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AUTOMAÇÃO PREDIAL – REDES DIGITAIS UTILIZANDO

PROTOCOLO FIELDBUS
A automação predial nos leva a pensar principalmente na comodidade, na
segurança e na economia que tal tecnologia nos proporcionará, mas antes de mais
nada os projetos de edifícios “intelige ntes”, sejam residenciais, comerciais ou
industriais, passam necessariamente pela definição de qual protocolo de comunicação
será utilizado, pois sem isso o desempenho da automação e os ganhos operacionais
estarão comprometidos.
As soluções integradas que permitam a interoperabilidade entre os diversos
níveis, sejam eles dos dispositivos de campo, da supervisão de sistemas, e de outros
sistemas que compõem esses empreendimentos, tais como o de controle do ar
condicionado, de detecção e alarme de incêndio, de iluminação, devem proporcionar
maior facilidade na implantação, na operação e na manutenção e com isso maximizar o
investimento.

Introdução
No Brasil quando focamos os diversos sistemas que compõem a automação
predial, o que mais encontramos são aplic ações onde integradores e fabricantes
trabalham com redes proprietárias.
Esses tipos de conexões na maioria das vezes, não atendem às necessidades
da interoperabilidade dos diversos sistemas, ou seja, eles não comunicam entre si.
Para sanar essa deficiênc ia, normalmente os integradores utilizam um
microcomputador para onde convergem todas as redes dos diversos sistemas e
“tentam” fazer a interconexão através dos mesmos.
Para permitir a interoperabilidade tão necessária à automação predial, foram
desenvolvidas várias tecnologias de redes digitais, entre elas o LonWorks e BACnet,
que possibilitam respectivamente a interconexão entre equipamentos de fabricantes
diversos e também entre os sistemas que compõem a automação predial, essas redes
com barramento padrão estão consolidadas no mercado mundial.

Protocolos de Comunicação Fieldbus


Na automação predial os protocolos mais utilizados são o LonWorks, o BACNet
e o X10 (tecnologia restrita à automação residencial), os quais são chamadas de
barramento de campo ou Fieldbus, e se baseiam na troca de dados de forma serial,
isto é, permitem que uma rede de elementos/dispositivos de campo (controladores,
sensores, etc), possam ser acessados individualmente utilizando -se mensagens
padronizadas via cabeamento simples.
Essa tecnologia resultou na diminuição de custos na instalação física dos
elementos de campo, ocasionado pela drástica redução no cabeamento, e por
permitirem diferentes topologias, incluindo -se a redundância e assim aumentou -se a
confiabilidade nos sistem as.
Esses protocolos sofrem a concorrência das arquiteturas “proprietárias”, como o
HI-Protocol (Hitachi) e o N2 (Johson Controls), e também de protocolos originados da
automação industrial, entre eles o Profibus, Device Net, CanOpen, etc., sendo que
essas tecnologias vieram principalmente das inúmeras aplicações onde se utilizam
Controlador Lógico Programável (CLP), não faremos qualquer alusão a esse tipo de
aplicação, pois a mesma merece um capítulo especial.
Existem outros protocolos que são utilizados especificamente, entre os quais
destacamos o FND (Firm Neutral Data Transmission), o World FIP e encontramos na
Europa uma tentativa de padronização partindo -se do EIB (European Installation Bus),
BCI (Batibus Club Internacional) e EHSA (European Home Sys tem Association).
Na figura abaixo mostramos os três níveis hierárquicos utilizados na integração
predial.

Nesse trabalho vamos detalhar os dois protocolos Fieldbus mais utilizados na


automação predial.

