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Post #1
O Segredo da Maçonaria
Post #2
Do Meio-dia à Meia-noite: Zoroastro e o Ofício Maçônico
Post #3
Maçonaria Feminina
Post #4
Hiram: o Irmão Exaltado de Salomão
Post #5
A Coroa
Post #6
O Avental
Post #7
A Cabala e a Lenda de Hiram
Post #8
Do Ritual
Post #9
Tronco da Viúva
Post #10
A Simbologia da Franco-Maçonaria (Parte I)
Post #11
A Simbologia da Franco-Maçonaria (Parte II)
Post #12
A Simbologia da Franco-Maçonaria (Parte III)
Post #13
Filhos da Luz na Terra Santa: Os Maçons Fundadores da Moderna Israel
Post #14
Gays na Maçonaria
Post #15
A Geometria e o Número na Arte Real (Parte I)
Post #16
A Geometria e o Número na Arte Real (Parte II)
Post #17
O DNA Maçônico
Post #18
Considerações sobre o Rito Moderno ou Francês
Post #19
A incrível história de como os Cavaleiros Templários ‘inventaram’ os bancos
Post #20
O silêncio do maçom
Post #21
A Maçonaria e o legado dos alquimistas
Post #22
Arte Royal
Post #23
O silêncio, voz da Iniciação
Post #24
Em Busca de uma Tradição Inventada
Post #25
O Abrasivo que Afia o Cinzel
Post #26
A Estrela Flamígera
Post #27
A corda de 81 nós: uma visão operativa
Post #28
Procura-se
#1
O Segredo da Maçonaria
1 A Bíblia se refere aos três descendentes de Cain, Jubal, Jabel e Tubal-Cain como aqueles que iniciaram a
civilização nas técnicas da agricultura, pastoreio e metalurgia. 2 Conforme o ritual da Maçonaria. 3 Aqui se
encontra outra referência á Lenda de Hiram.
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#2
1 Aqui não se poderia deixar de mencionar a alusão à outra alegoria empregada pela Tradição Maçônica, o
sacrifício de Isaac por seu pai Abraão pelo mesmo motivo: Oferecer sua progênie em sacrifício para aplacar uma
demanda divina. 2 Para certos povos da Antiguidade, as cavernas eram os mais altos Templos, pois seriam
habitações “erigidas” de forma natural, ou seja, pela arquitetação Divina. 3 Aqui uma similitude mais pungente com
a Tradição Maçônica, especificamente com a própria Lenda do Assassinado de Hiram Abiff. Tanto Hiram quanto
Zoroastro teriam sido assassinado por traição de seus pares em um Templo. 4 Para a melhor análise do tema,
demandou-se uma tradução do texto zoroastriano denominado “Os Gathas”, cuja tradução e adaptação integral
encontram-se apensada a este trabalho. 5 Outra paridade entre as Tradições Maçônicas e Zoroastrianas, Zoroastro,
assim como os Maçons, também operava em uma fraternidade ou irmandade, denominada “A Irmandade dos
Magos” ou “A Assembleia dos Magos”. O termo “Mago” ou “Magi” (plural do termo persa magus, significando
tanto “imagem” quanto “[homem] sábio”, do verbo cuja raiz é meh, “grande”) é um termo usado desde o século IV
a.C. para denotar um seguidor de Zoroastro. O termo ainda denominaria um seguidor do que a civilização helenista
associava com o Zoroastro, o que, em suma, era a habilidade de ler as estrelas e manipular o destino que elas
previam. 6 Que como citado anteriormente era iniciado e iniciador na astronomia, além disso, outra evidência está na
forte associação dos seus seguidores (os magos) com a observação celeste.
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noite-zoroastro-e-o-oficio-maconico/
#3
Maçonaria Feminina
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#4
Por alguma razão, quando da construção do Templo, parece que esses dois arquitetos,
Absalão e Salomão, foram denominados de Hiram. Deste modo, Hiram (Absalão) foi
conhecido desde o nascimento, já que era o príncipe mais velho e herdeiro legítimo
do Rei Davi. Após um desentendimento com seu pai e a consequente morte de seu
irmão, Amom, Hiram (Absalão) ficou exilado em Gesur. Sendo príncipe, ele teria
(aprendido e) conquistado muitos dos altos cargos, inclusive os sacerdotais, incluindo
ai, possivelmente o título (e ofício) de Arquiteto Chefe.
Apesar de Absalão ter sido o príncipe regente e sucessor do trono quando da morte
do Rei Davi, decidiu organizar uma rebelião contra seu pai e há suspeita de que ele
possuía apoio político e militar. Os exércitos opositores encontraram-se no campo de
batalha e, durante ao combate subsequente, Absalão foi morto por três golpes na
cabeça, dados pelos três comandantes militares do Rei Davi, os chamados “Joabe”. O
corpo de Absalão foi jogado em um precipício e acobertado por pedras não sendo
descoberto por algum tempo.
Os segredos da astronomia, da alquimia, da geometria e da matemática não eram
dominados somente pelos artífices e juízes eclesiásticos, mas faziam parte também
das práticas reais da época. Conhecimento é poder e, assim como cita o verso do
Kebra Nagast, o Rei Salomão em particular vangloriava-se de seu grande
conhecimento, Salomão estava simplesmente seguindo os passos de seu irmão
assassinado Absalão?
O Irmão exaltado
A palavra “Abiff” que normalmente compõe o nome de Hiram quer dizer “Seu
Pai”, no entanto, é preciso lembrar que este termo possui um significado mais amplo
na língua hebraica, poderia dar a noção de mestre8, instrutor, conselheiro e talvez até
patrono9. Sugerindo que Hiram pudesse ser o instrutor de Salomão no ofício e/ou
patrono (e principiador) dos trabalhos no Templo, papel segundo esta abordagem bem
plausível para Absalão.
Apesar da palavra “Abiff” componente do nome “Hiram Abiff” ser constantemente
investigada, relativamente pouco se aborda quanto o próprio nome “Hiram”. Sabe-se
que há mais de um indivíduo na Bíblia portando este nome, que o mesmo figura sob
outras formas como Airam e Adoniram e que sua grafia correta seria Chiyram.
Alguns etimólogos afirmam que Chiyram procede de Chiyra “Família Nobre”,
outros que seria uma forma contraída de Achiyram “Meu Irmão é Exaltado” ou “Irmão
(o) Altivo”. De toda maneira, a Bíblia faz uso constante de adjetivismo10 nos nomes
de seus personagens (históricos ou não), assim Hiram alude à família, seja como
nobre ou exaltado, seriam os Hirans, familiares a Davi e Salomão? Talvez a
recorrência bíblica do termo “Hiram” como no caso dos “Joabes/Jubes” indicasse um
título, portado inclusive por Absalão?
Assim como ainda hoje é praticado, a forma de tratamento entre os membros da
maçonaria é “Irmão”, o maçom que atinge o Grau de Mestre no qual é encenada a
Lenda de Hiram passa por uma cerimônia chamada “Exaltação”, logo todo Mestre
Maçom é um “Irmão Exaltado”. Quem seria o familiar qual Salomão poderia se
referir como “Irmão Exaltado” ou “Hiram” no hebraico (que estava ou estivesse num
posto superior)? A resposta mais lógica seriaAbsalão, o último príncipe sucessor e
possível primeiro arquiteto do Templo.
Alias o próprio nome de ambos os filhos de Davi compartilham a mesma raiz
assim como os Hirans, o Ancião e o Jovem compartilham Chiyram. Salomão vem de
Shalomoh enquanto Absalão de Abshalom11, ambos oriundos da palavra hebraica
Shalom “Paz”12, tal similaridade se repetiria no possível título “Hiram” (Chiyram)?
Um elemento discrepante seria que Hiram, o Ancião era intitulado como o “Rei de
Tiro” e não como príncipe da corte e Davi, entretanto, o nome hebraico para Tiro é
“Tsor”, que também significa “rocha” ou “pedra”, “Melek Chiyram” é traduzido como
“Rei Hiram”, mas Melek também pode denotar príncipe. Ou seja, ao invés de “Rei de
Tiro”, seu título poderia muito bem ser “Príncipe da Pedra” em alusão a sua posição
de arquiteto13, o regente dos trabalhadores em pedra, também notando que o termo
“Príncipe”14 ainda hoje é o título de diversos Graus da Maçonaria Filosófica.
Mesmo na morte, Hiram pelo mistério de sua vida compele aos maçons a um
mistério, a busca da Palavra Perdida, mas na investigação de sua história se trilha por
com uma miríade interminável de fontes, autores, obras, fatos e suposições… Talvez
este seja justamente o objetivo d’A Lenda de Hiram. Compelir o Maçom a tanto
conhecimento quanto seja necessário para a busca da Verdade!
Em vida Absalão e Hiram seriam o mesmo indivíduo? Certamente sua morte nunca
responderá tal questão… Em vida, Hiram forjara Colunas de Bronze para a
sustentação do Templo Salomônico, com sua morte, forjou Colunas de Mistério para a
sustentação da Tradição Maçônica.
Curiosamente o local no qual a tradição israelita afirma que o corpo do filho mais
velho de Davi jaz é chamado de “Coluna de Absalão”15. Na Tradição Maçônica as
Colunas do Templo eram cavas16 a fim de no seu interior serem guardados os mais
valiosos mistérios, e na Coluna de Absalão haveria para os maçons algum Mistério
Perdido a ser encontrado?
Notas
1 Originalmente Joabe, Abisai e Itai. 2 Os “Joabes” ou “Juabes” poderiam ainda ser os subordinados do
comandante Joabe que o acompanharam na perseguição a Absalão, e que após ser este três vezes ferido, também o
golpearam. 3 Bíblia, 2 SM 20,3. 4 Bíblia, 2 SM 14,5. 5 Notadamente o sentido de “pai” no âmbito teológico da época
possuía um sentido muito mais amplo que o de “genitor”. Poderia indicar a noção de mestre, instrutor, conselheiro e
até patrono. 6 Josefo, Ant. 8,76. 7 Além desse “laço profético” entre Absalão e Urias (ou Ur-iah), em As Chaves
de Salomão: O Falcão de Sabá, Ralph Ellis defende que Urias e Absalão seriam na realidade o mesmo indivíduo,
havendo na Bíblia uma repetição da mesma história só que em 2 diferentes versões. 8 E ainda como “Mestre
Apoiador” ou “Padrinho” que na maçonaria moderna quer dizer o maçom que escolhe e inicia um profano e
consequentemente fica incumbido de instruí-lo já como (Irmão) Aprendiz Maçom. 9 Padroeiro; Defensor de causa
ou ideia; Pessoa já falecida, de reconhecido valor no campo das Artes, das Letras ou da Ciência; Figura militar ou
civil de grande vulto, já falecida, escolhida como protetora de cada uma das forças armadas, unidade militar etc. 10
Recurso literário onde o nome de determinado elemento ou personagem de uma narrativa alude a sua natureza ou
principal característica. 11 Além disso, Absalão e Abiff também partilham de uma raiz, “AB”, que significa pai. 12
Nos Templos Maçônicos (tidos como uma representação do universo pelos Maçons) encontramos 02 colunas
possivelmente descendentes das colunas dos reinos unificados do Alto e Baixo Egito (também tido como uma
representação do universo pelos Egípcios) quais haviam derivado alegoricamente até aos israelitas como as
legendárias Boaz e Jaquim. Estas colunas haviam adornado o portão do Templo de Salomão. Para esses israelitas
ancestrais, as colunas representavam tanto o poder real “Mishpat” quanto poder sacerdotal “Tzedek”, e quando
unidas suportavam o grande arco do Céu, cuja pedra-chave era a terceira grande palavra de seu anseio, “Shalom”
que significa “Paz” e de onde advém o nome do Rei Salomão (Shalomoh). 13 Arquiteto vem do grego “Architekton”
que significa “mestre construtor”. 14 16º Príncipe de Jerusalém, 20º Soberano Príncipe da Maçonaria, 22º Príncipe
do Líbano, 24º Príncipe do Tabernáculo, 26º Príncipe da Mercê, 28º Príncipe Adepto e 32º Soberano Príncipe da
Maçonaria. 15 Ou “Pilar de Absalão”. “Ora, Absalão, quando ainda vivia, tinha tomado e levantado para si uma
coluna, que está no vale do rei, porque dizia: Filho nenhum tenho para conservar a memória do meu nome. E chamou
aquela coluna pelo seu próprio nome; por isso até ao dia de hoje se chama o Pilar de Absalão.” – 2 SM 18:18. Sua
construção foi posteriormente re-datada por alguns arqueólogos para os primeiros séculos depois de Cristo, mas isso
não impediria que o sítio já tivesse sido explorado previamente como o objetivo de sepulcro. 16 A preservação do
conhecimento em colunas dentro da Tradição Maçônica (e na israelita) é farta. Tal costume seria iniciado por Seth
(filhos de Adão) e perpetuado pelos filhos da Lameque (Jubal, Jabal, Tubalcaim e Naamá) e Enoque.
