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CAPÍTULO 1 - HISTÓRICO DOS FUZILEIROS NAVAIS
1.1 - ANTECEDENTES
A Brigada Real da Marinha foi criada em Lisboa a 28 de agosto de 1797 por alvará de D. Maria I, e suas raízes
remontam a 1618, data de criação do Terço da Armada da Coroa de Portugal, primeiro corpo militar constituído
em caráter permanente naquele país.
O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) originou-se dessa brigada, cujos componentes aportaram no Rio de Janeiro
a 7 de março de 1808, guarnecendo as naus utilizadas pela Família Real e a Corte Portuguesa, para transmigrar para
o Brasil em decorrência das Guerras Napoleônicas.
No Brasil, a Brigada Real da Marinha ocupou a Fortaleza de São José da Ilha das Cobras, em 21 de março de
1809, por determinação do Ministro da Marinha D. João Rodrigues de Sá e Menezes - Conde de Anadia.
Ao longo de sua existência, o CFN recebeu várias denominações, podendo sua história ser dividida em três
fases principais, de acordo com as características básicas de sua atuação:
- de 1808 a 1847, atuando como Artilharia da Marinha;
- de 1847 a 1932, atuando como Infantaria da Marinha; e
- a partir de 1932, sendo empregado como uma combinação de tropas de variadas características.
Em todas essas fases, o exercício de atividades de guarda e segurança de instalações navais ou de interesse da
Marinha tem sido constante. Na fase recente, a capacitação para a realização de desembarques nas Operações
Anfíbias (OpAnf), de acordo com o conceito atual, tem definido a atuação do CFN.
existentes nas guarnições dos navios. Em virtude de sua formação militar, tinham acesso ao armamento portátil e
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contavam com a confiança dos comandos que, por meio deles, se impunham à marinhagem sempre que era
necessário o emprego da força. Por estas mesmas razões, adquiriram condições de praticar a abordagem, defender
seus navios contra esse tipo de ação e, desembarcando, combater em terra.
Neste período, participaram ativamente de todas as operações navais nas quais a Marinha se envolveu, sendo
dignas de realce a expedição contra Caiena, as lutas pela consolidação da Independência, a pacificação das
Províncias dissidentes e a Guerra da Cisplatina.
O CFN recebeu as seguintes denominações nesta etapa de sua existência:
- 1821 - Batalhão da Brigada Real da Marinha destacado no Rio de Janeiro;
- 1822 - Batalhão de Artilharia da Marinha do Rio de Janeiro;
- 1826 - Imperial Brigada de Artilharia da Marinha; e
- 1831 - Corpo de Artilharia de Marinha.
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Fig1.2 - Almirante Rodrigo Pinto Guedes, Barão do Rio da Prata,
primeiro Comandante da Brigada Real da Marinha no Brasil
Vale destacar que, na campanha contra Aguirre, os FN desempenharam papel relevante na tomada da Praça
Forte Paissandu, quando o 2o Sargento Francisco Borges de Souza se destacou por seu heroísmo e destemor. Esse
episódio ficou conhecido entre os combatentes pelo nome de “Tomada do Forte Sebastopol”.
Por sua vez, o Batalhão Naval participou com todo seu efetivo na longa e cruenta Guerra da Tríplice Aliança
(1864). Das 1845 praças que constituíam o efetivo do Batalhão Naval à época, 1428 estavam embarcadas nas
unidades navais em operações no Prata, sendo 585 artilheiros e 843 fuzileiros.
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Fig 1.4 - Batalha Naval do Riachuelo
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Deve ser destacada uma série de fatos ocorridos em relativo curto espaço de tempo que permitiram esta
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evolução:
1. - a formação dos primeiros oficiais FN na Escola Naval;
2. - o extraordinário desenvolvimento das OpAnf na Segunda Guerra Mundial;
3. - a expansão da Marinha;
4. - o aprimoramento técnico-profissional dos oficiais por meio de cursos, estágios e visitas ao exterior;
5. - a criação do Campo da Ilha do Governador e, nele, o Centro de Instrução (hoje Centro de Instrução
Almirante Sylvio de Camargo) e a Companhia Escola (hoje Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela
Alves, localizado no Campo de Guandu do Sapê, no subúrbio carioca de Campo Grande, RJ); e
6. - a obtenção de áreas para adestramento e a construção de aquartelamentos.
Nesta fase, o CFN, como um todo ou em parte, atuou em acontecimentos relevantes da história do Brasil, a
saber:
1. - posição legalista nas Revoluções Constitucionalista (1932) e Integralista (1938);
2. - Segunda Guerra Mundial com destacamentos embarcados, Companhias Regionais nos portos de
onde nossas forças navais participavam do conflito e destacamento na Ilha da Trindade; e
3. - posição democrática na Revolução de 1964.
Por ocasião do conflito entre a Índia e o Paquistão, em 1965, o Brasil, como membro da Organização das
Nações Unidas (ONU), enviou observadores militares com uma representação do CFN, o mesmo ocorrendo na luta
deflagrada entre Honduras e El Salvador.
Nas operações levadas a efeito pela Organização dos Estados Americanos (OEA) na República Dominicana, o
CFN enviou um Grupamento Operativo (GptOp) integrando o Destacamento Brasileiro da Força Interamericana de
Paz (FAIBRAS), um dos componentes da Força Interamericana de Paz (FIP). De março de 1965 a setembro de 1966,
esse GptOp foi revezado três vezes, cumprindo as tarefas recebidas com exemplar disciplina e eficiência técnico-
profissional.
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Nos últimos anos e em atendimento às solicitações da ONU, o Brasil tem enviado militares de suas forças
armadas (FA) para várias regiões em conflito no mundo. O CFN, como uma tropa de elite, tem participado
ativamente dessas Missões de Paz, com observadores militares ou mesmo tropa. Desta forma, os FN do Brasil já
marcaram presença em El Salvador; em Honduras; na antiga Iugoslávia; em Moçambique; em Ruanda; em Angola;
no Equador; no Peru e no Haiti. O elevado grau de profissionalismo dos seus militares, aliado à disciplina, é fator
fundamental para o êxito nesses tipos de operações e tem contribuído para que o Brasil, cada vez mais, seja um
membro atuante na nova ordem internacional.
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Também, no âmbito interno, por diversas vezes o CFN teve atuação destacada no restabelecimento da ordem,
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