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Aula VIII

Aula VIII
A História e o Negro

História e Humanidades com Débora Aladim 1


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Aula VIII

1- (ENEM 2010) 2- (ENEM 2010)

Negro, filho de escrava e fidalgo português, o O artigo 402 do Código penal Brasileiro de 1890
baiano Luiz Gama fez da lei e das letras suas dizia: Fazer nas ruas e praças públicas exercícios
armas na luta pela liberdade. Foi vendido de agilidade e destreza corporal, conhecidos
ilegalmente como escravo pelo seu pai para pela denominação de capoeiragem: andar em
cobrir dívidas de jogo. Sabendo ler e escrever, correrias, com armas ou instrumentos capazes de
aos 18 anos de idade conseguiu provas de que produzir uma lesão corporal, provocando tumulto
havia nascido livre. Autodidata, advogado sem ou desordens.
diploma, fez do direito o seu ofício e
transformou-se, em pouco tempo, em Pena: Prisão de dois a seis meses.
proeminente advogado da causa abolicionista.
SOARES, C. E. L. A Negregada instituição: os capoeiras no Rio de
Janeiro: 1850-1890. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura,
AZEVEDO, E. O Orfeu de carapinha. In: Revista de História.Ano 1,
1994 (adaptado).
n.o 3. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, jan. 2004 (adaptado).

O artigo do primeiro Código Penal Republicano


A conquista da liberdade pelos afro-brasileiros na
naturaliza medidas socialmente excludentes.
segunda metade do séc. XIX foi resultado de
Nesse contexto, tal regulamento expressava
importantes lutas sociais condicionadas
historicamente. A biografia de Luiz Gama
a) a manutenção de parte da legislação do
exemplifica a
Império com vistas ao controle da criminalidade
urbana.
a) impossibilidade de ascensão social do negro
forro em uma sociedade escravocrata, mesmo
b) a defesa do retorno do cativeiro e escravidão
sendo alfabetizado.
pelos primeiros gover nos do período
republicano.
b) extrema dificuldade de projeção dos
intelectuais negros nesse contexto e a utilização
c) o caráter disciplinador de uma sociedade
do Direito como canal de luta pela liberdade.
industrializada, desejosa de um equilíbrio entre
progresso e civilização.
c) rigidez de uma sociedade, assentada na
escravidão, que inviabilizava os mecanismos de
d) a criminalização de práticas culturais e a
ascensão social.
persistência de valores que vinculavam certos
grupos ao passado de escravidão.
d) possibilidade de ascensão social, viabilizada
pelo apoio das elites dominantes, a um mestiço
e) o poder do regime escravista, que mantinha os
filho de pai português.
n e g ro s c o m o c a t e g o r i a s o c i a l i n f e r i o r,
discriminada e segregada.
e) troca de favores entre um representante negro
e a elite agrária escravista que outorgara o direito
advocatício ao mesmo.

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3- (ENEM 2010 PPL)

A imagem retrata uma cena da vida cotidiana dos escravos urbanos no início do século XIX.

Lembrando que as atividades desempenhadas por esses trabalhadores eram diversas, os escravos de
aluguel representados na pintura

a) vendiam a produção da lavoura cafeeira para os moradores das cidades.

b) trabalhavam nas casas de seus senhores e acompanhavam as donzelas na rua.

c) realizavam trabalhos temporários em troca de pagamento para os seus senhores.

d) eram autônomos, sendo contratados por outros senhores para realizarem atividades comerciais.

e) aguardavam a sua própria venda após desembarcarem no porto.

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4- (ENEM 2010 PPL)

Ó sublime pergaminho

Libertação geral

A princesa chorou ao receber

A rosa de ouro papal

Uma chuva de flores cobriu o salão

E o negro jornalista

De joelhos beijou a sua mão

Uma voz na varanda do paço ecoou:

"Meu Deus, meu Deus

Está extinta a escravidão"

MELODIA, Z.; RUSSO, N.; MADRUGADA, C. Sublime Pergaminho.


Disponível em http:// www. letras.terra.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010.