Referências e bibliografia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Graus_ma%C3%A7%C3%B4nicos
http://www.behindthename.com/name/hiram/comments
As Chaves de Salomão: O Falcão de Sabá. Ralph Ellis.
A Chave de Hiram. Christopher Knight e Robert Lomas.
Mística Judaica. Walter I. Rehfeld.
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de-salomao/
#5
A Coroa
Autor: Charles Evaldo Boller In: Revista A Trolha Fonte: O Ponto Dentro do
Círculo
Quando o Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito passa ao Grau de Mestre, todos
os seus Irmãos, independente de Grau, identificam-no por um sinal visível externo; é
um Chapéu, que simbolicamente representa uma coroa.
Esta coroa une o que está debaixo dela, o homem, com o que está acima, o divino,
servindo de limite entre quem a carrega com sua componente transcendental. E através
desta coroa que o Mestre Maçom alcança decisões racionais que estão muito acima
da escravidão sensorial. Esta conexão propicia capacidades que vão além do simples
pensar. Se persistir, for dedicado e estudar, este homem será capaz de desenvolver
potencialidades elevadas até então desconhecidas para ele.
A coroa do Mestre Maçom sobre sua cabeça é um Chapéu de feltro de abas moles
e caídas, sem o qual ele não comparece em Câmara do Meio. Quando em Sessões de
outros Graus é como se esta coroa ali estivesse, pois dentro do Templo, em Loja
constituída, é o local onde ele desenvolve sua capacidade de discernimento e visão
equilibrada, objetivo de todo Maçom que escala a escada de Jacó. O chapéu faz de
sua aparência uma pessoa eminente, um Venerável Mestre, à semelhança do monge da
Idade Média que dirigia construções feitas em pedra. Por terminar em forma de domo,
o chapéu afirma uma soberania absoluta sobre si e confirma que ele continua
desenvolvendo em sua caminhada de Aprendiz. Ao elevar-se acima da cabeça, o
Chapéu é insígnia de poder e luz, significando conhecimento. Comparar o Chapéu a
uma coroa é dar a este o significado de uma capacidade sobre-humana, transcendente.
Este paramento simboliza a obliteração do mundo material e concentra
simbolicamente capacidades na solução de problemas da humanidade, é o persistir na
tarefa de desbastar a Pedra Bruta.
A coroa é como uma antena que simbolicamente se conecta a outra dimensão, uma
potencialidade construída na mente. Em sendo negro, sabe-se pelas leis da física que
esta ausência de cor absorve todos os comprimentos de onda do espectro da luz
visível e invisível aos olhos materiais. Isto permite especular que até linhas de
campos de força e outras manifestações energéticas mais sutis podem ser atraídas por
esta coroa. O chapéu do Mestre Maçom funciona assim qual antena que,
simbolicamente, o conecta com aquilo que lhe propicia o sopro de vida e que o faz
igual a todos os seres viventes da biosfera. Ciente de sua relação com o resto das
formas de vida, em suas mais diversas constituições e aparências, o Mestre Maçom se
integra com a natureza e desenvolve o amor fraterno para com os seus iguais, para
com toda a vida espalhada pelo Universo, inclusive com outras possíveis biosferas de
galáxias diversas da que abriga o Sol.
E importante estar desperto e consciente que o Chapéu do Mestre Maçom é apenas
um paramento, um artefato material, um Símbolo; o que faz a diferença está debaixo
do chapéu, a cabeça, a capacidade intelectual do portador da coroa e o que este
intelecto constrói simbolicamente fora e acima do Chapéu. Ela constitui a recompensa
justa da prova que o Maçom faz ao longo da vida, por Edificar Templos à Virtude e
Cavar Masmorras ao Vício. Simboliza dignidade, poder, realeza, acesso a um nível
de forças superiores, sobrenaturais.
Exige-se esforço pessoal para superar, conhecer e mandar em si próprio, pois é
apenas sobre si mesmo que cada ser tem poder absoluto, incontestável. O iluminado
subjuga sua mente e corpo e, para progredir, bate implacavelmente nas nódoas que
levam ao vício e degradação. Mesmo que sucumba diante da tentação, o simbolismo
do Chapéu o fará voltar para a linha reta que conduz ao Oriente, em direção à luz, ao
conhecimento, à sabedoria.
O Chapéu representa o verdadeiro poder que está dentro de si, a inclinação interna
positiva, o coração que ama fraternalmente, tudo em resultado da capacidade de
pensar, afiada constantemente por leitura, estudo e meditação. O Mestre Maçom tem o
ministério de ensinar Aprendizes, Companheiros e outros Mestres Maçons. Aquele
Mestre Maçom que desta obrigação se esquiva não é merecedor da coroa. O Irmão
que se desenvolveu em sapiência, aprendeu na prática que, ao ensinar outros, o seu
próprio conhecimento fixa-se mais, os conceitos e princípios morais que despertam
em sua mente agarram-se mais firmemente ao coração e à memória. Na sua missão de
ensinar deve constantemente provocar, instigar, distribuir os seus pensamentos em
palavras e participar de forma proativa, conciliadora e entusiasta de todos os debates
com temas com os quais a Maçonaria, nos diversos Graus, o provoca.
Debaixo do Chapéu, o Mestre Maçom ouve atentamente as peças de arquitetura,
oratórias e discussões de temas com os quais os Irmãos se presenteiam e provocam. É
o Chapéu que o freia prudentemente em todas as ocasiões em que fica ordeiramente
esperando os outros Irmãos falarem. E nestas ocasiões que treina a arte de ouvir do
líder. Debaixo do chapéu ele fica concentrado, calado, ouvindo e anotando o que os
outros Irmãos dizem. Depois ele analisa e absorve o que está ao seu alcance para
suprir seu autoconhecimento, monta estratégias e colabora empaticamente no tema
com seu parecer, postura e comentário. E ao auxiliar a assembleia de Irmãos com a
força do seu pensamento, transmitido por sua capacidade de oratória, além de ajudar
aos outros, ele ajuda principalmente a si próprio. Servir no ensinar não é apenas mais
uma razão para tornar-se merecedor do prêmio, a coroa que está sobre sua cabeça, o
Símbolo do seu poder, é a principal razão de ele lecionar na escola de conhecimento
da Maçonaria. Não existe magia ou mistério; é o servir e a presença constante no
grupo que lhe dá poderes que ele nunca imaginava existirem. E este é um poder
natural que ninguém usurpa.
O Chapéu representa uma estrutura educacional apoiada em Três Pontos: racional,
emocional e espiritual; um apoia o outro, formando um tripé. E do equilíbrio
propiciado pelo que simboliza o Chapéu que desabrocha a pessoa completa. Esta
educação e o condicionamento elevam o portador do Chapéu à realeza dos Iniciados
nos diversos Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, onde é livre para pensar e
ajudar seus Irmãos através de uma razão esclarecida. E pelo estudo diligente, pelo
treinamento dos sentidos, pela convivência constante que ele atinge o ideal, e este lhe
confere realeza, da qual o Chapéu, apesar de sua aparência grosseira, é o Símbolo
mais expressivo. Debaixo do Chapéu é a maneira mais nobre de viver o amor
fraterno, a única ação capaz de salvar a humanidade de um existir miserável. Debaixo
do Chapéu aflora a capacidade de ouvir, ensinar e treinar em Loja, o que faz do
Mestre Maçom um líder natural.
Primeiro é importante cuidar de si, porque quem não estiver forte, como ajudará
aos outros? Quem não se ama como amará ao próximo? Na relação com outros e
consigo mesmo desenvolve a capacidade de tornar-se o amigo sincero e serve ao
Irmão no que deve ser feito e não no que aquele deseja; o contrário seria escravidão.
E servindo que aflora o líder. Amor fraterno é ação, não sentimento. O Mestre Maçom
que desonra o Chapéu e trata seus Irmãos de forma infame e autoritária, suas ações
podem até estar alicerçadas na lei escrita em papel, mas ele não é um líder nato, é um
tirano. O líder natural é semelhante ao poder que tem uma mãe sobre seus filhos, ela
não precisa impor sua vontade e apenas faz o que deve ser feito para seus rebentos;
ela é o melhor exemplo do líder natural. A mãe que tem necessidade de usar do
chicote para dirigir sua casa já não tem mais capacidade de liderança natural e exerce
poder despótico. O Mestre Maçom que alcança este Grau de entendimento e
perfeição, em sua capacidade de liderança, tem no seu Chapéu a representação
simbólica do poder que ele exerce sobre a comunidade.
Ele serve ao Irmão não porque aquele é Maçom e o juramento o exige, mas porque
ele próprio é Maçom e depende igualmente dos confrades. O Chapéu representa a
capacidade de liderança, é o Símbolo da autoridade que não outorga poder de
comando sobre os outros, pois ele próprio fica sujeito a Obediências que lhe são
impostas. O Chapéu traduz a perfeita igualdade que deve pairar entre seus pares.
Mas como falar em igualdade nos diversos Graus entre pessoas desiguais? Todos
são iguais quanto à essência, por estarem providos do mesmo sopro de vida. Na
Maçonaria, quanto mais o Maçom cresce, mais ele se conscientiza que deve servir
aos que estão degraus mais baixos da simbólica escada de Jacó. E o exercício da
humildade que lhe dá o devido valor, e é transmitida pela rota, mole e disforme coroa,
confeccionada a partir de um tecido ordinário. Ela poderia muito bem ser produzida
em aço e cravejada de joias preciosas, entretanto, de que vale um bem material que
pode ser subtraído pelo ladrão ou destruído pela ferrugem? As preciosidades estão
debaixo do Chapéu, na forma de pensamentos e ações, valores que ladrão algum
deseja e apenas a morte destrói.
O Chapéu induz seu portador a naturalmente usar do dever de governar de acordo
com a necessidade da coletividade. O Chapéu representa que seu usuário está
fortalecido e não se curva perante desmando, futilidade ou arbitrariedade. E o Chapéu
que impede aquele que o usa de transformar-se em déspota. Isto é muito bem retratado
quando em sua Loja o bom Mestre Maçom ouve e serve aos outros. E o Chapéu que
inspira o propiciar dos meios de concentrar forças para produzir os nobres e elevados
anseios dos Irmãos do Quadro.
