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Alunos: Jefferson Martins, Victor Soares

Ecologia de comunidades
Felipe A. P. L. Costa (*)
La Insignia. Brasil, fevereiro de 2005.

O termo "comunidade" tem uma história de uso bastante flexível na literatura


ecológica, quase sempre para fazer referência a um agrupamento de espécies que
vivem temporariamente juntas. Dos três níveis tradicionais de estudo em ecologia
(organismos individuais, populações de indivíduos, comunidades de espécies), a
comunidade representa o mais arbitrário e abstrato de todos, pois, como nem todas
as espécies que vivem juntas interagem de modo significativo, muitas vezes é difícil
decidir quem participa ou não da comunidade. A rigor, na ausência de mudanças
bruscas de hábitat, quando a paisagem natural tende então a diferir de modo mais
evidente, a delimitação de comunidades é quase sempre uma decisão arbitrária, que
varia de acordo com os interesses do observador.

Comunidades, assembléias, guildas

Em termos pragmáticos, biólogos costumam definir comunidades com base em


critérios que podem ser reunidos em três grupos principais: critérios espaciais,
critérios taxonômicos e critérios tróficos [3]. A definição espacial é a mais ampla e
liberal das três, podendo incluir todas as espécies que vivem em determinado hábitat
(digamos, a comunidade formada por todos os organismos vivos de uma floresta ou
um lago) ou em microhábitats particulares (a comunidade do dossel ou da
serapilheira de uma floresta, por exemplo).
Os outros critérios são mais restritivos. Uma definição taxonômica, por exemplo,
incluiria, entre todas as espécies presentes em determinado hábitat, apenas aquelas
que pertencem a um mesmo agrupamento taxonômico (mesmo gênero, família ou
ordem, por exemplo), independentemente do modo como interagem entre si ou
exploram os recursos disponíveis. Agrupamentos de espécies definidos com base em
afinidades taxonômicas são conhecidos na literatura ecológica como "assembléias" -
podemos falar então na assembléia de samambaias ou na assembléia de formigas
de determinado lugar.
A definição trófica seria a mais restritiva das três, pois incluiria apenas aquelas
espécies que exploram de modo semelhante uma base comum de recursos, a
despeito de haver ou não afinidades taxonômicas entre elas. Comunidades definidas
com base no uso de recursos são chamadas de "guildas" [4]. Podemos ter, por
exemplo, a guilda dos bebedores de néctar ou a guilda dos predadores de sementes
de uma floresta. Na prática, os critérios espacial, taxonômico e trófico costumam
aparecer combinados, dando origem a uma ampla variedade de definições híbridas,
tais como: a assembléia de peixes do rio Madeira; a assembléia de lagartos da ilha
do Bananal; a guilda de aves frugívoras de um fragmento de caatinga; a guilda de
besouros brocadores do tronco de árvores no Parque Nacional de Brasília; e assim
por diante.
Sob qualquer um desses critérios, comunidades quase sempre são vistas como
sistemas abertos, integrados por um número finito (ainda que desconhecido) de
espécies e indivíduos, nos quais matéria e energia podem entrar e sair. Em termos
funcionais, comunidades podem ser resumidamente descritas como "arenas de
interações", caracterizadas pela presença de uma ou outra espécie-chave mais
evidente [5]. Gravitando em torno desse núcleo básico, haveria um número mais ou
menos variável de espécies associadas - isto é, espécies facultativas ou marginais,
cuja ausência não descaracterizaria a comunidade, mas cuja presença pode
representar um elo adicional de ligação (isto é, de fluxo de materiais) com outras
comunidades.
Ao contrário do que possa parecer, no entanto, muitos desses elos são facultativos.
Quer dizer, comunidades ecológicas - e os ecossistemas nos quais estão inseridas
[6] - não são conjuntos perfeitamente integrados, dentro dos quais todas as espécies
dependem umas das outras. A rigor, como foi dito antes, nem todas as espécies de
uma comunidade interagem de modo relevante, pois muitos encontros são
esporádicos ou apenas acidentais. Uma floresta não é um todo perfeitamente
integrado ou um superorganismo, formado por um conjunto pré-determinado de
espécies, que vivem em equilíbrio e são mutuamente interdependentes. Ao contrário,
há uma boa dose de independência entre as espécies que formam uma floresta.
Basta pensar no seguinte: se comunidades fossem mesmo um superorganismo
perfeitamente integrado, a retirada de uma espécie qualquer deveria desestabilizar o
conjunto ou até provocar o seu colapso. Por sua vez, a espécie retirada de sua
comunidade original não deveria conseguir mais se estabelecer em nenhum outro
lugar. Muitos casos que nos são familiares contradizem essas duas possibilidades,
como mostra a rica literatura sobre as chamadas invasões biológicas, fruto da
introdução (deliberada ou não) de espécies em novos hábitats [7]. Também vale a
pena lembrar o que ocorre com as plantas cultivadas e os animais de criação que
exploramos, quase todos vivendo longe do hábitat original de seus ancestrais.
Ao invés de um superorganismo, uma floresta seria mais bem descrita como um
mosaico dinâmico heterogêneo (no tempo e no espaço), integrado por subsistemas
funcionais (teias alimentares), que estão apenas frouxa e temporariamente
interconectados. Desse modo, embora a aparência de uma floresta possa em linhas
gerais permanecer mais ou menos a mesma (ao menos em nossa escala de tempo),
provocando em observadores humanos a sensação de permanência, estabilidade e
integração, seus atributos característicos, como a composição de espécies e a
estrutura geral da vegetação, são dinâmicos e estão sempre mudando. A noção de
florestas como paisagens estáveis e imutáveis, só tem uma fiel correspondência em
nossas representações esquemáticas ou nas fotografias que tiramos delas.

