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Instituição: UERGS - campus Porto Alegre


Curso: Mestrado Acadêmico em Sistemática e Conservação da Diversidade Biológica
Disciplina: Introdução a História Geológica dos Invertebrados.
Docente: Patricia Habekost Moisés Santiago

PRÁTICA CNIDARIA

Relembrando:
Os cnidários são diploblásticos e incluem os corais, as anêmonas-do-mar, as águas-vivas e os
hidroides. A maioria dos cnidários é marinha, mas ocorrem formas dulceaquícolas e mixoalinas.
Não possuem associação de tecidos para formar órgãos. Estes organismos por muito tempo
foram alocados com Ctenophora, no filo Coelenterata. Contudo, a estrutura embrionária de
ctenóforos e cnidários não está relacionada e nada indica que estes grupos apresentem uma
ancestralidade comum. Assim, o termo Coelenterata, englobando Cnidaria e Ctenophora,
considera-se parafilético e taxonomicamente inválido.

A Paleontologia estuda principalmente a Classe Anthozoa. Esta inclui as anêmonas e os


corais “verdadeiros”, sendo que os corais edificam esqueletos de CaCO 3, seja na forma de
aragonita seja na de calcita. Os corais antozoários são marinhos e se dividem em três ordens:
Tabulata, Rugosa e Scleractinia. Cada pólipo constroi um esqueleto, o coralum. Nas
formas coloniais a colônia é denominada de coralum e cada indivíduo da colônia de coralito.
Cada pólipo apresenta divisões verticais do celêntero, os mesentérios.

Ordem Tabulata: exclusivamente paleozoica, esta ordem surgiu no limite


Cambriano/Ordoviciano na região onde hoje é a América do Norte. São coloniais e já foram
considerados falsos corais, pois o esqueleto calcítico dos tabulatas internatmente é dominado
pelas tábulas, não possuindo septos ou com apenas poucos minúsculos septos que se
desenvolvem a curta distância da parede do coralito. O gênero Favosites viveu do Ordoviciano
ao Permiano (entre mais ou menos 500 e 250 milhões de anos atrás), tendo sido muito
especioso e com ampla distribuição geográfica. Seus coralitos imprimem à colônia a aparência
de colmeia, o que também é possível verificar em cortes transversais. Foram componentes
secundários na estruturação dos recifes orgânicos.

Ordem Rugosa: também restrita ao Paleozoico, originou-se no Ordoviciano médio (= Meso-


Ordoviciano) na região onde hoje é a América do Norte. O coralum era calcítico, podendo ser
colonial ou solitário. Apenas no final da era Paleozoica alguns rugosos secretaram o CaCO 3 na
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forma de aragonita (em vez de calcita). Nas espécies solitárias é muito comum a forma do
esqueleto apresentar-se similar a um chifre. A parede externa apresenta numerosas
rugosidades, inclusive nas formas coloniais. Como os Tabulata, os Rugosa também foram
secundários na estruturação dos recifes orgânicos paleozóicos, embora sempre presentes
nestes ricos ecossistemas. Por outro lado, diferente dos Tabulata, a morfologia interna de cada
coralito é dominada por numeros e longos septos, i.e., placas verticias radialmente dispostas.
Tábulas e dissepimentos também são comuns nos coralitos de Rugosa. A columela, uma
estrutura vertical central, é típica de alguns rugosos. Certos gêneros coloniais não possuiam
paredes separando os coralitos, mas apenas um tecido carbonático denominado cenênquima.
Nos rugosos, a inserção dos septos, após o surgimento dos proseptos, passa a ocorrer
sempre de quatro em quatro. Alguns Rugosa solitários desenvolvem uma fóssula, i.e., uma
região no cálice onde há ausência de séptos. Isso implica na perda da simetria radial. Como
ocorreu com Tabulata, corais colonais da Ordem Rugosa não possuíam estruturas de fixação
que permitisse maior estabilidade ao coralum.

Ordem Scleractinia: sugiram como minúsculas colonias na era Mesozoica, no período


Triássico Médio (= Mesotriássico). Os escleractíneos solitários apareceram no período
Jurássico e desde então a maioria de suas espécies vive em águas mais profundas que os
escleractíneos coloniais. Os recifes a escleractínios se tornaram pujantes porque (i) as colônias
desenvolvem discos basais para se fixar ao substrato, e cada novo coralito também produz
cimento externo para auxiliar na fixação à colônia; (ii) seus esqueletos aragoníticos são
porosos, e, portanto, mais fácies de construir do que os esqueletos massivos de Tabulata e
Rugosa; (iii) eles podem viver em associação simbiótica com zooxantelas fotossintetizantes.
As zooxantelas são protistas − de diferentes grupos taxonômicos − que vivem em associação
simbiótica nos tecidos de vários organismos marinhos, estes também pertencentes a difetentes
grupos taxonômicos (e.g. gastrópodes nudibrânquios e corais hermatípicos). Ao longo da
ontogenia dos escleractínios tanto os proseptos quanto os septos propriamente ditos surgem
em múltiplos de seis. As paredes do animal polipóide se dobram sobre a margem do cálice, o
que explica como os septos se projetam para fora das margens do cálice.