Longe de exercer a autoridade emanada do Chapéu de forma cruenta, o humilde e
prudente Mestre Maçom torna-se líder natural. Ao obter poder servindo ao próximo,
ele já é parte da realeza que representa o seu Chapéu, e isto lhe dá a distinção de
participar da natureza celeste de seus dons sobre- -humanos, transcendentes. E do
Símbolo do Chapéu, do que está debaixo deste, que provém a ação e a capacidade de
influenciar os outros a fazerem o que precisam fazer para se tornarem felizes. E a
ação do amor em benefício da humanidade. E a ação de construir Templos à Virtude.
E a ação 4a vivência do amor fraterno debaixo da orientação dos eflúvios
provenientes da coroa, do poder que emana do Chapéu do Mestre Maçom servidor.
A sapiência é a busca das energias e coisas mais elevadas; algo bem diferente de
sabedoria. Enquanto a sabedoria pode ser confundida com prudência, pois diz
respeito apenas aos assuntos materiais e de como o homem age, a sapiência é muito
mais importante. A Maçonaria trabalha a sabedoria que leva à luz da sapiência. A
filosofia maçônica é sapiente. A Coluna da Sabedoria é a antena simbólica de onde
emana uma luz de modo que cada um que porta um reles chapéu mole, cada um a sua
maneira, desenvolve sua sapiência para as coisas mais elevadas. O Chapéu como
paramento, Símbolo que o Mestre Maçom usa qual coroa em câmara do meio, torna-o
igual aos demais, nivelando-o a todos os Irmãos Maçons espalhados pelo Universo,
para honra e à glória do Grande Arquiteto do Universo, de onde todos recebem a luz
da sapiência.
Bibliografia
BAYARD, Jean-Pierre. A Espiritualidade na Maçonaria: Da Ordem Iniciática
Tradicional às Obediências. Tradução: Julia Vidili. I a ed. São Paulo: Madras, 2004.
BENOÍT, Pierre; VAUX, Roland de. A Bíblia de Jerusalém, título original: La
Sainte Bible, tradução: Samuel Martins Barbosa. I a ed. São Paulo: Paulinas, 1973.
BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica: Segundo as Regras da Simbólica
Esotérica e Tradicional, título original: La Symbolique Maçonnique. Tradução:
Frederico Ozanam Pessoa de Barros. I a ed. São Paulo: Pensamento Cultrix, 1979.
FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria: Seus Mistérios,
seus Ritos, sua Filosofia, sua História. 4a ed. São Paulo: Pensamento Cultrix, 1989.
HUNTER, James C.. O Monge e o Executivo: Uma História Sobre a Essência
da Liderança, título original: The Servant, tradução: Maria da Conceição Fornos de
Magalhães. I a ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.
PARANÁ, Grande Loja do. Ritual do Grau de Mestre Maçom do Rito Escocês
Antigo e Aceito. I a ed. Grande Loja do Paraná. Curitiba, 2004.
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#6
O Avental
Dito isto, não devemos inferir, contudo, que o Avental tenha chegado até nós por meio
dessas fontes, embora, pelo que sabemos, os construtores primitivos possam ter sido
influenciados por esses antigos e universais costumes. O fato de os Maçons
Operativos usarem o Avental deve-se, ao que tudo indica, tão somente ao propósito
bastante prático de protegerem a sua roupa, como se torna necessário num trabalho tão
rude como o seu. O Avental era, indiscutivelmente, um artigo necessário no
equipamento de um trabalhador, como o foi demonstrado pelo Irm∴ W. H. Rylands,
que encontrou um contrato datando do ano de 1685, e pelo qual um Mestre obrigava-
se a suprir o seu Aprendiz com “suficiente, saudável e competente alimento, bebida,
alojamento e Aventais”.
Sendo o Avental parte tão destacada do costume do Maçom Operativo e parte tão
constante de seu equipamento, era inevitável que os Especulativos continuassem a
usá-lo, embora com propósitos simbólicos. O Irm∴ J. F. Crowe, que foi um dos
primeiros a realizar uma investigação científica e completa do assunto, diz que o mais
conhecido primitivo representante de tais aventais é aquele que se encontra “numa
gravura com o retrato de Anthony Sayer… É visível na ilustração somente a parte
superior, sendo a aba levantada, presumindo-se ser o avental constituído de uma pele
bastante comprida. O desenho seguinte encontra-se no frontispício do ‘Livro da
Constituição’, publicado em 1723, no qual um Irmão é representado entregando na
Loja um certo número de Aventais e de Luvas, parecendo o primeiro ter tamanho
considerável e cordões compridos” (A. Q. C., vol. 5, p. 29).
Na caricatura de Hogarth, chamada “Noite”, desenhada em 1737, as duas figuras
maçônicas assinaladas por Crowe em outro estudo (vide sua obra “Coisa que um
Maçom deveria saber”) “têm aventais que chegam aos tornozelos”. Entretanto, outras
ilustrações do mesmo período mostram aventais alcançando apenas o joelho, o que
assinala o começo do processo de encurtamento, e do decréscimo geral no tamanho,
assim como na alteração da forma, o que, finalmente, nos deu o Avental da nossa
época; desde então, esse vestuário já não serve mais como meio de proteção, tendo
sido encontrado um meio de adaptá-lo a uma maneira mais conveniente de vesti-lo, o
que não é incompatível com o seu significado maçônico original. Como foi sugerido
linhas atrás, o fato responsável pela presente forma do Avental é mero resultado de
determinadas circunstâncias, o que demonstra o quanto são infundadas as
interpretações baseadas na sua forma.
De acordo com os usos adotados nos EUA pelas Lojas simbólicas, o Avental
precisa ser de pele de cordeiro imaculada, tendo de 14 a 16 polegadas de
comprimento e de 12 a 14 polegadas de largura, com uma aba de 3 a 4 polegadas.
A Grande Loja da Inglaterra especifica que semelhante Avental destina-se ao
Primeiro Grau, precisando o Avental do Segundo Grau ter na base duas rosetas azuis
celeste, ao passo que o de Terceiro Grau deve ter a mais uma guarnição de fita da
largura de não mais de duas polegadas, “e uma roseta adicional na abeta caída, e
borlas de prata”. É permitido aos Grandes Oficiais o uso de outros ornamentos,
bordados, dourados, e, em vários casos, fitas de cor carmesim. É de toda evidência
que tais Aventais decorados são de origem recente. O Avental deve ser sempre
vestido fora do casaco.
O Distintivo do Maçom
“A espessa pele curtida, cingida em torno dele com correias, por onde quer que o
Construtor edifique, e onde, à tarde, prende a sua colher de pedreiro”, era, assim, a
parte mais notável do traje do Maçom Operativo, com ele associando-se na mente do
povo, pelo que, ao evoluir, tornou-se a sua insígnia; e sendo uma insígnia, qualquer
marca voluntariamente adotada como resultado de um costume estabelecido, uma
profissão, um emprego ou uma escola de opinião, pode por ela ser representada.
Por onde a insígnia do Maçom tornou-se uma marca? A sua história permite, por
certo, a qualquer um responder: é a marca do trabalho honrado e consciencioso, do
trabalho dedicado a criar, a construir, ao invés de destruir ou de demolir. Como tal, o
Avental do Maçom – por si mesmo símbolo da profunda modificação na atitude da
sociedade relativamente ao trabalho manual e intelectual, outrora desprezado pelos
grandes da Terra, e ao qual ela se tornou propícia – transformou-se na única insígnia
de uma vida honrada. Se os homens outrora se sentiam ufanos em usar uma espada,
enquanto abandonavam a servos e escravos os trabalhos da vida, se outrora títulos e
brasões eram procurados como emblemas de distinção, hoje, se a expressão figurada
nos for permitida, os homens mostram-se ansiosos por usar um Avental. É fora de
dúvida que o cavalheiro da época atual há de preferir salvar uma vida a ceifá-la. E há
de preferir, mil vezes, a glória do próprio aperfeiçoamento à glória de um título ou de
um nome. Na verdade, “a posição social mudou o lado da medalha, e a humanidade ao
homem, principalmente se for um homem capaz de realizar; e o verdadeiro rei
moderno, como sempre afirmara Carlyle, é o ‘homem que pode’”.
E se tudo isto constitui a mensagem do Avental, ninguém tem mais direito de usá-lo
do que o próprio Maçom, se ele for um verdadeiro membro da Ordem, visto ser ele
um Cavaleiro do trabalho, se é que semelhante título existiu alguma vez. Nem todo
trabalho, porém, se ocupa de objetos. Há o trabalho da mente e do espírito, muito
mais árduo amiúde, e bem mais difícil do que qualquer trabalho manual. Aquele que
dedicou os seus esforços a limpar os estábulos da Augias do mundo, aquele que se
dedicou a varrer o lixo que cobre os caminhos da vida, aquele que se dedicou a dar
forma às pedras de construção na confusa pedreira da humanidade, é digno, mais do
que qualquer outro homem, de usar a insígnia do trabalho.
Um Emblema da Inocência e do Sacrifício
Ao revestir o Aprendiz com o Avental, é costume dizer-lhe que é o emblema da
inocência. É duvidoso que alguma vez as Lojas operativas tivessem usado o Avental
com semelhante propósito simbólico, embora isto não fosse impossível no século
XVII, depois que os Especulativos começaram a ser recebidos em maior número. A
evidência indica, todavia, que esse simbolismo nasceu somente depois da criação da
Grande Loja de Londres. Foi a consequência direta do regulamento que dispõe que o
Avental deve ser confeccionado de uma pele de cordeiro branca, e foi então que os
Maçons começaram a ver na cor o emblema da inocência e, na sua contextura, uma
ideia do sacrifício.
Voltou-se com isso à linha das práticas antigas pelas quais o branco “foi
considerado um emblema da inocência e da pureza”. Entre os romanos, uma pessoa
acusada devia, em certas ocasiões, revestir-se de roupas brancas, a fim de atestar a
sua inocência, por ser o branco, conforme disse Cícero, “muito agradável aos
deuses”. O candidato aos Mistérios, e entre os próprios essênios, era revestido de
modo semelhante. O mesmo significado de pureza e de inocência é dado pela Bíblia,
embora nela exista a promessa de que, apesar das nossas culpas serem como o
escarlate, ele continuará branco assim como a neve.
Na primitiva Igreja cristã, os jovens catecúmenos (ou convertidos) vestiam-se de
branco, assinalando assim a sua decisão de abandonar o mundo e a sua determinação
de trilhar uma vida inocente. Mas não há necessidade de multiplicar exemplos, cada
um de nós sente instintivamente que o branco é mesmo o símbolo natural de inocência.
Ocorre-nos que “inocência” procede de uma palavra lembrando “não fazer mal”, o
que pode muito bem ser tomado como a sua definição maçônica, sendo evidente que
nenhum adulto poderá ser considerado inocente no mesmo sentido que uma criança,
isto é, ignorando o mal. A inocência do Maçom há de ser a sua brandura, a
cavalheiresca determinação que o anima a não praticar ato sem moral dirigido contra
quem quer que seja: homem, mulher ou criança; a sua paciente indulgência para com a
imperfeição e a ignorância humanas; o seu perdão cheio de caridade para com os seus
irmãos, quando estes, deliberada ou inconscientemente, lhe fazem mal; a sua
dedicação em favor de uma Cavalaria espiritual que exalte os valores e as virtudes da
humanidade, só através das quais um homem pode elevar-se acima do bruto, e o
mundo ser levado avante em seu caminho ascendente.
