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Fichas de trabalho Domínio Educação Literária

Rimas de Camões
Lê com atenção o soneto camoniano que se segue.

Males, que contra mim vos conjurastes1,


quanto há de durar tão duro intento?
Se dura porque dura meu tormento,
baste-vos quanto já me atormentastes.

5 Mas se assi perfiais porque cuidastes


derrubar meu tão alto pensamento,
mais pode a causa dele, em que o sustento,
que vós, que dela mesma o ser tomastes.

E, pois vossa tenção, com minha morte,


10 há de acabar o mal destes amores,
dai já fim a um tormento tão comprido,

porque d’ambos contente seja a sorte:


vós, porque me acabastes, vencedores;
e eu, porque acabei de vós vencido.

CAMÕES, Luís de, 1994. Rimas (texto estabelecido, revisto e prefaciado


por Álvaro J. da Costa Pimpão). Coimbra: Almedina (p. 158) (1.ª ed.: 1595)

1. conjurar: conspirar.

Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas ao questionário.

1. Explica, baseando-te nas duas quadras do soneto, dois dos aspetos com que o sujeito
poético procura caracterizar a sua vida.

O sujeito poético caracteriza negativamente a sua vida, destacando a intervenção dos “Males” (v.
1), que fazem dela um “tormento” (v. 3). Por outro lado, destaca o seu “tão alto pensamento” (v.
6) associado ao “ser” (v. 8) feminino que se tornou, igualmente, fonte de sofrimento.

2. Explicita o valor expressivo da apóstrofe com que se inicia o poema.

A apóstrofe aos “Males” que, segundo o sujeito poético, se uniram para determinar a sua
infelicidade torna mais expressivo o seu sofrimento, através do apelo direto à entidade que o
determina.

3. Comenta o sentido que a conclusão do texto produz (vv. 9-14).

Nos tercetos, o “eu” rende-se à força da desgraça, apelando aos “Males” para que terminem o
seu “mal destes amores” (v. 10) e o seu “tormento tão comprido” (v. 11), já que, desse modo, ele
se libertaria do seu sofrimento e aqueles conseguiriam os seus intentos.

OEXP10 © Porto Editora

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