Você está na página 1de 23

Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3

Cadernos PDE

I
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ – SEED
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ – UNESPAR
CAMPUS DE CAMPO MOURÃO – PARANÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA:
O USO DE MAPAS COMO RECURSO METODOLÓGICO NO ENSINO
DE GEOGRAFIA1

CABRAL, Ivanil Alves2


BORSATO, Victor da Assunção3

RESUMO

Este artigo relata o processo de aplicação das atividades de implementação do


projeto de intervenção aplicado em uma turma (classe) do sexto ano do Ensino
Fundamental do Colégio Estadual 11 de Abril – Ensino Fundamental e Médio – EJA,
do município de Tapejara, Estado do Paraná. A aplicação do projeto é mais uma
etapa para se cumprir a proposta do Programa de Desenvolvimento Educacional –
PDE. O tema foi a Alfabetização Cartográfica, considerando que os alunos nessa
faixa etária apresentam dificuldades que envolvem atividades cartográficas.
Planejaram-se atividades diversificadas que envolveram leituras de mapas e escalas
e em diversas grandezas. Atividades necessárias para que o aluno compreenda o
espaço geográfico, principalmente, a localidade em que reside. O Objetivo foi
demonstrar práticas pedagógicas eficazes no ensino de Cartografia da disciplina de
Geografia. As atividades mostraram que tais práticas pedagógicas cooperaram para
uma aprendizagem efetiva de modo atraente e prazeroso.

PALAVRAS-CHAVE: Geografia. Alfabetização Cartográfica. Prática Pedagógica.

1 Artigo apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – Universidade Estadual


do Paraná – UNESPAR – Campus de Campo Mourão/PR, 2015.
2 Professor integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE –, licenciado em
Geografia pela Universidade Paranaense – UNIPAR –, educador do Ensino Fundamental da rede
Pública do estado do Paraná, lotado no Colégio Estadual 11 de abril – Ensino Fundamental e Médio
EJA. E-mail: ivaniltap@hotmail.com
3 Professor Orientador, Doutor Associado do Departamento de Geografia da FECILCAM de Campo
Mourão/PR. E-mail: victorb@fecilcam.br
ABSTRACT

This article reports the application process of the activities that were carried out in the
State College April 11 - primary and secondary education – EJA, municipality of
Tapejara, Parana State, class of the sixth grade of elementary school, first half of
2015; and the results of this pedagogical implementation done for Educational
Development Program – PDE. The theme was Cartographic Literacy, because of
map reading and scales are needed for the student to understand the geographical
space of the planet and, especially, the location in which you reside. The objective
was to demonstrate effective teaching practices in teaching Cartography of
Geography discipline. In addition, the activities showed that such pedagogical
practices cooperated so that students have an effective learning attractive and
pleasant way.

KEYWORDS: geography; Cartographic literacy; Teaching Practice.