É no símbolo de sua contextura – pele de cordeiro – que, além disso, encontramos
no Avental o significado do sacrifício, simbolismo este que também se desenvolveu
por volta do ano de 1700. Acreditou-se, geralmente, até uma época recente, que os
Operativos usavam apenas aventais de couro, o que certamente aconteceu em épocas
muito primitivas. Crowe, entretanto, demonstrou que os registros da mais antiga Loja
apresentam a evidência de igual uso de linho:
Não se pode dizer, entretanto, que o Irm∴ Crowe tenha inteiramente provado a sua
alegação, visto que outras autoridades debatem ainda a questão, afirmando que os
construtores – que necessariamente manuseiam ásperas pedras e pesadas madeiras de
construção – precisavam de um tecido bem mais resistente que o linho ou o algodão.
De qualquer maneira, nestes dois séculos, a Fraternidade usou Aventais de couro,
embora muitas vezes, para os fins ordinários da Loja, fossem substituídos por tecido
de algodão. E não passa de um contrassenso – que foram buscar bem longe – ver-se
na pele de cordeiro uma alusão ao sacrifício do qual o cordeiro, por tanto tempo, tem
sido um emblema.
Mas que significado terá para nós a palavra sacrifício? Se tivéssemos de
responder completamente a esta pergunta teríamos de penetrar bem longe nos campos
da ética e da teologia. Entretanto, tendo em vista o objetivo que nos anima, neste
momento, podemos dizer que o sacrifício do Maçom é a alegre renúncia a tudo o que
nele possa haver de antimaçônico. Se for, por exemplo, demasiadamente altivo para
reunir-se com os outros sobre o Nível, teria oportunidade de deixar de lado o seu
orgulho; se ele for demasiadamente humilde para agir sobre o Esquadro, ele poderia
sobrepujar a humanidade; e se tivesse hábitos de corrupção, poderia abandoná-los,
senão o uso do Avental não passaria de fraude e de trapaça.
Com tão carregamento de simbolismo, o Avental pode ser justamente considerado
como o “mais antigo que o Velocino de Ouro ou a Águia romana, e mais honroso do
que a Estrela ou a Jarreteira”, por não serem estas insígnias mais do que invenções da
lisonja e distintivos de nomes completamente ocos.
O Velocino de Ouro foi uma ordem de Cavalaria fundada por Filipe, Duque de
Borgonha, em 1429 ou 1430. Como insígnia era usado um Carneiro de Ouro com uma
divisa inserida na joia, que dizia: “Opulência, não trabalho servil!” Os romanos de
antigamente usavam uma Águia em suas bandeiras para simbolizar magnanimidade,
fortaleza, “ligeireza” e coragem. A Ordem da Estrela teve origem na França, em 1350,
tendo sido fundada por João II, a fim de imitar a Ordem da Jarreteira; desta última
Ordem é difícil falar, visto ser a sua origem revestida de muita obscuridade e os
historiadores diferirem entre si; foi, porém, tão essencialmente aristocrática quanto
qualquer das outras.
Estes emblemas foram, em todo caso, um indício de aristocrática frivolidade e de
separação, precisamente o oposto do que simboliza o Avental; e a superioridade deste
último emblema sobre os primeiros é demasiadamente óbvia para merecer
comentários.
Baixe o PDF .
Permalink: https://dosalicerces.wordpress.com/2017/01/01/o-avental/
#7
Gênesis, 4:22. Robert Ambelain. Op. cit., p. 84-85. (carece de correção) O mito do sacrificado é uma tradição
cultivada por todos os povos antigos que desenvolveram religiões solares. O “sacrificado”, no caso, é o próprio sol,
que “morre” todos os dias e renasce no dia seguinte. E graças ao seu calor e sua luz, a vida na terra também têm os
seus ciclos regenerativos. Em função dessa crença, acreditava-se que todo período de tempo deveria ser agradecido
aos deuses através de um sacrifício de sangue, para que a terra prodigalizasse ao povo o benefício de grandes
colheitas. Essa era a crença que estava na raiz dos chamados Mistérios Antigos. De outra forma, todos os grandes
empreendimentos também tinham que ter um “sacrificado” para que essa obra fosse levada à bom termo. É também
originária dos cabalistas cainitas a exclamação Huzz, Huzz, Huzz, que no Rito Escocês costuma ser utilizada na
abertura e no encerramento dos trabalhos em Loja. Essa exclamação (aportuguesada para Huzé, Huzé, Huzé)
também era utilizada pelos Cavaleiros Templários, na recepção de seus grãos-mestres. A palavra é derivada do
hebraico hoschea, que significa libertador. Publicado pela Editora Madras, 2006. Atualmente está esgotado. Estamos
preparando uma segunda edição para 2017. A Bíblia também se refere à essa tradição quando fala nas belas filhas
dos homens, por quem os deuses se apaixonaram e geraram filhos, os audazes “nefilins”. A Franco-Maçonaria, op.
cit., p. 81-86. (carece de correção) Veja-se que na mitologia grega, o deus que cumpre esse papel, é Vulcano, tido
pelos gregos como o deus da forja, controlador do fogo. O arquétipo do deus Vulcano, que habita o interior da terra,
está conectado com tradições luciferinas. Pois o companheiro, na tradição da Maçonaria, é aquele que assassina o
Mestre Hiram para obter o segredo do grau de mestre. No Manuscrito Melrose nº 2 de 1674 e no Manuscrito Harris
de 1789. Reis 13-17. Os giblios, ou giblitas, eram os trabalhadores das pedreiras de Biblos, cidade fenícia que ficava
cerca de 120 quilômetros ao norte de Tiro. Essa cidade é conhecida hoje como Gebal. Nos Primeiros Catecismos
Maçônicos, os giblitas eram considerados como sendo os verdadeiros pedreiros, razão pela qual o Manuscrito
Wilkinson, uma Old Charge utilizada por algumas Lojas inglesas do inicio do século XVIII, continha o seguinte
trolhamento para o iniciando: “P. Qual é o nome do pedreiro?”. “R. Giblita”. Segundo Horne, essa palavra ainda hoje
é utilizada em cerimônias de iniciação em Lojas inglesas e americanas. Veja-se o relato bíblico em Juízes 11:30-31,
na qual o juiz Jefté sacrifica a própria filha em razão de um voto feito à Jeová. Reis I 8:5.
Baixe o PDF.
Permalink: https://dosalicerces.wordpress.com/2017/01/02/a-cabala-e-a-lenda-de-
hiram/
#8
Do Ritual
Tronco da Viúva
Notas
Instituições Particulares de Solidariedade Social. [Nota externa]
Baixe o PDF.
Permalink: https://dosalicerces.wordpress.com/2017/01/04/tronco-da-viuva/
#10
Notas
Aludindo a essa primordialidade, alguns textos maçônicos da Idade Média remontam a Maçonaria às próprias
origens da presente humanidade, quando se diz que: “Adão foi o primeiro iniciado maçom e o Paraíso a primeira
Grande Loja”. Parafraseando o que a respeito se menciona em alguns rituais ingleses, o simbolismo maçônico existe
from immemorial time, ou seja, desde tempos imemoriais… Denys Roman, René Guénon et les destins de la Franc-
Maçonnerie. Visita Interiora Terrae, Rectificando Invenies Occultum Lapidem (“Visita o interior da Terra,
retificando descobrirás a Pedra oculta”). É interessante comprovar que as raízes dos nomes de Hiram e Hermes,
HRM, são idênticas, o que nos leva a supor que existe entre ambos uma mesma função tradicional, ou uma mesma
energia espiritual adaptada a duas formas tradicionais ligadas à revelação dos mistérios cosmogônicos. O
monoteísmo hebraico se constitui a partir da confluência entre a tradição abraamita surgida da Caldeia (Abraão era
oriundo de Ur, na Caldeia) e uma corrente diretamente vinculada com a Tradição Primordial. Na Bíblia esta
conjunção está simbolizada pelo encontro acontecido entre Abraão e Melquisedeque, “sacerdote do Altíssimo e rei
de Salém” representante dessa corrente primordial.
Baixe o PDF. Leia também: A Simbologia da Franco-Maçonaria (Parte II) A Simbologia da Franco-
Maçonaria (Parte III)
Permalink: https://dosalicerces.wordpress.com/2017/01/05/a-simbologia-da-franco-
maconaria-parte-i/
#11
Notas
A palavra “sacrifício” procede do latim sacrum facere, um ato ou um fazer sagrado. Jean Tourniac, Vie et
perspectives de la Franc-maçonnerie Traditionnelle.
Autor: Francisco Ariza Tradução: Sérgio Koury Jerez Fonte: O Ponto Dentro do
Círculo
A Loja, Imagem do Mundo
Em primeiro lugar, prestemos atenção ao sentido etimológico da palavra Loja: ela
deriva de Logos, que é o Verbo ou Palavra, que emitida no mundo o resgata das trevas
e do caos, criando assim a possibilidade da manifestação e da ordem universal.
Igualmente, “Loja”, se não etimologicamente mas quanto a seu sentido simbólico, é
idêntica à palavra sânscrita loka, que quer dizer “mundo”, “lugar” e, por extensão,
“cosmos”. Por outro lado, também se dá uma identidade entre Loja, Logos e o grego
lyke, que significa “luz”.
Aqui temos, em resumo, o que distingue a Loja maçônica: um espaço iluminado,
mas iluminado interiormente graças à influência espiritual transmitida pela iniciação.
Daí que a Loja se assemelhe à “caverna iniciática”, termo que se utiliza em diversas
tradições para designar o que há de mais central e oculto no cosmos: seu próprio
coração. Como a caverna iniciática, ou o athanor hermético, a Loja permanece
protegida e a coberto do mundo profano e das “trevas exteriores”, que jamais
penetrarão nela porque na realidade se encontra situada em outro plano. Explicando
melhor: não se trata de um “lugar” no sentido literal, mas sim da consciência interna
onde habita o mistério da alma humana. Evidentemente existe uma Loja concreta e
física, que pode estar situada em qualquer rua de qualquer cidade de qualquer nação,
e que pode mudar de localização tantas vezes quanto se queira. O importante é que o
templo exterior simboliza com imagens mnemônicas e evocadoras nosso próprio
espaço e tempo interior. Além das aparências deve penetrar-se no que estas velam e
ocultam, pois do que se trata, realmente, é de conhecer o “Templo que não está feito
por mãos de homem”, como dissemos anteriormente.
A forma da Loja é a de um quadrado longo ou retângulo, cujo comprimento é o
dobro da largura. Tridimensionalmente seria um paralelepípedo, figura geométrica
que, para Platão, dava as proporções e relações harmônicas do universo. De fato, na
Loja maçônica se dão uma imensidão de correspondências simbólicas que tecem um
conjunto perfeitamente tramado onde é possível perceber a harmonia do mundo. Nada
neste templo é supérfluo nem foi posto por acaso, e cada símbolo ali presente, cada
palavra ou gesto emitido, está refletindo um matiz particular dessa harmonia.
Assinalaremos que o desenho da Loja maçônica parte da ideia diretriz marcada pelo
“número de ouro” ou “divina proporção”, regra que era utilizada pelos arquitetos
medievais. Este número determina, a partir de um ponto central que se expande em um
movimento logarítmico, as proporções harmônicas presentes em todos os organismos
vivos, quer se trate, por exemplo, da estrutura corporal do homem, de uma flor, do
caracol, da estrela do mar ou das espirais galáticas. Para os pitagóricos, o “número
de ouro” manifesta a inteligência criadora da Mônada ou Unidade, o Hieros Logos, ou
Grande Arquiteto, em sua ação, ou gesto, sobre a matéria caótica, plasmando-se nela
as ideias de simetria e ordem, equilíbrio e beleza.
