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BRIEFING

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Nova Indústria Brasil (NIB)


“Neoindustrialização” retoma política de Estado indutor seguindo onda global

Visão geral: protecionismo global tende a criar choques nas relações comerciais
Nesta 2ª feira (22/01) o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) entregou formalmente ao
Presidente Lula o texto da Nova Indústria Brasil (NIB). A rigor, o que o governo fez ao longo do primeiro ano
de gestão (2023) foi sistematizado e, sob coordenação do MDIC, virou uma Política Industrial.
A política contará com um piso de R$ 300 bilhões para financiamentos, a serem aplicados até 2026 e
visando o desenvolvimento de iniciativas para a base industrial nacional até 2033. Além da coordenação
do MDIC, a política industrial contará com a participação de entidades como BNDES, EMBRAPII e Finep para
a operacionalização dos investimentos.
A NIB está dividida em seis missões:
1. Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais;
2. Complexo industrial da saúde;
3. Infraestrutura para cidades;
4. Transformação digital;
5. Descarbonização e bioeconomia;
6. Tecnologias para soberania e defesa.

As políticas propostas recuperam iniciativas já lançadas pelo governo e obras previstas no PAC, como
Mercado Regulado de Carbono, Taxonomia Verde, Novo PAC Saúde, entre outros. Não foi editado nenhum
documento legal sobre a política industrial – MP, projeto de lei ou decreto –, o que reforça o objetivo do
lançamento: consolidar o que já existe e, ao mesmo tempo, mostrar que não uma ação em ano eleitoral, pois
ela vai vigorar até 2033. Pela NIB, os investimentos devem ser disponibilizados até 2026.
Ainda, foram assinados três decretos, todos pendentes de publicação. São eles: 1) Decreto sobre Margem de
Preferência (MGI) que regulamenta o artigo 26 da lei 14.133 de 2021 e institui a comissão interministerial de
contratações públicas para o desenvolvimento sustentável; 2) Decreto com a definição das cadeias
produtivas e setores articulados pelo Novo PAC que poderão ficar sujeitos às exigências de aquisição de
produtos manufaturados e serviços nacionais; 3) Decreto que cria a Nova Estratégia BIM (Modelagem de
Informação) para impulsionar o uso da tecnologia BIM e o desenvolvimento do mercado de softwares BIM
que permitem criar, utilizar, atualizar e compartilhar modelos digitais de construção de forma colaborativa.
A estratégia de “Neoindustrialização” brasileira, termo adotado pelo Vice-Presidente Geraldo Alckmin, segue
em linha com iniciativas de outros países como o Green Deal europeu e o Inflation Act americano, além
de políticas industriais chinesas. O impulso às economias nacionais, principalmente como resposta aos
impactos da pandemia de Covid-19, tem sido priorizado nessas estratégias, incluindo políticas de conteúdo
local no caso brasileiro. Há, portanto, um movimento de protecionismo global que pode causar choques
em relações comerciais, como por exemplo nas cadeias de aço, minerais raros, produção agrícola e bens de
interesse nacional.

PATRI Políticas Públicas & Public Affairs Ltda. PATRI Public Policy & Public Affairs Inc.
SAF Sul Qd. 2 Bl. D, Ed. Via Esplanada, Salas 103 a 106 1101 17th Street NW, Suite 610
Brasília, DF, CEP: 70070 600. Fone: +55 61 3327 2606 Washington, DC 20036. Fone: +1 202 822 6420
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Quem são os responsáveis pela Nova Política Industrial?
A NIB foi gestada ao longo de 2023 pelo CNDI, órgão pertencente à estrutura do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Além do
MDIC, outros 19 ministérios participaram da confecção da proposta juntamente com o BNDES e 21
representantes da sociedade civil, sobretudo representantes de associações. São elas:
▪ Assoc. Brasileira da ▪ Assoc. Brasileira da ▪ Embraer;
Indústria de Alimentos; Indústria Elétrica e
▪ Assoc. das Empresas de
Eletrônica;
▪ Assoc. Brasileira da TIC e de Tec. Digitais;
Indústria Química; ▪ Instituto de Estudos
▪ União da Indústria de
para o Desen. Industrial;
▪ Assoc. Nacional dos Cana-de-Açúcar e
Fabricantes de Veículos ▪ Assoc. Brasileira da Bioenergia;
Automotores; Indústria de
▪ CUT;
Semicondutores;
▪ Grupo FarmaBrasil;
▪ Força Sindical;
▪ Assoc. de Empresas de
▪ Assoc. Brasileira da
Desenvolvimento ▪ União Geral dos
Indústria de Plásticos;
Tecnológico Nacional e Trabalhadores;
▪ Câmara Brasileira da Inovação; ▪ CNI;
Industria de Construção;
▪ Assoc. Brasileira da ▪ IBRAM;
▪ Assoc. Brasileira da Indústria de Máquinas e
Infraestrutura e Equipamentos; ▪ Instituto Aço Brasi
Indústrias de Base;

