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Casos de preconceito contra atletas cresceram 40% nos

estádios brasileiros em 2022


Observatório de Discriminação Racial no Futebol verificou aumento nas situações
de racismo em comparação com 2021; ofensas homofóbicas dispararam ainda mais.
Por Bom Dia Brasil
23/05/2023 09h00

O caso Vinícius Junior acendeu um alerta em praticamente todo o mundo contra


manifestações de preconceito contra atletas nos campos de futebol. No entanto, as ofensas
não ocorrem apenas na Europa, mas também no Brasil - e têm aumentado nos últimos
anos. Além disso, não se tratam apenas de racismo, mas também de homofobia.
Segundo um levantamento do Observatório da Discriminação Racial do Futebol,
o Brasil viveu um aumento no número de ocorrências de racismo no ano passado. Em
2021, o Observatório registrou 64 situações de racismo. Já em 2022, foram comprovadas
90 situações – um aumento de 40%. A alta se dá porque os atletas têm tomado consciência
da necessidade de se fazer denúncias contra as ofensas.
“O jogador de futebol compreendeu que aquilo que acontece em campo, que ele
dizia que deveria morrer em campo, ele já entende que isso é crime, que o racismo é
crime, não pode morrer em campo e precisa ser denunciado”, diz Marcelo Carvalho,
diretor-executivo do Observatório.
Já o coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ, em parceria com a CBF, afirma
que episódios de homofobia passaram de 42 em 2021 para 74 em 2022 – um crescimento
de 76%. Algo que tanto quem está em campo como quem vai ao estádio sente na pele.
“Muitos deixaram de jogar muito tempo atrás justamente por causa com esse
preconceito. Então a gente tentou mostrar para eles que não era essa barreira que impedia.
Mostrar que a qualidade técnica, técnica não tem a ver com a orientação sexual deles”,
argumenta Bruno do Carmo, presidente do Alligaytors – time formado por homossexuais.
Renato Mello, atleta do Alligaytors, também pensa em quem está na arquibancada
e é obrigado a ouvir ofensas homofóbicas.
“A gente vai ao estádio com receio. Mesmo eu, por exemplo, que não sou
afeminado. Mas há aquele receio de ‘vou ao estádio, como será que vou ser tratado?’.
Como é que vai ser o olhar das outras pessoas para comigo? Então é complicado sim, tem
esse receio”, admite.
O goleiro Aranha sofreu racismo durante uma partida do Santos, equipe que
defendia, e o Grêmio na casa do adversário na Copa do Brasil de 2014. E naturalmente,
ele nunca esqueceu o episódio. Agora, acompanha o caso de Vini Jr. triste com o ocorrido.
“Não é fácil. Eu acompanho tudo isso com muita tristeza. Mas não é nenhuma
novidade para as pessoas negras que estão mais atentas ao caso, mais atentas a toda essa
situação que o racismo provoca. Talvez seja uma novidade para muitas pessoas, porque
muita, muita, muita gente ainda se nega a acreditar que o racismo é real, que ele existe,
que ele afeta, que ele prejudica as pessoas”, lamenta.
Aranha, no entanto, acredita que as manifestações de apoio a Vini Jr. e a outras
pessoas que sofrem racismo não são suficientes para conter mais atos racistas nos campos.
“Muitas vezes a gente fica só nas palavras e acaba não tendo uma atitude. Tapinha
nas costas, uma palavra de apoio, isso é muito fácil. A história do brasil mostra muito
disso: o Brasil é um país em que todo mundo conhece um racista, mas ninguém se declara
racista. Então é muito difícil quando a gente não vê atitudes reais”, define.

Fonte: https://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2023/05/23/casos-de-preconceito-
contra-atletas-cresceram-40percent-nos-estadios-brasileiros-em-2022.ghtml

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