Por tudo isso a Loja maçônica sintetiza a totalidade da vida universal, do cosmos
manifestado, até ser como a transfiguração qualitativa deste. É, pois, uma imagem do
mundo, uma Imago Mundi, um protótipo dele, reduzido à sua forma essencial. Nesse
sentido, poderia aplicar-se à Loja maçônica aquela frase inscrita no templo de
Ramsés II: “Este templo é como o céu em cada uma de suas dimensões e proporções”.
Por outro lado, a estrutura encompridada da Loja permite seguir o curso diurno do
sol, o astro que ilumina a terra partindo do Oriente para o Ocidente, passando pelo
Meio-dia ou Sul. Por tudo isso, e ao ser como uma imagem simbólica do universo, a
Loja está ordenada pelas direções do espaço, que surgidas simultaneamente pela
irradiação de um ponto central (o “Coração do Mundo”) gera um sistema de
coordenadas onde o alto, o baixo, o comprido e o largo formam a cruz de três
dimensões, outro esquema simbólico do cosmos.
Daí se deriva uma geometria espiritual bem conhecida pelos maçons operativos
que, aplicando-a na orientação e disposição dos edifícios sagrados, faziam com que
fossem penetrados pelos eflúvios e pelas forças mágicas da natureza e do cosmos. Do
espaço íntimo e oculto da gruta ou caverna onde nossos antepassados pré-históricos
oficiavam seus ritos e cultos sagrados, passando pela choça ou tenda ritual dos povos
nômades e os templos construídos de madeira, até, enfim, os monastérios e catedrais,
uma longa cadeia tradicional foi dando testemunho dessa vontade do homem por
enquadrar e delimitar determinados espaços “carregando-os” de significado
espiritual, de modo que refletissem na terra a própria ordem do céu.
Continuando com a descrição da Loja, observamos que no Oriente se acrescenta o
Devir, que no Templo de Jerusalém simbolizava o Sancto-Sanctorum ou “Santo dos
Santos”. O Devir tem forma de semicírculo, idêntico ao abside semicircular das
igrejas e catedrais cristãs, o mesmo que o mihrab das mesquitas muçulmanas. Tal
semicírculo é a projeção no plano horizontal terrestre da cúpula ou abóboda celeste.
Todo o espaço restante da Loja, que vai desde a porta de entrada até onde começa o
Devir, se denomina Hikal, que era o Sanctum ou “Santo” no Templo de Jerusalém. O
Hikal está separado do Devir por três degraus, que aludem aos três graus iniciáticos
de aprendiz, companheiro e mestre. Assim, pois, esses três degraus se referem à ideia
de elevação gradual e hierarquizada a outros planos ou níveis superiores de
realidade. De fato, no “Santo dos Santos” se depositava o que havia de mais sagrado
para o povo de Israel: a “Arca da Aliança”, pequeno receptáculo, em si mesmo um
modelo do cosmos, que “continha” os eflúvios e bendições emanados da divindade.
Da “Arca da Aliança”, como centro simbólico do mundo, espalhavam-se as bendições
em todas as direções do espaço, comunicando-as, além dos muros e paredes do
templo, para a cidade e o universo inteiro.
No lugar que aproximadamente corresponderia à “Arca da Aliança” está situado o
Altar ou Ara, coração da Loja onde incide o eixo vertical que comunica o céu à terra.
Também se chama “Altar dos juramentos”, porque sobre ele se realizam os
compromissos e “alianças” que o maçom contrai com a organização iniciática. Não
em vão, sobre o Altar se encontra a Bíblia, ou Livro da Lei Sagrada, aberta nos
versículos do livro dos Reis ou nas Crônicas, nos quais se mencionam a edificação e
as medidas exatas do Templo de Jerusalém, ainda que também possa ser aberta no
prólogo do Evangelho de São João, que começa com as palavras: “No Princípio era o
Verbo…”.
Os versículos do Antigo e do Novo Testamento se referem, pois, à construção do
templo material e do templo espiritual, respectivamente; o primeiro como reflexo ou
símbolo do segundo, pois existe antes que o próprio mundo, e nele residem
eternamente a sabedoria e a inteligência do Sumo Fazedor. Sobre a Bíblia se
depositam o compasso e esquadro, os dois emblemas maçônicos por excelência. Estas
são as ferramentas ou utensílios que simbolizam o céu e a terra. Com o compasso se
traça o círculo ou circunferência, figura geométrica que em todas as tradições é
considerada como uma imagem do céu e do celeste. Com o esquadro se traça o
quadrado, ou melhor, a cruz (que se forma pela união de dois esquadros unidos por
seus respectivos vértices), inseparáveis da ideia de quaternário; assim: os quatro
elementos, os quatro pontos cardeais, as quatro estações, os quatro períodos cíclicos
da humanidade, as quatro fases da lua, os quatro períodos da vida humana, etc., isto é,
tudo o que está relacionado com a terra e o terrestre. O compasso como “ciência do
céu” e o esquadro como “ciência da terra”, sintetizam os mistérios da cosmogonia,
que são também os mistérios do homem compreendidos em sua totalidade. Em uma
gravura hermética atribuída a Basílio Valentino aparece a figura do rebis ou
andrógino (união das energias contrárias numa só natureza ou substância) com um
compasso em sua mão direita e um esquadro na esquerda, simbolizando assim a união
do céu e da terra. Esta mesma representação iconográfica aparece em uma gravura
chinesa onde se vê a figura andrógina do imperador Fo-Hi e sua irmã Niu-Kua, o que
vem a confirmar a universalidade destes dois símbolos. A união entre o superior e o
inferior, entre o céu e a terra, é representada na Maçonaria pela superposição e
entrelaçamento do compasso e o esquadro, o primeiro com o vértice para cima e o
segundo para baixo, assemelhando-se à “estrela de Davi” ou “selo de Salomão”. Esta
complementariedade, que não obstante mantém uma ordem hierárquica, está
assinalada pela fórmula hermética de que “… o que está em cima (o macrocosmos) é
como o que está em baixo (o microcosmos) e o que está embaixo é como o que está
em cima”. Se a Bíblia, como livro sagrado, recolhe a revelação da Palavra, o
compasso e o esquadro são as ferramentas que servem para aplicar o conteúdo
espiritual dessa revelação na ordem da arquitetura. Bíblia, compasso e esquadro são
as “Três Grandes Luzes” da Maçonaria, porque no estudo, na meditação e no uso
ritual que delas se faz se vai iluminando a trilha que conduz ao Conhecimento.
Seguindo ainda para o Oriente, sobre a parede do fundo encontramos o Delta
luminoso com o Tetragrama ou nome inefável de Deus no centro. Este Delta é um
triângulo com o vértice para cima, figura que expressa a realidade dos princípios
universais, uma vez que é a primeira estrutura arquetípica que se expressa em todos
os planos da manifestação como uma força que cria, outra que conserva e uma terceira
que destrói, ou melhor, transforma. Estas três ideias-força surgem da unidade
primordial que fica simbolizada no Delta por um só olho que às vezes substitui ao
Tetragrama, mas que refere-se ao sentido de presença imutável da deidade no próprio
seio da manifestação. Ademais, a manifestação, da sua realidade mais sutil até a mais
densa e material, está simbolizada pelas quatro letras que compõe o Tetragrama: Iod,
He, Vau, He, correspondendo-se, cada uma delas, com os quatro níveis ou mundos
que constituem a existência universal, e que são os mesmos que se encontram na
Árvore da Vida cabalística. Neste nome divino fica, então, resumida a obra da
criação em seu conjunto, e seu conhecimento se vincula diretamente com a busca da
“Palavra Perdida”.
Mas o templo, e neste caso a Loja maçônica, não é só uma estrutura estática –
como tampouco o é o universo – mas dinâmica também, podendo ser visualizada
como uma roda, imagem da “roda do cosmos” ou Rota Mundi. Isso está
expressamente indicado pelas doze colunas ou pilares que cercam o recinto da Loja, e
que equivalem aos doze signos zodiacais. Seis destas colunas estão situadas no
Setentrião, e seis ao Meio-dia. Diremos que o zodíaco (que quer dizer precisamente
“roda da vida”) é como o marco do universo visível, e seu movimento cíclico, unido
ao dos planetas e demais constelações, influi na troca alternativa das estações e na
manutenção e renovação da vida do cosmos e do homem. Disso se deduz que a
Maçonaria não desconhece a antiga ciência da astrologia, que junto a da alquimia
revela também os mistérios do céu e da terra.
As colunas Jakin e Boaz se vinculam à simbologia dos dois solstícios, e portanto,
com as duas fases ascendente-descendente do ciclo anual. Elas se assemelham, assim,
aos dois São João, o Batista e o Evangelista e, em consequência, à “porta dos
homens” e à “porta dos deuses”, respectivamente. Estas são as portas zodiacais de
Câncer e Capricórnio, que correspondem à entrada do verão e do inverno, isto é, ao
descenso e à ascenso da luz solar. As portas solsticiais cumprem um papel muito
importante dentro do processo iniciático, que, não se deve esquecer, reproduz
exatamente as etapas do desenvolvimento cosmogônico. Para os pitagóricos, pela
porta de Câncer as almas penetram no “antro das ninfas”, que é o mesmo que a
caverna platônica, outra imagem do mundo. Ali se regeneram pelo conhecimento dos
“pequenos mistérios”. Pela porta dos deuses estas almas saem do cosmos para
participar dos “grandes mistérios”. Ou seja, a alma humana “… entra no mundo por
uma porta e sai por outra, e no ínterim – assinado pelo espaço e o tempo – tem a
oportunidade de reconhecer-se e escapar dessa condição pela identificação com
outros estados do ser universal, que pode vivenciar por meio da consciência
individual – semelhante à consciência universal – e que constituem a possibilidade da
regeneração particular – e também da universal -, sempre, é claro, tomando como
suporte a geração e a criação no espaço e no tempo”. Esses dois processos são
idênticos aos realizados por Cristo, cujo nascimento, paixão, morte e ressurreição,
representam um arquétipo da iniciação. Esse mesmo processo pode ser visto também
na mitologia de grande número de heróis e deuses solares, como é o caso de Osíris,
Quetzalcóatl, Mitra e do próprio arquiteto Hiram. Com relação à vida de Cristo é
interessante assinalar o dado, sem dúvida não casual, de que as iniciais das colunas
Boaz e Jakin são também as iniciais de Belém e Jerusalém, as duas cidades que
presidem o nascimento e a morte do Salvador, ou seja, o ciclo completo de sua
existência humana.
No centro da Loja se estende o “pavimento mosaico”, tapete de quadros brancos e
pretos exatamente igual ao tabuleiro de xadrez, cujas origens também são simbólicas
como a da maioria dos jogos. O “pavimento mosaico” é, sem dúvida, um símbolo da
manifestação que, efetivamente está determinada pela luta e delicado equilíbrio que,
entre si, sustentam as energias positivas, masculinas e centrífugas (yang, luminosas) e
as energias negativas, femininas e centrípetas (yin, obscuras), expressas também na
alternância dos ritmos e ciclos vitais e cósmicos. Neste sentido, é ao redor do
pavimento mosaico por onde se efetuam as circunvoluções rituais que os maçons
realizam em Loja, seguindo assim uma ordem marcada pelos quatro pontos cardeais,
as direções do espaço.
