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hleresias e Modis111os

heresias
e
MODISMOS
Esequias Soares
Todos os direitos reservados copyright C 2006 para a língua ponuguesa da Casa
Publicadora das Assembléias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.

Projeto grafico e editoraçAo: Paulo Sérgio Prtmall


C:.pa: Rafael Paixão

COO: 280 - 111rejas. Denomlnaç6es e Sei1.as Crlstils


ISBN: 15·263·0761· I

Para maiOres inlormações sobre livros, revistas. periódicos e os últimos lançamentos


da CPAD, visite nosso site: hllpJtwww.cpadcom.li<

Qu Publicadora das~ de Deus


caiu Poslal :Jll
l0001-'J70. RiodeJaneno. ~.Brasil

1• Edlçiot2006
DEDICATÓRIA

/)
,/.Ã'g{ade_,ç~_/..Deus, a minha esposa Rute e aos meus
jilhd's/plmiele e Filipe, pelo apoio, incentivo,
compreensão e cooperação nesse trabalho.
O agradecimento é extensivo à Igreja e a todos os
meus companheiros de ministério do campo de
Jundiaí, que estão empenhados na causa do Mestre.
SUMÁRIO

ABREVIATURAS ··········· ······ ... ················. 15


INTRODUÇÃO .. ..,, ···································· ········ 19

capítulo 1 A SUTILEZA DE SATANÁS NOS FINS DOS TEMPOS


L O QUE SIGNIFICA SUTILEZA'.. . ............................... 26
1. Significado.... ............ . ... ... . 26
2. Conexão ... . . ............... 27
3. Contexto . .. .... . 28
li. A PERICIA DOS HERESIARCAS .. . 28
1. Quem são eles e o que fazem' . . 28
2. suas estratégias. . 29
3. o que pretendem' .. .... 33
Ili. Filosofias e vãs sutilezas . 36
1. o cuidado com as sutilezas .. . 36
2. os "rudimentos do mundo".. 37
3. A que "rudimentos" se refere o apóstolo'.. . .. 39
CONCLUSÃO .. . 39

Capítulo 2 O ISLAMISMO
1. ORIGEM ... 42
1 Maomé e os califas ortodoxos .. . 42
2. Judeus, cristãos e muçulmanos .. . 43
li FONTE DE AUTORIDADE . 47
1. O Alcorão ... 48
2. O Alcorão e a Bíblia . 50
Ili. TEOLOGIA ISLÂMICA 53
1 A divindade dos muçulmanos .. 53
2. O Jesus do Alcorão . 56
IV. OS CINCO PILARES DO ISLAMISMO . 66
1. Crenças e práticas ... ó6
2. Fé em Deus .. 67
3 Oração. 67
4_ Esmolas-------- ................................................................. -----------68
5_ Jejum....... .... ..... .......... .. .......................................... 69
6. Peregrinação ....................................................................... 70
7. A}ihad . ........................................................ 70
8. o paraíso de Alá ...... ............... .. ....... -------- ............................... _. 72
V_ A QUESTÃO DA POLIGAMIA ............... - ................................. 73
1. Avaliação bíblica ...... ------ ........................................................... 73
2. Uma prática islâmica .................................... ______ .. ...... __ 75
Conclusão............. ....... ........ ......... . ..... 77

Capitulo 3 O MORMONISMO
1. ORIGEM E ORGANIZAÇÃO..................... .. 80
1. Histórico.... .......... ............................. . 80
2. Estrutura organizacional...................... . ... 82
11. AVAlJAÇÃO CRITICA............. ......... ........ .. 82
1. Contradições ........................................ _ . ..... 82
2. A agitação religiosa.. .............................. .. ............ 86
3. O sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque _ .... 87
Ili_ FONTE DE AUTORIDADE.. ........ ............ ....... .. 88
1. Doutrina e Convênios (D&C) ........ .......... .. ....... 88
2. Pérola de Grande Valor.. ..... . ....... .. 89
IV. O LIVRO DE MÓRMON.. . ........................ 90
1. Origem e avaliação crítica .......................................................... 90
2. Conteúdo ---.......... _,.____ ...................................................... 94
3. Anacronismos e plágios... ... .................... .. ..................... 95
4. O Livro de Mórmon e a Bíblia ........................................................ 98
V. TEOLOGIA MORMONISTA __ ... ............................................... 100
L Conceitos mormonistas da divindade _____ ..................................... 100
2. O Jesus dos rnórmons .................................................................... 110
3. A salvação mórmon .................................................................... 117
CONCLUSÃO. ........ ............ .............................. . .............. 125

capitulo 4 A REENCARNAÇÃO
1. O NEOPAGANISMO ... ...... ......... ...... . .. .............. 128
1. Os ge-nlios ...................................................................................... 128
2. O que é paganismo? ..................................................................... 128
li. O SIGNIACADO DA REENCARNAÇÃO ........................................ 129
1. Conceito_ ....................................................................... 129
2. No Oriente-·- .............................................. _- .......... 130
3. No Ocidente. . ................. ................. .. .................... 130
Ili. SUA INCONSIST!ôNCIA . .. ............................................. 131
1_Sem sustentação bíblica ..................................... -- ..................... 131
2. Refutação da patrística -- ................................. 133
IV. SEUS OBJETIVOS - -- .. .. .......... · .... 133
I _Busca da perfeição ou da salvação ,. __
3. Reencarnação e cristianismo ........................................................ 135
V. SUAS DISTORÇÕES ........ ...... .. .. ... ............... ·· . ... .. . . .. ........ .. ... ... . .. 135
1. Criptoamnésia ................................................................................ 135
2. Distorção biblica ......................................................................... 136
3. Distorção científica ........................................................................ 144
VI.SUA POPULARIDADE .................................................................... 144
1. Aceitação na sociedade ............................................................... 144
2. Razão do seu crescimento .......................................................... 145
CONCLUSÃO.. .. ........................................................................... 146

Capitulo 5 AS TESTEMUNHAS DE JEOVA


1. ORIGEM DO MOVIMENTO .............................................................. 148
1. Charles Taze Russell .......................................................................... 148
2. Joseph Franklin Rutherford.......................................... . .. ISO
3. Nathan Homer Knorr ........................................................................ 153
4. Frederick William Franz.......................... .. .............................. 154
5. Milton G. Henschel ............. .......... .......... ... .. ...... .......... ... ... 154
6. No Brasil ..................... ·-·-··-·-·-············ .... 155
li. SOBRE DEUS E A TRINDADE ....... ..... .... ..... .... ..... ........... ..... . ... 155
1. seu erro sobre Deus. .................................. ........................... . 155
2. Seu erro sobre Jesus Cristo····-·····-·-··-···-·-···--··· .. -................... 160
3. Seu erro sobre o Espírito Santo...................................... . 167
Ili. SOBRE O HOMEM E SEU DESTINO .... 178
1. Seu erro sobre a alma . .................. . . 178
2. Seu erro sobre a salvação ... .. ..... .... .. . ......... 191
3. Seu erro sobre o inferno de fogo . . . . . . ........ 196
li!. SOBRE A SUA FONTE DE AUTORIDADE .. · ... 208
1. A Sentinela .. .. .. .. ...... ... .. ... .. .. ... .. .. 208
2. A Tradução do Novo Mundo... . 211
CONCLUSÃO .. . . .. . .. .. . .. .. . ...... ··· 214

Capltulo 6 A MARJOLATRIA
1. O QUE É MARIOLATRIA' .. ...... · . .... . . 220
1. Idolatria . .............. . 220
2. Adoração .. _ ·················. ············ ..... , . 220
3. o culto de Maria ..... . ········ .. 221
4. Mãe de Deus ............ ....... . .. .. ..... .. .. .225
IJ. MARIA NA LITURGIA DO CATOLICISMO · ·· .... . 227
1. As contradições de Roma ... 227

1v. ~u~~~~:N~~~~As DE 0·1v1t.l1zÃR.MÃRij. ·.·


229
232
1. Falsificações das edições católicas da 81
1
ª .. 2J2
2. O Dogma da Imaculada conceíçãO · ·· ·· . · 234
3. o Dogma da Perpétua Virgindade de Maria 239
240
capitulo 7 A REGRESSÃO PSICOLÕGICA
1 O HOMEM INTERIOR. .... ... ............ .. . . 146
1 Deus conhece o interior e o exterior . 246
2 Nouos ossos ... ... . . . ...... . 247
l. o mistério da rormaçao da vida ... 247
li. A CURA INTERIOR ............. . 248
1 No plano blbllco . .. 248
2 No plano psican.alista .... 249
Ili. O QUE t REGRESSÃO PSICOlÓGICA' 250
1. Deftniç.lo 250
2 Ci!ncia ou oculUsmo~ ................ . 251
l. Objetivo........ . ..... ...... .......... . .. .. . 2~
IV A REGRESSÃO PSICOlÓGICA NO G-12 2~
1. O G-12 ......................... . l~
2. Terapia alternativa ...... . 256
3. o perdao blblico. .. .. .. 2!.b
CONCLUSÃO ... .. .. ... ·.. . 257

capitulo 8 AS SEITAS ORIENTAIS


1 CONCEITOS TEOLÓGICOS DO EXTREMO ORIENTE 260
1. Fonte de autoridade .. .. .. . ... . .. .. . .. .................... . 260
2. Deus ....................................................... . 261
3. Sllvaçio ................................................ .. 261
li. HARE KRISHNA. ... ... ............................... . .............. . lM
1• onsem e história ...................................... . 264
2. Fonte de autoridade .......................... . lM
3. Deus .................................................................... - 2t>5
4. Sllvaçio ............................................ . 26Q
Ili. MEDITAÇÃO TRANSCENDENTAL.. .............. . 275
1. Origem e história ............................................ . 275
2. sua teologia .. . .. .. . .. ... . . .. ... .. .. .. .. . .. .. . .... . . .... . 276
3. Análise blblica . .. .. .................................. . 177
IV. IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL.. ................................ . .l78
1. Oripm e história .. ... .. .. .. ... ... .. .. .. .. .. ... .. . .. .. .. .......... . 218
2. Fonte de autoridade .................................................. . 279
3. Deus .............................................................. 271;t
4. Salvaçio .................................................... . 281
V. SEICHO-N0-1~ ................................................................ .. 282
1. Origem e história .. .. .. .. ... ... .. . .. .. .. .. .. . .. . .. ......... . 28l
2. Fontes de autoridade ................................ . ..212
3. Deus .............................................................. .. 282
4. satvaç.lo ......................................................... . .. 283
CONCLUSÃO ................................................. .. 214
Capllulo 9 o CRISTIANISMO JUDAIZANTE
OS PRIMEIROS JUDAIZANTES.......... . . ....... .... ...... .... . 286
1. O termo judaizante .. .. 286
2. O cristianismo não judaizou o mundo... . ................ 287
3. A mensagem dos judaizantes,......... . . .. . . .. ....... 288
4. Perigos à vista .. 289
li. O OBJETIVO DA LEI . ................ .. ................... 290
1. A liberdade cristã e os judaizantes..... .... 290
2. A lei não rol dada para a salvação. mas para delinir o pecado 290
3. A lei foi dada para demonstrar a necessidade da graça divina . 291
4. A lei foi dada para servir de alo.... .. 292
Ili. A QUESTÃO DO SABADO... . ..... 293
1. O novo concerto . .. '""'' .... 293
2. A circuncisão . .294
3. Um retrocesso espiritual ... 29S
4. o sabado foi abolido .... ... 296
CONCLUSÃO ... 302
r
Capitulo 1O A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE
HISTÓRICO ................ .. 306
1 Sua origem . 306
2. Essek William Kenyon . 306
3 Ciência Cristã ....... .. 307
4. Kenneth Hagin ........................... .. 309
li. FONTES DE AUTORIDADE .. . 309
1 Revelação ou inspiração de seus lideres . 309
2. A autoridade para a vida do cristão 310
Ili. RHEMA E LOGOS ... 311
1. Tem1os que se coincidem ... 311
2. Temi.os usados para designar as Escrituras .. 312
3. Falácias da Confissão Positiva 313
IV CRENÇAS E PRATICAS 314
1. Teologia .............. .. 314
2. Sua marca 315
CONCLUSÃO . 317

Capitulo 1 1 o
TRIUNFALISMO
L OS MERCADORES DA PALAVRA OE DEUS )20
1 Falsificadores e mercadores J20
o
2. que e simonia' .\20
3. Forma biblica de levantar recursos financeiros 321
4. Os neopentecosta1s
)22
li. OS HERÓIS DA FIÕ . 327
1. Artificies dos triunfalistas J27
32K
2 Os que fizeram proezas
llll
3 Os martirc~s e perseguidos
Ili A HERMEN!:UTICA DOS TRIUNFALISTAS · .. · ..
............. 329
1 Exegese .
329
2 Eisegese.
329
IV. O ESTUDO DA PALAVRA DE DEUS ..... . 331
1 Interesse pela ignorância 331
2 o cuidado com o formalismo ... 333
...... 334
CONCLUSÃO

capitulo 12 A SUPERSTIÇÃO RELIGIOSA


ETIMOLOGIA 338
1 o termo grego 338
o
2 tem10 em nossas versões 338
3 o termo latino. 339
11 CARACTERISTICAS ANIMISTAS 340
1 Animismo .. ......... 340
2. Fetiches 340
3 Amuletos 341
4. Talismãs 342
Ili SUPERSTIÇÕES DO COTIDIANO . .. 342
1 Rogos do espirro .. 342
2. Sexta-feira 13 342
IV SUPERSTIÇÕES SUPOSTAMENTE BIBUCAS 343
1 Segunda-feira azarada .. 343
2. Mezuzá 343
3 Superstição de origem lendária 344
4 O perigo da inversão de valores 344
5 Fe cristã não e superstição .. 345
CONCLUSÃO 345

capítulo 1 3 o DISCERNIMENTO ESPIRITUAL DO CRENTE


DEFININDO OS TERMOS 348
1 Discernimento .. 348
2 Sinais e prodigios .. 348
3 Espírito de adivinhação 349
li AS ARMAS ESPIRITUAIS .. 350
Sentidos aguçados .350
2 O dom do Espirito Santo . 350
3 O discernimento apostólico 351
Ili. AS ASTÚCIAS MALIGNAS 352
1 Uma mensagem embaraçosa . 352
2 Qual a intenção do espírito de adivinhação> 353
3. o pengo do elogio .. 353
IV DISCERNIMENTO 354
1 O falso e o verdadeiro 354
2 A necessidade do d1scern1menio .. 354
CONCLUSÃO 355
AP[.NOICE FILOSÓFICO
1 PERIODO PRt-socRATICO. 358
1. ESCOLA JÔNICA. . .. .. 358
1 Tales de Mileto . . ...... 358
2 Anaximandro .. 358
3. Anaximenes ... 358
4. Heráclito. 359
li. ESCOLA ITÁLICA 359
Ili ESCOLA ELEATICA. 360
1. Xenóíanes . 360
2. Parmênides .. 360
3 Zenão ... 361
IV. ESCOLA ATOMISTA. 361
1 Anaxagoras . 361
2. Empêdocles 361
3. Leucipo e Demócrito .. 362
2 PERIODO SOCRATICO. 362
OS SOFISTAS 363
Significado do termo .. 363
2. Górgias . .. 363
3. Protagoras ... 363
li. SÓCRATES .. 364
1. Hislórico . 364
2. Fundador da ciência moral . 364
3 Modus operandi 365
Ili PLATÃO 365
Obras 365
2. A Academia 366
3 A Alegoria da Caverna 366
4 O demiurgo J67
IV ARISTÓTELES J69
t Histórico . )69
2. O Liceu . J70
3 Pensamento aristotélico J7Ü
4 Ohras 372
3 PERÍODO Pós-socRATICO 372
O ESTOtCISMO 373
t Etimologia 373
2 A Swa Prim1civa JJJ
)74
3 Scoa Media
4 scoa Poscerior 37 4
li. O EPICURISMO
J7S
1 Histórico
J7S
2 Lucrêcio
J7S
J1b
4 A ERA CRISTÃ
J81
BIBLIOGRAFIA
ABREVIATURAS

ARA Versão João Ferreira de Almeida. E.dição Revisla e


Atualizada no Brasil. Sociedade Bíblica do Brasil. 1998.
ARC Versão João Ferreira de Almeida. E.dição Revista e
Corrigida, Sociedade Blblica do Brasil. 1995
LXX Versão grega dos Selenla. 5eptuaginla. edição de AUred
RahUs, 2 vols. Deutsche 8ibelslil\ung Stullgart. Germany.
1935.

TB Tradução Brasileira. Sociedades Biblicas Unidas. RJ. 194'7

TR Novo Testamenlo Grego. Textus Receplus. Sociedade


Biblica Trinitariana, S. Paulo, s/d.
VR Versão Revisada da Tradução de João Ferreira de Almeida
de Acordo com os melhores Texlos em hebraico e Grc:go
Imprensa Blblita Brasileira. Rio de Janeiro. 1994

As referências biblicas. ciladas nesta obra. são da Vrrsâo Alme1d.:i.


Edição R<'VISla e Comgida da Sociedade Bibhca do Brasil. "'11.;ão 19'1!>.
salvo outras indicações
ANTIGO TESTAMENTO

Gn - Gênes1s Ec - Eclesiastes
Êx - E:xodo Cl - Cantares
Lv - Levítico Is - !saias
Nm- Números Jr - Jeremias
Dl - Deuteronômio Lm - Lamentações de Jeremias
Js - Josué Ez - Ezequiel
Jz - Juízes Dn - Daniel
Rt - Rute Os- Osé1as
1 Sm - 1 Samuel li-Joel
2 Sm - 2 Samuel Am -Amós
1 Rs - 1 Reis Ob-Obadias
2 Rs - 2 Reis Jn - Jonas
1 Cr - 1 Crônicas Mq - Miquéias
2 Cr - 2 Crônicas Na -Naum
Ed - Esdras
Hc - Habacuque
Ne - Neem1as
Sf - Sofonias
El - Esler
Ag- Ageu
Jó-Jó
Zc - Zacarias
SI-Salmos
MI - Malaquias
Pv - Provérbios
NOVO TESTAMENTO

Mt - Mateus t Tm - 1 Timóteo
Me - Marcos 2 Tm - 2 Timóteo
Lc - Lucas Tt -Tito
Jo - João Fm - Filemon
At - Atos Hb - Hebreus
Rm- Romanos Tg -Tiago
1 co - 1 Corintios 1 Pe - t Pedro
2 Co - 2 Coríntios 2 Pe - 2 Pedro
GI - Gálatas 1 Jo - t João
Ef - Efesios 2 Jo - 1João
Fp - Filipenses 3 Jo - J João
CI - Colossenses Jd - Judas
1 Ts - t Tessalonicenses Ap - Apocalipse
2 Ts - 2 Tessalonicenses
INTRODUÇÃO

- A::. pr~e~e obra. Heresias e Modismos. explica a origem das íal-


sas doutrit\as. estabelece semelhanças e diferenças entre as diver-
sas falsas ideologias e reruta biblicamente as doutrinas inadequa-
das da atualidade. Trata-se de um trabalho apologético. e os capltu-
los não visam expor o movimento religioso heterodoxo em si mes-
mo. salvo algumas exceções. mas sua ralsa ideologia juntamente
com suas sutilezas no proselitismo sectário e desleal.
As seitas são grupos que surgiram de uma religião principal e
seguem doutrinas de seus líderes ou fundadores. como verdade ab-
soluta divinamente revelada. Usamos com certa relutãncia o lermo
"seita" para designar as religiões heterodoxas ou espúrias. em ra·
zão do seu tom pejorativo na atualidade. Elas existem desde o prin·
cípio do cristianismo. Hoje, estão bem aparelhadas para o combate
da fé cristã. Algumas se apresentam com estrutura organizacional
de fazer inveja a qualquer empresa mullinacional.
Heresias são crenças e práticas das seitas e aretam os pontos prin·
cipais da doutrina cristã. no que diz respeito a Deus Trindade. o Se·
nhor Jesus Cristo e o Espírito Santo; ao homem: natureza. pecado. sal·
vação. origem e destino; aos an1os. à igreja e âs Escrituras Sagradas
Esses grupos religiosos estão dividindo igre1as e separando famlhas.
rompendo com os valores ortodoxos do cnsuamsmo evangélico
20 HERESIAS E MODISMOS

O rápido crescimento dos evangélicos proporcionou campo fér-


til para a disseminação das seitas com suas heresias. Há preocupa-
ção dos líderes tanto na defesa do rebanho como na evangelização
dos membros desses grupos religiosos. mas deveria ser maior. e.
ainda. há os que não conseguiram ver o perigo que as seitas repre-
sentam para a Igreja e para a família. Há muito a fazer no preparo
daqueles vocacionados para esse trabalho.
Devemos estar "sempre preparados para responder com mansidão
e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós"
( 1 Pe 3.15). O combale às heresias ocupa um terço do Novo Testamen-
to. Não há livro no Novo Testamento que não revele esse combate.
Alguns livros já são, em si mesmos. apologéticos. sendo seu conteúdo
apologia à doutrina cristã; a sua essência, defesa do cristianismo.
O Senhor Jesus Cristo é o apologista por excelência. defendeu a
verdade revelada nas Escrituras (Me 7.9-13). O apóstolo Paulo con-
siderava-se apologista (Fp 1.16) Judas exorta-nos "a batalhar pela
fé que uma vez foi dada aos santos" (v_ 3)_ o conteúdo de 2 Coríntios.
Gálatas e 2 Pedro é essencialmente um tratado de apologia cristã.
Inúmeras vezes encontramos nos evangelhos o Senhor defenden-
do a verdade divina. Desde os tempos apostólicos. ser cristão signi-
ficava ser apologético, pois eles defendiam aquilo que criam (Tt 1.9-
11). É, portanto, tarefa da igreja atual defender a fé cristã. pois "as
seitas são as contas vencidas da igreja"_•
Quando combatemos às heresias. estamos também evangeli-
zando. além de defender o rebanho de lobos cruéis (Al 20.29). Os
adeptos das seitas estão no contexto de Marcos 16. t 5, são criaturas
que precisam conhecer a Jesus. Talvez. alguns deles nunca tiveram
a oportunidade de ouvir a verdade da Palavra de Deus. Essas víti-
mas estão incluídas nos grupos ainda não alcançados.
o apologista precisa ter conhecimento acima da média daquilo
que cremos e praticamos e das crenças das seitas, seus argumentos
INTRODUÇÃO 21

e como reíutá-los à luz da Bíblia. Esse domínio não acontece do dia


para a noite, depende de alguns ratores. como: gosto pela atividade.
perseverança e muita confiança de que o Espírito Santo está condu-
zindo seu trabalho. ler e pesquisar livros e periódicos da área e in-
rormar-se sobre o que acontece no reino das seitas.
Os adeptos de seitas são "as pessoas mais diliceis de evangelizar",1
pois estão convictas de que estão com a verdade e que nós somos
os hereges. Estamos lidando com assunto muito delicado. suas cren-
ças são profundas. pois muitos deles abandonaram carreira profis-
sional. emprego e até a própria família. Como lidar com essas pes-
soas? se não houver amor. paciência e respeito por elas, dificilmen-
te conseguiremos algum sucesso na evangelização delas.
Somos cristãos autênticos, e o nosso comportamento com rela-
ção ao próximo deve ser baseado nos ensinos de Jesus. É verdade
que muitas vezes ouvimos insultos, afrontas e outros impropérios,
mas se quisermos ganhá-los para Jesus. precisamos de muita paci-
ência e sintonia com o Espírito Santo (Me 13.11; Jo 16.8).
o primeiro livro de apologia cristã. tratando de várias seitas num
só volume, foi TI'mely Wamings (Advertências OponunasJ. da autoria
de William lrvine. publicado em 1917. Dois anos depois. foi editado
como Heresies Exposed (Heresias ExpostasJ.J Depois. vem o respeitado
clássico, O Caos das Seitas. da autoria de Jan Karel Van Baalen. publi-
cado nos Estados Unidos. em 1938. Em seguida. diversas obras fo-
ram publicadas por Walter Martin. Josh McDowell. Norman L Geisler
Natanael Rinaldi e Paulo Romeiro são os principais apologistas brasi-
leiros. Outras obras foram publicadas para ajudar os crentes a com-
preender teologicamente os seguidores desses movimentos
O presente trabalho abrange as heresias internas e externas Os
capítulos 2. 3. 5 e 8, respectivamente sobre o islamismo. o mor-
monismo. as testemunhas de Jeova e seitas onenta1s. são apresen-
tados como movimentos religiosos. e não as crenças. de maneira
11 HERESIAS E MOOISMOS

separada, como a Reencarnação. a Mariolatria. a Regressão Psico-


lógica. etc.. por causa da grande variedade de suas crenças_
o fato de ambas as heresias serem analisadas na mesma obra
não significa que lenham o mesmo níveL Não há como comparar as
heresias externas com as internas. que são mais aberrações doutri-
nárias. mas não deixam de ser crenças e práticas nocivas à fé cristã,
pois levam muitos ao desvio e à arrogância espirituaL o mais
preocupante das heresias internas é que, às vezes, o rebanho torna-
se presa do próprio líder. quando este defende as crenças e práticas
da Confissão Positiva, ou do G-12- Já aconteceu de o rebanho ficar
indefeso e. também, provocar divisão na igreja. Isso jamais aconte-
ce com as heresias externas, pois seus promotores estão lá fora e
não têm acesso aos nossos púlpitos_
As sutilezas de Satanás não estão presentes apenas nos movi-
mentos religiosos externos. mas também no seio da igreja A
avalanche das aberrações doutnnárías, provenientes das liturgias
bizarras do neopentecostalismo, às vezes adotadas até por nossos
líderes, têm levado parte do rebanho ao desvio e estão a um passo
de tornarem-se seitas. pois assim. elas começaram. Por isso quatro
capítulos foram reservados para as questões de aberrações doutri-
nárias ou heresias internas Regressão Psicológica, Cristianismo
Judaizante. Teologia da Prosperidade e o Triunfalismo.
Heresias e Modismos tem por objetivo proteger o rebanho do Se-
nhor Jesus e evangelizar também os seguidores de seitas. Trata-se
de um trabalho devidamente documentado, com rigor acadêmico.
As fontes são obras primárias ou de referências, como dicionários e
enciclopédias. Os termos teológicos básicos são apresentados na
sua língua original
Para o grego bíblico. a base será o D1coo11ario Exegético Dé'I Nuevo
Tes1amen10, de Horst Balz & Gerhard Schneider. 2 volumes, edição
espanhola das Ediciones Sígueme. Salamanca, 2002; para os termos
INTKODUÇAO U

que não aparecem na Blblia, a base será Udde/I ór Scott, Greek-English


UXicon, obra editada por Henry Stuart Jones & Roderlck Mckenzie,
Oxford University Press. LDndon, 1968. Outras obras de reconheci-
mento internacional serão, também, usadas como complemento. Para
o hebraico bíblico. a base será o Dicionário lntemocional de Teologia
do Antigo Testamento, de R. L.aird Harris, Gleason L. Archer Jr. e Bruce
K. Waltke. Vida Nova, s. Paulo, 1998. Outras obras complementares,
também de reconhecimento internacional, serão usadas.
o apêndice lilosóflco é um resumo da história da filosofia clássi-
ca e o seu relacionamento com o cristianismo. pois multas crenças
defendidas pelas seitas tiveram sua origem nessas escolas filosófi-
cas da antiga Grécia.
A bibliografia está separada em três partes: as Escrituras Sagra-
das, obras gerais e obras primárias, produzidas pelos próprios mo-
vimentos religiosos. As obras primárias da área de filosofia, por se-
rem seculares, permanecem na lista das obras gerais.
Dois sojlwares foram destaques na elaboração do presente tra-
balho: Bíblia Online, versão 3.0, da Sociedade Biblica do Brasil e a
Bible Works, Versão 6.0, da Bible Works LLC. Essas ferramentas fo-
ram úteis, pois proporcionaram rapidez e lndice praticamente zero
de erro nas transcrições de passagens blblicas.

Notas
1 BAALEN. lin KarC'I V.an O Cau.>s dt&s Sclld':I. p 1t
• ibidem. p 2d2
'MCDOWELL, fosh & STEWART. Don n:. Ent:.. nd&JOIC':t f1 11
CAPiTULO 1

A SUTILEZA DE SATANÁS:
NOS FINS DOS TEMPOS

Sutileza é a arte do engano e do disfarce. As sutilezas satânicas


são tão antigas quanto a humanidade. A Bíblia re11ela esses
ardis desde o Éden e mostra também continuidade dessas prá-
ticas até os fins dos tempos. Seus representantes humanos são
fundadores e lideres de seitas ou movimentos heterodoxos que
destoam da ortodoxia cristã na teologia e na ética. O Senhor
Jesus advertiu-nos dizendo: "Acautelai-vos. porém. dos falsos
profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interior-
mente são lobos devoradores" (MI 7 15). Trata-se de uma ad-
vertência para cada cristão ser perspicaz e estar mais atento
quanto à aparência externa. O disfarce é ainda hoje uma pode-
rosa arma satânica usada contra o reino de Deus
26 HERESIAS E MODISMOS

1. O QUE SIGNIFICA SUTILEZA?

1. Significado. A palavra grega usada para sutileza é á.ná.'tTl


(apatê) e significa "engano, ardil, sedução";' "íraude. truque. logro".•
Aparece sete vezes no Novo Testamento grego.
Traduzido na ARC. uma vez por "sedução":

"E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a pala-


vra. mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas
sufocam a palavra. e fica infrutífera" (Mt I 3.22).

Cinco vezes por "engano":

"Mas os cuidados desre mundo, e os enganos das rique-


zas. e as ambições de outras coisas, entrando, sufocam a pa-
lavra. e fica infruúfera" (Me 4.19).

"Que. quanto ao trato passado. vos despo1eis do velho


homem. que se corrompe pelas concupiscências do enga-
no·· (Ef 4.22)

"E com todo engano da injustiça para os que perecem.


porque não receberam o amor da verdade para se salvarem"
(2 Ts 2 10).

"Antes. exortai-vos uns aos outros lodos os dias. durante


o tempo que se chama Hoje. para que nenhum de vós se
endureça pelo engano do pecado" (Hb 3. 13)

"Recebendo o galardão da injustiça; pois que tais homens


têm prazer nos deleites cotidianos; nódoas são eles e mácu-
A SUTILEZA OE SATANÂS NOS FINS 005 T!MPOS 27

las. deleitando-se em seus enganos, quando se banqueteiam


convosco" (2 Pe 2. JJ).

uma vez por "sutileza":

'Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua.


por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição
dos homens, segundo os rudimentos do mundo e não se-
gundo Cristo" (C/ 2.8).

o verbo à.mxrá.w rapataõ), ·•enganar, burlar. induzir a erro··. 1


apa-
rece apenas três no texto grego do Novo Testamento. traduzido na
ARC por "enganar":

"Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por essas


coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da de:sobed1ência"
(Ef5.6}.

"E Adão não foi enganado, mas a mulher. sendo engana-


da. caiu em transgressão" ( I Tm 2.14J

"Se alguém ent.re vós cuida ser religioso e não refreia a


sua língua. antes, engana o seu coração. a religião de:554.• e•
vã"(Tg I 26)

Esses Lermos são usados. desde a literatura grega profana. para


referir-se a pessoas de conduta enganosa e embusteira. de maneira
a levar outras pessoas ao engano

2. Conexão. o substantivo tem conexão com a riquc:La "a sedu·


çào das riquezas" (Mt 13.221. "e os enganos das riquezaS" 1Mc 4 91.
ZI HERESIAS E MODISMOS

com a concupiscência: "que se corrompe pelas concupiscências do


engano" (Ef 4 _22); com o pecado: "para que nenhum de vós se endu-
reça pelo engano do pecado" (Hb .3. 1.3); com a injustiça: "e com todo
o engano da injustiça" (2 Ts 2.101; com palavras vãs: "Ninguém vos
engane com palavras vãs" (EfS 61; com falsos mestres: "por meio de
lilosofias e vãs sutilezas. segundo a tradição dos homens" (CI 2.8).
As conexões são todas negativas e reprovadas pela Palavra de Deus.

3. Contexto. A abrangência de apate é ampla. mas o nosso


enfoque restringe-se ao campo teológico e como isso pode afetar
negativamente a ortodoxia cristã. Essas sutilezas consistem em ne-
gar os pontos cardeais da fé cristã, por meio dos servos de Satanás.
identificados na Biblia como "falsos apóstolos" e "obreiros fraudu-
lentos", que se transfiguram "em ministros da justiça"

"Porque /JJisfalsos apóstolos são obreirosfraudulentos. aans-


figurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o
próprio Sa/JJnás se trallSjigura em anjo de luz. Não é muito. pois,
que os seus ministros se transjigw-em em mimstros da justiça; o
fim dos quais será conforme as suas obras"(2 Co 11.13-/SJ.

O disfarce consiste em sofismar a verdade para que ela pareça


mentira e a mentira verdade (Is 5.20)

II. A PERÍCIA DOS HERESIARCAS

I. Quem são eles e o que fazem? os heresiarcas são funda-


dores e líderes de seitas ou movimentos heterodoxos. Eles são con-
tra tudo aquilo que cremos e pregamos desde o princípio e procu-
ram contestar com argumentos ardilosos. sofismas e persuasão_ As
principais doutrinas da teologia cristã: a Bíblia. a doutrina de Deus.
A SUTILEZA DE SATANÃS NOS FINS DOS TEMPOS 29

a identidade de Cristo e a sua obra. o homem e o seu destino são os


pontos mais atacados por tais líderes_ Esses pontos foram atacados
desde a era apostólica_
As controvérsias do período da patrística giravam em torno des-
ses temas e tais ataques continuam ainda hoje. Os heresiarcas es-
tão a serviço de Satanás para preparar seus discipulos para o com-
bate ao cristianismo bíblico. Seus argumentos são recursos retóricos
bem elaborados e persuasivos. para convencer o povo a crer num
Jesus estranho ao Novo Testamento:

"Porque. se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não


temos pregado. ou se recebeis outro espírito que não
recebestes, ou outro evange/110 que não abraçastes. com ra-
zão o sofrereis" (2 Co 11.JJ.

2. Suas estratégias. Sua especialidade é o disfarce. o Senhor


Jesus nos advertiu:

--Acautelai-vos, porém. dos falsos projetas. que 11t'm até


vós vestidos como ovelhas. mas interiorme111t· sào lobos
devoradores .. (Mt 7.15)_

Há os que estão entre nós. como os lideres da Confissão Positiva


e do G-12. Mesmo entre os movimentos externos. ha os que se pa·
recem conosco no seu modus vivend1 e naquilo que pregam. como
os movimentos unicistas_ Alguns desses lideres. como William
Branham. que desenvolveu um ministério de curas. estão entre os
que Jesus manda-nos acautelar. sua mensagem. vista de maneira
superlicial. também parece biblicJ_
São pessoas nocivas à le u1stã e são mais p~·rigosas do que os
movimentos externos como as testemunhas de Jeova. os mórmons.
os espíritas entre outros grupos religiosos. Embora haja entre os
últimos o mesmo modelo de disfarce. não estão em nosso meio.
Essa parte do Sermão do Monte mostra que nem sempre o sobrena-
tural por si só é prova cabal de origem ortodoxa. nem de chancela
divina. e nem garante que os tais ministros das operações sejam
homens de Deus (Mt 7.23).

"E. então. lhes direi abertamente: Nunca vos conheci;


apartai-vos de mim. vós que praticais a iniqüidade" (Mt 7.23).

Os representantes de Janes e Jambres estão presentes ao longo


da história do povo de Deus:

"E Faraó também chamou os sábios e encantadores; e os


magos do Egito .fizeram também o mesmo com os seus en-
cantamentos" (b. 7. I I J.

"E. como fanes e Jambres resistiram a Moisés. assim tam-


bém estes resistem à verdade. sendo homens corruptos de
entendimento e réprobos quanto à fe" (2 Tm J.BJ.

Eles, em muitas situações. preocupam-se muito com a aparên-


cia. pois costumam apresentar seu movimento religioso como pa-
raíso perfeito. Isso é o que se vê nas propagandas proselitistas dos
muçulmanos. dos mórmons. das testemunhas de Jeová e de outros
grupos religiosos. Infelizmente. muitos desavisados são os que caem
nessas armadilhas. Uma vez fisgado por eles dificilmente conse-
guem libertar-se. uns por causa da lavagem cerebral que recebem.
outros por causa do terrorismo psicológico e da pressão que sofrem
de seus lideres.
o apóstolo Paulo deixou Timóteo em Éfeso para não permitir o
A SUTllllA DE SATANÃS NOS FINS DOS TEMPOS 31

ensino de "outra doutrina". o ensino apostólico é que nos araste·


mos dos que apresentam a aparência de piedade.

"Como te roguei. quando parti para a Macedônia, que fi-


casses em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinem
outra doutrina"(/ Tm 1.3).

'Tendo apar~ncia de piedade, mas negando a eficácia dela.


Destes afasta-te" (2 Tm 3.5).

O substantivo grego EucrÉ13ELa (eusebeiaJ. "proíundo respeito, pie-


dade. religião",' aparece dez vezes nas epístolas pastorais, às vezes
com o sentido de "religião":

"Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo. segundo


afé dos eleitos de Deus e o conhecimenro da verdade. que é
segundo a piedade" m 1. t J

Em 2 Tm 3.5 não se restringe apenas à piedade, mas tambem à


devoção. Isso significa que devemos nos aíastar dos que se apre-
sentam corno cristãos, mas não o são. pois estão em nosso meio
em busca de seus próprios interesses.
Esse assunto razia parte também das preocupações do apóstolo
Paulo durante todo o seu ministério. O combate às heresias ocupa
praticamente toda a segunda epistola aos Coríntios. aos Gálatas e
às epistolas pastorais. O apóstolo também nos ensinou "Nmguêm
vos engane com palavras persuasivas" (CI 2 4).
Colossos era uma cidade com acentuado sinaetismo religioso_
localizada na Frigia. região da deusa da íertilidade Cibele. Pelas m-
rormações da própria epistola aos Colossenses. essa pluralidade
religiosa abrangia seus vários aspecros O apóstolo Paulo enfrenta·
>J HERESIAS E MODISMOS

va os mesmos desafios apologéticos da atualidade. Aqui, ele chama


a atenção dos seus leitores por causa do modus operandi dos pro-
motores de heresias. a capacidade extraordinária de camunar-se
no meio do povo de Deus e da maneira sutil de disseminar suas
idéias heterodoxas.
Os falsos mestres. a que o apóstolo se refere. estavam envolvidos
com legalismo judaico: circuncisão (2.11 ). preceitos dietéticos e guarda
de dias (2. 16); há ainda várias referências ao gnosticismo (2.18. 23).

"No qual também estais circuncidados com a circuncisão


não feita por mão no despojo do corpo da come. a circunci-
são de Cristo ... Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou
pelo beber. ou por causa dos dias defesta, ou da lua nova, ou
dos sábados. ... Ninguém vos domine a seu bel-prazer, com
pretexto de humildade e culto dos anjos. metendo-se em coi-
sas que não viu; estando debalde inchado na sua cama/ com-
preensão• ... as quais têm, na verdade. alguma aparência de
sabedoria. em devoção voluntária. humildade e em disciplina
do corpo. mas não são de valor algum. senão para a satisfa-
ção da come" (CI 2.11. 16. 18, 23).

O verbo grego napaloyí.(oµ'u rparalogizomaiJ. "enganar. seduzir


com raciocínios capciosos".s que juntamente com a palavra
TTL9avoÀoyí.a rpilhanologiaJ. "arte de persuadir".' aqui no sentido ne-
gativo, descreve com precisão a perícia dos mestres do erro na ex-
posição de suas heresias o nosso cuidado é contínuo para não nos
tornarmos presa desses falsos mestres.

"Estai. pois. firmes na liberdade com que Cristo nos liber·


tou e não tomeis a me1er-vos debaixo do jugo da servidão"
(GI 5.1 J.
A SUTILEZA DE SATANAS NOS flNS DOS TEMPOS 33

Os servos ministeriais (diáconos) no salão do reino recebem as


visitas com um sorriso nos lábios e um atendimento "cinco estre-
las". mas depois que a pessoa se torna membro do movimento. não
existe mais uma saída honrosa. Seus líderes controlarão suas men-
tes, e essas vítimas tornar-se-ão presas de um sistema ditatorial,
onde todo o mundo vigia todo o mundo: passarão a viver resto da
vida numa obediência servil e cega aos seus líderes. até que o se-
nhor Jesus os liberte, e só ele poderá fazê-lo:

"E conhecereis a verdade. ea verdade vos l1ber1ará ... Se,


pois, o Filho vos libertar. verdadeiramente, sereis livres" tio
8.32, 36).

3. O que pretendem? Fazer o povo desacreditar na Bíblia, na


verdadeira identidade de nosso Senhor Jesus Cristo. e também na
sua obra. Muitos deles saíram de nosso meio:

"Saíram de nós, mas não eram de nós: porque. seJossem


de nós, ficariam conosco; mas isto é paro que S<· mani/ésras
se que não são todos de nós"(/ /o 2.191.

Eles são identificados, pelo apóstolo Pedro. como os que disse


minam sorrateiramente heresias de perdição. Heresia e a forma ina
dequada de cristianismo, ou seja. erro doutrinário

"E também houve entre o povo.falsos profetas. como enrrc·


vós haverá também falsos dourares. que mtroduz1Tcio cncof1<t:r
wmente heresias de perdição e nt'8Qrào o Senl1or que os f<'SgcJ
tou, trazendo sobre si mesmos rt•penlina pt.·rd1çtio E mwtos St'
1'
guirào as suas dissoluções. pelos quais scr<J b/asfi.•macl1' cam1
11/10 da verdade:c. por al'areza. /arJo ele •~JS 11<'!,'ÓC/O cum pala
:H HERESIAS E MODISMO~

vras fingidas. sobre os quais já de largo tempo não será tardia a


sentença. e a sua perdição não dormita" (2 Pe 2. 1-3).

"Falsos mestres", do grego ljlEuõoõu5áoKd~ (pseudodidaskalos).


neologismo petrino/ é uma palavra profética que começou com o
aparecimento dos gnósticos. que aos poucos foram ganhando es-
paço até o seu clímax no segundo século e, de maneira geral, a
todos os heresiarcas da história e da atualidade.
Eles são comparados aos falsos profetas do Antigo Testamento, os
quais se opunham aos legítimos profetas de Deus ( 1Rs 18.19. 20; 22.13,
14. 24). os quais não se contentavam apenas em pronunciar falsas pro-
fecias mas também em levar o povo ao desvio doutrinário (Ot 13.1-3).

"E o mensageiro que foi chamar a Mica ias falou-1/Je. di-


zendo Vês aqui que as palavras dos profetas. a uma voz.
predizem coisas boas para o rei; seja. pois. a tua palavra
como a palavra de um deles. e fala bem. Porém Mica ias dis-
se: Vive o SENHOR, que o que o SENHOR me disser isso.fala-
rei ... Então. Zedequias. filho de Quenaana. chegou. e_leriu a
Micaías no queixo. e disse: Por onde passou de mim o Espíri-
to do SENHOR para falar a tP" ( 1 Rs 22. 13. 14. 24 J.

Da mesma forma. os falsos mestres ensinaram às esconsas. ou


seja. de maneira sorrateira, uma falsa cristologia.
A teologia consiste no conhecimento e no relacionamento de
Deus com o homem. Um Jesus inadequado e estranho ao Novo Tes-
tamento obviamente altera toda a teologia: a doutrina de Deus, de
Cristo. do Espírito santo, do homem. do pecado. da salvação, dos
anjos. da igreja e das últimas coisas. Qualquer movimento religioso
que defende um Jesus diferente do pregado pelo cristianismo apre-
senta também problemas com outras partes da teologia.
/\ SUTILEZll OE S/\TllNA5 NOS FINS DOS TEMPOS 35

O Jesus dos kardecisLas é adaplado ao seu sislema Leológico.


Eles recusam aceitar a singularidade de Crislo como o Filho de
Deus, pois Alan Kardec apresentou seu movimento como a Ler-
ceira revelação de Deus à humanidade, depois de Moisés e Jesus.
Logo, o Jesus bíblico, por si só, reduz a cinzas as pretensões de
Kardec bem como suas crenças de reencarnação e de comunica-
ção com mortos. O mesmo acontece com as testemunhas de Jeová.
o Jesus bíblico impede, neutraliza. em si, as crenças da Torre de
Vigia que negam a Trindade, a alma, o inferno, o céu e a ressur-
reição dos mortos.
Esses opositores do cristianismo bíblico procuram persuadir os
crentes contra tudo o que recebemos quando aceitamos a íé. O en-
sino bíblico encoraja-nos a permanecermos no mesmo Jesus que
recebemos no dia de nossa conversão, nas primeiras experiências
com ele.

"Como. pois. recebesles o Senhor Jesus Cnsto. assim tam


bém andm nele. arraigados e edificados nele e confirmados
na /2. assim como fostes ensinados. crescendo cm aç<io de
graças" rcl 2 6. 71

o apóstolo insiste que devemos andar no Jesus que recebemos


para licarmos arraigados. edilicados e lirmados da maneira rnmn
fomos ensinados. Entretanto. a mensagem dos agentes de S.:it.:inas
é sempre contra a ludo o que cremos. pregamos e pratii:amos A!!t
vezes. há alguns pontos em comum entre eles e nós, e nisso resu.k
o perigo, pois é por onde eles entram Depois de expor ~, moJus
operandi dos ralsos mestres. ou seja. o uso de alguns mt:todos que
eles usavam para desviar o povo da fé cnstil. o apóslolu laz uma
séria advertência: "tende cuidado·· ICI 2 8). Devemos cuidar da h·
berdade que recebemos em Cristo Jesus
>6 HERESIAS E MODISMOS

A mensagem do evangelho é simples. e qualquer ser humano inde-


pendentemente de seu preparo intelectual, de sua cultura ou origem, e
de seus pendores. consegue entender. basta dar lugar ao Esphito San-
to, que convence o homem "do pecado. e da justiça e do juízo" Oo
16.8). A conversão ao cristianismo não é resultado de estratégia de
marketing e nem de técnicas persuasivas. disse o apóstolo Paulo:

A minha palavra e a minha pregação não consisUram em


palavras persuasivas de sabedoria humana. mas em demons-
tração do Espirito e de poder ( 1 Co 2.4).

Não é necessário. portanto, um "curso de lógica" para alguém ser


salvo ou entender os princípios da fé cristã. Para ser salvo não é neces-
sário todo esse aparato, basta crer em Jesus e receber a sua Palavra:

"Mas a lodos quantos o receberam deu-lhes o poder de se-


rem feitosfilhos de Deus: aos que crêem no seu nome" (}o 1. 121.

Ili. FILOSOFIAS E VÃS SUTILEZAS

1. O cuidado com as sutilezas. Já vimos que a sutileza é urna


poderosa arma usada pelos heresiarcas e seus agentes

·Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por
meio de _filosofias e vãs sutilezas. segundo a tradição dos /10-

mens, segundo os rudimentos do mundo e não segundo Cris-


to" (C/ 2.8)

O verbo grego é auAa:ywyH..l tsylagõgeõJ. "levar como despojo, arre-


batar".• O sentido é levar alguém. seduzindo a apartar-se da verdade.
Isso descreve o estado espiritual dos que seguem os falsos mestres.
A SUTILEZA OE SATANAS NOS RNS 005 TEMPOS 37

Um dos objetivos dos promotores de heresias t. justamente. es-


cravizar as suas vítimas para ter dominio sobre elas (2.18); como
soldados arregimentados para pelejarem contra a verdade. Hoje.
muitos estão nos grilhões das seitas como verdadeiros escravos.

"Eles têm zelo por vós, não como convém: mas querem
excluir-vos. poro que vós tenhais zelo por eles" (GI 4. I lJ.

Não há indícios de que o apóstolo esteja fazendo alusão às es-


colas filosóficas da Grécia em Colossenses 2.8. (Ver Apêndice Filo-
sófico). O estoicismo e o epicurismo eram as filosofias predomi-
nantes do mundo romano da era apostólica e são mencionadas no
Novo Testamento (At 17 18). As "filosofias", aqui. são conceitos
mundanos, contrários aos princípios cristãos concernentes à dou-
trina e à ética. A luz do contexto da própria epístola são as própri-
as heresias que permeavam as igrejas. Qualquer sistema elabora-
do de pensamento ou disciplina moral era. naqueles dias. chama·
do de "filosofia".

A "tradição dos homens" não é a tradição apostólica e nt'm


Judaica. mas sincrelismo com elementos cristdos. judaiws <'
pa,~ãos: angelolaria e aset•tismo. Eram prállcas que sc· opu
11/1am ao evangelho. 1tata se de tradiçdo lwmana. ao p11sso
que o c11angefl10 veio do céu rGI 1.11. 121

2. Os "rudimentos do mundo". A expressão grega orotxcUi


toG KÓoµou (stoic/Jeia tou kosmouJ. literalmente. "elementos do uni-
verso". as nossas versões Almeida Corrigida. Almeida AtualiLada e
a Tradução Brasileira traduziram por "rudimentos do mundo" A
palavra oTOLXÜov (st01chcw11J. "fundamento. elemento··. em liloso·
fia. é o "componente primeiro de um todo .:omposto·· •
H HERESIAS E MODISMOS

O lermo é criação de Empédocles,'º que desempenhou um pa-


pel importante na cosmologia antiga, tanto em Platão como nos
estóicos. Empédocles empregou o termo para designar os quatro
elementos da natureza: terra. água. ar e fogo (ver Apêndice 1). o
apóstolo Pedro chamou de elementos que compõe a totalidade
do mundo:

"Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite. no


qual os céus passarão com grande esrmndo. e os elemenros.
ardendo. se desfarão. e a terra e as obras que nela há sequei-
marão ... aguardando e apressando-vos para a vinda do Dia
de Deus. em que os céus, em fogo. se desfarão. e os elemen-
tos. ardendo. se fundirão?" (2 Pe 3. I o. 12)

A idéia de sloicheia como "elementos espirituais", um "espírito


vivo" veio de uma interpretação hilozoísta. ou seja. doutrina se-
gundo a qual a "matéria vive por si mesma, ou seja, possui origi-
nariamente animação. movimento, sensibilidade ou qualquer grau
de consciência ... São hilozoistas todos os físicos pré-socráticos
(Tales. Anaximandro, Anaxímenes. Parmênides, Heráclito. Empé-
docles. ver Apêndice IJ. para os quais no princípio ou nos princí-
pios materiais que admitem há '"alma e sensibilidade"_" Assim, os
corpos celestes. sol. lua. estrelas, planetas, seriam deuses que pre-
cisavam ser adorados.
os elementos. "no sincretismo helenístico. eram ob1eto de ado-
ração". 11 Parece que alguns gnósticos de Colossos consideram os
elementos como espécie de espíritos, que mereciam ser adora-
dos.'-' A noção de que as subslâncias acima: terra. água. ar e rogo
seriam possuidores de vida. que se difundiam por toda a nature-
za, como força vivificante. resultou na divinização dos elemen-
tos da natureza
A SUTILEZA DE SATANÃS NOS FINS DOS Tl!MPOS 3f

3. A que "rudimentos" se rerere o apóstolo? Essa palavra é


usada no Novo Testamento, também, com o sentido de "principio
básico" (Hb 5. 121 e de "elementos judaicos" ou "adoração cósmica"
do sincretismo helênico (GI 4.3, 9). o termo deve ser analisado a luz
do contexto e, aqui. mostra que "os rudimentos do mundo" são uma
rererência aos poderes demoníacos que se opunham a Cristo. Veja
que o apóstolo contrapõe esses rudimentos com Cristo: "sesundo
os rudimentos do mundo e não segundo Cristo".
A deidade de Cristo estava em jogo. Cristo é superior a todos os
poderes (Eí 1.21 ). Os crentes, portanto, não precisam dos sloicheio
tou kosmou ou poderes demoníacos apresentados pelos falsos mes-
tres. As filosofias e a vãs sutilezas são oriundas dos homens e do
reino das trevas e não de Cristo, pois Cristo é o próprio Deus que se
encarnou Uo 1.1, 14). Há uma diferença abissal entre Cristo e os
rudimentos do mundo Não se traia, porlanto, de um demiurgo dos
gnósticos, nem de poderes cósmicos dos adeptos da Nova Era e
nem de um "deusinho" das testemunhas de Jeová (CI 2.9).
Qual o significado de "toda a plenitude da divindade" cm
Colossenses 2.9? Temos, aqui, o Deus verdadeiro e pleno, com toda
a sua plenitude. o sentido de "divindade" no texto grego ortwtnal t:
"deidade". Um conceituado dicionário de grego alirma "clciJ11elc,
diíere de divindade. como a essência diíere da qualidade ou alribu-
to". •·•As testemunhas de Jeová diluíram esse v 9 lraduzindo na Tra·
dução do Novo Mundo por "qualidade divina". para adilptar a Blhlla
às suas crenças. atilude própria dos íalsos mestres.

CONCLUSÃO

O povo de Deus vive numa constanle hiltalha cspiriluiil. pois o


inimigo de Deus e dos homens sempre trabalhou paril desviar os cren
tes da vontade de Deus. induzindo-os a crenças íalsai; e práticas que
40 HERESIAS E MODISMOS

desonram ao Criador. Devemos estar atentos, quando um movimen-


to religioso apresenta-se com persuasão e argumentos aparentemente
convincentes. Trata-se. geralmente, de alguém que pretende nos
mostrar algo que não está de acordo com a Palavra de Deus.
É mediante esses recursos que os mestres do erro conduzem suas
vitimas ao desvio. Essas sutilezas impedem as pessoas de ver a verda-
de e, como conseqüência, tomam-se cativas. Isso vem atravessando
os séculos e, hoje, constitui-se num dos maiores desafios da igreja.

Notas
'Balz & Schnelder, vol 1. p. 349
1
BROWN, Colin Olciondrio lnlemacionol de Teolog111 do No\'O Testomtfll•>. vol li. p 38
' Balz & Schnelder. vol1, p. 349
• Ball & Schneider. vol 1, p 1 684
'llllz & Schneider. vol li, p.760
• Ibidem. vol li. p 928
' Balz & Schnelder. vol li. p 2 170
• Balz & Schneider. vol li. p 1 SlO
• ABBAGNANO. Nicola DKICHllJno de AlosofHJ. p 308
•• Balz & Schneider. vol li. p 1 508.
" ABBAGNANO. NKola Op cir . p 499
" Balz & Schnelder. vol li. p 1 $09.
"CHAMPUN. R N E BENTES. 1 M Enciclo~10 tk Bihlia Tr:o/ogw <'Filosofia. vol 2. [> J24
"ntAYER. l050!ph Henry A Grm·fnl/1511 iaKMI oflhc:Ntw Tcstomenr. p 288.
CAPITUL02

O ISLAMISMO

q islamismo é uma religião afeita ao Oriente MMio. de onde


Sf originou. com predominância. hoje. nessa regido. t uma
das três principais religiões monoteístas do Planeta ao ludo
do cristianismo e do judaísmo. ta mais anti-cristã de todas
as rdigiões em tudo e em todos os aspectos. é o maior inimi
go da cnu de Cristo. Em muitos países is/cJmicC1s. ecrime· um
muçulmano se converter à fé cristii. Os c·scriws de· Al1mcd
Deedat. líder muçulmano da cidadt' de Durb/11111. AfrrC11 c/11
Sul. que dedicou a 11ida no ataque ao cristiamsmo. scio /1oj<' 11s
mellwres amnstras desse ódio.
U HERESIAS E MODISMOS

1. ORIGEM

1. Maomé e os califas onodoxos. o islamismo foi fundado


por Maomé, em 61 O d.e .. na Arábia Saudita. Filho de Abdallah e
Amina da tribo dos coraixitas. uma das tribos da região. Seu pai
faleceu quando sua mãe estava grávida dele, e ela morreu quando
Maomé estava com seis anos de idade. Foi acolhido por seu avô.
que morreu dois anos depois. e. assim. Maomé esteve sob a custó-
dia do seu tio Abu Talib.'
Com 20 anos de idade. foi trabalhar para uma viúva, rica. cha-
mada Khadidja. com quem se casou cinco mais tarde. Aos 40 anos
de idade. Maomé afirmou ter recebido revelações de Deus no monte
Hira. nas proximidades da cidade de Meca. Ao princípio. sua men-
sagem foi rejeitada. quando fugiu para Medina em 622; depois.
voltou para Meca com um exército e impôs sua religião pela força
da espada.2
Com sua morte em 632, quatro líderes sucederam a liderança,
são os quatro califas ortodoxos: Abu Bakr (632-634). um dos sogros
de Maomé; depois foi Omar (634-644). reconhecido como fundador
do império árabe; em seguida Otmã (644-656) promulgou o texto
único do Alcorão; e Ali liderou os muçulmanos dessa data até 661,
quando foi assassinado numa mesquita em Kufa, Iraque. Os muçul-
manos simpatizantes de Ali deram origem aos shiitas.l o império
islâmico logo se expandiu por todo o Oriente Médio, sul da Asia.
norte da Africa e Península Ibérica, pela força da espada.•
O nome da religião vem da palavra árabe islam, "submissão vo-
luntária à Vontade de Deus e Obediência à sua Lei ", 5 mas a história
registra que essa submissão nunca foi tão volunLária. Os críticos
afirmam que o termo islam significava: "desafio à morte, heroísmo,
morrer na batalha". no mundo pré-islâmico.• Muçulmano é o segui-
dor do islamismo.
O ISLAMISMO 43

2. Judeus, cristãos e muçulmanos. Na mente de um muçul-


mano, geralmente, existe esta idéia: "Deus estabeleceu ao longo
da história três religiões: o judalsmo, o cristianismo e o islamismo".
Eles acreditam ter Deus, primeiro, enviado Moisés para estabele-
cer o judaísmo, mas dado à desobediência dos judeus. ele disper-
sou-os pelo mundo todo e enviou a Jesus, para estabelecer o cris-
tianismo. Porém, no século V, o cristianismo corrompeu-se tanto
que Deus enviou Maomé a fim de estabelecer o islão, "sua revela-
ção final". Crêem que o islão inclui tanto o judaismo como o cristi-
anismo e acrescentam. ainda, que Abraão era muçulmano. Na sua
mente, tudo é islamismo.
Essa idéia islâmica destoa completamente do pensamento bíbli-
co. O Senhor Jesus não veio ao mundo porque os judeus desobede-
ceram a Deus, mas para salvar os pecadores. Essa vinda já estava
prevista desde à queda do homem no t.den:

"Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação: que


Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores. dos
quais eu sou o principal" ( I Tm 1.15).

"E porei inimizade entre ti ea mulher e entre a lua semen-


te e a sua semente. esta te ferira a cabeça. e tu lhe Jeriras o
calcanhar" (Gn 3. 15).

A vinda de Jesus foi o cumprimento das profecias do Antigo Tes-


tamento. O plano divino revelado na Bíblia mostra a inconsistência
da interpretação islâmica. O propósito primário de Deus não foi es-
tabelecer uma religião, as religiões são feitas pelo homem. ao con-
trário, Deus deseja estabelecer uma relação pessoal com o homem
Esta é a mensagem de todo o evangelho.
H HERESIAS E MODISMOS

"O qual convém que o céu contenha até aos tempos da


restauração de tudo, dos quais Deusfalou pela boca de todos
os seus santos profetas, desde o princípio" (At 3.21 ).

este dão testemun/Jo todos os projetas. de que todos os


''l\
que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu
nome" (At 10.43).

"O qual antes havia prometido pelos seus profetas nos


Santas Escrituras, acerca de seu Filho. que nasceu da des-
cendência de Davi segundo a come. declarado Filho de Deus
em poder. segundo o Espírito de sanâjicoção. pela ressurrei-
ção dos mortos, - Jesus Cristo, nosso Senhor" (Rm 1.2-4).

Jesus é a solução para a humanidade, e. à luz da Bíblia, não


há necessidade de outras crenças além do cristianismo. As que
vieram depois são invenções humanas, pois tudo se cumpriu
em Jesus, ele disse: "Está consumado!" uo 19.30). O Senhor
Jesus anrmou ser o cumprimento das Escrituras do Antigo Tes-
tamento. A herança eterna prometida no Antigo Testamento
cumpriu-se nele_

"E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando


ainda convosco.- convinha que se cumprisse tudo o que de
mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas. e nos
salmos" <Lc 24.44J.

"E, por isso, é Mediador de um novo testamento. para qut:.


intervindo a morte para remissão das uansgressões que ha-
via debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a
promessa da herança ete1na" (Hb 9. l SJ.
O ISLAMISMO U

Os judeus são descendentes de lsaque, lilho legitimo de Abraão


e Sara, e os árabes são descendentes de Ismael, lilho que Abraão
teve com uma escrava. de nome Agar.

"E o SENHOR visitou a Sara, como linha dito: efez o SE-


NHOR a Sara como linha falado. E concebeu Sara e deu a
Abraão um filho na sua velhice, ao tempo determinado, que
Deus lhe linha dito. E chamou Abraão o nome de seu filho
que lhe nascera, que Sara lhe dera. /saque" (Gn 21.103).

"Estas. porém, são as gerações de Ismael, filho de Abraão.


que a serva de Sara. Agar. egípcia. deu a Abraão" 1Gn 25.12).

Os ismaelitas habitaram entre Havilá e Sur Havilá. que é a região


da costa oriental da Península Arábica. no atual Golfo Pérsico. e
Sur, na região do Sinai, no atual Egito. Os povos do sul da Península
Arábica são descendentes de Qahtan. Joctã (Gn 10.25). cujos des-
cendentes povoaram o sul dessa península. Os povos do norte da
Arábia Saudita são descendentes de Adnam. que era da linhagem
de Ismael.'

"E /1abitaram de.sde Havilá até Sur. que está em freme do


Egito. indo para Assur; e Ismael _fez o seu assento diante da
face de todos os seus irmãos" 1Gn 25. 181.

Maomé era ismaelita. veio a Meca. região norte. cuja familia ad-
ministrava a pedra negra ka'aba. caaba. na l'orma aportuguesada.
que significa "cubo". em árabe." e o poço considerado sagrado.
Zanzám, que os muçulmanos, ainda hoje. acreditam ser atonte onde
Agar deu de beber a Ismael. Segundo a Bíblia. essa fonte locali1.<1-se
em Berseba, atualmente sul de Israel, e não em Meca 1Gn 21.14. 19)
•6 HERESIA$ f. llOOISMOS

Nem todos os árabes são muçulmanos e nem todos os muçulma-


nos são árabes. Nem todas as nações muçulmanas são árabes, por
exemplo: lran. Indonésia. Turquia, Senegal, entre outros. Há uma gran-
de disputa. desde a antiguidade. pois é desejo dos árabes serem fi-
lhos de Abraão. mas nem todos o são. Deus dá. ainda hoje, a oportu-
nidade para qualquer pessoa. independentemente de sua nação ou
origem, de tomar-se descendente de Abraão, mediante a fé em Jesus:
"Sabei. pois. que os que são da fé são filhos de Abraão" (GI 3.7).

"E recebeu o sinal da circuncisão, selo da justiça da fé.


quando estava na incircuncisão. para que fosse pai de todos
os que crêem (estando eles também na incircuncisão. a fim
de que também a justiça lhes seja imputada)" (Rm 4. J J).

Por ser, também, filho de Abraão, Deus fez promessas a Ismael.


A bênção de Ismael, porém, não é espiritual. pois essa Deus prome-
teu a lsaque. A mesma promessa de abençoar todas as famílias da
terra é confirmada a !saque e a Jacó, e não a Ismael:

"E eis que o SENHOR estava em cima dela e disse: Eu sou o


SENHOR. o Deus de Abraão, teu pai, e o Deus de /saque. Esta
terra em que estás deitado ta darei a ti e à tua semente. E a tua
semente será como o pó da terra; e estender-se-á ao ocidente.
e ao oriente. e ao norte. e ao sul; e em ti e na tua semente serão
benditas todas as famílias da terra" (Gn 28.13. 14).

Essa promessa diz respeito ao cristianismo e não ao islamismo:

'Sabei, pois. que os que são dofé sãofilhos de Abraão. Ora.


tendo a Escritura previsto que ~us havia de jusâjicar pelo fé
os gentios. anunciou primeiro o evangelho a Abraão. dizendo:
O ISUIMISMO 47

Todas as nações serão bendiras em ri. De sorte que os que sdo


da fé são benditos com o crente Abraão" (G/ J. 7-9}.

Deus deu a Ismael o petróleo e uma posição de destaque no


mundo e na história, cumpriu a sua promessa, pois os filhos de Ismael
multiplicaram-se e formaram "uma grande nação" (Gn 17.20). An-
tes da hegemonia do conhecimento científico dos europeus. na Ida-
de Média, os árabes já estavam muito adiantados. O algarismo ará-
bico, como o próprio nome, por si só, já diz tudo, é de origem árabe.
As invenções dos instrumentos de navegação. que contribuíram para
as viagens ultramarinas, nos séculos XV e XVI, são outro exemplo.
Os cristãos são filhos espirituais de lsaque. e os muçulmanos são
filhos espirituais de Ismael. Ismael representa para os árabes o mes-
mo que !saque representa para os judeus:

"Mas nós, irmãos. somos filhos da promessa. como


/saque ... De maneira que, irmãos. somos filhos não da escra-
va, mas da livre" (G/ 4.28. J t }.

"E, quanto a Ismael. também te lenho ouvido: eis aqui o


tenho abençoado. e fá-lo-ei .frutificar. e fá-lo-ei multiplicar
grandissimamente; doze principes gerará. ,. delt' _farei 11111<1

grande nação. O meu concerto. porém. estabelt'Ccre1 com


/saque, o qual Sara te dará neste tempo determinado. no ano
seguinte" (Gn 17.20. 2 /J.

li. FONTE DE AUTORIDADE

O islamismo rejeita a Bíblia. A lante pnncipal de autoridade na ie


islâmica é o Alcorão, mas héi outras ron1es. lal (orno a S11nn'1h ou
Tradição Viva. registro de tudo que Maome teria fello e d110. depois
tB HERESIAS E MODISMOS

classificados, em volumes e chamados de Hadith. Baseados no Hadith


e no Alcorão, elaboraram a lei islâmica chamada Shaaria.

l . O Alcorão. A palavra vem do árabe quran. "recitação",• e ai é


o artigo definido. É o livro sagrado para os muçulmanos. segundo a
tradição islâmica, Alá (Deus em árabe). por meio do anjo Gabriel,
durante vinte e três anos. revelou a Maomé o conteúdo de uma tá-
bua conservada no céu.'º O islamismo declara ser o Alcorão inspi-
rado e a Palavra de Deus. Afirma. ainda, que foi escrito em árabe
perfeito, não existindo nele palavras estrangeiras e nem leituras
variantes, declara: "o Alcorão é perfeito em todas as coisas". Mas,
um estudo critico no Alcorão e na sua história não confirma essa
visão islâmica sobre o seu livro sagrado.
O califa Otmã organizou, dentre os muitos textos diferentes e con-
traditórios, uma edição do Alcorão e publicou na forma que se encon-
tra ainda hoje. 11 É conhecido como o texto autorizado. Otmã mandou
destruir todos os demais textos do Alcorão. ameaçou de morte quem
não o fizesse, e muitos muçulmanos discordaram do texto de Otmã.
O Alcorão é constituído de 114 capltulos (suras). estruturado de
forma que os capítulos vão diminuindo de tamanho em ordem de-
crescente. Não está organizado de forma sucessiva e linear, e nem
os seus relatos estão na ordem cronológica. Os relatos, em qual-
quer livro da Bíblia. são apresentados de forma clara e coerente,
seguindo a sucessão linear dos fatos. Isso não acontece no Alcorão.
Maomé linha pouca familiaridade com a Bíblia, não sabia ler e
nem escrever, por isso há problemas históricos e teológicos no Al-
corão. Maomé entendia que a Trindade dos cristãos era constituída
de três Deuses: Alá, Jesus e Maria (Alcorão, 4 171) Ele usou várias
fontes na constituição do Alcorão: Antigo Testamento, Novo Testa-
mento, os apócrifos e pseugráficos, o Talmud, os targumim e mui-
tas lendas orientais. Numerosos relatos bíblicos são recontados no
O ISLAMISMO 49

Alcorão. Na quinta surata, relata-se o assassinato de Abel, mistu-


rando com lendas talmúdicas quando afirma que um corvo desen-
terrou o cadáver de Abel.
Diz o Alcorão que Miriã, irmã de Moisés e Arão, é a mesma Ma-
ria, mãe de Jesus (Alcorão, 3.35; 19.28), e que um dos filhos de Noé
não entrou na arca (Alcorão, 11.32-48). Entretanto, há mais de 1200
anos de intervalo temporal entre Maria e Miriã (Nm 26.59; 1 Cr 6.3).
Miriã morreu no deserto de Zim antes de os filhos de Israel entra-
rem em Canaã (Nm 20. IJ. A Biblia descreve, ainda, que Noé gerou
três filhos, Cam. Sem e Jafé. os três entraram na arca e deles po-
voou-se toda a terra (Gn 6.10; 7.7; 9.18, 19).
Ali Dashti, erudito muçulmano, ex-ministro das Relações Exteri-
ores do Irã, afirma:

"O Alcorão conrém fra~ incompletJJs e não inteiramente


inreligíveis sem a ajuda de comentários; palavras eslmngei-
ras, palavras árabes não familiares, palavras usadas com ou-
tro senrido a parte do significado normal; adjelivos e verbos
declinados sem observar a concordância de gênero e núme-
ro, pronomes aplicados emforma ilógica eantigramatical que.
às vezes, não tem palavra de remissão"_ 12

É isso o que eles chamam de árabe perfeito? Mais adiante. con-


clui: "Em síntese, tem-se notado mais de cem aberrações coràmcas
das regras e estruturas normais do árabe"_'-' Essa realidade desfaz o
argumento deles citado anteriormente_
Arthur Jefrey documentou mais de cem palavras estrangeiras no
Alcorão. Alirma haver palavras e frases em eglpcio. hebraico. gre-
go, siríaco, persa, acádico e etíope_"
A idéia de que não há variantes no Alcorão. também. não se
conlirma, pois "reconhece-se universalmente que ha versículos que
50 HERESIAS E MODISMOS

se deixaram fora da versão de Otmã do Alcorão".•$ Os muçulmanos


shiitas dizem que Otmã deixou fora 25'16 dos originais do Alcorão
por razões políticas.•• Alfred Guillaume menciona a ausência de 127
versículos, de uma sura do Alcorão, que originalmente constava de
200 versículos e Otmã reduziu-a a 73." Segundo Guillaume, só na
2ª surata há cerca de 140 variantes. A conclusão de John Burton é:
"os relatos muçulmanos da história do Alcorão são uma massa de
confusão, contradições e incompatibilidades". 18
Um dos discipulos de Maomé. chamado Abdollah Sarh, dava su-
gestões a Maomé sobre o que devia cortar ou acrescentar no Alco-
rão. Abdollah deixou o islamismo alegando que se o Alcorão fosse
a revelação de Deus, não poderia ser alterado por sugestão de um
escriba. Voltou a Meca e juntou-se aos coraixitas. tribo de onde veio
Maomé. Quando Maomé conquistou Meca, uma das primeiras pes-
soas que o fundador do islamismo matou foi Abdollah Sarh, visto
que sabia demais para continuar vivo."

2. O Alcorão e a Bíblia. Não há registro de que Maomé e os


califas ortodoxos. alguma vez, tivessem atacado a Biblia. o Alcorão
parece reconhecer a autenticidade das Escrituras Sagradas dos ju-
deus e cristãos:

"E depois deles (profetas), enviamos Jesus, filho de Maria.


corroborando a Tora que o precedeu; e lhe concedemos o Evan-
gelho. que encerra orientação e luz, corroborante do que foi
revelado na Toro e exortação para os tementes" (Alcorão, 5. 46).

··t impossível que este Alcorão lenha sido elaborado por


alguém que não seja Deus. Outrossim. é a confirmação das
(revelações) anleriores a ele e a elucidação do Uvro indubilável
do Senhor do Universo" (Alcorão. 10.37).
O ISLAMISMO 11

o termos "profetas" e "revelações". entre parênteses, são interpo-


lação do tradutor, e não se tratam. flortanto, de glosas acrescidas
por nós. Na primeira passagem corãnica. afirma que Jesus e o Evan-
gelho confirmam a Torah, uma referência à Lei de Moisés. A segun-
da relata ser o Alcorão a confirmação das revelações anteriores. ou
seja, as Escrituras Sagradas dos judeus e cristãos. o versículo en-
cerra chamando a Blblia "Livro indubitável do Senhor do Universo".
Don McCurry afirma que. entre 95 e 150 anos depois da morte de
Maomé, os teólogos islâmicos. em debates com cristãos. descobri-
ram grandes disparidades entre os seus relatos e os bíblicos.'º Os
teólogos islâmicos descobriram que o Alá do Alcorão não é o mes-
mo Jeová do Antigo Testamento e que o Jesus do Alcorão não é o
mesmo do Novo Testamento. A mensagem da Bíblia é uma. e a do
Alcorão é outra. Não podendo aceitar o equivoco do seu profeta.
resolveram ensinar que a Bíblia foi falsificada por judeus e cristãos. 11
Os líderes muçulmanos de hoje costumam apresentar pelo me-
nos três argumentos contra a autoridade e a inspiração da Bíblia: o
texto original teria sido corrompido. os escritores bíblicos não teri-
am registrado a verdade e haveria contradições nela. Com muita
habilidade e sofisma, Maurice Bucaille, na obra A Bib/10. o Alcorão e
a Ciência. publicação dos muçulmanos. procura fundamentar tais
argumentos.
A maioria de seus argumentos está baseada nas interpretações
pessoais dos teólogos liberais, das teses ultrapassadas e discrepan-
tes entre si da "Hipótese Documentária" (ver refutação dessas falsas
teorias documentá rias em meu livro Visão Ponorâmice1 do Amigo T~
tomento)_
A autenticidade do texto sagrado já foi examinado e escru-
tinado de forma exaustiva como fato cientificamente comprova·
do_ Qualquer pesquisa na área da critica pol.le mostrar a conlir
mação dessa autenticidade. a menos que algum muçulmano me
SJ HERESIAS E MODISMOS

uma inlerpretação peculiar para persuadir os incautos. O rolo do


profeta lsalas, descoberto em 194 7, nas cavernas de Uiaid Qumran,
região do mar Morto. Israel, datado do ano 1oo a.e .• é exatamen-
te o mesmo texto das edições atuais da Bíblia. o que mais preci-
sam os muçulmanos?
Como eles podem justificar tais alterações? Onde estaria. por-
tanto, o texto original para fundamentar essa acusação deletéria e
provocativa? Simplesmente. não existe, pois seria humanamente
impossível alguém corromper todos os milhares de manuscritos da
Bíblia, que, ainda hoje, estão espalhados por mosteiros e museus da
Europa, Israel e Estados Unidos. o 1exto bíblico da época de Maomé
e dos califas ortodoxos é o mesmo dos manuscritos a1ualmente dis-
poníveis. enlretanto, o Alcorão afirma que o referido é o "Livro
indubitável do Senhor do Universo". Segundo o Dicionário Houaiss
da Ungua Pol1uguesa. a palavra "indubitável" significa: "que não pode
ser objeto de dúvida; cerlo, inconteslável, indiscutível".
o texto bíblico foi redigido durante cerca de 1.SOO anos por cerca
40 de autores diferentes, cuja maioria viveu em lugares e datas dife-
rentes. mantendo sua unidade de pensamento. Não veio de pára-
quedas e nem por um passe de mágica, como na lenda de Aladim e
a l.1impada Maravilhosa. A revelação divina foi progressiva e suas
profecias. por si. são respostas aos muçulmanos concernenles à
autenticidade e à inspiração divina da Bíblia. Sua autoridade e sua
inspiração são caracleristicas sui ~neris. o mesmo. porém, não se
pode dizer do Alcorão, que é um arranjo humano organizado para
defender os principias de uma religião .

..Buscai no livro do SENHOR e lede: nenhuma dessas


coisas fal/Jará. nem uma ne-m outra faltará: porque a sua
própria boca o ordenou, e o seu espírito mesmo as ajunta-
rá .. (IS 34.16).
O ISLAMISMO IJ

'Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensi-


no, para a repreensdo, para a correçdo, para a cducaçdo na
justiça" (2 Tm J. 16 - ARAJ.

'Sabendo primeiramente islo: que nenhuma profecia da Es-


critura é de particular inlerpretação; porque a profecia nullCil foi
produzida por vonlade de homem algum. mas os homens santos
de Deusfalaram inspirados pelo E.spírito Santo" (2 Pc 1.20, 21 J.

Comparar a Bíblia com a ciência não nos parece sensato. pois a


ciência modifica-se a cada nova descobena, "o espirito científico é es-
sencialmente uma retificação do saber, um alargamento dos quadros
do conhecimento". 22 Há casos em que são especulações e são reco-
nhecidas como ciências por determinados grupos. Muitas coisas que
foram ciências no passado, hoje. não passam de bobagens; da mesma
forma, o que é ciência hoje pode ser bobagem amanhã. A Bíblia. no
entanto, permanece (Is 40.8). Outras vezes. as supostas contradições
não são com a Biblia. mas com a linha de interpretação vigente

Ili. TEOLOGIA ISLÂMICA

l. A divindade dos muçulmanos. o conceito islamico de


monotelsmo foi tirado do judalsmo. de que se aproxima mais do
que do cristão. por ser monotelsmo absoluto. É legalista. e exige de
seus adoradores práticas rituais como virtudes nece~rias para a
salvação. Seguem as leis dietéticas. semelhante ao judatsmo. Eles
adoram a uma só divindade. Allah. em c1rabe. ou Al.ii. na forma
aportuguesada.
A história registra na antiguidade muitas religicks monote1stas
que. no entanto, eram pagãs. Adorar a um unico ldolo é monot~1smo
falso. O monoteísmo foi ensinado no Egito. implantado pelo Farao
54 HERESIAS E MODISMOS

Amenotepe IV, também chamado Akenaton, que estabeleceu o cul-


to ao deus Aton. representado pelo disco solar. 23 Ser monoteísta
não significa necessariamente adorar o mesmo Deus de Israel.
Embora o judaísmo defenda, também, um monotelsmo absolu-
to. o Antigo Testamento propicia clima e ambiente para permitir a
doutrina da Trindade. estando impllcito: "façamos o homem" (Gn
1.26); "eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal"
(Gn 3.22); ''desçamos e confundamos" (Gn 11. 7); por isso não con-
tradiz a Trindade no Novo Testamento. Deus é um, mas essa unida-
de é composta. A confissão de fé dos judeus declara: "Ouve Israel, o
SENHOR, nosso Deus. é o único SENHOR". A palavra hebraica para
"único" é .,r;ttt rechadJ. "um, mesmo, único. primeiro, cada. uma
vez". 1• Todavia. essa é unidade composta:

''.A questão da diversidade dentro da unidade tem implica-


ções teológicas. Alguns eruditos têm pensado que. embora
·um· esteja no singular. o uso da palavra abre espaço paro a
doutrina da Trindade". 15

E a mesma usada em Gênesis 2.24: "uma só carne"_ o próprio


nome de Deus. 'elohim, é uma forma plural, sublinhando a Trinda-
de. o Novo Testamento tornou explícito o que dantes estava implí-
cito no Antigo Testamento. Jesus ensina ser o Deus do cristianismo
o mesmo Deus Jeová. de Israel. quando citou a confissão de fé dos
judeus em Marcos 12.29-32.
O Deus da Bíblia é Trino e o do Alcorão não. Não há espaço para a
Trindade no livro sagrado dos muçulmanos. O islamismo considera a
crença na Trindade pecado sem perdão, é o que ensina o Alcorão:

"Deus jamais perdoai-d a quem lhe atribuir parceiros" (Al-


corão, 4.48. 116!.
O ISLAMISMO 15

Para eles, a Trindade são três Deuses que seriam Alá, Jesus e
Maria. Diz o Alcorão:

"São blasfemos aqueles que dizem. Deus é o Messias. ... A


quem atribuir parceiros a Deus, ser-lhe-á vedada a entrada no
Paraíso esua morada será ofogo infernal .. São blasfemos aquele
que dizem: Deus é um da Trindade'. porquanto ndo existe di-
vindade alguma além do Deus único" (Alcorão. 5. 72. 73J.