INTRODUÇÃO

O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) ofertado pela Secretaria


de Educação do Estado do Paraná (SEED), criado para que os docentes da rede
pública estadual pudessem ampliar suas possibilidades de progressão na carreira e
principalmente, aquisição de conhecimentos, melhorando suas práticas pedagógicas
e, consequentemente, a qualidade da educação pública estadual.
O projeto “Alfabetização Cartográfica: o uso de mapas como recurso
metodológico” foi ministrado aos alunos do sexto ano do Colégio Estadual 11 de Abril
– Ensino Fundamental e Médio EJA –, no ano de 2015. O projeto foi desenvolvido
sob a orientação do professor doutor Victor de Assunção Borsato – UNESPAR.
Os resultados apresentados neste artigo foram obtidos a partir da análise dos
resultados da aplicação das atividades práticas e do material didático-pedagógico,
sendo os mapas como recursos metodológicos para o ensino de Geografia.
A pesquisa foi estruturada na pesquisa-ação, com abordagem qualitativa,
sendo desenvolvidas dez atividades fundamentadas no espaço de vivência e, em
seguida, no espaço global. Num primeiro momento, foi aplicado um teste diagnóstico
para verificar os conhecimentos prévios a respeito do tema, averiguando juntamente
com a equipe pedagógica as dificuldades diagnosticadas.
A proposta foi desenvolver a compreensão da linguagem cartográfica,
expressa pela simbologia cartográfica e ou convenções cartográficas, que
materializam o máximo de informações do espaço geográfico em um mapa. Eles
podem ser elaborados, analisados ou interpretados a partir dos conhecimentos
cartográficos, por meio dos mapas se consegue compreender a espacialização dos
mais diversos elementos geográficos.
A finalidade fundamental da proposta foi produzir materiais didático-
pedagógicos básicos que auxiliassem no processo de ensino-aprendizagem,
principalmente nas aulas de Geografia. Os materiais cartográficos elaborados
tiveram como objetivo melhorar a prática pedagógica e, consequentemente, a
compreensão da linguagem cartográfica.
A produção e a aplicação dos materiais cartográficos possibilitaram que os
alunos construírem conceitos e fizessem leitura do espaço geográfico, partindo da
realidade concreta que é seu espaço de vivência. As atividades foram organizadas
dentro do ambiente escolar, tendo como público-alvo alunos e demais interessados
da comunidade escolar, com duração de trinta e duas (32) horas.
As avaliações dos conteúdos, ocorreram de forma contínua, ao longo de sua
implementação, na medida em que as atividades foram desenvolvidas; elas
contemplaram o desenvolvimento de habilidade de leitura, escrita, produção
interpretativa e análise da expressão oral, pois os alunos responderam aos
questionamentos e confeccionaram materiais, como: maquetes, desenhos, jogos
quebra-cabeças geográficos e leram fotografias e mapas.
No segundo momento, foram desenvolvidas atividades teórico-prática e, para
concluir esta ação, foi retomado o diagnóstico, verificando avanços na aprendizagem
dos alunos.
O entendimento da linguagem cartográfica é possível a partir de ações
pedagógicas que priorizam o processo de alfabetização espacial e de seu alfabeto
cartográfico (título, legenda, escalas, orientação e fonte). O aluno é considerado
alfabetizado cartograficamente quando for capaz de ler e interpretar mapas, ou seja,
quando ele conseguir avançar além da mera localização de fenômenos geográficos
ou lugares em um mapa.

