Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TÁTIL
KATIÚSCYA ALBUQUERQUE DE MOURA MARQUES1
ANDREA LOURDES MONTEIRO SCABELLO2
Resumo:
A formação docente, geografia inclusiva e a cartografia tátil são os assuntos
tratados por esta pesquisa. A intenção é de apresentar e discutir os desafios da
educação inclusiva frente às exigências legais e profissionais da educação. Desta
forma, este trabalho apresenta algumas abordagens relacionadas à formação de
professores, saberes docentes e as práticas pedagógicas que favorecem o ensino
de geografia para os deficientes visuais, já que os mesmos necessitam de recursos
táteis para compreender os fenômenos geográficos e, também, aprimorar a
autonomia espacial, diante dos deslocamentos cotidianos. O objetivo geral centrou-
se na investigação dos saberes docentes necessários ao ensino de geografia para
indivíduos cegos e com baixa visão por meio da cartografia tátil (que passou a fazer
parte do universo brasileiro por volta da década de 1990). Sabe-se que o objetivo da
utilização dos mapas táteis, durante as aulas de geografia, é melhorar o processo
ensino-aprendizagem, já que o professor deve intermediar a leitura e a interpretação
das informações-mensagens no intuito de formar raciocínios geográficos mais
críticos e propositivos sobre a realidade em sua multiescalaridade ou
multidimensionalidade. Além disso, é fundamental a exercitar as exigências legais
das políticas públicas voltadas para a educação especial na perspectiva inclusiva na
promoção de um ensino de geografia que insira de fato esse aluno que tem
necessidades educacionais visuais diferenciadas adquira as competências e
habilidades necessárias à sua formação integral, no que diz respeito à sua
escolarização e ao exercício de sua cidadania. O suporte teórico está respaldado
em autores como Pires (2015) Girardi (2014) Miranda (2010, 2005, 2007) Tardif
(2012) Montoan (2005) Nogueira (2009) Nascimento (2009) Ventorini (2007)
Pimenta (2002) Cavalcanti (2002) Perrenoud (1999) Saviani (1997,1999) dentre
outros. A metodologia envolveu, além do levantamento bibliográfico, a coleta de
dados no âmbito de uma oficina de cartografia tátil realizadas pelo Curso de
Licenciatura em Geografia oferecida pela Universidade Estadual do Piauí vinculada
ao Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica –
PARFOR nas cidades de Piripiri e José de Freitas com o objetivo de capacitar os
professores cursistas para a utilização de recursos cartográficos que auxiliem o
ensino de geografia para deficientes visuais, através da confecção e aplicação de
procedimentos geográficos voltados à cartográfica tátil, visando sua aplicabilidade
na vida cotidiana dos educandos. Os resultados da pesquisa indicam que a
1616
cartografia tátil ainda é pouco utilizada no ensino de geografia em decorrência da
sua ausência na formação inicial do professor, além das dificuldades relativas à
disponibilidade de materiais didáticos táteis e a quase ausência de formação
continuada nessa temática.
Abstract
The teacher training, inclusive geography and cartography are tactile the
issues dealt with by this research. The intention is to present and discuss the
challenges of inclusive education forward to meet legal and educational
professionals. In this way, this work presents some approaches related to teacher
training, knowledge teachers and pedagogical practices that favor the teaching of
geography for the visually impaired, since they require resources for tactile
understanding of the geographic phenomena, and also enhance the autonomy and
space in front of the offsets, everyday. In this way, this work presents some
approaches related to teacher training, knowledge teachers and pedagogical
practices that favor the teaching of geography for the visually impaired, since they
require resources for tactile understanding of the geographic phenomena, and also
enhance the autonomy and space in front of the offsets, everyday. The general
objective was focused on the investigation of knowledge teachers need to teaching
geography for blind individuals and with low vision through the tactile cartography
(which became part of the Brazilian universe closes in around the 1990s). It is known
that the goal of the use of tactile maps, during the lessons of geography, is to
improve the teaching-learning process, since the teacher should mediate the reading
and interpretation of information messages in order to form geographical arguments
are most critical and propositional about the reality in your multiple-education or
dimensionality. In addition, it is crucial to exercising the legal requirements of public
policies geared for special education in the inclusive approach in promoting a
teaching of geography that enter in fact this student who has educational needs
differentiated visual acquire the skills and abilities required for their integral formation,
with respect to their schooling and the exercise of their citizenship. The theoretical
support is backed by authors such as Pires (2015) Girardi (2014) Miranda (2010,
2005, 2007) Tardif (2012) Montoan (2005) Nogueira (2009) birth (2009) Ventorini
(2007) Black Pepper (2002) Wright (2002) Perrenoud (1999), Saviani (1997,1999)
among others. The methodology involved, in addition to the literature review, data
collection in the context of a workshop of tactile mapping performed by the course of
degree in Geography offered by State University of Piauí linked to the National
Program for training of teachers of Basic Education-PARFOR in the cities of Piripiri
and José de Freitas with the aim to empower teachers course participants to
resource use cartographic data that facilitate the teaching of geography for the
visually impaired, through the preparation and implementation of procedures sets
focused on tactile cartographic, and their applicability in everyday life of students.
