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Pragas

Formigas cortadeiras:
biologia, danos e
métodos de controle
Rodrigo Ferreira*

do encontradas desde a latitude 44º


N, ao sul dos Estados Unidos, até a
latitude 33º sul, na região central da
Argentina, exceto as ilhas do litoral
brasileiro e algumas na América Cen-
tral. O Brasil é o país que mais conta
com número de espécies, ocorrendo
10 de um total de 15 espécies de
saúvas e 20 espécies de quenquéns,
de um total de 26 espécies. Um fato
observado recentemente é que pra-
ticamente não há registros de es-
pécies do gênero Atta nos Campos
Gerais do Paraná e acredita-se que as
condições climáticas predominantes
nas localidades abrangidas por esta
região sejam os fatores preponde-
rantes para tal fato, uma vez que o
clima é um fator que influencia dras-
ticamente na biologia destas espé-
cies, principalmente quando se trata
de hábitos reprodutivos e alimenta-
res e nos processos de fundação de
novas colônias. Em contrapartida,
há pelo menos 13 espécies do gê-
Agradecimentos Introdução nero Acromyrmex identificadas que
habitam essa região, comprovando
Prof. Dr. Rui Scaramella Furiatti
Laboratório de Entomologia Aplicada - UEPG A tribo Attini compreende um a maior adaptação deste gênero a
Prof. Dr. Luiz Kulchetscki - grande número de espécies de for- regiões mais altas e frias. Esse fato
Biotecnologia Florestal - UEPG migas cultivadoras de fungo, mas também é confirmado pela presença
Eng. Agr. Dr. Dirceu Gassen - Cooplantio
dois gêneros são de extrema impor- de quenquéns nas regiões mais frias
Leandro Walylo - Valor Florestal
Gestão de Ativos Florestais tância para a silvicultura, agricultu- dos Estados Unidos e México e países
ra e pecuária: o gênero Atta, o qual da America Latina, como Argentina,
compreende as espécies conhecidas Uruguai, Paraguai, Bolívia e Chile. Há
como saúvas, e o gênero Acromyr- ainda uma diversidade de subespé-
*Engenheiro Agrônomo, mex, englobando as espécies vulgar- cies adaptadas a ambientes mais res-
Cooperativa Agroindustrial de mente chamadas de quenquéns tritos, como áreas montanhosas e de
Arapoti – CAPAL As espécies destes dois gêneros serra litorânea, regiões de cerrado e
E-mail: rferreira@capal.coop.br são exclusivamente americanas, sen- também de deserto.

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O complexo de culturas ata- Gênero Atta separá-los em grupos bem definidos
cadas por espécies de cortadeiras é denominados castas. Em saúvas este
extremamente vasto, mas apesar dos As espécies deste gênero têm polimorfismo é muito mais acentu-
danos serem bem conhecidos, há como características principais a pre- ado do que nas espécies de quen-
poucos trabalhos com objetivo es- sença de três pares de espinhos so- quéns, o que resulta numa interação
pecífico de quantificar o real prejuízo bre o tórax, gáster pouco rugoso e social muito mais complexa e um
causado pelas formigas cortadeiras, acentuadíssimo polimorfismo (Figura nível organizacional extremamente
o que pode interferir na escolha dos 1). Há espécies de ampla ocorrência elevado, com divisões de tarefas bem
métodos de controle e quando apli- nacional, no entanto, algumas são definidas de acordo com o tamanho
cá-los. Dessa forma, a identificação e de ocorrência restrita a determina- das operarias.
o conhecimento da biologia destas das regiões. São facilmente notadas Em colônias mais desenvolvi-
espécies é a melhor estratégia para numa área devido ao tamanho de das, onde o número de operarias é
a tomada de decisões quanto ao seu seus ninhos, que em alguns casos elevado, as menores formigas são as
controle. podem ultrapassar 150 m² de área que exercem as funções mais impor-
de terra solta e atingir mais de 7 m tantes dentro do formigueiro, pois
Diferenças entre de profundidade. são responsáveis pelo cultivo da es-
saúvas e quenquéns A diferenciação entre os gêne- ponja de fungo, limpeza, manuseio e
ros é de extrema importância, pois cuidados com os ovos e larvas jovens
Gênero Acromyrmex está diretamente relacionada aos e alimentação de todas as outras
métodos de controle destas espécies operarias, principalmente da rainha.
As principais características que uma vez que os hábitos de forrage- Essas formigas raramente se afastam
definem as espécies deste gênero amento, épocas de acasalamento e dessas câmaras, exceto para remover
são: a presença de gáster bastante estruturas das colônias são bastante os resíduos do cultivo do fungo. As
rugoso na maioria das espécies, pou- distintos. operárias de tamanho intermediário
ca diferença entre as castas de operá- ficam com as tarefas de escavação
rias (polimorfismo) e principalmente Organização social de novas câmaras e túneis e também
a presença de quatro pares de espi- e hábitos reprodutivos das atividades de forrageamento
nhos no tórax, como mostra a figura e exploração do terreno em busca
1. Seus ninhos em geral são peque- Todas as espécies de saúvas e de novas fontes de alimento. Já as
nos e bastante discretos, podendo, quenquéns apresentam um elevado maiores formigas basicamente ficam
em algumas espécies, serem quase grau de organização dentro da colô- incumbidas da tarefa de defender as
invisíveis. Isto dificulta grandemen- nia. As diferenças morfológicas entre operárias que realizam o corte de fo-
te sua localização, permitindo que o os indivíduos (polimorfismo) estão lhas, a coluna de formigas que trans-
número de colônias seja elevado em diretamente relacionadas às fun- porta as folhas cortadas e também a
áreas relativamente pequenas. ções que desempenham, podendo colônia de possíveis invasores.
De acordo com o tempo que
permanecem no formigueiro, tais
castas podem ser divididas em tem-
porárias e permanentes. A casta tem-
porária é composta basicamente de
fêmeas e machos alados que só apa-
recem no interior da colônia em de-
terminadas épocas do ano, próximo
aos períodos de acasalamento. São
facilmente distinguidos pela presen-
ça das asas e pelo diferenciado tama-
nho. A casta permanente é constitu-
ída de uma fêmea áptera, fundadora
do formigueiro, e de fêmeas estéreis,
que constituem o conjunto de ope-
rárias responsáveis pelas diversas
funções do formigueiro.
O acasalamento dessas espécies
ocorre uma única vez durante a vida
da rainha fundadora da colônia. Tal
Figura 1. Diferenças entre operárias de saúvas e quenquéns. fato, conhecido por “revoada”, é o

