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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

ADÃO FIDELIS JUSTINO NETO


EDUARDO BEPPU TEIXEIRA
FÁBIO HENRIQUE BEPPU COSTA
GUSTAVO ALVES DE OLIVEIRA
JOÃO VICTOR ALVES DO PRADO SANTOS

PROTOCOLOS DE REDE
REDES INDUSTRIAIS

ENGENHARIA DA COMPUTAÇÃO
7° PERÍODO

ITUIUTABA
2023
1. INTRODUÇÃO

Protocolos de redes industriais são elementos fundamentais na automação e controle de


processos em ambientes industriais.
Eles definem as regras e padrões de comunicação que permitem a interconexão de
dispositivos e sistemas, facilitando a troca de informações, o monitoramento e o
controle eficiente dos equipamentos. Os protocolos de redes industriais são
desenvolvidos com características específicas para atender às necessidades dos
ambientes industriais. Eles são projetados para lidar com os requisitos de comunicação
em tempo real, transmissão de dados em alta velocidade, determinismo, escalabilidade e
interoperabilidade com diferentes dispositivos de diversos fabricantes.
Existem vários protocolos de redes industriais amplamente utilizados, como
PROFIBUS, Lonworks, Ethernet/IP, PROFINET, DeviceNet, FIP, CANopen e muitos
outros. Cada protocolo tem suas próprias características, arquiteturas e aplicabilidades
específicas, dependendo do contexto e das demandas da indústria em questão. Além
disso, esses protocolos permitem que dispositivos como, PLCs, sensores, atuadores,
sistemas de controle e gerenciamento se comuniquem de maneira mais eficiente,
fazendo a troca de dados críticos para o funcionamento dos processos industriais.

2. PROTOCOLO HART

Tecnologia revolucionária, o Protocolo Hart (Highway Addressable Remote


Transducer) é considerado um protocolo industrial pioneiro para comunicação
bidirecional entre aparelhos de campo inteligentes e sistemas de controle.
Com mais de 40 milhões de instrumentos instalados em todo o mundo, trata-se
de uma solução confiável para aproveitar as vantagens de equipamentos inteligentes.

2.1 PRÍNCIPIOS E FUNCIONAMENTO DO PROTOCOLO HART


Em português, seu nome significa Via de Dados Endereçável por Transdutor
Remoto. Esse padrão aberto de comunicação é usado por diversos segmentos
industriais.

O Protocolo Hart é um protocolo de comunicação bidirecional que permite a


troca de informações entre dispositivos inteligentes de campo (field devices) e sistemas
de controle. Ele foi desenvolvido como uma extensão do tradicional sinal analógico de 4
a 20 mA, permitindo a transmissão simultânea de dados digitais e analógicos.

O Protocolo Hart utiliza uma técnica de superposição de sinais digitais em um


sinal analógico de corrente contínua. Dessa forma, o sinal analógico de 4 a 20 mA é
utilizado para transmitir a variável de processo, enquanto os dados digitais são
modulados em uma frequência específica sobrepostos ao sinal analógico. Essa
abordagem permite a comunicação bidirecional, permitindo que os dispositivos de
campo transmitam dados aos sistemas de controle e recebam comandos e configurações
em tempo real.

2.2 BENEFÍCIOS E APLICAÇÃO DO PROTOCOLO HART

O Protocolo Hart oferece várias vantagens significativas em relação a outras


tecnologias de comunicação em redes industriais. Alguns dos principais benefícios
incluem:

a) Compatibilidade com sistemas legados: O Protocolo Hart foi projetado para ser
compatível com a infraestrutura de 4 a 20 mA já existente em muitas indústrias. Isso
significa que os dispositivos de campo com capacidade Hart podem ser facilmente
integrados em sistemas legados, evitando custos adicionais de atualização de
infraestrutura.

b) Comunicação bidirecional: A capacidade de comunicação bidirecional do Protocolo


Hart permite que os dispositivos de campo enviem informações detalhadas sobre seu
status, diagnósticos e alarmes para os sistemas de controle. Isso melhora a capacidade
de monitoramento e manutenção remota, contribuindo para uma melhor eficiência
operacional e redução de tempo de inatividade.
c) Configuração e diagnóstico em tempo real: Com o Protocolo Hart, é possível acessar
e configurar remotamente os parâmetros dos dispositivos de campo, como faixa de
medição, unidades de engenharia, calibração e alarmes. Além disso, os diagnósticos em
tempo real fornecidos pelo protocolo permitem a identificação rápida de problemas e a
implementação de ações corretivas.

