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Módulo BÁSICO » Deus e seu Povo I e II » Lição 2

Lição 2: OS LIMITES DO ANTIGO TESTAMENTO

“Se é a quantidade que vale, os católicos estão de parabéns, porque enquanto nosso
Antigo Testamento contém somente trinta e nove livros, o seu conta com quarenta
e seis”! Como você responderia a tal afirmação? Provavelmente você já sabe que o
Antigo Testamento numa Bíblia católica contém alguns livros que não se incluem
em nosso Antigo Testamento. Sabia que são sete em número? Sabe o nome deles?
São: Sabedoria, Eclesiástico (não confunda com Eclesiastes!), Baruque, Tobias,
Judite e 1 – 2 Macabeus, além de alguns acréscimos aos livros de Ester e Daniel.
Estes livros são chamados deuterocanônicos pelos católicos, e apócrifos pelos
protestantes. Pertencem eles ao Antigo Testamento ou não?

No decorrer da história da Igreja, levantaram-se várias vozes em oposição aos


livros apócrifos, inclusive a de Jerônimo, o ilustre tradutor da Bíblia para o latim
(do quinto século). Mesmo assim, eles sempre desfrutavam uma boa aceitação, às
vezes até oficializada por um ou outro concílio da Igreja.

No século dezesseis, contudo, os reformadores renovaram a oposição à inclusão


dos livros apócrifos na Bíblia. Lutero os inclui, mas fez uma nítida distinção entre
eles e os demais livros. Calvino e seus discípulos rejeitaram-nos por completo.
Apesar disso, até o início do século corrente, a inclusão dos livros controvertidos
nas edições protestantes da Bíblia em vários países era muito comum. E na
segunda metade deste século, os livros apócrifos de novo têm sido incluídos em
várias Bíblias editadas por protestantes no exterior.

Na Igreja Católica Romana, o Concílio de Trento (1546), em oposição aos


reformados, definitivamente oficializou o Antigo Testamento mais amplo. E a
Igreja Grega Ortodoxa aceita ainda mais dois ou três livros que não se incluem em
nossa Bíblia! Quem é, portanto que tem razão?

2-1 Primeiro, vamos ver se você entendeu bem a questão. A Bíblia da Igreja Católica
Romana é igual à dos protestantes, com exceção do Antigo ou Velho
Testamento.

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2-2 A Bíblia Católica contém mais livros do que a protestante.

2-3 Assim a nossa Bíblia é menos ampla do que a Católica.

2-4 A Bíblia que contém os sete livros apócrifos ou deuterocanônicos é a


católica .

2-5 A diferença entre os católicos e os protestantes neste assunto é que o Antigo


Testamento daqueles é mais amplo do que o dos protestantes.

2-6 O Antigo Testamento da Igreja Católica Romana é mais amplo do que o


dos protestantes.

2-7 Sim, é mais amplo por quantos livros? Por sete .

2-8 Pois enquanto a Bíblia protestante contém apenas trinta e nove livros no seu
Antigo Testamento, a dos católicos conta com quarenta e seis nesta parte.

2-9 A questão diante de nós, portanto, é: por que o Antigo Testamento Católico é
mais amplo que o dos protestantes?

2-10 O fato é que a discussão a respeito da amplitude do Antigo Testamento já


existia antes de nascer a Igreja. Uns dois séculos antes do nascimento de Cristo, os
judeus que moravam no Egito traduziram o Antigo Testamento para sua própria
língua, isto é: para o grego. Assim existia o Antigo Testamento em duas línguas:
sua original, ou seja: o hebraico, e a tradução, a saber: o grego .

2-11 Mas, no decorrer dos anos, o Antigo Testamento grego (chamado de


Septuaginta) começou a ter alguns livros não incluídos no Antigo Testamento
original, ou seja: o Antigo Testamento hebraico .

2-12 Assim se tornou mais amplo o Antigo Testamento grego .

2-13 Você já pode adivinhar, portanto, a resposta à nossa pergunta acima: o Antigo
Testamento da Igreja Católica é mais amplo porque ele conserva, falando a grosso
modo, todos os livros do Antigo Testamento grego .

2-14 E, de maneira semelhante, nosso Antigo Testamento tem apenas trinta e nove
livros, porque as igrejas protestantes seguem, neste assunto, o antigo Testamento
hebraico .

2-15 Quanto ao Antigo Testamento, pois, a diferença principal entre os católicos e


os protestantes é que aqueles reconhecem um Antigo Testamento mais amplo
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daquele que está contido nas Bíblias protestantes.

2-16 E isto porque eles conservam todos os livros do Antigo Testamento grego ,
enquanto nós reconhecemos somente os do Antigo Testamento hebraico .

2-17 Mas não é o caso que a “Bíblia missionária” da Igreja primitiva foi a Bíblia
grega? E quando os escritores no Novo Testamento citam o Antigo, não é que eles,
de preferência, citam o Antigo Testamento grego? E não é verdade que tanto a
Bíblia católica como a dos protestantes conservam a ordem dos livros seguida no
Antigo Testamento grego? Levando em conta somente estas considerações, parece
que a razão está ao lado daqueles que seguem o Antigo Testamento grego, ou seja:
a) o dos protestantes
b) o da Igreja Católica
c) nem de um nem de outro.

2-18 Mas nós achamos que há duas considerações fortes a favor da posição
protestante, isto é: de adotar somente os livros do Antigo Testamento Original, ou
seja do Antigo Testamento hebraico .

2-19 Primeiro: os livros apócrifos caem muito abaixo do nível geral dos livros do
Antigo Testamento hebraico. Um motivo para rejeitar os livros apócrifos portanto,
é que eles são, em relação aos demais livros:
a) inferiores
b) superiores
c) iguais.

