Você está na página 1de 148

Fundações e

Contenção Lateral de Solos

Execução e Planeamento de obra enterrada

Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

série Estruturas

rui jesus moreira


joão guerra martins
1ª edição / 2006
APRESENTAÇÃO

Este texto resulta, genericamente, o repositório da Monografia do Eng.º Rui Jesus Moreira.

Pretende, contudo, o seu teor evoluir permanentemente, no sentido de responder quer à especificidade dos
cursos da UFP, como contrair-se ainda mais ao que se julga pertinente e alargar-se ao que se pensa omitido.

Embora o texto tenha sido revisto, esta versão não é considerada definitiva, sendo de supor a existência de
erros e imprecisões. Conta-se não só com uma crítica atenta, como com todos os contributos técnicos que
possam ser endereçados. Ambos se aceitam e agradecem.

João Guerra Martins


Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

SUMÁRIO

O presente trabalho debruça-se sobre os condicionalismos, de vária ordem, que se verificam,


invariavelmente, na execução de obras enterradas, mesmo perante uma boa caracterização
geotécnica do terreno local.

Aborda os métodos construtivos e o planeamento dos trabalhos de obras deste tipo, debruçando-
se, especificamente, sobre o caso da estação de metro da Avenida dos Aliados.

Descreve a importância assumida pelos aspectos geotécnicos e estruturais na selecção desses


processos construtivos, salientando a seu carácter determinante na obtenção da melhor relação
custo/desempenho e no controle dos prazos de execução.

Evidencia, ainda, o encadeamento das diversas tarefas, na edificação de estruturas de grande


vulto, desde a superfície até à cota do fundo da escavação.

I
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Agradecimentos

Por último, agradeço às pessoas e entidades envolvidas neste trabalho, toda a colaboração
prestada, sem as quais o mesmo não teria sido possível, nomeadamente:

• Sociedade de Construções Soares da Costa, S.A;


• Transmetro – Construção de Metropolitano, A.C.E.

Rui Jorge de Jesus Moreira


Licenciatura em Engenharia Civil
Ano 2005/2006

II
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

ÍNDICE GERAL

Apresentação .................................................................................................................................II
Sumário ..........................................................................................................................................I
ÍNDICE GERAL ......................................................................................................................... III
ÍNDICE DE QUADROS............................................................................................................. VI
ÍNDICE DE FIGURAS..............................................................................................................VII
Introdução ..................................................................................................................................... 1
I - INSERÇÃO DA OBRA E CONDICIONAMENTOS DE EXECUÇÃO ................................ 3
I.1 - Geológicos e Geotécnicos ................................................................................................. 3
I.2 - Geométricos....................................................................................................................... 4
I.3 - Construtivos....................................................................................................................... 4
I.4 - Topográficos...................................................................................................................... 4
I.5 - Hidraúlicos ........................................................................................................................ 4
I.6 - Condicionamentos relativos a estruturas e infra-estruturas vizinhas................................. 5
I.7 - Outros condicionamentos .................................................................................................. 5
II - CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA .................................................................................. 6
II.1 - Caracterização geotécnica ................................................................................................ 6
II.1.1 - Características geotécnicas dos materiais encontrados nas sondagens ..................... 6
II.1.1.1 - Formações .......................................................................................................... 7
II.1.1.2 - Outras Informações .......................................................................................... 10
II.1.2 - Perfis Geológico-geotécnicos interpretados ............................................................ 11
II.1.3 - Condições Hidrogeológicas..................................................................................... 15
II.1.4 - Parâmetros Geotécnicos .......................................................................................... 18
Modelo geotécnico simplificado ..................................................................................... 18
III - PROCESSO CONSTRUTIVO ............................................................................................ 26
III.1 - Sistema estrutural e concepção das soluções de contenção .......................................... 26
III.1.1 - Aspectos geotécnicos e estruturais......................................................................... 26
III.1.2 - Aspectos hidrogeológicos ...................................................................................... 28
III.1.3 - Descrição das contenções utilizadas ...................................................................... 30
III.1.3.1 - Contenção Definitiva por Estacas ................................................................... 30
III.1.3.2 - Contenção Provisória Tipo Berlim ................................................................. 33
III.1.3.3 - Contenção provisória, por corte vertical, com pregagens e eventual betão
projectado com malhasol................................................................................................. 34
III.2 - Critérios Gerais de Dimensionamento .......................................................................... 36

III
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

III.2.1 - Verificação da Segurança. Regulamentação .......................................................... 36


III.2.1.1 - Estados Limites Últimos ................................................................................. 37
III.2.1.2 - Estados Limites de Utilização......................................................................... 38
III.2.2 - Acções sobre as cortinas em fase provisória.......................................................... 38
III.2.3 - Acções sobre a cortina em fase definitiva.............................................................. 39
III.2.4 - Restantes Acções ................................................................................................... 40
III.2.5 - Modelos de cálculo ................................................................................................ 41
III.2.5.1 - Cortinas de estacas em fase provisória ........................................................... 41
III.2.5.2 - Cortina de Estacas em fase definitiva ............................................................. 42
III.2.5.2 - Contenção tipo Berlim .................................................................................... 45
III.3 - Materiais utilizados....................................................................................................... 49
III.3.1 - Características Mecânicas dos Materiais ............................................................... 50
IV - Planeamento E EMPREGO DE MEIOS ............................................................................. 51
IV.1 - Generalidades ............................................................................................................... 51
IV.2 - Organização da Obra ................................................................................................... 51
IV.3 - Monitorização do comportamento das estruturas e da envolvente ............................... 52
IV.4 - Estaleiros ...................................................................................................................... 53
IV.4.1 - Estaleiro social....................................................................................................... 53
IV.4.2 - Estaleiro industrial ................................................................................................. 53
IV.5 - Descrição Geral ............................................................................................................ 54
IV.6 - Encadeamento dos Trabalhos ....................................................................................... 55
IV.7 - Procedimentos de Trabalho de Contenção.................................................................... 57
IV.7.1 - Furação para introdução de perfis por rotopercussão ............................................ 57
Objectivo ............................................................................................................................. 57
Descrição Geral ............................................................................................................... 58
Recursos .......................................................................................................................... 58
Processo de Execução ..................................................................................................... 59
Plano de inspecção e ensaio ............................................................................................ 61
Anexos............................................................................................................................. 61
IV.7.2 - Ancoragens provisórias furação por rotopercussão ............................................... 62
Objectivo ......................................................................................................................... 62
Descrição Geral ............................................................................................................... 62
Recursos .......................................................................................................................... 62
Processo de Execução ..................................................................................................... 63
Plano de inspecção e ensaio ............................................................................................ 68
Anexos............................................................................................................................. 69

IV
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

IV.7.3 - Pregagens definitivas furação à rotopercurssão..................................................... 69


Objectivo ......................................................................................................................... 69
Descrição geral................................................................................................................ 69
Recursos .......................................................................................................................... 69
Processo de execução ...................................................................................................... 70
Plano de inspecção e ensaio ............................................................................................ 73
Anexos............................................................................................................................. 73
IV.7.4 - Betão projectado via seca ...................................................................................... 74
Objectivo ......................................................................................................................... 74
Descrição geral................................................................................................................ 74
Recursos .......................................................................................................................... 74
Processo de execução ...................................................................................................... 75
Anexos............................................................................................................................. 75
Conclusão.................................................................................................................................... 76
Bibliografia ................................................................................................................................. 77
Anexos......................................................................................................................................... 79

V
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Resultados dos ensaios de agressividade da água ...................................................... 7


Quadro 2 – Resultados dos Ensaios Lugeon das primeiras campanhas ...................................... 16
Quadro 3 – Resultados dos Ensaios Lefranc da última campanha............................................. 17
Quadro 4 – Resultados dos Ensaios Lugeon da última campanha .............................................. 17
Quadro 5 - Parâmetros de resistência deduzidos de ensaios triaxiais e correspondentes valores
de NSPT (Viana da Fonseca et al., 1994 e Viana da Fonseca, 1996)............................................ 20
Quadro 6 - Características de alguns provetes ensaiados [6] ...................................................... 24
Quadro 7 - Parâmetros característicos do terreno considerados nos cálculos ............................. 24
Quadro 8 – Predefinição do sistema de Pregagens – definição e localização ............................. 35
Quadro 9 – Acções Variáveis...................................................................................................... 37
Quadro 10 – Materiais utilizados ................................................................................................ 49
Quadro 11 – Plano de Inspecção e Ensaio ................................................................................. 61
Quadro 12 – Plano de Inspecção e Ensaio ................................................................................. 68
Quadro 13 – Plano de Inspecção e Ensaio ................................................................................. 73

VI
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema geral da contenção. ..................................................................................... 30


Figura 2 - Esquema do escoramento de canto............................................................................. 31
Figura 3 – Montagem de escoramento de canto.......................................................................... 32
Figura 4 – Vista, em patamares, de escoramento de canto.......................................................... 32
Figura 5 - Vista, em patamares, de escoramento de canto e ancoragens sobre níveis de vigas .. 33
Figura 6 - Diagramas de impulsos sobre as estacas dos paramentos laterais .............................. 43
Figura 7 - Geometria do paramento – Tímpano Norte................................................................ 44
Figura 8 - Modelo de Rotura ....................................................................................................... 44
Figura 9 - Contenção tipo Berlim – Nascente e Poente .............................................................. 45
Figura 10 - Esquema da viga de distribuição – Nascente e Poente ............................................. 46
Figura 11 - Esquema das pranchas de madeira – Nascente e Poente .......................................... 46
Figura 12 - Contenção tipo Berlim – Sul - Monoancorada ......................................................... 46
Figura 13 - Esquema da viga de distribuição – Sul - Monoancorada.......................................... 47
Figura 14 - Esquema das pranchas de madeira – Sul - Monoancorada....................................... 47
Figura 15 - Contenção tipo Berlim – Sul - Multiancorada.......................................................... 48
Figura 16 -Esquema da viga de distribuição – Sul – Multiancorada........................................... 48
Figura 17 - Esquema das pranchas de madeira – Sul - Multiancorada ....................................... 49

VII
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

INTRODUÇÃO

A temática abordada neste trabalho monográfico, “Execução e Planeamento de Obra Enterrada


– Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados”, assume especial importância na
actualidade, visto ser cada vez maior o recurso a técnicas de contenção de escavação, fazendo
face à crescente necessidade de projectar e executar obras enterradas.

Esta tendência é justificada pela crescente ocupação do solo e consequente diminuição dos
locais disponíveis, havendo necessidade de um melhor aproveitamento e racionalização do
espaço nas obras a executar, levando ao seu desenvolvimento em locais confinados entre
estruturas já existentes. Por vezes colocam-se situações de estabilidade muito delicada, noutros
casos confrontantes com infra-estruturas importantes, em que é fundamental a manutenção e
garantia do seu bom funcionamento.

Neste contexto, e da prática continuada deste tipo de empreitadas, verifica-se, contudo, ser ainda
necessário desenvolver e aperfeiçoar as técnicas de execução, de forma a responder a
solicitações sempre crescentes nos Donos-de-Obra, como sejam, o controle de prazos e de
custos.

Com este pressuposto foi interessante a pesquisa efectuada, a recolha de informação e a


confrontação de opiniões, em todo o trabalho desenvolvido, uma vez ser do interesse particular
do autor do trabalho a abordagem e aprofundamento desta área da Engenharia Civil.

Das situações práticas disponíveis, entendeu-se elaborar o presente documento com base na
solução construtiva utilizada na Estação dos Aliados do Metro do Porto - Corpo Central, dado
entender-se ser um exemplo muito abrangente no que trata à análise de métodos de execução e
planeamento de obras enterradas.

Dentro da vasta panóplia de sub-temas pertinentes, julgou-se ser de analisar os seguintes


aspectos:

• Caracterização geotécnica;
• Opções tomadas na concepção das soluções;
• Acções e critérios de dimensionamento estrutural;
• Materiais utilizados nos vários elementos estruturais;
• Planeamento dos Trabalhos;
• Procedimentos de execução dos métodos de contenção utilizados.

1
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Abordam-se os métodos de execução da obra e discutem-se as suas soluções, explicitando a sua


compatibilidade com a realização dos trabalhos.

Serviram de base para o presente trabalho os seguintes elementos fornecidos pela


TRANSMETRO, Construção de Metropolitano, A.C.E.:

• Peças Desenhadas - Projecto de Execução – Estação dos Aliados;


• Relatório Geotécnico-geomecânico / Campanha de Sondagens – Estação dos Aliados;
• Elementos de planeamento;
• Registo fotográfico.

2
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

I - INSERÇÃO DA OBRA E CONDICIONAMENTOS DE EXECUÇÃO

Tendo em consideração os condicionamentos que uma obra desta envergadura acarreta, e em


virtude das características do local e sua envolvente, foram adoptadas três soluções de
contenção diferentes:

• Contenção definitiva com Estacas;


• Contenção provisória tipo “Berlim” (nos paramentos laterais, onde não se pôde suavizar
os taludes dos aterros superficiais);
• Contenção provisória por corte vertical, com pregagens e eventuais zonas de betão
projectado com malhasol.

Como em qualquer obra, as soluções construtivas condicionaram o seu faseamento construtivo.

Seque-se a apresentação dos múltiplos condicionalismos que tiveram de ser ponderados para a
boa execução dos trabalhos, tendo em conta o encadeamento das diversas tarefas realizadas e o
prazo (471 dias) para a execução da obra enterrada, sem acabamentos de construção civil.

I.1 - Geológicos e Geotécnicos

Os condicionamentos geológico-geotécnicos considerados na concepção e dimensionamento da


estrutura e na definição do seu processo construtivo são detalhados no capítulo II.1 –
Caracterização Geotécnica, desenvolvido com base nas informações do Relatório Geotécnico-
geomecânico.

A zona do maciço envolvido pela estação apresenta uma heterogeneidade significativa, que é
agravada pelas indefinições que surgem do cruzamento de informação contraditória de
sondagens temporalmente desfasadas e da própria característica destes maciços.

Os maciços envolvidos pela escavação da Estação dos Aliados caracterizam-se por franca
heterogeneidade, embora denotem, numa boa parte, forte incidência de graus de alteração
elevados. Há evidência do desenvolvimento de uma zona “falhada”, a que está associada uma
profunda depressão de maciços fortemente alterados a decompostos. Existe também um aterro
generalizado cuja espessura oscila entre 0,5 e 11m.

3
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

I.2 - Geométricos

A definição planimétrica e altimétrica da obra cumprem o preconizado no Projecto de


Arquitectura, pelo que a definição da geometria da contenção respeita as cotas nele requeridas
(o que nem sempre é possível, quer por um levantamento topográfico mal efectuado, como por
erros ou concepção inexequível de projecto).

I.3 - Construtivos

Os aspectos estritamente construtivos importantes na concepção desta obra, que foram tidos em
conta no seu planeamento, são:

1. Prazo de execução da obra, que se pretendia curto;


2. Carácter urbano da zona de implantação das estruturas que poderia:
o Limitar os acessos e utilização de equipamento muito pesado e/ou ruidoso;
o Levar à imposição de medidas minimizadoras dos diversos impactos;
3. Natureza da escavação a realizar, que obrigava a cuidados adicionais tendo em vista a
minimização dos efeitos de descompressão e, consequente, limitação nos assentamentos
dos maciços adjacentes.

I.4 - Topográficos

A zona de implantação da Estação dos Aliados tem uma inclinação de Norte para Sul da ordem
dos 5%, inclinação que é acompanhada pelo coroamento da Estação.

I.5 - Hidraúlicos

A posição do nível da água (freático – NA), identificado nas sondagens, era variável. Os níveis
aquíferos, tendo sido medidos em todas as sondagens realizadas, oscilaram circunstancialmente
entre as cotas de cerca de 64.00m e 71.00m (altitude absoluta), acompanhando o declive da
superfície. Admitiu-se que nas estações do ano mais pluviosas estes níveis estacionassem em
cotas ligeiramente superiores (1 a 2m), ou seja, viessem a atingir profundidades de cerca de 3m
da superfície. As últimas sondagens, concluídas no início de 2002, confirmaram os níveis
freáticos das campanhas anteriores.

É importante remarcar que os níveis freáticos posicionados e registados na campanha de 2001


correspondiam a condições muito gravosas (tratou-se de um ano excepcional em termos
pluviométricos), com níveis de águas que nunca chegaram a 3m da cota da superfície.

4
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Pelo exposto, se percebe a forte implicação com o processo construtivo que estes níveis
aquíferos tiveram na escavação para a execução da Estação enterrada. Assim, atendendo a que a
profundidade média da escavação é da ordem dos 22m, foi necessário assegurar o rebaixamento
freático em contínuo durante o período da obra.

I.6 - Condicionamentos relativos a estruturas e infra-estruturas vizinhas

A escavação ocupou um terreno com forte envolvimento nas artérias mais importantes da
cidade, onde o tráfego é intenso, quer de pessoas (peões), quer de veículos ligeiros e pesados
(com franca incidência de transportes colectivos).

No que respeita aos edifícios, a sua distância às faces da escavação principal (Estação enterrada
propriamente dita) é suficientemente grande para que não oferecessem cuidados de maior em
vista dos movimentos induzidos pela escavação, a não ser eventuais implicações com
rebaixamentos de níveis freáticos.