O Protocolo Hart encontra aplicação em uma ampla gama de setores industriais,


como petróleo e gás, química, farmacêutica, alimentos e bebidas, entre outros. Ele é
frequentemente utilizado em instrumentos de medição, como transmissores de pressão,
temperatura, vazão e nível, para fornecer dados precisos e confiáveis aos sistemas de
controle.

2.3 DESAFIOS E CONSIDERAÇÕES DE IMPLEMENTAÇÃO

Embora o Protocolo Hart ofereça muitos benefícios, também há desafios e


considerações importantes a serem levados em conta durante sua implementação.
Alguns desses desafios incluem:

a) Infraestrutura e compatibilidade: Embora o Protocolo Hart seja compatível com a


infraestrutura existente de 4 a 20 mA, a atualização dos sistemas legados para aproveitar
totalmente os recursos do protocolo pode exigir investimentos adicionais em termos de
cabeamento, equipamentos e software.

b) Capacitação e treinamento: A implementação bem-sucedida do Protocolo Hart requer


pessoal qualificado e treinado para configurar, operar e manter os dispositivos de
campo. Portanto, a capacitação adequada deve ser fornecida aos técnicos e engenheiros
envolvidos.

c) Segurança cibernética: Com a integração de dispositivos de campo aos sistemas de


controle, a segurança cibernética se torna uma preocupação crítica. É fundamental
implementar medidas de segurança adequadas para proteger a integridade dos dados e
prevenir ataques cibernéticos.

3. PROTOCOLO LONWORKS
LonWorks é uma tecnologia de rede de controle e automação usada em
aplicações industriais e prediais. Ela foi desenvolvida pela empresa Echelon
Corporation e é baseada no protocolo de comunicação LonTalk.
O protocolo LonWorks é projetado para permitir a interconexão de dispositivos
eletrônicos em um ambiente industrial ou predial, facilitando a comunicação e o
controle desses dispositivos. Ela utiliza uma arquitetura de rede distribuída, em que os
dispositivos são conectados por meio de um barramento de comunicação comum.
A tecnologia LonWorks funciona por meio de uma rede de controle e automação
distribuída. Os componentes interagem da seguinte forma:
Dispositivos LonWorks: Cada dispositivo na rede LonWorks possui um chip
chamado transceptor LonWorks, que permite a comunicação usando o protocolo
LonTalk. Esses dispositivos podem incluir sensores, atuadores, controladores, sistemas
de gerenciamento de energia, entre outros.
Os dispositivos LonWorks são conectados a um barramento de comunicação
comum, que pode ter uma topologia de barramento (bus), estrela (star) ou árvore (tree).
O barramento é o meio físico por onde ocorre a transmissão dos dados entre os
dispositivos.
Protocolo LonTalk: O protocolo LonTalk define as regras e formatos para a
comunicação entre os dispositivos LonWorks. Ele suporta troca de mensagens,
descoberta de dispositivos, controle de acesso, gerenciamento de falhas e outros
recursos. O protocolo LonTalk utiliza pacotes de dados estruturados chamados NSDU
(Network Service Data Unit) para a transmissão das informações.
Uma rede LonWorks pode ser dividida em vários domínios. Cada domínio é
uma subdivisão lógica da rede e pode representar uma área específica de controle ou um
subsistema dentro do ambiente industrial ou predial. Os dispositivos em um domínio
podem se comunicar diretamente entre si, enquanto a comunicação entre diferentes
domínios é feita por meio de roteadores de domínio.
Roteadores de domínio: Os roteadores de domínio são responsáveis por rotear as
mensagens entre os domínios na rede. Eles permitem a comunicação entre dispositivos
localizados em diferentes partes da rede e garantem a entrega correta das mensagens.
Ferramentas de configuração e gerenciamento: Para configurar e gerenciar a
rede LonWorks, são utilizadas ferramentas específicas, como softwares de
configuração. Essas ferramentas permitem a adição, remoção e programação dos
dispositivos, bem como a configuração dos parâmetros de comunicação.
A rede LonWorks tem uma ampla gama de aplicações em diversos setores
como:
Automação predial: A rede LonWorks é comumente aplicada em sistemas de
automação predial para controle e monitoramento de iluminação, HVAC (aquecimento,
ventilação e ar-condicionado), segurança, controle de acesso, gerenciamento de energia,
entre outros
Automação industrial: Em ambientes industriais, a rede LonWorks pode ser
usada para integrar e controlar dispositivos e sistemas industriais, como controle de
processos, monitoramento de equipamentos, sistemas de segurança, controle de
produção, entre outros.
Iluminação inteligente: A tecnologia LonWorks é frequentemente aplicada em
sistemas de iluminação inteligente, permitindo o controle individual ou centralizado de
luminárias, sensores de presença, programação de cenários de iluminação, entre outros
recursos.
Controle de acesso e segurança: O protocolo LonWorks pode ser usado para
integrar sistemas de controle de acesso e segurança, como fechaduras eletrônicas,
sistemas de vigilância por vídeo, alarmes, sensores de detecção de fumaça, entre outros.
O protocolo LonWorks apresenta qualidades e defeitos a serem considerados. A
interoperabilidade entre dispositivos de diferentes fabricantes, flexibilidade e
escalabilidade para se adaptar a diferentes aplicações e sua confiabilidade são pontos a
se destacar. Porém, possui velocidade limitada, menor popularidade atual, necessidade
de infraestrutura dedicada e possíveis desafios de atualização e inovação. Avaliar
cuidadosamente suas qualidades e defeitos é crucial para determinar sua adequação em
uma aplicação específica.