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O trabalho com mapas deve ser iniciado logo nos primeiros anos de
escolaridade, devendo ser considerado como instrumento pedagógico que possibilita
a ampliação gradativa da percepção espacial e a superação dessas dificuldades.
Segundo Almeida e Passini (2001), o estudo deve partir da realidade mais próxima
para a mais distante.
A Geografia escolar recorre a diferentes linguagens didáticas com o intuito de
sistematizar as informações e expressar as interpretações a respeito do espaço
geográfico. Dentre essas, apóia-se na linguagem cartográfica que possibilita a
localização, orientação e a representação espacial como referência para leitura das
paisagens geográficas. Dessa forma, no ensino de Geografia, prioriza-se,
“[...] a construção dos conceitos pela ação da criança, tomando como referência as
suas observações do lugar de vivência para que se possa formalizar conceitos
geográficos por meio da linguagem cartográfica” (CASTELLAR, 2000, p. 31).
Na Era da Informação, século XXI, a mesma importância social na
alfabetização de letras e números deve ser remetida à alfabetização cartográfica. O
domínio da lateralidade é fundamental na Geografia e na Cartografia, pois é a partir
do corpo humano que se inicia a alfabetização cartográfica. Assim, os professores,
enquanto mediadores devem ser capazes de planejar e organizar as aulas,
envolvendo situações-problemas de acordo com as etapas de desenvolvimento dos
alunos; diagnosticando conhecimentos prévios, auxiliando o aluno a construir
conceitos trabalhados na disciplina de Geografia. É assim que os alunos conseguem
transformar o espaço geográfico e entenderem seus deveres e direitos de cidadãos
(SIMIELLI, 1994).
A proposta de implementação foi a de alfabetizar em linguagem cartográfica,
para facilitar e intermediar a compreensão e a leitura do espaço geográfico, por meio
de atividades práticas, pois a linguagem expressa por símbolos fornece informações
do espaço geográfico. Partindo dos conhecimentos cartográficos é possível
compreender a espacialização dos mais diversos elementos geográficos. Assim, as
unidades didáticas oferecem subsídios para melhorar o desempenho dos alunos e,
consequentemente, sua vivência em sociedade. Podemos retomar Kaercher (2000),
quando diz que vê o espaço geográfico como produto das relações sociais
estabelecidas por interesses humanos dos usos e costumes que ocorrem em tal
espaço e das diferentes geografias que se constroem e se reconstroem
cotidianamente. Já que as geografias se entrelaçam e tudo vai sendo feito de
diferentes maneiras. Há necessidade de compreender essa rede de relações e suas
implicações para o espaço geográfico. No campo da Geografia, a Cartografia é um
dos conteúdos a ser apreendido na escola. Para Passinati e Archella (2007), o
ensino de Geografia e o de Cartografia são indissociáveis e complementares: a
primeira é conteúdo e a outra é forma. Não há possibilidades de se estudar o espaço
geográfico sem representá-lo, assim como não podemos representar um espaço
vazio de informação.
O problema que gerou a proposta de intervenção pedagógica foi o
questionamento sobre como a alfabetização/letramento cartográfica faria diferença
na vida do aluno. Assim, a aplicação da produção didático-pedagógica teve como
objetivo minimizar o problema de analfabetismo cartográfico, por meio de atividades
que os alfabetizassem, pois, para Passini (1994), a escola é o ambiente adequado
para a aprendizagem de como a sociedade se organiza por meio das
representações formais espaciais.
Segundo Almeida e Passini (2001), o professor que adotar metodologia
apropriada ao ensino de leitura cartográfica, estará evitando postura passiva e
mecânica, pois, a Geografia contemporânea está voltada para o conhecimento
participativo e crítico, com o desenvolvimento de atividades práticas que permitem
apreender noções de limites, orientação, localização, lateralidade, representação,
noção espaço-temporal, que ampliam o raciocínio lógico, ajudando os alunos a
entenderem as informações neles contidas.
As Diretrizes Curriculares de Geografia do Paraná (2008) propõem que os
mapas e seus conteúdos sejam lidos pelos estudantes como se fossem textos,
passíveis de interpretação, problematização e análise crítica, jamais como meros
instrumentos de localização de eventos e/ou de acidentes geográficos.
Neste nível do Ensino Fundamental, espera-se que os alunos façam relação
de cartas simples, leiam uma carta regional, levantem hipóteses sobre a origem de
uma paisagem e analisem uma carta temática com vários fenômenos.
Posteriormente, serão desenvolvidas noções de escala e legenda, de acordo com os
cálculos matemáticos e as convenções cartográficas oficiais. Os referenciais teóricos
servem para reflexão sobre estratégias de ensino no uso da linguagem cartográfica,
tendo os mapas como instrumento metodológico no processo ensino-aprendizagem
de Geografia. Para Lacoste (1988) uma carta ou mapa, para quem não sabe ler e
utilizar este conhecimento, é o mesmo que um texto para um analfabeto. Assim,
não se deve esperar que qualquer pessoa ao ver-se pela primeira vez diante de um
mapa projetivo, com toda sua complexidade semiótica de sua linguagem, consiga
apreender as informações nele contidas (PASSINI, 1994).
Ao se apropriarem da linguagem cartográfica, os alunos estarão aptos a
reconhecer representações específicas. Assim, os professores de Geografia formam
alunos capazes de ler seu espaço; analisar o sistema e as estruturas que produzem
aquela organização; enquanto leitor eficiente de mapas, os alunos serão capazes de
realizar estudos e pesquisas; e, ainda, tornam-se reorganizadores e reconstrutores
do espaço geográfico (PASSINI, 1994).

2. IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA

Primeiramente, os alunos foram comunicados que estariam participando de


um projeto pedagógico em Cartografia, cujo foco seria a leitura e interpretação de
mapas. Em seguida foram retomados alguns conceitos (lateralidade, orientação,
localização, legenda, escalas etc.) para que os alunos, gradativamente,
relembrassem dos conhecimentos cartográficos e refletissem sobre a necessidade
de se ler e entender o espaço geográfico. Portanto, a aplicação e/ou implementação
do projeto iniciou-se com a manipulação de vários materiais cartográficos pelos
alunos, tais como: atlas geográfico, mapas diversos, plantas cartográficas do Colégio
e do município e também jogos cartográficos, coordenadas geográficas e Brasil
regiões, disponíveis no portal dia a dia.
<http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/links/links.php?categoria=23>

2. 1 MAPEAMENTO DA SALA DE AULA (DIAGNÓSTICO)

Para iniciar essa atividade, os alunos foram convidados a realizar um passeio


no entorno da escola, utilizando uma planta cartográfica da quadra a fim de explorar
os conceitos mais relevantes com relação à cartografia.
Na sala de aula, distribui-se uma folha sulfite para que cada aluno
desenhasse (representasse) a sala de aula. Os desenhos deveriam representar
aquela realidade cotidiana de vivência dos alunos por meio de mapas (Figura 1).
Após a representação, os alunos foram orientados a escrever os aspectos positivos
e negativos dessa atividade.
Os mapas produzidos foram recolhidos e analisados. Os resultados
evidenciaram que havia dificuldades quanto à leitura, localização e orientação no
espaço geográfico. Cerca de 80% dos alunos conseguiram completar com sucesso a
atividade.
Alguns apresentaram pouca dificuldade e outros muitas, ao ponto de
conseguiram realizar o desenho somente com ajuda do professor. Os alunos
possuem pouco conhecimento cartográfico e ainda estão acostumados e presos ao
modelo tradicional apresentado nos livros didáticos, como se eles fosse a única fonte
de ensino. Assim, analisando os desenhos, percebeu-se que o mapa não passa de
uma figura com leitura superficial e sem muito significados. Tanto que a maioria dos
alunos relatou que o mapa “serve para mostrar cidades e países”, confundindo os
referenciais espaciais do município, estado, região, país.
Figura 1: Desenho da sala de aula.
Fonte: acervo do autor.

2. 2 NOÇÕES ESPACIAIS

Para essa atividade , os alunos foram informados sobre as várias maneiras de


se representar o espaço geográfico e também, que os mapas são utilizados desde
os tempos remotos, na Grécia Antiga, no Império Romano e em outras civilizações
eram feitos de madeira, esculpidos ou pintados sobre a pele de animais, cuja função
incluía conhecer as áreas dominadas e as possibilidades de ampliação das
fronteiras para demarcação de território.
Após as explanações iniciais, os alunos assistiram a projeção de um vídeo
sobre a história da cartografia “noções de cartografia”, disponível no site do Governo
do Paraná “dia a dia da educação
<http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?vide o=10273> e
leitura do texto “o espaço geográfico (ADAS, 2011 p. 15).
Em seguida foram distribuídos materiais para que os alunos realizassem as três
atividades: planta cartográfica do colégio, planta da quadra do Colégio, planta
cartográfica do município de Tapejara (Figura 2).
Figura 2: Fotografia da segunda atividade – aluna participante do projeto está em atividade de
localização da quadra do Colégio na planta do município de Tapejara/PR, afixada ao quadro negro.
Fonte: acervo do autor.

Durante a realização dessa atividade, percebeu-se que os alunos apresentam


dificuldade em relação ao domínio da escrita e da leitura de textos simples –
habilidade extremamente necessária e requisito mínimo à proposta de alfabetização
cartográfica. Para essa atividade, mesmo com uma matriz da planta cartográfica do
município de Tapejara, percebeu-se algumas dificuldades em relação aos lados do
desenho. Por isso, foram retomadas as noções de direção com a rosa dos ventos,
no sentido de direcionar o traçado dessa planta e sua legenda, e mesmo assim,
alguns apresentaram pouca habilidade.
Os desenhos (plantas) foram analisadas e verificou-se que 10%,
aproximadamente apresentam dificuldades na interpretação e na leitura da
simbologia cartográfica de uma planta cartográfica.

