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São Carlos
2018
GUSTAVO TOSI PELOSI
São Carlos
2018
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE
ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
DEDICATÓRIA
Aos meus familiares e a Deus por me darem todo o suporte e terem me guiado durante
todos esses cinco anos de graduação.
Ao Prof. Dr. José Benedito Marcomini por aceitar ser meu orientador e ter contribuído
para meu crescimento técnico durante minha graduação.
À Villares Metals S.A, nas pessoas do Engº Rômulo Moreno e Thaís Dutra por
permitirem a realização deste trabalho durante meu período de estágio na empresa.
A todos os meus colegas de estágio e técnicos dos laboratórios que, no dia a dia,
tornaram este trabalho mais descontraído através das conversas e cafés nos intervalos
durante o trabalho.
EPÍGRAFE
Palavras-chave: Aço rápido. AISI M2. AISI M50. Carbonetos. Austenitização. Revenimento
ABSTRACT
PELOSI, G. T. Tempering curves for AISI M2 and M50 High-Speed Steels. 2018. 73 f.
Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, São Carlos, 2018.
Due to the high mechanical strength, even at higher temperatures, and abrasion
resistance, high speed steels are used in the manufacture of cutting and machining tools. With
the presence of several chemical compositions, the high speed steels have, in general, carbon
concentration around 1%, with reasonable contents of alloying elements of carbides. The high
hardness of these carbides is what allows a great resistance to abrasive wear. Good distribution
and dispersion of the carbides in the matrix are necessary for satisfactory performance in
service. In order to obtain the properties, the high speed steels are used in quench and tempered
condition, with a matrix composed mainly of martensite with dispersed carbides. The
temperature of austenitization during the tempering treatment plays a fundamental role in the
process, influencing the austenitic grain size and the distribution of the precipitated carbides.
The temperature and time of tempering also influence the amount, shape and distribution of the
precipitates, affecting the final hardness of the material. This work aimed to investigate the
influence of austenitizing and tempering temperatures on the hardness and microstructure of
two high speed steels, AISI M2 and M50. Samples were austenitized at temperatures of 1100
and 1180°C, with oil quenching followed by double tempering at different temperatures.
Through the grain size analysis, intense grain growth was observed in AISI M50 steel when the
austenitization temperature changed from 1100 to 1180ºC. The microstructural analyzes
revealed a martensitic matrix with precipitated carbides, varying the amount according to the
steel and temperature used. In general, for both materials, the higher austenitization temperature
resulted in higher hardness after tempering.
Keywords: High-Speed Steels. AISI M2. AISI M50. Carbides. Austenitization. Tempering.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
ºC Graus Celsius
m Metro
min Minuto
% Porcentagem
mm Milímetro
µm Micrometro
º Graus
kgf Quilograma-força
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................................23
1.1 Objetivo ...............................................................................................................................24
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................................25
2.1 Aços rápidos ..............................................................................................................................25
2.2 Microestrutura ..........................................................................................................................28
2.2.1 Formação de carbonetos ...........................................................................................................29
2.2.2 Conformação mecânica a quente...............................................................................................31
2.3 Tratamentos Térmicos ..............................................................................................................33
2.3.1 Recozimento ............................................................................................................................33
2.3.2 Alívio de tensões ......................................................................................................................35
2.3.3 Têmpera ...................................................................................................................................35
2.3.3.1 Austenitização .......................................................................................................................36
2.3.4 Revenimento ............................................................................................................................43
2.4 Aço AISI M2..............................................................................................................................46
2.5 Aço AISI M50 ............................................................................................................................48
3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL .......................................................................................51
3.1 Análise de micro-inclusão .........................................................................................................51
3.2 Tratamentos térmicos: têmpera e revenimento ........................................................................53
3.3 Análise de tamanho de grão ......................................................................................................54
3.4 Ensaio de dureza .......................................................................................................................55
3.5 Análise microestrutural ............................................................................................................56
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................................57
4.1 Análise de micro-inclusão .........................................................................................................57
4.2 Análise de tamanho de grão ......................................................................................................58
4.3 Ensaio de dureza .......................................................................................................................60
4.4 Análise microestrutural ............................................................................................................64
5. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS ...........................................................................71
REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................73
Apêndice A – Composições químicas para diversos aços rápidos segundo a classificação da AISI ....75
23
1 INTRODUÇÃO
1.1 Objetivo
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os aços rápidos correspondem a uma categoria de aços dentro do grupo dos aços
ferramentas. [ROBERT; KENNEDY; KRAUSS, 1998]. Os aços ferramentas tiveram sua
origem por volta de 1868 e são basicamente aços de alto teor de carbono com adições de
elementos de liga adicionados a fim de proporcionar resistência ao desgaste e tenacidade,
aliados com alta resistência mecânica. [JESUS, 2004].
