Rio de Janeiro

1ª edição | 2018
Editor responsável Eduardo Corassa
Capa e projeto gráfico Carol Patitucci
Revisão Amanda Passos Peixoto
Fotos Depositphotos

Também escrito pelo autor:

O jejum Higienista - A cirurgia da Natureza Agradecimentos
Crulinária Frugal - Receitas do paraíso
Revolução Vegana - A solução para sua saúde, dos animais e do planeta
Crulinária Frugal - Doces Delícias Aos meus queridos pais, Tais e Odonio Corassa, as pessoas que mais estiveram ao meu
Vegan fitness - Receitas do atleta natural lado, independente de quão louco pareciam minhas ideias e ideais. A todos meus entes
queridos, desde amigos, familiares e pessoas que apesar de conhecer relativamente pouco,
Próximos livros a serem lançados: estiveram ao meu lado, ao longo da minha vida, moldando o ser humano que sou hoje.
O atleta crudívoro - Melhorando sua performance com a dieta crua A todos meus queridos amigos colaboradores, como Túlio de Paula Vidal, Carolina Pati-
A fonte da juventude - Vivendo mais que 100 anos tucci, amiga e designer de todos meus livros, Joel Gustof, Kell Malone, Paulo Leal, Valdecir
A Ciência da Saúde - O Sistema Higienista pelé, Luan Dias, Clarita Maia, Bela Martins, Lídia Canizza, Amanda Passos.
Vacinas! - São benéficas?
A todos as pessoas que lutam em prol da causa vegana e da causa crudívora. A todos
Crulinária Frugal - Cardápios simplificando a dieta crua
meus pacientes, leitores, alunos e espectadores que acreditam em meu trabalho e suas
histórias de reversão de doenças e agradecimento ao meu empenho me motivam a conti-
Termo de isenção de responsabilidade:
Tudo citado pelo autor, com referência numérica indica que existe dados científicos atuais e consistentes para aquela afirma- nuar meu trabalho.
ção. Alguns dos outros dados, são a visão higienista, a junção de 200 anos de conhecimento de médicos e nutricionistas inter- A todos os higienistas, principalmente o Dr. Douglas N. Graham e ao Dr. Herbert Shel-
nacionais, desde sua prática e vivencia até seu conhecimento científico, que os faziam acreditar que a saúde se resulta apenas
da vida saudável e que os parâmetros modernos devem ser questionados pela lógica, pelo empirismo e por ciência sem con- ton, por sempre lutar em disseminar a informação que um dia salvará o mundo da doença
flito de interesses e financiamento duvidoso. Portanto, nem tudo ainda é comprovado cientificamente e nem é um consenso
científico. Como seu autor acredita e é inserido no meio acadêmico, devo frisar que não podemos e não devemos fazer reco- e da desgraça e caos que vivemos na atualidade.
mendações de coisas que a ciência e o meio acadêmico ainda não têm como consenso. Entretanto, há poucas décadas, uma A mãe natureza, por fazer um corpo tão brilhante e autossuficiente como o corpo
dieta vegana era algo extremamente mal visto, devido a quantidade insuficiente de estudos para provar o conceito, assim
como vários outros avanços científicos que, apesar de óbvios, como os malefícios do cigarro, levaram décadas e centenas de humano, que apesar de não ser devidamente reconhecido, opera milagres diariamente ao
estudo até que começasse a ser reconhecido como maléfico. Na atualidade, já existe uma abundante quantidade de dados clí-
nicos em relação a uma dieta vegana ao ponto de estar começando a ser vista como a dieta mais saudável que se tem noção longo de toda sua vida, em prol de se regenerar dos danos que causamos a ele através do
na prevenção de doenças. O mesmo acredito que ocorrerá para o crudivorismo, já que a lógica e os dados de profissionais da cozimento e das práticas de estilo nefastas que temos atualmente.
área de saúde que atendem pacientes crudívoros e relatos empíricos de quem pratica tal dieta, e os poucos dados clínicos que
tem, sugerem fortemente que fomos feitos para uma dieta crua e não existe razão fisiológica para cozinhar, assim como 700
mil espécies prosperam comendo apenas comida crua, como aparece direto da planta, sem adulterar, misturar ou temperar.
Entretanto, volto a frisar as informações neste livro são apenas para propósitos de educação e levar o leitor a pensar e ques-
tionar práticas atuais, que podem vir no futuro, a serem provadas estarem erradas ou desatualizadas com o que já foi publi-
cado em artigos científicos.
O livro não serve como recomendação médica ou nutricional, o que você lê aqui não substitui a necessidade do acompa-
nhamento profissional de uma equipe multidisciplinar (médico, nutricionista, educador físico etc). A prática de qualquer con-
ceito é de sua própria responsabilidade.

Todos os direitos reservados desta edição à Eduardo Corassa

Impresso no Brasil em junho de 2018

 "A Higiene Natural é o ramo da biologia que se relaciona a preservação e restauração
da saúde, através da aplicação instintiva e inteligente das forças e agentes da natureza, as
eternas e sempre presentes necessidades da vida, saúde, crescimento e atividade: Ar, luz,
água, alimentos adaptados a espécie, exercícios, higiene, descanso, coragem, esperança,
felicidade, equilíbrio emocional e o término de hábitos desvitalizantes".
"Você não precisa de tratamento. A febre, inflamação, tosse etc. constitutem o pro-
cesso de regeneração. Apenas saia do caminho e deixe seu corpo completar o processo.
Não tente "ajudar" a natureza. Ela não precisa da sua ajuda insignificante, mas apenas pede
que você pare de interferir".
“Enquanto o processo de regeneração não foi compreendido, o homem acreditou que
o poder de regeneração residia em substâncias e coisas fora de si mesmo, ele logicamente
buscou meios extrínsecos de cura, e uma arte de cura foi o desenvolvimento lógico. O sis-
tema da medicina, como conhecemos na atualidade, foi um desenvolvimento lógico da
falácia que o poder de regeneração reside em fontes extrínsecas".
"Os tão chamados sintomas da doença são manifestações do princípio inerente do orga-
nismo de restaurar o funcionamento otimizado e resistir agentes e influências danosas”.
“Embora o homem tenha incluido carne em sua dieta por milhares de anos, sua anato-
mia, fisiologia e química gastrointestinal, são inequivocamente de um animal frugívoro.”
“Se eu conseguir fazê-lo entender que nunca houve uma doença, aguda ou crônica, que
não fosse a lógica evolução progressiva de causas, da qual quase todas estão sobre seu
controle voluntário, terei colocado em suas mãos o conhecimento que o salvará de muito
futuro sofrimento e gastos e prolongará sua vida em muitos anos. Quão mais cedo nós des-
cobrirmos que podemos ter saúde, mas apenas sobre os termos da natureza, e parar de ten-
tar conseguir, de qualquer outra forma teremos nos emancipado desse mar de sofrimento
no qual existimos”.