2. 3 LEITURA CARTOGRÁFICA (ESCALAS)

Como introdução à leitura cartográfica, explicaram-se os conceitos de


cartografia e a necessidade desse conhecimento para leitura de mapas com escalas
numéricas e gráficas. Foram apresentados e distribuídos diversos tipos e tamanhos
de mapas com diferentes escalas, como: atlas geográfico e cópias do mapa do
Brasil, para que fossem feitas comparações entre as áreas representadas e a
quantidades de vezes que estavam reduzidas.

Figura 3: Fotografia do material apresentado aos alunos.


Fonte: acervo do autor.

Em seguida, foi solicitado que realizassem atividades com diferentes escalas,


utilizando-se réguas e tabela de medidas métricas – transformação de centímetros
(cm) para quilômetros (Km) e respondendo os exercícios propostos.
Nessa atividade, os alunos também demonstraram dificuldades, tanto na
leitura como nos cálculos de distância real a partir da interpretação das escalas dos
mapas. Alguns alegaram “não serem bons em cálculo e/ou Matemática”, o que
dificultou seus desempenhos.
Para ampliar a compreensão, utilizou-se um fio de barbante e o mapa do
Brasil. Os alunos mediram a distância entre duas cidades com o fio de barbante,
moldado sobre o trajeto da rodovia e também em linha reta com a régua. Para
concluir a atividade, mediram o comprimento do barbante e calcularam as distâncias
entre as duas cidades em linha reta e pela rodovia. Dessa forma, eles puderam
compreender a importância da escala para leitura do mapa.
Para a fixação foram propostos exercícios para cálculos de diferentes escalas.
Os exercícios foram recolhidos e analisados e novamente, a grande maioria
concluíram os cálculos.

2. 4 MAPAS MENTAIS

Nessa modalidade de representação do espaço geográfico, os alunos tiveram


contato com atlas geográfico, livro didático, planta cartográfica do Município e mapa
do Estado do Paraná.
A atividade foi realizada em dois momentos: no primeiro, foram lidos os textos
sobre conceitos e características do mapa mental (Os pontos de referência e os
mapas mentais), (ADAS, 2011 p. 26). Também foram proposto manuseios de
imagens do próprio livro didático do 6º ano ( ADAS, 2011 p. 26-31) pela necessidade
de adequar a explicação de acordo com que os alunos possam compreender os
tipos deles; na sequência, foi solicitado para que os alunos elaborassem um mapa
mental por meio de desenho, representando trajeto de sua residência até a escola,
com o máximo de elementos da paisagem que se observam no trajeto, traçando com
um lápis de cor e também, nome das ruas (Figura 4).
Alguns alunos, mesmo com as atividades anteriores apresentaram
dificuldades em representar o espaço de vivência por meio de desenho, aos poucos
e com auxílio do professor, conseguindo criar os pontos de referência de seus
mapas mentais e puderam comparar a localização do mapa mental com a planta
cartográfica do Município, nomeando as ruas do trajeto e, por fim, apresentando
oralmente seu trabalho a toda a classe.
Figura 4: Fotografia de dois exemplares dos mapas Mental elaborados pelos alunos, mostrando o
percurso de suas residências até a escola.
Fonte: acervo do autor.

Essa atividade foi socializada por meio da apresentação individual. Concluído


as apresentações, os alunos foram convidados a produzir um texto sobre os
elementos que compõem o espaço geográfico de seu bairro. Os mapas mentais,
juntamente com os textos, foram expostos no mural da sala. Observou-se que houve
um grande progresso nessa atividade, pois na fala deles; “é mais fácil representar o
local de nossa vivência”. A participação foi maciça.

2. 5 REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO (MAQUETE)

O espaço geográfico pode ser representado por meio de Maquete – tipo de


representação cartográfica real (planta). Para que a compreensão fosse ampliada,
projetou-se na TV pendrive a foto/modelo de uma maquete (Figura 5).
Primeiramente, e, para se ter noção de uma planta cartográfica, foi solicitado
que os alunos desenhasse em uma sulfite a planta da sala de aula, após, riscasse
noutro papel o desenho de um cômodo da sua casa, como se estivesse visualizando
a superfície de cima, em seguida foram orientados a construir uma maquete, a partir
da planta.

Figura 5: Fotografia de uma maquete em construção, representando um cômodo de uma casa.