Mais adiante, declara:

"Ó Jesus, filho de Maria! Foste tu quem disseste aos ho-


mens: Tomai a mim e minha mãe por duas divindades. em
vez de Deus?" (Alcorão, 5. 116).

O Deus revelado na Bíblia é único, mas subsiste, etemamenle.


em três Pessoas distintas o Pai. o Filho e o Espírito (Mt 28.19); Alá.
no entanto, é uma mônada estéril. Não podem ser, ambos, apenas.
nomes diferentes do mesmo Deus. O nome árabe AI/ah, usado no
Alcorão para sua divindade, não é bíblico.
Alá era uma das divindades da Arábia pré-islâmica, adorada pela
tribo dos coraixitas, de onde veio Maomé: "os árabes. antes da épo-
ca de Maomé. aceitavam e adoravam. de certa fom1a. a um deus
supremo chamado Alá". 2• A edição Gibb registra: "Alá era conheci-
do pelos árabes pré-islâmicos; era uma das deidades de Meca"n Ha
inúmeras evidências irrefuláveis na hislória e na arqueologia de que
Alá não veio nem dos judeus e nem dos cristãos
É verdade que o nome "Alá" aparece na Biblia árabe. e isso leva
os muçulmanos e. até mesmo muitos cristãos. a acreditar em que
Alá é a forma árabe do Deus Jeová de Israel. revelado na Biblia Isso
é um equívoco. A primeira tradução da Bíblia para o árabe aconti::·
U HERESIAS E MODISMOS

ceu por volta do ano 900 d.C., época em que o nome "Alá" já era
empregado para Deus em todas as terras árabes. Seus tradutores
temeram represálias por parte dos muçulmanos radicais num mun-
do em que a força polllica dominante era muçulmana.l•
A Bíblia foi escrita em hebraico, aramaico e grego, e seus auto-
res humanos jamais conheceram esse nome. o nome "Alá" vem de
ai, artigo "o". em árabe; //ah, que significa "Deus", também usado
antes de Maomé. A Enciclopédia citada acima, edição Lewis, expli-
ca: "Pela freqüência do uso, ai-ilha se contraiu em Allah, freqüente-
mente usado na poesia pré-islãmica". 29 A idéia, portanto. de que
Alá e Jeová sejam apenas nomes diferentes de um mesmo Deus não
é bíblica. O relacionamento de Jeová com o homem. bem como seus
atributos, são diferentes da descrição corânica de Alá.JO
Os muçulmanos querem que Alá seja o mesmo Deus Jeová da
eyíblia. O Alcorão insiste nessa doutrina em muitas passagens (Al-
corão, 2.138-40; 4.150-152;29.46). Alá, no entanto, não é trino, nem
pode gerar. e mandou Satanás adorar a Adão, por isso rebelou-se
contra Deus (Alcorão, 2.34; 18.50). Satanás estaria errado ao se re-
cusar adorar uma criatura? Essas passagens corãnicas constran-
gem, às vezes, os próprios muçulmanos. O Alcorão caracteriza os
cristãos como idólatras, isso porque reconhecemos ser Jesus o Filho
de Deus (Alcorão, 10.66. 68).

2. O Jesus do Alcorão. O Jesus mencionado no Alcorão é um


mero mensageiro. Na teologia islâmica, o Senhor Jesus não é reco-
nhecido como Deus, nem como o Filho de Deus, nem como Salva-
dor. nem morreu pelos nossos pecados e nem ressuscitou. A
cristologia deles provém de fundamentos falsos apresentados no
Alcorão, por isso consideram Maomé como o último mensageiro,
"o selo dos profetas". e superior a Jesus.
De onde Maomé tirou essas idéias, Há muitas controvérsias. Eru-
O ISLAMISMO 17

ditos Islãmicos da antiguidade afirmaram que Maomé ouviu, de cer •


tos cristãos, sobre a existência de três deuses Deus, Jesus e Marla. 11
Os ensinos gerais de Maomé vieram de suas próprias mulheres
(pois foi pollgamo e possuiu harém), e algumas eram de origem
judaica e cristã:

"Algumas dessas mui/leres lnjlucnc/aram com toda a pro.


babllidade os ensinos do Profeta, e outras tiveram um papel
Importante na história do ls/amff..u

Por meio de informações errôneas Maomé desenvolveu sua teo-


logia. Veja que o Alcorão afirma ser blas~mla crer que Jesus é o
Filho de Deus, pois apresenta a filiação como resultado de relação
sexual, e isso implicaria cópula conjugal entre Deus e Maria. Dessa
maneira, todos nós reputamos, também. por blas~mla. Porém. é
isso que a Blblla alirma? De modo algum. o mais grave é os lideres
lslãmicos afirmarem que os cristãos pregam esse absurdo Ud 101
O Jesus deles velo. também, dos evangelhos espúrios e apócrifos.
como o de Tomé e o de Barnabé. o nascimenlo e a lnfânda de Je·
sus, conforme a sura 19, são relatos provenientes do Evangelho de
Tomé. A teoria do Evangelho de Barnabé, dlíundida e popularlt.ada
no mundo islâmico, declara que Jesus não leria sido cruclfiudo.
para realçar a mensagem do Alcorao, que nega a morte de Jesus
Todavia, o Barnabé do Novo Testamen10 não está relacionado a
esse suposto evangelho. Essa obra apareceu em 1709. peritos ln·
vesllgaram o material de escrita. papel e rlnta. e nrnu constado que
não passava do século 16. 11 Além disso. h~ anacronismo. mullll!i
erros provam que seu autor jamais conheceu a lerra de lsrarl r
nem viveu na época do Barnabé do Novo Testamt"nto Tr at.» ~.por
tanto, de obra espúria.
Si las Tostes, em sua obra O Islamismo t·" Cru7 dr Crlstn. aponta
algumas evidências que refutam os argumentos islâmicos sobre o
suposto evangelho de Barnabé. Usaremos a sigla "EB" (Evangelho
de Barnabé). seguida de um número. para indicar o capítulo.
O tal evangelho menciona "barris de vinho" (EB.152); barril é
invenção da Idade Média. e. na época de Barnabé. usavam-se odres.
Adão e Eva foram ordenados a fazer penitência (EB. 41). isso é
prática da Idade Média. Pilatos já era governador da Judéia quando
Jesus nasceu (EB. 3), entretanto. Pilatos só tomou-se governador
em 26 d. e.. e Jesus nasceu quando Herodes, o Grande. governava
a Judéia (MI 2. r). em que César Augusto era imperador de Roma
(Lc 2.1).
o suposto Evangelho de Barnabé menciona 17 mil fariseus nos
dias do profela Elias (EB. 145). e o equívoco é que a figura do fariseu
só passou a existir a partir da segunda metade do século li a. e.
Alirma ainda que "Jesus sobe para Cafamaum" (EB. 21). mas Ca-
famaum fica na baixa Galiléia, no vale do Jordão. na margem do
mar da Galiléia (Mt 4.12-15). Acrescenta. ainda, que Jesus andou de
barco para Nazaré (EB, 20), Nazaré, porém, localiza-se na Alta Ga-
liléia, a altitude de 700 metros.
É essa a obra que afirma que Jesus não morreu e que Judas
Iscariotes foi substiluído por ele (EB, 215-217). Silas Tostes comenta
que os tradutores do Evangelho de Barnabé, na edição inglesa de
1907. Lonsdale e Laura Ragg, colocaram uma nota na introdução
na qual eles mostravam as evidências internas e externas provando
que o Evangelho de Barnabé era um estudo forjado: "Na introdução,
publicaram inúmeras evidências externas e internas de que este
evangelho é falso" ....
A expressão "Filho de Deus" no Novo Testamento significa a sua
origem e a sua identidade. Jesus disse: "eu sal e vim de Deus" (Jo
8.42). não segue o mesmo padrão de reprodução humana. Ele foi
concebido pelo Espirita Santo:
~ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando
Maria, sua mde. desposado com José. antes de~ ajuntarem.
achou-se ter concebido do Espírito Santo. .. .E. projetando ele
isso. eis que, em sonho. lhe apareceu um anjo do St!nhor.
dizendo: José. filho de Davi, não temas receber a Maria. tua
mulher. porque o que nela está gerado é do Espírito Santo"
(Mt 1.18, 20).

"E disse Maria ao anjo: Como se fará isso. visto que não
conheço varão? E, respondendo o anjo. disse-lhe: Descerá
sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá
com a sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há
de nascer. será chamado Filho de Deus" (lc l .J4. JSJ.

Há inúmeras passagens bíblicas provando que Jesus é Deus igual


ao Pai. Ele nunca matou ninguém, antes, fez o bem a todos e trouxe
vida nsica e espiritual:

"No princípio. era o Verbo. e o Verbo estava com Deus. e o


Verbo era Deus" (fo 1. I J.

·o ladrão não vem senão a roubar. a matar e a destruir; eu


vim para que tenham vida ea tenham com abundàna"a" Oo 10.20).

"E. tendo dito isso, clamou com grande voz: Lázaro. vem
para fora. E o defunto saiu. tendo as mãos e os pes ligados
com faixas, e o seu rosto, envolto num lenço. Disse-lhes Je-
sus· Desligai-o e deixai-o ir" (/o I 1.43, 44J.

"Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espímo


Santo e com ilirtude: o qual andou fazendo o bem e curan-
do a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com
ele" (AI 10.38).

O Alcorão não alirma em lugar algum que Maomé tivesse cura-


do alguém, entretanto, reconhece que Jesus criou vida, curou enfer-
mos e ressuscitou os mortos:

..Plasmaste de barro algo semelhante a um pássaro e, alen-


tando-o. eis que se transjonnou, com o Meu beneplácito. em
um pássaro vivente; de quando, com o Meu beneplácito. cu-
raste o cego de nascença e o leproso: de quando com o Meu
beneplácito, ressuscitaste os mortos" (Alcorão, s.11 OJ.

o Alcorão não menciona em qualquer parte que Maomé nasceu


duma virgem e nem que era santo ou perfeito e um sinal para os
homens. no entanto, chama o Senhor Jesus imaculado, nascido de
uma virgem e posto como um sinal para os homens:

'Sou tão-somente o mensageiro do teu senhor. para agraci-


ar-te com um filho imaculado. D~-/he: Como poderei ter um
fill!O. se nenhum homem me tocou ejamais deixei de ser casta'
Disse-lhe: ~m será. porque teu Senhor disse: Isso Me é fádl!
Efaremos disso um sinal para os homens" (Alcorão. J9. 19-21 J.

O Alcorão não ensina em nenhum lugar que Maomé é a Palavra


de Deus. nem que é ilUSlre neste mundo e no além. nem que foi
levado ao céu. e nem que voltará para julgamento, todavia, aplica
todas essas características ao Senhor Jesus:

..E quando os anjos disseram: ó Maria. porceno que ~us


te anuncia o Seu Verbo, cujo nome será Messias. Jesus, filho
de Maria, nobre neste mundo e no outro, e que se contord
entre os diletos de DeusH (Alcorão, J.45).

ºOutrossim, Deusjê-lo ascender até Ele, porque é Podero-


so, Prudentfssimo" (Alcorão, 4.158).

"Ó adeptos do Livro, não exagereis em vossa religião e


não digais de Deus senão a verdade. O Messias. Jesus. filho
de Maria, foi tão-somente um mensageiro de Deus e Seu Ver-
bo, com o qual Ele agraciou Maria por intermédio do seu
Espírito ... " (Alcorão, 4. 171 ).

"E (Jesus) será um sinal (do advento) da Hora. Não duvideis.


pois dela. e segui-me, porque esta senda é reta"(Alconio, 43.61 J.

À. \uz do próprio Alcorão, Jesus é infinitamente superior a Maomé.


Qual dos seres humanos conseguiu pelo menos três dessas qualida-
des? Ninguém. Somente Jesus foi perfeito e nunca cometeu pecado:
"o qual não cometeu pecado. nem na sua boca se achou engano" ( 1
Pe 2.22). Ele é o verdadeiro Deus e o verdadeiro homem: "Porque
nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade" (CI 2 91

'Por isso. pois. os judeus ainda mais procuravam matá-lo.


porque não só quebrantava o sdb<Jdo, mas também dizia que
Deus era seu próprio Pai. fazendo-~ igual a Deus· (lo 5. 18!

"Quem denlre vós me convenci:- di:o pecado.> E. ~ l't'IS d1g,,


a verdade. por que não credes>- (}o 8. 46!

··Porque ha um só Deus e um só mC'IJiador t"n~ Deus ,.


os homens. Jesus Cnsco. homem" 1I Tm 2 si
62 HERESIAS E MODISMOS

A teologia islâmica rejeita a doutrina bíblica do pecado original, re-


gistrada em Romanos 5.12-21. Ensinam os lideres muçulmanos que a
humanidade não tem nada com o pecado de Adão, pois todo o homem
nasce bom. quando peca, pede perdão. e Alá perdoa. Com esse argu-
mento, conclui que não havia necessidade de Jesus morrer pelos peca-
dos da humanidade. por isso o Alcorão declara com todas as letras:

"E por dizerem: Matamos o Messias. Jesus•.filho de Maria.


o Mensa~iro de Deus. embora não sendo, na realidade. cer-
co que o mataram. nem o crucificaram. sendo que isso lhes
foi simulado ... o foro é que não o mataram" (Alcorão. 4.157).

Essa doutrina contraria todo o pensamento bíblico e os fatos histó-


ricos. A Bíblia ensina que Jesus morreu e ressuscitou dentre os mortos:

"Porque primeiramente vos entreguei o que também rece-


bi: que Cristo morreu por nossos pecados. segundo as Escri-
turas, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia,
segundo as Escrituras" 1J Co J5.3, 4J,

A morte e a ressurreição de Jesus, "segundo as Escrituras", esta-


vam previstas nas Escrituras do Antigo Testamento. até capítulos
inteiros como o salmo 22 e lsaias 53, que descrevem pormenores.

·o seu cadáver não pem1anecerá no madeiro. mas certa-


mente o enterrarás no mesmo dia, porquanto o pendurado é
maldito de Deus; assim. não contaminarás a tua terra. que o
SENHOR. teu Deus. te dá em herança" (Dt 21.2.JJ.

Isso cumpriu-se em Jesus, que foi pendurado num madeiro. e


assim, fez-se maldição por nós (GI J.13).
O 151.AMISMO 6J

"Pois não deixards a minha alma no inferno, nem permi-


tirds que o teu Santo veja corrupção" (51 16. l O).

Essa profecia fala da ressurreição de Jesus e também se cumpriu


(AI 2.25-28).
Em Hebreus 9.22. lemos:" ... sem derramamento de sangue, não
há remissão". Isto, naturalmente, refere-se ao sangue de sacrilicios.
O Antigo Testamento ensina isso em toda a pane: "... é o sangue
que fará expiação ... " (Lv 17.11). ªExpiação" significa reconciliação,
é a restauração de uma relação quebrada. O sacrificio de Jesus Cris-
to na cruz mostra que o homem é completamente incapaz de ir ao
céu pela sua própria bondade e força. Negar o sacrificio de Jesus na
cruz. ou fazê-lo parecer desnecessário, é uma rorrna de invalidar a
única maneira de o homem ser salvo. segundo a Bíblia. e isto é
exatamente o que o Alcorão faz ao negar a crucificação de Jesus.
Historiadores não cristãos, judeus e romanos. atestaram a morre
de Jesus. Flávio Josefo. historiador judeu do primeiro século da Era
Cristã (3 7- l 00). escreveu:

'Nesse mesmo tempo, apareceu Jf.SUS. que era um ho111f.'m


S<Íbio. se é que podemos considerá-lo simplesmente um ho·
mem. tão admiráveis eram as suas obras. Ele ensinava os que
tinham prazer em ser instruídos na verdade e/oi seguido 11.io
somente por muitos judeus. mas também por muitos gcn/11.15
Ele era o CRJSTO. Os mais ilusu-es dentre os de 110..~o;a naçiio
acusaram-no perante Pilatos. e tste ordt'nou que o crno/ir.is
sem. os que o havia amado durante a sua vida nãti <111ba1kl11 ·
naram depois da morte. Ele lhes aparer:e11 ft'SS11sât11d<I r Vl\ltl

no terceiro dia. como os santos profetas hcni11111 pm/1ro d1.fü1


do também que ele jâria muucis ouuus n11lagn:s t ckk que ns
cristãos. os quais vemos ainda llll/c'. UrcJ111m ,, sc.•11 nc •l'tlt' .. ·
64 HERESIAS E MODISMOS

A literatura judaica antiga também menciona a morte de Jesus. Al-


gumas edições do Talmude inseriu uma baraita,16 que diz o seguinte:

"Na véspera da Páscoa eles penduraram Yeshu. E um arau-


to saiu adiante dele. durante quarenta dias (dizendo): 'Ele vai
ser apedrejado por praticarfeitiçaria e seduzir e desviar Isra-
el. Quem quer que saiba qualquer coisa afavor dele, que ve-
nha e peça por ele'. Mas não tendo encontrado nada a seu
favor, eles o enforcaram na véspera da páscoa". Jl

O Talmude é o conjunto da Mishná e Guemará. A Mishná é o


comentário das Escrituras (Antigo Testamento Hebraico). Está di-
vidida em seis partes, ordens, do hebraico i)I? (seder), "ordem",
estão divididas em 63 tratados. A Guemará é o comentário da
Mishná. Há o Talmude Babilônico e o de Jerusalém O Talmude foi
redigido num período de quase mil anos, entre 450 a.e. e 500 d.e.
É reconhecido pelos judeus como tendo a mesma autoridade da
Bíblia (Antigo Testamento). Esse complexo literário rege a vida ju-
daica até os dias de hoje e, desde longa data, tem exercido rorte
iníluência na vida do povo.
Tácito também atestou a morte de Jesus. Comelius Tacitus (55 -
117 d.C). historiador romano, é autor da obra Anais em que registra
a história romana do primeiro século da Era Crista, ao lado de
Suetõnio (70-160 d.C.) e Dion Cássios (150-235 d.C.). Veja o que
Tácito registrou:

"Nero apresentou como culpáveis e submeteu às mais re-


quintodas torturas os que o vulgo chamava cristãos, aborre-
cidos por suas ignomínias. Aquele de quem levavam o nome.
Cristo. foi executodo no reinado de Tibério pelo procurador
Póncio Pilatos".-'•
O ISV.MISMO 65

Luciano de Samosata. satirista grego e zombador dos cristãos.


por volta de 170 escreveu:

"Os cristãos. como todos sabem, adoram um homem acé


hoje - o distinto personagem que iniciou seus novos rituais •
foi crucificado por causa disso"."

A conlinnação bíblica e histórica da morte de Jesus é rato incon-


testável. Cabe ressaltar que a cruz de Cristo sempre foi escândalo
para os que perecem (1 Co 1.23). Quase um terço dos Evangelhos
trata da última semana da vida de Jesus e da sua morte! O sacrilicio
de Jesus é a conclusão lógica dos ensinamentos do Anligo Testa-
mento que profetizou sua morte na cruz com detalhes enormes.
Temos a narrativa de testemunhas oculares. Que sentido faria para
eles inventar tal história' Cristo predisse várias vezes a sua morte:

"Desde então, começou Jesus a mostrar aos seus discípu-


los que convinha ir a Jerusalém, e padecer muílo dos anciãos.
e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas. e ser mono. e
ressusci1ar ao terceiro dia" (MI 16.21).

"E, subindo Jesus a Jerusalém. chamou à parte os S<'US


doze discípulos e, no caminho. disse-lhes.- Eis qut• vamos
paro Jerusalém, e o Filho do Homem será en1regut• aos prin
cipes dos sacerdotes e aos escribas. e condená-lo-ão à mor-
te" (MI 20.17, 18).

O que é tão ofensivo na cruz 7 o sacrilicio de Jesus Cristo mos1ra


que o homem é completamente incapaz de ir ao céu. à presença de
Deus. pela própria bondade e força. Jesus deixou isso claro quando
disse: " ... sem mim. nada podeis fazer. - (Jo 15 51 o homem pre(1sa-
66 HERESIAS E MODISMOS

va e precisa de Jesus, ele que se tomou o nosso sacril'icio, morreu


em nosso lugar para abrir o caminho ao céu. O orgulho do homem
faz com que se rebele contra a sentença de Deus. E ofende-se por-
que Deus não aceita seus esforços pessoais!

IV. OS CINCO PILARES DO ISLAMISMO

l. Crenças e práticas. A parte teológica do islamismo é o íman,


convicção e compromisso de aceitar Deus como Senhor e de sua
submissão total à sua vontade. Sua crença consiste em: fé em Deus,
fé nos anjos, fé nos livros sagrados, fé nos profetas, fé no dia do
juízo final e fé nos decretos divinos. pois são fatalistas. Aparente-
mente, as mesmas crenças judaicas e cristãs, mas, já vimos acima,
que o conceito deles é contrário ao pensamento bíblico.
O lado prático, os pilares ou as colunas, é o dín, são as obriga-
ções distintivas do islamismo. É o credo islamico e o orgulho dos
muçulmanos, consideram-se numa posição espiritual acima dos
cristãos e dos judeus por causa dessas obrigações. O cristianismo.
porém, não e religião de obrigações e ritos, e, sim. de liberdade,
pois Deus não está preocupado com religião, nem com ritos ou re-
gras. ele busca a comunhão com o homem que criou:

"Porque é mandamenlo sobre mandamento. mandamen-


to e mais mandamento. regra sobre regra. regra e mais regra:
um pouco aqui, um pouco ali" (Is 28. I 0).

"Com que me apresentarei ao SENHOR e me inclinarei


ante o Deus Altíssimo? Virei perante ele com holocaustos. com
bezerros de um ano? Agradar-se-á o SENHOR de mil/Jares de
carneiros> De dez mil ribeiros de azeite> Darei o meu
primogênito pela min/1a lransgressõo? O fruto do meu ven-
O ISLAMISMO 67

tre, pelo pecado da minha alma? Ele te declarou, ó homem, o


que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que
pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humilde-
mente com o teu Deus~" (Mq 6.6-8).

"Estai. pois. firmes na liberdade com que Cristo nos libertou


e não tomeis a meter-vos debaixo do jugo da selVidào" (GI 5.1 J.

2. Fé em Deus. o primeiro pilar é crer em Alá. como único Deus,


e em Maomé, como seu mensageiro.~ a conlissão de fé dos muçul-
manos, a primeira parte apresenta alguma semelhança com a dos
judeus: "Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus. é o único SENHORn
(01 6.4). Afirmar com sinceridade a confissão islâmica três vezes.
em árabe, diante de duas testemunhas. torna a pessoa muçulmana.
Isso é recitado nos ouvidos do recém nascido e nos ouvidos do
muçulmano. quando está morrendo. Mas. Jesus disse:

"E a vida eterna é esta: que con/1eçam a li só por único


Deus verdadeiro e a Jesus Cristo. a quem enviast,•" (}o 17.JJ.

O islamismo, no entanto. substituiu Alá pelo Deus verdadei-


ro; Maomé, por Jesus Cristo; mesmo assim. não deu garantia de
vida eterna.

J. Oração. o segundo pilar são as orações rituais. realizadas


cinco vezes ao dia: de manhã. ao meio dia. à tarde. aopõrdo sol e a
noite, é mais recitação do que mesmo oração. Os judeus oram tres
vezes ao dia, desde os tempos biblic:os:

"De tarde. e de man/1ci. e ao meiiHJ111. Clr11re1. e clamarei. e


ele ouvirá a min/10 voZ" rSI 55. Ili.
6a HERESIAS E MODISMOS

"Daniel, pois, quando soube que a escritura esrova assi-


nada, entrou em sua casa (ora, l1avia no seu quarto janelas
aberras da banda de Jerusalém). e três vezes no dia se punha
de joelhos, e orava. e dava graças. diante do seu Deus, como
também antes costumava fazei" (Dn 6. 10).

Há uma passagem no Alcorão onde parece afirmar que Maomé


copiou essa prática dos judeus e aumentou-a para cinco vezes (Al-
corão, 2. 142-145; 11.114; 30.17, 18). A idéia, porém, de ampliar para
cinco vezes Maomé adotou de um grupo de sabeus, semicristãos,
que vivia no sul da Arábia.• 0 Nós, cristãos, oramos continuamente:
"perseverai em oração, velando nela com ação de graças" (CI 4.2);
"orai sem cessar" ( 1 Ts 5.1 7). Não consiste em obrigação, é um há-
bito com o desejo de manter a comunhão com Cristo:

"E. quando orares. não sejas como os hipócritas. pois se


comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das
ruas. para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo
que já receberam o seu galardão" (Mt 6.5).

"Já estou crucificado com Cristo.- e vivo. não mais eu. mas
Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na came vivo-a
na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si
mesmo por mim" (GI 2.20) ..

4. Esmolas. O terceiro pilar é dar esmolas aos mais necessila-


dos ou fazer ato de caridade. Trata-se do zakat, "purificação".~' legal
e obrigatória. Disse o califa Umar ibn Adul Aziz: "A oração nos leva
meio caminho até Deus; o jejum nos traz até à porta do seu palácio;
dar esmola nos garante a entrada". 42 A esmola em si é prática copi-
ada dos judeus e cristãos. A diferença é que não precisamos tocar
o ISLAMISMO 69

trombetas e praticamos-na porque somos salvos e não para sermos


salvos, como o fruto do Esplrllo, pois a salvação é pela sraça medi-
ante a fé em Jesus:

"Quando, pois, deres esmola, não faças locar trombeta


diante de li, como fazem os hipócrilas nas sinagogas e nas
ruas, para serem glorijlcados ptlos homens. Em verdade vos
digo que iá receberam o seu galarddo" (MI 6.2}.

"Mas o /ruia do Espirilo é: caridade, gozo, paz. lo11gan/.


midade, benignidade, bondade, fé. mansidão, temperança·
(GI 5.22}.

"Não pelas obras de justiça <1ue houvéssemosJi.•ito. mas.


segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavag<>m ""
regeneração e da renovação do Espirita Sa/llo, que <llmn -
dantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo. nos
so salvado1; pard que. sendo justificados pela su<1 gra~·a.

sejamos feitos Ju•1"deiros, segundo a cspemnça da vii/a t'tt·r·


na" (TI J.5-7J.

5. Jejum. O quarto pilar é jejuar 30 dias no mês c.le Ramad~.


jejum feilo apenas durante o dia. não se deve comer ou beber desc.le
o nascer alé o pôr-do-sol. Os viajantes. as mulheres gravidas ou no
seu periodo menstrual. crianças e enlermos estão iSt·ntos Jessa
obrigação. Pesquisas. no entanto. rnmprovaram que esse é o m~s

de maior consumo nos países Islâmicos. A luz da Bibha. isso n.io t


jejum; o jejum cristão é como a oração. não e mandamento. t pr.iti
ca natural e voluntaria do crislào lesus disse ...i:iuando 1ejuardes"
(MI 6.16), mostrando o hât>ilo e.Ir jejuar c.lc seus m1erlocu1or~s. ll

problema deles estava no 111111/us 11/J("lllll</1.


10 HERESIAS E MODISMOS

6. Peregrinação. o último pilar é a peregrinação a Meca pelo


menos uma vez na vida, se as condições ílnanceiras e de saúde
pemiitirem. Essa peregrinação já existia antes do surgimento do
islamismo, os árabes pagãos, pré-islâmicos, haviam estabelecido
um santuário na Caaba. Depois, Maomé tornou obrigatória para os
ricos (Alcorão, 3.97). É, também, cópia das peregrinações judaicase
c1istãs. o salmo 122 é conhecido como o Salmo do Peregrino. Maomé
apenas substituiu Jerusalém por Meca.

7. A Jihad. Seria o sexto pilar, mas a maioria dos muçulmanos


ofende-se com essa interpretação, até porque os líderes islâmicos
procuram vender imagem positiva de sua religião. Apesar de todo o
esforço para mostrar ser o islamismo religião de paz, contudo, a
história de Maomé e dos califas ortodoxos não ajuda a convencer a
opinião internacional face aos ataques fundamentalistas.
A espada de Maomé é o maior contraste entre ele e o senhor Jesus
Cristo. Maomé adotou o costume árabe da época de assaltar caravanas
de tribos rivais. Declarava estar a serviço de Deus. combatendo
blasfemadores. Em decorrência disso. o mundo assiste. estarrecido. a
monstruosidade indomável dessa violência. A mídia internacional exibe,
com freqüência, imagens de militantes muçulmanos radicais com arma
numa mão e o Alcorão na outra. declarando guerra em nome de Alá.
O termo jihad "esforço ou luta".º Os muçulmanos extremistas
são, hoje, reconhecidos pela comunidade internacional como terro-
ristas. mas eles são minoria e não devem ser confundidos com os
demais muçulmanos. que também manifestam sua repulsa à vio-
lência e aos seus irmãos radicais.
A maioria dos muçulmanos interpreta o termo jihad como qual-
quer "empenho" para propagar a fé islâmica (e não a "guerra san-
ta"). como os recursos educacionais e tecnológicos. Mas. essa in-
terpretação destoa do contexto histórico e corãnico:
O ISLAMISMO 71

"É uma guerra religiosa contra os incrédulos na missão de


Maomé. É uma incumbencia religiosa imposla estabelecida
no Alcorão e na 1t'adição como uma inslituição divina·.••

"Está-vos prescrita a luta (pela causa de Deus), embora a


repudieis. É possível que repudieis algo que seja um bem para
vós e, quiçá, gosteis de algo que vos seja prejudicial; todavia,
Deus sabe e vós ignorais" (Alcorão, 2.216).

"Os fiéis combatem pela causa de Deus; os infiéis, ao con-


uário, combatem pela do sedutor. Combatei. pois, os aliados
de Satanás, porque a argúcia de Satanás é débil"(Ncorão, 4.76J.

"O castigo, para aqueles que lutam contra Deus e conua o


Seu Mensageiro e semeiam a corrupção na terra. é que sejam
mortos, ou crucificados. ou lhes seja decepoda a mão e o pé
opostos, ou banidos. Tal será, para eles, um aviltamento ntste
mundo e, no outro. sofrerão um severo castigo" (Alcorão 5.JJ).

"Dize aos incrédulos que. no caso de se arrependerem.


ser-lhe-à perdoado o passado. Por outra. caso persistam. que
tenham em mente o escamento dos anligos. Combatei-os até
terminar a intriga. e prevalecer totalmente a religiiio de Deus.
Porém. se se retratarem. saibam que Deus bem l'ê tudo o
quanto fazem" (Alcorão 8.J8,J9).

"Mas quando os meses sagrados tiverc'm transcomdo.


matai os idólatras, onde quer que os alliós. c1rp1turtJHlS.
acossai-os e espreita-os; porém. fdS<I se arr<'pcndam. ob5'.1"
vem a oração e paguem o zakat. abri·lhes '' c11m111ho SllbC'I
que Deus é Indulgente. M1sc·ricorcli<ls1ss1m1f· 1Alt•mio. 9 51
7:1 HERESIAS E MODISMOS

Os termos "infiéis, incrédulos, idólatras" são aplicados aos se-


guidores de oulras religiões, os quais devem ser perseguidos. cap-
turados. acossados e espreitados. Outrossim, os muçulmanos de-
vem. ainda. íorçar os infiéis. incrédulos e idólatras a converter-se à
fé islâmica. No v. 66 da 1o• surata, pergunta: "Que pretendem, pois,
aqueles que adoram ldolos em vez de Deus?" No v. 68, o Alcorão
responde: "Dizem: Deus teve um filho". É claro que se trata de uma
referência aos cristãos.
Jâ vimos. acima. quando falamos sobre a doutrina de Deus, que
o Alcorão afirma que atribuir parceiros a Deus é pecado sem perdão
(Alcorão 4.48, 116; 5.72). Nós somos acusados, pelo Alcorão, de
atribuir parceiros a Deus: Jesus e Maria (Alcorão 5.72).
Alá instituiu como estilo de vida que os idólatras deveriam ser
espiados, espreitados e mortos, se não se converterem ao islamismo.
Todavia, vimos, acima, que a definição de íslam. segundo suas au-
toridades, significa "submissão voluntária ... ". Há discrepância entre
o que eles pregam e vivem e o Alcorão.
O verdadeiro Deus, o Deus Jeová de Israel, diz: "Não por força,
nem por violência, mas pelo meu Espirita, diz o SENHOR dos Exérci-
tos" (Zc 4.6). o Senhor Jesus ensinou-nos: "Bem-aventurados os
paciílcadores. porque eles serão chamados íllhos de Deus" (Mt 5.9).
Deus nâo obriga ninguém a servi-lo, porém, cada um prestará con-
ta a Ele um dia (Ec 12.14; Ap 20.11-15).

8. O paraíso de Alá. O céu oferecido no Alcorão é sensual e


ofensivo aos cristãos. O paralso de Alá é descrito no Alcorão como
um lugar com rios. árvores fruliferas e mulheres (Alcorão. 4.57;
4 7.15). Essa idéia veio do zoroastrismo. antiga religião dos persas.
Acredita-se que quando o muçulmano morre na Jihad. "guerra san-
La", vai. imediatamente, para o paraíso, no enlanto, os demais. só
no dia do julzo.
O ISLAMISMO 73

A Blblia ensina que no céu não se casa e nem dá-se cm casa-


mento, pois serão semelhantes aos anjos:

"E, respondendo Jesus, disse-lhes: Os filhos deste mundo


casam-se e dão-se em casamento. mas os queforem havidos
por dignos de alcançar o mundo vindouro e a ressum:ição dos
mortos nem hão de casar. nem ser dados em cOSllmento: por-
que já não podem mais morrer. pois são iguais aos anjos e sdo
jil/1os de Deus, sendo filhos da ressurreição" (Lc 20.J4-J6).

O céu dos cristãos. oferecido na Blblia, está além da nossa com·


preensão ( 1 Co 2.9). Encontramos alguns vislumbres dele nos capl·
tulos 21 e 22 do livro de Apocalipse.

V. A QUESTÃO DA POLIGAMIA

1. Avaliação biblica. O termo vem de duas palavras gregas aol.Úf;;


(po/ysJ, "muilo", 45 e de yáµo<; (gamos) "casamento".•• Diz respeito às
comunidades que adotam mais de uma mulher para cada homem.
como nos tempos do Antigo Testamento. e, ainda hoje, nos paises
islâmicos. No antigo oriente, isso era mais uma ostentação de poder
O plano divino original para o casamento foi a monogamia. o
termo vem do vocábulo grego µovó~ (monosJ, "só. único. solitario"."
O termo refere-se às sociedades que estabelecem o principio de uma
mulher para cada homem. É o principio divino estabelecido em
Gênesis 2.24, posto em prática pelo cristianismo e que tem intluen-
ciado as nações, nesses vinte séculos da era cristã
Deus fez só uma mulher para Adão e não um hari:m (Gn 2 221. O
texto sagrado. mais adiante. alirma: "apegar-se-j à sua mulher" 1Gn
2.24) e não "às suas mulheres" A poligamia loi introdu1ida pdo
pecado (Gn 4 191.
H HERESIAS E ltODISMOS

Essa prática era permitida. mas não era usual entre o povo. Era
comum entre os senhores proprietários de terra, entre reis e princi-
pes. pois razia parte de seus negócios - um sistema que trouxe com-
plicações e infelicidade para as mulheres, ao longo da história anti-
ga. A palavra hebraica para "segunda esposa" é rr;i~ (tsarâhJ,
"importunador. esposa rival",' 8 veja 1 Samuel 1.6. Ciúme, inveja, in-
justiças, disputas e ódio sempre caracterizaram a poligamia.
A poligamia nunca íoi mandamento da lei de Moisés, mas está
implícito em três ocasiões ( h 21. 9, I O; Dt 21.15) e na lei do levira-
to, pois a lei não prescrevia se o cunhado deveria ser solteiro (Dt
25.5). Jacó, Gideão. Elcana. Davi, Salomão e outros roram políga-
mos. A lei amparava-os O caso de Salomão era mais em conse-
qüência das alianças políticas. Ele tinha 700 mulheres e 300 con-
cubinas ( 1 Rs 1I. 1-3).
o Novo Testamento condena a prática da poligamia. pois ensi-
na: "marido de uma só mulher" 11 Tm 3.2). Embora o apóstolo apli-
que as nonnas do capítulo três dessa epístola aos presbíteros e
diáconos. a lei aplica-se aos cristãos em geral. Essa recomendação
não aprova a poligamia para os cristãos em geral, embora houves-
se. no começo do cristianismo, muitas ramílias polígamas, oriundas
tanto dos judeus como dos gentios. Eram situações que não podiam
ser racilmente resolvidas. Essas pessoas abraçaram o evangelho de
Jesus. nasceram de novo o que deveriam razer com suas mulheres
e filhos? Muitos ficaram assim, nessa condição, mas não podiam
exercer o presbiterato nem o diaconato.
Esse ensino monogâmico está presente na teologia de Jesus, ao
reivindicar Gn 2.24, em Mt 19.4-6, e, de maneira explícita. no após-
tolo Paulo:

"Mas. por couso do prostituição, cada um tenha o sua pró-


pria mulher. e cada uma renha o seu próprio marido" ( J Co 7.2J_
O ISLAMISMO 7&

Essa passagem proíbe a poligamia e a poliandria (a mulher pos-


suir mais de um marido). os povos civilizados abandonaram as prá-
ticas polígamas há muito tempo. o cristianismo restaurou esse prin-
cipio. A poligamia é adultério:

"E ele lhes disse: Qualquer que deixar a sua mulher e ca-
sar com outra adultera contra ela. E. se a mulher deixar a seu
marido e casar com outro. adultera"(Mc 10.11. 12J.

2. Uma prática islâmica. Depois que Maomé ficou viúvo, em


619, ele casou-se várias vezes e teve harém. Isso muita gente es-
conde, tanto muçulmanos como os que são pagos para fazerem
propagandas positivas do islão. o livro das Religiões, que tem Jostein
Gaarder, escritor norueguês. de formação luterana e autor do best
se/ler O Mundo de Sofia, como co-autor, diz: "Maomé nunca teve
outra esposa". ' 9 Paulo Eduardo Oliveira. que adotou o nome Mustafa
lbn Khaleb, quando se converteu ao islamismo, diz que Maomé:·· ..
não possuiu outra esposa enquanto sua primeira mulher viveu De-
pois casou-se duas vezes".so
Ambas declarações são lacônicas e tendenciosas e não dizem a
verdade sobre os fatos. Se na sua cultura a poligamia é algo natural,
e isso não diminui em nada a posição de Maomé como profeta de·
les e para eles. por que apresentam os falos com sutilezas escon·
dendo algo? A Bíblia relata que Davi e Salomão tiveram várias mu-
lheres e haréns. Registra os falos como eles aconteceram, até mes-
mo, as fraquezas de seus principais heróis, pois a Palavra de Deus é
a verdade Uo 17. 17). Isso mostra que os lideres islámicos têm cons·
ciência da inadequação social de sua religião, aqui. no Ornknt~·
O cristianismo não tem nada para esconder da humanidcldc lt'·
sus disse que quem pratica o mal, procura as trevas para e5'ondcr
suas obras:
76 HERESIAS E MODISMOS

"Porque lodo aquele que faz o mal aborrece a luz e ndo


vem para a luz para que as suas obras não sejam reprova-
das. Mas quem pralica a verdade vem para a luz. a fim de
que as suas obras sejam manifestas. porque são feitas em
Deus" (/o J.20. 21 J.

Os "marqueteiros" do islamismo usam o mesmo modus operandi


das seitas para atrair adeptos. Com isso, os lideres muçulmanos estão
admitindo a existência de algo errado na religião deles que os po-
vos ocidentais não devem saber.
Ali oashti apresentou uma lista dos nomes das 22 mulheres de
Maomé. Sendo 16 delas esposas, duas escravas e as "quatro não
eram nem esposas e nem concubinas, mas mulheres muçulmanas
devotas que se entregaram para ... de Maomé". 51 o Alcorão permi-
te o muçulmano desposar até quatro mulheres (Alcorão. 4.3), mas
ele, como Joseph Smith Jr., fundador do mormonismo, reivindica-
va privilégios.
Fernando Saraví afirma que depois da morte de Khadidja:

"Maomé desposou outra viúva, Sanda. Seu terceiro casa-


mento, já em Medina, favoreceu a bela e possessiva Aixa. na
época com Jo (dez) anos de idade efilha de seu grande ami-
go. Abu Bakr. Seguiram Hafza. filha de Omar. Seneib, mulher
divorciada de seu filho adolivo Zaid; }uatyia, prisioneira de
guerra; as viúvas Um 5elma e Um Habiba; as judias Rihana e
z.ajiya; a jovem escrava crlstõ etlope Maryam; e sua sobrinha
Maimuna, de filha de Abbas"."'

Maomé fez, também, seu filho adotivo. Zaid, dívorciar-se de sua


esposa zainab para casar-se com ela. justificando que era manda-
mento de Alá (Alcorão. 33.37).
O ISLAMISMO 77

CONCLUSÃO

Os muçulmanos são tementes a Deus e procuram fazer a sua


vontade, porém suas crenças e práticas estão alicerçadas em bases
falsas. As autoridades religiosas negam a eles o direito de escolher
a religião e de examinar a verdade divina. ~ posslvel que o cristão
lique perplexo diante do exposto, aqui, sobre a fé lslãmlca, todavia,
os fatos não devem ser usados para debates com os muçulmanos.
Não devemos citar para eles o Alcorão e nem falar das aberrações
de Maomé. Eles não gostam que estranhos se Inteirem do Alcorão.
Se não puder falar bem dele, de suas qualidades. é melhor lkar
em silêncio.
Precisamos conhecer esses pontos para que todos conheçam os
absurdos, e, dessa forma, fortalecer a fé dos cristãos. Isso ajuda nus
a não cair no laço deles. No trabalho de evangelização com os mu
çulmanos, pois muitos deles estão entre nós. em nossa clda1.k, de·
vemos falar de Jesus, pois não precisam de Maome, mas conhecer o
verdadeiro Jesus para sua salvação: "Crê no Senhor Jrsus Crlstn e:
serás salvo, tu e a tua casa" (AI 16.31).

Notas
' GIORDANI. Mil nu Curtis. 111>1.ÔTkl do M11nJ11 k<1llr. llfl 40. 41
• Ibidem. pp 4~.60
• Ibidem . pp 53 · "8
'Ibidem. PP pp 105· 111
'O Is/do <m fa. o. p 26
•MORE.V, Robrrt A ln l11ttusltln hlam1u1, p .W•
1
Thr lnlL'fnt111c.11kll !)W11dt1rd 81bk EJ11 v- """"nlld. 11 J l '5
1 D1<1i111HJty o/ IWm. p 2St)
1
D1c11un1J1y11{1:,/1J111, p 48.1
1
" HIITI. Plulip I< Is.tum A WiJy li/ 11/r' p Jfl
11
GIORDANL Mtmo C"u111:i O/' nf p h1
79 H~IAS E MODISMOS

"DASHTI, Ali. 23 Yeots ASludyoflhcPropheUcCorttrofMohanim«l. p. 48. Citado por Robert A


Morey in: La lnvasiOn lsl~mlca. p. 94
"DASHTI, Ali. Op. Cil., p. SO
" JEFFREY, Arthur. Tht Forcl1n Vocabulaiy oflhc Qura11. No 79 Citado por Robert A. Morey,
Op. 01., pp. 103,104
"GIBB, H. e KRAMERS. 1 A Shorttr Encycloptdio oflslam, pp. 278-282. Citado por Robert A
Morey. op. Ot, p. 104
•• MACUITTOCK, John and STRONG, James. Cyclop«Jlo of Biblicol, Tlirologtcal, and Ecclcsiaslicol
Uterarure. V, p t52. Cilado por Robert A. Morey. Op. OI., p. 104.
"GUILI.AUME, Alfred. ls/am. p. 189 Citado por Robert A. Morey, Op. Ot, pp 103,104.
" BURTON, John. The Colltcliolls o{lhe Quran. p. 231. Cllado por Robert A. Morey. Op. Cir.. pP.
103,104.
" DASHTI, Ali. Op. cil, · 98
"'MCCURRY. Don. Espemnça Poro os Muçulmanos, p. 69.
" ABOUL·HAQQ. A. Akbar. Hanng Your FoitJ1 Wilh cJ Muslim. p. 38.
"'BACHELARD, Gaslon. O Novo EspllilO Oenlijfco, p. 147
"ME.LLA. Federtco A Arborto. o flito dos Faraôs. p. 1e1
" HARRJS, R Lalrd; ARCHER JR., Oleason L.; WALTKE. Bruce K. Dicrondrio lnlemacional de
Teol"llia do Anago Testamento, p.4 7.
"Ibidem, p. 48.
"HOUSTMA, Amold; BASSET, Hanman. Encycioptdia oftslam, 1. p. 643.
"Encycioptdia oflslam. (Ed. OibbJ, I, 406.
"MOREY, Robert A. IA /nvasidn lsldmica, pp S7-S9 .
.. LEWIS, Menagc; PEllAT, Schachl Encydopcdia of/S/am, 111, 1093.
"'MOREY, Robert A 0p cir.. pp. 53-57.
" TOSIU, Silas. o I.slamismo e a 11tndade, p. 62.
"SARAVI. Femando. /esucris10 o Mahmna - Un Análisis Crisliano dei /slam. p 18.
»TOSTES, Silas. O Is/amimia e a Cruz de Cristo, p. 63.
"TOSTES, Silas. Op. cil, 59.
• JOSEFO. Flivio. História dos /rdJrcus. Antiguidades Judaicas 18. 4 .77 2. edtçao da CPAD.
"Tradição rablnic.a q~ ricou fora do Talmude. O que imporia aqui é a antiguidade do
documenlo.
" SandhaJnn 4la. Talmud S.bllõnico.
"'Anaks XV.44.2.3
"Luciano. Thc Dealh o/Peregrine 11. Citado por Josh McOowell in: Ek Andou Enu~ Nós. p. 60.
~ TRIMINGHAM. J. ~ncer Chnslianiry Amon, fhe Nabs in Pré-lslomic nmes, pp. 296-301.
" DicUonal)I aflslom. p. 699.
"BLAIR. John C. The sources oflslam. p. 145.
" Diclionol)I of lslam. p. 243.
" Ibidem, p. 243.
" aalz & Schneicler. vol. li, p. l .064.
'"Ibidem. vol. I, p.71S.
" Ibidem .. vol. li. p. 324
.. HARRIS, R. l.Alrd. ARCHERJR.. Gleason L.; WALTKE. BNce K. Op. dl, p. 1.310.
'" HEUERN, Victor. NOTAKER, Heniy; GAAM>ER. Josteln. O Uvro das Religiões. p. 119.
"' OLIVEIRA. Paulo Eduardo Aml Compt~ o Islã e os MU(Ulmanos. p. 10.
" MOREY, Robert A Op ai, p. 76.
" SARAvl. Femando. /<SUCtisro o Mohoma - Un Ancllisis CriSliano dd lslam. pp. 17. 111
CAPITUL03

O MORMONISMO

( ..~ .... ~-- ;


bji{fiecido pelo nome Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últi-
iJ~s .,,iasi o mormonismo considera-se como a única igreja ver-
dadeira do planeta. o legítimo representante dos apóstolos. Suas
crenças e práticas destoam de todos os ramos do cristianismo e
das Escrituras Sagradas.
James E. Talmage. proeminente líder mónnon, afirma. em seu
livro A Grande Apostasia, o seguinte: 'í4 Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos últimos Dias declara-se. pelo seu nomt'. distin
ta da Igreja Primitiva esrabelecida por Cristo e seus apóstolos·· '
Na primeira página do livro de Mórmon. está a seguinte dt:ela
ração: "Um Outro Teslamento de Jesus Cristo".
As próprias declarações oficiais confessam uatar-se de· cristia
nismo estranho ao revelado no Novo Testamento. A estrutura
doutrinária do mormonismo está calcada em lendas e mitos
pagãos, suas crenças e práticas identificam-no com o paganis·
mo e o ocultismo.
80 HERESIAS E MODISMOS

1. ORIGEM E ORGANIZAÇÃO

l. Histórico. Foi íundado por Joseph Smith Jr., juntamente com


mais cinco companheiros, em 6 de junho de 1830, em Fayette, no
estado de Nova Iorque. EUA. Sua história, conforme relatos de seus
próprios íundadores e lideres, deixa exposta a falta de idoneidade e
de credibilidade por causa de suas contradições e mitos.
Joseph Smith Jr. veio de uma família mística, obcecada pela caça
de tesouros escondidos. Segundo a revista Historical Magazine, o juiz
Daniel Woodard, da comarca de Windsor. Vermont. EUA, afirma que
seu pai, Joe Smith, como era conhecido pela população de Palmyra,
Nova Iorque. era caçador de tesouros e envolveu-se com fabricação
de dinheiro falso. 2 Era o quarto filho do casal Joe e Lucy Smith. Nas-
ceu em 23 de dezembro de 1805. em Sharon, estado de Vermont. Em
1816, sua familia transferiu-se para o estado de Nova Iorque.
A versão oficial do mormonismo é que no início da primavera de
1820, aos 14 anos de idade, muito preocupado por causa de "uma
agitação anormal sobre questões religiosas", de maneira generali-
zada envolvendo todas as "seitas", aí, menciona, nominalmente, os
metodistas, presbiterianos e batistas (Pérola de Grande Valor- PGV,
Joseph Smith 2 5). Por essa razão, queria saber qual a verdadeira
igreja. Meditando em Tiago 1.15, como obter sabedoria, relata que
estava orando, pedindo a Deus orientação sobre essa questão quan-
do teve uma visão: num bosque, eram o Pai e seu Filho Jesus Cristo,
ocasião em que teria lhe perguntado qual a religião verdadeira e a
qual delas devia filiar-se. A resposta dos supostos personagens se-
ria que todas as igrejas haviam se apostatado e seus credos eram
uma abominação (PGV, Joseph Smith 2. 1o. 11, 15-20).
Mais adiante, continua no seu relato, em 1823, aos 17 anos de
idade, recebeu a visita de um estranho anjo chamado Morõni, que
lhe teria revelado a existência de um livro, escrito em placas de ouro,
O MORMONISMO li

no monte Cumorra, nas proximidades de Palmyra, versão que tenta


explicar a origem do LJvro de Mórmon. Morõni teria retornado qua-
tro anos mais tarde, no aniversário de sua primeira aparição, em 22
de setembro de 1827, data em que alega ter recebido as placas de
ouro, escritas em egípcio reformado, as quais Joseph Smith Jr. teria
traduzido para o inglês, pelo poder de urim e tumim (PGV, Joseph
Smith 2.29-46, 59, 62).
Em maio de 1829, alega ter recebido, juntamente com Oliver
Cowdery, outra visão. João Batista apareceu numa nuvem. impondo
sobre eles as mãos, conferindo-lhes o sacerdócio de Arão. Depois.
os dois batizaram-se. um ao outro, e um ao outro ordenaram-se_
Alguns dias depois, 15 de maio do mesmo ano. teriam recebido de
Pedro, Tiago e João o sacerdócio de Melquisedeque e autoridade
para imposição de mãos, transmitindo o dom do Espírito Santo (PGV,
Joseph Smith 2.66-75).
Em 1844, em Nauvoo. estado de Illinois, Joseph Smith Jr lançou
a sua candidatura para presidente dos Estados Unidos. Nessa épo-
ca, William Law e outros dissidentes do mormonismo fundam o
periódico The Nauvoo Exposito. cuja primeira e Llnica edição foi
lançada em 7 de junho de 1844, pois Joseph Smilh Jr. mandou des-
truir a imprensa e o escritório do referido periódico. Em razão disso.
o governador mandou-o para a cadeia.i Ainda no mesmo ano. 27
de junho, foi preso novamente em Carthage. no mesmo estado, desta
vez. foi acusado de traição. uma turba enfurecida atacou a cadeia.
e. nesse motim, morreram Joseph Smith Jr. e seu irmão Hyrum Isso
levou os mórmons a considerá-lo herói e martir (D&C 135 ó). Até
onde se sabe, márlir não morre empunhando armas•
Depois da morte de Joseph Smith Jr .. começa a rnntruvers1.:i pela
sua sucessão. Brigham Young assume a lidi:rança do grurn A viuva
do falecido. Emma Smith, nunca reconheceu a autoridade 1.k
Brigham Young. Surgiram vanos grupos dissidentes i.:om ~·ssa mm·
11 HERESIAS E MODISMOS

te. Um deles é a Igreja Reorganizada, sendo Joseph Smith Ili, filho


de Joseph Smith Jr., o apóstolo dessa igreja, considerada apóstata
pelo grupo de Brigham Young, que, em 184 7, transferiu-se de Nauvoo
para Salt Làke City, no estado de Utah. Desde essa data, é.ª sede
mundial do mormonismo.
Segundo informação do almanaque da Igreja Mórmon, o mormo-
nismo começou, no Brasil. com a chegada de uma familia alemã em
1923, mas o primeiro batismo só aconteceu em 14 de abril de 1929,
e o primeiro local de reunião. em Joinville. se. em 25 de outubro de
1931. o ensino dele era ministrado em alemão até que apareceu o
Livro de Mórmon, em português, cm 1938.

2. Estrutura organizacional. A presidência é a autoridade máxi-


ma do mormonismo, constitwda de seu profeta e de seus dois secretá-
rios ou conselheiros, assessorada pelo Quorum dos Doze Apóstolos.
imediatamente abaixo da primeira presidência. O presidente do Quorum
dos Doze Apóstolos sucede o profeta, na sua morte. Em seguida, na
ordem hierárquica. vem o Primeiro Quorum dos Setenta. depois, o
Segundo Quorum dos Setenta, seguida da Presidência e do Bispado.
O templo mórmon é para cerimônias especiais, como batismo pelos
mortos e casamento para a eternidade. Existem quatro templos no
Brasil: São Paulo, campinas, Porto Alegre e Recife. Ala ou capela é o
agrupamento de quinhentas a mil pessoas, presidida por um bispo e
dois conselheiros. Estaca é um agrupamento de alas. supetvisiona-
das por um presidente. dois conselheiros. auxiliados por um grupo de
doze sumo-sacerdotes. que são o alto concilio da estaca.

li. AVALIAÇÃO CRiTICA

1. Contradições. A primeira visão de Joseph Smith ocupa posi-


ção de grande importância na fé mórmon. o historiador mórmon.
O MORMONISMO D

James B. Allen. alinna que "sua importância é superada somente


pela crença na deidade de Jesus de Nazaré" .5 Declarou, ainda, David
O. Mckay, 9°. presidente da Igreja Mórmon: "A aparição do Pai e do
Filho a Joseph Smith é o fundamento da igreja".• Joseph Fielding
Smith, seu IOo. presidente afirmou:

"O maior acontecimento que jamais ocorreu no mundo


desde a ressurreição do Filho de Deus ... foi a vinda do Pai e
do Filho aquele jovem, Joseph Smith".'

O 13°. presidente do mormonismo, Ezra Tall Benson, declarou:

"Esta gloriosa visão de Deus. o Pai e de seu Filho, Jesus


Cristo ... é o maior acontecimento ocorrido neste mundo des-
de a ressurreição de nosso Senhor".'

Outra autoridade deles. John Widtsoe alegou:

'i'\ primeira visão, de 1820, é de importância vital à histó-


ria de Joseph Smith. Sobre sua realidade descansam a vercla ·
de e o valor de seu rrabalho subsequente".'

Tendo em vista a seriedade e a importância da visão de 1820, no


entanto, a tal visão só veio à tona em 1842. Há, na verdade. dois
relatos contraditórios na literatura mórmon sobre a suposta revela-
ção de Joseph Smith Jr.. A idéia de duas visões. uma em 1820 e oulra
em 1823. foi forjada posteriormente. Até 1842. ninguém conhecia a
visão de 1820. Durante 22 anos, os relatos mórmons registravam a
visão de 1823, como a primeira revelação. Isso ainda não e ludo.
pois há, ainda, contradições em cada uma delas.
Jerald e Sandra Tanner, pesquisadores ex-mómons. conver11dos
M HERESIAS E MODISMOS

à íé cristã. afirmam haver duas versões, além da versão oficial, da


primeira visão.'º Um periódico do próprio mormonismo, Deserel
News. edição de 29 de maio de 1852, cujo fac-simile foi publicado
por Jerald e Sandra Tanner, p.149, traz uma citação de Joseph Smith
Jr .. que diz: "Recebi a primeira visitação dos anjos quando tinha cer-
ca de 14 anos de idade". A versão oficial. no entanto, afirma que os
personagens foram o Pai e o Filho.
Orson Pratt diz que Deus enviou um anjo a Joseph Smith Jr. antes
"de este jovem ter 15 anos de idade''." o terceiro presidente. John
Taylor. declarou: "Lemos que um anjo desceu do céu e revelou-se a
Joseph Smith e manifestou-lhe, em visão, a verdadeira posição do
mundo do ponto de vista religioso". 12 Times & Seasons, edição de
1842, vol. 3, p. 753, literatura oficial deles, afirma ser Nefi o anjo que
lhe teria aparecido. e não Morôni. A edição de 1851 de PGV, p. 41,
também registra Nefi e não Morôni.
Esse breve relato contraditório deles mostra que nem Joseph
Smith Jr. e nem os líderes que o sucederam estão de acordo nos
seus relatos sobre o fundamento da Igreja Mórmon. Erros de idade,
de data e de conteúdo que provam sua inconsistência e compro-
metem seriamente a idoneidade e a credibilidade do mormonismo.
Se tais visões são autênticas, parece que Joseph Smith Jr. não levou
isso a sério, pois foi condenado, em 1826. em Bainbridge, por práti-
ca de cristalomancia, magia negra e adivinhação. Jerald e Sandra
Tanner publicaram o fac-símile desse documento.') Em 1828, procu-
rou filiar-se à Igreja Metodista, mas sua filiação foi recusada pela
Igreja. em razão do seu envolvimento com práticas ocultistas. 14 Como
procurou uma igreja evangélica, visto que ele mesmo declarou que
todas as igrejas apostataram-se?
Os mórmons ainda não definiram quem são os personagens da
suposta visão de Joseph Smith, se Nefi ou Morôni, ou o Pai e o Filho.
Depois que seus líderes entrarem num acordo, aí, poderemos fazer
o MORMONISMO H

uma avaliação mais completa./\ luz da Blblla, podemos afirmar que


o relato deles não resiste ao teste blblico. Os personasens Môroni e
Neli não existem na Sibila. A única aparição blbllca de quem já
morreu foi só a de Moisés, no monte da Transliguraçao (Ml 17 .3). A
suposta aparição do Pai e do Filho contradiz o ensino blblíco, pois
homem algum jamais viu a Deus:

"E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto


homem nenhum verá a minha face e viverá" (b JJ.20).

"Deus nunca foi visto por olgu~m. O Filho unigenlln, que


está no seio do Pai, este ofez conhecer" (/o 1. 18}.

"Aquele que tem, ele só, a lmortalidadC' e hablla na luz


inacessfvel; a quem nenhum dos homens viu nem pode w·r;
ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém!" (1 Tm 6.1<>}

A maioria dos fundadores de religiões e sellas tem por htlbilo


difundir a idéia de que o cristianismo apostatou-se. li;so o faz para
persuadir suas vítimas de estarem vivendo um novo comei;o Excm ·
pios mais comuns são os das testemunhas de Jeová, dos advcnlislas
do sétimo dia, da Igreja da Unificação do Reverendo Moon. Todos
eles pregam que o cristianismo se desviou e. agora. estão pregando
o verdadeiro cristianismo. o que aconlece, porém. é que eles são os
que se apostataram. e a prova está na própria leologia deles. Sua!'i
crenças e práticas testificam contra eles mesmos A dcclaraçao dt•
James E. Talmage. citada acima, diz tudo: que o seu cristianismo
não é o mesmo de Jesus Cristo e de seus apóstolos do primeiro si:
culo da era Cristã.
O Senhor Jesus prometeu eslar com os seus alé o nm da jornada
da igreja:
86 HERESIAS E MODISMOS

"e eis que eu estou convosco todos os dias. até à consu-


mação dos siculos" (Mt 2B.20J.

A igreja recebeu promessa de sua preservação até à vinda de Jesus:

'"E Simão Pedro. respondendo. disse: Tu és o Cristo, o Fi-


lho do Deus vivo. EJesus. respondendo. disse-lhe: Bem-aven-
turado és tu. Simão Ba1jonas. porque não foi come e sangue
quem to revelou. mas meu Pai, que está nos céus. Pois tam-
bém eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edijicard a
minha igreja. e as portas do inferno não prevalecerão contra
ela" (MI 16. l 6- l 8J.

"A esse glória na igreja. porJesus Cristo. em todas as gera-


ções, para todo o sempre. Amém!" (Ef 3.21 ).

2. A agitação religiosa. A agitação anonnal e generalizada en-


volvendo todas a igrejas da região em 1820, ainda não pode ser
confirmada. Descreve o texto:

·7b<Jo o disaito pareda afetado por ela. e grandes multidões


se uniam de diferentes partidos religiosos" ooseph Smith 2.5).

Um relato desse, sendo verdadeiro, é verificável facilmente,


ainda mais naquela mesma época, entretanto, não consta dos
registros dessas igrejas. Historiadores e pesquisadores fizeram
busca meticulosa nos registros da época e nada encontraram so-
bre a tal agitação. "Wesley Waltcrs examinou todas as crônicas
disponíveis naquela região. buscando informação sobre tal acon-
tecimento. Descobriu que não há menção alguma de tal agitação
ali em 1820"."
O MORMONISMO 17

3. O sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. A hierar-


quia sacerdotal do Antigo Testamento, desde Moisés, consistia no sumo
sacerdote, nos sacerdotes ordinários e nos levitas. O sumo sacerdote
foi constituldo para oficiar como mediador entre Deus e o homem,
para que o homem pudesse experimentar o perdão, a purificação e a
reconciliação com Deus_ Esse sistema é chamado na epistola aos
hebreus como sacerdócio levitico, ou segundo a ordem de Arão:

"De sorte que, se a perfeiçãofosse pelo sacerdócio levilico


(porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade l1avia
logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem
de Melquisedeque, e nãofosse chamado segundo a ordem de
Arão?'' (Hb 7. 11 )_

O Novo Testamento apresenta Jesus como íundador do novo


pacto, o Sumo Sacerdote que substituiu o sacerdócio arõnico ante-
rior. o Senhor Jesus é, portanto, o Mediador e Intercessor em favor
do pecador diante de Deus Pai, pois ofereceu-se a si mesmo uma só
vez pelos nossos pecados:

"Mas agora alcançou ele minislério tanto mais cxcelt'nlc.


quanro é mediador de um melhor conceno, que eslci confir·
mado em melhores promessas" (Hb 8.6J.

"Que não necessitasse. como os sumos sacerdo1es. dt• Oft'·


recer cada dia sacrijicios. primeiramenre. por seus própntis
pecados e. depois. pelos do povo: porque isso /à de'. uma
vez. oferecendo-se a si mesmo" (Hb 7 .27J_

Ele é o sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque ttlb 7.21 211


Mais adiante, o v_ 24 registra: '"mas este. porque permanece eterna
H HERESIAS E MODISMOS

mente. tem um sacerdócio perpétuo". A palavra grega para "perpé-


tuo", nesse versículo. é citrupCÍ()uToç (aparábatosJ. "imutável, impe-
recível"'' e só aparece aqui. em todo o Novo Testamento grego, cujo
sentido é: "imutável. inalterável. intransmissível. intransferivel". 17
A. T. Robertson explica: "Deus pôs a Cristo neste sacerdócio, e nin-
guém mais pode introduzi-se nele". 11
Hoje. os mórmons reivindicam o sacerdócio de Arão e de
Melquisedeque. tendo como ponto de partida as supostas revelações
de Joseph SmithJr. A Bíblia. porém, afirma ter sido removido o sacer-
dócio de Arão (Hb 7. 7-13). e o de Melquisedeque pertence exclusiva-
mente a Cristo (Hb 7.24). Nisso revela-se o seu disparate doutrinário.

III. FONTE DE AUTORIDADE

Os três principais livros. considerados divinamente inspirados.


são o Uvro de Mónnon, Doutrina e Convênios e Pérola de Grande va-
lor. As obras oficiais são: Joumal of Discourses (26 tomos das men-
sagens das autoridades gerais do mormonismo), History of the Church,
além de inúmeras outras obras. Seu periódico atual é revista Liahona.

1. Doutrina e convênios (D&C). Foi publicado pela primeira vez,


na forma em que se encontra atualmente, em 1876, e traduzido para
o português em 1950. Em 1833, Joseph Smith Jr. publicou a primeira
edição. intitulado Livro dos Mandamentos, que na época constava
apenas de partes do que é hoje. Recebeu mais acréscimos. na edição
de 1835, quando o título foi mudado para Doutrina e Convênios.
Consiste em 136 seções, dividida em versículos cada uma delas.
São as "revelações" de Joseph Smith Jr .. que tratam da doutrina de
Deus, da igreja, do sacerdócio, da ressurreição, do homem após a
morte e diferentes níveis de salvação, batismo pelos mortos (seções
124, 127 e 128). matrimônio celestial (seção 132.19. 20). poligamia
O MORMONISMO 19

(seção t32.6t, 62). Há contradições com outras obras do mormo-


nismo e com relação à Blblia.

2. Pérola de Grande Valor. Foi publicado em t 902 por James E.


Talmage e traduzido P.ara o português em t 952. t o agrupamento
dos livros: Moisés. Abraão, Joseph Smith Jr. e as Regras de Fé. As
primeiras edições registravam que, em 1823. o estranho anjo Morõni
apareceu a Joseph Smith. As edições seguintes afirmavam que Nefi
teria aparecido. na visão, outro personagem do Livro de Mórmon.
Depois, corrigiram isso. voltando Morõni para o texto.
O mormonismo afirma que Joseph Smith Jr. fez uma traduçao
milagrosa de um papiro do Egito. dando origem ao Livro de Abraao.
Tradução feita do hieroglífico para o inglês foi a fraude que mais
causou impacto. o fac-símile no. I é bom exemplo. Aparece. na in-
trodução, uma gravura com a seguinte interpretação: sacerdote de
Elkenah oferecendo Abraão em sacrilicio. os quatro jarros são deu-
ses egípcios, e o pássaro, o anjo do Senhor.
Em 1967. foi encontrado o manuscrito. Os próprios mórmons ad·
mitiram ser o manuscrito do livro de Abraão. o bispo mórmon. F. S
Spalding, enviou cópias para diversas universidades do mundo. para
ser decifrada por conceituados peritos. de reputaçào mundial. na área
de escrita hieroglífica do Egito: OXford. Londres. Berlim. Munique.
Pennsylvania e Museu Metropolitano de Arte de Nova Iorque Todos
os eruditos. depois das análises. conclulram que o rac-slm1lc é
embalsamamento e que a tradução de Joseph Smilh Jr é falsa
Esse fato teve repercussão no mormonismo O egip1<1logo
mórmon. professor Dee Jay Nelson. examinou esses papiros e viu
o absurdo de 1.125 palavras para cada 46 caracteres F1u1u
estarrecido. deixou o mormonismo e escreveu uma carta pitra o
presidente da instituição explicando a razao desse desligamen111
Disse em outra carta:
90 HERESIAS E MODISMOS

"O mundo cienüjico acha que o Uvro de Abrado é um in •


sulco à inteligência". "

O que aconteceu de fato é que ele comprou algumas múmias egíp-


cias e alguns rolos de papiros de Michel H. Chandler. em 1835. 2º Mes-
mo assim, o texto continua entre os escritos sagrados do mormonismo.

IV. O LIVRO DE MÓRMON

1. Origem e avaliação crítica. Joseph Smith Jr. afirma que, em


setembro de 1827. recebeu as placas de ouro, Urim e 1\lmim, e o
peitoral. cuja tradução resultou no Livro de Mórmon (PGV, Joseph
Smith 2.59). Daí, vem o seguinte relato:

"Mediante esta ajuda tão oportuna. pude chegar ao lugar


de meu destino em Pennsy/vania e, imediatamente após a
minha chegada, comecei a copiar os caracteres das placas.
copiei um número considerável deles e por meio de Urim e
1llmim traduzi alguns. o que fiz, entre o tempo em que che-
guei à casa do pai de minha esposa, no mês de fevereiro se-
guinte. Neste mesmo mês de fevereiro, o já mencionado sr.
Martin Harris veio à nossa casa, tomou os caracteres que eu
tinha eirado das placas e partiu com eles para a cidade de
Nova Iorque. Quanto ao que aconteceu com respeito a ele e
aos caracteres, quero referir-me a seu próprio relato das cir-
cunstâncias, como ele me contou, e que é o seguinte: 'Fui à
cidade de Nova Iorque e apresentei os caracteres que tinham
sido traduzidos, assim como sua tradução. ao professor
Charles Anthon, cavalheiro célebre pelos seus conhecimen-
tos literários. o professor Ant.hon declarou que a tradução
escava correlD. muiLo mais que qualquer outra que ele linlla
O MORMOlllSMO 91

visto antes traduzida do egípcio. Então mostrei-lhe aqueles


que ainda não haviam sido traduzidos e me disse que eram
egípcios, caldeus, assfrios e arábicos; e disse que eram
caracteres verdadeiros. Ele me deu um certificado, atestando
ao povo de Palmyra que eram caracteres verdadeiros, e que a
tradução dos que tinham sido traduzidos estava também cor-
reta. Peguei o certificado e o coloquei em meu bolso, e estava
deixando a casa quando o sr. Anlhon me chamou e me per-
guntou como soubera o jovem. que havia as placas de ouro
no lugar onde ele as encontrara. Respondi que um anjo de
Deus lho revelara"' (PGV, Joseph Smilh 2.62-64).

o Livro de Mórmon, por si só, já é um problema, pois possui


erros doutrinários e históricos, há anacronismos. uma série de con-
tradições internas e em relação à outra literatura mórmon. o relato
de Joseph Smith, acima. é íalso e não resistiu, até hoje, a exames a
que íoi submetido.
Joseph Smith Jr. afirma ter traduzido as placas do eglpcio. Por
meio do Livro de Mórmon, somos iníormados que se trata do egip-
cio reformado:

"Sim.faço um relato na linguagem de meu... quaonsiste


na sabedoria dos judeus e na língua dos egípcios" ( I Nefi 1.21

"Porque não serio possível a nosso pai. Lehi. lembrar-Si.'


de todas estas coisas e ensiná-las a seus.filhos. a não~' que
fosse com o auxílio destas placas; porque. tendi> sid<> insrn1í·
do no idioma dos egípcios. podia ler estas gravaçÕéS e ensina-
/as a seusfilhos. para que eles por sua 1•a as ensmaSSl'm 111'15
seus. e assim cumprissem o mandamento d~ Deus. mt"Slm>
até o tempo presente" (Mosiah l .4J.
92 HERESIAS E MODISMOS

"E eis que escrevemos estes anais de acordo com nosso


conhecimento. em caracteres denominados por nós egípcio
refom1ado; e nos foram transmitidos e alterados por nós se-
gundo nossa maneira de falar" (Mónnon 9.J2J.

A primeira forma escrita da língua egípcia é a hierógríía ou


hieroglífica, termo grego it:poyÃucl>LKU ypl͵µaTu (hierog!Yphika
grammalLIJ. "escritura gravada esculpida". 2 ' Heródoto registrou que
"os egípcios utilizam dois tipos de signos. uns que se chamam sagra-
dos e outros populares". 22 Depois, surgiu a escrita hierática. da direita
para a esquerda, entre 2000 a.e. e 600 a.e .• em seguida, apareceu a
escrita demótica ou popular, entre 600 a .e. e 500 d.e. A escrita cóptica.
termo que. possivelmente, seja corruptela grega de Aiguptios.2' escri-
ta em caracteres gregos com a chegada dos cristãos no Egito.
A cronologia dos nefitas está entre 600 a.e. e 421 a.e .. época em
que os hebreus já usavam as 22 consoantes do alíabeto hebraico. A
escrita hieroglífica foi usada, desde 3000 a.e. até 400 d.e .• trata-se
de uma linguagem pictórica, cujos signos representam objetos ou
idéias. Durante a história egípcia. essa língua usou seis mil signos
diferentes. 2• A idéia de um hebreu escrever numa língua sagrada do
paganismo parece algo muito estranho.
Os egípcios eram inimigos de Israel em 600 a. e.. O rei Josias foi
morto numa batalha contra os egípcios por volta de 608 a. e.. e
Judá. depois disso. pagou tributo ao Egito (2 Cr 35.20 - 36.4). Desde
que o hebraico era a llngua sagrada. por que um hebreu escreveria
escritos sagrados em egípcio? Jamais foi encontrado entre os hebreus
escritos em língua egípcia. Qualquer que seja o egípcio, pois sua
classificação é posterior, como explicar a presença de caracteres
caldeus, assírios e arábicos'
O Dr. Charles Anthon, numa carta em 1834, desmentiu essa ver-
são e declarou:
"Tbda essa história de que eu teria declarado que a inscrição
dos mónnons estaria em 'hieroglUico reformado' é tOltllmcntc
falsa. Faz alguns anos que um lavrador simples eaparenlemen·
te de coração simples, me chamou com um papel do Dr Mitchell,
de nossa cidade, já falecido, solicitando-me que decifrasse. se
possível, um papel, que o lavrador ma daria, e que o Dr. Mitchdl
havia confessado ser inc.apoz de entender. Ao examinar o rol
papel, logo cheguei à conclusão de que era uma brincadeira,
talvez uma farsa. Quando lhe perguntei à pessoa que o vouxe e
como havia obtido o escrito, disse-me, até onde posso melem-
brar. o seguinte relato: Um 'livro de ouro', que contém um certo
número de placas de ouro, unidas em fomlQ de Uvro ... foi de-
sencerrado no norte do eslado de Novo Iorque, e junto com o
livro um enorme par de óculos de ouro! ... Ao olNir essa l1islória
obtusa mudei de opinído sobre o papel, e ao invés de umafarsa
para eruditos. comecei a considerá-lo como porre de um plano
para despojar o lavrador de seu dinlieiro. e lhe comuniquei mi
nhas suspeitos, adverlindo-1/Je contra qualquer donativo. Ele
pediu minha opinião por escrilo, o que logo me recl#St'i t' c111tio
ele se foi levando consigo o papel. Esse papel. em na verclodt•.
uma escrita estranha. consistia em toda a classe de caractcrrs
to1tos, dispostos em colunas. efoi evidentemente preparado por
uma pessoa que ao _fazê-lo, tinha diante dt• si um livro com
vários aljàbelos. Lelras gregas e hebraicas, cmzcs e semi -cin·u
los. letras latinas invertidas ou de ludo. dispostcis cm colum1s
perpendiculares. e o conjumo culmin(/\1(1 numa nisl/co c'Sl'lt.'Crc·
de círculos. dividido em vdrios compürlimentos, rnb<'lto dt' 1uri
as marcas es1ra11has, e ('Vident"mc•nte ,-opiado dt> üJlt•ndt1m1
mexicano apresenllldo por I fumboldt. mas copiados de r.1/ moJ"
que não pudes5e idt:nli/iccir sua ongt•m
Eu estou sendo lào espc'Cíjico quanw <10 e. mtcudo de~_.
M HERESIAS E MODISMOS

papel, pois tenho conversado freqüentemente com meus ami-


gos sobre o assunto desde que começou a excitação
monnonisla, e lembro-me bem que o papel continha qual-
quer coisa, exceto 'hieroglífico egípcio"'. 15

A carta do Dr. Anthon é poderoso e incontestável documento contra


o relato da origem do livro de Mórmon. Não é só isso, há, porém,
mais uma coisa. Quando se questiona o Livro de Mórmon, eles cos-
tumam citar 2 Corintios 13.1: "Por boca de duas ou três testemunhas,
será confirmada toda palavra". por isso trazem nas primeiras pági-
nas do Livro de Mórmon os nomes de três testemunhas: Oliver
Cowdery, David Whitmer e Martin Harris. Na página seguinte, mais
oito testemunhas, somando 11 nomes. o problema é que eles deixa-
ram o mormonismo, exceto três membros da família de Joseph Smith
Jr .. As três primeiras testemunhas declararam nunca ter visto essas
placas. mas que seu depoimento foi "pelos olhos da fé" e como vi-
são. 2• Joseph Smith chamou os três de "demasiadamente maus até
para serem mencionados, e gostaríamos de tê-los esquecidos". 27

2. Conteúdo. O Livro de Mórmon caracteriza-se pela abundante


presença de anacronismos. o Livro pretende ser o registro das supos-
las civilizações pré-colombianas. que teriam povoado a América, ja-
mais confirmado pela história e pela arqueologia. Essas civilizações
teriam sua origem em duas imigrações para o continente americano.
A primeira seria a imigração dos jareditas. registrada no livro de
Éter, provenientes da região da Torre de Babel. por volta de 2250
a.e., que muito tempo depois, numa guerra, a nação dos jareditas
desapareceu, e o profela escreveu sua história em 24 placas.
A segunda seria a nação de Lehi. proveniente de Jerusalém. por
volla de 600 a.e .. Jesus. depois de sua ressurreição, teria estado entre
eles na América do None, pregado e efetuado batismos. Em 385 a.e..
O MORMONISMO 91

houve uma batalha entre lamanitas e nefitas, esses últimos perece-


ram, sobrevivendo apenas Morôni, filho de Mórmon, o último nelita.
Mórmon havia escrito a história de seu povo sobre placas de ouro, e
Morôni escondeu no monte Cumorra. juntamente com outras placas
escritas, por volta de 401 d. e. Assim, teriam sobrevivido os lamanilas.
seus inimigos implacáveis, estes seriam os antepassados dos lndios.

3. Anacronismos e plágios. As técnicas metalúrgicas e o uso


de armas metálicas apresentadas nos relatos dessas supostas civili-
zações não existiam na América pré-colombiana. Observe o que
afirma o Livro de Mórmon:

"Levavam sobre o peito de seus arc05 ejlechas. suasfundas e


pedras ... estLJndo seu povo aTmCido de espadas, dmite"as e lodo
a sorte de arma de guerra ... tinham se preparado com annadu-
ras e com escudos. sim, com escudos"(Alma 3.5: 43.18. 191.

"... armados com armas de gue"ª· escudos, couraças ecapa·


cetes, e vestidos com roupas próprias para a gue"a·· rtter 15.15).

"... e nos tornamos imensamente ricos em ouro. prata t'


coisas preciosas. em finas obras de madeira. em cYIUicios. em
máquinas e também cm ferro e cobre. bronze e aço. /iJbn··
cando Ioda espécie de ferrament11s para cultivar (l solo. ar
mas de guerra. sim, aflecha ponteoguda. a 11/jaw1. o dardo. o
chuço e todos os instrumentos de guc·rm·· 1111mm 1. SJ

"E ensinei meu povo a constrnil' edificws e a 1mbt1lhar


em toda espécie de madeim. faro. /ateio. whrc. a~·o. ,1ur,1.
prata e metais preciosos, que· c•x1s1iam <'Ili gr<1mlt' a/mndcm
eia" (2 Nefi 5. 15).
ff HERESIAS E MODISMOS

Na agropecuária, o Livro de Mórmon apresenta o mesmo pro-


blema insuperável:

"E anham toda espécie defrutos. cereais. sedas, linhofino,


ouro. prata e coisas preciosas. E também toda a sorte de gado.
bois, vacas, carneiros. porcos e cabras. como ainda muitas
outras de animais úteis à alimentação do homem. nnham
também ca11alos e burros. e havia elefantes. curelons e
cumons, todos úteis ao homem, especialmente os elefantes,
cureons e cumons"(Éter 9. l 7-19).

o Livro de Mórmon menciona cidades e construções. como tem-


plos e sinagogas. Menciona por nome as cidades de Nehor e Ablon
(Éter 7.9; 9.3). Apresenta os reis Coriantum e Morianton como cons-
trutores de cidades.

