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Medicina Legal – 1º Bimestre

MEDICINA LEGAL:

 Criminologia – comportamento social do ser humano, interação entre os


homens. Algumas pessoas fogem do comportamento normal que se espera
naquela sociedade (transtornos de personalidade, psicopatias);

 Criminalística – é uma ciência que vai se valer das ciências naturais


(matemática, física, química, biologia). Se vale desses conhecimentos
técnicos para o levantamento de registros ou rastros das atitudes humanas
que são consideradas ilícitas ou que não são compreendidas dentro do
comportamento exigido em uma determinada sociedade;

 Medicina Legal propriamente dita – traumatologia, estudo dos instrumentos


do crime, estudo dos fenômenos fisiológicos do homem, tanatologia (estudo
da morte).

CRIMINOLOGIA

Tem objeto próprio (objeto de estudo), que é o delinquente, o criminoso (estudar o


indivíduo e seu comportamento), o delito, a vítima, controle social (como são
aplicadas regras de comportamento numa determinada sociedade). Pessoa que
pratica o crime, a vítima desse crime e como a sociedade regula esse
comportamento.

Objetivo – com esse estudo antropocêntrico do comportamento humano, consegue-


se criar mecanismos de controle social. Informar a sociedade e os poderes públicos.

Método – empirismo (indutivo) e interdisciplinaridade.

CRIMINALÍSTICA
Objetivo – o reconhecimento e a interpretação dos indícios, materiais extrínsecos,
relativos ao crime ou à identidade do criminoso. Ou seja, é responsável pelo
levantamento dos indícios.

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MEDICINA LEGAL
É o conhecimento médico para a interpretação dos dispositivos legais.

CONTROLE SOCIAL
Conjunto de mecanismos e sanções sociais que pretendem submeter o indivíduo
aos modelos e normas comunitários.

1. Controle social informal – não há nenhum tipo de norma expressa (p. ex.
família, escola, profissão, religião). Onde esse controle é mais atuante,
observa-se menos atuação do Estado e menor índice de criminalidade;

2. Controle social formal (Estado) – p. ex. polícia, justiça, administração


penitenciária, Ministério Público, Exército, ou seja, existe a presença
ostensiva do Estado;

 Controle social formal não violento – p. ex. direito civil, direito


comercial, direito administrativo. Quando não cumprida a regra a
pessoa recebe um castigo;

 Controle social formal violento – direito penal (caráter repressivo do


Estado – jus puniendi).

SISTEMA DE CONTROLE SOCIAL DO DIREITO PENAL


Caráter repressivo do Estado (jus puniendi).

Crescente preocupação mundial com integridade física e mental dos seres humanos
– proteção da dignidade da pessoa humana (jus puniendi fica limitado).

Princípio da humanidade é o maior limitador do direito de punir do Estado.

ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS
1. Escola Clássica - a explicação dos delitos está na vontade livre e consciente
dos homens (livre arbítrio).

Todos os homens são iguais entre si e prevalece o princípio do livre arbítrio.

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Pessoa é castigada na proporção de seu delito, ou seja, a pena é a retribuição ao


mal causado pelo delinqüente, devendo assim ser proporcional ao seu delito.

2. Escola Positiva (base da Escola Científica) - o crime provém dos fatores


biológicos, físicos e sociais.

A escolha da delinquência não vem da pessoa; a pessoa fez a escolha errada


impulsionada por fatores externos.

Há uma implementação da ciência/razão para explicar a delinquência.

3. Escola Eclética ou Crítica – período da política criminal.

Gênese do criminosos tem um fator endógeno, mas não hereditário, e fator


exógeno (fatores externos).

Os fatores exógenos estariam intimamente ligados com fatores de personalidade,


sendo um reflexo do entendimento do sistema nervoso central (forma nervosa e
forma hormonal).

CRIME
Segundo Kurt Lewin, o crime é uma resposta dada por uma personalidade á
situação em que se encontra implicado. Esta resposta intervém, a seguir, em um
processo de interação de duração variável.