LonWorks
A rede de comunicação baseada em protocol o LonWorks, desenvolvida pela
Echelon Co. (USA), essa tecnologia é representada, por um circuito integrado VLSI
chamado Neuron, que é um microcontrolador que pode ser programado em linguagem
C orientada a eventos e objetos, inclui memória RAM e ROM, e, pri ncipalmente,
suporte ao protocolo de comunicação Lontalk® em seu firmware embutido.
O controle da rede LonWoks é distribuído e dispositivos de controle inteligentes
chamados nós, comunicam entre si usando um protocolo comum. Cada nó na rede
contém uma inteligência embutida (Neuron) que implementa o protocolo. Dispositivos
como sensores de proximidade, chaves, detetores de movimento, relés e controladores
de campo, tais como de temperatura, de válvulas, de motores podem ser nós na rede.
Como são os Neuron Chips, que conectam à redes, é necessário então incluir
um transceptor, permitindo assim que a tecnologia seja integrada aos elementos de
campo sem que haja modificações nos mesmos. A velocidade de comunicação é
também responsabilidade dos transceptores, que variam de 1,25 Mpbs, com par
trançado, cabo coaxial ou fibra ótica, 78 Kbps, com par trançado com alimentação
embutida e 4,8 Kbps com rádio freqüência.
Os transceivers, equipamentos utilizados na interligação dos nós com o
barramento, são capazes de c orrigir e detectar erros evitando a retransmissão.
Existe uma preocupação muito grande, quanto a interoperabilidade dos produtos
que trabalham com a tecnologia LonWorks, para tanto os produtos passam por
auditoria da LonMark, que é uma organização criada e specificamente para cuidar da
padronização dos produtos que possuem embutida essa tecnologia.
A base da comunicação em rede da tecnologia LonWorks, é o protocolo
Lontalk®, implementado sobre o modelo de referência OSI, trabalha com variáveis de
rede endereçáveis, chamadas SNVT's (Standard Network Variable Types), o LonTalk
possui alta confiabilidade, pois garante que a informação foi transmitida e recebida com
sucesso. Garante a integridade dos dados porque não usa paridade nem checksum,
mas sim, controle por CRC, ele possibilita também a comunicação com os softwares
supervisórios.

BACNET
O BACnet é um protocolo aberto e não proprietário, e após anos de revisões e
absorção pelo mercado, a ASHRAE o considerou um novo padrão para o mercado, e
foi adotado e sustentado pelo American National Standards Institute (ANSI) e pela
American Society of Heating Refrigeration and Air -Conditioning Engineers (ASHRAE). -
ANSI/ASHRAE Padrão 135 -1995.
Esse protocolo foi desenvolvido para aplicações em automação predial de fo rma
a permitir a interoperabilidade dos dispositivos de campo, assim como dos diversos
sistemas que a compõem, ou seja, permite que inúmeros equipamentos e sistemas de
comunicação troquem dados e informações, com isso foram definidas as
padronizações de redes, através das quais as mensagens para o BACnet podem ser
transmitidas.
Isso basicamente o difere do LonWorks TM, que é baseado no Neuron Chips, que
permite a comunicação entre os dispositivos de campo, e com isso indiretamente
tornou-se um sistema proprietário.
Tipos de Redes e Comunicação
As várias redes – LANS (Local Area Networks), permitem diversos tipos de transmissão
de mensagens para o BACnet, e essas redes são do tipo:

Ethernet (ISO 8802-3, IEEE 802.3) – A Ethernet é o mais modelo utilizado em


aplicações comerciais e podemos dizer que hoje se tornou um padrão para a área
predial e industrial, visto que tanto o FieldbusFoundation, como o Profibus, lançaram
suas versões fast-Ethernet. A rede Ethernet trabalham em alta velocidade, sendo
executadas de 10Mbps à 100Mbps, e podem utilizar multicabos ou fibra óptica.
ARCNET (ANSI/ATA 878.1) – Esse tipo de rede é encontrada no mercado e utiliza
um chip de fonte única que controla a comunicação da rede. A velocidade de
comunicação dessa LAN variam de aco rdo com o tipo de cabeamento utilizado
podendo variar de 150Kbps em EIA -485 (STP) até 7.5Mbps através de cabo coaxial,
STP, ou fibra óptica, o mais utilizado é a transmissão via par trançado com velocidade
de 2.5Mbps.

Point-To-Point (PTP) protocol over EIA -232 – Comunicação via Internet, onde se
utiliza modens e conexão tipo dial -up, com baixa velocidade de transmissão de
9.6Kbps a 56.0Kbps. PTP permite também conexões de cabo direto usando o padrão
de sinalização EIA-232.

Proprietary Master-Slave/Token-Passing (MS/TP) protocol over EIA -485 – O


MS/TP assim como o PTP, é exclusivo para o BACnet e é executado usando o padrão
de sinalização EIA-485. Trabalha com velocidade de transmissão que variam de
9.6Kbps à 76.0Kbps e o meio físico é um par trançado com s hield, uma das vantagens
de se utilizar esse tipo de rede LAN, é o seu baixo custo.