"E aconteceu que Coriantum andou nos caminhos de seu


pai; construiu muitas cidades poderosas e administrou o que
era bom a seu povo durante todos os seus dias" (Éter 9.23).

"E aconteceu que Morianton construiu muitas cidades e o


povo tomou-se muito rico sob o seu reinado, tanto em cons-
truções como em ouro e prata, em colheita de cereais, assim
como em rebanhos. gado e naquelas coisas que lhes foram
restauradas" (Eter 10. 12).

"... de suas viagens marítimas. da construção de seus bar-


cos. templos, sinagogas, sancuários· (Helamã J. l 4).

"E Alma e Amuleque saíram pregando o arrependimento


ao povo em seus cemplos. santuários e rambém em suas si-
O MORMONISMO 97

nagogas. que haviam sido conS1111ídas segundo o modo dos


judeus" (Alma 16. IJJ.

Onde estão essas cidades e construções. ou pelo menos, seus vestí·


gios. ou ainda. menção delas? Os arqueólogos e paleontólogos jamais
encontraram algum indicio dessas coisas. Onde eslão as provas de tudo
isto' É de conhecimento geral que os animais e os melais citados não
existiam na Amélica antes de 1492, é o que afirma o documento diwl-
gado pelo Instituto Smithsonian. de Washington o.e.. EUA."' O 0epana-
mento de Antropologia da Universidade de Colúmbia concluiu que o
Livro de Mórmon: " ... é incorreto. bíblica. histórica e cientificamente".i-
Há anacronismos. usa a palavra francesa adieu, "adeus". no final do
livro de Jacó: "Brethren. adieu" Oacó 7.27), que segundo o próprio livro.
na nota de rodapé, alinna ser datado de 544 a 421 a.e.. entretanto. a
língua francesa não existiu antes do ano 700 d.e. Usa o tenno "cristão"
mesmo antes de Jesus nascer, em 73 a.e. (Alma 46.151. visto que loi em
Antioquia da Síria. por volta de 46 d.e.. que os discípulos de Jesus loram
"pela primeira vez, chamados cristãos" (At 11.26). Erro sobre o nasci-
mento de Jesus. o Livro de Mórmon afirma que Jesus nasceu em Jerusa-
lém (Alma 7.10), a passo que ele nasceu em Belém (Ml2.I; L..c 2 4-111.
Há plágios. pois reproduz ipsis lilleris muitos textos da Kmg J<1111es
Version, (Versão Inglesa do Rei nago). revisada em 1611. no entanto.
querem que os leitores acreditem que tais textos foram enterrados
por Morôni. por volta de 421 d. e. Até a Commt1 Johamwum aparec:e
no Livro de Mórmon (3 Nefi 11.27, 36). Eis alguns exemplos.

2 Néfi 14 lsalas4
Néfi 12 Isaías 2
Mosiah 14 lsalas53
3 Néfi 13.1-18 Mateus b 1-24
98 HERESIAS E MODISMOS

4. O Livro de Mórmon e a Bíblia. os mórmons afirmam acre-


ditar na Bíblia, mas com cenas restrições. o artigo 8 das suas Re-
gras de Fé declara:

-cremos ser a Bíblia a palavra de Deus, o quanto seja cor-


rera sua tradução; cremos 1ambém ser o livro de Mórmon a
palavra de DeusH.

No livro Regras de Fé. de James E. Talmage, onde explica suas


confissões de Fé, afirma:

HNào há e não pode haver uma tradução absolutamente


fidedigna desla e de outras Escrituras". JO

Mais adiante, na mesma página. ele recomenda que os mórmons


leiam a Bíblia distinguindo "entre a verdade e os erros dos homens".
Isso mostra ser a restrição, "quanto seja correta a sua tradução",
nada mais que uma maneira sutil de dizer que não crêem na Biblia.
Chamam. ainda, de néscios os que procuram a Bíblia:

'Tu, tolo, dirás: Uma Bíblia. temos uma Bíblia e não ne-
cessitamos mais de Bíblia! Terieis obUdo uma Bíblia, se não
fosse pelas mãos dos judeus:>-' 12 Neji 29.6).

A primeira edição do Livro de Mórmon foi publicada em 1830,


portanto na era da imprensa, e, hoje, já está com 3.913 mudanças.
Jerrald & Sandra Tanner publicaram um íac-simile dessa edição de
1830, com todas as mudanças marcadas, a maioria consiste na cor-
reção de erros gramaticais. Eis algumas mudanças:
•Substituíram "Aguas de Judá", da edição de 1830, por "Aguas do
batismo" ( 1 Néfi 20. 1l.
O MORMONISMO 99

•O rei Mosfah havia morrido, na edição de 1830, na edição atual,


seu nome é Benjamin e está vivo (Mosiah 21.28).
• Na edição original diz: "O cordeiro de Deus, sim. o Pai eterno", na
edição atual, aparece: "O Cordeiro de Deus, sim, o Filho do Pai
eterno" ( 1 Néfi 11.21 J.
• Na edição de 1830 declara: "A Virgem que vês é a mãe de Deus",
na edição atual, registra: "A Virgem que vês é a mãe do Filho de
Deus" ( 1 Néfi 11.18).
A fragilidade é tanta que não resistiu nem duzentos anos. Diante
do exposto, fica mais claro que o sol do meio-dia a diferença abissal
entre o Livro de Mórmon e a Biblia. Os fatos apresentados são pro-
vas da fraude do Livro de Mórmon.
A Bíblia, entretanto, atravessou os séculos! Há atualmente mais
de 5.000 manuscritos gregos, só do Novo Testamento, espalhados
pelos museus e mosteiros em toda a Europa e Estados Unidos. da-
tados do século li da Era Cristã, até à invenção da imprensa. no
século XV, e cerca de 19.000 em outras línguas.
Durante séculos, estes manuscritos foram copiados manualmente por
pessoas diferentes, esses copistas viveram em épocas e lugares dileren-
tes. e o texto bíblico sobreviveu. As descobertas dos rolos do mar Mono
comprovam a autenticidade do Antigo Testamento. O rolo do profeta lsaias.
por exemplo. é datado do ano 100 a.e .. no entanto, é exatamente o mes-
mo texto da Bíblia atual• Deus preservou, sim, a sua Palavra:

"E disse-me o SENHOR: Viste bem: porque t,u 1•do so/ln• a


minha palavra para a cumprir· (Jr 1.12).

Ourante esses vinte séculos de cristianismo. a Bíblia foi subm.:1i-


da às mais variadas investigações criticas. Não sena exagero alir·
mar que nem mesmo a matemática e a lisica foram submetida~ a
tais testes. no entanto, permanecem sua autoridade. au1entu:idade
100 HERESIAS E MODISMOS

e inspiração (2 Tm 3.16). O livro Pedras que Clamam. de Randal Price,


publicação da CPAD. registra com abundãncia de detalhes as des-
cobertas arqueológicas de locais e personagens da Bíblia.
A Bíblia apresenta-se como a infalivel Palavra de Deus (Is 40.8; 1
Pe 1.25). É o único livro que se apresenta como a revelação escrita
do verdadeiro Deus. com propósito definido: a redenção humana.
Ela suporta e resiste às críticas e permite até ser pesquisada e
escrutinada. É. portanto, a Palavra da verdade: "Santifica-os na ver-
dade; a tua palavra é a verdade" (.lo 17.17).

"Buscai no livro do SENHOR e lede; nenhuma dessas coi-


sasfalhará. nem uma nem outrafaltará; porque a sua própria
boca o ordenou. e o seu espírito mesmo as ajuntará" (Is 34. 16).

"Agora. pois, Senhor JEOVA. tu és o mesmo Deus, e as


tuas palavras são verdade. e tensfalado a teu se1vo este bem"
(2Sm 7.28).

'i'\ tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um


dos teus juízos dura para sempre" (SI 119.160).

o Livro de Mórmon. contudo, não conseguiu manter sua integri-


dade nem por 200 anos, mesmo com a vantagem de ser publicado
já na era da imprensa. Curioso é que esse Livro chama a si mesmo
de "O Outro Testamento de Jesus Cristo". fato que confirma ser o
outro evangelho de que fala o apóstolo Paulo (GI 1.8, 9).

V. TEOLOGIA MORMONISTA

1. Conceitos mormonistas da divindade. como sua história.


a teologia é contraditória também. Suas crenças sobre Deus são
heterodoxas e frontalmente opostas à teologia cristã histórica. As·
semelha-se ao hinduísmo, quanto aos inúmeros conceitos sobre a
divindade. Há muitos conceitos contraditórios na literatura mórmon.
Os termos cristãos são usados por eles com sentido diferente. seus
conceitos são anticristãos.

a) A imutabilidade de Deus. o termo "imutabilidade" indica isen-


ção absoluta de mudança, não há necessidade de melhorar ou pio-
rar; aumentar ou diminuir, progredir ou regredir. Deus. o verdadeiro
Deus revelado na Biblia, é perfeito (Jó 11.7). por isso é impossível
mudança, mesmo para melhor. A expressão divina "EU sou o QUE
sou" (~x 3.14) revela a sua imutabilidade:

"Mas cu és o mesmo, e os teus anos nunca terão jim· (SI


102.27).

"Porque eu. o SENHOR, não mudo; por isso. vós. ó jill1os


de Jacó, não sois consumidos" (MI J. 6).

'Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto. des


cendo do Pai das luzes, em quem não há mudança. nem som-
bra de variação·· (Tg 1.17).

··E: Tii. Senhor, no principio. fundaste a terra. e os céus


são obra de tuas mãos; eles perecerão. mos 111 pemwntnrás:
e todos eles. como roupa. envelhecerão. e. como um manto.
os enrolarás. e. como uma veste. se mudarão. m11s tu <'s (•
mesmo. e os teus anos não ocobarào- (llb t. tO 121

A cosmologia mórmon é muita próxima dos nutos gregos Para


eles. o termo "Deus" ou "Pai Eterno" quer dizer homem evoluído ao
102 HERESIAS E MODISMOS

estágio divino. Joseph Smith Jr e Brigham Yong ensinaram que Deus


era Adão evoluido, mas essa doutrina foi modificada. O Livro de
Mórmon parece ensinar a imutabilidade de Deus:

"E os decretos de Deus sdo inalteráveis; pononro. o cami-


nho está preparado para que quem quer que o trilhe seja sal-
vo" (Alma 41.8).

"Forque eu sou o senhor e não mudo· por esse moâvo, ó filhos


de /acó, ndo sois consumidos" <J Neji 24 6). - O grifo é nosso.

"Pois ndo lemos que Deus é o mesmo ontem, hoje e sem-


pre, e QUe neh: não há mudança nem sombra de transfor-
mação• Ora se tendes jmaijnado um deys variável e no
Qual há sombra de transfonnação então imaginastes um
deus QUe não é um Deus de mUaires. Mas eis que eu vos
mostrarei um Deus de milagres. o próprio Deus de Abraão.
de /saque e de /acá; e é o mesmo Deus que criou os céus, a
terra e todas as coisas que neles há. E eis que Ele criou a
Adão, e por Adão veio a queda do homem. E por causa da
queda do homem veio Jesus Cristo, sim o próprio Pai e o Fi-
lho; e por causa de Jesus Cristo veio a redenção do homem ...
E. se houve milagres, porque dejxou Deus de ser um Deus
de mi1agres sendo contudo ym ser jmutáveP E ejs QUe yos
digo 4;1ue ele não myda· e se mydasse deixaria de ser Deus.
mas não dejxa de ser oeus e é um Deus de milagres"
(Mórmon 9.9J. - O grifo é nosso.

"Porque sei que Deus não é um Deus parcial, nem um ser


yadável· ao contrádo é jmutáye! de eternidade a etemida-
~" (Morôni 8. 18). - O grifo é nosso.
O MORMONISMO 101

Todavia, o pensamento mórmon discorda da imutabilidade de


Deus, disse Brigham Young:

"Quando o nosso pai Adão entrou no jardim do &Jen, Ele


entrou com um corpo celestial, e levou consigo Eva, uma de
suas esposas. Ele ajudou a fazer e a organizar este mundo.
Ele é o arcanjo Miguel, o Ancião de Dias! acerca do qual ho-
mens santos escreveram e/alaram - Ele é nosso eaj e nosso
Deys e o único Deys com Quem Lemos Que trata["." o gri-
fo é nosso.

Da mesma rorma, James E. Talmage ensina a evolução progres-


siva desse Deus-Adão:

"Cremos num Deus que é progressívo, cuja majeslDde é a


inteligência, cuja perfeição consiste em progresso eterno; um
Ser que chegou a essa condição exaltada por um caminho
que a Seus é permitido seguir, e de cuja glória estes participa·
rão como herdeiros. Não obstante a oposição das seitas, apc ·
sar de ser acusada diretamente de blasfemia, a Igreja procla-
ma esta verdade eterna: ·como o homem é peus fgj- como
peys é o homem poderá yjr a ser"' (Rearas de Fé, J89J o
grifo é nosso.

Primeiro, os mórmons precisam decidir se Deus é mulável ou


imutável; depois, escolher qual porção de sua literalura interessa·
lhes. Uma avaliação biblica revela disparate sem limites nessas aen·
ças contraditórias e sem arrazoados. A verdade t: que o seu deus.
ou deuses. é algo estranho às Escrituras Sagradas. pois a doutrina
da deificação do homem teve sua origem na serpente do !:.dcn (Gn
3.5), o homem não é Deus. e nem Deus é homem
104 HERESIAS E MODISMOS

"Dirás ainda diante daquele que te matar: Eu sou Deus?


Mas tu és homem e não Deus na mão do que te traspasso"
(Ez 28.9).

"Não executarei o furor da minha ira: não voltarei para


destruir Efraim. porque eu sou Deus e não homem. o Santo
no meio de li: eu não entrarei na cidade" (Os 11. 9J.

b) Deus é Espírito. Em Doutrina e Convênios. o mormonismo en-


sina o seguinte:

'O Pai possui um corpo de come e ossos tão tangível como


o do homem" (DÕIC IJ0.22).

"E Amon começou a lhefalar com arrojo, dizendo: Crês tu


que há um Deus) E ele respondeu-lhe, dizendo: Não sei o
que isso significa. E disse-lhe então Amon: Crês tu QUe há
um Grande Espjrjtg' E ele respondeu: Sjm E djsse Amon:
Este é Deus_ E disse-lhe mais: Crês tu QUe este Grande Espí-
dto que é Deus criou Iodas as coisas qye estão nos céus e
naterra'"(A/ma 18.24-28). o grifo é nosso.

"E tendo Aarão ouvido isso, seu coração alegrou-se e ele


disse: Eis que tão certo como tu vives, ó rei, Deus existe. Disse
enrão o rei: f: Deus aquele Grande Espírito Que trouxe nos-
sos pajs da terra de lerusalém' E disse Aarão· Sim Ele é o
Grande Espírito Que criou todas i!S cojsas tanto nos céus
como na Leaa. Acreditas nisso' E ele disse.· Sim acredito
Que o Grande Espírito Que crjou todas as cojsas e desejo
que me ensines a respeito de tudo isso, e eu acreditarei em
suas palavras" (Alma 22. 8-11 ). O grifo é nosso.
O MORMONISMO 101

Como os mórmons resolvem essa questão? A Bíblia ensina que


"esplrito não tem carne e nem ossos" (Lc 24.39) e que "Deus é Espí-
rito" Uo 4.24).

e) A Santíssima Trindade. Seu primeiro artigo de fé declara


"Cremos em Deus, o Pai Eterno, e em Seu Filho, Jesus Cristo e
no Espírito Santo". Numa leitura superílcial, a fé parece ser
trinitária, como nós cremos e pregamos. O que nos deixa mais
perplexos é que há passagens no Livro de Mórmon que, à pri-
meira vista, é trinitária:

"E, agora. eis que esta é a doutrina de Cristo. a única e


verdadeira doutrina do Pai. e do Filho, e do Espírito Santo.
que é um Deus lnjinito"(2 Neji 31.21).

"... e todos serão levados perante o tribunal de Cristo o


Filho e Deus o Pai, e do Espírito santo, que é um Eterno
Deus, para serem julgados segundo suas obras. sejam boas
ou más" (Alma 11.31).

"E desta maneira batizareis em meu nome. pois eis que


em verdade vos digo que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são
um; e eu estou no Pai e o Pai está em mim. e o Pai e eu somos
um ... E assim o Pai dará testemunho de mim. e o Espínto
Santo o dará dele e de mim; porque o Pai, eu e o Espirilo
Santos somos um" (3 Neji 11.21. 36J

São passagens como essas que os mórmons usam no lrilbJlho


de proselitismo, para que seu interlocutor pense tra1ar-se da mes-
ma Trindade que nós cremos. Eles, porem. negam a Trindade bibl1-
ca, versão do Credo de Atanasio:
"Adoramos um Deus em lrindode, e crfndade em unidade;
não confundimos as Pessoas. nem separamos a substdncia".

O Credo afirma, de acordo com a Bfblia. que o Pai não é o Filho e


nem o Filho é o Pai uo 8.17, 18), da mesma maneira. o Espfrito santo
não é o Pai e nem o Filho. vice-versa (Ef 4 .4-6). Os sabelianistas fo.
ram os primeiros a confundir as Pessoas, o que é seguido, ainda hoje,
pelas seitas unicistas. os mórmons. também, confundem as pessoas:

"E todos serão levados perante o tribunal de Crjsto o Filho


e Deus o Pai e do Espírito Santo, que é um Eterno Deus,
para serem julgados segundo suas obras. sejam boas ou más"
<Alma 11.26-J 1, 44). O grifo é nosso.

"E por lhes ter dito que Cristo era Deus o Pai de Lodas as
~. e que lomaria sobre si aforma humana, aforma segun·
do a qual o homemfoi criado no princípio- em outras palavras,
declarou que o homem foi criado à imagem de Deus, e que
Deus viria entre osfilhos dos homens. tomaria come e sangue e
andaria sobre a face da terra" (Mosíah 7.27). O grifo é nosso.

"E então Abinadi lhes disse: Quisera que compreendesses


que o próprio Deus virá entre osfilhos dos homens e redimirá
seu povo_ E porque ele habita na carne será chamado Filho
de Deus, por ter sujeikldo a come à vontade do Pai. sendo o
Pai e o Filho · Pai, porque foi concebido pelo poder de Deus,
e Filho por cousa da come; de maneira que vem a ser o J>aj
e o Filho - E são um Deus, sim, o Eterno Pai dos céus e da
terra" (Mosíah 15. 1-4). O grifo é nosso.

"Eis que eu sou Jesus Cristo, sou o Pai e o Filho" (Éter 3.14).
O MORMONISMO 107

James E. Talmage, por outro lado, não confunde as Pessoas. con-


trariando o Livro de Mórmon. mas separa a substância.

"Isto não pode racionalmente significar que o Pai o Filho


e o Esplrjto Santo sejam ym em substância ... A unidade da
Trindade, da qual as escrituras tão abundantemente testificam,
não dá a entender ncnbyma ynjão mjstica de sybs1ãncja
... O paj o Filho e o Esplrjto Sanlo são tão djstinlos em
Syas Pessoas e jndjyjdyaljdadcs como o são qyajsqyer !rês
pessoas mortajs" (Regras de Fé. p. 45}. O grifo é nosso.

Aqui, já não é possível disíarçar o pensamento mórmon sobre a


Trindade. Talmage eliminou completamente o que um leitor desavisado
pudesse imaginar: a possibilidade da Trindade no Livro de Mórmon.

d) O monoteísmo. Monoteísmo é a crença em um só Deus. As


principais religiões monoteístas do planeta são: judaísmo. crislia-
nismo e islamismo, mas o deus Alá do islamismo não é o mesmo
Deus Jeová da Bíblia. Jesus ensinou que o Deus do crislianismo é o
mesmo Deus Jeová, quando citou a confissão de fé dos judeus: "Ouve.
ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor" (Dl 64) Jesus não
somente ratificou o monoteísmo judaico do Antigo Testamento como
também afirmou que o Deus Jeová de Israel, mencionado cm
Deuteronômio 6.4-6, é o mesmo Deus que ele revelou aos homens
e que os cristãos devem amá-Lo acima de todas as coisas e segui-
Lo com devoção:

"E Jesus respondeu-lhe: o primeiro de todos os 11111ndamm


IOS é: Ouve. Israel. o Senhor. nosso Deus. <' o unicv St'nl111r
Amarás. pois. ao Senhor, teu Deus. de todo o ft•u mru(Jo. t' d<'
toda a tuo alma. e de todo o l<'tl t'ntt'tldimt'fllt>. t' dt· tod<1s 11s
108 HERESIAS E MODISMOS

tuas forças; este é o primeiro mandamento. Eo ~ndo, seme-


lhante a este, ê: Amards o teu próximo como a ti mesmo. Não
há outro mandamento maior do que estes. Eo escriba lhe disse.-
Muito bem. Mestre. e com verdade disseste que hd um só lkus
e que não há outTo além deleH (Me J2.29-32)-

o Livro de Mórmon aparentemente ensina o monoteísmo:

"E cantar louvores eternos ao Pai, ao Filho e ao Espírito


Santo, que são um Deysu (Mórmon 7. 7). O grifo é nosso.

"Há. entretanto, ym Deys e ele é o Cristo, que virá na ple-


nitude de seu próprio tempo" (2 Nefi 11. lJ_ o grifo é nosso_

"E Zeezrom disse-lhe.- Dizes qye exjste ym yerdadejro


Deus vivente? E Amyleqye respondeu: Sim exjste ym ver-
dadeiro Deus vjyente Disse então Zeezrom· Exjste mais
de um Deys 7 E ele respondeu· Não E perguntou-se zeezrom
novamente: Como sabes estas coisas? E ele disse: Um anjo
mas deu a conh«er ·-·E Zeezrom disse-lhe novamente.- É o
filho de Deus o mesmo Pai Elemo? Respondeu-lhe Amuleque:
Sim, ele é o mesmo Pai Eterno dos céus e da 1eua e de todas
as coisas que neles existem; é o começo e ofim, o primeiro e
o último ___ e todos serão levados perante o tàbynal de Cris-
to o Filho e Deus o !'ai e do Espírito Santo QYC é um Eter-
no Deus para serem julgados segundo suas obras, sejam
boas ou más" <Alma 11.26-JJ. 44). o grifo é nosso.

-E Amon começou a lhe falar com arrojo, dizendo: ~

tu que hã um Deus? E ele respondeu-lhe, dizendo: Não sei o


que isso significa. E disse-lhe então Amon: Crês tu que há
um Grande E!iplrito, E ele rc!jpOndeu· Sjm E dj!jSe Amon·
E!ite é Deus E disse-lhe mais: Crês tu que este Grande Espí-
rito, que é Deus, criou todos as coisas que estão nos céus e na
terra?'" (Alma 18.24-28). O grifo é nos.so.

Parece que Joseph Smith Jr. não levou as placas de Morôni a sé-
rio, pois trouxe a doutrina politeísta em 7 de abril de 1844, no dis-
curso fúnebre de King Follet.n Outra literatura, tida como divina-
mente inspirada. contradiz o Livro de Mórmon:

"Então o Senhor disse: Desçamos. E eles desceram no prin-


cípio, e eles, isto é, os Deuses, organizaram e formaram os
céus e a terra" (Abraão 4.1).

Acrescenta. ainda. Joseph Smith:

"Eu sempre declarei que Deus é um personagem diferente


que Jesus Cristo é um personagem à parte e dijêrente de Deus
o Pai, e que o Espírito Santo é outro personagem dijcrence. e
é Espírito: e estes três constituem três personagens dijerentcs
e uês Deuses". J.1

o politeísmo é a crença na existência de vários deuses. Isso sig-


nifica que o politeísta serve e adora a vários deuses. não é o simples
fato de reconhecer a existência deles. É condenado na Bíblia e rnnsta
do Decálogo:

"Não terás outros deuses diante de mim. Nciofimis para 11


imagem de escultura, ... Nào te cnc111H1ras tJ dtJs nem JS

servirás; porque eu, o SENHOR. teu Deus. 5'.lu Dt·us Ldo


so. .. (tl 20.J-5).
1 1O HERESIAS E MODISMOS

No Novo Testamento, encontramos: "Filhinhos, guardai-vos dos


ídolos" ( 1 Jo 5.21).
Os deuses. na realidade. não passam de ídolos. A Bíblia ensina
que eles não são, de fato, deuses. São os demônios que estão por
trás desses ídolos:

"Mas, quando ndo conhecleis a Deus, servíeis aos que por


natureza ndo são deuses" <GI 4.8).

"'Mas que digo? Que o ídolo é alguma coisa? Ou que o


sacrificado ao ídolo é alguma coisa? Antes, digo que as coi-
sas que os gentios sacrificam. as sacrificam aos demônios e
não a Deus. E não quero que sejais participantes com os de-
mônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos
demônios; não podeis ser participantes da mesa do senhor e
damesadosdemônios"(l Co 10.19-2/J.

2. O Jesus dos m6rmons. Foi discutido no capítulo anterior que


a divindade islâmica, Alá. não é o mesmo Deus Jeová, revelado na
Biblia. o Jesus do Alcorão. também, não é o mesmo dos evangelhos.
Isso acontece, também, com o Jesus apresentado pelos mónnons. o
Novo Testamento adverte os cristãos contra o outro evangelho:

"Mas. ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anun-


cie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado. seja
anátema. Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo tam-
bém vo-lo digo: se alguém vos anunciar outro evangelho além
do que já recebestes, seja anátema·· (GI 1.8,9).

É. justamente, um evangelho anunciado por anjos que estamos


combatendo. cuja mensagem não é a mesma pregada pelos após-
O MORMONISMO 111

tolos e registrada no Novo Testamento. O Novo Testamento, porém.


adverte-nos, ainda, contra o "outro Jesus", quando afirma:

"Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não


temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não
recebestes. ou outro evangelho que não abraçastes. com ra-
zão o sofrereis" (2 Co 11. 4).

a) Concebido pelo Espírito Santo. Não somente a divindade ou


divindades dos mórmons é pagã e mitológica, também o Jesus deles
é estranho ao Novo Testamento. O mormonismo ensina que Jesus
não foi gerado pelo Espírito Santo. Brigham Young pregou isso di-
versas vezes, dizia que Jesus foi concebido por meio de relação se·
xual entre Deus e Maria, exatamente a interpretação absurda com a
qual os muçulmanos criticam os cristãos. Afirmou Brigham Young:

"Quando a virgem Maria concebeu o menino Jesus. o Pai


o havia gerado em sua própria semelhança. Não foi gerado
pelo Espírito santo. E. quem é o Pai? Ele é o primeiro da
família humana ... Jesus, nosso irmão mais velho. foi gerado
na carne pelo mesmo individuo que estava no jardim do tden.
que é o nosso Pai no céu ... lembrem. agora. desde este tem-
po em diante. e para sempre. que Jesus Cristo não foi gera·
do pelo Espírito santo" ." O grifo é nosso.

Esse discurso tem a repulsa de todos os cristãos. é frontalmente


oposto ao ensino bíblico. A Bíblia afirma com todas as letras que o
Senhor Jesus foi concebido por obra e graça do Espírito Santo·

''Ora. o nascimento de Jesus Crislofoi awm. E.slando Mana.


sua mãe. desposada com José. antes de seajunwran. ~
1 12 HERESIAS E MODISMOS

ter concebido do Espírito Santo. Então. José. seu marido. como


era jusro e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente.
E. projetando ele isso. eis que. em sonho. lhe apareceu um anjo
do Senhor. dizendo: José filho de Qavj não temas receber a
Ma da tua mulher porQue o que nela eslá ierado é do Es.piri-
to Santo" (Mt J. 18-20). O gtifo é nosso.

"E disse Maria ao anjo: Como se fará isso. visto que não
conheço varão? E. respondendo o anjo, disse-lhe: Qescerá so-
bre ti o Espírito santo eavirtudedoAltíssimotecobrirácoma
sua sombra; pelo que também o Santo. que de ti há de nascer;
será chamado Filho de Deus" (lc 1.34. 35). o grifo é nosso.

A Bíblia é a palavra final para o cristianismo. se os mónnons


querem ostentar a bandeira do cristianismo, devem. pelo menos.
crer na Bíblia. Crer em heresias e em aberrações. contrariando o
ensino bíblico, não é cristianismo.

b} Um Jesus casado e polígamo? Os mórmons pregam um Jesus


casado e polígamo. Essa zombaria poderia vir de um ateu como
José Saramago. de um escarnecedor. como Martin Scorsese. mas
não de quem afirma seguir o cristianismo. O mormonismo ensina:

-1esus era o noivo no casamento em canó da Galiléia...


Antes da morte do Salvador. ele pode ver seus própriosfilhos
naturais. como nós. os nossos·~ >s

Orson Prau disse:

"S<." rodos os atos de Jesus fossem escrilos. sem dúvida,


saberiamas que esras amadas mui/teres (Maria. Mana e Ma·
O MORMONISMO 113

ria Madalena) eram suas esposas ... Demonstromos mui e/a-


ramente que o Filho seguiu o Pai. e chegou a ~r o grande
noivo com quem asfilhas dos reis e muitas mulheres honra-
das tinham de ser casadas". J6

A Bíblia compara a união mística de Cristo e a sua igreja com a


união do esposo e a esposa. Os escritores bíblicos fazem-no por
meio de metáforas: "Porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já
a sua esposa se aprontou" (Ap 19.7), ou de símile: "Porque estou
zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para
vos apresentar como uma virgem pura a um marido. a saber, a
Cristo" (2 co 11.2); mas para facilitar a compreensão dos mistérios
de Deus (Ef 5.32). Não existe, porém, menção desse suposto casa-
mento de Jesus.
A Bíblia ensina com clareza meridiana que Jesus e seus discípu-
los foram convidados para o casamento em Caná da Galiléia: "E
foram também convidados Jesus e os seus dlscfpulos para as bo-
das" ao 2.2). Como o próprio noivo é convidado para o casamento?
São os noivos os anfitriões da festa, são eles que convidam amigos
e parentes. A invenção mórmon de ser Jesus o noivo das bodas de
Caná da Galiléia é insensata, inatural e absurda.
Eles, na verdade, querem sancionar suas práticas pollgamas.
Joseph Smith alegou ter recebido revelação em íavor da poligamia,
por volta de 1831 :

"E novamente, no tocante à lei do sacerdócio. se um /10·

mem desposar uma virgem e desejar desposar outra. e a pri·


meira o consentir, e se, ele desposar a segunda. e elas }o~m
virgens, e não se tiverem comprometido a nenhum outro ho·
mem, então ele será justificado; ndo estard comt•tendo adul
tério porque elas lhe foram dadas. e: ele ndo pode cometer
lH HERESIAS E MODISMOS

adultério com o que pertence a ele e a ninguém mais. E, se


dez virgens lhe forem dadas por esta lei, ele não está come-
tendo adu/c~tio. pois elas lhe pertencem. e lhe são dadas;
portanto estará justificado" (D&C IJ2.61. 62).

Essa doutrina é anti-cristã. O plano divino original foi a


monogamia. Deus "formou uma mulher e trouxe-a a Adão" (Gn 2.22)
e não duas ou mais. O cristianismo é indiscutivelmente monogâmico.
Isso já foi discutido no capitulo anterior. quando falamos sobre o
islamismo. Em 1862. o governo americano baixou uma lei federal
que estabeleceu a ilegalidade da poligamia. 37 Os primeiros líderes
mórmons queriam mostrar com essa doutrina que eram imitadores
de Cristo. por isso inventaram um Jesus igual a eles.

e) Jesus x Satands. A outra caracteristica do Jesus mórmon que o


distingue do Jesus do Novo Testamento é que os mónnons acredi-
tam e ensinam que Jesus é irmão de Satanás. O mormonismo acre-
dita num mito relatado por Joseph Smith na tentativa de explicar a
origem de Satanás ou de apresentar um relato alternativo.
Há duas passagens bíblicas que registram, ainda que de maneira
nebulosa. pane do habitat e do modus vivendi do "querubim ungi-
do". antes de sua queda e a razão dela.

"Como caiste do céu. ó estrela da manhã, filha da alva!


Comofoste lançado por terra. tu que debilitavas as nações! E
tu dizias no teu coração: Eu subirei ao e~. e, acima das es-
trelas de Deus. exaltorei o meu trono. e, no monte da congre-
gação, me assentorei. da banda dos lados do Norte. Subirei
acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo.
E, contudo. levado serás ao inferno, ao mais profundo do
abismo"(ls 14.12-15).
O MORMONISMO 1 15

Jerônimo traduziu "estrela da manhã, filha da alva" pela palavra


lucifer. na Vulgata Latina, termo latino que significa "portador de luz",
de onde vem o nome "Lúcifer". Esse personagem queria ser Deus e
ocupar o seu trono. por isso foi expulso.

"Assim diz o Senhor JEOVA: ni és o aferidor da medida,


cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estavas no Éden.
jardim de Deus; toda pedra preciosa era a tua cobertura: a
sardônia, o topázio, o diamante, a nirquesa, o ônix, o jaspe, a
safira. o carbúnculo. a esmeralda e o ouro: a obra dos teus
tambores e dos teus pífaros estava em ti: no dia em que foste
criado. foram preparados. TI.I eras querubim ungido para pro-
teger. e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no
meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus
caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou
iniqüidade em ti. Na multiplicação do teu comércio. se en·
cheu o teu interior de violência, e peaiste; pelo que te lança-
rei, profanado, fora do monte de Deus e te farei perecer, ó
querubim protetor, entre pedras afogueadas. Elevou-S(' o teu
coração por causa da tua fonnosura. corrompeste a tua SO·
bedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei. dian-
te dos reis te pus, para que olhem para ti. Pela multidão das
tuas iniquidades, pela injusti(a do teu comércio. pr<?fam1s1e
os teus santuários; eu, pois. fiz sair do meio de ti um fog<i.
que te consumiu a ti, e te tomei em cinza sobre a terra. aos
olhos de todos os que te vêem" (Ez 18. t 2· t 8J

A descrição, aqui, de fato justifica o nome "portador de luz·· Or-


gulhou-se de sua posição, tinha o selo da simetria. era cheio de
sabedoria e de formosura. por isso "Elevou-se o teu coração por
causa da tua formosura. corrompeste a tua sabedoria por causa do
116 HERESIAS E MODISMOS

Leu resplendor; por terra te lancei". o Senhor Jesus disse: "Eu via
Satanâs. como um raio, cair do céu!" (Lc 10.18). Apocalipse 12. 7-9
revela outra faceta da expulsão de Lúcifer.

o mormonismo. porém, tem outro relalo na obra PVG:

"E Eu. o Senhor Deus.falei a Moisés, dizendo: Aquele Sa-


tonás a quem tu expulsaste em nome de Meu Unig~nito, éo
mesmo que ~Sliu desde o princípio; e ele veio perante Mim,
dizendo: Eis-me aqui, manda-me e serei Teu filho e redimirei
a humanidade toda, de modo que nem uma só alma se per-
derá. e san dúvida. o fard; porlllnto. dó-me a Tua honra.
Mas eis que Meu Filho Amado. que foi Meu Amado e Meu
Escolhido desde o princípio. disse-Me: Pai.faça-se a 1Ua von-
tode e seja 1Ua a glória paro sempre. Ponanto, por causa de
Satonás ter-se rebelado contra Mim e ter procurado destruir
o livre-arbítrio do homem, que Eu lhe desse o Meu próprio
poder. fiz com que ele fosse expulso pelo poder do Meu
Unigênito. E ele se tomou Satanás, sim, o próprio diabo. o
pai de todas as mentiras. para enganar e cegar os homens. e
levá-los cativos à sua vontode, mesmo a todos quantos não
ouvirem Minha voz• (Moisés 4.1-4).

O texto mórmon apresenta erro teológico crasso. Primeiro por-


que Jesus é incomparável! Sua singularidade impede de compará-lo
a Satanás. o Jesus da Bíblia é o Criador de todas as coisas. inclusive
do mundo espiritual. Nada há de Satanás em Jesus antes. o contrá-
rio, Jesus é o Deus verdadeiro.

-rodos as coisas foram feitos por ele. e sem ele nada do


quefoi feito sefez" ()o 1.3).
O MORMONISMO 117

"/d nãofalarei muito convosco, porque se aproxima o prín-


cipe deste mundo e nada tem em mim" ao 14.JOJ.

"Acima de todo principado, e poder, e potestade, e dom/-


nio, e de todo nome que se nomeia, ndo só neste século, mas
também no vindouro" <Ef I .21 }.

"Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos


céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam uonos, sejam do-
minações, sejam principados, sejam potestades; tudo /oí cri-
ado por ele e para ele. E ele é antes de lodos as coisas, e
rodas as coisas subsisrem por ele" (CI 1.16, 17).

"Porque nele habita corporolmenlc Ioda a plenitude da


divindade" (C/ 2.9).

Não há um ponto sequer de intersecção entre os relatos biblicos


emórmons.

3. A salvação mórmon. o termo "salvação" no mormonismo


não é a mesma coisa que no crislíanísmo, não lemo mesmo sígm-
ricado na Bíblia.

a) O pecado os mormons ainda nlio decidiram se aceitam a dou


trina da pecaminosidade do gênero humano. Há muita contradição
na sua literatura e nos seus lideres. A 2•. regra de re. diz

"Cremos que os homens serào punidos pt:los s.·us própn


os pecados e nào pela 1ransgressào d<· Add<>"

Lemos. ainda, o que escreveu o ap6s1olo mórmon John W1d1s.ue


118 HERESIAS E MODISMOS

ªNo verdadeiro evangelho de Jesus Cristo não há pecado


originar. J8

A própria literatura mórmon contraria essa doutrina:

ª... Mostrou a todos que estavam perdidos por causa da


transgressão de seus paisH (2 Neji 2.21 J.

nporque o homem natural é inimigo de Deus. tem-no sido


desde a queda de Adão" (Mosíah J.19J.

Muitos mónnons não admitem que sejam pecadores, pensam


que são deuses. como escreveu o já citado John Widtsoe:

"Deus e o homem são da mesma raça, diferindo-se so-


mente em seus graus de progresso".,.

Os mónnons procuram estabelecer diferença entre transgressão


e pecado para camuflar a verdade bíblica sobre o pecado:

"É possÍVe/ transgredir uma lei sem cometer pecado como


no caso de Adão e Eva no jardim do Éden ... t correio e se-
gundo o padrão bíblico falar da transgressão de Adão. mas
não do p«ado de Adão". 40

Já ensinaram a existência de pecados que o sangue de Jesus


não pode purificar, em que o pecador deve ser degolado e seu
sangue derramado sobre a sua própria cabeça.•• Mudanças. con-
tradições e erros são marcas distintivas do mormonismo. A Bí-
blia ensina que "o pecado é a transgressão da lei" ( 1 Jo 3.4 - ARA);
e também:
O MORMONISMO 119

'Todos pecaram e destitufdos esrao da glória de Deus"


(Rm J.23).

"Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mun-


do, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a
todos os homens. por isso que todos pecaram... Pois as.sim
como por uma só ofensa veio o julzo sobre todos os homens
para condenação, assim também por um só ato de justiça
veio a graça sobre todos os homens para jusfijicaçdo de vida.
Porque, como, pela desobediência de um só homem. muitos
foram feitos pecadores. assim. pela obedi~ncia de um. mui-
tos serão feitos justos" (Rm 5. 12, 18, 19).

Há muitos conceitos sobre o pecado que falam o mesmo de ma·


neira diferente, mas há, também, conceitos contraditórios e anli-
blblicos. A idéia teológica simples de pecado é essa:

"Pecado é a falia de conformidade com a lei moral de Deus


quer em alo, disposição ou es1ado"_•1

b) Os dois tipos de salvação. Pregam dois tipos de salvaçào: uma


geral e outra individual. A salvação geral ou universal. a doutrina
universalista de que todos serão salvos. I! a simples ressurreiçé\o
dos mortos; a individual. obtida pela fl! em Jesus e pela obediência
às leis e às ordenanças_

"Haverá salvação geral para rodos n() St:nltdo «m </U<'" ,.


gera/menre usado. mas a salvação. quc- sign1/ica r<-s..<11r1-.·1
çâo, não é exaltação"'.•-•

A salvação individual é obtida. segundo as R~gras d~ fé_ 4·• An1-


120 HERESIAS E MODISMOS

go, mediante a fé em Jesus, arrependimento, batismo por imersão e


imposição de mãos. São as ordenanças:

-omtos que os primeiros prinápios e ordenanças do E'Van-


gelho são: primeiro.feno SenhorJesus Crislo; segundo. arrepen-
dimento; terceiro. batismo por imer.;ão para remissão dos peca-
dos; quarto, imposição das mãos para o dom do Espírito Santo".

Há. ainda, outros requisitos. um deles é aceitar Joseph Smith Jr.


como porta-voz de Deus. Essa salvação individual, também chama-
da de exaltação. não é obtida pela graça de Deus, mas por mérito
humano, diz Bruce McConkie:

··Muitas condições devem existir para tomar disponível a


salvação para os homens... Não há sa/\l'Oçãofora da Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias"..,

O termo "fé no Senhor Jesus Cristo", no contexto mórmon. difere da


fé no contexto bíblico. No mormonismo, a obra expiatória de Cristo pro-
vê a ressurreição para todos os homens. ou seja. a salvação geral. e abre
a porta para a salvação individual, ou seja. os homens precisam traba-
lhar para ganhar a salvação. James E. Talmage chama a doutrina da
justificação pela fé de pemiciosa.45 Essa alegada salvação individual se-
ria uma progressão eterna com três graus: telestial. celestial e terrestre.
Para refutar os conceitos teologicamente inadequados sobre a
soteriologia (doutrina da salvação). é necessário saber o que a Bí-
blia que dizer quando usa o termo. Das 45 vezes que o termo grego
OWTTJpÚI (soteria) aparece no Novo Testamento grego. 40 vezes é
traduzido por "salvação". cujo sentido "inclui todo empreendimen-
to divino para o crente. a partir da libertação do estado de perdição.
até a sua apresentação final em glória. já conformado à imagem de
O MORMONISMO 1:l I

Cristo". 46 A salvação inclui a remoção da culpa e da sentença de


morte, e isso não é o mesmo que ressurreição.
A salvação geral pela ótica dos mórmons não é bíblica. pois se-
rão salvos somente os que crêem: "quem ouve a minha palavra e
crê naquele que me enviou tem a vida eterna" Oo 5.24), entretanto.
serão ressuscitados dentre os mortos tanto salvos como condena-
dos: "Os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os
que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação" oo 5.29).
Salvação é livramento, e ressurreição do corpo é levantar dentre os
mortos, portanto são coisas diferentes.
A salvação não é mérito humano, toda salvação em si é indivi-
dual, mas cada individuo precisar crer em Jesus e recebê-lo pela fé_

"Concluimos. pois. que o homem é justificado pela fé. sem


as obras da lei" (Rm 3.28).

"Sendo, pois. jusrijicados pelafé. temos paz com Deus por


nosso Senhor Jesus Cristo" <Rm 51 J

"Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da


lei. mas pela fé em Jesus Cristo. temos também crido cm Je-
sus Cristo. para sermos justificados pela fé de Cristo e ndo
pelas obras da lei. porquanto pelas obras da lei nenhuma came
será justificada" (GI 2.16)_

"Porque pela graça sois salvos. por meio da fi.'. <'isso não
vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras. par11 que
ninguém se glorie- <Ef 2.8.91.

"Que nos salvou e cl1amo11 com uma sont<11ncaç<i<>. nJ<)


segundo as nossas obras. mas segund<) o Sê'u pmpno prvp•)
122 HERESIAS E MODISMOS

sito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus. antes dos tem-
pos dos sécu/os" (2 Tm l.9J.

"Não pdas obras de justiça que houvéssonos feito. mas, se-


gundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regenera-
ção e da
renovação do Espírito Santo, que abundantanente ele
derramou sobre nós por Jesus Cristo, nasso SO/vadot'' (Tt J.5, 6}.

Deus propôs a salvação para todos os povos. tribos e nações de


maneira simples e singela, para que tanto os sábios como os indoutos
pudessem alcançá-la. A receita é a fé em Jesus: "Crê no senhor Je-
sus e serás salvo, tu e a tua casa" (At 16.31). É um ato da soberana
vontade de Deus, não vem de nossa própria justiça. a salvação é
pela graça. o ato de crer no Unisênito Filho de Deus, confonne as
Escrituras. significa ter a vida eterna Oo 17.3).
O Senhor Jesus não precisa de co-salvador. a Bíblia ensina que
ele é o único Salvador Uo 14.6; At 4.12). A salvação não é por mérito
humano, ninguém pode ser salvo pelas boas obras, mas somente
pela graça, mediante a fé. Existe apenas uma salvação, e ela está à
disposição de todos os seres humanos (Tt 2.11; Jd 3).

C) Crenças exóticas. Vinculado. ainda. à doutrina da salvação há


duas práticas exóticas no mormonismo: casamento para a eterni-
dade e o batismo pelos monos.
O casal compromete-se a não contrair novas núpcias em caso de
viuvez, para encontrarem-se no céu e. assim. gerarem muitos filhos-
deu.ses para povoar os planetas. É o selamento para a eternidade.

"'E novamente. na verdade Eu te digo. se um homem to-


mar uma esposa conforme a Minha palavra, que é a Minha
lei, e pelo novo e etemo convênio. e for selado pelo Santo
O MORMONISMO 12)

Espírito da promessa, por aquele que é ungido, e que encar-


reguei com esse poder e com as chaves deste sacerdócio; e
lhes/ordito - Surgireis na primeira ressurreição, na próxima
ressurreição; e sefor depois da primeira ressurreição, na pró-
xima ressurreição; e herdareis tronos, reinos, principados, e
poderes, domínios, todas as alturas e profundidades - então
será escrito no Livro de Vida do Cordeiro. que ele não deverá
matar derramando sangue inocente, e se não matarem der-
ramando sangue inocente, ser-lhes-á feito de acordo com to-
das as coisas que o Meu servo lhes falou, nesta vida e por
toda a eternidade: e estará em pleno vigor quando deixarem
este mundo; e passarão pelos anjos e deuses que ali estão, e
entrarão para a sua exaltação e glória em todas as coisas.
conforme selado sobre as suas cabeços, glória que será uma
plenitude e uma continuação dos sementes paro lodo o sem-
pre. Então serão deuses, pois não terão jim: portanto, ~rào

de eternidade em eternidade, porque continuarão: então St>-


rão colocados sobre tudo, porque todas os coisos lhes serão
sujeitas. Então serão deuses. porque lerão lodo o poder. e os
anjos lhes serão sujeitos" (D&C I J2. 19, 20).

o texto aproxima-se da mitologia grega Os mitos gregos e ro-


manos falam de deuses e deusas gerando outros deuses e gover-
nando o universo. O mito de Hércules lembra bem essa doutrina
mormonista. Os deuses da milologia greco-romana são ciumentos
e apresentam vícios humanos, são t.ambém pollgamos. como os de
Joseph Smith. Os dicionários de Mário da Gama Kury. de Pierre Grimal
e o Dicionário Oxford de Literatura Clássica · Grc-ga e #..atina rc:suml"m
a lenda de Hércules, ' Hpadfti; Heraklés. no que se segue
Hércules era o mais famoso dos heróis gregos pela sua extraor
dinária força, coragem, resistência e benevolência No1.1vel também
lH HERESIAS E MODISMOS

pela sua paixão. lascívia e apetites. Filho de Zeus e Alcmene. Rei de


Micenas. Electríon havia dado sua filha Alcmene em casamento a
Anfitrião. Este e Alcmene estavam reíugiados em Tebas por causa
da morte acidental de Electrion. Zeus teria chegado até Alcmene
disfarçado de Anfitrião durante sua ausência. Alcmene deu à luz
aos gêmeos lficlés e Heraclés. Jficlés foi considerado filho de Anfi-
trião, mas seu ilmão Heraclés. como filho de Zeus.
A lenda de Heraclés foi formada a partir de muitas fontes. com
divergências de detalhes. Colonos gregos da Magna Grécia levaram
para Itália a lenda de Heraclés. no qual foi inspirado o Hércules na
religião romana.
O mormonismo está fundamentando em mitos. lendas e fábulas.
Seu credo não está longe de ser um fabulário. A idéia de se povoar
os planetas é demais! Daria bom filme de ficção cientílica.
Jesus. na resposta aos saduceus. desmantela por completo os ar-
tificias e ideologias dos móm1ons. Jesus disse: "Os lilhos deste mun-
do casam-se. e dão-se em casamento" (Lc 20.34). No mundo vindou-
ro, esclareceu Jesus, isto não existe por três razões: a) não podem
mais morrer; b) são iguais aos anjos; c) são filhos da ressurreição (Lc
20.35-36). É por isso que a morte é o fim legal do casamento. ficando
o cônjuge viúvo livre para contrair novo mat1imônio (Rm 72)
O batismo pelos mortos trata-se de um batismo por procuração,
visto que sua crença exige o batismo para a salvação; assim, os
mórmons balizam os entes queridos já falecidos. Eles têm interesse
especial em genealogias para balizar seus antepassados. Costumam
usar a Bíblia fora do seu contexto para substanciar crença de se
batizar pelos mortos.

'Doutra maneira. que farão os que se batizam pelos mor-


tos. se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se
baUzam eles. então. pelos mortos>" r I Co 15.291
O MORMONISMO 125

O tema do capítulo IS é a ressurreição, pois ainda havia confu-


são na igreja de Corinto sobre essa doutrina. O apostolo mostra que
até os de fora, que não conhecem a Cristo, admitem a doutrina da
ressurreição, do contrário, não batizaria pelos mortos. Por isso di-
zemos que a doutrina morrnonista de se batizar pelos mortos não é
cristã. Veja que o apóstolo Paulo usa a terceira pessoa do plural: "os
que se batizam pelos mortos ... Por que se batizam eles. então. pe-
los mortos". o apóstolo não se identifica com esse grupo e nem os
cristãos, para os quais a epístola foi dirigida. A Bíblia ensina-nos a
rejeitar fábulas e genealogias (I Tm 1.4).

CONCLUSÃO

Os fatos apresentados mostram que se trata de um movimento


religioso alienado da Bíblia, com fontes de autoridade calcadas em
fábulas e lendas. o relato de sua origem é muito contraditório e sem
consistência. O conceito sobre Deus é politeísta e muito próximo da
mitologia grega; o Jesus apresentado não é o mesmo revelado no
Novo Testamento. A salvação que pregam. à luz da Bfblia, não é
salvação, e suas práticas são antibíblicas. o mormonismo está. por-
tanto. edificado sobre fundamento falso. O ganhador de almas deve
estar sempre preparado para a evangelização dessas pessoas. eles
precisam conhecer o verdadeiro Jesus ()o 17.3).

Notas
1
TALMAGE. James E '11 GranJt.: AP.,lSldSllJ, I" l4
!H1s10ncol M11guzme-. N<11· Sc.·ric:s. \•oi t4. no S, novcmbrodt' 1870
'Documenldry ll1st1Jf)' o/ l/1<." (l1un:h. 1omo VI. pp 268·270. -IJ2 -ll"
'Ibidem. lomo VI. pp 617. 618
· ALLEN. James O Thc S1ym/k1m~·,• <l.:' /(1SC'f'll Smith_.; 'Frr.or \ b111n 111 Af11m11•t1 f11,111~/ll 01Jl1~UC' A
Journal of Morrnon 1 131 29·45, 1%6
• MCKAY. DavaJ Gospc:/ lút'IJ/S, p SS
SARAVL Fernando D f.I Altinth1nismt1 J/ Jc-s.:u,...tr'r111, f) .U
126 HERESIAS E MODISMOS

•SARA.VI_ Fernado D Op CH .• p 412


""'«
... WIOTSOE. John IDScpll Sntilh ·Sil!'lrk« n\ltll. p '9
... TANNER. Jerakl aru:I Sandra AfOftttOfUsn• ~.. CW' Rcwil•ly". PP '43· '62-d
"Journal oFOiscauDeS. 185'4. vol t ~. PP 6$. 66
0 1 Idem. vo1 10. p 127
IS TANNER.. Jer•kl & 5andra Tanne• Op Cir . ~ ))
.. COWAN. Marv•n W. tas A...'lf'mrOftCS Sus Oc'tCtflftr0$ ~$o ia t..u.z de.· to Btbtta. W· 2'. '22
,,., COWAN. Marvh\ W 0p Cll. PP t6. l 1
'- Balz A SChnelder. voa 1. .:MS
•• VINE.. w E o;caonano E-.poSIVVO. PaldlH'4$ *'
••ROBERTSON.AT ~VCl'bOlesenf!INUc'\~T~~-•omoS.p 4t9
NUt'\'O TCS14lnk"'nfo. Tomo 2, p 2S2

•"" MCELVEEN. Floyd C . A lhl.S6o Af<W't•\Oft. p 6$


... Ibidem. p 63
... SANCHEZ. Aneel. Manual tk n-04lu<Ci6n Ih leroSfl_tict>s Ef:•pn..•s. 2004. 'P 23'
;:.; Heródolo. HiSfóna H. 36
n sANCHEZ, ""Sei. Op Cof.. p 22
.:•SARA.VI. Fernando D Op cu .• p l)6

•• MCELVEEN. Floyd e . °"


u HOWE. E D. Monnon•sm Utt\'dJ/fd. pp. 270-272
CÍI • p $4
,, SMITH IR . Joseph HiSll")' c>f~ Churchr. vol 3. p 232
•~MARTIN, Waller O lmpfjno das Seiros. vol 2. pp l l&, l l9
"Ibidem. p 117.
'"TALMAGE, James. E. Rcrras d~ Fe. p. 221
.u Jouma/ o(01scourses. vol. 1. p. so
"SARAVl.'Femando D Op Cil .. p 34.
"T~c/11"§5 oflhe Prophel Joseph Smrlh. Comp1led by loseph F1elding Sn\ilh. p 370
"Joumal o(Discourses. vol 1. pp 50. 51
-•Ibidem, 'vol. 2. p 82.
"'T/IC' Seer. 159. 172
" SARAVI. Fernando D Op Cll .. p 35.
" WJOTSOE.. IOhn "'11dcnct" and R«onclllaUons. 1960, p 195
"HUNTER. Millon R. T/IC' Gospel Through lhe Ai~. p 107
"' Mormon DocU'lne. p 804
" VOUNC. 8righam Joumal of01scourses. vol 3. p 247
"STRONC. Augustus Hopkins T~logra Srslemauca. vol n. p. 139
"IAS Cc>nll'lbucroncs dr I~ Sm11h. p S Cil..ado por COWAN. Matvin W . Op cu . p \
.. Mormon Oocll'lnc. p 670
"TALMAGE. lames. E R~ras dr f.;. p 104
• CHAFER. Lewis Sperry TcolOflO SJswn6uca. vols ) e 4, p 21
CAPÍTUL04

A REENCARNAÇÃO

.·A doutrina da reencarnação é tdo antiga quanto a humanida·


. de, originária das religiões derivadas do hinduísmo, como o
budismo e o jainismo. Atualmente, é apresentada com roupa·
gem cristã pela Nova Era. movimento pagão e principal
disseminador do reencarnacionismo, é o neopaganismo. Essa
crença não comporia no pensamento bíblico e não há como
inrroduzi-la na teologia cristã, são pontos excludentes.
129 HERESIAS E MODISMOS

1. O NEOPAGANISMO

1. Os gentios. É o retorno do paganismo travestido com nova


capa. o termo "pagão" e seus derivados. no contexto cristão. signi-
ficam o mesmo que "gentio" na Bíblia. Os gentios. goiym, "nações.
gentes", em hebraico. são todas as nações fora do pacto que Deus
fez com Israel. são todos os povos não israelitas. Até a vinda de
Jesus. a humanidade estava dividida entre dois povos: gentios - egíp-
cios, assírios, caldeus. gregos romanos. bárbaros dentre outros e
judeus. os íllhos de Israel. A distinção nunca foi étnica e nem políti-
ca. mas religiosa.
o Senhor Jesus derribou a parede de separação entre judeus e
gentios (Ef 2.13· l 8). formando um novo povo. a Igreja. Hoje, a hu-
manidade está dividida em três grupos: judeu, gentio e igreja ( 1 Co
1O32). Os não-judeus deixam de ser gentios quando se convertem
ao Senhor Jesus: "Vós sabeis que éreis gentios. levados aos ídolos
mudos, conforme éreis guiadoS" (1 Co 12.2); "lembrai-vos de vós.
noutro tempo, éreis genlioS" (Ef 2.11 ). Quem não é judeu e nem
cristão a Bíblia o considera gentio, e "pagão·· é palavra posterior
que passou a ser usada para identificar o gentio bíblico.

2. O_q~e ~ paganism..o? o termo "pagão" vem do latim. paga-


nus. "camponês. aldeão"' ou pagus. "território limitado por marcos.
distrito. aldeia. povoação". 1 O crislianismo expandiu-se pelo vasto
império romano. principalmente. pelos grandes centros urbanos
Durante o período do imperador Constantino. os moradores das
pequenas aldeias rurais distantes. ainda não alcançadas pelo evan-
gelho. eram chamados de "pagãos". até então. sem conotação reli-
giosa. Com o passar do tempo. muitos. tanto das aldeias como das
cidades. preferiram permanecer no seu sistema politeísta de culto.
rejeitando. dessa forma. o cristianismo A partir daí. o lermo ga-
A REENCARNAÇÃO 129

nhou conotação religiosa. Essa gente passou a ser chamada de "pa-


gão". com o mesmo sentido de "gentio" dos tempos blblicos.
As crenças e práticas pagãs são ofensa a Deus. Paganismo. por-
tanto, é o sistema religioso politeísta da antiguidade. cujas práticas
e crenças não se baseiam nem em Cristo e nem na Blblia. Os após-
tolos desbravaram o mundo pagão com a mensagem. com as boas
novas de salvação e. depois deles, a Igreja deu continuidade à pre-
gação do evangelho, despaganizando o mundo.

II. O SIGNIFICADO DA REENCARNAÇÃO

l. Conceito. Reencarnação não é o mesmo que encarnação. A


Bíblia fala da encarnação do Verbo como outra maneira de dizer
que Deus fez-se homem, Jesus Cristo, pois Jesus veio em carne.

"E o verbo sefez carne e habitou entre nós. e vimos a sua


glória. como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de
verdade"' (Jo 1. 14 ).

"E, sem dúvida alguma. grande é o mistério da piedade:


Aquele que se manifestou em carne foi justificado em esplri-
10, visto dos anjos, pregado aos gentios. crido no mundo e
recebido acima, na glória" ( I Tm 3. J6J.

"Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo espirita que


confessa que Jesus Cristo veio em come é de Deus" ( 1 Jo 4. I J.

A reencarnação é uma crença defendida por quase todas as religi-


ões derivadas do hinduísmo. O tenno significa "voltar na e.ame". pois
seus adeptos acreditam em que. na morte fisica. a alma não entra
num estágio final. mas volta ao ciclo de renascimentos. evoluindo ou
130 HERESIAS E MODISMOS

regredindo; outros crêem que a alma pode transmigrar-se para seres


inferiores. como animais. e até. insetos. Os kardecistas rejeitam a
última idéia. Todos os ramos reencamacionistas são uma corrupção
da doutrina da imortalidade da alma. acrescida de invenções.
No hinduísmo. essa doutrina é chamada samsara. termo sânscrito
usado para "passagem por estágios sucessivos" 3 ou. ainda: "Va·
gueação interminável da alma".' A reencarnação é identificada, tam-
bém. por metempsicose. do grego µHEµlj/Ú)(WOLÇ (metempsykhõsis).
"transmigração das almas", 5 e. ainda. por palingenésia. do grego
naÀL yyEvEo[a 1palingenesiaJ, literalmente "gerar novamente". termo
usado pelos estóicos para designar "renascimento do mundo de-
pois do término de um ciclo de vida"º A reencarnação. portanto. é
chamada de samsara. de transmígração da alma, de renascimento.
de palingenésia e de metempsicose

2. No Oriente. O registro mais antigo da crença reencamacionísta


aparece nos Upanishadas. a parte mais importante dos Vedas. escritos
sagrados do hinduísmo. datado de 2000 a.e As reencarnações das
religiões mencionadas acima. na introdução. não são exatamente
iguais. No hinduísmo. o "eu" sobrevive à morte e torna a reencarnar;
no budismo. não existe o "eu". pois não há alma para migrar. não é,
necessariamente. o morto que volta para reencarnar. mas outra pes-
soa. Buda dizia ser a alma uma ilusão que recebeu nome. Os adeptos
da seita Hare Khrishna acreditam em que a alma do morto pode
reencarnar em seres inferiores nos animais. inclusive nos insetos.

3. No Ocidente. Essa crença foi defendida na Grécia antiga pe·


los orfistas. "O mito de Orfeu é um dos mais obscuros e carregados
de simbolismo que a mitologia helênica conhece".' o ornsmo é o
sistema religioso-filosófico atribuido a Orfeu. que se difundiu entre
os séculos VII e VI a e "Baseava-se na crença da imortalidade e
i\ REEllC."i\MNA(All 131

inspirou o culto de mistérios com ritos e regras de t.:ondula aptos il


libertarem a alma das suas sucessivas transmigrações".' O orlismti
rundiu-se depois com o pitagorismo.
Pitágoras. segundo Paul Harvey, ensinou a dol1\rina da tr;111s111i
gração da alma. e ele mesmo tinha a prelensào de suas vidas pils
sadas. encarnações anteriores." Foi difundida. ainda. ptir Emp1\l11-
cles. por Platão. pelos gnósticos, prilicipalmente Baisilit.les. e por
Plotino. 'º Essa doutrina foi difundida, também. em Roma. nata-se
de crença pagã, presente quase em toda a parte. Júlio César fez
menção da reencarnação, na crença dos drúidas:

''.AS almas não perecem, mas após a morte, passam de


uns para outros. Eis porque, indiferentes à morte, eles julgam
que esta concepção deve estimular à virtude"."

OS historiadores afirmam que Sêneca era vegetariano, dieta hindu,


em razão dessa crença pitagórica, sua saúde era frágil, sofria de tisica.

III. SUA INCONSISTtNCIA

1. Sem sustentação bíblica. Essa doutrina nunca conseguiu es-


paço no Oriente Médio. não foi aceita nessa parte do mundo. e cuja
rejeição é mantida, ainda, por judeus. cristãos e muçulmanos. t con-
trária ao pensamento bíblico, pois nega a salvação, o julgamento
final e a ressurreição dos mortos. dentre outros pontos da f~ cristã.
A Biblia ensina ser a morte um caminho sem retorno e que ao
homem está ordenado morrer só uma vez .

..Porém. agora que ~ morto, por q~ jejuaria eu agora>


Poderei eu fazê-la mais voltar? Eu irei a da, port:m da nào
voltará paro mim" (2 Sm IL22J.
1 •2 HERESIAS E MODISMOS

"Porque ~ lembrou de que eram carne, um vento que


possa e nào volta" rsl 78..39J.

"E. como aos homens está ordenado morrerem uma vez,


vindo. depois disso, o juízo" <Hb 9.27).

Esses versículos resumem o pensamento blblico sobre o destino


do homem após a morte e são golpe mortal contra a falsa doutrina
da reencarnação com suas ramificações. Nós vivemos uma vez. e.
depois da morte, segue-se o juízo, nossa alma é um vento sem re-
tomo. Reencarnação. portanto. não existe. O Senhor Jesus Cristo
morreu pelos nossos pecados na cruz do Calvário. nada há mais
que possa salvar o homem. só Jesus. ele é o único Salvador! Ele
mesmo há de julgar os vivos e os mortos.

"Le11ando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados so-


bre o madeiro. para que, mortos para os pecados. pudésse-
mos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados"
(/ Pe2.24).

"E em nenhum outro há salvação, porque também debai-


xo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens,
pelo qual devamos ser salvos" (At 4. J2).

"Porquanto tem determinado um dia em que com justiça


hd de julgar o mundo, por meio do varão que destinou; e disso
deu ceneza a todos, ressuscitando-o dos mortos" (At 17.31).

"Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cris-


t.o, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no
seu Reino" (2 Tm 4. 1).
A REENCARNAÇÃO 1JJ

2. Refutação da patrística. Os pais da Igreja e os teólogos cris-


tãos mais influentes da antiguidade são unânimes quanto a incom-
palibilidade da doutrina da reencarnação com a fé cristã.
Justino, o Mártir, refutou a doutrina da reencanação:

"Portanto. nem as almas vêem a Deus, nem transmigram


para outros corpos. pois dessa forma elas sabetiam que ~e
é o seu castigo e temeriam cometer o mais leve pecado no
corpo sucessivo". 11

lrineu de Lião, nascido por volta de 140 d.e.. em Esmirna, na


atual Turquia, combatendo os gnósticos. refutou, também. a doutri-
na da reencarnação:

"Refutamos a transmigraçào das almas de corpo em cor-


po pelo fato de elas não se lembrarem de nada do passado.
Com efeito, se foram enviadas a este mundo para praticar
todas as ações deveriam lembrar-se daquelas que já fizeram
para completar o que ainda falta e não ter que se envolver
sempre nas mesmas experiências. A união ao corpo não po-
deria apagar totalmente a lembrança do que viram antetior·
mente, quando vêm precisamente por isso .. Não podt'11do
responder a estes argumentos. Platão. este antigo atenicn~,·
que foi o primeiro a adotar esta doutnna .·· /.1

Outros pais da Igreja refutaram a reencarnação, como Tertuliimo,


em De Anima; Jerônimo. em uma de suas epistolas.

IV. SEUS OBJETIVOS

1. Busca da perfeição ou da salvação. Segundo All<1n KJrdt'.'~


134 liERESIAS E MODISMOS

"A tio11tri1111 da reencarnação, que consiste em admitir para


11 /JtJmem muitas existências sucessivas, é a única que

C11m-sponde á idéia da justiça de Deus com respeito aos ho-


mens "''condição moral inferior. a única que pode explicar o
111JSSt1 .fi1lllro e_Jimdamentar as nossas esperanças, pois ofe-

11•n.·-11os o meio de resgatarmos os nossos erros através de


nc11111s provas. A razão assim nos diz, e é o que os Espíritos
nos ensinam".''

os antigos hindus, os gregos, os gnósticos, Plotino e os kardecistas


têm em comum a busca da perfeição por meio de um progresso
evolutivo até que esses ciclos da roda de renascimento parem de
girar. Aqui, a doutrina da encarnação é colocada como "única que
corresponde à idéia da justiça de Deus" no sentido de aperfeiçoar
moralmente o homem. Trata-se de uma crença em que o Senhor
Jesus não faz parte.
Qual a fonte dessa crença? Kardec argumenta ser a razão e o
ensino dos Espíritos. Dos espíritos estranhos manifestos nos mé-
diuns. As doutrinas cristãs, porém, não podem ser fundamentadas
em experiências pessoais, pois os sentimentos humanos caíram com
o homem na queda do tden:

"Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e


perverso; q~em o conhecerá?" Ur 17.9).

Por isso, Deus revelou-se a si mesmo em sua Palavra, a Biblia, a


qual é a fonte da teologia cristã.

2. Explicação para o sofrimento humano. Acreditam, ainda, na


doutrina do carmo, lei que determina o lugar de um individuo na reen-
carnação, ou seja, a pessoa vai colher o que semeou na suposta
A REENCARNAÇÃO 131

encarnação anterior. é o principio hindu de causa e efeito. Os reen-


camacionistas jactam-se de ter a explicação para o fenômeno do sofri-
mento humano. Quem nasce com defeito lisice ou com problema muito
serio de saúde, afirmam ser a lei do canna. A pessoa está pagando o
que íez em outras encarnações. e, assim. ela vai se aperfeiçoando. Por
essa razão, os kardecistas, por exemplo, procuram ser generosos, fun-
dam creches e dão assistência aos necessitados. Reencarnações e boas
obras são. para eles. os meios para a salvação. Nem todos os ramos
reencamacionistas. no entanto. acreditam na garantia da salvação fi-
nal de todos. mas o comum entre eles é que apenas um período de
vida não é suficiente para os seres humanos.

3. Reencarnação e cristianismo. Essas crenças são contrárias


à teologia blblica. pois nelas não há espaço para a doutrina da res-
surreição dos mortos, da redenção pela íé no sacrificio de Jesus no
Calvário. do julgamento divino sobre os infiéis, do iníemo ardente.
Uma oposição à íé cristã, é a doutrina da salvação pelo esforço hu-
mano. pregada pelos muçulmanos. mórrnons, testemunhas de Jeová.
kardecistas e por diversos ramos do espiritismo; também, a doutrina
da segunda oportunidade. defendida, geralmente. pelas seitas.

V. SUAS DISTORÇÕES

1. Criptoamnésia. As vezes. acontece que a pessoa está numa


conversa com outra pela primeira vez ou. simplesmente. encontra-
se num ambiente com ela e tem-se a sensação de já ter visto a tal
pessoa ou já ter tratado do mesmo assunto antes. ou tem-se a im·
pressão de que já esteve nesse ambiente antes Isso é chamado de
déjà vu (francês "já visto") Os reencarnacionistas exploram t':'Sc'
assunto para justilicar sua crença na reencarnação o livro Rc·c1i."n
nação.de Norman L. Geisler e J. Yutaka Amano. explica J wrLIJdt'
1316 HERESIAS E MODISMOS

sobre o tal fenômeno. Os cientistas. porém, afirmam que quando os


dados do ambiente são captados pela visão, às vezes, a informação
para o cérebro demora por um microssegundo, e isso leva a pessoa
a pensar ter vivido aquela cena antes. Eles chamam o déjà vu de
criptoamnésia. 15

2. Distorção bíblica. Há. ainda, os que ostentam a bandeira do


cristianismo sem abrir mão da doutrina reencamacionista. São os
que assassinam a exegese blblica, usando a técnica do sofisma. adap-
tando textos bíblicos às suas crenças.
Os defensores da reencarnação costumam usar passagens bíblicas
para fundamentar suas crenças. principalmente os kardecistas. Eles
rejeitam a Bíblia. mas reconhecem o respeito que o povo. de modo
geral, tem por ela, por isso. quando é possível, usam passagens das
Escrituras, arrancadas violentamente de seu contexto. para dar rou-
pagem bíblica àquilo que acreditam. Com isso. conseguem persuadir
os incautos com sua mensagem. Allan Kardec apelou, também, para
a autoridade da Bíblia. mas fora do contexto:

·o prinápio da reencarnação ressolta, aliás, de muitas pas-


sagens das Escrituras. enconuando-se especialmente formu-
lado. de maneira explícito. no evangelho". ••

Ainda que a interpretação em favor da reencarnação resistisse


ao exame exegético e hermenêutico, seria exagero afirmar sua pre-
sença em "muitas passagens das Escrituras" e, ainda, "de maneira
explicita, no evangelho"; ainda mais. quando ela destoa-se comple-
tamente do pensamento bíblico.

"Entõo. /ó se levantou. e rasgou o seu manto, e rapou o suo


c.abeça. e se lançou em terra. e odorou. e disse: Nu saí do ventre
A llEENCARNAÇÃO 117

de minha mãe e nu tomarei para lá; o SENHOR o deu e o SE·


NHOR o tomou; bendiro seja o nome do SENHOR" (/ô 1.20, 21 J.

OS apologistas da reencarnação vêem nessa passagem blblica


elementos suficientes para fundamentar sua tese. Essa interpreta-
ção, contudo, destoa de todo o pensamento blblico. A palavra
hebraica usada para "ventre" em: "Nu sal do ventre de minha mãe e
nu tomarei para lá" é l~:l (belenJ, "ventre, barriga, abdômen, tripa". ' 7
"O sentido básico desta palavra, de acordo com os cognatos semlti-
cos, é 'interior'; em hebraico, a palavra denota 'o abdômen inferior·
e tem o mesmo sentido nas tábuas de Amama". 11
OS principais expositores do Antigo Testamento afirmam que Jó está
falando do interior da mãe-terra (Matthew Henry, Delitzsch, Adam Clarke.
dentre outros); como bem observou o Dr. Antônio Neves de Mesquita:
''Deve ser uma bela expressão poética, como ventre da mãe-terra. a mãe
que tudo dá",'' a mãe comum da humanidade. O homem foi formado "do
pó da terra" (Gn 2. 7), e para lá tomará: "até que tomes à lena; porque dela
foste tomado, porquanto és pó e m pó te tomarás" (Gn 3.19)
O uso das figuras de linguagem é um recurso lingüislico para
ornar o discurso e chamar a atenção do leitor ou do ouvinte. Mel.a-
fora "consiste na transferência de um termo para uma esfera de
significação que não é a sua. em virtude de uma comparação implí·
cita", 2º ou seja. é o emprego de uma palavra em sentido diferente do
próprio por analogia. Disse o salmista:

"Pois possuíste o meu interior. enUl'teccste me no vmtf('


de minha mãe. Eu te /owarei, porque de um modo terrível ('
Ião maravilhosofuiformado: maravilho5'Js são as tuas obrcJS.
e a minha alma o sabe mu1ro bem Os mc·us ossos niJo I('

foram encoberros. quando no oculto fw formado e en1tettudo


como nas profundezas da te"a" 151 1J9 1J 151
ua HERESIAS E MODISMOS

No v. 13 o salmista diz: "entreteceste-me no ventre de minha mãe".


porém, mais adiante. no v. 15, acrescenta: "quando no oculto fui for-
mado e entretecido como nas profundezas da terra". Veja que ventre
matemo e profundezas da terra são colocados, aqui, lado a lado. Pro-
curar, portanto. dar sustentação bíblica à doutrina da reencarnação
com base nessa passagem. é violar a regra da hermenêutica.

"Assim veio a mim a palavra do SENHOR. dizendo: Antes


que eu te formas2 no verun~. eu te conlied; e. antes que saísses
da madre. te santifiquei e às nações te dei por profeto" (Jr J. 4, 5).

o texto não está afirmando ser Jeremias alguma reencarnação, mas


que Deus sabe de antemão todas as coisas, por ser ele onisciente, pois
anuncia o fim desde o princípio (Is 46.9, 10): "diz o Senhor, que faz
todas estas coisas que são conhecidas desde toda a eternidade" (AI
15.17. 18). Na verdade, certos homens foram escolhidos por Deus an-
tes do seu nascimento, como aconteceu com Saulo de Tarso (GI 1.15);
ou, antes mesmo de serem concebidos no ventre matemo, como
Jeremias. Isso não é sinônimo de reencarnação. Os reencamacionistas
precisam ser mais sensatos na interpretação bíblica.

"E, desde os dias de João Batista até agora. se faz violência


ao Reino dos céus. e pela força se apoderam dele. Porque
todos os profetas e a lei profetizaram até João. E, se quereis
dor crédito, é este o Elias que havia devir' (Mt 11.12-14}.

Há, ainda. outras passagens que vinculam o profeta Elias a João


Batista (Mt 17 .10-13; Me 9.11-13; Lc 1.17).

Sobre a questão de João Batista e Elias, há aparente contradição,


só aparente, pois se a Bíblia apresenta João como sendo Elias: "E. se
A REENCARNAÇÃO 139

quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir"; entretanto. ela
mesma ensina que João Batista afirmou não ser Elias: "E pergunta-
ram-lhe: Então, quem és. pois, És tu Elias? E disse: Nao sou" uo
1.21). As duas passagens são harmônicas, elas não estão afirman-
do e negando o mesmo fato.
A primeira passagem bíblica ensina que João Balista veio na vir·
tude e no espirito de Elias:

"e irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para con-


verter o coração dos pais aosfilhos e os rebeldes, à prudência
dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem
disposto" (Lc 1.17).

Os discípulos queriam saber porque os escribas ensinavam


que Elias viria antes do Messias (Mt 17.10). o ensino baseava-
se numa profecia do Antigo Testamento (MI 4.6). Assim. Jesus
eslava explicando que essa profecia acabava de ser cumprida
em João Batista.
O termo "espírito", muitas vezes, significa, na Bíblia, personali·
dade (Pv 16.18, 19, 32; GI 6.1). A personagem de João era semelhan·
te a de Elias, pois ambos usavam veste de pêlos e cinto de couro:

"E eles lhe disseram: Era um homem vestido de pêlos e


com os lombos cingidos de um dnto de couro. Então, diSM
ele: É Elias, o tisbita" (2 Rs l.BJ.

"E este João tinha a sua veste de pêlos de camelo e um


cinto de couro em tomo de seus lombos e alimentava-se de
gafanhotos e de mel silvestre" (MI J. 4J.

Ambos eram homens do deserlo:


140 HERESIAS E MODISMOS

"E ele se foi ao deserto. caminho de um dia. e veio, e se


as.sentou debaixo de um zimbro; e pediu em seu ânimo a
morte e disse: Já basta. ó SENHOR; toma agora a minha vida,
pois não sou melhor do que meus pais.... E o SENHOR lhe
disse: Vai. volta Fio teu caminho para o deserto de Damas-
co, vem e unge a Hazael rei sobre a Síria" { J Rs J9. 4. 15).

"E o menino crescia. e se robustecia em espírito. e esteve


nos desertos até ao dia em que havia de mostrar-se a Israel"
(l..c l.SOJ.

Ambos eram contundentes em suas palavras e pregaram contra


reis ímpios. Acabe e Herodes:

"E disse Acabe a Elias: Já me achaste, inimigo meu? E ele


disse: Achei-te; porquanto já ce vendeste para fazeres o que é
mau aos olhos do SENHOR. Eis que trarei mal sobre â, e ar-
rancarei a tua posteridade, e arrancarei de Acabe a todo ho-
mem, como também o encerrado e o desamporado em Israel;
efarei a tua casa como a casa de Jeroboâo. filho de Nebate, e
como a casa de Baasa, filho de Aias. por causa da provocação
com que me provocaste efizeste pecar a Israel. E também acerca
de Jezabelfalou o SENHOR dizendo: Os cães comerão Jezabel
junro ao an1emuro de Jezreel. Aquele que de Acabe morrer na
cidade, os cães o comerão, e o que morrer no campo. as aves
do ciu o comerão. Porbn ninguém fora como Acabe. que se
vendera parafazer o que era mau aos olhos do SENHOR. por-
que Jezabel. sua mulher, o indrava. Efez grandes abomina-
ções. seguindo os ídolos, conforme tudo o que fizeram os
amom:us. os quais o SENHOR lançoufora da sua possessão.
de diante dos.filhos de Israel" ( J Rs 21.20-26).
A REENCARNAÇÃO H 1

"Naquele tempo, ouviu Herodes, o tetrarca, a fama de Je-


sus. E disse aos seus criados: Este é João Balista; ressuscitou
dos monos, e, por isso, estas maravilhas operam nele. Porque
Herodes tinha prendido João e tinha-o manietado e encerrado
no cárcere por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe:
porque João lhe dissera: Não te é lícito possuí-la" !Mt J4. J-4).