A literatura como um todo caracteriza os aços rápidos como sendo aqueles capazes de
manter sua dureza em temperaturas elevadas, superiores a 600 ˚C, sendo muito empregados
como ferramental em operações de usinagem, principalmente no corte de aços e outros
materiais onde, durante a operação de corte, há a geração de excessivo calor, aquecendo a
ferramenta de corte. Essa resistência ao amolecimento, também conhecida como resistência ao
revenido, é referenciada em muitos textos como “red hardness”, fazendo-se referência à
coloração avermelhada que pode ser gerada na ferramenta devido ao calor concentrado durante
a operação de corte. Além disso, os aços rápidos possuem elevada resistência ao desgaste
abrasivo. [ROBERT; KENNEDY; KRAUSS, 1998]
Quando comparado a outras ferramentas de corte, os aços rápidos são de baixo custo e
possuem excelente tenacidade à fratura e resistência ao choque e à fadiga térmica.
[STEPHENSON; AGAPIOU, 2016]
Estimativas realizadas no início da década de 1990 mostram que cerca de 46% das
ferramentas utilizadas em operações de corte eram de aço rápido [ABRÃO; ASPINWALL;
27
WISE *, 1993 apud JESUS, 2004, p22], com produção mundial em torno de 140.000 ton/ano
[BACHNER, HRIBERNIK, KUHNELT **, 1990 apud JESUS, 2004, p22].
Todas essas propriedades citadas são conseguidas devido aos elementos presentes
nesses aços. Todos eles, de maneira geral, são constituídos de quantidades suficientes de
carbono e elementos de liga capazes de formar carbonetos durante seu processamento. Os três
elementos de liga mais utilizados ao realizar a composição de um aço ferramenta são
molibdênio, tungstênio e vanádio. Além disso, quantidades consideráveis de cromo e cobalto
também são encontradas em alguns aços. [DURAND-CHARRE, 2013]
*
ABRAO, A. M.; ASPINWALL, D. K.; WISE, M. L. H. A review of polycrystalline cubic
boron nitride cutting tool developments and application. In: Proceedings of the Thirtieth
International MATADOR Conference. Palgrave, London, 1993. p. 169-180.
**
BACHNER, E; HRIBERNIK, B. AND KUHNELT, G. Developmentes in the sector of
high speed steels. In: First International High Speed Steel Conference, Leoben, 26th to 28th,
March 1990. Proceedings... Leoben: 1990, p. 11-32
28
Segundo a classificação proposta pela AISI (American Iron and Steel Institute), os aços
rápidos são classificados em dois grandes grupos, de acordo com o principal elemento de liga
presente na composição química. Os grupos são designados pelas letras M e T correspondendo,
respectivamente, aos aços baseados no elemento molibdênio e tungstênio. De maneira geral, os
integrantes dos dois grupos possuem desempenhos similares, muito embora os aços
correspondentes ao grupo M serem mais empregados devido a vantagem econômica propiciada
pelo molibdênio, uma vez que este possui peso atômico aproximadamente à metade do
tungstênio, podendo ser empregado em menor quantidade sem perder desempenho. Esse fato é
conseguido pois molibdênio e tungstênio possuem raios atômicos próximos e formam
carbonetos similares. [ROBERT; KENNEDY; KRAUSS, 1998]. A classificação é mostrada no
apêndice A.
Dentre os aços rápido, o tipo mais ligado é capaz de atingir durezas de 69 a 70 HRC
após têmpera e revenimento. Devido a elevada quantidade de elementos de liga presentes nas
composições químicas, os aços rápidos possuem elevada temperabilidade, sendo possível
temperá-los em secções profundas somente com resfriamento ao ar. Além disso, durante o
tratamento de revenimento, esses aços apresentam o fenômeno do endurecimento secundário.
[ROBERT; KENNEDY; KRAUSS, 1998]
2.2 Microestrutura
*
HOYLE, G. High speed steels'; 1988.