Dr. Herbert Shelton

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 Dedicatória
Já que um dia pretendo ser um pai e pensando em todos problemas de saúde que enfren-
tei durante a minha infância e adolescência e por isso carrego alterações anatômicas, fisio-
lógicas e bioquímicas até hoje, que me levam a funcionar de forma menos que otimizada. E
sabendo que bilhões de bebês, crianças e adolescentes passam pelo mesmo devido à falta
de conhecimento de seus pais, que todas as doenças físicas e mentais, incômodos, sinto-
mas e baixo rendimento originam-se principalmente dos alimentos nocivos que eles, inge-
nuamente, fornecem a sua prole diariamente, a cada refeição, fui compelido a escrever
este livro.
Durante minha jornada em prol da saúde e recuperação de inúmeros problemas que
foram gerados desde minha infância por uma vida não natural, longe do normal ou do sau-
dável, na frente de videogames (sedentarismo), dentro de apartamentos (falta de ar puro e
de sol, vitamina D, além de exposição pesada a toxinas ambientais e falta de contato físico
e visual com plantas e animais que fornecem inúmeros benefícios fisiológicos), comendo
todo tipo de abominação dietética industrializada que nunca naturalmente chegaria ao
estômago humano se vivêssemos na natureza (mal nutrido), sendo injetado com vacinas
contendo metais pesados e substâncias tóxicas (como timerosal, fenoxietanol, antibióti-
cos, mercúrio, formol, alumínio, gelatina, casca de ovo, proteína do ovo e fluídos extra
embriônicos de embriões de galinha, leveduras, exposição a látex, culturas de células e soro
de animais e humanos) 1, tomando pílulas, cápsulas efervescentes e diversos outros fárma-
cos sintéticos e não naturais ao corpo humano, sendo exposto a toxinas ambientais vindo
do ambiente e da alimentação, dormindo extremamente tarde devido à luz elétrica, entre
outros fatores que obviamente contribuíam para minhas constantes doenças físicas, minha
constante inapetência e falta de desejo por alimentos naturais, meu sobrepeso e em certo
ponto obesidade, meu baixo rendimento físico e mental, em esportes e na sala de aula,
acabei descobrindo que poderia ter me poupado disso tudo, apenas se meus pais soubes-
sem e conhecessem o que é chamado de Higiene Natural, ou Higienismo, em outras pala-
vras, a Ciência da Saúde.
Cresci a base de leite em pó, picolés, carnes fritas, milk-shakes, geleia de mocotó, iogur-
tes para crianças, achocolatados, sorvetes, macarrão instantâneo, paçoca, biscoitos reche-
ados ou salgados, hambúrgueres, salsichão, pedaços de animais mortos grelhados, fritos,
assados ou cozidos, farinhas refinadas, balas, bolos, brigadeiros, leite condensado (leite
cozido com excesso de açúcar), mingau, bunda de porco fatiada (presunto) entre diversos
outros “alimentos”. O alimento mais saudável e vegetal que eu deveria comer era um pouco
de arroz e feijão que vinham no canto do prato, junto com a farofa, pedaços da gordura do
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porco (bacon) e o bife frito e empanado em mais farinha refinada do trigo ou da mandioca.
Que é na verdade uma alimentação comum das crianças na atualidade.
Na época, meus pais nunca refletiram o que isso acarretaria em meu desenvolvimento
físico e mental. Eles, para a minha infelicidade, não ligavam minhas constantes alergias,
espirros, tosses, febres, resfriados, déficit de atenção, dificuldades respiratórias, baixa
coordenação motora, irritabilidade, inapetência por alimentos naturais, problemas com-
portamentais, péssimo desempenho escolar e esportivo, entre inúmeras outras doenças
diagnosticadas e não diagnosticadas ao meu estilo de vida “civilizado”.
Aprendi a diferenciar tangerinas de laranjas aos 20 anos, comer minha primeira salada
de alface e tomate (mesmo que carregada de molho rose industrial pois tinha aversão a
vegetais) aos 21 e a descascar laranjas aos 22 anos e nessa época ainda tinha bastante difi-
culdade com essa tarefa. Nunca havia subido em pés de frutas ou tido contato com ali-
mento vegetal da forma que ele é crescido. Sentia, como a maior parte das crianças na atu-
alidade, ânsia de vômito ao colocar vegetais e frutas cruas próximo a boca. Elas precisa-
vam estar industrializadas, alteradas, cozidas e mesmo assim, a grande maioria delas eu
nem provaria. Felizmente, ao conectar todas essas anormalidades aos meus hábitos insa-
nos impostos a mim desde pequeno, percebi que o que eu precisava para mudar e recupe-
rar minha saúde e a funcionalidade otimizada de meu organismo era adotar nosso estilo
de vida natural, o estilo de vida higienista baseado em uma dieta crua de frutas e vegetais.
Agora, após 11 anos vivendo exclusivamente de frutas e vegetais crus e uma pequena
quantidade de oleaginosas e outros alimentos vegetais como cenouras, cogumelos, ervi-
lhas etc em ínfimas quantidades, dentro do holístico estilo de vida higienista, tendo estu-
dado, vasculhado e devorado a literatura médica científica em prol de me curar e escrever
livros para convencer ao máximo número de pessoas para provar que o estilo de vida cru-
dívoro vegano seria a solução para os problemas da humanidade, vivencio uma saúde que
nunca imaginei ser possível e que praticamente toda a população desconhece e acredito
fornecer em meus livros, a chave do quebra-cabeça para a volta da paz, igualdade, saúde,
