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Desenvolvimento pré-natal do
sistema respiratório
Desenvolvimento Pré Natal
O desenvolvimento pré-natal do sistema
respiratório pode ser subdividido em fases:
embriônica, pseudoglandular, canalicular, sacular Fonte: Sadler (2015).
e alveolar.
Estágio pseudoglandular.
o 6 a 16 semanas
o Formação dos bronquíolos terminais.
Semana Evento
Formação dos bronquíolos segmentares e
6ª
intrassegmentares
7ª Diafragma completo
Coração completo, padrão circulatório
8ª
fetal começa a se desenvolver
Desenvolvimento das estruturas
10ª
linfáticas pulmonares
12ª Artérias mais importantes formadas
Epitélio das vias aéreas principais e das
Fonte: http://www.embryology.ch/anglais/rrespiratory/phasen02.html
13ª células produtoras de muco formadas,
desenvolvimento de células de músculo
liso
Desenvolvimento - Período embrionário 14ª Artérias formadas
O desenvolvimento do sistema Formação dos bronquíolos terminais e
16ª
respiratório tem início com 4 semanas. vasos pulmonares associados
Período Evento
20-22d Formação dos arcos faríngeos primordiais Fonte: Wilkins, Stoller e Kacmarek (2009).
Formação das células respiratórias Estágio canalicular.
21-23d
primordiais na quarta bolsa faríngea,
o 16 a 26 semanas
inicia a formação do coração primordial
o O estágio canalicular sobrepõe ao
26º d Formação do broto laringotraqueal
estágio pseudoglandular porque as
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Ventilação Mecânica em Neonatologia e Pediatria
regiões superiores do pulmão estão se Estágio alveolar.
desenvolvendo ligeiramente mais rápido o 32 semanas até a infância
que as inferiores. o Os alvéolos maduros apresentam
o Cada bronquíolo terminal se divide em contatos epitelioendoteliais (capilares)
dois ou mais bronquíolos respiratórios, bem desenvolvidos.
que, por sua vez, dividem-se em três a
Semana Evento
seis ductos alveolares.
Alvéolos imaturos começam a se
Semana Evento 32-40ª formar e aumentar em número; a
Inicia-se a formação dos bronquíolos produção de surfactante amadurece
16-17ª 50 milhões de alvéolos imaturos
respiratórios e do ácino imaturo 40ª
Pneumócitos tipo I e II começam a estão formados
20-24ª Nascimento Primeira respiração e fluido pulmonar
aparecer e se multiplicar
Capilares pulmonares se desenvolvem 8-10 anos absorvido, estabelecimento de
na superfície do ácino, surfactante padrão circulatório adulto.
24-26ª
imaturo começa a aparecer no fluido
pulmonar
Fonte: Wilkins, Stoller e Kacmarek (2009). Fonte: Wilkins, Stoller e Kacmarek (2009).
Fonte: Wilkins, Stoller e Kacmarek (2009). Fonte: Wilkins, Stoller e Kacmarek (2009).
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Ventilação Mecânica em Neonatologia e Pediatria
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Ventilação Mecânica em Neonatologia e Pediatria
Depois dessa idade, a proliferação de O diafragma do RN tem uma menor
músculos lisos acontece principalmente nas vias quantidade de fibras tipo I (resistente à fadiga).
aéreas proximais, embora os condrócitos que Existe uma menor zona de aposição
produzem cartilagem predominem nas vias aéreas diafragmática pois este se insere dentro do
proximais. arcabouço torácico em um plano horizontal, o que
Anéis de cartilagem em forma de C são também diminui a habilidade efetiva de aumentar
encontrados na traqueia e brônquios principais do o diâmetro do tórax e uma tendência de as
RN. costelas inferiores se moverem para dentro.
A quantidade de cartilagem diminui
progressivamente nos brônquios mais distais e
eventualmente desaparece em vias aéreas
menores que 2mm de diâmetro.