No entanto, as galerias de acesso, que se desenvolvem nos limites da Avenida dos Aliados e são
praticamente apensas às fronteiras dos edifícios que a cerceiam, justificaram uma maior atenção
ao seu comportamento e, por isso, o método construtivo é função deste factor (sendo-o também
das condições de fundação daquelas estruturas).

As infra-estruturas enterradas encontravam-se devidamente caracterizadas e foram tidas em


consideração na disposição das unidades que constituem as estruturas de contenção periférica,
nomeadamente a garantia de que os primeiros níveis de ancoragens não intersectassem essas
infra-estruturas.

I.7 - Outros condicionamentos

Para além dos condicionamentos já referidos, foram tidos em conta no desenvolvimento do


projecto:

• Condicionamentos de qualidade, definindo nomeadamente requisitos mínimos para


garantia de uma maior durabilidade;
• Aspectos económicos associados aos custos de execução da obra.

5
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

II - CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA

II.1 - Caracterização geotécnica

II.1.1 - Características geotécnicas dos materiais encontrados nas sondagens

Os boletins das sondagens realizadas apresentam uma descrição que permitiu caracterizar os
materiais presentes na área a ser escavada.

Estes materiais são constituídos basicamente por:

• Uma camada superficial de aterro;


• Uma camada composta por um depósito aluvionar;
• Diversas camadas e lentes compostas por materiais de alteração do Granito do Porto,
nomeadamente, maciços de classe W2, W3-W2, W3, W4, W5-W4 e W5 (ver
caracterização adiante incluída).

Em termos de mineralogia, o Granito do Porto existente no local apresenta uma mineralogia já


amplamente caracterizada em trabalhos anteriormente realizados. Esta rocha é “um granito de
grão médio de duas micas com textura hipidiomórfica granular, por vezes com textura
porfiróide. Quando não meteorizado apresenta cor clara e aspecto muito homogéneo. É
constituído por quartzo, microclina, plagioclase, moscovite e biotite, tendo como minerais
acessórios o zircão, a apatite e a sillimanite” [1] (Begonha, 1997).

A mineralogia identificada do granito do Porto, tanto para os termos menos alterados, quanto
para os mais alterados, permitiu prever que a expansibilidade destes materiais não era factor de
risco da estabilidade da escavação projectada para a Estação Avenida dos Aliados.

Em termos de capacidade de absorção de água, não foram realizados ensaios de caracterização


deste parâmetro. Entretanto, a experiência local [15] (Viana da Fonseca, 1996) mostra que esta é
baixa nos solos de alteração do Granito do Porto. Também ensaios realizados no Laboratório de
Geotecnia da FEUP, no âmbito do Projecto do Metro do Porto, assim o revelam [6; 7] (Instituto
da Construção, 2001 e 2002).
A agressividade da água foi caracterizada através de ensaios de análise química de amostras de
água recolhidas nas sondagens. No Quadro 1 resumem-se os resultados mais significativos, que
mostram uma quase nula agressividade do ambiente químico com o betão.

6
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Quadro 1 – Resultados dos ensaios de agressividade da água

Parâmetros Rerultados
Amostra:
Elemento VMR* VMA* Unidade Amostra: SAL13
SAL9
Magnésio 300 1000 mg/l 6,6 17,6
PH (eq) >6,5 >5,5 Esc. Sorens 7,3 7,3
Alcalinidade mg/l CaCO3 189,9 169,2
Sulfatos 200 600 mg/l SO4 50 73
Cloretos mg/l Cl 43,4 70,3
Azoto amoniacal 15 30 mg/l NH4 0,126 0,669
Anidrido
35 90 mg/l CO2 21,1 15,6
carbónico livre

* Estes valores (máximos recomendáveis, VMR, e máximos admissíveis, VMA) são, segundo a especificação LNEC
E378-1996, os limites da classe de exposição EQ1, o que não tem implicações particulares de composição do betão.

II.1.1.1 - Formações

Seguidamente identificam-se as várias unidades que se individualizaram em termos do modelo


geológico, procurando características geomecânicas afins.

Aterros

Os aterros caracterizavam-se por se apresentarem sob a forma de areias médias a grosseiras,


siltosas, com calhaus, blocos de granito e restos de cerâmica e, localmente, com terra vegetal.
Apresentava cor amarelada e compacidade muito elevada. Os valores de NSPT obtidos para esta
unidade oscilavam entre 3/30 e 50/0 pancadas. Estes últimos valores estão associados à
disseminação de blocos.

Aluvião
Foi detectado apenas nas sondagens S9 e BHS5’’. Era composto por uma areia com granulação
muito variável, de fina a grosseira, siltosa e com calhaus. No único ensaio SPT realizado neste
material, na sondagem S9, obteve-se um valor de NSPT de 18/30 pancadas.

7
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Granito W5 – solo saprolítico

Tratava-se de um solo arenoso, de grão médio a grosseiro, siltoso a silto-argiloso, micáceo e


caulinizado, com fragmentos de quartzo. Apresentava-se em geral medianamente compacto a
compacto, com coloração esbranquiçada a amarelada. Os valores de NSPT obtidos para o Granito
W5 variam entre 22/30 e 50/0 pancadas.

Granito W5-W4

Correspondia a um maciço de interface mineralogicamente designado “hard rock – soft soil”.


Tratava-se de um material recuperado como um solo arenoso, siltoso a silto-argiloso, micáceo,
localmente com fragmentos da rocha matriz e quartzo, caulinizado. Apresentava-se muito
compacto, com raras passagens compactas, com cor amarelada e passagens esbranquiçadas. Os
ensaios SPT realizados neste material variam entre as 50/15 e as 50/5 pancadas.

Diferenciava-se do Granito W5 apenas pela sua maior compacidade, sendo frequentes as


“negas” durante o ensaio SPT. Na elaboração da interpretação geológica, considerou-se como
Granito W5-W4 aqueles trechos descritos como tal nos boletins de sondagem, e os trechos
classificados como Granito W5 em que o SPT foi de 60 pancadas ou em que ocorreu “nega”.

Granito W4-W5

Era composto por material muito alterado a decomposto, com RQD variando entre 0% e 60% e
Recuperação de 25% a 90%. O grau de fracturação predominante era o F5 (descontinuidades
muito próximas), com frequentes zonas F4 (descontinuidades próximas) e raras zonas F3
(fracturas medianamente afastadas).

Granito W4

Todos os materiais rochosos descritos a partir deste item referem-se ao Granito do Porto, de
grão médio, com duas micas. Nesta unidade, Granito W4, este apresentava-se muito alterado e
amarelado. As fracturas eram predominantemente próximas (F4) podendo também ser F5
(fracturas muito próximas), ou F3 (medianamente afastadas). Os valores do RQD para estes
materiais variavam entre 0% e 90%. Para a Recuperação os valores variaram entre os 45% e os
100%.

8
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Granito W3-W4

Era composto por Granito do Porto. Apresentava grão médio, duas micas, encontrando-se muito
a extremamente alterado. O grau de fracturação, apesar de predominantemente se caracterizar
por fracturas próximas (F4), varia muito, podendo também ser F5 (fracturas muito próximas),
F3 (medianamente afastadas) e até mesmo F2 (fracturas afastadas). O RQD varia entre 0% e
85%, enquanto que, para a Recuperação, os valores encontrados variaram entre os 65% e os
100%.

Granito W3

Esta unidade era composta por um granito medianamente alterado, com fracturas
predominantemente próximas (F4), mas podendo frequentemente ser muito próximas (F5) ou
medianamente afastadas (F3) ou, ainda e localmente, afastadas (F2). O RQD variava entre 0% e
100%, enquanto que para a Recuperação os valores variavam numa faixa mais estreita de
valores, de 25% a 100%. Estes dois parâmetros são muito influenciados pelo grau de fracturação
encontrado nestes materiais, daí os valores mínimos obtidos na Recuperação serem inferiores
aos do Granito W4, relacionados às frequentes zonas F5.

Granito W3-W2

Encontrava-se medianamente a pouco alterado, com fracturas medianamente afastadas (F3) a


próximas (F4), sendo frequentes as zonas com fracturas afastadas (F2) ou muito próximas (F5).
O RQD variava entre 35% e 100%. A Recuperação variava entre 67% e 100%.

Granito W2

Era o material menos alterado encontrando-se nas sondagens realizadas na área da Estação
Avenida dos Aliados. Tinha grau de fracturas predominantemente entre o F4 (fracturas
próximas) e o F3 (fracturas medianamente afastadas), podendo, localmente, apresentar zonas
com descontinuidades afastadas (F2) ou muito próximas (F5). O RQD variava entre 10% (em
um trecho muito restrito, de fracturação F5) e 100%. A recuperação obtida nestes materiais foi
sempre de 100%.

9
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

II.1.1.2 - Outras Informações

De maneira a caracterizar os materiais rochosos presentes no talude de corte da zona da Estação,


os seguintes parâmetros foram descritos, ainda que algumas vezes de maneira qualitativa:

• Orientação;
• Abertura;
• Persistência;
• Condutividade hidráulica;
• Rugosidade;
• Enchimento das diaclases.

As descontinuidades presentes nos trechos com rocha apresentam as seguintes características,


em termos médios:

Orientação

Em termos regionais, observaram-se duas famílias de descontinuidades subverticais, uma com


orientação NW-SE e outra SW-NE, bem como duas famílias com inclinações variáveis
orientadas na direcção N – S e emergentes para W. Nas sondagens são comuns as diaclases com
ângulos muito variáveis com o eixo dos furos. A grande dispersão destas orientações não
permitiu definir as orientações de tal forma dominantes que estabelecessem um padrão modelar.

Condutividade hidráulica

Não foram realizados ensaios de condutividade hidráulica nas diaclases observadas, mas do
ponto de vista qualitativo observou-se que era comum a presença de vestígios de circulação de
água em todos os furos realizados.

Persistência

A única descontinuidade para a qual era possível estimar-se este parâmetro é a longitudinal ao
eixo dos furos, que são verticais. Nas sondagens realizadas, o valor deste parâmetro para estas
descontinuidades variou entre 0,25m e 2,65m. Deve-se frisar, entretanto, que de todos os
parâmetros geométricos das diaclases este é, sem dúvida, um dos de mais difícil determinação,
mesmos naquelas situações em que são comuns os afloramentos rochosos, o que não é o caso,
dado que o seu valor depende das dimensões da face em que se encontram expostas as diaclases.

10
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Rugosidade

As famílias apresentavam-se frequentemente rugosas a pouco rugosas, com algumas diaclases


apresentando superfície denteada. Algumas descontinuidades apresentavam ainda porções muito
localizadas com superfícies estriadas. As diaclases longitudinais ao eixo dos furos (verticais)
poderiam ser denteadas, onduladas ou rugosas.

Preenchimento

Eram comuns as diaclases preenchidas por películas argilosas e, com menor frequência, óxido
(provavelmente ferro e/ou manganês).

Abertura

Os dados recolhidos nos furos realizados não permitiram estimar este parâmetro.

II.1.2 - Perfis Geológico-geotécnicos interpretados

De maneira a elaborar o modelo geológico-geotécnico tridimensional da área a ser escavada


para a construção da estação, foram elaborados 8 perfis geológico-geotécnicos, sendo 4 apensos
às paredes da estrutura principal da estação, 2 construídos longitudinalmente à maior dimensão
da escavação, com direcção aproximada Norte – Sul, denominados Perfis AA’ e BB’, 2 cortes
construídos transversalmente à maior dimensão da escavação, portanto com direcção
aproximada Leste - Oeste, denominados Perfis CC’ e DD’, e os restantes 2 também
longitudinais (N-S) e desenvolvidos ao longo dos extremos da Avenida dos Aliados, designados
Perfis EE’ e FF’. Os dois últimos, GG’ e HH’, de muito pequena dimensão, seguiram
exclusivamente os eixos das galerias de acesso. Os materiais que compõem os perfis
constituídos encontram-se caracterizados no item anterior.

O Perfil AA’, construído com direcção Norte – Sul, situa-se nas proximidades da parede Oeste
da escavação a ser realizada para a Estação Avenida dos Aliados do Metro Ligeiro do Porto. A
camada mais superficial deste perfil é composta por um aterro heterogéneo que só não foi
observado na sondagem SS8, situada na porção Sul do perfil. A seguir, ocorrem diversas
camadas de materiais de alteração do Granito do Porto. Sob a camada superficial de aterro,
desde o extremo Norte do perfil (com referência à sondagem SAL-2) até ao extremo Sul (com
referência à sondagem SAL-12), prepondera um horizonte de granito W5-W4.

11
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Na porção mais a Norte, na zona da sondagem SAL-2, sob a camada superficial de aterro surge
um nível de blocos compostos por Granito W2 com pequena extensão e sob este, uma lente de
Granito W3 que se estende até pouco depois da sondagem BHS6. Na continuação destas lentes
e rumando a Sul, predomina subjacentemente ao aterro o Granito W5 – W4. Na porção
intermédia do perfil, na zona entre as sondagens SAL10 e BHS4’’, com grande significado na
sondagem SCS3A, ocorre um horizonte, possante nessa parte central, de Granito W5, afinando
para Sul até desaparecer pouco após a sondagem BHS4’’. Na porção mais a Sul do perfil ocorre
o mesmo horizonte de Granito W5 – W4 que é a mesma que se estende por todo o perfil,
podendo aflorar eventualmente à superfície pelas indicações da sondagem SS8. Nesta zona, em
todo o desenvolvimento entre as sondagens BHS4 e SAL12, aparece um espesso horizonte de
granito muito alterado a decomposto, W4-W5, entremeado de incipientes lentes de granito W4,
com grande significado. Nas porções Norte e Central do perfil, esta camada ocorre
ocasionalmente e localizadamente no seio de um granito muito alterado (W3-W4) a
medianamente alterado (W3). Este granito é dominante para profundidades maiores que 15 a
20m da superfície nas zonas Norte a central, mas perde significado a Sul, onde o granito muito
alterado (W4-W5 a W4) é mais profundo. Na sequência destes horizontes desenvolve-se em
profundidade uma base de Granito medianamente a pouco alterado, W3-W2.

O Perfil BB’, com direcção aproximada Norte – Sul, foi construído nas proximidades da parede
Leste da escavação a ser realizada para a implantação da estação. Este perfil apresenta uma
camada superficial razoavelmente espessa (entre 2 e 7m), composta por um aterro heterogéneo.
A seguir, na porção mais a Norte, observa-se a presença de um depósito aluvionar, com
espessura máxima de 11m, detectado na sondagem BHS5’’, que se afina para Sul, já não
aparecendo na zona perfurada pela sondagem SAL-1. Sob a aluvião ocorre uma camada de
Granito decomposto, ou solo residual saprolítico, W5, muito espessa e profunda na zona da
sondagem BHS5’’ e que se afina bastante a partir da sondagem SAL-1 e daí para Sul,
estendendo-se sob a camada superficial de aterro a partir da posição 20m do perfil. Sob esta,
aparece uma espessa camada de Granito W5–W4 que também parece estender-se por todo o
perfil, adelgaçando-se para o Sul, tendo sido apenas interpretada na zona da sondagem BHS5’’.
Deve-se salientar que este horizonte tem um muito grande significado no maciço entre as
sondagens SAL1 e BHS5, diminuindo para a BHS5’, sendo extremamente condicionador da
geotecnia em toda a zona Nordeste da Estação. Entre estas duas sondagens, foi posteriormente
realizada uma sondagem adicional (a SAL14) que confirmou este modelo, embora a
terminologia e interpretação seja um pouco mais conservativa. A seguir, restrita apenas à porção
Sul do perfil, observa-se uma lente de Granito W4, que desaparece nas proximidades da zona
perfurada pela sondagem BHS5’. A partir da posição 20m do perfil (SAL9), ocorre uma camada
de Granito muito alterado (W3-W4) a medianamente alterado (W3), com uma grande espessura

12
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

numa porção intermédia da secção (centrada na sondagem BHS5), subjacente à camada de


Granito W5–W4 descrita anteriormente, e que se afina na zona central, no prumo da sondagem
BHS5’, voltando a ganhar significado para Sul, com grande relevância no seu extremo, ou seja,
na prumada da sondagem SAL12. A partir daquela sondagem BHS5’ e com sinais ainda menos
claros na SAL13, mas com notoriedade na SAL12, a camada de Granito muito alterado (W3-
W4) vai aumentando para o extremo Sul deste perfil. Nesta camada, aparecem níveis de Granito
W5 relacionados com zonas de intensa fracturação. Por fim, ocorre uma camada de Granito W3
– W2 que é o material mais são encontrado nas sondagens realizadas ao longo deste perfil. Este
horizonte domina a sondagem BHS5’ e a sua presença pôde ser confirmada na sondagem
SAL13, dominando a zona intermédia para Sul do perfil, o que demonstra que a mesma se
aprofunda muito em direcção ao Norte e menos para Sul.

