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AUGUSTO DOS ANJOS E A OBRA “EU”- CARACTERÍSTICAS

POÉTICAS

José Eudenir Ferreira Barros

RESUMO

Este artigo tem o objetivo de apresentar a poesia de um dos poetas mais fascinante da literatura
brasileira, Augusto dos Anjos. O mestre da angústia existencial, do pessimismo, a amargura
cósmica e universal que reflete na sua poesia transgressora, singular, iconoclasta, hedionda e
metafísica. Iremos apontar a sua trajetória de vida e analisar dois de seus poemas, “Versos
Íntimos” e “Os Doentes”, e falaremos do soneto que fizera para seu filho falecido, este cenário de
morte está presente em sua obra. Trazemos ainda comentários de críticos que analisam duas de
suas poesias, com comentários de uma grande crítica da obra de Augusto dos Anjos, Lúcia
Helena. Este artigo traz um texto que seu amigo Òrris Soares o descreve como um homem sério
de aparência triste.

Palavras-chave: Augusto dos Anjos, o poeta, o autor, a obra.

ABSTRACT

This article aims to present the poetry of one of the most fascinating poets of Brazilian literature,
Augusto dos Anjos. The master of existential anxiety, pessimism, cosmic and universal sorrow
that reflects in its transgressive, singular, iconoclastic, hideous and metaphysical poetry. We will
point to your life path and analyze two of his poems, "Intimate Verses" and "The Sick", and talk
of the sonnet he had written for his deceased son, this scenario of death is present in his work.
Still bring critical reviews that analyze two of his poems, with commentary from a major
criticism of the work of Augusto dos Anjos, Lucia Helena. This paper presents a text that your
friend Orris Smith describes it as a serious man looking sad.

1. INTRODUÇÃO

Sabemos como é rica a literatura brasileira, deveríamos conhecê-la e conhecer seus


autores, pois ela conta a nossa história, trazendo para o povo a realidade e a imaginação que
sonhamos de um mundo em que tudo pode acontecer e tudo é possível. Nesse mundo podemos
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nos deleitar sem nenhuma preocupação, onde podemos viajar para qualquer época e lugar em um
piscar de olhos e em poucos segundos, o mundo fascinante dos livros.

Este artigo abordará sobre as características da poesia de Augusto dos Anjos. O autor foi
considerado o melhor poeta da poesia Pré-Modernista, tem um jeito todo particular de ser.
Publicou o livro “Eu”, a sua única obra. Ousaremos aqui analisar alguns de seus textos e seu
estilo de escrever. Analisaremos e mostraremos comentários de críticos sobre os poemas “Versos
Íntimos” e “Os Doentes”, e falaremos sobre um de seus Sonetos.

Neste artigo analisaremos livros, apostilas e textos para abordarmos sobre a importância
de sua única obra para a sociedade. Os termos científicos e a clareza como escreveu sobre a
morte fez com que eu escolhesse a sua poesia para estudarmos tais características da poesia
augustiana.

Busco neste trabalho mais informações sobre o poeta que tinha traços marcantes e análises
de alguns de seus poemas. O título Eu pode justamente ser relacionado com o individualismo do
autor no que se refere à sua independência poética, à sua introspecção profunda, ao seu
pessimismo atroz, a uma angústia cósmica e a uma cosmogonia desesperadora.

2. AUGUSTO DOS ANJOS - (O MESTRE DO CIENTIFICISMO)

Durante alguns meses fizemos pesquisas referentes a Augusto dos Anjos, buscamos em livros,
apostilas e textos informações relevantes, informações essas que possibilitou um melhor estudo
para que chegássemos a um trabalho com informações coerente. No texto a seguir, analisaremos
os poemas “Versos Íntimos” e “Os Doentes” com análises críticas. Falaremos sobre um de seus
Sonetos, que fizera para seu filho nascido morto aos 7 meses.

Aos 20 dias do mês de abril de 1884, no Engenho Pau d'Arco, na cidade de Cruz do
Espírito Santo, hoje município de Sapé no estado da Paraíba, nasceu Augusto de Carvalho
Rodrigues dos Anjos, terceiro filho de Dr. Alexandre Rodrigues dos Anjos e de Córdula de
Carvalho Rodrigues dos Anjos (Sinhá Mocinha). Na casa de seu pai havia uma biblioteca que
sempre era acrescida de novos exemplares. Dr. Alexandre mandava buscar na Europa novos
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livros, uma vez que sempre foi um pai dedicado, pois ensinara seus filhos mais velhos às
primeiras letras e os preparava para a faculdade – com exceção do filho mais novo, que foi
educado por Augusto dos Anjos. Sua família era de caráter sério, rígido em suas atitudes e suas
palavras em que mãe Sinhá Mocinha tinha domínio sobre seus filhos e seu marido.

