava, mas encontrava-se profundamente mergulhado em
ódio, todas as consequências de seus atos insanos se resumiriam a ter Camila
somente para ele. Ele enfiou a mão em um dos bolsos, retirando um pequeno isqueiro
prateado, que ele acendeu brevemente. A chama vibrante balançou graciosamente
com o vento, enquanto Collins a encarava, hipnotizado. Para ele, aquela seria sua
grande vitória, e ninguém poderia mudar isso.

- Eu sou o rei, Camila. – Foram suas breves palavras antes de arremessar o objeto
sobre o chão umedecido.
O material inflamável logo deu vida ao fogo intenso. As chamas se espalharam com
uma rapidez absurda, transformando a mansão Collins em uma imagem perfeita do
inferno. Christopher sorriu, entusiasmado, enquanto o fogo se alastrava por cada
mínimo pedaço daquela casa. Ele sentia seu coração bater descontrolado dentro do
peito, enquanto sua cabeça se perdia em frenéticos pensamentos. O empresário
virou-se em direção a escadaria, e subiu lentamente até o corredor extenso que o
levaria até a suíte principal. A porta se encontrava parcialmente encostada, facilitando
ainda mais seu trabalho. Ao adentrar o cômodo grande, logo percebeu o corpo de sua
esposa repousado serenamente sobre a cama. Camila ainda dormia um sono
profundo, à espera de Lauren no café da manhã.

Ele se aproximou, observando o corpo seminu, coberto pela lingerie delicada,


acompanhada do robe preto que combinava perfeitamente para ela. Um sorriso se fez
presente em sua boca, enquanto recordava todas as noites que possuiu seu corpo a
seu bel-prazer. O barulho no primeiro andar começou a aparecer, os objetos
começaram a se destruir gradativamente, enquanto naquela suíte tudo ainda parecia
normal. Christopher repousou uma rosa solitária sobre o criado-mudo e se afastou,
sentando-se em uma poltrona do outro lado do quarto.

Passado alguns minutos, os barulhos se intensificaram. O primeiro andar da mansão


Collins agora estava completamente tomado pelo fogo destruidor. Camila se remexeu
sobre o colchão, estranhamente inquieta. Sentindo seu coração apertado, acelerado.
Aquela maldita sensação ruim havia voltado, trazendo consigo os sinais vivos da
insônia. Ela abriu os olhos vagarosamente, enquanto se espreguiçava sobre os lençóis
que ainda tinham o perfume de Lauren. Um sorriso instantâneo, quando enfim
avistou a flor solitária repousada sobre o criado-mudo.

- Gostou, meu bem?

A voz rouca ecoou pelo ambiente, fazendo Camila saltar da cama em um solavanco. O
quarto escuro impedia que ela tomasse conhecimento do rosto, mas não precisava de
mais características para ter certeza de quem se tratava.

- O que...- As palavras pareciam ficar presas em sua garganta. - O que diabos está
fazendo aqui?!

- Não está feliz em ver seu marido? – Indagou ele, saindo em meio à escuridão.

- Isso só pode ser um pesadelo... – Ela fechou os olhos diversas vezes em uma
tentativa ineficaz de acordar.
- Não me magoe desse jeito, querida. Eu vim até aqui especialmente para te
encontrar. E é assim que sou tratado? – Murmurou, visivelmente ofendido, enquanto
caminhava na direção dela.

Ela recuou alguns passos, enquanto sentia seu corpo inteiro tremer. Camila
simplesmente não conseguia reagir, estava paralisada pelo medo que a governava.

- Não sabe o quanto esperei por esse momento. Achou mesmo que eu deixaria você
sair impune? Não, meu amor. Eu voltei para mostrar que pessoas como nós devem
ficar juntas.

- Você está louco! Não faça nada que vá se arrepender, Collins. –


Ameaçou.

- Não tenho absolutamente nada a perder, Camila.

Camila sentia seu peito subir e descer em uma respiração pesada, espessa, enquanto
seus olhos buscavam por algo para se defender. De forma repentina, um estrondo
brutal surgiu do primeiro andar, fazendo a mulher se abaixar assustada. Uma
explosão, seguida pelo estilhaçar das vidraças, era tudo que se podia ouvir.

- O que diabos você fez? – Gritou.

Quando a mulher tomou impulso para correr para longe, o homem a segurou
firmemente pelo braço, puxando seu corpo com força para o chão. Camila espalmou
as mãos sobre o chão, tentando se levantar.

- Vai me pagar por tudo que me fez, vagabunda! Não tem para onde fugir, a não ser
que queira morrer no meio do fogo.

Ela se arrastou pelo piso amadeirado, enquanto seus batimentos se descontrolavam


dentro peito. Collins se aproximou rapidamente, puxando-a pelo braço outra vez.
Camila se debateu em uma tentativa de se desvencilhar, mas os braços fortes do
homem a seguravam com força, impedindo-a de sequer se mover.

- Me solta! Oh, meu Deus! Socorro! – Esbravejou desesperada.

- Não adianta gritar, rainha! Somos só nós dois!


O corpo da latina foi arremessado com força contra a cama, e quando ela pensou em
se levantar, Collins se aproximou, prendendo seu corpo junto ao dela.

- Está tão bonita hoje. Foi para sua amante que se arrumou assim, não foi? Fodeu
com aquela vagabunda na minha cama?! Na minha casa! – Ele gritou, fazendo ela se
encolher entre seus braços.

A fumaça escura começou a invadir o quarto, o fogo agora se alastrava pelo segundo
andar.

- Me solta, porra! – Ela gritava, esperneando-se em seus braços.

- Eu devia matar aquela mulher, eu devia fazer você sofrer novamente com a dor da
perda! Mas eu não ia sujar minhas mãos quando eu posso ter você só para mim,
hum? Você é minha, Camila. – As mãos grandes e firmes de Collins deslizaram
maliciosamente sobre a pele bronzeada da mulher.

Camila fechou os olhos sentindo seu perfeito arfar. Estava ficando sem forças para
relutar. O grito desesperado estava morrendo em sua garganta a cada segundo que
se passava.

- Não, não... – Ela murmurou em estado agonizante.

Collins segurou firme em seus punhos enquanto sua outra mão subia lentamente
pelas coxas expostas da morena. Aquilo não poderia terminar assim, a luta de uma
vida não poderia ter sido em vão. Ela fechou os olhos, enquanto um turbilhão de
imagens passava no interior de sua cabeça. Camila sentia vontade de chorar em
desespero, medo, e, sobretudo, revolta. O empresário soltou seus punhos para
agarrar o pescoço da mulher com uma só mão.

- Infeliz! Me largue agora! – Ela gritou, enfurecida.

Ele riu debochado, apertando os dedos ao redor daquela região. Camila engasgou-se,
enquanto sentia o ar sumir de seus pulmões a cada segundo nas mãos daquele
homem.

- Você não pode me vencer, Camila. Morrerá pelas mesmas mãos que tiraram a vida
de seu protetor.

Karla fechou os olhos, sentindo a revolta dominar seu interior. Ela sabia que não tinha
escapatória, estava fadada a encerrar seu reinado aquela noite; mas não iria sozinha,
estava determinada a arrastar Christopher para o inferno junto de si. A morena puxou
o ar com dificuldade para seus pulmões enquanto sua visão ganhava um embaçado
desesperador. Ela inclinou o rosto para o lado enquanto arrastava os braços pelo
colchão com o restante das forças que ainda habitavam em seu corpo. Foi quando o
objeto dourado reluzente foi descoberto. Em um sopro de esperança, ela esticou o
braço, enquanto os olhos penetrantes de Christopher a encaravam vitoriosos e
doentios.

- O jogo está acabando.

Com a ponta dos dedos, ela tocou o objeto frio, puxando brevemente o lençol para
que a arma viesse a seu encontro. Ao tomar posse da pistola, segurou firme para
bater com firmeza sobre a cabeça do criminoso, que urrou em dor, afastando-se de
uma só vez. Camila levantou seu corpo rapidamente, e, quando apontou a pistola em
direção a seu inimigo, foi puxada para o chão, fazendo com que arma caísse.

- Não!

- Está passando dos limites! – Gritou ao puxá-la com força.

Um grito de dor escapou por sua garganta quando ele a acertou com um tapa forte
no rosto. O sangue escorreu por seus lábios, mas ela não desistiu. Seus braços ainda
o empurravam, estapeavam, com o restante das forças que ainda possuía. Collins a
bateu outra vez, antes de tirar o revólver de sua cintura e apontar para o rosto de
Camila. Ela ofegou, enquanto ainda tentava se soltar. Mesmo de longe, a latina
conseguia ver as labaredas de fogo invadindo o corredor. Não havia saída, aquele era
o fim.

- Você poderia ter ficado do meu lado, mas escolheu o pior caminho.

Christopher tremia, totalmente descontrolado. As gotas de suor escorriam por sua


testa, enquanto seu olhar doentio se mantinha fixado sobre o rosto machucado de
Camila. O fogo havia começado a invadir o quarto, espalhando-se rapidamente pelas
cortinas e moveis.

- Eu nunca ficaria ao lado de um verme com você! – Esbravejou furiosa ao cuspir no


rosto dele

- Vadia! – Esbravejou furioso, enquanto direcionava o revolver para o rosto de sua


mulher.
- Você perdeu tudo para mim, Christopher! O xeque-mate sempre será meu.

Camila Collins observou o exato momento em que ele repousou o dedo sobre o
dispositivo do revólver, engatilhando em sua direção. Ela permaneceu imóvel,
encarando-o com autoridade, mesmo quando seus pensamentos explodiam frenéticos
no interior de sua cabeça. De certa forma, ela se sentia preparada para aquele
momento, como esperasse pelo fim de seu reinado. Esteve ciente das possíveis
consequências daquele jogo perigoso quando o iniciou, e não se via arrependida. Ela
não se importava com a morte, mas com o que ela provocaria. Naquele momento, um
único rosto tomou sua mente, fazendo com que seu peito arfasse pesado, dolorido.
Os momentos ao lado de Lauren vieram como uma sequência de imagens torturantes
em um espaço mínimo de tempo, fazendo-a perceber que mesmo com a morte, ela
estava salva. Lauren havia a salvado, e consagrado sua vitória.

- Acabou.

Uma explosão, seguido pelo desabamento de uma parte da casa deu início ao fim.

[...]

Lauren arrastou o mouse delicadamente para baixo, enquanto seus olhos se


mantinham atentos a todos os modelos do objeto exibido na tela do computador. A
mulher estava incrivelmente focada em encontrar aquele que se encaixaria com
perfeição ao gosto de Camila. Depois de horas ao lado da latina, ainda conseguia
sentir falta de sua presença, como se nunca mais fosse vê-la. Ela se sentiu estranha,
mas nada fez, suspirou, ignorando tal pensamento. Não iria incomodar o sono da
mulher, para simplesmente ouvir sua voz, iria?

"Eu preciso falar, me deixem passar!"

A policial franziu o cenho, vendo uma movimentação alvoroçada ao lado de fora,


quando Iglesias adentrou a sala como um furacão. Estava assustada, e sem qualquer
coloração em seu rosto.

- Lauren!

- Por Deus! Você quer me matar? – Indagou a policial com a mão sobre o peito.

- Você precisa ir... – exclamou nervosa, enquanto buscava palavras para proferir. –
Um incêndio! Um incêndio enorme!
Iglesias tremia enquanto desatava a falar sem parar. Lauren ergueu seu
corpo da cadeira rapidamente, aproximando-se de sua melhor amiga sem entender. A
oficial se encontrava transtornada, trazendo a Lauren um semblante confuso.

- Vero, se calme! Se está acontecendo um incêndio, precisamos acionar o corpo de


bombeiros! – A morena de olhos claros murmurou tentando acalma-la.

- Você não entende!

- Eu entendo! Mas não podemos cuidar desse departamento! – A agente retrucou,


passando pela porta. – Eu vou acionar os bombeiros, me passe o endereço.

Lauren caminhou apressadamente pelo corredor da delegacia, quando a voz de


Veronica ecoou pelo ambiente silencioso até seus ouvidos.

- Um incêndio na mansão Collins! – Ela vomitou as palavras de uma só vez.

[Inicie – Dusk Till Dawn – Zayn feat. Sia]

Naquela fração de segundos, Lauren sentiu seu corpo inteiro esfriar, como se seu
sangue tivesse estagnado no interior de seu corpo. Ela engoliu em seco,
completamente imóvel, sem reação. A notícia caiu como uma bomba sobre sua
cabeça. Os olhos de Veronica se fizeram melancólicos e trêmulos, quando um estalo
fez a policial despertar.

- Camila...

A imagem de Camila no meio das chamas, despertou a policial em um solavanco em


direção a saída da delegacia. Lauren desceu as escadarias em passos apressados,
aproximando-se de um dos soldados que foi bruscamente empurrado para longe,
para que ela ocupasse o interior da viatura lá estacionada.

- Lauren! Você não pode dirigir assim! – O homem exclamou ao passar pela porta da
delegacia.

A mulher virou a chave na ignição do veículo, e acelerou o máximo que pode, fazendo
os pneus cantarem estridentes sobre o asfalto. Ela não se importava o que aquilo
poderia lhe acarretar, seu único pensamento agora, era em como precisava salvar a
mulher que amava.
- Não, não, não... – Murmurou desacreditada. – Camila, me diz que você está bem!

O carro corria em velocidade máxima, ultrapassando todos a sua frente sem qualquer
cuidado. A americana mantinha os olhos marejados e firmes a frente, enquanto seus
pensamentos lhe torturavam com todas as opções que poderia encontrar. Ela sentia
seu peito arder, acompanhado daquela maldita vontade de chorar.

- Eu não devia ter deixado você sozinha! Isso é culpa minha... – Exclamou em meio
as lagrimas que escapavam de seus olhos. – Minha culpa. – Ela bateu com força
contra o volante diversas vezes.

A oficial sentia o ar lhe faltar, enquanto os soluços de seu choro angustiado


escapavam por sua garganta violentamente. Seu pé encontrava-se inclinado sobre o
acelerador, obrigando o automóvel trabalhar a todo vapor, mesmo quando o mesmo
não tinha tanta capacidade assim.

- Merda! Merda! – Gritou.

"O furgão encaminhado para a penitenciaria foi encontrado ao leste da cidade. O


detento Christopher Collins está foragido! Dois policiais foram mortos a tiros" –
Exclamou um dos policiais pelo rádio preso ao painel, comprovando que seus
pensamentos estavam certos. Ele estava destinado a se vingar.

"Viaturas sigam em direção a mansão Collins, temos um incêndio completo."

- Me diz que você está viva... – Ela chorou, virando a esquina com o carro
rapidamente. – Por favor...

Os carros ao redor buzinavam alvoroçados pela maneira desenfreada como Lauren


conduzia a viatura em meio as avenidas nova iorquinas. O veículo atravessou o centro
da cidade, excedendo todo limite de velocidade permitido em lei, ultrapassando
semáforos fechados, e placas de transito sem sequer se importar com o que aquilo
poderia causar. Lauren diminuiu a velocidade, e fechou os olhos por breves segundos,
afastando as lagrimas teimosas que lhe impediam de enxergar, quando barulho
estridente dos pneus roubou sua atenção, obrigando-a a pisar no freio bruscamente.
E de maneira repentina, ambos os carros se chocaram parcialmente, fazendo com que
a viatura rodopiasse sem controle pelo meio da avenida, até se chocar contra um dos
postes.
A agente olhou ao redor completamente perdida, vendo todos os outros
carros a seu redor. Seus olhos foram de encontro ao GPS, que indicava a distância
exata até a casa em chamas. Ela suspirou, sentindo o corte aberto no supercilio, mas
não se importou, visto que tão logo abandonou o veículo sobre os protestos
enraivados dos envolvidos no acidente, para correr enlouquecidamente pelas ruas,
em busca de encontrar Camila viva. Ela sentia as lagrimas banharem seu rosto,
enquanto recordava dos momentos que antecederam aquela tragédia. Recordou
precisamente do sorriso largo de Camila, seguido pelas declarações tão verdadeiras.

"O que sente, Camila?

Seus olhos que até então encaravam o nada, voltaram aos meus, balançando-me o
interior.

- Eu sinto que sou perdidamente apaixonada por você, agente Jauregui."

Lauren estava sendo invadia violentamente pelas lembranças de Camila, enquanto


buscava forças para continuar a correr. Seu peito ardia com a falta de ar, mas nada
lhe faria parar. Ela só precisava encontrá-la.

"- Não me parece tranquila, o que está acontecendo?

- Eu estou bem, amor. – Camila respondeu.

- Amor?

- Ai, não...

- A toda poderosa rainha me chamou de amor? É isso mesmo?

- Foi um deslize!

- Aham, sei que está contando os minutos para assumir nossa relação publicamente.
Quer sair de casalzinho pelas ruas com suas amigas? Depois que fez amor gostosinho
comigo, ficou toda romântica."

- Você não pode me deixar agora... – Ela sussurrou ofegante em meios as lagrimas,
quando enfim parou diante a casa monumental completamente tomada pelo fogo.

"- Então obrigada, por tudo. Eu quero que saiba que você foi a melhor coisa que me
aconteceu desde o momento em que perdi o Charlie. Você é a razão para eu querer
sair dessa história, e ter uma vida feliz.

- Por que está falando tudo isso agora? Não fale assim, parece que está se
despedindo...

- É uma despedida."

Lauren sentiu o chão sumir por de baixo de seus pés, ao presenciar a destruição
daquele lugar. Uma parte da casa estava desabando, enquanto os carros de
bombeiros e soldados tentavam conter o fogo que inundava o ar com a fumaça
escura. Ela sentiu seu pulmão esvaziar, e o sangue inteiro do seu corpo parar.

- Camila...não pode ser...

Ela correu entre o aglomerado de pessoas, passando entre a faixa de proteção para
invadir o território fechado para a equipe de bombeiros. Seus olhos se mantinham
fixados nas labaredas de fogo que ainda se encontravam vivas no interior da casa. E
sem qualquer noção do perigo, Lauren avançou de forma objetiva até a entrada,
quando um dos homens a segurou firme pelo braço.

- Você não pode entrar aí! – Exclamou.

- Eu preciso entrar! Camila está aí dentro! Por favor! – Exclamou nervosa.

- Me desculpe, senhora. Mas você não pode. A casa está tomada pelo fogo! – Ele a
puxou com força, enquanto a mulher tentava se desvencilhar.

- Você não está entendendo! – Ela gritou. – Minha mulher está aí dentro, eu não
posso deixa-la morrer! Por favor, me deixe entrar! – Ela suplicou sem controle,
enquanto as lagrimas desciam descontroladamente por sua face.

- Eu sinto muito. – Ele respondeu de forma contida. – Eu não posso arriscar sua vida.

- Foda-se a minha vida, me deixe entrar! – Lauren gritou, enquanto era segurada por
um dos bombeiros – Me deixe passar, inferno! Vocês estão deixando ela morrer, não
conseguem ver? Ela está morrendo!

- Senhora, por favor!

Outros dois homens se aproximaram para ajudar a segura-la, visto que a mulher
usava de todas suas forças para se soltar.
- Você não pode! Tudo lá dentro foi destruído! Não há mais o que fazer.

- Ela não pode ter morrido! - Exclamou perdida.

- Me desculpe, senhora.

- Ela não pode morrer! – Esbravejou ao se ajoelhar no chão exaustivamente. – Por


favor, me deixem salva-la! Eu prometi que iria protege-la...

Lauren inclinou seu corpo para frente, levando as mãos até a cabeça, em um ato
desesperado. Os soluços se misturavam aos pedidos de ajuda, mas ninguém parecia
lhe ouvir. Todos pareciam completamente absortos da situação. Ela sentia um pedaço
seu sendo arrancado a sangue frio, como se pudesse ver o corpo de Camila sendo
consumido pelo fogo. A policial fechou os olhos, ouvindo os gritos desesperados de
Dinah ao fundo.

- Me desculpe, Camila... – Murmurou, quando Veronica correu para envolve-la em um


abraço reconfortante.

- Eu estou aqui para você.

- Eu preciso salva-la. – Lauren exclamou, desabando em choro nos braços de


Veronica.

- Você salvou, Lauren.

Agora sim, nos vemos no ultimo capitulo de Xeque-Mate.


Capítulo 40 - A perda.

CHEGUEI!

Olá, meus amores!

Quanto tempo hein? Como estão essa noite?

Se estiverem como eu, devo dizer que estão totalmente confusos com tantas
sensações. Hoje me sinto tão ansiosa, feliz e ao mesmo tempo triste. Não é fácil
terminar essa jornada. Mas além de tudo isso, me sinto grata.

Essa é a palavra que vai definir meu texto hoje: Gratidão.

Nesse momento final, eu quero apenas agradecer. E vou começar com algumas
pessoas agora:

Primeiramente, as minhas amigas, Larissa e Sindy que entraram nessa comigo, e


foram essenciais na construção dessa fanfic. Me deram muitas ideias maravilhosas,
para fazermos algo incrível. Amo vocês.

Ao meu bebê, Juliana, que foi uma parte importas sima disso tudo. Deu cor e vida a
nossa imaginação com suas edits maravilhosas, tornando tudo ainda mais especial
pra mim. Obrigada por tudo. Te amo.

Quero agradecer também a minha melhor amiga, Gabriella Medina, que foi a minha
inspiração inicial para criar minha personagem favorita, Camila Collins. Foi na
personalidade dela que essa personagem nasceu. Obrigada, Bo. Eu amo você.

Obrigada Gabs, e a sua irmã também que me ajudaram com a revisão do capitulo!

E dizer meu muito obrigada a todas as pessoas que me apoiaram, me deram ideias,
opiniões e até mesmo aqueles que me criticaram. Todos me fizeram crescer.

E finalmente, meu agradecimento especial a cada um de vocês, leitores. Que


abraçaram essa estoria com tanto amor e emoção. Fizeram dessa experiencia algo
único. Serei imensamente grata por todo apoio e carinho que recebi. E espero ter
vocês comigo sempre, acompanhando minhas criações e personagens! Obrigada por
fazerem de mim, a autora mais feliz de todas.

Eu amo vocês. - Evelin Silva.


Agora vamos ao que importa! Espero que gostem dos nosso momentos finais.
Demorei muito, mas estou satisfeita com que estou trazendo para vocês.

Para esse capitulo indico: I'll Be Good - James Young (Está na playlist de XM no
Spotify)

Lauren Jauregui's point of view

"Lauren... – Um suspiro. - Socorro! Lauren! "

Aquela voz agonizante se fazia cada vez mais nítida. Seu pedido de socorro soava em
um tom desesperado, quase perturbador. Eu não conseguia vê-la, tudo era
completamente escuro, como se estivéssemos perdidas em lugar totalmente
desconhecido.

"Por favor, me tire daqui!"

Eu conseguia ouvir o estalar sutil das chamas sendo ofuscado pelos gritos de puro
sofrimento daquela mulher. Ela queimava no fogo enquanto implorava por salvação.

- Camila... – Sussurrei, tentando encontrá-la.

"Não me deixe morrer! Por favor, me salve, Lauren!"

Meu coração batia violentamente, como se a qualquer momento pudesse parar em


uma falha repentina. Eu corria em meio a escuridão, seguindo o rumo em que aquela
voz clamava por socorro. No entanto, meu corpo parecia não responder, e, de uma
maneira curiosa, eu nem sequer havia saído do lugar. Estava presa dentro de mim
enquanto ouvia ela queimar.

- Não, não... – Exclamei, desesperada. – Camila! Camila!

Em meio aos gritos apavorantes da mulher que parecia se contorcer em meio aos
destroços e das chamas, ouvi o som estridente do despertador, que me fez erguer o
corpo de uma só vez em um despertar brusco.