O Perfil CC’, foi construído nas proximidades da parede Norte da escavação prevista, com uma
direcção aproximadamente Leste – Oeste. A camada mais superficial é um aterro heterogéneo,
com cerca de 2m de espessura média. A seguir ocorre um nível de blocos composto por blocos
de Granito W2–W3. Na zona da sondagem SAL-1 ocorre, sob este nível de blocos, uma lente de
Granito W5 que se estende até a porção média do perfil. A seguir, e estendendo-se ao longo de
todo o perfil, ocorre uma espessa camada de Granito W5–W4, que se afina para Oeste. A
camada W4-W3 que se segue é a última camada interceptada por ambas as sondagens que
compõem este perfil (SAL-1 e SAL-2). E apresenta uma variação de profundidade bastante
abrupta na zona entre as duas sondagens. As demais camadas só ocorrem na zona da sondagem
SAL-2, não tendo sido interceptadas pela sondagem SAL-1, pelo que sua presença a Leste pode
ser apenas inferida. Trata-se de uma sequência de camadas que tem início com uma intercalação
de camadas de Granito W4–W5 e camadas de Granito W3. Por fim, ocorre uma camada de
Granito W2-W3 (W2 ?) que é o material mais são encontrado nas sondagens realizadas nesta
área.

O Perfil DD’, situa-se na porção Sul da escavação e tem direcção aproximada Leste – Oeste. É
composto por uma sequência de camadas que, segundo a interpretação dos perfis longitudinais
antes descritos, mergulham de Norte para Sul, sendo a mais superficial constituída por aterros
heterogéneos com espessuras máximas de cerca de 2 metros. Sob esta camada ocorre uma
significativa diversidade de camadas distintas. Na porção mais a Leste, após um nível de blocos
compostos por Granito W3-W4 com pequena extensão, observa-se uma sequência gradativa e
profunda de horizontes de graus de alteração decrescentes em profundidade, sob uma forma de
“vale”, o que indicia uma decorrente linha de água (a que não são estranhas incidentes processos
de alteração mais profundos). Assim, observa-se de forma sequencial os horizontes W5, W5-
W4 (este com grande significado em possança), W4, W4-W3, W3-W4 e uma base de W3-W2.

13
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Caminhando para Oeste estes horizontes menos alterados sobem abruptamente, logo para a
prumada definida pela sondagem SAL13, estando a área envolvida pela Estação claramente fora
daquela zona mais alterada. A parte central do perfil é dominada por uma sequência algo
errática – porque alternada – de distintos horizontes de alteração, sendo significativa a presença
de espessas camadas de granito muito alterado (W4-W5) inserido em horizontes medianamente
alterados (informação explicitada pela sondagem SAL11 – que, aliás, contraria a informação da
sondagem SS8 – projectada à distância de cerca de 8m). Estas camadas mais alteradas parecem
desaparecer quando seguimos para o extremo Oeste do perfil, ou seja, da Avenida dos Aliados.
A camada mais profunda interceptada nas sondagens, é composta por um Granito pouco a
medianamente alterado, W3-W2 (eventualmente com caminho para W2 ?).

Os Perfis EE’ e FF’ foram ambos construídos com direcção Norte – Sul, situando-se,
respectivamente, nos limites Poente e Nascente da Avenida dos Aliados, sendo em boa medida
representativos das condições que dominam os maciços das fundações dos edifícios adjacentes
às rampas de acesso à estação (com entradas situadas nos passeios) e que, também, poderão ser
envolvidos pelos bolbos de eventuais ancoragens lançadas das paredes da Estação enterrada. O
seu interesse vem acrescido pela possibilidade que criaram de estender os perfis CC’ e DD’ até
à sua direcção, embora com algum exercício de extrapolação das litologias perfiladas em EE’ e
FF’.

O Perfil EE’ tem direcção aproximada Norte – Sul, e situa-se no lado poente da futura Estação
Avenida dos Aliados. Foi construído com base nas informações obtidas nas sondagens SAL3 e
SAL4. É constituído por uma camada superficial de aterros heterogéneos com espessura
máxima de cerca de 2 metros e que se afina para Sul. Sob esta camada superficial ocorrem duas
camadas. Na porção mais a Norte do perfil ocorre uma camada de Granito W5, com espessura
máxima de cerca de 7 metros, e SPT entre 2/3 e 19/47 que também torna-se menos espessa para
Sul, passando, na região situada entre as duas sondagens, há uma camada mais resistente,
constituída por Granito W5-W4, com espessura máxima de 2 metros e que, assim como as
anteriores, também se reduz para Sul. Sob estas ocorre uma espessa camada de Granito W3-W4,
que se apresenta mais espessa na região Central e Sul do perfil. A partir da zona situada entre os
dois furos de sondagem realizados, ocorre interdigitada com uma camada de Granito W3-W2,
que se estende para Norte sob a camada de Granito W3-W4, diminuindo de espessura neste
sentido. Por fim, ocorre a unidade mais profunda observada no perfil, composta por uma
camada de Granito W4-W5, e que foi apenas interceptada na sondagem SAL3, mais a Norte.

O Perfil FF’ também tem direcção Norte – Sul, mas situa-se no lado nascente da Estação
Avenida dos Aliados. É composto por uma sequência de camadas com mergulho de Norte para

14
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Sul, sendo a mais superficial constituída por aterros heterogéneos com espessuras máximas de
cerca de 1,7 metros. Sob esta ocorrem 3 camadas distintas. Na porção mais a Norte, observa-se
uma camada de Granito W4, com espessura de cerca de 10 metros, que passa, lateralmente, na
zona situada entre as sondagens SAL8 e SAL6, a uma Granito W5-W4. O contacto geológico-
geotécnico entre estas duas últimas camadas apresentado no perfil pode, entretanto, estar situado
em local um pouco distinto, por se tratar de contacto inferido. Na porção mais a Sul do perfil, na
zona amostrada pela sondagem SAL6, esta camada de Granito W5-W4 ocorre sob uma camada
de Granito mais são, W4-W3, com espessura média de cerca de 1,2 metros. Abaixo destas
camadas, ocorre uma outra camada de Granito W4-W3, sendo que esta se estende por toda a
extensão do perfil, com espessura máxima de 4 metros e que se torna mais espessa para Sul. A
seguir surge a última camada amostrada em ambas as sondagens utilizadas na elaboração deste
perfil, composta por um Granito W3, com mergulho para Sul, cuja espessura média é de cerca
de 8 metros. Por fim, na porção mais a Norte do perfil, observa-se uma camada de Granito W3-
W2, amostrada apenas na sondagem SAL8.

Em abono de uma avaliação do sistema que mais adequadamente se adaptará às galerias de


acesso pedonal à Estação enterrada, foi necessário desenvolver os perfis GG´ e HH´ que foram
lançados sensivelmente ao longo dos eixos dessas galerias. Sendo baseados na informação
indirecta que se recolhe dos pontos de intersecção com os perfis AA’ e EE’, para o GG’, e BB’
e FF’, para o HH’, têm alguma aproximação, embora a proximidade das sondagens SAL3 e das
SAl6 e BHS5’, no primeiro e segundo perfil, respectivamente, assegurem alguma confiança.
Em geral os perfis denotam um franco domínio dos horizontes mais alterados (W5 e W5-W4),
subjacentes a aterros cujas espessuras que oscilam entre 2 e 3m.

Como comentário final, deve-se ressaltar que maiores cuidados devam ser tomados na região
Norte da escavação prevista para a construção da estação, na zona próxima ao Perfil CC’, em
função da presença de grandes espessuras de material muito alterado e aterros.

II.1.3 - Condições Hidrogeológicas

O nível de água definido nas sondagens das primeiras campanhas, estava situado a uma
profundidade variável entre 4,5 e 8,0 metros, a partir da cota das bocas dos furos em que foram
medidos. Desta forma, o NA situa-se entre as cotas 60.50 e 66.55.

Na última campanha de sondagens (SAL1 a SAL9), o nível de água oscilou entre profundidades
de 3,50 e 5,20 metros (na sondagem SAL2 apresenta-se, com estranheza, este nível à superfície,
e não foi tido em consideração), a partir da cota das bocas dos furos em que foram medidos,

15
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

correspondendo a cotas entre 70.30 nas sondagens mais próximas do Edifício da Câmara e
63.90 na zona mais a Sul.

A realização da campanha de sondagens não permite verificar a variação sazonal do Nível de


Água. Entretanto, de maneira a monitorar esta variação, foram instalados piezómetros nas
sondagens SAL1, SAL4, SAL5 e SAL7.

Foram realizados nas primeiras campanhas alguns Ensaios Lugeon de 5 estágios nas sondagens
BHS4’’, BHS5, BHS5’e BHS6, em maciços de Granito com alteração variando entre W3 – W2
e W5. Os resultados obtidos são apresentados no Quadro 2, a seguir

Quadro 2 – Resultados dos Ensaios Lugeon das primeiras campanhas

Sondagem Trecho (m) Material Fracturação Resultado


10,0 aos 15,0 Granito W3 F2, F3 e F4 3,73 UL
15,0 aos 20,0 Granito W3 F2, F4 e F4-F5 3,18 UL
BHS4’’
20,0 aos 25,0 Granito W3 F2, F3 e F4 3,33 UL
25,0 aos 30,0 Granito W3 F2, F3 e F4-F5 0,82 UL
BHS5 25,0 aos 30,0 Granito W3 e W5 F5 1,23 UL
BHS5’ 23,4 aos 28,4 Granito W3 – W2 F2, F3 e F4 1,00 UL
10,0 aos 15,0 Granito W4 – W5 F4 – F5 7,01 UL
BHS6
25,0 aos 30,0 Granito W4 – W5 e W3 - W4 F3, F4 e F4-F5 1,08 UL

Na última campanha de sondagens realizadas, também foram executados ensaios de


permeabilidade Lefranc e Lugeon, cujos resultados são apresentados no Quadro 3 e 4,
respectivamente.

Para melhor caracterização das características hidráulicas no local, foi realizado um ensaio de
bombagem no furo SAL9, tendo como piezómetros 5 sondagens circundantes e confirmaram
que nas zonas dominadas pelos horizontes mais alterados, como é o caso da zona da sondagem
SAL9, as permeabilidades calculadas são bastante baixas, da ordem de 10-7m/seg a curto prazo
e mesmo da ordem de 10-8m/seg para tempos mais prolongados.

16
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Quadro 3 – Resultados dos Ensaios Lefranc da última campanha

Sondagem Trecho (m) Material Fracturação Resultado


30 aos 31,5 Granito W5 - 1,7×10-7m/seg
SAL1
34,5 aos 37,0 Granito W4 F4-F5 1,1×10-5 m/seg

9,0 aos 10,5 Granito W4 F5 7,0×10-6 m/seg


SAL2
15,5 aos 17,0 Granito W3 F3 7,0×10-5 m/seg
SAL3 30,0 aos 31,5 Granito W4 F5 9,8×10-6 m/seg

5,0 aos 6,5 Granito W5 - 1,0×10-7 m/seg


SAL9
27,0 aos 28,5 Granito W5 - 5,4×10-7 m/seg

Quadro 4 – Resultados dos Ensaios Lugeon da última campanha

Sondagem Trecho (m) Material Fracturação Resultado


SAL2 25,0 aos 28,0 Granito W4 F4 0,11 UL
20,0 aos 23,0 Granito W4 F5 8,00 UL
SAL3 25,0 aos 28,0 Granito W3 F2 1,78 UL
30,0 aos 33,0 Granito W2 F2 0,67 UL
15,0 aos 18,0 Granito W2 F2 >100 UL
SAL4
20,0 aos 23,0 Granito W2 F3 >100 UL
10,0 aos 13,0 Granito W5 - 3,75 UL
SAL5
25,0 aos 28,0 Granito W3 F5 48,0 UL
SAL6 20,0 aos 23,0 Granito W3 a W4 F5 52,0 UL
SAL7 10,0 aos 13,0 Granito W3 a W4 F3, F4 e F5 34,0 UL
5,0 aos 6,0 Granito W4 F3 e F4 12,0 UL
10,0 aos 13,0 Granito W4 F4 31,0 UL
SAL8 15,0 aos 18,0 Granito W3 a W2 F2 e F3 >100 UL
20,0 aos 23,0 Granito W3 a W2 F4 56,0 UL
25,0 aos 28,0 Granito W3 F4 e F5 27,0 UL
10,0 aos 13,0 Granito W4 – W5 F4 – F5 3,00 UL
SAL9
30,0 aos 33,0 Granito W5 - 0,20 UL

17
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

As outras zonas envolvidas pela Estação são dominadas por maciços mais fracturados (embora
menos alterados) e têm forte analogia com os que foram identificados no projecto da Estação da
Trindade. Aí foram também realizados ensaios de bombagem que conduziram a valores de
permeabilidades superiores. Os valores então obtidos oscilavam entre 10-5m/seg e 10-6m/seg, o
que resulta num potencial de afluência de água subterrânea nas obras subterrâneas nestas zonas
baixas, sendo, contudo, suportável por métodos convencionais de esgoto e drenagem.

Assim se refere que as escavações em maciços com estas características poderá debater-se com
algumas concentrações de fluxos, acima da média. Este facto foi levado em consideração no
decurso da obra.

II.1.4 - Parâmetros Geotécnicos

Modelo geotécnico simplificado

Os parâmetros geotécnicos que se adoptaram nos cálculos de estabilidade e nas verificações dos
Estados Limites Último e de Utilização, foram deferidos de ensaios realizados “in situ” e em
laboratório, admitindo correlações que vêm sendo desenvolvidas regionalmente para maciços
resultantes da alteração das rochas graníticas.

Dos ensaios que se realizaram, salientam-se:

• Nos horizontes terrosos, com consistência de solo, os ensaios com o penetrómetro


dinâmico normalizado (SPT) – enquadrados pelas análises de identificação física sobre
amostras integrais que permitem a sua classificação – e, em algumas amostras
indeformadas escolhidas criteriosamente, que representem alguns horizontes de franca
identidade, ensaios de laboratório com incidência para a determinação directa de
parâmetros mecânicos de rigidez e resistência necessários para o dimensionamento:
ensaios triaxiais consolidados drenados e não drenados, com prévia saturação dos
provetes, e ensaios de determinação de permeabilidade; em alguns casos optou-se, por
indisponibilidade de realizar os ensaios triaxiais em tempo útil, por alguns ensaios de
corte directo; os ensaios triaxiais, associados aos ensaios de determinação de
permeabilidade “in situ” (LeFranc) e aos ensaios de bombagem, permitem, em análise
conjunta, avaliar as características de condutividade hidráulica dos maciços
envolventes, bem com estimar os caudais de bombagem para garantir a drenagem no
decurso da escavação, bem como a drenagem da laje de fundo da futura estação;

18
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

• Nos horizontes de interface com a rocha, e na impossibilidade de se executarem ensaios


específicos próprios em larga escala dos maciços rochosos, foram seleccionados alguns
ensaios expeditos que, para um empreendimento desta classe, permitissem a derivação
de parâmetros geomecânicos necessários para o dimensionamento; assim, tendo em
conta os critérios de classificação de Bieniawsky (1974, 1976, 1978, 1992) geradores de
um parâmetro indicial geomecânico intermédio, como o RMR, que permite essa
derivação, foram classificados os horizontes implicados pela escavação e respectivas
estruturas de contenção periféricas, tendo em conta os vários factores que são parte
integrante desse índice; foram assim classificados tarolos dos “logs” recolhidos nas
sondagens e realizados ensaios de compressão simples e de carga pontual para
determinação de resistência sobre alguns destes em horizontes tipologicamente
homogéneos, tendo sido possível reconhecer alguns parâmetros tendenciais para utilizar
no modelo de cálculo.

Características principais de solos saprolíticos do granito do Porto (W5)

No Quadro 5 reproduzem-se alguns resultados colectados [17; 15 - Viana da Fonseca (1994;


1996)] dos parâmetros de resistência em campanhas experimentais onde foram também obtidos
valores do número de pancadas (NSPT - não corrigido) de ensaios SPT realizados nos mesmos
locais e às mesmas profundidades.

Verificam-se as seguintes tendências gerais:

• Os valores de φ' são menos variáveis do que os de c', embora em certos casos esse facto
seja fruto da aproximação rectilínea da envolvente de rotura do critério Mohr-Coulomb;

• Os valores do ângulo de atrito são relativamente altos, com limites inferiores entre 27-
30º, e correspondem a valores típicos de solos granulares;

• Tendo-se ensaiado uma vasta gama de materiais com compacidades muito distintas
(NSPT variando de 7 a mais de 60), a variação do ângulo de atrito é muito menor do que
a que se verificaria em solos transportados com variações semelhantes de NSPT, estando
relacionada com o facto de nos solos residuais o índice de vazios não ser tão
determinante nos parâmetros de resistência como o é em solos transportados, devido à
presença de estruturas floculadas (abertas) com cimentação interparticular;

19
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

• Em geral, os efeitos na resistência de maiores ou menores níveis de cimentação


(frequência e tipo) fazem-se sentir ao nível da coesão, que pode variar de zero nos
materiais remoldados, até valores de 50kPa, em condições naturais e para as gamas
mais baixas de tensão efectiva de consolidação.

Quadro 5 - Parâmetros de resistência deduzidos de ensaios triaxiais e correspondentes


valores de NSPT (Viana da Fonseca et al., 1994 e Viana da Fonseca, 1996).

