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A falácia da eletrificação

Em uma era de pujança tecnológica, avanços técnicos e


altercação política, um crescente debate revolve em torno do advento
da eletrificação no transporte rodoviário. Muitos ovacionam a
eletrificação como salvação para a poluição que toma nosso domo e a
solução para nossa dependência nos combustíveis fósseis. Entretanto,
sob o brilhante verniz político, disfarçado de progresso, se assenta,
oculta pelas falácias de falsos líderes e as sombras da conveniência,
uma tecnologia dependente de trabalho escravo, uma que produz
milhares de m³ de carbono em sua produção, uma que não pode ser
propriamente descartada, mesmo que por natureza deva ser
substituída em uma fração do tempo de suas alternativas, problemas
esses apenas arranham a superfície da inferioridade tecnológica
encontrada em tais veículos, contudo, incrivelmente, não é essa a
maior problemática. Caso apenas uma inferior tecnologia à mudança
para veículos elétricos seria danosa, não catastrófica, entretanto, na
realidade, os carros elétricos são apenas uma fachada, uma ilusão
criada para desviar a atenção do verdadeiro problema na mobilidade
urbana. — a lamentável falta de investimento no transporte
metroferroviário.

Em primeira instância, vamos explorar os benefícios,


ostensivamente apresentados por defensores dos veículos elétricos.
Eles advogam pela redução na emissão de partículas nocivas, a
preservação dos recursos naturais e a melhora da qualidade do ar,
mudanças que a eletrificação supostamente alavancaria. No entanto,
tais afirmações não passam de uma miragem em meio ao
desconcertante calor — ilusórias e enganosas. Isso, pois em sua
fabricação estão situadas as mesmas intempéries que afirmam
resolver. Tais óbices surgem claramente quando observamos a
extração de metais pesados, como o lítio, componente indispensável
para a produção de baterias, que traz consigo gargantuais custos
ambientais e sociais, exigindo uma exorbitante quantidade de energia
e água em seu refino o qual é extremamente poluente. Somado a isso
o massivo peso adicionado nos veículos elétricos (devido às baterias)
proporciona uma degradação acelerada de compostos como pneus e
freios, o que segundo o estudo executado de 2020 a 2024 pela
emission analytics, avolumam a liberação de partículas nocivas em
cerca de 1.000 vezes quando comparado aos resíduos liberados nos
escapamentos modernos, exige um chassi mais robusto, assim
necessitando de uma maior quantidade de recursos e acaba por
danificar a infraestrutura rodoviária, novamente em decorrência de seu
peso elevado, assim gerando enorme déficit econômico e fomentando
a produção de concreto e asfalto, dois dos materiais mais danosos à
natureza em sua produção. Todos estes “detalhes” e o fato de que a
maior parte da energia mundial é gerada pela queima de combustível
fóssil, (mais precisamente, cerca de 30% por carvão, 27% pela queima
de petróleo e 23% gás natural), isso tudo sem considerar outros
graves problemas como o perigo adicional de incêndio químico são
fatos que contradizem a suposta “eco-amizade” dos carros elétricos.
Assim, a promessa de salvação se torna oca, uma chimera criada por
mentiras pútridas.

Em outra face do problema encontramos os exorbitantes custos


associados aos veículos elétricos, que servem como um lembrete
vívido de sua natureza elitista. Enquanto os abastados podem se
deleitar de consciência limpa, crendo veemente que fazem diferença,
as massas permanecem acorrentadas pelos fardos da restrição
financeira; A aquisição de carros e sua manutenção torna-se
obrigatória devido à falta de opções públicas e confiáveis. Enganados
por falsas promessas de melhora e liberdade, o proletário adquire
veículos que não podem manter, e então clamam pela expansão das
rodovias, agora preenchidas de veículos sem manutenção adequada.
Então com um bom subterfúgio, as poderosas construtoras de estrada
tratam de celeremente propor a adição de faixas, no entanto,
surpreendentemente, carros e estradas não são como água e canos,
simplesmente alargar estradas até que as belas cidades tornem-se
planos de concreto jamais diminuirá o trânsito, isso se deve a
demanda induzida. Enquanto expandirmos rodovias mais pessoas irão
utilizá-las, pois estas tornam-se a única alternativa, o mesmo efeito
ocorre com trens, ônibus, metrôs, trams ou qualquer outro transporte,
contudo enquanto trens comportam centenas de humanos por viagem,
de forma eficiente, os carros proporcionam o luxo de utilizar 2
toneladas de material para o transporte de um único indivíduo, assim
transportando um patético número de viajantes por metro de
infraestrutura. Assim a aquisição de carros elétricos permanece
perpetuando disparidades socioeconômicas e exacerbando o abismo
entre classes.
Em suma a maior problemática com a eletrificação dos veículos
se encontra na ineficiência do transporte baseado em rodovias, pois
enquanto deveríamos rumar ao eficiente transporte público baseado
em trilhos, a ideia da solução pela melhora de uma tecnologia
essencialmente inferior apenas gera confusão e atrasos, com
investimentos tomando rotas errôneas e enganosas que intimamente
emaranham as ações em linhas que dançam aos bolsos dos poderosos,
cautelosamente desviando dos que mais necessitam da mobilidade.

J.Ferreira-Março/2024-São Paulo

Fontes:

Gaining traction, losing tread Pollution from tire wear now 1,850 times
worse than exhaust emissions –estudo da emission analytics sobre o
aumento na liberação de partículas nocivas por compostos como pneus
e freios devido ao acréscimo em peso

Matriz energética e elétrica — estudo evidenciando as principais


matizes elétricas globais

Capacity | Cycling Embassy of Great Britain — estudo evidenciando a


eficiência/capacidade dos principais meios de transporte.
(PDF) The Social Cost of Automobility, Cycling and Walking in the
European Union - O documento trata sobre os custos ou benefícios de
diferentes modos de transporte

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