-Céus... – Sussurrei, sentindo meu peito subir e descer em uma respiração


ofegante.

Inspirei o ar com vontade para dentro de meus pulmões, que pareciam ter dificuldade
de absorvê-lo. Encarei os lençóis da cama, em seguida, os móveis perfeitamente
organizados, para então fitar os raios de sol que se infiltravam entre as cortinas
parcialmente abertas. Me permiti fechar os olhos por alguns instantes, em uma
tentativa de acalmar meu coração que batia freneticamente do lado esquerdo do
peito. Ergui uma das mãos até a cabeça, deslizando o dorso sobre a testa para retirar
os resquícios de suor causados por aquele maldito pesadelo.

- Só um pesadelo... – Murmurei em meio a um suspiro, antes de desligar o aparelho


ensurdecedor.

Não era a primeira vez que aquilo acontecia. Mesmo depois de um ano após a noite
do incêndio, aquele momento ainda me atormentava. Os pesadelos não eram
constantes, se distribuíam sempre que me via recordando de tal situação. Talvez.
vasculhar algumas coisas do passado no dia anterior não tenha sido uma boa ideia.

Suspirei pausadamente antes de afastar os lençóis da cama, e me pôr de pé sobre o


piso amadeirado. Cruzei o quarto extenso, notando o quão silenciosa a casa estava
essa manhã, pelo visto, todos já haviam partido para suas obrigações. Antes de
seguir para o banheiro, notei certa quantidade de papéis sobre a mesa no canto do
quarto, mais especificamente recortes velhos de jornais. Me aproximei e capturei uma
delas, pousando meus olhos atentamente sobre as letras expressivas.

"O TRÁGICO FIM DO REINADO COLLINS. "

E logo abaixo em letras menores:

"Dois corpos foram encontrados totalmente carbonizados após o incêndio criminoso


que destruiu a mansão. Um deles era do magnata do petróleo, Christopher Collins, e
o outro, de sua esposa, Karla Camila Collins. "

Deixei que o ar escapasse por minha boca para em seguida engolir em seco. Após a
madrugada daquela infeliz tragédia, todos os noticiários informavam para o mundo
que o casal Collins havia nos deixado em uma morte inesperada e trágica. Lembro-
me perfeitamente o quão torturante foi ver aquelas palavras estampadas em todos os
jornais naquela manhã, mas nada se comparava à dor que senti ao ter certeza do
ocorrido.

Inicie I'll Be Good - James Young.

Flashback on:

" - Lauren... – Ouvi a voz de Veronica soar ao fundo em um tom preocupado. –


Vamos embora daqui...

" Chamem o restante da equipe, vamos entrar na casa! "

" Tem risco de desabamento? "

" Sim, mas precisamos retirar os corpos. "

O alvoroço ao lado de fora da mansão Collins não era o suficiente para me despertar.
Depois de desabar em um choro desesperado e agonizante, eu havia entrado em
estado de choque, uma espécie de paralisação total de meu corpo, exceto por minha
mente. Meus olhos se encontravam fixos sobre a casa, agora totalmente destruída e
sem vida. As labaredas de fogo não estavam vibrantes como quando cheguei, agora
tudo ali era cinza.

Apenas cinzas.

- Eu preciso ir para o hospital, Dinah ainda não acordou. Eu quero estar ao lado dela
quando acordar. – Normani murmurou com os olhos marejados em minha direção.

Fitei o rosto da mulher, sem expressar qualquer emoção aparente. Normani tinha um
semblante arrasado, triste. Eu sabia que ela estava se mantendo forte o suficiente,
por mim, e principalmente por Dinah, que agora se encontrava internada em um
hospital após ter recebido a notícia que sua irmã não havia conseguido sair da casa
incendiada.

- Eu sinto muito. – Ela respirou fundo e segurou minha mão por alguns
instantes. – Estamos aqui com você.
Encarei sua mão, que repousava sobre a minha em um sinal de compaixão e
solidariedade por minha dor.

- Cuide de Dinah. – Foram as únicas palavras que deixaram minha boca. – Ela precisa
de você.

A agente assentiu enquanto limpava as lágrimas que desciam por sua face. Ela
respirou fundo, como se tomasse forças para sair daquele lugar. Ela logo ergueu seu
corpo, despedindo-se com um aceno, para seguir rumo ao hospital onde Dinah estava
internada.

- Você não precisa ficar, eu posso cuidar disso. – Minha melhor amiga afirmou,
tocando em meus ombros suavemente.

- Não, eu vou ficar. Vou esperar pelos bombeiros. – Retruquei secamente.

- Eu cuido disso, conheço alguns, e...

- Eu quero ter certeza. – Interrompi, puxando o fôlego com certa dificuldade, antes
de me levantar.

Encarei os homens totalmente equipados que se dirigiam para a entrada da mansão.

- Lauren... – Vero murmurou em um tom receoso.

- O que? – Virei em sua direção, tentando controlar as lágrimas teimosas que


preenchiam meus olhos.

- Não faz isso com você... – Ela quase suplicou. – Não se machuque assim.

- Ela pode estar viva, Vero. Eu sinto, ela não morreu. – Exclamei, enquanto mais
lágrimas deixavam meus olhos. – Ela não me deixou.

- Eu sei que é difícil de aceitar, mas por favor...

- Não me diga que ela morreu, ela está viva. – Me aproximei de Veronica, encarando
seus olhos com firmeza. - Eu sei disso!

Iglesias me encarava com uma expressão dolorosa, como se me ver daquela maneira
a quebrasse em mil pedaços. Talvez ela não tivesse esperanças, mas eu tinha. Camila
não iria morrer assim, ela não iria me abandonar agora que havíamos ganhado. Era o
seu jogo, era a sua vitória.
- Preciso que acredite nisso comigo... – Eu supliquei em meio ao choro. – Preciso que
alguém me diga que ela está viva. Eu sei que está. – Eu tinha um fio de voz.

Recebi os braços de Iglesias em volta de meu corpo, apertando-me contra si em um


gesto amoroso. Ela não acreditava naquilo, eu estava sozinha com a minha
esperança. Sozinha com aqueles sentimentos que esmagavam meu peito sem dó.
Camila havia mesmo partido?

- Eu queria poder dizer isso. – Seu rosto se contorcia em uma expressão dolorosa.

- Então diga... Por favor... – Os soluços vieram com força, rasgando-me a garganta
em meio ao choro desesperado. – Diga que ela não se foi e que eu vou vê-la outra
vez.

Ela permaneceu em silêncio, negando-me a única resposta que eu precisava ter. As


lágrimas escorriam violentamente, banhando meu rosto, enquanto os soluços
sacudiam-me o peito sem piedade. Sentia-me perdida, desolada e completamente
destroçada. Um pedaço meu havia sido arrancado, queimado a sangue frio. Eu
apertei o corpo de minha melhor amiga como se pudesse me segurar para não
desabar. Sentia as forças se esvaindo de meu corpo a cada lágrima derramada, a
cada pedido negado. Eu não conseguia acreditar.

- Ela não morreu, não pode ter morrido! Eu precisava dizer algo a ela..

- Dizer algo? – Indagou, apertando-me em um abraço reconfortante.

- Sim, eu... - Levei as mãos ao rosto, limpando as lágrimas que me


embaçavam a vista. Suspirei. - Eu ia pedi-la em casamento. – Exclamei, deixando
que o ar saísse de meus pulmões. – E ela se foi assim, eu não tive a chance de mudar
nada! Eu não tive tempo de salvá-la.

- Eu sinto tanto...

Aspirei o ar com força, procurando forças para não cair.

- Eu preciso vê-la! Preciso provar que ela não está morta!

- Não! – Impediu ela. – Melhor não.


Veronica não queria que eu tivesse conhecimento sobre o estado de Camila, ela sabia
o quanto aquilo poderia me destruir. Mas algo em mim dizia que ela ainda estava
viva. Eu deveria desistir? Desistir dos meus sentimentos, dos meus planos e do meu
amor? O quão cruel aquilo poderia ser? Demorei trinta e um anos para me ver
perdidamente apaixonada pela mulher mais incrivelmente inteligente e bela que essa
terra teve o prazer de ter para que, de uma hora para a outra, o destino cruel
arrancasse a jovialidade de alguém que começaria enfim a viver.

- Vocês são próximas à família? – Indagou um dos bombeiros ao se aproximar.

- Sim.

O soldado perfeitamente uniformizado nos encarou com certo receio, provavelmente,


temendo por meu estado visivelmente transtornado. Ele estava sujo, as cinzas da
casa deixaram-no com marcas escuras pela pele. O homem olhou para todos em
volta, que circulavam arduamente entre os carros, para conter qualquer risco de
desabamento para o que restava daquele lugar.

- Foram encontrados dois corpos carbonizados. Um homem... – Ele hesitou, como se


me preparasse para o pior. – E uma mulher.

- Não... – Saiu como um sussurro.

Aquelas palavras caíram como toneladas sobre minhas costas, arrancando-me o ar


dos pulmões de uma só vez. Recuei um passo, tendo a sensação de que o chão
estava sumindo sob meus pés.

- Camila...

Meus olhos focalizaram a entrada da mansão, avistando o grupo de bombeiros que


carregavam sobre uma maca o primeiro corpo, coberto pelo material de plástico
preto.

- Abram o carro, por favor! – Gritou um.

Veronica repousou a mão sobre a boca em um semblante assustado, para, em


seguida, me fitar com os olhos arregalados. Naquele instante eu senti meu corpo
inteiro esfriar, enquanto as imagens na minha frente aconteciam em câmera lenta. Eu
engoli em seco totalmente em choque, quando em uma mudança súbita meu coração
explodiu em batimentos descontrolados, trazendo consigo uma falta de ar sufocante.
- Não.... – Eu dei um passo à frente. – Não! Camila! Não, não, não...

Sentia-me estranhamente transtornada, como se eu não estivesse mesmo naquele


lugar. Meu corpo estava pesado, meus ouvidos sofriam com um zumbido agonizante
das sirenes estridentes. Eu corri em meio ao grupo de bombeiros e policiais que iam
em direção ao furgão que levaria os corpos. As luzes em tons de azul e vermelho
brilhavam, tornando tudo ainda mais vivo.

- Lauren! – Veronica gritou.

- Agente, você não pode!

Meu corpo se chocou contra um dos bombeiros, em um esbarrão brusco, que não foi
o suficiente para me parar. Estagnei os passos assim que minhas mãos foram de
encontro ao corpo coberto pelo plástico negro.

- Ca-camila!

Tateei com as mãos trêmulas sobre os plásticos, sentindo-me completamente


desnorteada, quando dois oficiais me afastaram rapidamente.

- Não, não, não... – Choraminguei, enquanto as lágrimas começaram a


deixar meu rosto sem controle. – Por favor, não. Façam alguma coisa! Façam alguma
coisa, pelo amor de Deus! – Gritei.

Os braços fortes me puxaram, enquanto a todo custo eu tentava me aproximar dela.


Eu gritei ferozmente por seu nome, enquanto o oxigênio se tornava cada vez mais
escasso.

- Ela está morta, agente. Camila está morta.

Um zumbido intenso tomou conta de meus ouvidos, acompanhado da voz repetitiva


do policial que me segurava. Minhas pálpebras pesaram, enquanto meu corpo dava
sinais de fraqueza.

- Lauren! – Ouvi a voz de Iglesias soar distante, antes de minhas vistas escurecerem
de uma vez.

- Camila... – Sussurrei.
[...]

Aquele maldito bipe ecoava de maneira constante, entre espaços de tempo


programados, intercalando-se em uma sincronia perfeita com minha respiração tão
evidente. Um bipe, e o fluxo de ar. Minha cabeça parecia vazia de imagens, como se
houvesse um enorme buraco negro, sendo aparentemente preenchido por sons
familiares.

"Ela está bem, foi só uma queda de pressão." - Informou uma voz grave.

"Estou preocupada com ela, doutor. Lauren está em um momento difícil. "

Por alguns instantes me esforcei para me familiarizar com a voz feminina, que
dialogava em um tom preocupado, tenso, enquanto as vagas lembranças de Veronica
apareceram no fundo de minha mente. Era ela.

- O que houve? – Indagou o homem.

- Lauren perdeu alguém importante hoje. Em um incêndio.

A última palavra se repetiu em minha cabeça por diversas vezes, iluminando a


escuridão de meus pensamentos com labaredas vibrantes de um fogo intenso. De
repente, os gritos desesperados e as risadas maliciosas tomaram minha cabeça,
agora fazendo com que aquele maldito bipe soasse cada vez mais forte. Era
perturbador.

"Socorro, Lauren! Me ajude!"

Meu peito subiu e desceu rápido, acompanhando o bipe irritante. O que estava
acontecendo? Meu corpo estava imóvel, enquanto minha cabeça fervilhava em
agonia. O fogo crescia e consumia tudo, matando todos.

"Faça alguma coisa!" – Vero exclamou ao fundo de meus pensamentos.

"Um sedativo, enfermeira!"

Camila, pensei. Eu poderia ouvir perfeitamente seu pedido de socorro, misturado


aquele som que me enlouquecia. Ela estava morrendo, pensei atordoada. Eu queria
ajuda-la, mas não conseguia me mover. Inferno. Sua voz tão doce, agora estremecia
em pura aflição, se tornando cada vez mais distante, e baixa. Os sons perturbadores
se afastavam gradativamente, permitindo-me mergulhar no silêncio outra vez.
- Lauren...

Aquele bipe outra vez, agora sereno como minha respiração fraca. Sentia-me
embriagada, anestesiada. A vermelhidão sobre meus olhos, alternava com a claridade
turva captada por minha visão.

- Estou feliz em ver você. – Murmurou aquela voz.

Senti o calor sutil de um toque sobre minha pele, mais especificamente sobre meu
rosto. Me esforcei em uma batalha árdua contra meus olhos que não queriam se
abrir, e quando venci, um borrão mais escuro a minha frente.

- Não se esforce assim, está tudo bem. – Eu conhecia aquela voz.

Minha garganta estava seca, eu precisava de água, pensei sonolenta. Focalizei meus
olhos na pessoa ao meu lado, tentando ver claramente seu rosto, mas meu corpo não
obedecia.

- Cami-la... – Sussurrei.

- Shhh, não se canse. Estou aqui com você.

Com dificuldade ergui uma das mãos, com medo que ela pudesse sumir. Eu senti sua
pele com a ponta de meus dedos, estava quente.

- Não me deixou...

- Eu nunca vou deixar você.

- Nunca. – Repeti.

Minha visão se embaçou outra vez, e o som da voz de Camila se perdeu de meus
ouvidos. Eu me esforcei para manter os olhos abertos, mas meu corpo não parecia
obedecer, deixando-me inicialmente nervosa. Não queria perdê-la, nem afastá-la. Eu
precisava vê-la, senti-la, mas tudo que vi no exato instante em que abri os olhos,
foram as luzes do quarto de hospital. Pisquei mais vezes do que deveria até sentir
minha visão se normalizar. Deslizei a ponta da língua sobre meus lábios secos,
umedecendo lentamente.
Um sonho.

Olhei em volta avistando o monitor de sinais vitais, agora entendendo aquele maldito
bipe no fundo de meus pensamentos. O quarto estava vazio, quase totalmente
silencioso, a não ser pelos ruídos dos aparelhos ao lado da cama. Assim que movi
meu corpo em busca de uma posição melhor, senti um espasmo doloroso na costela.
O que consequentemente me rendeu um gemido sofrido.

- Droga... – Resmunguei, sentando-me devagar.

Encontrava-me um tanto perdida, meus pensamentos estavam confusos, como linhas


embaraçadas. Foi então que um único acontecimento de esclareceu em minha mente.
Camila havia morrido no incêndio. As imagens da mansão Collins totalmente tomadas
pelo fogo logo voltaram a minha cabeça, fazendo-me imaginar o quão agonizante
deve ter sido sua morte. Os sensores logo enviaram a aceleração de meus batimentos
ao monitor, enquanto meu peito perdia o fôlego. Eu prendi a respiração por alguns
segundos, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. Aquela sensação
esmagadora me preencheu novamente, fazendo a revolta e a dor se proliferarem
dentro de mim

- Isso não poderia ter acontecido... – Murmurei com certa raiva.

Me vi chorando dolorosamente outra vez. Meneei com a cabeça em um sinal negativo,


em uma tentativa fugaz de afastar aquela tortura de minha mente. Respirei fundo,
tomando todo o ar possível para dentro de meus pulmões, antes de arrancar os
sensores de sinais vitais presos ao meu corpo com certa revolta. Limpei as lágrimas
teimosas que molhavam minha face, antes de avistar uma muda de roupas
perfeitamente dobradas sobre a estante, ao lado estava um par de sapatos escuros.
Ergui meu corpo e pisei com cuidado sobre o porcelanato frio do chão do quarto,
sentindo-me um pouco tonta pelo movimento repentino. Me segurei no criado mudo e
quando me vi apta, caminhei até o pequeno amontoado de roupas. Talvez Veronica as
tivesse buscado e deixado lá para quando eu recebesse a liberação médica, mas eu
não esperaria tanto, decidi que sairia dali o quanto antes. Contudo, assim que
terminei de me vestir e calçar os sapatos, encarei parcialmente meu reflexo no vidro
da janela. Havia um pequeno curativo no canto de minha cabeça, próximo a
sobrancelha, que me fez lembrar quase que automaticamente de como o consegui,
após a batida violenta com o carro.

Eu estava horrível.

- Certo... – Olhei em volta, percebendo que não havia mais nada meu. Então, logo
caminhei em direção a saída.

Eu não queria cuidados, eu não precisava deles. Não suportaria o olhar doloroso das
pessoas para comigo depois daquela perda. Tudo que eu queria naquele momento, eu
não poderia mais ter. Então, tomando todas as precauções necessárias, consegui sair
daquele hospital sem ser descoberta. O que eu menos precisava era de um ambiente
hospitalar, para piorar meu estado emocional. Eu só precisava ficar sozinha, com
meus pensamentos e sentimentos, precisava chorar e liberar toda aquela dor que me
consumia. E era exatamente o que eu faria.

Ao lado de fora do hospital, o céu escurecia em um tom melancólico. Eu


havia ficado quase um dia inteiro apagada naquele maldito quarto, com pesadelos
torturantes, ou simples resquícios da realidade. Após alguns minutos dentro de um
táxi, eu havia chegado em frente ao prédio onde morava. Tommy, um dos porteiros
me avistou assim que deixei o veículo, e vendo meu estado totalmente perdido
enquanto buscava por dinheiro, ofereceu a quantia necessária para o taxista que logo
se retirou.

- Obrigada por isso, você pode subir comigo agora para pegar o dinheiro. – Murmurei
baixo.

- Não se preocupe, dona Lauren. Eu pego outra hora. – Respondeu tranquilamente,


com aqueles olhos preocupados em minha direção.

- Eu fiquei sabendo o que aconteceu, sinto muito.

Suspirei, sentindo aquele nó aumentar em minha garganta. Eu estava me segurando


para não chorar, não queria parecer mais destroçada do que realmente estava.
Tommy no fundo sabia que Camila e eu tínhamos algo diferente, afinal, ele a via
entrar em meu prédio durante as madrugadas, e por certas vezes nos viu entre
alguns beijos próximo ao elevador. No entanto, sempre se manteve restrito ao
silêncio, por trás de olhares divertidos com nossa troca de farpas e provocações.
Porteiros sabem muito sobre nossas vidas, pensei.

- Eu também sinto, Tommy. – Foi a única coisa que respondi, antes de entrar no
prédio.

Segui em passos lentos até o elevador que me deixou no andar indicado. Parei diante
de meu apartamento, vendo um pacote com jornal na porta. Me abaixei com cuidado,
sentindo uma certa dor na coluna, antes de capturar o amontoado de papéis e a
chave debaixo do tapete. O apartamento estava parcialmente escuro e silencioso. Por
alguns instantes, me perguntei se ficar sozinha era mesmo a melhor opção. Me
encostei no balcão da cozinha enquanto minha cabeça se enchia de lembranças de
tudo que aconteceu nos últimos meses. Neguei com a cabeça e capturei uma das
garrafas de whisky deixadas por Veronica. Despejei uma boa quantidade do líquido de
teor alcoólico em um dos copos, para em seguida levá-lo até a boca em um grande
gole. Meus olhos que se fecharam por instinto tão logo se abriram avistando de
maneira precisa a manchete na primeira folha do principal jornal de Nova Iorque.

"O TRÁGICO FIM DO REINADO COLLINS."

Flashback off.

Abri os olhos, afastando aquelas lembranças de minha mente. Eu odiava recordar o


quão doloroso foi aquele momento. A ausência de Camila meses depois, não foi tão
dolorosa como a que senti nas primeiras horas depois daquele incêndio. Eu me via
perdida, desolada e principalmente culpada por não ter conseguido evitar tal tragédia.
Olhar para aquela casa sendo devorada pelo fogo, arrancando de mim a única pessoa
que realmente havia me tocado profundamente, foi devastador. Sufocante. Cheguei a
pensar em como Deus havia sido injusto, mas hoje eu sabia que tudo acontecia como
deveria acontecer.

Flashback on:

O barulho de minhas botas sobre a grama molhada se tornava cada vez mais
irritante; a água respingava sobre a borda de minha calça, enquanto tentava me
agasalhar em meio a ventania fria. Nova Iorque havia amanhecido em um dia
chuvoso, cinzento, coberto por nuvens carregadas de um clima melancólico.

- Tem certeza que não quer ir embora? – Ally indagou de longe, enquanto se
encostava na viatura policial.

- Tenho, não se preocupe. Eu estou bem!

Confesso que eu não estava tão bem assim, mas Allyson não precisava saber.
Respirei fundo, enquanto seguia com o guarda-chuva entre as pedras de mármore
enterradas no chão. As lápides encontravam-se distribuídas de forma bem organizada
pela extensão do Trinity Church Cemetery. O lugar tinha um aspecto ainda mais
monótono, pesado, arrancando-me um suspiro involuntário. Para alguns, visitar o
túmulo de alguém próximo poderia ser uma espécie consolo, levando em
consideração que seria a única forma de sentir a "presença" da pessoa outra vez.
Para mim, aquilo de nada tinha de reconfortante, pelo contrário, era massacrante a
sensação de dor e perda que ali se instalava. Durante anos fui praticamente obrigada
a visitar um lugar como aquele e recordar a cada segundo que minha mãe havia
partido. Era torturante o sentimento de solidão ao sair de lá, sentimento esse que eu
não sabia lidar. Contudo, depois de alguns anos, decidi que jamais voltaria a
frequentar um cemitério, eu poderia lembrar de minha mãe, sem ter que olhar para a
evidência clara de sua ausência. No entanto, a vida cuidava de nos mostrar que as
coisas nem sempre aconteciam da maneira como queríamos.

- Desculpe ter ficado tanto tempo sem aparecer. – Murmurei assim que
me aproximei da lápide.

8 meses.

Havia se passado oito longos meses, desde aquela maldita noite que trouxe tantos
estragos. Eu não conseguia medir em palavras a saudade que habitava em meu peito.
Oito meses longe dela.

Longe de Camila.

- Infeliz! – Resmunguei, ao me livrar do guarda-chuva.

Me agachei próximo a pedra de mármore, sentindo meu peito inflar em uma


respiração profunda ao ver aquelas letras. "Vadia má" era a frase pichada no túmulo,
próximo ao nome bem lapidado. Com a manga de meu casaco, esfreguei sobre a tinta
vermelha, retirando com dificuldade o ataque desrespeitoso sobre o túmulo de Camila
Collins.

- Isso não vai ficar assim, eu prometo. – Afirmei, enquanto apagava as palavras lá
pichadas.