Fonte: acervo do autor.

A maquete é um instrumento eficaz na compreensão do espaço geográfico,


uma vez que, por meio dela, é possível representar o espaço bi e tridimensional,
partindo da realidade. Dessa forma, os alunos usaram uma caixa de papelão,
traçaram, no seu interior, a planta do cômodo escolhido e colaram recortes de papéis
coloridos e pequenas caixas para representar os móveis. Nessa atividade houve
muita interação e todos puderam socializar suas opiniões. Dessa maneira, buscou-
se avaliar uma série de noções, tais como, habilidades, conceitos e empenho na
participação. A participação foi maciça e o aproveitamento também.
2. 6 FOTOGRAFIAS ANTIGAS E RECENTES DO MUNICÍPIO

Projetaram-se na TV pendrive várias imagens e fotografias (Figura 6) antigas


e recentes, todas do espaço geográfico do Município de Tapejara, Estado do Paraná.
Na sequência, produziram textos com observações e anotações das transformações
ocorridas no espaço-tempo. A atividade teve como objetivo mostrar aos alunos que o
espaço geográfico é constantemente produzido e reconstruído pelo homem, e para
que fossem feitas comparações das imagens e suas mudanças pela dinâmica das
atividades do homem no espaço. Também foram convidados a produziram textos
transcrevendo as histórias e relatos de moradores locais. Dos quais, algumas das
produções foram lidos à turma e afixados em exposição no mural do Colégio.
Todos participaram e demonstraram interesse nas histórias dos moradores.
Pela análise dos textos participação, verificou-se que o desempenho foi satisfatório.

Figura 6: Foto aérea do Município de Tapejara/PR. (1960).


Fonte: Volnei da Silva Lopes.
2. 7 ORIENTAÇÃO NO ESPAÇO GEOGRÁFICO

Essa atividade foi iniciada com apresentação das noções espaciais (direita e
esquerda; frente e atrás; em cima e embaixo). Verificaram-se os pré-conhecimentos,
por meio de uma dinâmica em que os alunos, em pé, próximos às suas carteiras,
localizavam indicaram com os braços e as mãos os objetos solicitados pelo
professor. Na sequência, solicitou-se que um aluno deitasse sobre um recorte de
papel craft enquanto os outros traçaram o seu corpo com lápis de cor. Na sequência,
os alunos foram convidados para uma brincadeira na quadra, levando o desenho do
corpo contornado.
Na quadra, foi solicitado para um aluno de cada vez, ficar em pé ao lado da
cabeça do desenho; pular no braço esquerdo; pular na perna esquerda; revezava-se
os alunos. Alguns erraram, num primeiro momento. Essa atividade foi praticada até
que todos participassem.
Na sala de aula, distribuiu-se cartolina e solicitou-se que os traçassem o
desenho da Rosa-dos-Ventos, (Figura 7) a fim de trabalharem com os Pontos
Cardeais e Colaterais. Atividade, cujo objetivo foi reforçar as noções de
espacialidades (leste) e esquerdo (oeste), dentro da dinâmica anterior.

Figura 7: Rosa-dos-Ventos (fotografia do momento de elaboração).


Fonte: acervo do autor.
Para a localização dos pontos cardeais e colaterais foi utilizado a rosa-dos-
ventos. Para essa atividade, eles demonstraram dificuldades, principalmente em
localizar esquerda e direita. A atividade foi repetida diversas vezes. Porém, no final
da dinâmica, não se observou mais dificuldades. Portanto, a atividade foi concluída
sem dificuldade, ou seja, a brincadeira anterior desenvolvida na quadra,
proporcionou mais descontração, o que favoreceu a compreensão das
espacialidades. Cabe aqui retomar, Passini (1994), descreve que a escola é um
ambiente adequado para aprendizagem do espaço.
A participação foi maciça e o aproveitamento excelente, acredita-se que 100%
da classe aprenderam a orientação básica.

