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ANÁLISE DAS AMOSTRAS DE BIOCLASTOS - LUÍS CORREIA - PI

Nesta análise iremos discutir o conceito de tafonomia, com foco especial em


conchas de macroinvertebrados coletados em sedimentos costeiros da praia do
Barro Preto, região de Luís Correia, no Piauí, Brasil.

Bioclastos são fragmentos de material biológico, como conchas ou ossos,


que se incorporaram às rochas sedimentares. O bioclasto em questão é espiralado,
de um molusco, como um caracol ou um caramujo. Os moluscos são um grupo de
macroinvertebrados que possuem conchas calcárias, e muitos deles têm conchas
espiraladas como a que vemos aqui.

No que se refere à descrição, o material tem uma morfologia que indica um


crescimento helicoidal, com voltas ou espirais que aumentam gradualmente em
tamanho a partir do ápice, que é o ponto mais alto e mais antigo da concha, até a
abertura, que é a parte mais larga. A coloração do fóssil é homogênea, indicando
que pode ter sido fossilizado em condições uniformes.

Figura 1:Incrustação de argila Figura 2: Detalhes da incrustação (lupa)

A tafonomia é a ciência que estuda os processos que acontecem após a


morte de um organismo até sua descoberta como fóssil. Ela abrange os processos
de decomposição, transporte, enterramento e fossilização. A partir das amostras
fornecida, não é possível determinar com precisão todos os processos tafonômicos
que afetaram este bioclasto específico, mas é possível descrever alguns dos
processos gerais que ocorreram e poderiam ter ocorrido:

Decomposição: Após a morte do organismo, os tecidos moles foram decompostos,


deixando para trás a parte dura (neste caso, a concha).

Transporte: A concha pode ter sido transportada por ação da água ou outros
movimentos naturais antes de ser soterrada. Isso pode ser indicado por sinais de
abrasão ou arredondamento.

Enterramento: A concha foi soterrada por sedimentos, o que protegeu-a de


decomposição e destruição.

Mineralização: A concha poderá sofrer permineralização, onde os poros e espaços


dentro da concha serão preenchidos com minerais, contribuindo para a
preservação, no entanto este processo ainda não é observado na amostra.

Exumação: Eventualmente, processos geológicos como a erosão ou ações


humanas trouxeram estes bioclastos à superfície, onde foram observados e
coletados.
A integridade e preservação das conchas sugerem que os processos de
fossilização foram relativamente sutis, sem muita perturbação ou transporte
extenso, que poderiam ter fragmentado ou desgastado o bioclasto. A falta de
desgaste visível sugere que a concha pode ter sido rapidamente enterrada em
sedimentos finos, que são bons para preservar detalhes, em um ambiente calmo.
Isso pode indicar um ambiente de deposição relativamente tranquilo, como o fundo
de um lago, uma lagoa, ou o fundo do mar em uma área protegida.

Figura 3: área costeira Figura 4: Análise da distribuição dos bioclastos

Figura 5: foto com escala ( caneta 15,2 X 7,5 cm) Figura 6: Deposição de 3 camadas de sedimentos

A imagem mostra um perfil de solo exposto, com uma camada de vegetação


na parte superior e várias camadas de solo e sedimentos abaixo. A camada visível
de sedimento contém vários bioclastos, conchas de moluscos, sugerindo que o local
pode ter sido, em algum ponto do passado geológico, um ambiente aquático, o que
é considerado por se tratar de uma área costeira.
Os fatores responsáveis pelo processo tafonômico que afetaram os
bioclastos de macroinvertebrados na imagem anterior e que podem ser inferidos a
partir deste ambiente incluem:

Deposição: As conchas foram depositadas no sedimento por se tratar de uma área


costeira, ou provavelmente vindos de ambiente aquático como um leito de lago onde
a água era calma o suficiente para permitir a deposição de partículas finas e a
preservação de organismos mortos.

Soterramento Rápido: A preservação das conchas indica que elas foram


rapidamente soterradas por sedimentos, o que reduziu a decomposição e uma
possível perturbação.

Consolidação do Sedimento: Com o tempo, os sedimentos ao redor das conchas


se consolidaram, encapsulando os bioclastos.

Erosão e Exposição: Processos erosivos removeram as camadas superiores do


solo, expondo o perfil que vemos na imagem. A erosão pode ser devida a
fenômenos naturais como chuva, vento, ou causada por humanos, como escavação
para construções.

Variações no Nível do Mar ou da Lagoa: Mudanças no nível da água ao longo do


tempo geológico podem ter alternado períodos de deposição e erosão, influenciando
a tafonomia do local.

Portanto, essas observações indicam que o local foi um ambiente marinho ou


próximo de lago no passado, e os processos geológicos e oceanográficos locais
tiveram um papel significativo na deposição e preservação dos fósseis encontrados.
REFERÊNCIAS:

FERNÁNDEZ LÓPEZ, Sixto Rafael. La Tafonomía: un subsistema conceptual de


la Paleontología. 1986.

DE MORAIS, Rute Maria Oliveira et al. Fácies sedimentares e ambientes


deposicionais associados aos sepósitos da Formação Barreiras no estado do Rio de
Janeiro. Geologia USP. Série Científica, v. 6, n. 2, p. 19-30, 2006.

CARVALHO, Ismar de Souza (ed.). PALEONTOLOGIA: conceitos métodos. 3. ed.


Rio de Janeiro: Editora Interciência Ltda., 2010. 756 p. (1).

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