Local Tipo de ensaio φ' (º) c' (kPa) NSPT


28-31 17-34 12-17
CID Comp. Axial 32 23 15-20
Porto (cidade) (w0) 37 5 >60
30-33 40-52 ----
CID Ext. Lateral 31 18 15-20
33 24 10-16
Porto (cidade) CIU Comp. Axial 27 25 17
37 32 22-32
Matosinhos 36-39 2-5 15-30
(Porto de CIU Comp. Axial 45-47 6-9 30-60
Leixões) (a) 46 16 >60
Túnel de Gaia CIU (saturada)
29-33 5-55 20-40
(1) (b) Comp. Axial (D100)
CIU (saturada)
(2) 31-38 6-43 20-40
Comp. Axial (D58)
CID (w0)
(3) 27-33 9-27 20-40
Comp. Axial (D100)
CID (w0)
(4) 35-39 7 20-40
Comp. Axial (D38)
CIU (sat) 35 0 20-60
(6) CID (w0) 30-40 30-40 20-60
CID (w0) 35 25 3-27
Matosinhos CID e CK0D
(Hospital (Compressão) 37 8 – 10 8 – 30
Pedro (Extensão) 34 4
Hispano) (c) Estado crítico 31,6 0 ⎯

(a) Santos (1995); (b) Teixeira Duarte (1988); (c) Viana da Fonseca (1996)

20
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Ensaios no Laboratório de Geotecnia da FEUP, sobre um conjunto vasto de amostras de boa


qualidade recolhidas nos maciços implicados pelo túnel do Metro, vieram contribuir para
engrossar a experiência sobre estes solos representativos dos horizontes saprolíticos (W5).
Assim, verifica-se que:

• Horizontes mais caulinizados (matriz mais fina) aproximam os valores do ângulo de


atrito do limite inferior dos indicados no quadro (não foram nunca inferiores a 30°), mas
são acompanhados por valores de coesão efectiva não negligenciável sempre superior a
10kPa, mesmo em condições saturadas);

• Horizontes mais arenizados (matriz mais grosseira) aproximam os valores do ângulo de


atrito obtidos [Viana da Fonseca (1996)] - φ´≥ 37° - sendo a coesão também claramente
positiva (superior a 7kPa) e aumentando com a compacidade do solo (por isso, com os
valores do SPT).

Características principais dos horizontes de interface com a rocha: graus de alteração


moderados do granito do Porto (W4 e W3)

A caracterização geomecânica de um maciço rochoso alterado é fundamental para definir o


modelo geomecânico do maciço. Para tal utilizam-se classificações integradas – de cariz semi-
empírico mas amplamente fundamentadas na prática profissional – que utilizam os resultados de
análises geológicas detalhadas dos produtos das sondagens e de ensaios muito particulares da
Mecânica das Rochas.

As propriedades mecânicas dos maciços rochosos são reconhecidamente condicionadas por um


conjunto de factores em boa parte dominados pelo efeito conjunto da matriz rochosa e das
singularidades macro-estruturais, tais como:

• A resistência da rocha intacta: determinável por ensaios de compressão simples ou


uniaxial (medida directamente ou, com recurso, por correlações);
• A qualidade dos tarolos de amostragem, reflectida nos RQDs;
• Espaçamento das juntas;
• Condições das juntas (abertura, rugosidade, preenchimento e continuidade);
• Percolação: presença de água nas juntas (importante para problemas de estabilidade);

21
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

• Ajustamentos tendo em conta as orientação das juntas: determinante na capacidade de


carga em fundações ou na estabilidade de escavações.

Estes factores são, aliás, a base da classificação RMR [2 - Bieniawski, 1974, 1976].

Muitas vezes – ou porque não se obtêm facilmente testemunhos para a determinação da


resistência à compressão da rocha ou por outras razões – admite-se como satisfatória a
estimativa dessa resistência à compressão uniaxial por descrição da massa rochosa. Disso é
exemplo a proposta da Sociedade Internacional de Mecânica das Rochas (ISRM, 1981). No
entanto, não sendo sempre possível, ou com a frequência que se desejaria, aceder aos meios para
a realização do ensaios de compressão uniaxial (ou por impossibilidades logísticas ou a falta da
resposta do laboratórios da especialidade perante a necessidade de cumprimento de prazos)
também se pode recorrer – aliás na linha da proposta de Bieniawski - aos resultados do ensaio
de carga pontual (Point Load), para efeitos de classificação, por um lado, ou mesmo, de
derivação da resistência à compressão uniaxial, por outro.

De acordo com muitos resultados empíricos, e segundo vários autores, a fórmula que nos
permite determinar a resistência à compressão da rocha, é dada por (ISRM, 1972):

σ c = 24. ls50 (MPa)


(sendo ls50 o valor de ls corrigido para o relativo a um provete de diâmetro de 50mm)

Existem outras fórmulas que permitem determinar a resistência à compressão da rocha, e que
não necessitam da correcção do ls, como é o caso da seguinte expressão sugerida por
Bieniawski (1978) e Hoek e Brown (1980):

σ c = (14 + 0,175 D ).ls


(D é expresso em milímetros)

Sobre a relação entre a resistência à compressão simples e a resistência de uma massa rochosa,
que foi testemunhada, utilizam-se relações empíricas que serão sobretudo dependentes das
características das descontinuidades e das direcções relativas das tensões actuantes. Assim,
critérios reconhecidos, como os de Hoek e Brown (1980) e Hoek (1998), para serem aplicados
ao dimensionamento de fundações, são formas meramente empíricas que se baseiam na
observação do comportamento das massas e de ensaios correspondentes.

22
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

O critério de Hoek-Brown pode ser expresso pela tensão efectiva principal máxima na rotura:

σ1′ = σ′3 + (mσ′u (r ) ⋅ σ′3 + s ⋅ σ′u (r ) )2


1

Sendo:
• σ′3 a tensão principal mínima ou de confinamento;
• σ′u (r ) é a resistência à compressão uniaxial da rocha intacta;

• m e s são constantes de não-linearidade da envolvente de resistência (Quadro 9).

As constantes do quadro são dependentes da constituição das rochas e do seu estado de


fracturação/alteração (5 e 6 categorias, respectivamente).

Neste caso, o volume de amostras disponíveis não possibilitaria uma análise exaustiva dos
tarolos dos horizontes prospectados, No entanto, procurou identificar-se algumas amostras mais
significativas e conduzir um volume de ensaios que permitisse determinar uma tendência por
classe.

Em alguns casos admitiu-se recorrer a ensaios de compressão simples para determinação directa
da resistência à compressão, em outros, dada a sua simplicidade e por isso a possibilidade de
cobrir um maior número de amostras, optou-se pela determinação do Índice de Resistência à
Carga Pontual (Point Load). A classificação RMR de Bieniawski (1974) assim o admite. Estes
resultados constam de um relatório de ensaios do Laboratório de Geotecnia da FEUP [6]
(Instituto da Construção, 2001).

No Quadro 6 apresenta-se alguns resultados obtidos de ensaios sobre provetes de rochas e no


Quadro 7 resumem-se os parâmetros derivados para o dimensionamento.

Uma análise sumária dos valores da resistência à compressão uniaxial obtidos em várias
campanhas de prospecção e caracterização dos maciços envolvidos pela construção do Metro
conduziu a uma estimativa de valores por classes de alteração. Assim:

• Granito W5 - o valor de σ’u(r).oscila entre 30 e 140 kPa, no entanto, se considerarmos o


horizonte de interface W5-W4, os valores já podem oscilar entre: σ’u(r).= 2 - 5 MPa;
• Granito W4-W5 - o valor “característico” de σ’u(r).é de 10 MPa;
• Granito W4 - o valor “característico” de σ’u(r).é de 15 MPa;
• Granito W4-W3 a W3-W4 - o valor “característico” de σ’u(r).é de 20 MPa;
• Granito W3 - o valor “característico” de σ’u(r).é de 35 MPa;

23
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

• Granito W3-W2 - a W2-W3 o valor “característico” de σ’u(r).é de 55 MPa.


Quadro 6 - Características de alguns provetes ensaiados [6]

Peso volúmico Resist. à Comp.


Amostra Profundidade Classificação
(kN/m3) * Uniaxial (MPa)
SET 2 12.12 m W4 – W3 24,5 20,57
SET 6 1.50 m W3 24,8 19,37
SET 6 3.0 m W3 25,1 47,06
SET 6 4.50 m W3-W2 25,5 55,59
SET 6 7.60-7.70 m W3 25,2 37,73
SET 6 9.85 m W3-W4 24,6 10,72
SET 6 12.70 m W4-W5 24,7 9,58
SET 2' 6,60-7,90m W5-W4 21,1 2,75
SET 2' 7,90-9,90m W5-W4 20,8 2,31 – 3,30
SET 2' 10,90-12,40m W5-W4 22,3 4,58
SET 9 1,40-3,30m W3 24,6 41,76
SET 12 1,60-2,00m W3-W4 24,2 18,48
SET 12 3,00-3,20m W4-W3 24,6 15,84
SET 12 4,80-5,80m W3 24,0 18,24
SET 12 13,00-14,90m W3-W2 25,1 54,00
SET 12 20,50-21,25m W2 25,2 42,72
* Valores derivados do Índice de Carga Pontual (ISRM, 1972): σ c = 24 .ls50 (MPa)

Quadro 7 - Parâmetros característicos do terreno considerados nos cálculos

γ φ´ c´ E K
Formações K0 υ´
(kN/m3) (º) (kPa) (MPa) (m/s)
Aterros-Coluviões 19 0,55 27 0 10 0,3 10-6
Granito W5 19,5 0,35 35 5 20 0,3 10-6
Granito W5-W4 ≈
21 0,70 35 25 70 0,2 10-5
≈ Granito W4-W5
Granito W4 22 0,70 37 50 500 0,2 5x10-6
Granito W4-W3 23 0,70 38 100 1000 0,2 3x10-6
Granito W3-W2 24 0,90 40 200 2000 0,2 10-6

24
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Este exercício paramétrico permitiu avaliar o nível de intervenção em escavação (incidência do


sistema de pregagens) e, muito propositadamente, estimar os parâmetros a considerar no
dimensionamento das fundações sobre horizontes rochosos, a saber: os módulos de
deformabilidade (coeficientes de reacção) e tensões de contacto admissíveis.

Tensões admissíveis para as fundações das estruturas da estação

Da informação das sondagens preliminares pôde-se estimar uma tensão de contacto (pressão
admissível) a transmitir ao maciço à profundidade indicativa à superfície.

Trata-se, na grande maioria, de um maciço medianamente alterado (predominantemente


classificado como W3-W4 e W3), com uma zona mais limitada – encostada à sondagem SAL1 e
SAL9, ao canto Nordeste, mais alterada (classificada como W5).

A percepção da zona mais alterada, anexa às sondagens SAL1 e SAL9 (caracterizada por um
horizonte W5), levou à verificação dos valores recomendáveis para a tensão de contacto por via
dos resultados do ensaio SPT, que neste nível da fundação é superior ao valor da nega. Para esse
valor são deriváveis tensões admissíveis superiores aos 440 kPa, para o horizonte menos
alterado. Estas tensões foram verificadas largamente nos resultados dos cálculos conduzidos no
dimensionamento da estrutura, em termos de tensão transmitida pela laje de fundo ao terreno.

Em suma e como corolário de todos os estudos que foram recolhidos e coligidos, e na restrita
opinião do subscritor, o solo de fundação das estruturas da Estação do Metro da Avenida dos
Aliados é:
• No que se refere à sua resistência mecânica entre o bom e o razoável, em média (não
valorizando os terrenos superficiais de aterro e aluvião);
• No que trata à facilidade de contenção periférica e drenagem da escavação entende-se
como razoável.

De referir que esta opinião pessoal passa por duas constatações:


1. O terreno de assentamento das fundações da estação tem capacidade portante
elevada face à média do terreno nacional;
2. A escavação necessária obriga a contenção periférica em moldes tradicionais,
sendo certo que se assim não fosse (rocha muito pouco ou nada alterada) seria
economicamente e construtivamente mais complicada uma significativa
demolição do volume necessário para a implantação, em profundidade, da
estação.

25
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

III - PROCESSO CONSTRUTIVO

Face ao conjunto de condicionantes, designadamente geológicas, passa-se a expor as soluções


adoptadas para o processo construtivo.

III.1 - Sistema estrutural e concepção das soluções de contenção

III.1.1 - Aspectos geotécnicos e estruturais

Identificaram-se duas classes tipológicas que impunham condições próprias para a selecção dos
processos construtivos:
1. Uma zona mais resistente constituída por materiais essencialmente graníticos de grau de
alteração inferior às classes W3, ou W3-W4 e esta só circunstancialmente;
2. Outra dominada por graus de alteração superiores, onde predominam maciços muito
alterados, como sejam W5, W5-W4, W4-W5, e, mesmo, os aterros (At) e a lente
aluvionar localizada marginalmente no extremo nordeste, que ganhavam significado em
algumas zonas e demandavam igualmente contenções periféricas activas.

Estas duas grandes tipologias conduziram à adopção de duas técnicas de contenção,


respectivamente:

• A primeira em pregagens, dominando a zona sudoeste da Estação numa extensão


limitada;
• A segunda uma estrutura de contenção de betão armado, multi-ancorada no terreno, nos
restantes desenvolvimentos.

Os aterros que se constituem numa camada superficial, foram identificados com possanças que
podem atingir cerca de 11m e que não sendo saneáveis, foram entivados, na hipótese de se
impor alguma limitação à suavização em talude, ou dispostos em perfis multi-camada,
estabelecendo uma inclinação suave (escavação em talude de 1:1 - H:V) para esses horizontes
mais superficiais, com banqueta à cota de cerca de -2 a -3m da superfície e largura de 2m, para
realização da escavação do restante maciço.

Esta pode comportar duas vias:


• Nas zonas de maciço pouco alterado recorreu-se a um sistema de pregagens associado a
uma película de betão projectado (solução identificada como sistema III – ver Quadro
8), ou seja, pregagens com comprimentos variáveis nunca inferior a 6m de

26
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

comprimento, 25mm de diâmetro, espaçadas de 1m e associadas a um camada de 5cm


de betão projectado);
• Ou a uma dupla película deste com malhasol entre camadas (solução identificada como
sistema IV – ver Quadro 8), ou seja, pregagens com comprimentos variáveis nunca
inferior a 6m de comprimento, 32mm de diâmetro, espaçadas de 2m e 5+5cm de betão
projectado, com malha electro-soldada, AQ38).

Tendo sido a escavação realizada com um sistema misto de pregagens (e escoras eventuais), foi
necessário o encaminhamento da água para fora da face do talude de escavação, por forma a
garantir níveis mais elevados de estabilidade. Os maciços terrosos tiveram que ser aliviados das
pressões neutras positivas e os maciços rochosos aliviados da pressão de água e percolação nas
juntas e nas descontinuidades mais sensíveis.

Foram, assim, colocados drenos no interior do maciço com afastamentos de 5m numa malha em
quincôncio, de modo a captar a água proveniente do maciço e conduzi-la à base da escavação,
em cada fase, donde foi bombada. Nos maciços em que foi necessário usar betão projectado a
água teve que ser colectada através de uma malha de barbacãs instalados antes da projecção,
escorrendo depois pela face até ao fundo da escavação. Sempre que se constatou – na presença e
sob opinião do Projectista - que a qualidade do maciço o permitia, utilizou-se um sistema tipo II
– ver Quadro 8 (pregagens com comprimentos variáveis nunca inferior a 5m de comprimento,
32mm de diâmetro, espaçadas de 1,5m em quincôncio, sendo a drenagem feita por afluxo
directo à face da parede).

Salienta-se que não se reconhecia, à partida, uma ou mais orientações dominantes, que levassem
a considerar a possibilidade de se mobilizarem cunhas instabilizadoras desfavoráveis.

Já nas zonas em que o maciço subjacente ao aterro é dominado por um granito muito alterado a
decomposto (W5) e/ou muito fracturado (W5-W4), admitiu-se uma solução de contenção do
tipo estrutural com apoios em ancoragens activas.

É nesta questão que o processo construtivo foi fortemente condicionado pela experiência
acumulada em solos graníticos da região do Porto.

De facto, de modo a obter a melhor relação custo / desempenho para a solução de contenção, foi
concebida uma cortina de estacas de betão armado com 1,00m de diâmetro com afastamentos
entre eixos de 1,40m, na maior parte do desenvolvimento da contenção activa, e com 0,80m de
diâmetro com afastamentos entre eixos de 1,00m, numa pequena periferia, a Sul. Em pequenas

27
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

zonas e por razões geométricas, as estacas poderiam ficar ligeiramente mais próximas ou
afastadas. Entre estacas foi aplicado betão projectado, com 0,15m de espessura, após a
montagem de malha (AS.Vert φ8//0.15 e AS.Horz φ8/0.15) previamente calandrada a fixar nas
estacas.

Ainda nos espaços entre estacas, antes da aplicação da malha electro-soldada e do betão
projectado, foram colocados drenos sintéticos encostados à face do terreno, de modo a captar a
água proveniente do maciço e conduzi-la à base da escavação, em cada fase, donde foi
bombada, controlando assim os impulsos da água sobre a cortina em fase provisória dentro de
valores mais reduzidos. Prescindiu da colocação da malha electro-soldada sempre que se
constatou boa estabilidade entre estacas.

Importa referir que esta solução foi fruto da experiência sobre os maciços graníticos do Porto,
em obras semelhantes em curso no empreendimento do Metro do Porto (por ex.: Estação da
Avenida de França). Tem-se constatado que nestes empreendimentos aquela solução é mais
adequada do que uma cortina de paredes moldadas no terreno. De facto, em terrenos muito
heterogéneos como as formações graníticas do Porto, e em particular neste local, com se pode
verificar pelo modelo geológico idealizado, é altamente provável que sejam encontradas com
frequência dificuldades na escavação dos painéis, conduzindo a quebras de rendimento e à
necessidade de uso de trépano ou, eventualmente, de recalce da parede em fase posterior. Tendo
em conta que os equipamentos para furação de estacas são mais versáteis no desmonte de
terrenos heterogéneos e resistentes, optou-se, assim, por uma cortina de estacas (eventualmente
até mais económica, em regra).

