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Chegou a hora do segundo texto da série


“Produção de Cannabis: Onde estão os
Agrônomos?”. Desta vez vamos abordar o
tema de doenças que a>igem a espécie
bem como alguns problemas Bsiológicos.
Caso não tenha visto, o primeiro texto da
série você pode conferir aqui.

O Cânhamo, como todas as commodities


agrícolas, sofre com problemas de
patógenos, em sua maioria espécies de
fungos que atacam a cultura em diferentes
momentos e em diferentes órgãos da
planta. Este texto, para agrônomos
brasileiros que tiveram uma boa dose de
Fitopatologia durante o curso de
Agronomia, já adianto que não vamos ter
muitas novidades, a grande maioria dos
fungos Btopatógenos são os mesmos que
acometem grande parte das culturas
cultivadas aqui no Brasil.

Isso é bom e ruim ao mesmo tempo, na


minha opinião. Bom por que já sabemos
como lidar com a maioria deles, porém
ruim por saber que eventualmente,
quando o Cânhamo for cultivado em larga
escala, ele vai sofrer ataques destas
doenças e talvez o cultivo seja impeditivo
em áreas que contenham alta incidência
destes patógenos. Essa é uma distinção
importante, enquanto as pragas não são
necessariamente as mesmas das grandes
culturas brasileiras, o que favorece o uso
do Cânhamo em uma rotação de culturas
nesse sentido, a maioria das doenças
fúngicas são as mesmas, mantendo no
campo os esporos gerados durante o ciclo
reprodutivo destes organismos, seja nas
plantas vivas ou na própria palhada após a
colheita.

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Sem mais delongas, vamos aos principais


patógenos que atacam a cultura do
Cânhamo:

Mofo Cinzento (Botrytis cinerea):

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Um velho conhecido da agricultura, o


Botrytis ataca as mais diversas culturas
como videiras, tomateiros, morangos,
feijão, alface, cenoura, etc..

O fungo ataca a planta de Cannabis em


diversos momentos e diferentes alvos. O
mais comum é nas >ores, quando as >ores
fêmeas crescem e atingem um tamanho
relevante, normalmente a circulação de ar
por dentre elas é baixa e há acumulo de
umidade, favorecendo o patógeno.
Também existem diversos relatos de
infecções no caule de variedades
cultivadas para Bbras e também sementes
após a colheita, quando não há secagem
adequada e o teor de umidade Bca
elevado. A infecção das sementes é
preocupante pois inviabiliza o uso das
mesmas no próximo ciclo ou ataca
fatalmente os brotos quando há a
germinação destas sementes.

Os mecanismos de controle são: 1) manter


a umidade relativa do cultivo abaixo de
50% (situação aplicável a estufas e
cultivos indoor), e secar imediatamente as
sementes após colhidas até umidade de 8–
9%, que é considerado um nível seguro
para a maioria dos patógenos. 2) A
correção da acidez do solo até níveis de
pH 6,3–6,8, auxiliando a absorção de
Cálcio pelas plantas, e claro, aplicação de
Calcário suBciente para existir
disponibilidade, reduz a incidência da
maioria dos fungos. 3) Evitar a aplicação
excessiva de Nitrogênio e Fósforo. 4)
Controle Biológico através da aplicação de
espécies de Tricoderma, cada vez mais
difundidas na agricultura. A aplicação
normalmente se baseia em produtos que
utilizam os esporos através de spray
aplicado diretamente as plantas, ou
aplicados via irrigação ao solo, a Bm de
coibir fungos que se proliferam no solo.

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Necrose do Cânhamo (Sclerotinia


sclerotiorum):

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Sclerotinia é um dos fungos Btopatógenos


mais comuns em culturas agrícolas no
planeta, e a presença em cultivos de
Cannabis não é diferente. Sclerotinia é
conhecida por causar a doença conhecida
como mofo branco em muitos cultivos.
Este fungo normalmente sobrevive por
longos períodos no solo na forma de
escleródio. A doença foi responsável por
praticamente eliminar o cultivo do estado
do Wisconsin nos EUA durante a década
de 1940.

Os métodos de controle são comuns e


conhecidos, a incorporação dos restos
culturais ao solo, revirar o solo e promover
a solarização do mesmo por 30–60 dias e
evitar a alta umidade do solo através de
sistemas de drenagem eBcientes. Vale
ressaltar que o fungo é favorecido por alta
umidade combinada com temperaturas
mais baixas. Existem alguns produtos
biológicos comerciais, como o
ContansWG da Bayer, que contém o
fungo Coniothyrium minitans, que quebra
o ciclo da Sclerotinia e facilita o controle
em áreas de alta umidade. A prevenção é
sempre melhor que buscar o efeito
curativo depois que o fungo já se
manifestou.

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Damping o@ (Pythium e Rhizoctonia):

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Damping o^ é uma doença comum na


agricultura, normalmente causada por
espécies como Phytophtora, Rhizoctonia
ou Pythium. Baseia-se na morte
prematura dos brotos nos primeiros dias
de vida da planta após a germinação e
pode ocorrer ainda na semente, evitando
que a planta sequer germine. Também
ataca as plantas em estágio adulto, como é
possível veriBcar na imagem da direita,
onde um há um murchamento das folhas e
do início de um ponto de >oração (não
mais caracterizando damping o^, porém é
causado pelo mesmo patógeno).

Curiosamente, a Phytophtora, espécie


mais famosa, devido a ocasionar a
requeima da batata, não ataca o
Cânhamo, ou pelo menos não há relatos
do ataque até hoje. Inclusive a Cannabis
pode ser utilizada em áreas de presença
de Phytophtora para reduzir a população
do fungo na entressafra de maneira
bastante eBciente.