CRIMINOSO
Causas endógenas:

 Transtorno de personalidade

 Psicopatias.

Ambos exigem um envolvimento hormonal e nervoso.

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TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE

É a condição estável e duradoura dos comportamentos de uma pessoa, e não


necessariamente permanente.

Essas manifestações nada mais são do que imagens mentais daqueles que
observam e esperam das pessoas comportamento normal.

São pessoas potencialmente delinqüentes (as vezes podem vir a romper o contrato
social), mas não necessariamente criminosas.

Tem seu início na adolescência ou no começo da vida adulta.

É estável ao longo do tempo e provoca sofrimento psíquico ou prejuízo do


funcionamento da personalidade.

CID-10
Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados com a
saúde.

Classificações de doenças mentais.

O capítulo V corresponde aos transtornos mentais e comportamentais (F00-F99).

Distorções da personalidade e do comportamento (F60-F69):

 Transtorno de personalidade específico (F60);

 Transtorno de hábitos e dos impulsos (F63);

 Transtorno de identidade de gênero (F64);

 Transtorno de preferência sexual (parafilia) (F65).

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TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESPECÍFICO E


TRANSTORNOS DOS HÁBITOS E DOS IMPULSOS
 Transtorno de personalidade paranóide;

 Transtorno de personalidade esquizoide;

 Transtorno de personalidade antissocial;

 Transtorno de personalidade borderline (limítrofe);

 Transtorno de personalidade histriônica;

 Transtorno de pessoalidade obsessiva-compulsiva;

 Transtorno de personalidade narcisista;

 Transtorno de personalidade dependente;

 Jogo patológico;

 Roubo patológico.

PSICOPATIA
Não é um transtorno de personalidade.

O psicopata é antissocial. Sua conduta frequentemente leva a conflitos com a


sociedade. Geralmente é impelido por impulsos primitivos e por ardentes desejos de
excitação. Na sua busca autocentrada de prazeres, ignora as restrições de sua
cultura (não respeita as regras de convivência). É altamente impulsivo, seus desejos
sobressaem à sua razão.

O momento que passa é um segmento de tempo separado dos demais, o tempo


para ele não importa. O que vale para ele é só o presente.

Psicopata é agressivo. Aprendeu poucos meios socializados de lutar contra


frustrações. Tem pequeno ou nenhum sentimento de culpa. Pode cometer os mais
apavorantes atos e crimes e ainda rememorá-los sem qualquer remorso. Tem uma
capacidade pevertidas para o amor. Suas relações emocionais, quando existem, são

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estéreis, passageiras e intentam apenas satisfazer seus próprios desejos. Estes dois
últimos traços: ausência de amor e de sentimento de culpa marcam visivelmente o
psicopata como diferente dos demais homens.

PSICOPATIA: TRANSTORNO DE PERSONALIDADE (TP) X


PSICOPATIA
Aspectos essenciais do TP:

 Insensibilidade aos sentimentos alheios;

 Atitude aberta de desrespeito por normas, regras e obrigações sociais de


forma persistente;

 Estabelece relacionamentos com facilidade, principalmente quando é de seu


interesse, mas dificilmente é capaz de mantê-los;

 Baixa tolerância à frustração e facilmente explode em atitudes agressivas e


violentas;

 Incapacidade de assumir culpa do que fez de errado, ou de aprender com as


punições;

 Tendência a culpar os outros ou defender-se com raciocínios lógicos, porém,


improváveis.

Psicopatia vs. TP:

 Ambos têm em comum a falta de empatia, ou seja, não consegue se colocar


no lugar do outro, por isso podem enganar ou mesmo matar sem sentir peso
na consciência;

 Porém, o psicopata tem a capacidade intrínseca de planejar as ações


complexas sem despertar suspeitas. Pode perpetrar condutas criminosas
durante anos sem que ninguém ao redor perceba nada de errado, o que não
corresponde ao perfil do TP, descrito também como impulsivo e incapaz de
planejar ações de longo prazo;

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 TP tenta esconder, mas não é duradouro. Esses comportamentos no TP


mudam, são voláteis. Já o psicopata muda, é estável, mas já com a mente
voltada para a quebra de regras;

 Um clássico são os chamados "serial killers", que podem agir durante


décadas, escondendo sua perturbação mental sob o verniz de uma conduta
discreta e normal.