Não é possível ser João a reencarnação de Elias, pois Elias se-


quer morreu (2 Rs 2.11). João era a pessoa de Elias. como ele mes-
mo afinnou: "Não sou" Uo 1.21). mas, era Elias em espírito.
O curioso no relato da transfiguração de Jesus é de que junto
com Elias apareceu, também, Moisés: "E eis que lhes apareceram
Moisés e Elias, falando com ele" (Mt 17.3); fraseologia similar nas
passagens paralelas (Me 9.4; Lc 9.30). Ora, Moisés morreu e foi se-
pultado (Dt 34 .5-7). no entanto. cerca de 1.400 anos depois. reapa-
rece no monte da Transfiguração. Quanto tempo seria necessário
para um ser humano reencarnar-se? Temos. nisso, outra prova da
falácia da crença reencamacionista.

"jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade. na verdade te digo


que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reinci de
Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer.
sendo velho? Porventura. pode tomar a entrar no l'entre dt•
sua mãe e nascer? Jesus respondeu: Na verdade. na l't:tdacle te
digo que aquele que não nascer da água e do Espírito mio
pode entrar no Reino de Deus. O que é nascido da came t'
carne. e o que é nascido do Espírito é espiri10· (/o J.J· 01

Já vimos que um dos nomes da doutrina da rt'en..:arnaç.io e


o termo grego é nllÃl yywt'oÚl (palingnesull. sigmfü:a
palingenésia.
"novo nascimento. regeneração. renovação";" vem de duas pala
142 llERESll'.S E MODISMOS

vras: "formado de palin. 'de novo' e genesis. ·nascimento'; é usado


acerca da ·regeneração espiritual' (Tl 3.5)".22 Aparece duas vezes no
Novo Testamento grego: "quando, na regeneração, o Filho do Ho-
mem se assentar no trono da sua glória" (Mt 19.28); "segundo a sua
misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renova-
ção do Espirito Santo"' (Tl 3.5).
Em João 3.3, porém, o termo usado é outro: yEvvq0fl ãvw8Ev
(gennethe anõthen). "nascer, ser gerado, de cima. outra vez, de
novo". 23 Novo nascimento rala de nascimento espiritual, de regene-
ração e não reencarnação. Cada renascimento no círculo
reencamacionista seria novo nascimento da carne. não deixaria de
ser carne, mas Jesus falava do nascimento "da água e do Espírito",
enfatizou: "O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do
Espírito é espirito". Logo. não faz sentido introduzir a idéia de reen-
carnação nessa passagem bíblica.

"E. passando Jesus, viu um homem cego de nascença. E


os seus disdpulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi. quem pe-
cou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respon-
deu: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi assim para que
se manifestem nele as obras de Deus" (/o 9. 1-JJ.

Quando os discípulos de Jesus perguntaram-lhe quem havia pe-


cado, se o cego de nascença ou seus pais. a questão não era sobre
reencarnação, pois tal doutrina não conquistou espaço no Oriente
Médio. mas, porque o segundo mandamento do Decálogo registra
que Deus visita a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta
geração daqueles que aborrecem a Deus:

·'Não te encurvarás a elas nem as servirás: porque eu, o


SENHOR. teu Deus, sou Deus zeloso. que visito a maldade
A REENCARNAÇÃO 143

dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles


que me aborrecem• (b 20.5}.

Esse mandamento reaparece em Deuteronômio 5.9. Isso não se


aplica aos cristãos, pois quando alguém se converte a Cristo, deixa
de aborrecer a Deus, tornando-se nova criatura:

"Se alguém está em Cristo. nova criatura é: as coisas ve-


lhas já passaram, eis que tudo se fez novo" 12 Co 5.1 lJ.

A Bíblia ensina que a responsabilidade é pessoal. Havia em Isra-


el um provérbio muito antigo: "OS pais comeram uvas verdes, e os
dentes dos filhos se embotaram" (Ez 18.2), que os hebreus usavam
para lançar a culpa de seus pecados nos antepassados. ·uvas ver-
des" são os pecados e, os "dentes embotados· são a conseqüência
deles. Deus, porém, proibiu esse dito em Israel (Ez 18.2. J). Todo o
capítulo 18 de Ezequiel gira em tomo da responsabilidade individu-
al do homem diante de Deus:

"A alma que pecar. essa morrerá; ofilho não levará a ini·
qüidade do pai, nem o pai levará a iniqüidade dofilho. A jus-
tiça do justo ficará sobre ele e a impiedade do ímpio caira
sobre ele" (Ez 18.20).

A pergunta dos discípulos de Jesus sobre quem teria pecado. o


cego de nascença ou os seus pais, girava em tomo dessa questão e
não da reencarnação. A resposta de Jesus não deixou brecha para
especulações reencamacionist.as. ele explicou

"Nem ele pecou, nem seus pais; mas.foi aSSJm {>(JT" que· 5c'
manifestem nele as obras de Deus" f}o 9 J1
144 HERESIAS E MODISMOS

3. Distorção científica. Muitas pesquisas já foram feitas, e ou-


tras continuam em andamento em busca de fundamentos cientifi-
cas para reencarnação. A ciência já provou o começo e o fim da
vida biológica dos seres humanos. Ela confirma que, na concepção,
começa uma nova vida, um ser humano individual e único, como
descreve a Biblia (SI 139.15. 16; Zc 12.1); mas jamais conseguiu con-
firmar que essa vida existia em corpo anterior. Afirmar que a reen-
carnação é comprovada cientificamente, como fazem os apologistas
dessa crença, é uma distorção da verdade.
O Dr. lan Stevenson, ex-chefe do Departamento de Psiquiatria
da Faculdade de Medicina da Universidade da Virgínia, EUA, reuniu
em suas pesquisas mais de 1.600 casos de tipos de reencarnação,
sendo a maior parte oriunda de áreas onde a maioria acreditava
nessa doutrina, cujas pessoas são culturalmente suscetíveis a essa
crença. Ele mesmo, no entanto, comentou: "Nenhum caso isolado,
nem tão pouco a totalidade dos casos investigados. oíerecem algo
que se pareça com uma prova de reencamação". 1•

VI. SUA POPULARIDADE

1. Aceitação na sociedade. Hoje, o paganismo está de volta


com o aumento do humanismo declarado, do relativismo ético, do
materialismo. do ocultismo e da propagação ostensiva da doutri-
na da reencarnação. Muitas nações ocidentais são mais pagãs do
que cristãs.
Rabi R. Maharaj. indiano, ex-praticante do hinduísmo e autor do
livro Morte de um Guru, publicado em mais de 40 idiomas, vê com
preocupação o avanço do paganismo oriental no Ocidente. Ele cita
um escritor do século passado que afirmava: "Oriente é Oriente e
Ocidente é Ocidente", tal era o abismo entre essas duas culturas.
Hoje. Maharaj lamenta dizendo:
"Hoje mais gente no Ocidente se volta para a religiosidade
indiana do que gente na fndia se converie à fé cristã". 15

Nós, portanto, temos a melhor mensagem. pregamos a verdade


do Deus verdadeiro, pregamos o Cristo previsto pelos proíetas e
cumprido no Novo Testamento. Por que isso acontece' Van Baalem
explica: "As seitas são as contas vencidas da Igreja". A responsabi·
lidade é nossa.
Essa crença vem alcançando uma popularidade nunca vista an-
tes. Já se tornou comum na vida dos que não conhecem a Deus e a
sua Palavra. Políticos de renome. cientistas, empresários, linan-
cistas. artistas e famosas estrelas de Hollywood são, hoje. os prin-
cipais promotores da doutrina. Está nos meios de comunicação,
no esporte, no comércio e na educação. São pessoas inteligentes.
cultas e eruditas. bem sucedidas em seus negócios e atividades.
Isso mostra que a única maneira de o homem proteger-se do erro
é pelo conhecimento da Palavra de Deus (Eí 6.10-18) Sem essa
proteção. todos estão vulneráveis e podem. racilmente. cair no
desvio doutrinário.

2. Razão do seu crescimento. A popularidade é resullado


da tendência humana de procurar escapar do iníerno sem a aju·
da de Deus e sem Jesus. A Bíblia afirma que o "deus deste século
cegou o entendimento dos incrédulos, para que não lhes resplan-
deça a luz do evangelho" (2 Co 4.4). Nessa cegueira espiritual. o
homem está em busca de resposta para seus problemas Nisso.
Satanás diz-lhe que não há mais solução. porque ele esta co·
lhendo o que semeou na suposta encarnação anterior Trata·se
de um incentivo à acomodação. Por isso que a tal crcc"nça wm
ganhando espaço.
146 HERESIAS E MODISMOS

CONCLUSÃO

A igreja local que não desaliar o neopaganismo. que está a sua


volta, corre grande risco de ser sucumbida. o dever do cristão não
consiste apenas em se arastar do paganismo. mas também combatê-
lo, com a pregação do evangelho e com sua forma de vida, como
fizeram os primeiros cristãos.
os adeptos da reencarnação estão preparados para defender suas
crenças em qualquer roro. mas nós estamos com a verdade, e Deus
é conosco. por isso devemos lutar pela salvação deles. Eles são par-
te dos grupos não-alcançados pelo evangelho. Esse desafio é tarera
da Igreja atual, pois Jesus ordenou-nos pregar as boas novas a toda
a criatura (Me 16.15).

Notas
' FARIA. Emeslo, Oiciondrio Escolar Lattno-Porrugues, p. l85.
' Ibidem. p 315.
' SCHL.ESINCER. Hugo e POKTO. Humbeno. Dicionário Enciclopidico das Rdig~. vol. li. p 2.283.
• MATHER, Ceorge A. & NICHOLS. Lary A. Orcionátio de Religióes. c,..,nças" Ocultismo. p. 386
'Llddcll&.Scoll,p 1.119.
•· ABBACNANO. Op ciL. p. 741
' CRJMAL Pierre Dloonálio da Milologia Grqa e Romana. p. l40 .
• SCHUSINGER. Husa. PORTO. Humbetlo. Op. cit, vol. li. p. 1.946.
• HARVEY. Paul Olcionlilio 01l/Ord de U1em1ura Cldssica Grf!!O e U11ina. p. 398
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"BORRAs. Judil TargarON. Drcionano Hebleo·Espaftol. p 101


"HAMIS. R. Laird. ARCHERJR.GlcaSOll l .. WALTKE. Bnlee K.. p 171
•• MESQUITA. All\6nio Neves. EslUdo no LMo d~ Jó. p. 26 .
.. UMA. Rocha GramdDca Nonnalivo da Ungua P'OnUBUOJ. p. so 1
" llillz & SChenei4et, vol li. p. 691.
u VINE. w E . UNCER. Merril F. WHITE JR. William. DiciOl!dno VIII<'. p 9ll .
•.• RIENECKER. FnlZ e ROGERS. Ocon Chavt l.Jnguisuca do Novo Testammro Grqo. p. ·~
.. Citado por GEISLER. Nonnan l • AMANO. l Yul.1ka Op OI .. p S8
" SAUTTER. Gemard 1'kw...,. - A Nava Era à ~uz do E\lallf"lho. p 41
CAPITUL05

AS TESTEMUNHAS
DE JEOVÁ

,,..,/
/1fSófiedQf!,forre de Vigia é a organização das testemunhas
... ____
\de /eaviÚ
. . movimento é hoslil a todos os ramos do crislia-
êujh
.~'

nismo, incluindo os cristãos nominais_ Suas crenças e prálicas


são contrárias ao cristianismo bíblico. que alravessou os sécu-
los, desde a era apostólica. Para simplificar suas crenças. basta
colocar um "não" diante de tudo aquilo que nós cremos
148 HERESIAS E MODISMOS

1. ORIGEM DO MOVIMENTO

1. Charles Taze Russell. Seu rundador. Charles T. Russell, nas-


ceu em 1852, em Pittsburgo, EUA, filho de presbiterianos de linha-
gem escocês-irlandesa. Pertenceu à Igreja Congregacional e por fim
à Adventista. Por volta de 1872, apareceu com um evangelho estra-
nho ao Novo Testamento. Em 1881, é formada a Sociedade Torre de
Vigia. em 1884, ela adquiriu personalidade juridica. Ele registrou
sua organização na Pensilvânia, EUA. Em 1879, começou a publicar
Zion's Watch Tower (Torre de Vigia de Sião). atualmente A Sentinela,
principal rerramenta de divulgação de suas idéias.
Seus seguidores eram conhecidos como Estudantes Internacio-
nais da Biblia. O nome "Testemunha de Jeová" foi dado por
Rutherford no congresso deles em 1931, em Columbus, Ohio, EUA.
A base de sua religião foi a data do retorno de Cristo. Profetizou
a segunda vinda de Cristo para 1914. mas nada de suas falsas profe-
cias cumpriram-se; em seguida, mudou-se a data para 1915.

• ... a 'batalha do grande dia do Deus Todo-poderoso·


(Apoealipse 16:14), a qual terminará no ano de 1914 A.D.
através da destruição completa do atual governo da terra, já
tem sido iniciada".'

Russell colocava seus escritos com a mesma autoridade da Bí-


blia, e seus sucessores não são diferentes. Eles reivindicam autori-
dade igual a dos proíetas e apóstolos da Bíblia. Consideram-se como
único canal de comunicação entre Jeová e o homem.

·os seis tomos de Estudos das Escrituras constituem pra-


ticamente a Bíblia. Não são meramente um comentário acer·
cada Bíblia. mas praticamente a própria Bíblia ___ Não se pode
"S ttSTEMUNH"S DE JEOVÃ 149

descobrir o plano divino estudando a Bfblla. Se alguém colo-


ca de lado os Estudos, mesmo depois de familiarizar-se com
eles. .. e se dirige apenas à Bfblio, dentro de dois anos volta às
irevas. Ao contrário, se lê os Estudos dos Escrituras com as
suas citações, ainda que não tenha lido sequer uma página
da Bíblia, ao cabo de dois anos estará na luz". 1

·As.sim como os profecias b1õlicas apontavam para o Mes-


sias, elas também nos encaminham ao unido corpo de cris-
tãos ungidos, dos Testemunhos de}eov(J, que serve arua/meme
qual escravo fiel e discreto. Este nos ajuda a entender a Pala-
vra de Deus. Todos os que desejam entender a Bfblia devem
reconhecer que o 'grandemente diversificada sabedoria de
Deus' só pode ser conhecida através do canal de comunica-
çào de Jeová, o escravo fiel e discrelo. - João 6.68·. J

Os fatos, porém, por si só, eliminam essas pretensões. Sua pró-


pria história registra que nenhuma dessas profecias cumpriu-se, e
isso é prova que tal movimento é uma organização de falsos profe-
tas. A Bíblia ensina que quando alguém profetiza em nome do Se-
nhor e tal palavra não se cumpre, o tal homem é falso profeta:

"Porém o profeta que presumir soberbamente de falar


alguma palavra em meu nome, que eu lhe não tenho man ·
dado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, o tal
profeta morrerá. E se disseres no teu coração. Como conhe
ceremos a palavra que o SENHOR nào.Jolou> Quando o lal
profetafalar em nome do SENHOR. e tal paf(l\-ra ~ 11ão cum
prir. nem suceder assim, esta é pala11ra qu<' o SENHOR ncJo
falou; com soberba o falou o tal profeta; ndo tC'nlias temo1
dele" (Dt 18.20-22).
150 HERESIAS E MODISMOS

Jesus disse que não compete aos homens saber a data de sua vinda:

"Porém daquele Dia e hora ninguém sabe, nem os anjos


dos céus. nem o Filho. mas unicamente meu Pai" (Ml 24.J6J.
Ver também passagem paralela (Me JJ.J2J.

"Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe,


dizendo: Senhor. restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?
E disse-lhes: Ndo vos pertence saber os tempos ou as esta-
ções que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder" (At 1.6, 7).

2. Joseph Franklin Rutherford. Russell morreu em 1916, e seu


sucessor, Joseph F. Rutherford, foi eleito pela organização em 06/
O1/ 191 7. Com ele o sistema sofreu cerca de 148 mudanças doutri-
nárias. o perlodo em que Rutherford liderou a organização foi o de
maior anarquia. Ele continuou com as mesmas profecias, mas para
1918 e 1920, publicadas no livro The Finished Mystery (O Mistério
Consumado), em 1917. Depois, profetizou o milênio para 1925 num
livro intitulado Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão. publicado
em 1920; em português, em 1923; em seguida, a batalha do
Armagedom para 1942, no livro Filhos, publicado em 1941.

"E à luz das escrituras adma mencionadas, prova que a pri-


mavera de 19 I B venha uazer sobre a cristandade um espasmo
de angústia maior que o experimentou no outono de 1914". •

"As repúblicas desaparecerão no outono de 1920... Todo


governo da terra passará, será tragado pela anarquia''. 5

"Da mesma maneira que os apóstatas de mente carnal


da cristandade, aliando-se com os radicais e revolucionári-
AS TESTEMUNHAS DE JEOVÃ 1S1

os. se regozijam da herança de desolação que virá à cristan-


dade depois de 19 J8. assim fará Deus à organização revo-
lucionária exitosa; esta será completamente desolada. 'Sim.
toda ela'. Nenhum vestígio desta sobreviverá aos estragos
da anarquia mundial completamente embarcadora que virá
no outono de 1920". 6

"Desde que outras escripturas definitiVamente estabelecem


o facto. de que Abrahão. Isaac e Jacob ressucita,.ão e outros
fieis antigos. e que estes seriam os primeimsfavorecidos. po-
demos esperar em J925 a volta desses homensfieis de Israel,
resurgindo da morte e completamente restituído à pelfeição
humana, os quaes serão visíveis e reaes representantes da
nova ordem das cousas na terra... Portanto. podemos segu-
ramente esperar que 1925 marcará a volta às condiçóes de
perfeição humana. de Abrahão, Isaac, Jacó e os antigos
prophetas fieis"_ 1

Nada disso, porém, cumpriu-se, e Rutherford continuou insistin-


do, pregava o Armagedom para aqueles dias. Ele proibiu os casais
terem filhos, por causa do eminente Armagedom. no livro Salvação,
e. até mesmo, os jovens de casarem-se, no livro Filhos.

"Surge, pois o pergunto: Desde que o Senhor esta agora


ajuntando suas ·outras ovelhas·. que hão de fomlar o grande
multidão. devem eles começar a casar agora e ter filhos em
cumprimento do mandato diltino? Não, é a re5posta, apoiada
plenamente pelas Escrituras".·•

''Podemos bem adiar o nosso casomt:nto ate que• a paz


duradoura venha à terra. Agora nada dn'r!mos acn:sa·ntor
1S:it HEltESIAS E MODISMOS

às nossas tarefas. mas estejamos livres e equipados para ser-


vir ao Senhor. Quando a TEOCRACIA estiver completamente
estabelecida não serd dificultoso criarfilhos".•

Raymond Franz, sobrinho do ex-presidente da Sociedade Torre de


Vigia. Frederick w. Franz. foi membro do Corpo Governante durante
nove anos. de 1971 a 1980. Saiu da organização, como disse David A.
Reed num panneto, "por causa de uma crise de consciência".
Raymond Franz diz que estava com 19 anos de idade. no verão
de 1941. e participava de uma assembléia em Saint Louis. Missouri,
quando Rutherford chamou jovens. de cinco a dezoito anos. à fren-
te da tribuna e disse a eles que tirassem "o casamento de suas men-
tes até a volta de Abraão, lsaque. Jacó e de outros homens e mulhe-
res fiéis do passado, que seriam ressuscitados em breve e os orien-
tariam em sua escolha de cônjuges. A cada um deles foi dado um
exemplar gratuito do novo livro intitulado Filhos".'º Ele acrescenta,
na mesma página. o seguinte:

"Uma estranha mistura de agitação e depressão. que aque-


las afirmações geraram em mim. A minha idade. ser confronta-
do com declarações dessa espécie, que. em essência. exigiam de
mim tomar decisão de deixar de lado o interesse pelo casamen-
to para uma ocasião indefinida. tinha um efeito perturbador''. 11

Que Escritura proíbe o casamento? Nenhuma. A Blblia chama de


doutrina de demônios a proibição de casamento:

"Mas o Espírito expressamente diz que. nos últimos tem-


pos. apostararão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos en-
ganadores e a doutrinas de demônios. pela hipocrisia de ho-
mens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria
AS TESTEMUNHAS OE JEOVÃ 113

consciência, proibindo o casamento e ordenando a abstinên-


cia dos manjares que Deus criou para os fiéis e paro os que
conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de
graças" ( 1 Tm 4. l ·3).

A Blblia proíbe gerar filhos em alguma passagem? Absoluta-


mente não, antes o contrário, a família bíblica é conslitulda de pai,
mãe e numerosos filhos. A Escritura, portanto. incentiva e encora-
ja gerar filhos:

E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai. e


multiplicai-vos, e enchei a terra• ... E abençoou Deus o Noé e
a seusfilhos e disse-lhes: frutificai, e multiplicai-vos. e enchei
a terra" (Gn 1.28; 9. 1).

"Quero, pois, que as que são moças se cosem, gerem fi-


lhos, governem a casa e ndo dêem ocasião ao odversdrio de
maldizer" ( 1 Tm 5.14).

3. Nathan Homer Knorr. Foi o terceiro presidente e coincide


com o terceiro período histórico das testemunhas de Jeová Com a
morte de Rutherford, em 1942, N. H. Knorr assumiu a liderança da
organização. Foi eleito presidente em 13/01I1942. Teve o controle
e a habilidade administrativa de Rutherford.
Na sua administração, as obras publicadas pela Torre de Vigia.
que até então traziam o nome dos seus autores. apareceram sob o
copyright da "Walchtower Bíble And Tract Society". que é o 1mprima1ur
das testemunhas de Jeová, sendo que o nome dos au1ores deixou de
aparecer. Ainda. na sua administração. a Torre de Vigia publicou
sua própria tradução da Blblia: n-adução elo Niwo Mundo das Escn111
ras Sagradas. a Bíblia oncial da organi?.ação
154 HERESIAS E MODISMOS

O termo "corpo governante" passou a ser usado, no sentido atual,


pela organização. a partir de 1944. e associado aos sete membros da
diretoria da Sociedade Torre de Vigia. u A partir daí, a diretoria pas-
sou a ser identificada como Corpo Governante. 13 É a maior autorida-
de na terra para as testemunhas de Jeová, pois representa para elas
mais que o papa para os católicos romanos. Reivindica a mesma au-
toridade dos profetas e apóstolos da Bíblia.,. Assim, tomou a posição
de Russell, pois se considerava "o escravo fiel e discreto".

4. Frederick William Franz. Nathan H. Knorr faleceu em 8 de


junho de 1977, e duas semanas depois, em 22 de junho, Frederick
w. Franz foi eleito presidente da organização, aos 83 anos de idade.
Ele foi o teólogo oficial durante a era Knorr.
Ele substituiu o livro A Verdade Que Conduz à Vida Eterna publica-
do em 1968, como manual de ingresso usado pelas testemunhas de
Jeová no discipulado dos novos adeptos. pelo Poderá Viver Para Sem-
pre no Paraisa na Terra, em 1982, e revisado em 1989.
Em 1946. a organização lançou o livro ''.A Verdade vos Tornará
LJ\!res'', nele está a base da profecia do Armagedom para 1975. O
sucessor de Knorr encarregou-se de propagar tal profecia. O que se
falou sobre 1975 foi muito mais do que se escreveu. Muitos vende-
ram propriedades. outros abandonaram estudos e carreira profissi-
onal. Nada aconteceu. Frcderick W. Franz faleceu em 22/ 12/ 1992.

5. Milton G. Henschel. Foi o quinto presidente da organização.


eleito para o cargo em 30/ 1211992. sob sua direção, algumas cren-
ças foram modificadas. como o conceito do serviço militar e a "ge-
ração de 1914". Acreditavam que a Batalha do Armagedom, menci-
onada em Apocalipse 16.14, seria antes que a geração de 1914 de-
saparecesse. Como essa geração está desaparecendo, tiveram o
cuidado de mudar mais uma vez essa doutrina.
AS TESTEMUNHAS DE IEOVA 1&&

Henschcl faleceu em março de 2003. A estrutura orsanizacional


da Sociedade Torre de Vigia sofreu mudança: nenhum presidente
sozinho representa a organização. Don A. Adams 6 o presidente da
Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados da Pensilvânia; Max
H. Larson, da Sociedade Torre de Vigia de Blblias e Tratados de Nova
Iorque; Charles V. Mologan, da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e
Tratados de Nova Jersey; Leonard R. Pearson, da Sociedade Torre de
Vigia de Biblias e Tratados da Flórida.

6. No Brasil. As testemunhas de Jeová começaram no Brasil


em 1920, com oito marinheiros. Sua sede nacional foi em São Paulo
até 1980. Quando foi inaugurado o novo complexo gráfico e admi-
nistrativo, em Cesário Lange, interior de São Paulo, passou para a
nova instalação a sede nacional.

li. SOBRE DEUS E A TRINDADE

1. Seu erro sobre Deus. Jeová não é onipresente e nem onisci-


ente, por isso não pode prever o futuro. O Deus das testemunhas de
Jeová não sabe todas as coisas. Ensinam que Jeová não sabia o re-
sultado da prova de Abraão, em Gn 22.12, 18.20, 21. Os teólogos da
Torre de Vigia explicam:

"Uma pessoa que tem um rádio pode ouvir as noticias


mundiais. Mas o fato de que pode ouvir certa estação não
significa que realmente faça isto. Ela precisa primeiro li
gar o rádio e daí selecionar a eslação. Da mesma forma.
Jeová tem a capacidade de predizer eventos. mas a Bíblia
mostra que ele faz uso seletivo e com discrição dessa ca·
pacidade". ,.
156 llERESIAS E MODISMOS

Acrescentam que o verdadeiro Deus não é onipresente:

·o verdadeiro Deus não é onipresente, porque se fala dele


como tendo /ocalizaç4o·. 1

Essa doutrina está em nagrante contradição com a Bíblia, pois


ensina que Deus está presente em toda a parte, enche todo o uni-
verso e sabe todas as coisas:

"Mos. na verdade, habitaria Deus na terra~ Eis que os céus


e até o céu dos céus te não poderiam conter; quanto menos
esta casa que eu tenho edificado" (1 Rs 8.27).

'Sou eu apenas Deus de ~rto, diz o SENHOR e não tam-


bém Deus de longe? Esconder-se-ia alguém em esconderijos,
de modo que eu não o veja? - diz o SENHOR. Porventura, não
encho eu os céus e a terra? - diz o SENHOR" (fr 23. 23. 24).

"Conta o número das estrelas. chamando-as a todas pelos


seus nomes. Grande é o nosso SENHOR e de grande poder; o
seu entendimento é infinito" (SI J47. 4, 5).

"Falou Daniel e disse: Seja bendito o nome de Deus para


todo o sempre. porque dele é a sabedoria e a força; ele muda
os tanpos e as horas: ele remove os reis e estabelece os reis:
de dó sabedoria aos sábios e ciência aos inteligentes. Ele re-
vela o profundo e o escondido e conhece o que está em tre-
vas: e com ele mora a luz" (Dn 2.20-22).

·ouve tu, então, nos céus, assento da rua habitação, e


perdoa. e faze, e dá a cada um conforme todos os seus comi-
AS TESTEMUNHAS DEJEOVA 157

nhos e segundo vires o seu coração, porque só tu conheces o


coraçdo de todos osfilhos dos homens· ( 1 Rs 8.39J.

Há inúmeras passagens bíblicas que atestam a onisciência e a


onipresença de Deus. mas apresentamos. aqui, apenas uma amos-
tra. pois consideramos suficiente para provar o erro dos teólogos da
Torre de Vigia. É verdade, também, a grande freqüência de passa-
gens na Bíblia que afirmam que Deus habita no céu:

"Ouve, então, nos céus, a$CllfO da tua habilOÇâo" ( 1 Rs


8. 46); "Quem é como o SENHOR. nosso Deus. que habita nas
alturas... Para ti. que habitas nos céus.· (SI 113.5; 123. IJ.

Habitar no céu é expressão que revela a exaltação divina acima


de todas as coisas da terra, isso não faz de Deus um Ser limitado no
tempo e nem no espaço.
A Torre de Vigia nega a doutrina bíblica da Trindade. afirma ora
que somos triteístas. ora que somos unicistas: "A Trindade que con-
siste de três Pessoas, ou deuses, em um só". 17 Segundo sua teologia.
a Trindade é doutrina pagã, desenvolvida por Constantino. impera-
dor romano, no quarto século. Recusa-se a aceitar essa doutrina.
pois ensina que a palavra. "trindade", não aparece na Biblia. trata-
se de uma doutrina incompreensível: "De fato, a palavra 'Trindade·
nem aparece na Bíblia"'". e acrescenta: "justificâ-la com a palavra
'mistério' não satisfaz"."
É necessário deixar claro, aqui, alguns pontos. Triteísmo r a
crença em três deuses. o unicismo, porém, ensina ser o Pai. o
Filho e o Espírito Santo uma só pessoa. Na Trindade. Jesus e
Deus. e, no unicismo. Deus é Jesus. Nós cremos "em um so Deus
eternamente subsistente em três Pessoas. o Pai. o Filho e o Es·
pírito Santo":
161 Hf.RESIAS E MODISMOS

"Portanto, ide. ensinai todas as nações, batizando-as em


nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mt 28.19).

"Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.


E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E
há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que ope-
ra tudo em lodos" (1 Co 12.4-6).

'í'\ graça do Senhor Jesus Clisto. e o amor de Deus, e a


comunhão do E.spín'to santo sejam com vós todos. Amém!"
(2 Co 13.13).

"Há um só corpo e um só Espfrilo, como tambémfostes


chamados em uma só esperança da vossa vocação; um
só Senhor. uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai
de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos"
(Ef 4.4-6).

o Pai. o Filho e o Espírito são co-eternos, iguais em poder, glória


e majestade: um Deus em três Pessoas. A passagem de Efésios 4.4-
6 mostra que Pai é Pai. Filho é Filho e Espírito Santo é Espírito San-
to. como afirma o Credo de Atanásio:

':A fé universal é esta: que adoremos um Deus em trinda-


de. e trindade em unidade; Não confundimos as Pessoas. nem
separamos a subsliincia ... Há, por!Dnto. um Pai, e não três
Pais; um Filho, e não crês Filhos: um Espírito Santo, não três
Espíritos Santos. E nessa trindade não existe primeiro nem
úllimo; maior nem menor. Mas as três Pessoas são coetemas.
são iguais entre si mesmas".
AS TESTEMUNHAS OE JEOVA 199

o nome "Trindade", de fato, não aparece na Blblia, mas termos


como "corpo governante, salão do reino", também não aparecem
na Blblia. "Trindade" é um termo técnico usado por Tertuliano (150-
220 d.C):

"Todos são de um, por unidade de subst8ncia, embora ain-


da esteja oculto o mist~rio da dispensação que distribui a
unidade numa Trindade, colocando em sua ordem os três.
Pai, Filho e E.spírito Santo; três contudo, não em essência,
mos em grou; não em substância, mas em forma. não em
poder. mas em aparência, pois eles são de uma só substância
e de uma só essência e de um poder só, já que é de um só
Deus que esses graus eformos e aspectos são reconhecidos
com o nome de Pai, Filho e Espírito Santo".'"

o texto acima de Tertuliano foi escrito cerca de cem anos antes


do nascimento do imperador Constantino. Logo, a Trindade não pode
ser criação dele. portanto. as acusações da Torre de Vigia são im-
procedentes.
Quem lê o líder mórmon James E. Talmage. em Regras de fr e A
Grande Apostasia, a literatura proselitista islãmica. como A Bíblia. o
Alcorão e a Ciência e a literatura da Torre de Vigia. percebe facilmcn ·
te a semelhança no estilo. na habilidade igual a dos solislas (ver
Apêndice Filosófico). As informações são manipuladas. ajusladas
conforme suas conveniências, conslruindo um caslelo de menliras
e de falsidade, justificando e "provando" algo que não condiz com a
realidade. A doutrina da Trindade jamais foi sus1en1ada simrles·
mente pela palavra "mislério".
A Biblia ensina que exisle um só Deus e que Deus t: um so o Pai
é Deus, o Filho e Deus. e da mesma forma. o Esplrito Sanlo é Deus.
não são três Deuses. mas um só Deus que subsisle em Ires Prssoa!>
É, por essa razão, que afirmamos ser a Trindade um mistério. Se
Deus pudesse ser sondado e esquadrinhado pela mente humana
seria limitado e deixaria de ser Deus:

"Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR. o


Criador dos confins da terra, nem se cansa. nem se fatiga~
Não há esquadrinhação do seu entendimento" (Is 40.28).

·verdadeiramente, tu és o Deus que te ocultas, o Deus de


Israel, o Salvador (Is 45. 15).

'Verdadeiramente, tu és Deus misterioso. ó Deus de Isra-


el, ó salvador" (Is 45.15 - ARAJ.

"Ó profundidade da riqueza. tanto da sabedoria como do


conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus julzos,
e quão inescrutáveis, os seus caminhos!" <Rm J J.JJ).

"E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade:


Aquele que se manifestou em come foi justificado em espíri·
to, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e
recebido acima, na glória" ( J Tm J. 16).

2. Seu erro sobre Jesus Cristo. A organização apresenta-st


como monoteísta. mas contradiz-se quando afirma ser Jesus ape·
nas "um deus" poderoso. e não o Deus Jeová, Todo-poderoso. As-
sim. ela admite seguir a dois deuses, Jesus e Jeová. Seus teólogos
comparam Jesus a Satanás, ensinam que ele é o mesmo Abadom.
"'Destruidor. de Apocalipse 9.11. e, ainda, que só depois do seu ba-
tismo no Jordão tornou-se Cristo:
AS TESTEMUNHAS DE JEOVA 161

'Visto que a Bíblia chama humanos, anjos e até mesmo


Satanás de 'deus [es]', ou poderoso [s/. o superior Jesus no
céu pode corretamente ser chamado de 'deus"'. 11

"'Mas não é Jesus chamado de deus na Bíblia?' poderá


perguntar alguém. Isto é verdade. Contudo, Satanás também
é chamado de deus. (2 Coríntios 4:4r. 22

'1esus, como 'anjo do abismo· e 'Desfruidor', deveras sol-


tará um ai atormentador". 1'

"Isto nos leva a 29 EC, exatamente o ano em que /eOVÓ


ungiu Jesus com espírito santo. Jesus tomou assim ·o Cristo"'."

Comparar Jesus a Satanás é uma afronta ao cristianismo. tal doutri-


na está próxima da crença mórmon, quando afirma que Jesus é irmão
de Satanás. Como fica, pois, o monotelsmo biblico, A Bíblia ensina
que Jesus é Deus, o Deus verdadeiro igual ao Pai. isso já foi discutido
com abundância de provas bíblicas nos capitulos anteriores:

"No principio, era o verbo, e o Verbo estava com Deus. e o


Verbo era Deus ... E o Verbo se fez came e /1abicou entre nós.
e vimos a sua glória. como a glória do Unigênico do Pai. cheio
de graça e de verdade·· (}o I. I. I 4J.

""Por isso. pois. os judeus ainda mais procuravam macti-lo.


porque não só quebrancava o sábado, mas cambém dizi<1 que
Deus era seu próprio Pai. fazendo-~ igual a Deus·· (/o 5 18/

"Eu t= o Pai somos um, Os jucleus Pt!'§'1rant. c-ntdo. outra


vez. em pedras para o ap~rejclrl!m. Responúé'u thc:s Jrsus.
162 HERESIAS E MODISMOS

Tenho-vos mostrado muitos obras boas procedentes de meu


Pai; por qual dessas obras me apedrejais? Os judeus respon-
deram, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra
boa, mas pela blasfêmia, porque, sendo tu homem, te fazes
Deus a ti mesmo" (}o l 0.30-33).

"Disse-lhe Jesus: Estou hd tanto tempo convosco, e não


me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai: e
como dizes CU: Mostra-nos o Pai?" (/o 14.9).

"Aguardando a bem-aventurada esperança e o apareci-


mento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo·
m 2.rJJ.

"Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que


conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do
nosso Deus e Salvador Jesus Cristo" (2 Pe I. I J.

Ensinar que Jesus tomou-se Cristo após receber o Espírito Sanlo.


no rio Jordão. Faz lembrar o adocionismo, fonna do monarquianismo
dinãnimo de Paulo de Samosata, bispo de Antioquia, cujo ensino foi
condenado pelo Sínodo de Antioquia em 268. 25 Ê a doutrina da
ílliação adotiva de Jesus que nega a sua divindade. Segundo o cila·
do bispo de Antioquia, só depois da descida do Espírito santo, no
Jordão, o Senhor Jesus recebeu poder e tornou-se Filho de Deus.

Teodoro de Bizãncio, excomungado pelo bispo de Roma em 190.


ensinava o seguinte:

"Jesus fora um homem nascido da Virgem por vontade do


Pai e linha vivido como os ouuos homens. de modo mais .
AS TESTEMUNHAS DE JEOVA 163

piedoso, pelo que, no batismo do Jordão, a pomba desceu


sobre ele para significar o espfrito divino que ele recebera.
sendo chamado pelo nome de Cristo superior. Só a partir desse
momento Jesus Cristo começou a operar prodfgios".'•

Teodoro de Mopsuéstia, por volta do ano 400. defendeu essa dou-


trina. 21 Depois. o arcebispo Epilando. de Toledo, na Espanha. rea-
pareceu com essa doutrina, mas seu principal expositor foi Félix, bis-
po de Urgel. Essa doutrina foi condenada pelo Si nodo de Frankfurt no
ano de 794. e pelo Sínodo de Roma, em 799,u
A doutrina adocionista e a sua forma adaptada pela Torre de Vi-
gia são contrárias ao ensino bíblico, pois a Blblia ensina que Jesus já
nasceu Cristo:

"Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que


é Cristo, o Senhor· (Lc 2. 11 J.

O Senhor Jesus usou a figura do "ladrão" para identificar o Des-


truidor, que é o diabo:

"O ladrão não vem senão a roubar. a matar e a destruir:


eu vim para que tenham vida e a tenham com abunddncia"
ºº /0.10).

t bom perguntar às testemunhas de Jeová se Jesus é Deus verda-


deiro ou deus falso. A Bíblia ensina que existe apenas um só Deus
verdadeiro:

"E Jesus respondeu-lhe: o primeiro de todos as mand<1met1·


tos é: OUve. Israel. o Senhor, flaSS(> Deus. e o único 5t.T1/1ar
Amarás. pois. ao Senhor. teu Deus. de todo o tc"u comçdo. <'de'
164 HERESIAS E MODISMOS

toda a rua alma. e de todo o teu entendimento, e de todas as


tuasforças; este é o primeiro mandamentoH (Me 12.29. JOJ.

"E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único


Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (}o 17.3).

Outra heresia assombrosa é que a organização acredita que o Je-


sus de Nazaré, que nós pregamos. já não existe mais e que. durante
seu ministério terreno, não passava de um homem perfeito enviado
por Jeová. Nega, também, sua ressurreição corporal:

"O homem terrestre, Jesus de Nazaré, não mais existe. Foi


morto em 33 EC. Mas, por ocasião de seu batismo, três anos
e meio antes. ocorrera uma mudança. Ungido pelo espírito
santo de Deus, Jesus de Nazaré tomou-se Jesus Cristo - o
ungido. o prometido Messias. E, como tal, foi ressuscitado
por Deus para a vida celeste no terceiro dia após sua morte.
Assim. embora, o homem Jesus de Nazaré esteja morto, Jesus
Cristo está vivo". 19

É mais um problema insuperável da organização, pois se não


existe mais o Jesus de Nazaré, como Pedro curou o paralítico nesse
mesmo nome? Disse: "Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levan-
ta-te e anda" (At 3.6).
Os teólogos das testemunhas de Jeová negam terminantemen-
te a ressurreição corporal de Jesus. A organização ensina que ele
não ressuscitou corporalmente e que Deus o materializou para con-
vencer a Tomé, provando ser o próprio Jesus que estava ali diante
dele. Alirma que Jeová criou outra pessoa com as mesmas carac-
teristicas e personalidade de Crislo. O corpo daquele que foi pen-
durado no madeiro desapareceu.
AS TESTEMUNHAS[)[ JEOVA 166

A Torre de Vigia deíende tamanha heresia para adaptar à sua


doutrina, pois não crê que haja ressurreição dos mortos, embora
use com freqüência o termo. Chama tal doutrina de recriação: "Por-
tanto, não é razoável que aquele que criou a vida seja capaz de
recriá-la?". 30 Explica, ainda, que ressurreição é Jeová "colocar de
novo o padrão da mesma personalidade num corpo recém-forma-
do".)' Em outras palavras, ressurreição não é ressurreição!
o verbo grego mais usado para "ressuscitar", no Novo Testamen-
to, é ÊyEÍ.pw (egeiroJ, "despertar. levantar (no sentido intransitivo)
levantar-se, alçar-se", lZ e o segundo mais usado é IÍVLO<TJµL ranistémiJ.
"levantar. levantar-se, ressuscitar".)) O substantivo é áváo-raoLç
tanastasisJ, "ressurreição";l 4 de "ana. acima. e histemi, por em pé".'$
Ressurreição, portanto, significa "levantar dentre os mortos". mas.
para nossa surpresa, a Torre de Vigia redefiniu o termo.
Argumenta. ainda, ser por essa razão que Maria coníundiu Jesus
com o jardineiro em João 20.15. 36 Em outras palavras, Jeová não
teve a capacidade de fazer outro Jesus igual ao primeiro, uma vez
que não pôde ser reconhecido, pois teria falhado na clonagem.
Maria não reconheceu Jesus por duas razões principais: em sua mente.
Jesus estava morto. ela não estava preparada psicologicamente para
encontrá-lo vivo, até sua mente ajustar-se à realidade levaria algumus
[rações de segundo. e. também, porque ainda era escuro Uo 20.11.
Deus garantiu que o corpo do Senhor Jesus Cristo não veria a
corrupção, isto é. não se deterioraria: "Pois não abandonaras a m1
nha alma ao Sheol. nem permitirás que o teu santo veja a corrup-
ção".37 (SI 16.10. TB); essa prorecia cumpriu-se na ressurrciçim Jt:
Jesus (At 2.24-30). portanto, aquele corpo que foi crucilkado njo
pôde ficar na sepultura.
A ressurreição de Cristo não consiste apenas no lato dl' t'lc lor
nar a viver, pois. se assim fosse. não haveria diferença llJs ri::ssur
reições registradas no Antigo Testamento. nem Jesus poderia ser
166 HERESIAS E MODISMOS

considerado "as primlcias dos que dormem" (1 Co 15.20). nem o


"primogênito dentre os mortos" (CI 1.18).
Essa ressurreiçao é a glorificação e a exaltação de Jesus, a vitória
esmagadora sobre Satanás, sobre o pecado, sobre a morte e sobre o
inremo. Ele ressuscitou para nossa justificação, pois, sem a ressur-
reição. não poderíamos ser justificados diante de Deus. Assim. es-
taríamos condenados: "o qual por nossos pecados íoi entregue e
ressuscitou para nossa justificação" (Rm 4.25). A ressurreição cor-
poral de Jesus é um rato insofismável.

"E isso disse ele do Espírito, que haviam de receber os que


nele cressem; porque o Espírito santo ainda não fora dado.
por ainda Jesus não ter sido glorificado# ao 7.39).

"De sone que fomos sepultados com ele pelo batismo na


mone; para que. como Cristo ressuscitou dos mortos pela
glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de
vida" (Rm 6.4).

"E, quando isto que é corruptível se revestir da


incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortali-
dade, então, cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada
foi a mone na vitória. Onde está, ó mone, o teu aguilhão?
Onde está. ó inferno. a tua vitória?" ( 1 Co 15.54, 55).

-E o que vive; fui morto, mas eis aqui estou vhto para todo
o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno•
(Ap 1.18).

Negar essa verdade é continuar no mesmo estado de pecado e


miséria. e o cristianismo não teria sentido:
AS TESTEMUNHAS DE JEOVA 167

"E, se Cristo não ressuscitou, é vd a vossa fé, e ainda


permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormi-
ram em Cristo estão perdidos" ( I Co 15. 17, l BJ.

o mesmo Jesus que nasceu em Belém, habitou cm Nazaré, foi


crucificado em Jerusalém e ressuscitou ao terceiro dia. Em nome
dele. e não de outro. mas do Jesus de Nazaré, que continua vivo, o
paralítico íoi curado (At 3.6). Trata-se de uma ressurreição incon-
testável e corporal:

'Vede os minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo;


tocai-me e vede, pois um espírito não tem come nem ossos.
como vedes que eu tenho" (Lc 24.J9J.

':i\os quais também. depois de ter padecido. se apresentou


vivo, com muitas e infalíveis provas. sendo visto por eles por
espaço de quarenta dias efalando do que respeita ao Reino
de Deus" (At l .JJ.

"Disseram. pois, os judeus: Em quarenta e seis anos. foi


edificado este templo, e tu o levantarás em três dias? Mas ele
falava do templo do seu corpo. Quando. pois. ressuscitou dos
mortos, os seus discípulos lembraram-se de que lhes disscm
isso; e creram na Escrituro e no palavra que /esus linha dilo"
(/O 2.20-22}.

3. Seu erro sobre o Espirito Santo. A Sociedade Torre de Vi·


gia nega a divindade e a personalidade do Espirito santo Ensma
ser o Espírito Santo a força ativa de Jeová. por isso. em sua hteratu·
ra. grafa o nome com letras minúsculas. "espirilo s.1nto.. A orgam·
zação declara o seguinte:
168 HERESIAS E MODISMOS

"Quanto ao 'Espírito Santo". a suposta terceira Pessoa da


Trindade, já vimos que não se trata de uma pessoa. mas da
força ativa de Deus". J1

Os argumentos apresentados nesse mesmo parágrafo, contra a


personalidade do Espírito Santo. baseiam-se em analogias falsas:

·1000. o Balizador. diSM que Jesus batizava com espírito


santo. assim como João batizava em águas. Portanto. assim
como água não é pessoa. tampouco o espírito santo é pes-
soa ... depois da morte e ressurreição de Jesus, quando o espí-
rito santo foi derramado sobre os seguidores deste ... A Bíblia
diz: 'Todos eles ficaram cheios de espírito santo.· (Atos 2:4)
Ficaram eles 'cheios· duma pessoa>".·"

João balizava com água, Jesus batiza no Espírito Santo. água não
é pessoa, logo, o Espírito Santo. também. não pode ser pessoa. Esse
é o primeiro argumento. O segundo: o Espírito Santo foi derramado,
como pode uma pessoa ser derramada? Terceiro argumento, como
pode uma pessoa ser cheia de outra,
Essa comparação, entre batismo no Espírito Santo e batismo nas
águas. é muito pobre. É argumento inconsistente. uma vez que o
batismo nas águas representa imersão nelas, significando nova vida
com Cristo:

"De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na


morte; para que. como Cristo ressuscitou dos mortos pela
glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de
vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele na se-
melhança da sua mor1e, também o seremos na da sua res-
surreição" (Rm 6.4,SJ.
AS TESTEMUNHAS DE JEOVA 169

O batismo no Espirita Santo significa ser alguém revestido dele.


A Blblia afirma que o povo de Israel foi batizado em Moisés. nem
por isso Moisés perdeu a sua personalidade: "e todos foram batizados
em Moisés. na nuvem e no mar" (1 Co t0.2).
O apóstolo Paulo escreveu:

"Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sa-


crifício, e o tempo da minha partida está próximo" (2 Tm 4.6}.

A ARA substituiu "aspersão" por "libação". A Ttadução do Novo


Mundo (TNM) verteu a passagem da seguinte rorma:

"Pois, já estou sendo derramado como oferta de bebida, e


o tempo devido para o meu livramento é eminente".

Agora. perguntamos às testemunhas de Jeová: "Como pode o após-


tolo Paulo, sendo pessoa, ser derramado7 " Elas não ousam negar a
personalidade do apóstolo por causa disso. Trata-se, portanto, de li-
gura de linguagem. certamente responderão. Por que essa "figura de
linguagem" não pode ser, também, aplicada ao Espírito Santo 7
Interessante que os teólogos da Torre de Vigia ensinam ser Sata-
nás uma pessoa:

"Satanás, o Diabo, é uma pessoa real... Tanto Deus com()


o Diabo são pessoas espirituais" "'

Observe que a própria TNM registra, em Lucas 22 .3. o segu1n1~·­


"Mas Satanás entrou em Judas, o chamado lscariotes". Tornamos a
perguntar às testemunhas de Jeová: "Como pode uma pessoa enirar
em outra 7 " Elas estão equivocadas, personalidade não e sinónimo
de corporeidade. A Bíblia ensina várias vezes sobre a personahdadc:
1 70 HERESIAS E MODISMOS

de Deus. ele tem voz e forma: ºVós nunca ouvistes a sua voz. nem
vistes o seu parecer" Oo 5.37) e também de outros atributos pesso-
ais que a própria Torre de Vigia reconhece. entretanto a Bíblia de-
clara "Deus é Espírito" Oo 4.24).
O fato de alguém estar cheio do Espírito Santo, ou revestido dele.
não quer dizer que ele seja impessoal. Para esses mesmos argumen-
tos da Torre de Vigia. nós temos a resposta com outra pergunta: "Como
pode ser Jesus uma pessoa e ser alguém morada dele?" Disse Jesus:

'Se alguém me ama. guardará a minha palavra, e meu Pai


o amará, e viremos para ele efaremos nele morada" Oo 14.23}.

O apóstolo Paulo escreveu:

"Meus filhinhos. por quem de novo sinto as dores de par-


to. até que Cristo sejafonnado em vós" (GI 4.19).

Como pode Jesus ser formado em alguém sendo uma pessoa? Paulo
afirmava: "Cristo vive em mim" (GI 2 .20). Como a Torre de Vigia expli-
ca tudo isso? Nega, também. a personalidade do Senhor Jesus Cristo
por causa disso? Claro que não. Por que, pois, negam a personalida-
de do Esplrito Santo. utilizando-se do mesmo argumento?
Os teólogos da organização alegam. ainda, que o fato de o Espí-
rito Santo falar. ensinar, dar testemunhos. ouvir. etc., não prova ter
ele personalidade. mas que se trata apenas de figura de linguagem."
Justifica esse raciocínio, com meias verdades:

"Similarmente. em 1João 5. 6-8 (8UIJ ndo apenas o espíri-


to mas também ·a água e o sangue· são mencionados como
sendo 'testemunhas'. Mas, a água e o sangue obviamente ndo
são pessoas. e lllmpouco o espírito santo é uma pessoa·. 41
AS TESTEMUNHAS DE IECN'A. t '1 t

o texto blblico citado ensina: "E tres são os que testificam na


terra: o Esplrito. e a água e o sangue" (t Jo 5.8). Trata-se de argu-
mento falso. O texto, aqui. é reiteração do verslculo 6, pois a água é
o batismo e a unção de Jesus Cristo. O sangue é o sangue expiador,
que ele derramou na cruz. Estes dois elementos são provas da obra
que Jesus realizou, sendo também o Espírito santo uma testemu-
nha viva dessas coisas, tanto naquele tempo quanto agora.
Igualar o Espírito Santo à água e ao sangue, fazendo disso um meio
para "provar', na Bíblia, que ele é impessoal. é urna camisa-de-força.
Em nenhum lugar das Escrituras encontramos serem água e sangue
pessoas, e, não obstante, encontramos em toda a Bíblia provas
irrefutáveis da sua personalidade. pelas suas características pessoais.
O Espírito Santo ensina:

"Mas aquele Consolador, o Espírito santo. que o Pai envi-


ará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará
lembrar de tudo quanto vos tenho dito" (}o I 4.26).

o Espírito Santo fala:

"E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espirilo


Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os
tenho chamado" (At J3.2).

O Espírito Santo guia:

"Porque todos os que são guiados pelo Espírilo de Deus.


esses são filhos de Deus" (Rm 8. 14).

"Mas, se sois guiados pelo Espinlo, não estais cld>mxo da


lei" (GI 5. 18).
172 HERESIAS E MODISMOS

o Espírito santo clama:

"E, porque soisfilhos. Deus enviou aos nossos corações o


Espirita de seu Filho. que clama. Aba, Pai" (GI 4.6).

O Espírito Santo convence:

'Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que eu vd.


porque, se eu não for. o Consolador não virá a vós: mas. se eu
for, enviar-vo-/o-ei. E. quando ele vier, convencerá o mundo
do pecado. e da justiça. e do julzo" ao 16. 7. 8).

o Espírito Santo regenera:

"Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas,


segundo a sua misericórdia. nos salvou pela lavagem da re-
generação e da renovação do Espírito Santo" (TI J.5).

O Espírito Santo testifica:

"Mas, quando vier o Consolador, que eu da parle do Pai


vos hei de enviar, aquele Espírito da verdade, que procede do
Pai, testificará de mim" (Jo 15.26).

O Espirita Santo escolhe obreiros:

"Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o


Espírito Santo vos constituiu bispos. para apascentardes a igre-
ja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue· (AI
20.28).
AS TESTDIUNHAS DE JEOV Ã 173

o Espirita Santo julga:

"Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não


vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessá-
rias" (AI 15.28).

O Espírito Santo envia missionários:

"E assim est~. enviados pelo Espírito Santo, desceram a


~lêuda e dali navegaram para Chipre" (AI IJ.4}.

o Espírito Santo convida:

"E o Espírito e a esposa dizem: Vem! E quem ouve diga:


Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça
da água da vida" (Ap 22. 17).

O Espírito Santo intercede:

"E da mesma maneira também o E.splrito ajuda as nossas


fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como
convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemi·
dos inexprimíveis" (Rm 8.26).

o Espírito Santo impede:

"E, passando pela Frigia e pela província da Galcicia. Jó·


ram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra n11
Asia. E, quando chegaram a Mísia, intentavam ir parcJ B11in1e1.
mas o Espírito de Jesus não lho permitiu" (AI lti 6. 1)
174 HERESIAS E MOOISMOS

o Espírito Santo entristece-se:

"E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais


selados para o Dia da redençdo" (Ef 4.30).

O Espírito santo contende:

"Então, disse o SENHOR: Não contenderá o meu Espírito


para sempre com o homem, porque ele também é carne; po-
rém os seus dias serão cento e vinte anos" (Gn 6.3).

o Espírito Santo é o Deus verdadeiro, pois iguala-se ao Pai


e ao Filho. tendo também nome. O Senhor Jesus determinou
que os seus discípulos batizassem "em nome do Pai, e do Fi-
lho, e do Espírito Santo" (Mt 28.19). o que seria absurdo se ele
não fosse pessoa.
Jesus prometeu dar aos seus discípulos "outro Consolador" Uo
14.16). Os tennos gregos para "outro" são iíH.oç (a/los) e tnpO\
(heteros). A palavra "outro", aqui. no original grego. significa "ou-
tro", de mesma natureza, da mesma espécie e da mesma qualidade.
Segundo A. T. Robertson: "Outro da mesma classe (al/on, não
heteronr.º Afinna também Vine:

"A/los (riÃ.Àor;) e heteros (Étepor;J têm diferença de sig-


nificado. a qual. apesar de tendência de ser perdida, deve
ser observada em numerosas passagens. O termo allos ex-
pressa uma diferença numérica e denota ·outro do mesmo
tipo'; e o termo heteros expressa uma diferença qualitativa
e denota ·outro de tipo diferente'. Cristo prometeu enviar
'outro Consolador· - allos. 'outro como ele', e não heteros
Uo 14.16)"."
AS TESTEMUNHAS DE JEOVA 175

Se o Espírito Santo fosse uma rorça ativa, impessoal, a palavra


correta para "outro" seria heteros e não ai/os.
Também, é bom não perder de vista a palavra "Consolador",
que no grego é na:pá.KÃ.fl'tOç (parakletos}: "deíensor, advogado,
intercessor, auxiliador".º A idéia é de "alguém chamado para au-
xiliar", um "advogado". Essa mesma palavra aparece em 1 João
2 1. com o sentido de advogado:

"Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não


pequeis: e, se alguém pecar, temos um advogado para com o
Pai, Jesus Cristo, o justo" ( 1 /o 2.1 ).

Em outras palavras, Jesus dizia aos seus discípulos que estava


voltando para o Paí. mas que continuaria cuidando da igreja, pelo
seu Espírito Santo, seu Parakletos. um como ele, que teria o mesmo
poder para preservar o seu povo.
Em Atos 5.3, 4, o Espírito Santo é chamado nominalmente de
Deus. Pedro perguntou a Ananias:

"Porque encheu Satanás o teu coração. para que menôs-


ses ao Espírito Santo, e retivesses pane do pr~o do herdade'
Guardando-a não ficava para te E. vendida. não estal'a em
teu poder? Por que formaste este designio em teu coraç,io'
Não mentiste aos homens, mas a Deus" (At 5.J. 4J.

Observe que Deus e o Espírito Santo, aqui. são uma mesma di-
vindade. Primeiro. o apóstolo diz que Ananias menliu ao Espírito
santo; depois. o mesmo Espírito é chamado de Deus Isso acontece
também em 2 Samuel 23.2, 3:

·o Espírito do Senhor.falou por mm1. t' 11 sua pol111:r11 <'SI<'


176 HERESIAS E MODISMOS

veem minha boca. Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a


mim me falou ...

Vejamos agora alguns atributos da divindade do Espírito San-


to, revelados na Blblia. Atributos de Deus "são as características
distintivas da natureza divina inseparáveis da idéia de Deus e que
constituem a base e apoio das suas várias manifestações às suas
criaturas". 46
A Bíblia ensina que o Espirita Santo é onipotente, isto é, o Todo-
poderoso:

"E respondeu e me falou, dizendo. Esta é a palavra do


SENHOR a Zorobabel, dizendo: Não por força, nem por vio-
lência, mas pelo meu E.spírito, diz o SENHOR dos Exércitos"
(Zc 4.6).

"E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espí-


rito Santo, e a virtude do Aldssimo te cobrirá com a sua som-
bra; pelo que também o Sanro, que de ti há de nascer, será
chamado Filho de Deus" (Lc J.JSJ.

"Pelo poder dos sinais e prodígios. na virtude do Espíri-


to de Deus; de maneira que. desde Jerusalém e arredores
até ao llírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo"
(Rm JS 19).

O Espírito Santo é onipresente. A onipresença é o poder de estar


em todos os lugares ao mesmo tempo:

"Para onde me irei do teu E.spírito ou para ondefugirei da


tua face> Se subir ao céu. tu aí estás; sefizer no seol a minha
ASTESTEMUNHASDEJEOVÃ 117

cama. eis que tu ali estás também; se 1omar as asas da alva,


se habitar nas extremidades do mar. até ali a tua mão me
guiard e a tua destra me suSlerá· (SI I J9. 7-IOJ.

o Espirito Santo é onisciente. A onisciência é outro atributo que


só Deus possui, e, no entanto, a Biblia revela a onisciência na pes-
soa do Espirita Santo;

"Mas Deus no-las revelou pelo seu Esplrito; porque o


Espírito penetra todas as coisas. ainda as profundezas de
Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem.
senão o espírito do homem, que nele está' Assim também
ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus"
(/ Co 2.10, //).

O Espírito Santo é eterno. A eternidade é um atributo exclusivo


da divindade e significa que não tem começo e nem fim. nem suces-
são de tempo.

"Quanco mais o sangue de Cristo, que. pelo Espírito eter-


no, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus. purificará o
vossa consciência das obras mortas. para sen•irdes ao Deus
vivo"" (Hb 9. 14).

O Espírito Santo é o Criador. Criou o universo e. lambém. o ho·


mem:

"Pelo seu Espírito ornou os céus. "sua mãoJorm.•11 <1 :;,.-r


pence enroscadiça... O Espirlco de Dt>us me /i:L. e a in.sp11<1(J"
do Todo-Poderoso me deu 1•ida. ·· Oó 26 /3. JJ ~ 1
118 HERESIAS E MODISMOS

III. SOBRE O HOMEM E SEU DESTINO

I . Seu erro sobre a alma. O conceito de alma das testemu-


nhas de Jeová está, também, fora das Escrituras Sagradas. Seus te-
ólogos consideram-na como "a pessoa. o animal ou a vida que a
pessoa ou o animal usuflui''. 47 Mais adiante. na mesma página, alir-
ma que a alma, como substância incorpórea e invisível, imortal, é
doutrina pagã; depois, continua dizendo que o termo. tanto no
hebraico como no grego, refere-se "àquilo que é material. tangível,
visível e mortal".
como os adventistas do sétimo dia, a organização também nega
a sobrevivência da alma à morte. Os adeptos da Torre de Vigia acre-
ditam que tudo termina na morte. Declaram estar em estado de in-
consciência todos os mortos, bons e ruins. Apenas as pessoas bon-
dosas serão ressuscitadas por Jeová.
São crenças inadequadas ao cristianismo. A palavra hebraica para
"alma" é ;çi (nepheshJ e aparece 754 vezes no Antigo Testamento.
e, na llngua grega, a palavra é ljrux~ (psycheJ e aparece mais de 100
vezes no Novo Testamento grego.
O espírito é uma entidade distinta da alma que, às vezes, con-
funde-se com ela:

"E o pó volte à terra, como o era. e o espírito volte a Deus.


queodeu"(Ec 12.7).

Temos, aqui, um bom exemplo. A passagem, obviamente, fala


da morte dos justos, pois o espírito também peca:

"Ora. amados. pois que temos tais promessas. purifi-


quemo-nos de toda imundida da come e do espírito. apeifei-
çoando a sanrijicação no temor de Deus" (2 Co 7. 1J.
AS TESTEMUNHAS DE JEOVÃ 179

O"espírito", aqui, diz respeito ao homem interior, englobando a alma.


Em razão de passagens como essa, teólogos defendem a dicotomia.
Há teólogos e estudiosos que afirmam ser o homem dicótomo.
isto é, com natureza constitulda de duas partes (corpo e alma). sen-
do alma e espírito a mesma coisa. A Biblia, porém, mostra clara-
mente que o homem é tricótomo:

"E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o


vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conserva-
dos irrepreensíveis para a vínda de nosso Senhor Jesus Cris-
to" ( 1 Ts 523).

"Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais pene·


trante do que espada alguma de dois gumes. e penetra até
à divisão do alma e do espírito, das juntas e medulas. e é
apta para discernir os pensamentos e intenções do cora-
ção" (Hb 4. 12).

Encontramos os três elementos: alma, espírito e as juntas e me-


dulas que representam o corpo. Esses três elementos aparecem tam-
bém, distintivamente, em 1Tessalonicenses 5.23. Corpo. alma e es-
pírito aparecem. aqui. como elementos distintos. Então. o homem
não pode ser dicótomo. mas isso não é questão de vida ou mone
A Bíblia aplica o termo "alma" com significado muilo amplo. ve-
jamos alguns.

Alma como pessoa em si mesma:

"E formou o SENHOR Deus o homem do ,,.., Ja terrJ e


soprou em seus narizes ojõlego da vida. e o /Jonlt'tn fi•1 fc'lli>
alma vivente" (Gn 2. 7J.
110 HERESIAS E MODISMOS

A expressão "alma vivente", aqui. significa ser o homem possui-


dor de vida, como são os animais, que de igual modo são chamados
de "almas viventes" (Gn 1.20, 24, 30). Não é, por isso. correto dizer
que o homem e o animal são uma mesma coisa, diferindo apenas
no rato de ser o homem racional.
O fato de o homem e os animais serem chamados de "almas
viventes" é simplesmente porque ambas as espécies têm vida. As-
sim. "como nem toda carne é uma mesma carne. mas uma é a car-
ne dos homens. e outra a carne dos animais. outra a dos peixes, e
outra a das aves" ( 1 Co 15.39); da mesma maneira. nem toda a alma
é a mesma alma. Uma é a dos homens. e outra. a dos animais. É,
pois, errado dizer que o homem tem o mesmo destino dos animais.
na sua morte. tal ensino contradiz frontalmente a Blblia.
Logo. na criação. percebe-se a grande diferença entre o homem
e os brutos. Há barreira intransponivel entre os racionais e os irraci-
onais. Os animais não foram criados à imagem e semelhança de
Deus. Não receberam o sopro divino em suas narinas, como o ho-
mem, nem roram dotados de moral, razão e espiritualidade:

"Na verdade, há um espírito no homem, e a inspiração do


Todo-poderoso os faz entendidos" (]ó 32. BJ

Os animais não têm inteligência, são regidos por instintos, fato


que revela a sabedoria do Criador, mas o homem recebeu o sopro
do Todo-poderoso. e isso o faz inteligente.
Só o homem desenvolveu a arte e a tecnologia, sendo capaz de
mudar o seu meio ambiente. Se está com frio, pode acender um
fogo e aquecer-se, enquanto o animal precisa ajustar-se ao seu
habilat. A expressão "almas viventes" é aplicada tanto ao homem
quanto aos animais, como já foi explicado, simplesmente pelo fato
de ambos terem vida. mas há diferença no tipo de alma que o ho-
AS TESTEMUNHAS DE JEOVA 111

mem é. o homem foi feito um pouco menor do que os anjos. e Deus


o coroou de honra e de glória:

"Que é o homem mortal para que le lembres dele> Eofilho


do homem. para que o visites? Contudo, pouco menor o.fizeste
do que os anjos e de glória e de honra o coroaste" (SI 8. 4. SJ.

Então, não é de admirar que a Biblia o chame de alma. Trata-se


de figura de linguagem. É uma sinédoque de parte pelo todo. o inte-
rior do homem para representá-lo como um todo.
Há inúmeras passagens na Bíblia que apontam a alma como o
próprio ser humano, como pessoa em si mesma:

"Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai.


também a alma do filho é minha: a alma que pecar. essa
morrerá" (Ez 18.4).

'Todas as almas, pois, que descenderam de Jacó foram


setenta almas; José, porém, estava no Egito" rE:x l. SJ

O termo "alma", nas duas passagens, diz respeito à "pessoa" em


si mesma. A expressão: "toda a alma que pecar essa morrerá" i.•
referente ao indivíduo. Aqui e em muitas passagens das Escrituras.
a palavra "alma" significa o próprio homem, mas nem sempre isso
acontece. Quando um texto bíblico diz: "E era um o coração e a
alma da multidão dos que criam" (At 4.32), não dá para dizer que a
"alma" é o próprio indivíduo ou o sangue. Então. cada caso e um
caso. O contexto é que determina o signiílcado da palavra ··alma"

Alma como sangue. A alma é apresentada muitas vezes na Bi-


blia como sangue.
182 HERESIAS E MODISMOS

"Porquanto é a alma de toda a carne; o seu sangue é


pela sua alma; por isso, tenho dito aos filhos de Israel: Não
comereis o sangue de nenhuma come, porque a alma de
toda a carne é o seu sangue; qualquer que o comer será
extirpado" (Lv 17. J 4)

Essa é uma das passagens bíblicas em que alma tem o significa-


do de sangue. Esta identificação ocorre porque ele é essencial à
vida, "pois o sangue é a vida" (Dt 12.23). ou seja. nele está a vida.~.
por isso, freqüentemente chamado de alma, e não por ser a alma
em si mesma sangue.
Não é, portanto. correto afirmar ou dogmatizar. Jesus disse:
"a minha alma está cheia de tristeza até à morte" (Mt 26.38). Subs-
titua a "alma", aqui, por "sangue" e veja o absurdo, portanto. não
é questão de sinônimo. Não dá para substituir alma por sangue,
pessoa, vida. mas ela é tudo isso. Depende unicamente do con-
texto bíblico.

Alma como expressão psíquica. A palavra "alma" ocorre, tam-


bém, diversas vezes nas Escrituras. aplicada a vários estados de
consciência do indivíduo. Como sede do apetite físico:

-E o povofalou contra Deus e contra Moisés: Por que nos


.fizestes subir do Egito, para que morrêssemos neste deseno?
Pois, aqui, nem pão nem água há; e a nossa alma tem fastio
deste pilo tão vil" (Nm 21. 5J.

"Quando o SENHOR. teu Deus, dilaliJr os teus termos como


te disse, e disseres: comerei carne, porquanto a rua alma tem
desejo de comer carne; conforme todo desejo da rua alma,
comerás come" <Dt 12.20).
AS TESTEMUNHAS OE JEOVA IH

"Não é, pois, bom para o homem que coma e beba e que


faça gozar a sua alma do bem do seu trabalho? Isso também
eu vi que vem da mão de Deus" (Ec 2.24).

o fastio do indivíduo é oriundo da alma, o desejo é proveniente


dela, do homem interior, e manifesto pelo corpo.
É da alma que provêm as emoções e as angústias do ser humano:

"Porventura, não chorei sobre aquele que estava aflito,


ou não se angusâou a minha alma pelo necessitado?" (}ó
30.25}.

Deus manifesta-se como alma, ela aborrece e abomina o pecado


do povo:

"As vossas Festas da Lua Nova, e as vossas solenidades. os


aborrece a minha alma; já me são pesadas; jd estou cansado
de as sofrer" (Is I. I 4J.

É também a fonte de alegria e de amor:

"Alegra a alma do teu servo. pois a ti Senhor. levanto a


minha alma" (SI 86. 4).

"Dize-me, ó tu, a quem ama a minha alma: onde apas-


centas o teu rebanho, onde o recolhõ pelo meio-dia. pms
por que razão seria eu como o que erra ao pé dos rebdnhos
de teus companheiros'" <Ct I. 7J

A alma está associada à vontade e à ação moral. A vontade es1a


ligada ao desejo da alma:
184 HERESIAS E MODISMOS

"Então, dali. buscarás ao SENHOR, teu Deus, e o acharás,


quando o buscares de codo o ceu coração e de toda a tua
alma" (Dt 4.291

A alma está ligada à ação moral do indivíduo:

"Pelo que a minha alma escolheria, antes. a estrangulação;


e, antes, a morte do que estes meus ossos" (Jó 7.15}.

"No seu secreto conselho, não entre minha alma; com a


sua congregação. minha glória não se ajunte; porque, no
seufuror. mataram varões e, na sua teima, arrebataram bois"
(Gn 49.6).

Alma como vida.


Os teólogos da Torre de Vigia ensinam que o homem tomou-se
"alma vivente" só quando Deus soprou em suas narinas o fôlego da
vida C'~l'.I ri~~l (nishmat chayimJ- em hebraico (Gn 2.7); mas não é
isto que o texto bíblico está afirmando. o texto sagrado mostra que
Deus íormou o homem e soprou em suas narinas. dessa forma. re-
cebeu vida. o fôlego ou sopro de vida. Então, o homem. já formado
e tendo dentro dele a alma. passou a ser "alma vivente".
O espírito que veio de Deus animou o corpo, dando-lhe vida. É
por essa razão que a alma aparece nas Escrituras, significando a
vida do indivíduo.

"Que está na sua mão a alma de tudo quanto vive, e o


espírito de toda came humana?" (}ó 12. IOJ.

Temos. aqui, um paralelismo. A segunda parte é repetição da


primeira. mas em outras palavras. restringindo-se. pelo que pa-
AS TESTEMUNHAS OE IEOVÃ 185

rece, ae· homem. Aqui. a alma é substituída pelo espírito, como


algo que·esrá dentro do ser vivo e que anima o corpo. Ao sair o
espírito, o corpo fica inerte, morre_ Por essa razão encontramos
em várias partes das Escrituras a alma significando vida. Tanto a
palavra hebraica !'1l., (ruach), na maioria das vezes, com o senlido
de "espirito", como a palavra :'IQ!lll (n'shamaJ. podem ser usadas
como "vida".
Alma é elemento invisivel e imaterial, que sobrevive à morte. É
substância incorpórea do homem, inseparável do espfrito. embora
distinta dele, formada por Deus dentro do ser humano, consciente.
mesmo fora do corpo. É a sede das emoções. desejos e paixões.
cuja comunicação com o mundo exterior é manifesta por meio do
corpo. É por ela que o homem sente, goza e sofre tudo através dos
órgãos sensoriais. t algo inerente ao ser humano. é o centro de
sua vida afetiva, volitiva e moral. É ela que presta conta a Deus
dos atos humanos.

"Então. se mediu sobre o menino três vezes. e clamou ao


SENHOR. e disse.· ó SENHOR, meu Deus, rogo-1e que 1ome a
alma deste menino a entrar nele" ( 1 Rs I 7.2 I J.

O profeta Elias, ao ressuscitar o filho da viúva. orou a Deus pe-


dindo-lhe que a alma do menino voltasse e entrasse nele. Por que
Elias assim o fez? Porque a alma tinha partido dele. na sua morte
Não existe outra explicação mais coerente. e Deus atendeu a ora-
ção do profeta. O texto sagrado registra: "e a alma do menino tor·
nou a entrar nele. e reviveu" (v.22).

"E não temais os que matam o corpo e lliÍ(I fJl"l<'m m.11.1r


a alma; temei, an/es. aquele que pode fazer per<ú'r n1 • infi:r
no a alma e o corpo" (MI 10281
186 HERESIAS E MODISMOS

Jesus, aqui, está mostrando que não devemos temer os inimigos,


porque o máximo que eles podem fazer é matar-nos, isto é, matar o
corpo, nada mais podendo fazer com a alma. Antes, devemos te-
mer a Deus, pois ele pode não só matar o corpo, como pode tam-
bém fazer perecer no inferno não só o corpo mas também a alma, o
que mostra a sobrevivência dela à morte.
Interessante que a organização das testemunhas de Jeová serve-
se deste texto para negar a existência da alma. o verbo grego usado
para "perecer" é ci11ó.Uu1u (apol/ymi), "destruir, perder, acabar-se,
perecer, perder-se"." A ARC traz "perecer no inferno", e a TNM, "des-
truir na Geena''. Está claro que ambas as traduções não transmitem
a mesma mensagem (excluindo a questão de inferno e Geena, fora
de discussão aqui). o que Jesus estava dizendo com essa declara-
ção' Temos, pelo menos, dois modos de saber: semãntico e contex-
to bíblico. o Dicionário Vine registra:

''.A idéia não é de extinção, mas de ruína. perda, não de


ser, mas de bem-estar. Isto está claro pelo uso do verbo, como
por exemplo, o estrago dos odres de vinho (Lc 5.37); a ovelha
perdida, ou seja, perdida do pastor, estado metafórico da des-
truição espiritual (Lc I 54, 6, etc); ofilho perdido (Lc J524); o
perecimento da comida ()o 6.2 7), do ouro ( J Pe J. 1r."

A passagem paralela. registrada no evangelho de Lucas. lança


luz sobre o assunto:

"E digo-vos, amigos meus.· não temais os que matam o


corpo e depois não têm mais o quefazer. Mas eu vos mostra-
rei a quem deveis temer. temei aquele que. depois de matar.
tem poder para lançar no inferno; sim. vos digo. a esse temei"
(lc 12.4. 5).
AS TESTEMUNHAS DE IEOVÃ l e7

o verbo apollymi aparece 90 vezes no Novo Testamento. predo-


minando ligeiramente em Lucas.50 Se a extinção da alma rosse o
sentido correto. Lucas. certamente. teria usado o mesmo verbo, mas
não o rez. usou em seu lugar o verbo Eµpiíllw (embalõJ. ·arrojar".51
Assim, Eµlh.lElv Et.; tTiv yÉEVVflV (emba/ein eis tên gennan'J signifi-
ca: ·arrojar na Geena". A idéia de extinção deíendida pela organiza-
ção das testemunhas de Jeová não resiste à exegese biblica.
O inimigo do cristão, portanto, só pode matar o corpo, mas a
alma é algo especial, intangível, que está dentro do homem.

"E, acerca da ressurreição dos morros. não ternk:s lido o


que Deus vos declarou. dizendo: Eu sou o Deus de Abraão. o
Deus de /saque e o Deus de Jacó? Ora, Deus não é Deus dos
mortos, mas dos vivos· (Mt 22.31, 321-

Os patriarcas estão vivos ou mortos diante de Deus? Jesus disse


que estão vivos e que Deus é Deus dos vivos, e não dos mortos. t
claro que isso aplica-se a todos os justos e santos do Antigo Testa-
mento, e não simplesmente aos grandes patriarcas. Eles foram to-
mados como exemplo por causa da passagem de txodo 3.6. pois os
saduceus diziam aceitar como autoridade apenas o Pentateuco
Segundo eles, nada havia nos escritos de Moisés que sustentasse a
ressurreição dos mortos e a sobrevivência da alma à morte. Assim.
Jesus esmagou esses incrédulos com a própria arma deles. citando
os escritos mosaicos.

"Porque sabemos que. se a nossa casa te"estre deste


tabemdculo se desfizer. temos de Deus um ediftao. uma C<JS<l
não feita por mãos. eterna. nos céus E. por isso. 1<1mh<'m
gememos. desejando ser revestidos da nossa habi111~·Jo. que
é do céu ... Pelo que estamos sempre de bom ànimv. sabendo
188 HERESIAS E MODISMOS

que. enquanto estamos no corpo. vivemos ausentes do Se-


nhor. .. Mas temos confiança e desejamos. antes. deixar este
corpo. para habiror com o Senhor" (2 Co 5.1.2. 6, BJ.

Aqui, o apóstolo Paulo ensina que ao morrer um cristão, sua alma


deixa o tabernáculo, a tenda ou casa em que viveu vida terrena, e
parte com Cristo. na companhia dele, numa "casa não feita por mãos",
habitação eterna. nos céus; enquanto o corpo inerte em estado de
decomposição, ou desfeito cm pó, jaz no túmulo. o tabernáculo des-
fez-se, e, agora, está revestido da nova habitação. que é do céu. A
alma está unida às miríades de santos de todas as eras. como os
profetas, patriarcas. apóstolos e demais justos e cristãos de todos os
tempos. O cristão vai para a presença de Cristo quando morre:

"Mas de ambos os lados estou em aperto. tendo desejo de


partir e estar com Cristo. porque isto é ainda muito melhor"
(Fp 1.23).

"E, havendo aberto o quinto selo. vi debaixo do altar as


almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e
por amor do testemunho que deram. E clamavam com gran-
de voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo
Dominador. não julgas e vingas o nosso sangue dos que
habirom scbre a terra? E a cada um foi dada uma comprida
veste branca efoi-lhes dito que repousassem ainda um pou-
co de tempo. até que também se completasse o número de
seus co~rvos e seus irmãos que haviam de ser monos como
eles foram" (Ap 6. 9-11 J.

O texto de Apocalipse fala dos cristãos degolados durante o perí-


odo da Grande Tribulação, por recusarem-se a adorar a besta. cujas
AS TESTEMUNHAS DE JEOVA 119

almas aparecem, nesse texto, debaixo do altar de Deus. Como ex-


plicar isso, se a alma não sobrevivesse à morte? O texto diz explici-
1amente que eles foram monos na terra e que, agora, suas almas
encontram-se no céu, debaixo do altar de Deus.
Jesus disse aos seus discípulos: "para que onde eu estiver. estejais
vós também" (Jo 14.3). "Para onde eu vou não podes agora seguir-
me, mas depois me seguirás" (Jo 13.36). Na sua oração sacerdotal.
Jesus disse: "Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver.
também eles estejam comigo" (Jo 17.24). Se a alma incluísse o cor-
po. que sentido teriam essas promessas? Que valor haveria em es-
tar alguém ali? Os discípulos de Jesus seguiram-no após sua morte.
conforme as promessas que lhes havia feito.
A consciência é essencial ao conhecimento. e é justamente
esse incentivo que nos faz desejar ardentemente estar com Je-
sus Cristo. Então, todos os fiéis do Senhor seguiram para onde
ele foi, e não tem sentido e nem é bíblica a doutrina da mortali-
dade da alma.

"E disse-lhe Jesus: Em verdade le digo que hoje es1arás


comigo no Paraíso" (Lc 2J. 43).