30
Segundo KAYSER* et. al. (1952 apud ROBERT; KENNEDY; KRAUSS, 1998, p.258
), os possíveis carbonetos presentes nos aços rápidos podem ser dos tipos:
*
F. Kayser and M. Cohen, Carbide in High Speed Steel – Their nature and quantity,
Met.Prog, Vol 61 (No. 6), 1952, p79
* BLICKWEDE, Donald J.; COHEN, Morris; ROBERTS, George A. Effect of vanadium
and carbon on the constitution of high speed steel. 1948. Tese de Doutorado.
Massachusetts Institute of Technology, Dept. of Metallurgy
* KUO, Kehsin. Carbides in chromium, molybdenum and tungsten steels. J. Iron Steel
Inst, v. 173, n. pt 4, p. 363-375, 1953.
* KUO, Kehsin. Carbide Precipitation, Secondary Hardening and Red Hardness of High
Speed Steel. Journal of the Iron and Steel Institute, Vol 174, 1953, p 223-228.
* A. P. Gulyaev, Study of the Phase Composition of High Speed Steels, Stal, Vol 6, 1946, p
181
* GOLDSCHMIDT, H. J. The structure of carbides in alloy steels. 1. general steel. Journal
of the Iron and Steel Institute, v. 160, n. 4, p. 345-362, 1948.
* MALKIEWICZ, T.; BOJARSKI, Z.; FORYST, J. Carbides in Annealed and Quenched
High Speed Steels. J. Iron Steel Inst, v. 193, p. 25, 1959.
31
Vale ressaltar que o carboneto M2C somente foi observado como uma fase de transição
durante o revenimento dos aços rápidos. O carboneto MC, mais especificamente VC, é o mais
estável dentre eles. [DURAND-CHARRE, 2013]. Através da Figura 3 observa-se que os
carbonetos apresentam dureza muito superior à martensita, estrutura base da matriz dos aços
rápidos.
Figura 3 – Comparação de dureza entre diversos carbonetos encontrados nos aços rápidos, cementita e
martensita
A elevada dureza dos carbonetos justifica a elevada resistência ao desgaste abrasivo dos
aços rápidos. A adição de elementos de liga tem como propósito a formação de grande volume
de carbonetos, podendo chegar até a 30% em volume se somados os carbonetos tipo MC, M23C6
e M6C nos aços rápidos. [ROBERTS*; CARY, 1980 apud KRAUSS, 2015].
*
ROBERTS, G. A.; CARY, R. A. Tool steels', 4th edn; 1980. Metals Park, OH, ASM.
32
*
KIRK, F. A. et al. High-speed steel technology--The manufacturers viewpoint, J. Iron Steel
Inst., Vol 209 (No. 8), 1971, p 606-619
33
2.3.1 Recozimento
*
F. Kayser and M. Cohen, Carbide in High Speed Steel – Their nature and quantity,
Met.Prog, Vol 61 (No. 6), 1952, p79
35
Considerando-se todas as etapas que o aço rápido venha a sofrer durante seu
processamento, sabe-se que tensões residuais são introduzidas no material, principalmente
devido as deformações plásticas impostas, além de todo o processo de usinagem empregado na
manufatura das ferramentas de corte, por exemplo. Toda a tensão acumulada pode gerar
distorções nos tratamentos térmicos seguintes, principalmente a têmpera e o revenimento.
Portanto, deve-se realizar o alívio de tensões para que estas sejam eliminadas ou aliviadas.
[KRAUSS, 2015].
2.3.3 Têmpera
Os aços rápidos seguem essa mesma rota. Muitos parâmetros devem ser controlados
para que o resultado final do processo seja satisfatório. Os principais são temperatura e tempo
e, dado o processo de têmpera, o aquecimento prévio para austenitizar o material mostra-se
muito crítico, como pode ser visto a seguir.
**
THELNING, Karl-Erik. Steel and its heat treatment. Butterworth-heinemann, 2013.
36
2.3.3.1 Austenitização
*
DEVITTE, Cristiano. Estudo da utilização de aço rápido com composição química
modificada para a fabricação de brocas helicoidais DIN 338. 2014.
38
Figura 7 – Microestruturas do aço AISI M2, austenitizados em a) 1165°C; tamanho de grão ASTM 17;
b) 1210°C; tamanho de grão ASTM 12; c) 1240°C; tamanho de grão ASTM 8. Nital 10%, 1000x
Tabela 3 – Composições dos carbonetos e da matriz de diferentes aços rápidos nas condições
recozidos e temperados
Outro aspecto muito diz respeito ao tamanho de grão. De maneira geral, os aços rápidos
possuem grãos austeníticos pequenos devido ao efeito produzido pelos carbonetos primários
39
não dissolvidos, retidos na austenita, capazes de fixar os contornos de grãos, não permitindo
seu crescimento.