PSICOPATA TP
INCIDÊNCIA 1% 4%
PERSONALIDADE Altamente manipuladores Encantadores, impulsivos
e sedutores. e espontâneos.
COMPORTAMENTO São aparentemente São visivelmente
adequados ao que a antissociais e impulsivos,
sociedade espera e não chamam atenção com
levantam suspeitas. suas atitudes.
TRABALHO Conseguem, por suas Podem ter muita
características, ter uma dificuldade em manter um
boa carreira. emprego.
RELACIONAMENTOS Não conseguem vincular- Conseguem manter
se emocionalmente aos vínculos com algumas
outros. poucas pessoas.
CRIMES Planejamento e Como são impulsivos,
dificuldade de têm dificuldades em
identificação. disfarçar as pistas.

CRIMINOSOS

1. Biocriminoso puro: é unicamente impulsionado por fatores internos e


biológicos (fatores endógenos). São pseudocriminosos (ou falso criminosos),
pois, são inimputáveis. São reincidentes em potencial e precisam de
tratamento psiquiátrico ou tratamento em manicômio judicial. É o indivíduo

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que comete ato ilícito, porém, não tem capacidade para entendê-lo por falha
ou lacuna psíquica. É o psicopata, esquizofrênico, epilépticos, e outros.

Ex: indivíduo sonha com uma moça de blusa lilás e calça preta. Essa moça o ataca,
matando-o a facadas. Acorda. Pega sua arma e sai em busca da moça com quem
sonhou, que na realidade não existe. Ao encontrar a primeira mulher com blusa lilás
e calça preta, a mata. Seu distúrbio é tão grave que o torna inimputável.

2. Mesocriminoso puro: é unicamente impulsionado pelo meio exterior (fatores


exógenos). São considerados "criminolóides", são altamente recuperáveis.
Em geral recebem penas alternativas ou comutação da pena em multa.

Há fatores ou valores do meio cultural, social, que irão influenciar a conduta, mas é
inimputável por ter agido de acordo com esses valores.

Agem antissocialmente por forças de ingerências do meio externo, tornando-se


quase "vítimas das circunstâncias exteriores".

Ex: quando um índio do Xingu tem fome, pesca peixe no rio. Só pesca o que
necessita para saciar a fome. Esse índio é trazido para SP. Tem fome, vê uma
carma ornamental (não sabe o que é), na chácara do japonês criador. Pesca a carta
para comer. Japonês tem direito á indenização do peixe que custava 500 reais,
porém, o comportamento do índio foi incoerente. O ilícito é compreensível.

3. Mesocriminoso preponderante: ocorre quando o indivíduo por si só não


cometeria um crime, mas a influência externa acaba sendo superior à sua
tendência, derrubando sua resistência. Tem uma reincidência esperada.

Predomina neste tipo o fator social.

"fraqueza de personalidade", Hilário o chamava de "Maria vai com as outras".

Ex: indivíduo é convidado a praticar roubo com promessa de obter ganho fácil para
então adquirir um celular de última geração do qual não poderia comprar. Ou uma
menina de rua que tem vontade de ter uma sandália da Xuxa e não pode comprar,
então a furta.

Vejam, houve a influência externa do bem, se não houvesse esse interesse, não
praticariam o crime por si só.
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4. Biocriminoso preponderante: ocorre quando, mesmo tendo pouca


influência externa, as fortes tendências internas do indivíduo o levam a
praticar um delito. É altamente reincidente e de difícil recuperação. Há
sempre um fator biológico preponderante em sua atitude, embora isso não
queira dizer que seja o único fator.