A participação da sociedade civil no CNDI tem sido feita sobretudo através de associações. O processo de
composição do órgão é político, com a indicação dos membros sendo de responsabilidade do próprio CNDI
presidido por Verena Hitner. Além disso, Alckmin e o secretário de Desenvolvimento Industrial, Uallace
Moreira, têm grande influência política na decisão dos membros que compõem o CNDI.

Nova Indústria Brasileira (NIB)


Em essência, a NIB organiza em missões muitas iniciativas já anunciadas ou em andamento, como o
mercado regulado de carbono, obras do PAC, taxonomia verde, MoVer, PADIS, REIQ, novas letras de crédito
do BNDES (LCD) e o Combustível do Futuro. A iniciativa indica os corpos responsáveis e o papel estratégico
de cada iniciativa, bem como os instrumentos a serem utilizados: subvenção, crédito tributário; compras
governamentais e políticas de conteúdo local.
O detalhamento oficial anunciado pelo governo pode ser acessado aqui.
O MDIC continuará a coordenar os fóruns de discussão de cada missão, inclusive revisão das políticas
anunciadas, e terá apoio de instituições como FINEP, EMBRAPII e BNDES para a operacionalização dos
recursos previstos para cada área.

Missão 1 – Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais


Meta para 2033: Aumentar a participação do setor agroindustrial no PIB agropecuário para 50% e alcançar
70% de mecanização dos estabelecimentos de agricultura familiar, com o suprimento de pelo menos 95% do
mercado por máquinas e equipamentos de produção nacional, garantindo a sustentabilidade ambiental.
Serão os instrumentos adotados pela missão:
▪ Prioridades de financiamento à inovação com linhas de recursos não reembolsáveis;
▪ Racionalizar as taxas portuárias;

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▪ Aprimoramentos do sistema geral de garantias da economia brasileira;
▪ Desenvolver plataforma digital de controle e rastreabilidade para Indicações
Geográficas;
▪ Criação da Estratégia Nacional de Infraestrutura para a Qualidade (ENIQ);
▪ Adoção de práticas colaborativas entre autoridades reguladoras estrangeiras equivalentes;
▪ Recriação (julho/2023) e expansão do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA);
▪ Reajuste dos valores repassados pelo Governo Federal no âmbito do Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE);
▪ Criação da Estratégia Nacional para o Desenvolvimento da Agroindústria Sustentável;

Missão 2 – Complexo da Saúde


Meta para 2033: Produzir, no país, 70% das necessidades nacionais em medicamentos, vacinas,
equipamentos e dispositivos médicos, materiais e outros insumos e tecnologias em saúde.
Serão os instrumentos adotados pela missão:
▪ Acompanhar acesso às linhas de apoio financeiro;
▪ Isonomia tributária nas compras governamentais;
▪ Levantar lista de identificação dos IFAs químicos sem produção local, atualizada periodicamente;
▪ Instituir regras para a racionalização do custo regulatório;
▪ Reforma da Lei do Bem;
▪ Regulação Sanitária;
▪ Levantar lista de identificação dos IFAs químicos sem produção local, atualizada periodicamente;
▪ Plataforma de informações em painel analítico sobre pedidos de patentes relacionados a tecnologias
farmacêuticas depositados no Brasil;
▪ Reduzir o prazo de exame para decisão sobre pedidos de patentes, sem perda do rigor no exame
patentário;
▪ Reduzir o prazo de exame para decisão sobre pedidos de patentes, sem perda do rigor no exame
patentário;
▪ Execução da Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da
Saúde;
▪ Novo PAC Saúde;

Missão 3 – Infraestrutura para cidades


Meta para 2033: Reduzir o tempo de deslocamento de casa para o trabalho em 20%. Aumentar em 25
pontos percentuais o adensamento produtivo na cadeia de transporte público sustentável.
Serão os instrumentos adotados pela missão:
▪ Prioridades de financiamento à inovação com linhas de recursos não reembolsáveis;
▪ Racionalizar os encargos setoriais incidentes sobre a tarifa de energia elétrica;
▪ Desburocratizar o processo de instalação de Estações Aduaneiras Interior;
▪ Possibilitar a retomada das exportações de serviços;
▪ Aprimoramento das condições de financiamento por parte do BNDES e da Finep;