2-20 São inferiores literária e teologicamente. Os livros inferiores são os livros


apócrifos .

2-21 Os livros apócrifos refletem o judaísmo tardio que os produziu, sendo


caracterizados por legalismo, magia, nacionalismo, exageros e erros. Um
argumento para não aceitar os livros que não constam no Antigo Testamento
hebraico é que eles são inferiores aos livros contidos nele.

2-22 Em segundo lugar, será que Jesus e os apóstolos não nos orientam quanto a
esta questão? Para saber isto, basta estudar um pouco o Novo Testamento.

2-23 Já sabemos que uma coleção de livros muito citada no Novo Testamento é o
Antigo Testamento.

2-24 Como estudamos na Unidade 1, este fato é um dos motivos para nós nos
preocuparmos com o Antigo Testamento.

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2-25 E será que os livros apócrifos são citados no Novo Testamento? Admitimos
que há umas poucas referencias cujas origens são difíceis de identificar (Lucas
11.49; João 7.38; Romanos 1.19-32; 1 Coríntios 2.9, 6.2; Efésios 5.14; Tiago 4.5). Mas
mesmo supondo que há, em um caso ou outro, uma alusão a um escrito que não
está no Antigo Testamento hebraico, nem sempre é possível estabelecer que os
autores do Novo Testamento consideram tal escrito como pertencente às Sagradas
Escrituras. Assim não é fácil comprovar que um ou outro escrito apócrifo foi
considerado como parte das Escrituras Sagradas pelos autores do Novo
Testamento.

2-26 Talvez em Judas 14-15 tenhamos a única citação dum livro judaico que não faz
parte do Antigo Testamento hebraico, onde se cita expressamente o livro de
Enoque. Mas este livro não somente não está contido no Antigo Testamento
hebraico; ele também não faz parte do Antigo Testamento grego .

2-27 Outrossim não é possível afirmar com certeza que Judas considerou o livro de
Enoque como Escritura Sagrada. Assim um segundo argumento para não
aceitarmos os livros apócrifos é por causa do Novo Testamento , onde eles não são
citados como são os livros genuínos.

2-28 Julgamos que há dois motivos para não incluirmos os livros apócrifos em
nossa Bíblia. O primeiro é que eles são inferiores .

2-29 O segundo é por causa do Novo Testamento .

2-30 A distinção principal entre o Antigo Testamento da Igreja Católica Romana e


o dos protestantes é que o daquela é mais amplo .

2-31 Esta diferença se explica pelo fato de que os católicos conservam os livros do
Antigo Testamento grego ,

2-32 enquanto os protestantes acham certo ficar apenas com os livros do Antigo
Testamento hebraico .

2-33 Nós julgamos que os protestantes têm razão porque, em primeiro lugar, os
livros em disputa são inferiores aos demais livros,

2-34 e, em segundo lugar, por causa do Novo Testamento , que não os cita como ele
cita os livros genuínos.

PARA REFLEXÃO

1. Como você responderia a estes argumentos, propostos por um estudioso


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católico, a favor da inclusão dos livros apócrifos?


a) Quanto ao fato deles não serem citados no Novo Testamento, os livros apócrifos
são apenas sete em número e há quatro ou cindo livros na Bíblia hebraica que
também não são citados no Novo Testamento.
B) Será que a rejeição dos livros apócrifos pelos judeus na Palestina não representa
uma simples reação de sua parte?
c) Será que a falta de citações dos livros apócrifos não se explica pelo simples fato
de Jesus e os apóstolos acomodarem-se “à praxe dos fariseus, referindo-se tão
somente a lugares da Bíblia hebraica, não dos deuterocanônicos, aliás inúteis no
debate com escribas que não lhes reconheciam nenhuma autoridade religiosa”
(Scharbert, pág. 109)?
d) Quanto à inferioridade dos livros apócrifos, temos que admitir que também há
diferenças de nível entre os livros aceitos por todos.

2. A respeito do assunto desta unidade, interessante é verificar como “O Novo


Catecismo” (da Igreja Católica, Ed. Brasileira em 1969) se expressa: “A questão não
é tão importante quanto, às vezes, parece. O fato de esses escritos, aliás, em parte
muito lindos, constarem da Bíblia, não quer dizer necessariamente que tenham a
mesma importância que os outros. Ademais, não lhe acrescentam nenhuma
mensagem realmente nova” (pág. 60).

3. Há uma doutrina que é particular da Igreja Católica que se baseia nos livros
apócrifos?

4. Para algumas advertências de não acrescentar nada às Escrituras, nem subtrair


nada delas, consulte Deuteronômio 4.2; 12.32 (concernente à lei); Jeremias 26.2 (a
respeito da profecia); compare Eclesiastes 3.14 (na literatura de sabedoria) e
Apocalipse 22.18-19.

5. Não somente os luteranos, mas também outros protestantes, sem reconhecer os


livros apócrifos como pertencentes à Escritura Sagrada, os têm considerado
“edificantes” e “úteis”; e, sem dúvida, eles aumentam a nossa compreensão do
judaísmo dos séculos anteriores ao nascimento de Cristo ( especialmente 1
Macabeus). Seu valor histórico ainda é muito discutido, contudo. Além disso, há
outros livros daquela época que têm o mesmo, ou ainda mais valor. Como, por
exemplo, o de Enoque (do primeiro século cristão).

LEITURA ADICIONAL

Para informações sobre os livros apócrifos (e pseudepígrafos), consulte Bentzen,


vol. 2, págs 245ss.

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