benevolência, altruísmo e sustentabilidade. O caminho de volta ao “Jardim do Éden”.
Mas infelizmente ainda carrego marcas do meu passado “industrializado”. Minha cali-
grafia é tão ruim que geralmente faço piadas chamando-a de hieróglifos, obviamente
devido a neurotoxicidade que sofri pela má nutrição. Ainda tenho pulsos finos e uma estru-
tura óssea pouco desenvolvida para um homem da minha altura, provavelmente devido a
deficiência de vitamina D e de vitaminas e minerais. Ainda sinto ossos dentro de mim posi-
cionados de forma errônea, ainda sofro de leve ginecomastia, entre outras questões notá-
veis ao olho clínico devidamente educado. Nada comparado ao que era antigamente, com
certeza. Sou definitivamente muito mais saudável e muito mais funcional aos 33 anos do
que eu era aos 22 antes de começar a viver de forma natural. Meus problemas de saúde
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se reverteram de uma forma mágica, não precisei fazer duas cirurgias, nunca mais fiquei a lógica e ligado os pontos das outras áreas de diversas ciências em função de avançar e
doente, resfriado, sofrendo de tosses ou qualquer outro sintoma. Minha funcionalidade é melhorar a forma que nutrimos as crianças do hoje, a qual será o futuro de nosso planeta.
infinitamente maior do que já foi durante toda a minha vida e acredito ser uma das pessoas Devo salientar que a nutrição materno infantil é uma área muito longa e detalhada, e não
mais saudáveis e funcionais que conheço. Entretanto, infelizmente, não é possível apagar tenho como abordar todos os pontos da mesma em um só livro e este não isenta os pais de
tudo, o corpo não faz o milagre de se desconstruir e construir-se novamente, da forma mais todo o acompanhamento profissional necessário médico e nutricional durante a gravidez,
íntegra e sã possível. Sei que minha constituição (anatomia, fisiologia e bioquímica) é com- mas serve de uma base para evolução do conhecimento em relação a nutrição crudívora e
prometida devido a 22 anos de um estilo de vida extremamente anormal, e isto provavel- vegana materno infantil, em prol de irmos lentamente ao longo das próximas décadas, evo-
mente não será possível de ser 100% revertido, pois cresci minha estrutura a base das abo- luindo nosso conhecimento sobre o tema e criando parâmetros fixos científicos, como a
minações dietéticas citadas acima, as quais não fornecem os micros e macronutrientes e taxa de crescimento, peso, e vários outros detalhes que padronizam e facilitam os pais e os
todos os outros elementos essenciais à saúde adequados para o desenvolvimento ideal do profissionais de saúde certificarem se que a gravidez e a criança estão bem, como já temos
organismo humano. hoje em dia baseados em dietas onívoras usuais. Muitos dos conceitos apresentados aqui
Sei que agora estou fazendo a coisa certa e colherei os benefícios certos e manter meu ainda estão no início de sua descoberta e aceitação científica, mas viso com este livro, não
corpo sadio, entretanto, gostaria que alguém tivesse ensinado a mim e a meus pais há mais mudar tudo que se conhece, mas começar a questionar e levantar hipóteses para que no
de 30 anos, o quão importante é uma dieta crua baseada em frutas e vegetais e uma vida futuro, mais estudos apareçam questionando os dados e evoluindo o que é realmente nor-
saudável, pois teria me poupado muita dor, sofrimento, tristeza, sentimentos de ser ina- mal, natural e deve ser esperado em termos de crescimento e saúde infantil.
dequado e não ser bom o suficiente, sentimentos de rejeição e baixa autoestima por estar
sempre acima do peso e doente.
Felizmente, não guardo mágoas e nem ressentimentos. Aprendi através dos meus
jejuns, desse estilo de vida saudável que nos conecta com nossas emoções e nos faz largar
qualquer sentimento ruim para trás a aceitá-los da melhor forma possível, devido ao higie-
nismo purificar não só nosso corpo físico, mas mental e espiritual e nos livrar de qualquer
coisa que nos machuque. Apenas comento isso tudo, para você pai e mãe, ou futuro pai e
mãe, compreenderem quão importante é a mensagem contida nesse livro, quão bem você
estará fazendo não só ao seu filho mas a todos, ao ler este livro, adotar seus conceitos e
passar à frente essa mensagem.
Não sou um pediatra com anos de experiência. Ainda não sou um nutricionista com
anos de prática em nutrição infantil, mas espero um dia, alcançar reconhecimento e saber
que auxiliei no avanço na área. E também ainda não sou pai e não tive oportunidade de cres-
cer meus filhos em uma dieta vegana crua. Entretanto, ao longo de mais de uma década
praticando uma dieta crua e estudando diariamente sobre o tópico de nutrição e saúde,
lendo artigos e livros na área de nutrição infantil, seja de pesquisas atuais ou de higienis-
tas que tiveram décadas de experiência e com amplo conhecimento de que o estilo de vida
e dieta moderna devem ser questionadas, visto a ampla magnitude de doenças que cada
vez mais crescem, acreditei que eu poderia fazer uma contribuição à está área tão nobre.
Infelizmente,ainda temos muito o que descobrir e melhorar em termos de conheci-
mento científico para crianças. Mas acredito que com este livro, eu tenha reunido mui-
tos dados importantes do que há de mais antigo e mais novo na área da ciência e acoplado