Classe Hydrozoa
São cnidários hidroides que em geral possuem tanto a forma medusóide quanto a forma
polipóide (sem mesentérios) em seu ciclo de vida. A maioria vive na zona entremarés, mas
alguns táxons são oceânicos, enquanto o gênero Hydra é dulceaquícola. A Ordem
Hydrocorallina, com poucos fósseis (restos carbonáticos), conhecidos desde o final do
Cretáceo, ainda está presente nos mares atuais, possuindo semelhança superficial com corais
escleratíneos hermatípicos. Millepora é um gênero tropical cosmopolita comum nos recifes do
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nordeste do Brasil, dos quais indiretamente é um importante construtor. O esqueleto deste


hidroide é composto de carbonato de cálcio que, após a morte do coral, contribui para a
geração de novos recifes. Fica a pergunta: como isso ocorre? Resposta: essa contribuição
acontece porque a ação do CO2 converte lentamente os restos esqueletais de Millepora
em bicarbonato de cálcio, substância que é assimilada diretamente também pelos construtores
mais importantes do recife, os Scleractinia hematípicos. O esqueleto de uma mesma espécie
pode ser incrustante ou apresentar-se em diferentes feições verticalizadas de até 50 cm de
altura. Os pólipos vivem em minúsculas perfurações muitas vezes identificadas somente com
ajuda de lentes de aumento.

1. Na figura abaixo indique a localização de: (i) fase medusóide, (ii) gametas, (iii) larva pelágica,
(iv) estágio polipóide, (v) pólipos jovens gerados assexuadamente por brotamento (clonagem).

(i) fase medusóide (ii) gametas (iii) larva pelágica

(v) pólipos jovens gerados assexuadamente por brotamento (iv) estágio polipóide

2. Analise a figura do pólipo abaixo (em seção longitudinal para mostrar a morfologia básica
das partes moles e a localização do esqueleto) e indique: (i) tentáculos com a camada externa
de células urticantes, (ii) boca e ânus, (iii) parede celular interna resposável pela digestão, (iv)
esqueleto de CaCO3.

(i) tentáculos com a camada externa de células urticantes (ii) boca e ânus

(iv) esqueleto de CaCO3. (iii) parede celular interna resposável pela digestão
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3. A Classe Antozoa, como você já sabe, inclue as anêmonas-do-mar (animais de corpo mole)
e os corais “verdadeiros”. A figura abaixo trata de forma simplificada da distribuição geológica e
das possíveis relações evolucionárias dos maiores grupos de corais. Responda:
(i) sinalize o Pré-Cambriano;
(ii) localize a distribuição geológica de Tabulata, Scleractinia e Rugosa;
(iii) é possível interpretar que a habilidade da biomineralização surgiu pelo menos
quatro vezes ao longo da história da Classe Antozoa, uma vez para cada uma das
maiores ordens com exoesqueleto, e uma vez para um coral peculiar denominado
Kilbuchophyllia? Ou a figura indica que os Tabulata deram origem aos Rugosa que
por sua vêz originaram os Scleractinia?
(iv) há um pequeno erro nesta figura com respeito ao surgimento de uma das ordens
aqui trabalhada. Ache o erro e proponha uma correção diretamente sobre a figura;
(v) você poderia informar o que ocorreu no final da era Paleozoica para levar à
extinção os Tabulata e os Rugosa?

O final da era Paleozóica ainda não é tão definida, porém existe evidencias que seu
final ocorreu devido a elevação da temperatura global, causando um superaquecimento
atmosféricos, principalemnte das águas oceânicas, impacacitando os organismos de
respirar, levando-os a extinção.
O aumento da temperatura pode se dar pelas grandes erupções vulcânicas que
ocorream no mesmo periodo, em especial, na Sibéria, sendo a maior e mais vasta em
relação ao tempo de ativação, liberando altas quantidades gases poluentes e fumaças
negras, causando um efeito estufa.
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Scleractinia

Tabulata

Rugosa

(i) sinalize o Pré-Cambriano


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4. A figura abaixo mostra diversos cortes transversais ao longo do esqueleto de um coral


solitário. Responda: esta figura se refere a que ordem da Classe Anthozoa? Justifique.

A imagem acima refere-se ao esqueleto de um coral solitário rugoso, sendo uma


ordem extinta de cnidários antozoários da subclasse Hexacorallia da Classe Anthozoa. A
justificativa para corresponder a ordem com a estrutura ilustrada, é devido ao crescimento do
coralito contendo dois septos opostos, conhecidos como septos cardinais e contracardinais,
em seguida, dois septos alares foram inseridos, definindo quatro seções da coralita, nas quais
foram inseridas novas suítes de septos. Este padrão de inserção quádrupla é característico do
da ordem citada.
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5. Identifique nas figuras abaixo os gêneros de Tabulata, Rugosa e Scleractinia .

GÊNERO TUBULATA

GÊNERO SCLERACTINIA

Confusostraca (esquerda) e Kodonophyllum (direita)

GÊNERO RUGOSA

Generalização de coral solitário em vista externa e interna (à esquerda), e generalização de coral colonial (à direita).
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6. Casos especiais de dois gêneros de corais, um da ordem Tabulata e outro da ordem


Rugosa, que se destacam como fósseis-guias de tempo. Veja as figuras abaixo e informe a que
ordem cada um deles pertence.

Calceola sandalina. Ordem rugosa, fóssil-guia do Devoniano Médio.

Pleurodictyum problematicum. Ordem tabulata, fóssil-guia do Devoniano Inferior.

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