Para que se entenda os motivos da “urgência” da reforma do Ensino
Médio, a lei nº 13.415/2017, é preciso compreender as ligações que tem com a PEC nº55, que é responsável pelo congelamento dos gastos públicos durante 20 anos, e o Projeto de Lei nº 867/2015, o movimento “Escola sem Partido”, e passar pela história da política brasileira.
Ao longo da história do Brasil ocorreram diversos golpes de Estado,
como a Era/Ditadura Vargas e a Ditadura Militar, onde estes ocorreram visando o lucro e a segurança do capital privado, o mais recente foi o golpe de 31 de agosto de 2016, onde foi orquestrado o impeachment da Presidente Dilma Rousseff, demonstrando assim um novo caráter que o golpe assumiu, pois diferentes de seus anteriores, este foi marcado por não ter a presença do exército como mecanismo de tomada de poder, mas foi através da mídia, da manipulação/apelo moral das massas, do apoio do Judiciário e do interesse do capital, onde esses interesses foram institucionalizados no Estado, dentro do Parlamento, Ministério Público, parte do judiciário e burocracia do Estado, como aparelhos hegemônicos das classes dominantes.
Todas as ditaduras ao longo da história do Brasil possuem o mesmo
caráter, o de investir em capital humano como meio de desenvolvimento econômico, interferindo diretamente na educação brasileira, a tornando de caráter tecnicista, criando maior força de subemprego para suprir as necessidades do capital. Isso se demonstra na reforma do Ensino Médio, onde a educação se descaracteriza de um caráter de amplo conhecimento básico, e se especifica em uma das áreas do conhecimento, ou mesmo no ensino técnico, apoiado diretamente pelo capital através de “Todos pela Educação”.
A reforma busca então atingir as camadas mais pobres da sociedade,
sendo os jovens das camadas populares que mais fazem parte do Ensino Médio na rede pública de ensino, os condenando a subempregos em partes terciarias da economia, onde existe alta taxa de desemprego.
O movimento “Escola sem Partido” surge de um ódio ao pensamento
crítico, principalmente voltado a Paulo Freire, que tinha como principal ideia o aprender através do diálogo, demonstrando assim seu caráter totalitário e desagregador, buscando da defasagem do ensino. Juntamente com a PEC nº55 que demonstra seu caráter desumano que impede o desenvolvimento social e retira os direitos conquistados pela classe trabalhadora.
A Reforma do Ensino Médio é feita para sustentar a violência presenta
na PEC nº 55, apoiados pelos economicistas de “Todos pela Educação” e pelos seguidores do movimento “Escola sem Partido”, onde apresentam disciplinas recomendadas pelos órgãos do capital internacional, criando uma ideia de “livre escolha” para qual área o aluno poderá seguir, pois a escola terá apenas os cursos técnicos que tiver condições econômicas para ofertar, a MP também não obriga as escolas a possuírem todos os itinerários formativos, demonstrado que essa reforma é antipovo, antieducação pública, criando um desenvolvimento social desigual, condenando gerações a trabalhos simples e negando a possibilidade para o entendimento da sociedade.
O Superávit Primário e o Financiamento Federal da Educação Básica no Brasil: o Impacto do Superávit Primário no Financiamento Federal da Educação Básica (1999-2014.)
O futuro roubado com a reforma do Ensino Médio: dualidades educacionais, exclusão digital na pandemia da Covid-19 e o ensino politécnico como possibilidade pedagógica de formação integrada em espaços educativos