Figura 8 – Aço rápido AISI M42 com crescimento anormal de grão durante austenitização. Nital 4%.
500x
DURAND-CHARRE, 2013
40
Figura 10 – Diagrama CCT para um aço carbono e um aço ferramenta alta liga
Figura 11 – Efeito do tempo de austenitização e temperatura na dureza obtida para o aço rápido AISI
T1
ROBERT; KENNEDY;
KRAUSS, 1998
43
2.3.4 Revenimento
O revenimento dos aços rápidos é tratamento térmico final dos aços rápidos, etapa essa
muito crítica [ROBERT; KENNEDY; KRAUSS, 1998]. O tratamento térmico de revenimento
é necessário visto que o material apresenta elevado nível de tensões internas e baixa tenacidade
[MESQUITA, 2017] resultante das etapas de manufatura. Portanto, através do revenimento dos
aços rápidos, busca-se ajustar a dureza do material e, principalmente, aumentar sua tenacidade
por meio do aquecimento até determinada temperatura, seguido de resfriamento ao ar.
[KRAUSS, 2015; MESQUITA, 2017].
Devido à elevada concentração de elementos de liga nos aços rápidos, tais como V, Mo
e W, aliado à alta concentração de carbono, durante o revenimento há a presença do fenômeno
de endurecimento secundário causado pela precipitação de carbonetos dos elementos de liga,
possibilitando a esses materiais a obtenção de durezas acima de 68 HRC [MESQUITA, 2017].
Uma vez que durante o processo de revenimento a difusão é, de certa maneira permitida
e, sabendo-se que a martensita e a austenita retida apresentam-se com a mesma composição
química supersaturada com carbono e elementos de liga, ocorrerá, durante o tratamento térmico,
a precipitação de carbonetos dos elementos de liga. [ROBERT; KENNEDY; KRAUSS, 1998]
Na Figura 13 abaixo observa-se duas curvas de revenimento para dois diferentes aços
rápidos, AISI M1 e T15. Durante os primeiros estágios do tratamento há a precipitação de
carbonetos de ferro, resultando no decaimento na dureza. A partir de 315 °C há o início da
precipitação dos carbonetos dos elementos de liga, muito finos e estáveis, evidenciando o
endurecimento secundário que atinge pico entre 510 e 565°C. Tais carbonetos variam em
função da composição química de cada aço rápido, porém foram identificados como sendo dos
tipos M2C e MC, tipicamente carbonetos Mo 2C e W2C e carbonetos VC. A partir de 565 °C,
devido à elevada temperatura de revenimento e a consequente substituição dos carbonetos M 3C
e MC por carbonetos tipo M23C6 e M6C que se aglomeram e tornarem-se grosseiros, há a queda
acentuada na dureza. [ROBERT; KENNEDY; KRAUSS, 1998]
45
Figura 13 – Durezas em função da temperatura de revenimento para os aços rápidos AISI M1 e T15
*
PICKERING, F. Brian. Physical metallurgy and the design of steels. Applied Science
Publishers, 1978.
46
Segundo a classificação proposta pela AISI / SAE, o aço rápido AISI M2 é incluso no
grupo dos aços da série M (ao molibdênio) onde os principais elementos de liga, além do
molibdênio, são cromo, vanádio, cobalto e tungstênio. [JESUS, 2004]. Além de apresentar
tenacidade superior aos aços da série T após têmpera, os aços rápidos da série M apresentam
47
menor custo inicial (aproximadamente 40% menor) devido ao peso atômico do molibdênio ser
praticamente a metade do peso atômico do tungstênio. Disso, 1% em peso de molibdênio tem
o mesmo efeito a aproximadamente 1,8% de tungstênio. [JESUS, 2004]. A composição química
do AISI M2 é mostrada na Tabela 4.
Fonte: Autor
Em estimativa realizada por um fabricante de aços especiais, tem-se que os aços rápidos
à base de tungstênio-molibdênio representavam cerca de 85% da produção na unidade industrial
localizada na Áustria na qual, cerca de 67% desse montante, era liga tipo AISI M2.
[BACHNER, HRIBERNIK, KUHNELT * , 1990 apud JESUS, 2004, p.24]
Distintas normas abrangem o aço rápido AISI M2, com distintas designações, conforme
Tabela 5.