O samba–enredo de 1968 reflete e reforça uma concepção acerca do fim da escravidão ainda viva em
nossa memória, mas que não encontra respaldo nos estudos históricos mais recentes. Nessa concepção
ultrapassada, a abolição é apresentada como

a) conquista dos trabalhadores urbanos livres, que demandavam a redução da jornada de trabalho.

b) concessão do governo, que ofereceu benefícios aos negros, sem consideração pelas lutas de
escravos e abolicionistas.

c) ruptura na estrutura socioeconômica do país, sendo responsável pela otimização da inclusão social
dos libertos.

d) fruto de um pacto social, uma vez que agradaria os agentes históricos envolvidos na questão:
fazendeiros, governo e escravos.

e) forma de inclusão social, uma vez que a abolição possibilitaria a concretização de direitos civis e
sociais para os negros.

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5- (ENEM 2011) 6- (ENEM 2012)

Torna-se claro que quem descobriu a África no


Brasil, muito antes dos europeus, foram os
próprios africanos trazidos como escravos. E esta
descoberta não se restringia apenas ao reino
linguístico, estendia-se também a outras áreas
culturais, inclusive à da religião. Há razões para
pensar que os africanos, quando misturados e
transportados ao Brasil, não demoraram em
perceber a existência entre si de elos culturais
mais profundos.

SLENES, R. Malungu, ngoma vem! África coberta e descoberta do


Brasil. Revista USP, n. 12, dez./jan./fev. 1991-92 (adaptado).

Com base no texto, ao favorecer o contato de


indivíduos de diferentes partes da África, a
experiência da escravidão no Brasil tornou
possível a
Foto de Militão, São Paulo, 1879. ALENCASTRO, L. F. (org). História
da vida privada no Brasil. Império: a corte e a modernidade nacional.
a) formação de uma identidade cultural afro-
São Paulo: Cia. das Letras, 1997.
brasileira.
Que aspecto histórico da escravidão no Brasil do
séc. XIX pode ser identificado a partir da análise b) superação de aspectos culturais africanos por
do vestuário do casal retratado acima? antigas tradições europeias.

a) O uso de trajes simples indica a rápida c) reprodução de conflitos entre grupos étnicos
incorporação dos ex-escravos ao mundo do africanos.
trabalho urbano.
d) manutenção das características culturais
b) A presença de acessórios como chapéu e específicas de cada etnia.
sombrinha aponta para a manutenção de
e) resistência à incorporação de elementos
elementos culturais de origem africana.
culturais indígenas.
c) O uso de sapatos é um importante elemento
de diferenciação social entre negros libertos ou
em melhores condições na ordem escravocrata.

d) A utilização do paletó e do vestido demonstra


a tentativa de assimilação de um estilo europeu
como forma de distinção em relação aos
brasileiros.

e) A adoção de roupas próprias para o trabalho


doméstico tinha como finalidade demarcar as
fronteiras da exclusão social naquele contexto.

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7- (ENEM 2012) 8- (ENEM 2012)

Nós nos recusamos a acreditar que o banco da Em um engenho sois imitadores de Cristo
justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar crucificado porque padeceis em um modo muito
que há capitais insuficientes de oportunidade semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na
nesta nação. Assim nós viemos trocar este sua cruz e em toda a sua paixão. A sua cruz foi
cheque, um cheque que nos dará o direito de composta de dois madeiros, e a vossa em um
reclamar as riquezas de liberdade e a segurança engenho é de três. Também ali não faltaram as
da justiça. canas, porque duas vezes entraram na Paixão:
uma vez servindo para o cetro de escárnio, e
KING Jr., M. L. Eu tenho um sonho, 28 ago. 1963. Disponível em:
outra vez para a esponja em que lhe deram o fel.
www.palmares.gov.br. Acesso em: 30 nov. 2011 (adaptado).
A Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir,
O cenário vivenciado pela população negra, no parte foi de dia sem descansar, e tais são as
sul dos Estados Unidos nos anos 1950, conduziu vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e
à mobilização social. Nessa época, surgiram vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos;
reivindicações que tinham como expoente Martin Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em
Luther King e objetivavam tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas,
os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a
a) a conquista de direitos civis para a população vossa imitação, que, se for acompanhada de
negra. paciência, também terá merecimento de martírio.

b) o apoio aos atos violentos patrocinados pelos VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951 (adaptado).

negros em espaço urbano.