As gotas de chuva agora caíam sobre minha cabeça, finas, quase imperceptíveis. Uma
garoa lenta e preguiçosa. Suspirei satisfeita assim que as marcas em vermelho
deixaram a lápide por completo. Existia alguém bem determinado em manchar a
imagem deixada por Camila, alguém que no fundo sabia do que ela havia sido capaz.
O sentimento de ódio e vingança ainda se proliferavam. Na surdina da noite, entre as
lacunas mal vigiadas, o mal ainda crescia. Mas agora, contra quem iriam lutar?
Quando a rainha havia sido derrubada, restaria outra?
- Sinto sua falta, Camila. – Encarei a lápide, vendo as gotas de chuva deslizarem
sobre o nome da latina. – Juro que não estou mais aguentando de saudade.

Desde o momento em que cheguei na cidade de Nova Iorque, Camila havia se


tornado parte quase integral de meus dias. Eu tinha o seu olhar penetrante,
acompanhado do seu sorriso sedutor sobre mim a cada dia de minha semana. Ela
havia se tornado uma espécie de necessidade para tornar meus dias completo. Agora,
com sua ausência, eu sentia que uma grande parte de mim me faltava. Deitar com a
cabeça no travesseiro, sem ter certeza que a veria no dia seguinte, não era uma das
melhores sensações. De início foi bem mais difícil, eu não conseguia me acostumar
com a ideia de não tê-la por perto, mas eu não tinha muito o que fazer, as coisas
acontecem como tem que ser.

- Por que me faz vir aqui? Você sabe que eu odeio esse lugar. – Resmunguei,
enquanto observava os túmulos ao redor. - O que eu não faço por você, não é? Passo
por cima de mim mesma, para ter você bem.

Eu sorri de canto, sentindo aquele aperto de saudade tomar conta de meu peito.
Camila Collins tinha uma presença marcante demais para ser esquecida tão
facilmente. Ela não precisava de muito para se tornar o centro das atenções, ela
apenas precisava existir. E existiu em minha vida, tomando o papel de protagonista,
para me envolver em sua trama de jogatina apaixonante. Uma jogadora, dissimulada,
sensual e incrivelmente inteligente, que no fundo escondia a doce e sonhadora garota
resgatada de um orfanato. Parecia até coisa de filme, pensei ao sorrir e tocar seu
nome lentamente com a ponta dos dedos. Eu fechei os olhos por breves instantes,
sentindo aquele vento bater contra meu rosto.

Afastei a garrafa de cerveja para o lado, procurando nos bolsos de minha jaqueta de
couro preta, o maço de cigarros. Estava tão distraída a procura dos mesmos que nem
me dei conta de que alguém havia se sentado ao meu lado.

- Kea-na você... – Comecei a falar, parando no mesmo instante que fitei a mulher ao
meu lado.

"Um uísque, por favor. " – Pediu a morena, enquanto retirava sua jaqueta de couro,
para colocar sobre o balcão.

Meus olhos se fixaram sobre ela de maneira quase que hipnotizante. Camila havia
sido a mulher mais linda que tive o prazer de ver naquele lugar. Ela se sentou sobre o
banco ao meu lado, com uma postura ereta, perfeita, levando suas mãos ao encontro
de seus cabelos longos, escuros e ondulados, que batiam na altura de sua cintura
fina. A mulher trajava um jeans branco com cortes na frente, e uma blusa cinza
estampada, que mostrava um pouco de seu sutiã preto rendado. Lembro-me
perfeitamente de me ver absorta diante das feições tão atraentes daquela mulher.
Seus traços latinos tão evidentes, carregavam consigo uma beleza inigualável aos
meus olhos.

Ela foi apaixonante desde o primeiro instante.

A mulher remexeu o copo, movendo as pedras de gelo submersas no uísque caro,


enquanto eu tentava me concentrar em algo que não fosse seu corpo ou sua boca.
Meneei com a cabeça em um sinal negativo, afastando de meus pensamentos
qualquer desejo repentino por aquela desconhecida. Repousei um cigarro entre os
lábios, para em seguida retirar o isqueiro que tão dificilmente seria encontrado;
quando a bela mulher estendeu a mão gentilmente com o isqueiro aceso. Me inclinei
para frente, permitindo que o fogo viesse de encontro a ponta do cigarro, dando-me a
chance de encarar seus olhos intensos, e escuros com mais precisão. Eram castanhos
cintilantes, com um toque de persuasão e maldade.

- Obrigada por isso. – Murmurei ao retirar o cigarro dos meus lábios.

Ela curvou os lábios em um sorriso e respondeu:

- Não tem que agradecer, precisando...- Respondeu ao apagar a chama."

- O fogo a trouxe e a levou para longe de mim.

Flashback off.

Meneei com a cabeça em um sinal negativo, antes de abrir a gaveta da estante e


guardar todos aqueles recortes dentro de uma pequena caixa de madeira. Respirei
fundo, encarando minha imagem no espelho mais à frente, para em seguida ir rumo a
porta do banheiro bem ao lado. Demorei alguns bons minutos em uma ducha morna,
uma tentativa de manter meus músculos completamente relaxados. Hoje seria um dia
importante, onde lembranças ruins não poderiam se propagar. Abandonei o boxe do
banheiro, enrolada em uma toalha branca, enquanto secava meus cabelos com outra
menor. Perdi alguns bons minutos a procura de roupas adequadas para o evento que
me esperava aquela manhã, quando recebi a ligação de Dinah.

- Pelo amor de Deus, Jauregui! Onde você está? – Exclamou a loira do outro lado da
linha.
- Estou me arrumando! – Gritei por ter o celular no alto falante.

- Dormiu demais, hein? Não existe despertador nesse país?

Franzi o cenho enquanto escutava as reclamações da mulher nervosa no celular.


Dinah e eu nos unimos de uma maneira incrivelmente harmônica. Toda desavença
que criamos inicialmente, havia se dissipado, ou se transformado em uma bela e forte
amizade, depois de todo sofrimento que passamos juntas.

- Por que está tão irritada? Céus!

- Você vai mesmo perder o meu discurso? Isso é uma falta de respeito, visto que sou
a presidente de uma multinacional tão importante.

Depois da morte de Christopher, Dinah possuindo todos os bilhões de dólares


roubados, comprou as ações da empresa falida, para colocá-la de pé com o
sobrenome de seu pai adotivo em uma homenagem carinhosa. Ela não estava
sozinha naquilo, tinha apoio de Normani, alguns empresários e sócios de fora do país.
E de acordo com as notícias, ela estava indo muito bem no ramo petrolífero.

- Você pode se acalmar? Não vou perder seu discurso, você vai apresentar minha
namorada como presidente dessa filial.

- Então é só por isso? Nossa amizade já foi mais forte, Jauregui. – Resmungou,
fazendo-me rir.

- Em trinta minutos chego aí, não se preocupe. Reserve meu lugar na primeira fila,
não posso deixar de apreciar esse momento tão importante para Katherine. –
Respondi tranquilamente, enquanto repousava as peças de roupa sobre a cama
desarrumada.

- Ela está se preparando, me parecia nervosa. Você não fez um bom trabalho essa
noite?

- Sempre faço um ótimo trabalho, Hansen. Você ouvia muito bem desde os tempos
de Camila.

- Oh, céus. Ela realmente me contava os detalhes, me sinto um tanto


enjoada agora. Preciso desligar e não demore, delegada!

A ligação foi encerrada antes mesmo que eu pudesse responder. Eu ri baixinho,


balançando a cabeça em um sinal negativo, enquanto largava o celular sobre o criado
mudo, bem ao lado de um porta-retrato. Me sentei sobre a cama e capturei o mesmo,
enquanto meus olhos focavam no semblante feliz da loira, que mantinha os braços ao
redor de meu pescoço, presenteando-me com um olhar apaixonado. Me vi sorrindo
involuntariamente, ao recordar o momento em que havia visto aquela mulher pela
primeira vez.

Flashback on:

Zurique, Suíça.

O vento congelante soprou contra o meu rosto, assim que pus os pés para fora do
jatinho particular de Dinah Hansen. Havíamos decidido que voltaríamos para Suíça
quando o inverno se fizesse presente, e cá estávamos nós desembarcando naquele
lugar tão repleto de lembranças. Coloquei as mãos cobertas pelas luvas no bolso,
enquanto descia a pequena escada do jatinho, em direção ao Jaguar XJ estacionado
um pouco mais a frente. O carro negro e brilhante se destacava em meio aquela
paisagem monótona e fria.

- Bom dia, sra. – O motorista particular murmurou ao abrir a porta do carro para
mim.

- Bom dia. – Falei antes de entrar no veículo, agradecendo mentalmente por ter os
aquecedores ligados.

Naquele instante, um flash de lembrança tomou meus pensamentos, fazendo-me


recordar de minha primeira vez naquele lugar. Eu sorri, assim que o sorriso de Camila
se fez presente no interior de minha cabeça.

" – Eu vou congelar, meu Deus. – Resmungou ao pedir que ligassem o aquecedor.

- Vem cá, deixe-me ajudar.

Camila se aproximou rapidamente, dando-me a oportunidade de segurar em suas


mãos para esfregar junto as minhas. Em seguida, assoprei uma lufada de ar quente
entre as mãos da latina que buscava por calor. Seus olhos castanhos me fitaram por
alguns segundos, no qual sustentamos por uma razão desconhecida. Naquele curto
espaço de tempo, nos encaramos com uma energia diferente. Os olhos da morena
não expressavam imponência e muito menos sarcasmo, pelo contrário, eu poderia
jurar que foram doces e sutis. Ela deslizou a ponta de sua língua sobre o lábio
inferior, umedecendo lentamente, para logo em seguida engolir em seco. Camila
piscou mais vezes do que deveria, e logo tirou suas mãos de perto das minhas,
acomodando-se no seu lado do banco.

- Obrigada. – Foi a única coisa que falou. "

- Tudo bem aí? – Indagou Dinah, com um olhar curioso.

Eu neguei com a cabeça, mas em seguida assenti, deixando-a com uma expressão
confusa.

- Estou bem! Só lembrei...

- De Camila? – Perguntou, mesmo sabendo da resposta.

- Sim...

Ouvi um suspiro vindo da mulher, que se acomodou ao meu lado no banco traseiro do
carro luxuoso. Ela não se importava em falar sobre Camila, parecia conformada com
toda aquela situação. Já eu, não. Os oito meses não foram o suficiente para me fazer
compreender, ou até mesmo aceitar o que vivíamos hoje. O sentimento de
impotência ainda corria dentro de mim, em cada segundo de meu dia. Não ter
conseguido evitar a partida de Camila foi uma das piores sensações que tive o
desprazer de viver. Sentia-me irritada e revoltada em certos momentos, por não ter
tido escolha.

- Lauren...Já conversamos sobre isso, e...

- Eu sei. – Interrompi. - Eu não tive escolha, certo?

- Certo. – Ela retrucou tranquilamente.

- Eu poderia ter evitado, mas ela...

- As coisas acontecem como tem que ser. Você não pode ficar presa ao passado,
pensando no que poderia ter feito. Você simplesmente não teve escolha, a não ser
aceitar. Pense nisso.
- Aproveite essa nova fase da sua vida!

Senti o afago sutil de Dinah em um de meus ombros, mas não a encarei. Continuei a
avistar todos aqueles prédios e casas cobertos pela grossa camada de neve, enquanto
o aquecedor do carro se esforçava para nos manter quentes. Zurique tinha um
charme único, especial. Na verdade, todo aquele lugar possuía uma energia diferente
para mim. Tudo, graças a ela.

Camila.

[...]

Depois de uma manhã movimentada pelas ruas de Zurique, Dinah e eu resolvemos


voltar para o hotel que ficaríamos. Assim como Camila, a loira não se poupava de
viver do luxo que todo o dinheiro que possuía poderia lhe dar.

- Não acha exagero ficarmos aqui? – Indaguei.

- Fico me perguntando como Camila aguentava você. – Resmungou.

- Dinah! – Normani exclamou com uma risada.

A mulher nos encontrou assim que chegamos na cidade; havia viajado um dia antes
para organizar tudo para nossa chegada posteriormente. Normani havia deixado o
departamento de polícia, não precisava mais viver na luta constante de um agente.
Agora era uma parte importante da Cooper Enterprises, gerenciava com eficiência o
setor financeiro, como um membro leal do time criado por Camila há meses atrás.

- Ela não consegue aproveitar o luxo que podemos ter. Sendo que foi uma parte
importante para nossa vitória.

- Não é verdade, eu aceitei algumas coisas.

- Lauren, você pegou uma pequena quantia para ajudar sua família e deixar um
futuro estável para sua irmã. Ajudou Veronica. Mas, e você?

- Posso trabalhar para conseguir. Não é tão ruim quando se trabalha no que gosta. –
Dei de ombros.

- Se estivesse com Camila, teria que se acostumar com essa vida luxuosa. – Afirmou
com um sorriso convencido. Ela sabia do poder de sua melhor amiga.
- Mas não estou, provavelmente ela entenderia meu lado.

- Ou te convenceria a aproveitar mesmo que um pouquinho da mordomia que todo


nosso império poderia oferecer.

- Deixo isso para vocês duas.

Normani riu, abraçando Dinah de lado.

- Aqui está a chave do seu quarto. Vamos sair daqui às 20h, esteja pronta. – Dinah
murmurou tranquilamente, antes de seguir para sua suíte ao lado de Normani.

A Suíça carregava em seus mínimos detalhes um pedaço de Camila, como se


estivesse impregnado até mesmo em seu ar, o doce aroma emanado pelo corpo
daquela latina tão envolvente. Tudo ali me fazia pensar nela, em como precisava vê-
la outra vez.

"- Você me parece tão familiarizada com esse lugar. – Falei antes de tomar um gole
do vinho delicioso.

- Eu já estive aqui duas vezes, mas já faz muitos anos. Antes de me casar.

- Se gostou tanto do lugar, por que não veio com seu marido?

- Eu não sei, não senti vontade. – Respondeu tranquilamente.

- E sentiu comigo?

Ela me fitou por alguns instantes, suspirando de leve.

- Por mais estranho que seja, sim. Você me faz sentir diferente.

- Como assim? – Instiguei.

Camila baixou a cabeça sutilmente, desviando seu olhar, fazendo-me perder o


contato com o castanho de seus olhos, que foram cobertos pela máscara de cílios
longos. Eu conseguia me conectar a cada mínimo detalhe seu, desde a maneira como
ela umedecia os lábios, ou até mesmo como gesticulava sutilmente com as mãos ao
falar sobre algo. A morena me encarou novamente, proporcionando nossa troca de
olhares outra vez.

- Em certos momentos me sinto diferente quando estou com você. – Revelou


repentinamente.

- Se sente assim agora?

Nós ficamos em silêncio por alguns instantes, apenas mantendo o contato visual.
Camila engoliu em seco, soltando um suspiro entre os lábios, que logo recebeu a
borda da taça de cristal com o vinho suave. Eu poderia ver o líquido escuro molhar
seus lábios carnudos, fazendo crescer internamente a vontade de beijá-los.

- Pode se dizer que sim."

[...]

Encarei minha imagem no espelho, sentindo-me satisfeita com o que via


externamente. Aquela noite eu usava um vestido vermelho, longo, com mangas
compridas e um belo decote que caía até o início de meu abdômen. Na lateral da
peça, estava uma fenda sobre a coxa esquerda, dando certa sensualidade a um traje
social e elegante que se encaixava precisamente a meu corpo. Me aproximei do
criado mudo, capturando minhas luvas, e o sobretudo marrom que ali repousava.
Após vestir os itens, ouvi as suaves batidas na porta.

- Lauren?! Já está pronta?

- Estou! Só um instante. – Exclamei em resposta.

Olhei para meu reflexo no espelho pela última vez, antes de pegar a pequena
máscara sobre a estante. O evento beneficente tinha como tema, um baile de
máscara. Dinah fez absoluta questão de entrar nos termos solicitados pela festa.

- Uau! Está radiante! – A loira exclamou assim que saí do quarto.

- Vocês estão maravilhosas também.

Dinah e Normani estavam incrivelmente lindas em seus vestidos de gala, que se


enquadravam perfeitamente para a ocasião.

- Todas nós estamos, afinal esses vestidos foram feitos exclusivamente para nós. – A
loira deu de ombros.
- Você e sua fortuna fazem milagres.

- Nossa fortuna, Jauregui. Não se esqueça que tem parte nisso, querendo ou não. –
Ela me encarou com um olhar divertido, quase que implicante. – Agora vamos, temos
uma noite memorável pela frente.

Eu neguei com a cabeça, antes de contorcer os lábios em um sorriso de canto. Era


visível como Dinah estava empenhada em me ajudar. Talvez estivesse cansada de me
ver sofrendo com a ausência de sua melhor amiga, mas nada e nem ninguém poderia
cobrir a falta que aquela latina me fazia. Camila era única para mim.

O caminho até o evento não foi de grande demora, após alguns minutos, nosso
motorista particular estacionou com o carro em frente ao lugar de destino. Tratava-se
de um edifício gigantesco, com características de uma arquitetura europeia, como se
tivesse sido construído em um século passado. Era de muito bom gosto, pensei. Após
um suspiro tranquilo, acompanhei o fluxo de carros importados com os olhos,
enquanto observava os convidados deixarem os veículos seguindo em direção ao
interior do prédio em passos apressados por conta do frio rigoroso daquela noite.

- O melhor desse evento além das bebidas importadas e obviamente a


causa dele, é a privacidade. Não há jornalistas. – Dinah murmurou enquanto retirava
seu sobretudo.

- Tudo muito bem pensado. – Comentei tranquilamente.

- Sempre. – Retrucou. - Vamos?

Um dos funcionários do lugar se aproximou de nosso carro, abrindo a porta para que
saíssemos do automóvel. Assim que me coloquei para fora, senti o vento congelante
contra o meu corpo, fazendo-me arrepiar por completo.

- Céus, eu vou morrer com esse frio. – Normani sussurrou.

- O interior é quente, querida. Se não for, eu esquento você.

- Meu Deus, eu não mereço isso. – Resmunguei, arrancando algumas risadas. –


Camila, você faz falta! – Exclamei olhando para o céu.

- Não seja exagerada, não fazemos nada demais em sua frente.


- É melhor mesmo, me respeitem, por favor.

- Camila faz realmente muita falta. – Dinah murmurou em um tom implicante.

- Vamos, meninas.

Eu sorri para Dinah, que sorriu em resposta. Apesar de nossa implicância particular,
nossa relação de amizade se tornou forte e verdadeira. Talvez aquele fosse o único
fruto bom colhido após a partida de Camila.

- Por aqui, senhoras. – Um rapaz perfeitamente arrumado, com um terno escuro, nos
conduziu pela entrada principal.

Ao adentrar o saguão extenso e bem aquecido, me deparei com uma decoração


luxuosa, evidenciando o nível do evento que Dinah havia acabado de me colocar. O
lugar mais parecia um palácio real, com todos aqueles quadros antigos, papéis de
parede e detalhes dourados, ambiente perfeito para uma rainha. Me permiti observar
alguns dos convidados, que circulavam pela área aberta do segundo andar. Uns
conversavam, outros apenas observavam a entrada principal, como fazia um homem
magro e alto, que se portava ao lado de uma mulher loira tão distraída.

- Por aqui, meninas. Nossa mesa é aquela da frente. – Dinah se adiantou assim que
cruzamos o salão.

Eu assenti brevemente, caminhando até nossa mesa, que ficava apenas duas fileiras
do palco central. O salão de festas estava lotado, todos muito bem arrumados, com
trajes sociais e suas máscaras obrigatórias. Havia uma banda que animava o
ambiente com músicas da atualidade, fazendo o clima do lugar ser muito mais
receptivo. Um dos garçons se aproximou, nos servindo com algumas taças de
champanhe importado.

- Gosto desses bailes de máscara, esse clima misterioso. – Normani comentou, após
tomar um pequeno gole em sua taça.

- Gosto de desvendar mistérios. – Respondi.

- Bem sua cara, Jauregui. Espero que desvende algum que anime sua noite.

- Duvido muito.

- Eu não duvidaria, há muitas mulheres bonitas aqui. Veja! – Ela apontou para uma
morena da mesa ao lado.

- Está achando que preciso de uma mulher?

- Com certeza.

- Pois não quero nem uma dessas.

- Você está reclamando de mais, logo vai adorar esse lugar.

- Não mesmo!

Em pouco tempo, paguei com as próprias palavras, me vendo totalmente inteirada a


festa, aproveitando de um diálogo animado com alguns amigos de Dinah, que
também estavam em nossa mesa, desfrutando de tudo que poderiam nos oferecer.

- Não podemos beber tanto, amanhã ainda temos trabalho na filial. A


Cooper Enterprise nunca para, ainda mais com nossa nova gerência. – Comentou
Jeremy, enquanto degustava de sua bebida.

Jeremy Tyler possuía uma presença encantadora, facilmente sociável com qualquer
pessoa. Além de se tratar de um homem lindo, de pele negra e porte físico invejável.
Trabalhava no setor de relações internacionais na filial da Cooper Enterprise da Suíça,
era um velho amigo de Dinah.

- Fiquei sabendo da mudança recente. Como estão as coisas por aqui? – A loira
indagou tranquilamente.

- Katherine assumiu há algumas semanas, estamos nos adaptando, mas é uma líder
de primeira. Confesso que após sua chegada, muitas coisas entraram no eixo. Alguns
se incomodaram, mas ela não pareceu se importar. Nossa presidente sabe que pode
ir contra todos, e ainda se sairá vitoriosa.

- Viu tudo isso nessas poucas semanas? – Indaguei curiosa.

- Sim, ela transparece isso em suas atitudes. Digamos que Katherine tem um ar
próprio. Vocês vão perceber isso essa noite. – Afirmou ele com uma expressão
tranquila.
- Acho que ouvi falar sobre ela. Recebi a lista de indicações para o cargo, mas ela
entrou como sócia. – A loira comentou.

- Pelo que está falando, ela deve ser incrível. – Normani complementou
impressionada.

- Sim. Se eu não fosse gay, com toda certeza estaria louco por essa mulher. No
entanto, não posso deixar de enfatizar sua beleza hipnotizante e o poder de sua
presença.

- Então eu realmente quero conhecê-la, e apresentar para uma amiga. – Dinah


exclamou. – Ela gosta desse tipo de mulher.

- Cala a boca. – Retruquei, arrancando uma risada divertida da mulher.

Eu apenas observava a maneira deslumbrada como Jeremy se referia a tal Katherine,


como se ela fosse a mulher mais linda e atraente que habitava naquela terra. Talvez
falasse aquilo por não ter tido a oportunidade de conhecer Camila Collins.

- Ela está aqui, ou pelo menos ouvi dizer que virá.

- Será que vamos ver a toda poderosa Katherine? – Dinah perguntou em meio a uma
risadinha.

- Em breve. – Respondeu ele com um sorriso. – Ela não iria faltar.

- Lauren, pode me acompanhar até o banheiro? – Normani indagou ao se levantar.

- Sim, claro! Voltamos logo.

Cruzamos o salão lotado, desviando dos inúmeros grupos de convidados que se


divertiam em conversas entretidas e danças envolventes. Me atentei a seguir os
passos de Normani, quando em um descuido esbarrei suavemente no ombro de uma
das mulheres no meio do salão. Eu não tive tempo de me desculpar, a mulher de
cabelos loiros foi rapidamente puxada por seu parceiro, quando outros entraram em
minha frente. Ela me encarou por breves segundos, antes de sumir em meio a
multidão. Apenas dei de ombros, voltando a seguir os passos de Normani até um dos
corredores daquela mansão.

- Você vem?

- Eu espero você aqui. – Informei ao ficar parada no início do corredor.


- Volto logo.