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 Índice

Capítulo 1.
Protegendo a família e as próximas gerações

Capítulo 2.
Parto, aleitamento e puberdade

Capítulo 3.
A forma da natureza de alimentar uma criança para
saúde verdadeira

Capítulo 4.
Melhorando e prolongando a fertilidade, ereção e prazer

Capítulo 5.
Karezza - Fortalecendo a relação conjugal e evitando a separação

Capítulo 6.
Dicas de alimentação para crianças e receitas

Capítulo 7.
Perguntas e respostas
 Subcapítulos Dieta e sexo
Redução do desejo sexual
Problemas de saúde e o sistema reprodutor
Testosterona e a aromatase
Obesidade infantil, uma criança cheinha não é sinônimo de boa saúde Femininização masculina e tamanho do pênis
Programação Metabólica Alguns sinais andam lado a lado com a disfunção erétil
Abuso infantil, drogando sua criança Disruptores endócrinos e a Razão sexual
Degeneração física causada por má nutrição Evitando a Disfunção Erétil
Efeitos visíveis da má nutrição A importância do sexo na saúde do indivíduo e do casal
Predispondo seu filho a se tornar um jovem/adulto violento, agressivo, depressivo, menos Moderação em todas as coisas da vida
inteligente e desajustado da sociedade. Desempenho sexual
Prejudicando o nascimento Não só afeta os homens, mas mulheres também
Contaminando sua criança sem saber Disfunção erétil (DE) e infertilidade
As reprotoxinas, o perigo invisível A paixão foi feita para acabar (Os neuroquímicos da lua de mel)
POPs, agrotóxicos e disruptores endócrinos Oxitocina, o hormônio do amor e união
Obesogenes Porque relacionamentos se desgastam?
Problemas respiratórios, asma e alergias Monogâmicos ou poligâmicos?
Crianças, junk-food e QI O Ciclo da paixão
Parto x Cesariana O efeito Coolidge
Tensão pré menstrual, menstruação e menopausa A solução para o término do amor e dos relacionamentos amorosos
O leite materno Um casal saudável produz uma relação saudável.
Secreções mamárias de um outro tipo de mamífero não é natural para humanos Benefícios do Casamento e do Karezza
Fórmula infantil (leite em pó) é a segunda melhor opção ao leite materno? Acredito no que foi exposto, mas que dieta devo alimentar meu filho?
Idade de menarca e Puberdade Meu bebê precisa beber água durante a fase de amamentação?
Hormônios Sexuais descontrolados Até quando amamentar?
Leite de vaca e gêmeos Frutas, vegetais e leite materno fornecem proteína o suficiente para meu filho?
Taxa de crescimento natural Devo ingerir suplementos sintéticos?
Crianças onívoras x vegetarianas Meu filho sofre de falta de coordenação motora, alergias frequentes, preguiça, cansaço,
Criação com apego (Attachment Parenting) como remediar?
Fazer o normal ou o natural? Como meu médico não sabe ou recomenda isso?
Frutas e vegetais o alimento da espécie humana Como fazer pro meu filho comer uma dieta natural?
Hidratação É prejudicial que meu filho jogue videogames ou assista televisão?
Necessidade calórica aumentada Sou crudívoro, mas meu companheiro não é e não consigo mudá-lo
Alimentando sua criança Meu filho precisa de circuncisão?
Tal pais, tal filho Como cuidar dos dentes do meu filho?
Produtos animais na dieta de seu filho Adotar uma dieta crua durante a gravidez não vai causar intoxicação da criança?
Multivitamínicos E as fraldas descartáveis?
Nutrientes essenciais e mais questionados Devo vacinar meu filho?
Estilo de vida e não apenas dieta como foco à boa nutrição e saúde Calculando calorias
Qualidade do esperma em declínio Seu filho seguirá seu exemplo e não seu conselho
 Introdução

Em um mundo moderno conturbado, tudo que acreditamos ser normal é na verdade

anormal. Onde estamos acostumados a obter comida de pacotes e prateleiras, na verdade
obteríamos de árvores e da horta. Onde estamos acostumados a dirigir até o supermer-
cado para obter nosso alimento, na verdade andaríamos, nadaríamos ou escalaríamos para
obter nossa comida. Onde nossa comida vem para nós industrializada, temperada, aroma-
tizada, cheia de conservantes químicos, pasteurizada ou cozida, nossa comida na verdade
viria in natura e apenas com os “temperos e aromatizantes” da mãe natureza.
Tudo que achamos normal, por termos crescido assim desde pequenos e convivido assim
por décadas, é uma anomalia que corrompe nossas necessidades biológicas. E tudo isso
influencia a química dentro do seu organismo, chamada de bioquímica, de formas mirabo-
lantes e tão complexas envolvendo milhares de processos por segundo, que interferem no
funcionamento do seu organismo de formas que você não imagina.
Vemos cada vez mais crianças nascendo com defeitos de nascença, sofrendo de ano-
malias genéticas, DM1 (diabetes tipo 1), leucemia infantil e outros cânceres, jovens com
diabetes, obesidade, pressão alta, ataques cardíacos, infartos e cânceres. Até doenças
menos graves que estão sempre constantes, como muco, alergias, espirros, acne, proble-
mas comportamentais, dificuldades no aprendizado e rendimento escolar, déficits de aten-
ção entre milhares de outros problemas que todos os pais veem seus filhos batalhando con-
tra durante toda sua infância. Cientistas agora estão relatando pela primeira vez na histó-
ria, crianças sofrendo de DM 2, que era previamente chamada diabetes do adulto, pois não
ocorria em crianças.
Infelizmente, pouquíssimos são os pais que fazem a conexão do que eles mesmos estão
comendo e alimentando seus filhos com as doenças que eles e seus filhos sofrem. A fisio-
logia e bioquímica prova que não somos o que comemos, mas o que assimilamos. A epige-
nética mostra que não somos o que assimilamos apenas, mas somos em parte o que nos-
sos pais, avôs e bisavôs comeram e fizeram durante suas vidas. Nosso material genético é
influenciado pelos hábitos das gerações prévias.
Poucos compreendem que quando começamos a ingerir alimentos não fisiológicos e
cozidos cada vez mais frequente há aproximadamente 10 mil anos, começamos a causar