O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira
c) a supremacia das instituições religiosas em estabelece uma relação entre a Paixão de Cristo
meio à comunidade negra sulista. e

d) a incorporação dos negros no mercado de a) a atividade dos comerciantes de açúcar nos


trabalho. portos brasileiros.

e) a aceitação da cultura negra como b) a função dos mestres de açúcar durante a safra
representante do modo de vida americano. de cana.

c) o sofrimento dos jesuítas na conversão dos


ameríndios.

d) o papel dos senhores na administração dos


engenhos.

e) o trabalho dos escravos na produção de


açúcar.

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11- (ENEM 2013) 12- (ENEM 2013)

A África também já serviu como ponto de partida Tendo encarado a besta do passado olho no
para comédias bem vulgares, mas de muito olho, tendo pedido e recebido perdão e tendo
sucesso, como Um príncipe em Nova York e Ace feito correções, viremos agora a página – não
Ventura: um maluco na África; em ambas, a África para esquecê-lo, mas para não deixá-lo
parece um lugar cheio de tribos doidas e rituais aprisionar-nos para sempre. Avancemos em
de desenho animado. A animação O rei Leão, da direção a um futuro glorioso de uma nova
Disney, o mais bem-sucedido filme americano sociedade sul-africana, em que as pessoas
ambientado na África, não chegava a contar com valham não em razão de irrelevâncias biológicas
elenco de seres humanos. ou de outros estranhos atributos, mas porque são
pessoas de valor infinito criadas à imagem de
LEIBOWITZ, E. Filmes de Hollywood sobre África ficam no clichê.
Deus.
Disponível em: http://noticias.uol.com.br. Acesso em 17 abr, 2010.

Desmond Tutu, no encerramento da Comissão da Verdade na África


A produção cinematográfica referida no texto do Sul. Disponível em: http://td.camara.leg.br. Acesso em 17 dez.
contribui para a constituição de uma memória 2012 (adaptado).

sobre a África e seus habitantes. Essa memória


enfatiza e negligencia, respectivamente, os No texto, relaciona-se a consolidação da
seguintes aspectos do continente africano: democracia na África do Sul à superação de um
legado
a) A história e a natureza.
a) populista, que favorecia a cooptação de
b) O exotismo e as culturas. dissidentes políticos.

c) A sociedade e a economia. b) totalitarista, que bloqueava o diálogo com os


movimentos sociais.
d) O comércio e o ambiente.
c) segregacionista, que impedia a universalização
e) A diversidade e a política. da cidadania.

d) estagnacionista, que disseminava a


pauperização social.

e) fundamentalista, que engendrava conflitos


religiosos.

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17- (ENEM 2014) 18- (ENEM 2014)

Estatuto da Frente Negra Brasileira (FNB)

Art. 1.o – Fica fundada nesta cidade de São


Paulo, para se irradiar por todo o Brasil, a Frente
Negra Brasileira, união política e social da Gente
Negra Nacional, para a afirmação dos direitos
históricos da mesma, em virtude da sua atividade
material e moral no passado e para reivindicação
de seus direitos sociais e políticos, atuais, na
Comunhão Brasileira.

Diário Oficial do Estado de São Paulo. 4 novo 1931.