A maneira mais fácil de controlar a doença


é evitar o plantio em áreas com muita
umidade e também não regar em excesso.
É recomendado irrigar o solo alguns dias
antes do plantio e evitar nova irrigação até
que pelo menos 75% das plantas estejam
germinadas e já acima do solo. Também é
recomendado evitar o plantio muito cedo
na primavera em regiões mais frias, pois a
maioria dos fungos se favorece de solos
com temperaturas mais baixas. É
importante salientar que a doença pode
ocorrer em sistemas hidropônicos, onde
pode ser evitada através da simples
limpeza dos sistemas com solução de água
sanitária diluída ou outros agentes
desinfectantes.

Existem alguns produtos comerciais como


Actinovate, Mycostop e Polygangron,
biológicos a base de fungos que combatem
a maioria dos causadores do damping o^,
que podem ser aplicados ao solo, evitando
a proliferação dos mesmos. Existe a
possibilidade de aplicar nitrato de sódio
ao solo a Bm de combater os fungos,
porém essa prática pode levar a problemas
de desbalanço nutricional das plantas.
Existem também alguns produtos não
biológicos de uso comum. O uso de
extrato aquoso de >ores de Cânhamo (50g
de >ores moídas e colocadas em 1L de
água por alguns dias) é bastante eBcaz
para tratar e evitar a Phytophtora em
batata semente. O uso de Tricodermas no
solo é eBciente na prevenção destas
doenças.

Mancha amarela (Septoria):

Pelo menos duas espécies de Septoria


atacam o gênero Cannabis (cannabis e
neocannabina). A doenças se manifesta
através de manchas que iniciam nas folhas
mais velhas, variando do amarelo até o
amarronzado, normalmente pequenas e
redondas mas podendo chegar até formas
poligonais de maior tamanho.

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O patógeno sobrevive em restos culturais


durante o inverno, sendo a incorporação
dos mesmos ao solo uma forma de
controle para o próximo ano. Em plantas
de estufa ou cultivo indoor, recomenda-se
remover cuidadosamente as folhas
atacadas nos primeiros sinais de ataque,
para evitar a dispersão do fungo.

Alguns fungicidas a base de Cobre são


eBcazes no controle do fungo.

Mancha marrom (Phoma e Ascochyta):

Mancha marrom é uma doença comum


em condições de clima mais frio, a
temperatura ideal para proliferação do
fungo é entre 19–22 graus Celsius.

A doença se manifesta através de


pequenas lesões marrons que variam
entre 5 e 15mm de diâmetro, e podem
evoluir até lesões que deixam um furo
completo na folha. Normalmente folhas
mais velhas são atacadas primeiro,
existindo a possibilidade de evolução da
doença até toda a planta.

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Míldio (Pseudoperonospora):

Míldio é uma doença bastante comum na


agricultura e presente em diversas
culturas no Brasil. Em Cannabis existem
ao menos duas espécies de
Pseudoperonospora responsáveis pelo
ataque (cannabina e humuli, a segunda é
conhecida por também ataca o lúpulo,
parente próximo do gênero Cannabis).

Os sintomas iniciam com pequenas


manchas amarelas angulares na parte
superior das folhas. As lesões evoluem
rapidamente para crescimento micelial do
fungo na parte debaixo da folha, logo
abaixo das lesões. Normalmente é comum
identiBcar durante as primeiras horas do
dia, quando há acumulo de orvalho nas
folhas e é possível visualizar a água
acumulada nos micélios dos fungos na
parte inferior das folhas.

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O controle é feito normalmente através da


eliminação de restos culturais entre
cultivos, rotação de culturas (evita-se
utilizar a mesma área para cultivo no
próximo ano se o ataque foi severo), e
também através de aplicação de alguns
produtos biológicos, como o Serenade
Max da Bayer, que utiliza esporos de
Bacillus subtilis, cepa QST 713, para
controlas diversos fungos, dentre eles os
causadores do Míldio.

Necrose do caule e Murcha (Fusarium):

Fusarium é um gênero de fungos que


causam diversas doenças em Cannabis,
dentre elas a necrose do caule e a murcha.
As doenças ocorrem em condições de alta
umidade e é favorecida com o ataque de
insetos, que deixam lesões no caule onde
o fungo encontra condições favoráveis
para sua reprodução.

A Necrose é caracterizada por manchas no


caule, de aspecto úmido ou gelatinoso e
coloração amarronzada. Especialmente
prejudiciais a cultivos voltados para
produção de Bbras, podem causar
prejuízos em lavouras comerciais.

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A murcha pode se dar em diferentes


partes da planta, podendo atacar a base
do caule de plantas adultas, ocasionando
a morte da planta, até ramos especíBcos
na parte superior. Conforme o nome
indica, os sintomas são aparentes como
uma murcha generalizada das folhas e
ramos.

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O controle se dá na garantia de sementes


saudáveis (Fusarium pode sobreviver em
sementes por longos períodos, grande
oportunidade aqui para tratamentos de
sementes adequados), inundação da área
de plantio antes do semeio, pois Fusarium
é altamente aeróbico não resistindo a
períodos breves sem oxigênio, rotação de
culturas e uso de cultivares resistentes ao
fungo (existem algumas comerciais). Em
estufas e áreas indoor, a higienização das
salas normalmente é suBciente para inibir
a infecção.

Oídio (Spheroteca e Leveilulla):

Oídio é outra doença bastante conhecida


no Brasil e normalmente confundida com
míldio.

A doença inicia com pequenas lesões na


parte superior das folhas e evolui para a
formação de micélio fúngico também na
parte superior, as folhas Bcam com
aparência de estarem recobertas por uma
Bna camada de poeira. Se a doença é
deixada a plena evolução, podem gerar
cleistotécios, estruturas reprodutivas dos
fungos, que tem cor escura.

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