4.PROTOCOLO FIPWAY

É um protocolo de rede industrial, desenvolvido pela empresa Telemecanique,


atualmente faz parte do grupo Schneider Electric. Amplamente utilizado para a
implementação da comunicação entre os dispositivos em ambientes industriais,
permitindo o tráfego de dados em tempo real. FIPWAY é o acrônimo para “Factory
Interface Protocol for Windows”.
Ele foi projetado para ser usado em conjunto com os dispositivos da linha de
produtos da Telemecanique, tais como os CLP’s, IHM’s, sensores, atuadores, etc.
Baseado em uma arquitetura cliente-servidor, os dispositivos funcionam como clientes
que endereçam suas requisições para outros dispositivos ou para um servidor central,
que são localizados através de um endereçamento único e controlados por comandos e
instruções pré definidos. Esse protocolo permite a automação de processos em diversos
setores, como manufatura, energia, transporte e muito mais.

Como qualquer outro protocolo, o FIPWAY também apresenta suas vantagens e


desvantagens. Seus principais pontos positivos são:

➔ Comunicação confiável: possuindo alta imunidade a ruídos elétricos e


interferências eletromagnéticas;
➔ Troca de dados em tempo real: controle e monitoramento precisos de processos
industriais críticos;
➔ Flexibilidade e Escalabilidade: permite a adição e remoção de dispositivos na
rede sem grandes interrupções ou impactos no funcionamento geral.
➔ Diagnóstico avançado: oferece recursos avançados de diagnóstico e detecção de
falhas, facilitando a manutenção e solução de problemas na rede.
➔ Integração com produtos da Telemecanique: foi desenvolvida para trabalhar de
forma nativa com os dispositivos da Telemecanique.

Em contrapartida, alguns dos pontos negativos que podemos citar são:

➔ Limitação: O FIPWAY é específico para os dispositivos da Telemecanique,


limitando assim a interoperabilidade com dispositivos de outros fabricantes.
➔ Suporte e Disponibilidade: Conforme a tecnologia avança, o suporte e a
disponibilidade do protocolo FIPWAY podem ser afetados.
➔ Complexidade de implementação: Para a sua implementação e funcionamento
eficiente, o protocolo FIPWAY necessita de conhecimento especializado e
treinamento adequado, dos técnicos ou operadores.

Características de Implantação:

➔ Ligação em par trançado blindado ou fibra óptica


➔ Velocidade de 1 Mb/s
➔ Comprimento máximo de 5000 m entre equipamentos terminais
5. PROTOCOLO PROFIBUS

O PROFIBUS é uma rede de comunicação industrial amplamente utilizada em sistemas


de automação e controle. Foi desenvolvida no final da década de 1980 pelo grupo
alemão de interesse PROFIBUS (Process Field Bus) e desde então tornou-se um padrão
internacional, sendo adotada em uma variedade de indústrias em todo o mundo.