É possível admitir, com base nessa passagem. que o malfe1-


lor arrependido está deitado em sono inconsciente? De maneira
nenhuma!
Os manuscritos gregos do Novo Testamento foram produzidos
antes do uso dos sinais gráficos de pontuação. Os principais textos
impressos do Novo Testamento grego usam a vírgula antes da pala·
vra grega o~µfpov rsemeron1. "hoje""'1 • como Textus Receptus.
Westcotl Hort, Nestle-Aland, Uniled Bible Socielies A orgamlação
publicou na nota de rodapé da Ttaduçcio do Novn MunJo (Otn R<JC'
rências o seguinte:
190 HERESIAS E MODISMOS

"Embora WH coloque uma virgula no texto grego antes da


palavra "hoje", nos mss. unciais gr. não se usavam vírgulas.
Em harmonia com o conte.l(tO, omitimos a vírgula antes de
"hoje" sy <do quinto séc. ECJ verte este texto: "Amém, eu te
digo que comigo estarás no Jardim do Éden".

A Torre de Vigia diz que o texto grego de Westcott e Hort (WH)


serviu de base para a Tradução do Novo Mundo, "assegurando a
máxima exatidão possível".s3 Agora, declara que resolveu não se-
guir mais o texto WH, que traz uma vírgula antes da palavra "hoje",
omitindo-a na TNM.
A organização omitiu a vírgula antes da palavra "hoje", pôs o
sinal gráfico. dois pontos (:). depois desta palavra, o que alterou
completamente o sentido do texto, assim:

"E ele lhe disse: "Deveras, eu te digo hoje: Estarás comigo


noParaíso"(LC 23.43-TNMJ

A organização admite. ainda, que a TNM está em desacordo com o


texto grego. assume a responsabilidade pela falsificação simplesmen-
te para se harmonizar com o contexto. ou melhor, "suas crenças".
A tentativa dos teólogos das testemunhas de Jeová é antiga, pois
os que defendiam a doutrina do sono da alma buscaram fundamen-
tar suas idéias nesse argumento. Todavia. durante toda a história
do cristianismo, o texto ensinou que Jesus garantiu ao malfeitor ar-
rependido que naquele mesmo dia estaria com ele no paraíso. Hoje,
porém. a Torre de Vigia. faz coro com os hereges antigos. ensina
que não foi isso o prometido por Jesus. Sua tese é que o malfeitor
ainda jaz no pó da terra.
Segundo a organização, Jesus garantiu que um dia estariam jun-
tos no Paraíso e isso harmoniza-se com as crenças da organização,
AS TESTEMUNHAS DE JEOV A 191

que defende a doutrina do sono da alma. Em outras palavras. Jesus


Leria dito: "eu te digo hoje, estarás comigo no paraiso". Isso seria uma
linguagem inatural e a palavra "hoje", no texto, seria supérflua. É isso
que o Corpo Governante chama de tradução literal e fiel aos escritos
originais? Absurdo. É falsificação e adultério no texto sagrado.

2. seu erro sobre a salvação. A Torre de Vigia não considera


seus adeptos filhos de Deus e nem Jesus como seu mediador. A sal-
vação é um alvo para ser cumprido.$<

"Por isso. Jeová Deus, antes de adotá-los como seusfilhos


livres, mediante Jesus Cristo, sujeitará todas estas crialUras
aperfeiçoadas a uma prova cabal, para todo snnpre·."

Essa declaração foi publicada novamente, ipsis litteris. sem a cláu-


sula final: "para todo o sempre". No parágrafo seguinte. contudo.
declara:

'Jeová adotará então amorosamente todos os humanos


aperfeiçoados que suportarem a prova final e decisiva como
seus filhos por meio de Cristo"...

"De modo que, em estrito sentido bíblico. Jesus <'o medi·


odor apenas dos cristãos ungidos"."

Os "cristãos ungidos". na linguagem das testemunhas de leová.


são os 144.000. que segundo a organização são os únicos com di·
reito ao céu.
A Torre de Vigia ensina. ainda, que as teslemunhas de Jeová não
pertencem a Cristo e que o único caminho para a salvação e a sua
organização religiosa: a Sociedade Torre de Vigia
19~ HERfSIAS E MODISMOS

"Os que pertencem a Cristo sdo os 144. ooo discípulosfiéis


escolhidos para dominarem com ele no Reino". 58

"Não conclua que existem várias estradas. ou caminhos.


que poderá utilizar para ganhar a vida no novo sistema de
Deus. Existe apenas uma. Foi apenas aquela única arca que
sobreviveu ao Dilúvio e não um sem-número de embarca-
ções. E haverá apenas uma organização - organização visível
de Jeová Deus • que sobreviverá à 'grande tribulação' que
rapidamente se aproxima ... Você precisa pertencer d organi-
zação de Jeová e fazer a vontade de Deus. a fim de receber
Sua bênção de vida etema" 59

As testemunhas de Jeová pregam de casa em casa; uma religião


cujo ensino não as qualifica como "filhos de Deus". São filhos de
quem atina)?
Segundo a Torre de Vigia. a salvação no céu é destinada apenas
às 144 .000 pessoas, chamadas na linguagem da organização de "cris-
tãos ungidos". ou "classe dos ungidos". As demais testemunhas de
Jeová devem contentar-se em herdar a terra. são chamadas de "clas-
se da grande multidão", expressão extraída de Apocalipse 7.9. Essa
doutrina aparece num livro de Rutherford. intitulado The Harp ofGod:

':A igreja de Cristo consta de Jesus Cristo. a cabeça e os


144. 000 membros de seu corpo·. •0

Rutherford. no Congresso de Washington o. e.. realizado em l 93S.


oficializou a doutrina da grande multidão:

..Naquele ano, na sexto-feira, J I de maio, durante a ses-


são da tarde do congresso das Testemunhas de Jeová e seus
AS T!.STl!MUNMAS M. IEOVÃ ••>

companheiros. em Washington<D. e.. E.U.A.). ooradorpnn-


dpal proferiu seu discurso histórico sob~ o lema: A Grande
Multidão. Esse discurso idenlijfcou pela primeira vez a gran-
de multidão de Ap 7.9 como classe Ienes~ de pessoas. não
geradas pelo espírito ... •,

A Bíblia ensina ser filho de Deus todo aquele que receber a Cris-
10 como seu Salvador pessoal. O Senhor Jesus é o Mediador de
lodos os homens. a salvação é recebida quando o pecador ane-
pende-se e crê no evangelho de Jesus. recebendo a Cristo como
único Salvador.

"Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de


serem feitos filhos de ~us: aos que crêem no seu nome..
(/O /. 12).

"O mesmo Esplrito testifica com o nosso espirilo que so-


mos filhos de Deus" (Rrn 8. 16).

'Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai: que


fôssemos chamadosfilhos de Deus. Por isso, o mundo não nos
conhece, porque não conhece a ele. Amados. agora somos fi-
lhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser.
Mas sabemos que, quando ele se manijesrar. seremos seme-
lhantes a ele; porque assim como é o veremos" ( 1 Jo J. 1, 21

"Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os


homens, Jesus Cristo, homem" ( I Tm 2.5>.

por isso, é Mediador de um novo 1es1"men10. para qut•.


"E,
inteNindo a morte para remissão das transgressões que ha
194 HERESIAS E MODISMOS

via debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a


promessa da herança eterna" (Hb 9. 15).

"Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha


palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não
entrará em condenação, mas passou da morte para a vida"
(]o 524).

A Bíblia também ensina que os cristãos pertencem a Jesus e que


o unico caminho para a salvação é Jesus e não uma organização:

"Eu sou o bom Pastor. e conheço as minhas ovelhas, e das


minhas sou conhecido" (}o 1o. 14 J.

"Filhinhos. sois de Deus e já os tendes vencido. porque


maior é o que está em vós do que o que está no mundo... Nós
somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos: aquele
que não é de Deus não nos ouve. Nisto con/1ecemos nós o
espfrito da verdade e o espírito do erro· ( 1 /o 4. 4, 6).

"Disse-lhe Jesus· Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida.


Ninguém vem ao Pai senão por mim" (}o 14.6).

Segundo a teoria rutherfordiana, haverá dois rebanhos: um no


céu, os 144.000, e outro na terra. a "grande multidão", que seriam
as atuais testemunhas de Jeová. O texto bíblico básico que os teólo-
gos da organização usam para fundamentar a teoria da classe da
··grande multidão" não apóia tal doutrina.

"Depois destas coisas, olhei, e eis aqui uma multidão, a


qual ninguém podia contar, de todas as nações. e tribos, e
AS TtSTtMUNHAS OE IEOV A 191

povos, e línguas, que estavam diante do trono e pem111e o


Cordeiro. trajando vestes brancas e com palmos nas suas
mãos: I O e clamavam com grande voz, dizendo: Solvaçcio
ao nosso Deus. que estd assentado no trono, e ao Cardei
ro. 11 E todos os anjos estavam ao redor do trono, e dos
anciãos, e dos quatro animais: e prostraram-se diante do
trono sobre seu rosto e adoraram a Deus, 12 dizendo:
Amém• Louvor. e glória. e sabedoria, e ações de graças, e
honra. e poder. eforça ao nosso Deus, para todo o sempre.
Amém! I J E um dos anciãos me falou. dizendo: Estes que
estão vestidos de vestes brancas, quem são e de onde vie-
ram? 14 E eu disse-lhe: Senhor. tu sabes. E ele disse-me:
Estes são os que vieram de grande tribulação, lavaram as
suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro. 15
Por isso estão diante do trono de Deus e o servem de dia e
de noite no seu templo; e aquele que estd assentado sobre
o trono os cobrirá com a suo sombra. 16 Nunca mais te-
rão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem colmo al-
guma cairá sobre eles, 17 porque o Cordeiro que esró no
meio do trono os apascenrará e lhes servirá de guia para as
fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos
Ioda lágrima" (Ap 7. 9-17).

o texto sagrado acima não ensina essa teoria da Torre de


Vigia, nem algo que se pareça com isso. o texto afirma clara-
mente que essa grande multidão se encontra no céu. No v. 9.
lemos que a grande multidão está "diante do trono e perante o
Cordeiro"; e no v. 15, lemos que se encontra ··diante do trono
de Deus, e o servem de dia e de noite no seu templo". Onde esta.
pois, o templo de Deus? No céu: "e abriu-se no céu o templo de
Deus" (Ap 11.191.
196 HERESIAS E MODISMOS

Quem são os membros dessa "grande multidão"? Os vv. 14 e 1s


afirmam ser os que vieram da grande tribulação. que lavaram as
suas vestes no sangue do Cordeiro. e por isso estão diante do tro-
no de Deus. não numa terra paradisíaca. A expressão "de grande
tribulação" não é uma tradução precisa. O texto grego diz EK tf)ç
6Ãl1'JEwç ~ µEylÍA.qc; (ek tes thlípseõs tês megalesJ. "da grande tri-
bulação". A presença do artigo definido tes indica uma tribulação
especílica. e não qualquer tribulação. Esse artigo deve ser manti-
do em nossa língua.•1

3. Seu erro sobre o inferno de fogo. Negam a existência do


inferno de fogo e afirmam que a palavra hebraica Sheol e a grega
Hades, usadas para "inferno", na Bíblia. indicam a sepultura comum
da humanidade. Por isso, ensinam que o inferno é um estado e não
um lugar As testemunhas de Jeová não estão sozinhas. fazem coro
com elas os adventistas do sétimo dia, os espíritas e muitos filóso-
fos ateus. Trata-se, portanto, de tentativa para escapar do inferno,
eliminado-o da Bíblia ou negando-o ao invés de buscar refúgio em
Jesus, nosso Salvador (Rm 8.1 ).
Os teólogos da Torre de Vigia negam a existência do inferno ar-
dente porque Russell, antes mesmo de fundar a sua organização,
pessoalmente. não concordava com tal crença. Russell passou a crer
nessa crença porque foi derrotado num debate com um cético:
"Charles Taze Russell, o relator. linha sido membro da Igreja
Congregacional e crente fervoroso na doutrina da tortura eterna das
almas condenadas ao inferno de fogo e enxofre literais. mas, ao
tratar de converter ao cristianismo um conhecido descrente. ele pró-
prio foi derrotado na sua posição sectária e impelido ao cepticismo"...
Depois disso. Russell fez seus próprios estudos. Como resultado.
ficou também incrédulo. Ele nasceu na Igreja Presbiteriana; depois.
foi para a Igreja Congregacional; e finalmente. para a Igreja
AS TESTEMUNHAS DE IEOVA 197

Adventista. A organização afirma que Russell era adventista, e ele


mesmo reconhecia-se endividado com os adventistas."' Em outras
publicações, afirma que Russell aliou-se a N. H. Barbour, dissidente
do adventismo."'' Até hoje. os advenlistas negam a existência do
inferno ardente, deles Russell trouxe essa doutrina.
Hoje, a Torre de Vigia ensina que o inferno é a própria sepultura
e que o lugar de suplicio eterno. onde os ímpios serão atormenta-
dos para sempre, não existe. Ensina a organização:

"O Seol e o Hades não se referem a um lugar de tormen-


to, mas à sepulcura comum da humanidade". ""

A palavra "inferno" vem do latim infemus, que signilica "lugar


inferior". Foi usada por Jerônimo, na Vulgata latina, para traduzir
do hebraico a palavra .,'iK, ou ~l!i (sht'o/J no Antigo Testamento. e
do grego as palavras yEÉvva (geennaJ, "Gehena. inferno";" ~Ô'lÇ
!hadesJ, "Hades, a região dos mortos'... e u1pmpÓw (lar1aroõJ. "lan-
çar ao Tártaro I ao inferno; prender no inferno".••

a) 5eo/. o Seol aparece 65 vezes no Antigo Testamento, signifi-


cando "o lugar invisível do mortos" ou "habitação dos manos~. :o to
mundo subterrâneo que recebe os que partem desse mundo; é a
habitação temporária dos mortos. O fato de o Seol e a sepultura
serem invisíveis aos olhos humanos. pois ambos são lugares pro-
fundos, talvez justifique a tradução por "sepultura. sepulcro", como
sinônimo de "morte".

"Pois grande é a lua benignidade para comigo: E lil raste a


minha alma do mais profundo Cheot· (5/ 86 I J - TBI. A ARC
traduziu o lermo por ·sepulrura· e a AR.4 por "mone·
191 HERESIAS E MODISMOS

Nos tempos do Antigo Testamento, tanto os justos como os in-


justos iam, na morte, para o Seol:
"Mas Deus remirá a minha alma do poder do Cheol, Pois
ele me receberá" (51 49. 15 - TB).

"Pois a minha alma estd cheia de sofrimentos, E a minha


vida se apro/Cima do Cheo/" (5/ 88.3 -TBJ.

A ARC traduziu o termo por "sepultura", e ARA, por "morte".


Esse termo é, também. usado para designar o lugar de castigo,
para advertir os impios:

"Mas. se Jeová criar uma nova coisa, e a terra abrir a


boca e os tragar com tudo o que lhes penence, e vivos des-
cerem ao Sheol; sabereis que estes homens desprezaram a
Jeová" (Nm 16.30 - TB).

A ARC traduziu o termo por "sepulcro", e ARA. por "abismo".

"Os iníquos hão de voltar para o Cheol, Todas as nações


que se esquecem de Deus· (SI 9. 17 - TBJ. A AR.C e a ARA tra-
duziram o termo par "inferno".

"Como ovelhas são encurralados no Cheol, a mone os


pastoreia. Os justos dominam sobre eles de manhã, A sua
formosura. consumi-la-ó o Cheo/, Para não ter mais lugar
onde habite· <SI 49.14 -TBJ.

A ARC traduziu o termo por "morte". e a segunda, por "sepultu-


ra"; a ARA, ambas por "sepultura".
Antes da morte de Cristo, todos os homens iam ao Seol, jus-
AS TESTEMUNHAS DE JEOV A 199

tos e injustos, pois havia nesse lugar um abismo que separava o


"Seio de Abraão" do lugar destinado aos injustos. Depois de sua
ressurreição, os salvos vão para o paraíso, ou "terceiro céu",
onde aguardam a ressurreição do corpo, enquanto os incrédu-
los aguardarão, em estado consciente, a ressurreição do corpo
para o juízo final.

"E aconteceu que o mendigo morreu e foi levado pe-


los anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico
e foi sepultado. E, no Hades, ergueu os olhos, estando
em tormentos, e viu ao longe Abraão e C.dzaro, no seu
seio" (lc J6.22, 23).

"Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos (se


no corpo. não sei; se fora do corpo, não sei; Deus o sobeJ. foi
arrebatado até ao terceiro céu" (2 Co 12.2J.

"E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o


inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados
cada um segundo as suas obras. Ea morte e o infemo foram
lançados no lago de fogo. E.sla é a segunda morte. Eaquele
que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no
lago de fogo" (Ap 20. IJ-1 SJ.

b) Hades. o Hades aparece 10 vezes no Novo Testamento. sem


trazer, uma vez sequer. o sentido de "sepultura" O contexto vai
determinar se está ligada ao estado de mone. ou se ao lugar onde
as almas dos ímpios serão castigadas. Traduzida por ..inferno". na
ARC. exceto em Lucas 16.23 e Atos 2.27.31. em que aparect>
translilerada. A VR transliterou o termo nas 10 passagens No en·
tanto, em nenhuma delas Hades significa "sepultura".
200 HERESIAS E MODISMOS

"E tu. Cafarnaum. que te ergues até aos céus, serás abati-
da até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido fei-
tos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido
até hoje" (Mt 11.23).

"E tu, Cafarnaum, serás levantada até ao céu? Até ao in-


ferno serás abatida" (lc 10.15).

As passagens paralelas (Mt 11.23; Lc 10.15) estão ligadas à que-


da de Lúcifer, registrada em Isaías 14.11-15, em que aparece o ter-
mo "abismo" e, também, a palavra hebraica Seol. Cafarnaum have-
ria de receber o mesmo castigo que recebeu o "filho da alva" (tradu-
zido por Lúcifer- "portador de luz". na Vulgata Latina, por Jerônimo).
Curiosamente, a Torre de Vigia usou como tema do Congresso de
Distrito de 1992: "Portadores de Luz".

"Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pe-


dra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não pre-
valecerão contra ela" (MI 16. 181.

A expressão "portas do Hades", quer dizer que as estratégias de


Satanás, com suas hostes do mundo inferior. não poderão vencer a
igreja. "Porta". no antigo Oriente, diz respeito à entrada e ao mesmo
tempo à fortaleza da cidade. Assim, as fortalezas das trevas não
terão poder para exterminar a igreja, existirá para sempre.

"E, no Hades, ergueu os olhos. estando em tonnentos. e


viu ao longe Abraão e Lózaro, no seu seio" (Lc 16.23).

o Hades é o estágio intermediário dos mortos. Lá eles estão aguar-


dando o dia do juízo, quando todos os mortos serão lançados no
AS TESTEMUNHAS DE JEOVA JOI

lago de Fogo (Lc 16.23; Ap 20. 13, 14). Não é, ainda, o iníemo propri-
amente dito, mas, sim, o lago de fogo e enxofre. ~uma prisão tem-
porária, até que venha o dia do juízo. Os condenados estão lá cons-
cientes e em tormentos, sabendo períeitamente porque estão nesse
lugar, aguardando o juízo final. Depois, o Hades vomitará os mor-
tos, no dia do juizo final, então eles serão lançados no lago de fogo.
O Hades, portanto, não é sepultura.

"Pois não deixarás a minha alma no Hades. nem permiti-


rás que o teu santo veja a corrupção... nesta previsão. disse
da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no
Hades, nem a sua carne viu a corrupção" (At 2.27. 31 J

Temos, aqui. o cumprimento de uma profecia registrada no livro


dos Salmos sobre a morte e a ressurreição de Jesus:

"Pois não abandonarás a minha alma ao Cheol. Nem per-


mitirás que o teu santo veja a corrupção" (SI 16. IOJ. A ARC
traduziu o termo por "inferno" e ARA por "morte"

O corpo de Jesus foi colocado no i::ip fqeverJ, "túmulo. sepul-


tura",71 termo usado profeticamente pelo profeta !saias para in-
dicar a sepultura de Jesus ( Is 53 9) Seu correspondente grego e
µvru.1.Eiov (mnemeion), "sepulcro. tumba'', 71 usado no relato da
sepultura de Jesus Uo 19.41,42) Sua alma, no entanto. foi ao Seol
(SI 16.10).
os teólogos da Torre de Vigia usam a mesma passagem bibilca.
justificando que Jesus esteve no Hades. então perguntam "Deve-
mos crer que Deus atormentou a Cristo num 'inferno· de fogo> Cla-
ro que não"-" Onde está o problema da organização, Na pergunta
mal formulada, Jesus desceu ao Hades vitorioso:
"Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro e
deu dons aos homens. Ora, isto-ele subiu-que é, senão que
tam~m. antes. tinha descido às partes mais baixas da terra?

Aquele que desceu é tam~m o mesmo que subiu acima de


todos os céus. para cumprir todas as coisas" (Ef 4.8-IOJ.

"E o que vive; fui morto. mas eis aqui estou vivo para todo
o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno"
(Ap 1.18).

Ele desceu vitorioso ao Hades e tomou de Satanás "as chaves da


morte e do inferno...

"E olhei. e eis um cavalo amarelo; e o que estava assen-


tado sobre ele tinha por nome Morte; e o inferno o seguia; e
foi-lhes dado poder para malar a quarta parte da terra com
espada, e com fome. e com peste, e com as feras da terra"
(Ap 6.8).

"E deu o mar os morros que nele havia; e a morte e o


inferno deram os mortos que neles havia; e foram julga-
dos cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno
foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte"
(Ap20.13, 14)

Os dois termos "morte e hades" são usados no Antigo Testamen-


to para personalizar a íigura do demônio (Is 28.15). Nessa mesma
acepção, são usados também no Novo Testamento (Ap 6.8). Em
Apocalipse 20. 13, 14, porém, diz respeito ao fim da Morte e do Hades.
e a "morte da Morte". Ambos serão lançados no "lago de fogo e
enxofre".
AS TESreMUNHAS DE JEOVA JOI

e) Geena. t a forma grega da expressão hebraica oi:i··i (gei-


hinnom). "vale de Hinom", 74 de onde se originou o termo grego yffi.Na
rgeennaJ. mas não aparece na Septuaginta. t o nome de um vale
localizado no sul de Jerusalém:

"E este termo passará pelo vale do Filho de Hinom. da


banda dos jebuseus do sul (esta é Jerusalém) e subirá este
tenno até ao cume do monte que está diante do vale de Hinom
para o ocidente, que está no fim do vale dos Refains. da ban-
da do norte" ()s 15. 8).

Nesse vale eram sacriílcadas crianças, em ritual pagão. num lu-


gar chamado "Tofete", que significa "altar":

"E edificaram os altos de Tofete, que está no valf' do


filho de Hinom, para queimarem no fogo a seus filhos e as
suas filhas; o que nunca ordenei. nem me subiu ao cora-
ção" ()r 7.31 J.

Aqui, alguns reis de Israel sacriílcaram a ldolos e, dentre eles. o


rei Salomão. O rei Josias, porém, fez uma devassa no local. fazendo
dele um lugar de lixo:

'Também profanou a Tofete. que eslá no vale elos filhos


de Hinom. para que ninguém fizesse pQSSQr a seu filho ou
sua filha pelo fogo a Moloque" (2 Rs 23. I OJ.

Desde os dias de Josias. o local foi transformado num depósito


de lixo, onde o fogo ardia continuamente até aos dias do ministerio
terreno do Senhor Jesus. A literatura apocaliptica judaica. produzi-
da a partir do li século a.e.. mostra que o vale significava o lugar do
204 HERESIAS E MODISMOS

castigo divino. depois do juízo final: o "lago de fogo". O mundo ju-


daico contemporâneo de Jesus cria que a Geena era o lugar onde os
ímpios receberiam como castigo o sofrimento eterno.
Os teólogos da Torre de Vigia procuram por todos os meios eli-
minar da Bíblia o inferno ardente como lugar de suplício eterno.
Nessas tentativas. às vezes. fazem declarações incorretas, que não
condizem com a realidade:

"Os antigos judeus criam que os extremamente iníquos


não teriam nenhum.futuro depois da morte... Referindo-se a
este costume. Jesus usou a Geena como símbolo de destrui-
ção total. sem nenhuma perspectiva futura". 15

Um estudo do pensamento judeu do período do segundo Templo


(517 a.e. - 70 d. C.) mostra que a declaração acima, da organização
das testemunhas de Jeová. é completamente insustentável. Só se a
expressão "antigos judeus" for uma referência aos saduceus. mas.
mesmo assim. eles não viam qualquer perspectiva futura. não só
para os iníquos, mas para todos os seres humanos, incluindo, tam-
bém. os justos.
Segundo o Dr. Alfred Edersheim, judeu convertido ao cristianis-
mo. com profundos conhecimentos da Mishná e da cultura de seu
povo, essas escolas ensinavam o castigo eterno na Geena:

"Antes de apr~ntar. ainda que seja brevemenle, o ensino


do Novo Teslllmento, parece desejável estabelecer com cena
precisão as idéias judaicas sol>re este tema. Porque as idéias
sustenladas no tempo de Cristo; sejam quais foram estas idéi-
as. Cristo não as contradisse, pelo menos diretamente, e. até
onde nós podemos inferir. não intentou corrigi-las. E aqui,
temos riquezas de materiais suficientes para uma história das
AS TtSTEMUl'IHAS DE JEOVA ltO&

opiniões judaicas dos diferentes períodos sobre a eternidade


dos castigos". 1•

Temos como principais fontes, que revelam as crenças judaicas


desse periodo. cujos renexos encontramos no Novo Testamento. a
literatura apócrifo-apocalíptica e a literatura rabínica: o Talmude.
Todo esse material depõe contra a Torre de Vigia.
Edersheim, citando a Mishná, afirma ser crença dos rabinos da-
queles dias que os gentios seriam castigados eternamente na Geena:

"No tempo de Cristo o castigo dos fmpios era considerado


de duração eterna"."

O mundo judaico, contemporâneo de Jesus, cria que a Geena


era o lugar onde os ímpios receberiam como castigo o sofrimento
eterno.
No Novo Testamento, a palavra aparece 12 vezes, e em nenhu-
ma delas indica destruição para nunca mais ressuscitar. Outra vez.
a organização apresenta nova interpretação dos ensinos de Jesus.
ao afirmar que a Geena é apenas símbolo da destruição:

"Os que escutavam a Jesus podiam en1ender que aqueles


que fossem para a Geena seriam destruídos para sempre.
como se fossem lixo"."

Dificilmente, uma pessoa esclarecida na Blblia e na cultura ju-


daica do periodo do Segundo Templo aceita tal declaração. Eslá
completamente desprovida de consistência.
Vamos, todavia. considerar algumas passagens biblicas que con
tradizem o ensino da organização.
o Senhor Jesus empregou essa palavra como condenação eterna
206 HERESIAS E MODISMOS

"E, se o teu ol/Jo te escandalizar. lança-o fora; melhor é


para li entrares no Reino de Deus com um só olho do que.
tendo dois olhos. ser lançado no fogo do inferno, onde o seu
bicho não morre. e o fogo nunca se apaga" <Me 9. 47, 4BJ.

O termo grego para "inferno", aqui, é a Geena. Esse mesmo ensi-


no reaparece em Mateus 5.29,30; 18.9 e Marcos 9.42-47.
Será que Jesus está falando. aqui. da destruição da alma 7 É claro
que não, pois ser lançado no fogo da Geena. sem faltar nenhum dos
membros. ou com todos eles, não faz diferença na destruição. Se
Jesus tivesse modificando o sentido dessa palavra, ou acrescentan-
do algo mais sobre ela, estaria em algum lugar do Novo Testamen-
to, mas onde está? Em lugar algum•
Observe, ainda, que essa afirmação da Torre de Vigia é falsa por-
que a Geena, naqueles dias, era reconhecida como lugar de juízo. e
não de destruição. Quem ouvia a Jesus sabia perfeitamente o que
ele estava dizendo. Pela própria literatura rabínica daqueles dias,
sabia-se o sentido de tal palavra.
Segundo Flávio Josefo, a crença de que os ímpios não serão res-
suscitados era defendida pelos fariseus:

"Eles julgam que as almas são imorrais. que são julgadas em


um outro mundo e recompensadas ou castigadas segundo fo-
ram neste. viciosas ou virtuosas; que umas são eternamente
llâdasprisioneirasnesso outra vída e que outras voltom a esta"'."'

De modo que há um lugar para os justos e outro para os injus-


tos. A vida não termina com a morte.

d) Tártaro. i:. uma palavra grega que só aparece uma vez no Novo
Testamento:
AS TESTEMUNHAS DE JEOVÃ J07

"Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram,


mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias
da escuridão, ficando reservados para o Juízo" (2 Pe 2.4).

Pelo fato de aparecer somente uma vez. é necessário recorrer


aos escritores clássicos para saber seu significado. Na literatura la-
lina, o Tártaro representa o mesmo que o Hades representava para
os gregos. Virgílio, na Eneida, descreve a descida de Enéias ao Tár-
taro de forma semelhante à de Ulysses. descrita por Homero. t de
fato: "o termo clássico para indicar o lugar de punição eterna"."'
Era crença. na época dos apóstolos, que o Tártaro estava debai-
xo do Hades.• 1 o mesmo lugar reaparece na epístola de Judas. sem
usar o nome do referido lugar:

"E aos anjos que não guardaram o seu principado. mas


deixaram a sua própria habicação. reseivou na escuridão e
em prisões eternas até ao juízo daquele grande Dia" <Jd 6J.

Os textos sagrados acima ressaltam que esses anjos de Satanás


já estão no iníerno, num lugar de trevas e de prisão. no Tártaro.
abaixo do Hades. Esses anjos são mais terríveis que todos os de·
mais demônios. É por isso que Deus não permitiu que ficassem sol·
tos. Eles serão libertos, por pouco de tempo. durante a Grande Tri·
bulação, para atormentar os moradores da terra:

"E abriu o poço do abismo. e subiufumaça do poço com"


afumaça de uma grandefornalha e. com afumaça do poço.
escureceu-se o sol e o ar. E da jilmoça vieram gafanhoros
sobre a terra; efoi-lhes dado poder como o poder qul." tbn os
escorpiões da terra. Efoi-lhes dito que não jiLrssen1 dano li
erva da terra. nem a verdura alguma. nem a arvore alguma.
208 HERESIAS E MODISMOS

mas somente aos homens que não têm na testa o sinal de


Deus" (Ap 2-4).

Ili. SOBRE A SUA FONTE DE AUTORIDADE

l. A Sentinela. Os católicos romanos consideram a Bíblia como


o problema,
a inspirada Palavra de Deus e afirmam acreditar nela.
porém, é que soma-se a isso a Patristica, os magistérios e assim por
diante. Qualquer testemunha de Jeová defenderá, com muito vigor.
sua fé na inspiração divina e na autoridade da Bíblia. Como os cató·
licos, que lêem a Bíblia com lentes papistas, da mesma forma, as
testemunhas de Jeová, sua fé na Bíblia está condicionada aos ensi-
nos da organização:

"Em ess!ncia, mostramos que o Sociedade é uma orga-


nização inteiramente religiosa; que os membros aceitam como
princípios de crença o santa Bíblia. conforme explicado por
Charles T. Russelln.61

Ao lado da Bíblia. as testemunhas de Jeová têm. ainda. a revista


A Sentinela. periódico quinzenal. publicado nos dias 1 e 15 de cada
mês. Elas acreditam que a Bíblia não pode ser entendida sem a re-
vista A Sentinela e sem a Sociedade Torre de Vigia:

HÉ todo-importante estudar a Bíblia, e, visto que A Senli-


nela auxilia a entender a Bíblia. seu estudo é também impe-
rativo ... o estudo particular da revista é essencial". .,

"Se fivermos amor a Jeová. e à organização de seu povo.


não leremos suspeiras. mas como diz a Bíblia, ·creremos em
rodas os coisas', todos as coisas que A Sentinela esclarece.
AS TESTEMUNHAS DE JEOVA 209

uma vez que tem sido fiel em nos dar conhecimento dos pro-
pósitos de Deus e em nos guiar no caminho da paz, da segu-
rança e da verdade, desde seu inicio até o dia atual"."

O estudo de A Sentinela é "imperativo", e as testemunhas de Jeová


não podem suspeitar dela, pois considera como instrumento fiel em
dar a elas "conhecimento dos propósitos de Deus", para guiá-las
"no caminho da paz, da segurança e da verdade".
Quando uma testemunha de Jeová bate a porta de alguém, ofe-
recendo curso bíblico, está, na verdade, convidando-o para estudar
arevista A Sentinela, a começar pelo seu manual de ingresso Conhe-
cimento Que Conduz à Vida Eterna.
Esse livro apresenta o resumo da confissão de fé das testemu-
nhas de Jeová, complementada depois com A Sentinela e outras pu-
blicações da Sociedade.
Durante o curso, a pessoa ouvirá muitas vezes "considere o se-
guinte" ou "vamos raciocinar juntos", para persuadir sua vitima a
acreditar em crenças que são condenadas pela própria Bíblia. De-
pois desse rígido programa a que são submetidos, os principiantes
jamais poderão pensar por si mesmos. Há, portanto, quem pense
pelas testemunhas de Jeová: o Corpo Governante. Ninguém no mun-
do aderiu a organização simplesmente pela leitura da Bíblia.
A Sociedade Torre de Vigia não estimula seus adeptos a ler a
Bíblia, antes, incentiva e obriga seus membros à leitura de suas pu-
blicações. Segundo a organização. ninguém pode entender a Blblia
sem sua ajuda, pois as Escrituras foram confiadas ao Corpo
Governante, o único canal responsável para transmitir as "verda-
des" de Jeová aos membros da Sociedade Torre de Vigia.

"Assim, a Bíblia é um livro de mganizaçdo e ~n1•11t<' d


congregação cristã. como organização. não a individuos. 11J11
.UO HERESIAS E MODISMOS

importa quão sinceramente creiam poder interpretar a Bí-


blia. Por esta razão, a Bíblia não pode ser devidamente en-
tendida sem se ter presente a organização visível de Jeová". 85

"Como conheceríamos o caminho da verdade se não ti-


vesse havido a ajuda da organização• Podemos realmente
passar sem a orientação da organização? Não, não pode-
mos"."

"Não há dúvida sobre isso. Todos nós precisamos de aju-


da para entender a Bíblia, e não podemos encontrar a orien-
tação bíblica de que precisamos fora da organização do ·es-
cravo fiel e discreto"''."

A falsas profecias e as constantes mudanças de suas crenças


revelam que esse escravo não parece ser fiel e nem discreto. Estas
declarações ensinam as testemunhas de Jeová a não crer na Bíblia.
As doutrinas da organização vieram por meio de Russell e seus su-
cessores. e eles procuraram na Bíblia como justificar tais ensinos.
Você tem dificuldade em razer uma testemunha de Jeová ler uma
passagem das Escrituras. Elas gostam de passar para os crentes lis-
tinhas de versículos, para que leiam; elas mesmas, contudo, não
querem ler as passagens bíblicas indicadas por outras pessoas. e
quando o fazem. é forçado, sabem por quê? Porque lhes foi ensina-
do que fora da organização ninguém pode entender a Bíblia. então
a sugestão para que leiam a Palavra de Deus toma-se vã. As vezes,
lêem. para que o diálogo possa prosseguir, mas s6 conseguem crer
no que for produzido pela organização. A Bíblia, somente. não ser-
ve de nada. segundo elas. o sistema implantado pelo Corpo
Governante é o de que ninguém pode conhecer a Deus sem os seus
escritos. A Bíblia tornou-se meramente livro de referências.
AS TESTIMUNHAS DE JEOYA 1 l i

2. A Il'adução do Novo Mundo. A organização procura fazer


com que suas crenças pareçam bíblicas. e. para isso. produziram
sua própria Bíblia: a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagra-
das. É tradução falsa. viciada. tendenciosa e cheia de interpolação.
preparada para contrabandear suas crenças peculiares para o texto
da Bíblia. Há inúmeras passagens adulteradas e falsificadas, tere-
mos adiante um exemplo do Antigo Testamento e um do Novo.

a} O Espírito de Deus (Gn 1.2)

ARC "E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do
abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre aface das águas".

ARA ''.A terra. porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a
face do abismo. e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas".

TB ''.A terra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas sobre aface
do abismo, mas o espín·co de Deus pairava por cima das águas"

TNM "Ora, a terra mostrava ser sem forma e vazia. e havia escuridão
sobre a superjicie da água de profundeza; e aforca aliya de 0t•1JS
movia-se por cima da superfície das águas·.

A TNM falsificou essa passagem substituindo a palavra hebraica


~1, rruach), que significa "vento, espírito de uma pessoa. menle,
espírito de um deus",•• por "força ativa de Deus". A Torre de Vigia
nega a personalidade e a divindade do Espírito Santo. No seu rn...
do. o Espírito Santo é uma força ativa e impessoal que executa a
vontade de Jeová.•• Com essa falsificação. as testemunhas de Jeova
J 1J HERESIAS E MODISMOS

não precisam mais torcer a Palavra de Deus. pois os tradutores da


TNM já fizeram esse trabalho por elas. Isso chama-se eisegese. ou
seja. introduzir idéias externas no texto. o contrário de exegese,
que extrai a idéia do interior do texto. Aqui. temos prova irrefutável
de que o Corpo Governante transferiu sua crença peculiar para o
texto sagrado.

b) O Verbo (/O 1.1)

"Ev ripxfl 1'v o A.óyoc; Klll o A.óyoc; 1'v 11põç tov 8tóv Kul 8tõç 1'v o A.~.
ARC No principio, era o Verbo. e o Verbo estava com Deus. e o Verbo
era Deus.

ARA No princípio era o Verbo. e o Verbo estava com Deus. e o Verbo


era Deus.

TB No princípio era o Verbo. e o Verbo estava com Deus, e o Verbo


era Deus.

TNM No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a


Palavra era deus. (Tradução das Escrituras Gregas Cristãs, em
português, edição de 1963 e Tradução do Novo Mundo das Es-
crituras Sagradas. edição de 1967)

TNM No principio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus. e a


Palavra era (um/ deus. (Tradução do Novo Mundo das Escritu-
ras sagradas, edição revisada de 1984).

Na TNM, em inglês e em espanhol, o artigo indefinido "um" apa-


rece direto no texto sem colchetes 11: "and the Word was a god" (e a
AS TESTEMUNHAS DE JEO\IA 211

Palavra era um deus). nova edição de 1981. e na edição espanhola:


•y la Palabra era un diosn_
A tradução do Corpo Governante, dessa passagem blblica. é uma
perversão. Teologicamente, o texto da TNM é totalmente contrário
ao ensino judaico-cristão do monoteísmo, pois tal tradução implica
uma crença em dois deuses: um maior, o Todo-poderoso. o Pai; um
menor, menos poderoso, um deus inferior. o Filho. Tal ensino pare·
ce-se com o politeísmo romano: Júpiter, o Pai dos deuses; Mercúrio,
um deus inferior!
A organização rejeita a doutrina blblica da Trindade, no entanto,
envereda-se pelo caminho do politelsmo. Houve reação do mundo
acadêmico.•• Citaremos a seguir a manifestação de alguns eruditos:
DR. J. JOHNSON da Universidade do Estado da Califórnia. em
Long Beach:

"Não há justificativa para traduzir THEOS EN HO LOGOS


como 'a Palavra era um deus·. Não há para/do sintático com
Atos 28:6 onde há declaração em discurso indirelo; em João
e
1. 1 direto ... e eu não sou nem cristão. nem trinirariano""

DR. Julius R. MANTEY:

'Vma má tradução, chocante. Obsoleto eincom.>fil Nüo <'nem


erudito nem razoável ITaduzir João I: I ·a PrlkMa eru um deus···

DR. BRUCE M. METZGER da Universidade de Princeton (Profes-


sor de Língua e Literatura do Novo Testamento):

·uma uadução hompilan1e.. . <'"ónea .. ponicw511 . ,,.


pn:ensível. Se as testemunhas de Jeova levam õ.'ill rr<1d11(<1<•"
sério. elas são politcisras·
214 HERESIAS E MODISMOS

A organização introduziu, por sua própria conta, 237 vezes o


nome Jeová no Novo Testamento, uma vez que não aparece em
nenhum dos milhares de manuscritos gregos, incluindo os papiros
e lecionários. Os próprios textos gregos, do Novo Testamento, pu-
blicados pela Torre de Vigia, não trazem o Tetragrama, as quatro
consoantes do nome divino :n:i• (YHVHJ. Os dois textos interlineares,
grego-inglês. da Torre de Vigia: The Emphaâc Diaglott e The Kingdom
Interlinear Translation of the Greek Scriptures, servem para provar
essa inserção arbitrária.
o propósito da TNM em sustentar o nome "Jeová" é porque o
nome grego KúpLoç (kyriosJ. ou o nome inglês "Lord", que corres-
pondem a "SENHOR", na língua ponuguesa, identificam explicita-
mente a divindade do Pai com a do Filho. Ao usar o nome "Jeová"
para o Pai, e o vocábulo "Senhor", para o Filho, embora no texto
grego a palavra seja a mesma tanto para o Pai como para o Filho,
fica mais fácil enganar o povo com a TNM. Eis a razão porque a
Torre de Vigia insiste em afirmar que Deus tem apenas um só nome,
e que esse nome é Jeová.

CONCLUSÃO

Como pregar para alguém convicto de que está com a verdade?


Devemos ser educados quando uma testemunha de Jeová bater à
nossa porta. Não devemos compartilhar de suas crenças (2 Jo 1O,11 ).
Quando falamos que temos provas de suas falsas profecias, dificil-
mente elas interessam-se pelo diálogo e ficam numa situação
desconfortável se perguntamos se elas são filhos de Deus ou se Jesus
é Deus falso ou verdadeiro. Isso pode abalar a falsa convicção delas.
O crente que não tem por hábito freqüentar a Escola Dominical
torna-se presa fácil desse grupo por duas razões: em vez de ir à
Escola Dominical fica em casa, correndo o risco de as testemunhas
AS TESTEMUNHAS DE IEOVÃ :U &

de Jeová baterem à porta, sem preparo biblico para dialogar com


elas, porque não é aluno da Escola Dominical. Quem não está pre-
parado para dialogar com elas deve apenas dar-lhes um folheto es-
pecifico, para sua evangelização. Ou ela converte-se ao senhor Je-
sus ou não volta mais à sua porta.
A organização das testemunhas de Jeová deve ser escrutinada
porque ela mesma afirma isso quando critica a Igreja católica:

':4 Igreja Católica ocupa posição muitíssimo significativa


no mundo, e afirma ser o caminho da salvação para centenas
de milhões de pessoas. Qualquer organização que assuma
tal posição deve estar disposta a ser esmiuçada e criticada.
Todos que criticam têm a obrigaçdo de ser verdadeiros na
apresentação dos fatos, e justos e objetivos na avaliação dos
mesmos". 9'

conclui a organização das testemunhas de Jeová que qualquer


religião que assume tal prerrogativa deve estar sempre disposta à
crítica e a ser examinada.
A Sociedade Torre de Vigia, também, assume tal prerrogativa.
por isso, não deve se aborrecer com nossas pesquisas.

Notas
•RUSSELL. e T. srud•<'S in lhe Scriptures. vol 11. p 101. cd1çAodt 18BY.1n.1cJl(<l<•dc •~•S•dAI•
de 1914 t subslilulda por 19151
• rm, 11.tJIChtowcr. O1109/ 191 O. p 2981 Eslt mesmo lt•lo de Russell õl.I rqm>-Ju11d\• n• ""'
Inteira. na revista A Senunc/<1 de 1510811964. pp. 511. 512
'ASMUnela. 01/10/1994. p 8
• RUTHERFORD. 1 F The Fmtshal Alysley. p 62. td~o de 1918
'lbidcm.p 2581
' Ibidem. p 542
'RUTHERFORD,J F AJll/t~Qur·l\ftJn1\1\-'('fJl~m.llSAfc.1m-r'1t>.pr 110 lll ll41r\x:l1~0
conforme lexlo ona1nal "~ l 92l
0
Idem. So/IG{do. p. 287.
• Idem fllllos. p 283
"FRANZ. Raymc>M Crise tk C - . p. 27.
" Ibidem. p. n.
" FRANl. Raymond Op. cil. P- 12.
" Qualijimdas poro Ser Minislras. P- 328.
"AsNapks:rmlotkSabrr~EuSouleOWI. p. 270. § J6. l7; PV...• 195. § 13;ASmlinr!a. 1110/
1995.p. B.
" IOJdocinios <t Bar das Esailums. p.116.
~ Esllldo Paspicaz das &ailumS. vot 1. p. 690.
"O>nh«imemoqwCondul:<t Ilido ElaflO. p. li.§ 22
"Ibidem. p. 31. § 22
"S<:1a Drus Veldatklro. ediçlode 1'49. P- 80. § Z.
.. TERTULIANO. ConlnJ Prdteas. li.
'
1
Dcvc'-SC' ~r na Tnndotk?. p. 29.
u l'!Jdu<i Vi~ para Sl!mpre no Pl1ralso na Tmu. p 40. § 16.
" R....,/aç<to. Sl!u Grandioso CllmaJC Está Próximo!. p. 141. § 20.
" Conh«imenla que conduz à Vl'da Bona. P- J6. § 8.
.. FERGUSON. B. Slnclair; WRJGHT. David F.; PACKER. ,_ 1. - DiclionotyofTheolatfy. p.'
"Didonária Palrislico e de AnUguidades Cnslds. P- 43.
" ABBAGNANO. Op. cil., P- 19.
"TAYLOR. Richard S. Oiciondrio Teológico Beacon. p. lL
"D<speltai'. 2l/12/19B4, p. 20.
"'Quando MorreAJguem Que Amamos.... p 28
"Ajudl1 ao Enrmdimenro da Blb//a, P·Z. p. 1.433.
u Balz & SChneider. 1, p 1 126.
"Ibidem. voL 1. p. 311.
" Ibidem vol: 1. p. 260.
"VlNE, W. E. D1cdonario fJ<pasilivo de Pa/abras dei N~ TCSIOmmro. M-5. p 372.
"Poderd ~'---· P- 144 § 9.
" O Te110 da TB edilado pela Saciedade Blblica do Brasil. na 8rblia Online. transcre11e a palavra
hebraica sheol com a letra ·e··. rqislra "Cheol"' no lugar de "Sheol".
"Poderá \Ih~ Para Semptt sob"' a Paruiso na~"ª· p. 40 § 17.
'" Ibidem. p 40 § 17
"PoderdVn-rr.... p.18§7.
" RJJdodnios à Base das Esaituras. P- 399
"oe.r-se Orr na Jtindade~. P- 22.
"ROBERTSON. A. T. lmdgens l/ellJaks en d Nuevo 1l51ammro. vot 5. Clie. Madrid. 1990, p. 279-
w VINE. W. E.; UNGER. Men11 F.; WHITE JR. William. Op. cil. p 839
" Balz & Schneider, vol. li. p. 750 .
.. STRONG. AUBUSIUS Hopkins. 1taJoSia Sisremaoca. p. l64.
"Es/udo l'l:r.ipicaz das Escnruras. vol. 1. p. 90.
" Balz ll Schneider. vol. 1, p. 405.
"VINE. W E.. UNGER, Merril F.. WHITE IR. William. Op. cil. p. 555
"'Raiz ll Schneider. vol 1. p. 406
" Ibidem, vol. '· P- USL
" Balz ll SChnelder. vol li. p l .l96.
"Toda a EsctilUra ~ lnspmida por Deus el'IOVeirosa. p. llO. § 22.
"Cet1Jjiai1-vos de 1lJda5 as CoiJas e Apegai-vos ao~ t E>icdenre. p. 111. ed~ de 1960.
" Vida Elcma - Na Libenlade dos Filhas de Deus. p 198. § J6
"UrodOJ na Adoraçlto do Ün/CD Deus ventaddm. p.191. § 17
"A Senunda. 1510911979. p 32.
"l'oderd Vivei:. - p 172. li 20
" Ibidem. p. 255. § 14.
AS TEmMUNHAS DE JEOVÃ 217

•Tht:lloJpo/God. p. 28S. edição de 1928.


"Mda Etano • Na Ubrrdade dos Filho5 «
Dc:us. pp. 36.l. 364. § 39.
" EARLE. Ralph. Wonl meanif18S in IM~ Teslallh!nl. p 462
"A~.marçode 1951.p 39
" Testemunhos « /eov6 • Proclamadora do Rttno de Deus. p 4l.
"Qllll/iflcJJdos Para~' Ministros. p. 276. § 8.
"l'odml Viver. ..• p. 83. § 7
" 8alz A Schneider, vol r. p. 719
" Ibidem, vol.I. p 91
"Ibidem. YOI 1, p. 1.688
~ HOLLADAY, Wiiiiam L A Conci2 Hdnw and NomoA' Loicon oflht: Old T~. p lS6
" HARRIS, R. Laird: ARCHER JR .• Gleason L.: WAL.TKE. llNce K Op. cit.. p 1 316
" Balz lo SCheneider. vol. li, p. JOS.
"Poderá Viver.. . p. 82, § 4.
"BAUMGARTNER. Koehler. The Hebttwt!I Namaie Lolcon oflht: Old Tcstomml. "°lume one. p 188
•Felicidade como Enconuá-/Q?. p 118. § 20
,, EDERSHEIM. Alíred. LA Vlday/os 1kmposde/eSUSelMestas. lomo2, Apêndice XIX. p 806
" Ibidem. p. 391.
"Poderá Viver .. , p. 87. § 14.
"JOSEFO, Flávio Op. cir.. Livro 18. capllulo 2. 760.
• SHEDD, R P. O Novo Diciondrlo do !fb/ia, vol. li. p. 746.
" BAUER, Walter A Gr°'k·English l.clclcon of!M ~· ll:slom<nl and Olhtr Eorly Chnsaon
Lileralure. p. 805
"Anudrlo das Testemunhas de /eovd de 1976, p. 106
"Qualificados para Ser Mmisrros, p. 143. § 3
"Ibidem, p 144. § 5
•A SenUnela. 110611 %8. p 327.
"Ibidem. 15/07/1983, p 27
"lbidem.15/08/1981,p 19
• BAUMGARTNER. Koehler Op. Cll. volume two. p 1 980
,, Rl1cioclnios à Base das cscri1uras. 143.
~As citações completas desses eruditos podem ser encontradas nas seguintes obras Tllus
Sa11h... The G01•eming Body oflehovah's WJU!esses, p. 61; /ehl1Vllh·s lt!Ull'SS<'S. /csu' Chnsi. (.J Ih<
Gospc/ of/o/m, capitulo 5; Hearr 10 Hean Tolks wil/l lthovah~ W1messes. PP 51 ·62
"D<sp<r101•. 2211211984. p 28
CAPITUL06

A MARIOLATRIA

,;)
,. $.qiJe o Jesus das seitas não é o mesmo Jtsus revelado
~,, gelhos, da mesma forma, como a Virgem Maria do
catolicismo romano não é a mesma Maria do Novo TestJJmen-
to. A Bíblia nada fala de uma mulher concebida ~m pecado,
imaculada, sempre virgem e que ascendeu ae> céu. Qualquer
católico romano estranhará, nas primeiras leituras da Blblia, o
papel de Maria nos seus relatos e ensinos, e. também, desco-
brirá que as Escrituras Sagradas não lhe conferem a honra e
nem a glória que a Igreja católica Romana atribui-lhe.
O culto de Maria é o divisor de águas mtre católicos romanos e
evangélicos. O clero romano confere a Maria a honra e a glória
que pertencem, exclusivamente, ao Senhor Jesus. E.ssa subsli·
tuição é condenada nas Escrituras Sagradas e, como resulta-
do, conduz o povo à idolatria.
Reconhecemos o honroso papel de Maria na Blblia, como mãe
de nosso Salvador, mas a Palavra de Deus deixa claro que ela
não é co-autora da salvação e. muito menos. divina. t_ ponon-
to, pecado orar em ~u nome. co/oai-la como mediadora, diri-
gir a ela cànlicos de louvor.
JJO HERESIAS E MODISMOS

1. O QUE É MARIOLATRIA?

1. Idolatria. O termo vem de duas palavras gregas: e'(õwÃov


(e1dõlonJ. "ídolo, imagem de uma divindade, divindade pagã",' e
ÃaTpEÍ.a (/atreia), "serviço sagrado. culto". 2 A idolatria é a forma pagã
de adoração; adorar e servir a outros deuses são práticas condena-
das pela Bíblia, no Decálogo e, também. no Novo Testamento: "por-
tanto, meus amados. fugi da idolatria" ( 1 Co 1O. 14).

"Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para


ti imagem de escultura. nem alguma semelhança do que há
em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas
debaixo da cerra. Não te encurvarás a elas nem as servirás;
porque eu, o SENHOR, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito
a maldade dos pais nosfilhos alé à terceira e quarta geração
daqueles que me aborrecem e faço misericórdia em milha-
res aos que me amam e guardam os meus mandamentos"
(tx 20.3-3).

"Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está es-


crito: Ao Senhor, leu Deus, adorarás e só a ele servirás"
(Mt 4.10).

2. Adoração. Os dois principais verbos gregos para "adorar", no


Novo Testamento, são npooKwÉw (proskyneõ), que significa "ado-
rar. render homenagem".' no sentido de prostrar-se, e AcnpHK.>
(latreuõJ, que significa "servir"• a Deus. A luz da Bíblia. podemos
definir adoração como serviço sagrado, culto ou reverência a Deus
por suas obras. Os principais elementos de um culto são: oração,
louvor, leitura bíblica, pregação ou testemunho, oferta e a maniíes-
tação dos dons do Espirito Santo.
MARIOIATRIA 221

"E moveu-se dali para a montanha d banda do oriente de


Betel e armou a sua tenda, tendo Betel ao ocidente e Ai ao
oriente; e edificou ali um altar ao SENHOR e invocou o nome
do SENHOR" (Gn 12.8).

'7oda a terra te adorará, e te cantará louvores, e cantará o


teu nome" (SI 66.4).

''E, chegando a Nazaré, onde fora aiado. entrou num dia


de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga e levantou-se
para ler. Efoi-lhe dado o livro do profeta Isaías: e. quando abriu
o livro. achou o lugar em que estava escrito# (l.c 4.16. 111.

"E, depois da lição da Lei e dos Profetas. lhes mandaram


dizer os principais da sinagoga: Varõe.s Ílmãos, se tendes al-
guma palavra de consolação para o povo, falai. E, levantan-
do-se Paulo e pedindo silêncio com a mão, disse: Varões
israelitas e os que temeis a Deus. ouvi" (At I 3.1 s. l 6J

"E eis que agora eu trouxe as primícias dosfrutos da terro que


tu, ó SENHOR, me deste. Então, asporásptranteoSENHOR teu
Deus, e te inclinarás perante o SENHOR. teu Deus· (Dt 26. JOJ

"Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais. cada um


de vós tem salmo. tem doultina. tem revelação. tem lingw.
tem interpretação. Faça-setudoparaedijicaçdo"(I Co 14.161

3. O culto de Maria. o lermo "mariolatria" vem de Marw. íor·


ma grega do nome hebraico. c:-io (miryâmJ. "Miriã" e de la/Jó11. A
mariolatria é o culto. ou a adoração de Maria. estabelecido relo
catolicismo romano ao longo dos séculos.
222 HERESIAS E MODISMOS

O clero romano vai além do que está escrito com relação a Vir-
gem Maria. O livro Glórias de Maria, escrito por Santo Afonso Maria
de Liguori ( 1696 • 1787). já publicado em mais de 80 linguas, traz as
seguintes declarações:

"Man'a é nossa vida ... Maria. obtendo por meio de sua


intercessão a graça aos pecadores, deste modo lhes dá vida ...
Ela está constituída medianeira de paz entre Deus e os peca·
dores. Os pecadores só por intercessão de Maria recebem
perdão ... Cai e perece só quem não recorre a Maria".'

"Nossa salvação será mais rápida, se chamarmos por


Maria, do que se chamarmos por Jesus".•

"Maria, que por graça de Deus, dispôs de seu Filho.foi exal-


tada acima de todos os anjos edos homens. por ser a Santíssima
Mãe de Deus, que tomou parte nos mistérios de Cristo. é hon-
rada justamente com especial culto pelo Igreja católica".'

':A piedade da Igreja para com a Santíssima Virgem é in/Jin-


seca ao culto cristão... A Santíssima Virgem 'é legitimamente
honrada com um culto especial pela Igreja'. Com efeito, desde
remotíssimos tempos a bem-aventurada "1tgem é venerado sob
o título "Mãe de Deus" sob cuja proteção osfeis se refugiam em
todos os seus perigos e necessidades... Este culto... embora seja
inteiramente singular. difere essencialmente do culto de adora-
ção que se presto ao Verbo encarnado e igualmente ao Pai e ao
Espírito Santo. mas ofavorece poderosamente·.•

Essas são algumas declarações de suas crenças mariolátricas. O


que se vê, hoje, é a manifestação ostensiva e orgulhosa da mariolatria
MARIOl..ATRIA JH

nos adesivos usados nos automóveis. Para esses católicos, Maria é


mais importante do que o próprio Jesus. A medida que o tempo vai
passando, Jesus diminui e Maria cresce no coração e na alma deles.
Os teólogos católicos fazem distinção de três palavras gregas:
latria, dulia e hiperdulia. Afirmam que latria é um termo usado para
o culto de adoração somente a Deus.
Dulia, do grego õouÀEL« (dou/eia), que significa "escravidão",• apa-
rece como "servidão"na ARC (Rm 8.IS. 21.GI 4.24;5.I; Hb2.15). no
entanto, para esses teólogos. o termo traz a idéia de "veneração aos
santos canonizados". incluindo a honra dos santos em busca da
intercessão deles diante de Deus.
o termo hiperdulia sequer aparece no Novo Testamento e nem
mesmo nos dicionários e léxicos gregos. A preposição únÉp thyperJ
traz a idéia de superioridade. é o mesmo que super. no latim. e é
prefixo do grau comparativo de superioridade. na língua grega."'
então hiperdulia seria uma super servidão. Para os católicos, porém.
não chega a ser uma adoração, é mais que veneração. o culto ofe-
recido a Maria, segundo o clero romano, seria a hiperdulia.
A distinção entre culto de latria e culto de dulia não existe na
Bíblia, não existem graus de adoração. É maneira sutil de adorar a
Maria sem usar o termo adoração. para não espantar o povo A 81-
blia proíbe adorar e ajoelhar-se diante de qualquer ser que não seja
o Deus verdadeiro, independentemente de estar na terra ou no ceu.
pois está escrito:

"'Não farás para tJ imagem de escultura. nem alguma St"


me/hança do que há em cima nos c~us. nem em hliixo na t<'f
ra, nem nas águas debaixo da terra Não te encun1ari.1.s a das
nem as se/Virás: porque eu, o SENHOR. teu Deus. s<>u Ot'US
zeloso, que visito a maldade dos pais nos /illl<>s ar,· J 1c1ccm1 ,.
quarto geração daquelt'S qut• me abomwm .. rfx 20 4. 5J
224 HERESIAS E MODISMOS

"Então, disse-lhe Je.sus: Vai-te, Satanás, porque e.stá escrito:


Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás"(Mt 4. 10); ou
·~o Senhor, teu Deus, odorarás. e só o ele darás culto" (ARA).

o Senhor Jesus citou Deuteronômio 6.13; I0.20.

"E aconteceu que, entrando Pedro, saiu Comélio a recebê-


/o e. prostrando-se o seus pés, o adorou. Mas Pedro o levan-
tou. dizendo: Levanta-te, que eu também sou homem'' (At
10.25, 26).

"E eu lancei-me a seus pés para o adorar, mas ele disse-


me: Olha, não faças tal; sou teu conservo e de teus irmãos
que têm o testemunho de Jesus; adora a Deus; porque o teste-
munho de Jesus é o espírito de profecia... E eu, João, sou aquele
que vi e ouvi estas coisas. E. havendo-as ouvido e visto, pros-
trei-me aos pés do anjo que mas mostrava para o adorar. E
disse-me: Olha. não faças cal, porque eu sou conservo teu e
de teus irmãos. os profetas. e dos que guardam as palavras
deste livro. Adora a Deus" (Ap 19. 10; 22.8, 9).

O clero romano nega. terminantemente. a adoração dos católi-


cos a Maria. Isso é. também, oficialmente. confirmado pelo Vaticano.
É muito comum o tradicional trocadilho católico: adoração e vene-
ração. Todavia. as declarações de Liguori. do Concilio do Vaticano li
e do Catecismo da Igreja Católica. citadas acima. somando-se a isso
as práticas dos católicos. não ajudam a confirmar a afirmação dos
romanistas. Uma análise honesta do correto conceito da palavra
"adoração", conferindo com o marianismo dos católicos romanos.
prova de maneira irrefutável que se trata de adoração.
Os católicos ajoelham-se diante de sua imagem e dirigem a ela
MARJOLATRIA UI

orações e cânticos. Isso é idolatria e sinaliza o prenúncio da grande


apostasia que se consumará no fim dos tempos. (Ap 17.4.5).

4. Mãe de Deus. O que querem os teólogos romanistas com


esse termo? O termo "mãe de Deus" foi usado em razão das contro-
vérsias cristológicas da época para dar êníase à divindade de Jesus.
A Bíblia esclarece ser Maria mãe do Jesus homem, e nunca mãe de
Deus (At 1.14).
Apalavra usada para "mãe de Deus" é throlokos. etimologicamente.
significa "portadora de Deus". O termo vem de dois vocábulos gre-
gos: 0~Óç (lheos), "Deus" e tÓKOÇ (tokos), "portador, que dá à luz, par-
turiente". 11 o termo foi usado no Concílio de Antioquia, em 325. com
o sentido de "uma que deu à luz a Deus". com propósito cristológico
e não mariológico, pois pretendia-se enfatizar a realidade da
encarnação do Verbo e a sua deidade absoluta, em oposição a Ario.
Aos poucos, o termo íoi se tomando qualificativo de Maria, de
modo que Nestório. patriarca de Constantinopla, num sermão em
429, apresentou seu protesto contra o uso do termo. Justificou que o
correto seria chamá-la Christotokos, "portadora de Cristo", pois ela
era simplesmente uma mulher. e uma mulher não pode dar à luz a
Deus, exortou seus ouvintes para não converter a Virgem em deusa.
O raciocínio de Nestório era coerente e fundamentava-se na Bí·
biia. Deus é eterno:

':Antes que os montes nascessem. ou que tu formasses a


terra e o mundo. sim. de eternidade a eternidade. tu cs Deus··
(SI 90.2).

"Não sabes. não ouviste que o eterno Deus. o SENllOR. L'

Criador dos confins do terra. nem ~ t"illl5'1. nem St' filU!,"1'


Ndo há esquad11nhação do seu en1e11d1mm11>" ris 4U 181
226 HERESIAS E MODISMOS

Isso significa que o Ser Eterno não tem começo. Como pode
Deus ter mãe? Há contra-senso teológico nessa declaração. A mãe
é antes do filho. isso pressupõe a divindade de Maria, que seria
antes de Deus. mas ele existe por si mesmo: "EU SOU O QUE
SOU" (b 3.14). Seus opositores. contudo. interpretaram o ser-
mão da seguinte maneira: Maria não é mãe de Deus. logo Jesus
não é Deus, com isso concluíram que Nestório não cria que Deus
e Cristo eram um.
o concílio regional. em Roma. em 430, havia condenado o pa-
triarca por sua critica ao termo theotokos. Nestório era opositor da
doutrina de Ário e queria oportunidade para defender-se. Assim.
os co-imperadores Teodódio II e Valentiniano convocaram o Con-
cilio de Éfeso, realizado em 431. Segundo historiadores. muito longe
de ser cristã e espiritual, a reunião estava dominada por fortes ri-
validades políticas e eclesiásticas. consideram, ainda. o Concílio
de Éfeso como uma das contendas mais repugnantes da história
da igreja. Antes mesmo da chegada de Nestório a Éfeso seus opo-
nentes acusaram-no de dividir Cristo em duas pessoas, pois en-
tendiam seu ensino como se as duas naturezas de Cristo. humana
e divina, fossem duas pessoas. Acusação, que até hoje. nunca pode
ser provada.
O Concílio de Éfeso, por imposição de Cirilo de Alexandria e
mediante suborno, manteve o termo theotokos. mas como termo
que expressa a doutrina das duas naturezas de Cristo e não com
uma prerrogativa de Maria, e considerou Nestório apóstata e here-
ge. o Concílio da Calcedônia. vinte anos mais tarde. em 451, decla-
rou o título "Mãe de Deus" como dogma da Igreja, mas. o conceito
de theolokos. estabelecido pelo concílio de Éfeso. foi distorcido pela
Igreja Católica, pois passou de cristológico para mariológico, vindo
a ser o fundamento da mariolatria.
MARIOLATRIA ZZ 1

li. MARIA NA LITURGIA DO CATOLICISMO

1. As contradições de Roma. O Catolicismo Romano jamais


admitirá que prega a divindade de Maria. assim como.1ambém. nega
a adoração a ela. mas os fatos falam por si só e provam o conlrário.

"Finalmente, a Imaculada Virgem. preservada imune de


toda a mancha da culpa original, tenninado o curso da vida
terrestre, foi assunto em corpo e alma d gloria celeste... foi
exaltada pelo ~nhor como Rainha do universo"."

''.Ao considerar devotamente as insignes excelencias dos


méritos pelos quais a Rainha dos céus. Virgem e Mãe
gloriosíssima de Deus, encoberta sobre tronos celestiais, bri·
lha entre os astros como estrela da manhã". 0

"E sendo que elafoi designada par Deus para ser a rainha
do céu e da terra, e esfá exaltada acima de todos os coros de
anjos e santos, e ainda estd à destra de seu unigênito Filho,
Jesus Cristo"."

A Igreja Católica conferiu a Maria título pagão. pois a Bíblia ensi-


na que "Rainha do Céu" é o lítulo dada divindade pagã. e. no en1an-
lo. faz parte de sua liturgia a reza salve-rainha.

"Os filhos apanham a lenha. e os pais acendem ofogo. e


as mulheres amassam afarinha. para fazerem bolos d de11
sa chamada Rainha dos Céus. e oferecem libações a outros
deuses, para me provocarem à iro... antes. certamente. cum ·
priremos toda a palavra que saiu da nossa boca. qunman
do incenso à deusa chamada Rainha dos Ceus e> ofc>rect·n
IH HERESIAS E MODISMOS

do-lhe libações, como nós e nossos pais, nossos reis e nos·


sos príncipes temos feito. nas cidades de Judá e nas ruas de
Jerusalém; e tivemos. então. fartura de pão. e anddvamos
alegres. e não vimos mal algum. Mas. desde que cessamos
de queimar incenso à Rainha dos Céus e de lhe oferecer
libações, tivemos falta de ludo e fomos consumidos pela es-
pada e pela fome. Quando nós queimávamos incenso à Ra-
inha dos Céus e lhe oferecíamos libações. fizemos-lhe bolos
para a adorar e oferecemos-lhe libações sem nossos mari-
dos?" (Jr 7.18: 44.17-19).

Uns afirmam tratar-se de Astarote ou Astarte, divindade fe-


minina, "deusa dos sidônios" (l Rs 11.5). Há, porém, quem aílr·
me tratar-se de uma divindade da Assíria. Sua origem é de me-
nor relevância, aqui. pois qualquer que seja, é divindade pagã e
título pagão.
Em alguns rincões do império romano, registra Epifânio, flores-
ceu uma seita em que somente as mulheres participavam do culto.
e sua principal caracteristica era sacrificar pão a Maria. Epifânio
afirma haver encontrado um grupo desses na Arábia, conhecido
como koliridianas. Como sinal de adoração a Maria, as mulheres
ofereciam torta de pão e faziam de Maria deusa e rainha. Epilãnio
classificou tal culto como mesa de demônio e manifestou sua indig-
nação quando escreveu:

"... Somente a Deus devemos servir. A Viigem não nos foi


proposto para nossa adoração, parque ela mesma adorou
Aquele que segunda a carne nasceu dela".,.

Era o principio da restauração do culto pagão dedicado à rainha


do céu.
MARIOUITRIA 229

2. Orações a Maria. Os teólogos católicos deíendem a tese de


Maria mediadora. razendo dela co-redentora. O papa Bento XV ins-
tituiu a festa da Mediação Universal da Virgem em toda a Igreja.
mas, antes disso, o papa Leão XIII declarou o seguinte:

"Assim como ninguém vai ao Pai senão pelo Filho. nin-


guém vai a Cristo senão por meio de sua mãe". 16

"Não poderíamos encontrar uma protetora mais podero·


sa nem mais irresistível diante de Deus. Para nós ela é a me-
lhor de nossas mães, nossa confidente e de fato o verdadeiro
motivo de nossa esperança; ela obtém tudo o que pede e suas
orações são sempre ouvidas·."

"... brota da superabundância dos méritos de Crislo. e


apóia-se em sua mediação. depende totalmente dela. e dela
lira toda sua eficácia. Cristo e Maria constituem um só princí·
pio na ordem da Redenção do gênero humano".••

Sabemos que somente Deus é onipotente. onipresente e onisci·


ente. Ele tem o poder de ouvir e responder a todos ao mesmo tem-
po. É o ensino bíblico:

·ouve tu. então. nos céus. assento da 1ua habitação. e


perdoa. efaze. e dá a cada um conforme lodos os seus cami-
nhos e segundo vires o seu coração. porque só tu conhrctS o
coração de todos os filhos dos homens· ( 1 Rs 8 J9J

"Ninguém há semelhante a li. ó SENllOR; tu és grand'" '


grande é o leu nome em força ... Sou eu apetWs Dt-us dC' per
to, diz o SENHOR. C' não também Deus de /ong<•• fs(ondi:r
2•0 HERESIAS E MODISMOS

se-ia alguém em esconderijos. de modo que eu não o veja?-


diz o SENHOR. Porventura. não encho eu os céus e a terra? -
diz o SENHOR" (/r 10.6; 23.23. 24J.

Se Maria pode ouvir esses católicos, que, hoje, são mais de um bi-
lhão em toda a Terra. como pode responder às orações de todos eles
ao mesmo tempo7 Ou ela é deusa, ou esses católicos estão numa tila
intenninável. aguardando a vez de suas orações serem atendidas.
A oração litúrgica dedicada a Maria, desenvolvida pela Igreja
Católica Romana. evoca:

"Ave-maria cheia de graça, o Senhor é contigo, bendita és


tu entre as mulheres e bendito o fruto de seu venere. santa
Maria. Mãe de Deus. rogai por nós, os pecadores, agora e na
hora de nossa morte. Amém".

Essas palavras são tiradas de Lucas 1.28, 42, mas a parte final não
é bíblica, foi acrescentada em 1508. Essa oração, apesar de sua bele-
za singular, é uma abominação aos olhos de Deus, pois não é dirigida
a quem tem direito. A oração cristã deve ser em nome de Jesus:

"E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu ofarei, para que


o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coiso em
meu nome, eu ofarei ... Não me escolhestes vós a mim, mas eu
vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o
vos.so fruto permaneça, afim de que tudo quanto em meu nome
pedirdes ao Pai ele vos conceda... E, naquele dia, nada me
pergunlflreis. Na verdade, na verdade vos digo que tudo quanto
pedirdes a meu Pai, em meu nome, ele vo-Jo há de dar. AI~

agora, nada pedistes em meu nome; pedi e recebereis, para que


a vossa alegria se cumpra· (}o 14. 13, J4; Js. J6; J6.23, 24).
MARIOLATRIA 211

De acordo com as declarações oficiais da Igreja Católica. ela está


em franca oposição à Bíblia. pois cre e prega a crença em dois me-
diadores: um mediador e uma mediadora. o Senhor Jesus nào acei-
tou interrerência ramiliar no seu ministério.

"E, falando ele ainda d multidão, eis que esla\lam fora sua
mãe e seus irmàos, pretendendo falar-lhe. Ed~lhe alguém:
Eis que estão ali fora rua màe e teus irmãos. que querem/a/ar-
te. Porém ele, respondendo, disse ao que lhe falara: Quem é
minha mãe? E quem são meus irmãos? E. estendendo a mào
para os seus discípulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus ir·
mãos; porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai. que
está nos céus. este é meu irmdo, e irmã. emãe"(Mt 12.46-SOJ.

"E aconteceu que. dizendo ele essas coisas, uma mulher


dentre a multidão. levantando a voz. lhe disse: Bem-aventu-
rado o ventre que te trouxe e os peitos em que mamaste! Mas
ele disse: Antes, bem-aventumdos os que ouvem a palavm de
Deus e a guardam· (Lc 11.27. 28}.

·~ faltando o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Ndo tân


vinho. Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda
não é chegada a minha hora. Sua mãe disse aos emprega-
dos: Fazei tudo quanto ele vos disser (}o l.J-6J_

As passagens bíblicas, acima, são a prova contra os ensinos da


Igreja católica. Sua doutrina está em conOito com as Escrituras sa-
gradas e é contra o pensamento bíblico. A Blblia ensina que Maria
foi salva porque creu em Jesus e não. meramente. por ser sua mãe
11.c 11.27.28). Somente a Deus. devemos cultuar: ~Ao Senhor. teu
Deus. adorarás. e só a ele darás culto" (MI 4.10 ·ARA). A Blblia
2U HEftESIAS E MODISMOS

contraria de maneira direta e explicita a intermediação de Maria ou


de qualquer outro ser, no céu ou na terra:

"Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os


homens, Jesus Cristo, homem" ( 1 Tm 2.5).

Não existe intermediário entre o homem e Jesus. Isso é invenção


da Igreja católica, ele é o mediador entre Deus e o homem e não
entre Deus e Maria.

IV. OUTRAS TENTATIVAS DE DMNIZAR MARIA

1. Falsificações das edições católicas da Bíblia. Há falsifica-


ções grosseiras em muitas versões católicas da Bíblia. Quando
Desidério Erasmo, conhecido como Erasmo de Roterdã, preparava
a primeira edição impressa do Novo Testamento grego, descobriu
que algumas palavras da Vulgata Latina divergiam das palavras gre-
gas dos manuscritos. •9
o termo grego µuoriipLov (mysterionJ "mistério, secreto".2'' em
Efésios 5.32: "grande é este mistério" foi traduzido pela palavra lati-
na sacramentum. "juramento.. juramento militar. alistamento". 11 º'5a-
cramento' não é sinônimo de 'mistério"'.n

"To µuo-r~pLOV TOÜTO µÉy« Éo-rí.v· Éyw ÓE ÃÉyw Etc;


XpLOTov Ka.l [Eiç] -r~v ÊKKÀTJOÍ.a.v".

"Sacramentum hoc magnum esr ego autem dico in Christo


et in ecdesia".

"'Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cris-


to e da igreja".
MARJO~TRIA H3

Mistério e sacramento são termos distintos e independentes, sem


vinculo algum entre eles. o sacramento era a cerimônia em que o
soldado romano prestava juramento público de fidelidade ao impe-
rador. Tertuliano foi quem trouxe o termo para a teologia. a lim de
identificar o que, hoje. chamamos de ordenança: a ceia do Senhor e
o batismo. A Igreja Católica, entretanto, inventou mais cinco orde-
nanças. sendo uma delas o casamento, e cuja idéia baseia-se numa
tradução falsa da Vulgata Latina.
Outro exemplo escandaloso e assustador é o verbo grego
IJ.ETUllOÉ<a> (metanoeõJ. "mudar de vida. conversão". 13 A Vulgata tra-
duziu o verbo grego por penitentia (em Mateus 4.171. Assim, a peni-
tência entrou como um dos sete sacramentos da Igreja católica.

"Auà tÓtE iíp~ato ó 'Iriooüc; KT1pÚOon11 KUL A.ÉyH11


Metav0€'itE' iíYYLKEV yclp ~ jluoLl.Etu twv o\ipullWv".

"F.xinde coepit lesus praedicareet dicere paenitenâam agite


adpropinquavit enim regnum caelorum·.

"Desde então. começou Jesus a pregar e a dizer:


Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus"

O Senhor Jesus convida os pecadores ao arrependimento. isto é.


devemos deixar o pecado; os católicos, no entanto, supõem que
devemos praticar esta ou aquela boa obra. Os reformadores. princr ·
paimente Lutero, reagiram contra essa doutrina. ao pregar a 5'.>la
Gratia.a salvação somente pela graça.
No que diz respeito à Maria. não foi diferente. Tomás de Aquino
ensinava que Maria "compartilhava da condição pecadora da hu·
manidade. Ela fora maculada pelo pecado 1macu/a, em latimL as·
sim como todos os demais. com exceção de Cristo" " Erasmo de·
z:H HERESIAS E MODISMOS

nunciou. ainda, às autoridades católicas. outra tradução falsa. em


Lucas 1.28: graâa plena. "cheia de graça". para traduzir do grego
KtXcq>LtW!'É"'l <kecharitõmeneJ. "agraciada", ou fraseologia similar
como "favorecida".

"Klll ti.ad.&Wv npOç uirrltv ttntv Xci1.pt KEXcq>LtwµÉvri


Ó KÚpLOÇ µHU OOU".

"Et ingressus angelus ad eam dixit have gratia plena


Dominus tecum benedicta tu in mulieribus".

"E, enlTando o anjo onde ela estava, disse: Salve. agracia-


da; o Senhor é contigo: bendita és tu enll'e as mulheres".

A forma da voz passiva do verbo grego, xupL tÓW (charitoõ). "agra-


ciar, mostrar graça, bendizer", 2s é kecharitomene. A tradução correta
é "agraciada, favorecida", e não "cheia de graça", como aparece nas
versões católicas da Biblia. A tradução "cheia de graça" não resiste à
exegese séria da Bíblia e é contrária ao contexto bíblico e teológico.
Mais uma vez, revela-se, aqui, a tentativa de divinizar Maria. Há dife-
rença abissal entre Jesus e Maria, Jesus é "cheio de graça", nÀ~pT]ç
xcipLtoç (pleres chancosJ.como está escrito em João l .14: "e vimos a
sua glória. como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de
verdade", pois Jesus é Deus:" ... e o Verbo era Deus" Uo 1.1 ).

2. O Dogma da Imaculada Conceição. Essa doutrina era


desconhecida dos apóstolos, e nada há nas Escrituras que apóie
tal dogma. Os primeiros indicias dessa doutrina aparecem nos evan-
gelhos apócriíos, como o pseudo-evangelho de Mateus e o Evan-
gelho Arabe da lnfãncia de Jesus, ambos produzidos por grupos
hereges do segundo e do terceiro século. O heresiarca Pelágio, fa-
MARIOLATRIA JJ&

lecido em 418. defendia essa crença, porque negava a doutrina do


pecado original e considerava que muitas outras pessoas viveram
sem pecado, entre elas. citava Isabel. mãe de João Batista. Depois.
os kolliridianos sustentaram essa idéia. Os pais da igreja rejeita·
ram tal crença:

"Ninguém está livre da mancha do pecado original, nem


ainda a mãe do Redentor do mundo. Somente Jesusfoi isento
da lei do pecado. mesmo quando nasceu de uma mulher su-
jeita ao pecado"."

·1esus é. Ele só. a quem os laços do pecado ndo venceram;


nenhuma criatura concebida pelo contato do homem e da
mulherfoi isento do pecado original; sófoi isento Aquele que
foi concebido sem aquele contato e de uma virgem. por obro
do E.spírito Santo". 11

"Maria morreu por causa do pecado original transmitido


desde Adão a todos seus descendentes". u

Teólogos da Igreja da Idade Média e papas da antiguidade rejei-


laram o referido dogma, Anselmo (1033-1109). Boavenlura ( 1217 ·
1274), Tomás de Aquino (1225-1274), papa Leãol (440),papaGelâsio
(492), papa Inocêncio Ili (1216).

·;.i concepção de Cristo foi imaculada. não ot>stame. a


mesma Virgem da qual Ele nasceu foi concebida na iniqüula
de e nasceu com o pecado original, porque pecou em Adão.
assim como por ele todos pecaram".'"