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problemas nutricionais que prejudicaram nossa saúde, desde nossas células, tecidos, ossos
até órgãos como o coração e o cérebro. E de 100 anos pra cá, quando a industrialização em Dica:
massa tomou conta e a dieta humana mudou consideravelmente de alimentos frescos e Reforço a importância máxima de pais realmente comprometidos com seus filhos, a lerem
cozidos após serem retirados do jardim para alimentos enlatados e embalados, pedaços de o livro Saúde Frugal – O guia ao crudivorismo e o Nutrição Vegana – A solução para sua
animais mortos e congelados há meses e depois fritos com óleos refinados talvez há mais saúde, dos animais e do planeta. Apenas entendendo dados científicos de nutrição crua e
de um ano, alteraram tantos processos bioquímicos em nossos organismos que não só pre- vegana, vocês poderão devidamente fazer as melhores escolhas para suas vidas e de sua
judicaram a saúde de nossos avós, como começaram a alterar os genes deles em formas ou suas crianças.
que provavelmente nunca conseguíramos explicar.
Ainda não existe investimento em pesquisas científicas para compreender exatamente
o que o cozimento, a industrialização alimentar e nosso novo estilo de vida moderno com
diversas substâncias químicas criadas pelo homem nos produtos que usamos e consumi-
mos e o distanciamento da natureza, do contato diário com animais, plantas e do nosso
habitat natural são capazes de causar a nós. Entretanto, acho que é só olharmos em volta,
não precisamos de pesquisas publicadas em jornais médico -científicos para demonstrar o
óbvio e visível: a degeneração humana.
As principais doenças que matam quase toda a população mundial antes do tempo são
autocriadas e nunca precisam ocorrer, e caso ocorram, são facilmente revertidas. A natu-
reza fornece nossos alimentos já prontos, não precisamos enviá-los para uma indústria para
serem processados, refinados, empacotados em embalagens chamativas e ai então nós
ingenuamente, na melhor das intenções, comprarmos para os nossos filhos e darmos para
eles ingeri-los acreditando que ali possui toda a química estruturada por bilhões de anos de
evolução pela natureza para devidamente formar os organismos animais que nela habitam.
Minha motivação principal na época que comecei a escrever meu primeiro livro chamado
“Saúde Frugal – O guia ao crudivorismo, a dieta original” foi simplesmente evitar que todas
as novas gerações e todas as pessoas no mundo passassem por todas as dores e doenças
que passei e pudessem se sentir tão bem quanto eu me sentia, ao viver da forma que a natu-
reza pretendia. Agora com este livro, viso educar principalmente os pais, pois são os forma-
dores de hábitos da próxima geração. Portanto, ao educar os pais, estaremos educando os
filhos e, assim, moldando o mundo de amanhã.
Quando nós adultos aprendermos sobre a ciência da saúde (higienismo) teremos um
mundo onde crianças crescem em um paraíso, íntegras, não só fisicamente imunes a doen-
ças, mas mais mentalmente sadias, equilibradas e sociáveis, se relacionando da forma prís-
tina a qual é nossa herança natural. Teremos literalmente o céu na terra. A nossa existêcia
e de todas as futuras gerações será vivida literalmente nos "jardins do éden", aquele que
nunca deveríamos ter saído.

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 Protegendo a família
Capítulo 1 e as próximas gerações

“Eu vi crianças que foram criadas de forma Higienista, sentadas ao lado da cama com crian-
ças com sarampo e elas não contraíam a doença, se mantendo saudáveis”. Dr. H. Shelton em
sua palestra “Natural Hygiene & care of sick children”, em Nova Yorque, julho de 1957.

Pais geralmente reclamam que seus filhos pegaram doenças. Que sua criança, brin-
cando com o vizinho, contraiu um vírus dele. Ou que a janela do quarto da criança, por ter
sido esquecida aberta durante toda a noite, propiciou germes e bactérias que invadiram o
organismo de seu filho e enfraqueceram seu sistema imune. Ou a culpa foi da mudança do
tempo, ou do filho ter se molhado e ficado com a roupa molhada no tempo frio. Eles, infe-
lizmente, nunca conectam aos alimentos não naturais, processados, industrializados, cozi-
dos e todas outras substâncias sintéticas aos quais a criança é exposta, comprometendo a
sua saúde e desenvolvimento. Assim como também não conectam à falta de contato com
ar puro, a luz do sol, atividades físicas diárias, suficiente sono sem alarmes e despertado-
res e em horário adequado com o nosso “relógio biológico”, um ambiente não estressante
e não poluído visual e sonoramente e vários outros fatores essenciais à boa saúde com as
enfermidades e sintomas de seus filhos.
Pais, a grande maioria deles, nunca se responsabilizam ou percebem que, doenças infan-
tis são na verdade erros próprios. Erros que cometem em suas próprias vidas, por viverem
fora de nosso habitat natural e processando sua comida, acabam passando seus hábitos
e erros para seus filhos, ensinando-os, alimentando-os e expondo-os a condições, influ-
ências e estímulos não naturais, que não fornecem os nutrientes e elementos adequados
para a boa saúde.
Por mais que essa verdade possa doer, chocar, ou ser vorazmente atacada e rejeitada,
ela é a maior das verdades. A grande maioria dos pais não compreende que através do sim-
ples cozimento de um alimento, diversas alterações químicas ocorrem ali e que ele não
só perde centenas de nutrientes, mas como se formam compostos tóxicos, cancerígenos,