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Figura 2. Rainha de Atta sexdens rubropi- Figura 3. Ovos tróficos e esponja de fungo inicial de Acromyrmex versicolor.
losa iniciando a escavação do
sauveiro.

fenômeno através do qual se dá o chão da câmara e começa a cultivá- Sem sombra de dúvidas, as di-
acasalamento entre indivíduos da lo, inicialmente nutrindo-o com suas mensões atingidas por um sauveiro
casta temporária, férteis e de mes- próprias secreções e fezes. Logo em são consideráveis, podendo ultrapas-
ma espécie, porém, de colônias di- seguida inicia-se a postura dos pri- sar uma área de 150 m² de terra sol-
ferentes, favorecendo o aumento da meiros ovos, denominados tróficos, ta e mais de 7 m de profundidade. Já
combinação gênica e promovendo a pois têm a função de alimentar a os ninhos de quenquéns dificilmente
dispersão a longa distância. Isso só rainha, as larvas jovens e também a ultrapassam 1 m de profundidade ou
ocorre em formigueiros considera- esponja de fungo (Figura 3). Con- atingem uma área maior que 1 m²
dos adultos, em torno de três anos comitantemente, a rainha deposita de terra solta.
a partir da data de sua fundação, e pequenos ovos, dos quais nascerão Um fato importante é que nem
uma vez ao ano, quando certas con- as primeiras operarias. Este período sempre o formigueiro encontra-se
dições climáticas são atingidas. dura em media 80 dias para as espé- debaixo do monte de terra solta
Após a cópula, a fêmea desce ao cies de quenquéns e 100 dias para as como se espera, por isso, a parte su-
solo, destaca suas asas e, num local saúvas, quando surgem as primeiras perficial do formigueiro, constituído
livre de vegetação, inicia a escavação operárias que iniciarão as atividades por esse monte de terra solta é deno-
do ninho (Figura 2). A escavação tem de forrageamento. minado sede aparente do formiguei-
início através de um pequeno canal ro, e o complexo de câmaras é cha-
vertical que termina numa pequena Arquitetura de mado de sede real. A localização e
câmara, a aproximadamente 20 cm Colônias Adultas distribuição das câmaras em relação
de profundidade. Com a terra da à sede aparente são muito variáveis
escavação a rainha bloqueia o canal O tipo de ninho é algo peculiar entre as espécies (Figura 4) e tal fato
inicial e, a partir desse momento, a cada espécie e, por vezes, pode impacta diretamente na eficiência
não retorna mais à superfície. servir como auxílio na identificação dos métodos de controle utilizados.
Antes da rainha deixar sua co- da espécie, além de contribuir para De acordo com a finalidade, as
lônia durante a revoada, ela coleta a estimativa da idade da colônia e câmaras também recebem nomes es-
uma pequena porção do fungo e cálculos de dosagem de inseticidas pecíficos. As espécies de quenquéns
aloja numa cavidade infrabucal, a para o controle. Outro aspecto im- raramente apresentam uma divisão
cavidade do cibário, que irá manter portante a ser considerado é a dis- precisa das funções de cada câmara
esse fungo até que a câmara inicial tribuição das câmaras do ninho, que no interior da colônia, entretanto, no
esteja pronta. Decorridos aproxima- podem afetar seriamente o efeito de caso de saúvas, estas podem ser di-
damente 48 horas do início da esca- produtos utilizados no combate aos vididas em quatro tipos de câmaras:
vação a rainha deposita o fungo no formigueiros.