III.1.2 - Aspectos hidrogeológicos

Considerou-se que o maciço em causa não exibia uma elevada produtividade hidráulica, pelo
que não pareceu fundamental optar por uma cortina impermeável em fase provisória. Assim,
sempre que se detectaram zonas localizadas de caudais mais significativos, fez-se tratamento de
impermeabilização por injecção de caldas. Nas restantes situações a água foi encaminhada pelas
paredes protegidas pela malha de betão projectado e através de uma malha de barbacãs
instalados previamente à projecção ou, nos casos em que se considerou não haver necessidade
de protecção em betão projectado, permitiu-se a drenagem da água pelas faces rochosas.

Esta água foi captada junto do pé de talude (corte) em valas, e bombada para a superfície. Os
volumes de água recolhidos não foram significativos, tendo sido conduzidos para a rede pluvial.

28
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Deve-se salientar que a solução de impermeabilização do contorno subjacente à laje de fundo


teve com objectivo manter estes caudais em valores muito moderados, o que ainda mais
fundamenta a pouca relevância da condução desta água para a rede pluvial e não haver
necessidade de repô-la nos mantos livres locais.

Também não existiam na vizinhança estruturas fundadas em solos altamente compressíveis,


aliás das mais antigas há registos de fundações sobre maciços “rochosos” e das mais recentes há
elementos recolhidos de que as fundações atravessaram sempre os horizontes mais alterados,
pelo que o eventual abaixamento do nível freático durante a construção não induziria danos em
termos de assentamentos.

Durante a construção, a cortina de contenção foi suportada por ancoragens pré-esforçadas,


sendo o número de níveis, o afastamento longitudinal e o pré-esforço variáveis de zona para
zona da escavação.

Em fase provisória foi admitida uma impulsão hidrostática muito reduzida. No entanto, em
condição de longo prazo – fase definitiva – a impulsão hidrostática é significativa, resultando do
restabelecimento dos níveis aquíferos locais (poder-se-á estimar estabilizados em época de
Inverno a 3m da superfície). Por isso, a construção posterior da parede interior permitiu vir
considerar a chamada desses impulsos hidrostáticos para aquela estrutura, ficando as estacas
sujeitas só a cargas resultantes da componente efectiva dos impulsos dos terrenos.

A laje de fundo foi drenada, para evitar os impulsos hidrostáticos. Para tal, considerou-se válido
o princípio da disposição de poços de alívio em planta circular, conduzindo a um fluxo
axissimétrico equivalente. Confirmando-se o “firme impermeável” à cota ≅ 35.00 e o nível
estacionário do NF à cota ≅ 65.00.

A drenagem da laje de fundo foi realizada pela sub-posição de uma camada de brita grossa de
0,40m de espessura, associada a um geodreno perimetral de φ0,30 que liga aos poços de
bombagem. As águas de superfície (nomeadamente as que advêm da lajes de cobertura –
impermeabilizadas) foram também colectadas em valas e conduzidas aos poços de bombagem.

O sistema de suporte provisório das cortinas foi substituído em fase definitiva pelas lajes dos
pisos enterrados. Para distribuição das forças das ancoragens, foram construídos em avanço,
acompanhando o progresso da escavação, troços da parede de forro definitiva.

29
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

III.1.3 - Descrição das contenções utilizadas

Atendendo ao acima exposto, e ainda à topografia da zona, recorreram-se a três soluções de


contenção diferentes, cuja localização se apresenta na figura 1:

• Contenção definitiva com Estacas;

• Contenção provisória tipo “Berlim” (nos paramentos laterais, onde não se pôde suavizar
os taludes dos aterros superficiais);

• Contenção provisória por corte vertical, com pregagens e eventuais zonas de betão
projectado e malhasol.

Ilustra-se a seguir o Esquema geral da contenção realizada:

Figura 1 - Esquema geral da contenção.

III.1.3.1 - Contenção Definitiva por Estacas

Utilizou-se a contenção definitiva com estacas na grande maioria dos paramentos, sendo
genericamente envolvente no paramento Nascente (incluindo Sudeste), no paramento Norte –
onde se conjugou em parte com uma zona de maciço tratado com “Jet-Grouting” – e no
paramento de Poente. Todos estes alinhamentos são dominados por horizontes de granito muito
alterado a decomposto, sendo subjacentes a um tecto de aterro relativamente heterogéneo.

A contenção consiste, na sua grande maioria, na utilização de estacas verticais φ100cm


afastadas de 1,40m, à excepção de um pequeno troço – no extremo Sul dos paramentos

30
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Nascente e Poente – onde se executaram estacas de φ80 afastadas de 1,20m moldadas a até uma
profundidade variável, definida por uma penetração mínima nos horizontes “W4-W3 a W3-W2”
– da ordem dos 4m, com um mínimo de 2,5m abaixo do fundo da escavação realizada.

Atendendo ao faseamento construtivo previsto para as Galerias, executadas após o corpo central
da Estação, parte da contenção provisória foi demolida posteriormente (aquela que foi
executada nos septos de comunicação entre a estação enterrada e as galerias de acesso a
nascente e poente).

Esta contenção suporta um desnível médio da ordem dos 22m, pelo que foram realizados 6
níveis de ancoragens activas, função da posição do extracto “W4 /W4-W3” relativamente ao
fundo da escavação. As ancoragens (figura 5) instaladas entre as estacas foram dispostas em
alinhamentos verticais com afastamento da ordem de 2.8m entre si, sendo pré-esforçadas a
600kN e 700kN. Nas zonas dos cantos reentrantes, previu-se a substituição das ancoragens por
escoramentos dimensionados para suportarem esforços equivalentes aos instalados nas mesmas
(figuras 2 a 5).

a≅1,4m
b≅1,9m
c≅3,0m

Figura 2 - Esquema do escoramento de canto

31
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Figura 3 – Montagem de escoramento de canto

Figura 4 – Vista, em patamares, de escoramento de canto

32
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Figura 5 - Vista, em patamares, de escoramento de canto e ancoragens sobre níveis de vigas

III.1.3.2 - Contenção Provisória Tipo Berlim

A Contenção de “Berlim” foi utilizada no topo Sul da Estação de forma a permitir a execução
da zona de ventilação Sul “in-situ”. Esta opção surgiu em virtude de se preverem dificuldades
na execução de estacas dado existirem no local instalações sanitárias subterrâneas – a remover.

A contenção venceu um desnível máximo de 7m, junto aos paramentos laterais, desnível
reduzido para 4m na zona central onde foi possível a sua associação a taludes superficiais.

A Contenção de “Berlim” foi também realizada na zona onde se contempla a estrutura de


contenção por Estacas nos horizontes mais superficiais, dominados por alguma espessura de
aterro ou alguma lente não muito relevante de solo residual. Surge, assim, nas zonas dos
paramentos Nascente e Poente nas quais não foi possível criar taludes de suavização e/ou
banquetas – de forma a assegurar o espaço necessário ao desvio de trânsito na Av. dos Aliados.
Optou-se, deste modo, por uma contenção a vencer um desnível total da ordem dos 3,0m,
monoancorada ou escorada, de forma a minimizar a penetração dos perfis verticais no estrato
inferior.

33
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Também nas galerias de acesso, tanto ao longo dos edifícios que marginalizam a área de
intervenção, como nas galerias transversais de acesso à Estação profunda, foi implementado este
tipo de contenção.

As soluções estruturais dos paramentos tipo "Berlim" tiveram em atenção a distribuição dos
perfis verticais, definida de forma a evitar a interferência da sua zona de selagem com o 1º nível
de ancoragens da contenção inferior, em estacas.

Este tipo de solução de contenção obedeceu ao seguinte faseamento construtivo:

1. Cravação dos perfis verticais;


2. Escavação dos painéis primários;
3. Execução dos furos para as ancoragens;
4. Colocação das pranchas de madeira;
5. Activação das ancoragens;
6. Repetição dos passos 2 a 5 para os painéis secundários.

III.1.3.3 - Contenção provisória, por corte vertical, com pregagens e eventual betão
projectado com malhasol

A contenção provisória com pregagens foi utilizada na zona extremada a Sul / Sudeste, abaixo
do piso Mezanino Alto, onde predominam horizontes de mais baixa alteração, com grande
dominância de granito medianamente a pouco alterado (W3 a W3-W2).

A mancha mais superficial, de aterro e solo residual, com menor expressão no topo Sul, foi
nesta zona contida por uma cortina superior de Estacas, que devido à expansão da estação
(necessária à área de ventilação) se situa convenientemente afastada do paramento em causa.

Os paramentos com pregagens atingem níveis sempre abaixo do Mezanino Alto a que
correspondem profundidades da ordem dos 13m.

Após o saneamento da superfície e estabelecendo a opção em relação à entivação do aterro,


como anteriormente descrito, e abordando-se o horizonte de rocha pouco a medianamente
alterada procedeu ao desmonte do maciço rochoso abrindo trincheiras interiores para permitir o
corte da rocha. Executou-se o pré-corte com furos φ32 afastados de 0,30m, que guiaram a
superfície de rotura. Assegurou-se, assim, com o enfraquecimento do maciço resultante dos pré-

34
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

furos e perante predominância das classes de alteração W3 a W4, que o desmonte fosse possível
com meios mecânicos, sem recurso a explosivos.

O sistema de pregagens foi definido em função da classificação do maciço rochoso que resulta
de uma combinação das classes de alteração (W) e fracturação (F). No Quadro 8 que se segue
estabelece-se essa classificação objectivada ao processo.

Quadro 8 – Predefinição do sistema de Pregagens – definição e localização

Definição do Sistema Localização


a L φ e W
Malhasol 1 2 3 4 5 6
(m) (m) (mm) (cm) F

I 2,0 32 0 ⎯ 1 ⎯ ⎯ I II III ⎯
4,0

II 1,5 32 0 ⎯ 2 ⎯ I II II III ⎯
5,0

III 1,0 25 5 ⎯ 3 I II III III III ⎯
6,0

IV 2,0 32 5+5 AQ38 4 II III III III III ⎯
6,0
a – espaçamento;
L e φ – comprimento e diâmetro do varão; 5 III III III IV IV ⎯
e – espessura do betão projectado.

Assim, encontraram-se situações maioritariamente em classes demandantes do sistema III que


se caracterizam por pregagens de 25mm de diâmetro com comprimento mínimo de 6,0m
espaçadas de 1,0m, associadas a uma camada de betão projectado com 5cm de espessura.

Recorreu-se ao sistema IV onde se verificou a predominância de um maciço muito alterado e


fracturado. Aqui as pregagens são de 32mm de diâmetro com comprimento mínimo de 6m em
malhas com espaçamentos de 2,0m, associadas a duas camadas de betão projectado com 5cm de
espessura, com interposição de uma armadura (malhasol AQ38). Nos casos decorrentes da
escavação faseada e pela observação contínua da frente de corte, em que se constatou o domínio

35
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

de classes de alteração baixas (W3-W2 a memos alteradas), adoptou-se uma solução mais leve –
sistema II ou, mesmo, I (ver Quadro 8).

III.2 - Critérios Gerais de Dimensionamento

III.2.1 - Verificação da Segurança. Regulamentação

Na análise e dimensionamento deste tipo de estrutura adoptaram-se os critérios de verificação


de segurança aos Estados Limites Últimos e de Utilização preconizados na regulamentação
portuguesa de estruturas e recomendações internacionais, nomeadamente:

• RSA - Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes –


Dec. Lei 235/83 de 31 de Maio;
• REBAP - Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado, Dec. Lei 349-
C/83 de 30 de Julho e Dec. Lei 357/85 de 2 de Setembro;
• NP ENV 206 (1993) - Betão: Comportamento, produção, colocação e critérios de
conformidade.

Consideram-se, ainda, algumas das disposições constantes dos novos Eurocódigos e de


regulamentação estrangeira, nomeadamente:

• RECOMMANDATIONS T.A. 95: Tirants d’ancrage - Comité Francais de la


Mécanique des Sols ;
• NP ENV 1992 – 1 – 1: 1998 - Eurocódigo 2: Projecto de Estruturas de Betão - Parte
1.1: Regras Gerais e Regras para Edifícios;
• NP ENV 1997 – 1: 1994 - Eurocódigo 7: Projecto Geotécnico. Parte 1:Regras Gerais;
• NP ENV 1998 – 5: 1998 - Eurocódigo 8: Earthquake resistance of structures - Parte 5:
Foundations, retaining structures and geotechnical aspects.

Em situações específicas, adoptaram-se também algumas recomendações feitas por outros


organismos oficiais, nacionais ou internacionais, nomeadamente:

• CEB – FIP MODEL CODE 1990;


• Normalisation Française – DTU 13.2, Set/1992.

36
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

III.2.1.1 - Estados Limites Últimos

A segurança em relação aos E. L. Último foi feita em termos de esforços com base na condição:

Sd ≤ Rd (1)

em que Sd e Rd designam, respectivamente, os valores de dimensionamento do esforço actuante


e do esforço resistente.

Consideraram-se as seguintes combinações fundamentais que a seguir se apresentam, com base


na conhecida fórmula do RSA:

m ⎡ n ⎤
Sd = ∑γ
i=1
gi S Gi,k + γ q ⎢S Q1,k +
⎢⎣
∑ψ
j= 2
0j S Qj,k ⎥
⎥⎦
(2)

Os coeficientes de segurança γg e γq, respectivamente para acções permanentes e variáveis,


foram considerados consoante o tempo de vida da estrutura:

Estruturas Provisórias:

• Cargas permanentes ...................................... γg= 1,20 ou 1,0 (caso mais desfavorável)


• Acções variáveis............................................ γq= 1,20 ou 0,0 (caso mais desfavorável)

Os coeficientes de redução ψ0, ψ1 e ψ2 foram considerados de acordo com o preconizado no


R.S.A., adoptando-se os valores do Quadro 9.

Quadro 9 – Acções Variáveis

Coeficientes de redução
Acções Variáveis
ψ0 ψ1 ψ2
Sobrecarga na laje de cobertura 0,6 0,4 0,2
Sobrecargas em acessos 0,8 0,7 0,6
Impulsos Hidrostáticos 1 1 1

37
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Estruturas Definitivas:

• Peso próprio da estrutura............................... γg= 1,35 ou 1,0 (caso mais desfavorável)


• Restantes cargas permanentes ....................... γg= 1,50 ou 1,0 (caso mais desfavorável)
• Acções variáveis............................................ γq= 1,50 ou 0,0 (caso mais desfavorável)

III.2.1.2 - Estados Limites de Utilização

Em relação aos E. L. Utilização admitiu-se a estrutura inserida num ambiente moderadamente


agressivo, considerando-se os seguintes estados em particular:

• Estado limite de largura de fendas;


• Estado limite de deformação.

A verificação da segurança em relação ao Estado Limite de Largura de Fendas foi feita, para a
Combinação Frequente de Acções, limitando a 0,2mm a largura máxima de fendas. Em termos
práticos o esforço de combinação é:

Mfreq = MCP + 0.4


0 MSC + 01MIH (3)

em que:

MCP - Momentos devidos às cargas permanentes


MSC - Momentos devidos às sobrecargas na cobertura
MIH - Momentos devido aos impulsos hidrostáticos

Verifica-se a segurança em relação ao Estado Limite de Deformação, para a combinação


frequente de acções, limitando deformação das cortinas a 0,002 H, sendo H a altura total.

III.2.2 - Acções sobre as cortinas em fase provisória

Durante a execução da escavação, foram consideradas, provisoriamente, acções associadas a


pressões de terras, da água e das sobrecargas na superfície do terreno.

Dadas as características do terreno, considerou-se que a situação de dimensionamento


corresponde à execução da escavação em condições drenadas.

38
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Admitiu-se que o nível freático, compatível com um sistema normal de bombagem na base da
escavação, em cada fase, poderá ser estimado 3,0m acima da base da escavação. Adoptam-se
nas verificações uma altura do nível freático 4 m acima do fundo de escavação, do lado do
terreno, e a 1m abaixo da cota, do lado da escavação.

No que respeita às pressões do maciço, estas deverão ser consideradas por meio de um diagrama
rectangular, do tipo dos propostos por Terzaghi e Peck, para escavações entivadas. Este é
definido por uma pressão uniforme de valor K × γ × h , sendo:

• A variável “γ” o peso volúmico total ou submerso (nesse caso γ´) do solo de cada
camada, respectivamente, acima ou abaixo do nível freático;
• A variável “h” a profundidade da escavação;
• O valor K , coeficiente de impulso activo, varia consoante a natureza do terreno.

Atendendo às condições envolventes – trânsito de equipamento de obra e construções de


pequeno porte de estaleiro, a sobrecarga à superfície na fase provisória foi considerada
uniformemente distribuída com valor de 10kN/m2. De forma a obter as pressões sobre a cortina
associadas a esta sobrecarga, adoptou-se o coeficiente de impulso activo de Rankine.

III.2.3 - Acções sobre a cortina em fase definitiva

Sobre os diagramas de impulsos em fase definitiva, admitiu-se que se remobiliza um estado


próximo do repouso e que o NF se encontrará quasi-estacionário a cerca de 3m da superfície do
terreno (mesmo havendo alívio no fundo da laje por bombagem).

