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https://valor.globo.com/empresas/esg/noticia/2023/03/29/agenda-esg-esta-mais-
desafiadora-mas-segue-importante.ghtml
Como uma espécie de “cereja do bolo”, nos Estados Unidos, o segundo maior
emissor de gases do efeito estufa (GEE) do mundo, a responsabilidade
ambiental ganhou contornos políticos, com congressistas, sobretudo do Partido
Republicano, imprimindo o rótulo “esquerdista” aos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da Organização das Nações Unidas
(ONU), ligados ao clima, enquanto a maior gestora de ativos do mundo, a
BlackRock, com mais de US$ 10 trilhões sob gestão e uma espécie de porta-voz
da agenda ESG no mundo das finanças globais, reduziu de forma significativa
seu apoio aos investimentos atrelados a esta pauta. Não que ela tenha perdido
espaço, mas porque a BlackRock considerou desproporcionais as demandas
dos investidores.
“Temos muitos avanços a contabilizar. Pela primeira vez, vemos que a pauta
[ESG] deixou de ser boa para a marca e passou a ser importante para o negócio”,
avalia Ricardo Assumpção, líder de ESG e Sustentabilidade na América Latina
da consultoria e auditoria EY. “O tema está na mesa do CEO, passou a ter
orçamento próprio. Antes, as companhias usavam os dados produzidos apenas
em seus balanços. Hoje, elas usam esses dados para refinarem suas
estratégias”, prossegue ele.
“O setor privado brasileiro tem uma agenda ESG reconhecida no mundo, mas
tem espaço para fazer mais”, completa Sonia Consiglio, especialista em
sustentabilidade e com assento em importantes conselhos de administração. Ela
cita o Estudo de CEOs do Pacto Global da ONU com a Accenture, já em sua 12ª
edição, segundo o qual, 98% dos líderes concordam que sustentabilidade é
assunto primordial em seus cargos. O aumento dessa percepção é 15% maior,
quando comparado aos últimos dez anos do estudo. Foram entrevistados 2,6 mil
CEOs de 128 países de 18 diferentes setores.
Ele chama a atenção para a pesquisa Global Reporting and Institutional Investor
Survey, realizada pela EY, junto a 1.040 líderes financeiros seniores de
empresas e 320 investidores. “Para 78% dos investidores entrevistados, as
empresas devem fazer investimentos que abordem questões ESG relevantes
para seus negócios, mesmo que isso reduza os lucros no curto prazo. O estudo
também identificou que 99% dos investidores pesquisados utilizam as
divulgações ESG das empresas como parte de suas decisões de investimento”,
lembra Assumpção.