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1- as panelas de fungo, onde se
cultivam os jardins de fungo, são as
câmaras em que há maior atividade
no formigueiro;
2 - as panelas de lixo, onde são
depositadas partículas vegetais exau-
ridas pelo fungo, carcaças de formi-
gas mortas e qualquer outra partícu-
la que não seja útil à colônia;
3 - panelas vazias, que foram
recentemente escavadas e ainda não
receberam nenhuma atribuição, per-
manecem por pouco tempo desta
forma, pois logo são ocupadas;
4 - panelas cheias de terra; são
difíceis de serem encontradas e ocor-
rem geralmente nas frentes de es-
cavação, pois as operárias, antes de
levarem a terra à superfície, acumu- Figura 4. Comparação de arquitetura entre formigueiros de diferentes espécies de
saúvas e quenquéns.
lam-na nessas câmaras que não são
mais do que panelas vazias ocupadas
temporariamente por terra.
Quando se trata de combate às se encontrarem uma fonte mais atra- defesa desenvolvido ao longo de
formigas cortadeiras, as câmaras alvo tiva, sendo este o princípio das iscas muito tempo pelas espécies vege-
são as panelas de fungo, justamente formicidas. O que atrai essas formi- tais que em seu caminho evolutivo
por concentrarem a maior atividade gas a um dado vegetal é um fato que tiveram que desenvolver meios de se
do formigueiro. O emprego de iscas permanece desconhecido. Há hipó- protegerem das formigas cortadei-
formicidas no controle de formigas teses que atribuem tal fato à com- ras, entretanto, as espécies introdu-
cortadeiras visa unicamente matar as posição química deste vegetal, ou zidas em regiões em que há formigas
menores operárias que ficam nessas a exsudação de determinadas subs- cortadeiras dificilmente apresentam
panelas de fungo, pois eliminando tâncias, dureza de folhas, presença algum mecanismo que possam usar
essas operárias cessam todas as ati- ou não de alcalóides que possam ser em sua defesa, tornando-se um alvo
vidades de alimentação da colônia. tóxicos a elas e principalmente ao fácil para as operárias dessas formi-
Como a maior movimentação e con- fungo. gas.
centração de formigas ocorrem nes- Este fato é salientado pela alta Outro fator, talvez o principal,
tas câmaras, o índice de intoxicação seletividade em relação ao material que determina o tipo de vegetal a ser
com o ingrediente ativo da isca for- cortado, mostrando preferência por cortado é a exigência nutricional do
micida é mais efetivo. determinados tipos de vegetais e fungo da colônia, pois as formigas se
não cortando sob nenhuma hipótese alimentam diretamente das estrutu-
Forrageamento algumas plantas. Dentro da mesma ras produzidas por este fungo e, se
planta são preferidas as partes mais o seu desenvolvimento for insatisfa-
Na maioria das vezes, as ativi- tenras, como brotações, folhas jo- tório, a alimentação da colônia será
dades de forrageamento se dão du- vens e até mesmo flores, no entanto, pobre. As necessidades por parte das
rante a noite, entretanto, algumas quando há escassez de material mais formigas de determinadas substân-
vezes pode-se encontrar as operárias tenro, pode-se observá-las cortando cias, aminoácidos e vitaminas é que
trabalhando durante o dia, princi- e transportando folhas mais velhas e irão guiar as forrageadeiras quanto
palmente em meses mais frios. Nas secas. ao tipo de vegetal trazido para o for-
espécies de saúvas, as trilhas que as Há diferenças quanto a prefe- migueiro e a taxa de aproveitamento
operárias percorrem até a fonte ve- rências por diferentes substratos en- desse material pelo fungo.
getal são longas, podendo ultrapas- tre espécies e dentro da mesma es- Uma vez que esses fragmentos
sar 100 m da colônia, e com até 0,2 pécie, o que faz com que uma planta de vegetais chegam à colônia, eles
m de largura. Para as quenquéns as muito cortada num dia deixe de ser passam por uma inspeção rigorosa,
trilhas são bem menores, ficando procurada no dia seguinte. Isso se realizada pelas jardineiras, que exa-
bem mais próximas à colônia. atribui a produção de substâncias minam cuidadosamente o material
Uma vez que as formigas en- químicas de defesa produzidas pelo para garantir que não há nenhuma
contrem uma fonte de vegetal a ser vegetal, na tentativa de afastar as substância presente nestas folhas que
cortada, elas só mudam seu objetivo formigas. Este é um mecanismo de possa prejudicar a cultura do fungo.