Em abono desta hipótese, considerou-se que a introdução das estruturas enterradas – o túnel e a
própria estação e estruturas de acesso, galerias, etc. – acarreta rebaixamentos inevitáveis destes
níveis freáticos, muito particularmente nas zonas localizadas mais próximas da estrutura
enterrada. É de salientar que a bombagem sistemática da laje de fundo para alívio das
subpressões hidrostáticas a isso conduz, considerando-se de sobremaneira legitimada a hipótese
adoptada para o cálculo dos impulsos.

Os parâmetros considerados para cada horizonte são explicitados no parágrafo relativo ao


Modelo Geológico. Nas zonas com cortinas de estacas admite-se que o impulso hidrostático é
resistido pela parede complementar, dimensionada para o efeito.

O diagrama das pressões em fase definitiva nas zonas de contenção provisória com pregagens,
ou seja, a de maciços de rocha alterada das classes W4 a W2, os parâmetros resistentes

39
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

assumidos (característicos e, subsequentemente, de cálculo), particularmente o intercepto


coesivo, conduzem a pressões efectivas teóricas (formulação de Rankine alargada a maciços
coesivos) negativas – mesmo na profundidade maior de 20m. Conservativamente admitiu-se
que o maciço possa vir a degradar-se a ponto de termos condições de solos coesivos (pouco
provável), considerando um limite inferior de diagrama constante de 50% K = 0,1 do valor ( )
mínimo dos diagramas de Terzaghi e Peck (K = 0,2) . Este pressuposto é, ainda assim,
irrelevante, em relação à importância da água que, na posição que se admite estabilizada, é
claramente condicionante.

Nos diagramas respectivos adoptados para as terras, a água e as sobrecargas, bem como as
respectivas resultantes, é possível verificar da eficiência do comportamento da estrutura de
contenção, em termos de equilíbrio de tensões.

Do ponto de vista da deformação, procurou-se limitar a magnitude das mesmas a um valor de


deformação admissível de 0,002 H (~ 2 a 3cm).

III.2.4 - Restantes Acções

Apresentam-se seguidamente as acções consideradas nas estruturas interiores da estação, visto


que têm influência nos esforços transmitidos à cortina de estacas da contenção definitiva da
estação, nomeadamente:

• Acções permanentes

Elementos estruturais de betão armado ............................................................. γ = 25kN/m3


Impermeabilização da laje de cobertura............................................................ 2,5kN/m2
Enchimento sobre a laje de cobertura (γ = 20kN/m3)........................................ 20kN/m2
Retracção (segundo MC 90).............................................................................. ∆Teq = -30oC
NOTA: Nos elementos de betão, considerou-se uma redução de 50% no valor da sua rigidez
elástica para o cálculo dos efeitos provocados pela retracção, por se considerar uma acção lenta.

• Acções variáveis

Sobrecargas distribuídas

Cobertura e envolvente...................................................................................... 40kN/m2


Áreas técnicas.................................................................................................... 10kN/m2

40
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Restantes áreas interiores .................................................................................. 5kN/m2


Escadas e acessos .............................................................................................. 6kN/m2

Variação uniforme de temperatura

Elementos de betão armado protegidos ( α = 10 × 10−6 o C−1 ) ............................ ±10oC


NOTA: Nos elementos de betão considerou-se uma redução de 50% no valor da sua rigidez
elástica para o cálculo dos efeitos provocados pela variação uniforme de temperatura, de modo a
ter em conta os efeitos da fluência do betão.

Impulsos Hidrostáticos

Nível freático a 4m do fundo em fase provisória;


Nível freático a 3m da superfície em fase definitiva;
Peso volúmico da água...................................................................................... 10kN/m3

III.2.5 - Modelos de cálculo

III.2.5.1 - Cortinas de estacas em fase provisória

Estacas

Devido a grande variação do perfil geotécnico e das diferentes alturas de escavação ao longo
dos paramentos, optou-se por subdividir a contenção por estacas em 6 modelos distintos
conforme se poderá apreciar em anexo (anexo L)

Ancoragens

Em todos os modelos as ancoragens (com afastamento de 2,80m em geral e de 2,40m no


modelo ALD-P3) foram activadas com um pré-esforço inicial de 600kN, à excepção do Modelo
ALD-P1, em que o pré-esforço inicial foi de 700 kN.

Assim, a força de serviço nas ancoragens será de:

TS ≅ 840kN, para ancoragens de 700kN


TS ≅ 685kN, para ancoragens de 600kN

41
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Escoramento

Nos cantos reentrantes da contenção, os impulsos são absorvidos por escoras e vigas de
distribuição formadas por perfis HEB240.

III.2.5.2 - Cortina de Estacas em fase definitiva

Admite-se que a cortina de estacas está sujeita ao impulso devido ao estado de tensão no maciço
que se prevê próximo do repouso (K0) nos horizontes mais alterados (W5 e W4-W5 / W5-W4),
admitindo-se, nos horizontes menos alterados que o respectivo impulso efectivo é comandado
por uma parcela em condição activa (Ka). Admite-se ainda que, por efeito de arco, há uma
degradação dos impulsos na base da cortina a partir de 3,0m da laje de fundo. Estes aspectos
reflectem-se no diagrama de pressões respectivo (figura 6), em associação com a presença ou
ausência de água e ligeiras diferenças na baridade dos diferentes tipos de solo.

Em relação ao impulso hidrostático, este será absorvido pela parede de betão armado adjacente
à cortina de estacas, apesar da consideração de bombagem contínua pela laje de fundo,
admitindo-se, com base nos valores de permeabilidade do maciço, que a diminuição da pressão
hidrostática começa 3,0m acima dessa.

Além dos impulsos laterais, de acordo com o processo construtivo preconizado, as estacas
acomodam também o peso próprio da laje de cobertura, admitindo-se que as restantes cargas são
transmitidas para a parede.

Vigas de Coroamento

Em fase construtiva, numa situação corrente, a viga de coroamento destina-se a solidarizar as


estacas da cortina de contenção, contribuindo com a sua rigidez para o funcionamento de
conjunto dos paramentos.

Na fase de serviço, estas vigas permitem a redistribuição de esforços face às acções verticais,
devendo ser calculadas para esta situação.

À semelhança da situação corrente, a viga de coroamento do tímpano Norte destina-se, em fase


construtiva, a solidarizar as estacas da cortina de contenção, contribuindo com a sua rigidez para
o funcionamento de conjunto dos paramentos. Porém, após a abertura do túnel, esta viga irá
também suspender as estacas intermédias do respectivo paramento.

42
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Após concluída a fase de escavação, durante a execução da cobertura e já com a estrutura em


serviço, às acções acima descritas acrescem as correspondentes ao apoio da laje cobertura,
respectivo recobrimento e sobrecarga.

Figura 6 - Diagramas de impulsos sobre as estacas dos paramentos laterais

Vigas de Distribuição

As vigas de distribuição são dimensionadas para, durante a fase construtiva, resistirem aos
esforços mobilizados pelas ancoragens. Atendendo à proximidade da força concentrada actuante
– resultante das ancoragens – às estacas de apoio da viga, considerou-se no dimensionamento
desta o modelo de rotura apresentado na figura 8.

43
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Figura 7 - Geometria do paramento – Tímpano Norte

Figura 8 - Modelo de Rotura

44
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

III.2.5.2 - Contenção tipo Berlim

Apresenta-se o esquema de estrutural para a contenção tipo Berlim, nos paramentos mais
significativos.

Paramentos Nascente e Poente

Aterro:
γ = 19kN / m 3
φ' = 27º
W5 / W5 – W4:
γ = 20kN / m 3

c' = 5kN / m 3
φ' = 27º

Figura 9 - Contenção tipo Berlim – Nascente e Poente

Ancoragens

Valor do Pré-esforço = 250 kN


Força de Serviço = 300 kN

Perfis Verticais

HEB 140 // 1.40 m

Vigas de Distribuição

2 UPN260

45
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

1.40m

Figura 10 - Esquema da viga de distribuição – Nascente e Poente

Pranchas de Madeira

Espessura de 0.10 m

1.40m

Figura 11 - Esquema das pranchas de madeira – Nascente e Poente

Paramento Sul - Zona Monoancorada

Aterro:
γ = 19kN / m 3

φ' = 27º

W5 / W5 – W4:
γ = 20kN / m 3

c' = 5kN / m 3
φ' = 27º

Figura 12 - Contenção tipo Berlim – Sul - Monoancorada

46
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Ancoragens

Valor do Pré-esforço = 250 kN


Força de Serviço = 300 kN

Perfis Verticais

HEB 160 // 1.20 m

Vigas de Distribuição

2 UPN260

Figura 13 - Esquema da viga de distribuição – Sul - Monoancorada

Pranchas de Madeira

Espessura de 0.10 m

Figura 14 - Esquema das pranchas de madeira – Sul - Monoancorada

Paramento Sul - Zona Multiancorada

Ancoragens

Valor do Pré-esforço = 350 kN

47
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Força de Serviço = 420 kN

Perfis Verticais

HEB 180 // 1.20 m

Aterro:
φ' = 27 o ⇒ K a = 0,376

γ = 19 kN / m3

Sc = 10 kPa

σ act = 0,376 × (0,65 × 19 × 7 + 10) = 36,3kPa

Figura 15 - Contenção tipo Berlim – Sul - Multiancorada

Vigas de Distribuição

2 UPN260

Figura 16 -Esquema da viga de distribuição – Sul – Multiancorada

Pranchas de Madeira

Espessura de 0.10 m

48
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Figura 17 - Esquema das pranchas de madeira – Sul - Multiancorada

III.3 - Materiais utilizados

Quadro 10 – Materiais utilizados

Materiais
R.E.B.A.P. EC2 / ENV206
BETÃO
Classe de Classe de
Ambiente Ambiente
Resistência Resistência
Em regularização de fundações B20 - C16/20 -
Mod.
Em maciços e vigas de distribuição B35 C30/37 4a
Agressivo
Mod.
Em estacas B35 C30/37 4a
Agressivo
Betão projectado (via húmida) B25 - C20/25 -
AÇO
Armaduras ordinárias em geral A500NR
Armaduras em pregagens / "Rock Bolts" A500NR
Placas em cabeças de ancoragens e de
Fe 360 (ENV 10025)
pregagens
Malha electrosoldada (tipo AQ38) A500EL
Armaduras em microestacas N80 ( fy >560 MPa )
fp.0,1k = 1670 MPa
Alta resistência em ancoragens Grade 270 (ASTM A416)
fp.0,uk = 1860 MPa
Perfis e chapas em geral Fe 430 (ENV 10025)
RECOBRIMENTOS
Em geral 5,0 cm
Em estacas 7,0 cm

49
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Os materiais dos diversos elementos estruturais são os que constam no quadro 10, onde se
indicam ainda os respectivos recobrimentos e classes de exposição ambiental.

III.3.1 - Características Mecânicas dos Materiais

Apresentam-se a seguir as características mecânicas dos materiais estruturais preconizados para


os diversos elementos:

Betão C30/37..................................................................................................... fcd=20,0MPa


τ1=850kPa
τ2=6MPa
Ec.28 = 32,0GPa

Aço em B.A. (A500NR).................................................................................... fsyd=435MPa


Es = 200Gpa

Aço em Perfis Metálicos (Fe 430)..................................................................... fy=275MPa


Es=200Gpa

Pranchas de Madeira ......................................................................................... fm.d=6MPa


fv.d=850kPa

Terreno de fundação (granito W4-W3)............................................................. ν=0,2


E = 1000MPa

50
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

IV - PLANEAMENTO E EMPREGO DE MEIOS

IV.1 - Generalidades

Este capítulo tem por fim analisar o Plano de Trabalhos (Anexo A), que se apresenta sob a
forma de gráfico de barras, que indica o encadeamento das diversas tarefas previstas, tendo em
atenção o prazo (471 dias) para a execução da obra enterrada e sem acabamentos de construção
civil. De igual modo visa a descrição dos métodos de execução da obra, explicitando a sua
compatibilidade com a realização dos trabalhos, de acordo com a sequência prevista no
Programa de Trabalhos.

O Programa de Trabalhos foi estabelecido a partir dos rendimentos dos meios a utilizar para a
realização das diversas actividades que constituem a totalidade dos trabalhos, sendo apresentado
sob a forma de gráfico de Gant, onde estão explicitadas as principais tarefas a executar e a
respectiva sequência.

Apresenta-se também os mapas de Carga de Pessoal (Anexo B) e de Equipamento (Anexo C)


necessários ao cumprimento do Planeamento.

Apesar do início da obra ter sido em pleno Verão, todos os trabalhos de escavação foram
executados em meses de Inverno, período durante o qual os trabalhos desta natureza são
condicionados pelas condições climatéricas, normalmente desfavoráveis. Não se pôde evitar tal
situação devido à necessidade de compatibilizar os trabalhos do empreendimento global do
Metro de Porto, nomeadamente o cruzamento da Estação dos Aliados pela tuneladora (TBM),
previsto para o início da Primavera.

IV.2 - Organização da Obra

Esta empreitada foi executada pela TRANSMETRO - Construção de Metropolitano, A.C.E.

A distribuição dos trabalhos pelas empresas, bem como a criteriosa selecção de subempreitadas,
fez-se tendo em conta as habilitações específicas que cada consorciado.

A mão-de-obra necessária à execução desta empreitada, foi recrutada nos quadros das empresas
do ACE e de subempreiteiros especializados.

51
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

As cargas de mão-de-obra, de pessoal de enquadramento e de pessoal operário e as de


equipamentos, poderão ser analisadas nos respectivos mapas em anexo.

Acompanhamento técnico

Atendendo à complexidade destas estruturas e ao contexto em que se inserem, foram


necessárias, em obra, equipas representantes do projectista e do construtor, com a capacidade de
decisão, abertura de espírito e flexibilidade suficiente para adaptarem o projecto e os métodos
construtivos às reais condições encontradas e aos comportamentos observados. É imperiosa essa
constante adaptação, para garantia de eficácia, segurança e mesmo de rendimento do processo
construtivo.

Tratando-se de uma obra em regime de concepção/construção, o construtor (e projectista) teve a


oportunidade de implementar a organização e os procedimentos que favorecessem a agilidade
de decisão que se impunha. O Dono-de-obra sempre acompanhou e colaborou nas decisões
necessárias.

Numa empreitada desta envergadura e complexidade, apenas o aproveitamento de sinergias e o


empenhamento de todas as partes permitiu atingir os objectivos propostos.

IV.3 - Monitorização do comportamento das estruturas e da envolvente

O desenvolvimento das obras foi acompanhado por sistemas de instrumentação


geotécnica/estrutural que têm como objectivo conhecer o real comportamento das escavações e
seus impactes no terreno e estruturas envolventes.

A informação foi coligida num sistema, SIG, possível de consultar pelas diversas partes
envolvidas na obra. Procurou-se, desta forma, promover a análise da informação mais relevante
em “ tempo real”, permitindo a validação, calibração, ou rectificação dos parâmetros e métodos
utilizados na escavação.

Foram também produzidos gráficos representativos da evolução das diversas grandezas,


permitindo interpretações e retro-análises diversas.

52
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

IV.4 - Estaleiros

Com vista a apoiar a execução da empreitada, foram montados estaleiros, cuja localização teve
em consideração o fácil acesso e a proximidade da obra.

Os estaleiros montados contemplaram as necessidades da estrutura de coordenação,


fundamentalmente, da Fiscalização da obra e das Empresas do ACE.

IV.4.1 - Estaleiro social

O estaleiro social foi concebido de forma a assegurar totalmente as exigências da carga de


pessoal prevista.

Das várias instalações a considerar, destacámos as seguintes:

• Refeitório equipado com cozinha e restaurante;

• Sanitários;

• Vestiários.

Todas as infra-estruturas de apoio, tais como: redes de abastecimento de águas e esgotos,


eléctrica e telefónica foram construídas de acordo com as necessidades e prioridades da obra.

IV.4.2 - Estaleiro industrial

Foram montadas diversas instalações, tais como:

• Escritórios devidamente equipados, para as Empresas do ACE;

• Escritórios devidamente equipados, para a Fiscalização;

• Armazéns;

• Oficina de ferro, com máquinas de corte, dobragem e bancas;

• Oficina de carpintaria;

53
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

• Armazém de pré-esforço;

• Pequenas oficinas de lubrificação e mecânica;

• Áreas de armazenamento a céu aberto, devidamente vedadas.

Todas estas áreas foram devidamente circunscritas, tendo em vista a necessária protecção
humana.

IV.5 - Descrição Geral

A obra incluiu trabalhos de diversa natureza, sendo os mais significativos os seguintes:

• A execução de todos os trabalhos preparatórios, complementares ou acessórios,


requeridos pelas obras que integram a empreitada.

• Levantamento de Pavimentos;

• Execução de Estacas;

• Execução de Colunas de Jet-Grouting;

• Escavação Geral;

• Execução de Muros Berlim;

• Execução de Pregagens;

• Execução de Ancoragens;

• Execução de Betão Projectado;

• Infra-estruturas de Drenagem;

• Estruturas de Betão Armado.

54
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

IV.6 - Encadeamento dos Trabalhos

Como é natural em obras desta natureza, foi necessário preparar e prever a adopção de medidas
de minimização de impactos nos moradores e utilizadores da zona, nas infra-estruturas
circundantes, nomeadamente nas construções existentes e no trânsito muito intenso e
característico desta zona da cidade do Porto.