The research results indicate that the tactile cartography is still not widely used in the
teaching of geography due to his absence in the initial training of teachers, in addition
1617
to the difficulties relating to the availability of teaching materials and processes, the
almost complete absence of continued education in this theme.
1 INTRODUÇÃO
Percebe-se que o ensino de geografia, no que diz respeito à área
cartográfica, ainda tem sido promovido com algumas dificuldades por parte dos
professores, em função de questões que vão desde a formação acadêmica até
mesmo o descompromisso com essa temática, diante disso, o artigo aborda a
formação docente, a geografia inclusiva e a cartografia tátil.
Nesse sentido, faz-se necessário promover o enriquecimento curricular dos
professores cursistas do PARFOR/UESPI, visando contribuir com a melhoria desse
quadro, pois é a partir dessa educação cartográfica que retiramos informações para
a compreensão do espaço geográfico.
O objetivo geral centrou-se em capacitar esses professores para a confecção
e a aplicação de procedimentos cartográficos inclusivos no ensino de geografia para
indivíduos cegos e com baixa visão por meio da cartografia tátil.
Sabe-se que o objetivo da utilização dos mapas táteis, durante as aulas de
geografia, é melhorar o processo ensino-aprendizagem, já que o professor deve
intermediar a leitura e a interpretação das informações-mensagens no intuito de
formar raciocínios geográficos mais críticos e propositivos sobre a realidade em sua
multiescalaridade ou multidimensionalidade. Além disso, é fundamental conhecer as
exigências legais das políticas públicas voltadas para a educação especial na
perspectiva inclusiva.
É importante salientar que a educação cartográfica apresenta-se como uma
ferramenta essencial no sistema educacional, já que ela é quem oferece as
possibilidades reais de orientação, localização e tantos outros fenômenos da
realidade espacial. Para tanto, a oficina em questão serve não só para construir
conhecimentos, mas, sobretudo, para desenvolver habilidades e atitudes que
permitam ao professor cursista atuar efetivamente na práxis pedagógica, na
confecção de mapas e outros produtos cartográficos (plantas, cartas, croquis,
gráficos etc) que possam ser lidos e interpretados por deficientes visuais-DVs. Por
1618
isso sua relevância social, científica e profissional, já que contribui para o processo
de inclusão, o avanço da ciência, no que tange às pesquisas voltadas para o público
alvo da educação especial-PAEE e a própria Geografia, devido seu papel de formar
cidadãos e possibilitar que o espaço geográfico seja cada vez mais conhecido e
apropriado no dia a dia pelos DVs.
1619
Além disso, considera-se que a Declaração de Salamanca (1994) já indicava
que as modificações exigidas pela inclusão não poderiam se restringir às unidades
escolares ou a seus professores, mas que todos os governos deveriam dar
prioridade ao aprimoramento de seus sistemas educacionais para efetivar a inclusão
de todas as crianças, independentemente de suas diferenças ou dificuldades
individuais (BUENO; MARIN, 2011).
Sendo assim, falar em geografia inclusiva é fundamental, no intuito de formar
a cidadania, já que esse é um dos motivos de se ensinar essa disciplina. Além disso,
os DVs ainda continuam excluídos do processo educacional, não em função
somente das políticas públicas que ainda não contemplam um ensino colaborativo
entre educadores, mas em função da formação docente inicial e até mesmo
continuada. Todavia, não se pode negar que, no Brasil, “os indivíduos que
apresentam deficiência obtiveram avanços significativos referentes aos seus direitos,
através dessas políticas públicas, destacando aqui, a garantia de estudar em
escolas regulares e o atendimento educacional especializado” (BRASIL, 1988).
“Entretanto, mesmo que tenha havido progressos, o professor deve receber uma
formação específica para trabalhar com a diversidade em uma perspectiva
inclusiva.” (PIRES, 2015).