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Se o material não for adequado, ele é nelada de material vegetal fresco por uma das principais pragas em ca-
transportado para as câmaras de lixo ano, o que equivale a uma perda de naviais. Uma única colônia de Atta
e depois é retirado do formigueiro, 86 árvores de Eucalyptus e 161 ár- bisphaerica consome 3,2 ton/ha de
porém, se for aceito, é levado para vores de Pinus, cerca de 7 a 10% de cana-de-açúcar em um ano, enquan-
as câmaras de fungo, onde é corta- perdas. Em reflorestamentos jovens to que para Atta capiguara as perdas
do em pedaços menores e inoculado de Eucalyptus, pode ocorrer a morte são estimadas em 1,8 ton/ha. Essas
com a cultura do fungo, sendo então das árvores jovens devido à destrui- duas espécies são também conside-
incorporado à esponja do fungo. Si- ção das brotações e gemas de cres- radas importantes pragas de pasta-
multaneamente, o substrato exauri- cimento. gens na região Sudeste, causando
do é constantemente removido para A maior parte dos danos causa- uma redução na capacidade suporte
as câmaras de lixo para dar lugar ao dos por saúvas é em reflorestamen- da ordem de 10%, prejudicando a
vegetal fresco que é incorporado. tos jovens, justamente pela preferên- qualidade da pastagem e reduzindo
A alimentação das formigas cia por folhas mais tenras, causando o ganho de peso animal.
maiores, e mesmo da rainha e das grande desfolha, principalmente em Apesar de não haver estudos
larvas jovens é feita pelas menores mudas recém transplantadas, no en- comprobatórios, sabe-se através de
operárias da colônia, denominadas tanto, à medida que a floresta se de- observação empírica que as formigas
babás, e esse processo é feito oral- senvolve, as formigas são obrigadas cortadeiras também atacam as prin-
mente, um hábito designado trofala- a consumirem folhas de árvores mais cipais culturas anuais, como milho,
xia, através dos quais inúmeras subs- velhas, por isso seu ataque às copas feijão, arroz, algodão e soja, além de
tâncias, como secreções enzimáticas, das plantas mostra-se muito intenso. olerícolas, frutíferas, tanto de clima
alimentos, substâncias produzidas Os danos causados pelas saú- temperado quanto às de clima tro-
por glândula, são trocadas entre si. vas são bem mais notórios do que os pical, ornamentais e medicinais. No
Esse é o ponto chave no modo de causados pelas quenquéns devido às estado de São Paulo há relatos de
ação das iscas formicidas, pois é no grandes dimensões dos formigueiros severos ataques de formigas corta-
momento em que há manipulação e ao grande número de indivíduos, o deiras em pomares de citros, ocasio-
da isca que o ingrediente ativo entra que torna a visualização do estrago nado grande desfolha e conseqüente
em contato com o maior número de muito mais fácil. Entretanto, exata- perde de rendimentos (Figura 5). Em
operárias dentro da colônia. mente por passarem despercebidas, Irati, no interior do Paraná, também
as quenquéns conseguem se espa- foi observado o ataque de quen-
Danos e prejuízos lhar com mais eficiência pelo terre- quéns em erva-mate, uma cultura
no, e seus danos passam a aparecer importante na região, além de ata-
Basicamente, os danos causa- em decorrência do grande número ques menores às culturas de cebola,
dos por formigas cortadeiras podem de colônias por unidade de área. Em pêssego, maçã e caqui (Figura 5).
ser divididos em danos diretos, de- reflorestamentos de Eucalyptus as Mesmo em reflorestamentos,
correntes do corte das plantas, e perdas podem chegar a 30% em áre- os métodos para estimativa e quanti-
também em danos indiretos, quan- as com 200 ninhos/ha, situação que ficação de danos ainda são impreci-
do estão envolvidos prejuízos que não é muito difícil de ser encontrada sos, o que pode estar gerando dados
vão além do corte de material vege- em muitos reflorestamentos. subestimados do real dano causado
tal apenas. As saúvas, principalmente as pelas formigas cortadeiras, entretan-
espécies Atta bisphaerica e Atta ca- to, tais métodos sequer se aplicam
Danos diretos piguara, também se destacam como aos prejuízos causados em outras

Do norte ao sul do Brasil, em


todas as regiões onde há refloresta-
mentos implantados, principalmente
de Pinus e de Eucalyptus, as formigas
cortadeiras são consideradas pragas-
chave e com elevado potencial de
dano, atacando especialmente nas
fases de pré-corte (áreas de reforma
ou condução da floresta) e imediata-
mente após o plantio ou no início da
condução de brotação.
Estima-se que uma colônia
adulta, com mais de 3 anos de ida-
de, consuma algo em torno de 1 to-

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Figura 5. Ataque de formigas cortadeiras em citros (esquerda) observado em Catanduva-SP e em caqui (direita) registrado em
Irati-PR.