Assim, na elaboração do plano de estaleiro foram tidas em atenção as quantidades de trabalho a


executar, as condições da envolvente, as condições em que seriam executadas e as suas
implicações nos rendimentos de execução e na qualidade dos trabalhos executados. Referimo-
nos, nomeadamente, à escavação, ao transporte dos materiais da escavação, à entrada e saída de
veículos do estaleiro e à movimentação de equipamentos.

Desta maneira os trabalhos de campo que tiveram duração total de 471 dias para os trabalhos de
escavação, contenção e execução das estruturas internas do corpo principal da estação dos
Aliados do Metro do Porto, arrancaram com a implantação do estaleiro, a sua vedação e a
reposição das condições de circulação circundantes, ao que sucedeu o inicio da montagem das
instalações de apoio, nomeadamente o estaleiro industrial e os escritórios.

Simultaneamente, iniciaram-se os trabalhos de preparação da superfície e levantamento de


pavimentos existentes.

Após a conclusão destes trabalhos preparatórios, iniciaram-se os trabalhos de execução de


estacas, com recurso a tubo moldador recuperável adequado aos diâmetros especificados em
projecto, tendo sido extraído o terreno do seu interior e colocado o betão e armaduras para desta
forma se obterem estacas moldadas no terreno.

Através desta técnica e durante 50,5 dias de trabalho foram executados 3267 m.l. de estacas,
obedecendo ao seguinte faseamento:

• Execução das estacas “pivot”, para determinação de eventuais dificuldades na execução


dos paramentos das estacas;

• Execução das restantes estacas de forma alternada, para prevenir eventuais desvios de
verticalidade.

55
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

As quantidades inicialmente previstas em projecto não foram completamente executadas, uma


vez que o critério de paragem de furacão de estacas era a verificação do menor dos seguintes
valores:

• Cota de fundo definida em projecto;

• Penetração mínima nos horizontes “W4-W3 a W3-W2” da ordem dos 4 metros com um
mínimo de 2.50 metros abaixo da escavação a realizar.

Depois de executadas 2/3 das estacas previstas, iniciaram-se os trabalhos de estabilização do


topo Norte da escavação, através de colunas de Jet-Grouting.

Assim, durante 25 dias foram formadas colunas de terreno tratado, com secção sensivelmente
circular, obtidas mediante a mistura de terreno natural desagregado no processo de injecção com
um aglutinante introduzido no terreno a alta pressão por intermédio de injectores situados na
extremidade inferior de uma lança introduzida numa perfuração previamente efectuada no
terreno, lança essa que é progressivamente rodada e levantada durante a injecção.

À medida que os trabalhos de execução de estacas iam avançando, foi sendo escavada a
superfície da implantação do corpo principal da estação enterrada, com uma duração total de
302 dias.

A escavação preliminar consistiu no desaterro do interior da estação, até à cota da base dos
maciços de encabeçamento das estacas, cota variável, pelo que esteve associada à execução de
cortinas provisórias tipo Berlim, para contenção dos taludes periféricos das camadas superiores.

Este trabalho consistiu na perfuração, colocação e selagem de perfis metálicos (698 m.l.),
escavação dos painéis primários, colocação de pranchas de madeira entre perfis, colocação de
vigas metálicas de distribuição e execução de ancoragens, repetindo-se esta metodologia para os
painéis secundários.

Uma vez escavados os materiais até à cota do betão empobrecido das estacas, executou-se a
demolição desse betão, montando-se de seguida a armadura da viga de coroamento das estacas,
por troços e à medida que se executavam as respectivas betonagens.

56
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Iniciou-se, assim, uma escavação faseada por patamares com cerca de 3,0 metros de desnível,
até à cota final, intercaladas com a execução das vigas de distribuição, das ancoragens (5890
m.l.) e das pregagens (882 m.l.) previstas e a colocação dos escoramentos metálicos de canto.

Entre vigas de distribuição executou-se, sempre que se justificava, a solidarização das


superfícies com betão projectado (400,6 m3) reforçado com armadura malhasol.

Uma vez atingido o fundo da escavação, executaram-se colunas de Jet-Grouting para


prolongamento das zonas estanques das paramentos.

Nesta fase da obra deram inicio os trabalhos de execução das estruturas internas do corpo
principal da estação, com duração de 181 dias:

• Laje de Fundo, que incluía a execução do sistema de drenagem do fundo da escavação,


sob a laje e a execução da própria laje;

• Execução das lajes dos pisos, que consistia na elevação das paredes
exteriores/revestimento da estacas intercaladas com a execução das lajes dos pisos,
desde o piso do cais até ao de cobertura da estação;

• Acabamento, nos quais se incluía a reposição da superfície e a desactivação das


ancoragens provisórias.

A obra entrou agora numa fase final de trabalhos de acabamentos de construção civil com uma
duração prevista de 129 dias.

IV.7 - Procedimentos de Trabalho de Contenção

IV.7.1 - Furação para introdução de perfis por rotopercussão

Objectivo

O presente procedimento de trabalho descreve os métodos, materiais e equipamentos utilizados


na execução de perfis metálicos da obra de construção da Estação do Metro do Porto dos
Aliados.

57
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Descrição Geral

De acordo com o projecto executaram-se as seguintes quantidades de trabalho:

• Pefis HEB 140...................................................................................... 698ml (109Un)

Recursos

Equipamentos e Ferramentas

Apresenta-se em anexo catálogos com informações mais detalhadas do equipamento que se


passa a discriminar.

De furação
• Equipamento de furação (SM 401);
• Martelo de fundo de furo (M.F.F.) φ 10";
• Varas de furação;
• Bits;
• Compressor 17m3.

Para colocação de perfis


• Grua ou escavadora rotativa.

De selagem
• Conjunto misturador/agitador;
• Bomba de injecção Clivio.

Materiais
• Cimento Tipo 32,5;
• Perfil metálico HEB 140 ou outro definido em projecto.

Mão-de-Obra

Permanente
• 1 Condutor manobrador;
• 1 Operário qualificado.

58
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Não permanente

• 1 Director de Obra;
• 1 Encarregado Geral.

Processo de Execução

Da análise das condições geológicas, já referidas, o sistema de furação mais adequado foi à
rotopercussão com martelo de fundo de furo (M.F.F.)

O esquema tipo de execução é apresentado em Anexo.

O processo de execução compreendeu as seguintes fases:

1. Implantação;
2. Posicionamento;
3. Furação;
4. Colocação do perfil;
5. Selagem.

Implantação

A implantação compreende a materialização no terreno do eixo de cada furo, através da


cravação de uma ponta de varão ou de madeira, posicionada por métodos topográficos.

Esta operação foi executada após a plataforma de trabalho estar nivelada e em condições para a
movimentação e posicionamento dos equipamentos.
Posicionamento

Após a adaptação da ferramenta apropriada à cabeça de rotação da máquina fez-se coincidir o


eixo da ferramenta com o eixo do furo.

A verticalidade foi confirmada através de níveis colocados na torre da máquina em dois planos
perpendiculares.

59
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Furação (à rotopercussão)

Terminada a operação descrita no ponto anterior iniciou-se a furação.

Esta operação consistiu na extracção do terreno, desmontado pelo bit do martelo de fundo de
furo, por circulação directa de ar comprimido.

O processo é iniciado pela ligação roscada da 1ª vara, munida do martelo de fundo de furo, à
cabeça da máquina, que imprime rotação ao conjunto. O ar que circula pelo interior das varas
acciona o funcionamento percussor do M.F.F. e no seu fluxo de retomo arrasta consigo os
fragmentos de terreno desmontado. À medida que a furação vai prosseguindo vão sendo
acrescentados troços de vara até atingir o comprimento previsto.

Atingida a cota desejada, e após limpeza do furo, procedeu-se à extracção da ferramenta pela
ordem inversa à da furação.

Colocação do perfil

Apresenta-se o esquema em anexo.

Concluída a furação foi introduzido no furo, com o auxílio de uma grua ou máquina escavadora,
o perfil metálico com o comprimento de projecto.

Selagem

Depois de colocado o perfil correctamente posicionado, procedeu-se à selagem da sua


extremidade inferior e no comprimento de projecto.

Esta operação foi composta por 2 fases:


1. Fabrico da calda

o A calda (água + cimento) é fabricada num conjunto de misturador/agitador;


o A mistura é feita com a relação A/C=0,4 no reservatório superior (misturador)
do conjunto e posteriormente vazada para o compartimento inferior (agitador)
onde fica em permanente agitação até ser bombada.

2. Selagem (propriamente dita)

60
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

o A calda fabricada é posteriormente bombada a baixa pressão para o interior do


furo através de um tubo de injecção descido até ao fundo do furo (PVC 03/8");
o O enchimento é feito do fundo para a boca do furo dando-se por concluído
quando a calda atinge a cota definida no projecto. O nível da calda é controlado
com uma sonda.

Plano de inspecção e ensaio

Quadro 11 – Plano de Inspecção e Ensaio

RESPONSÁVEIS FREQUÊNCIA REGISTO


CRITÉRIO DE
OPERAÇÕES DIR.OBRA
TOPÓG. MANOB. OP. QUALIF. ACEITAÇÃO
/ENCAR.

IMPLANTAÇÃO
Verificação de
Dentro da tolerância
. implantação dos X Cada furo
0,10 Ø
eixos
FURAÇÂO
. Verticalidade X X α = 90º ± 5° Cada furo
. Profundidade X ≥ L projecto Cada furo
Estratos atravessados Por área de
Confirmação
. X X coincidem com influência de
sondagens
sondagens sondagem
PR2506
PERFIL
Constituição da De acordo com o
. X Cada furo
armadura projecto
Conforme
. Colocação X X Cada furo
expectativa
SELAGEM
Características da
. X X Relação a/c=0,4 Por mistura
calda
Calda até cota de
. Selagem X X Cada furo
projecto

Anexos

• Esquema tipo de execução – Anexo D;

61
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

• Catálogos do equipamento – Anexo E.

IV.7.2 - Ancoragens provisórias furação por rotopercussão

Objectivo

O presente procedimento de trabalho descreve os métodos, materiais e equipamentos utilizados


na execução de ancoragens provisórias da obra de construção da Estação do Metro do Porto dos
Aliados

Descrição Geral

De acordo com o projecto executaram-se as seguintes quantidades de trabalho:


• Ancoragens provisórias de 600kN ....................................................... 5.236 ml;
• Ancoragens provisórias de 700kN ....................................................... 654 ml.

Recursos

Equipamentos e Ferramentas

Apresentamos em anexo catálogos com informações mais detalhadas do equipamento que


passamos a discriminar.

De furação
• Equipamento de furação (SM 401);
• Martelo de fundo de furo (M.F.F.) φ 6";
• Varas de furação;
• Bits;
• Compressor 17m3.

De injecção
• Conjunto misturador/agitador;
• Bomba de injecção Clivio;
• Manómetros.

De tensionamento
• Macaco hidráulico Dywidag HOZ 1700/150;
• Bomba hidráulica Dywidag;
• Mesa compensadora;

62
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

• Cabeça de ancoragens;
• Cunhas.

Materiais

Resistentes
• Cimento Tipo 142,5;
• Cabo de aço de alta resistência ASTM416 270K.

De montagem
• Tubos polietileno 5/8" de 4kg/cm2;
• Tubo PVC de 0,5" (alta pressão);
• Borracha para "manchettes";
• Espaçadores de plástico;
• Fita adesiva;
• Tampões de poliuretano.

Mão-de-obra

Permanente
• 1 Condutor rnanobrador;
• 3 Operários qualificados.

Não permanente
• 1 Director de Obra;
• 1 Encarregado Geral.

Processo de Execução

Da análise das condições geológicas já referidas, o sistema de furação mais adequado foi à
rotopercussão com martelo de fundo de furo (M.F.F.)

O esquema tipo de execução das ancoragens é apresentado em Anexo.

O processo de execução compreendeu as seguintes fases:

63
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

1. Implantação;
2. Posicionamento;
3. Furação;
4. Colocação da armadura;
5. Injecção;
6. Tensionamento.

Implantação

Neste caso as ancoragens foram executadas através dos negativos deixados durante a execução
da contenção. Estes negativos tinham a inclinação definida em projecto e diâmetro interior de
160 mm, por forma a permitir a introdução da ferramenta.

Posicionamento

Após a adaptação da ferramenta apropriada à cabeça de rotação da máquina, introduziu-se a


ponteira daquela na abertura do negativo existente na parede.

A inclinação correcta é obtida por justaposição de um nível inclinométrico sobre a torre da


máquina.

Furação (à rotopercussão)

Terminada a operação descrita no ponto anterior iniciou-se a furação.

Esta operação consistiu na extracção do terreno, desmontado pelo bit do martelo de fundo de
furo, por circulação directa de ar comprimido.

O processo é iniciado pela ligação roscada da 1ª vara, munida do martelo de fundo de furo, à
cabeça da máquina, que imprime rotação ao conjunto. O ar que circula pelo interior das varas
acciona o funcionamento percussor do M.F.F. e no seu fluxo de retomo arrasta consigo os
fragmentos de terreno desmontado. À medida que a furação vai progredindo vão sendo
acrescentados troços de vara até atingir o comprimento previsto.

Atingido o comprimento desejado, e após limpeza do furo, procedeu-se à extracção da


ferramenta pela ordem inversa à da furação.

64
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Colocação da armadura

Apresenta-se o esquema das ancoragens em anexo.

Imediatamente após a conclusão da furação foi introduzida no furo a armadura pré-fabricada


com os comprimentos (livre, de selagem e total) de projecto, acrescido de 1 ml para futura
aplicação do macaco de pré-esforço.

Na montagem das armaduras das ancoragens entraram 3 tipos de componentes:

1. Componente resistente

o Cabos Ø0,6" de aço de alta resistência ASTM A416 afunilados na sua última
secção.

2. Componentes de montagem e funcionalidade

o Espaçadores plásticos, montados de 1.5ml em 1.5ml, ao longo do comprimento


de selagem para garantir que os cabos de aço fiquem equidistantes entre si;
o Tubo de polietileno 05/8", de revestimento dos cabos no comprimento livre,
para permitir a transmissão ao bolbo de selagem da carga aplicada pelo macaco;
o Tampões de poliuretano na zona de transição entre o comprimento livre e o
comprimento de selagem, para impedir a entrada de calda de cimento para os
tubos de polietileno do comprimento livre;
o Todos estes componentes são solidarizados através de fita adesiva.

3. Componentes para injecção

o Tubo de polietileno Ø5/8" no comprimento total da ancoragem para injecção


primária (baixa pressão);
o Tubo de PVC Ø1/2" (alta pressão) no comprimento total da ancoragem furado
1,0 em 1,Oml no comprimento de selagem para injecções repetidas para
pressões até 20kg/cm2;
o "Manchettes" em borracha instaladas sobre os furos do tubo de PVC para
funcionarem como válvulas anti-retomo nas injecções repetidas.

65
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Injecção

Imediatamente após a colocação da armadura executou-se a injecção.

Esta operação foi composta por 3 fases:

1. Fabrico da calda

o A calda (água + cimento) é fabricada num conjunto de misturador/agitador;


o A mistura é feita com a relação AIC=0,4 no reservatório superior (misturador)
do conjunto e posteriormente vazada para o compartimento inferior (agitador)
onde fica em permanente agitação até ser bombada.

2. Injecção primária

o A calda fabricada é posteriormente bombada a baixa pressão para o interior do


furo através de mangueiras acopladas ao tubo de injecção primária (polietileno
05/8");
o O enchimento é feito do fundo para a boca do furo, dando-se por concluído
quando a calda reflui com um aspecto limpo e consistente, semelhante ao da
que é fabricada no sistema (misturador/agitador).

3. Injecções repetidas
o Passadas pelo menos 6 horas após concluída a injecção primária dá-se a
injecção secundária. Através do tubo de PVC 01/2" bomba-se a calda preparada
como referido anteriormente;
o A pressão no circuito aumenta até atingir o ponto de abertura das "manchettes"
e rotura da calda de injecção primária. Com as "manchettes" abertas continua-se
a bombagem com volumes controlados até atingir pressões da ordem dos
20kg/cm2;
o Se se verificar um consumo exagerado de calda sem aumento significativo de
pressão suspende-se a injecção e lava-se o interior do tubo PVC, de maneira a
permitir a repetição da operação atrás descrita com um intervalo pelo menos de
6 horas. Este procedimento será repetido as vezes necessárias até atingir as
pressões pretendidas (aprox.20kg/cm2).

66
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Tensionamento

O tensionamento foi dado utilizando um macaco multi-strand, 7 dias após a última injecção, ou
seja, quando a calda tiver uma resistência aproximada de 25Mpa, pela seguinte metodologia:

a) Começa-se por encostar à parede uma mesa compensadora com a inclinação definida
em projecto, munida de uma chapa de degradação de carga. A armadura passa pelo furo
central da mesa.

b) Sobre esta mesa sobrepõe-se a cabeça da ancoragem.

c) Seguidamente faz-se o encosto do macaco à cabeça da ancoragem fazendo passar os


cabos pelo seu interior.

d) Finalmente faz-se o tensionamento respeitando os patamares de carga definidos para o


ensaio, sendo estes controlados através de um manómetro e os alongamentos com uma
craveira. Concluído o ensaio, retira-se o macaco e colocam-se as cunhas na cabeça de
ancoragem repetindo a operação c) e d) sendo nesta última o tensionamento aplicado
directamente até à carga de projecto.

e) Aplicada a carga necessária faz-se a cravação das cunhas.

f) No caso da ancoragem não ser ensaiada, a operação c), encosto do macaco, é antecedida
da colocação das cunhas na mesa sendo o tensionamento dado gradualmente e
acompanhado com medições até atingir a carga de projecto, após o que se faz a
cravação das cunhas.