Apesar da presença de cartilagem nas vias
aéreas centrais da criança, a traqueia e os
brônquios maiores do recém-nascido carecem da
rigidez das vias aéreas centrais do adulto.
A natureza complacente dessas vias Fonte: Wilkins, Stoller e Kacmarek (2009).
aéreas as torna propensas para compressão e/ou A musculatura acessória (p. ex.
colapso. intercostais externos pouco desenvolvidos) é
incapaz de tracionar as costelas e, assim,
Características da caixa torácica aumentar o volume intratorácico durante uma
Caixa torácica inspiração forçada.
As vísceras abdominais
Extremamente cartilaginosa com proporcionalmente maiores limitam a excursão
complacência muito alta. vertical.
Aspecto cilíndrico ao nascimento
(diâmetro AP e transversal próximos). Capacidades e volumes
pulmonares
Devido a uma caixa torácica mais
complacente e um pulmão menos complacente a
capacidade residual funcional (CRF) e a
capacidade pulmonar total (CPT) são reduzidas.
Fonte: Wilkins, Stoller e Kacmarek (2009).
Proporcionalmente, volumes pulmonares
mais baixos na criança podem conduzir a um
Eixo longitudinal curto. fechamento prematuro das vias aéreas,
As costelas distribuem-se mais horizontal atelectasias, desequilíbrio ventilação/perfusão
do que obliquamente. (V/Q), desvio (shunt) e resultante hipoxemia.
As estratégias adotadas para elevar
dinamicamente a CRF são o estreitamento da
glote mantendo a musculatura inspiratória ativa
(principalmente o diafragma) durante a expiração
(“freio laríngeo”).
Crianças em angústia respiratória
geralmente gemem, uma manifestação do freio
laríngeo
A parede torácica mais complacente
Fonte: Wilkins, Stoller e Kacmarek (2009). contribui para que em períodos de esforço
respiratório, a parede torácica da criança seja
facilmente tracionada para dentro surgindo as
Músculos da respiração tiragens:
o Tiragem de fúrcula: acima do esterno.
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o Tiragem infraesternal, subesternal ou
subdiafragmática: abaixo do esterno
o Tiragem intercostal: entre as costelas.
o Tiragem subcostal: abaixo da última
costela.
Superfície alveolar e células alveolares
Superfície alveolar:
o Ao nascimento: 2,8m2
o Aos 8 anos de idade: 32m2
Resistência das vias aéreas
o Adulto: 75m2
Células alveolares: Para que o ar se movimente através das
o Tipo I: 90%; função de facilitar o fluxo vias aéreas, é necessário que existe diferença de
de água pulmonar e agir ativando ou pressão.
degradando substâncias vasoativas. A resistência das vias aéreas é
o Tipo II: 10%; menos frequentes nas determinada por fluxo, comprimento das vias
áreas pulmonares mais periféricas; aéreas, viscosidade e densidade dos gases e
principais sintetizadoras do epitélio diâmetro das vias aéreas.
alveolar e são capazes de atuar na re- O fluxo de gás terá o sentido do ponto de
epitelização pulmonar, devido à sua maior para o de menor pressão.
capacidade proliferativa. A pressão diminui no sentido do fluxo.
A ventilação colateral é quase inexistente 𝑅𝑣𝑎 = , 𝑃(𝑐𝑚𝐻 𝑂), 𝑓𝑙𝑢𝑥𝑜(𝐿/
no RN.
o Poros de Kohn: Entre alvéolos. 𝑚𝑖𝑛)
o Canais de Lambert: Entre 𝑅𝑣𝑎 = 𝑅𝑣𝑎 â + 𝑅𝑣𝑎 =
( )
bronquíolo e alvéolo.
o Canais de Martin: Entre A resistência calculada não é constante,
bronquíolos. ela aumenta conforme for aumentado o fluxo,
explicado pelo fato de o fluxo deixar de possuir
característica laminar e passar a ser turbulento.
