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• “No debate dos princípios orientadores dos sistemas públicos de ensino passou-se da
ideia inicial de “igualdade” à de “equidade” e a de “igualdade de oportunidades” foi dando
lugar à de “igualdade de resultados”” (p. 75);
• Nos EUA, começa a questionar-se a segregação racial (escolas diferentes para brancos
e negros), com a premissa de que os resultados das comunidades negras seriam
diferentes, não fosse a segregação. Este momento marca um ponto fundamental na
discussão relacionada com a igualdade de oportunidades: além do acesso, os efeitos da
escolarização — isto é, os resultados — são também considerados;
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• “Globalmente, os efeitos das políticas de discriminação positiva no contexto escolar não
têm produzido os resultados esperados e têm mesmo sido assinalados alguns efeitos
perversos” (p. 78);
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• Com a expansão da escolaridade há uma mudança que se afirma de forma
incontornável e inequívoca, nomeadamente os percursos escolares mais longos e
mais bem-sucedidos das raparigas [na nota de rodapé, a autora denota que Duru-
Bellat e Kieffer contemplam que a vantagem crescente das raparigas se deve,
também, ao facto de não serem “canalizadas para as fileiras alternativas de tipo
profissionalizante, como acontece com os rapazes”];
• Os alunos que residem longe dos centros urbanos ou nas periferias destes, bem como
nas regiões do interior, têm menor desempenho escolar do que os que residem em
zonas de maior desenvolvimento económico e cultural — estas diferenças
desvanecem-se quando as famílias têm a mesma origem de classe e/ou os mesmos
níveis de escolaridade;
• “Nesta perspetiva analítica, a escola, ao ser enformada pela cultura das classes
dominantes e ao não reconhecer legitimidade nem valor académico a modelos
culturais diferentes do que adota, penaliza os estudantes que são portadores de uma
cultura familiar que é dissemelhante da cultura escolar” (p. 90) [ponto de vista de
Bourdieu e Passeron];
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grupos sociais. A vantagem é concedida aos alunos oriundos das famílias que
partilham o código comunicacional da escola, “pois vivem a escola como um
prolongamento da família (...), o código escolar coincide com o código dos grupos
sociais favorecidos.” (p. 90–91). Para este autor, o “código” é o princípio regulador
“que seleciona e integra significados relevantes”, a maneira como se realizam e os
contextos evocadores, regulado por valores de classificação (ou princípios
hierárquicos) e de enquadramento, gerando ao mesmo tempo regras de
reconhecimento e de realização que tornam possível a comunicação;
• Lahire deteta outras condições relacionadas com o bom desempenho escolar, como
a relação com a escrita e o seu uso no quotidiano;
• “No caso do sucesso escolar das raparigas, as explicações para esta “energia escolar”
têm assinalado tratar-se da conjugação de dois fatores: as vantagens da socialização
familiar no cumprimento do “ofício do aluno” e o sobreinvestimento que farão na
escolaridade, como melhor meio de concretizar a sua trajetória de emancipação” (p.
94);
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• “A combinação dos fatores é mais importante do que cada um deles tomado
isoladamente” (p. 100), no que diz respeito à análise dos casos de (in)sucesso e
abandono escolar
Palavras importantes:
Devir — dar-se; suceder; acontecer; acabar por vir; movimento permanente pelo qual as
coisas passam de um estado a outro (= mudança, transformação, vir-a-ser);