Ex: indivíduo se arma por insegurança. Foi agredido na rua e o marginal prometeu
que iria atacá-lo em sua própria casa para matá-lo. O indivíduo está neurótico. Uma
madrugada, está ele deitado, dormindo, e é acordado com o barulho de alguém
forçando abrir a porta. Atira, matando o filho que chegava. Aqui o agente
ignora/esconde que o Estado poderia lhe proporcionar segurança.

5. Biomesocriminoso: recebem influência de fatores internos e externos.


Podem ser reincidentes, mas possuem grande potencial para sua
recuperação.

Fator social e biológico concorrendo.

Ex: indivíduo compra, após muitas economias, um Escort Vermelho. Está feliz e ao
mesmo tempo preocupadíssimo porque seu dinheiro só deu pra comprar o carro e
não para fazer o seguro. Chegando em casa, pede ao zelador do prédio que olhe
seu carro estacionado na porta (é um neurótico com segurança). Mais tarde o
alarme do carro soa, ao mesmo tempo que o vigia liga dizendo que alguém está
tentando roubar seu carro. Pega uma espingarda e atira errando: era seu sobrinho.
O fato de ter uma arma mostra que o sujeito está neurótico por segurança. Sabe que
chamar a polícia não resolve. Ao mesmo tempo tem uma descrença na sociedade
onde cada um só está preocupado consigo próprio. Toma então as medidas que
entende pertinentes à proteção de seus bens.

Ex: o jovem inconformado com a sujeição paterna sonha com um carro (objeto de
desejo) e, vivendo num ambiente em que vigoram a impunidade e o sucesso, vale
qualquer preço, rouba um automóvel a mão armada. Diferente do mesocriminoso
preponderante, ele busca a qualquer preço o bem querido.

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PROGNÓSTICO - observação futura do estado que uma determinada


metodologia irá ser aplicada numa forma atual.

TIPO CORREÇÃO REINCIDÊNCIA


MESOCRIMINOSO Esperada (colônias Excepcional.
PREPONDERANTE sociopedagógicas).
BIOMESOCRIMINOSO Possível (reformatório Ocasional.
OU progressivo).
MESOBIOCRIMINOSO
BIOCRIMINOSO Difícil (colônias Potencial.
PREPONDERANTE disciplinares/casas de
custódia psiquiátrica).

VITIMOLOGIA

É o estudo da vítima.

A história da vítima se deu em três fases:

1. Fase da vingança privada e da justiça privada – era facultada a vítima o


direito de vingança ou de compensação em relação ao seu agressor.

2. Direito Penal passa a ser tratado como matéria de ordem pública com a
decadência da vingança privada. A vítima é marginalizada, passando a
segundo plano decaindo de sua então posição central para uma posição
periférica, com sua consequente neutralização e enfraquecimento.

3. Fase do redescobrimento (atual) – passa a estudar os motivos que levaram o


sistema penal a relegar as vítimas ao esquecimento, e quais as razões de ela
não poder ser enquadrada no rol dos sujeitos de direitos, prerrogativa esta
concedida aos acusados.

POR QUE ESTUDAR?


Estudos de Vitimologia demonstram que as vítimas podem ser “colaboradoras” do
ato criminoso, chegando-se a falar em “vítimas natas” (personalidades insuportáveis,

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criadoras de casos, extremamente antipáticas, pessoas sarcásticas, irritantes,


homossexuais, prostitutas, etc.).

CLASSIFICAÇÕES
a) Vítima completamente inocente – também chamada de vítima ideal. É aquele
que não tem nenhuma participação no evento criminoso, o delinquente é o
único culpado (ex. sequestro, roubo qualificado, terrorismo, vítima de bala
perdida, infanticídio, etc.).

b) Vítima menos culpada que o delinquente – também conhecida como vítima


por ignorância. Trata-se daquela que contribui de alguma forma para os
resultados danosos do evento (ex. pessoa que frequenta locais perigosos
expondo seus objetos de valor).

c) Vítima tão culpada quanto o delinquente – vítima chamada de provocadora,


pois, sem a participação ativa da vítima, o crime não teria ocorrido (ex.
corrupção, sedução, rixa, etc.).

d) Vítima mais culpada que o delinquente – nesse caso, a participação da vítima


foi maior ou mais intensa do que a do próprio autor (ex. lesões corporais e
homicídios privilegiados cometidos após injusta provocação da vítima).

e) Vítima como única culpada – nestes casos a vítima constitui-se a única


culpada do evento criminoso. Comum nos crimes culposos (ex. indivíduo
embriagado que atravessa avenida movimentada, ou também no caso de
legítima defesa).