Augusto dos Anjos fez seu curso secundário no Liceu Paraibano, onde compôs o seu
primeiro soneto “Saudades”. Aos 16 anos de idade, começou a publicar textos em jornais, as
polêmicas envolvendo seu nome eram constantes, pois os versos que escreviam deixavam
algumas pessoas espantadas, outras ficavam admiradas e algumas julgavam seu trabalho com
indignação. Circulou na Paraíba um folheto com o título “Carta Aberta”, que continha
informações que insultava o poeta, publicado por um professor primário, que o chamava de
“Poeta Raquítico”, por considerar seus versos antipoéticos. Rapidamente Augusto dos Anjos
respondeu com o texto “Bilhete Postal”. Iniciou seu curso de Direito em 1903 na Faculdade de
Direito de Recife, cursava em regime de “exame vago”, ou seja, ele estudava em casa sem a
necessidade de frequentar as aulas na faculdade e periodicamente era examinado através de
provas que continham todo o conteúdo do curso, suas notas sempre foram ótimas e em 1907
formou-se. Dos Anjos lecionou no Liceu paraibano como professor de Literatura. Em 04 de
julho de 1910, casou-se com a professora Ester Fialho contra a vontade de sua mãe. Sem
nenhuma perspectiva de ascender profissionalmente, Augusto decidiu levar sua família para o
Rio de Janeiro, aos 13 dias do mês de setembro de 1910. Mudou-se com sua esposa Ester Fialho
que estava grávida de três messes. Hospedaram-se a princípio em uma pensão no Largo do
Machado e depois para a Avenida Central. O poeta passou por muitas dificuldades financeiras,
pois terminou o ano sem conseguir emprego. Sua esposa, no sétimo mês de gestação, perdeu o
que seria o seu primeiro filho e mais tarde perderiam outra criança. O casal teve dois filhos. Em
1911, nasceu a primeira filha, chamada Glória, e 1913 nasceu o segundo filho, chamado
Guilherme Augusto.

Em 1914 foi nomeado como diretor do Grupo Escolar de Leopoldina no estado de Minas
Gerais, seu cunhado conseguiu este cargo para ele através de interferência política. Augusto se
transfere no meio do ano com sua esposa e seus dois filhos para Leopoldina. Seu salário era
muito baixo, o que o obrigava a dar aulas particulares para conseguir sustentar sua família. A
saúde do poeta já não estava tão forte, pois a falta de perspectivas de um trabalho melhor e o
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trabalho incessante foram diminuindo-lhe a saúde. Antes de sua morte, Augusto dos Anjos
pronunciou o soneto “O Último Número”, quem escreveu foi o farmacêutico João Teixeira de
Moura Guimarães, os versos eram de uma qualidade imensa, eram perfeitamente rimados e
decassílabos.

Augusto chamou sua esposa e pediu que lhe trouxesse um espelho, ao receber mirou-se no
espelho e disse estas poucas palavras horas antes de morrer: “Essa centelha não se apagará”
(ROLIM, Socorro, 2007, Pág.: 04). Na verdade era uma profecia o que dissera. Horas depois, mais
precisamente às 04 horas da madrugada do dia 12 de novembro de 1914, em Leopoldina, Minas
Gerais, morreu Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos, vitimado por uma pneumonia. O
autor da fascinante obra “Eu”.

Quem melhor descreveu as aparências e as maneiras de ser de Augusto dos Anjos foi
Òrris Soares, que estava desconsolado com a morte de seu amigo. Assim o descreveu:

Foi magro meu desventurado amigo, de magreza esquálida – faces reentrantes, olhos
fundos, orelhas violáceas e testa descalvada. A boca fazia a catadura crescer de
sofrimento, por contraste do olhar doente de tristura e nos lábios uma crispação de
demônio torturado. Nos momentos de investigações suas vistas transmudavam-se
rapidamente, crescendo, interrogando, teimando. E quando as narinas se lhe dilatavam?
Parecia-me ver o violento acordar do anjo bom, indignado da vitória do anjo mau,
sempre de si contente na fecunda terra de Jeová. Os cabelos pretos e lisos apertavam-lhe
o sombrio da epiderme trigueira. A clavícula, arqueada. No omoplata, o corpo estreito
quebrava-se numa curva para diante. Os braços pendentes, movimentados pela dança
dos dedos, semelhavam duas rabecas tocando a alegoria dos seus versos. O andar
tergiversante, nada aprumado, parecia reproduzir o esvoaçar das imagens que lhe
agitavam o cérebro.
Essa fisionomia, por onde erravam tons de catástrofe, traía-lhe a psique. Realmente lhe
era a alma uma água profunda, onde, luminosas, se refletiam as violetas da mágoa. (...)
Declamando, sua voz ganhava timbre especial, tornava-se metálica, tinindo e retinindo
as sílabas. Havia mesmo transfiguração na sua pessoa. Ninguém diria melhor quase sem
gesto. A voz era tudo: possuía paixão, ternura, complacência, enternecimento, poder
descritivo, movimento, cor, forma. (...) (ROLIM, Socorro, 2007, Pág.: 04)

De acordo com o texto em que Órris Soares descreve Augusto dos Anjos, percebe-se que
o autor realmente era um homem sério e triste, talvez pelo modo que foi criado pela sua família.
Um magro homem de voz fascinante quando declamava.
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Em 1912, Augusto dos Anjos e seu irmão Odilon custearam a publicação de 1.000
exemplares de sua única obra: Eu. Ele fez um acordo de restituir seu irmão o valor investido após
a venda da obra.

O livro Eu foi recebido por parte da crítica com espanto e estranheza, outros receberam
com entusiasmo e outros ainda variavam com repulsa. Alguns dos críticos respeitáveis da época
lançaram suas vozes a favor do autor, pois sentiam nele uma vivacidade de imaginação. Algumas
das características formais do autor vieram por influência das poesias do simbolismo e do
parnasianismo. O soneto Saudade e Versos Íntimos foram influenciados pelo simbolismo. Abaixo
veremos seu poema e ousaremos tecer algumas reflexões:

VERSOS ÍNTIMOS

Vês! Ninguém assistiu ao formidável


Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!


O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!


O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,


Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

(Anjos, Augusto dos, 2011, pág.: 99)

Em algumas partes deste texto, nota-se como Augusto era um homem triste. O
pessimismo é nítido em seus versos. Quando o autor fala que “Acostuma-te à lama que te
espera!”, mostra que os seus sonhos morreram e que o conformismo está presente. Uma das
marcas deste poeta, a solidão, também pode ser visto nos versos: “Vês! Ninguém assistiu ao
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formidável / Enterro de tua última quimera”. Outro texto seu, “Solitário”, expressa bem como o
poeta pensava sobre este assunto.

O autor compara a solidão com coisas fúnebres. Para ele, a solidão dói como o cortar das
facas incisivas. O interessante é que Augusto sempre compara a solidão com a morte, túmulos,
caixão e o bater dos ossos. Não é à toa que ele era chamado na época como “Doutor Tristeza”.

Segundo Lúcia Helena, materializa-se a gradativa transformação do caos originário em


cosmo, marcada pelo despertar de um povo subterrâneo cujo ímpeto inaugura a estranha
fenomenologia das forças que se articulam sob uma nova disciplina captada pela intuição do
poeta. De acordo com a autora: “o poema “Os Doentes” serve como uma espécie de emblema,
nele a doença é a força atroz que destrói a natureza e a paisagem por meio de efeitos estéticos
impressionantes, entre os quais a visão da cidade como uma cascavel peçonhenta de morféticos
convertendo a civilização numa imensa chaga:” (Prado, Antonio Armoni, 2011, pág.: XXVII).

OS DOENTES
I
Como uma cascavel que se enroscava,
A cidade dos lázaros dormia...
Somente, na metrópole vazia,
Minha cabeça autônoma pensava!

Mordia-me a obsessão má de que havia,


Sob os meus pés, na terra onde eu pisava,
Um fígado doente que sangrava
E uma garganta órfã que gemia!
III
Anelava ficar um dia, em suma,
Menor que o anfióxus e inferior à tênia,
Reduzido à plastídula homogênea
Sem diferenciação de espécie alguma.
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(Anjos, Augusto dos, ANO, pág.: 38)

A revolta dos organismos elementares e das coisas brutas contra os patamares evolutivos
inferiores a que foram relegados contrasta polarmente com a ânsia búdica de reversão ao não ser
tantas vezes reafirmada pelo poeta ao longo do seu único livro, como por exemplo, nesta estrofe
de “Os Doentes”, a palavra-chave na citação acima, é diferenciação. O desejo de volta ao
inorgânico desponta igualmente nesse poema súmula que são “Os Doentes”.

