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Crítica Acadêmica do Artigo: “ ESTUDO DA VIABILIDADE ECONÔMICA DE

CICLOVIAS COM PAINÉIS FOTOVOLTÁICOS NO CENÁRIO BRASILEIRO”.

Aluno: Carlos Eduardo Zander

Para que possamos desenvolver uma melhor análise sobre o assunto em


questão, vamos atualizar os dados que representem a situação atual do uso deste meio
de transporte, dos sistemas de energia fotovoltaica e das ciclovias.

Meio de transporte.

É nítido que o tráfego de bicicletas aumentou nas cidades brasileiras em meio à


retomada das atividades. Com a pandemia no novo corona vírus ainda em curso, o uso
desse meio de transporte se tornou um modo de evitar aglomerações em ônibus e
metrôs. A percepção nas ruas foi confirmada por dados do aplicativo Strava, que
apontou aumento de até 248% na ciclovia da Faria Lima, em São Paulo. No Rio, o maior
crescimento aconteceu no Aterro do Flamengo, com 277%. Os dados são do mês de
julho, na comparação com o mesmo período do ano passado.

De acordo com o Strava, a cidade de São Paulo registrou um crescimento de


31% no tráfego no último mês. Na capital fluminense, ele atingiu 91% no total de
atividades de bicicletas registradas no aplicativo. Os dados foram obtidos por meio do
Strava Metro, que passou a ser gratuito nesta semana. A ideia da ferramenta é ajudar
departamentos de transporte e grupos de planejamento urbano a entender melhor os
padrões de mudança nos deslocamentos, assim como melhorar a segurança e avaliar
projetos de infraestrutura. Outros dados importantes, que o mercado de bicicletas segue
com tendência de alta no Brasil. As vendas registraram um aumento de 118% entre 15
de junho e 15 de julho, na comparação com o mesmo período do ano passado. Os
dados são da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), obtidos depois
de uma pesquisa com 40 associados da entidade. Houve aumento também nos dois
meses anteriores: 50% em maio e 19% em junho, também na comparação com o
mesmo período em 2019.

Os aumentos seguidos em relação às vendas refletem a adesão maior às


bicicletas diante da pandemia do novo corona vírus. O uso das bikes como meio de
transporte é uma forma de evitar aglomeração durante a reabertura gradual das cidades.
"De acordo com informações de lojistas, o aumento se deu especialmente porque a
população procura por soluções para evitar as aglomerações do transporte público.
Seguindo, inclusive, recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde). Neste
aspecto, a bicicleta é uma excelente opção, pois tem um valor bem mais acessível do
que motocicletas e ainda contribui para a saúde e para o meio ambiente, já que não
poluem. As pessoas também estão procurando se exercitar de uma forma segura, com
distanciamento, e a bicicleta pode proporcionar essa segurança", explica André Ribeiro,
vice-presidente da Aliança Bike.
Energia Solar.

Em relação a Energia Fotovoltaica, os números do crescimento também são bem


expressivos, por mais que 2020 tenha sido um ano bom para a indústria, vale dizer que
foi só a cereja de um bolo que vem crescendo há 10 anos. Isso porque o preço dos
equipamentos caiu quase 90% por causa de facilidades dadas pelos governos, deixando
essa tecnologia cada vez mais acessível aos consumidores em geral. A incidência de
raios solares no território brasileiro também favorece a produção. Enquanto a Europa
conta com uma capacidade limitada a 10% de produção, aqui no Brasil esse número
triplica graças à posição geográfica do país. Isso sem contar facilidade econômicas: há
70 linhas de crédito (públicas e privadas) para quem quer investir nesse tipo de energia.

Embora tanto especialistas como a Associação Brasileira de Energia Solar


Fotovoltaica (Absolar) estejam evitando projeções para 2021, a expectativa é de que o
sol há de brilhar mais uma vez neste ano.

Em outubro de 2020, a Agência Internacional de Energia (IEA) divulgou um


comunicado dizendo que muitos países pretendem diminuir a emissão de carbono na
próxima década e, por ser uma fonte de energia renovável (ou seja, que é naturalmente
abastecida), a geração solar deve se firmar como a “rainha da eletricidade” graças ao
crescimento global de 12% ao ano. Aqui no Brasil, a tendência é acompanhar esse
crescimento.

Está tramitando em carácter de urgência na Câmara dos Deputados o projeto de


lei 5829/19, que beneficia consumidores que geram a própria energia elétrica, sobretudo
a partir de fontes renováveis (solar, eólica, biomassa), e injetam o excedente na rede de
distribuição local. Além disso, as casas do programa federal Casa Verde e Amarela
(antigo Minha Casa, Minha Vida) também devem contar com o sistema de energia solar.