culturas, obscurecendo ainda mais Outro dano indireto que não


o grande potencial de danos dessas apresenta importância econômica é
espécies. a ocorrência de formigueiros em par-
ques e praças, causando alteração no
Danos indiretos aspecto visual do lugar por destruir
gramados e jardineiras.
Entre os danos indiretos, são
importantes os ocasionados em bar-
ragens, onde há registros de ruptu-
Métodos de Controle
ras causadas pelo estabelecimento
Há diversas formas de combate
de sauveiros no sopé da barragem.
às formigas cortadeiras, mas devido
Devido à grande movimentação de
à complexidade da colônia, o grande
terra proporcionada pelas formigas,
número de indivíduos e também ao
ocorreu o abalo da estrutura que
tamanho do ninho, nem todos esses
acabou por destruir a represa.
métodos são aplicáveis ou viáveis
Há também o registro de afun-
economicamente. Entre os princi-
damento de estradas devido à pre-
pais métodos de controle podemos
sença de formigueiros instalados em
citar o controle biológico, mecânico,
suas margens. Observou-se que com
cultural e químico. O controle mecâ-
o tempo, a colônia foi avançando em
nico manual praticamente não é uti-
direção da estrada e com o peso dos
lizado, em virtude de ser de viabilida-
Figura 6. Inicio de desabamento na mar- veículos que passavam a estrada veio
de restrita a pequenas áreas e ninhos
gem de estrada rural observa- a ceder (Figura 6).
do em Arapoti-PR. com até 4 meses de idade.
Um acidente pouco comum,
mas já observado em reflorestamen-
tos e também em algumas lavouras
é o tombamento de máquinas ao Biológico Natural
passarem sobre sauveiros. Em reflo-
restamentos adultos, principalmente Existe um grande número de
de Pinus, devido ao grande acumulo inimigos naturais que atacam as for-
de folhas sob a superfície os formi- migas, principalmente nesta fase ini-
gueiros ficam encobertos e, por oca- cial de estabelecimento da colônia,
sião da colheita, onde o tráfego de onde a rainha é extremamente vul-
máquinas pesadas é intenso, obser- nerável. Além disso, há muitas outras
vou-se que ao passar por cima de um espécies que atacam formigueiros
desses ninhos, devido ao seu grande tanto internamente como externa-
peso, o chão veio a ceder, ocasionan- mente, independente da idade do
do o tombamento da máquina. ninho.

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Na lista de inimigos naturais controle efetuado pelas espécies de os resultados ainda não são conclusi-
das formigas cortadeiras podemos formigas-correição, que podem des- vos. Em algumas florestas de Eucalyp-
citar as aves, principalmente durante truir uma colônia adulta com uma tus grandis, resultados promissores
a revoada, alguns mamíferos, como única investida. foram obtidos com a utilização de
tatus e tamanduás, que atacam co- A melhor eficiência de contro- B. bassiana, em iscas, para controle
lônias já estabelecidas, aranhas, la- le obtida pelos inimigos naturais é de Acromyrmex spp apenas. No en-
gartos, sapos, algumas espécies de durante a revoada, onde as futuras tanto, o controle biológico microbia-
besouros (Canthon spp., Taeniolobus rainhas estão expostas e muito vul- no de formigas cortadeiras tem sido
spp.), outras formigas, como a lava- neráveis. Associado a condições cli- questionado devido ao fato destes
pés, bandeirante, correição e cuiaba- máticas adversas no início do estabe- insetos sociais reconhecerem agen-
na, e algumas espécies de mosca da lecimento do formigueiro a taxa de tes patogênicos e emitirem reações
família Phoridae. sucesso na fundação de uma nova comportamentais de defesa, além de
O grande problema na eficiên- colônia é de apenas 0,5%. Isso tam- possuírem estratégias de defesa con-
cia no controle proporcionado pelos bém nos leva a importância de matas tra parasitas e patógenos, de caráter
inimigos naturais consiste na irre- ao redor das culturas e da presença morfológico, mecânico ou bioquími-
gularidade de dispersão, alguns só e manutenção do sub-bosque em co.
atuam em períodos de tempo muito reflorestamentos, que atuam como Também há relatos de parasitis-
restrito, outros, por vezes, preferem abrigos para grande parte destes mo por nematóides, sendo estudadas
atacar outras espécies em detrimen- inimigos naturais, contribuindo para inclusive formulações para aplicação
to das formigas cortadeiras. Mesmo que permaneçam no local. de larvas infectivas de Steinernema
assim, são importantíssimos na ma- Entre os insetos, além do des- carpocapsae em colônias de formigas
nutenção do equilíbrio de popula- taque para algumas espécies de for- cortadeiras. Os autores constataram
ções no meio natural. migas, merecem atenção as espé- que as formigas fazem o descarte
Os insetos parasitas, como as cies de coleópteros Canthon virens de fungo e de formigas doentes, na
larvas das moscas que parasitam as e Canthon dives, por se tratarem de tentativa de isolar os nematóides no
operárias, possuem um índice de efi- predadores específicos de rainhas de lixo, embora tenha ocorrido mortali-
ciência muito baixo devido a orga- saúvas. dade de indivíduos das castas e redu-
nização da colônia e o cuidado que ção no volume do jardim de fungo.
as formigas empenham em manter a Biológico aplicado
sanidade de seus indivíduos. As ope- Mecânico e cultural
rárias babás estão constantemente Controle biológico certamente
examinando e limpando as operárias é uma área promissora de pesquisa, O preparo do solo, através de
maiores, evitando assim que ocorra mas atualmente esta clara a necessi- aração e gradagem, é um dos prin-
uma infestação de parasitas no inte- dade de conhecimentos biológicos cipais métodos de combate às for-
rior do ninho. básicos para que estratégias de con- migas cortadeiras, principalmente
As espécies que desenvolveram trole para formigas cortadeiras pos- em canaviais e pastagens, contra
meios de invadir e capturar operárias sam ser de fato aplicadas. sauveiros jovens e quenquenzeiros.
na colônia são as que apresentam os Os principais agentes emprega- Um problema deste método é que se
melhores resultados, no entanto, o dos no controle biológico aplicado não conseguir eliminar a rainha, con-
controle só é eficiente se consegui- são os fungos entomopatogênicos. tinua ineficiente e acaba encobrindo
rem eliminar a rainha, caso contrá- No Brasil, a maioria dos estudos tem o ninho, dificultando sua localização
rio, a colônia se restabelece. Nessa sido realizada com Bauveria bassiana para um posterior controle químico.
categoria pode-se citar com sucesso e Metarhizium anisopliae, entretanto