Segundo Tardif (2012) “É necessário repensar, agora, a formação para o
magistério, levando em conta os saberes dos professores e as realidades
específicas de seu trabalho cotidiano”. Essa é a ideia de base das reformas que vêm
sendo realizadas na formação dos professores em muitos países nos últimos dez
anos. Ela expressa a vontade de encontrar, nos cursos de formação de professores,
uma nova articulação e um novo equilíbrio entre os conhecimentos produzidos pelas
universidades à respeito do ensino e os saberes desenvolvidos pelos professores
em suas práticas cotidianas. Nesse sentido, é mister, que o profissional da geografia
se aproprie das informações necessárias para promover a inclusão dos deficientes
visuais, utilizando a cartografia tátil e suas aplicabilidades no estudo do espaço
geográfico.
1620
Nessa perspectiva,
1621
Além disso,
A inclusão envolve a reestruturação das culturas, políticas e práticas
escolares, devendo rever suas ações que eram, até então, elitistas e
excludentes. É preciso estar atento, uma vez que a inclusão é um
longo processo e não ocorre por modismos ou decreto. A inclusão de
um aluno, com características diferenciadas, numa turma que se diz
comum, deve-se dar pela criação de mecanismos para que o sujeito
se integre socialmente, emocionalmente com seus colegas e
professores e com plena participação dos objetos da cultura e do
conhecimento. Os alunos deficientes visuais precisam de uma
política de inclusão, pois, a mesma não consiste apenas na
permanência física desses alunos, sendo exigido que a escola crie e
se responsabilize, instituindo espaços inclusivos. Buscando, dessa
forma, que não é o aluno que deve se moldar ou se adaptar à escola,
mas a escola consciente de sua importante função coloca-se à
disposição do aluno. (PIRES, 2015).
1622
Girardi (2014, p.79) diz que
1623
Nascimento (2009, p. 02) afirma que
o sentido da visão é fundamental para a construção dos raciocínios
geográficos, daí ser imprescindível que os mapas se tornem visíveis
para esse público, através do tato, onde, por meio das texturas,
diferentes materiais e equipamentos, os mesmos se tornem canais de
informação e conhecimento, por isso conhecer e/ou confeccionar
recursos cartográficos táteis que podem ser utilizados no ensino de
geografia é mister para que o conhecimento de mundo, sua
compreensão e o exercício da cidadania, sejam alcançados e os
desafios de ministrar aulas mais significativas e inclusivas possa ser
superados.
A formação inicial e continuada deve ser uma preocupação para todos que
estão envolvidos direta ou indiretamente no processo de formação de educandos,
sejam eles da educação básica ou superior. Por isso, essa oficina foi realizada com
nos dias 02, 03 e 10/09/2016 em Piripiri-PI com 7 professores e nos dias 23,
24/09/2016 e 08/10/2016 em José de Freitas-PI com 23 professores, tendo o intuito
de capacitar os professores cursistas PARFOR/UESPI da área de geografia para a
utilização de recursos cartográficos que venham auxiliar o ensino de geografia para
deficientes visuais, através da confecção de procedimentos geográficos voltados à
cartográfica tátil, visando sua aplicabilidade na vida cotidiana dos educandos.
Nesse sentido, a mesma procurou ainda propiciar através de leituras e
práticas cartográficas, um enriquecimento dos conhecimentos à cerca dessa
temática, orientar a elaboração, execução e a apresentação de outras estratégias
que venham melhorar ainda mais a promoção da cartográfica tátil, através de
diversos instrumentos de representação, além de auxiliar esses professores na
1624
elaboração de mapas para os DVs, buscando aumentar a autonomia destes nas
interpretações e análises sobre um determinado espaço geográfico, principalmente
sobre aquele que vivem e atuam.
Dessa forma, a metodologia aqui empregada apresenta caráter qualitativo,
posto que a intenção, inicialmente, foi conhecer o(s) modo(s) como o professor de
Geografia tem utilizado a linguagem cartográfica no cotidiano de suas ações
pedagógicas, além de proporcionar condições para que encontrassem referências
norteadoras acerca do uso da cartografia tátil como instrumento pedagógico de
significativa relevância dentro do processo educacional de inclusão.
Nesse conjunto de 30 horas/aulas foi realizado um teste diagnóstico,
objetivando conhecer a relação de familiaridade dos professores com a temática
cartografia tátil. Em seguida foram trabalhados alguns textos com o propósito de
permitir aos alunos a aquisição dos conhecimentos que eles ainda não dispunham
em relação a essa área, depois foram realizadas atividades práticas de construção
de mapas táteis, maquetes e gráficos, todos de forma artesanal, ou seja, feitas à
mão, inclusive na confecção dos pontinhos da cela Braille, utilizando materiais que
são facilmente encontrados em papelarias, reutilizando e reciclando outros que são
utilizados na práxis pedagógica. Veja algumas produções!