Ciclovias

A adição de ciclovias estimula a economia, dizem especialistas. De fato,


pesquisas descobriram que as ciclovias realmente podem aumentar as vendas para as
empresas por onde passam. Ciclovias seguras também tendem a diminuir o número de
veículos nas estradas, o que reduz as emissões e os níveis de poluição. Os veículos a
gasolina e diesel produzem mais de 30% do dióxido de carbono e 80% das emissões
monóxido de carbono, e viagens curtas – do tipo facilmente feitas de bicicleta – são os
piores emissores destes venenos.

Uma das coisas que encontramos com a infraestrutura de bicicletas é que torna
as ruas se tornam mais seguras para todos, não apenas ciclistas. Reduz a frequência
de acidentes. Acalma o trânsito, o que torna as ruas menos caóticas e seguras para
todos.

Andando pelas cidades hoje em dia, não é só com carros que você tem que ter
cuidado, mas também com bicicletas. Precisamos separar os carros, as motos e o
pedestre.

Se há uma instalação mais segura e confortável onde as pessoas podem


pedalar, tiramos bicicletas das calçadas — onde elas podem ser muito perigosas para
pedestres e deficientes e as conduzimos para os locais apropriados: as ciclovias.
Faz sentido que ter mais pessoas em bicicletas causará menos
congestionamento nas ruas. No entanto, o aumento da quantidade de bicicletas pode
significar ainda mais congestionamento sem as ciclovias bem planejadas.

O ciclismo torna as cidades mais atraentes. A qualidade do ar é melhor e a


quantidade de ruído é menor. É mais provável que você conheça seus vizinhos e pare
para uma conversa.

Os benefícios para a saúde produzidos pelo ciclismo parecem quase um milagre.


Exercícios físicos moderados como ciclismo por apenas 30 minutos por dia reduz em
40% ou mais as chances de diabetes, demência, depressão, câncer de cólon, doenças
cardiovasculares, ansiedade e pressão alta. Tudo comprovado cientificamente.

O transporte é responsável por mais de um quarto de todos os gases de efeito


estufa, o segundo maior setor depois da geração de eletricidade através da queima de
combustível fóssil.

Mais bicicletas nas ruas e menos carros também diminuem outras formas de
poluição do ar e do ruído.

Ciclovia Solar

A primeira ciclovia solar do mundo está localizada em Amsterdã, na Holanda.


Um ano após ser finalizada, a estrutura, construída através de financiamento coletivo,
se mostrou mais eficiente do que era estimado nos testes laboratoriais.

Conforme informado pelos responsáveis pela estrutura, em entrevista ao


site Fast Co. Exist, após um ano de testes, a ciclovia solar está gerando 70
quilowatts/hora por metro quadrado/ano , o suficiente para abastecer três casas. Os
bons resultados mostram que o investimento é viável e a expectativa é de que ele se
pague em 15 anos.

O grande diferencial deste projeto é a forma como as placas fotovoltaicas foram


instaladas. Não se trata de uma cobertura, mas sim um pavimento criado especialmente
para absorver a energia do sol e transformá-la em eletricidade. A ideia é expandir este
modelo para outras pistas e estradas. “Se nós pudermos adicionalmente incorporar
células fotovoltaicas nos pavimentos das estradas, então uma área muito mais passaria
a ser produtiva, colaborando para a descentralização da geração de energia solar sem
que seja necessário espaços extras”, esclareceu Sten de Wit, representante da
SolaRoad.

A energia produzida a partir da pavimentação pode ser usada para abastecer


veículos elétricos, alimentar estações de atendimento e iluminação ou ser simplesmente
destinada às redes de transmissão de eletricidade.

Em termos de uso, Wit garante que o sistema não deixa a desejar em relação às
ciclovias tradicionais. Segundo ele, muitos dos usuários que não sabem da função extra
da pista, nem conseguem notar diferença. “Isso é exatamente o que nós queremos
alcançar: estradas que cumprem suas funções originais, enquanto geram energia solar”,
finalizou o empreendedor.
Na Polônia, a ciclovia usa Energia Solar para brilhar no escuro; além do
fator sustentabilidade a Polônia levou em conta a questão da segurança para os
ciclistas. Não se trata apenas de uma ciclovia abastecida com energia solar, estamos
falando de uma ciclovia que reluz ou brilha durante a noite.