'Todos os santos que fizeram menção deste assunto. em


236 HERESIAS E MODISMOS

voz uníssona, asseveraram que a bendita Virgem foi concebi-


da no pecado originar.'º

':A bem-aventurada Virgem Maria, havendo sido concebi-


da pela união de seus pais, contraiu o pecado originar.''

"Certamente foi concebida com o pecado original, como


era natural... Se não fora concebida com o pecado original
não haveria necessidade de ser redimida por Cristo e assim.
Cristo não seria o Redentor universal dos homens, o que re-
vogaria a dignidade de Cristo': l2

"Somente o Senhor Jesus Cristo entre os filhos dos ho-


mens nasceu imaculado, porque Ele somente foi concebido
sem sociedade e concupiscência da carne... ''

"Corresponde somente ao Cordeiro Imaculado o não ter


pecado algum·.,.

"Eva foi formada sem a culpa, e gerou a culpa; Maria foi


formada na culpa, e gerou sem a culpa".''

Duns Scotus (aproximadamente 1265-1308). teólogo briláni-


co da Idade Média, trouxe a idéia da redenção de modo preventi-
vo e não restaurativo. Argumentava que Maria foi redimida pelo
Senhor Jesus Cristo por antecipação. para refutar o argumento de
Tomás de Aquino. Os seguidores de Scotus desenvolveram a idéia.
de modo que o Concílio de Basiléia, em 1436, aceitou-a como
doutrina da Igreja. A partir dai, concílios e papas reforçaram a
heresia até a sua promulgação pelo papa Pio IX, em 8 de dezem-
bro. de 1854:
MARIOLATlllA :H7

Wós, pela autoridade de Jesus Crisco, nosso Senhor. dos


santos apóstolos Pedro e Paulo, pela nOSM própria, declara-
mos. promulgamos e definimos que a doutrina que sustento
que a mui bem-aventurada vi~m Maria, no primeiro ins-
tante de sua concepção, por uma graça e privilégio singular
outorgado pelo todo-poderoso Deus, em virtude dos m~rilos
de Jesus Cristo, o Salvador da roço humana, foi preservado
livre de toda mancha do pecado original. é uma doutrina que
foi revelada por Deus e portando para ser firme e constante
crida por todos os fiéis"..u

A decisão foi tomada com enorme atraso. o que perdeu a


credibilidade do dogma. Com essa declaração, o papa Pio IX contra-
riou a Bíblia. os pais da igreja. teólogos e papas do passado. Para
nós a Bíblia é a palavra final. pois nem sempre houve unanimidade
entre os pais da igreja nas questões teológicas. O histórico do dogma
em leia. contudo. serve para provar e reforçar sua falácia e contra-
dição, pois a Bíblia é clara ao afirmar que todos os seres humanos
nasceram pecadores:

"Eis que em iniqüidadefui formado. e em pecado me con-


cebeu minha mãe" (SI 51.5).

"Na verdade. não há homem justo sobre a cerra, quefaço


bem e nunca peque" (Ec 7.20].

''Porque todos pecaram e destituídos estdo da glória de


Deus... como está escrito: Não h6 um juslo. nem um St'qUtY
Pelo que. como por um homem enuou o pecado no mundo. e
pelo pecado, a mone. assim tambem o mane passou a lodos
os homens. por isso que todos pecaram" (Rm J 2J; J. I O; 5 1i J
:U8 HERESIAS E MODISMOS

·se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós


mesmos, e não há verdade em nós. se confessarmos os nossos
pecadas, ele éfiel ejUSlo para nos perdoar os pecados e nos puri-
ficar de IDda injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo
mentiroso, e a sua palavra não está em nós" ( l fo J. 8-1 O).

O único nascido sem pecado foi o Senhor Jesus. essa é a única


exceção, pois foi concebido por obra e graça do Espírito Santo. foi
concebido imaculado, nasceu e viveu sem pecado:

"E, projetando ele isso, eis que, em sonho. lhe apareceu


um anjo do Senhor. dizendo: José, filho de Davi. não temas
receber a Maria, tua mulher. porque o que nela está gerado é
do Espírito Santo. E ela dará à luz um filho, e lhe poràs o
nome de JESUS, porque ele salvará o seu povo dos seus peca-
dos"' (MI 1.20, 21).

"Porque não temos um sumo sacerdote que não possa


compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como
nós. em tudo foi tentado, mas sem pecado"' (Hb 4. JSJ

Essa doutrina romanista insinua que o Senhor Jesus não é singu-


lar, antes dele, alguém teria nascido sem o pecado original. Mas,
não existe outra exceção, Maria mesma reconheceu ser. também,
salva, quando disse:

"Disse, enlào, Maria: A minha alma engrandece ao Senhor. e


o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador" (Lc J.46. 47).

A teologia cristã afirma que "todos pecaram". e o milagre especi-


al de Deus aconteceu na concepção virginal de Jesus. que foi gerado
MARIOUTIUA H9

por obra e graça do Espírito santo. Jesus nasceu e viveu sem peca-
do. embora tentado, nunca pecou.

3. O Dogma da Perpétua Virgindade de Maria. o clero ro-


mano defende a doutrina da perpétua virgindade de Maria, pois con-
clui que ela não gerou mais filhos além de Jesus.

"Maria permaneceu Virgem concebendo seu Filho, Virgem


ao dá-lo à luz. Virgem ao carregá-lo, Virgem ao alimenlá·lo
do seu seio, Virgem sempre". JT

Esse dogma não tem sustentação bíblica e era desconhecido da


isreja nos primeiros três séculos da história do cristianismo Os pais
da igreja, como Tertuliano e Orígenes, rejeitaram essa doutrina."'
Foi a partir do século IV que quase todos os pais da igreja defende-
ram-na. Sua preocupação era com a vida ascética nos monastérios
em que vivia a maioria deles, pois queriam ter vida celibatária. e tal
dogma ajudava a parecer-se com Maria.
A fé cristã evangélica está apoiada na Bíblia. conforme um dos
quatro pilares da Reforma Protestante: Sola Scriptura.
A idéia de a igreja estar autorizada a alterar a doutrina do Novo
Testamento, usando a tese de que quem produziu o Novo Testa-
mento tem autoridade de modificá-lo ou complementá·lo, é
falaciosa. A igreja não é autora do Novo Testamento. mas a editora
~ a Blblia que julga a igreja; não a igreja. a Bíblia. Os ap6s1olos
jamais se apresentaram como "apóstolo da igreja'', mas como "após-
tolo de Jesus Cristo".

"Paulo. apóstolo de Jesus Cristo pela vontade' de' Deus. e' c1


irmão nmóleo, à igreja de ~us que esta C"m Connto. com
todos os santos que estão em toda a Aca1a· 12 Co I J1
2.. HERESIAS E MODISMOS

"Pedro. apóstolo de Jesus Cristo. aos estrangeiros dispersos


no Ponto. Galácia. Capadócia. Asia e Bitinia" ( I Pe /. J).

4. A familia de Jesus. A Blblia declara com todas as letras que


José não a conheceu até o nascimento de Jesus:

"E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primo-
g!nito, e pôs-lhe o nome de JESUS" (MI 1.25).

Os irmãos e irmãs de Jesus são mencionados nos evangelhos.


alguns são chamados por seus nomes: Tiago, José, Simão e Judas:

"E disse-lhe alguém: Eis que estão alifora tua mãe e teus
irmãos. que querem falar-te" (MI 12. 47).

"Não é este ofilho do carpinteiro? E não se chama sua mãe


Maria. eseusinnãos. Tfago, eJosé, eSimão, eJudas?"(Mt 13.55).

"Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago,


e de José, e de Judas, e de Simão? E não estão aqui conosco
suas irmãs? E escandalizavam-se nele" (Me 6.J).

"Disseram-lhe, pois, seus irmãos· Sai daqui e vai para a


Judéia. para que também os teus discfpulos vejam as obras
que fazes. Porque não há ninguém que procure ser conheci-
do que faça coisa alguma em oculto. Se fazes essas coisas.
manifesta-te ao mundo. Porque nem mesmo seus irmãos cri-
am nele" (}o 7.J-5).

Afirmar que "irmãosº. aqui, significa "primos" é uma exegese ruim


e contraria todo o pensamento bíblico. Substitua o termo "irmão"
MARIOL\TRIA H 1

por "primo" e você verá que a narrativa toma-se inatural. Quando


alguém apresenta fulano como irmão de beltrano. ele quer dizer
irmão, e não primo. o termo grego para "primo" é á.vtljlLóc; (anepsiosJ.
"primo"."' Aparece apenas um uma vez no Novo Testamento:

"Saúda-vos Aristarco. prisioneiro comigo. e Marcos. pri-


mo de Barnabé (sobre quem recebestes inslruçôes; se ele for
ler convosco, ocolhei-or (CI 4.10 • ARAJ.

A TB, também, traduziu por "primo". A ARC traduziu por "sobri-


nho", pois foi o significado que o termo ganhou posteriormente.'°

O fato de Maria ser mãe de outros lilhos não diminui em nada a


sua honra e nem a sua santidade. visto que não há desonra alguma
em uma mulher casada ser mãe de filhos. antes. o contrário. à luz
da Blblia, isso lhe é honroso:

"E abençoaram Rebeca e disseram-lhe: ó nossa irmã. se-


jas tu em milhares de milhares. e que a tua semente possua a
porta de seus aborrecedores!" (Gn 24.60).

"Que faz com que a mulher estéril habite em familia e seja


alegre mãe de filhos' Louvai ao SENHOR1•• (51 11J.9J.

CONCLUSÃO

As tentativas inglórias de fundamentar o marianismo, na Biblia.


fracassaram. As expressões: "O Senhor econtigo; bendita és lu r.n·
tre as mulheres" (Lc 1.28) e "bendita és tu entre as mulheres. e ben·
dilo o fruto do leu ventre" (Lc 1.42) não são a mesma rnisa que
"bendita és tu acima das mulheres".
242 HERESIAS E MODISMOS

As coisas vão caminhando para a apostasia generalizada. Maria


já se sobressai nos filmes sobre a vida de Jesus, ele segue as suas
ordens. Isso é preocupante. O filme A Paixão de Cristo, tão comenta-
do pela mídia, deu a Maria um lugar que a Bíblia não lhe confere.
Aos poucos ela vai chegando à Trindade. Com o papel de mediado-
ra entre os homens e Cristo, leva a ocupar o lugar do Espírito Santo.
Você lembra-se da trindade do Alcorão? (capítulo 2).
Devemos esclarecer esses pontos aos católicos, com respeito e
amor, mas discordando de suas crenças, com base na Palavra de
Deus. Muitos são sinceros e pensam estar fazendo a vontade de Deus.
Notas
• Balz a SChneider. vot 1. p. 1.172.
•Ibidem. vol.11, p. 29.
'llalz 6 Schneider, vol. li, p. 1.119.
'Ibidem. vol. li. p. 2'.
' LIGÔRIO. s. Afonso Maria. As Gl6rias « Matia, pp. 74. 76. 14.
• IJGÔRIO. s. Afonso Maria. Op. cil.. p. 208.
• COncUio do vaticano 11.
'Oll«ismo do lfteiO Colólico. 971.
'llalz 6 Schneider, vol. 1, p. 1.059.
• Liddell & Scou. p. 1.857.
"Liddell & SCOll. p. l.80l.
"Col«ismo do lgrtjo Colólica. 966.
.. Sixto IV, Conslit11içao Aposlõlica Cum l'IUtacdsa. 1476. Cilado por Manuel Diu Pineda. Pll o
ln; IÃS DeslirnlunJS lk la llilJell Maria, p. 148.
"Bula '""ffabilis D.:us. 1854. Cilado por Manuel Dlaz Plneda, Pll.0. Op cH.• p. 148
••Livro l. Comentario 2. capllulo 79. Citado por Manuel Dlaz Pineda, 1'11.0. Op c11. pp 144. 147
''OCrobriMense.1891. lbidem.p. 170.
"Papa Pio XII. ExullDVil Cor NoslTUm. Ibidem, p. 171.
"Concilio Vaticano li Ibidem, p. 171.
"MCGR.ATH. Alister E Teologia Slslemdfico. hislólico t Filosó{rco. p 89
~ Balz & Schneider. vol li. p 342.
"FARIA, Ernesto. Op. cil .. p.485.
u SCHLESINGER, Hugo e PORTO. Humberto. Op. cil .. vol li. P 2.259.
u Balz & Schneider. vol. li, p. 248. a edição católica em espanhol traduziu o termo inglõ
"repentence" por "penitência"
.. MCGRATH, Alisler E. Op CÍI. p 82
"Balz & SChneider. vol li. p. 2.065.
"Eusébio de Cesaréia. Emiss. em Oral. 2 de Nativ. Citado por Manuel Dlaz Plneda. Ph D Op 01
p. 85.
"Ambrósio de Milão. Comenldrlo do Salmo 118 Ibidem. p 85
"Agostinho de Hipona. Salmo 34. Ibidem, p. 85.
~Anselmo. Op. 92 Ibidem, p. 86.
• Boaventura. Ibidem, p. 8 7.
•Tomas de Aquino. Summa Thm/ogicat', parte l. Ibidem. p. 87
•roma.de Aquino. BtrvisSumma rkFídt Olad<>po1MmudDlou Pln<do. Ph D Op c11. pp ~7.11
"Papa Lrào l, Sermão 24 de Nativ. Dom. Ibidem. p 86
•Papa Gel.1sio. Gelassii Pap« Dicla. tomo 4, Co#oss<"nS<5 Ibidem. p 86
•Papa 1nocencio Ili. o.: Ft5lo Assump. Smrulo 1 Ibidem. p. 88
•Bula lnt:jfabilis D.:us. Ibidem. p 78
• üHecismo da lgrrja Co16/ica. 51 o
•Tertuliano, D.: Olmr Chisu. 13; Or1genes. /n Luc Hom 14 8
• 11a1z & Schneider. vol. 1, p 293.
• Bailly. p 158
......

--
CAPITULO 7

A REGRESSÃO PSICOLÓGICA

(l[íefllessj..óÍ;cológica é usada no tratamento da cura interior


~!J)l1ft~~-~tualidade. A cura interior é, também. conheci·
da como cura das memórias ou cura para os traumas emocio-
nais. Uns usam o método como prática híbrida entre ocultismo
e cristianismo. como os gedozistas; outros questionam a sufi-
ciência da expiação do Calvário para a cura de traumas eferi-
das emocionais e, por isso, pretendem "completar· a obra de
Cristo com técnicas seculares. psicológicas e. até. ocultistas É
estranha a existência entre os evangélicos de usuários d«S..""1
práfica. que tem paralelismo ínfimo com o ocultismo oriental
como recurso para cura interior. 1tata-se de terapia hetemdo
xa e desconhecida dos apóstolos.
246 HERESIAS E MODISMOS

1. O HOMEM INTERIOR

Alguns procuram rundamentar suas práticas no salmo 139.13-16:

"Pois possuíste o meu interior; entreteceste-me no ventre


de minha mãe. 14 Eu te louvarei, porque de um modo terri-
vel e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são os ruas
obras, e a minha alma o sabe muito bem. 15 Os meus ossos
não te foram encobertos. quando no oculto fui formado e
entretecido como nas profundezas da terra. 16 Os teus olhos
viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todos estas
coisas foram escritas. as quais iam sendo dia a dia formadas,
quando nem ainda uma delas havia (SI 139.13-16).

l. Deus conhece o interior e o exterior (V. 13). A palavra


hebraica usada, aqui, para "interior", é :i:'?:i> (ki/yah), "rins, coraçào,
mente".' Os hebreus usavam-na como órgão do corpo humano que
representa a parte mais íntima do homem:

"E exultará o meu íntimo. quando os teus lábios falarem


coisas retas" (Pv 23.16).

A ARC, também, traduziu kilyah por "íntimo", mas a TB traduziu


por "rins"-
A Bíblia usa, também. o termo coração. em hebraico ~i, (lêb) "co-
ração, entendimenl0" 2 como o centro do nosso intelecto, emoções
e vontade para representar o homem interior:

"Mas. ó SENHOR dos Exércitos. justo Juiz. que provas os


pensamentos e o coração. veja eu a rua vingança sobre eles;
pois a li descobri a minha causa" (Jr 11.20).
11 RECRESSÃO PSCOLÔCICll H 7

Aqui os dois tennos, kilyah e leb aparecem juntos: "pensamentos


e o coração". A ARA, porém, traduziu por "mais íntimo do coração";
a TB, por "rins e o coração".

O verbo hebraico i~9 (sakakJ significa "guarnecer, interromper a


aproximação, barrar, cobrir". 3 Todavia, M possibilidade de raiz
homórona (palavras de mesma grafia e de significados diferentes).
com o sentido de "urdir, moldar", 4 o que parece ter acontecido, aqui.
no v. 13. A idéia de proteger é aceitável. pois é Deus quem protege o
ser humano desde a sua fecundação. o sentido de urdir, ou seja,
tecer, significa entrelaçar ao tecer, como uma costureira costura um
tecido. Deus fonnou o nosso íntimo e os tecidos do corpo humano.

2. Nossos ossos (v. IS). O salmista retoma. aqui. a descrição do


relacionamento de Deus com o ser humano, ou o acompanhamento
divino no ventre matemo, mas o faz de rorma diferente. i:. o paralelismo
poético da literatura hebraica antiga. os nossos ossos, também. estão
patentes aos olhos de Deus mesmo antes de nosso nascimento. o ver-
bo hebraico para "entretecer'', usado aqui. é Ci':i (raqamJ. "diversifi-
car".• A idéia é de "tecer com fios de várias cores". Trata-se. pois. de
verbo diferente do usado no v. 13. Isso revela que Deus "pintou" nos-
sos ossos com o corpo e colocou o espírito dentro de nós:

"Oráculo da palavra de Jeová acerca de Israel. Assim diz


Jeová que estende os céus, que lança os alicerces da terra. <'
que forma o espirita do homf'm dentro dele" 1Zf 12. I J

3. O mistério da formação da vida (v. 16). o salmistJ não


tinha, ã sua disposição. os conhecimentos cienlificos de hoje sobre
a reprodução humana. O que se sabe. hoje, na medicina. dormia no
seio dos mistérios para o homem dos tempos bíblicos
J41 HERESIAS E MODISMOS

·~im como tu não sabes qual o caminho do vento, nem


como se formam os ossos no ventre da que está grávida, as-
sim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as
coisas"(Ec 11.5).

A Bíblia, contudo. revela-nos fatos que. ainda hoje, a ciência não


dominou. Deus sabe de antemão o destino do ser humano. ainda
informe no útero materno. pois já estão escritas no seu livro. a cada
dia, antes mesmo da formação de nossas células: "e no teu livro
todas estas coisas foram escritas". Isso deixa o salmista perplexo e
admirado, com a grandeza inlinita de Deus e a sua bondade.

'Mtes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, an-


tes que saísses da madre. te santifiquei e às nações te dei por
profeta" (}r J. 5).

O homem interior que no Novo Testamento significa, às vezes. o


homem espiritual, é área em que a psicologia. ainda, investiga.

"Por isso. não desfalecemos; mas. ainda que o nosso ho-


mem exterior se corrompa, o interior. contudo. se renova de
dia.em dia"(2 Co 4.16).

··para que. segundo as riquezas da sua glória, vos conce-


da que sejais corroborados com poder pelo seu E.spírito no
homem interior" <Ef J.161.

li. A CURA INTERIOR

1. No plano biblico. A ferida interior é realidade incontestável,


manifesta no comportamento humano por mágoas, ressentimen-
A RECRESSÃO PSCOl.OCICA 249

tos, dores e tristezas provenientes de males causados por algu~m


o Senhor Jesus chamou-as de "atormentadores", que só serão cura-
das se houver perdão:

"Não dt:11ias tu, igualmente, ter compaíxão do teu compa·


nheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E. indigna-
do, o seu senhor o entregou aos atormentadores. até que pa·
gasse tudo o que devia" (Mt l B.JJ, 34).

As curas no Novo Testamento eram efetuadas em nome de Je-


sus, por imposição de mãos, unção com azeite, perdão mútuo e
meditação bíblica. É a terapia do Espírito Santo que deve ser aplica-
da nos dias atuais:

"E expulsavam muitos demônios. e ungiam muitos enfer-


mos com óleo, e os curavam" <Me 6. J3J.

"Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mor-


tífera. não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os
enfermos e os curarão" <Me 16.18}.

"E.stá alguém entre vós doente? Chame os presblteros do


igreja, e orem sobre ele. ungindo-o com azeite em nome do
senhor: e a oração da fé salvará o doaite. eo senhor o levan ·
tará; e, se houver cometido pecados. ser·lhe·do ~rdoados.
Confessai as vossas culpas uns aos oulros e orai uns ~
outros, para que sareis; a oraçãofeito por um ;usto p<xk mww
em seus efeitos"(Tg 5.14-16}.

2. No plano psicanalista. o psicanalista austriaco. Sigmund


Freud, partiu da premissa de que lodos os problemas humanos sao
150 HERESIAS E MODISMOS

traumas provenientes de experiências dolorosas da infância. Freud


era ateu. por isso negou a Bíblia e a existência do pecado. Apesar do
reconhecimento do seu trabalho no mundo cientifico, seus postula-
dos são. ainda, questionados. nem todos reconhecem, na totalida·
de. o resultado de suas pesquisas. t a terapia científica.
É sabido que há elementos da psicologia secular que são opos-
tos ao pensamento blblico. Todo o cuidado é pouco, de um lado,
para não se colocar a terapia acima da Palavra de Deus; de outro,
para não se subestimar a cura interior. o tratamento psicológico e
psicanalítico vem avançando ao longo dos anos. desde Freud até à
atualidade. É um ramo do saber humano que dispõe de recursos
para tratamento de depressão e de outros problemas psicosso-
máticos, de ordem clínica. Esse tratamento, porém, nada ou muito
pouco pode razer quando o problema é de ordem espiritual.
Infelizmente, muitos terapeutas cristãos não acreditam na eficá-
cia do poder de Jesus para curar feridas e traumas emocionais:

"Percebi que nem mesmo com a pregação da Palavra de


Deus, nem a entrega pessoal delas a Cristo. nem a plenitude
do Espírito. nem com a oração e os sacramentos, essas pes-
soas estavam conseguindo superar seus problemas"."

Por isso. seus expositores trabalham com técnicas híbridas: mis-


turando Bíblia; psicologia e hipnose. É a terapia pseudo-evangélica
e ocultista.

Ili. O QUE É REGRESSÃO PSICOLÓGICA?

1. Definição. É o mesmo que hipnose. A palavra vem do grego


Ü11V<M; (hypnos). "sono",' pois pensava-se que o hipnotizado ficava
dormindo. ao passo que sua condição é de elevado estado de con-
A RECRESSÃO PSCOLÔCICA H 1

centração. Isso é chamado de transe ou estado alterado da consci-


ência. Antes, era conhecido por mesmerismo, pois Franz Anton
Mesmer (1734-1815), médico austriaco, foi o inventor do método de
tratamento por hipnose.• A palavra "hipnose" foi dada, em 1843,
por James Braid ( 1795-1860), médico escocês. 9 A regressão psicoló-
gica é uma forma de hipnose, pois é um tipo de transe por meio do
poder da sugestão.

2. Ciência ou ocultismo? Trata-se de prática com traços apa-


rentemente científicos, que já foi usada por médicos e pesquisado-
res, ainda hoje, é usada na medicina, mas de maneira muito limita-
da. Essa prática apresenta, também, características ocultistas.

a) No campo científico. A hipnose é um estado muito complexo,


de acirrada discussão entre os especialistas. As experiências reali-
zadas por muitos estudiosos do assunto revelam a falta de confiabi-
lidade nas respostas das pessoas em estado de transe. É hipnotiza-
do quem aceita submeter-se a esse ato, não se hipnotiza quem não
aceita. Trata-se de ato voluntário, e esta disposição, em si mesma,
compromete a veracidade das respostas, pois estão innuenciadas
pelas fantasias do hipnotizado, e mais a indução. ainda que
involuntária, do hipnotizador, dificulta separar fatos de fantasias
O psicanalista Sigmund Freud (1856-19391 afirma em sua auto·
biografia que usara a hipnose ou métodos do hipnotismo nos pri-
meiros anos de suas pesquisas, no tratamento psicoterapêutico de
seus pacientes, antes do uso da psicanálise.'º Todavia, abandonou
tal prática, pois descobriu que muitos de seus pacientes tendiam a
fantasiar, buscando no passado acontecimentos imaginários
o psicólogo David F. Marks fez três pessoas presenciarem um
assalto simulado por um investigador num posto de gasolina Mas.
para as três pessoas, o assallo teria sido fato real. No estado hip·
252 HERESIAS E MODISMOS

nótico, eles relataram detalhes sobre o assalto, porém a cor do


automóvel. a quantidade e o sexo dos assaltantes variaram em
cada relato. Em cada repetição do relato, novas contradições eram
apresentadas. 11
O Dr. Ian Stevenson, ex-chefe do Departamento de Psiquiatria
da Faculdade de Medicina da Universidade da Virgínia, EUA, usou.
também, os métodos hipnóticos, mas com outro objetivo: busca de
provas da reencamação. 12 Sem sucesso, abandonou o método. por-
que trazia problemas maiores dos que ele procurava resolver.

b) No campo ocultista. o hipnotismo é considerado como um


dos elementos do ocultismo: "a hipnose foi um dos recursos clássi-
cos na bruxaria". •l Essa prática aparece na lista de crenças e práti-
cas ocultistas de Willhelm Comelius van Dam, na obra Ocultismo e
Fe Cristiana, páginas 90-92; na de Kurt E. Koch, na obra Ocultismo y
Cura de Almas, páginas 89-95. Apesar de os elementos serem tidos
como psiquices, muitos hipnotizadores descrevem que seu poder
vem de fontes sobrenaturais, às vezes, são manifestações demoní-
acas." A hipnose é praticada. também, nas seitas orientais. As ex-
periênclas enganosas testemunhadas pelos adeptos Meditação
Transcendental são provenientes da auto-hipnose, prática hipnóti-
ca em que pessoa é ensinada a induzir-se a si mesma, concluiu o
Dr. Gordon R. Lewis. 1• Maharishi, fundador do referido movimento,
afirmou o seguinte:

"Sua consciência é cativada pela idéia da unidade da vida.


a evidente diversidade de existência. e a criação fenomenal
começa a perder sua influência. Isso é o começo da experiên-
cia da realidade transcendente em nível de entendimento in-
telectual... Este caminho de iluminação é o que poderíamos
chamar um caminho de autohipnotismo". ••
A REGRESSÃO PSCOl.ÔGICA JSJ

O ocultismo trata da manipulação das chamadas "forças ocul-


1as". o termo vem do latim occu/tus. "escondido. oculto. secreto,
misterioso... ' 7 Foi i::1iphas Lévi. um dos principais expositores dessas
práticas. na França, em 1856. que usou, pela primeira vez, a palavra
"ocultismo" e seus derivados com o sentido de esoterismo." O as-
sunto envolve quatro áreas principais: espiritismo. magia, clarivi-
dência e adivinhação. que a Bíblia considera como práticas abomi-
náveis aos olhos de Deus (Dt 18.9-14).

3. Objetivo. É a alcançar os regressos mais profundos do sub·


consciente até visualizar uma imagem. com a qual entra em comu-
nicação. O objetivo pode ser o regresso às vidas passadas. para os
que acreditam na reencarnação. ou à infância. para descobrir even-
to traumático responsável pelo sofrimento, bloqueios emocionais
que moldaram o comportamento. i:: prática perigosa, pois trata-se
de um ataque à psiquê do individuo.

IV. A REGRESSÃO PSICOLÓGICA NO G-12

l. O G-12. Nasceu em Bogotá, na Colômbia, com Cesar


Castellanos Dominguez. sua esposa. Claudia Castellanos, e equipe
da Missão Carismática Internacional de Bogotá. O movimenlo apre·
senta algumas características peculiares que se distinguem das igre-
jas pentecostais e trouxe-lhes muitos problemas.
A marca distintiva é o grupo dos doze e os encontros. onde acon-
tecem a prática de regressão psicológica e outras semi-ocultistas o
objetivo, porém. aqui. é fazer avaliação crítica da prática da regres-
são psicológica nos encontros do G· 12. e não analisar. pt'r ~1. o tal
movimento em todos seus aspectos.
Todos os enconlristas são levados ao arrependin1cnto. por aCl·i·
lar feridas e abrigar amargura, ressenlimentos. mágoas. ira~ e m.ius
254 HERESIAS E MODISMOS

ressentimentos em relação às pessoas. No encontro, é ministrada a


cura, levando a pessoa até à concepção. 19

"O ministrador deverá instruir os encontristas a se lem-


brarem de momentos difíceis, amargos, traumatizantes, etc.
Eles precisam liberar perdão às pessoas envolvidas em cada
fase e até mesmo a Deus·. 10

o modus operandi da regressão psicológica descrita nos manu-


ais de encontros do G-12 não é nada ortodoxo. o método funciona
com música sugestiva, luzes apagadas. A ordem é para os partici-
pantes visualizarem a fecundação. a formação no útero matemo,
depois a infãncia e a adolescência, até o momento do evento. Os
participantes são instruídos a visualizar cada fase e lembrar cada
momento diticil e traumatizante:

"I _ Tente visualizar o encontro do espermatozóide do seu


pai com o óvulo de sua mãe. Ali Deus planejava cada mo-
mento da sua vida. (Cite trechos do salmo 139). 2. Veja-se no
útero matemo. sendo formado... J. Veja-se em cada mo-
mento da gestação... Tente lembrar os sentimentos que rece-
beu: amor, ódio. rejeição.tentativa de aborto, perigo de vida
por conta de doenças, insegurança quanto ao nascimento ...
Veja-se nascendo. sendo recebido por sua mãe. 5aiba que
nesse momento Jesus também estava recebendo e te amando
(talvez seu pai não estivesse lá. mas Jesus eslava). Jesus lhe
recebeu e lhe colocou no colo... Veja-se crescendo... ". 11

Nesse instante, os lideres pedem que visualizem Cristo com


cada um deles, para liberar perdão às pessoas envolvidas e ao
próprio Deus.
A REGRESSÃO PSCOl.ÔCICA 255

Essa regressão psicológica é a visualização da íé por meio da


hipnose, e não há vínculo algum com o salmo 139.13-16. o salmista
descreve as maravilhas de Deus eníatizando sua grandeza, sabedo-
ria e bondade na fecundação e desenvolvimento embrionário do
ser humano no ventre materno. A Bíblia silencia completamente
sobre a prática da hipnose, mas o modus operandi e seus objetivos
revelam sua incompatibilidade com a fé cristã.
Na sessão seguinte, os encontristas. num processo similar, rece-
bem a ordem para tentar visualizar cada passo do sofrimento de
Jesus, até à sua ressurreição dentre os mortos.
A auto-sugestão e a fantasia são alguns elementos da hipnose. J:
prática de imaginação dirigida, que nos encontros do G-12 é
direcionada a Jesus. Na regressão psicológica secular. esse proces-
so é dirigido a qualquer pessoa em vez de Jesus. Como percebeu
Freud e muitos outros, o que acontece é imaginação e não é. por-
tanto. realidade. convém, ainda, ressaltar a diferença entre
visualização e visão. A visão é bíblica. real e não induzida. em mui-
tos casos, a pessoa é apanhada subitamente; ao passo que.
visualização é irreal e sequer aparece na Bíblia.

"E, indo no caminho. aconteceu que. chegando perto de


Damasco. subitamente o cercou vm resplendor de luz do ccv·
{AI 9.3).

Hoje, o G-12 perdeu o impacto e aquele entusiasmo que apn· ·


sentava no começo, pois o próprio grupo encarregou-se de mos1rar
as suas falácias. O saldo do movimento é divisão mais divisão nas
igrejas. Combater a heresias e sutilezas internas e mais d1fü:1I que
as externas. pois promotores intemos dessas práticas são no~so~
irmãos. Ainda mais, quando não assumem o que são. pois as prat1·
cas gedozistas são diversiricadas nos seus detalhes. ma~ a estrul ur.i
256 HERESIAS E MODISMOS

principal é a mesma. Por isso. muitos até negam, publicamente, ser


gedozistas ou encontristas, ou envergonham-se daquilo que acre-
ditam e praticam. ou pretendem enganar o povo.

2. Terapia alternativa. Muitos mestres dessa prática afirmam,


ostensivamente. que o poder de Jesus não é suficiente para curar
pessoas com profundos problemas de traumas emocionais provo-
cados na infância. A regressão psicológica seria recurso substitutivo
porque estaria além do poder de Jesus. A Blblia, porém, ensina que
Jesus veio para "curar os quebrantados de coração" (Lc 4 .18) e, ain-
da. a "consolar os tristes" (Is 61.2). Todavia. os gedozistas, ao que
parece. não chegam a tanto. o problema do G-12 não é a descrença
no poder de Jesus. mas o modus operandi, que ultrapassa os limites
bíblicos. invadindo a fronteira do ocultismo.

3. O perdão bfblico. Ninguém melhor do que a mulher adúltera


para servir de exemplo de perdão pleno sem precisar de práticas
ocultistas. Ela não teve de passar pelo processo de hipnose e nem
confessar com quem pecou ou quanto recebeu por vender seu cor-
po, mas recebeu o perdão de Jesus com essas palavras:

"Nem eu também te condeno: vai-te e não peques mais"


(/O 8.1/).

A idéia gedozista de o homem perdoar a Deus é blasfêmia e in-


versão de valores. pois a Bíblia mostra que foi o homem quem ofen-
deu ao Criador. transgredindo suas leis:

"'Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de


Deus... Porque. se. pela ofensa de um só. a morre reinou por
esse. muito mais os que recebem a abundância da graça e
A RECRESSÃO PSCOLÔGICA 25 7

do dom da justiça reinarão em vida por um só, Jesus Cristo"


(Rm 3.23; 5. J 7).

CONCLUSÃO

Os fatos apresentados sobre a regressão psicológica permitem-


nos concluir que não se trata de algo completamente definido como
ciência e provam, também. seu lado ocultista. Diante disso, pode-
mos afirmar: é incompatível à íé cristã. e, portanto, os gedozistas
pecam em recorrer a práticas suspeitas na terapia de curar interior.
Não há necessidade disso, tais líderes estão desrespeitando e agre-
dindo o sentimento das pessoas crédulas em busca de um lenitivo
para a alma.

Notas
'HARRIS, R. L.aird: ARCHER JR., Cleason L.; WALTKE, Bruce K Op. "'. p 721
1 Ibidem, p. 721.
'HARRIS, R Lillrd. ARCHtR IR. Gleason L.; WALTKE, Bruce J( Op cu p 1 039
' Ibidem, p 1.040.
'lbodtm,p l.4S4
• stAMANDS. David. A Cura poro os 1taumos Enocionoi$, p 9
'Balz & Schneider. vol. li. p. 1 882 .
• CUERRA. Manuel DicCIOMno EnciclopMICO dt las St<ias. p 573
'ATKINSON, David J.; FIELD. David Diccionano do EUCJJ Cnsliana y Tcol<l!l'<a Antot0l. p 11$2
"80CK. Ana M.8ahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA. Maria de Laureies r IWol<Jsld>, p"8
"l'tlef J. Ruven. FanlllSizmg Undtr HypnoslS SMl<-DpaimmOI/ l\Wmct Skqil.,.l lnqlllfet 12 181
183, 1987-1'88. Cilado por SARAVI, Fernando ~ l/n~Jo S.O.:ul"IOP p 44'
"GtlSL.ER. Nonnan L e AMANO. J Yulaka R«ncamaçJo. p 57
"CUEllllA, Manuel. D1wonarlo EnciclopMicn dt las S«ias. p J65
"ATICINSON, David 1. FIELD. David Op l'IL, p 65J
"LEWIS, Gordon R o Que rodos Dtvrm Sabrr St>brr o MnllWÇll<• '/l'Jn!'dn.lmlJI. p ;•
"ltAHARISHI Jtanscendtlal Mtd1Wuan, pp. 271,279 COiado por LEWIS. Gordon R cr ''' p 1111
"fAlllA. Ernesto Op c1t, p 372
"GUERRA. Manuel Op cll. p. 677
"CAS1EU.JIHOS. Cõar S<>nl><J t' Gonhorols O) AIUnd•'- p ll8
& NOVA. Ra.e Afaujo Tt"º Manual d~ RtaltlllCd•• do frll'MltU. p ~·

"NOVA, R<:ni! Arauio Ttrra Op < /1 • p 98


aoiawo
CAPÍTULOS

AS SEITAS ORIENTAIS

(ÃÚftas-:r~J.er:tois são facções das religiões universalistas do


\~tremo Of!e.eite. As principais e mais conhecidas saras orien-
lois no Ocidente são o Movimento Hare Krishno e a Mcditaçdo
1tanscendentol. de origem hindu; a Igreja Seicho·No-le ea Igre-
ja Messiânico Mundial são de origem japonesa.
Alguns consideram como seita oriental a Igreja da Unificação
do Reverendo Moon. porque o referido movimento surgiu na
Coréia do Sul; outros. ocidental, porque reMndica status de
única igreja verdadeiro. pois considera-se cris/4 Todm•ia. o que
caracteriza movimento religioso como oriental(: a filosofia com
suas crenças e não necessariamente o local de origem
J60 HERESIAS E MODISMOS

I. CONCEITOS TEOLÓGICOS DO EXTREMO ORIENTE

1. Fonte de autoridade. suas crenças e práticas estão funda-


mentadas na filosofia oriental registradas em seus livros sagrados.
O hinduísmo serve como base dessas seitas e é uma das religiões
mais antigas do mundo. sem um fundador específico. É religião
universalista. pois não exige de seus seguidores o abandono de sua
religião de origem. é possível a pessoa ser hindu. confucionisla e
budista ao mesmo tempo.
Os escritos sagrados dessas religiões são: os Vedas. hinduísmo e.
vedanta é um termo coletivo para a filosofia das upanishadas. parte que
trata das especulações filosóficas dos Vedas; Cinco Clássicos. do
Confucionismo; Tlipifilka. do Budismo; Kijiki e Nihongi. do Xintoísmo. As
seitas orientais estão fundamentadas nesses escritos. Contudo. os adep-
tos do hinduísmo e dos oriundos dessa religião, quando se consideram
iluminados pelo conhecimento indutivo, quase sempre substituem seus
escritos sagrados pelos gurus, ou auto proclamam-se autoridade.
Swami Vivekananda, famoso guru da lndia ( 1863 -1902). que foi
aos Estados Unidos no final do século XIX para difundir o hinduísmo.
sendo o "responsável pelo elo de ligação entre Oriente e Ocidente",'
fez a seguinte declaração:

"No que diz respeito ao mestre. d~emos estar certos de


que ele conhece o espírito das escrituras. O mundo inteiro lê
Bíblias. Vedas, Alcorões; mas isto não são mais que palavras,
sintaxe, etimologia, filologia. ossos secos da religião ... É só o
conhecimento do espírito das escrituras o que faz o verda-
deiro mestre religioso".'

O termo "escritura". na declaração acima. é genérico. diz respei-


to à escritura de qualquer religião. A Bíblia foi incluída entre elas
AS SEll'AS ORIENTAIS 161

Na fé cristã, porém, o ensino dos mestres deve ser submetido às


Escrituras Sagradas, a Biblia:

"Ora. estes foram mais nobres do que os que esravam


em Tessalônica. porque de bom grado receberam a palavra,
examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram
assim" (At 17. 11 ).

o Senhor Jesus chamou as Escrituras de "a Palavra de Deus" (Me


7.13). A Bíblia é "inspirada por Deus" (2 Tm 3.16), pois "os homens
santos de Deus falaram inspirados pelo Espirito Santo" (2 Pe 1.211.
Swami Vivekananda não teve êxito ao colocar a Bíblia no mesmo
nivel das "escrituras" das outras religiões, pois sua declaração não
pode se aplicar as Escrituras dos judeus. A Blblia é viva: "porque a
Palavra de Deus é víva e eficaz" (Hb 4.12); ela "é períeita e refrigera
a alma ... é fiel e dá sabedoria aos símplices· (SI 19.7). Não há, por-
tanto, como compará-la a outras fontes de autoridade.
A Bíblia Sagrada é a única revelação escrita de Deus à humani-
dade. Sua inspiração divina. autenticidade e autoridade podem ser
constatadas no seu próprio conteúdo. os livros sagrados dessas
seitas e religiões não apresentam provas de sua inspiração e autori-
dade, pelo contrário. revelam inúmeras contradições.

2. Deus. o conceito de Deus no hinduísmo pode ser politelsta.


panteísta e monista. Brahma. o criador; Shiva. o destruidor e Vishnu.
o preservador são suas divindades principais Adoram a inümeros
deuses, tanto homens como animais.
Buda negou a existência de Deus, e Confúcio não era diferente.
Os xintoístas são politeístas e adoram a natureza.
Sai Baba, nasceu no estado de Andhra Pradesh. lndia. em 1926
Em 1940. ele declarou ser a encarnação de um guru faiedor de mi-
262 HERESIAS E MODISMOS

lagres, falecido em 1918, chamado Shirdi Sai Baba. Seus seguidores


têm-no como fazedor de milagres. Hoje. está em mais de 90 países,
com mais de 900 centros ou fundações. 3 Declarava que a sua mis-
são era despertar a consciência de divindade de cada ser humano:

"Os Vedas são os primeiros te.stemunhos da vitória do ho-


mem sobre si mesmo. seu descobrimento da unidade
subjacente em toda a Criação e seu contato vibrante com a
Verdade que unifica. Eles declaram que Deus é a Realidade
Interior de todos os seres. Ttldo está recobeno por Deus. TIJdo
isto é Deus".'

É a doutrina do Movimento Nova Era que ensina o panteísmo e.


por extensão. a deificação do homem. Swami Vivekananda mani-
festou sua idéia sobre o deus Brahma com a seguinte declaração:

"Um ser onipre.sente e impe.ssoa/ que não pode chamar-se


um ser com conhecimento... não pode chamar-se um ser pre-
sente, porque esse é um processo unicamente dos débeis. Não
pode chamar-se um ser um ser racional, porque não pode
raciocinar. é um sinal de debilidade. Ndo pode chamar-se um
ser criador. porque ninguém cria se ndo é para servir".'

O deus que Vivekananda foi oferecer aos americanos é panteísta.


como tal, é impessoal. logo não pensa. não raciocina. não ama e
não salva. Nada pode fazer pelo homem. Isso parece-se com a dou-
trina mórmon. O Deus Verdadeiro é único, o Deus revelado na Bi·
biia é pessoal e transcende à criação: "E ele é antes de todas as
coisas. e todas as coisas subsistem por ele" (Cl t . t 7).
Os adeptos do hinduísmo e suas ramificações negam a divindade
plena de Jesus e não o reconhecem como o Filho de Deus. nem como
AS SEITAS ORIENTAIS H3

oSenhor e nem como o salvador do mundo. Seus gurus consideram-


no simplesmente como uma das manifestações de Deus, um mestre
do passado, um guru do hinduísmo, que foi mal interpretado pelos
cristãos. O guru Bhagwan Shree Rajneesh chegou a agredir com pa-
lavras o Senhor Jesus e os cristãos, com as seguintes palavras:

"Para serfranco. Jesus é um caso mental... tum fanático.


Tem o mesmo ôpo de mente de AdolfHiller. tum f05Cisla. Ele
crê que só aqueles que o seguem vão ser salvos... E os lontos
seguem crendo que serão salvos se seguem a Jesus".•

Onome verdadeiro do insidioso guru é Rajneesh Chandra Mohan,


ele fez-se chamar Rhagwar ou Bhagwar. "Deus", em sânscrito. idio-
ma clássico das escrituras hindus. pois desejava ser adorado. Co·
meçou como professor de filosofia na Universidade de Jabalpur. ln-
dia, antes de sentir-se iluminado.' Defendia o sexo livre. era conhe-
cido na índia como o "guru do sexo".• Pensando ser deus e queren-
do ser adorado. talvez isso explique todos esses impropérios contra
Jesus. pois via nele um concorrente, e não o salvador do mundo, o
Libertador de todos os homens: "Se o Filho vos libertar. verdadeira-
mente sereis livres" (Jo 8.36).

3. Salvação. Não há vínculo algum daquilo que poderia ser cha-


mado de salvação com a salvação blblica. Em outras palavras. es-
sas seitas negam essa doutrina. A salvação é pela graça mediante a
fé e não pelos esforços pessoais. Segundo o hinduísmo:

"O mundo sobre o qual vivemos é dejiniliw1mcnrc um11


ilusão, um sonho de um Brahma impessoal qur cxistr ·<"m ·
ou ·sob' a criação ma1erial ré indiferente a tudo quf' aconlt'·
ce no mundo".~
264 HERESIAS E MODISMOS

Seus adeptos acreditam na doutrina da reencarnação, na


transmigração da alma, num longo círculo de renascimento e morte
até que o homem seja absorvido pela divindade. Seus gurus afirmam
que o problema do homem é a ignorância e que precisa descobrir a
divindade no seu próprio interior, para ser iluminado e íeliz. Essa é a
idéia de salvação, hoje, diíundida pelo Movimento Nova Era.
O conceito bíblico de salvação íoi discutido no capítulo 3. Reen-
carnação não existe, essa doutrina íoi discutida e refutada, à luz da
Bíblia. no capítulo 4. O mundo é criação de Deus: "No princípio criou
Deus os céus e a terra" (Gn 1.1 1.

li. HARE KRISHNA

l. Origem e história. Krishna é um personagem mitológico da


!ndia que, a princípio, dizia-se ser a encarnação de Vishnu, mas os
seus seguidores afirmam o contrário: Vishnu é a encarnação de
Krishna. A expressão "hare krishna", em sânscrito significa "energia
do senhor·.
Trata-se de uma ramificação do tronco religioso hindu. Sri
Chaitanya Mahaprabhu (1485-1533). seu fundador. ensinou que
Krishna é o Senhor supremo sobre todas as outras divindades. A
Sociedade Internacional para a Consciência Krishna, a sigla lskcon
vem de lntemational Society ror Krishna Consciousness. é conheci-
da. popularmente, como Movimento Hare Krishna.
O guru Abhay Charan De Bhaktivedanta Swami Prabhupada trou-
xe o movimento para o ocidente. Ele chegou em Nova Iorque, em
1965. depois, em 1975. alguns devotos americanos do Havaí trou-
xeram para as principais capitais brasileiras.

2. Fonte de autoridade. Seu livro sagrado é o Bhagavad Gita.


parte dos Vedas. hindus. escritura centrada na crença de que a alma
AS SEITAS ORIENTAIS >65

do homem é parte da criação, sem princípio e sem fim. etemamen·


le, uma parte do Infinito, do Absoluto. do Brahma. da Realidade única;
também, na idéia de que a reencarnação e o karma explicam a vida
como o ser humano a vê. Mas. afirmam, também, acreditar na Bi·
biia quando acham que certas passagens apóiam suas crenças e
práticas, e, da mesma forma. no Alcorão.

3. Deus. Como o hinduísmo. defendem o panteísmo monístico.


Acreditam que todos os deuses são formas ou expansões do ser
Absoluto. Krishna é considerado uma das nove encarnações do deus
Vishnu e objeto de sua devoção e adoração. Negam a divindade de
Jesus e nem acreditam que ele seja o Salvador. Para eles. o Senhor
Jesus não passa de mero guia espiritual e uma das inúmeras
encarnações de Krishna, ou seja, um filho de Krishna.
Essas crenças são doutrinas inadequadas ao cristianismo e con-
trárias à Bíblia. O panteísmo ensina que ºludo é Deus", e o monismo.
que "Deus e a natureza dissolvem-se em uma só realidade impes·
soai". Ambas as crenças são inadequadas ao cristianismo e. biblica-
mente, errôneas, pois o Deus revelado na Bíblia é um Ser conscien-
te, conhece a si mesmo, possui atributos pessoais e não. apenas.
atributos divinos. É mais natural do que respirar que a criatura se
distinga do seu Criador. Deus transcende a todo o universo. que
criou, é um Ser aparte da criação:

"Antes que os montes nascessem. ou que tu formasses a


terra e o mundo, sim. de eternidade a eternidade. ru és Deus""
(SI 90.2).

"Destilai vós. céus, dessas alturas. e as nuvens chovam 1usliça;


abra-se a terra. e produza-se salvação. e a justiça fruulique 1unta·
mente; eu, o SENHOR. as criei. Ai daquele que contende com o seu
266 HERESIAS E MODISMOS

Criador. caco entre outros cacos de barro! Porventura. dirá o barro


ao que o rormou: Que razes? Ou a tua obra: Não tens mãos? Aí
daquele que diz ao pai: Que é o que geras? E à mulher: Que dás tu à
luz? Assim diz o SENHOR. o Santo de Israel, aquele que o formou:
Perguntai-me as coisas futuras; demandai-me acerca de meus fi.
lhos e acerca da obra das minhas mãos. Eu fiz a terra e criei nela o
homem; eu o fiz; as minhas mãos estenderam os céus e a todos os
seus exércitos dei as minhas ordens" (Is 45.8-12).

"Ele é antes de todas as coisas. e todas as coisas subsistem


por ele" (CI 1. l lJ.

Há inúmeras passagens bíblicas que mostram Deus como Ser


que fala: "Então. falou Deus todas essas palavras" (Ex 20.1); que vê:
"E viu Deus tudo quanto linha feito" (Gn 1.31) e que ouve: "Não
temas, porque Deus ouviu a voz do rapaz" (Gn 21.17). A Blblia reve-
la. ainda. que o Deus único e verdadeiro possui todas as faculdades
da personalidade como inteligência, vontade própria e emoção:

"Ó profundidade das riquezas. tanto da sabedoria. como


da ciência de Deus! Quão insondáveis sdo os seus juízos, e
quão inescrutáveis, os seus caminhos! Porque quem com-
preendeu o intento do Senhor" ou quem foi seu conselheiro·
(Rm 11.JJ, 34).

"Mas, se ele está contra alguém, quem, então, o desviará?


O que a sua alma quiser, isso fará" (fó 23. 13).

":kja feita a tua vontade, tanto na terra como no céu"


(Mt6.IO).
AS SEITAS ORIENTAIS 267

':A minha comida é fazer a vontade daquele que me en-


viou e realizar a sua obra· (Jo 4.J4J.

"Eu vos amei, diz o SENHOR; mas vós dizeis: Em que nos
amaste? Não foi Esaú irmão de Jacó?- disse o SENHOR: to-
davia amei a Jac6 e aborreci a f.saú• (MI 1.2. JJ. Essa passa-
gem é citada em Romanos 9.1 J.

A Bíblia condena o politeísmo: ºNão terás outros deuses diante


de mimº (t.x 20.J). A idolatria arronta a Deus e devemos rugir dela:
•Portanto. meus amêldos. rugi da idolatria• (1 Co 10.141. A Blblia
ensina existir um só Deus e que ele é um só: ·ouve, Israel, o SE·
NHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. (01 6.4).
Isso já foi discutido no capítulo J, sobre o mormonismo e no
capitulo 6, sobre as testemunhas de Jeová.
Há diferença abissal e infinita entre Jesus e Krishna, portanto.
qualquer comparação, nesse sentido, toma-se absurda. o Senhor
Jesus é o Deus verdadeiro que se fez homem:" ... e o Verbo era Deus ...
e o Verbo se fez carne e habitou entre nós" uo 1.1, l 4); o único
Salvador e é incomparável.

·oisse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade. e a vida.


Ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo 14.6J

"E em nenhum outro há salvação. porque também debar·


xo do céu nenhum outro nome há. dado enue os homens.
pelo qual devamos ser salvos· {AI 4. 12J.

"Que manifeslou em Cristo. ressuscitando-o dos mor-


tos e pondo-o à suo direito nos céus. ocrmo dt' rodo princr
pado. e poder. e potestade, e dominro, e de todo nome que
26a HERESIAS E MODISMOS

se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro#


(Ef 1.20, 21}.

'"Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe


deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de
Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra,
e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o
Senhor. para glória de Deus Pai" (Fp 2. 9-11 ).

Segundo sua própria literatura, Krishna é panteísta, é vulgar, é


imoral e sensual.'º O Senhor Jesus revelou um Deus que é Espírito:
"Deus é Espírito" oo 4.24); mas o próprio Jesus esclareceu que, nem
por isso. Deus deixa de ser um Ser pessoal, ele disse:

"O Pai que me enviou, ele mesmo testificou de mim. Vós


nunca ouvistes a sua voz, nem vistes o seu parecer" (}o 5.37).

"O Pai, que me enviou, esse mesmo é que tem dado teste-
munho de mim. Jamais tendes ouvido a sua voz, nem visto a
sua forma" (fo 5.37 - ARA).

O Senhor Jesus é singular e incomparável em poder. glória e


majestade. e em perfeição e santidade:

"Porque não temos um sumo sacerdote que não possa


compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como
nós, em rudo foi lentado, mas sem pecado ... Porque nos con-
vinha 1a/ sumo sacerdote, san10, inocente, imaculado, sepa-
rado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus" (Hb
4. 15; 7.26}.
AS SEITAS ORIENTAIS 2'9

"Porque para isto sois chamados, pois também Cristo pa-


deceu por nós. deixando-nos o exemplo. para que sigais as
suas pisadas, o qual não cometeu pecado, nem na sua boca
se achou engano" (1 Pe 2.21. 22).

Afirmar que Jesus é a reencarnação de Krishna parece-nos idéia


bizarra. crença extravagante e sem sustentação blblica. A inspira-
ção divina da Bíblia é especial e única: "Toda a Escritura é inspirada
por Deus" (2 Tm 3.16-ARA). A única autoridade digna de confiança
e ronte fidedigna para a vida e a conduta dos cristãos é a Bíblia, a
inerrante Palavra de Deus, é ela que nos fala de Jesus. de sua iden-
tidade e missão, e nada há nela que pelo menos se pareça com as
idéias do Movimento Hare Krishna.

4. Salvação. A salvação no conceito deles. não é a mesma sal·


vação cristã que pregamos. Para eles significa "voltar para o Supre-
mo" no fim do ciclo das reencarnações quando se tomará um com o
Absoluto, personificado em Krishna. Acreditam na transmigração
da alma humana até para seres inferiores, por isso não matam inse-
tos, pois estariam correndo o risco de matar um de seus antepassa-
dos. Segundo Prabhupada, a única via para salvar-se é a devoção
Isso consiste na prática das boas obras: o próprio esforço. o desape-
go às coisas materiais e a recitação do mantra. Eles são vegetaria-
nos, não comem carne, nem peixe e nem ovos.
A inconsistência dessa doutrina pode ser vista, de longe. por qual·
quer cristão e, quando submetida à análise bíblica. toma-se expos-
ta, de maneira clara e inconfundível, essa incompatibilidade do cre·
do krishniano.
o deus panteísta não é o Deus verdadeiro revelado na Blblia. pois
o Deus dos judeus e cristãos é pessoal e um Ser aparte de sua cria·
ção, como já estudamos acima. Reencarnação não exisle, isso 1a foi
270 HERESIAS E MODISMOS

analisado e rerutado biblicamente, pois a morte é caminho sem re-


tomo, somente na vinda de Jesus que os mortos serão ressuscitados:

"Porque se lembrou de que eram carne. um vento que


passa e não volta" (SI 78.39).

"E, como aos homens esró ordenado morrerem uma vez.


vindo. depois disso. o juízo, assim também Cristo, oferecendo-
se uma vez. para ârar os pecados de muitos. aparecerá segunda
vez. sem pecado. aosqueoesperamparaa sa/vação"(Hb9.27).

"Porque o mesmo senhor descerá do céu com alarido, e


com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que
morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois. nós. os
queficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles
nas nuvens. a encontrar o Senhor nos ares, e assim estare-
mos sempre com o Senhor" ( I Ts 4.16, J lJ.

O termo "mantra" vem de duas palavras em sânscrito: man sig-


nifica "liberação", e era, "mente". No hinduísmo. o mantra é a libera-
ção da mente. Os adeptos do Movimento Hare Krishna cantam, dia-
riamente. o mantra, como meio de alcançar a iluminação. Seu
cântico constitui na repetição do nome Krishna:

Hare Krishna ! Hare Krishna ! , Hare Krishna !


Hare! Hare!
Hare Rama! Rama! Rama!
Hare! Hare!

O termo hare significa. como já visto, "energia do senhor", e ramo


é nome de outra das manifestações de Vishnu, outra divindade do
AS SEITAS OllJENTAIS 171

hinduísmo. Esse canto deve ser recitado pelo menos l. 728 vezes
por dia. Consideram essa prática como uma auto-realização, mo-
mento em que se tomam parte de Deus, é o:

"Restabelecimento de nossa relação perdida com a Perso-


nalidade Suprema da Divindade". 11

Observe que o Jesus das seitas não é o mesmo Jesus adorado


pelos cristãos e revelado na Bíblia. O apóstolo Paulo fez menção de
um falso Jesus: "Se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não
temos pregado .. com razão o sofrereis" (2 Co 11.4). O Senhor Jesus
Cristo que pregamos é o único caminho para a salvação:

"Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida.


Ninguém vem ao Pai senão por mim" (Jo 14.6J.

A Bíblia ensina que as boas obras não são suficientes para a sal-
vação humana. Nenhum homem poderá salvar a si mesmo pelos
seus esforços. A dívida humana era muito alta, e ninguém podia
pagar, ainda que fosse proprietário de todas as riquezas da terra. A
Bíblia ensina:

"Nenhum deles, de modo algum. pode remir a seu im1ãa


ou dar a Deus o resgate dele (pois a redenção da sua alma é
caríssima, e seus recursos se esgotariam antes)" (51 49 7. BJ.

"Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas


justiças, como trapo da imundicia" (Is 64 61.

Os adeptos de seitas consideram ofensa a doutrina cristã da salva-


ção pela fé em Jesus. Não reconhecem a obra expiatóna do Calvário
27 2 HERESIAS E MODISMOS

em favor dos pecadores, pois tais adeptos buscam. para si, a glória que
pertence exclusivamente ao Senhor Jesus, por isso querem angariar a
salvação por meio de seus próprios recursos. Todavia. Deus determi·
nou: " .. sem derramamento de sangue não há remissão" (Hb 9.22).

"Porque pela graça sois salvos. por meio da fé; e isso não
vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que
ninguém se glorie" (Ef 2.8. 91

"Mas. quando apareceu a benignidade e caridade de Deus,


nosso Salvador. para com os homens, não pelas obras de jus-
tiça que houvéssemos feito. mas, segundo a sua misericór-
dia, nos sa/\1ou pela lavagem da regeneração e da renovação
do Espirita Santo. que abundantemente ele derramou sobre
nós por Jesus Cristo, nosso Salvador, para que. sendo justifi-
cados pela sua graça. sejamos feitos herdeiros, segundo a
esperança da vida eterna" m 3.4-7).
A prática vegetariana consiste no regime alternativo de alimen-
tação que se abstém de comer carne. Essa doutrina nunca fez parte
do judaísmo e nem do cristianismo. mas a Bíblia não condena. O
problema é o fanatismo. Há até Ongs (organizações não-governa-
mentais) fazendo campanhas sistemáticas contra a alimentação de
origem animal. Outros pesquisaram em busca de alimentos alter-
nativos. de origem vegetal. os cereais matinais. como Sucrilhos. são
resultados desses trabalhos.
Os ebionitas. sucessores dos judaizantes dos dias apostólicos.
observavam a lei de Moisés e os costumes judaicos. Um grupo deles
pertencia à seita dos essênios, cujos seguidores eram vegetarianos.
No relato da criação, o animal é omitido como alimento para o
homem:
AS SEITAS ORJENTAIS 2 U

"E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda eiva que dá
semente e que está sobre aface de toda a terra e Ioda áivore
em que há fruto de áivore que dá semente; ser-vos-ão para
mantimento. E a todo animal da terra, e a toda ave dos céus,
e a todo réptil da terra, em que há alma vivente, toda a eiva
verde lhes será para mantimento. E assim /oi" (Gn 1.29, JOJ.

O v. 29 não menciona animais como alimento, fala de "toda erva


que dá semente" e de "toda árvore em que há íruto de árvore que dá
semente". No v. 30, essa idéia parece ser extensiva até mesmo aos
animais. Isso parece indicar que, antes da queda, Adão e Eva não se
alimentavam de carne. Nesse caso, qual seria a finalidade dos den-
tes tão grandes dos animais carnívoros. como o leão? Depois da
queda, Abel oferece sacrificio da gordura de animal (Gn 4.4). se no
Éden. Adão e Eva não se alimentavam de carne, aqui. leríamos
mudança no hábito alimentar.
A Bíblia afirma que Deus nos deu por mantimento tudo o que se
move e mais a erva verde. A exceção é o sangue e os animais con-
siderados imundos na legislação mosaica, lislados em Levilico 11e
em Deuteronômio t4.7-2 I. Os homens. porém. desde a an1iguida-
de, vêm procurando mudar a ordem nalural das coisas, conlralian-
do a Palavra de Deus:

'Tudo quanto se move, que é vivente, ~ró para v<Jsso


mantimento; tudo vos tenho dado, como a en1a 1•erd.: A car·
ne, porém, com sua vida, islo é, com seu sangu.:. não
comereis" (Gn 9.J, 4).

"Porém. conforme todo o desejo do tua alma, degolaras


e comerás come segundo a bênção do SENHOR. tt•u Deus.
que te dá denuo de todos as tuas ponas: o imundo e• o limpo
2H HERESIAS E MODISMOS

dela comerão, como do corço e do veado. Tão-somente o


sangue não comereis; sobre a terra o derramareis como
água... Estes são os animais que comereis: o boi, o gado
miúdo das ovelhas, o gado miúdo das cabras, o veado, a
corça, o búfalo, a cabra montês, o texugo, o boi silvestre e o
gamo. Todo animal que tem unhasfendidas, que tem a unha
dividida em duas, que remói, entre os animais, isso comereis"
(Dt 12.15, 16; 14.4-6).

"Mos o Espírito expressamente diz que, nos últimos tem-


pos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos
enganadores e a doutrinas de demônios, pela hipocrisia de
homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua pró-
pria consciência, proibindo o casamento e ordenando a abs-
tinéncia dos manjar~ que Deus criou para os fiéis e para
os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com
ações de graças; porque toda criatura de Deus é boa, e não
há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças,
porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificada~
(1Tm4.1-5).

Os preceitos dietéticos da lei de Moisés eram de caráter salutar


e não meios de salvação e santificação. O alimento ingerido pela
boca não contamina, espiritualmente, o ser humano. o Senhor Je-
sus ensinou:

"O que contamina o homem não é o que entra na boca,


mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem ...
Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce
para o ventre e é lançado foro> Mas o que sai da boca procede
do coração, e isso conlamino o homem. Porque do coração
AS SEITAS ORIENTAIS 275

procedem os maus pensamentos. mortes. adultérios. prosti-


ttlição. funos. falsos testemunhos e blasjbnios. São essas coi-
sas que contaminam o homem; mas comer.sem lavaras mãos,
isso não contamina o homem· (Mt 15.11. 17-21 J.

As autoridades religiosas colocavam a priitica de lavar as mãos


antes das refeições como meio de salvação e de santificação. Em
nada isso pode se aplicar à necessidade, hoje, de se lavar as mãos
antes da refeição. trata-se. pois, de questão de higiene; lá. era ques-
tão religiosa. o padrão higiênico. estabelecido pelo atual sistema
sanitário ou de saúde pública, deve ser levado a sério.
Havia, em Roma. alguns cristãos que se alimentavam de legu-
mes, os quais o apóstolo chamou de irmão fraco, que existe. ainda
hoje, mas deve ser respeitado (Rm 14.2, 3).
Se alguém deseja ser vegetariano. por sua livre vontade. não há
problema algum de ordem espiritual, desde que não transforme essa
prática como meio de salvação e de santificação.

III. MEDITAÇÃO TRANSCENDENTAL

1. Origem e história. o movimento é uma ramificação do


hinduísmo. mas disfarçado de técnica psicológica terapêutica e de
desenvolvimento da personalidade. alheio a qualquer religião. Foi
fundado por Mahesh Brasad Warma. em 1958, Madras. na lndia
Depois, adotou o nome Maharishi Mahesh Yogi.
O termo maha significa "grande", e rishi quer dizer um santo.
um mestre ou um profeta. Mahesh é o nome de família. e Yogi
significa mestre de ioga. O termo "ioga· vem do sànscnto ··inte ·
gração, união. concentração"; 12 trata-se. pois. do ·sistema hindu
de controle tisico e mental para obter um estado de bem-estar por
uma união com o Absoluto"."
276 HERESIAS E MODISMOS

Durante 13 anos, foi discípulo do guru Swami Brahmananda


Saraswati, conhecido como Guru Dev. Depois de sua morte. em 1953,
Maharish tomou-se eremita e foi viver numa caverna no Himalaia.
Em 1958, saiu da caverna e veio para o Ocidente. Fundou o Movi-
mento de Regeneração Espiritual. para adultos interessados em va-
lores filosóficos e espirituais, e a Sociedade Internacional para Es-
tudantes de Meditação.
o movimento ganhou notoriedade quando recebeu a adesão
dos Beatles e dos Rolling Stones. mas depois descobriram as frau-
des de Maharish e abandonaram-no. Essa decisão levou muitos
adeptos a fazer o mesmo. Depois do fracasso, Maharish retornou
à lndia e deu roupagem nova ao movimento. Substituiu termos
religiosos por termos psicológicos, usando o nome: Ciência da In-
teligência Criativa.
A Universidade Internacional Maharishi foi estabelecida em 1974,
em Fairfield, Iowa, EUA, integrou o ensino da Ciência da Inteligên-
cia Criativa no seu programa de graduação de quatro anos. Ensina-
va que não era filosofia, nem modo de vida e nem religião. Declara-
va tratar-se de técnica cientifica. mediante a qual um indivíduo pode
"fazer menos e realizar mais" .14 Essa técnica, segundo eles, permite
as pessoas empregar a totalidade de sua potência mental e. assim,
alcançar profundo sentimento de descanso.
Os especialistas submeteram essas técnicas à análise científica
e concluíram que se tratava da mesma meditação transcendental.
O Tribunal Federal de Nova Jérsei, em 1977, proibiu a prática nas
escolas públicas. pois constatou que se tratava de religião e não
de psicologia.

2. Sua teologia. A fonte de autoridade são os escritos sagrados


do hinduísmo e as interpretações de Maharishi dos Vedas. princi-
palmente. o Bhagavad Gita. O conceito sobre Deus é o panteísmo
AS SEITAS ORIENTAIS 277

monístico da religião hindu. A salvação é mediante união eíetivada


pela meditação transcendental, que são exercícios mentais com re-
citação silenciosa do mantra. Acreditam na reencarnação.

3. Análise bíblica. A meditação cristã não esvazia a mente, e


nem o cristão pretende suprimir seus pensamentos em esplrilo e
em verdade. Ela é dirigida a Deus e à sua Palavra:

"Não se apane da tua boca o livro desta úi; antes. medita


nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme
tudo quanto nele está escrito; porque. enrão. farás prosperar
o teu caminho e. então, prudentemenre reconduzirás" (Js l .BJ.

'Antes. tem o seu prazer na lei do SENHOR. e na sua lei


medita de dia e de noite" (SI 1.2).

"Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a medita-


ção do meu coração perante a tua face. SENHOR. rocha mi·
nha e libertador meu!" (SI 19.14).

"Oh! Quanto amo a tua Ien ta minha meditação em todo


odia 1"(5/ /19.97).

o cristão canta e ora no espírito, mas com entendimento, pois as


experiências espirituais não bloqueiam a mente:

"1 J Pelo que, o quefala língua estranha. ore para que a


possa interpretar. 14 Porque. se eu orar em língua eslra·
nha. o meu espirito ora bem, mas o meu entendimento fica
sem fruto. 15 Que farei, pois' Orarei com o espintc), mas
também orarei com o entendimento; cantarei com o espín
278 HERESIAS E MODISMOS

to, mas também cantarei com o entendimento. 16 Doutra


maneira. se tu bendisseres com o esplrito, como dirá o que
ocupa o lugar de indouto o Amém sobre a tua ação de gra-
ças. visto que não sabe o que dizes? 17 Porque realmente tu
dás bem as graças, mas o outro não é edificado. 18 Dou
graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós
todos. 19 Todavia eu antes querofalar na igreja cinco pala-
vras na minha própria inteligência. para que possa também
instruir os outros. do que dez mil palavras em língua desco-
nhecida"(/ co 14.IJ-19).

Veja que o conteúdo da mensagem do evangelho não consiste


em sonidos de mantras sem significados. e nem vibrações de pala-
vras ou de pensamentos harmônicos.
Os adeptos da Meditação Transcendental esperam obter paz de
espírito. felicidade e esperança de salvação sem Jesus, mas median-
te as antigas práticas hindus, hoje, travestidas de roupagem científi-
ca. Deus oferece salvação a todos os seres humanos na Pessoa de
Jesus Cristo:

"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o


seu Filho unigênito. para que todo aquele que nele crê não
pereça. mas tenha a vida etema" (Jo 3. J6).

"Porque a graça de Deus se há manifestado. trazendo sal-


vação a todos os homens" (Tt 2. 11).

IV. IGREJA MESSIÃNICA MUNDIAL

1. Origem e história. Foi fundada por Mokiti Okada. chamado


por seus adeptos de Meishu-Sama. que significa "Senhor da Luz",
AS SEITAS ORIE"'1'AIS 279

no Japão. em 1935, mas só oficializado em 1947. Declarou ter re-


cebido, entre 1926 e 1935, uma série de revelações sobre Deus. o
homem e o mundo. As supostas revelações teriam mostrado a po-
breza e a miséria como conseqüências dos males espirituais do
interior do homem. e a prática da johrei, "purificar o esplrito", para
tornar o homem virtuoso, feliz e digno. o objetivo de Meishu-Sama
era construir um paraiso na terra. Ele morreu em 1955, e sua espo-
sa Yoshiko Okada ou Nidai-Sama. como a chamavam seus segui-
dores, assumiu o seu lugar. Sob sua liderança, o movimento ini-
ciou-se no Brasil. em junho de 1955. Sua sede é na Vila Mariana.
em São Paulo.

2. Fonte de autoridade. seus escritos sagrados são as obras de


Meishu-Sama e de sua esposa: Ensinamentos de Meishu-Sama.
Ensinamentos de Nidai-SOma, Alicerces do Paraíso. dentre outros.

-as ensinamentos básicos da Igreja Mes.síânica Mundial


são revelações que Meishu-Sama recebeu de Deus... t im·
portante ler todos os dias o máximo desses inspirados
ensinamentos. Isso fará crescer sua compreensão e lhe per-
mitirá receber essa Luz contida nas palavras". •s

Como no Movimento Hare Krishna. aceitam a Biblia quando


acham que podem apoiar suas crenças nela.

3. Deus. Seu conceito sobre Deus é indefinido. e muito pouco


apresenta-se sobre seus atributos. às vezes. é pessoal e monoteista,
ora, é panteista. São deístas. os messiânicos exaltam mais a Me1shu·
Sarna do que a Deus. Negam a divindade. a morte e a ressurreição
de Jesus. Afirmam não ser Jesus o Salvador e consideram-no. ape·
nas. como alguém que achou a felicidade
"Deus é a fonte da vida. Tanto o corpo espiritual do ho-
mem quanto o material são porte dele. Deus e o l1omem es-
tão indissoluvelmente relacionados como o estão pai efilho". 16

Essa declaração é pantelsta. pois não distingue entre Deus e o


homem. coloca o homem como parte da divindade. No hinduísmo e
no mormonismo há pluralidade de idéias e conceitos sobre a divin-
dade. Essa característica é própria de religiões e seitas politeístas. Já
ficou provado, até aqui, a falácia e a contradição bíblica de todas
essas crenças. Elas são contrárias à Bíblia e inadequadas ao cristia-
nismo. Isso revela o desvio generalizado do ser humano. como des-
creveu o apóstolo Paulo:

"Porquanto, tendo conhecido a Deus. não o glorifica-


ram como Deus, nem lhe deram graças; antes. em seus
discursos se desvaneceram. e o seu coração insensato se
obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E
mudaram a glória do Deus incorruptível em semel/1ança
da imagem de homem corruptível. e de aves, e de
quadrúpedes, e de répteis ... Pois mudaram a verdade de
Deus em menlim e honraram e serviram mais a criatura
do que o Criador. que é bendito eternamente. Amém!·
(Rm 1.21-23, 2SJ.

Os adeptos da Igreja Messiânica Mundial nâo são os únicos a


negar a divindade de Jesus, a sua morte e a sua ressurreição. os
muçulmanos, também, fazem-no. As testemunhas de Jeová negam
a divindade e a ressurreição de Jesus. Fazem coro com eles os
mórmons, os espíritas dentre os demais. Não há, portanto. necessi·
dade de refutar, à luz da Bíblia, cada um desses pontos, pois já foi
feito acima. aqui, e em capítulos anteriores.
4. Salvação. Para eles, o salvador é Meishu-Sama, e a salvação é
mediante o johrei. prática de imposição de mãos, que, segundo eles.
transmite energia ou luz canalizada por meio de amuleto sagrado.
o termo 1ohrei" vem de duas palavras japonesas joh, "purificar"
e rei, "espírito" ou "corpo espiritual". Seus adeptos acreditam que tal
prática é revelação de Deus:

·o Johrei foi revelado por Dtus, concmizado pelo mestre


e permitido aos fiéis da Igreja Messidnico Mundial. o potkr
do Johrei emana do mundo de Deus, onde não se interpõe a
ação da mente humana nem aforça do homem. O Johrei é a
Luz de Deus canalizada por Mdshu-Sama para o 'Okari' (luz
divina), consagrada no Solo Sagrado por Kyoshu-Sama e ir-
radiada através das mãos dosfiéis". 17

"A Igreja Messiânica Mundial é uma religião com po-


deres suficientes para eliminar os sofrimentos da huma-
nidade. Sua atuação é uma 'Obra de SalvaçtJo' u/lra-reli-
giosa. o Johrei é um dos pontos mais importantes da dou-
trina messiânica, podendo-se dizer que é a ess~ncia da
mesma. o que melhor a caracteriza, não havendo nada
que se lhe compare". 18

os adeptos da Igreja Messiânica Mundial recebem uma meda-


lha, o Ohikari. "o sagrado ponto focal", o Sagrado Depositário, uma
espécie de amuleto ou medalha sagrada ao serem iniciados. Acre·
dilam que. a partir desse momento, a Luz Divina é canalizada da
Sede Central e da própria Igreja. por meio de Meishu-sama. para
alcançar o Ohikari. Cada messiânico deve usar o tal objeto no pes-
coço. dispensar toda reverência e atenção especial a ele.
Trata-se de busca alternativa de salvação. e o que se ve. em tudo
282 HERESIAS E MODISMOS

isso, é mistura de superstição, ocultismo e idolatria. Eles substitu-


em Jesus Cristo pelo Johrei e o Espirita Santo pelo Ohikari.

V. SEICHO-NO-It

l. Origem e história. ~ o movimento religioso fundado no Ja-


pão por Masaharo Taniguchi. em 1930 o nome "Seicho-No-lê" sig-
nifica "Lar do progredir infinito". Sua doutrina é baseada em três
principies: negar a existência da matéria, do mal e do pecado. Tudo
isso em decorrência de sua própria experiência. o movimento che-
gou ao Brasil em 1952. Distribuem gratuitamente a revista Acende-
dor, hoje, chamada Fonte de Luz.com calendário, mensagens
estimuladoras e positivas para cada dia, com base na sabedoria ori-
ental, ou seja. sabedoria humana (1 Co 2.4). Eles mantêm progra-
mas de rádio e televisão em muitos estados do Brasil.

2. Fontes de autoridade. seus escritos sagrados são os mes-


mos do xintoísmo: Kijíkí e o Nihongi; do budismo, a Tripitaka e, até
mesmo, a Bíblia:

~ Seicho-No-tê não é nenhuma seita religiosa ... No sen-


tido de dar vida às religiões. faz conferências baseadas em
escrituras do Budismo, em textos da antiguidade japonesa, e.
lambém na Bíblia"."

A obra padrão deles. no entanto, são os escritos de Taníguchí.


como Verdade da Vida (40 volumes) e a Sutra Sagrada.

3. Deus. o conceito de Deus é muito confuso. é panteísta. é


pessoal, às vezes, é energia vital e impessoal. Como negam a exis-
tência da dor. logo Jesus também não teria sofrido, semelhante às
AS SEITAS ORIENTAIS 21S

demais seitas, incluindo as orientais, negando sua divindade e res·


surreição corporal. São conceitos teológicos antiblblicos já discuti·
dos à luz da Blblia.

4. Salvação. Ensinam que todos os homens são ftlhos de Deus,


mesmo os incrédulos e assassinos, e que o homem toma-se Deusquan·
do se liberta da consci~ncia do pecado. A isso chamam salvação.
A Bíblia distingue os filhos de Deus e os filhos das trevas, filhos
da ira e outras expressões similares. Todos os seres humanos são
criaturas de Deus, tornam-se filhos quando se convertem ao evan-
gelho de nosso Senhor Jesus Cristo:

"Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de~


remfeitos filhos de Deus: aos que crêem no seu nome• (JO 1.12).

"E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pt:ea-


dos. em que, noutro tempo. andastes, segundo o cur.;o des-
te mundo. segundo o principe das potestades do ar, do espí-
rito que. agora, opera nos filhos da desobediéncia; entre os
quais todos nós também, antes, andávamos nos ~jos da
nossa carne. fazendo a vontade da come e dos ptnSQmen-
tos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros
também" <Ef2.2-4).

'Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai:


quefôssemos chamados filhos de Deus. Por isso. o mundo
não nos conhece. porque não conhece a ele. Amados. ago-
ra somos filhos de Deus. e ainda não é maniftsto o que
havemos de ser. Mas sabemos que. quando de se manifes-
tar. seremos semelhantes a ek; porque assim como 1 o wr-
remos· <1 Jo J. I, 2).
2841 HERESIAS E MODISMOS

CONCLUSÃO

As crenças e práticas dessas seitas são condenadas pela Blblia


Sagrada. Seus adeptos valorizam a palavra de seus líderes e gurus.
acreditam em pensamentos e máximas dos homens. o que raz es-
sas pessoas rejeitarem o autêntico cristianismo? Precisamos rever
nossos métodos de evangelismo e missões. o povo está faminto.
temos, aqui, uma amostra de multidões que comem as bolotas oíe-
recidas pelas religiões filosóficas. enquanto na casa de nosso Pai,
temos abundância de pão. Você está disposto a fazer pela verdade o
que eles fazem pela mentira?

Notas
' MAlllER. GeorJe A." NICHOIS. UI)' A Op cil.. p 483
t Bhdl::O Y"8". p l8
·' SARAVI. FcmandO D lfMl$iiln dt:s« Oriente. p 102
'lt«omprlaaõndas Mtn$11fCSIN SliSolhyo So1 Bobo. p 42 Cllado por Saravi Op Cil .. p. 104.
'TM:lrms efSlwmri llJ1d:.11>0ndo. pp 19. 20.
• AN:etberg e Weldon. p 21.
'CASAMAYOR, Ramón Vallê5 EJOiMerdelMo1-000 úis Sec1as. pp 211. 272
• MATHER. George A " NICHOIS. l.al)' A Op. (lf.• p 373
'IEREMIAH. David con CARISON. e e lnVOSJ6n ik ouos Oi~. p 55
.. RINALDI. Nllanael e ROMEIRO. Paulo Oesmoscarando as Seitas. p. 313
" Bhogavad Gila, 47 7
"SCHLEISINGER. Hugo e PORJO. Humbeno Op. CIL. vol 11. p 2.690.
" ~wi5. Gordon R. O Que 'Rodos Od>en sabtr sobre lo Med110C1ón 7tonscendcntal. p 8.
"~wi5,GordonR.Op c11.,p.12.
" R«omendlrçóe5 para 05 Mcssotnicas, p. 26.
06 EnsinotMtllaSINHidoi-Son>O,vol l,p 58

"lgrqa Messiãtua1 Mundial. cle%/19'0, p 63.