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mutagênicos, citotóxicos ou seja, tóxico a suas células e capaz de causar mutações no DNA
e ligar seu sistema imune como se você estivesse sendo atacado por um vírus, no processo
chamado de leucocitose digestiva1,2,3.
Simplesmente por um alimento conter algum nível de toxicidade, não quer dizer que ele
não contenha nutrientes, se não, seres humanos não estariam vivendo de comida cozida
há alguns milhares de anos. Mas da mesma forma que fumar cigarros não causa câncer da
noite para o dia, ao longo de uma vida, isso vai bioacumulando e causando as anomalias
bioquímicas que nós chamamos de doenças. Após algumas décadas de um estilo de vida
errôneo e não natural, nosso corpo vai diminuindo cada vez mais sua capacidade funcio-
nal, dores e sintomas aumentam a cada mês, até que o inevitável resultado é geralmente a
falência de um órgão vital que leva a morte do organismo, muito antes de sua capacidade
de longevidade e muito abaixo da funcionalidade que deveria ter na idade do falecimento.
O quão mais bem nutrida sua criança for, quão mais nutrientes por calorias o alimento
que ela come contém, o quão melhor ele for digerido, absorvido pelo trato digestivo e assi-
milado pelas células, o quão menos toxinas ela ingerir e todos os outros fatores de estilo de
vida que influenciam o processo nutricional, será a proporção de o quão mais saudável, lon-
geva e alto desempenho físico e mental ela terá.
Partindo da premissa que o cozimento não é natural e este hábito de atear fogo a nossa
comida é extremamente recente e contraproducente a nossa saúde, alimentar seu filho
com comida cozida habitual (extremamente cozida e misturando inúmeros grupos de ali-
mentos diferentes na mesma refeição) é leva-lo a vivenciar uma saúde menor que a ideal.
Seres humanos viveram provavelmente 6 a 8 milhões de anos em uma dieta crua pro-
vavelmente vegana ou quase vegana, de alimentos integrais e minimalistas, comendo um
a dois tipos de alimentos a cada refeição e apenas há alguns milhares de anos cozinhamos
pouco uma pequena porção de nossa comida, e somente nos últimos quase 200 anos temos
cozinhado em excesso tudo o que comemos e misturado uma dezena ou mais de ingre-
dientes a cada refeição. E é fácil perceber que das 700 mil espécies vivendo na natureza,
NENHUMA mãe alimenta sua prole com alimentos cozidos, processados, desvitalizados e
não adaptados à sua espécie e com uma dezena de misturas.
Entretanto, é importante frisar que não só a criança precisa ser saudável, mas os pais
também. Pois para um relacionamento sadio entre um homem e uma mulher, assim como
para toda família, precisamos que todos os membros sejam realmente saudáveis, viven-
ciando o mais alto nível de saúde possível, aquele que a natureza pretendia, pois só assim
evitamos não só doenças agudas e crônicas através de nossas vidas e a de nossos filhos, mas
como evitamos problemas pessoais, brigas familiares e um ambiente familiar conturbado
moderno. Sou realmente convicto que esse ambiente tenso, familiar ou nas relações sociais
é gerado devido às alterações bioquímicas causadas pelo nosso estilo de vida moderno e
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não natural, que por sua vez causa desequilíbrios no funcionamento do nosso cérebro que
promovem um comportamento tenso, instável, irritado, rancoroso e menos sociável.
Seu filho seguirá seu exemplo e não seu conselho
“Se você tem mais de 10 anos, a questão não é se você quer começar a comer saudável para
prevenir doenças cardiovasculares, mas se você quer ou não reverter a doença que já tem” Dr.
Michael Greger comentando o artigo: “Pedriatric Aspects of Childhood” mostrando que
praticamente todas as autópsias de crianças acima dos 10 anos de idade no mundo oci-
dentalizado, já indicam doença cardiovascular.
Um estudo de pesquisadores brasileiros, publicado no jornal médico científico “Nutri-
tion Journal”, provou que o nível de educação escolar da mãe influenciava no consumo de
alimentos não saudáveis por seus filhos4. Mães com maior nível de escolaridade, alimenta-
vam seus filhos de forma mais saudável.
Não precisamos de estudos científicos para perceber que o âmbito familiar da civiliza-
ção ocidental atual é conturbado enquanto em civilizações rurais, o respeito à família, aos
mais velhos e a sensação de colaboração entre os familiares é muito maior, assim como o
comportamento infantil não é baseado em choros, má-criação e desleixamento. Poucos
correlacionam o meio ambiente que a criança moderna vive e sua influência no psicológico,
induzindo um comportamento difícil e antissocial. Poucos compreendem que o âmbito da
cidade geralmente induz uma dieta e um estilo de vida inadequado, fornecendo alterações
bioquímicas para longe do ideal, tornando seu filho uma criança mais problemática.
Acredito que o primeiro passo ao sucesso no crescimento do seu filho é se educar e
mudar seus próprios hábitos, sendo um modelo perfeito ao qual seu filho se espelhará e
copiará seus hábitos através de sua infância e formação. Pais que comem e vivem de forma
saudável, geralmente influenciam seus filhos a praticarem exercícios e uma dieta saudável.
Também são magros e, portanto, não tem junk-food na casa, o que não só diminui a proba-
bilidade da criança comer este tipo de alimento, como não corrompe o paladar dela desde
cedo, fazendo-a se adaptar aos alimentos saudáveis ao invés de sentir nojo deles. E ao
serem educados e conscientes dos malefícios de uma dieta onívora cozida, estarão convic-
tos que a curto e a longo prazo sua escolha de estilo de vida será realmente benéfica a toda
sua família. Pesquisas comprovam que uma abordagem de educação na família inteira, é
mais eficaz em prevenir a obesidade, do que em apenas um membro5.