Quando foi fechada pela ditadura do Estado


Novo, em 1937, a FNB caracterizava-se como De volta do Paraguai
uma organização
Cheio de glória, coberto de louros, depois de ter
a) política, engajada na luta por direitos sociais derramado seu sangue em defesa da pátria e
para a população negra no Brasil. libertado um povo da escravidão, o voluntário
volta ao seu país natal para ver sua mãe
b) beneficente, dedicada ao auxílio dos negros amarrada a um tronco horrível de realidade!…
pobres brasileiros depois da abolição.
AGOSTINI. A vida fluminense, ano 3, n. 128, 11 jun. 1870. In:
c) paramilitar, voltada para o alistamento de LEMOS, R. (Org.). Uma história do Brasil através da caricatura
(1840-2001). Rio de Janeiro: Letras & Expressões, 2001 (adaptado).
negros na luta contra as oligarquias regionais.
Na charge, identifica-se uma contradição no
d) democrático-liberal, envolvida na Revolução
retorno de parte dos “Voluntários da Pátria” que
Constitucionalista conduzida a partir de São
lutaram na Guerra do Paraguai (1864-1870),
Paulo.
evidenciada na
e) internacionalista, ligada à exaltação da
a) negação da cidadania aos familiares cativos.
identidade das populações africanas em situação
de diáspora. b) concessão de alforrias aos militares escravos.

c) perseguição dos escravistas aos soldados


negros.

d) punição dos feitores aos recrutados


compulsoriamente.

e) suspensão das indenizações aos proprietários


prejudicados.

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19- (ENEM 2014 PPL) 20- (ENEM 2014 PPL)

Quem acompanhasse os debates na Câmara dos Em dezembro de 1945, começou uma greve de
Deputados em 1884 poderia ouvir a leitura de dois meses no principal porto da África Ocidental
uma moção de fazendeiros do Rio de Janeiro: Francesa, Dacar. As autoridades só conseguiram
"Ninguém no Brasil sustenta a escravidão pela levar os grevistas de volta ao trabalho com
escravidão, mas não há um só brasileiro que não grandes aumentos de salário e, o que é ainda
se oponha aos perigos da desorganização do mais importante, pondo em prática todo o
atual sistema de trabalho". Livres os negros, as aparato de relações industriais usado na França
cidades seriam invadidas por "turbas ignaras", — em resumo, agindo como se os grevistas
"gente refratária ao trabalho e ávida de fossem modernos operários industriais.
ociosidade". A produção seria destruída e a
COOPER, F.; HOLT, T.; SCOTT, R. Além da escravidão. Rio de Janeiro:
segurança das famílias estaria ameaçada. Veio a Civilização Brasileira, 2005 (adaptado).
Abolição, o Apocalipse ficou para depois e o
Brasil melhorou (ou será que alguém duvida?). Durante o neocolonialismo, o trabalho forçado −
Passados dez anos do início do debate em torno que não se confunde com a escravidão — foi
das ações afirmativas e do recurso às cotas para uma constante em diversas regiões do continente
facilitar o acesso dos negros às universidades africano até o século XX. De acordo com o texto,
públicas brasileiras, felizmente é possível conferir sua superação deriva da
a consistência dos argumentos apresentados
contra essa iniciativa. De saída, veio a a) crítica moral da intelectualidade metropolitana.
advertência de que as cotas exacerbariam a
questão racial. Essa ameaça vai completar 18 b) pressão articulada dos organismos
anos e não se registraram casos significativos de multilaterais.
exacerbação.
c) resistência organizada dos trabalhadores
GASPARI, E. As cotas e a urucubaca. Folha de S. Paulo, 3 jun. 2009. nativos.

O argumento elaborado pelo autor sugere que d ) c o n c e s s ã o p e s s o a l d o s e m p re s á r i o s


as censuras às cotas raciais são imperialistas.

a) politicamente ignoradas. e) baixa lucratividade dos empreendimentos


capitalistas.
b) socialmente justificadas.

c) culturalmente qualificadas.

d) historicamente equivocadas.

e) economicamente fundamentadas.

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23- (ENEM 2014 PPL) 24- (ENEM 2015)

Em busca de matérias-primas e de mercados por Voz do sangue


causa da acelerada industrialização, os europeus Palpitam-me
retalharam entre si a África. Mais do que os sons do batuque
alegações econômicas, havia justificativas e os ritmos melancólicos do blues.
políticas, científicas, ideológicas e até
filantrópicas. O rei belga Leopoldo II defendia o Ó negro esfarrapado
trabalho missionário e a civilização dos nativos do do Harlem
Congo, argumento desmascarado pelas ó dançarino de Chicago
atrocidades praticadas contra a população. ó negro servidor do South

NASCIMENTO, C. Partilha da África: o assombro do continente Ó negro da África


mutilado. Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 7, n. 75,
negros de todo o mundo
dez. 2011 (adaptado).