Por último, deve-se mencionar que no próprio meio do pavimento mosaico se
dispõe o “quadro da Loja”, que antigamente era desenhado no chão ao começar os
trabalhos, e apagado quando os trabalhos eram finalizados. Já dissemos que este
quadro é um esquema sintético de todo o templo maçônico, além de constituir um
suporte simbólico para a meditação e a concentração. De fato, o quadro da Loja, ao
conter em seu interior o desenho dos símbolos mais significativos e importantes,
torna-se um veículo da influência espiritual na Maçonaria. Não é, então, casual que
seja precisamente ao redor deste quadro (que é o ponto geométrico mais central do
templo maçônico) que tem lugar o rito da “cadeia de união”, na qual se invoca a
potência criadora e iluminadora do Grande Arquiteto e, implicitamente, também a de
todos os antepassados míticos e históricos que contribuíram na edificação do templo
material e espiritual. E esta invocação vertical se realiza mediante a união encadeada
e fraterna de todas as forças vivas presentes na Loja, isto é, de todos os “irmãos”, que
estabelecem assim uma comunicação sutil entre suas respectivas individualidades,
servindo como suporte para a manifestação da influência sagrada.
Cabe mencionar, por último, que ao redor do “pavimento de mosaico” e do
“quadro da Loja” se encontram os três pilares da Sabedoria, da Força e da Beleza.
Esses pilares também recebem o nome de “três pequenas luzes”, porque sobre cada
uma delas arde uma pequena vela; são pois colunas de luz e de fogo, três nomes do
Arquiteto diretamente relacionados com a construção do templo e do cosmos.
Mas não queríamos terminar sem oferecer um texto das Leituras do Rito de
Emulação que resume belamente tudo o que até aqui dissemos sobre o templo
maçônico:
Notas
Federico González, La Rueda, una imagen simbólica del cosmos.
Bibliografia
ZELDIS-MANDEL, Leon. B’nai Or Be’Eretz HaKodesh, (Sons of Light in the
Holy Land). Israel: E. Narkis, 2009.
Baixe o PDF.
Permalink: https://dosalicerces.wordpress.com/2017/01/08/filhos-da-luz-na-terra-
santa-os-macons-fundadores-da-moderna-israel/
#14
Gays na Maçonaria
E no dia 1º de março deste ano, o Supremo Conselho do REAA da Jurisdição Sul dos
EUA, conhecido também como o Supremo Conselho “Mãe do Mundo”, se posicionou
quanto à polêmica:
Lembrando ainda que a Grande Loja da Geórgia, uma das duas que se posicionaram
oficialmente contra, já havia se envolvido anteriormente em polêmica discriminatória,
ao tratar da proibição de ingresso de maçons que não fossem brancos. O preconceito
parece ainda ser um problema em alguns estados dos EUA.
Sou da opinião simples de que o que um maçom faz entre quatro paredes somente
diz respeito a ele, e que imprimir opiniões pessoais em legislação maçônica não
condiz com os princípios da instituição. Sendo a Maçonaria uma escola de
moralidade, a partir do momento que a homossexualidade não é considerada uma
imoralidade, não há que se falar em impedimento por essa razão. A crença de que
assim se está protegendo a instituição esbarra no fato de que a parcela da sociedade
contrária à homossexualidade é preconceituosa (a mesma parcela que geralmente é
contrária à Maçonaria), e o preconceito é justamente um dos males (juntamente com o
fanatismo e a ignorância) que devem ser combatidos pela Maçonaria.
Nesse sentido, creio que a pergunta que cada um deve se fazer é: Você considera a
homossexualidade como algo imoral? A resposta para essa pergunta e a complexidade
envolvida em sua compreensão conduzirão sua opinião sobre o tema.
O que não podemos é fechar nossos olhos para a realidade. Precisamos debate-la.
Baixe o PDF.
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#15
Autor: Marc Garcia Tradução: Sérgio Koury Jerez Fonte: O Ponto Dentro do
Círculo
A Maçonaria encarna uma via iniciática por meio da qual ainda é possível, num
Ocidente obscuro e enfermo, vincular-se efetivamente à Tradição Unânime e
Primordial. Trata-se de uma Arte na qual foram purificados e endossados símbolos,
ritos e mitos de ordem cosmogônica que reis, guerreiros e homens de ofício
reconheceram, desde tempos imemoriais, como suportes para a realização metafísica.
O neófito iniciado nos mistérios da Arte Real recebe uma influência espiritual que
opera sua regeneração psíquica, isto é, seu renascimento ou tomada de consciência de
si mesmo como homem verdadeiro. Este despertar corresponde simbolicamente a um
percurso de um ponto de uma circunferência até seu centro, e também a uma conta ao
inverso, que parte do denário e termina na Unidade, princípio gerador da
multiplicidade implícita na década. Acabada a viagem pelos pequenos mistérios,
começa, sem solução de continuidade, o trânsito pelos mistérios maiores, a ascensão
pelo eixo imóvel em torno ao qual gira a roda do porvir, ou raio que, atravessando o
Sol, traça a via que devolve o ser ao seio do Não-Ser.
Geometria, Número e Cosmogonia
O profano que solicita ser admitido na Franco-Maçonaria, no Rito Escocês Antigo
e Aceito, redige um testamento filosófico na Câmara de Reflexão ante os três
princípios alquímicos. Três zonas de seu corpo são desnudadas antes de ser
conduzido, privado da visão, até a porta do Templo. Tendo sido introduzido na Loja,
realiza nela três viagens, e recebe por fim a Luz ao terceiro golpe do malhete do
Venerável Mestre. O ternário preside o início da edificação do templo interior do
maçom da mesma forma que a construção do Cosmos, do qual a Loja é uma imagem
perfeita.
As teogonias mais elevadas consideram um ternário principial constituído por um
princípio superior ou Ser puro (na tradição hindu, Ishwara ou Apara-Brahma; na
tradição extremo-oriental, o “Grã Extremo” ou Tai-ki) e a primeira das dualidades
surgida da polarização da Unidade (Purusha e Prakriti na tradição hindu; o Céu, Tien,
e a Terra, Ti, na tradição extremo-oriental). O Ser ou Unidade transcendente, no seio
do qual se acham indissoluvelmente unidas as duas polaridades do binário principal
anteriormente a toda diferenciação, pressupõe outro princípio: o Brahma neutro e
supremo (Para-Brahma) do hinduísmo, o Wu-ki do taoísmo, o Não-Ser ou Zero
metafísico do qual nada pode ser predicado e que contém ao Ser que é sua afirmação.
Segundo a Cabala, o Absoluto, para manifestar-se, se concentra em um ponto
infinitamente luminoso, deixando as trevas ao seu redor. Esse ponto luminoso é o Ser
no seio do Não-Ser, a Unidade que afirma o Zero e da qual emanam as manifestações
indefinidas do Ser.
Assim como o um é o símbolo aritmético da Unidade, o ponto sem dimensões é a
imagem geométrica do Ser. Sua determinação no seio do Não-Ser é análoga à que uma
ponta de um compasso estabelece ao apoiar-se em uma folha de papel. Se produz a
polarização do um-ponto-Ser-Unidade no binário ao apoiar a segunda ponta do
compasso na folha. Os dois pontos determinados sobre o papel estão vinculados entre
si por meio do compasso, e o segmento de reta que une ambos os pontos é a projeção
unidimensional de tal vínculo sobre o plano geométrico. Aritmeticamente, pode-se
simbolizar a polarização da Unidade como o produto de dois números inversos entre
si: 1 = n · 1/n.
Sendo n um número inteiro qualquer. O produto n · 1/n não é distinto da Unidade; a
dualidade aparece só ao considerar-se separadamente os dois elementos
complementares de tal produto, indiviso no interior da Unidade. Outra imagem
numérica equivalente é a obtenção do dois pela soma da Unidade com seu reflexo,
que é ela mesma: 1 + 1 = 2.
Esta operação simboliza de uma maneira nítida a gênese do binário pela Unidade,
e mostra que não há nada na natureza deste que seja diferente da Unidade geratriz.
A consideração distintiva da Unidade e da dualidade produz o ternário: 2 + 1 = 3.
Geometricamente, o ternário surge ao se traçar arcos de circunferência centrados
nos dois polos do binário e cortá-los entre si, definindo um terceiro ponto ou vértice.
Se a abertura do compasso é igual à distância entre os extremos do binário, se obtém,
ao unir os vértices dois a dois mediante segmentos de reta, um triângulo equilátero
que de novo evoca a não-diferença entre a Unidade e suas produções duais.
A proporção áurea é uma das expressões mais sintéticas do caráter interior do
ternário formado pela Unidade no binário. Esta proporção, à qual na antiguidade
grega se designava com a vigésima primeira letra do alfabeto (21 = 2 + 1 = 3), se
obtém ao dividir um segmento em duas partes, de maneira que o comprimento da parte
menor esteja para a da maior como esta para a comprimento total do segmento dado.
Se diz que a parte menor é segmento áureo da maior e que a maior o é do segmento
inicial. A proporção áurea é a quantidade incomensurável resultante do quociente
entre a comprimento do segmento dado e a de seu segmento áureo. Esta última se
determina geometricamente desenhando um triângulo retângulo que tenha por catetos o
segmento dado e sua metade, e restando à hipotenusa o cateto menor.
A proporção áurea é a única proporção continua de três termos que se pode
construir com só dos termos distintos. O segmento e suas duas partes são “três que são
dois, que são um”, o símbolo de uma diferenciação entre a Unidade percebida como
objeto e o preceptor de tal objeto contidos ambos no reconhecimento ininterrupto de
uma Unidade omnicompreensiva. Por outro lado, tal diferenciação prefigura as
dimensões primeira e segunda da manifestação no seio da Unidade, o qual é refletido
pela propriedade geométrica de que, se a comprimento do segmento dado é a unidade
de medida, as medidas de suas partes em proporção áurea resultam ser uma o
quadrado da outra (ou, reciprocamente, esta é a raiz daquela).
A Unidade adicionada ao ternário produz o quaternário. O Tao te King diz: “O Tao
deu a luz ao Um, o Um deu a luz ao Dois, o Dois deu a luz ao Três, o Três deu a luz às
inúmeras coisas”, pelo que, nas palavras de René Guénon, “o quatro, produzido
imediatamente pelo três, equivale de certo modo a todo o conjunto dos números, e
isso porque, desde que se tenha o quaternário, se tem também, pela adição dos quatro
primeiros números, o denário, que representa um ciclo numérico completo: 1 + 2 + 3
+ 4 = 10, que é, como já dissemos em outras ocasiões, a fórmula numérica da
Tetraktys pitagórica”. O quatro é o símbolo da Unidade que se manifesta; é o número
que marca a manifestação, a qual se desdobra em um marco de referência quaternário
composto de um espaço tridimensional e o tempo (3 + 1 = 4) no qual todos seus
elementos se acham regidos pela lei da tétrada: quatro pontos cardeais, quatro
estações do ano, quatro idades do homem.
A representação geométrica do quaternário em seu aspecto estático é o quadrado, e
em sua vertente dinâmica, a cruz. A complementaridade de ambos os símbolos fica
patente ao inscreverem-se as figuras em uma circunferência: uma e outra resultam de
unir os quatro vértices circunscritos mediante segmentos retos das duas maneiras que
é possível fazê-lo, cada um com seu contíguo ou então cada um com seu oposto. Os
braços da cruz são como os raios de uma roda que, dando-lhe rigidez, afirmam seu
giro em torno de seu eixo. Ao contrário, os lados do quadrado são como limaduras ou
planos da roda que detêm seu giro e a fixam. O traçado do quadrado se efetua a partir
da cruz unindo-se os extremos contíguos desta. A cruz se constrói no interior da
circunferência, desenhando-se um diâmetro e sua perpendicular. Isso nos devolve à
consideração de que tudo parte de um Centro único, que o quaternário manifesta.