2. 8 JOGO GEOGRÁFICO

Para essa atividade, distribuiu-se para cada aluno, um livro didático do sétimo
ano (ADAS, 2011), um atlas geográfico (SIMIELLI, 1991), uma cópia do mapa do
Brasil e um recorte de cartolina com dimensões de 30 x 20 cm. Primeiramente foi
solicitado que pintassem as regiões do Brasil e, posteriormente, colassem o mapa
no recorte de cartolina e recortaram o mapa segundo os limites de cada região. De
acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), elaborassem a
legenda do mapa por região, com as devidas siglas dos Estados.
Para iniciar o Jogo Geográfico, os alunos escreveram em tirinha os nomes
dos estados, das capitais e as respectivas siglas. Dobraram os papéis, colocando-os
no saco para realização de sorteio. Cada aluno recebeu uma região do Brasil e,
conforme foi sendo sorteado o nome do estado, capital e sigla, os alunos iam
marcando em seus mapas (como no bingo). O vencedor foi o aluno que concluiu
todos os Estados, as capitais e as siglas que estavam no mapa de sua região.
Foram poucos os alunos que apresentaram dificuldades. Essa atividade
contribuiu para que os alunos se familiarizem com os estados brasileiros e com
cartografia, por isso, o desempenho foi excelente.
Figura 8: Jogo Geográfico – Divisão Regional do Brasil (fotografia do recorte das regiões do Brasil).
Fonte: acervo do autor.

2. 9 QUEBRA-CABEÇA GEOGRÁFICO

Na confecção e montagem do quebra-cabeça geográfico, foram distribuídas


duas cópias do mapa do Brasil para cada aluno. Na primeira cópia, eles pintaram as
regiões do Brasil; e no segundo, pintaram os Estados, com orientação do professor.
Para a execução da tarefa, se valeram do atlas Geográfico.
Depois da sessão de pintura, eles foram colados em cartolinas e recortados
nos limites de cada Estado e Região e escrito as suas siglas. No caderno do aluno
foi escrito nome dos Estados e suas respectivas regiões, de maneira a criar uma
legenda.
Para a atividade, embaralharam-se os nomes dos Estados com o das
Regiões, solicitou-se que cada aluno montasse (encaixasse) os Estados em suas
respectivas Regiões, formando, assim, o território brasileiro (Figura 9).
Figura 9: Quebra-cabeça Geográfico – fotos da divisão regional do Brasil.
Fonte: acervo do autor.

O resultado da atividade foi satisfatório, pois a grande maioria dos alunos


desenvolveu corretamente e por meio da socialização, também se mostraram
participativos.

2. 10 REPRESENTAÇÃO DO PLANETA TERRA (PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA)

O mapa passa a ideia do lugar representado como se estivesse sendo visto


de cima (visão aérea: de um avião). A melhor posição para analisar um mapa é
colocá-lo sobre uma superfície plana ou no chão. Mas, o mapa é uma representação
reduzida de uma superfície curva, podendo, por isso, apresentar deformações.
Desta forma, a redução deve ser realizada, de modo que mantenha as proporções
em toda a sua dimensão. A redução proporcional é feita com o uso de Escala.
Portanto, os mapas nunca conseguem representam a superfície terrestre
exatamente. Para minimizar as deformações, o homem criou os arranjos
matemáticos “Projeções Cartográficas”.
Essa atividade fecha a proposta de implementação e consistiu na construção
de um Globo Terrestre. Além de mostrar a importância da representação e das
projeções. Essa atividade mostrou aos alunos que o espaço de vivência se amplia
até o limite do global e que, na medida em que os espaços se ampliam, os símbolos
e as convenções cartográficas tornam-se mais elaborados, por não ser possível
detalhar todo o espaço geográfico.
O globo terrestre é a forma mais fiel de representação do planeta Terra, pois,
sua forma esférica é parecida com a do Planeta.
Para realização dessa atividade foi apresentado e comentado sobre as
vantagens e as desvantagens do globo terrestre, reconhecendo nele os continentes,
os oceanos, os paralelos, meridianos e os pontos cardeais.
Durante a construção, eles estiveram contatos com vários materiais: atlas
geográfico, o livro didático e planisfério. Os materiais utilizados pelos alunos foram:
Bola de isopor, fita de dupla face, giz de cera, lápis de cor, tesoura, cola, uma cópia
do mapa mundi em gomos (fusos). Como fazer? Distribui-se o mapa mundi em
gomos (Figura 10), o qual serviu de base. Primeiro coloriram os continentes (cores
diferentes para cada um), foi colocado um pedaço de fita no meio de cada gomo,
usaram a linha da bola de isopor, para representar a linha do equador, marcaram a
linha e começaram a colar somente o meio e depois o restante, pois assim, evita
enrugar. A figura 10, mostra a sequência da montagem.
Percebeu-se que a principal dificuldade foi a falta de interesse e a falta de
embasamento teórico-cartográfico para a realização dessa tarefa. A partir dos dados
obtidos, os alunos foram avaliados com os diversos procedimentos didáticos como:
produção do material e interpretação do espaço.