ASFIXIOLOGIA FORENSE

Perturbação decorrente da privação, total ou parcial, rápida ou lenta, do oxigênio.

Lesão por supressão da respiração.

É o impedimento da hematose (troca gasosa ao nível da membrana alveolar) devido


à alterações:
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 Da mecânica respiratória ou;

 Do meio ambiente.

MODALIDADES DE ASFIXIA
a) Sufocação (direta e indireta);

b) Esganadura;

c) Estrangulamento;

d) Enforcamento;

e) Afogamento;

f) Soterramento;

g) Confinamento.

CLASSIFICAÇÃO DAS ASFIXIAIS


Asfixias por alteração da dinâmica respiratória:

1. Asfixias por constrição do pescoço

a. Enforcamento;

b. Estrangulamento;

c. Esganadura.

2. Asfixias por sufocação

a. Direta

i. Oclusão das vias aéreas

ii. Soterramento

iii. Confinamento

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b. Indireta

i. Compressão do tórax

c. Asfixias por mudança do meio ambiente

i. Afogamento

ii. Gases irrespiráveis

SINAIS DE ASFIXIA
Externos:

 Lento resfriamento;

 Cianose;

 Petéquias conjuntivais ;

 Espuma na boca;

 Ingurgitamento da carótida.

Cianose da face Aparece na maior parte de todas as


asfixias
Pele anserina Ou "pele de galinha", correspondente
ao eriçamento dos pelos - sinal de Bernt
Maceração da pele A epiderme fica infiltrada de água,
principalmente as mãos e os pés
Plâncton nas mãos e unhas Pela presença desses materiais no
meio líquido onde ocorreu a imersão
Lesões de arrasto (Simonin) Pelo embate do corpo no leito do curso
de água
Retração dos mamilos, testículos e Pela baixa temperatura da água e
pênis/rigidez cadavérica precoce choque térmico provocado
Procidência da língua Que não é um sinal exclusivo dos
afogados, mas aparece com frequência
nas asfixias mecânicas
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Cabeça de negro A cabeça dos afogados em adiantado


estado de putrefação adquire uma
coloração verde-escuro

Internos:

 Sangue líquido no coração e grandes vasos;

 Manchas de Tardieu;

 Manchas de Paltauf;

 Congestão visceral.

Diluição do sangue A ingestão de grande quantidade de


água acaba por fluidificar o sangue em
razão do equilíbrio osmótico rompido
Cogumelo de escuma O plasma sanguíneo passa para o
alvéolo e há grande formação de
escuma, que preenche a árvore
respiratória e sai pela boca
Manchas de Paltauf Produzidas pela ação hemolítica da
água sobre as hemorragias pleurais
(Tardieu). Nada mais são que as
manchas de Tardieu acompanhadas de
um halo hemolítico
Plâncton e águas nas vias Pela aspiração de grande quantidade
respiratórias e digestivas/presença de líquido
de líquido no ouvido médio

CARACTERÍSTICAS DE AFOGAMENTO
 Pele anserina;

 Embebição aquosa;

 Sangue claro e hipóstase rósea;


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 Lesões pálpebras e lábios por animais aquáticos (post mortem);

 Pulmões armados, sem brilho, com manchas de Paltauf;

 Corpos estranhos na árvore respiratória.

