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Trata-se apenas de uma ideia?

O fato de pessoas pensarem e olharem para outro e afirmar


em si mesmo que são melhores ou mais importante não trata-se apenas de uma ideia.
Existe um mal muito velho que se esconde em discurso de “pessoas de bem”, um mau
velho-novo, a xenofobia.

À xenofobia é um problema de todos nós, quando olhamos para a nosso sociedade e


vemos o quanto somos egoístas e preconceituosos com o outro é muito assustador, pensar
que alguém fala, “essa baianada, vem para a nossa terra fazer baderna e atrapalha a nossa
vida, aqui era tem tranquilo antes deles chegaram, agora temos que tomar muito cuidado,
não é como era antes”, esses pensamentos e palavras são ditas mesmo os dados
mostrando que sempre houve as mesmo coisas na qual critica os migrantes, pensar que
tem gente que fala isso sem saber que pessoas morrem por causa disto e justamente
motivado por diversas razões mas vou destacar apenas três, como política, social e racial..

1. POLÍTICA

Em meio a onda de comentários xenofóbicos direcionados ao povo nordestino na internet, o


presidente em gestão, em sua live de uma quarta-feira, associou a votação do candidato
oposto na “região d analfabetismo”. O ex-presidente ganhou em todos os estados do
Nordeste conquistando uma vantagem de 10,96% dos votos em relação ao atual presidente
e saiu vencedor em boa parte do Norte do país.

O largo placar com quase 13 milhões de votos nordestinos a favor do candidato do partido
oposto, logo deu lugar a comentários preconceituosos e ofensivos partindo de perfis
bolsonaristas nas redes sociais, depois do primeiro turno das eleições de 2022, mas o fato é
recorrente.

Em 2010 e 2014, a eleição de Dilma Rousseff (PT) foi o estopim das ofensas e
depreciações direcionadas ao povo do nordeste, em uma série de postagens, mesmo com a
ex-presidente tendo vencido a primeira eleição em estados como o Rio de Janeiro e em São
Paulo.

Os xingamentos continuaram em 2016, com as disputas políticas que resultaram no


impeachment de Dilma por supostamente fazer pedaladas fiscais, acusação a qual foi
absolvida pelo Tribunal Regional Federal da 2ª região em março de 2022. As provocações
contra os nordestinos ganharam força em 2018, quando Fernando Haddad (PT) conseguiu
levar as eleições para o segundo turno, contra Jair Bolsonaro, que acabou eleito presidente.

O aumento dos ataques em época de eleições foi constatado pela pesquisa da Safernet,
uma ONG de proteção dos Direitos Humanos no ambiente digital. Um dia após o pleito do
dia 2 de outubro, a Organização recebeu 348 denúncias de Xenofobia contra dez relatos do
dia anterior. Com relação ao mesmo período do ano passado, o crescimento é avassalador,
visto que a instituição só recebeu uma denúncia. O levantamento realizado no primeiro
semestre de 2022, apontam que as denúncias de crimes que envolvem discurso de ódio na
internet cresceram 67,5% no primeiro semestre de 2022 na comparação com o mesmo
período de 2021. Já em relação a 2017, 2018 apresentou um crescimento de 595,5% nos
registros. De 2019 para 2020, o aumento foi de 111,20%.
"O discurso de ódio se alimenta de preconceitos já enraizados no imaginário das pessoas.
A discriminação contra os nordestinos é uma das manifestações desse preconceito e a
gente percebe que as eleições funcionam como um gatilho. Isso é resultado da divisão
política do país. Os nordestinos acabam sendo alvo de ataques porque o país tem
realidades muito diferentes e isso se reflete nos resultados das urnas quando a gente ver
quais candidatos tiveram mais votos no nordeste e no sudeste. O melhor antídoto contra o
preconceito é informação e diálogo. Enquanto a gente não for capaz de escutar e
compreender a realidade de quem é diferente de nós, dificilmente vamos conseguir conviver
respeitando as diferenças".

Migração nordestina

“Eu vendo meu burro, meu jegue e o cavalo, nóis vamo a São Paulo, viver ou morrer”. O
verso da canção ‘A Triste Partida’ do poeta e repentista cearense Patativa do Assaré, ilustra
a realidade de milhares de migrantes nordestinos que deixaram sua terra natal em busca de
sobrevivência no sudeste do Brasil. A migração nordestina é um grande fator histórico para
o país. Para o professor da Universidade Federal do Ceará e doutor em história, Frederico
de Castro Neves, que estuda temas relacionados à seca, migração, movimentos e conflitos
sociais, é no final do século XIX que se estabelecem as diferenças regionais. Primeiro, entre
as regiões Norte e Sul. Depois, já no início do século XX, se forma a noção de Nordeste.

“O preconceito começa com a própria definição de nordestino, que tem a ver com a
formação da intelectualidade paulista nos anos de 1920, que estabelecia São Paulo como a
"locomotiva" do Brasil e as outras regiões como "vagões" a serem carregados pelo
desenvolvimento paulista. A reação veio com Gilberto Freyre, a partir de Recife, e a
definição do Nordeste como o "berço da nacionalidade". De qualquer maneira, o Nordeste
passou a ser definido como uma área pobre, agrícola, seca e mestiça. É, obviamente, uma
definição inteiramente arbitrária, mas que se firmou na cultura brasileira, tanto que hoje
falamos de "cultura nordestina" como se fosse um dado, uma coisa imemorial, que sempre
existiu”.

O preconceito contra o nordestino também pode ser analisado no contexto racial. A região
não sofreu colonialismo europeu, mantendo as características do seu povo que é negro,
pardo e indígena. Em um país, onde o branco é considerado descendente de europeu, as
diferenças se alargam ainda mais, elevando o regionalismo nordestino a patamares que
colocam a região como uma ameaça à direita antidemocrática, pois os ataques sofridos
devem ter respostas nas urnas. Para o cientista político Cleiton Monte, as reiteradas falas
do atual presidente na época e seus eleitores contra a região podem resultar em um tiro no
pé.

A repercussão da fala do ex-presidente Bolsonaro foi muito negativa e estava mobilizando


os nordestinos das mais diferentes tendências e movimentando as famílias de nordestinos
que moram em outras regiões. Basta levar em consideração que o nordestino é o povo
brasileiro que mais migra e tem um percentual muito elevado de nordestinos em São Paulo
e Minas Gerais, por exemplo, e isso chocou muito. Foi exatamente isso que gerou uma
onda pró-Lula, reduzindo as abstenções, trazendo voto pro Lula e beneficiando diretamente
o candidato Lula, a
xenofobia é crime, previsto no artigo 140 do Código Penal.

2. SOCIAL

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