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(Capa)
Reconceituação do Serviço Social
Formulações diagnósticas
Myrtes de Aguiar Macêdo
Cortez Editora
(Orelha)
Reconceituação do Serviço Social
Decorridos vinte anos dos primeiros questionamentos da prática, embora reduzido a um
grupo mais afeito às práticas de desenvolvimento de comunidade e alimentados pela
ideologia desenvolvimentista, está sendo entregue aos assistentes sociais um meticuloso
trabalho de Myrtes de Aguiar Macêdo, como conseqüência do avanço do Serviço Social
na América Latina, apoiado no questionamento de um número cada vez maior de
profissionais e apoiado em outras perspectivas ideológicas.
É de ressaltar que, com base neste trabalho, interimos que a reflexão filosófica que se
fazia necessária na formação do assistente social já que se faz presente. É auspiciosa a
constatação, mormente quando sua prática vem sendo questionada, quando não mais se
admite uma ação alienada e alienante, quando os movimentos sociais, movidos por uma
ideologia de libertação, exigem da parte desse profissional uma definição de seu
compromisso com uma dada classe social.
O trabalho ora entregue ao público leitor tem o privilégio de refletir cuidadosamente a
questão do diagnóstico, sempre dentro de uma dada concepção de homem-mundo, como
suporte referenciador da construção da opinião, revelação e/ou interpre-
(Créditos)
Copyright © da autora
Capa: Chico Pereira
Arte-final: Jeronimo Oliveira
Produção editorial: Helen Diniz
Revisão: Marlene Crespo e Luzia Marcondes
Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou duplicada sem a autorização
expressa da autora e do editor
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AGRADECIMENTOS
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PREFÁCIO
Depois da publicação do livro de Myrtes, nenhum assistente social poderá mais dizer que
o diagnóstico seja uma "opinião profissional" sobre uma situação.
Essa visão funcionalista do diagnóstico é bem explicitada por Gordon Hamilton: "a
significação dada pelo assistente social aos incidentes, ao histórico e ao comportamento,
à medida que se manifestam, é chamada de "diagnóstico"... ( 1- nota de rodapé)
Assim o diagnóstico entrou na prática profissional para justificar a visão valorativa e
empírica das situações enfrentadas. O "bom cliente" era aquele que no "plano" religioso
era praticante (de preferência católico), no "plano" econômico estava empregado e
economizava salário, no "plano" familiar estava casado, no "plano" social se mantinha nos
bons costumes e na aceitação da ordem Vigente. Ah! lamentam alguns, já não existem
mais "bons" clientes como antigamente...
Esse não seria o diagnóstico de uma situação em que o cliente questiona,
reivindica, se organiza. Não era a esses clientes que Mary Richmond iria levar suas
reformas. Aliás foi tentando sistematizar seu diagnóstico que Mary Richmond deu o
primeiro passo para sistematizar o Serviço Social.
E ela mesma dizia que o diagnóstico se define pela "busca da definição mais exata
possível da situação e da personalidade do ser humano numa necessidade social,
relacionando essa situação e da personalidade com outros seres humanos que do
primeiro dependem ou dos quais ele depende, de certa forma, e também em relação com
as instituições sociais e a comunidade" (2- nota de rodapé).
Essas relações entre os seres humanos, as instituições e a comunidade eram
"objeto" de um diagnóstico. Objeto construído, evidentemente, por toda uma ideologia e
uma teoria dessas relações, ou melhor dessas "boas" relações.
Notas de rodapé:
1 - Hamilton, Gordon - Teoria e Prática do Serviço Social de Casos Rio, Agir, 1958, p. 265.
2 - Richmond, Mary - Social Diagnosis, New York, Russel Sage Fendation, 1917, p. 325
(tradução livre).
Myrtes mostra que, o objeto do diagnóstico é construído e articulado por uma teoria.
Nesse sentido, a visão de Richmond e Hamilton é uma das concepções possíveis, e por
isto mesmo foram questionadas, reconceptualizadas, reconceituadas em todo um
processo de lutas e críticas na América Latina. Myrtes mostra essas concepções e
conceitos de diagnóstico na América Latina.
Essa mudança não é uma questão de conflito generacional, nem de uma influência
das ciências sociais sobre o Serviço Social. É uma luta ideológica. O diagnóstico não é
neutro, assinala Myrtes. É pois, uma estratégia de análise política, para permitir uma
colocação distinta das situações particulares com as quais enfrenta o assistente social,
numa perspectiva geral de análise-crítica. Diagnóstico supõe análise-síntese-crítica.
Essas diferentes correntes teóricas refletem as lutas sociais na América Latina,
relacionando-se à prática teórica e à prática política. Se, num momento determinado,
algumas versões do movimento de reconceituação separaram essas duas práticas, por
uma influência althusseriana, essa separação foi equivocada. A prática teórica é uma
prática política, pois a dialética não é uma interpretação a mais dos fatos, mas sua
transformação.
O livro situa o diagnóstico na visão funcionalista, fenomenológica e dialética. Essas
concepções não são justapostas, de mesmo nível explicativo e de linhas políticas
equivalentes. Elas arrancam de diferentes compromissos sociais, respectivamente a
manutenção, a reforma e a transformação do sistema de exploração e dominação. O
processo explicativo dialético visa a contradição e a totalidade em processo, enquanto
que as duas outras concepções se limitam a visões fatalistas e parcializadoras.
A prática do diagnóstico se coloca numa estratégia política de trabalho social. Por
isto é diferente fazer o diagnóstico do povo que fazê-lo com o povo: E nesse sentido, a
analogia, a compreensão, a construção de modelos, são instrumentos que podem situar-
se diferentemente nas estratégias de análise crítica e transformação.
Aliás, Myrtes tem o mérito de colocar a necessidade de sistematizar essas
estratégias de análise para a prática do Serviço Social, nas relações de poder
institucional. Para reagir ao "diagnóstico" do chefe que manda é preciso SABER colocar a
problemática em termos das forças em presença.
O livro abre perspectivas sobre diagnóstico social a partir de um estudo
aprofundado de autores latino-americanos, resta a construir os instrumentos operacionais
para o mesmo na relação com a prática. A contribuição do livro é básica para quem
deseja um passo adiante na intervenção profissional.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO - 13
1 - PERSPECTIVA TEÓRICA - 19
1.1. Reconceptualização do Serviço Social na América Latina - 24
1.2. Diagnóstico - Enfoque teórico - 31
2 - QUADRO REFERENCIAL DE ANALISE - 38
2.1. Introdução - 38
2Categorias gerais – 39
2.2.1. Psicologismo filosófico - 39
2.2.2. Positivismo - 40
2.2.3. Materialismo dialético - 43
2.2.4. Fenomenologia existencial - 47
2.3. Tipos de diagnóstico - 51
2.3.1. Procedimento por analogia - 51
2Procedimento por compreensão -53
2.3.3. Procedimento por meio de modelos - 55
3 -. ANALISE DAS PROPOSIÇÕES DE DIAGNÓSTICO – 59
3.1. Considerações gerais – 59
3.2. A "analogia" como opção diagnóstica – 60
3.3. A "compreensão" como opção diagnóstica - 71
2O modelo como opção diagnóstica 82