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Em áreas sob sistema de semea- Comportamental colônia. Essa mudança ocorre de for-
dura direta sobre palha esta método ma gradual, utilizando novos túneis
é impraticável, obrigando os pro- Este tipo de controle ocorre abertos para essa finalidade, pois são
dutores a buscarem novas técnicas. naturalmente, porém, com uma fre- mais largos que os normais, permi-
Uma das alternativas encontradas foi qüência muito baixa, podendo ser tindo a passagem de ovos, larvas e a
a utilização de plantas tóxicas às for- atribuído a atividades extranormais esponja do fungo. Com o passar do
migas. num formigueiro. tempo nota-se uma redução nas ati-
Há muito tempo o gergelim (Se- Um destes comportamentos é vidades deste formigueiro, que são
samum indicum) foi indicado como a luta entre sauveiros, que pode du- totalmente transferidas para a nova
planta com propriedades sauvicidas, rar de horas a 30 dias. Geralmente o sede, cuja distância pode variar de
e trabalhos mais recentes têm ten- combate é iniciado quando duas tri- poucos a vários metros. Um fato re-
tado comprovar cientificamente os lhas se encontram. Milhares de ope- sultante dessa mudança de sede de
efeitos tóxicos desta planta. Em sau- rárias são deslocadas para o local, um formigueiro é a ocupação de um
veiros iniciais de Atta sexdens rubropi- onde a batalha é feroz, resultando formigueiro extinto ou abandonado,
losa, tratados com folhas de S. indi- na morte de grande parte das formi- reativando um formigueiro em que o
cum, verificou-se inicialmente, nítida gas de uma colônia. Esses combates controle já havia sido efetuado.
preferência pelas folhas de gergelim. ocorrem tanto entre formigas de es-
Posteriormente, esses formigueiros pécies diferentes como entre formi- Químico
sofreram uma diminuição gradual gas de mesma espécie.
no tamanho das esponjas de fungo, Observando este comporta- Métodos químicos para con-
decréscimo no número de operárias, mento, alguns agricultores, em áreas trole de formigas cortadeiras são os
desorganização generalizada do for- com elevada infestação, removeram, mais freqüentemente utilizados, sen-
migueiro e, conseqüentemente, sua com auxilio de um pá, um pouco de do o produto químico tóxico apli-
extinção. Entretanto, quando se ten- terra de um formigueiro e lançaram cado diretamente nos ninhos, nas
tou utilizar o gergelim como cultura sobre um outro formigueiro próxi- formulações pó, líquida ou líquidos
armadilha, plantando-se esta planta mo. Devido aos feromônios da colô- nebulizáveis, ou apresentado na for-
entre fileiras de árvores, os resultados nia presente na terra do formigueiro, ma de iscas granuladas, aplicadas
não foram promissores. imediatamente as operárias reagiram nas proximidades das colônias.
Em reflorestamentos, hoje há ao odor estranho e iniciam um com- Basicamente todos os produtos
uma grande frente de pesquisa vol- bate que resultou na extinção das disponíveis no mercado para o con-
tada a descobrir clones ou linhagens duas colônias. trole de formigas cortadeiras estão
de árvores que apresentem tolerân- Outro comportamento extra- restritos aos seguintes ingredientes
cia ao corte. Em Eucalyptus já são normal e considerado negativo do ativos: sulfluramida, que apresenta o
conhecidas espécies como Eucalyp- ponto de vista do manejo dessas maior número de marcas comerciais;
tus maculata e Eucalyptus deanei que formigas é a mudança de sauveiros. clorpirifós, fipronil e deltametrina.
são resistentes ao forrageamento das Geralmente ocorre por intensa inter-
saúvas. Dentro dessas espécies há ferência do homem no ambiente em Formulações em pó seco
também clones com maior ou menor que as formigas estão, seja por cons-
grau dessa resistência, o que pode tante revolvimento do solo, seja pela Muito utilizados até meados de
ser muito útil na redução da popula- aplicação de inseticidas em quanti- 1950, os formicidas com este tipo de
ção dessas pragas. dade insuficiente para exterminar a formulação basicamente apresenta-