.. MEISHU-SAMA AliceKC5 do Paralso. vol 5. p "
.. "Vtnfo(k da l.tda, vol 1, p 13.
CAPiTULO 9

O CRISTIANISMO
JUDAIZANTE

o ctistianismo nasceu no contexto judaico e de/e recebeu rica


herança teológica e ética. Os primeiros membros da igreja eram
judeus. com a expansão do cristianismo entre os gentios, o nú-
mero deles ia aumentado, à medida que o tempo passava e a
presença de judeus ia diminuindo. Muitos judeus convertidos
ao evange/110 de Jesus Cristo eram de origem farisaica, os quais
insistiam na tese de que os gentios convertidos dfé cristã devi-
am viver de acordo com a lei de Moisés. São os cristãos
judaizantes. Estavam por toda a parte, mas sua presença tor-
nou-se notória na região da Galácia do Sul.
286 HERESIAS E MODISMO~

1. OS PRIMEIROS JUDAIZANTES

l. O termo judaizante. A palavra vem do verbo grego 'Iou&tt(w


(ioudaizõJ. "viver como judeu'",' e aparece só uma vez no Novo Tes-
tamento.

"Mas. quando vi que não andavam bem e direitamente


confo1me a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença
de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios e não
como judeu. por que ob1jgas os gentios a viverem como ju·
deus:>'' (GI 2.14).

Eles apareceram no seio da igreja, e nem mesmo a decisão do


Concilio de Jerusalém. Atos 15, foi suficiente para detê-los. pois con-
tinuavam insislindo na necessidade de os gentios convertidos à fé
cristã viverem como judeus. Os seus discípulos ainda estão por aí,
defendendo a guarda do sábado. as leis dietéticas prescritas por
Moisés e ritos judaicos.
Foram eles os principais perseguidores do apóstolo Paulo duran-
te toda a sua vida. pois o acusavam de pregar contra a lei. tantos os
de fora como os falsos irmãos

·varões israelitas, acudi' Este é o homem que por todas as


partes ensina a wdos, contra o povo, e contra a lei. e contra
esle lugar: e, demais disto, introduziu também no templo os
gregos e profanou este sanlO luga1" (AI 21. 28J.

"E isso por causa dos falsos irmãos que se tinham


entremelído e secretamente entraram a espiar a nossa liber-
dade que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servi-
dão: aos quais. nem ainda por uma hora. cedemos com su-
jelçõo. para que a verdade do evangelho permaneces.se entre
1f6s• (G/ 2.4. 5).

2. O cristianismo não judaizou o mundo. o Senhor lesus


nasceu "conforme a lei" (GI 4.4); cresceu e viveu dentro da cultura
judaica; reconheceu as Escrituras Hebraicas e a autoridade de Moisés.
Todavia, não pregou costumes judaicos. e nem seus apóstolos
judaizaram o mundo.

º'E o menino crescia e se forralecia em espírilo. cheio de


sabedoria; e a graça de Deus eslOVO sobre ele. Ora. lodos os
anos. iam seus pais a Jerusalém. à Fesla da Páscoa. E. lendo
e/e já doze anos. subiram a jerusalém. segundo o coslume do
dia da festa. E. regressando eles. lerminados aqueles dias.
ficou o menino Jesus em Jerusalém. e não o souberam seus
pais" (LC 2.40-4JJ.

"E ordenou-lhe que a ninguém o dissesse. Mas disse-lhe:


Vai~ mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação. o
que Moisés determinou. para que lhes sirva de restt·munho ..
(Lc 5.14).

"E, começando por Moisés e por todos os profetas. c<pli·


cava-lhes o que dele se achava em todas as E..'Cnturas E
disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda
convosco: convinha que se cumprisse tudo o (1ue Je num es·
tava esc1ito na Lei de Moises. e nos Profetas. e nos 5'Jlmt"1.s·
(lc 24.27, 44).

'Porquanto tem detc'nninac.Jo um c.Jw em que· com /USll ·


ça hâ de julgar o mundo. por lllc'IO Jo vcmio que' clesllnou.
211 HERESIAS E MODISMOS

e disso deu certeza a todos. ressuscitando-o dos mortos"


(AI 17.JIJ.

o apóstolo Paulo não deu aula sobre o Tetragrama, no Areópago


de Atenas, para explicar o nome "Jeová''. antes. estava preocupado
em desfazer o escãndalo da cruz, com a mensagem da ressurreição.

3. A mensagem dos judaizantes. Eles são chamados de "falsos


irmãos" (GI 2.4), pois perturbaram as igrejas em Antioquia da Siria e
na Galácia, ensinando que os gentios deviam tomar-se judeus para
serem salvos. Ficaram conhecidos na história do cristianismo por
galacionistas. Parece que se apresentavam como enviados de Tiago,
mas isso foi negado no concílio apostólico, sairam, de fato, de Jeru-
salém, contudo não estavam autorizados a falar em nome de Tiago.
Esses homens saíram de Jerusalém por sua própria conta:

"Então, alguns que linhom descido da Judéia ensinavam


assim os innãos: Se vos não circuncidardes. conforme o uso
de Moisés. não podeis salvar-vos... Alguns. porém. da seita
dos fariseus que tinham crido se levantaram. dizendo que era
mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de
Moisés" (AI 15. 1, 5).

"Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de


Tiago. comia com os gentios; mas. depois que chegaram, se
foi retirando e se apartou deles, temendo os que eram da
circuncisão" !Gl 2. l 2J.

"Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós


vos penurbaram com palavras e transtornaram a vossa alma
(não lhes tendo nós dado mandamento)" (AI 15.24!
O CRISTIANISMO JUDAIZAHT[ H9

4. Perigos à vista. os apóstolos viam. em tudo isso, dois pro-


blemas sérios: a ameaça à liberdade cristã e o perigo de o cristianis-
mo tomar-se mera seita judaica_ Isso explica porque o apóstolo Paulo
íoi tão contundente com os judaizantes:

"Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anun-


cie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, ~ja
anátema. Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo tam-
bém vo-lo digo: se alguém vos anunciar outro evangdhoalém
do que já recebestes, seja anátema" (G/ 1.8, 9J

Eles são, antes identificados no v. 7, como os que penurbam os


crentes: "vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cris-
to". Não se trata. pois, aqui. de decisões pessoais de alguém que.
espontaneamente. resolveu guardar o sábado ou abster-se de cer·
tos alimentos, mas de algo muito grave.
Os gentios não aprenderam os bons costumes porque nunca
tiveram quem os ensinasse. por essa razão o modus vtvend1 deles
era precário. Aplicar essa conduta judaica aos gentios era o mes·
mo que afirmar que a graça do Senhor não era suficiente A lei de
Moisés seria o complemento para a salvação. Isso reduziria o cns-
tianismo a uma mera seita do judaísmo e coníundir-se-ia com a
identidade judaica. Nesse caso. era como se os cristãos de ho1e
usassem tolit (manto usado pelos judeus religiosos! e bpp.Jr tsolideu
que eles usam sobre a cabeça). alimentassem-se apenas de comi·
da khosher como os judeus. além de outros ritos. como condição
para a salvação.
Os judaizantes alteravam o cerne do evangelho. pois coloca-
vam a lei como complemento da obra que Jesus efetuou no Cdl\'àno.
era, de fato. ""outro evangelho", por isso o apóstolo Paulo os amal-
diçoou (GI 1.8.91.
290 HERESIAS E MODISMOS

li. O OBJETNO DA LEI

1. Aliberdade cristã e os judaizantes. o texto mais importante


do Novo Testamento contra o legalismo é a epístola aos Gálatas. Nela.
o apóstolo Paulo desmantela os argumentos dos judaizantes:

"E.stai, pois. jinnes na liberdade com que Cristo nos liber-


tou e não tomeis a meter-vos debaixo do jugo da servidão"
(GI 5.IJ.

A liberdade a que o apóstolo refere-se. aqui. é o ato de libertar a


nossa consciência da culpa do pecado: "nos libertou do império das
trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor" (CI 1.13
- ARA). Fomos libertos do império das trevas. isso envolve liberda-
de da ignorância, dos ritos, da idolatria e dos sistemas legalistas. O
cristão íoi liberto por Cristo para a liberdade e não para a servidão.
Um sistema religioso que prega a guarda da lei significa retorno a
escravidão. O apelo apostólico é que o cristão liberto não torne a
ser presa dos homens ou de qualquer sistema religioso legalista.
A epístola aos Gálatas foi para Lutero a pedra fundamental usa-
da contra a hierarquia e todo o ritualismo da Igreja Romana. De-
pois de Romanos, é o escrito paulino que mais exerceu iníluência
na história do cristianismo. O legalismo sempre existiu e sempre
existirá na história do cristianismo.

2. A lei não foi dada para a salvação, mas para definir o


pecado. A maneira errônea de os judaizantes e os demais legalistas
opositores do apóstolo Paulo interpretar a lei trouxe muitos proble-
mas para a Igreja dos dias apostólicos. Todavia. os judaizantes de
hoje ainda não perceberam a utilidade da lei: ela veio por causa da
transgressão. A Bíblia afirma que "pela lei vem o conhecimento do
O CRISTIANISMO JUDAIZANTE J9 I

pecado" (Rm 3.20). se não há lei, não pode haver pecado. O homem
não teria conhecido pecado, se não fosse pela lei.

"Porque a lei opera a ira; porque onde não há lei também


não há transgressão" (Rm 4.1 SJ.

"Que diremos. pois' É a lei pecado' De modo nenhum!


Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não
conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobi-
çarás" (Rm 7. 7).

"Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das trans-
gressões. ai~ que viesse a posteridade a quem a promessa
linha sido feita, e foi posta pelos anjos na mão de um media-
neiro" (GI 3.19J.

Os judaizantes estavam propondo outro evangelho. privando os


cristãos da liberdade com que Jesus nos libertou. transferindo para
o homem a honra e a glória que pertencem exclusivamente a Deus.
oferecendo a salvação por meio das obras da lei.

3. A lei foi dada para demonstrar a necessidade da graça


divina. A lei não veio como solução final, mas para conscienlizaros
homens do pecado e da necessidade da graça de Deus, de algo que
transcendesse à própria lei. "para que a promessa pela fé em Jesus
Cristo fosse dada aos crentes" (GI 3221. Apesar de santa. é inade-
quada para a salvação. Seu propósito é duplo: revelar e dejinir o
pecado até o cumprimento da promessa.

"Por isso. nenhuma carne> serei justificada diante> dt'ir pc.··


las obras da lei, porque pela let 1•em o rnnhecimt'nCO do /Xül·
292 HERESIAS E ltODISMOS

do.. Assim. a lei é santa; e o mandamento, santo, justo e


bmn" <Rm J.20).

Essa doultina foi ensinada por um ex-praticante rervoroso do ju-


daismo. o qual era inimigo implacável de Jesus Ctisto e consenliu,
inclusive. na morte de Estevão, em delesa de sua religião (At 8.1-3).
Perseguiu. ferozmente, os cristãos não só de Jerusalém, pois estava a
caminho de Damasco. no encalço dos discípulos de Jesus para prendê-
los (Al 9.1-4). Esse testemunho mostra o zelo pelo judaísmo e pela lei
de Moisés. No entanto. foi alvejado pela graça de Deus. Um homem
tão radical assim não seria transformado em novo homem, com ou-
tro conceito de teologia. com outra visão de mundo, se Deus não
estivesse nisso. Trata-se. pois, de um testemunho de quem viveu e
praticou o legalismo, mas que íoi liberto pela graça de Deus.

"Porque não o recebi, nem (lprendi de home/ll (llgu/ll, mas


pela revelação de Jesus Cristo. Porque já ouvistes qualfoi an-
tigamente a minha condwa no judaísmo, como sobremanei-
ra perseguia a igreja de Deus e a assolava. E. na minha na-
ção. excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo
extremamenie zeloso das tradições de meus pais Mas, quan-
do aprouve a Deus. que desde o ventre de minha mãe me
separou e me chamou pela sua graça" (G/ 1. J2- JSJ.

4. A lei foi dada para servir de aio. o termo grego para "aio"
é naLóaywyóç (paidagõgosJ. "o encarregado de levar os meninos (a
escola). de impor-lhes disciplina e de vigiá-los".'

"De maneira que a lei nos serviu de (lio. para nos conduzir
a Cristo. para que. pela fé. jõssemos justijicados. Mas, depois
que aje veio. já não e.stamos debaixo de aio" rGI J 24. 25!
O menino ficava sob custódia desses lulorcs O "lllh ..... 11.111 l·•·.1

mestre. mas o guia e guardião que disciplinava a aian.;a Um '-"~


cravo de confiança da família, no mundo romano. era encam:ga
do de tomar conta do filho, entre 6 e 16 anos, levá-lo à escola e
Lrazê-lo de volta para casa, supervisionando sua conduta. Assim.
a lei exercia apenas papel disciplinar, servindo de aio para nos
conduzir a Cristo. o Mestre Superior (GI 3.241 Isso mostra a fun-
ção inferior dela em relação ao evangelho. que terminou com a
vinda do Messias (GI 3.25). Agora. somos livres da lei, mas depen-
dentes da graça de Deus.

III. A QUESTÃO DO SÁBADO

1. O novo concerto. o problema não ê o sábado em si. mas o


rato de não estarmos debaixo do antigo concerto, debaixo lei. mas
sob a graça.

"Mas <1gorn alcançou ele ministério tanto mais excelenre.


quanto é mediador de um melhor concerto. que está confir-
mado em mel/lares promessas. Porque. se aquele primeiro
fora irrepreensível. nunca se teria buscado lugar para o 5'!-
gw1do" (Hb 8 6. 1!

A Bíblia ensina, ainda, que se alguém tropeçar em um ponto da


lei é culpado por todos os outros. Somente Jesus cumpriu-a toda.

"Ncio wideis qtie vim destnur a lei ou os prl~/etd::. mio rnn


ab-rog<11: mas cumprir. Porque em 1•erdade ros dig<> que·_ ate.'
que o céu e a rerra passem. nem um /lllll ou um ai Se' omru·r,i
da lei sem que tudo sc·ja cw11prufo"' 1Mt 5 r 1. t Si
294 HERESIAS E MODISMOS

"Porque qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em


um só ponto tomou-se culpado de todos" (Tg 2. I OJ.

Quem se submete à prática, de pelo menos um preceito da lei. é


obrigado a cumpri-la toda.

"E. de novo. protesto a todo homem que se deixa circunci-


dar que está obrigado a guardar toda a lei. Separados estais
de Cristo. vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes
caído" (GI 5.3, 4}.

2. A circuncisão. o Novo Testamento revela que os principais


pontos da lei. objeto dessas controvérsias, eram a guarda de dias. o
sábado e a circuncisão

"Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros,


guardai-vos da circuncisão• Porque a circuncisão somos nós,
que seNimos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Jesus
Cristo, e não confiamos na carne" (Fp 3.2).

Temos, aqui, uma figura de linguagem chamada paronomãsia,


que consiste na repetição de palavras que soam de forma similar.
sem que apresente, necessariamente, o mesmo sentido.
O apóstolo fez jogo irônico de palavras contra seus adversários ju-
daico-cristãos, identificados, aqui, como "os maus obreiros", com o
uso das palavras Kututq.LÍ)(katalomeJ "mutilação"' e trEpmiµfi (peritomeJ
"circuncisão".• As nossas versôes da Bíblia traduzem, geralmente.
katatomê por "falsa circuncisão" (ARA) ou "falso circuncidado" (TB). a
ARC, por exemplo, traduziu, meramente, por "circuncisão".
O que o apóstolo quer dizer com essa figura é que a circuncisão
que os judeus tanto valorizavam não passa de mera mutilação e
O CRISTIANISMO JUDAIZANTE 295

que a verdadeira circuncisão é a do coração, isto é, o homem con-


vertido à fé cristã.

3. Um retrocesso espiritual. o senhor Jesus libertou os judeus


da escravidão da lei e os gentios dos rudimentos do mundo.

"Mas, agora, estamos livres da lei, pois morremos para


aquilo em que estávamos relidos; para que siNamos em no-
vidade de espírito, e não na velhice da leaa· (Rm 7.6/.

"Assim também nós, quando éramos meninos. estávamos


reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do
mundo" (G/ 4.3).

É até compreenslvel um cristão de origem judaica guardar o sá-


bado. ainda mais, hoje, em Israel, que o domingo é dia normal de
trabalho, e os cultos são realizados nos sábados.

"Um faz diferença entre dia e dia. mas outro julga iguais
todos os dias. cada um esteja inteiramente seguro em seu
próprio ãnimo. Aquele que faz caso do dia. para o Senhor o
faz. O que come para o Senhor come. porque dd graças a
Deus; e o que não come para o Senhor não come e dd graças
a Deus" (Rm 14.5. 6).

Trata-se. pois, de questão cultural, eles usam talit (manto usado


pelos judeus religiosos) e kippar (solidéu que eles usam sobre a ca-
beça). observam o kashruth (leis dietéllcas1. além de outros ritos.
mas, tudo isso, para preservar a identidade judaica. e não como
condição para a salvação. Outrossim. eles não acusam e nem con-
denam os irmãos que abriram mão dessas pratil:as 1uda1cas.
296 HERESIAS E MODISMOS

"Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós


que haja eu trabalhado em vão para convosco" (GI 4. I O. 11 J.

A guarda de dias representava santidade para os judaizantes


legalistas e, até, elevava-lhes o nlvel espiritual acima dos demais
cristãos, no entanto, o apóstolo afirma que se trata de retrocesso
espiritual: "Receio de vós que haja eu trabalhado em vão para
convosco".
Os judeus ortodoxos de hoje não acendem uma lâmpada no sá-
bado, não põem em funcionamento um veiculo e nem usam eleva-
dor num dia de sábado, pois consideram tais atos como o de acen-
der fogo no sábado.

"Não acendereis fogo em nenhuma das vossas moradas


no dia de sábado" (!x JS.3).

Os elevadores dos edilicios em Israel são programados para tor·


nar possível a chegada da pessoa ao andar desejado sem a neces-
sidade de apertar o botão. Os sabatistas atuais não observam es-
ses detalhes, e isso mostra que nem mesmo eles cumprem aguar-
da do sábado.

S. O sábado foi abolido. O sábado foi abolido com a chegada


do Novo Concerto e foi dado como sombras das coisas futuras, que
se cumpriram em Cristo. O Antigo Testamento vislumbrava essa mu-
dança Ur 31.31-34). A profecia cumpriu-se em Jesus:

"8 Porque. repreendendo-os. lhes diz: Eis que virão dias.


diz o Senhor. em que com a casa de Israel e com a casa de
Judá esrabelecerei um novo concerto, 9 ndo segundo o con-
certo que}iz com seus pais. no dia em que os tomei pela mão,
O CRISTIANISMO JUDAJZAHT! 197

para os tlrar da terra do Egito; como ndo permaneceram na-


quele meu concerto, eu para eles ndo alentei, diz o Senhor.
1o Porque este é o concerto que, depois daqueles dias. fam
com a casa de Israel, diz o Senhor: porei as minhas leis no
seu entendimento e em seu coraçdo as escreverei; e eu lhes
serei por Deus, e eles me serdo por povo. 11 E não ensinará
cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmdo. dizen·
do: Conhece o Senhor; porque todos me conhectrdo, desde o
menor deles até ao maior. J2 Porque serei misericordioso para
com as suas iniqüidades e de seus pecados e de suas prevari·
cações não me lembrarei mais. IJ Dizendo novo conceno,
envelheceu o primeiro. Ora, o que foi tomado velho e~ en ·
velhece perto está de acabai'' (Hb 8. 8· I JJ.

"Portanto, ninguém vos julgue pelo comer. ou pelo beber.


ou por causa dos dias de/esta, ou da lua nova. ou dos sába·
dos, que são sombras das coisas futuras. mas o corpo é de
Cristo" (CI 2. 16, I 7).

Jesus é quem projeta sombra, o sábado é. pois. sombra. mas a


realidade espiritual na fé cristã é Cristo. e não. o sâbado Os
adventistas do sétimo dia. no entanto. afirmam que o sábado men-
cionado em Colossenses 2.16 não é uma referência ao s.abado se-
manal. trata-se dos sábados cerimoniais, ou anuais' Essa interpre·
tação, porém, não resiste à exegese bíblica. pois as festas anuais Já
estão incluídas na expressão "dias de festa•

O apóstolo usou a mesma expressão registrada no Anligo Testa·


mente, quando menciona as festas sagradas anuais. mensa1!' ou
lua nova (pois a lua nova aparece a cada 28 a lO dias e com ela
principia-se o novo mês) e semanais·
291 HERESIAS E MODISMOS

"E para cada oferecimento dos holocaustos do SENHOR,


nos sábados, e nas luas novas. e nas solenidades, por conto,
segundo o seu costume, continuamente perante o SENHOR"
(1 Cr 23.31}.

ffEis que estou para edificar uma cosa ao nome do SE-


NHOR. meu Deus, poro lhe consagrar. poro queimar perante
ele incenso aromático, e para o pão contínuo da proposição,
e para os holocaustos da manhã e da tarde, nos sábados. e
nas luas novas, e nasfestividades do SENHOR, nosso Deus; o
que é perpetuamente a obrigação de Israel" (2 Cr 2.4).

"E isso segundo o dever de cada dia, oferecendo segundo


o preceito de Moisés, nos sábados, e nas luas novas, a nas
solenidades, três vezes no ano: na Festa dos Pães ASmos, e
na Festa das Semanas, e na Festa das Tendas" (2 Cr B. 13)

'Também escobeteceu a parte da fazendo do rei para os


holoc.aUSlOS, epara os holocausros da manhã e da tarde, epara
os holocaustos dos sábados, e das Festas do Lua Novo, e das
solenidades. como está escrito na Lei do SENHOR'' (2 Cr J / .JJ.

Dizem que o imperador romano. Constantino, mudou o sábado


pelo domingo:

"O imperador Constanríno estabeleceu o primeiro decreto


dominiaJI cívil em 7 de março de 321 d. e. Em vista da popu·
/antiade do domingo entre os adoradores pagãos do Sol e da
estima que muitos crisrãos lhe dedicavam. Constanlino tinha
esperança de que, tornando o domingo um dia santo, obteria
ele o apoio das atuais correntes em favor de seu governo ... O
decreto dominical de constantino rejlerla suas próprias ori·
gens como adorador do Sol".•

o capítulo 19 inteiro de Nisto Cremos é uma apolosia à suarda do


sábado. A habilidade e o poder de persuasão Igualam-se aos mu-
çulmanos e às testemunhas de Jeová. Qualquer desavisado, de co-
nhecimento blblico abaixo da média, pode confundir-se, mas uma
revisão na história do cristianismo e uma avaliação blblica desfa-
zem os argumentos adventistas.
O que nos chama a atenção é a habilidade dessa gente. É verda-
de que os romanos dedicavam o primeiro dia da semana ao sol. era
o dia do sol, como em inglês, Sunday. Mas também, é verdade que o
Senhor Jesus ressuscitou no primeiro dia da semana. O primeiro
culto cristão aconteceu num domingo, o segundo, também. Encon·
tramas no Novo Testamento os cristãos cultuando a Deus no do·
mingo, os judeus, sim. nas sinagogas. reuniam-st aos S:.bados.

"Chegada, pois, a tarde daquele dia. o primeiro da sema ·


na, e cerradas as portas onde os discípulos. com mt'c/o dos
judeus, se tinham ajuntado, chesou Jesus. e• pós-se no meio.
e disse-lhes: Paz seja convosco! ... E. oito dias depois. õllJ·
vam outra vez os seus disclpulos dentro. e. com eles. Tom~.

Chegou Jesus, estando as porias fechadas. e aprc:scntou .sr


no meio, e disse: Paz seja convosco.'" (fo 20 19. 26J

"No primeiro dia da seman11. ajuntando se os d15e1pul01S


para partir o pão, Paulo. que havia de· punlf no dw 5c8Urnt1·.
falava com eles; e alargou a práuca até 11 mei11 no11r· <AI 20 lJ

"Ora. quanto ci coleta que se f11z para os :>antos. /11m vós


também o mesmo que 11rdenc·1 a:> rgreJt.15 da Galdoa No pn
300 11[m:~11\S 1· lllll'l~~hl~

111t•ili' dia d11 $e.'"'"""· ..,,.,., 11111 de i'ós IJ<llllia de parte o que
p11cle1· 11j11111t11; t"<l/l/im11c" s11<1 pm51-1C.·1idade, para que sendo
façam os cok•tas •111111ulo ,•11 c/1egt.ll" ( t Co 16. t, 2).

O termo ºdomingo" significa "dia do senhor", vem de duas pala-


vras latinas dies, "dia".7 e dominicus, "do senhor, que pertence ao
senhor''.• A mesma expressão aparece no Novo Testamento:

"Eu fui arrebatado em espírito, no dia do Senhor, e ouvi


detrás de mim uma grande voz, como de trombeta" (Ap 1.1 OJ.

Há os que questionam "o dia do Senhor", aqui, como o domingo.


A expressão grega, nessa passagem, Êv Tfl Kupuxicfl ipÉpr, (en te
kyriake hemera). significa "no dia do Senhorº (Ap 1.10). kyriakos
"concernente ao Senhor"9 e hemera "diaº.'º Jerônimo traduziu por
dominica die, na Vulgata. Todavia, Inácio de Antioquia, um dos pais
da igreja que viveu na primeira metade do século li, interpretou essa
passagem blblica como o domingo:

"Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram


à nova esperança, e não observavam mais o sábado. mas o
dia do Senhor. em que a nossa vida se levantou por meio dele
e da sua morte"''

Inácio usou a mesma palavra de Apocalipse 1.1 O, kuriakos, e faz


menção da ressurreição de Jesus. Isso pode representar o pensa·
mento dos cristãos de sua geração.
o Ensino dos Doze Apóstolos, conhecido, também. como Didaque,
datado entre 70 e 120 d.e., documento com informações da vida
eclesiástica e crenças dos antigos cristãos, apresenta o domingo
como dia de culto:
"Reúnam-se no dia do ~nhor para parrir o pão e agrade-
cer, depois de ter confessado os pecados. para que o socrijicio
de vocês seja puro". 11

Justino, Mártir, apologista da igreja, morto em Roma. por volta


de 160 d.e.. também, fez menção do domingo como dia de cultos
dos cristãos de sua época:

"Celebramos essa reunião gtral no dia do sol, porque foi o


primeiro dia em que Deus. transfonnando as lrevas e a maté-
ria. fez o mundo. e também o dia em que Jesus Oisto, nosso
Salvador. ressuscitou dos mortos. Com efeito, sobe-se que o
crucificaram um dia antes do dia de Salumo e no dia seguin-
te ao de Saturno. que é o dia do Sol. ele apareceu a seus
apóslO/os e discípulos. e nos ensinou essas mesmas doulli-
nas que estamos expondo para vosso exame". ' 1

Veja que Justino refere-se ao domingo como o dia do Sol. na


verdade, Jesus é o "Sol da Justiça" (MI 4.2). Mas. ele aplica. também.
ao sábado, como o dia de Saturno. saturday, em inglês. uma divin·
dade pagã. Essas amostras são suficientes para demonstrar a traje-
tória do domingo na vida da igreja, como algo natural e espontâ-
neo, pois nesse dia Jesus ressuscitou.
Assim, essa prática foi se tornando comum. sem decreto e sem
imposição. Foi algo espontâneo. Constantino apenas confirmou
prática antiga dos cristãos. e isso não faz do domingo um dia pa-
gão. o problema é que, depois de 32 t d e. o domingo foi colocado
como sábado cristão. e isso não combina com ale cristã Se o após-
tolo Paulo reprova os gálatas por causa da guarda de dias. como
estes querem estabelecer a observância do domingo' Isso e. tam-
bém. legalismo.
302 HERESIAS E MODISMOS

O problema dos judaizantes é colocar a observância da lei como


complemento à obra de Cristo para a salvação. Foi justamente isso
que a Sra. Ellen Gould White fez, estabelecendo o sábado como con-
dição para a salvação:

''O sábado será a pedra de toque da lealdade: pois é o


ponto da verdade especialmente controvenido. Quando so-
brevier aos homens a prova final. traçar-se-á a linha divisória
entre os que servem a Deus e os que não o servem".'~

Em outras palavras, a fé em Jesus, sem a guarda do sábado, não


é suficiente para a salvação. A lei é colocada como elemento com-
plementar para a salvação. Isso constitui-se heresia, pois, segundo
o ensino bíblico, o homem é justificado sem as obras da lei: "Con-
cluímos, pois, que o homem é justificado pela fé. sem as obras da
lei" (Rm 3.28).
Os principais judaizantes da atualidade são os adventistas do séti-
mo dia. Há, porém, outros grupos que, também, entraram pelo mes-
mo caminho e são até exóticos. Estes não somente ensinam aguar-
dar o sábado, mas também outras práticas judaicas, como a festa dos
Tabernáculos, usos e costumes dos judeus (barbas, vestimentas, to-
cam o shophar, etc.). O Ministério Casa de Davi, liderado por Mike
Shea. com sede em Londrina, PR, é um desses grupos.

CONCLUSÃO

O cristianismo é religião de liberdade no Espírito e não um con-


junto de regras ou ritos, antes, dá muita ênfase ao relacionamento
individual do cristão com o Cristo ressuscitado (GI 2.20). Devemos,
portanto, tomar muito cuidado. pois as aparências. formalismos.
fanatismos. ritos e práticas legalistas não são características do cris-
tianismo do Novo Testamento. Cristianismo é religião de liberdade
no esplrito e não religião de ritos.
Por mais sincero que sejam os legalistas da Igreja da atualidade,
devemos lembrar que os opositores contemporãneos do apóstolo
Paulo. como muitos adeptos de seitas, v~m lutando contra a verda-
de do evangelho. o cristianismo judaizante é remendo novo em
vestidos velhos (Mt 9.16).
A salvação é pela íé em Jesus (GI 2.16; Ef2.2-IO; Tt 3.5).

Notas
' Balz la Scheneider. vol. 1. p 2 O11
'Bali la Schnelder. vol. li. p. 673.
'llalz la Schneider. vol. 1. p 2 257
'Ibidem. vol. li. p. 905
'Nisto CTMIOS. p 338
• Nislo crrmos. p. 346
• FARIA. EmeSIO Op. cit.. p. 174
• Ibidem. p 184
'Balz la Schneider. vol 1. p 2 437
w Ibidem. p vol 1. p. 1 786
"Podre llpoSlólicas. l' ed P<1ulus. s Paulo. l'H!>. p '" 1....,.., ...,. augnõi<"' ~ 1
"lllidem. p 357 OIJdqut. 14 1
"JUSTINO. MArtir /USUffl) ~ Rnnw. PP 8l. 114 ~ 1. .,7 7
"WHITE. Elkn G O Grundr Con/lllo. p "11
' ..
,,..• ,.. :..-,....... -. --......···,.,
~-.'·._ ·