FOTO 01: DELIMITAÇÃO DE ESPAÇO NO FOTO 02: MAPA TÁTIL DA AMÉRICA DO
MAPA MÚNDI SUL
1625
FOTO 03: MAPA TÁTIL DO BRASIL FOTO 04: MAPA TÁTIL DO PIAUÍ
REGIONAL
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em suma, a oficina proporcionou a confecção e a aplicação de procedimentos
cartográficos inclusivos no ensino de geografia para indivíduos cegos e com baixa
visão por meio da cartografia tátil, visando melhorar o processo ensino-
aprendizagem, além do conhecimento do sistema Braille pelos professores cursistas
PARFOR/UESPI, ficando evidente que é extremamente necessário investir cada vez
mais na formação de professores, diante dos desafios de uma geografia inclusiva e
1626
da complexidade e abrangência da ciência geográfica e de sua função social na
formação cidadã dos educandos e, neste caso, dos deficientes visuais.
REFERÊNCIAS
BRASIL. 1996. Lei nº.9.394 de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e
Bases da Educação Nacional.
______. MEC. CNE. 2001. Resolução CNE/CEB nº.2, de 11 de setembro de 2001, que
institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica.
______. Constituição Federal. Brasília, 1988.
BUENO, José Geraldo Silveira; MARIN, Alda Junqueira. Crianças com Necessidades
Educativas Especiais, a Política Educacional e a Formação de Professores: Dez Anos
Depois. In: CAIADO, K. R. M.; JESUS, D. M. de; BAPTISTA, C. R.(Org.) Professores e
Educação Especial: formação em foco. Porto Alegre: Mediação, CDV/FACITEC, 2011.p.
111-130.
CAVALCANTI, L. de S. Geografia e prática de ensino. Goiânia: Alternativa, 2002.
GIRARDI, Gisele. Cartografia geográfica: entre o “já-estabelecido” e o “não- mais -
suficiente”. Curitiba, v.30. p. 65-84 abr/2014.
MONTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças.
Revista Nova Escola, ano XX, n.128. São Paulo: Editora Abril, maio de 2005.
MIRANDA, Sérgio Luiz. formação de professores e conhecimentos cartográficos para
abordagem do espaço local no currículo de geografia para os anos iniciais do ensino
fundamental. REVISTA Ensino de Geografia, Uberlândia, v. 1, n. 1, p. 47-71, jul./dez.
2010.
NASCIMENTO, R. Maquetes Geográficas Táteis e o Ensino de Geografia para
Deficientes Visuais-DVs: Metodologia “Do meu passo para o espaço”. In ENPEG – 10º
Encontro Nacional de Prática de Ensino em Geografia, Porto Alegre, 2009.
NOGUEIRA, Ruth Emilia (Org.). Motivações hodiernas para ensinar geografia:
representações do espaço para visuais e invisuais. Florianópolis: Editora Nova Letra, 2009.
PERRENOUD, P. Formar professores em contextos sociais em mudança: prática
reflexiva e participação crítica. Revista Brasileira de Educação, Belo Horizonte, n. 12, p. 5-
19, 1999.
PIMENTA, Selma Garrido. Professor reflexivo: construindo uma crítica. In: PIMENTA,
Selma Garrido; GHERDIN, Evandro. (Orgs.). Professor reflexivo no Brasil: gênese e
crítica de um conceito. 2.a ed. São Paulo: Cortez, 2002.
PIRES, Valéria Medeiros. Os Impactos da Formação de Professores em Cartografia
Tátil: Perspectivas na Educação Inclusiva Pelotas, 2015.
SAVIANI, Dermeval. A função docente e a produção do conhecimento. Educação e
Filosofia, Uberlândia, v. 11, n. 21, p. 127-140, 1997.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 13. ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2012.
VIEIRA, Jaqueline Machado; FERRAZ, Cláudio Benito Oliveira. O desafio do ensino de
geografia para deficientes visuais. Revista geografia em atos – GeoAtos. v.2, n. 2 (2015).
CONFERÊNCIA MUNDIAL SOBRE NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS.
Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais.
Brasília, CORDE, 1994.
BRASIL. CNE. Resolução CNE/CEB Nº 2, DE 11 DE SETEMBRO DE 2001, que Institui
Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica.
1627