Em sua crítica a poesia de Augusto, João Paulo Paes faz o seguinte comentário: “Em cujo
evolucionismo Augusto dos Anjos colheu parte das suas luzes, para definir a noção fundamental
de progresso, que mais tarde, após conhecer as teorias de Darwin, ele tornaria sinônima da de
evolução”. (Paes, José Paulo, 2003, pág.: 25).

O interesse de Augusto dos Anjos por vários assuntos era vasto. Ele interessava-se por
religião, matemática, mitologia, química, geografia, física, filosofia e ciências naturais. Estes
tipos de conhecimentos fizeram com que o poeta tivesse uma visão de mundo de modo peculiar e
cheia de influências dos acontecimentos da época. Augusto foi muito influenciado pelas
descobertas científicas desse período. Ele sofreu influência de Darwin com a Teoria da Evolução,
também foi influenciado por Schopenhauer e Nietzsche, outro importante autor foi o filósofo
alemão Ernst Haeckel, que escreveu a História da Criação e a Lei da Biogenética, a teoria do
biólogo e o monismo de Haeckel influenciaram dos Anjos.

A morte para Augusto dos Anjos era um de seus temas preferidos, talvez por ela ter
sempre lhe acompanhado. Quando seu pai morreu, ele fez três sonetos falando de como seria a
decomposição do corpo de seu pai, imaginando a festa que os microorganismos fariam com o
corpo apodrecido. O autor fala da mão que beijara de seu falecido pai, como estaria depois de
enterrado.

Augusto parece ser fascinado por este mundo fúnebre, procura em seus textos escrever em
detalhes sobre o desmoronamento da matéria humana. Os seus versos são ricos de informações
sobre a vida de microorganismos que se aproveitam do necrófago corpo humano.

A morte mais uma vez atingia a família de Augusto. O que seria seu primeiro filho
morreria aos sete meses incompletos no ventre de sua mãe. Novamente o poeta escreve sobre a
morte de alguém, neste caso escrevera o “Soneto”, que fala sobre seu filho morto.
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No “soneto” o poeta de certa forma lamenta a morte de seu filho. Para explicar esses
acontecimentos, o autor se apodera de termos científicos. Novamente fala sobre a decomposição
do corpo. Mostra uma preocupação com o filho com aonde irá passar a infância, filho este que
chama de NÃO SER!

A vida parece não ter sentido para Augusto dos Anjos, a morte e os microorganismos
corroendo seu corpo são as únicas certezas. O poeta utilizou dos termos científicos em grande
parte de sua obra.

Sem sombras de dúvidas, Augusto era um poeta exótico, não só utilizava o cientificismo
como de outros recursos.

Em seu comentário, João Paulo Paes fala que o verme é, de resto, protagonista constante
daquela: “mecânica nefasta a que todas as coisas se reduzem” referida no “Monólogo de uma
Sombra” e que Eu celebra praticamente em cada um de seus poemas. É o “operário das ruínas”
do soneto “Psicologia de um Vencido” a quem compete levar por diante a química feroz do
cemitério” figurada na Noite de um vencido”. (Paes, José Paulo, 2003, pág.: 23).

A obsessão cromática era um dos que ele mais utilizava, aparecia muito como escuridão,
luto, entre outros, que era referente à cor preta. Outra cor que aparecia era o vermelho, na maioria
das vezes como sangue.

Gostava de usar em seus versos palavras polissílabas. Para escrever palavras longas
utilizava de prefixos e sufixos. Dos Anjos chegou a escrever com apenas duas palavras um verso
decassílabo: “profundissimamente hipocondríaco”.

A musicalidade utilizada por Augusto dos Anjos em sua obra “Eu” foi herdada das
influências do período do simbolismo.

Na introdução de seu livro sobre Augusto dos Anjos, Antonio Armoni Prado fala que no
poema “Cismas do destino” aparece uma definição do poeta como sinônimo da fatal esterilidade:
“Poeta, feto malsão, criado com os sucos / De um leite mau, carnívoro asqueroso, / Gerado no
ativismo monstruoso / Da alma desordenada dos malucos; / Vítimas das criaturas inferiores /
governada por átomos mesquinhos / Teu pé mata a liberdade dos caminhos/ E esteriliza os ventos
geradores!” (Prado, Antonio Armoni, 2011, pág.: XXVII).
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Dos Anjos utilizava muito mais recursos para escrever. Um deles é o uso de superlativos
absolutos sintéticos como o sufixo ìssimo(a). Usava muito substantivos que em sua maioria eram
acompanhados por adjetivos com o sentido de repugnância, formando assim a adjetivação
constante. O poeta ficava pasmo com tudo, utilizando com frequência em seus versos à
exclamação e também a reticência, que formaria o estilo interjetivo.