LonTalk (ANSI/EIA 709) - O LonTalk é uma tecnologia própria desenvolvida pela


Echelon Corporation e é o único tipo de LAN que requer ferramentas especiais para
desenvolvimento e um conjunto de chips próprios para ser executado.
Para realmente garantir a interoperabilidade dos diferentes produtos, primeiro se
“formatou” a comunicação do BACnet e depois houve a padronização dos métodos da
trocas de mensagens.

Métodos de Transmissão de Mensagens


Objetos
Todas as informações no sistema BACnet são representadas como objetos. Um objeto
pode representar informações sobre uma entrada ou saída física, ou pode representar
uma disposição lógica de pontos que executam alguma função, ou seja, todo objeto
possui um identificador que permite o sistema do BACnet identificá -lo, e somente
através de suas propriedades um objeto é monitorado e controlado.
Para se ter uma idéia os objetos possuem propriedades que transmitem informações
de que o valor está em graus celcius (Propriedade Unidade) e que o hardware é um
sensor de temperatura (Propriedade Tipo), e finalmente temos a Propriedade Descrição,
que informa a temperatura da área.

Propriedades
No BACnet os objetos são monitorados e cont rolados somente através de suas
propriedades e as propriedades: Objeto -identificador, Objeto-nome e Objeto-tipo devem
estar presentes em todos os objetos; às vezes o BACnet pode necessitar que certos
objetos atendam propriedades adicionais específicas.
O tipo de objeto e o tipo de dispositivo pelo qual cada objeto habita determinam quais
propriedades estão presentes, sendo que algumas podem aceitar gravação e outras
podem somente ser lidas.
Serviços
Um Serviço é a leitura ou a gravação de uma propriedade, Serviços são como um
dispositivo BACnet obtém informações de um outro dispositivo, leva o dispositivo à
executar ações corretas ou faz com que outro dispositivo entenda que algo aconteceu.
O único serviço que é solicitado por todos os dispositivos é o ser viço de propriedade de
Leitura. Há um total de 32 serviços padrões.
No sistema de automação predial é necessário saber quais objetos e serviços são
executados por cada dispositivo, esta informação é encontrada na Conformance
Classes and the Device PICS.

Como nem todos os dispositivos necessitem do mesmo nível de funcionalidade, o


protocolo BACnet define a classe de conformidade que priorizam a capacidade e a
funcionalidade dos dispositivos. Neste aspecto todos os dispositivos (de certas classes
de conformidade) terão um conjunto mínimo de características necessárias (na ordem
de objetos e serviços).

COMENTÁRIOS

O protocolo BACnet apesar de sua complexidade foi idealizado e const ruído


através de um padrão internacional, e passou várias revisões para ser um “padrão de
fato” e comparando-o com o LonWorks, acreditamos que ele seja tecnicamente mais
aplicável pois permite a total interoperabilidade entre os dispositivos de campo,
podendo-se substituir a qualquer instante o dispositivo de um fabricante por um similar
de outro. Isso sem falarmos no LonTalk, que por sua constituição às vezes não se
aplica a troca de dados em tempo real.

Além das vantagens técnicas apresentadas pelo BACn et, existe outra e mais
significativa que é permitir a interconexão no nível mais alto da pirâmide de controle, de
todos os sistemas que compõem a automação predial, isso sem contar os ganhos com
cabeamento e principalmente com o tempo de instalação.
A aplicação em automação predial das tecnologias Fieldbus, seja ela LonWorks
ou BACnet, o que é garantido é a efetiva confiabilidade nesse tipo de tecnologia, além
do que as aplicações tornam -se mais flexíveis e as configurações são desenvolvidas
mais rapidamente e com isso os custos tornam -se menores.

Outra recomendação importante é se utilizar a tecnologia OPC, aliada à


tecnologia de rede Fieldbus, pois o mesmo pode ser conectado ao software de
supervisão e a vários sistemas no mesmo nível. Esse “driver” f oi desenvolvido com um
conjunto de interfaces padronizadas, para garantir a interoperabilidade entre sistemas
de automação, dispositivos de campo e aplicativos específicos.

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