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▪ Assegurar fontes de funding estáveis para os bancos de desenvolvimento;
▪ Reduzir o custo de financiamento de projetos de infraestrutura;
▪ Aprimoramento dos incentivos a investimentos produtivos no mercado de capitais;
▪ Utilização da Lei nº 14.801 de 9 de janeiro de 2024 que cria as Debêntures de Infraestrutura;
▪ Apoio oficial estatal a operações de exportação de curto prazo;
▪ Programa de Indicadores Mínimos de Desempenho Energético;
▪ Rede de Aprendizagem em Eficiência Energética e Gestão de Energia (RedEE) – Indústria;
▪ PAC Seleções;
▪ Calculadora de pegada de CO2 para obras públicas;
▪ Tecnologia BIM em obras públicas;
▪ Programa Cidades Intermediadoras;
▪ Recomposição da força de trabalho de agências reguladoras;
▪ Qualificação de materiais de baixo carbono e elevação do índice de eficiência energética nos padrões
construtivos;
▪ Adensamento produtivo do setor automotivo;
▪ Apoio à ciberinfraestrutura nacional;

Missão 4 – Transformação Digital


Meta para 2033: Transformar digitalmente 90% das empresas industriais brasileiras, assegurando que a
participação da produção nacional triplique nos segmentos de novas tecnologias.
Serão os instrumentos adotados pela missão:
▪ Prioridades de financiamento à inovação com linhas não reembolsáveis;
▪ Mais Inovação Brasil – Semicondutores;
▪ Mais Inovação Brasil - Tecnologias Digitais Disruptivas;
▪ Infraestrutura para a conectividade: trabalhar no aprimoramento regulatório visando à ampliação da
conectividade no país;
▪ Prevenção de litígios tributários;
▪ Atualização da Lei de TIC;
▪ Padronização de produtos e sistemas digitais e a respectiva avaliação da conformidade;
▪ Estratégia Nacional de Governo Digital (ENGD);
▪ Soluções de IA para o Poder Público;
▪ Rede Privativa de Comunicação da Administração Pública Federal;
▪ Digitalização do setor industrial e construção de conectividade;
▪ Incentivo à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação;
▪ Ações para o setor de semicondutores;
▪ Atualização tecnológica das regiões industriais maduras;

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Missão 5 – Bioeconomia e Descarbonização
Meta para 2033: Promover a indústria verde, reduzindo em 30% a emissão de CO2
por valor adicionado da Indústria, ampliando em 50% a participação dos
biocombustíveis na matriz energética de transportes e aumentando o uso tecnológico e sustentável da
biodiversidade pela indústria em 1% ao ano.
Serão os instrumentos adotados pela missão:
▪ Mais Inovação Brasil – Bioeconomia e Transição Energética
▪ Aperfeiçoamento da regulação referente à logística reversa e harmonização entre as legislações dos
entes federativos sobre o tema;
▪ Implementar ações da Estratégia Nacional de Propriedade Intelectual (ENPI);
▪ Certificação de produtos e atendimento aos requisitos de sustentabilidade, eficiência energética e
padrões ambientais baseados nas melhores práticas internacionais, mas adaptados às peculiaridades
brasileiras, sempre que necessário;
▪ Programa Selo Verde;
▪ Programa Selo Amazônia;
▪ Energia solar em obras do Minha Casa Minha Vida (MCMV);
▪ Aumento da vantagem competitiva da indústria nacional;
▪ Transição Energética;
▪ Apoio à Economia Verde, valorização da Amazônia, atração de investimentos nessa indústria nascente
e posicionamento do Brasil frente ao mundo;
▪ Impulso a cadeias de valor que valorizem a floresta em pé e o uso sustentável de florestas nativas;

Missão 6 – Defesa Nacional


Meta para 2033: Obter autonomia na produção de 50% das tecnologias críticas para a defesa.
Serão os instrumentos adotados pela missão:
▪ Mais Inovação Brasil – Defesa
▪ Implementação do novo Sistema de Apoio Oficial à Exportação;
▪ Contribuir para a consolidação das cadeias produtivas da indústria de defesa;
▪ Instrumento de compra governo-governo;
▪ Normas especiais para compras;
▪ Vínculo entre inovação apoiada e contratações estatais;
▪ Portfólio de Projetos Estratégicos de Defesa (PPED) 2020–2031;
▪ Infraestrutura de desenvolvimento científico e tecnológico;

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