Eu assenti, vendo a mulher se perder em uma das portas. Algumas pessoas


circulavam pelo corredor mal iluminado, alguns casais, e outros apenas amigos. Eu
podia ouvir o barulho da música alta, acompanhado das conversas e risadas que se
mesclavam entre as paredes. Fiquei apenas a observar os detalhes de uma decoração
impecável, que deixava o lugar ainda mais luxuoso. Desde os carpetes bordados, aos
quadros nas paredes, estantes de madeira, e peças extremamente valiosas de
porcelanato. Me aproximei de um dos espelhos presos a parede, arrumando a
máscara negra em meu rosto, para em seguida notar minha falta de batom. Com
delicadeza, retirei o mesmo de minha bolsa, e deslizei suavemente sobre meus lábios.
Me atentei aos contornos sutis de minha boca, quando meus olhos focaram ao fundo.

"Katherine, por aqui, por favor." – Uma voz grave ecoou pelo corredor.

Aquilo me soou familiar, visto que há poucos minutos Jeremy havia comentado sobre
o mesmo nome. A mulher que seguia pelo corredor, virou-se na direção oposta,
atendendo ao pedido de um homem alto com cabelos ruivos. No pequeno espaço de
tempo não pude deixar de notar sua postura ereta e elegante, evidenciada por um
corpo esbelto. Katherine tinha os cabelos loiros, presos em um coque um tanto
desleixado, mas extremamente sofisticado. Em seu rosto, estava uma máscara
branca que o cobria pela metade. Por mais estranho que fosse, do pouco que vi da
mulher, fazia-me pensar que Jeremy não estava exagerando, ela realmente possuía
uma presença deslumbrante.

- Aconteceu alguma coisa? – Indagou Normani, arrancando-me daqueles


pensamentos.

- Não, eu só... – Neguei com cabeça. – Acho que vi a tal Katherine.

- E como ela é?

Eu fiquei em silêncio por alguns instantes, repassando na mente o exato momento


em que ela caminhava na mesma direção que a minha. Ela falaria comigo? Neguei
com cabeça por alguns instantes, negando tal hipótese.

- Pelo visto, ela deve ser tudo que falaram. Te deixou sem palavras.
- Não é isso, eu só não vi muito bem. O corredor está escuro, foi de relance.

- Devo acreditar? – A mulher indagou com um olhar atento.

- Deve, pois é a verdade, mas devo dizer que algo nela é interessante.

- Não acredito que se sentiu atraída por ela?! – Normani exclamou com um sorriso.

- Não! Você sabe que eu não consigo...

- Lauren... – ela me encarou. – Você não está mais com a Camila.

Os olhos de Normani se fizeram penetrantes e firmes, mas nada respondi. Eu sabia


que ela tinha me deixado, mesmo com a promessa que sempre ficaria comigo. A
questão era que Katherine havia me chamado atenção, não como Camila havia feito,
mas de alguma forma ela me despertou curiosidade. Talvez sua presença e postura
me lembrasse Camila, por isso, me senti estranhamente presa a ela.

- Vem, não vamos falar disso.

Em poucos instantes voltamos a nossa mesa, ocupando nosso lugar inicialmente.


Mesmo sem querer, me vi averiguando o lugar como um todo, a procura da loira que
há poucos minutos estava no corredor. Uma tarefa difícil, visto que o salão estava
repleto de convidados. No entanto, eu poderia encontrá-la facilmente, se ela
realmente estivesse ali. Katherine era como Camila, aparentemente inconfundível.

"Senhoras e senhores. Sejam bem-vindos ao nosso baile de máscaras beneficente! "


– Exclamou o mestre de cerimônia no centro do palco.

- Vamos começar a abrir as carteiras. – Dinah sussurrou em meio a uma risadinha.

Eu apenas sorri para ela, que parecia extremamente animada com o evento.

"Esse ano, o clube de empresários da Suíça traz como objetivo a construção de novos
orfanatos e melhoramento completo dos antigos! " – Completou o homem, recebendo
as palmas de todos ali presentes. – "Vale ressaltar que a ideia inicial do projeto partiu
da gerência de nossa filial petrolífera da Suíça, Cooper Enterprise. Que tem o projeto
beneficente em diversos países, incluindo Estados Unidos, México, Canadá e agora
nossa bela Suíça."

Estreitei os olhos para Dinah que apenas sorriu. A loira deu de ombros e voltou a
atenção para o apresentador, que tão logo iniciou o leilão da primeira peça. Tratava-
se de um colar luxuoso, com pedras de diamante, fornecido pelo dono de uma das
principais empresas de itens esportivos da Suíça, a intersport. Me mantive entretida
aos lances altíssimos dados de mesa a mesa, quando meus olhos repousaram sobre a
imagem da loira do outro lado do salão.

Era ela.

Katherine.

- Dinah... – Sussurrei, atraindo a atenção da mulher. – Acho que é ela, Katherine.

- Ele está muito longe e usando uma máscara. Mas pelo corpo, cabelo e roupa, parece
ser maravilhosa.

Maravilhosa, pensei.

Katherine dialogava de maneira entretida com o mesmo rapaz que a chamou no


corredor, deveria ser seu namorado, noivo ou algo do gênero. Ela parecia séria, muito
atenta ao local. Se portava de maneira elegante e imponente, até mesmo familiar.

- Ela parece.... – Eu fechei os olhos e balancei a cabeça em um sinal negativo. –


Estou ficando louca.

Os minutos se passaram, e mais peças foram leiloadas. A quantia em dinheiro subia


de maneira absurda, deixando-me incrivelmente feliz pela causa. Mas naquela noite,
uma única coisa tinha minha atenção, e ela estava agora caminhando graciosamente
para a lateral do palco. Quem era aquela mulher? Por que estava me deixando assim?
Eu simplesmente não conseguia para de encara-la.

- Está tudo bem? – Dinah indagou.

- Sim, tudo ótimo. – Menti.

- Não consegue tirar os olhos da mulher daquele ruivo. Não queira arrumar confusão,
Lauren.

- Eu não estou fazendo nada, só estava olhando para...

- Para aquela mulher.


- Não, eu estava apenas pensando.

- Com os olhos nela?

- Dinah!

- Quer conhecer ela? Podemos ir até lá. Afinal, somos da mesma empresa. Tenho que
conhecer minha nova sócia.

"E finalmente vamos saber o valor arrecadado esta noite!" – Exclamou o mestre de
cerimônias, atraindo aplausos que tiraram nossa atenção.

Eu neguei com a cabeça e voltei os olhos para o centro do palco, que outra vez era
onde ela estava. A nova sócia de Dinah carregava um ar misterioso, instigante que
me prendia de uma maneira inexplicável. Por vezes, pude jurar que seus olhos
estavam sobre mim e que ela me observava da mesma forma como eu fazia com ela.
No entanto, não queria parecer louca ou invasiva, por isso, me policiei para não
encará-la novamente, mesmo quando meu interior alertava para não tirar os olhos de
cima dela.

"Para esse momento, quero chamar ninguém menos que a fundadora desta ideia. A
mulher que deu início a uma causa tão importante! Ela que está se destacando a cada
dia como vice presidente da filial da Suíça."

Durante o discurso de apresentação do mestre de cerimônias, senti meu coração


acelerar repentinamente. Eu conseguia ouvir as batidas frenéticas, ao mesmo
instante em que minha boca dava sinais de secura. O que diabos estava
acontecendo? Eu suspirei, tentando acalmar aquele turbilhão de ideias descabidas que
explodia no interior de meu cérebro, para em seguida capturar a taça sobre a mesa,
que tão logo levei até os lábios, ingerindo de uma só vez o champanhe ali presente.
Em um vacilo meus olhos percorreram pelo salão, a procura de quem lá não estava.

"E com muita honra, eu chamo ao palco, nossa deslumbrante..."

Fixei o olhar para o centro do palco, sentindo aquele maldito frio no estômago.

"Katherine Cooper!"

A mulher adentrou o palco, recebendo o holofote sobre seu corpo esbelto, sendo
banhada por uma salva de palmas de um salão lotado. A Srta. Cooper caminhou
graciosamente até o centro do palco, parando ao lado do homem sorridente e
abobalhado. Ela estava simplesmente impecável. Trajava um vestido longo, moldado
sobre medidas para seu corpo relativamente magro, com curvas acentuadas. O
modelo era de tecido tule transparente, bordado com pedrarias prateadas e alças
finais que seguravam um decote frontal acentuado, combinando perfeitamente bem
com a fenda alongada na coxa direita.

- Uau! – Normani exclamou.

Katherine encarou a multidão através de sua máscara branca, exibindo um sorriso


hipnotizante. Meus olhos se fixaram sobre ela, fazendo-me sentir estranhamente
presa a beleza inigualável da bela loira.

- Não pode ser... – Sussurrei sem perceber.

A empresária em uma postura impecável, assumiu o comando do microfone preso ao


suporte no centro do palco, enquanto mantinha seus olhos presos a multidão que se
via cativa por sua presença singular.

- Muito obrigada, Derick. É um enorme prazer estar aqui nessa noite memorável com
todos vocês. Estou imensamente feliz de criar esse projeto com uma causa tão
importante. Destinar um pouco de nossos lucros a esses lugares, trará a milhares de
crianças órfãs a oportunidade de ter um futuro digno e uma estadia de qualidade em
seu lar atual. – Discursou a loira alegremente. – Hoje mais do que nunca, será o um
novo começo para elas...

Katherine engoliu em seco, parando brevemente, para em seguida continuar;

- E para mim também. – Completou com um sorriso.

Tudo que pensei naquele instante, era em como precisava de um momento com
aquela mulher.

Após o discurso, e a exposição da quantia arrecada, Katherine se despediu do público


com o olhar sobre mim, e caminhou para a lateral do palco, descendo pela escadaria
que a levaria de volta para o meio do povo. Mesmo no meio de todas aquelas
pessoas, eu conseguia observá-la atentamente. Ela não se mostrava incomodada,
pelo contrário, era como se quisesse ser vista. A loira se aproximou do ruivo que a
acompanhava, sussurrando algo em seu ouvido, para em seguida me fitar
novamente, antes de virar seu corpo e caminhar para longe dali. Engoli em seco,
suspirando sutilmente, travando uma batalha interna sobre o que fazer. Capturei meu
celular que estava sobre a mesa, encarando as várias notificações presentes na tela.
Mensagens e mais mensagens, por Deus. Olhei para todos ao meu redor, notando
que pareciam atentos demais a apresentação para notarem minha ausência.

- Eu vou ao banheiro. – Sussurrei para Dinah que assentiu.

Ergui meu corpo da cadeira e segui para a lateral do salão, procurando entre aquelas
centenas de pessoas algum sinal da empresária misteriosa. Como se pudesse ler
meus pensamentos, Katherine se manteve parada diante ao arco gigantesco que
dividia o salão do hall. Tomei impulso para me aproximar, atraindo o olhar mascarado
da loira, que tão logo voltou a iniciar sua fuga. Ela parecia fazer uma espécie de jogo
comigo, como se quisesse que eu fosse ao seu encontro, e era exatamente o que eu
faria. Segui seus passos, em uma distância segura o suficiente para não perdê-la de
vista.

O que aquela mulher estava planejando? Katherine Cooper possuía um ar atraente,


capaz de envolver ou até mesmo hipnotizar qualquer um que estivesse sobre aqueles
olhos que pude julgar serem azuis.

Naquele corredor vazio, tudo que se ouvia agora era o barulho sutis de nossos saltos
sobre o chão. Todos haviam ficado para trás, agora seria apenas ela e eu. A loira de
postura tão singular, parou no final do corredor mal iluminado e se permitiu observar
a vista oferecida pela enorme e solitária janela a sua frente.

- Posso saber por que você está me seguindo? – Indagou ela, fingindo inocência.

Sorri de canto, enquanto levava a taça com champagne até os lábios.

- Estou um tanto curiosa com você. Me parece tão misteriosa.

- Gosta de mistério? – Ela perguntou no exato instante em que parei a sua frente.

A loira ergueu o rosto me encarando fixamente, antes de abrir um sorriso


provocante.

- Digamos que é a minha paixão. – Retruquei.

A mulher suspirou suavemente.


- Vejo que temos algo em comum. – Disse ela, pegando a delicada taça de minhas
mãos para tomar um pequeno gole da bebida.

Flashback off

Eu sabia que minha atração inicial por Katherine aquela noite havia partido pela
semelhança com Camila, quer dizer, ambas as mulheres carregavam personalidades
marcantes e únicas, que pareciam me atrair de uma maneira absurda. A loira possuía
a mesma intensidade no olhar, mas confesso que ainda preferia o reflexo dos olhos
castanhos sobre mim. No entanto, a imagem de Camila Collins em minha mente, não
foi capaz de impedir a força do que Katherine me provocava. Ela era incrivelmente
inteligente e bela, como meu antigo amor. Hoje, eu poderia dizer sem dúvidas, que
no início foi difícil me adaptar há uma nova mulher, visto que tudo se resumia a
Camila, mas de uma maneira surpreendente, Katherine Cooper havia mostrado que
era tão boa, ou até mesmo melhor que Camila.

Deixei nosso retrato sobre o criado mudo, enquanto sorria ao lembrar de nossa noite
maravilhosa. Depois de me ver perdida em meio às lembranças da noite do incêndio,
onde Camila havia ficado para trás, Katherine de uma maneira única me fez esquecer
os problemas em uma boa noite de amor, mesmo sabendo de todos seus deveres no
dia seguinte. O que mais eu poderia querer?

- Acho que isso está bom. – Murmurei ao encarar o par de roupas sobre nossa cama
bagunçada.

Antes de vesti-las, percebi que meu celular vibrava pausadamente sobre o móvel
pequeno. Ao capturá-lo, notei a pequena barra de notificações, que portava uma
mensagem de minha namorada.

"Não se atrase, preciso vê-la antes de me apresentar. – Katherine."

"Estou a caminho, amor. Não se preocupe." – Mandei.

Depois de respondê-la, larguei o telefone celular, reservando os minutos restantes


para estar devidamente pronta para aquele evento. Hoje seria apresentado a nova
presidência da filial Suíça das Indústrias Cooper. Dinah, sendo a presidente da matriz
em Nova Iorque, estava devidamente encarregada de passar as honras de um cargo
tão importante para a pessoa que iria dirigir a segunda parte mais importante das
empresas em ramo petrolífero.

[...]
O caminho pelas ruas de Zurique parecia um tanto movimentado, me pus a dirigir
com certa pressa em um trânsito relativamente apertado. Era certo que nada se
comparava a loucura das ruas de Nova Iorque, mas agora, acostumada ao hábito
suíço, eu tirava aquilo de letra. Tamborilei com os dedos no volante, à medida que
música indicava as batidas emanadas pela caixa de som da range rover velar
acinzentada. Me mantive atenta na avenida que tão me trouxe o prédio grandioso da
Cooper Enterprises. O estacionamento central estava completamente lotado,
indicando o quão grandioso aquele evento seria. Parei com o carro em frente à
entrada central, recebendo a atenção de todos os jornalistas e curiosos que
esperavam ansiosamente por uma imagem sequer. Esperei por alguns segundos,
enquanto vasculhava minhas coisas pelo interior do carro, vendo algumas peças de
roupa de Katherine, com itens deixados pela mesma no dia anterior. Neguei com a
cabeça, deixando que um sorriso escapasse por minha boca, antes de capturar meu
distintivo, agora da policial federal da Suíça, seguido por meus óculos escuros. Deixei
o carro luxuoso, recebendo a lente das câmeras e os murmúrios dos jornalistas.

"Agente Jauregui, recebemos informações que somente na semana passada seu


antigo comissário, Brandon James, foi condenado pela morte de Charlie Cooper e por
ter sido cúmplice de Christopher Collins, você confirma?"

- Não tenho nada a dizer. – Murmurei ao adentrar no interior do prédio.

Os seguranças da entrada prontificaram a impedir a entrada ou perturbação dos


jornalistas para todos os convidados presentes no interior da Cooper Enterprise.
Caminhei pelo saguão extenso e lotado, trocando alguns acenos com conhecidos de
Katherine, até avistar minha conhecida ao fundo.

- Finalmente! Dinah e Katherine estão para enlouquecer. – Normani exclamou um


tanto nervosa.

- Pelo visto você também.

- Você sabe como elas ficam quando estão nervosas.

- Tente relaxar! Eu vou falar com ambas.

Normani assentiu com um breve sorriso, antes de caminhar em direção ao auditório


lotado. Encarei o lugar a minha volta, fitando o fluxo de pessoas que circulavam por
aquele local, para em seguida seguir em direção ao elevador central. Ao adentrar
naquela caixa metálica e tocar sutilmente sobre o botão do último andar, uma onda
de lembranças me invadiu o pensamento. Por um pequeno instante de tempo, minha
cabeça se permitiu pensar nela.

Camila Collins havia se tornado apenas uma lembrança. Uma lembrança inconfundível
na cabeça de todos aqueles que tiveram o prazer de tê-la conhecido. Não era um
segredo, que aquele nome possuía um peso singular, como uma marca registrada,
que a denominava como um ser inconfundível. Afinal, quantas "Camila Collins" você
havia conhecido?

Apenas uma, certo?

Era porque ninguém, ninguém tomaria o lugar dela. Camila Collins nada mais era do
que a união de seus desejos mais obscuros. Não acredita? Então olhe para si mesmo,
faça uma pequena análise. Você pode até tentar negar, baseando-se em suas
virtudes aparentemente inabaláveis e puras; mas não se engane. Você não é tão
inocente quanto imagina. Você é cúmplice, e sabe por que?

Desde o primeiro momento, daquele jogo tão perfeitamente planejado, você se


rendeu diante dos encantos sedutores e pecaminosos de Camila, era impossível não
se ver seduzido por aquela mulher, não é? Mas você, mais do que ninguém, sabe que
se curvou diante da rainha ao saber da magnitude de seu poder. Por mais que a voz
na sua consciência alertasse a todo instante o quão errado aquilo poderia ser, você se
uniu em uma aliança silenciosa para que as estratégias se tornasse um xeque-mate
triunfal.

Você era cúmplice, assim como eu.

- Sra. Jauregui. – Disse a secretária assim que me aproximei. – Vou informar sua
entrada.

- Obrigada, Amber. – Murmurei com um sorriso no canto dos lábios.

E como um bom cúmplice, você tem que guardar alguns segredos...


Capítulo 41 - Katherine Cooper.

Acharam que tinha acabado né?

Queria agradecer a cada um de voces que acompanharam Xeque-Mate, que fizeram


dessa estória gigante e ser uma das mais conhecida do fandom. Apreciem o capitulo,
venerem os personagens que sao construidos com tanto amor e carinho. Cada
detalhe foi justamente pensando em vocês e no contexto da fic.

Obrigada pela paciência e pelas ameaças tambem kkk confesso que eu me divirto
lendo o que voces comentam. Xeque-mate foi uma fic incrivel de montar, de ver os
pequenos detalhes pra fazer de cada personagem unico. Enfim, obrigada por
acompanhar espero que voces gostem do final, com muito carinho, Sindy R.

Para ele indico: Sacrifices - Tinashe

The Gunner - MGK.

Ahh galerinha, quem puder, dê uma olhadinha no twitter @@MeduzaStore, é uma


loja virtual maravilhosa!

AAHHH COMENTEM USANDO A TAG. ESQUECI DE AVISAR KKK

#XequeMateCapFinal.

Espero que gostem do meu novo amor: Katherine Cooper.

Katherine Cooper's point of view.

Inicie Sacrifices - Tinashe

Fênix.

A Fênix é uma ave mítica, símbolo universal da morte e do renascimento. Também


simboliza o fogo, o sol, a vida, renovação, ressurreição, imortalidade, longevidade e
invencibilidade. De origem Etíope, a Fênix, cuja cauda tem bonitas penas vermelhas e
douradas, é retratada por uma ave sagrada que se ergue das chamas. Isso porque
ela possui a capacidade de renascer de suas próprias cinzas depois de ser consumida
pelo fogo.

Fechei o livro repousado sobre minha mesa, após ler aquelas palavras impressas em
um papel amarelado. Um suspiro deixou meus lábios, após assimilar cada mínimo
detalhe daquele parágrafo que representava tanto de mim. Retirei meus óculos de
grau, deixando-os sobre a pilha de papéis no canto da mesa presidencial. Tamborilei
com os dedos sutilmente, antes de erguer meu corpo da cadeira e caminhar
lentamente até a estante de mogno em um tom de castanho-avermelhado no canto
da sala extensa. Despejei relativa quantidade de um whisky escocês dentro do copo,
para em seguida depositar duas pedras de gelo.

Aquela manhã carregava um peso considerável diante dos planos que tracei após
todo o desastre de um ano atrás. Hoje seria o dia em que todos poderiam ver o
renascer de quem eu sou e ainda posso ser. O trajeto de vida que foi destinado a
mim, não permitiu a criação de espaços para fracassos ou derrotas. Eu havia sido
criada, e restritamente treinada para combater o que se opusesse em meu caminho.
Era seguindo aqueles ensinamentos que eu estava agora, mais viva do que muitos
poderiam achar.

"Com licença, senhora."

Ergui o copo com whisky até minha boca, deixando que o líquido de tom levemente
acobreado molhasse meus lábios agora pintados em um de vermelho escuro, opaco.
Após sentir o interior de meu corpo aquecer com a bebida, respondi:

- Sim, Amber?

- A senhora Jauregui está aqui e deseja entrar. - Foram as palavras de minha


secretária particular, que me arrancaram um sorriso satisfeito.

Dei um passo à frente, aproximando-me da parede de vidro maciço que me


presenteava os olhos com uma visão ampla do horizonte da bela e estruturada cidade
de Zurique. Meus olhos foram de encontro ao fluxo de carros que adentravam o
estacionamento frontal de minha empresa.

As indústrias Cooper.

- Deixe ela entrar, estou à sua espera.

- Sim senhora, com licença.


A medida em que me aproximei da vidraça, pude enxergar parcialmente
meu reflexo. Meus cabelos ainda eram longos, desciam como uma bonita cascata em
minhas costas, embora agora estivessem um tom de loiro, trazendo uma mudança
radical a minha aparência. As madeixas claras se contrastavam perfeitamente ao
vestido tubinho preto, com mangas ¾ e um decote frontal retangular. A peça de
tecido leve, muito elegante, se mantinha justa em meu corpo, trazendo um ar social e
ao mesmo tempo atraente. Eu poderia dizer com modéstia, o quão exuberante eu
estava aquela manhã? Afinal, não era ruim uma mulher se achar incrivelmente bela,
certo? Principalmente, quando em poucos minutos se tornaria o centro da atenção de
centenas de pessoas que se encontravam ansiosas em um auditório gigantesco
daquele prédio.

Naquela manhã de um outono, em terras Suíças, dentro do monumental prédio da


Cooper Enterprise, empresa nascida pelas mãos do falecido Charlie Cooper, será
iniciado o novo ciclo comandado por mim.

- Katherine Cooper?

Ouvi a voz rouca e feminina inundar o ambiente, arrancando de mim um sorriso


amoroso. Deixei que o ar que preenchia meus pulmões, escapassem por minha boca
em um suspiro pesado. Os barulhos dos sapatos de Lauren sobre o piso de carvalho
indicavam sua proximidade, fazendo-me ansiar por seu contato, até enfim receber
suas mãos em minha cintura.

- Está pronta, rainha?

Aquela pergunta veio de encontro ao meu ouvido, como um sussurro. Senti um sutil
arrepio por minha coluna, embora tentasse não transparecer o estremecer de meu
corpo. Tomei mais um gole da bebida em meu copo, antes de virar em sua direção e
encarar seus olhos verdes hipnotizantes. Lauren estava incrivelmente bela aquela
manhã, como de costume. A delegada trajava um terninho feminino em um tom de
azul escuro, com linhas de giz na vertical. O tecido de aparência sofisticada mantinha
um contraste com o tom perolado de sua camiseta de seda no interior do blazer
aberto. Eu deslizei a ponta dos dedos sobre o distintivo pendurado por uma fina e
delicada corrente em seu pescoço.