Eu junto
A atuação dos países europeus contribuiu para
ao vosso magnífico canto
que a África — entre 1880 e 1914 — se
a minha pobre voz
transformasse em uma espécie de grande
os meus humildes ritmos.
“colcha de retalhos”. Esse processo foi motivado
pelo(a)
Eu vos acompanho
pelas emaranhadas Áfricas
a) busca de acesso à infraestrutura energética
do nosso Rumo.
dos países africanos.

Eu vos sinto
b) tentativa de regulação da atividade comercial
negros de todo o mundo
com os países africanos.
eu vivo a nossa história
c) resgate humanitário das populações africanas meus irmãos.
em situação de extrema pobreza.
Disponível em: www.agostinhoneto.org. Acesso em: 30 jun. 2015.

d) domínio sobre os recursos considerados


estratégicos para o fortalecimento das nações
europeias.

e) necessidade de expandir as fronteiras culturais


da Europa pelo contato com outras civilizações.

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Nesse poema, o líder angolano Agostinho Neto, 25- (ENEM 2015)


na década de 1940, evoca o pan-africanismo com
o objetivo de TEXTO I

a) incitar a luta por políticas de ações afirmativas Em todo o país a lei de 13 de maio de 1888
na América e na África. libertou poucos negros em relação à população
de cor. A maioria já havia conquistado a alforria
b) reconhecer as desigualdades sociais entre os antes de 1888, por meio de estratégias possíveis.
negros de Angola e dos Estados Unidos. No entanto, a importância histórica da lei de
1888 não pode ser mensurada apenas em termos
c) descrever o quadro de pobreza após os numéricos. O impacto que a extinção da
processos de independência no continente escravidão causou numa sociedade constituída a
africano. partir da legitimidade da propriedade sobre a
pessoa não cabe em cifras.
d) solicitar o engajamento dos negros
estadunidenses na luta armada pela ALBUQUERQUE. W. O jogo da dissimulação: Abolição e cidadania
negra no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2009 (adaptado).
independência em Angola.

TEXTO II
e) conclamar as populações negras de diferentes
países a apoiar as lutas por igualdade e
Nos anos imediatamente anteriores à Abolição, a
independência.
população livre do Rio de Janeiro se tornou mais
numerosa e diversificada. Os escravos, bem
menos numerosos que antes, e com os africanos
mais aculturados, certamente não se distinguiam
muito facilmente dos libertos e dos pretos e
pardos livres habitantes da cidade. Também já
não é razoável presumir que uma pessoa de cor
seja provavelmente cativa, pois os negros libertos
e livres poderiam ser encontrados em toda parte.

CHALHOUB, S. Visões da liberdade: uma história das últimas


décadas da escravidão na Corte. São Paulo: Cia. das Letras, 1990
(adaptado).

Sobre o fim da escravidão no Brasil, o elemento


destacado no Texto I que complementa os
argumentos apresentados no Texto II é o(a)

a) variedade das estratégias de resistência dos


cativos.

b) controle jurídico exercido pelos proprietários.

c) inovação social representada pela lei.

d) ineficácia prática da libertação.

e) significado político da Abolição.

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33- (ENEM 2016 PPL) 34- (ENEM 2016 PPL)

As convicções religiosas dos escravos eram A imagem da relação patrão-empregado


entretanto colocadas a duras provas quando de geralmente veiculada pelas classes dominantes
sua chegada ao Novo Mundo, onde eram brasileiras na República Velha era de que esta
batizados obrigatoriamente “para a salvação de relação se assemelhava em muitos aspectos à
sua alma” e deviam curvar-se às doutrinas relação entre pais e filhos. O patrão era uma
religiosas de seus mestres. lemanjá, mãe de espécie de “juiz doméstico” que procurava guiar
numerosos outros orixás, foi sincretizada com e aconselhar o trabalhador, que, em troca, devia
Nossa Senhora da Conceição, e Nanã Buruku, a realizar suas tarefas com dedicação e respeitar o
mais idosa das divindades das águas, foi seu patrão.
comparada a Sant’Ana, mãe da Virgem Maria.
CHALHOUB, S. Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos
trabalhadores da Rio de Janeiro da Belle Époque. Campinas:
VERGER, P. Orixás: deuses iorubás na África e no Novo Mundo. São
Unicamp, 2001.
Paulo: Corrupia, 1981.