Responda:
1) O que é comunidade? Diferencie de assembleias e guildas.

R: Uma comunidade pode ser definida como um grupo de diferentes populações


que vivem em um mesmo local em um determinado período, porém o fator que
delimita uma comunidade pode variar dependendo do interesse do observador,
por exemplo, alguns biólogos costumam definir comunidades com base em
critérios que podem ser reunidos em três grupos principais, critérios espaciais,
critérios taxonômicos e critérios tróficos. Quando esses agrupamentos de
espécies são definidos com base em afinidades taxonômicas estes são
chamados de assembleias e quando são definidos por afinidades tróficos são
chamados de guildas.

2) Fale das duas visões de definição de comunidades: aberta x fechada.

R: Comunidades abertas podem ser chamadas de também de "arenas de


interações" isso porque nessas comunidades há um número finito de espécies e
indivíduos, nos quais matéria e energia podem entrar e sair. Já as comunidades
fechadas possuem barreiras que as diferenciam das outras comunidades ao seu
redor.

3) O que é ecótone?

R: Ecótone é uma área onde dois habitats diferentes entram em contato, as


fronteiras entre elas tendem a ser bem claras e visíveis, geograficamente e
biologicamente falando.

4) Defina com suas palavras a estrutura da comunidade.

R: A estrutura de uma comunidade pode ser descrita pela riqueza e pela


diversidade, a estrutura da comunidade é influenciada por muitos fatores,
incluindo fatores abióticos, interações entre as espécies, nível de distúrbio e
eventos aleatórios. Na estrutura da comunidade algumas espécies, tais como
espécies fundadoras e espécies-chave, desempenham papéis particularmente
importantes na determinação dela.

5) Quais os parâmetros da comunidade que um ecólogo comumente avalia? Fale


sobre cada um.

R: Dois parâmetros importantes que os ecólogos usam para descrever a


composição de uma comunidade são a riqueza e a diversidade específicas. A
riqueza é o número de espécies diferentes em uma comunidade particular, já a
diversidade é uma função do número de espécies diferentes na comunidade e de
suas abundâncias relativas.

6) Cite algumas interações e como você acredita que essas podem influenciar na
estrutura das comunidades.

R: Algumas interações que podem influenciar na estrutura da comunidade são a


competição, predação, herbivoria, mutualismo, comensalismo e parasitismo.

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