ASFIXIA POR CONSTRIÇÃO MECÂNICA DO


PESCOÇO

1. Enforcamento (suicídio);

2. Estrangulamento (homicídio);

3. Esganadura (homicídio).

Nos dois primeiros há ação indireta (objeto no pescoço). Já no último, há ação direta
(contato direto).

Enforcamento vs. Destroncamento.

ENFORCAMENTO
A força exercida para asfixiar é o peso total ou parcial da própria vítima e de forma
INDIRETA no pescoço, pois se utiliza corda, panos, fios, etc.

São características do enforcamento:

a) Sulco único;

b) Sulco oblíquo;

c) Interrompido no nó;

d) Bordos superior e inferior são desiguais.

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Posição do cadáver:

a) Suspensão típica (completa) – a vítima perde inteiramente o contato com o


solo;

b) Suspensão atípica (incompleta) – a vítima conserva algum contato com o solo


(sentada, ajoelhada, de cócoras).

ESTRANGULAMENTO
A força exercida para asfixiar pode ser qualquer força, exceto a força do peso da
própria vítima, e de forma INDIRETA no pescoço, pois se utiliza corda, panos, fios,
etc.

São características do estrangulamento:

a) Sulco pode ser mais que um;

b) Sulco horizontal;

c) Não há interrompimento (contínuo);

d) Bordos superior e inferior são iguais;

e) Fraturas das cartilagens da laringe.

ESGANADURA
A força exercida para asfixiar pode ser qualquer força, exceto a força do peso da
própria vítima, e de forma DIRETA no pescoço, pois se utiliza as mãos, pés,
cotovelo, etc.

São características da esganadura:

a) Atuação pelas mãos do oponente ou com seus membros;

b) Não há sulco (ação direta);

c) As vezes é possível identificar a marca de unhadas.

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MANCHAS DE SANGUE

MORFOLOGIA DA MANCHA DE SANGUE


1. Manchas por projeção

Gotas:

a) Circular – pequena altura (5cm a 10cm);


b) Estrelada, bordos irregulares (40cm);
c) Estrelada, bordos denteados, gotas satélites (uma gota maior cercada de
gotas menores) (mais de 125cm);
d) Gotícula, sangue caído de considerável altura (2m ou mais).

Salpicos: a projeção do sangue é feita sob o impulso de uma segunda força e cai
pela ação da gravidade. Temos então, uma forma alongada na fase final.

2. Manchas por escorrimento – o sangue sob forma de poças, charco ou


filetes decorrentes da grande perda sanguínea. A origem do sangue é da
vítima imóvel. Decorre da ação da gravidade.
3. Manchas por contato – mãos, pés ou calçados ensanguentados sob
decalque em superfície.
4. Manchas por impregnação – peças do vestuário, toalhas, panos, tapetes,
fraldas, etc. embebidas de sangue.
5. Manchas por limpeza – são decorrentes da tentativa de retirar o sague das
mãos, da arma e de objetos. O tecido utilizado na limpeza reterão as
manchas produzidas (toalhas, panos, papéis).

IDENTIFICAÇÃO DO SANGUE
Reações de orientação (sangue? tinta?):

a) Teste da benzina – colocação verde azulada (+);


b) Teste da fenolftaleína – colocação rósea (+);
c) Teste da leucobase malaquita – coloração verde (+);
d) Teste do luminol – luzes fluorescentes (+).

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Reações de certeza (sangue!):

a) Teste morfológico – constatação de hemácia (+);


b) Teste de cristalização – formação de cristais romboédricos e de coloração
amarela ou marrom café (+);
c) Teste espectroscópicos e cromatográficos.

Reações específicas (humano vs. animal):

a) Teste de precipitação – a precipitação de proteínas na substância pesquisada


pela ação do soro anti-humano, o teste é positivo, isto é, a mancha é de
sangue humano.

Reação de identificação individual (sangue de quem?):

a) Provas individuais tradicionais – fatores A,B,O (Landsteiner). São provas de


exclusão, baseado na determinação dos grupos sanguíneos, fatos RH e MN
(eliminação);
b) Prova de DNA (certeza).

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