- Sempre estou pronta, Jauregui. - Respondi em um tom convencido.

Lauren sorriu de canto, tomando o copo de minha mão para bebericar um pouco do
líquido de teor alcoólico.
- Claro que está, ainda mais para ser a peça principal, não?

Contorci os lábios em um sorriso malicioso, antes de caminhar até minha mesa, onde
me sentei parcialmente. Cruzei as pernas, deixando que uma parte de minhas coxas
ficassem visíveis pela fenda sutil do vestido.

- Não pode me culpar por ter nascido para ser a protagonista desse jogo, Lauren.
Está no meu sangue o destino de ser uma rainha.

- Pensei que Camila Collins tivesse ficado para trás. - A policial murmurou ao se
aproximar, deixando o copo de lado.

Encarei seu olhar intenso, que me fez devolver de uma maneira desafiadora e
imponente. Com um sorrisinho no canto dos lábios, deslizei minhas mãos pelo busto
de Lauren, percebendo que ela acompanhava cada movimento com os olhos. Com a
ponta dos dedos desenhei sobre sua pele, até alcançar a barra de seu blazer, onde
puxei para trazê-la para mais perto.

- E ficou. Camila Collins está morta em algum cemitério de Nova Iorque agora. -
Sussurrei, enquanto minhas mãos subiam pelas laterais de seu pescoço. - No
entanto...

Senti a respiração de Lauren falhar por breves instantes, em um sinal perfeito do que
eu poderia lhe causar. Mesmo com o tempo, a delegada não havia se tornado imune
ao meu poder, muito menos aos meus toques. Eu sorri de canto e inclinei meu corpo
sutilmente para frente, aproximando meus lábios da curvatura de seu pescoço. Ela
engoliu em seco, suspirando com a proximidade, mas nada falou. Depositei um beijo
lento, permitindo minha língua percorrer por sua pele.

- Katherine Cooper está aqui agora, como o renascer de Camila Collins que
foi consumida pelo fogo. - murmurei, para em seguida voltar a encarar seus olhos.

- Como uma fênix?

- Como uma fênix. - Afirmei.

Os olhos verdes de Lauren exibiam um brilho de luxúria, quase excitação. Ela inspirou
o ar com força, como se buscasse manter sua sanidade.
- O que devo esperar de você, Katherine?

- O que esperava de Camila Collins? - Rebati com uma pergunta que a fez sorrir. -
Ainda somos uma só, Lauren. Agora você terá as duas.

Ergui meu corpo da mesa e caminhei para o outro lado, enquanto tentava me
recompor.

- Sinal que devo me preocupar. - Afirmou ela ao virar todo o whisky em sua boca. -
Duas de você é sempre um sinal de confusão, é como se tivesse vivido isso em uma
outra vida. - Completou, fazendo-me rir baixinho.

- Deveria se sentir honrada por ter dois lados de mim. - Murmurei ao parar diante da
porta. - Não é qualquer uma que nasce com essa sorte.

- Precisarei ter muito controle. - Alegou assim que suas mãos vieram de encontro a
minha cintura.

- Não pode controlar a dona do jogo, Jauregui. Eu te ensinei isso desde o primeiro
capítulo dessa história, lembra? O reinado aqui é meu.

"Sra. Cooper, estão todos à sua espera."

Lauren e eu nos entreolhamos por alguns instantes, em uma troca de olhar cúmplice.

- Avise que estou descendo, Wiliam. - Ordenei.

O funcionário intimidado assentiu e tão logo se retirou. Nós caminhamos juntas, lado
a lado, em direção ao elevador principal. Lauren me encarou por alguns segundos,
certificando-se de meu estado, aparentemente mais do que perfeito. Eu sabia de seu
receio por minha exposição exagerada, era contra como Dinah e Normani haviam
sido. No entanto, minha decisão havia sido tomada. Katherine Cooper não havia
nascido de uma fatalidade para viver nas sombras de um passado obscuro. Eu havia
ganhado aquele jogo, merecia desfrutar de minha vitória.

- Quando quiser, senhora. - Murmurou o segurança assim que paramos diante da


porta dupla do auditório.

Lauren se pôs de lado, deixando-me no centro de ambas as portas. Seu olhar em


minha direção transmitia confiança, como se no fundo daqueles olhos verdes,
pudesse me passar sua segurança.
- Controle seu novo exército, rainha. - Foram as palavras de Lauren assim que as
portas do auditório de abriram, dando espaço para minha entrada.

"Apresento a vocês, nossa mais nova sócia majoritária e presidente da maior


indústria petrolífera da atualidade. Katherine Cooper." - Exclamou o mestre de
cerimônias quando meu corpo foi banhado por flashes.

Naquela fração de segundos, minha ascensão ao cargo de presidente das Indústrias,


inicialmente fundada por meu pai, Charlie Cooper, foi o ápice de minha vitória contra
Christopher Collins. Depois de longos anos de sofrimento, planejando estratégias
perfeitas para um jogo perigoso movido por interesses e vingança, era aqui que eu
me encontrava. Camila Collins poderia ter morrido queimada ao lado de seu marido
corrupto e assassino, responsável pelo incêndio criminoso de seu lar há cerca de oito
meses atrás. No entanto, no mesmo dia em que a Sra. Collins deixou seu posto de
rainha, designou a coroa para um outro lado seu. Um lado tão inteligente, eficaz e
poderoso como o anterior. Afinal, ninguém seria capaz de segurar o fardo pesado
daquele reinado, seria? Nenhuma daquelas pessoas, poderiam suportar com tanta
frieza o que Camila havia vivido. Apenas eu, Katherine. E se estiverem curiosos com
isso aconteceu; Eu posso explicar em como a mais nova presidente das Indústrias
Cooper havia nascido, ou melhor, ressurgido.

"Me contorci lentamente, arrastando-me sobre o assoalho escuro, sentindo


aquela pontada aguda na parte superior de minha costela, acompanhada do ardor em
minha coxa esquerda. Um gemido de dor escapou de meus lábios, enquanto me
esforçava para manter meus olhos abertos. Naquele momento, sentia meu corpo
pesado, quase imóvel, como se ele não estivesse recebendo totalmente os comandos
necessários para me tirar dali. Talvez fosse efeito do medo e do desespero que me
dominava naquele instante, ou até mesmo, a pancada violenta que levei após a
explosão do cômodo ao lado. Outro gemido de dor, seguido pela tentativa falha de
me por sentada. Deitei novamente no chão, enquanto tentava focalizar minha visão
que se encontrava turva, embaçada. O clarão das chamas intensas tomava conta do
quarto, consumindo todos os materiais ali existentes. O fogo se aproximava cada vez
mais, fazendo-me observar atentamente como eu iria morrer. Era desesperadora a
sensação de ver a morte tão de perto, e não poder fazer nada para impedir.

- Não posso morrer... - Sussurrei com dificuldade, quando o ar contaminado me


preenchia os pulmões. - Não posso...

Meu corpo se sacudiu a medida que a tosse violenta me pegou. Eu estava sufocando
naquele lugar. Fechei os olhos por breves segundos, ouvindo vagamente o estalar do
fogo, sendo ofuscado por aquele zumbido que me deixava quase surda. No fundo de
todos aqueles sons, eu ouvi os gritos de pavor.

Virei meu corpo lentamente para o lado, sentindo aquela dor insuportável. Minha mão
escorregou sobre a pele de minha coxa, sendo umedecida por um líquido escuro.
Ergui a mão trêmula lentamente, dando-me conta da vermelhidão que escorria entre
meus dedos até a palma.

Sangue.

Isso é culpa sua, Camila. - O homem grunhiu desesperado.

Minha respiração ofegante, fazia com que eu inalasse com mais vontade o ar
contaminado daquele quarto. Por mais que minha cabeça trabalhava freneticamente,
meu corpo não parecia corresponder na mesma intensidade. As forças de meu corpo
se foram, quando eu mais precisava delas. Me encontrei em desespero. A morte
estava ali, vibrante, intensa, aproximando-se de mim de maneira torturante. Eu
estava mesmo morrendo? Era assim que tudo ia terminar?

- Não... - Murmurei, umedecendo meus lábios com a ponta da língua.

Um lado meu dizia que não me restavam alternativas, eu estava resignada em deixar
que o fogo me consumisse por completo. Era para o inferno que eu iria, não? Depois
de uma vida regida por sentimentos tão inferiores nada e nem ninguém poderia me
salvar agora. Durante todo aquele tempo, imaginei que em algum momento algo
poderia dar errado, só não pensava que pudesse ser daquela forma. O jogo da vida
havia me conduzido pelo sentimento de ódio e revolta, o meu fim não poderia ser
diferente, poderia?

"Você vai morrer comigo! Vai morrer comigo, vagabunda." - O homem exclamou,
fazendo com que meus olhos se enchessem de lágrimas.

Não eram lágrimas de tristeza, eu não poderia me ver triste naquele momento.
Minhas lágrimas se resumiam a revolta. Eu iria cair, mas levaria o causador de tudo
comigo.

- Você vai para o inferno comigo... - Sussurrei baixinho, mesmo sabendo que ele não
poderia ouvir.
- Não pode lutar contra mim. - Murmurou mesmo em meio a um gemido de dor.

Eu fixei os olhos no teto, vendo o fogo se espalhar cada vez mais. Ele se expandia em
uma rapidez que me deixava completamente apavorada. As labaredas cresciam até o
teto de gesso que ameaçava desabar por completo sobre nossas cabeças a qualquer
momento. Os ruídos se intensificavam, dando sinais claros que, a qualquer momento
tudo aquilo poderia desabar. Minha respiração se tornava lenta e cada vez mais
pesada, como se meu corpo estivesse perdendo as forças. Aquela dor era
insuportável, deixava-me fraca e sem esperanças para lutar. Christopher Collins havia
me derrubado.

- Como se sente, rainha? Como se sente morrendo por minhas mãos? -


Sua voz soou grossa, e sarcástica. Ele iria morrer, mas pisaria em mim o quanto
fosse necessário antes de partir.

Um único suspiro deixou meus lábios enquanto minhas mãos se fecharam em punhos
cerrados. Eu o vi se aproximando. Christopher carregava uma expressão doentia,
enquanto se esforçava para atravessar a Suíte com todos seus machucados. Minha
respiração voltou bruscamente, fazendo-me fechar os olhos em puro impulso. Eu iria
morrer.

- Você é fraca! Como Charlie foi! - Gritou.

Aquela pequena frase soou violenta e intensa, sobrepondo-se a meus pensamentos.


Como um tiro certeiro, provocando aquela dor imensurável por sua perfuração, mas
diferente de todas as outras dores, aquela não me atingiria de uma maneira ruim.
Pelo contrário, as palavras proferidas por Collins vieram como um surto de
adrenalina, e era somente isso que me faltava. Meus olhos se abriram em um único
ato, fixando-se sobre as chamas vibrantes que consumiam tudo que restava. Ele não
iria manchar Charlie com a minha derrota. Virei meu corpo de bruços, apoiando-me
com as mãos no piso trêmulo. O fogo estava cada vez mais próximo, as chamas
queimavam sobre os tecidos, cortinas e carpetes. Rangi os dentes, sentindo aquela
pontada de dor em minha coxa. Eu suportei assim que meus olhos foram de encontro
ao objeto prateado e reluzente a poucos metros de mim.

- Você não devia me subestimar, Collins. - Murmurei, arrastando-me pelo chão.

- Você está acabada, Camila. - Ele riu ironicamente. - Dessa vez o seu jogo acabou.
Dizem que momentos antes da morte sua vida passa como um filme diante de seus
olhos. Desde o primeiro instante até o último. Eu não sabia se aquele seria finalmente
o meu momento de partir. Mas no interior de meus pensamentos toda minha
trajetória passou como um flash. Minha chegada no orfanato, minha união com
Dinah, meu primeiro encontro com Charlie. Seu sorriso largo, acompanhado de seus
olhos claros se materializaram em minha mente de maneira tão nítida, que eu poderia
jurar tê-lo visto. Você consegue, Camila, disse ele. No entanto, sua expressão tão
alegre e viva, se transformou em um rosto melancólico, opaco, morto. Trazendo
consigo os olhos malignos do homem a poucos metros de mim. Aquela sensação de
revolta inflou meu peito, arrancando-me o fio de felicidade que se instalou em meio
àquela desgraça. Eu abri os olhos, voltando aquela realidade violenta que nos
cercava. Minha respiração pesada bombardeava meus pulmões, assim como meu
coração emitia fluxos intensos de sangue pelo meu corpo. Por alguns segundos, as
imagens de Lauren se fixaram em minha cabeça, lembrando-me de tudo que ainda
poderíamos viver.

- Lauren... - Sussurrei, arrastando o dorso da mão para limpar o sangue que escorria
próximo a minha boca.

Inicie The Gunner - MGK

Eu fechei uma das mãos firmemente ao redor do revólver trazido por Collins e ergui
meu corpo, sendo rodeada pelas chamas vibrantes que ele mesmo havia provocado.

- O jogo só acaba quando o rei é derrubado. - Foram minhas palavras quando ergui a
arma reluzente em sua direção.

Christopher estagnou os passos, fitando-me com os olhos malignos e perversos. Eu


poderia notar facilmente sua respiração ofegante, enquanto ele apertava os próprios
punhos. Nós nos encaramos por segundos valiosos, que me fizeram recordar todo
sentimento de repulsa que ele me provocou durante todos esses anos.

- Você não tem coragem... - Ele murmurou ao dar um passo à frente, fazendo-me
franzir o cenho.

- Não se aproxime! - Gritei, firmando a arma em sua direção.

Collins expandiu os lábios em um sorriso diabólico, que me fez tremer. Por alguns
instantes, considerei mentalmente que foi aquela imagem que Charlie teve antes de
morrer, eu não poderia ter o mesmo fim. Engoli em seco, sentindo o calor daquele
quarto provocar as gotas de suor que escorriam por minha pele, que, misturadas com
o sangue, distribuíam-se por algumas partes de meu corpo.

- Você não é tão corajosa, Camila. É tão covarde como seu falecido pai.

- Nunca mais fale dele! - Exclamei ao puxar o gatilho de uma só vez.

O estalar sutil emanado pelo revólver indicou a falha inacreditável daquele momento.
Meus olhos se arregalaram em um ato desacreditado. Christopher gargalhou
diabolicamente, fazendo-me tremer por completo. Eu recuei um passo, apertando o
gatilho que novamente falhou. O homem fixou os olhos demoníacos sobre mim,
carregando em sua íris clara o brilho da morte.

- Não, não...

- Acabou, rainha!

Quando Christopher avançou sobre mim em um ato impulsivo, o fogo violento


ocasionou uma explosão próximo ao telhado, fazendo com que uma parte dele
desabasse entre nós. Meu corpo foi bruscamente arremessado para o chão,
arrancando-me um grito de dor que rasgou minha garganta. Gemi dolorosamente,
enquanto me afastava do fogo que resvalou por meu braço esquerdo. Virei de bruços
e ergui meu corpo do chão novamente, com os resquícios de forças que me restava.
A fumaça, misturada à poeira, se alastrou pelo ambiente em meio às chamas
vibrantes, dificultando minha visão daquele cômodo destruído. Dei um passo à frente,
mesmo sentindo o fisgar intenso em minha coxa direita, quando por fim meus olhos
encontraram o que eu realmente precisava.

Afastei as peças grossas de gesso que desabaram do detalhado, para enfim capturar
minha pistola dourada, que reluzia de maneira brilhante em meio a destruição. Assim
que tomei posse do objeto, ouvi os gemidos enfurecidos de dor. Apressei os passos,
com dificuldade, arrastando minha perna direita para então vê-lo reclinado sobre o
piso entre os destroços.

- Me tire daqui! Me tire daqui agora! - Exclamou de forma sufocada, enquanto tentava
afastar a enorme viga de madeira que esmagava suas pernas. - Sua vagabunda, me
tire daqui!

Mesmo sabendo que aquele lugar estava prestes a sucumbir em meio ao fogo, me
permiti observar aquela cena com certo prazer. Naquele momento, não restava em
mim qualquer sinal de compaixão, muito menos de solidariedade. Christopher não
merecia que eu me compadecesse por seu estado, ele não moveria um dedo para me
salvar.

- Vai me deixar queimar aqui? - Exclamou em meio aos gemidos de dor. Eram
pavorosos. - Se o fizer, estará afirmando que é tão perversa como eu.

Meu peito subiu e desceu em uma respiração pesada enquanto meu coração palpitava
freneticamente. Olhei ao meu redor, notando que não havia muitas opções. Sabia que
meu lugar no inferno estaria reservado, não seria uma boa ação que me tiraria de lá.
No entanto, permitir que Christopher sentisse as chamas o consumindo em uma
tortura lenta e dolorosa faria de mim alguém muito pior do que ele. Collins não tinha
escapatória, e eu não poderia morrer naquele incêndio.

- Eu não sou como você, Christopher.

Ergui uma das pernas e pressionei com a ponta do pé sobre sua barriga, recebendo
um grunhido doloroso. Ergui a cabeça e o encarei com uma expressão desafiadora
para então apontar a pistola dourada em sua direção.

- Eu deveria deixá-lo queimar no fogo, mas não vou me igualar a você. Me agradeça
por acabar com seu sofrimento quando nos encontrarmos no inferno. - Engoli em
seco, repousando o dedo sobre o gatilho de minha arma.

- Ca-Camila.. - Murmurou, fazendo-me notar o sangue expelido por sua boca.

- Xeque-mate, Collins. - Foram minhas palavras antes de disparar duas vezes em seu
peito.

O corpo do homem recebeu o impacto forte dos tiros emanados por minha pistola,
dando fim ao seu sofrimento, consequentemente, ao meu.

- Acabou. - Suspirei, largando a pistola no chão.

Em um espaço mínimo de tempo analisei todas as prováveis saídas do


lugar, constatando que não me restavam muitas. O fogo tomava conta de tudo que
havia pela frente. Me afastei do corpo, seguindo em direção à parede parcialmente
arrebentada que daria passagem ao quarto do lado, visto que na região oposta, tudo
havia desabado. O espaço ainda não era suficiente para que eu me deslocasse para o
aposento a frente, havia algumas vigas finas de madeira que não foram totalmente
arrebentadas.

- Inferno! - Exclamei nervosa, antes de capturar uma das cadeiras de madeira


presentes no quarto.

Movida a adrenalina, arremessei o objeto com força contra as vigas; e só após três
tentativas o material se partiu. Com as mãos, afastei os retalhos da madeira fina, e
me inclinei para frente, sentindo minha coxa sangrar cada vez mais. Gemi de dor
assim que meu corpo foi de encontro ao chão, próximo às labaredas de fogo vivo, que
por pouco tomaram conta do robe que me cobria.

- Preciso sair... - Gemi, tentando me levantar.

Quando tomei impulso para suspender meu corpo do chão, a porta do banheiro foi
arremessada com o impacto de outra explosão. Me abaixei novamente,
completamente apavorada quando meus olhos foram de encontro ao que havia no
interior do pequeno cômodo.

Um corpo.

Meus olhos se arregalaram, fazendo-me levantar de uma só vez. O grito sumiu em


minha garganta assim que vi o rosto parcialmente queimado.

- Eliza! - Exclamei com uma voz trêmula. - Por Deus...

Levei uma das mãos à boca, sentindo meu corpo inteiro tremer diante da visão
assustadora do corpo sendo consumido pelo fogo intenso. Eliza tinha a pele sendo
devorada pelas labaredas, sem esperanças de salvação. Fechei os olhos por alguns
instantes, sentindo aquele maldito aperto no coração. Eu não poderia deixar que a
culpa me derrubasse agora, Eliza não morreu por minha culpa, certo?

- Me perdoe por isso, Eliza...

Levei uma das mãos ao colar preso ao meu pescoço, arrancando-o de uma só vez. O
objeto valioso se partiu, deixando que algumas de suas pedrarias tão caras caíssem
no chão. Apertei-o com as mãos antes de jogá-lo próximo ao corpo que em pouco
tempo se tornaria irreconhecível. Recuei alguns passos, vendo o fogo toma-la por
completo, antes de ir em direção à varanda. Com certa dificuldade, abri a porta
dupla, deixando que o vento daquela noite pavorosa viesse de encontro ao meu rosto.
Repousei minhas mãos no batente da varanda, debruçando-me para frente. Meu
coração ainda batia descontrolado no interior de meu peito.
- Pula... - Disse a mim mesma.

Meus olhos se fixaram sobre a piscina extensa há alguns metros abaixo. Havia uma
grande possibilidade de tudo dar errado, visto que a mesma ficava um pouco mais a
frente, e não totalmente abaixo da pequena varanda em que me encontrava naquele
momento. Me debrucei novamente sobre o corrimão, completamente ofegante.

- Você consegue, Camila... - Repeti aquela frase seguidas vezes, enquanto me


colocava do lado oposto da varanda, agora pisando com a ponta dos pés no espaço
mínimo do outro lado.

Me encontrava pendurada ao lado de fora da varanda, encarando a grande extensão


de água um pouco mais a frente. Senti aquela maldita fisgada na perna direita,
fazendo-me duvidar ainda mais de meu plano de fuga. Meu salto para o fundo da
piscina teria enormes chances de falhar, visto que uma de minhas pernas se
encontrava ferida. Fechei os olhos e respirei fundo seguidas vezes, em uma tentativa
falha de tomar coragem para pular. Meu corpo tremia descontroladamente. Naquele
espaço mínimo de tempo, as imagens de Eliza sendo queimada tomaram minha
mente, fazendo-me presumir que Christopher logo estaria da mesma forma. Eu não
poderia ter aquele fim, não por medo ou fraqueza. Camila Collins havia enfrentado
coisas piores, não seria um salto de uma mansão em chamas que faria seu fim, seria?