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vam ação de contato, e seus princí- Líquidos Um dos princípios ingredientes
pios ativos eram geralmente os clo- ativos e que apresenta melhor efici-
rados, como o aldrim e o heptacloro. Este tipo de formulação foi ência com este método de aplicação
Com a proibição do uso desses inse- pouco difundida entre os formicidas, é o clorpirifós, com controle de até
ticidas, novas alternativas foram bus- principalmente devido a baixa efici- 100% em formigueiros de Atta sp.,
cadas para substituir estes produtos ência dos produtos testados, além do tornando-se uma das principais al-
no mercado, utilizando ingredientes grande trabalho em ter que se per- ternativas no combate as formigas
ativos dos grupos dos fosforados, furar o solo para efetuar a aplicação atualmente, principalmente contra
carbamatos e piretróides. A aplica- e também da absorção do produto formigueiros muito grandes e áre-
ção destes produtos era feita com a pelo solo. Os princípios ativos utiliza- as extensas, onde o custo de outros
utilização de polvilhadeiras, utilizan- dos eram também os clorados. Mais métodos de controle se tornariam
do talco como veículo de aplicação. recentemente foi testado o princípio inviáveis.
Entretanto, o grande proble- ativo N-metilditiocarbamato de só-
ma dos inseticidas com este tipo de dio, um fumigante de solo que atua Iscas formicidas
formulação consiste na eficiência no como formicida, fungicida, nematici- granuladas
controle. A grande complexidade da e herbicida, entretanto, os resul-
dos ninhos, associada ao grande nú- tados obtidos com a utilização deste É atualmente o método de con-
mero de câmaras e túneis, impede produto são duvidosos, além do fato trole mais utilizado, seguro e com
que o inseticida atinja todos os pon- de que a quantidade de água neces- menores riscos ao operador e ao
tos da colônia, permitindo que as sária à aplicação deste produto pode ambiente, não exige equipamento
operárias consigam escapar, levando inviabilizar sua aplicação em áreas específico e permite o controle de
consigo ovos, larvas e o fungo, além extensas e em períodos de seca. formigueiros de difícil acesso, sen-
da rainha, fazendo com que em pou- do o mais empregado, tanto em
cos meses o formigueiro esteja ativo Termonebulização pequenas como em grandes áreas e
novamente. Atualmente, este tipo de nas mais diversas culturas. O uso de
controle só é utilizado em formiguei- É uma técnica que consiste na mão-de-obra é variável em função
ros de quenquéns pela sua estrutura atomização do ingrediente ativo, vei- do tamanho da área a ser tratada e
relativamente simples. culado através de óleos, por meio do o custo por sauveiro é relativamente
calor, sendo a aplicação feita direta- baixo.
Gases fumigantes mente nos orifícios. Basicamente compreendem
Forma pioneira de controle de A termonebulização é muito um substrato atrativo em mistura
formigas cortadeiras, sendo que os utilizada no combate a sauveiros com um princípio ativo tóxico, em
primeiros produtos utilizados eram adultos, principalmente nas etapas pellets. O inseticida é geralmente
a base de bissulfeto de carbono, de iniciais de controle nos processos de dissolvido em óleo de soja refinado
enxofre, arsênico e cianetos alcali- implantação de florestas cultivadas, e, posteriormente, incorporado ao
nos. Esses produtos eram eficazes apresenta alta eficiência, pois o pro- substrato. O substrato atrativo efeti-
no controle de formigas cortadei- duto é uniformemente distribuído vo e amplamente utilizado é a polpa
ras, contudo apresentavam elevado para um grande número de câma- cítrica desidratada, particularmente
custo, exigiam mão-de-obra espe- ras do formigueiro, não depende do aquela derivada de laranja, pois exer-
cializada para aplicação, e acima de carregamento por parte das operá- ce grande atratividade às formigas,
tudo, eram de alta periculosidade rias, pode ser realizada em qualquer principalmente as que cortam prefe-
ao aplicador, sendo sua aplicação época do ano, inclusive em períodos rencialmente dicotiledôneas.
geralmente restrita a situações que chuvosos ou em solos encharcados, O inseticida formulado em isca
exigem interrupção imediata da ati- não requer preparo nem medição tóxica deve agir por ingestão e apre-
vidade de corte das folhas. dos formigueiros antes de se iniciar sentar algumas características par-
Estes produtos não precisavam a aplicação do produto e a atividade ticulares, dentre elas a ação tóxica
de parelhos específicos para sua apli- do formigueiro é interrompida em retardada, com mortalidade menor