E o segundo passo é criar a criança o máximo possível fora dos centros urbanos. Quanto
mais anormal é o ambiente que vivemos, mais anormais tendem a serem nossos hábitos.
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Em cidades pequenas, a criança naturalmente irá, mesmo sem pensar, respirar um ar mais
puro, ir para a cama mais cedo todos os dias, estar em contato com árvores de frutas e jar-
dins com plantações, e não terá tanta oferta de comida industrializada. Não teria amigui-
nhos e festas de amigos cheios de coisas industrializadas e extremamente cozidas ou fri-
tas, repletas de refrigerantes, sorvetes e bolos. Até mesmo as cidades pequenas hoje em
dia já são de certa forma industrializadas e contêm muitas coisas erradas, mas quanto mais
longe da selva de pedra que chamamos de cidade estamos, melhores serão os parâmetros
de saúde, porque ficará cada vez mais difícil ter contato com hábitos nocivos, pois as pes-
soas são mais simples e tem um menor poder aquisitivo, consomem menos coisas indus-
trializadas, menos produtos de origem animal, menos remédios, e são forçadas a fazer
mais exercícios físicos pela necessidade de plantar, andar de bicicleta ao invés de carro para
seus compromissos e por isso também expõem mais suas peles ao sol, respiram mais ar
puro, são expostas a menos toxinas ambientais etc. São incontáveis fatores, mas o quanto
melhor e mais puro for o ambiente em que a criança viver e crescer, melhor serão seus hábi-
tos para o resto da vida.
Para evitar erros com nossos filhos, precisamos entender melhor os problemas que estão
acontecendo com as crianças no mundo de hoje, para poder refletir se queremos que nos-
sos filhos tenham os mesmos resultados que crianças têm tido por todo o mundo industria-
lizado e supostamente civilizado.
Obesidade infantil, uma criança cheinha
não é sinônimo de boa saúde
“Assim como o peso corporal das crianças aumentou, seu consumo de fast-foods e refri-
gerantes também. A proporção de alimentos que as crianças consomem de restaurantes e
cadeias de fast-food cresceu em torno de 300% entre 1977 e 1996.” Marrie-Pierre St-Onge,
nutricionista e cientista especializada em obesidade6.
Toda nossa sociedade, nosso conceito, desde provavelmente a era medieval, enxerga
pessoas mais cheinhas, sejam de bebês até crianças, adolescentes e adultos como mais
saudáveis e normais do que magrinhos. Todos nós olhamos para bebês cheinhos e pen-
samos: "que bonito" ou "que gracinha" ou "que saudável". Nada poderia ser mais longe da
verdade.
Sabemos na atualidade que o tecido adiposo é na verdade um órgão endócrino, que
quando em excesso pode promover a inflamação, produção excessiva de hormônios, cau-
sando inúmeros desequilíbrios no organismo. Os adipócitos (células de gordura), são res-
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ponsáveis pela produção de leptina (hormônio da saciedade), o qual fica demasiadamente
aumentado na obesidade e acaba por prejudicar a sinalização deste hormônio, causando
resistência leptníca. De forma similar acontece com a insulina e o diabético, aonde existe
hiperinsulinemia devido à resistência insulínica. Esta resistência leptníca, impede o hormô-
nio de fazer sua função de controle do apetite, o controle da massa corporal por aumen-
tar o gasto de energia, entre outros fatores. A natureza nos fez para mantermos apenas
o necessário de gordura corporal e não estocarmos “comida excessivamente” em nosso
organismo7,8.
Diversos bebês de animais mamíferos, ao nascerem, são demasiadamente magros,
entretanto, crescem perfeitamente para se tornarem animais robustos. O bebê humano,
antigamente, nascia consideravelmente menos pesado e isso nunca foi um problema. Mas
o conceito em voga de “mais e maior é melhor”, quando uma criança não nasce pesada ou
não é mais cheinha durante toda sua infância, adolescência e até mesmo na fase adulta,
todos nós achamos que ela tem algum problema ou que precisa ser estufada de comida
para ganhar aquela aparência “saudável”. E, infelizmente, alimentam a criança com todo
o tipo de alimento hiper calórico, hiper-proteíco, hiper-lipídico e geralmente pobre em
vitaminas, minerais e antioxidantes, água e fitonutrientes em função de fazer ela “ganhar
peso” para ser saudável, alcançando uma curva de ganho de peso e altura, previamente
estipulada estudando outras crianças que são também alimentadas assim e crescem de
forma anormal.
A ONU alega que aproximadamente 44 milhões de crianças pelo mundo sofrem de
sobrepeso ou obesidade9. No Brasil, estimasse que 7.3% das crianças abaixo de cinco anos
já tem sobrepeso10. O jornalista Najar Tubino, em um artigo chamado “Alimentação: "A
tecnologia mórbida” para o site “Carta Maior”: “A indústria da alimentação deverá fatu-
rar em 2014 US$5,9 trilhões, segundo estimativa da agência britânica dedicada à pesquisa
sobre consumo e marcas – The Future Laboratory”. Logo em seguida alega que: “Entre as
crianças de 5 a 9 anos o aumento da obesidade multiplicou por quatro nos meninos (de 4,1%
para 16,6%) e por cinco entra as meninas – de 2,4% para 11,8%. Uma em cada 10 crianças
abaixo dos seis anos já apresenta sobrepeso”. Tirando esses 16% já acima do peso, 14% a
mais está em risco11. A quantidade de crianças acima do peso praticamente triplicou em
pouco mais de 30 anos12. De 1992 até 1994, os casos de DM 2 (diabetes tipo 2) em bebês
até 19 anos de idade aumentaram de 2 para 16% e entre crianças de 10 até adolescentes de
19 anos, aumento de 3 a 10% para 33%13.
Crianças acima do peso tem maiores índices de colesterol, triglicerídeos, pressão arterial
e insulina14. Todos estes são conhecidos como “biomarcadores”. Substâncias que quando
aparecem acima do normal em nosso sangue ou organismo, são indícios que não estamos
saudáveis, que teremos complicações mais tarde na vida e que estamos reduzindo nossa