- Esse não é o fim. - Foram minhas palavras antes de tomar impulso e


saltar para a frente.
A sensação assustadora trazida pela queda livre foi apagada quando meu corpo
afundou na água. Por mínimos segundos, o silêncio no fundo da piscina me trouxe
uma calmaria que me fez tomar impulso para emergir até a borda. Tossi
violentamente enquanto me segurava na beira da piscina. Me debrucei sobre a borda,
esforçando-me para enfim sair da piscina. Mesmo com dificuldade, ergui meu corpo
completamente encharcado, sendo coberto apenas pela minha lingerie e o robe
rasgado. Girei sobre meus calcanhares, sentindo a água escorrer por meu corpo, até
me pôr de frente para a visão assustadora da mansão Collins, que agora estava
sendo completamente tomada pelas chamas vivas em seu interior.
- Acabou..."
Aquela imagem de cores tão vibrantes exibida diante de meus olhos, carregava uma
representatividade maior do que poderiam imaginar. Observar a mansão Collins
sendo inteiramente destruída, dava a mim aquele gostinho de fim, como um
fechamento de um ciclo tão arduamente planejado e executado. Dentro daquele lugar
agora tomado pelas chamas, estava morrendo uma parte de mim. Em um sentido
figurado, Camila Collins não havia escapado. Ela estava ali, sendo integralmente
consumida pelo fogo da vingança; a rainha estava se decompondo em cinzas que
agora dariam vida para um novo eu.
Que Camila eu poderia ser?
[...]
Encarei meu reflexo no espelho do banheiro, notando as marcas violentas daquela
noite. Ao abaixar o zíper do macacão industrial preto, recolhido de uma das salas de
manutenção dos fundos da mansão Collins, notei as escoriações e queimaduras
espalhadas por meu corpo. Com certa dificuldade, abaixei o restante da peça de
roupa que agora descia por minhas pernas até o chão. Um gemido escapou por minha
boca, assim que o tecido grosso escorreu pelo corte em minha coxa. Quase sem
forças, me sentei no chão do banheiro, enquanto me apoiava na parede fria.
- Me atende, por favor. - Sussurrei ao clicar mais uma vez sobre o nome da policial
no telefone celular. - Preciso que saiba...
Naquele instante, o incêndio da mansão Collins não era mais um segredo. Equipes do
corpo de bombeiro e carros da polícia circulavam atentamente pelas ruas de Nova
Iorque a caminho do lugar destruído. Lauren sendo peça importante do departamento
de polícia, com toda certeza, já devia ter sido informada. Sentia meu peito apertar
somente com a ideia de tê-la sofrendo por minha morte, eu sabia o quanto aquilo
poderia deixá-la transtornada. A delegada carregava uma intensidade disfarçada por
seu jeito descompromissado, que havia ido por água abaixo a partir do momento que
se uniu a mim em um objetivo único.
- Vamos, por favor... - Cliquei mais uma vez sobre o seu nome na tela do celular.
"Oi, aqui quem fala é Lauren Jauregui. Eu não posso atender no momento, mas deixe
seu recado."
Eu não poderia deixar um recado, pessoas mortas não deixam recados, pensei. Tentei
por mais vezes, todos os celulares, contando com Normani e Dinah, mas nenhuma
delas atendeu.
- Inferno! - Exclamei ao afastá-lo com força.
Suspendi meu corpo do chão, segurando em todos os móveis que me serviam de
apoio, para seguir em direção ao interior do boxe pequeno. Arfei baixinho quando a
água fria entrou em contato com minha pele, escorrendo pela mesma de maneira
constante, e relaxante. Era bom sentir algo de temperatura mais baixa depois de tudo
naquela noite. Perdi alguns bons minutos debaixo do chuveiro, enquanto meus
pensamentos trabalhavam em tudo que eu precisava fazer daqui para frente. Após o
banho, procurei por minhas roupas guardadas em algum cômodo daquela casa
alugada. Tratava-se do mesmo lugar que usávamos para armar nossos planos
durante a madrugada em que Christopher dormia.
"Oi, aqui quem fala é Lauren Jauregui. Eu não posso atender no momento,
mas deixe seu recado." - soou o telefone celular mais uma vez, arrancando-me um
suspiro irritado.

Terminei os curativos em minha perna, seguido por alguns em meus braços e outros
pela costela. Não era um dos meus melhores momentos, constatei enquanto encarava
minha imagem no espelho. Com certo cuidado, passei os braços pelas mangas do
casaco preto, para em seguida repousar o boné sobre minha cabeça. Após estar
totalmente pronta, segui até a pequena dispensa no porão da casa, onde reuni todos
os materiais que precisava no interior de uma mochila. Havia roupas, sapatos,
dinheiro e cartões.

- Onde está isso?! - Exclamei um tanto apressada, enquanto vasculhava as maletas


repousadas na estante de ferro enferrujado. - Aqui!

Meus olhos foram de encontro aos nomes desconhecidos, acompanhado de nossos


rostos familiares. Havia inúmeras alternativas para uma nova identidade, e dentre
todas elas me familiarizei com uma.

- Katherine Camila Cooper... - Sussurrei ao tocar suavemente sobre meu rosto


impresso na pequena foto.

Todos os documentos foram previamente falsificados em minha última viagem a


Suíça. Enquanto Lauren perdia longas horas no caso Collins, eu me encontrava em
um almoço de negócios com um dos melhores falsificadores do país. Naquele
momento, era uma alternativa segura, visto que estava sobre os olhos atentos da
delegada, que buscava ansiosamente por seu culpado. Após guardar tudo que
precisava, me vi saindo daquele lugar no interior de uma caminhonete simples
estacionada na garagem da casa. Durante o caminho, ouvi as notícias anunciadas
pelos locutores de rádio, que atualizavam os possíveis interessados na grande
tragédia da mansão Collins.

"De acordo com informações policiais, a mansão Collins foi incendiada pelo próprio
magnata do petróleo. O empresário foi condenado por uma lista de crimes, e depois
de um surto psíquico, fugiu a caminho da penitenciária de Downstate. Sua esposa,
Camila Collins, teve o corpo totalmente carbonizado. Há boatos que a polícia não
conseguiu identificar o DNA, visto que nenhum de seus parentes próximos foram
encontrados. Mas de acordo com o depoimento de alguns informantes, ela era a única
pessoa presente no interior da mansão." - Informou a voz emanada pelo alto falante.

Mantive os olhos atentos na avenida, enquanto meu cérebro cuidava de processar


todas aquelas informações. Para o mundo inteiro, naquele momento, Karla Camila
Collins foi morta em um incêndio criminoso provocado por seu marido. Um fim
trágico, não? Suspirei pesado, e diminui a velocidade ao parar do outro lado do prédio
do departamento de polícia. Meus olhos foram de encontro a entrada, avistando o
fluxo frenético de policiais que entravam e saiam daquele lugar. Bufei um tanto
impaciente, e sai do veículo a procura de um telefone público. Disquei o número da
recepção do lugar, e tão logo fui atendida.

"Departamento de polícia de Nova Iorque, em que posso ajudar? "- Murmurou uma
voz feminina.

Em um tom de voz diferenciado, me pus a falar tranquilamente.

"Gostaria de falar com a delegada Jauregui."

"Ela não se encontra no momento."

"Poderia me dizer onde ela está? Sou irmã dela, estou tentando falar há horas em seu
telefone, mas não consigo."

"Me desculpe, senhorita. Mas não posso dar informações sobre a agente."

"Por favor, eu estou realmente preocupada com minha irmã. Me chamo Taylor
Jauregui."

A mulher perdeu alguns segundos em silêncio, parecia pensar em minhas súplicas tão
convincentes.

"A agente Jauregui está internada no hospital central, mas não se preocupe, não foi
nada grave..."

Fiquei em silêncio por alguns instantes, absorvendo aquela informação


repentina que caiu sobre minhas costas. A mulher do outro lado da linha chamou pelo
nome da irmã de Lauren seguida vezes, mas eu não respondi, apenas devolvi o
telefone para o gancho e parti. Minutos depois, me vi adentrando o saguão do
hospital central, mesmo com a enorme possibilidade de ser descoberta por debaixo
daquele casaco, boné e óculos escuro. Vania, a recepcionista de aparência tão
cansada, informou o número do quarto no qual a delegada se encontrava, mas após
perceber sua falha, afirmou que eu não poderia ir ao seu encontro. Com certo
descontentamento, fingi acatar suas ordens, à espera do minuto em que ela iria se
descuidar. E aquele momento enfim aconteceu. Quando a mulher se distraiu com a
chegada de uma nova ambulância, me vi escapando pelos corredores a procura do
quarto em que se encontra minha mulher. Confesso que senti meu coração se
comprimir dentro do peito ao presenciar a imagem de Lauren completamente
desacordada na cama daquele hospital. Seu semblante não expressava seu estado
emocional, mas eu sabia o quão devastada ela poderia estar. Respirei fundo, sentindo
meus olhos marejados, enquanto tocava seu rosto em um carinho sutil.

- Me desculpe, amor... - Sussurrei entre um suspiro e outro. - Eu não queria te fazer


passar por isso.

Com o polegar contornei a maçã de seu rosto, subindo até o pequeno curativo em seu
supercílio. O quarto silencioso, era preenchido somente pelo barulho de sua
respiração, acompanhada pelo bipe insistente da máquina ao lado.

- Estou feliz em ver você... - Murmurei ainda acariciando seu rosto.

Era bom estar na companhia de Lauren depois de ter visto minha morte tão de perto.
Mesmo em tais situações, poderia me sentir incrivelmente aliviada em sua presença
tão doce. A delegada, talvez percebendo minha presença, movimentou suas
pálpebras como se quisesse me fitar.

- Não se esforce, está tudo bem.

De maneira lenta, ela abriu os olhos, focalizando em minha direção com uma
dificuldade aparente.

- Ca-Camila...

Sua voz embargada, acompanhada de seu esforço para me ver, fez com que algumas
lágrimas escapassem por meus olhos.

- Shh, não se canse. Eu estou aqui com você.

Confesso que vê-la tão frágil fazia eu me sentir ainda mais culpada. Em nenhum de
meus planos Lauren seria atingida de maneira tão cruel. Para ser sincera, Lauren
nunca esteve em meus planos, até me encarar naquele bar em Mount Vernon. De
uma maneira surpreendente, o destino me fez enxergar que nenhum plano é
completamente calculado. Em nenhuma das hipóteses estudadas anteriormente,
estava a chegada de uma delegada americana que viraria meus sentimentos do
avesso. Lauren, de maneira sorrateira e não intencionada, se apoderou de minhas
fraquezas, dando-me algo que me faltava: amor.
- Não me deixou... - Ela tinha um fio de voz.

Eu sorri de canto, sentindo outras lágrimas descerem por minha face. Com o dorso da
mão, limpei o líquido salgado e encarei seu rosto.

- Eu nunca vou deixar você.

- Nunca.

[...]

Depois de sair daquele hospital, segui para uma cafeteria na esquina da rua onde
Lauren morava. De alguma maneira, precisava me infiltrar em seu apartamento, sem
ser descoberta pelos demais. Meu novo plano se construía gradativamente, enquanto
buscava as peças adequadas para dar início a essa nova era. Com a "morte" de
Camila Collins, minha estadia em Nova Iorque havia chegado ao fim, mas antes de
partir eu precisava me despedir. Me permiti observar a movimentação no prédio de
Lauren, que por sinal era fraquíssima. Tommy, o porteiro, se descuidava em seus
serviços a todo instante, facilitando minha entrada no lugar sem qualquer tipo de
impedimento. Caminhei pelos corredores com um semblante natural, apesar de toda
minha roupagem diferenciada; casaco, boné e óculos escuros foram o suficiente para
esconderem minha identidade. Para todos os efeitos, eu nada mais era que uma
visitante, ou até mesmo moradora. Cumprimentei alguns moradores no elevador, e
saí do mesmo rumo ao apartamento de Lauren. Durante as diversas vezes que visitei
aquele lugar, Lauren fez questão de informar onde deixava as chaves de reserva,
agora facilitando minha entrada.

O apartamento se encontrava vazio e silencioso, bem como eu esperava.


Era estranho estar aqui sem a presença de Lauren, mas eu sabia que ela não
demoraria a chegar. Não ousei mexer em nada, não queria dar indícios de minha
presença para sua melhor amiga, que a qualquer momento poderia aparecer. Me
mantive no quarto da delegada, aproveitando do aconchego familiar de sua cama, por
longas e intermináveis horas. Por mais cansada que eu estivesse, não poderia me dar
o luxo de dormir e ser descoberta. Hoje, estar em qualquer lugar poderia ser perigoso
demais para alguém considerada morta. Ergui meu corpo da cama, de maneira
preguiçosa e um tanto hesitante, e me permiti caminhar pela extensão da casa,
vendo a tarde cair ao lado de fora.
Cadê você, Lauren? Pensei.

Um suspiro deixou meus lábios, enquanto observava atentamente o fluxo tranquilo de


carros na avenida mais à frente. Em poucas horas minha vida tomaria um rumo
diferente, e eu não poderia fazê-lo sem antes me despedir. Eu sabia o quão relutante
a delegada seria, mas também sabia que naquele momento, eu não poderia me dar
ao luxo de escolher. No início de tudo, a ideia de deixar aquele lugar, e aquelas
pessoas, trazia uma sensação de alivio; como uma espécie de libertação de todo
aquele mal. Mas agora, tudo era diferente. Lauren transformou meus planos tão
minuciosamente traçados, em estratégias fracas, diante de todo sentimento que nutri
por ela. Depois da morte de Charlie, prometi a mim mesma que ninguém poderia me
parar, ou até mesmo me fazer desistir. Transformei todo aquele sentimento de dor e
desespero, em ódio. E por mais estranho que fosse, não era aquele sentimento que
me fez chegar até aqui. Por um determinado tempo, ele me guiou naquele tabuleiro
de jogo tão perigoso, fazendo-me avançar sem temer o final de tudo, mas no meio do
caminho, de maneira totalmente inesperada, foi amor de Lauren que me fez
sobreviver. Era com a força daquele sentimento, que me vi esperançosa por algo
melhor no meio de tanta tragédia. Lauren havia me transformado. Havia mostrado
que nada estava totalmente acabado. O mundo poderia ser cruelmente doloroso, mas
ainda assim era capaz de mostrar um monto de paz.

Lauren Jauregui era o meu.

Recuei alguns passos, encarando cada mínimo detalhe daquele lugar, sentindo-me
estranhamente nostálgica. Todas as minhas visitas aquele apartamento, foram
conduzidas por impulsos desmedidos, um tremendo descontrole emocional. Era como
sair dos trilhos, e me ver perdida em meio aos meus sentimentos e desejos mais
profundos. Eu não me arrependia de nenhum deles, faria tudo de novo, pelo simples
fato de ter Lauren em todas as vezes.

- Jauregui... - Sussurrei baixinho, enquanto capturava um retrato em mãos.

Encarei o semblante animado, bem explicito por aquele sorriso largo e olhos tão
brilhantes. Lauren estava devidamente uniformizada como policial, ao lado de sua
melhor amiga, Veronica Iglesias. Devo dizer, que aquela roupa lhe caía muito bem?
Toquei sutilmente sobre seu rosto, deixando que um suspiro escapasse por minha
boca. Era vergonhosa a maneira como me sentia com relação aquela mulher. Como
pude me render tanto?

- Você é a única que conseguiu me derrubar...

Antes que eu pudesse deixar o retrato sobre o criado mudo, ouvi o barulho sutil do
molho de chaves do outro lado da porta. Meus olhos se arregalaram em puro susto,
fazendo-me correr para longe dali. Em passos rápidos, me tranquei no banheiro de
visitas, no final do corredor. O silencio do apartamento, dava-me a oportunidade de
ouvir os passos delicados sobre o piso de madeira, indicando que se tratava apenas
de uma única pessoa. Respirei fundo, em uma tentativa de controlar o nervosismo
que ameaça me atacar. As últimas horas foram traumáticas.

- Calma...Calma.. - Murmurei baixinho ao abrir a porta do banheiro lentamente.

O barulho de copos indicou claramente a presença de alguém na cozinha. Eu suspirei


lentamente, e me pus a caminhar em passos cuidadosos pelo corredor parcialmente
iluminado. Estagnei os passos, quando a pessoa se moveu, agora mexendo em outros
objetos que não pude identificar.

"Por que você tinha que ir?"

A voz de Lauren soou de maneira angustiante, trazendo aquela pontada de dor por
seu sofrimento. Me aproximei devagar, agora tendo a visão nítida da mulher
completamente infeliz. Lauren se sentou no chão da cozinha, encostada a bancada
atrás de si, enquanto ingeria grandes goles da bebida alcoólica em seu copo. Ela
chorava de maneira tão dolorosa, que me senti incrivelmente tocada por sua dor. Por
mais deprimente que aquilo fosse; vê-la tão sentida por minha ausência me fez
perceber a grandiosidade do seu amor. Não que eu duvidasse dele. Lauren havia me
dado provas suficientes de seus sentimentos tão verdadeiros, quando se uniu em prol
de minha justiça. Quando tomei impulso para pronunciar seu nome, ela ergueu seu
corpo do chão em um solavanco, fazendo-me recuar. A mulher de maneira
transtornada, rasgou um amontoado de papeis, fazendo com que os pedaços que
pareciam de jornal se espalhassem pelo chão. Os soluços, acompanhados do choro
descontrolado, rasgou-me o peito sem piedade alguma. A delegada pôs as mãos
sobre a bancada, inclinando seu corpo para frente, como se buscasse forças.

Por que você me deixou, Camila?! Eu não posso viver sem você! - Ela gritou ao bater
com força sobre a bancada. - Eu...eu te amo, porra. - Vociferou em meio aos soluços.

- Eu não deixei.

Ela ergueu seu corpo de uma vez, voltando-se para mim em um movimento rápido.
Seus olhos verdes se arregalaram, fazendo com que o copo presente em suas mãos
se espatifasse ao cair no chão.

- Oh, meu Deus... - Ela ofegou, completamente desacreditada. - Ca-Camila...

Seu rosto se contorcia em uma expressão assustada, incrédula. A delegada ergueu


uma das mãos até sua boca, fazendo-me perceber o quão tremulas estavam.

- Lauren... - Dei um passo à frente, um tanto vacilante, fazendo ela suspirar. - Estou
aqui, amor. - Foram minhas palavras antes de correr ao seu encontro, fazendo com
que meu corpo colidisse contra o dela firmemente.

A policial demorou alguns segundos para reagir, como se ainda não tivesse
processado aquele momento. Voltei meu rosto na direção do seu, e beijei seus lábios
com urgência.

- Eu nunca te deixei. - Sussurrei, deixando que as lagrimas escapassem por meus


olhos.

Ela me apertou contra si em puro reflexo. Sua respiração descompassada, e os


movimentos completamente desnorteado indicavam a surpresa por me ver. Não era
para menos, até poucos minutos a mulher acreditava fielmente em minha morte.

- Camila, meu Deus! Eu... - suas mãos vieram de encontro ao meu rosto, tocando em
cada detalhe como se quisesse acreditar. - Não pode ser.. eu vi, o corpo. Mas...Por,
Deus.

Fechei meus olhos, permitindo que suas mãos tremulas deslizassem por todo meu
rosto em um ato totalmente desesperado. Suspirei pesado, sentindo aquele nó se
formar em minha garganta. Eu tinha vontade de chorar mais, mas não por tristeza.
Naquele momento, tudo se resumia em alivio.

- Eu fugi! Eu consegui! Estou aqui. Eu nunca te deixei. - Exclamei ao toca-la.

- Viva... - Ela sorriu desacreditada, enquanto lagrimas deixavam seus olhos. - Me diga
que não estou sonhando, por favor. Me diga que está mesmo aqui! - Ela me abraçou
com força, fazendo gemer baixinho em dor.

Segurei em seu rosto, obrigando-a a me encarar. Os olhos verdes de Lauren me


fitavam com tamanha surpresa, e nervosismo. Suas pupilas dilatadas se moviam
freneticamente, como se buscasse gravar cada mínimo detalhe meu.

- Eu estou aqui com você. - Segurei em uma de suas mãos, e a ergui até meu rosto. -
Sente.

Uma lagrima abandonou os olhos de Lauren, deslizando melancolicamente por sua


face.

- Pensei que tinha perdido você. - Sua voz soou triste. - Foi horrível!

- Isso acabou. Estou viva, aqui com você.

Eu a puxei para mim, encaixando-me em seu corpo caloroso, em um abraço que se


estendeu por longos minutos. Durante aquele tempo, me senti verdadeiramente
aliviada, como se todo aquele mal enfim tivesse terminado. Era como chegar ao final
de uma batalha violenta, com a faísca de esperança por algo melhor. Nós havíamos
ganhado? Aquele era mesmo o fim?

Libertei o corpo da mulher, permitindo que ela me encarasse. Seus olhos ainda
estavam marejados, mas agora carregavam um brilho de felicidade e alivio. Levei
ambas as mãos até sua face, deixando que meus polegares deslizassem por sua pele
lentamente, afastando as lagrimas que ainda desciam.

- Não chore...

- Foi horrível. - Murmurou ao afastar seu olhar, fixando-o em um ponto qualquer. -


Ver aquele lugar em chamas, e pensar que você tinha morrido, e que eu não fiz nada
para impedir.

- Não se sinta assim, você não teve culpa. - Segurei em seu rosto, obrigando-a a me
fitar. - Foram as consequências desse jogo perverso.

- Esse jogo acabou, Camila. Vamos fazer as coisas do meu jeito agora.

Seus olhos brilhantes se fizeram firmes, e confiantes. Eu os encarei por alguns


instantes, antes de me afastar devagar. Lauren engoliu em seco, agora com um
semblante confuso.

- Não posso... - Murmurei ao recuar.

- Do que está falando? - Ela deu um passo à frente.


Deslizei uma das mãos por meu braço, sentindo-me estranhamente nervosa. Traçar
um plano agora, não era tão simples como antigamente. Hoje, minhas ações rendiam
consequências maiores, e não só para mim, como para Lauren também.

- Eu não posso deixar que as coisas sejam do seu jeito, não ainda. - Afirmei com
certo receio. - Não é seguro.

- Camila, por favor... - Ela se aproximou, e segurou em meus braços devagar. - Ele
está morto, ok? Acredite em mim. Ele morreu, e você não tem mais com o que se
preocupar! Eu prometo que...

- Eu sei que está, Lauren! - Exclamei. - Eu o matei. - Falei ao abaixar a cabeça.

Ela ficou em silêncio, deixando que um suspiro pesado escapasse por sua boca
enquanto suas mãos deixavam meu corpo devagar. A expressão de seu rosto era um
verdadeiro enigma, impossibilitando qualquer certeza sobre seus pensamentos.
Talvez sua cabeça tentasse processar o erro que havia cometido ao se apaixonar por
mim. A policial carregava uma reputação digna de um ser de bem, com virtudes
invejáveis, que agora seriam manchadas por mim, uma assassina. O quão injusto
aquilo poderia ser?

- Antes que pense o pior, eu queria dizer que... - Eu não a encarava. - Eu não matei
por vingança.

- Camila... - Ela interrompeu.

- Escute...

Lauren assentiu, e se sentou no sofá, puxando-me para o seu lado, para me encarar
com aquele par de olhos verdes indecifráveis.

- Eu estava morrendo, Lauren. O fogo estava consumindo tudo naquele lugar, e eu


queimaria até o último suspiro de vida. Ele se aproximou, com aquele olhar doentio,
dizendo o quanto eu era fraca. Falando que eu morreria nas mãos dele, como Charlie
havia morrido. Tem ideia? A única coisa que pensei, era que aquela imagem havia
sido a última vista por meu pai antes de morrer, e não poderia ser a minha. - Tomei
folego, sentindo aquele nó se formar em minha garganta. - Eu pensei em você, e em
tudo que ainda iriamos viver, pensei em Dinah...
Lauren sutilmente levou uma das mãos até os olhos, retirando os
resquícios de lagrimas.

- Eu me levantei com a arma nas mãos, e ela falhou. Quando Christopher avançou
contra mim, uma parte do telhado desabou sobre nós. A casa estava ruindo.

As imagens se formavam em minha mente com uma nitidez perfeita, como se


pudesse estar novamente naquele lugar infernal.

- Christopher tinha as pernas esmagadas por uma viga de madeira. Ele gritava de
dor, enquanto pedia por socorro. Por alguns instantes eu pensei em salva-lo, mas não
conseguiria...

Um sorriso melancólico deixou meus lábios.

- Ele não faria o mesmo por mim, eu sei. Mas ver alguém queimar até a morte, é
cruel demais até para um ser como ele. Então eu... - As palavras sumiram de meus
lábios, quando voltei meus olhos para o dela. - Eu atirei, eu acabei com tudo, como
ele fez como Charlie.

Lauren meneou com cabeça, e me puxou para um abraço.

- Não, não foi do mesmo jeito. - Senti as mãos da delegada segurarem meu rosto,
obrigando-me a fita-la. - Você fez a coisa certa, ok? Foi melhor assim. Não havia
estratégias naquele momento, Camila. Você tinha apenas duas escolhas, e eu
garanto, essa foi a melhor.

- Eu nunca quis ser uma assassina, Lauren.

- Você não é! Você o salvou de uma morte dolorosa, que ele mesmo provocou. Olhe
para mim... - Ela sorriu fraco. - Acabou.

Ela se inclinou para frente, unindo sua testa com a minha. Eu conseguia ouvir sua
respiração forte, enquanto ela mantinha os olhos fechados.

- Eu estou aqui, Camila.