O PROFIBUS é projetado para permitir a comunicação confiável e eficiente entre


dispositivos de campo, como sensores e atuadores, e sistemas de controle centralizados,
como controladores lógicos programáveis (PLCs) e sistemas de supervisão e aquisição
de dados (SCADA). A rede é baseada em uma topologia de barramento, em que os
dispositivos são conectados a um cabo comum chamado de barramento.

Existem duas variantes principais do PROFIBUS: PROFIBUS-DP (Decentralized


Peripherals) e PROFIBUS-PA (Process Automation). O PROFIBUS-DP é utilizado
principalmente em aplicações de automação de fábrica e permite uma comunicação
rápida e determinística entre dispositivos em tempo real. Já o PROFIBUS-PA é
adequado para aplicações de processos industriais, como nas indústrias química e
petroquímica, e é projetado para lidar com ambientes com risco de explosão.

O PROFIBUS utiliza uma pilha de protocolos abertos, permitindo a interoperabilidade


entre diferentes fabricantes e facilitando a integração de dispositivos de diferentes
fornecedores. O protocolo de comunicação é robusto e confiável, oferecendo detecção
de erros, retransmissão automática de dados perdidos e mecanismos de diagnóstico para
ajudar na manutenção e solução de problemas.

Uma das principais vantagens do PROFIBUS é a sua flexibilidade e escalabilidade. A


rede pode ser facilmente expandida para incluir um grande número de dispositivos,
permitindo o controle e monitoramento de sistemas complexos. Além disso, o
PROFIBUS suporta uma ampla variedade de tipos de dispositivos, desde sensores
simples até acionamentos de alta potência.

Com o avanço da tecnologia, outras variantes do PROFIBUS foram desenvolvidas,


como o PROFINET, que utiliza Ethernet industrial para comunicação em tempo real, e
o PROFIsafe, que fornece recursos de segurança para aplicações críticas. Essas
variantes ampliam ainda mais a aplicabilidade do PROFIBUS em diferentes setores e
necessidades industriais.
Em resumo, o PROFIBUS é uma rede de comunicação industrial que permite a troca
confiável de dados entre dispositivos de campo e sistemas de controle. Com sua ampla
adoção e suporte de vários fabricantes, o PROFIBUS continua a ser uma escolha
popular para a automação industrial, proporcionando eficiência, confiabilidade e
flexibilidade às aplicações industriais.

6. CONCLUSÃO

A partir dos fatos supracitados, é possível observar a importância dos protocolos de rede
na construção e operação de redes industriais, já que esses fornecem bases para a
comunicação eficiente entre dispositivos e sistemas, possibilitando a automação, o
controle e monitoramento dos processos em diversos setores. Além disso, os protocolos
são projetados para enfrentar ambientes desafiadores, que possuem diversas
interferências e condições adversas, dessa forma, é necessário que esses protocolos
garantam confiabilidade, segurança e determinismo, assegurando a opereção mais
correta e eficiente para a resolução dos processos.
À medida que a industria avança, novos protocolos e tecnologias surgem para atender a
novas demandas. Tal evolução, tem acarretado a criação de protocolos mais robustos,
com maior velocidade e capacidade de gerenciamento. A integração de protocolos se
torna cada vez mais necessária e importante para a implementação de soluções flexíveis.
Em suma, os protocolos de rede industrial são peças-chave para o funcionamento
eficiente de sistemas automatizados e de controle de processos industriais. Eles
fornecem os alicerces para a comunicação confiável e segura entre dispositivos,
possibilitando a otimização, segurança e monitoramento em tempo real dos processos
industriais.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FIP Protocolos. Ptcomputador.com. Disponível em:
<http://ptcomputador.com/Networking/other-computer-networking/78027.html>.
Acesso em: 5 jul. 2023.
Schneider Electric. Disponível em: <https://www.se.com/>. Acesso em: 02 de julho de
2023.

Manualzz. Fipway Network - User Manual, 2023. Disponível em:


<https://manualzz.com/download/6706627>. Acesso em: 04 de julho de 2023.

Control Automation. Fipway Network, 2006. Disponível em:


<https://control.com/forums/threads/fipway-network.25024/>. Acesso em: 05 de julho
de 2023.
Prezi. Redes FIPIO, FIPWAY e CANOpen, 2016. Disponível em:
<https://prezi.com/i8wplxnbi8uk/redes-fipio-fipway-e-canopen/>. Acesso em: 05 de
julho de 2023.

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