Para o fluxo laminar, a resistência ao fluxo
de gases através de um tubo segue a lei de
Poiseuille:
𝑅𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 =
á
Complacência
Consumo de oxigênio
Complacência é a relação entre o volume
O consumo de O2 em RN pode ser maior inspirado e a variação de pressão no interior dos
do que 6 mL/kg/min pulmões.
Na infância, ocorre redução gradual para A complacência estática é medida em
os valores do adulto (3,5 mL/kg). condições estáticas e reflete as propriedades
O consumo alto de O2 leva a uma maior elásticas dos pulmões, determinando as
produção de CO2, o que exige aumento da mudanças da pressão transpulmonar após
ventilação para removê-lo, alcançado insuflação dos pulmões com um volume de gás
principalmente pela elevação da frequência conhecido.
respiratória (RN – 35-50 rpm).
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A pressão transpulmonar é a diferença Constante de tempo
entre a pressão alveolar e a pressão pleural. A
medida aproximada é o gradiente entre a pressão Considerado o terceiro conceito
de abertura das vias aéreas e a pressão esofágica. fundamental da ventilação pulmonar mecânica
A complacência dinâmica é a medida (VPM).
contínua da complacência durante a respiração e É o tempo necessário para que ocorra o
reflete as propriedades elásticas e o componente equilíbrio de pressões nas vias aéreas e nos
resistivo dos pulmões. Mede a alteração de pulmões, proporcionando uma troca gasosa
pressão do fim da expiração até o fim da adequada. Reflete o tempo necessário para que
inspiração para dado volume. cada unidade alveolar consiga esvaziar 63% de seu
Na presença de pressão expiratória final volume expiratório total ou inspirá-lo.
(PEEP), a variação de pressão resultante do É o produto da complacência pela
aumento do volume corrente (VT) é a pressão resistência, expressa como: CT(s) = Csr x Rva
alveolar subtraída da PEEP onde Csr = Quanto maior o valor de qualquer um dos
complacência do sistema respiratório. determinantes da CT, maior o tempo necessário
𝐶𝑠𝑟 = (𝐿/𝑐𝑚𝐻 𝑂) para o equilíbrio entre porções proximais e distais
do sistema respiratório, e vice-versa.
A complacência não apresenta valor
São demandadas de 2 a 5 CT’s para que a
constante.
mudança de pressão e o volume se completem de
Além da complacência do sistema
forma adequada.
respiratório (parede torácica e pulmões), o
aparelho de VM (juntamente com o circuito)
apresenta uma complacência intrínseca.
O efeito da complacência do sistema de
ventilação deve ser avaliado principalmente na
ventilação de pacientes com complacência
reduzida, principalmente crianças.
A complacência em neonatos e crianças
pode ser medida, porém é de difícil realização e
valores nem sempre são fidedignos devido:
o Valores altos de FR Fonte: Prado e Vale (2012, p. 32).
o Sedação do paciente
o Dificuldade em realizar as pausas
inspiratórias e expiratórias para medição
de pressões.
Equação do movimento
A equação do movimento dita o
movimento dos gases no sistema respiratório.
A pressão nas vias aéreas depende da
pressão elástica que está relacionada com a
complacência pulmonar e com a pressão resistiva
que está relacionada com a resistência oferecida
às vias aéreas para o fluxo aéreo.
𝑃𝑣𝑎 = 𝑃𝑟𝑒𝑠 + 𝑃𝑒𝑙 + 𝑃𝐸𝐸𝑃
𝑃𝑣𝑎 = (𝑅𝑣𝑎 𝑥 𝐹𝑙𝑢𝑥𝑜) + ( ) +
𝑃𝐸𝐸𝑃
Devido à baixa complacência pulmonar
(menor quantidade de fibras elásticas) e alta
resistência das vias aéreas são necessárias
pressões elevadas para gerar volumes adequados.