Figura 10: Globo Terrestre.


Fonte: acervo do autor.
Figura 11 – Fotografia dos globos produzidos pelos alunos.
Fonte: acervo do autor.

3. ANÁLISE GERAL DOS RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos na implementação da proposta “Alfabetização


Cartográfica: o uso de mapas como recurso metodológico no ensino de Geografia,
mostrou que é possível avançar”. Os resultados mostraram que houve recuperação
na ação do ensino dos conteúdos de Geografia.
Durante a realização das atividades, algumas dificuldades foram detectadas.
A turma envolvida no projeto foi composta por alunos advindos de várias realidades
socioeconômicas, estilos de vida diferentes e para muitos faltava habilidade e
domínio de leitura e escrita. Além disso, demonstraram falta de interesse, baixa
autoestima. Por outro lado, a escola não oferece espaço e material para atividades
extras.
Conclui-se que para aqueles que participaram de todas as etapas passaram
a dominar a linguagem cartográfica. Principalmente com relação às convenções.
Com relação à escala, eles sabem que é uma relação para se reduzir as dimensões
reais em um mapa, a dificuldade maior é com relação às transformações para as
dimensões reais e vice e versa, ou seja, nas operações matemática.
Para ampliar o aprendizado é preciso que nas aulas de Geografia o trabalho
com leitura de mapas seja praticado frequentemente. Dessa maneira os alunos
compreenderão o porquê e o para que das informações cartografadas.
A educação e a linguagem cartográfica devem ser exploradas desde o início
da escolarização, partindo da noção de espaço vivido e percebido para que,
posteriormente, o aluno possa ser um agente produtor consciente do espaço
geográfico.
Os trabalhos com mapas mentais e jogos em sala de aula contribuíram para
melhorar a percepção espaço-temporal dos alunos.

REFERÊNCIAS

ADAS, S. Expedições Geográficas. São Paulo, SP: Moderna, 2011. p. 268

ALMEIDA, R. D. de; PASSINI, E. Y. O Espaço Geográfico: ensino e representação.


15 ed. São Paulo, SP: Contexto, 2001, p. 116

CASTELLAR, S. M. V. S. Alfabetização em Geografia. Espaço da Escola. Íjuí. v.


10, n. 37, 2000, p.157.

KAERCHER, N. A. Práticas e Textualizações no cotidiano – Ensino de


Geografia. Porto Alegre/RS: Editora Mediação, 2000, p. 239.

LACOSTE, Y. A. Geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer guerra. Trad.
Maria Cecília França. Campinas, SP: Papirus, 1988. p.187
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Diretrizes Curriculares da
Educação Básica: Geografia. 2008.

PASSINI, E. Y. Alfabetização Cartográfica e o Livro Didático: uma análise crítica.


Belo Horizonte, MG: Lê, 1994. p. 196

PASSINATI, M. C.; ARCHELLA, R. S. Fundamentos da alfabetização cartográfica


no ensino de Geografia. Universidade Estadual de Londrina, Departamento de
Geociências, 2007. p. 198
SIMIELLI, M. E. Cartografia e Ensino. Tese de Doutorado em Ciências Humanas –
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, SP,
1994. p. 124

______. Geoatlas. Ed. Atualizada. 8. ed. Departamento de Geografia FFLCH –


Universidade de São Paulo, SP: Editora Ática, 1991. p. 48

Você também pode gostar