.-.- . · :~! .~.~ ·>.....,~


.J ·.. ~· ..
CAPÍTULO 10

A TEOLOGIA DA
PROSPERIDADE

..7
/l(m'lflsa!Jtl dos profetas do Prosperidade está centrada na
~~~!!~-~ilJ?.~speridode, e não na salvação. sendo um desvio
do verdadeiro evangelho de Cristo.
o movimento Confissão Positiva não é denominação e nem
seita, mas um movimento no seio das igrejas penrecostais ..-
neopentecostais. que enfatiza o poder do crente em adquirir
tudo o que quiser. É. também. conhecido como 'Teologw da
Prosperidade, Palavra da Fé" ou "Movimento da f~". Sua ori·
gem está no ocu/Usmo. suas crenças e práticas. algumas velé'S.
são aberrações doutrinárias e outras heresias
306 HERESIAS E MOOISMOS

1. HISTÓRICO

l . Sua origem. A Confissão Positiva é uma adaptação. com apa·


rência cristã. das idéias do hipnotizador e curandeiro Finéias Parkhurst
Quimby (1802-1866), conhecido como Pai das Ciências da Mente.
Quimby era praticante da saúde mental e acreditava que o pecado, a
enfermidade e a perturbação só existem na mente das pessoas, e
não, na realidade. Chamava seu sistema metafisico de cura de ºCiên·
eia do Cristo". e, em 1863, chamou-o de "Ciência Cristã".
Os quimbistas criam no poder da mente. negavam a existência
da matéria. do sofrimento. do pecado e da enfermidade. Deles, sur·
giram vários movimentos ocultistas como o Novo Pensamento, as
seitas Ciência da Mente e Ciência Cristã, de Mary Baker Eddy.
Seus promotores querem, ainda hoje, passar-se por cristãosevan·
gélicos.

"Acautelai-vos. porém. dos falsos profetas. que vêm até


vós vestidos como ovelhas, mas interiormente sdo lobos
devoradores" (Mt 7.15).

2. Essek William Kenyon. O movimento Confissão Positiva sur-


giu de forma gradual a partir dos ensinos e escritos de Essek William
Kenyon (186 7-1948). cujo ensino era inspirado na seita Ciência Cristã.
Em 1891, Kenyon ingressou na Emerson School of Oratory (Escola
Emerson de Oratória). em Boston. EUA. escola eclética fundada e
dirigida por Charles Emerson •

"Ali se encontrou com o Novo Pensamento de Finéias Quim~


sobre o poder da mente e os ensinos da Ciência Crislã".'

McConnell. em sua obra A Different Gospel, declarou:


A TEOLOGIA 0A PROSPERIDADE 307

"Em seus 40 anos de ministério, a teologia de Emerson


evoluiu do congregacionalismo para o universalismo. para o
unitarismo. para o transcendentalismo, para o Novo Pensa-
mento (Nova ldéiaJ. e terminou.finalmente, nas mais rigidas
e dogmáticas de todas as seitas metafisicas. a Ciência Cristã.
Emerson uniu-se à Ciência Cristd em 1903 e nela pennane-
ceu envolvido até sua morte. em 1908. Sua conversão d Ci~n­
cia Cristã foi a última progressão lógica na sua evolução
metafisica do ortodoxo para o sectário". 1

Kenyon empenhou-se nas campanhas. pregando salvação e


cura em Jesus Cristo, dando ênfase aos textos bíblicos que falam
de saúde e prosperidade. Aplicava a técnica do poder do pensa-
mento positivo. Não era pentecostal. pastoreou várias igrejas e
fundou outras. 3 Ele foi innuenciado pelas seitas Ciência da Men-
te, Ciência Cristã e a Metafisica do Novo Pensamento. Escreveu
16 livros. e, depois de sua morte, em 1948, sua filha encarregou-
se de publicar suas obras que "tiveram grande iníluência na 'Pa-
lavra da Fé"'.• Hoje, ele é reconhecido como o Pai do mov1men10
Confissão Positiva:

"Seus escritos tomaram-se. wmbém. rmbnoncirio par11 o


ministério de Kennelh Hagin. Kenneth Copeland. Don Ciossett.
Charles Capps. e outros nos movimentos Palavr11 da Ft e Con-
fissão Positiva··. '

3. Ciência Cristã. É movimen10 religioso heterodoxo conheci-


do, também. como Igreja de Cristo Cientifica. fundado em
Charlestown. estado de Massachussells. EUA, em 1892. por Mary
Ann Morse Baker Glover Patterson Eddy. Ela foi pac1en1e de Quimby.
num tratamento de enfermidade na coluna A ongem de suas cren-
301 HERESIAS E MODISMOS

ças não é Bíblica. Muitas delas. como por exemplo, a que nega a
realidade do pecado. do mal e da enfermidade vieram de Quimby.
Ela foi além de Quimby. pois não só negava a existência da en-
fermidade mas também a existência da própria matéria. O conteú-
do teológico de seu movimento tem vínculos com a experiência
pessoal. adquirida nas práticas ocultistas que aprendeu de Quimby.
Sua religião é plágio dele." mas ela e seus adeptos, ainda hoje, afir-
mam que seus princípios vieram de Deus para restabelecer o cristi-
anismo primitivo e seu elemento de cura.
A Ciência Cristã traz em seu bojo as mesmas características dou-
trinárias dos demais movimentos religiosos heterodoxos. Sua fonte
de autoridade é a própria fundadora, cuja doutrina está registrada
na obra Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras. publicada em
1875. Nega os pontos principais da fé cristã: ensina que Deus é um
Princípio impessoal.7 nega a Trindade,ª a divindade de Jesus. sua
morte e sua ressurreição. 9
O problema começa logo pelo nome do movimento:

"'No ano de 1866, descobri a Ciência do Cristo, ou as leis


divinas da Vida, da Verdade e do Amor. e dei à minha desco-
bena o nome de Christian Science". 'º

Trata-se de nomenclatura inadequada. pois. na verdade, não é


ciência e muito menos cristã. Não é ciência porque nega a realidade
da matéria; não pode ser cristã porque nega as doutrinas cardeais
do cristianismo.
A Ciência Crisl.ã fundamenta suas crenças na interpretação metafisica
da Bíblia. Esse método é falso. pois dá o direito a cada um fazer o que
quiser com o Lexto sagrado. Isso é porta aberta para a eisegese, ou seja.
introduzir crenças peculiares e subjetivas no texto Bíblico, para dar
embasamento a sua doutrina, como fazem as demais seitas. Isso permi·
A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE 309

te o movimento atribuir significados exóticos. dando scntidõ diíerente


aquilo que o autor sagrado diz no texto. A hennenêutica tem regras
classificadas num sistema ordenado e metódico.
Apresentamos pequena amostra sobre a realidade da Ciência
Cristã, e Kenyon, no entanto, disse que muito se poderia aproveitar
da idéia de Mary Baker Eddy.

4. KeMeth Hagin. É reconhecido como mestre. prolixo autor e


advogado da mensagem da "Palavra da Fé". Nasceu prematuramente.
em 1917, com problema de coração e ficou inválido durante t s anos.
Ele converteu-se ao evangelho em 22 de abril de 193.l, e. no ano
seguinte, o Senhor Jesus o curou. Ele recebeu o batismo no Espirita
Santo em 193 7. ano em que ele tomou-se ministro pentecostal. de-
pois pastoreou seis igrejas no estado do Texas."
Hagin foi o principal expositor das idéias de Kenyon:

"Hagin estudava os ensinamentos de Kenyon e (Omt"Çou


a divulgá-los em seus próprios livros. cassetes e seminari(lS
Dava muita ênfase à palavra fé. o confessar por fe a reali1<1·
ção aluai de certas promessas b1õlicas sobre a solide e a prt'S-
peridade"."

Em 1974. fundou o Centro Rhema de Adestramento Btbhco. em


Oklahoma. Em 1988, mais de 10.000 estudantes já haviam se ior·
mado nessa escola. u Muitos pastores e movimen1os foram mlluen
ciados por Hagin.

li. FONTES DE AUTORIDADE

1. Revelação ou inspiração de seus lideres. Hagm raz d1-


rerença entre as palavras gregas p~µa trhem.11. "pJlavra. co1sJ"'."
:t 1O HERESIAS E MODISMOS

e ÀÓyoç (logos), "palavra, discurso. razão, pregação, logos". 15 Ainda


hoje, os seguidores da Confissão Positiva afirmam ser logos a pa-
lavra de Deus escrita, a Blblia. e rhéma, a palavra falada por Deus
em revelação ou inspiração a uma pessoa em qualquer época.
Desse modo, o crente pode repetir com fé qualquer promessa bí-
blica, aplicando à sua necessidade pessoal e exigir o seu cumpri-
mento.••
Os adeptos da Confissão Positiva crêem ser a Bíblia a inerrante e
inspirada Palavra de Deus, mas não única. pois admitem a palavra
do crente ter a mesma autoridade. As fontes de autoridade são a
Bíblia, as revelações de seus líderes e a palavra da fé. O crente deve
declarar que já tem o prometido por Deus nos textos bíblicos. e tal
confissão confirmar-se-á. A confissão negativa é reconhecer apre-
sença das condições indesejáveis. Basta negar a existência da en-
fermidade, e ela simplesmente deixará de existir. É a doutrina de
Quimby, da seita Ciência Cristã e do Movimento Nova Era.

2. A autoridade para a vida do cristão. Atribuir tanta autorida-


de assim às palavras de uma pessoa extrapola os limites bíblicos. A
emoção caiu, também, com a natureza humana no Éden e. por isso.
a fé cristã não pode ser fundamentada na experiência humana.

"Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas. e


perverso: quem o conhecerd?" (Jr 17. 9J.

As experiências pessoais são marcas importantes na vida dos


pentecostais, cremos em um Deus que se comunica com os seus
filhos por sonhos, visões. profecias. mas essas experiências são para
a edificação pessoal e não para se estabelecer doutrinas. O cristia-
nismo autêntico não deve ir além das Escrituras Sagradas. A Bíblia
é a única autoridade para a vida do cristão.
ATEOLOGIA DA PROSPERIDADE J 11

•:A lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta


palavra. nunca verão a alva" (Is 8.20).

"E nos últimos dias acontecerá. diz Deus. que do meu Es·
pfrito derramarei sobre toda a came; e os vossos filhos e as
vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão 11sõe:s, e os
vossos velhos sonharão sonhos; e também do meu Espírito
derramarei sobre os meus servos e minhas ~Nas, naqueles
dias, e profetizarão" (At 2. 17, 1BJ.

"E eu, irmãos. apliquei essas coisas. por semelhança. a


mim e a Apolo, por amor de vós. para que. em nós. aprendais
a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo a
favor de um contra outro" (1 Co 4.6J_

III. RHEMA E LOGOS

1. Tennos que se coincidem. o vocábulo rhêma aparece 68


vezes, e logos, 330, no texto grego do Novo Testamento Como não
existem sinônimos perfeitos. exatamente iguais. aqui. lambem. não
é diferente_ o termo rhema significa "palavra. coisa". quanto a logos.
os léxicos, no entanto, apresentam extensa variedade de significa-
dos como: "palavra. discurso. pregação. relato ele": no entanto.
ambos os termos coincidem-se:

9Éa9~ ÍJµE'ic; ELÇ tU <..hu úµw1• toU; ÃÓyo11.; toútoui;·


O yàp uloc; tOÜ UV9pWTTOU µtU.tL i!llpu6t6oa0UL tl~
;(ELpaç av9pwnwv. ol õE ~yl'ÓOUI' TO pi)MI roüro
1<ut ~v nup11KE1<UÃuµµt1•01• itrr· uiitwi• 'ít'll µTi
ui'.a9wvtuL uiitó, Kut t4>ol'oiivto i:pc.itflli1u uiircll'
TTtpl roü pft,unoç toútov tU: 9 44. 45)
312 HERESIAS E MODISMOS

"Ponde vós estas palavras em vossos ouvidos, porque o


Filho do Homem será entregue nas mãos dos homens. Mas
eles não entendiam essa palavra, que lhes era encoberta, para
que a não compreendessem; e temiam interrogá-lo acerca
dessa palavra" (Lc 9.44, 45),

O primeiro termo para "palavra" é logos e os outros dois, rhêma


(rhematos é forma flexionada de rhema). Os conceitos de rhema e de
logos, inventados por Hagin não resistem à exegese bíblica. Não é
verdade que haja a tal diferença entre as rerendas palavras gregas.

2. Termos usados para designar as Escrituras. Ambos os ter-


mos são igualmente usados para identificar as Escrituras Sagradas:

"Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas


da incorruptível, pela palavra de Deus. viva e que permanece
paro sempre. 24 Porque toda carne é como erva, e toda a glória
do homem, como aflor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua
flor; 25 mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E
esra é a palavra que entre vós foi evangelizada" ( 1 Pe l .2J-25J.

Os vv. 24 e 25 foram tirados do Antigo Testamento (Is 40.6-8). o


lermo "palavra" aparece três vezes nessa passagem. No v. 23, afir-
ma que fomos gerados de semente incorruptível "pela palavra de
Deus". A "palavra", no texto grego. aqui, é logos. No v. 25, o referido
termo aparece duas vezes: "a palavra do Senhor" e "a palavra que
entre vós foi evangelizada". O termo usado para ambas é rhema:

l.óyou (wvtoç &Eoü


"Palavra viva de Deus"(/ Pe l.2JJ.
A TEOLOGIA OA PROSPERIDADE 313

to õt pf)µll tOU 9EOU ~µt.lv µÉVH tl~ tàv 11lliiva


(Is 40.8 • LXX).
"Mas a palavra de nosso Deus subsiste etemament~.

to õt pff111 icuplou µÉvu E~ tàv uiwva11Pe1_25,_


"Mas a .palavra do Senhor. permanece para sempre·.

o apóstolo P"edro registrou, nessa passagem. sua própria tradu·


ção do texto hebraico (Is 40.8), não se trata. pois. de citação ipsis
litleris da Septuaginta. Mas, de qualquer forma, fica provado que os
dois termos, rhema e logos. são usados, indistintamente. para de-
signar as Escrituras.
A mesma coisa acontece no evangelho de Marcos, onde encon-
tramos, também, tov >..óyov roü 9eoü (/ogon tou theou1. "palavra de
Deus" para designar as Escrituras Sagradas:

"Invalidando, assim, a palavra de Deus pelo 1•os.w uadi·


ção, que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis semelhanlcs
a estas" (Me 7.13).

Esses exemplos provam. por si só. que o conceilo de Hagin e


íalacioso, portanto. sem base bíblica.

J. Falácias da Confissão Positiva. A visão deles de confissão


positiva, ou mesmo negativa. é conceito falso que não se confirma
na Biblia e nem na prática. Deus é Senhor e soberano. e nós. os S<us
servos. O Senhor Jesus ensinou-nos: "Seja feita a lua vontade. tanlo
na terra como no céu" (Mt 6.101. O cristão submete-se â vontaJe Jl"
Deus. isso revela a falácia dos promotores da Conrissào Posr11v.i A.
Biblia ensina, ainda. que devemos confessar nossas .:ulpas para ~r­
mos sarados, e isso não paren~ ser confissão J!'.)Srtiva
>14 HERESIAS E MODISMOS

-Confessai as vossas culpas uns aos outros e omi uns pe-


los oulros, para que sareis; a oração feita por um justo pode
muito em seus efeitos" (Tg 5.16).

IV. CRENÇAS E PRÁTICAS

1. Teologia. Com exceção da fonte de autoridade, a maioria


segue a linha ortodoxa no que diz respeito aos pontos cardeais da
fé cristã. Há ampla diversificação entre eles, por não se tratar de
uma seita, mas de um movimento que permeia as igrejas. Sobre
Deus, há, até, os ortodoxos como nós, mas há, também, desvios.
Uns são unicistas, Hagin envolveu-se com William Branham, 11 fun-
dador do movimento Tabernáculo da fé; outros deificam o homem.
como Hagin:

·você é tanto uma encarnação de Deus quanto Jesus Cris-


to ofoi. Cada homem que nasceu de Deus é uma encarnação
1an10 quanto ofoi Jesus de Nazaré".,.

Há mais declarações de Kenneth Hagin e de outros líderes do


movimento, catalogados por Hank Hannegraaf. em seu livro Cristia-
nismo em Crise. e por Paulo Romeiro, no livro Super Crentes. No en-
tanto. não são todos que pregam a deificação do homem. Essa falta
de padrão doutrinário existe, também, sobre a identidade e obra do
Senhor Jesus
Essa crença parece-se com as idéias hindus da deificação huma·
na, discutida no capítulo sete sobre as seitas orientais. os mórmons.
diante desses disparates da Confissão Positiva. tomaram-se con·
servadores. pois. aqueles acreditam que ainda vão ser deuses. e es-
ses pregam que já são deuses. Veja a refutação bíblica nos capitulos
três e sete.
A TEOLOCilA DA PROSPERIDADE J 15

2. Sua marca. A marca distintiva deles são saúde e prosperida-


de financeira. Não é fiel o cristão que apresentar problemas de saú-
de ou não for rico. Assim, distorcem a mensagem do evangelho de
Jesus Cristo. Glória Copeland escreveu:

'Tens um titulo de propriedade paro o prosperidade. /l!Sus


comprou e pagou por tua prosperidade tal como pagou por
tua salvação ... Esta propriedade já te pertence·."

Isso não tem base bíblica. Se é verdade que "Jesus comprou e


pagou por tua prosperidade tal como pagou por tua salvação". vale
dizer que todos os salvos devem ter propriedades, quem não tem
não é salvo. São mensagens como essa que trazem sérios proble-
mas para a igreja, pois nem todos os crentes em Jesus possuem
propriedade; muitos vieram para as igrejas em busca de saúde e
riqueza. hoje. eles estão decepcionados.

"Duas coisas te pedi: não mas negues. anres que mor-


ra: afasta de mim a vaidade e a palavra mennrosa. nõo
me dês nem a pobreza nem a riqueza: mantém-me do
pão da minha porção acostumada; para que. porvenlura.
defarto te não negue e diga: Quem é o SENHOR' Ou que.
empobrecendo. venha a furtar e lance môo do nome de
Deus" <Pv 30. 7-9).

"E disse-lhes: Acautelai· vos <' guarddt ·l'l'S JJ 111urez11. por


que a vida de qualquer não consiste 11c1 cJb11ndJnC1cJ J,1 qu«
possui" (l..c 12. 15).

o apóstolo Paulo aprendeu a se conten1ar na abund:incia e na


necessidade:
:S 16 HERESIAS E MODISMOS

"Não digo isto como por necessidade. porque já apren-


di a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido e
sei também ter abundância; em toda a maneira e em lo·
das as coisas. estou instruído, tanto a ter fartura como a
terfome. canto a ter abundância como a padecer neces-
sidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece"
!Fp 4. I 1-13).

Parece que o evangelho dos profetas da prosperidade não serve


para os ricos e os saudáveis fisicamente. O Senhor Jesus. no entan-
to, mandou pregar a toda a criatura:

"E disse-lhes: Ide por codo o mundo. pregai o evangelho a


toda cria cura" (Me J6. JSi.

"Portanto, ide, ensinai todas as nações. batizando-as em


nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a
guardar todas as coisas que eu vos tenho mandc1do, e eis que
eu estou convosco lodos os dias. Cllé à consumação dos sécu-
los. Amém'"(MI 28. 19, 20!

O objetivo principal da vinda de Jesus ao mundo íoi para salvar


os pecadores e não para trazer riquezas materiais aos pobres e saú-
de para os enfermos. É verdade que seu ministério foi coroado de
êxilo no campo da cura divina e da libertação, mas esses alas são
conseqüências do perdão, da nova vida em Cristo

"Como Deus u11giu a Jesus de Nazaré com o Espírito


Santo e com virrude: o qual andou fazendo o bem e cura11-
do a todos os oprimidos do diabo, porqUl' Deus era com
ele" !AI IO.J8J.
A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE J 17

"Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitaçdo: que


Cristo Jesus veio ao mundo. para salvar os pecadores. dos
quais eu sou o principal" ( I Tm 1.15).

A mensagem dos profetas da prosperidade pode fazer sentido nos


países ricos onde as oponunidades são mais amplas. mas não nas
tribos e aldeias das regiões mais pobres do planeta. Isso é mais uma
prova de que se trata de evangelho humano, contrário à Blblia. pois
as boas novas de Jesus Cristo são para todos os povos e para todas as
épocas, são as boas novas de salvação para todos os seres humanos.

"Porque a graça de Deus se há manifestado. uazendo sal-


vação a todos os homens" (TI 2. J I J.

CONCLUSÃO

Nós somos pentecostais e cremos na atualidade dos dons espiri-


tuais. mas discernimos muito bem quando a manifestação é de Deus
ou de fogo estranho. Temos promessas de Deus. e a história. desde
os textos bíblicos. registra inúmeros testemunhos de sinais. prodi-
gios e maravilhas:

"E eles. tendo partido. prcg<1mm por toJ<1s <JS {Jllrlt'S. "'"'
pera11cto com eles o Senhor e w11tim1,mi/<l ,, p.11,n·r,1 c.in1 ••S
sinais que se seguiram. Amem' .. 1Mr lo 101

Esses pregadores. no entanto, a começar pela origem. estão tora


do padrão biblico. Devemos. ponanto. comb3ter abusos e aberra-
ções doutrinárias desses pregadores. tendo o cuidado de não ser·
mos levados ao ceticismo e ao ind1ferent1smo rehgioso Religião sem
sobrenatural e mera lilosolia.
311 HERESIAS E MODISMOS

Notas
'WALKER. Luisa Jeler de Cual Camuio'. p 184
' MCCONNELL. D.R. a Dif!crcnr Gosp<I. pp 36. 3 7. Cilado por Paulo Romeiro, Super Crentes. p. 8
'BURGESS. Stanley M.; MCGEE, Gary B' llLEXANDER. Palri<k H Dictiono1y of Penrecostal and
Chansmalic Movements. p 517
' Ibidem, p. 517
'Ibidem, p 517
• EHRENBORG. Todcl Mind SC~. p 8
• ciôlc., e SalMk. p 4 73
• Ibidem. pp 256, ll 1
'Ibidem. pp 44-46. 361
'ºIbidem. p 107
" BURGESS. Slanley M . MCGEE. Gary B. llLEXANDER. Palnck H Op OI . p 345
' 1 WALKER. Lu1sa leler de Op. Cil. p 185.
"BURGESS. Stanley M .• MCGEE. Gary 8.; ALEXANDER. Patrick H. Op. nr. p. 345
" Balz & Scheneider. vol n. p 1.307.
·~Ibidem. vol u. p 1.307.
~ WALKER. Luisa Jelcr de Op cri . p. 188
'' ROMEIRO. Paulo ~ Crenlrs, p lJ.
~ Hl\GIN. Kenneth. Wortf cf Foilh. p. 14. C1iado por Paulo Romeiro. op C!l .• p 50
"ANKERBERG. John e WELOON, /ohn The Fam on lhe Fois. Teachmg m lhe Cl1urch. p 37 CiladO
por Luisa Jeter de walker. op cil .. p 191.
CAPÍTULO li

O TRIUNFALISMO
""'"'""'
·""·"'"

Os triunfalistas são os mercadores da Palavra de Deus. quedes-


pretando os princípios básicos da hermenêutica e da ~ bi-
blica, aplicam de fom1a errônea os textos bíblicos em beneficio
próp1io Seu objetivo é. basicamente, mermdológico. por isso usam
os mesmos recursos de marketing paro persuadir o povo o rece-
ber suas crenças e práticas.
Seus líderes inventam campanhas. tentando realça-los em tex-
tos e personagens do Antigo Testamento. empregando figuras
e símbolos. completamentefora do contexio bílllico. como ponto
de contato pam estimular a je e, também. JXITu orrecudor _Jim
dos. Alguns deles usam os meios de comunicação pura criui:ar
e atacar a teologia e o esiudo sistemólico da Pt11al'm <k Deus
no HERESIAS E MODISMOS

1. OS MERCADORES DA PALAVRA DE DEUS

1. Falsificadores e mercadores. Desde muito cedo na história


do cristianismo. já havia aproveitadores. que usavam a Palavra de
Deus visando lucros pessoais.

"Porque nós não somos. como muitos, falsificadores da


pa/111m de Deus; antes. falamos de Cristo com sinceridade.
como de Deus na presença de Deus" (2 Co 2.17).

O termo grego para ··falsificadores" é KanriJ.fow (kapéleuõJ. "ne-


gociar com. comerciar no varejo, colocar á venda";' "traficar. co-
merciar em pequena escala.. falsificar, adulterar"'; "negociar.
mercadejar. buscar lucro"-'

o substantivo KáTT1'JÀOç (kapelos!. "comerciante de varejo, de coi·


sas usadas. traficante"', aparece na Septuaginta com o sentido de
mistura: "A tua prata se tornou em escórias. o teu vinho se misturou
com água" (Is 1.22) o vinho não se mistura sozinho. isso e trabalho
do kapelos

O verbo kapeleuõ só aparece uma vez no Novo Testamento. O


apóstolo está referindo-se tanto aos mercadores. aqueles que usam
a Palavra de Deus, visando interesses pessoais. como aos falsifica-
dores. que adulteram e sofismam a Palavra para agradar as pessoas
e delas lirar vantagens. É a prálica da simonia

2. O que é simonia? Tomás de Aquino definiu a simonia como


"a deliberada vontade de comprar ou vender algo espiritual".~ A
palavra vem de Simão mágico, de Samaria. que prelendeu com·
prar com dinheiro as coisas espirituais (AL 8. 18-21 ). Hoje, é apli·
OTIUUNFAUSMO UI

cada aos mercadores da fé que oferecem por dinheiro as b~nçãos


divinas. A sua presença é constante em algumas igrejas
neopentecostais:

"Em vários seitas praticantes da curo... e nos


te/evangelistas... Talvez a igreja universal (sic) do Reino de
Deus tcj) seja o modelo de simonia... Em seus ritos de cura
atuam convencidos de que. quanto mais dinheiro se entrega.
consegue-se mais e melhor cura dos enfermidades e o bem-
estar material. o exito profissional. etc.".•

o apóstolo Paulo via, em seus dias. essa tendência mercadológica


e. para combatê-la. usou uma palavra com o significado de falsifi-
car OLI mercadejar a Palavra de Deus. Isso envolve práticas da
simonia. adulterar a Palavra de Deus. fazer da religião comércio e
faltar com a sinceridade diante de Deus. visando interesses pesso-
ais. O apóstolo rebate os simoniacos e. ao mesmo tempo. reafirma
a sua sinceridade. quando diz: "antes. falamos de Cristo com since·
ridade, como de Deus na presença de Deus" (2 Co 2.171 t essa sin·
ceridade que falta em muitos triunfalistas.

3. Forma bíblica de levantar recursos financeiros. A obra


de Deus faz-se com milagres e recursos financeiros. A Blblla
estabelece regras para levantar recursos financeiros. como
dizimos e ofertas:

·7tazei todos os dízimos ó casa do lt"S<mro. 11<1rcJ quc· h11µJ


mantimento na minha cosa. ~ d<·po1s fazei prc>1·.i tle mim. du
<> SENHOR dos E.xémtos. se eu ndo l'OS ahnr cJS 1andcJs do
cà1 e não de1mnwr sobre vos uma bençao tal. quc· dela ~·os
cJdvt·nlw a mal()r abcJstança·· rMI J 101
l22 HERESIAS E MODISMOS

o apóstolo Paulo baseava o método de levantar íundos no siste-


ma sacerdotal, estabelecido na Lei de Moisés e nas palavras do pró-
prio Senhor Jesus.

''Quem jamais milita à sua própria custa> Quem planta a


11inha e não come do seu jh1to> Ou quem apascenta o gado e
não come do leite do gado> Digo eu isso segundo os homens>
Ou não diz a lei também o mesmo> Porque na lei de Moisés
está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão.
Poiventura. tem Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certa-
mente por nós' Certamente que por nós está escrito; porque
o que lavra deve l<I11rar com esperança. e o que debulha deve
debulhar com esperanç,1 de ser porllciponte... Assim ordenou
também o Senhor aos que anunciam o evangelho. que vivam
do evangelho" 1I Co 9. 7- / OJ

Há, todavia. abusos, muitos confundem fé cristã com negócios e


colocam a igreja nessa esfera. isso banaliza o sagrado e reduz as
coisas de Deus à categoria de mero produto comercial. Proíanação
é considerar comum tudo o que é sagrado o lema do culto cristão
é o Senhor Jesus. e não as oíertas.

4. Os neopentecostais. Nome dado aos grupos que surgiram a


partir da década de 70 e multiplicaram-se rapidamente, trazendo
em seu bojo inovações teológica e litúrgica. O termo surgiu nos Es-
tados Unidos:

"O prefixo neo mostra-se apropriado para designá-la tan-


to por remeterá sua.formação recente quanlO ao caráter ino-
vador do neopemecostallsmo Embora recente entre nós. o
termo ·neopentecosta/' foi cunhado l1á vários anos nos EUA.
O TRIUNFALISMO 313

Lá, na década de 70, ele designou as dissidências pentecostais


das igrejas protestantes, movimento que posteriormente foi
designado de carismático". 1

A Igreja Nova Vida, Fundada pelo bispo canadense Roberto


McAlister, "Foi o agente catalisador do neopentecostalismo no Bra-
sil".• As principais igrejas neopentecostais brasileiras são:
• Igreja Universal do Reino de Deus. Fundada em 1977 por Edir
Macedo juntamente com R. R. Soares. no Rio de Janeiro. Nos últi·
mos anos vem despertando curiosidade do povo por causa de sua
inovação e criatividade na liturgia, como a Sessão Descarrego e a
forma de levantar recursos financeiros.
• Igreja Internacional da Graça de Deus, fundada por R R. Soares.
em 1980, quando se desligou da Igreja Universal do Reino de Deus.
Sua liturgia também é inovadora nas reuniões do Show da F~.
• Igreja Apostólica Renascer, Fundada pelo casal Estevam e Sônia
Hemandes em São Paulo, em 1986, chamam-se a si mesmos por
"apóstolo" e "bispa".
• Comunidade Sara Nossa Terra. Fundada por Robson Rodovalho,
em 1976, sua sede é em Brasília, DF.
• Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo, fundada por Valnice
Milhomens, em 1994, recebeu o titulo de "ap05tola" em 1999.
• Igreja Cristo Vive. fundada por Miguel Ângelo em 1986.

A marca distintiva delas é a Confissão Positiva.' Os triunfalistas


são neopentecostais que trouxeram elementos da Confissao Positi·
va: doutrina da saúde e prosperidade.
Roberto McAlister, no seu livro intitulado Dinheiro um Assunto
Altamente Espiritual. publicado em 1981, fala da prosperidade finan·
ceira. Ele crilica alguns hinos do hinário da Assembléia de Deus. a
Harpa Cristã, citando a primeira estrofe de alguns deles:
324 HERESIAS E MODISMOS

Quão glorioso. cristão, é pensares


Na cidade que não tem igual.
onde os muros são de puro jaspe,
E as ruas de ouro e cristal;
Pensa como será glorioso
Ver-se a triunfal multidão.
Que cantando, aguarda a chegada
Dos que vencem a tribulação. (Hino 26)

Quando a luta desta vida


Trabalhosa se findar.
o adeus a este mundo vamos dar;
Para o céu então iremos.
Com Jesus nos encontrar
Na Jerusalém de Deus. (Hino 94)

Quando esta vida de lutas cessar.


Vou para o céu meu descanso gozar
Com meu Jesus, lá na glória sem fim;
Oh! Que ventura será para mim! (Hino 357)

Usando esses hinos como amostragem McAlister conclui:

"O que acabamos de citar é teologia pura, ensinada atra-


vés de hinos cantados por literalmente milhões de brasileiros.
crentes em Jesus Cristo. os quais acreditam cabalmente que
nesie mundo não há senão tribulações. lulas. além de tesou-
ros impossíveis de segurar".'º

Que erro há nesses hinos? Nenhum. Eles têm conteúdo teológico


fundamentado na Bíblia. A pátria celestial que lemos na Blblia e
cantamos em nosso hinário não desvia o foco dos crentes com rela-
ção às coisas terrenas. Há equilibrio, não deve haver nenhum extre-
mo nem outro. A Blblia fala contra aquele que só pensam nas coi-
sas terrenas:

"O fim deles é a penlição. o deus deles é o 11r111re, e a


glória deles é para confusão deles mesmas. que só petlSOm
nas coisas terrenas. Mas a nossa cidatkeslá nos céus, donde
também esperamos o Salvador. o Senhor Jesus Cristo, que
u·ansformará o nosso corpo abatido, para ser confo""e o seu
corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar tam-
bém a si todas as coisas" (Fp J.19-21 ).

Os cristãos expressam por meio dos hinos seus anseios, suas


esperanças, aquilo que acreditam, o que McAlister chama ele •teo-
logia do hinárto". Nossos hinários, no entanto, não pregam tribula·
ções e lutas. Esses e outros hinos expressam os encantos e maravi·
lhas do nosso lar no céu e, de rato, lá, tenninarão as nossas preocu-
pações e labuta. A questão de prosperidade e saúde não eslâ no
contexto desses hinos.
Qual personagem blblico não teve seus momentos de dificulda-
des e luta, o cristão nunca íoi bem recebido no mundo:

"Se o mundo vos aborrece. sabei que. primeiro do que o


vós, me aborreceu a mim. Se vósjõ~is do mundo, o mundo
amaria o que era seu, mas. porque ndo sois do mundo. antes
eu vos escolhi do mundo, por is.so é que o mundo \.1:lS abo~·
ce"(Jo 15.18, 191.

"E também todos os que piamentequetrm llÍ\.'O' mi Oisro


Jesus padecerão perst:guições" (2 nn J. l2J.
326 HERESIAS E MODISMOS

No relatório do apóstolo Paulo aos anciãos de Éíeso, ele rala que


servia ao Senhor com "humildade e muitas lágrimas e tentações ...
ciladas" (At 20.19). Acrescentou que ia para Jerusalém sem saber o
que esperava: "senão o que o Espírito Santo, de cidade em cidade,
me revela, dizendo que me esperam prisões e tribulações" (AL
20 23).Todas essas lutas e tribulações um dia terão fim:

"E Deus limpará de seus olhos toda lágrima. e ndo haverá


mais morte. nem pranto. nem clamo1: nem do1; porque já as
primeiras coisas são passadas" (Ap 2 J. 4J

Temos. aqui, promessas de Deus de que na glória não havera


"lágrima. morte, pranto, dor''. pois existem enquanto estivermos no
mundo: "no mundo tereis aílições. mas tende bom ânimo; eu venci
o mundo" Uo 16 33).
Nossos hinos têm rundamentos bíblicos e nenhum deles está
ralando de riqueza ou pobreza. saúde ou enfermidade, mas das
lulas do dia-a-dia do cristão. Os triunfalistas. porém, a partir de
McAlister. desviram o foco da mensagem cristã. Mais adiante
McAlister escreveu:

"Durante mais de vinte e cinco anos de ministério. sem


falhar uma única vez o hábito, lenho assunudo o púlpito com
duas coisas preparadas minl1a mensagem bíblica e o apelo
para as ofertas".''

Todos os cristãos sabem que a orerta é parte da adoração a Deus


e que isso é algo natural nos cultos. Colocá-la como objetivo do culto
é desvio do verdadeiro culto cristão Os principais líderes
neopentecoslais. como Edir Macedo, R. R. Soares e Miguel Ângelo.
vieram dessa escola, pois sairam da Igreja Nova Vida." Esses herdei-
OTRIUNFAUSMO 327

ros de McAlister inovaram na mensagem do dinheiro, estabeleceram


métodos não biblicos e estranhos aos evangélicos pentecostais.
Eles não têm escatologia e nem maniíestam o interesse pelo céu.
Imagine alguém cantando o hino Jesus é Melhor, na Sessão Descar-
rego ou no Show da Fé:

Jesus é melhor, sim, que ouro e bens.


Jesus é melhor do que tudo que tens.
Melhor que riquezas e posições,
Melhor muito mais do que milhões

o hino é um poema de Rhea F. Miller de 1922, que George Beverly


Shea, da Igreja Metodista Wesleyana, encontrousobrcopiano,quan-
do compôs a música. 13
Nas reuniões dos triuníalistas, não pregam ser Jesus melhor
que ouro e bens, mas o contrário. Não pregam o céu, mas rique-
zas e posições.

II. OS HERÓIS DA Ft

1. Artificios dos triunfalistas. OS triunralistas dão. aleatoria-


mente, nomes às suas campanhas dos feitos grandiosos fe8istrados
no Antigo Testamento, prometendo solução imediata aos proble-
mas financeiro e de saúde. Para isso, inventam as cam~nhu do
jejum de Gideão. do jejum de c.alebe, cam~nha dos 318 pastores.
etc. Inventaram o culto dos empresários e convida os endividados,
íalidos, às vezes, com famílias à beira da rulna.
A retórica baseada na fisiologia do é ·dando que se recebe~ apre-
senta um Deus corretor de imóvel ou negociante. vis.lo distorcida
que até mesmo McAlister criticou. A mensagem de salvaçJo é es-
quecida. o estilo estereotipado ·meu amigo! minha amip!· idcnti-
fica. facilmente, um desses grupos. Seus pastores são peritos em
arrecadar fundos nos cultos. Sua escola é mais para ensinar essas
técnicas do que mesmo teologia.

2. Os que fizeram proezas. Encontramos na Bfblia que muitos


fizeram proezas pelo poder de Deus, como Gideão, Baraque, Sansão,
Jefié, Davi, Samuel, entre outros.

"E que mais direi? Falrar-me-ia o tempo contando de Gideão,


e de Baraque, e de Sansdo, e de Jejté, e de Davi, e de Samuel, e
dos profetas, os quais, pela fé, venceram reinos, praticaram a
justiça, alcançaram promessos. fecharam as bocas dos leões,
apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da
fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram
emfagida os exércitos dos estranhosª <Hb 11.32-34).

Deus tinha propósitos específicos com esses homens no seu proje-


to da redenção humana. Essas conquistas foram para o povo de Deus
e não para deleites pessoais (Tg 4.3). É lastimável alguém usar essas
passagens bíblicas para prometer ao povo carros importados, man-
sões e outras prosperidades materiais. É assassinar a exegese biblica,
no enlanto, há os que já estabeleceram essa prática como doutrina.

3. Os mártires e perseguidos. A lista dos heróis da fé, regis-


trada em Hebreus 11, mostra. por si só. as falácias dos triunfalistas.
Nela. encontramos os que fizeram sucesso em nome do Deus de
Israel, mas lambém. os que padeceram:

ªE outros experimentoram escárnios e açoites, e até ca-


deias e prisões. Foram apedrejados, serrados. remados, mor-
IOS a fio de espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e
O TRIUNFALISMO 329

de cabras, desamparados. aflitos e moltrotodos (homens dos


quais o mundo não era dignoJ, errantes pelos desertos, e
montes, e pelas covas e cavemos do terra· (Hb / l _J6-38J.

Isso mostra que, para cada crente, Deus tem propósito específi-
co, um plano para cada um, ponanto. nem lodos receberam cha-
madas para sucesso financeiro.

Ili. A HERMENÊUTICA DOS TRIUNFALISTAS

1. Exegese. o vocábulo "exegese" vem do grego i(~yrtotc;


1exêgês1sJ. "exposição, explicação"." O termo não aparece no Novo
Testamento, mas está presente na Septuaginta (Jz 7_ tS). A preposi-
ção EK (ekJ "de. desde, por causa de, por meio de",,. cuja idéia é de
dentro para fora; o verbo higeomai, "conduzir. crer. opinar. consi·
derar como". 1• o sentido de exegese é extrair. conduzir para fora. e
não, simples comentário ou mera exposição. mas coment~rio crili·
co. ou seja. interpretação. analisando o texto no seu contexto origi-
nal histórico e literário e o seu significado na atualidade 1Ne 8 81 Os
princípios da exegese são conhecidos como hermenêutica. a ciên·
eia da interpretação. A interpretação correta vem de dentro da Bí·
biia para fora dela.

2. Eisegese. A interpretação peculiar e tendenciosa vem de fora


para dentro. As seitas são especialistas nisso. é o oposto da exegese.
chama-se eisegese. A preposição grega tii;teisl. "a. para dentro. para.
em direção a".'' indica movimento de fora para dentro Trata-se de
uma maneira de contrabandear para o texto das Escrituras Sagra-
das suas crenças e práticas peculiares
A serpente. no Eden. argumentou com Eva algo qur Deus nao
havia falado
330 HERESIAS E MODISMOS

"E ordenou o SENHOR Deus ao homem. dizendo: De toda


árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciên-
cia do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em
que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2.16, 17).

"Ora. a serpente era mais astuta que todas as alimárias do


campo que o SENHOR Deus ti11/1a feito. E esta disse à mu-
lher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do
jardim>" (Gn 3.1 ).

Ora, Deus disse: "De toda árvore do jardim comerás livremente".


A proibição era, apenas, com relação à "árvore da ciência do bem e
do mal". A serpente, no entanto, inverteu os fatos e aproximou-se
de Eva, perguntando: "É assim que Deus disse: Não comereis de
toda árvore do jardim?". A intenção da pergunta distorcida é atingir
o seu objetivo e não o compromisso com a verdade.
Satanás citou fora do contexto o salmo 91 .

"Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te


guardarem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão
nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pe-
dra" (SI 91. I/, 12).

"Enldo o diabo o uansportou à Cidade santa. e colocou-o


sobre o pináculo do templo. e disse-lhe: Se tu és o Filho de
Deus, lança-te daqui aboixo; porque está escrito: Aos seus
anjos dará ordens a leu respeito. e tomar-te-ão nas mãos,
para que nunca tropeces em alguma pedra·· (Mr 4.5, 6J.

Satanás falou para o Senhor lançar-se do pináculo do templo


para baixo. citando a promessa divina. de guardar os seus servos,
O TRIUNFALISMO H 1

registrada no livro dos Salmos. Deus prometeu guardar o crente de


todo o mal, no entanto, o salmo não descreve isso. Isso é diferente
de uma pessoa provocar, conscientemente, o acidente. Essa arti-
manha de Satanás parece-se muito com os argumentos dos sofistas
e dos líderes de seitas.
Hoje, muitos triunfalistas são campeões na aplicação da eisegese:

"Porque o SENHOR. teu Deus, te abençoará. como te tem


dito: assim, emprestarás a muitas nações, mas não tomarás
emprésUmos: e dominarás sobre muitas nações. mas elas não
dominarão sobre ti" (Dt 25.6).

"E o SENHOR te porá por cabeça e não por cauda; e s6


estarás em cima e não debaixo. quando obedeceres aos man·
damentos do SENHOR, teu Deus, que hoje te ordeno. para os
guardar efaze1"' (Dt 28. 13).

Muitos usam passagens bíblicas como essas. que são promessas


divinas para um povo, Israel, e aplica de maneira individual na vida
das pessoas A condição para o povo de Israel ser abençoado é obe-
decer "aos mandamentos do SENHOR ... para os guardar e fazer"

IV. O ESTUDO DA PALAVRA DE DEUS

1. Interesse pela ignorância. A Igreja Católica proibiu a lei·


tura da Bíblia aos leigos no Concílio de Toulouse. França. em 1222
Isso facilitou ao clero romano a manipulação do rebanho duran-
te séculos. Hoje. a história parece repetir-se. pois ha campanha
sistemática de alguns desses triunfalistas contra o estudo da Pa·
lavra de Deus. pois querem ensinar algo que não esta de acordo
com a Bíblia
.).)2 HERESIAS E MODISMOS

Eles não nos respeitam e nem os demais irmãos das igrejas co-
irmãs. Proferem seus ataques contra todos nós. que amamos e es-
tudamos a Palavra de Deus, porque representamos uma ameaça a
eles. pois sabem que, dilicilmente. ficarão com eles os que desco-
brirem a verdade na leitura e no estudo da Bíblia.

'Todas as fo1mas e todos os ramos da teologia sãofúteis,


não passam de emaranhados de idéias que nada dizem ao
inculto, confundem os simples e iludem os sábios. Nada acres-
centam àfé e nadafazem pelos homens. a não ser aumentar
sua capacidade de discutir e discordar entre si". 1·•

A primeira contradição é que suas crenças são. também teolo-


gia. a diferença é que a deles não apresenta sustentação bíblica.
Observe, ainda, que a Bíblia é vista como livro de experiência:

"Poder-se -ia dizer que vemos, 110 Antigo Testamento. a


experiência religiosa de um povo, Israel; nos evangelhos. a
experiência de Jesus, nos Atos, a experiência religiosa dos
apóstolos; e nas epístolas, a experiência religiosa da Igreja. O
livro de Apocalipse seria. então. o último capitulo da experi-
ência religiosa da humanidade". 'º

Doutrina muito estranha. pois a vontade de Deus é que seus fi-


lhos leiam, meditem e examinem as Escrituras Sagradas:

"Não se aparte da lua boca o livro desla Le1; an1es, me-


dila nele dia e noile, para que tenhas cuidado defazi:r con-
forme tudo quan10 nele eslá escrilo; porque. enlõo. farás
prosperar o leu caminho e, enlõo. pruden1emen1e le con-
duzirás" (}s J.81.
O TRIUNFALISMO JJ3

"Bem-aventurado o varão que não anda squndo o con-


selho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores,
nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes. tem o seu
prazer na lei do SENHOR. e na sua lei medita de dia e de
noite" (SI J. J. 2J.

"Ora, estes foram mais nobres do que os que t:SllA'llm em


Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra. exa-
minando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim"
(At I 7.1/J

2. O cuidado com o fonnalismo. Alguns de nossos pionei-


ros, nos primeiros anos de nossa história, posicionavam-se contra
o curso formal de teologia, mas nenhum deles jamais manifestou
ojeriza pelo estudo da Palavra de Deus. antes, o contrário. eram os
maiores incentivadores do conhecimento bíblico_ Eles criaram as
nossas conhecidas escolas bíblicas de obreiros para oferecer a to-
dos os interessados o conhecimento mais aprofundado das Escri-
turas Sagradas:

"Procura apresentar-te a Deus oproi:ado. como obrelfo


que não tem de que se envergonhar. que mane/Q bem a paio·
vra da verdade" (2 Tm 2. ISJ.

A preocupação deles. com justiça. era a de evi1ar o lormalismo e a


ordenação de ministros simplesmeme pelo fato de eles possuírem d1·
ploma de teologia. pois o ministério quem da e o Senhor lesus Cns10

"E ele mesmo deu uns paru apos1111<1s. ,. 1>111ms para pro·
fetos. e outros p<1ra ev11ngelistas. ,. c>utriJ.S para pastorr.; e J,1u
rores"(Ef4.llJ
lH HERESIAS E MODISMOS

3. O poder da Palavra de Deus. Os que freqüentam esses


movimentos nem sempre o fazem com o propósito de servir a Deus,
é verdade que se converteram a Cristo mediante o trabalho dos
triunfalistas. isso ninguém deve negar, pois a Palavra é a semente
(Mt 13.19). uma mão enferma ou infeccionada que semeia a se-
mente não compromete a germinação e nem o seu nascimento. De
fato. muitos estão lá. porque receberam a promessa de ncar ricos e
de ter seus problemas resolvidos. e não como resultado do novo
nascimento em Cristo Jesus. Quem segue um evangelho errado pode,
também. terminar num céu errado.

CONCLUSÃO

A mensagem sensacionalista que pregam não tem consistência


bíblica. O centro da adoração cristã é Jesus, no entanto, nessas reu-
niões invocam os demônios, para depois "amarrá-los". O que pare-
cia simples desvio. oriundo da transição da lei para a graça de al-
guns que confundiam sinagoga com igreja, era de fato algo muito
sério. o apóstolo Paulo amaldiçoou os legalistas da Galácia porque
estavam privando os cristãos da liberdade. e comprometia o cerne
do evangelho, como foi estudado no capitulo 1o. Da mesma forma,
as manipulações dos promotores triunfalistas, cujo discurso destoa
do de Jesus e de seus apóstolos. registrados no Novo Testamento.
mantém o povo sem conhecer o verdadeiro Jesus.
Trata-se de evangelho não-cristocêntrico. de um sistema que priva
o povo de ouvir a verdadeira mensagem de salvação pela graça.
mediante a fé em Jesus Isso é. também, muito sério, e são fatos que
vão além de mera aberração doutrinária. Por isso, hoje, muitos es-
Lão decepcionados e, alé. revollados, pois sentem-se enganados. A
Lal decepção não é com Deus e nem com a sua Palavra, mas com os
promolores do triunfalismo. falsilicadores da Santa Palavra.
Notas
'Raiz & Scheneider. vol. 1, p. 2 194.
'URBINA, Jost M Pabôn 5 ck. OicCH>tklllO M<IJIUO/ Gn<r<>flplru/. p ll4
'Gingrich & Danker. p 403
'URBINA, Jose M Pabón s de. Op Cil.. p 324
' Summa Tlieologw< 2 29 Citado por GUERRA. ~"'I Op ai. p lllM
•GUERRA. Manuel Op cil . pp. 884. 885
' MARIANO. R1<ardo H<op<nl«OSbJU Sociolopl do-> 1'1111n:<•.<t.lllsm" '"' lln&I. p ll
•ROMEIRO. Paulo D«epcronados Com a Gr~ça. p 44
•ROMEIRO. Paulo Op cit .• pp 88. 89.
~MCAUSTER. Robeno Drn/lnroumllSSunlt>Alwm<nrtJptntw/.p l9
" MCAUSTER. RoberlO Op. Ctl. p 210
·• ROMEIRO. Paulo Op <li . p 46
'~IORGAN. Roberl 1 Th<-n Slllg> A!Y S.>ul. p lfO
' uddell & Scou. p 593
'Raiz & Schnc1der. vol 1. p 1 225
•Ibidem. vol 1. p 1 766
'Ibidem, vol 1. p 1 210
'MACEOO. Edir A IJl>c-rw.;Ji•"" ''""""'· p 17
'Ibidem, p 69
CAPiTULO 12

A SUPERSTIÇÃO RELIGIOSA

i,.,..-· ... . ',.,


,Sw~r$tição religiosa é um conjun10 de crendices sem bases
[~ctt1Ôis. apoiado na ignorância. no desconhecido e no medo.
presente em Iodas as religiões novas e velhas. São crendices
nocivas à fé cristã, pois levam a pessoa a temer coisas inócuas
e depositar sua fé em absurdos. Quem pi não viu alguem pro-
curar se proteger com um galho de arruda. com ferradura Je
cavalo na porta de casa. 011 usar uma figa. espemndo obter
sucesso com os amuletos> Os supersriciosos est<io inclinados a
acreditar em tudo. menos na Palavra de Ot'us
338 HERESIAS E MODISMOS

1. ETIMOLOGIA

1. O termo grego. O substantivoôELoL&nµovta (deisidaimonia),


"temor de Deus. superstição, religião",' aparece só uma vez no Novo
Testamento:

'Tinham. porém, contra ele algumas questões ace1rn de


sua superstição e de um tal Jesus. defunto. que Paulo afirma-
va viver" (AI 25.19).

O adjetivo ÔE:LOLôatµwv (deisidaimõnJ. '"piedoso, religioso'"! apa-


rece, também, só uma vez no Novo Testamento:

"E, estando Paulo no meio do Areópago. disse: varões


atenienses. em tudo vos vejo um tanto supersticiosos·
(AI 11.22).

Nenhuma dessas palavras aparece na Septuaginta. O termo vem


do verbo grego ÔELÔW (deidõ), "temer"' e õatµwv (daimõnJ. "demô-
nio. espírito maligno".' Assim. o sentido literal é de temer aos de-
mônios ou aos deuses.

2. O termo em nossas versões. A ARA e a TB traduziram


esses vocábulos por "religião" e "religioso". Agripa. na qualidade
de judeu. embora desconhecendo a natureza da questão sobre a
ressurreição de Jesus, jamais chamaria isso de mera superstição
(At 25.19). O apóslolo Paulo, no Areópago, em Atenas. empregou
o termo com "amável ambigüidade", como sugeriu Thayer. 5 Os
gregos empregavam-no com sentido positivo, como piedoso ou
religioso. com sentido negativo como supersticioso o Dr
Robertson afirma:
A SUPERSTIÇÃO REU<ilOSA H9

"'Parece improvável que Paulo tenho dado um bofeláo em


seus ouvintes ao começar seu discurso. Aforma em que usou
este adjetivo. aqui. colori o discurso de Paulo diante do Con-
selho do Areópago"'.•

3. O termo latino. Jerônimo, na Vulgata Latina. traduziu os re-


íeridos termos por superstitio (Al 25.19). que significa "superstição,
excessivo receio dos deuses. religião, culto. veneração"'.' e su-
perstitiosus, "supersticioso"' (Al 17.22).
Havia diferença entre religião e superstição no mundo roma-
no, que o cristianismo. mais tarde, terminou adotando. Segundo
Agostinho de Hipona, o homem supersticioso distingue-se do re-
ligioso. citando Varrão, autor romano (116-27 a.C.). afirma que o
supersticioso teme os deuses como inimigos. e o religioso reve-
rencia-os como pais:

"Que significação merece o par«er que do homem su·


perslicioso distingue o religioso. dizendo que o supersticioso
teme os deuses e o religioso somenre os respeita como a piiis.
não os teme como inimigos>-·_"

A idéia dessa palavra no mundo romano e de forma arcaica


de culto, como deterioração ou algo ultrapassado. re1eitado pela
religião oficial. Podemos resumir superslição como a crendice
do medo:

':Assim diz o SENHOR. Niio aprc•nd111s o c<11111n/)(l Jas n.i ·


çcies. rrem vos espanteis com os S111a1s J1is uus. pt>r</ue C<>m
eles se atemoruam <Js 11açcit's-11r 1011
J40 HERESIAS E MODISMOS

II. CARACTERISTICAS ANIMISTAS

l. Animismo. Apesar de a superstição estar presente em to-


das as religiões, porém, é no animismo que ela, praticamente,
confunde-se. A palavra "animismo" vem do latim animus. "espíri-
to, alma". 9 É a crença que atribui vida espiritual ou alma a coisas
inanimadas. Os animistas acreditam que plantas e animais pos-
suem alma, que a natureza está carregada de seres espirituais e,
mais, que o espírito dos mortos vagueia pelos lugares onde as
pessoas viviam ou costumavam freqüentar. É o resultado da que-
da do Éden:

"E mudaram a glória do Deus incorruptivel em semelhan-


ça da imagem de homem corruptivel. e de aves. e de
quadrúpedes, e de répteis. .. pois mudaram a verdade de Deus
em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o
Criador. que é bendito eternamente. Amém' .. E. como eles
se não importaram de ter conl1ecimento de Deus. assim Deus
os entregou a um sentimento perverso, para .fi1zcrem coisas
que não convém" (Rm 123, 25, 28).

2. Fetiches. O termo. segundo Kurt E. Koch, vem da lingua por-


tuguesa rn Os ídolos representam divindades. ao passo que o
fetichismo caracteriza-se por atribuir propriedades mágicas ou di-
vinas a certos objetos. "é o culto supersticioso aos fetiches, amuletos
e talismãs''.'' Em muitos casos, os fetichistas dispensam a tais obje-
tos reverência. adoração, gratidão e oferendas, esperando receber
graças ou vinganças das divindades ou espiritos:

"Nu /J1s1nria da religião entendemos por/i:llc/Jc um objeto


arll/inal 11ue se adoru ou l'l'llt'ra ou que l' il'l'<lclo cm cima
ASUPEllSTIÇÃO REUGIOSA >• I

para a segurança pessoal. Crê-se que os fetiches estão dota-


dos ou animados de cerro poder"."

3. Amuletos. O termo vem do latim amulerum, cuja idéia é "'meio


de defesa"'. 'l segundo o Dicionário L.aUno-Ponuguês de F.R. Santos
Saraiva, significa: "amuleto, remédio supersticioso, que preservava
contra feitiços, veneno. etc. preservativo. talismão". 1• É a crença no
afastamento dos maus espíritos, apenas pelo uso de certos objetos
como galho de arruda, ferradura de cavalo na pona de casa. pé-de·
coelho. Os supersticiosos acreditam que:

"Um amuleto é um objeto carregado de uma força que


protege contra perigos mágicos ou satânicos". 1s

Muitas vezes. são usados como objetos de adorno. Oprolda lsaias


incluiu os amuletos na lista de adornos femininos. traduzido por
·arrecadas" na ARC:

"Os diademas, e os enfeik:s dos bra,os. e as cadeias. e as


caixin/>as de perfames e as ameadas-11s J.10J

A palavra hebraica, aqui, é 'llr,~(lahashJ, ··cochicho. encantamento,


talismã"' •• É usada tanto para ornamento como para prill1Cas
ocultistas. pois muitos enfeites revelam, também, crendices. supers-
tições e outras práticas ocultistas:

·se a cobra morder ant~ de eswr enl".int.iJ.i. enijo. re·


médio nen/Jum ha1 erá no mais hábil en.-.mt.id,,r· 1E< 10 111
1

"Porque eis que em 1arc'i enue nis SCrp<'lll<"S r bi.ISJ/ISLOS.


1

contrn os quais n<i1> ha enc.in1ame1110. e- 1\1.S morJeriio. duo


SENHOR" 1/r S 171
342 HERESIAS E MODISMOS

4. Talismãs. Consiste em letras. símbolos ou palavras sagradas,


nomes de anjos ou demônios com o objetivo de proteger-se do mal.
Segundo Koch. o termo

·vem do árabe ta/ismun e do grego telesma e quer dizer


em primeiro temw consumação. consagração. mas também
encantamento"."

Ili. SUPERSTIÇÕES DO COTIDIANO

l. Rogos do espirro. "Saúde!", "Deus te crie'"· ou expressão


mais erudita como Dominus caetum!, "o senhor te crie'"· hayim!.
"vida'"· em Israel. gesundheith'. "boa saúde pra você", em alemão.
são expressões que ouvimos no nosso dia-a-dia quando alguém
espirra. Por que não acontece o mesmo quando alguém tosse? Os
antigos acreditavam que o espirito do homem residia na cabeça, e
um bom espirro era o suficiente para sua fuga e. ao fazer uma pe-
quena prece. ele permanecia na pessoa que espirrou " Hoje. isso já
virou etiqueta social.

2. Sexta-feira 13. o número 13 é tido. por alguns, como


bom agouro. e para outros. como infortúnio. Há, até, edifícios
em que passam do 12º. para o 14º andar. temendo azar. A sex-
ta-feira 13 é considerada como dia de azar. Uns atribuem a
origem da superstição do 13 azarado aos vikings ou outros
normandos. outros. ao cristianismo sexta-feira foi o dia em
que Jesus morreu e 13 é referência a Judas lscariotes. que, se-
gundo os supersticiosos. era o décimo terceiro homem da reu-
nião da última Ceia.'" Não há, portanto, indicio algum para
confirmar essa versão.
/\ SUPERSTIÇÃO REUGIOS/\ 34>

IV. SUPERSTIÇÕES SUPOSTAMENTE BIBLICAS

1. Segunda-feira azarada. Os judeus não consideram a se-


gunda-feira bom dia para negócios, porque no relalo da criação.
em Gênesis I. não consta o registro "e viu Deus que era bom". como
aparece nos demais dias. Mas. no dia terceiro. aparece duas vezes a
expressão "e viu Deus que era bom" (Gn 1.1 o. 12). por isso é o dia
tradicional de cerimônia de casamentos e. também. o dia em que se
celebram grandes negócios em Israel. O costume baseia-se na in-
terpretação incorreta de uma passagem bíblica. mas a bênção divi-
na para o sucesso não depende do dia em que o evento ror realiza.
do. mas da confiança em Deus:

"Confia no SENHOR efaze o bem; habitarás na cerra e. 1't'r·


dadeiramente, serás alimentado. Deleita-te tam~m no SENHOR.
e ele te concederá o que deseja o teu coração. Entrf80 o ceu
caminho ao SENHOR; confia nele, e ele tudo fará" rSJ Jl J-5!.

2. Mezuzá. Palavra hebraica que significa "portal. umbral. om·


breira" (Êx 12. 7). Esse termo é usado. hoje. para identificar o peque·
no tubo metálico que os judeus usam no umbral direito da pona.
seguindo o prescrito na Lei de Moisés: "E as escreverás nos umbrais
de tua casa e nas tuas portas" (Dt 6.9; 11.20).
Isso não deve ser considerado superstição, pois tem fundamento
bíblico, como não é superstição um cristão colocar em seu lar qua-
dros com versículos bíblicos e outros motivos cristãos como identi-
licação de sua íé. Os judeus cabalísticos da Idade Média. no enian-
to. transrormaram a mezuzá em amuletos e talismãs. como objetos
de proteção.~" Ainda hoje. o judeu. beija a mezuzâ ao sair de cas.a e
ao chegar. pois em sua tradição. serve de lembrete ao homem para
que não peque. e. também. para garantir lar ícliz e vida longa''
344 HERESIAS E MODISMOS

3. Superstição de origem lendária. A lenda de Lilith. Palavra


hebraica de dilicil tradução para as línguas modernas, pois nem sem-
pre é precisa. O termo aparece só uma vez na Bíblia, contado com
os cães bravos. com os gatos bravos e com os sátiros:

"E os cães bravos se encontrarão com os gatos bravos; e o


sátiro clamará ao seu companheiro; e os animais noturnos
ali pousarão e acharão lugar de repouso para sr (Is 34.14).

'As feras do deserto se encontrarão com as hienas. e os


sátiros clamarão uns para os outros; fantasmas ali pousarão
e acharão para si lugar de repouso" (Is 34. 14 • ARAJ.

'As feras do deserto se encontrarão com as hienas. e os


sátiros clamarão uns para os outros; a bnixa se pousará ali e
achará para si um lugar de descanso·· (Is 34 14 - TBJ.

Há. porém. expositores que acreditam não haver correlação com


"animais noturnos", como o morcego, a idéia é de "fantasma". como
encontramos na ARA. A TB traduziu por "bruxa".
Segundo a lenda judaica. Lilith íoi a primeira esposa de Adão que
teria se desviado e transíormou-se num demõnio remi nino e sensu-
al. ligura sedutora de cabelos longos. que voa como coruja noturna
para atacar os que dormem sozinhos. O ob1etivo é ter lilhos demô-
nios dos homens por meio de suas poluções noturnas. Para se pro-
teger dela. as ramilias judaicas usavam um amuleto. com os dize-
res "Adão e Eva excluindo Lilith"."

4. O perigo da inversão de valores. Não conrundir o Cristo da


cruz com a cruz de Cristo. Os hebreus consideravam a simples pre-
sença da arca da aliança na guerra como garantia de vitória ( 1 Sm
A SUPERSTIÇÃO REUGIOSA >U

4.4-1 1). Ainda hoje. alguns crentes crêem estar protegidos de infor-
túnios e mau augúrios só pelo fato de manter a Bíblia aberta no
salmo 91 numa das dependências da casa. Isso significa transfor-
mar a fé viva num Deus todo-poderoso em mera superstição ou
amuleto. A proteção vem da confiança em Deus e em obediência à
sua Palavra Us 1.8; 1 Jo 5.4).

5. Fé cristã não é superstição. Os filhos de Ceva confundi-


ram-se, visto que a cidade de Éfeso era extremamente mistica. en-
volvida com toda a sorte de superstição. interpretaram o apóstolo
Paulo como mais um mágico, com uma nova fónnula: o nome de
Jesus (At 19.13). Eles. no entanto, equivocaram-se. e. ainda hoje. há
os que transformam elementos cristãos em supers1ição. Baseado
em lendas de vampiros, muitos acreditam que só pelo fato de exibir
uma cruz podem expulsar os espíritos. Jesus disse: "em meu nome
expulsarão demônios" (Me 16.17). Ele conferiu essa autoridade aos
seus servos (Mt 10.8). Todos os que usarem o nome de Jesus como
amuletos terão a mesma decepção dos filhos de Ceva (At 19.16)

CONCLUSÃO

Há costumes na sociedade que. embora se baseiem em textos b1-


blicos. não passam de superstição. pois não há relação entre a tal
crendice e a passagem bíblica. Trata-se de interpretação aleatória.
sem consistência escriturística e. completamente. fora dos princ1pios
da hermenêutica. nociva a fé cristã. Muitas superstições são de OU·
Iras fontes. assim sendo. são uma forma de rehgtào. e 1s.so e idolatria.
pois essas pessoas respeitam delalhes vinculados ao oculto e ao so-
brena tural.'' Crer nas coisas triviais ou nas aparen1emen1e bíblicas e
rejeitar a fé em Deus ou acrescentar algo mais alem dele Nós cremos
num Deus que pode nos guardar de todas as coisas 11 Tm 1 12
346 HERESIAS E MODISMOS

Notas
• ('!..oi.- .e.:. 5.,;hnc"•o::.IC"r. v o l 1. ,-. ..,. .....
'lh1dc-"'· ..,n/ 1. p .. ..-• . o

:~~tÍ:·ftWY:;~c~J::~:~/::~~:_::~-~,:~::;::~!_:-::'.~'::::·::-;:: -:~:,. ::~:::_ -·--- -·--


• lhl~c- . . . . . . . . . 1 '· p .... .....
•Ih"•'"'""'•""' 1. 1• f!!J.J'5

.•. K{~15f:';:f/i:tf-iH~r:-:·-·::-~::_:;:.:-:.::~~~:_~:,.···
CAPiTULO 13

O DISCERNIMENTO
ESPIRITUAL DO CRENTE

Discernimento é a habilidade conferida pelo Espinto Santo ao


cnstão para distinguir o real do aparente e a verdade da menti-
ra. Até aqui. aprendemos a precaver-nos das suulezas de Sata-
nás t' dos perigos a nossa volta. Há heresias e aberrações dou-
tnnárit1s internas e doucrinas, que se parecem cristãs. Por meio
dt> suas doutrinas é poSSÍl'el o cnstâo reconhexer afonte. m11s.
âs Fezes. são apresentadas de maneira tão sutil. wmanclo 1m-
possil'el seu discernimento sem a ajuda do Espinto Sa1110
341 HERESIAS E MODISMOS

1. DEFININDO OS TERMOS

1. Discernimento. Do grego ôLáKpLaLc; (diakrisis), "distinção, dis-


puta, interpretação".' Aparece apenas três vezes no Novo Testamento:

·ora, quanto ao que está enfenno na fé, recebei-o, não


em contendas sobre dtívidas" (Rm 14. I).

"E a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profe-


cia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a
variedade de línguas; e a outro, a intelpl'etação das línguas·
(1 Co 12. IOJ.

"Mas o mantimento sólido é para os petfeitos, os quais,


em razão do costume, têm os sentidos exercitados para
discernir tanto o bem como o mal" (Hb 5. J4).

Com o sentido de contenda, disputa (Rm 14 I). capacidade de


escolher entre o bem e o mal, em virtude do crescimento espiritual
(Hb 5 14). e capacidade sobrenatural para distinguir a fonte da ma-
nifestação espiritual, se é de fato do Espírito Santo, ou espírito es-
tranho, demônio, ou. ainda, se é, simplesmente, um espírito huma-
no (1Co12.10)

2. Sinais e prodígios. O discernimento espiritual permite ao


cristão identificar a fonte das operações de maravilhas ou os supos-
tos milagres.

"Quando profeta ou sonhador de sonhos se levaniar no


meio de ti e te der um sinal ou prodígio, 2 e suceder o tal sinal
ou prodígio. de que te houver falado. dizendo: Vamos após
outros deuses, que ndo conheceste, e sirvamo-los. J não ou-
virás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos.
porquanto o SENHOR. vosso oeus. vos prwa. para saber se
amais o SENHOR. vosso Deus. com todo o vosso coração e
com toda a vossa alma" (Dt 1J. / ·J).

A palavra hebraica nnt ('ôthJ, traduzida, aqui, por "Sinal", é termo


genérico que significa: "sinal. marca. insígnia. indício, estandane. si-
nal miraculoso, prova, advenência". 2 Quando o sentido é de sinais
miraculosos. 'ôth vem geralmenle acompanhado do tenno hebraico
rn:i'rJ (môphéfhJ. "maravilha, milagre, sinal, íeito"3 (tx 7.l; DI 4..14; 6.22)
A Septuaginta usa o termo grego OTf.lf"ioV (simeiom. ·nota carac-
terística, sinal que prediz. milagre que dá testemunho"• para os mi-
lagres operados por Jesus (At 2.22). A luz do texto sagrado. é perfei-
tamente possível alguém manifestar tais sinais e maravilhas sem
ser enviado por Deus.

3. Espírito de adivinhação. Adivinhação consiste na revela-


ção de segredos do passado, do presente e do futuro. Essa pralica
associa-se à feitiçaria, que é o intento de usar poderes do mundo
espiritual para influenciar as pessoas ou até eventos. como m~gico
num circo.

"E aconteceu que. indo nós d oraçà<l. nos saiu ao encon-


tro uma jovem que linha espírito de adll'inha{ào. a qwl. adi-
vinhando. dava grande lucro Q(lS si:us senhtln:s l l Es111. SI!·

guindo a Paulo e a nós. clatrum1. dizendo. Estes homms. qU<"


nos anunciam o caminho da StJl11açào. .S&l.> Sc.'/WlS Jo llt'US
Altíssimo. 18 E iSJo jeI. ela PI'' muil<lS 1/1J$ AfJs AIUkl. pc:r
turbado. voltou-se e d~ ao tsplrito: Em nome de /esus Cns ·
to. te mando que saias dril. E. na mesma hora. SOJU.
:150 HERESIAS E MODISMOS

19 E. vendo seus senl1ores que a esperança do seu lucro


estava perdida. prenderam Paulo e Silas e os levaram à pra-
ça, à presença dos magistrados· (At 16. 16-19).

A palavra grega usada para "adivinhação" é núawv (pylhon), "adi-


vinho, ventríloco, piton"s, nome de um dragão, que, segundo a mi-
tologia clássica, era guardião do templo de Apolo e o oráculo de
Delfos, no monte Parnasso.• Acreditava-se que Apolo se encarnava
nessa serpente para inspirar as pitonissas. Na época dos apóstolos,
piton era um ventríloco, no grego Éyyuorptµu9oç (engastrimythos),
"ventriloquismo, espírito familiar"', a mesma palavra usada na
Septuaginta para a pitonissa de Saul (1 Sm 28.7).

li. AS ARMAS ESPIRITUAIS

1. Sentidos aguçados. O Senhor Jesus colocou à disposição de


cada crente as condições necessárias, habilitando-o. para fazer a
obra de Deus. Ele disse: "Eis que vos envio como ovelhas ao meio
de lobos" (Mt 1O 16) e para isso nos equipou com armas espirituais
de defesa e de ataque ao reino das trevas. O discernimento espiritu-
al é importante arma do arsenal do Espírito Santo.

"Porque, andando na carne. não mililamos segundo a rnr-


ne. Porque as armas da nossa milicia não são carnws. mas.
sim. poderosas em Deus. para deslruição das fortalezas; des-
truindo os conselhos e toda a/li\lez que se levanta conlm o
con/Jecimento de Deus. e le\lando cclli110 lodo entendimento
aobediência de Cristo·· (2 Co 1O.J-5).

2. O dom do Espírito Santo. A experiência pentecostal é intimi-


dade com o Espírito Santo. o Senhor Jesus proveu sua igreja com os
O DISCERNIMENTO ESPIRITUAL DO CRENTE )51

dons espirituais, como recursos. para que possamos realizar as obras


de Deus_ o discernimento de espiritos é um dos dons espirituais.
Não confundir com telepatia, nem com a arte de ler a mente de
outras pessoas e, muito menos, de "detetives espirituais". Não é
monopólio de nenhum crente, é dado à igreja, conforme a vontade
do Espirita Santo "repartindo a cada um como quer" (1 Co 12.11) e
"para o que for útil" (1 Co 12.7).
A área de atuação na vida cristã é muito abrangente. Muitos pen-
sam que o dom é restrito às profecias. Apesar de aparecer logo em
seguida do dom de profecia e da exortação paulina: "E falem dois
ou três profetas, e os outros julguem" (1 Co 14.29). discernir os espi-
ritos, no contexto do Novo Testamento, abrange muitos aspectos
da vida cristã. A advertência do apóstolo João: "Amados. não creiais
em todo espírito. mas provai se os espíritos são de Deus" (l Jo 4.1)
serve para conlirmar essa abrangência.
Visto que as manifestações podem vir de três fontes: Deus. Sata-
nás e do próprio homem. o Senhor conferiu à sua igreja a capacida-
de de identificar essas fontes com o dom de discernir os espíritos. E
correto. pois. afirmar ser esse dom a capacidade dada ao crente
pelo Espirita Santo para discernir com segurança a ongem ou a fon-
te da manifestação do sobrenatural. na vida de uma determinada
pessoa. de modo que não seria passivei por outros meios

3. O discernimento apostólico (V- 18). Há duas maneiras pra-


ticas para discernir a fonte da mensagem ou dos milagres pelo con-
teúdo doutrinário (Hb 5.14; 1 Jo 4 1) ou pela revelação do Espirno
Santo (AL s 1-5) o apóstolo Pedro não teria como saber o propósito
de Anan1as e Salira sem a intervenção do Esp1rilo de Deus Em Filipos.
diz o texto sagrado. "isto fez ela por muitos dias" (v t 81. e o elogio
"Estes homens. que nos anunciam o caminho da salvação. são ~r­
vos do Deus Altiss1mo" (V. 17) Isso parece mostrar que o c.11scemi
l52 HERESIAS E MODISMOS

mento foi tanto pelo conteúdo doutrinário como também pela reve-
lação do Espírito Santo.

III. AS ASTÚCIAS MALIGNAS

1. Uma mensagem embaraçosa. A jovem estava possessa.


tomada pelo espirita das trevas, logo a mensagem não vinha dela,
mas do espírito que a oprimia. Satanás é o pai da mentira Uo 8.44) e
o principal opositor da obra de Deus (At 13.10) Vendo pela ótica
humana. dificilmente, alguém recusaria um elogio dessa maneira.
Satanás age. muitas vezes, de maneira sutil, que não é possível de-
tectar apenas com os recursos dos órgãos sensoriais.
o simples rato de uma profecia ou previsão cumprir-se, ou
mesmo de uma operação de maravilhas ocorrer, não são sufici-
entes para reconhecer a legitimidade dessas manifestações. e
nem saber a origem da mensagem ou do mensageiro. Os magos
do Egito imitaram a Moisés diante de Faraó, (êx 7. t 1, 22; 8.7).
Jesus advertiu afirmando que o anticristo virá fazendo sinais,
prodígios e maravilhas (Mt 24.4). O apóstolo Paulo afirma que
os falsos profetas e os obreiros íraudulenlos transfiguram-se em
apóstolos de Cristo. e Satanás, em anjo de luz (2 Co 1 1.13-15).
Em Apocalipse 13.2-4, lemos que a besta será adorada e admi-
rada por todos os moradores da terra em virtude dos seus sinais
sobrenaturais
Não é somente a operação de maravilhas que vai autenticar a
manifestação. A chave principal para descobrir se é de Deus é saber
se eslá de acordo com a Palavra de Deus. Mas, como nem só de
teologia vive o cristão. é necessária a comunhão com Espírito San·
to, pois a vida crislã apresenla seu lado práLico. O apóstolo Paulo
era Leólogo por excelência, profundo conhecedor da Palavra de Deus,
mas, no exercício do seu ministério, o Espírito San Lo estava sempre
O DISCER/'llMENTO ESPIRITUAL 00 CRElllTE HJ

atuante. A adivinha ralava a verdade: Paulo e Silas eram servos do


Deus Altíssimo. anunciavam aos homens a salvação. Só com os
recursos espirituais é possivel identificar esse paradoxo. de fonte
estranha vir mensagem verdadeira.
No contexto deles. a salvação, não é a mesma pregada pelos
apóstolos. o texto não esclarece a que salvação o espírito imundo
reíeria-se, considerando ser termo comum entre os pagãos Essa
técnica é usada. ainda hoje. pelas seitas. a salvação dos mónnons.
por exemplo. apresenta sentido diíerente daquela pregada pelo cris-
tianismo bíblico: como libertação dos pecados (Mt 1.21 l e livramen-
to da condenação eterna (Rm 8.1). transformação pelo poder do
Espírito Santo (Tl 3.5).

2. Qual a intenção do espírito de adivinhação? Por que. en-


tão. o espírito adivinho elogiou os dois mensageiros de Deus ao
declará-los como anunciadores do caminho da salvação e "servos
do Deus Altíssimo"? Porque era uma estratégia demoníaca para con-
fundir o povo. O propósito diabólico era transmitir ao povo a falsa
imagem de que a mensagem que Paulo e Silas pregavam seria a
mesma da jovem adivinhadora. Ainda hoje. Satanâs usa essa estra-
tégia para fazer o povo acreditar na ralsa idéia de que Iodas as reli-
giões levam a Deus. Essa mensagem é. diametralmente. oposta à
Bíblia; Jesus é singular. o cristianismo é exclusivo. somente Jesus
conduz o homem a Deus Uo 14 .6; AI 4.12)

3. O perigo do elogio. Sem duvida alguma. aquele espírito


adivinho esperava retribuição apostólica. ou se1a. elogio semc:lhan·
te Dilicilmente. repreendemos aqueles que nos elogiam ou ialam
bem de nós. ainda mais. quando o faum em pliblirn Os agentes
de Satanas lizeram o mesmo com o Senhor Jesus. mas eles ioram
desmascarados:
3&4 HERESIAS E MOOISMOS

"E, 1razendo-o debaixo de olflo. mandaram espias que se


fingiam de justos. para o apanliarem em alguma palavra e o
entregarem à jurisdição e poder do govemado1: E pergunta-
ram-/lie, dizendo: Mestre. nós sabemos que falas e ensinas
bem e relamente e que não consideras a aparência da pes-
soa, mas ensinas com verdade o caminho de Deus. É-nos
lícito dar u'ibulo a César ou não) E. entendendo ele a sua
astúcia. disse-1/Jes: Por que me tentais?" (Lí: 20.20-23).

IV. DISCERNIMENTO

1. O íalso e O verdadeiro. Deus deu a Israel profetas legítimos,


que falaram inspirados pelo Espírito Santo_ Mesmo no reino dos
profetas. Deus permitiu o surgimento de falsos profetas (2 Pe 1.19-
21; 2.1). Como identificar o falso do verdadeiro? O texto sagrado
diz: "profeta ou sonhador ... te der um sinal ou prodígio" (Dt 13.1).
Isso fala de sinais grandiosos, que podem impressionar os incautos.
O termo: "Vamos após outros deuses" (Dt 13.2) mostra tratar-se de
milagres estranhos. Qualquer um, portanto. mesmo com o mínimo
de discernimento, tem condições de discernir a fonte desses apa-
rentes milagres.
Quem realmente experimentou o poder de Deus na vida não pode
ser levado por impostores. Deus permite o sobrenatural de fontes
estranhas para provar a fé do crente e a experiência espiritual (DI
133). O cristão não deve ir atrás do sobrenatural e nem de vanla·
gens. mas ficar na Palavra_

2. A necessidade do discernimento. Já vimos em capítulos


anteriores a possibilidade de manifestações sobrenaturais por meio
de homens não comprometidos com a verdade_ Jesus disse que o
anticristo virá fazendo sinais, prodígios e maravilhas, de maneira
o DISCERNIMENTO ESPIR!T\JAL 00 CRENT! HI

tal que, se possível fora. enganaria, até, os escolhidos (Ml 24.24). Os


agentes de Satanás transformam-se em anjos de luz, e seus mensa-
geiros, em ministros de justiça (2 Co 11. 13-15). O crente depende da
ajuda do Esplrito Santo para discernir a verdade. e. para isso, é ne-
cessário estar em comunhão com ele.

CONCLUSÃO

Essa experiência do apóstolo Paulo é vista, ainda hoje. na vida


da igreja. Longe de ser fé teórica, a crença pentecoslal é fundamen-
tada na Palavra, e cada crente vive essa experiência. o dom de
discernir os esplritos é um dos dons espirituais que continua sendo
uma necessidade indispensável para a igreja nos dias atuais. e nao.
meramente, para os dias apostólicos. Se a igreja é a mesma. se ser-
vimos ao mesmo Deus, se somosdiscipulosdomesmoJesusevive-
mos na mesma dispensação. é óbvio que essas bênç!os são para
nossos dias. Basta descobrir a finalidade desses dons para o crist.io
conscientizar-se dessa realidade. A Bíblia revela que os dons espiri-
tuais vão desaparecer na vinda de Cristo:

HHavendo profecias. serão aniquiladas; h111-cndo lín-


guas. cessarão; havendo ciência. desaparecerá ... quando
vier o que é perfeito. então. o que é em parte ~rá 1.miqui-
/adoH ( I Co IJ.8-IOJ.

t dever do cristão não se levar pela manifestação de sinais so-


brenaturais sem antes ter certeza de sua origem Há quem defen ·
da a ortodoxia cristã. mas não tem qualidade ética, não vive o que
prega e nem prega o que vive. Por outro lado. há quem viva uma
vida exemplar. mas cuja doutrina é heresia. Que Deus nos aben·
çoe e ajude-nos•
356 HERESIAS E MODISMOS

Notas
• Balz & Schneider. vol J, p 925
1
HARRIS. R Laird, ARCHER IR. Gleason l . WALTl<E, Bruce K Op Cll .. P 27
'lbidem. 112
• Balz: &. Schene1der. vol li. p 1 389
'lb1d~m. vol li. 1 268
.. GRJMAL. Piem~ Dicionan·o da Mitologia Grega e Romana. p 3 79
'LUST. J. EYNIKEL E. HAUSPIE. K A Greek-English Lcxicon of llle Scp1Uagm1. vol 1. p. 125
APÊNDICE FILOSÓFICO

9//)L
tfrTJJ'! ':filosofia" pode ser definido como ·amor de conheci-
ftie~·e sabedoria. busca daquilo. especulação. estudo~' mn
d~ duas palavras gregas qiL\oç (philos). "amigo·. e o~(u
(sophia). "sabedoria". 1 Uteralmente. é ·amante da sabedoria·
Pitágoras foi o primeiro a usar o termo na acepçdo da jil(JS()jia
clássica. Ele aplicou o termo ':filósofo" a si mesmo.' ~undo
Diógenes Laércio (200-250 d.C.). o rei Leontes. numacon~r­
sa familiar. perguntou se Pitágoras era sábio. o qual respondeu
que não era sábio. mas 4>~Aí.a TÍ)C; o~(aç (philia lês sophias).
"amante da sabedoria".•
Afilosofia grega combinava a rdigião. a moral e a me1ajlsica e
empenhava-se ·em entender e ensinar a maneira de vivrr ~m
e sabiamente. que consistia em sus1enrar opiniões co~•as a
respeito de Deus. do mundo. do homem e da vinude· ; E a
busca da sabedoria. A filosofia mais anriga manifes1ava sua
preocupoção. basicamenre. com esptcuhl{ôes quan10 d causa
do universo. Sua histótia pode ser dMdida em ITts paiodos·
pré-socralico. das.sico. e pós-S1Xro11co
358 HERESIAS E MOOISltOS

PERÍODO PRÉ-SOCRÁTICO

Nos séculos VI e V a.e., com as seguintes escolas lilosólicas:


jônica, representada por três lilósofos de Mileto, Tales, Anaximandro,
Anaximenes e um de Éfeso, Heráclito; itálica, por Pitágoras; eleática,
por Xenófanes, Parmênides e Zenào; a atomista, por Leucipo,
Demócrito. Anaxágoras e Empédocles.

1. ESCOLA JÔNICA

1. Tales de Mileto. A Jônia era a região com 12 cidades na faixa


costeira da Asia Menor, na atual Turquia A filosofia começou com a
escola jônica, e, assim, inicia-se o processo de ruptura entre a lilo-
solia e o pensamento mítico. Foi fundada por Tales de Mileto (aprox.
640 -546 a C) Ele deu início à lilosofla ocidental. Inspirado na anti-
ga doutrina expressa em Homero e até nos povos orientais, defen-
dia a teoria de que tudo provém da água. Segundo Heródoto, Tales
previu um eclipse solar ocorrido na Jônia em 28 de maio de 585
a.C.! Atribui-se também a ele os teoremas geométricos que levam
o seu nome.

2. Anaximandro. Seu discípulo e sucessor Anaximandro (610-


5471 buscava o principio de tudo no cinupo11 (apeironJ, "indetermi-
nado, infinito''.; O elemento básico da natureza não é material, dife-
rente de Tales. que alirmava ser a água. Foi considerado salto teóri-
co importante na cosmologia. Anaximandro foi. também, o autor
do primeiro mapa-múndi e inventou o relógio do sol."

3. Anaxímenes. Foi discípulo e sucessor de Anaximandro (588


- 524 a C.). Em sua opinião, oàfip (aer). "ar ou atmosfera"." seria a
base de tudo no universo, ou seja. produz ludo o que existe.
AP~NDICE FIL05ÔFICO ll59

4. Heráclito. Foi contemporâneo de Parmênides e escreveu de-


pois de Pitágoras. Discordou de Tales e seus sucessores. e, ao con-
trário deles, afirmava que todas as coisas estavam em continuo nu-
xo, TTávta pei. (panca rei), "tudo nui". A matéria está em continua
mudança, e essa realidade é a mutação do devu: do "vir a ser''. É
dele o dito: "Não se entra duas vezes no mesmo rio". Segundo
Heráclito. o Logos é a substância ou causa do mundo. a própria lei
cósmica. Dizia que o fogo seria o elemento básico do universo.

li. ESCOLA ITÁLICA

Seu principal representante foi Pitágoras. nascido em Samos por


volta de 580 a e.. mas transferiu-se para Crótona, na Magna Grecia.
atual sul da Itália, e depois. em Metaponto, fugindo à tirania de
Policrates. Em Crótona. fundou uma escola filosófica e religiosa. Na
época. a religiosidade na Magna Grécia estava em transformação
com a presença dos orfistas. que tinham Orfeu como patrono. Na
Jônia. predominava a religião homérica. racionalizada em mitos so-
listicados. Trata-se de uma religião de mistérios. calcada na prática
de rituais. e seus adeptos acreditavam na reencarnação e trans-
migração da alma:

"Baseavam na crença na imortlllidackda alma. constgWda


após mui1as remcamações ou lransmigraçàt!S. e o finolulodc
riwalística era purificar a alma do iniciado ptJra lnTd·l•1 d11
·roda dos nascimentos ..·.••

Pitágoras reafirmou a doutrina da reencarnação ou da transmi-


graçào da alma. ensinada pelos orfitas. O conhecimento ou a vida
contemplativa era. segundo Pitágoras. a un1ca maneira para hber-
tar-se da "roda dos nascimentos". Era defensor da abstinéncia se-
160 HERESIAS E MODISMOS

xual e. também, de certos alimentos. como carne e bebidas fortes.


frugalidades.
Ele via nos números e em suas relações o fundamento do uni-
verso. Ele explorou a geometria dos sólidos perfeitos e descobriu o
teorema que. ainda hoje, leva o seu nome. Segundo Aristóteles, os
pitagóricos foram os primeiros a tratar da matemática.'' e que eles
"constroem todo o universo a partir dos números". 12

Ili. ESCOLA ELEÁTICA

1. Xenófanes. o nome da escola vem da cidade costeira grega


Eléia. Xenófanes é o filósofo mais antigo dessa escola. mas não o seu
fundador. Nascido em 570 a.e. em Colofão. cidade da Jônia. é reco-
nhecido como o geólogo mais antigo e fundador da paleontologia. Cri-
ticou o antropomorfismo e a ausência de Religião e ética em Homero e
Hesíodo. Nele. veio à Lona, pela primeira vez. o pensamento monoteísta.
mas monoteísmo panteístico. pois confundia Deus com as coisas; para
ele Deus é fV Kll~ nâv (/len k.ai panJ. "um e tudo". Xenófanes tomou-se
interessante para a história da ciência e da religião.

2. Parmênides. A escola eleática foi fundada por Parmênides.


discipulo de Xenófanes. nascido em 540 a.e.. em Eléia. Expôs sua
doutrina num poema em versos hexâmetros. apenas 160 versos so-
breviveram. A primeira parle traia da realidade. ou seja, daàl.1\8uu
wlell1e1a1. "verdade. realidade";'·' a segunda. da aparência. ó(fp. (doxaJ.
"expectação. noção. opinião.1ulgamen10. mera opinião, conjectura.
boa reputação. honra. glória". 1·•
Segundo Parmênides. o "universo real é todo único. individual,
eterno e imutável. e é objeto exclusivo do conhecimento; as coisas
mutáveis e perecíveis e os fenômenos (como o movimento. p. ex .. )
são aparências e sobre tais coisas e fenômenos podemos somente
AP~NDICE FllDSÔFICO H 1

fazer conjecturas". 15 Nada mais existe além do Ser e do Uno. Essa


doutrina conduz ao monismo e ao panteísmo. A razão, a que
Parmênides chama ÀÓyoc; (logos), conduz à realidade; os dados dos
sentidos, à aparência. Reconhecido como astrônomo e geômetra.
atribui-se, também, a ele. a "doutrina da esfericidade da terra e a
descoberta de que a luz da Lua é reOetida do Sol"."

3. Zenão. Discípulo de Parmênides (490-430 a C) - não confun-


dir com outro lilósofo de mesmo nome que fundou a escola estóica
(354-260 a C) - escreveu em prosa defesa racional e habilidosa de
seu mestre. Seus paradoxos tomaram-se célebres entre os filóso-
fos. O mundo do bom-senso está repleto de contradições. dizia
Segundo Aristóteles, Zenão foi o criador da dialetica

IV. ESCOLA ATOMISTA

l. Anaxágoras. A escola é chamada de "atomista". porque


Leucipo e Demócrito reduziram tudo a citoµov (átomonJ. "não cor·
tado, aquilo que não pode ser cortado, indivisivel"." Nasceu em
Clazümenas, na Jônia, em 499 a.e e foi discípulo de Anaxímenes.
Transferiu-se para Atenas por volta de 460 a.e. onde se estabele·
ceu Sustentava a teoria de que tudo provém de sementes ou par-
ticulas. organizadas. acima de tudo. pelo ~·ouç mous1 . .. mente. in-
telecto. espirito. pensamento".•• um principio organizador. não in-
teiramente espiritual. Foi. também. astrônomo e dedicou-se ao
estudo da embriologia. Formulou explicação correia sobre os eclip·
ses e as fases da lua. Afirmava que a lua era uma terra. e o sol. um
bloco incandescente.

2. Empédocles. Nasceu em Agrigento. na Ilha da S1c11ia. 1iloso-


fo controvertido e lend<irio. um misto de cientista e visionaria. Ex·
362 HERESIAS E MODISMOS

plicava que tudo se deriva de quatro elementos: terra, água, fogo e


ar; de dois princípios: amor e discórdia, pois unem e desunem.

3. Leucipo e Demócrito. Leucipo de Mileto (450-420), foi o pri-


meiro filósofo grego a elaborar uma cosmologia atomista, depois
preservada por Demócrito de Abdera (460·3 70). discípulo de Leucipo.
Segundo Demócrito. tudo se reduz a átomos "infinitos em número.
iguais em qualidade, mas diferentes na forma. ordem e posição.
indivisiveis e eternos. que se movem no vácuo".' 9 Essas partículas
nutuavam ao acaso. minúsculas. de tal maneira que eram invisí-
veis. Essa teoria atômica foi defendida pelos filósofos epicureus,
atravessou os séculos, até 1800, essa teoria não evoluiu.
Cada escola ou cada filósofo estão em conexão com seus
antecessores ou sucessores, ora contrariando suas teorias e espe-
culações. ora concordando e ampliando essas linhas de pensa-
mento. O caráter inicial da filosofia era essencialmente fisico. A
questão fundamental para os primeiros filósofos era a natureza.
antes de tornam-se metafisica e ramificar-se para a ética. estética
e antropologia.
Os pré-socráticos esforçaram-se para estabelecer qual era o princi-
pio (àpx~. archéJ das coisas. o princípio pelo qual as coisas se originam
e de como os seres constituem-se. Quanto a sua visão da natureza,
alguns desses íllósofos eram monistas. e outros. pluralistas. Os monistas
afirmavam que existe um único gênero de substância; os pluralistas,
doutrina que admite pluralidade de substâncias no mundo.

PERÍODO SOCRÁTICO

O Periodo Socrático ou Clássico é o período áureo da filosolia


grega. quando chega ao seu climax. abrange a escola dos solistas.
Sócrates. Platão e Aristóteles.
APENOICE FILOSÓFICO 363

1. OS SOFISTAS

1. Significado do termo. o ooct>ion\ç (sojistesJ era um profes-


sor. por isso essa palavra era aplicada, também, aos poetas e edu-
cadores da Grécia como Homero, Hesiodo. Píndaro e outros. Osso-
listas são filósofos que se apresentavam como técnicos e professo-
res de técnicas. eram os mestres de retórica e cultura geral. Seu
interesse era voltado para o homem e seus problemas. para o
relativismo da verdade e dos valores morais e a habilidade de sus-
tentar e refutar, ao mesmo tempo, teses contraditórias. O termo
adquiriu sentido pejorativo posteriormente, de onde a palavra sofis-
ma passou a significar habilidade de aduzir argumentos capciosos
ou enganosos, falsos raciocínios. Seus principais representantes são
Górgias e Protágoras.

2. Górgias. Nasceu em Leontini. na Magna Grécia por volta de


484 a e. Foi discípulo de Empédocles e conheceu as idéias pitagó-
ricas. Ensinou primeiro na Sicília e transferiu-se para Atenas em
427, depois, estabeleceu-se em Larissa. na Tessália. onde viveu os
llltimos anos de sua vida. Platão dedicou a Górgias um de seus diá-
logos. sua triplice tese: li o ser não é ou nada existe. 21 o ser não
pode ser pensado. 3) o ser não pode ser dito.

3. Protágoras. Natural de Abdera. nasceu em 481 a. e. Viajou por


muitas cidades da Grécia e em Atenas. onde conviveu no circulo de
Péricles. Dele vem a marca fundamental do antropocentrismo dos
solistas: ··o homem é a medida de todas as coisas, das que são. en-
quanto existem. e das que não são. enquanto não existem" Com isso,
alirma que tudo é relativo. e esse pensamento 1a esta em voga na
pós-modernidade. A verdade e os valores morais são relativos Mas.
Platão discordou disso: "Ora. para nós, e Deus que deverá ser a medi·
J64 HERESIAS E MODISMOS

da de todas as coisas. muito mais do que o homem. conforme para aí


se afirma". Um dos diálogos de Platão é sobre Protágoras. 20

li. SÓCRATES

1. Histórico. Vivia maltrapilho e descalço. era de feiúra ini-


gualável: "rosto chato. nariz grande e aberto. olhos de boi saltados,
baixo. lábios grossos. malvestido, sempre enrolado num manto muito
pouco limpo e gasto. sempre apoiado num bordão"1 '. ia, todos os
dias. polemizar na praça do mercado. Nasceu por volta de 4 70 a.e..
em Atenas. filho de Sofronisco, escultor. e de Fenarele, parteira. Não
deixou nada escrito. o que se sabe de sua vida e de suas idéias pro-
vém de todos os diálogos Platão. seu discípulo. exceto As Leis. de
Xenofonte, de Aristófanes e de Aristóteles.
Interessou-se pela geometria e pela astronomia, que estudou com
um pitagórico e, também, pela cosmologia de Anaxágoras, no en-
Lanto. não se deu por satisfeito, perdendo seu entusiasmo por ques-
tões da ílsica, da natureza. Os relatos mostram que Sócrates foi ao
Lemplo de Apolo, onde tena ouvido uma voz interior. do oráculo de
Delfos, a expressão: "Conhece-te a ti mesmo".
Sócrates indispõs-se contra os poderosos de Atenas, foi acusado
de não crer nos deuses da cidade, e de corromper os jovens. Por
causa disso. o tribunal condenou ·O á morte, foi senlenciado a Lo-
mar cicuta. aos 70 anos. em 399 a.e.

2. Fundador da ciência moral. sua preocupação concentra-


va-se no culto á virtude. no dominio próprio. no raciocínio indutivo
e na delinição de conceitos. Opondo-se fronlalmente. aos solistas.
ás vezes. era considerado um deles. recusava-se ser idenliílcado
com eles. É. reconhecido como o fundador da ciência moral. Formu-
lava pergunlas de ordem moral. sobre temas como em que consiste
AKNDICE Al..05ôFICO >65

a justiça. a coragem. a covardia. a piedade, e assim por diante. Ele


separou a ciência moral da ciência da natureza. Considerava esté-
reis as especulações cosmológicas dos pré-socráticos.

3. Modus operandi. Tomou-se ramoso porque fazia perguntas


que levavam as pessoas à reflexão. Partia do principio: "só sei que
nada sei". Iniciava as discussões afirmando nada saber diante do
oponente que julgava saber tudo. Com perguntas hábeis, desmon-
tava a certeza do oponente, levando-o a reconhecer sua ignoriin-
cia. A primeira parte. destrutiva. é a chamada ironia. do grego
EipwvE~a (eironeiaJ. "simulação. ironia. pretexto, emprego de pre-
texto". A segunda etapa· é a maiêutica, do grego µammx~ tfKllT(

(maieuliche tekhneJ. "arte da parteira·. pois compara os seus ensi-


nos a essa arte, que consiste em dar à luz conhecimentos que se
íormam na mente de seus discípulos. 11 Para Sócrates. a verdade não
vem de fora. mas de dentro. Assim, destruía o conhecimento con-
vencional dos seus dias para reconstruí-lo na procura da definição
dos conceitos.
Ili. PLATÃO

Foi discípulo de Sócrates. nasceu em Atenas em 427 a.e. des-


cendente de Sólon. por parte de mãe. do rei Codro. fundador de
Atenas. pl)r parle de pai.

l . Obras. Suas grandes obras são os diálogos e a Academia.


Seus escritos são os diálogos. forma de expressão filosólica on-
gmada nele. Os primeiros diálogos. na ordem alfabéuca são. Apo-
logia. Criton. Cármides. Crdtilo. EutJdemo. EutJti"t>n. Górg1tJs. H1p1as
menor. Hipws maior. LtJ11ues. lon. L1s1s. Alene.'(eno. Mênon e
Prvtogoras. Os seis diálogos. considerados como proouzidos na
sua maturidade. são: frdão. fer/n>. Republica. Ptlrmênules. S1mposw
366 HERESIAS E MODISMOS

(ou Banquete), Teeteto; os da sua velhice são: Leis, Filebo. Político.


Sofista e Timeu.

2. A Academia. A Academia de Atenas foi fundada e mantida


por Platão, considerado como o primeiro instituto de investigação
filosófica do Ocidente. Os discípulos eram cuidadosamente selecio-
nados e eram instruídos em todas as questões vinculadas à filoso-
fia. Nela. políticos, matemáticos e astrônomos formaram-se, e
Aristóteles foi seu aluno durante 20 anos. Imbuída no espírito
socrático da autonomia da razão a Academia ensinava o aluno a
pensar em lugar de transmitir doutrina. Rivalizava com a Escola de
Retórica do sofista lsóclates, fundada na mesma época, por causa
da heteronomia, ou seja, de sua submissão à norma de outrem. Isso
era contra o livre espírito de pesquisa, da criação de propostas, a
partir da teoria e da reílexão, e a busca daquilo que ainda desco-
nheciam. A Academia de Atenas foi o protótipo de todas as univer-
sidades e durou até o primeiro século a.e.

3. A Alegoria da Caverna. Platão soube combinar o que consi-


derou importante no pensamento pré-socrático, que influenciou
Sócrates. Segundo Aristóteles2> e Diógenes Laércio, 2• Platão expli-
cou o sensível. segundo Heráclito; o inteligível, segundo Pitágoras;
a política, segundo Sócrates.
A Alegoria da Caverna. em seu diálogo A República, 25 num diálo-
go com Glauco. Platão ilustra o mundo da idéias. Imagine que todo
mundo está acorrentado, desde a sua infância, numa caverna, de
modo que. não podem se voltar para a entrada, podendo apenas
enxergar o fundo da caverna. onde são projetadas as sombras de
tudo que se passa às suas costas. onde há uma fogueira. os prisio-
neiros julgam que essas sombras são realidade. Um dos prisionei-
ros solta-se e vai para fora da caverna. onde vê o mundo real. Ao
"PENOICE FILOSÔFlCO 367

retornar à caverna, ainda ofuscado pela realidade. é considerado


louco por seus companheiros, que o mataram.
Essa alegoria pretende mostrar que a condição do homem no
mundo é semelhante a de escravos numa caverna. s6 conseguem
enxergar sombras da realidade. A filosofia e a observação das coi-
sas reais são a saída da caverna. Não seria exagero concluir que a
alegoria afirma, indiretamente. que os habitantes da caverna mata-
ram seu mestre Sócrates. 26
Segundo Platão, o mundo sensível, ou seja. tudo o que pode ser
tocado e sentido, flui; o mundo dos sentidos foi feito de matéria que
se corrói com o tempo. É a caverna. pois seus moradores têm as
sombras como realidade. o mundo inteligível é eterno e imutável,
espiritual ou abstrato, é o mundo real. o mundo das idéias. As coi-
sas do mundo senslvel não passam de sombras ou representações
do mundo do inteliglvel. Um cavalo. por exemplo. existem raças
diferentes. cores e tamanhos. mas ninguém terá dificuldade em re-
conhecer um cavalo, ele nasce. cresce. reproduz. fica velho. adoece
e morre. Esse é o cavalo do mundo sensível. mas sua forma é eterna
e imutável, ele existe no mundo das idéias.

4. O demiurgo. O conceito de divindade em Platão foi-se evolu-


indo com o passar do tempo. Nos primeiros diálogos est.â presente o
conceito tradicional dos deuses gregos. Na idade madura. contudo:

''Aparece o conceito de uma divindade péSSDQI. dindmica.


inteligente. Ordenadora e distinta das idéirJS". ,,

A doutrina do demiurgo teve sua origem em Platão. no diálogo


Timeu. O termo é 61)&LoupyÓI; fdmlioUtgoSJ . ..o artirice do mundo··:••
Em nmeu. o demiurgo aparece como divindade artífice. que cria o
mundo e outras divindades com a função de gerar os seres vivos....
368 HERESIAS E MODISMOS

O termo aparece apenas uma vez no Novo Testamento grego, em


Hebreus 11. I O. traduzido por "construtor"; na ARC, com o sentido
de arquiteto. A leoria de Platão quanto à criação era análoga ao
artesão humano.
A noção platônica de demiurgo foi retomada várias vezes na his-
tó1ia da filosolia. o gnosticismo ensinava que, entre Deus e os ho-
mens, havia série interminável de emanações, formada por pode-
res superiores. sendo cada uma dessas emanações imediatamente
inferior à anterior. O Deus de Israel. revelado no Antigo Testamen-
to, seria a 30ª emanação, chamado pelos gnósticos de demiurgo. 30
No T/meu,é apresentado um mito que procura explicar a criação
do mundo ou a fabricação artesanal do mundo sensível pelo
demiurgo. o KÓOµoç (kosmosJ. "o mundo enquanto ordem··.11 é o "bom
andamento de coisas e pessoas; boa ordem; arranjo conveniente e
adequado".~ 1 Segundo Diógenes Laerte, os pitagóricos atribuíram o
termo ao mundo, mas eles mesmos já atribuíam isso a Parmênides.
Platão mostra o mundo como um cosmo. pois é um organismo vivo
e animado, possuindo, portanto, alma e animado por ela.
No Timeu, o demiurgo teria fabricado a alma humana e a colo-
cou num corpo. Essa alma teria sido fabricada com os mesmos ele-
mentos da alma do mundo, a fonte do conhecimento. A ljlux~
rpsyklleJ. "alma", cuja idéia é "o princípio da vida. da sensibilidade e
das atividades espirituais (como quer que sejam entendidas e clas-
silicadas). enquanto constitui uma entidade em si, ou substãncia"J'
Platão admitia. também, transmigração da alma com reencarna-
ções sucessivas, como os orlistas e pitagóricos.,.,
Segundo Sócrates. havia no principio uma só alma universal da
qual vieram as almas dos deuses e dos homens No princípio, frag-
mentos da alma do mundo permaneciam 1unto à abóbada do uni-
verso. o movimento circular e rotatório do universo desprendeu os
fragmentos que. em sua queda, encontraram fragmentos materiais,
Al'ENDICE AL.0Sôf1CO J69

onde fizeram moradas, é o conjunto de uma alma e de um corpo


que se chama homem.
A alma é a natureza intermediária entre o mundo sensível e o
inteligível, entre o divino e o mundo, destinada ao conhecimento. A
encarnação da alma faz dela a sede dos apetites. dos desejos e das
afetividades. Assim. a alma. como participante do mundo inteligi·
vel. é eterna, portanto, imortal.

IV. ARISTÓTELES

1. Histórico. Nasceu em 384 a.e .. na pequena cidade grega de


Estagira. Aos 18 anos de idade, transferiu-se para Atenas. quando
passou a freqüentar a Academia de Platão. Era feio e gaguejava para
os padrões vigentes do mundo grego. principalmente. Atenas. que
enaltecia a beleza, valorizava os atletas e admirava a eloqüência
dos oradores e a retórica. As condições aparentemente desfavorá·
veis de Aristóteles foram superadas. e ele surpreendeu a Grecia e o
mundo.
Estudou na Academia de Platão durante 20 anos. ate à mone de
seu mestre. Depois disso. Espeusipo assumiu a liderança da Acade·
mia. transformando-a num imponante centro matemático e astro·
nômico. Discordando das idéias da Academia e mais o clima
anti macedônico que pairava sobre Atenas. por volta de 348 a e.
Aristóteles transferiu-se para Assõs. cidade fundada pelos gregos
eólidos, onde havia uma escola platônica sob o patrocínio de
Hermias. principe de Atameu. cidade vizinha de Assõs. de quem
Aristóteles tornou-se genro. casando-se con1 sua filha adotiva. Pilla
Lecionou três anos nessa escola. onde estudou Teofrasto. seu mais
brilhante discipulo. Aristóteles esteve. Ires anos. ensinando neSSo)
es.:ola. depois. foi estabelecer-se em Mitilene. Assôs e Mitilene apa-
recem no Novo Testamento (AI 20.13. 14)
3 70 HERESIAS E MODISMOS

2. O Liceu. Em Mitilene, escreveu suas primeiras obras de bio-


logia, e quando ainda estava nessa cidade, em 342 a.e.. Filipe li. rei
da Macedônia. chamou-o a Pela. para ser preceptor de seu filho
Alexandre. na época com 14 anos. e, depois. veio a ser Alexandre, o
Grande. Algum tempo depois que Alexandre subiu ao trono,
Aristóteles voltou para Atenas. onde fundou sua própria escola, o
Liceu. em 335 a. C.
Como centro de pesquisa sistemática. tornou-se superior a Aca-
demia. Nessa escola. Aristóteles ensinava os seus discípulos enquan-
to caminhava. por isso tornaram-se conhecidos como peripatéticos.
do verbo grego DEpllHitfiv (peripateinJ. "caminhar. circular.
circunvagar"_'s Há. porém. os que afirmam ser o lermo proveniente
da alameda para passeio. no Liceu, em grego perípacos. por onde se
anda conversando. 3•
Os cursos de Aristóteles eram acromáticos e exotéricos. Os pri-
meiros cursos eram assuntos fllosóílcos, como lógica, lisica, mate-
mática, dirigidos para alunos internos mais avançados, os exotéricos
eram sobre retórica e dialética, para um público mais aberto, cujos
requisitos eram menos rigorosos, tendo como monitores Teofrasto
e Eudemo. As obras mais importantes de Aristóteles íoram produzi-
das nesse período.
Em 323 a.e. depois da morte de Alexandre, os sentimentos
antimacedõnicos voltaram a população ateniense. Na época. a Acade-
mia e a escola de retórica de lsócrates consideram-se como legítima
representante do pensamento grego. o Liceu não era bem-visto por
elas Por causa do seu vinculo com os macedônios. Aristóteles corria o
risco de ser considerado traidor. Diante dessa situação, deixou Atenas
e transferiu-se para Cálcis. na Eubeia, onde morreu em 321 a. C.

3. Pensamento aristotélico. Arislóleles rejeitou a teoria do


mundo das idéias de seu mestre, Platão
APENDICE Fll.OSOFICO J7 1

"Desmontou completamente o sistema de seu mestre. conse-


guindo desta forma ajustar ao real os princípios formais que Platão
descobrira, mas que erroneamente aplicaraHY

É considerado como o verdadeiro fundador da filosofia. Com ele.


"se salvou o que havia de certo e de bom. não somente em Platão
mas em todos os antigos pensadores da Grécia"....

a) Deus. Aristóteles desconhecia o conceito judaico-crislàode cria-


ção. Seu conceito é que Deus e o mundo existem desde toda a ctemi-
dade, distintos um do outro. Seu argumento para provar a existência
de Deus está no movimento dos seres. na ordem existente no mundo.
nos graus de perfeição e na experiência psicológica. Pela lógica. qual-
quer movimento supõe uma força externa atuando sobre o ser. o que
Aristóteles chamou de "motor". que, por sua vez. recebe o movimento
de outro ou é imóvel, que seria o primeiro motor. a Perfeição Absoluta.
Deus. É o princípio da primeira causa. Segundo Aristóteles:

"Deus é ser. espírito e vida. Deus é o Ser por excelblcia. o


que significa que não possui o ser. mas é o Ser. Todos os
seres dependem de Deus como sua causa. Deus éforma pura.
ato puro. por si mesmo existente. eterno. n«es.sário e. por
isso. isento de qualquer potencialidade. Deus é espírito. isto
é. caracteriza-se pela incorporeidade. pois seres corpóreos
implicam em potencialidade. Pela mesma razão é 1mutlivel
e eterno".••

bJ Alma. Aristóteles evitou o assunto da transmigração da alma.


defendida também por Platão. e divergem quanto ao conceilo
dualista de corpo e alma. No inicio. trazia. ainda. a influência de
Platão e considerava:
J72 HERESIAS E MODISMOS

"Corpo e alma como substâncias distintas e até opostas: a


alma preexiste ao corpo e a este se une não apenas acidental-
mente mas até mesmo violentamente".'º

Depois, o assunto foi revisto, a alma e o corpo passaram a cons-


tituir uma unidade substancial, "une ao corpo como a forma à ma-
téria"." o termo "forma", para Aristóteles. é o elemento inteligível
e imaterial existente nas coisas. que resulta na natureza ou na es-
sência delas:

"Este princípio. porém. não se acha separado das coisas.


está nas próprias coisas. entra na constituição de sua subs-
tância. Por conseguinte, as coisas individuais. mutáveis e pe-
recíveis deixam de ser sombras ih1sórias: são a realidade"."

Não está claro em Aristóteles sobre a imortalidade da alma. Há


muitas opiniões sobre o assunto.

4. Obras. Suas obras abrangem muitas áreas do saber humano.


Seus tratados são bem fundamentados. Fixou uma classificação das
ciências por ordem de complexidade, por exemplo, sua classifica-
ção dos animais em vertebrados e invertebrados é mantida ainda
hoje. Por volta de 50 a e. Andrônico de Rhodes colocou esses trata-
dos em ordem, como se seguem: lógica, categorias, biologia. tisica,
metafisica. ética. política e poética.

PERÍODO PÓS-SOCRÁTICO

Esse periodo caracteriza-se, na história da lilosolia. pelo surgi-


mento de duas escolas lilosóílcas que lerão importância extraordi-
nária no mundo grego e no mundo romano estoicismo e epicurismo.
Al'tNDICE FILOSôACO J 13

O apóstolo Paulo pregou para os lilósofos epicureus e estóicos, em


50 d.e .. por ocasião de sua visita a Atenas. durante a segunda via-
gem missionária (At 17.18).

1. O ESTOICISMO

1. Etimologia. O nome vem das palavras gregas ri noLK iA.ri otOIÍ


(hê poikile stoáJ. "pórtico de cores variadas" ou "pintado".º uma
referência à Colunata Pintada na ágora de Atenas, adornada com
afrescos de artistas ramosos. pois nesse local. Zenão de Cicio. run-
dador dessa escola, começou por volta de 31 s a.e. a ensinar sua
filosofia. O pensamento estóico consistia na tríplice divisão desde
a sua origem: a lógica, a tisica e a moral. Essa escola passou por
três fases.••

2. A Stoa Primitiva. A primeira é a fase de formação e seus


principais representantes são o próprio Zenão. seu discípulo
Cleantes de Assôs. que assumiu a liderança depois da sua morte
em 263 a.e. A outra figura importante dessa fase foi Crisipo de
Solo (280-204). a quem se atribui a exposição sistemática do
estoicismo e o interesse pela lógica e pela linguagem. Essa ia~
abrange os séculos IV e Ili a.e.
Crisipo ressaltou a questão da liberdade humana. usando o exem-
plo "comportamento" do cone e do cilindro Segundo ele. o estoi-
cismo salvaguarda a liberdade humana. OS gregos acreditavam na
à11áyKfl (anakeJ "o que tem de ser. destino. fatalidade, sina"" e na
µoipa (moira! "destino".•• Não havia vislumbres de liberdade huma·
na. Um cilindro e um cone se movimentam em vinude de uma força
externa que atua sobre esses objetos. mas depende só deles o modo
como um cilindro rola e um cone gira. Com isso. Crisipo dizia que a
liberdade consiste em agir segundo o inevitavet. ou sc1a. ~onsiste
>74 HERESIAS E MODISMOS

em querer ou escolher o inevitãvel, é com a relação de destino e


necessidade que ele distinguia uma coisa da outra.

3. Stoa Média. É a segunda fase. Os destaques são Diógenes de


Babilônia. Antípatro de Tarso, Panécio de Rodes e Posidônio de
Apaméia. Essa fase abrange os século li e 1a.e.

4. Sloa Posterior. É a terceira fase, coincide com os dois primei-


ros séculos da Era Cristã. os destaques são Sêneca (3 a.e - 65 d.C),
Epicteto (55-1351 e o imperador Marco Aurélio ( 121 -1801 Y
A filosofia estóica. no mundo romano. fundamentava-se na éti-
ca. e Sêneca foi um dos seus principais expoentes. É a moral que se
sobressai em Roma. "'Ao lado do aristotelismo, o estoicismo foi a
doutrina que maior iníluência exerceu na história do pensamento
ocidental" (Abbagnano, pp. 375. 376).
Sêneca viveu numa época que poderíamos chamar de transi-
ção. não só para o mundo romano, mas para a história. pois nes-
se período. o cristianismo expandia-se. O apóstolo Paulo. natural
de Tarso. terra de Antípatro. era o principal inovador do pensa-
mento religioso de sua geração, trazia em sua mensagem a fé em
Jesus de Nazaré e. também. uma ética muito parecida com a de
Sêneca. Segundo o estoicismo, "o sábio não pode realizar-se ple-
namente a não ser em sua natureza de ser social.".. Sêneca era o
principal expoente dessa doutrina e. baseado nela. escreveu seu
tratado De Clementia. Aqui, como em suas tragédias. Sêneca aceita
o poder absoluto do governante. mas distingue entre o governante
bom e o tirano.
Ser estóico era saber enfrentar o destino com coragem e dig-
nidade. O bem supremo do estoicismo era temperança. a pru-
dência. a justiça e a coragem. Essas conduziam os estóicos à vir-
tude. A ataraxia é um termo usado a principio por Demócrito e.
APENOICE FILOSôFICO 375

depois, pelos epicureus. era o ideal moral da serenidade da alma


ou a imperturbabilidade, em decorrência do domlnio sobre as
paixões. A apatia, do grego li1fÚ9Hu (apatheiaJ. significa ··insensi-
bilidade". é a indiferença. o desprezo pelas emoções. Os estóicos
viam na ataraxia e na apatia a verdadeira felicidade. alcançada
mediante o excrcicio da virtude.

li. O EPICURISMO

l . Histórico. O epicurismo foi fundado por Epicuro de Samos


(321 a.e. - 270 a.C). filho de pais atenienses. Estabeleceu-~ em
Atenas, em 306, ano em que fundou sua escola filosófica.
Foi filósofo materialista, seguiu, em muitos pontos as ideias de
Demócrito. A escola epicurista era a grande rival da escola estóica.
apesar das idéias em comum. Distinguia-se dos eslóicos. pois sua
consistência era outra. o bem supremo era o prazer e rejeitava a
idéia do destino. Considerava a filosofia como a medicina da alma.
e inúteis, as ciências e a matemática. Epicuro dizia que a fisica era
importante apenas para se conhecer as causas naturais, para liber·
tar o homem do medo dos deuses; achava imponanle combater a
religião. o medo e o medo da mone. advogava a paz interior.

2. Lucrécio. Poeta e filósofo romano (99 a.e. - 55 a C.l. suici-


dou-se aos 44 anos de idade. Propagou a doutrina de Epicuro em
sua obra De Rerum Natura,"'Sobreas Coisas da Natureza·. onde. tam·
bém, esforça-se para convencer seus leitores de que a alma morre
com o corpo. Afirma, ainda, nessa obra, que o universo e tudo o que
nele há comportam-se de conformidade com uma lc!i natural. e não
há espaço nele para divindade alguma: "'do nada, nada se cria"
o estoicismo e o epicurismo foram as principais escolas lilos6fi-
cas do periodo helenistico.
3 76 HERESIAS E MODISMOS

A ERA CRISTÃ

Apesar de haver muito em comum entre a filosofia grega e o


cristianismo, todavia, filosofia e cristianismo devem manter sua dis-
tinção. Muito cedo na história da igreja, houve tentativa de se con-
ciliar os dois. Os pensadores cristãos entraram numa área em que
os apóstolos evitaram.
Justino. o Mártir. apologista da Igreja (100 - 165 d C). achava que
a verdade de Cristo estava presente na filosofia clássica. Afirmava
que as sementes da sabedoria divina foram semeadas por todo o
mundo, portanto. os cristãos podiam encontrar lampejos da verda-
de divina por toda parte, ou seja, na filosofia secular da Grécia. É a
doutrina do Logos Spermalikos. "palavra germinadora". isso signifi-
ca que cada homem recebeu em seu intelecto um germe do Logos.

"Nós recebemos o ensinamento de qLle Cristo é o


primogênito de Deus e indicamos que ele é o Verbo, do qual
Lodo o gênero humano parUcipou. Portanto. aqut'les que vi-
veram confonne o Verbo são cristãos, quando jóram consi-
derados ateus. como sucedeu entre os gregos com Sócrates.
Herácliw e outros semelhantes".'"

"Com efeiw. tudo o que os filósofos e legisladores disse-


ram e encontraram de bom, foi elaborado por eles pela in-
vestigação e inlllição natural, conforme 11 parte do Verbo
que lhe coube. Todavia. como eles não conheceram o Verbo
inteiro. que é Cristo. eles freqüentemente se contradisseram
uns aos outros"."'

"Porlanto, tudo o qut" de bom }oi dito por eles. pntcnce a


nós. cristãos. porque nós adoramos e amamos depois de Deus,
Al'tNDICE FILOSôFICO J 11

o Verbo, que procede do mesmo Deus ingênito e inefável.


Todos os escritores só puderam obscuramente ver a rNlido-
de, graças à semente do Verbo neles ingêniw". 51

Justino acreditava que "todo o gênero humano panicipou" do


Unigênito de Deus. e que os filósofos como Sócrates e Herãcrito
"viveram confonne o Verbo, (Logos, em grego)".
Na segunda passagem, afinna que pontos da filosofia considera-
dos bons são provenientes, indiretamente. de Deus. por vias natu-
rais, "pela investigação e intuição natural". Acrescenta, ainda. que
os filósofos tiveram acesso restrito à verdade divina. pois "não co-
nheceram o Verbo inteiro".
A filosofia é a busca da verdade, suas especulações são pensa-
mentos humanos, muitos filósofos contradisseram-se. o número
de erros teológicos. analisados à luz da Bíblia, e de erros cientificos.
à luz da ciência moderna, é muito grande.
A tentativa de relacionar o evangelho à filosofia era pisar em
terreno minado. e houve reação contrária. mesmo do discipulo de
Justino, Taciano. Tertuliano verberou contra: "Que relação há entre
Atenas e Jerusalém"' Que acordo há entre a Academia e a Igreja,··"
Tertuliano acrescentou, ainda. que o sistema de crenças do cristia-
nismo veio do Pórtico de Salomão.
A cultura clássica abrangia literatura. retórica, filosofia. e outros
muitos ramos do saber eram neutros em si mesmos. Mas, como acei-
tar a cultura do povo opressor da Igreja_ que esc.amecia dos a1Slàos,
Aceitar as ideias de Justino parecia. na ~poca. traição. isso podia gerar
crise de consciência, sensação de estar do lado do inimigo da lgreia.
o neoplalonismo foi uma escola filosófica fundada por Amónio
Saccas. em Alexandria, Egito. no século li. mas d~nvolvida por
Platino (204-270) Trata-se da filosofia platónica lilirada pelo
neopitagorismo do platonismo medio e de F1lon de Alexandria .,
378 HERESIAS E MODISMOS

Era um misto de quase todas as tendências filosóficas em defesa da


verdade religiosa. que exerceu influência na teologia cristã. princi-
palmente em Agostinho de Hipona.
Agostinho de Hipona (354 - 430). nasceu em Tagaste. cidade na
atual Argélia, estudou íllosolia e dirigiu uma escola de retórica em
Cartago e. depois, em Roma. Aderiu ao maniqueísmo. mas. depois,
tornou-se cético. Converteu-se à fé cristã. Apesar da influência da
mãe. Mónica, piedosa cristã. e do amigo, Simpliciano. sua decisão
aconteceu na leitura da epístola aos Romanos ( 13.13. 14). Por volta
de 395, tomou-se bispo auxiliar de Hipona. pouco tempo depois
assumiu a liderança da região.
Agostinho comparou a questão sobre filosofia e cristianismo com
a saída dos li lhos de Israel do Egito, embora deixassem para trás os
ídolos, os hebreus souberam razer uso proveitoso dos vasos de ouro
e de prata (~x 3.22; 12.35,36). Assim, Agostinho defendia o uso se-
letivo de elementos da Cllltura clássica.s• Agostinho foi influenciado
pelo pensamento de Platão.
O pensamento aristotélico exerceu íorte influência na Idade Mé-
dia, tanto no cristianismo como no islamismo. Tomás de Aquino,
na sua obra Summa Contra Gentiles usou argumentos aristotélicos
com a esperança de atrair leitores muçulmanos. a llm de conduzi-
los a Cristo, pois levavam a íllosofia de Aristóteles muito a sério. A
Leologia cristã. durante a idade Média. íoi sistematizada no modelo
de classilicação de Aristóteles. Tomás de AqL1ino organizou e clas-
silicou. de forma metódica. os dados levantados das Escrituras Sa-
gradas. numa obra. a obra Summa T/1eolog1ae, é bom exemplo.
Hoje, podemos considerar a teologia. sem comprometer o lado
espiritual e prático. uma disciplina teórica e acadêmica. como disse
Karl Rahner: "A Leología é a ciência da íé. É a explanação e a expli-
cação consciente e melódica da revelação divina. recebida e com-
preendida pela fé". ;i.
Notas
' Liddcll & Scoll, p 1 940.
'Ibidem. pp. l.9J9e 1.621.
'Ibidem & scou. pp 1 940
• LAERCIO, Diógenes. Vidas d< F116sofos Ilustres. p. 7 Cl'rimeifo Uvrn. 8)
' HARVEY. Paul Dic1ondrio O•ford de L11era1ura Cldssica Grqo <Ullina 235 .
• HERÔOOTO. Hislório, 1. 74.
'Liddell & Scoll. p 164.
• CHAUI. Manlena Dos Prr-Socrdticos a Nis1ó1<lcs. p 58
• 8ailly. p 33
'" CHAUI. Marilena Op cll.. p 65
" ARISTÔTELES. Me1a(is1ca. 1 S.98Sb
"Ibidem. x11.6 1oeob ·
" Liddell & Scoll. p 63
"Ibidem. p. 444
" HARVEY. Paul Op Cll . p 380
•· PEREIRA. M H Rocha Esludo de His16no da Culruro Chllsico. vol. 1. p !62
" Liddell & Scoll. p 2 70.
" Ibidem, p 1.180
'"PEREIRA. M. H Rocha Op. cil.. pp. 265, 266
'" PEREIRA, M. H Rocha. Op. Cll .. p 423
" CHAUI. Marilena. Op ciL. p. 181
" ABBAGNANO, Dic1ondr10 de Filosofia. p 637
'·'ARISTÓTELES. Op. dl., 16 997.
"LAERCIO. Diógenes Op cil, pp. 107, 1081Livr0Terce110. 61
"PLATAO, A Republico, Livro VII
•• CHAUI. Marilena. Op. dl., p. 261
" GIORDANl. Maria Cunis. HisWria do Gr«1a - AnllgUidlJM Cklsslca /. p )72
,. ABBAGNANO. op. cir .• p. 239.
,.. PLATÃO, Jlmeu. 41c; Sla.
"CHAMPUN. R. N Ph.D; BENTES. 1 M f/lcicloptdio d< 8ilJIU1. Tftllo.'!W t FlbiMI . ...i 2. p •20
" PLATÃO. Gólyios. 508a .
•, CHAUI, Marilena Op cil, p. 504
"ABBAGNANO. op cil. p 27.
" Pt.ATÃO. Jlmeu 4955
" Liddell & Scoll. p. 1 382
~ CHAUI. Mariltna Op Cll. p. JJ6.
" MARITAIN. Jacques. lntroduçào Gero/ d Flkl$()fia. p 57
• Ibidem. p 57
e
~ GIORDANI. Máno unis Op cit. p )90
"' Ibidem. p 388
" Ibidem. p 388
" MARITAIN. Ja.:ques Op Cll. p 58
" ABBAGNANO. Op c1t . p 375
u BRUN. 1 O fslOKISRio Edições 70. ~- 1986. pp U. l)

" URBINA. lost M Pabàn S dt CIKCIOn.lllO AlolnWI Gtltfl•· apul..1/. P .Ili


• Ibidem. p 400
"BRUN., Op or. PP 15-28
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.adores da ve1dade absoluta' Desde q1
relig1óes e seitas existem e

f-/cJcs1t1s e' 1\ fod1smos - uma análise e


sutilezas de Satanás é um minucioso
apologd1co que tem por objetivo refutar
1deolog1as dos movimentos r
heterodoxos. 1untamente com as suas ~
no seu proselitismo sectário,

O renomado aulor. Escqwlls Soarc.'~


com clareza e 1mparc1alidade a or1
falsas doulnnas - evitando ao max1r
os movimentos que as propagarr
como estabelece semelhanças e d1
entre as diversas falsas 1deolog1as. r
b1bllcamente. de modo exegético, as e
inadequadas da at1

Todo salvo que deseia estar prepar;


responder com mansidão e temor a qua
vos pedir a razão da esperança que há e
Pe 3 15) deve ler e esl
livro, seguindo o
do apoie
excelenc1a.
Jesus Cristo (M

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seus seguidores acreditam cegamente em
lidere5 ou lundadores. agindo como se eles fossem o
portadores da ve 1dade absoluta> Desde quando as
religiões e seitas existem e por que>

l-lcres1as e ~ lod1smos - uma an<i/1se cnuca das


stilllezas de Satanas é um minucioso 1rabalho
apologéllco que tem por objetivo refutar as falsas
1deolog1as dos movimentos religiosos
heterodoxos. Juntamente com as suas sutilezas.
no seu proselillsmo sectario e desleal

O renomado autor Esequil1S Soare"s. explica


com clareza e 11nparc1al1dade a origem das
falsas doutrinas - evi tando ao max1mo expor
os 111ov11nentos que as propagam-. bem
corno estabelece semelhanças e diferenças
en tre as diversas falsas 1deolog1as refutando
b1bl1camente . de modo exegético. as doutrinas
inadequadas da atualidade

Todo salvo que deseja estar preparado ·para


responder com mansidão e temor a qualquer que
vos pedir a razão da esperança que ha em vos" ( 1
Pe 3 15) deve ler e estudar este
livro. seguindo o exemplo
do apologista por
excelência o Senhor
Jesus Cnsto (Me 7 9- 13)

O aurore:
paslOI da AD
em Jundw1 SP
profc:ss<>r de
Hebrwcv. Greg(>
eApolog1,1
Cns1J l><m

°' . . ' (.

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