Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Por ora as operações são pouco representativas em termos de receita total, mas
os processos para obter as primeiras certificações indicam o caminho das pedras
para o restante do grupo.
O próximo passo será buscar o selo para as operações na América do Norte, que
têm praticamente o mesmo peso que o Brasil dentro do conglomerado.
“Será uma espécie de segunda onda, com Gerdau Aços Longos e Aços Especiais,
duas empresas que nós temos nos Estados Unidos e Canadá”, diz o head global de
responsabilidade social da siderúrgica, Paulo Boneff, um dos líderes do processo.
Uma terceira onda contemplará os negócios nos demais países da América Latina:
Argentina, Uruguai e México. Já o Brasil corre em paralelo, por causa de uma
particularidade: a operação brasileira contempla, além da siderurgia, duas minas
de ferro, atividade que também nunca recebeu uma certificação B no mundo e
trouxe desafios diferentes.
A meta é ter todas as unidades com o selo até 2025, o que automaticamente
qualificará a Gerdau S.A, a empresa-mãe do grupo listada em bolsa, como uma B
Corp.
Processo fatiado
A decisão de fatiar o processo deve-se ao fato de a Gerdau ser uma organização
complexa, em que várias empresas foram adquiridas ao longo do tempo, em
diferentes geografias, até se chegar ao desenho atual.
No Brasil, das quase 300 empresas B, apenas 4% faturam mais de US$ 100
milhões. Entre as listadas em bolsa, só Natura, Movida, Clearsale e Arezzo têm o
selo – a Gerdau será a quinta quando concluir o processo.
Para uma empresa com faturamento abaixo de US$ 100 milhões por ano, o padrão
é levar menos de doze meses para a certificação completa.
“O processo de certificação é mais desafiador para empresas maiores, com cadeias
complexas e política interna também mais complexa”, diz
No caso da Gerdau, durante os dois primeiros anos a empresa foi analisada sob
vários aspectos para decidir se ela era elegível à certificação. Foram levadas em
conta questões societárias, tributárias, financeiras, área de atuação, entre outros.
O sinal verde para seguir adiante só veio na virada de 2021 para 2022.
Esse trabalho, diz Boneff, foi feito pelo comitê de padrões globais do Sistema B.
“A gente não sabe quem integra e nem onde ficam, só sabemos que eles existem.
Os pedidos de esclarecimentos são feitos por meio de uma carta enviada por um
intermediário a esse conselho. É um processo para garantir a independência da
decisão.”
O desafio da mineração
Além do porte, a natureza do negócio também tornou o processo mais complexo.
“Para trazer uma nova indústria como a siderúrgica para dentro do sistema, foi
preciso construir novos parâmetros, utilizando e adaptando padrões do próprio
setor”, diz Santini, do Sistema B.
Além disso, a existência de duas mineradoras em Minas Gerais, cujos produtos são
consumidos pela própria siderúrgica, também trouxe complexidade adicional ao
processo.
O selo indicado foi o IRMA, sigla para Initiative for Responsible Mining
Assurance, única avaliação independente de impacto do setor de mineração.
A expectativa, diz Boneff, é que as minas recebam o aval do IRMA agora em 2023.
“E essa certificação é o pré-requisito para avançarmos com o selo B para a
operação Brasil, que tecnicamente estaria pronta.”
Mas, mais do que um fim em si mesmo, diz, um dos grandes benefícios percebidos
é que a certificação acaba funcionando como um indutor de melhores práticas nas
frentes socioambientais e de governança.
“Além de elevar todas as práticas para um patamar mais alto no curto prazo, o
resultado ainda deixa um backlog de oportunidades de melhoria para os anos
seguintes.”