O sincretismo religioso no Brasil colônia foi uma No contexto da transição do trabalho escravo
estratégia utilizada pelos negros escravizados para o trabalho livre, a construção da imagem
para descrita no texto tinha por objetivo

a) compreender o papel do sagrado para a a) esvaziar o conflito de uma relação baseada na


cultura europeia. desigualdade entre os indivíduos que dela
participavam.
b) garantir a aceitação pelas comunidades dos
convertidos. b) driblar a lentidão da nascente Justiça do
Trabalho, que não conseguia conter os conflitos
c) preservar as crenças e a sua relação com o cotidianos.
sagrado.
c) separar os âmbitos público e privado na
d) integrar as distintas culturas no Novo Mundo. organização do trabalho para aumentar a
eficiência dos funcionários.
e) possibilitar a adoração de santos católicos.
d) burlar a aplicação das leis trabalhistas
conquistadas pelos operários nos primeiros
governos civis do período republicano.

e) compensar os prejuízos econômicos sofridos


pelas elites em função da ausência de
indenização pela libertação dos escravos.

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35- (ENEM 2016 PPL) 36- (ENEM 2016 3ª aplicação)

Flor da Negritude

Nascido numa casa antiga, pequena, com grande


quintal arborizado, localizado no subúrbio de Lins
de Vasconcelos, o Renascença Clube foi fundado
por 29 sócios, todos negros. Buscava-se instaurar,
por meio do Renascença, um campo de relações
em que os filhos de famílias negras bem-
sucedidas pudessem encontrar pessoas
consideradas do mesmo nível social e cultural,
para fins de amizade ou casamento. Os homens
usavam trajes obrigatoriamente formais, flores na
lapela, às vezes de summer ou até de fraque. As
mulheres se vestiam com muita sedas, cetins e
rendas, não esquecendo as luvas e os chapéus.

GIACOMINI, S. M. Revista de História da Biblioteca Nacional, 19 set


2007 (adaptado).

BROCOS, R. A redenção de Cam, 1895 Disponível em: http:// No início dos anos 1950, a fundação do
mnba.gov.br. Acesso em: 13 jan. 2013 Renascença Clube, como espaço de convivência,
demonstra o(a)
Na imagem, o autor procura representar as
diferentes gerações de uma família associada a a) inexperiência associativa que levou a elite
uma noção consagrada pelas elites intelectuais negra a imitar os clubes dos brancos.
da época, que era a de
b) isolamento da comunidade destacada que
a) defesa da democracia racial. ignorava a democracia racial brasileira.

b) idealização do universo rural. c) interesse de um grupo de negros na afirmação


social para se livrar do preconceito.
c) crise dos valores republicanos.
d) existência de uma elite negra imune ao
d) constatação do atraso sertanejo.
preconceito pela posição que ocupava.
e) embranquecimento da população.
e) criação de um racismo invertido que impedia a
presença de pessoas brancas nesses clubes.

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40- (ENEM 2017) 41- (ENEM 2017)