O tetraedro é a figura geométrica que expressa o quaternário na
tridimensionalidade. Sua projeção vertical sobre o plano ao qual pertence sua base é
um triângulo equilátero cujas três alturas convergem em seu centro, reflexo da cúspide
do poliedro. O ponto afirmado no seio do triângulo e acima do tetraedro são imagens
do Verbo manifestado, pelo que se diz que o quatro é o número da Manifestação. Na
Loja, o ponto mais alto é o olho do Delta luminoso, ou a iod do Tetragrama divino,
ambos símbolos do Grande Arquiteto do Universo para cuja glória trabalham os
maçons. O quaternário também é revelado pela planta em forma de quadrado longo do
Templo maçônico e do pavimento mosaico, cujas dimensões são igualmente
significativas (comprimento duplo ou triplo que a largura; retângulo de litígios de
largura 3 e comprimento 4; comprimento e largura em proporção áurea, etc.).
O giro da cruz ao redor de seu centro – engendrando a circunferência que, em
união com seu centro, representa o denário – é a expressão geométrica da circulação
do quadrante que a Tetraktys pitagórica simboliza aritmeticamente (1 + 2 + 3 + 4 =
10). A cruz resolve exatamente o problema inverso da quadratura do círculo,
dividindo sua área em quatro partes iguais, o que se pode expressar numericamente
permutando os termos da igualdade anterior (10 = 1 + 2 + 3 + 4). Para quadrar o
círculo com um quadrado cuja área seja igual à do círculo dado, se requer a
intervenção do quinário: deve-se inscrever, em primeiro lugar, um pentágono no
círculo; logo, um segundo pentágono cujos vértices sejam os pontos médios dos arcos
de circunferência limitados por vértices adjacentes do primeiro pentágono; e, por
último, outros dois pentágonos cujos vértices se acham pela bissecção dos arcos
demarcados respectivamente por um vértice do primeiro pentágono e o vértice mais
próximo do segundo. Obtêm-se assim quatro pentágonos cujos vinte vértices, que
podemos numerar correlativamente, se distribuem uniformemente ao longo da
circunferência. As retas que passam por quatro pares de vértices tais como o segundo
e o quinto, o sétimo e o décimo, o duodécimo e o décimo quinto, e o décimo sétimo e
o vigésimo delimitam um quadrado cuja área é muito aproximadamente a do círculo
dado.
A soma da Unidade e de sua expansão quaternária considerada como uma
realidade distinta àquela produz o quinário (4 + 1 = 5). Podemos dizer que o cinco é
o símbolo da Unidade reencontrada na Produção numérica, tal como a encruzilhada
das quatro direções cardeais revela o centro da cruz e do quadrado do qual os braços
da cruz são diagonais. O cinco faz que tudo retorne novamente a sua origem, como ao
cabo das quatro estações de um ciclo, a quinta é de novo a primeira. No homem, a
quinta etapa de sua vida, após suas quatro idades, é um instante ou ponto em que se
unem sua morte e seu nascimento, o “aqui e agora onde tempo e espaço se fundem na
unidade perfeita do eterno presente”. Esse ponto, que se situa além da
tridimensionalidade e da temporalidade, se corresponde simbolicamente com o lugar
onde se encontram as quatro direções cardeais, isto é, com o centro da cruz.
O cinco é o número do homem, do microcosmos e do Companheiro, grau da
iniciação maçônica ao qual se desperta contemplando a Estrela Flamígera de cinco
pontas após cinco viagens de instrução. No Rito Escocês, Antigo e Aceito, a viagem
central simboliza o trabalho interior apoiado na meditação dos símbolos próprios das
sete Artes Liberais, entre as quais se contam a Geometria e a Aritmética. A estrela
pentagonal em cujo centro resplandece a letra G ou a iod hebraica se refere ao Grande
Arquiteto do Universo e também ao “perfeito iniciado que o maçom se esforça por
ser”.
O traçado geométrico da estrela de cinco pontas se efetua dividindo uma
circunferência em cinco partes iguais e unindo suas divisões ou vértices
alternadamente (o primeiro com o terceiro, o terceiro com o quinto, o quinto com o
segundo, etc.) mediante segmentos retos até fechar a linha poligonal que assim se
descreve, o que se consegue ao cabo de duas circulações completas. Para determinar
os cinco vértices da estrela há que se traçar dois diâmetros perpendiculares da
circunferência dada, como, por exemplo, o vertical e o horizontal, e desenhar duas
novas circunferências interiores tangentes entre si e à circunferência inicial cujos
centros sejam os pontos médios dos raios que compõem um dos dois diâmetros
traçados. Os raios de tais circunferências menores têm um comprimento que é metade
da do raio da circunferência inicial. Suponhamos que os centros das circunferências
menores estão alinhados sobre o diâmetro horizontal da circunferência maior; a reta
que passa pelo extremo inferior do diâmetro vertical e pelo centro de uma qualquer
das circunferências menores corta a esta em dois pontos. Desenhando, com centro no
extremo inferior do diâmetro vertical da circunferência maior, arcos circulares com
raios iguais às distâncias entre tal extremo e um e outro dos pontos de corte antes
determinados sobre a circunferência menor, as quatro intersecções de tais arcos com a
circunferência maior resultam ser vértices da estrela pentagonal. O quinto vértice é o
extremo superior do diâmetro vertical da circunferência inicialmente dada.
Esta construção geométrica, como todas as da Arte das formas, é um suporte
precioso para meditar sobre a construção do Cosmos a partir da Unidade, cujo estágio
intermediário está representado pelo cinco. A curvatura das circunferências interiores
é análoga à da linha sinuosa que divide as metades clara e escura do yin-yang binário.
Assim, a soma dos comprimentos dessas duas circunferências é igual à da primeira
circunferência, o que é outra expressão simbólica da polarização da Unidade na
dualidade. Por outro lado, a proporção áurea, relacionada com o ternário, marca a
geometria da estrela de cinco pontas: estão em proporção áurea as distâncias entre
dois vértices alternados e dois vértices contíguos, como também o estão a
comprimento de um braço da estrela e a de um lado do polígono invertido que
constitui seu corpo. A cruz da qual parte a construção geométrica descrita é a marca
do quaternário na estrela pentagonal; e quando se traçam arcos tangentes às
circunferências menores com centro em cada um dos dois extremos do diâmetro
vertical da primeira circunferência, de modo que os círculos menores fiquem inscritos
em uma mandorla, a distância entre os vértices de tal mandorla resulta no diâmetro de
uma circunferência cujo comprimento é quase idêntico ao perímetro de um quadrado
circunscrito à circunferência inicial, produzindo-se assim a circulação do quaternário.
A consideração do conjunto dos seres individuais – simbolizados pelo número
cinco – como algo aparentemente distinto da Unidade que é seu princípio e continente
produz o senário (5 + 1 = 6), o símbolo aritmético da Criação e do macrocosmos. A
expressão geométrica do senário está implícita na circunferência, a qual é dividida
em seis partes iguais por seu raio. O seis define, pois, o módulo da roda do vir a ser,
o trecho significativo que recorda, no âmbito do contingente, a permanente união entre
o centro e os inumeráveis pontos da circunferência, e também a unidade de medida do
tempo,.
Unindo entre si de maneiras diversas seis pontos uniformemente distribuídos sobre
a circunferência se constroem distintas figurações geométricas do senário. Traçando
segmentos retos entre pares de pontos contíguos obtemos o hexágono regular, cujos
lados são de comprimento igual à do raio da circunferência em que se inscreve. Se,
além disso, se une três vértices alternados do hexágono com o seu centro, a figura
resultante é a projeção do símbolo tridimensional do senário, o cubo, sobre um plano
perpendicular a uma de suas diagonais. Por outro lado, se os vértices distribuídos ao
longo da circunferência que se unem com traços de reta não são contíguos, mas
alternados, se obtém a estrela de seis pontas ou de Davi, ou selo de Salomão, que
revela o senário como a união do ternário não-manifestado e de seu reflexo invertido,
ilusório e mutante no plano da criação (3 + 3 = 6), isto é, o produto da polarização da
tríade principal (3 · 2 = 6).
O cubo é a representação geométrica da Cidade Perfeita, a Jerusalém Celeste, e
também da Loja, da qual se diz que tem um comprimento de leste a oeste, uma largura
de norte a sul, uma altura até o zênite e uma profundidade até o nadir. Também tem
forma de cubo a pedra desbastada pelo maçom com as ferramentas próprias da Arte
Real, que, pelo paralelismo e a retidão de suas faces, perpendiculares às seis
direções do espaço, é útil para a construção do templo interior: “… sem dúvida,
sempre representa o cubo o Ideal da perfeição humana, já que se apresenta com
absoluta igualdade, retidão e paralelismo tetragonal nas três dimensões da vida
material, moral e espiritual, enquanto em geral a primeira, que corresponde ao
comprimento, prevalece no estado e atividade ordinários da humanidade”.
Baixe o PDF. Leia também: A Geometria e o Número na Arte Real (Parte II)
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#16
O DNA Maçônico
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#18
Após a leitura deste texto, muito pouco se poderá acrescentar a respeito, além de que
há religiões que não permitem ao homem se ajoelhar perante seu semelhante, como
exigem alguns Ritos, o que não é permitido no Rito Moderno. Mais uma vez o Rito
prova, com sua atitude, ser equidistante e respeitar a religião de todos os Irmãos. Bom
seria que os Irmãos, que se intitulam religiosos, estudassem um pouco a história e o
conteúdo de outras religiões além das nossas, saindo de uma posição sectária,
proibida pela Ordem.
Outra “terrível” acusação que se faz ao Rito é não invocar e tampouco adorar o
“Grande Arquiteto do Universo”, tendo inclusive evitado o uso de seu nome nos
Rituais. Ora, meus Irmãos, por mais boa vontade de que possamos estar imbuídos,
jamais deixaremos de invocar as entidades religiosas a que estamos ligados dentro de
termos e Rituais próprios de nossa religião, e, estaremos desta forma sempre ferindo
e violando as crenças e as formas de adoração de outros Irmãos. Deixemos as
adorações e as invocações para fazê-las em nossas Igrejas, nossas Sinagogas, nossos
Templos religiosos, nossos Centros, nossos Terreiros, nossas Casas e evitemos fazê-
las em Loja, onde temos a obrigação de não forçar qualquer Irmão a repetir fórmulas
com as quais sua consciência não possa concordar.
Quanto ao não uso do nome do Grande Arquiteto do Universo nos Rituais: este uso
só começou a ocorrer a partir da Convenção de 1877, por conclusão do relator da
proposta de exclusão do seu uso nos Rituais do Grande Oriente de França, e, é bom
lembrar que este Irmão relator era um religioso, o pastor protestante Frederico
Desmons. Este foi o grande motivo para que a Grande Loja Unida da Inglaterra
rompesse relações com o Grande Oriente de França.
No entanto, o Grande Oriente da Bélgica, desde 1872, vedara a invocação e a
inclusão do Grande Arquiteto do Universo nos seus Rituais, e nem por isso a Potência
inglesa rompera relações com os belgas. O principal fundamento para a exclusão do
nome do Grande Arquiteto do Universo dos Rituais é terem os Irmãos, como se pode
observar, utilizado dia a dia o símbolo do Princípio Criador da Energia inteligente,
do Ente Supremo, do mesmo modo que se vulgarizou o termo Deus, particularizando o
seu emprego, invocando-o e adorando-o, conforme sua religião e não como símbolo
de todas as concepções que se tenha do que é a Origem do Universo.
Antes de encerrar essas breves considerações gerais sobre o Rito Moderno ou
Francês, não poderíamos esquecer o problema dos “Landmarks”. O que são
“Landmarks”? O próprio nome diz: são marcas de terra, limites, lindeiros, e como tal
devemos considerá-los, jamais como dogmas.
Lembremo-nos: na maçonaria não existem dogmas, existem princípios. No
Brasil, existe uma verdadeira psicose pelos “Landmarks” de Mackey, e, no entanto,
quando a Maçonaria veio para nossa Pátria, eles sequer existiam, tendo aparecido
apenas em 1858.