O estilo de Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos é inconfundível, é hiperbólico e


verborrágico. Sem saber foi quem deu boas vindas à modernidade. Augusto escreveu cerca de
4.300 versos, destes, faixa de 4.000 são decassílabos.

Em um ensaio poético sobre Augusto, Lucia Helena diz que Eu é um mergulho espiritual
nas origens e na evolução do universo, e que a poética de Augusto dos Anjos é “uma das poucas
vozes a nos propor uma visão sistematizada do processo criador do poeta” (Prado, Antonio
Armoni, 2011, Pág.: xxx).

Uma das primeiras referências da obra “Eu”, é uma espécie de epifania cosmogônica que
nos remete ao cosmopolitismo das moneras e aos limites de outro tempo. Possuidor do cósmico
segredo e paira acima da humanidade como um trágico demiurgo que manipula os movimentos
de todas as substâncias.

CONCLUSÃO

Baseado no que foi estudado, concluímos que Augusto DOS ANJOS era de uma
seriedade, se tornava notório por sua aparência física, vimos anteriormente como Órris Soares o
descreve. A aparência e maneiras do poeta corroboravam com o estranhamento.

A poesia de Augusto dos Anjos retrata a individualidade e psiquismo altamente


diferenciado, que faz ecoar a dor cósmica do que ficou evolutivamente para trás, desde o choro
da energia abandonada, até a multissecular desesperança do minério condenado a uma estática
mesquinha e uma consciência eternamente obscura, em torno da qual se aglutinam os motivos
não menos consabidos do nojo, da doença, da podridão e do horror.

Vimos em sua obra como o pessimismo é sentimento presente na poesia, em “Versos


Íntimos” é nítido a presença do conformismo com momentos fúnebres. A “morte” é tema principal na sua
poesia, podemos até dizer que pelo o fato dela (a morte) ter sempre o acompanhado. Ele escreveu um
soneto sobre a morte de seu filho.

Concluímos Portanto, a forma de expressão dos poemas é um misto de modernidade e


tradicionalismo. Seus textos tem forte apelo oral, sua poesia assume com frequência uma dicção
formular, comum à fase feita e ao provérbio, favorecendo a memorização. Parte de sua poesia
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transfigura de maneira alucinatória, a difícil transição histórica e cultural da sociedade brasileira


no início do século XX. Outra característica forte em sua obra é um dualismo dilacerante, o poeta
parece constantemente vitimado por forças polares. Os termos científicos que explodem no seu
lirismo, uma das principais chaves do estranhamento produzido em sua poesia. Concluímos
também que para Augusto dos Anjos parece que a certeza da morte e do verme anula o sentido da
vida, a obsessão pela temática da morte, e o que mais parece impressioná-lo nesse fenômeno são
os aspectos materiais.

REFERÊNCIA

 Eu e outras poesias / Augusto dos Anjos; introdução Antonio Arnoni Prado; organização e
fixação de texto Haquira Osakabe. – 3ª. Edição. – São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.
– (Coleção Poetas do Brasil)
 (http://www.vidaslusofonas.pt/augusto_dos_anjos.htm. data: 22/09/2012 horário: 12h34h)
 Projeto Cultural 2000 – Manual Global do Estudante – São Paulo: Difusão Cultural do
Livro, 1999.

 Curso de literatura de língua portuguesa: Volume único: ensino médio / Ulisses Infante. –
São Paulo: Scipione, 2001.

 Sistema esquematizado de estudo. – São Paulo: Rideel, 2012.

 Enciclopédia de literatura brasileira / Oficina literária Afrânio Coutinho; direção de


Afrânio Coutinho e J. Galante de Sousa. – Brasília: FAE, 1995.

 Melhores poemas Augusto dos Anjos/Seleção de José Paulo Paes. - 4ª edição. – São
Paulo: Global, 2003. – (Melhores poemas 19;).

 Eu e outras poesias / Augusto dos Anjos – 4ª edição. – São Paulo: Martin Claret, 2012.
( Coleção a obra prima de cada autor; 82).

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