cação, bastando a simples utilização poucos dias. que 15% após o primeiro dia e maior
de um funil para colocação do líqui- Um dos problemas deste mé- que 85% após o décimo quarto dia
do nos olheiros e ao entrarem em todo é o alto custo operacional, em a partir do oferecimento das iscas,
contato com o ar, transformavam-se função do custo de produtos com deve ser letal em baixas concentra-
em gases, que rapidamente se espa- formulação própria para termonebu- ções, e não causar danos ambientais,
lhava por todo o formigueiro. Apesar lização, ao treinamento exigido dos além de inodoro e não repelente.
da praticidade, a exposição do ope- aplicadores, dos equipamentos de Na maioria das vezes há pouco
rador aos vapores desses produtos segurança e manutenção do apare- contato da operária que transporta
era constante, por isso, foram bani- lho de termonebulização. a isca com o princípio ativo da mes-
dos do mercado.
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ma, permitindo assim que o produto ra. Estas constatações têm desperta- trilhas, além de proteger a isca dos
chegue em quantidades suficientes do o interesse de pesquisadores em efeitos do ambiente, principalmente
às panelas de fungos. É nessas pane- melhorar a atratividade de iscas tó- umidade.
las que o processo de intoxicação se xicas, através da utilização de outros O uso de iscas formicidas tem
inicia, onde, num primeiro momento materiais como substrato, tais como aumentado consideravelmente, prin-
ocorre a manipulação das iscas pelas vermiculita, polestireno, polímeros, cipalmente em função da expansão
formigas jardineiras. Essas formigas produtos gelatinosos, poliuretano, das áreas florestais e de semeadura
quebram a isca em pedaços menores entre outros, ou através da adição de direta sob palhada, e podem ser uti-
e os espalham pela esponja de fungo feromônios ou extratos de glândulas lizados de forma preventiva, sendo
onde os pequenos fragmentos são feromonais de formigas. aplicados na área sistematicamente
hidratados pelas secreções dessas O tamanho da isca também antes de se detectar a presença das
operárias. A partir deste momento o pode interferir negativamente na formigas, e também de forma cura-
princípio ativo da isca torna-se real- aceitação e carregamento da mes- tiva, sendo sua aplicação localiza-
mente efetivo, iniciando a intoxica- ma. As espécies de saúvas são bem da, junto às trilhas dos formigueiros
ção das operárias jardineiras. Essas maiores que as quenquéns, portan- grandes.
mesmas operárias, antes de morre- to, a granulometria deve ser adequa-
rem ainda passam o ingrediente ati- da para que haja uma maior eficiên- Conclusões
vo da isca para as operárias maiores cia no controle.
através do processo de trofalaxia, Devido a facilidade de carrega- Apesar da impossibilidade de
causando grande mortalidade de mento destas iscas tóxicas, surgiu a mensuração precisa das perdas cau-
formigas na colônia. Se a rainha não necessidade de se desenvolver mé- sadas pelas formigas cortadeiras é
conseguir repor em tempo as ope- todos que evitassem que animais sil- fato que essas perdas ocorrem, em
rárias mortas, o restante da colônia vestres pudessem entrar em contato maior ou menor grau dependendo
passa a morrer de fome, uma vez com este material. Para tal finalida- da cultura considerada.
que o processo de alimentação da de foi desenvolvido o porta-iscas, e Para se obter um controle mais
colônia é feito pelas jardineiras. mais recentemente o micro-porta- eficiente sobre estas formigas, visan-
Um fator extremamente impor- iscas (MIPs), de modo que somente do reduzir seu potencial de dano, é
tante para o funcionamento satisfa- as formigas tenham acesso à isca, imprescindível que as decisões toma-
tório da isca formicida é o atrativo evitando-se assim contaminações das quanto ao método, à época e a
empregado. Diversos são os relatos de animais não alvos. O uso de MIPs localização do controle, sejam basea-
de devolução e/ou não carregamen- está bastante difundido atualmente das no máximo possível de informa-
to de iscas, provavelmente relaciona- devido a sua praticidade, pois não ções científicas pertinentes e que as
dos à baixa atratividade do substra- necessita sua instalação a campo técnicas utilizadas estejam de acordo
to polpa cítrica, especialmente para como no caso do porta-iscas, bastan- com a biologia e hábitos comporta-
formigas cortadoras de gramíneas, do ser lançado nas proximidades das mentais destas espécies. n
como Atta bisphaerica e Atta capigua-

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