Aliando sustentabilidade e segurança, a cidade de Lidzbark Warminski, na


Polônia, inaugurou recentemente uma ciclovia abastecida com energia solar, que pode
ficar iluminada por até dez horas seguidas. E dizemos que o país aliou sustentabilidade
a segurança, porque as ciclovias que brilham já existem na Holanda desde 2014, porém,
elas utilizam energia elétrica convencional para funcionar. Enquanto a versão holandesa
usa LED, a ciclovia da Polônia que brilha durante a noite, usa apenas a energia solar
para ficar iluminada.

Funcional e sustentável, o asfalto da ciclovia abastecida por energia solar possui


partículas sintéticas chamadas de “luminóforos”, que durante a noite emitem a energia
captada do sol, e refletem uma luz azul metálica, que como já mencionado, pode durar
cerca de dez horas. Além de não agredir o meio ambiente, a ciclovia iluminada ajuda a
prevenir acidentes de ciclistas e pedestres durante o período noturno.

Com cerca de 100 metros de comprimento, a ciclovia abastecida com energia


solar construída na cidade de Lidzbark Warminski, na Polônia, ainda é curta perto do
que seria o ideal nos quesitos mobilidade e segurança. Existem planos de expansão,
porém, é preciso saber qual será o comportamento da ciclovia durante o inverno, daí
será possível seguir a diante com os investimentos que vão aumentar a via que brilha
durante a noite.

Se tudo der certo, a ciclovia abastecida com energia solar será uma grande
conquista para quem utiliza a bicicleta como meio de transporte e também para o meio
ambiente. A iluminação das vias a partir de energia solar é uma solução sustentável
para o problema enfrentado por muitos ciclistas que pedalam durante a noite. O CEO
da TPA, Igor Ruttmar, afirmou que espera que a ciclovia iluminada ajude a prevenir
acidentes de ciclistas e pedestres durante o período noturno.

Com ciclovias iluminadas durante a noite, pessoas que não utilizam a bicicleta
por medo e insegurança, poderão começar a pedalar nesse período. Isso certamente
diminuirá o uso de automóveis, afetando diretamente e de maneira positiva o meio
ambiente. Agora nos resta esperar que esse projeto que une sustentabilidade e
segurança seja um sucesso completo e chegue logo ao Brasil.

O projeto mais recente de ciclovia solar é da Alemanha: trata-se da ciclovia


recoberta com pastilhas solares, com 90 metros de extensão e aproximadamente 200
m².

Inaugurada na cidade de Erftstadt, a ciclovia alemã aduz uma proposta


inovadora: reaproveitar o espaço e as ciclovias já construídas para geração de energia,
recobrindo-as com uma espécie de “tapete solar”.

Composto por pastilhas solares feitas de vidro laminado – cada uma medindo
10cm² – esse “tapete solar” foi pensado para ser utilizado em pavimentos já existentes,
reduzindo assim o custo de instalação das ciclovias solares.
Essas pastilhas (que na verdade são células solares), são interligadas umas às
outras, formando uma espécie de malha flexível, que pode ser instalada em locais que
apresentam desníveis e raízes de árvores. E, para completar, foi adicionada uma
camada de borracha que absorve o som e conecta o tapete com o asfalto.

A ciclovia solar alemã, além de ter um custo de instalação mais baixo, não
necessita manutenção com a remoção de neve e gelo, pois ela tem a capacidade de se
“auto descongelar”, usando a eletricidade gerada por ela mesma.

Igualmente aos outros, esse projeto também foi construído em caráter


experimental. A expectativa dos idealizadores é que, em três anos, já se tenha uma
resposta definitiva sobre a viabilidade da estrutura. Em caso de sucesso, pretende-se
ampliar a instalação do tapete solar para outras ciclovias do país.

Conclusão:

Em tempos que o termo sustentabilidade vem se tornando essencial, aliarmos


um meio de transporte e uma matriz energética com as mesmas características quando
se trata de responsabilidade ambiental, significa que estamos no caminho certo, e
considerando também uma projeção para um desafogo de nosso sistema viário.

Os projetos das ciclovias alinhadas a geração fotovoltaicas misturam estes


fatores, quando pensamos que no espaço destinado a instalação de uma ciclovia
podemos aproveitar o espaço para a instalação de painéis solares, estes dependendo
das características do projeto, destinados apenas para atender a demanda energética
da estrutura da ciclovia, ou para fazer parte do sistema de distribuição da concessionaria
local.

Mas apesar dos resultados animadores, definidos nos projetos existentes, ainda
existem algumas ressalvas em relação a essa tecnologia. Uma delas é a sua reduzida
eficácia na produção de energia em comparação aos painéis fotovoltaicos instalados no
telhado ou no campo. Isto porque os painéis colocados nas estradas não podem sempre
ser inclinados na direção do sol e também devemos considerar a sujeira depositada
sobre estes painéis devido ao trafego de bicicletas e pessoas.

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