*
BACHNER, E; HRIBERNIK, B. AND KUHNELT, G. Developmentes in the sector of
high speed steels. In: First International High Speed Steel Conference, Leoben, 26th to 28th,
March 1990. Proceedings... Leoben: 1990, p. 11-32
48
Segundo a classificação proposta pela AISI / SAE, o aço rápido AISI M50 é classificado
como um aço rápido intermediário juntamente com o aço rápido AISI M52 uma vez que estes
**
HOYLE, G. High speed steels'; 1988.
49
não apresentam todas as características presentes nos aços rápidos. [ROBERT; KENNEDY;
KRAUSS, 1998]
Fonte: Autor
A composição química do aço AISI M50 justifica sua aplicação, comercialmente sendo
indicado para fabricação de brocas e serras para uso comum, menos severos, muito utilizado
em ferramenta onde é requerida elevada tenacidade com dureza mais baixa aceitável.
[VILLARES, 2009].
50
51
3. METODOLOGIA EXPERIMENTAL
Utilizou-se para as análises deste presente trabalho amostras dos aços rápidos AISI M2
e AISI M50, em bitolas redondas de diâmetro de 11,50 mm. As amostras foram obtidas de
barras laminadas, obtidas através do processo de aciaria convencional por lingotamento
convencional, em lingoteiras de 314 mm. Ambos os materiais, no momento do corte das
amostras encontravam-se no estado recozido, com superfícies retificadas.
Fonte: Autor
Sabe-se que as inclusões são partículas não-metálicas presentes na matriz, sendo resultantes
do processo de fabricação do aço. Sua presença é muito impactante no material, uma vez que
estas afetam negativamente as propriedades mecânicas tais como a tenacidade à fratura,
resistência a fadiga e ao impacto, resistência à corrosão, entre outras. [GHOSH*, 2000 apud
MORAES, 2009, p.16]
*
GHOSH, A. Secondary steelmaking: principles and applications. CRC Press, 2000.
52
Uma vez que não é possível obter um aço totalmente livre de inclusões, tem-se estimativas
quanto à sua presença, estando presentes em quantidades entre 1010 e 1015 inclusões por
tonelada de aço [GHOSH*, 2000 apud MORAES, 2009, p.16], sendo geralmente óxidos e
sulfetos, possuindo tamanho sub-microscópico. [MORAES, 2009]
A análise de micro-inclusões foi realizada em uma amostra de cada material. Para tal,
realizou-se o embutimento em baquelite das amostras.
Fonte: Autor
*
GHOSH, Ahindra. Secondary steelmaking: principles and applications. CRC Press, 2000
53
Fonte: Autor
Figura 17 – a) Amostra logo após sair do forno de têmpera; b) óleo utilizado como meio de
resfriamento
b)
a)
Fonte: Autor
A verificação do tamanho de grão foi realizada para as amostras brutas de têmpera, para
os dois aços, austenitizados em 1100 ºC e 1180 ºC. Para a revelação dos contornos de grão
realizou ataque em solução de Nital 4% (4% ácido nítrico em etanol), durante aproximadamente
15 segundos, de acordo com o grau de revelação desejado.
*
Informação fornecida pelo engenheiro Willian Rogério Sussai, em Sumaré-SP, em 2018.
56
Fonte: Autor
Para o valor final de dureza, descartou-se o maior e menor valores, realizando-se a média
aritmética das quatro medidas restantes.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 19 - Micrografias ilustrando as inclusões detectadas. a) aço AISI M2; b) aço AISI M50. Aços
no estado recozido. 100x, sem ataque
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Segundo a norma ASTM E45, as inclusões mostradas foram óxidos globulares nível 1
em ambos os aços. A partir da classificação obtida, ambos os aços rápidos, AISI M2 e M50,
apresentam alto grau de limpeza proveniente dos processos de fabricação empregados em suas
obtenções apesar desses materiais terem sido obtidos através da rota convencional de produção,
ou seja, passando pelos processos de forno elétrico, forno panela e VOD (Vacuum Oxygen
Decarburization).
58
Figura 20 – Resultados obtidos de tamanho de grão a 1100 e 1180°C para os aços AISI M2 e M50
Fonte: Autor
59
Figura 21 – Micrografias utilizadas para análise de tamanho de grão. a) e b) aço AISI M2,
austenitizados a 1100 e 1180°C, respectivamente; c) e d) aço AISI M50 austenitizados a 1100 e
1180°C, respectivamente. Ataques: Nital 4%. Ampliação: 500x
Fonte: Autor
Figura 22 – Curvas de revenimento obtidas para o aço AISI M2 austenitizado a 1100 e 1180°C.