67
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Plano de inspecção e ensaio

Quadro 12 – Plano de Inspecção e Ensaio

RESPONSÁVEIS
CRITÉRIO DE
OPERAÇÕES DIR. OBRA OP. FREQUÊNCIA REGISTO
MANOB. ACEITAÇÃO
/ENCAR. QUALIF.

IMPLANTAÇÃO
. Posicionamento X X Conforme expectativa Cada ancoragem
. Inclinação X X α:± 5° Cada ancoragem
. Diâmetro X X 140mm<d<160mm Cada ancoragem
FURAÇÃO
. Inclinação X X α:± 5° Cada ancoragem
. Comprimento X ≥ L projecto Cada ancoragem
Estratos
Confirmação Por área de influência
. X X atravessados
sondagens de sondagem
coincidem c/ sondagens
ARMADURA
Constituição da
. X De acordo com o projecto Cada ancoragem
armadura
Campo fora da parede ± 1 AP2506
. Colocacão X X Cada ancoragem
m
INJECÇÕES
Caracterlsticas da
. X X Relação a/c=0,4 Por mistura
calda
Calda flui à boca do furo
com
. Injecção primária X X Cada ancoragem
aspecto semelhante ao do
fabrico
. Injeccões repetidas X X Pressão Inj. ≥ 20kg/cm2 Cada ancoragem
TENSIONAMENTO
. Resistência da calda X 7 dias, cr.,,:2:25mpa Cada ancoragem
Leitura de 0.9 Ilivre<∆<llivre + 0.51
. X Cada ancoragem
alongamento selagem

68
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Anexos

• Esquema tipo da execução de ancoragem – Anexo 6;


• Esquema da armadura da ancoragem – Anexo 7;
• Catálogos do equipamento – Anexo 5.

IV.7.3 - Pregagens definitivas furação à rotopercurssão

Objectivo

O presente procedimento de trabalho descreve os métodos, materiais e equipamentos utilizados


na execução de pregagens da obra de construção da Estação do Metro do Porto dos Aliados.

Descrição geral

De acordo com o projecto executaram-se as seguintes quantidades de trabalho:

• Pregagens Ø25mm ............................................................................... 882ml;

Recursos

Equipamento e ferramentas

Apresentamos em anexo catálogos com informações mais detalhadas do equipamento que


passamos a discriminar.

De furação

• Equipamento de furação (SM 401);


• Martelo de fundo de furo (M.F.F.) φ 6";
• Varas de furação;
• Bits;
• Compressor 17m3.

De selagem

• Conjunto misturador/agitador;
• Bomba de injecção Clivio.

69
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

De tensionamento
• Chaves dinamométricas;
• Macaco oco MEGA 50.

Materiais

Resistentes
• Cimento Tipo 1132,5;
• Varão de aço A400NR φ 25mm;
• Porcas e chapas.

De montagem
• Tubo polietileno 5/8" de 4kg/cm2;
• Fita adesiva.

De protecção anti-corrosiva
• Centralizadores.

Mão-de-obra

Permanente
• 1 Condutor manobrador;
• 1 Operário qualificado.

Não permanente
• 1 Director de Obra;
• 1 Encarregado Geral.

Processo de execução

Da análise das condições geológicas já referidas, o sistema de furação mais adequado foi à
rotopercussão com martelo de fundo de furo (M.F.F.).

O processo de execução compreendeu as seguintes fases:

70
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

1. Implantação;
2. Posicionamento;
3. Furação;
4. Colocação do varão;
5. Selagem;
6. Tensionamento.

Implantação

Neste caso os pregos foram executados após a projecção da primeira camada de betão
projectado, nos pontos aí materializados.

Posicionamento

Após a adaptação da ferramenta apropriada à cabeça de rotação da máquina fez-se coincidir o


eixo da ferramenta com o eixo do furo.

A inclinação de projecto é confirmada através de níveis inclinométricos colocados na torre da


máquina.

Furação (à rotopercusão)

Terminada a operação descrita no ponto anterior iniciou-se a furação.

Esta operação consistiu na extracção do terreno, desmontado pelo bit do martelo de fundo de
furo, por circulação directa de ar comprimido.

O processo é iniciado pela ligação roscada da 1ª vara, munida do martelo de fundo de furo, à
cabeça da máquina, que imprime rotação ao conjunto. O ar que circula pelo interior das varas
acciona o funcionamento percussor do M.F.F. e no seu fluxo de retorno arrasta consigo os
fragmentos de terreno desmontado. À medida que a furação vai progredindo vão sendo
acrescentados troços de vara até atingir o comprimento previsto.

Atingido o comprimento desejado e após limpeza do furo procedeu-se à extracção da ferramenta


pela ordem inversa à da furação.

71
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Colocação do varão

Concluída a furação foi introduzido no furo, manualmente, o varão de aço A400NR φ 25mm
com o comprimento de projecto.

Selagem

Depois de colocado o varão correctamente posicionado, procedeu-se à selagem em todo o seu


comprimento.

Esta operação foi composta por 2 fases:

1. Fabrico da calda;

o A calda (água + cimento) é fabricada num conjunto de misturador/agitador;


o A mistura é feita com a relação A/C=0,4 no reservatório superior (misturador)
do conjunto e posteriormente vazada para o compartimento inferior (agitador)
onde fica em permanente agitação até ser bombada.

2. Selagem (propriamente dita)

o A calda fabricada é posteriormente bombada a baixa pressão para o interior do


furo através de um tubo de injecção descido até ao fundo do furo (polietileno
φ 5/8");
o O enchimento é feito do fundo para a boca do furo dando-se por concluído
quando a calda reflui com um aspecto limpo e consistente, semelhante ao da
que é fabricada no sistema (misturador/agitador).

Tensionamento

O tensionamento foi dado utilizando uma chave dinamométrica ou um macaco oco.

72
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Plano de inspecção e ensaio

Quadro 13 – Plano de Inspecção e Ensaio

RESPONSÁVEIS FREQUÊNCIA REGISTO


CRITÉRIO DE
OPERAÇÕES DIR.OBRA
TOPÓG. MANOB. OP. QUALIF. ACEITAÇÃO
/ENCAR.

IMPLANTAÇÃO
Verificação de
Dentro da tolerância
. implantação dos X Cada furo
0,10 Ø
eixos
FURAÇÂO
. Verticalidade X X α ± 5° Cada furo
. Profundidade X ≥L projecto Cada furo
Estratos atravessados Por área de
Confirmação
. X X Coincidem com influência de
sondagens
sondagens sondagem
PR2506
PERFIL
Constituição da De acordo com o
. X Cada furo
armadura projecto
Conforme
. Colocação X X Cada furo
expectativa
SELAGEM
Caracteristicas da
. X X Relação a/c=O,4 Por mistura
calda
Calda até cota de
. Selagem X X Cada furo
projecto

Anexos

• Catálogos do equipamento – Anexo E.

73
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

IV.7.4 - Betão projectado via seca

Objectivo

O presente procedimento de trabalho descreve os métodos, materiais e equipamentos utilizados


na aplicação de betão projectado da obra de construção da Estação do Metro do Porto dos
Aliados

Descrição geral

De acordo com o projecto executaram-se as seguintes quantidades de trabalho:


• Zona de Contenção por pregagens ....................................................... 59.4 m3;
• Zona de Contenção de Estacas ............................................................. 341.2 m3.

Recursos

Equipamento e ferramentas

Apresenta-se em anexo catálogos com informações mais detalhadas do equipamento que


passamos a discriminar.
• Máquina de projectar betão (MEYCO GM);
• Compressor 17m3.

Materiais

A mistura projectada era constituída por cimento, areia e brita nas proporções definidas no
projecto:
• Cimento Tipo I;
• Cimento Portland normal;
• Inertes com teor de humidade máximo de 5%.

Mão-de-obra

Permanente
• 3 Operários especializados.

Não permanente
• 1 Director de Obra;
• 1 Encarregado Geral.

74
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Processo de execução

De acordo com o projecto executou-se betão projectado por via seca, como parte da
estabilização de taludes e do terreno entre estacas.

Neste processo, a mistura é preparada apenas com a introdução dos inertes com cerca de 3 a 5%
de teor de humidade e cimento. Esta mistura foi introduzida no equipamento de projecção,
sendo propulsionada através de um fluxo de ar comprimido desde a tremonha do aparelho
receptor (bomba de projectar) até à pistola de projecção.

A água foi adicionada à mistura através de um difusor à saída da mangueira.

A pressão e o caudal de ar comprimido são suficientes para que a mistura seja expedida contra a
superfície de aplicação, ficando colada e simultaneamente compactada.

O processo construtivo teve 2 fases, conforme se descrimina a seguir:

• Após a escavação, em que o paramento do talude fica o mais regular possível,


projectando a 1ª camada de betão com 5cm de espessura.

• Antes da 2ª projecção, com 5cm de espessura, é colocada a rede electro-soldada


(malhasol) com as características do projecto que fica "ensanduichada" entre as duas
camadas.

Estas espessuras são controladas através de bitolas previamente cravadas no terreno.

Anexos

• Catálogos do equipamento – Anexo H.

75
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

CONCLUSÃO

Desta analise, e atendendo aos condicionalismos de execução de uma obra localizada em plena
baixa da cidade do Porto, com edifícios confrontantes e infra-estruturas existentes ao nível do
subsolo, colidindo, em alguns casos, com o desenvolvimento da escavação e a execução das
ancoragens, constatou-se ter sido fundamental a caracterização geotécnica do local
identificando-se as classes tipológicas existentes.

Desta forma, e atendendo a topografia da zona, puderam ser adoptadas, à partida, as soluções
construtivas mais eficazes e adequadas a natureza e localização da obra, que se traduziram em
bons rendimentos de produção, previstos no planeamento da empreitada e correctamente
implementadas.

De facto, a solução de contenção em cortina de estacas de betão armado, e aplicação de betão


projectado entre estacas, adoptada em grande parte do desenvolvimento da contenção activa,
demonstrou ser uma solução comprovadamente mais adequada do que uma cortina de paredes
moldadas no terreno. Na verdade, em terrenos muito heterogéneos, como é o caso das
formações graníticas do local de implantação da obra, é altamente provável existirem frequentes
dificuldades na escavação dos painéis, o que conduz a elevadas quebras de rendimento e custos
decorrentes do uso de trepano e recalcamentos posteriores das paredes. Considerando-se a maior
versatilidade dos equipamentos de furacão de estacas no desmonte de terrenos heterogéneos e
resistentes, optou-se, na opinião do autor, pela melhor solução construtiva.

Por outro lado, as campanhas de sondagens permitiram definir o nível freático e, por
conseguinte, estimar caudais de bombagem e garantir a drenagem no decorrer da escavação,
bem como a drenagem da laje de fundo da futura estação.

Acredita-se que o caso apresentado encerra valor técnico intrínseco à variedade de tipos de
contenção de solo da solução preconizada, bem como às características muito específicas do
destino e inserção da própria obra.

76
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

BIBLIOGRAFIA

[1] Begonha, A. J. S. (1997). Meteorização do Granito do Porto e Deterioração da Pedra em


Monumentos e Edifícios da Cidade do Porto. Tese de Doutoramento, Universidade do Minho,
Braga, 393 p.

[2] Bieniawski, Z.T. (1992) – “Design Methodology in Rock Engineering”. A. A. Balkema


Rotterdam.

[3] EUROCÓDIGO 7 - Parte 1, 1994. Projecto Geotécnico. Regras Gerais. Pré-norma europeia,
ENV 1997-1: 1995 PT. Comissão Europeia de Normalizações, Bruxelas.

[4] Hoek, E. (1998) – “Rock Engineering”. Course Notes.

[5] Hoek, E.; Brown, E. T. (1980). “Underground Excavation in Rock”. The Institution of
Mining and Metallurgy. London.

[6] Instituto da Construção (2001b). “Relatório de Ensaios. Amostras da campanha de


sondagens complementar na futura Estação dos Aliados do Metro do Porto”. Laboratório de
Geotecnia da FEUP, Setembro 2001.

[7] Instituto da Construção (2002). “Relatório de Ensaios. Amostras da campanha de sondagens


de 2002 - Futura Estação dos Aliados do Metro do Porto”. Laboratório de Geotecnia da FEUP,
Maio 2002.

[8] Keller GBh (2001). Prospecção Adicional – Estação Avenida dos Aliados. Logs das
sondagens. Keller, Porto.

[9] Normetro (2000a) "Relatório geotécnico-geomecânico. Estação dos Aliados. Projecto de


execução", Relatório de 16.03.2000. P. Grasso e G. Russo; incluindo: "Perfil geológico-
geomecânico. Estação dos Aliados". Desenho n. 5 S1585EA 2301A2, 06.03.2000.
Transmetro/Metropolitana Milanese/Geodata.

[10] Normetro (2002) "Estação dos Aliados. Projecto de execução".

77
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

[11] Mascarenhas, Jorge, (2001). Sistemas de Construção – I – Contenções, Drenagens,


Implantações, Fundações, Ancoragens, Túneis, Consolidação de Terrenos. Livros Horizonte,
Lisboa.

[12] Santos, L. (1995). “"Processos de Alteração do Granito do Porto e sua Influência nas
Características Geotécnicas dos Materiais Resultantes". Dissertação apresentada à Universidade
Nova de Lisboa para obtenção do grau de Mestre em Geologia.

[13] Serviços Geológicos de Portugal (1957). “Carta Geológica de Portugal na escala 1:50000,
Folha 9C-Porto”. SGP, Lisboa. “Carta Geológica de Portugal na escala 1:200000, Folha 1”.
SGP, Lisboa. “Carta Neotectónica de Portugal na escala 1:1000000”. SGP, Lisboa.

[14] Transmetro (2004) Elementos de planeamento da Estação dos Aliados.

[15] Viana da Fonseca, A (1996). Geomecânica dos Solos Residuais do Granito do Porto.
Critérios para Dimensionamento de Fundações Directas. Dissertação apresentada à Faculdade
de Engenharia da Universidade do Porto para obtenção do grau de Doutor em Engenharia Civil.

[16] Viana da Fonseca, A. (1988). Caracterização Geotécnica de um Solo Residual do Granito da


Região do Porto Tese de Mestrado em Estrutura de Engenharia Civil, FEUP.

78
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

ANEXOS

Anexo A – Programa de Trabalhos (1 Folha);


Anexo B – Plano de Mão-de-Obra (1 Folha);
Anexo C – Plano de Equipamento (1 Folha);
Anexo D – Esquema tipo de execução da cravação dos perfis da parede Berlim (1 Folha);
Anexo E – Catálogo de Equipamento – Soilmec SM 401 (7 Folhas);
Anexo F – Esquema tipo da execução de ancoragem (1 Folha);
Anexo G – Esquema da armadura da ancoragem (1 Folha);
Anexo H – Catálogo de Equipamento – Meyco GM (4 Folhas);
Anexo I – Peças Desenhadas do Projecto de Execução (19 Folhas);
Anexo J – Cortina de Estacas em Fase (8 Folhas).
Anexo L – Fotografias (41 Folhas);

79
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

ANEXOS

80
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Anexo A – PROGRAMA DE TRABALHOS

81
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Anexo b – PLANO DE MÃO-DE-OBRA

82
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Anexo C – PLANO DE EQUIPAMENTO

83
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Anexo D – ESQUEMA TIPO DE EXECUÇÃO DA CRAVAÇÃO DOS PERFIS


DA PAREDE BERLIM

84
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Anexo e – CATÁLOGO DE EQUIPAMENTO - SOILMEC SM 401

85
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Anexo f – ESQUEMA TIPO DA EXECUÇÃO DE ANCORAGEM

86
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Anexo G – ESQUEMA DA ARMADURA DA ANCORAGEM

87
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Anexo H – CATÁLOGO DE EQUIPAMENTO – MEYCO GM

88
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Anexo I – PEÇAS DESENHADAS DO PROJECTO DE EXECUÇÃO (19 FOLHAS)

89
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Anexo J – cortinas de estacas em fase provisória

90
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Localização das zonas 1 e 2 correspondentes aos modelos de cálculo adoptados

91
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Modelo ALD-P1

92
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Modelo ALD-P2

93
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Modelo ALD-P3

94
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Modelo ALD-P4

95
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Modelo ALD-P5

96
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Modelo ALD-P6

97
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

Anexo L – FOTOGRAFIAS

98
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

99
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

100
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

101
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

102
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

103
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

104
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

105
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

106
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

107
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

108
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

109
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

110
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

111
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

112
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

113
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

114
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

115
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

116
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

117
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

118
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

119
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

120
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

121
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

122
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

123
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

124
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

125
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

126
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

127
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

128
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

129
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

130
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

131
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

132
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

133
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

134
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

135
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

136
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

137
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

138
Execução e Planeamento de Obra Enterrada – Caso da estação de Metro da Avenida dos Aliados

139

Você também pode gostar