- Eu não posso mais ficar. - Sussurrei de uma só vez.

Senti as mãos da policial soltarem meu rosto lentamente.

- O que?
- Eu não posso mais viver aqui, Lauren. Todos acham que estou morta.

- Nós podemos esclarecer isso, podemos ir à delegacia! Agora mesmo! - Exclamou


nervosa.

- Não, Camila Collins está morta. - Retruquei, fazendo ela franzir o cenho.

- Não, não está! - Lauren rebateu confusa.

- Havia dois corpos naquela casa, lembra? Para todos, um deles é meu. Camila Collins
está morta, Lauren. Eu não posso mais ficar nesse lugar, com essas pessoas. Não é
seguro.

- De quem é aquele corpo, Camila? Quem morreu com Collins?

Ergui meu corpo do sofá, afastando-me dela assim que as imagens de Eliza vieram
em meus pensamentos. Fechei os olhos rapidamente, meneando com a cabeça em
um sinal negativo.

- Eliza. - Respondi. - Eu não sei como aquilo aconteceu, eu ordenei que ela fosse
embora pela manhã, mas quando fugi daquele quarto, eu a vi. Foi horrível vê-la
sendo devorada por aquelas chamas. Lauren, ela morreu por minha causa.

- Não, não...você não sabia!

Eliza assim como eu, não tinha mais ninguém. Se mudou para o EUA em busca de
trabalho há alguns anos, quando conseguiu uma vaga para trabalhar na mansão
Collins. Naquele momento, seu desaparecimento não seria notado, e seu corpo não
poderia ser identificado. Não havia familiares para o recolhimento de DNA, que
pudesse comparar com o corpo completamente desfigurado. Eliza, era o corpo de
Camila Collins.

- Acho que tudo chegou longe demais, e isso ainda não acabou. Keana
está por aí, Heitor e Brandon. Todos perderam algo graças a mim, Lauren. Eu não sou
de fugir, mas agora tudo é indefinido, e eu estou cansada de viver assim.

- Você não pode ir embora, eu não posso permitir. - A mulher exclamou confusa. - E
nós, Camila? Como ficamos?
- Nós vamos ficar bem.

- Eu vou com você! - A mulher exclamou.

- Não, você não vai. Não pode ir comigo.

- Por que?

- Não vou arriscar sua carreira assim, não mais do que já fiz. Eu vou sozinha.

Lauren balançou a cabeça em um sinal negativo.

- Não pode decidir por mim!

Ela ergueu seu corpo do sofá, virando as costas para mim. Lauren respirava fundo,
como se tentasse se manter firme diante de tantos acontecimentos. Sentia-me ainda
mais culpada, por faze-la passar por situações como aquela, mas agora, não havia
como ser diferente. Nós ficamos em silencio por instantes que pareceram
intermináveis, quando eu resolvi me aproximar. Lentamente me aconcheguei as
costas de Lauren, permitindo-me sentir o calor de seu corpo. Ao envolve-la com os
braços, senti ela soltar todo ar de seus pulmões.

- Por favor, procure me entender. - Disse ao repousar a cabeça em seu corpo. - Eu


preciso ser alguém diferente, e eu queria muito fazer isso com você, mas ainda não
posso.

- Eu não quero que seja assim... - Ela respondeu.

- E o que você quer, Lauren?

A mulher se soltou de meus braços, virando-se em minha direção. Um arrepio


percorreu por minha coluna, quando ela se aproximou mais, ficando a poucos
centímetros de mim.

- Eu quero você. - Afirmou, fixando seus olhos contra os meus.

- Eu sou sua, Jauregui.

Lauren puxou o ar para seus pulmões, sem tirar os olhos dos meus. Havia uma
conexão única entre nós. Eu encarei aquele par de olhos tão intensos, até o momento
que uma de suas mãos repousaram delicadamente na lateral de meu rosto. Com o
polegar, senti o carinho sutil em minha pele, fazendo com meus olhos se fechassem,
em uma busca gananciosa por mais. Engoli em seco, enquanto meu coração dava
sinais frenéticos, acompanhado de minha respiração que agora se tornava irregular,
como meus batimentos cardíacos. Mesmo com os olhos fechados, percebi a
aproximação da mulher, que agora deslizava seus lábios macios sobre os meus.

- Então não me deixe, por favor. - Sua voz soou como uma suplica, contrastando-se
ao ato impulsivo de suas mãos que me cercavam a cintura. - Eu preciso de você,
entende?

Eu também precisava de Lauren, até mais do que ela precisava de mim. No entanto,
eu sabia que naquele momento, ceder aos meus sentimentos, não era uma opção,
por mais tentadora que fosse a ideia de ficar. Eu precisava partir, por Lauren e por
mim.

- Eu te amo, ouviu bem? Você foi a melhor coisa que me aconteceu, Lauren.

- Não fala assim... - Seu tom de voz soou triste.

- Falo! Me sinto idiota por pedir isso, mas... - Eu suspirei, tentando conter o riso
envergonhado. - Prometa que vai me amar, para sempre?

Lauren sabia que aquela era nossa despedida, eu conseguia ver a decepção em seus
olhos marejados. Ela relutou por alguns minutos, parecia pensativa.

- Prometa. - Pedi.

- Eu prometo, Camila.

Os ponteiros do relógio pareceram correr aquela noite, quando minha vontade gritava
para que eles se movessem o mais lentamente possível. Infelizmente, eu não poderia
controlar o tempo; tudo que me restava, era aproveitar cada segundo daqueles
últimos momentos ao lado de Lauren. E era exatamente o que eu faria. Me
aconcheguei em seus braços, repousando a cabeça sobre seu ombro, enquanto seus
braços me envolviam de maneira calorosa. Estar em seus braços, fazia-me sentir
incrivelmente segura, como se a policial pudesse resolver todo caos que minha vida
conturbada apresentava, mas eu sabia que não era assim. Lauren poderia ter toda
força de vontade, e desejo para resolver, mas nem tudo estava em suas mãos. Eu
precisava tomar um rumo diferente, para que as coisas voltassem ao seu devido
lugar.

- Me perdoa por isso. - Murmurei baixinho, enquanto alisava a pele de seu braço
carinhosamente.

Encarei o rosto sereno da mulher, notando o pequeno machucado coberto pelo


curativo em sua sobrancelha; deslizei o polegar sutilmente pelo mesmo, antes de
escorregar o polegar até seus lábios macios. Um sorriso deixou minha boca, no exato
momento em que as lembranças de nossos primeiros meses juntas se fizeram
presente. Era um tanto nostálgico recordar como tudo havia começado. Nossas
provocações, brigas e noites inteiras de sexo. Tudo se resumia a um desejo carnal
desmedido, que nos aproximava de maneira única. Era incrível a maneira como meu
corpo reagia a presença dela, como ansiava por seus toques e por seus beijos. Foi
apenas o início de tudo que estava por acontecer, e aconteceu. Não era à toa que
agora eu estava aqui, relutando em partir. Lauren havia se tornado mais do que
imaginei que poderia.

- Eu te amo, então, por favor, me espere. - Sussurrei, antes de unir seus lábios aos
meus em um beijo simples. - Eu vou voltar.

Com todo cuidado, me afastei de seus braços, evitando fazer qualquer tipo de
movimento que viesse a acorda-la. Lauren apenas se moveu, respirando fundo, agora
virando seu corpo de lado. Me permiti observa-la por alguns instantes, antes de
arrumar minhas coisas espalhadas pelo quarto. Não faltaria muito para amanhecer, e
ao clarear do dia, eu precisava estar longe de Nova Iorque.

- Certo, acho que tenho tudo. - Disse a mim mesma, enquanto avaliava a mochila
com todos meus pertences.

Voltei meus olhos para delegada outra vez, antes de me aproximar da mesa canto de
seu quarto. Demorei cerca de alguns minutos ali, enquanto escrevia minha carta de
despedida.

"Querida, delegada.

Me perdoe por sair assim, sem me despedir. Acredito que dessa maneira seja mais
fácil para você, e, principalmente, para mim. Você pode me odiar agora, mas espero
que com o tempo consiga compreender essa decisão. Decisão que estranhamente
está sendo uma das mais difíceis de se tomar. É engraçado como você mudou tudo.
Há meses atrás, deixar esse lugar era um de meus maiores desejos, mas hoje, me
vejo completamente relutante em partir.
O que você fez comigo, Lauren?

Foi o peão mais perigoso que tive que enfrentar, ou melhor dizendo, me aliar. Me
apaixonar por você foi como avançar uma casa desse tabuleiro, com os olhos
vendados, sem ter certeza se havia sido um perigo ou uma vitória. Por sorte, ou
destino, foi uma vitória. Você foi a melhor coisa que aconteceu desde que cheguei
aqui. Posso dizer com sinceridade, você me salvou, e espero de verdade que acredite
em minhas palavras. Eu amo você, agente Jauregui, mas preciso partir..

Não será para sempre, eu prometo.

E se possível, me espere.

Eu irei voltar.

K.C.C"

Encarei aquele pedaço de papel por alguns instantes, pensando na possibilidade de


desistir, mas sabia que se eu quisesse ter uma vida comum ao lado de Lauren, alguns
sacrifícios precisavam ser feitos. E o primeiro deles, seria o mais difícil: Deixa-la. Eu
não sei por quantos minutos encarei o corpo da mulher que descansava tão
serenamente sobre a cama, com a ilusão de minha presença ao seu lado. Lauren
poderia me odiar ao amanhecer, era uma grande possibilidade que eu teria que
enfrentar.

- Apenas um ano, Lauren. - Foram minhas últimas palavras antes de deixar aquele
lugar.

[...]

Meu encontro com Dinah e Normani aquela madrugada rendeu boas explicações, e
inúmeras lagrimas. Ambas as mulheres, agora totalmente alivias ao me ver,
aceitaram minha decisão, e se comprometeram a seguir minhas coordenadas como
planejado. Dinah não gostava da ideia de me ter longe, mas ela sabia que eu
precisava seguir sozinha naquela nova trajetória.

E foi exatamente o que eu fiz.

Dentro daquela aeronave, pude ver os prédios acinzentados de Nova Iorque ficando
para trás, sobre os feixes de luz daquela manhã ensolarada. Os observei por alguns
instantes, sentindo aquele familiar aperto no peito ao recordar o que eu estava
deixando por lá. Foram horas de uma exaustiva viagem que me levaram ao sono. Ao
acordar, me atentei a paisagem completamente distinta exibida pela pequena janela
do jatinho particular. Um suspiro deixou meus lábios, enquanto eu voltava meus
olhos para o pequeno diário que repousava sobre minhas pernas; o mesmo possuía
páginas em tom de caramelo, perfeitamente combinado com a capa de couro
marrom. Toquei sutilmente sobre as letras bem feitas de Charlie, que foram
interrompidas pelo vazio das linhas abaixo. Onde prontamente escrevi com cuidado.
Era estranho pensar que, a partir daquele momento, minha vida tomaria um rumo
completamente diferente, mais uma vez. Deixar Nova Iorque agora representava o
nascimento de uma nova face de mim. O fechamento, e o início de um novo ciclo. Na
história de minha vidam agora eu iniciaria o capitulo de número cinco.

- Quantas fases, Camila. - Sussurrei para mim mesma, ao desenhar o número cinco,
abaixo de seus antecessores. Ao lado do número, havia uma nova descrição.

O primeiro, era marcado pela criança nascida em Cuba, que arriscava um futuro
melhor ao seguir para a cidade do México ao lado de seus pais. O segundo, contava a
história de uma pequena garota órfã, moradora de uma casa de caridade, onde havia
conhecido outra interna, que tão logo se tornaria sua melhor amiga, ou melhor
dizendo, sua irmã, Dinah Jane. Já no terceiro, aquela garota, encontrava o refúgio
que mudaria o rumo de sua vida completamente, seu tutor e pai, Charlie Cooper. E
no quarto, uma revira volta. O fim da doce Camila Cabello, para o surgimento da
forte e impiedosa rainha, Karla Camila Collins. O lado obscuro de uma mulher
destinada a se vingar, daquele que destruiu sua vida, Christopher Richard Collins. O
rei.

Encarei a pequena descrição feita por mim, e em um espaço em branco comecei


minha nova história.

Capitulo 5

Fim de Camila Collins, para o renascer de Katherine Camila Cooper.

O que você irá me trazer, Katherine? Pensei com um sorriso nos lábios, ao ver todas
as linhas que meu novo 'eu' precisava preencher.

- Com licença. - A aeromoça murmurou ao deixar uma pequena taça no suporte de


minha poltrona. Eu apenas assenti, fazendo a mulher se retirar.

Ergui a pequena taça de cristal, preenchida pelo champanhe caro fornecido no interior
de meu jatinho particular. E a levei até os lábios, degustando daquele sabor.

- Espero que muitas vitorias.

Depois de mais alguns longos minutos de viagem, a aeronave pousou suavemente


sobre o solo Suíço, trazendo minha nova realidade.

- Sra. Cooper.

- Sim?

- O desembarque está liberado, e o carro está a sua espera na pista de pouso.

- Obrigada. - Respondi ao repousar os óculos escuros em meu rosto, e erguer meu


corpo da poltrona confortável, para caminhar até a saída.

- Seja bem-vinda a Zurique, sra. Cooper.

- É como se estivesse em casa outra vez, Patrick. - Respondi com um sorriso para o
piloto.

- E está? - Indagou o homem com o cenho franzido.

- Claro, meu lugar é aqui. - Retruquei com um sorriso de canto antes de descer a
pequena escada do jatinho.

Minha chegada na Suíça foi o ponta pé inicial para dar vida ao meu novo eu. Após
aquele momento, me estabilizei na cidade de Zurique, e com uma pequena quantia
de toda fortuna retirada da Collins Enterprise, adquiri a mesma casa em que vivi ao
lado de Charlie e Dinah na infância. Era bom ter a sensação de lar, agora que eu
precisava levar minha vida sozinha outra vez.

- Tem certeza que quer mudar tanto? - Indagou a cabeleireira.

- Absoluta, Marie. - Respondi com um sorriso ao fitar minhas madeixas escuras pela
última vez no reflexo daquele espelho.

- Então vamos lá, querida.


Foram minutos para que a aparência de Camila Collins fosse deixada para trás,
trazendo à tona aquela que tomaria seu lugar. Marie me encarou com um sorriso
satisfeito, exibindo aqueles dentes brancos que entravam em contraste com seus
cabelos escuros na altura do ombro, ela tinha uma expressão alegre, como se tivesse
feito um trabalho excepcional. A mulher delicadamente virou a poltrona no qual eu
estava sentada, fazendo-me fitar o meu reflexo no espelho.

- Katherine, você está maravilhosa. - Afirmou a cabeleireira.

Não pude evitar o sorriso que se formou em meus lábios, ao ver aquela mudança.
Meus cabelos agora tinham um tom de loiro claro, com alguns fios mais escuros. A
peruca que usei nos primeiros dias, agora seria deixada de lado após minha decisão.
Senti algo diferente, euforia, animação, visto que aquele era mais um ponto para meu
disfarce, na verdade, meu novo eu. Após sair daquele lugar, voltei para minha casa,
enquanto pensava na expressão surpresa se Lauren ao me ver. Será que ela gostava
de loiras?

- Espero que sim. - Disse a mim mesma, enquanto escrevia uma carta.

Aquele seria nosso único meio de comunicação. Eu não poderia deixar que a delegada
tomasse conhecimento de onde eu estava, e muito menos do que eu andava fazendo.
Eu conhecia Lauren, e sabia que ela era teimosa o bastante para vir a meu encontro.
Em minha carta, pedi que todas seguissem o plano, que fizessem tudo para que o
mundo acreditasse que Camila Collins de fato estava morta. E entre cartas, e mais
cartas, os meses foram se passando, firmando diariamente minha vida como uma
nova mulher. Depois de um longo tempo, percebi algo ainda estava faltando. Quer
dizer, muita coisa ainda me faltava, mas naquele momento, decidi que não poderia
viver a mercê de férias sem fim. Minha vida era regida por aventuras, decisões, e,
sobretudo, desafios. E durante aquele dia, tomei minha maior decisão desde que
cheguei naquele lugar.

"Meus olhos foram de encontro ao homem ao meu lado, que encarava o prédio
gigantesco em construção. Charlie tinha um olhar atento, e esperançoso. Notava-se
facilmente todos os planos que construía no interior de seus pensamentos para
aquela filial na Suíça.

- Esse lugar um dia vai ser seu. - Disse ele após um suspiro.

- Pai, eu não sei se sou boa nesse ramo. - Respondi com um sorriso sem jeito.
Charlie contorceu os lábios em um sorriso, antes de me encarar com aqueles olhos
claros.

- Duvido muito! Você é incrivelmente boa em tudo que faz, aposto que tira isso de
letra! - Exclamou alegremente, dando um passo à frente.

- E se eu não conseguir?

O homem se virou em minha direção, aproximando-se com um olhar carinhoso.

- Algo em mim diz que você consegue fazer tudo que você quiser. E sei que não estou
enganado quanto a isso.

- Não sei se sou boa o bastante. - Murmurei em um tom mais baixo.

- Eu sei que você é! Filha, você ainda será a rainha de tudo isso. - Ele ergueu os
braços, exibindo o prédio atrás de si. - Ao lado de sua irmã, é claro.

- Eu só preciso que esteja ao meu lado para tudo isso. - Disse ao abraça-lo.

- Camila... - Charlie se soltou de meus braços, para encarar meus olhos com firmeza.
- Eu sempre vou estar do seu lado, em todos os momentos da sua vida. Aconteça o
que acontecer, eu estarei aqui... - Seu indicador pousou sobre o lardo esquerdo de
meu peito.

- Eu amo você, pai.

- Eu amo muito mais, filha. - Foram suas palavras antes de abraçar."

- Por aqui, sra. Cooper. - Alertou o gerente geral do banco UBS.

- Posso levar? - Apontei para a taça com champanhe.

- Claro, se quiser servimos outra. - Respondeu atenciosamente.

O homem me tratava feito uma rainha, servindo-me do melhor atendimento para


ganhar alguns pontos com uma das maiores clientes.

- Não será necessário, é o suficiente. - Respondi, antes de erguer meu corpo da


cadeira.
- Vou leva-la até seu cofre.

- Obrigada, Aaron.

Caminhei pelos corredores do banco central de Zurique, seguindo para área mais
privada daquele prédio. Algumas senhas, seguranças, câmeras até enfim chegar de
frente para a enorme porta oval de aço maciço. Ele se afastou, permitindo que eu me
aproximasse para digitar minha senha. Após alguns cliques, e uma leitura biométrica
de meus dedos, o cofre se destravou automaticamente.

- Se me permite.

Com as duas mãos Aaron girou o suporte circular preso a porta, e logo em seguida a
puxou com certa força. Quando o portal se abriu, pude enxergar o amontoado
perfeitamente organizado de toda minha fortuna. Os bilhões de dólares roubados da
Collins Enterprise.

- Uau... - Ouvi o homem sussurrar, arrancando um sorriso de meus lábios.

Caminhei lentamente para o interior do cofre, avistando as cédulas verdes tão novas
perfeitamente organizadas em pequenos "bolos". Ingeri uma pequena quantidade do
champanhe em minha taça, antes de virar e me sentar sobre o aglomerado de
dinheiro. Aaron me fitou um tanto deslumbrado.

- É um bom trono, não acha? - Indaguei.

- É o mais poderoso deles. - Respondeu.

- Gosto disso.

- Pretende investir em algo?

- Eu quero que compre uma boa parte das ações da Cooper Enterprise.

- Tem certeza, sra Cooper?

- Absoluta, aquele será o meu reino. - Afirmei ao erguer a taça de champanhe.


Flashback off

- Sem mais perguntas! - Exclamou meu secretário particular aos jornalistas eufóricos.

"Katherine! Por favor!"

"Sra. Cooper! Só mais uma pergunta!"


Os homens exclamavam com seus aparelhos celulares apontados em minha direção.
Eu apenas sorri, e me afastei do púlpito localizado no centro do auditório da Cooper
Enterprise. A apresentação da nova presidência durou longos minutos, com direito a
inúmeros discursos, novos planos e metas. Tudo muito bem organizado pelos
funcionários de minha empresa.

- Inspirador. - Lauren murmurou assim que me aproximei. - Mas agora posso ter
minha mulher de volta?

- Sempre a tem, Jauregui. - Murmurei ao lhe beijar os lábios.

- Não no momento! - Dinah exclamou se aproximando. - Preparei uma festa


maravilhosa para o dia de hoje, e a nossa presidente é a estrela.

- Dinah...

- O que?

- Você agora é a rainha disso aqui, e precisamos comemorar.

- Dinah tem toda razão. - Normani afirmou. - Está tudo pronto!

- Você sabia disso? - Encarei os olhos verdes de Lauren.

Ela deu de ombros, assumindo a culpa ao lado de suas cumplices.

- Você merece. - Lauren sussurrou próximo aos meus lábios.

Diferente do que imaginei, a festa organizada por Dinah, Lauren e Normani não foi
para muitas pessoas. Nos privamos a uma festa animada em uma das melhores
boates de Saint Moritz, a mesma que Lauren e eu havíamos frequentado a mais de
um ano atrás. Foram horas de música, bebida, e comemoração para mais nova fase
de nossas vidas. Pela primeira vez, nos sentíamos realmente livres de todo aquele
mal que um dia vivemos.

- Cadê Lauren? - Dinah indagou no meio da pista de dança.

- Foi pegar bebida, e até agora não voltou. - Respondeu Normani.

- Ela está com dor nos pés. - Murmurei com um risinho baixo. - Vou vê-la, minha
mulher precisa de cuidados.
Atravessei o salão parcialmente iluminado, desviando de todos aqueles corpos que se
me moviam de acordo com as batidas da música. De longe, pude ver os cabelos
castanhos agora um tanto mais curtos de minha mulher. Eles não caíam até próximo
a sua bunda como antigamente, hoje batiam um pouco abaixo de seus ombros, lhe
dando uma leveza encantadora. Lauren se encontrava quase totalmente distraída,
enquanto degustava de uma pequena garrafa de cerveja. Por alguns instantes, aquela
cena me levou de volta a Mount Vernon, no começo de tudo.

- Um uísque, por favor. - Solicitei ao barman assim que ocupei o lugar ao lado de
Lauren.

Retirei meu casaco, e o coloquei sobre o balcão atraindo o olhar curioso da mulher ao
meu lado. Lauren nada falou, mas eu poderia notar facilmente o sorriso que se
formou em seus lábios, quando o barman me serviu de uma dose de uísque.

- Eu poderia me oferecer para acender seu cigarro, mas acredito que não fuma mais,
certo?

Lauren riu baixinho, virando-se para mim.

- Realmente, eu deixei isso para trás.

- Eu imaginei. - Respondi, tentando me controlar.

- É a primeira vez que vem aqui? - Indagou ela, como na primeira vez que nos vimos.

- Sim, estou nessa cidade há alguns dias, mas hoje é minha última noite aqui. Como
sabe? - Me fiz de cínica.

- Digamos que já tenho gravado na mente boa parte das pessoas que frequentam
esse lugar. E literalmente você nunca veio aqui antes.

- Sou tão diferente das outras mulheres daqui para não esquecer de minha
aparência?

- Você tem um diferencial gritante. - Afirmou ela, diminuindo nossa distancia


drasticamente.
- Espero que isso seja algo bom. - Falei ao tomar um pequeno gole de sua cerveja. -
Como você se chama? - Continuei a brincar.

Lauren riu, mas tomou postura para continuar.

- Lauren, Lauren Jauregui.

Eu deslizei a ponta da língua por meus lábios, sem tirar meus olhos do dela.

- Bom, Lauren...eu me chamo Katherine Cooper, muito prazer.