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expectativa de vida. Como o colesterol, que quando elevado é associado a DCV (doença
cardiovascular).
E elas acabam desenvolvendo diversas doenças, entre elas o diabetes ou pré-diabetes, o
que leva a sofrerem de maiores níveis de inflamação, que por sua vez, é correlacionado com
maiores índices de morbidade e mortalidade por doenças cardíacas na fase adulta15. Quão
mais "cheinha" sua criança for quando pequena, mais doente ela será e maior é a chance de
desenvolver doenças crônicas mais tarde na vida. Citando o Dr. Shelton: “Ganho de peso
deve representar um saudável crescimento dos ossos, músculos e outros órgãos do corpo
e não o aumento de gordura corporal”16.
Pesquisadores já documentaram o aumento de fraturas ósseas em crianças com sobre-
peso, sugerindo que a obesidade infantil é particularmente detrimental à saúde óssea. Ado-
lescentes com alto percentual de gordura tinham ossos quase 10% mais frágeis que os com
percentual normal. O pesquisador Richard Lewis alega: “Quando você é novo, você tem a
possibilidade de moldar seus ossos. Quando você já chegou a fase adulta não mais. Por isso,
a obesidade infantil pode ter um maior e mais duradouro impacto negativo ao esqueleto”17.
Apesar das constantes recomendações da mídia e das profissões da área de saúde suge-
rirem que a solução para a pandemia de obesidade é simplesmente comer menos e se exer-
citar mais, não parece estar adiantando, já que vemos os índices de obesidade aumentando
a cada momento em adultos e ainda pior, nas crianças, mesmo seguindo as recomenda-
ções usuais, a pirâmide nutricional etc. continuam a sofrer bullying devido a desfiguração
que o sobrepeso e obesidade causam em seus corpos. Não devemos comer menos, mas sim
comer na verdade muito mais, mas dos alimentos certos, mudar principalmente o tipo de
comida, ao invés de focar tanto na quantidade da comida.
Temos até artigos científicos alegando que o padrão de normalidade para percentual de
gordura em americanos é algo anormal e já acima do peso, podemos imaginar que o que
vemos como um peso normal em crianças já é algo acima da média. Sabemos que gordura
visceral (abdominal) é correlacionada a resistência à insulina e outras desordens metabóli-
cas, uma delas o diabetes, que pode levar a pessoa até mesmo a ficar cega, perder um mem-
bro ou danos aos nervos.
O sobrepeso e a obesidade na criança afetam e muito a condição fisiológica, física e psi-
cológica por toda sua vida. Não adianta imaginar que apenas por uma criança emagrecer
que os efeitos da obesidade induzida por uma dieta de junk-food as vezes por uma década
ou mais serão apagados da noite para o dia. E para piorar, imagina o que faz ao psicológico
da criança, pois apesar de emagrecer, provavelmente permanecerá com estrias, no caso de
ser homem capaz de sofrer de ginecomastia (seios masculinos) para o resto da vida, entre
diversas outras alterações estéticas e fisiológicas que são irreversíveis.
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A saúde e a doença são uma linha contínua e não podemos simplesmente apagar nosso
passado. Lembre-se que a doença e saúde são relativos a causa e efeitos multifatoriais. Elas
não ocorrem por acaso e nunca por uma, mas inúmeras causas.
Apenas mudando para hábitos saudáveis, após a fase de formação do organismo, não
corrigirá todos os problemas desenvolvidos por décadas de deficiências nutricionais. Faça
questão de alimentar seu filho com uma dieta natural baseada em alimentos integrais, fres-
cos, vegetais e de preferência crus ou uma grande quantidade sendo crua, prioritariamente
frutas, vegetais, oleaginosas e outros alimentos veganos, que fornecerá a ele não só os
benefícios estéticos de um peso adequado e um corpo bonito, mas os benefícios psicológi-
cos, já que aumentará sua autoconfiança e os benefícios fisiológicos de prolongar sua vida
e eliminar os riscos de patologias agudas e crônicas para o resto da vida.
Programação metabólica
O processo de geração de uma nova vida é magnífico. O feto, literalmente “come” o san-
gue de sua mãe, rico em nutrientes, em seu desenvolvimento. Desde grandes nutrientes,
como carboidratos, proteínas e gorduras, até pequenos nutrientes como vitaminas e mine-
rais. Até mesmo a vitamina D que a mãe sintetiza através do sol é importante para o feto.
O período da gestação e da infância é definitivamente o período mais importante na
vida de um organismo. Os extremamente complexos mecanismos de divisão, multiplica-
ção e especialização celular que envolvem inúmeras mudanças bioquímicas, desde hormo-
nais, até interações de nutrientes etc. não são ainda completamente compreendidas por
nós. Apesar de já termos muitos dados de como ocorre, ainda não conseguimos explicar
ou entender todos os procedimentos detalhadamente. E pelo que vejo a forma que as pes-
soas alimentam suas crianças, não conseguem realmente compreender a real importância
de que este processo de desenvolvimento e crescimento ocorra de forma otimizada para
a criança.
A formação pode ocorrer de forma menos que ideal, predispondo a criança a inúme-
ras doenças a curto e a longo prazo, assim como uma menor funcionalidade em seu orga-
nismo, desde física até mental. Alterações nas proporções de macro e micronutrientes,
sejam excessos ou insuficiências dos mesmos, levam a alterações permanentes em meca-
nismos de epigenética, principalmente a chamada metilação do DNA, ligando e desligando
genes, que programará a saúde e o comportamento do organismo para o resto da vida, pre-
dispondo ele a diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão, obesidade, doenças renais
etc. Sendo este processo chamado de programação metabólica ou do desenvolvimento.
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