Muitos países se caracterizam por terem Sou filho natural de uma negra, africana livre, da
populações multiétnicas. Com frequência, Costa da Mina (Nagô de Nação), de nome Luiza
evoluíram desse modo ao longo de séculos. Mahin, pagã, que sempre recusou o batismo e a
Outras sociedades se tornaram multiétnicas mais doutrina cristã. Minha mãe era baixa de estatura,
rapidamente, como resultado de políticas magra, bonita, a cor era de um preto retinto e
incentivando a migração, ou por conta de sem lustro, tinha os dentes alvíssimos como a
legados coloniais e imperiais. neve, era muito altiva, geniosa, insofrida. Dava-se
ao comércio — era quitandeira, muito laboriosa
GIDDENS,A. Sociologia. Porto Alegre: Penso, 2012 (adaptado)
e, mais de uma vez, na Bahia, foi presa como
suspeita de envolver-se em planos de insurreição
Do ponto de vista do funcionamento das
de escravos, que não tiveram efeito.
democracias contemporâneas, o modelo de
sociedade descrito demanda, simultaneamente, AZEVEDO, E. “Lá vai verso!”: Luiz Gama e as primeiras trovas
burlescas de Getulino. In: CHALHOUB, S.; PEREIRA, L. A. M. A
a) defesa do patriotismo e rejeição ao hibridismo. história contada: capítulos de história social da literatura no Brasil.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998 (adaptado).

b) universalização de direitos e respeito à


Nesse trecho de suas memórias, Luiz Gama
diversidade.
ressalta a importância dos(as)
c) segregação do território e estímulo ao
a) laços de solidariedade familiar.
autogoverno.
b) estratégias de resistência cultural.
d) políticas de compensação e homogeneização
do idioma. c) mecanismos de hierarquização tribal.

e) padronização da cultura e repressão aos d) instrumentos de dominação religiosa.


particularismos.
e) limites da concessão de alforria.

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44- (ENEM 2017 PPL) 45- (ENEM 2017 PPL)

O movimento abolicionista, que levou à A luta contra o racismo, no Brasil, tomou um


libertação dos escravos pela Lei Áurea em 13 de rumo contrário ao imaginário nacional e ao
maio de 1888, foi a primeira campanha de consenso científico, formado a partir dos anos
dimensões nacionais com participação popular. 1930. Por um lado, o Movimento Negro
Nunca antes tantos brasileiros se haviam Unificado, assim como as demais organizações
mobilizado de forma tão intensa por uma causa negras, priorizaram em sua luta a desmistificação
comum, nem mesmo durante a Guerra do do credo da democracia racial, negando o
Paraguai. Envolvendo todas as regiões e classes caráter cordial das relações raciais e afirmando
sociais, carregou multidões a comícios e que, no Brasil, o racismo está entranhado nas
manifestações públicas e mudou de forma relações sociais. O movimento aprofundou, por
dramática as relações políticas e sociais que até outro lado, sua política de construção de
então vigoravam no país. identidade racial, chamando de “negros” todos
aqueles com alguma ascendência africana, e não
GOMES, L.1889. São Paulo: Globo, 2013 (adaptado).
apenas os “pretos".
O movimento social citado teve como seu GUIMARÃES, A. S. A. Classes, raças e democracia. São Paulo: Editora
principal veículo de propagação o(a) 34, 2012.

a) imprensa escrita. A estratégia utilizada por esse movimento tinha


como objetivo
b) oficialato militar.
a) eliminar privilégios de classe.
c) corte palaciana.
b) alterar injustiças econômicas.
d) clero católico.
c) alterar injustiças econômicas.
e) câmara de representantes.
d) identificar preconceitos religiosos.

e) alterar injustiças econômicas.

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Aula VIII

46- (ENEM 2016 3ª aplicação)

Os escravos tornam-se propriedade nossa seja em virtude da lei civil, seja da lei comum dos povos; em
virtude da lei civil, se qualquer pessoa de mais de vinte anos permitir a venda de si própria com a
finalidade de lucrar conservando uma parte do preço da compra; e em virtude da lei comum dos povos,
são nossos escravos aqueles que foram capturados na guerra e aqueles que são filhos de nossas
escravas.

CARDOSO, C F. Trabalho compulsório na Antiguidade. São Paulo: Graal, 2003.

A obra Institutas, do jurista Aelius Marcianus (século III d.C.), instrui sobre a escravidão na Roma antiga.
No direito e na sociedade romana desse período, os escravos compunham uma

a) mão de obra especializada protegida pela lei.

b) força de trabalho sem a presença de ex-cidadãos.

c) categoria de trabalhadores oriundos dos mesmos povos.

d) condição legal independente da origem étnica do indivíduo.

e) comunidade criada a partir do estabelecimento das leis escritas.

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