- O prazer é todo meu, Katherine. - Disse ela ao depositar um beijo sutil em meu
pescoço.

- Acho que não estávamos tão próximas assim da primeira vez. - Exclamei em meio a
uma risada, deixando que a mulher me roubasse um beijo.

- Não estávamos mesmo, mas eu queria muito. - Lauren respondeu, beijando-me


novamente.

- Não seja boba.

- Quer ir embora daqui? - Indagou próximo ao meu ouvido, arrancando-me um


arrepio.

- O que está tramando, Jauregui?

- Uma surpresa.

- Que surpresa?

- Não posso contar, deixa de ser surpresa. - Ela deu de ombros.

- Ah, não. Não me deixe curiosa!

- Se vier comigo, logo irá saber.

Olhei para seus olhos verdes misteriosos, e logo em seguida para o sorriso largo
presente em sua boca. Lauren parecia animada, nervosa, mas completamente
misteriosa. Aspirei o ar com força, e voltei meus olhos para o salão, tentando
encontrar Dinah ou Normani, mas nenhum sinal delas.
- Eu vou.

- Mesmo?

Eu assenti com um sorriso, fazendo Lauren suspirar. A mulher ergueu seu corpo do
banco, deixando algumas cédulas de dinheiro por nossas bebidas, antes de me puxar
para fora daquele lugar. Cruzamos o salão de mãos dadas, até alcançar a saída da
boate lotada. Ao lado de fora, uma bela noite de outono se fazia presente, trazendo
aquele clima frio e aconchegante entre nós.

- Não vamos de carro?

- Não, quero andar um pouco. - Disse ela ao colocar as mãos no bolso de seu casaco.

- Está tudo bem? - Perguntei com o cenho franzido ao agarrar seu braço.

- Está, eu só estou um pouco nervosa.

- Aconteceu alguma coisa?

- Podemos só andar um pouco? - Ela perguntou um tanto nervosa.

Eu assenti para ela, e me pus a caminhar ao seu lado. Eu adorava o clima em Saint
Moritz, toda aquela paisagem de vilarejo, cercado por alpes gigantescos que
embelezavam a cidade de maneira sem igual. Havia muita história ali, e umas delas
era minha. Nós caminhos pela calçada, bem em frente ao parque central, fazendo o
mesmo caminho que traçamos na primeira vez. Diferente de um tempo atrás, hoje
não havia neve e muito menos uma pista de patinação, mas as folhas amareladas, e
o lago tranquilo trazia uma paisagem tão encantadora como a da primeira vez.
Lauren caminhava silenciosamente, enquanto parecia apreciar o parque tão conhecido
por nós.

- Está com algum problema? Me parece nervosa.

A mulher que antes encarava o balançar sutil da agua no lago, voltou seus olhos para
mim, estagnando nossos passos automaticamente.

- Pareço? - Desviou os olhos.


- Sim. - Dei de ombros. - Me tirou da festa, e veio em silencio até aqui. Se está com
algum problema, me deixe ajudar você.

Ela negou com a cabeça, e me encarou novamente.

- Não tenho um problema, Camila.

Sua respiração agora parcialmente descompassada, indicava mais nitidamente o


nervosismo vivido pela mulher. Lauren umedeceu os lábios, e deu um passo à frente.
Eu nada falei, apenas continuei a observa-la.

- Eu só não sei como fazer isso... - Confessou baixinho.

- O que? - Indaguei com o cenho franzido.

Por alguns instantes senti medo, não medo de Lauren, mas do que ela poderia dizer.
E se estivesse cansada de tudo aquilo? E se tivesse se arrependido?

- Olha, se vai me prender agora, devo lembrar que não vão acreditar. - Brinquei,
tentando descontrair.

Lauren riu baixinho, e negou com a cabeça outra vez.

- Não vou prender você. Eu só preciso dizer uma coisa...na verdade, pedir.

- Por Deus, fale de uma vez!

- Eu queria ter feito isso há meses atrás, mas sei que tudo acontece na hora certa.

A delegada inspirou o ar com força, inflando seu peito como se tomasse coragem para
o que estava prestes a fazer. Lauren ergueu a cabeça, e conectou seu olhar ao meu.
Seus olhos verdes estavam clarinhos, evidenciando a pupila dilatada em minha
direção. O vento frio me fez arrepiar, levando um pouco dos cabelos de Lauren para o
lado. Eu ergui uma das mãos, e os ajeitei suavemente, quando ela começou a falar.

- Nós estamos aqui mais uma vez. - Ela deu de ombros. - No mesmo lugar que me
trouxe há mais de um ano. É louco pensar em tudo que aconteceu nesse período, e
de como você me mudou. Talvez, vir até aqui tenha sido um dos marcos mais
importantes entre nós durante todo esse tempo.

Minha respiração se tornou um tanto mais pesada, talvez estivesse acompanhando as


batidas de meu coração.
- Talvez não, eu tenho certeza! Aqui, nesse lugar, foi a primeira vez que eu vi você de
verdade... - Ela sorriu de maneira tão meiga, que me fez sorrir também. - E eu amei,
Camila. Eu amei o que vi durante aqueles dias. Você pode ter me atraído
sexualmente, me deixado completamente louca no início de tudo, mas foi quando eu
conheci você de verdade que eu me apaixonei. Não foi uma tarefa fácil, adentrar no
seu mundo real requer esforço, força de vontade e muito amor. Mas eu me dispus
aquilo, eu queria mais de você, e consegui. Eu enxerguei você no meio daquela
escuridão, e percebi que ainda havia luz.

Eu respirei fundo, tentando controlar aquela vontade iminente de chorar.

- Eu percebi que não era Camila Collins, era apenas Camila, com toda sua fraqueza e
sensibilidade, mas com sua força também. E por mais que naquele tempo eu não
soubesse da sua história de vida, eu sentia a mulher maravilhosa que você era. Eu
sabia que guardava algo de muito especial, além do seu dom de sedução e sua
inteligência inigualável. - Ela riu sem jeito. - Eu resisti por muito tempo, confesso,
mas em certo momento, cansei de ir contra o que eu estava sentindo. Eu me
apaixonei por você, não tinha mais saída. Então fui me aproximando mais e mais,
deixando-me levar por todo esse encanto que você provoca tão facilmente. Foi
inevitável não me ver perdida de amores por você, Camila. Acredite em mim, você
sempre causa esse efeito nas pessoas, mesmo quando te odeiam, ficam loucas por
você. Talvez seja seu jeito convencido, sua autoconfiança, sua persistência ou até
mesmo sua inteligência. É atrativo e instigante para todos. Pelo menos foi para mim,
e ainda é.

Lauren ergueu uma das mãos até meu rosto, onde acariciou suavemente com o
polegar. Eu fechei os olhos por alguns segundos, permitindo-me aproveitar aquele
momento.

- Mas eu garanto, que não foram suas qualidades físicas que me fizeram ter certeza
do que eu vou fazer agora. - Afirmou, deixando-me completamente nervosa. - Ter o
melhor de você foi o que me fez perdidamente apaixonada. E com o "melhor", eu não
digo o perfeito. Não. Com o melhor, eu digo, você. Com todos os detalhes, sendo
qualidades e defeitos. A Camila real! E não aquela inventada aqui e mostrada para o
mundo. Eu amo você, Camila. Amo todas suas fases. - Afirmou firmemente. - Do
início ao fim, sem tirar ou por. Eu amo tudo que você representa, tudo que você é
aqui dentro. Eu te amo mais do que eu imaginei que poderia amar alguém. E estou
disposta a estar contigo, durante todos os dias da minha vida se assim você quiser.
Eu quero mostrar que você nunca, nunca, vai estar sozinha. E por isso, eu preciso
perguntar...
Lauren suspirou pesado, enquanto retirava algo do bolso de seu casaco grosso.
Confesso que naquele pequeno espaço de tempo, senti como seu meu coração fosse
sair pela boca. O mesmo batia freneticamente, fazendo meu corpo inteiro tremer.
Com os olhos marejados, enxerguei a pequena caixa de veludo em suas mãos. Ergui
minhas mãos até a boca, enquanto aquelas lagrimas teimosas deixavam meus olhos,
e escorregavam delicadamente sobre minha face. Encarei o anel solitário no centro da
caixinha, exibindo aquela única e brilhante pedra. Era lindo.

- Quer casar comigo, Camila?

Talvez eu tenha perdido alguns instantes ali. Tudo porque naquela fração de
segundos, me permiti observar e ter ainda mais certeza da mulher incrível que havia
entrado em minha vida. De uma maneira totalmente inesperada, Lauren me fez
mudar e acreditar que eu ainda poderia viver em paz. No meio daquela escuridão, foi
ela que me fez ver a luz que habitava em mim. Com o seu amor, e o seu cuidado, eu
me curei. Eu me salvei.

Ressurgi.

- Por favor, diga alguma coisa... - Murmurou nervosa.

Eu abri um sorriso largo, deixando que mais lagrimas caíssem.

- Eu quero. Eu quero muito! - Exclamei ao beija-la com todo aquele sentimento que
me preenchia.

Os lábios macios de Lauren se moveram em uma sintonia perfeita com os meus. Ela
me apertou contra si, como se quisesse prolongar aquele momento por uma
eternidade. Foi um beijo lento, e incrivelmente intenso, nossas línguas se moviam
com uma sutileza apaixonante. Como se fosse o primeiro dos muitos que ainda
estavam por vir em nossa nova vida. Após uma sequência de selinhos, Lauren
expandiu os lábios em um sorriso largo que me derreteu por inteiro.

- Oh, céus. Sinto que meu coração vai sair pela boca. - Disse ela ao pegar o anel no
interior da caixinha.

Lauren tinha as mãos tremulas, assim como as minhas. Nós rimos juntas assim que
notamos nosso nervosismo compartilhado.

- Ok, me deixe fazer isso. - Disse ela ao segurar em minha mão.

Eu encarei seus olhos por alguns instantes, e o brilho das lagrimas alegres me
preenchiam o peito com uma sensação maravilhosa e inexplicável. Eu abandonei seu
olhar, para ver o exato instante em que Lauren depositou o anel de brilhante em meu
dedo. Ela o fitou em minha mão por alguns segundos, antes de erguer até seus
lábios.

Um único beijo.

- Vou fazer de você a mulher mais feliz desse mundo.

Eu sabia que ela era a única que poderia fazer isso. Não havia dúvidas. Eu sentia em
suas palavras, em seu olhar intenso, e em seus toques por meu corpo. Lauren tinha
uma maneira especial de me tomar para si. Como se fizesse de mim o ser mais
precioso que teve o prazer de encontrar.

- Ganhei o jogo. - Murmurei, recebendo um sorriso em resposta.


Capítulo 42 - A rainha.

Para esse capitulo indico: Bad Bitch - Bebe Rexha.

Algumas semanas depois...

- Tem certeza que quer vender esse lugar?

Lauren perguntou enquanto amarrava seus cabelos em um rabo improvisado.


Estávamos no interior do apartamento em que Dinah e eu havíamos vivido durante os
anos de faculdade em Zurique. O mesmo havia sido comprado por Charlie, em um
presente grandioso por nossa vaga em uma das melhores instituições do país.

- Sim, inclusive já está vendido.

- Vendeu esse lugar por um preço baixíssimo, mas não vou reclamar, sei que fez por
se tratar de Veronica.

- Sim, tenho que me redimir depois do susto que demos nela ao ver que eu estava
viva. – Murmurei ao colocar alguns dos últimos itens em uma caixa. – E por ter
roubado a melhor amiga dela também.

- Ela ficou realmente assustada, mas saber de toda sua história fez ela admirar você.
Claro que ela ficou um tanto revoltada por eu não ter voltado para Nova Iorque, mas
agora que sabe que vamos casar, quis se mudar para mesma cidade.

- Ela ama muito você, e isso é lindo. São como irmãs, tipo Dinah e eu. – Dei de
ombros, enquanto vasculhava a sala inteira com os olhos.

- Sim, é exatamente desse jeito. Sabia que Vero desde o início achou que eu iria me
apaixonar por você? É engraçado lembrar de todas as vezes que cogitamos sobre.

- Ela estava certa. Sempre achei Veronica muito sensata, por isso contei sobre minha
vida a ela.

Lauren se aproximou devagar, e envolveu minha cintura com os braços. Eu sorri para
ela, e lhe beijei a boca rapidamente.

- Não ficou com receio dela contar para todos?

- Não, eu fiquei com receio ao contar para você que era toda certinha, mas Iglesias
parece ser mais compreensível, e menos cabeça dura.

A mulher franziu o cenho, fingindo indignação.

- Daqui a pouco vai dizer que escolheu a mulher errada no primeiro ménage.

- Pensando bem...acho que você pode ter raz...

- Não termine isso! – Lauren exclamou ao tapar minha boca com a mão.

Foi inevitável a risada que soltei a seu ato totalmente impulsivo.

- Engraçadinha. – Resmungou ao me soltar.

- Não seja chata, é claro que escolhi a mulher certa. – Disse ao puxa-la para mim. -
Você me ganhou no sexo, Keana não era tão boa assim.

- Ganhei você antes disso, minha querida.

- Hm, foi é?

- Obviamente, sentou do meu lado naquele bar com segundas intenções que eu sei.

- Te ensinei coisas demais, inferno. – Resmunguei, agora fazendo a delegada rir.

Lauren me puxou para si novamente, fazendo com que nossos corpos cambaleassem
para trás. Eu senti minhas costas baterem contra a parede de concreto suavemente,
quando seu corpo colou no meu.

- Ensinou, e agora posso usar tudo contra você.

Fechei os olhos quando os lábios macios da mulher vieram de encontro ao meu


pescoço, enquanto suas mãos deslizavam de minha cintura até minha bunda. Eu
suspirei um tanto surpresa, e inicialmente excitada.

- Dinah e Normani estão logo ali, não me faça cometer uma loucura.

- Estamos mesmo, e não estamos tão longe assim! – Dinah exclamou ao entrar ao
lado de Normani.
Lauren rolou os olhos assim que me soltou. As duas estavam nos ajudando
em toda aquela mudança, visto que tanto eu quanto Dinah queríamos guardar o que
ainda era importante.

- Vocês não perdem essa mania de se agarrassem em todos os cantos.

- Não é como se vocês não fizessem o mesmo. – Lauren rebateu.

Dinah pensou em retrucar, mas sabia que não tinha resposta para o contra-ataque de
Lauren.

- Katherine, você ensinou coisas demais para essa mulher. – Dinah finalizou, nos
fazendo rir.

- Chega de papo meninas, vamos colocar essas ultimas caixas na caminhonete. Vero
vai chegar amanhã, e temos que deixar isso aqui impecável.

Lauren bateu continência em pura brincadeira, antes de pegar uma das caixas
espalhadas pelo chão. Dinah logo fez o mesmo, seguindo os passos de Normani que
tão logo se adiantou.

- Acho melhor você ir para o segundo andar, ainda falta seu quarto. – Lauren
murmurou ao parar ao meu lado.

- Não quero.

- Tem algo que deixei para você lá.

Eu suspirei um tanto pensativa, mas logo assenti.

- Vou deixar você a vontade. – Sussurrou ela, antes de depositar um beijo rápido em
minha boca.

Eu assenti, vendo Lauren sair pela porta com algumas caixas em mãos. Ela fez um
sinal de que poderia leva-las, eu não devia me preocupar. Então eu apenas deixei.
Quando a porta se fechou por completo, me vi sozinha naquele lugar. Era um tanto
nostálgico, admito. Todos aqueles moveis, e papeis de parede me lembravam o exato
dia em que cheguei aqui. Dinah e eu havíamos feito uma prova com o intuito de
conseguir bolsas integrais em uma das melhores faculdades da Suíça, mesmo
sabendo que Charlie poderia pagar por elas, mas estávamos tão acostumadas a nos
virar sozinhas que conseguir aquilo seria uma prova perfeita que não éramos tão
dependentes assim. No início, Charlie foi contra, mas tão logo entendeu e nos apoiou
como sempre fazia. E foi naquela pequena casa que vivemos por todos os anos da
faculdade, até saber da morte de nosso pai.

Um suspiro deixou meus lábios, quando voltei meu corpo para o centro da sala,
recordando a posição exata da TV. Lembro-me perfeitamente das imagens
transmitidas pelo noticiário no dia que Charlie se foi. Lembro de ouvir o estilhaçar do
porcelanato no chão, e dos olhos assustados de Dinah. Fora um dos momentos mais
dolorosos de toda minha vida. Me afastei daquele cômodo, e segui em passos
preguiçosa pela escada, recordando-me de todos as fotografias de família que
havíamos colocado ali. Eram lindas. Passei pelo quarto de Dinah, pelo de Charlie que
tão pouco foi utilizado, visto que suas visitas se tornavam cada vez mais raras. E
enfim havia chegado ao meu. Parei diante da porta de madeira, e girei a maçaneta
devagar. Adentrei aquele cômodo lentamente, ouvindo o ruído sutil do assoalho
antigo sobre os meus pés. O quarto ainda tinha os mesmos pequenos detalhes da
última vez, Dinah em suas visitas não havia mudado nada, diferente da mudança
drástica que fiz nos últimos meses naquele lugar.

Quando Charlie me entregou, suas paredes tinham um tom claro de verde, que se
contrastava perfeitamente com o branco das outras. Lembro-me de como ele havia
ficado feliz ao pintar tudo com suas próprias mãos. Anos depois, todo seu trabalho foi
tampado pelo meu. As paredes perfeitamente pintadas, agora possuíam rabiscos,
linhas, colagens, papeis de bilhetes, fotos e recortes de jornal. Um enorme
organograma feito minuciosamente por mim durante longos meses de planejamento e
preparo.

- Me perdoe por estragar a pintura. – Sussurrei com um sorriso, como se ele pudesse
me ouvir.

Me aproximei de minha antiga cama, e consequentemente de uma das estantes do


quarto. Sobre a mesma, havia alguns pequenos objetos decorativos, pelúcias e um
porta retrato. Capturei o objeto empoeirado, e com o dorso da mão limpei o vidro
sujo. Um suspiro deixou minha boca, quando meus olhos foram de encontro a foto ali
exibida. Confesso que senti aquele aperto no peito ao ver sua imagem tão alegre. O
homem tinha o sorriso aberto, assim como o meu naquela foto. Seu corpo estava
inclinado para frente, enquanto Dinah e eu escalávamos suas costas. Um sorriso se
formou em minha boca, quando com a ponta dos dedos toquei nossos rostos alegres.

- Eu queria tanto que estivesse aqui, pai. – Sussurrei triste. – Queria tanto
que pudesse conhecer Lauren, nós vamos casar daqui a um mês.

Caminhei com o retrato em mãos até a única janela presente no quarto.

- Será que gostaria de mim loira? Tive que mudar um pouco, e bom, mudei meu
nome também. Lembra quando me disse, que se tivesse uma filha colocaria seu
nome de Katherine? Pois agora, você tem. – Afirmei ao fitar seu rosto por alguns
instantes. - Espero que um dia me perdoe por tudo que fiz...

Inicie Bad Bitch - Bebe Rexha

Apenas o perdão de Charlie me importava. Eu sabia que nada mudaria o meu


passado sombrio, nem mesmo minhas boas atitudes agora. Deus teria que ser muito
misericordioso com uma alma como a minha.

- Me perdoe, porque eu me perdoei. – Disse firmemente ao caminhar para o centro


do quarto, parando em frente a escrivaninha.

Naquela parede estava meu plano de vida. Todos meus passos foram minuciosamente
descritos durante inúmeras noites em claro. Foi naquele pequeno quarto que, um dos
maiores roubos dos Estados Unidos havia sido planejado. No meio de toda aquela dor
e sofrimento, um reinado foi erguido. Onde apenas uma mulher poderia comandar, e
sobre suas ordens o mundo poderia girar.

Foi aqui que surgiu a melhor fase de mim.

Dei um passo à frente, encarando a imagem de Christopher no centro do


organograma, sendo apontado por todas as setas presentes naquela parede. Ergui
uma das mãos, arrancando a fotografia de uma só vez, antes de amassa-la por
completo.

- Que Deus o tenha, ou o diabo, nunca se sabe em qual lado você está, querido. –
Foram minhas palavras ao joga-la no lixo.

Quando recuei alguns passos, pude notar uma caixa sobre a mesa. Era de tamanho
mediano, de aparência sofisticada e luxuosa. Totalmente revestida de veludo, como
uma caixa de joalheria. Sobre a mesma, havia um pequeno cartão de envelope
vermelho.

"Para sra. Collins."

Engoli em seco quando avistei o sobrenome perfeitamente rabiscado no envelope.


Com uma curiosidade sem igual, retirei o pequeno pedaço de papel branco dobrado
ao meio.

"Só abra se for Camila Collins."

Era a letra de Lauren. O que ela estava querendo? Me perguntei com um sorriso de
canto. Neguei com a cabeça, e abri o cartão branco.

"Se abriu é porque ainda se sente como ela. E se ela ainda está viva em você,
acredito que lhe falta algo, rainha.

Abra a caixa.

L.J"

Confesso que meu coração bateu com um pouco mais de intensidade. Lauren estava
fazendo uma espécie de jogo comigo?

- Os jogos são feitos por mim, Jauregui. – Murmurei baixinho.

Levei ambas as mãos até a caixa misteriosa, puxando-a para mais perto. Era pesada,
bem compacta. Franzi o cenho e destravei os dois suportes dourados na área frontal,
para então abrir completamente.

"Para lembrar sempre da mulher mais forte que habita dentro de você."

Dentro da caixa negra havia dois objetos. No centro uma pequena peça de xadrez
dourada, uma rainha lapidada em ouro. Um pouco acima dela estava a pistola calibre
45, banhada em ouro, bem como a que deixei na noite naquele incêndio. Um sorriso
nasceu em minha boca ao encarar aquele objeto reluzente no interior daquela maleta.

- Que saudade... – Arfei entusiasmada.

Segurei a arma com vontade, sentindo a mesma sensação da primeira vez.

- Sou tão melhor com você, querida. – Engatilhei a pistola, ouvindo o estalar sutil e
excitante.

Ergui a cabeça e levantei a pistola para analisar seus detalhes tão bem feitos. Era
incrível a sensação de tê-la em mãos, como se aquele objeto valioso fizesse de mim a
mulher mais poderosa e imbatível de todas. Uma perfeita rainha, como Camila Collins
sempre foi, e sempre será.

- Camila Collins? – Ouvi aquela voz, que me fez sorrir.

- Sim?

Virei meu corpo em direção a porta, vendo minha mulher com um sorriso malicioso
no canto dos lábios. Lauren se afastou da soleira da porta, e caminhou em minha
direção, enquanto me encarava com um olhar desafiador.

- É bom ver você, rainha.

Naquele momento eu percebi que por mais que os anos se passassem, Camila Collins
nunca ficaria para trás. Ela estava impregnada em mim, como uma parte viva e
vibrante de meu ser. Ela era meu ponto mais alto. Era minha coragem, minha força e,
sobretudo, minha resistência. Camila Collins era o poder que habitava em mim, e dele
eu não abriria mão.

- É bom estar de volta, agente Jauregui.

Fim.

Então, meus amores! Com essa edit maravilhosa feita pela Juliana, chegamos ao fim
de Xeque-Mate.

Foi maravilhosa essa experiencia ao lado da minha rainha Camila Collins. E espero
que assim como eu, vocês nunca se esqueçam dela. Quem sabe um dia ela ainda
volte, mesmo que seja em um pequeno especial? Nunca se sabe o que nossa rainha
pode aprontar.

Agora, espero que acompanhem minhas outras duas fanfics, que vão voltar a
atualizar, que são: Fallen Angel e Royals que é uma pareceria com a Gabriella
Medina.

Quero ver todos vocês lá!

Comentem bastante, vamos subir aquela tag lá #XequeMateCapFinal.

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