Revenimento: 2 x 60 min
Fonte: Autor
Figura 23 – Curvas de revenimento obtidas para o aço AISI M50 austenitizado a 1100 e 1180°C.
Revenimento: 2 x 60 min
Fonte: Autor
62
Figura 24 – Curvas de revenimento para os aços AISI M2 e M50, austenitizados a 1100 e 1180°C.
Revenimento: 2 x 60 min
Fonte: Autor
Para a temperatura de 1180 ºC, observa-se para ambos os materiais aumento de dureza
com relação à têmpera realizada à 1100 ºC. Entretanto, essa maior temperatura de austenitização
foi capaz de resultar em durezas superiores para o aço AISI M2, para temperaturas de
revenimento até aproximadamente 550 ºC, quando a dureza do AISI M50 passa a ser superior,
muito devido ao maior coalescimento de carbonetos no aço AISI M2 a partir desta temperatura.
64
Figura 25 - Micrografias obtidas para os aços rápidos AISI M2 e M50, austenitizados a 1100°C,
temperados em óleo e revenidos a 500°C. a) AISI M2; b) AISI M50.
a)
b)
Fonte: Autor
65
Figura 26 - Micrografias obtidas para os aços rápidos AISI M2 e M50, austenitizados a 1100°C,
temperados em óleo e revenidos a 540°C. a) AISI M2; b) AISI M50.
a)
b)
Fonte: Autor
a)
66
Figura 27 - Micrografias obtidas para os aços rápidos AISI M2 e M50, austenitizados a 1100°C,
temperados em óleo e revenidos a 580°C. a) AISI M2; b) AISI M50.
a)
b)
Fonte: Autor
a)
67
Figura 28 - Micrografias obtidas para os aços rápidos AISI M2 e M50, austenitizados a 1180°C,
temperados em óleo e revenidos a 500°C. a) AISI M2; b) AISI M50.
a)
b)
Fonte: Autor
a)
68
Figura 29 - Micrografias obtidas para os aços rápidos AISI M2 e M50, austenitizados a 1180°C,
temperados em óleo e revenidos a 540°C. a) AISI M2; b) AISI M50.
a)
b)
Fonte: Autor
a)
69
Figura 30 - Micrografias obtidas para os aços rápidos AISI M2 e M50, austenitizados a 1180°C,
temperados em óleo e revenidos a 580°C. a) AISI M2; b) AISI M50.
a)
b)
Fonte: Autor
realizado com Nital 4%. Não é o escopo deste trabalho abranger a presença específica de outras
fases.
Comparando-se um mesmo aço, como por exemplo o AISI M2, percebe-se que dada
uma temperatura de austenitização, tanto a 1100 °C e 1180 °C, à medida que a temperatura de
revenimento é aumentada o volume dos carbonetos é crescente. Além disso, uma mudança é
observada em termos geométricos: na temperatura de revenimento correspondente a 580°C os
carbonetos presentes se mostram de maneira muito mais esferoidizados e coalescidos, o que
justifica a queda de dureza desse material para essa temperatura.
A partir dos resultados apresentados neste trabalho foi mostrado o efeito da temperatura
de austenitização e revenimento para dois aços rápidos, AISI M2 e M50.
REFERÊNCIAS
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Methods for Determining Average Grain Size. West Conshocken, PA: ASTM, 2013. 28 p.
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM E45: Standard Test
Methods for Determining the Inclusion Content of Steel. West Conshocken, PA: ASTM,
2018. 20 p
CHANDLER, Harry (Ed.). Heat treater's guide: practices and procedures for irons and
steels. ASM international, 1994.
GHOSH, Ahindra. Secondary steelmaking: principles and applications. CRC Press, 2000.
HONEYCOMBE, R. W. K.; BHADESHIA, H. K. D. H. Steels, Microstructure and
Properties, Metallurgy and Materials Science. Edward Arnold Butterworth Heinemann,
London, England, 1995.
OMSEN, A. The annealing of high-speed steel. J IRON AND STEEL INST, v. 207, n. 5, p.
610-620, 1969.
ROBERTS, George Adam; KENNEDY, Richard; KRAUSS, George. Tool steels. ASM
international, 1998.
SILVA, André Luiz V. da Costa e; MEI, Paulo Roberto. Aços e ligas especiais, v. 3, 2006.
STEPHENSON, David A.; AGAPIOU, John S. Metal cutting theory and practice. CRC
press, 2016.
VILLARES METALS; Desenvolvimento do aço VK8E Villares, 2016.
75