Meus Irmãos, fica a pergunta: quem deu poderes, que entidade inspirou ao nosso
Irmão Mackey para firmar dogmas dentro da Sublime Ordem? Particularmente um
deles: o 25º, que não permite qualquer alteração, ferindo o princípio da investigação
constante da verdade, da evolução, da pesquisa, de se afirmar progressista: nada pode
mudar a partir dele, é o dogma da imutabilidade, da não evolução. É evidente que o
Rito Moderno, dentro desses termos, não poderia aceitar os “Landmarks” de nosso
querido Irmão, que pretendeu impedir um dos fundamentos da Maçonaria: a
liberdade.
Meus Irmãos, diversos são os “Landmarks” mais conhecidos, tais como os de
Findel, de Lecerff, de Pound, de Mackey, de Grant, que chegam a 54, e muitos outros.
Qual deles é o profeta da Maçonaria que recebeu inspiração divina pra que se afirme
ser sua catalogação a correta? Que Congresso Maçônico mundial concluiu serem estes
ou aqueles os “Landmarks” aceitos universalmente? Deverão os “Landmarks”, mesmo
que universais, estacionarem no tempo e no espaço? Apenas como lembrança,
devemos citar que muitos dos nossos Irmãos de outros Ritos e de outras Potências
concordam plenamente conosco na tese que abraçamos sobre os “Landmarks”.
Conclamamos aos Irmãos de todos os Ritos e de todas as Potências: devemos nos
preocupar com aquilo que nos une, e, relegar ao segundo plano o que nos separa. Este
é o fito primordial do Rito Moderno quando dá origem à instituição de um “Grande
Oriente”: admitir a diversidade dos Ritos, unindo, numa mesma Potência, Irmãos das
mais diversas posições filosóficas, num verdadeiro Universalismo, pois este é o
princípio fundamental da Sublime Ordem.
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rito-moderno-ou-frances/
#19
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como-os-cavaleiros-templarios-inventaram-os-bancos/
#20
O silêncio do maçom
Autor: Desconhecido
Tradução: Juarez de Oliveira Castro
Fonte: A∴ e R∴ L∴ S∴ Alferes Tiradentes, nº 20
Meus Irmãos, nesta ocasião vos peço, respeitosamente que guardeis silêncio; assim
achareis a correta disposição de entender os legados de uma virtude sem par.
Para que entendais corretamente o significado do silêncio para o maçom devemos
acudir a sua definição profana, indicando que é a privação voluntária da faculdade de
falar. E em verdade, quase todos sabemos falar, mas poucos sabemos calar. Por ele,
saber calar a língua e os sentidos é uma virtude de Deus.
A lenda ensina que o príncipe Bahzam um dia qualquer saiu a caçar perto de seu
palácio; nesta atividade foi surpreendido pela noite, quando precisamente buscava
uma boa presa. Já cansado, o príncipe se sentou debaixo de uma árvore frondosa com
o propósito de respirar; neste momento sentiu sair das matas a voz de uma ave; em
seguida Bahzam se colocou de pé e disparou sua sarabatana ao pássaro, matando-o
em seguida. Tendo o jovem a seus pés a ave morta, meditou, suspirou e disse: “Oh!,
Quão bonito é saber calar e cuidar a língua! Se esta ave não tivera falado não havia
perecido”.
Pois bem, acercando-nos à maçonaria diremos que o silêncio resulta ser uma
virtude através da qual se corrigem muitos defeitos e se aprende a ser prudente e
indulgente com as faltas que se observam.
Mas, de onde provém o silêncio como axioma fundamental para crescimento do
maçom e qual é seu verdadeiro significado e importância?
Etimologicamente silêncio provém do sânscrito mu e seus derivados muka (mudo)
e musterion (mistério), dita raiz se complementa na Grécia através do verbo musin
(que significa fechar) e sua ramificação museria (silêncio) e em Roma com a raiz
(mutus) donde surge o termo mutare ou trocar, por se referir ao silêncio que as aves
observam durante a renovação de suas penas.
Do visto, podemos deduzir que o conceito de silêncio guarda uma estreita relação
com o de mistério e também por segredo maçônico; este seria tema para outra peça,
que não é pertinente tratá-lo aqui.
Ensina a história da maçonaria, em relação ao silêncio do primeiro grau, que
bastaria entender sua simbologia ao nos remeter ao gênese das sociedades humanas;
com efeito, ensina Ragon, que os primeiros homens não tinham linguagem
propriamente dita. Aqui há o porquê o aprendiz não deve falar em Loja. Com efeito,
que teria que dizer? Poderia ensinar? Simplesmente não deve falar porque não sabe
nada. Poderia perguntar? Sobre que, se ignora o que se trata em Loja? Antes é mister
que por sua idade aonde apenas está abrindo os olhos, escute e observe.
O dito acima parece se ratificar historicamente na escola pitagórica; recordemos
que em sua comunidade filosófica educativa, situada em Crotona (Itália meridional,
denominada então Magna Grécia) aos discípulos se lhes submetia a um longo período
de noviciado aonde se lhes admitia como ouvintes, observando um silêncio absoluto.
A razão de ser da atitude contemplativa que deve inspirar ao aprendiz e ao maçom
em geral, não é outra que a de potencializar suas possibilidades espirituais que se
encontram sempre latentes; em outras palavras, no silêncio se encontra a
possibilidade do crescimento; quando nos isolamos de nossas influências exteriores,
abrimos os canais de concentração, observamos, escutamos e contemplamos, estamos
aprendendo a ver a luz, e isto, de por si, é um processo que entranha uma grande força
de vontade. Como compreendereis não é fácil guardar silêncio.
A maçonaria simboliza o silêncio com a Trolha (plaina ou palheta) com a qual se
deve estender cuidadosamente uma capa sobre os defeitos de nossos semelhantes, da
mesma forma que o faria um maçom operativo sobre os defeitos de uma edificação.
Igualmente, o silêncio tem muitos outros significados em ritos especiais e graus
filosóficos, assim como nos procedimentos de reconhecimento. Mas ao ser estes
mistérios aos que não estão chamados os aprendizes, será mister reencontrá-los
através do crescimento, lento, seguro e firme.
Pois bem, enfoquemos o silêncio construtor a nosso principal legado: a iniciação.
Mas previamente, recordai meus Irmãos, qual foi a primeira palavra pronunciada hoje
por nosso Venerável Mestre. Não? Pois não há sido outra que: “silêncio” seguida da
expressão “em Loja”. Mas, que nos ensina dita palavra e em tal momento especial?
Nos leva a entronizar-nos em um mundo que nos mostra mais além do que percebem
nossos sentidos; nos ajuda a abrir nosso coração e nosso entendimento para receber
os melhores frutos da espiritualidade e do conhecimento; nos ajuda a nos sintonizar na
mesma frequência do G∴ A∴ D∴ U∴; em fim, o silêncio promulgada ao início de
toda sessão permite nossa união mística e a possibilidade de enlaçar as melhores
energias que devem ser utilizadas em nossos trabalhos altruístas.
Pois bem, retomando é bom indicar que o silêncio em torno à iniciação resulta
ponto chave; desde que somos vendados e levados à Câmara de Reflexão, se nos
ensina que somente através da contemplação se pode aceder às primeiras verdades.
Mesmas, que é necessário desentranhar pouco a pouco através do crescimento
interior. De forma igual, quando prestamos juramento adquirimos a obrigação de
calar, especialmente quando se nos indica que não devemos revelar os segredos da
ordem nem a palavra ensinada ao mundo profano; ali, o silêncio simboliza a discrição
e a disciplina do maçom, assim como sua lealdade frente a si mesmo e seus irmãos.
Para ser mais eloquentes escutemos um velho adágio hermético que resulta claro
sobre o ponto: “os lábios da sabedoria estão mudos fora dos ouvidos da
compreensão”; por ele, o bom maçom prefere que o cortem a garganta antes que
romper seu silêncio. E por si fora pouco, na consagração, logo que o recipiendário
começou a ver, assim seja tenuemente a verdadeira luz, se lhe faz ratificar seu
juramento e suas obrigações e ali começa a verdadeira vida ao compreender nosso
legado e o chamado especial, a ser consciência entre inconscientes e a ser equilíbrio
aonde somente há tempestade.
Por ele queridos irmãos o alcance de nossa voz, produto de nossos pensamentos,
resulta chave na construção do Templo, através do polimento da Pedra Bruta; é
melhor calar quando não sabemos como e quando falar; é melhor calar até que
aprendamos a importância de utilizar a palavra de uma forma consciente e sábia; é
melhor não dizer nada quando podemos utilizar a paixão como detonante de nossos
fonemas. É melhor calar quando não estamos preparados para aceitar nossa missão; é
melhor calar quando se começa a caminhar por caminhos desconhecidos, mas com a
segurança de que há uma presença divina que nos acompanha.
Para aprender a calar há que ser consciente de nossas fraquezas, porque, que
difícil ainda resulta, às vezes, encontrar nosso silêncio interior?
Dessa dificuldade advém, se observais com cuidado a maioria dos vícios do ser
humano; pois a palavra resulta ser a consequência direta de nossos pensamentos e a
saúde mental.
A melhor palavra é a curta e breve, a sábia que transmite a verdade; a que se dirige
ao bem. Aprender a falar pouco, o justo e suficiente, significa no maçom em geral, não
somente no Aprendiz, a força de vontade, o caráter moderado, o domínio de si
mesmo, a elevação de seu espírito.
Como meta, queridos Irmãos, é pertinente recordar ao sábio Lokman que ensinou a
seu sucessor: “Meu filho! Se a gente se orgulhar pela tua eloquência e pela tua arte de
bem dizer, tu deverás agradecer a Deus ao ter te dado juízo para saber calar”.
Pois bem, como bom aprendiz meus irmãos volto ao silêncio para encontrar a paz,
porque há que ser amo de nossos silêncios e não escravo de nossas palavras.
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#21
Por acaso também não é que a disposição dos símbolos numa Loja maçônica,
assemelhe-se, de forma notável, à quarta prancha do Mutus Líber dos alquimistas.
Ambas são visões simbólicas do universo. Nelas se representa a “energia dos
princípios”, responsável pelas transformações internas e externas que se realizam na
natureza e no homem. É na Loja que a mística da Palavra Perdida, o Verbo Divino, o
Número Único, que na cabala representa o Princípio Criador de todas as coisas, e na
alquimia a flos coeli, “o dom de Deus”, é captada pela alma humana no momento da
Iniciação. É essa energia que age, à medida que a cerimônia avança, para a realização
da transmutação do neófito, conferindo-lhe um status que o eleva de sua condição
anterior de profano à condição superior de iniciado.
O piso da Loja maçônico
Em tudo e por tudo o magistério alquímico guarda a mais estreita relação com a
tradição maçônica. Tanto é que as cinco telas do Mutus Líber ocupam, na iconografia
alquímica, a mesma posição que o piso mosaico na Loja Maçônica, onde se realizam
as transmutações dos aprendizes, na passagem sucessiva das fases de Iniciação nas
Lojas Simbólicas. O piso mosaico, em ambas as tradições, tem a função específica de
“receber e filtrar a luz” que vem do Oriente, a “Luz de Rá” das iniciações egípcias,
Princípio Criador de tudo que há no mundo. E as cores desse piso, em preto e branco,
repetem as mesmas cores do mercúrio dos filósofos alquimistas.
Diz-se que o piso mosaico, na Loja maçônica, é uma representação do piso que
ornava o Templo de Salomão. Mas essa referência histórica é apenas uma informação
que não reflete o seu verdadeiro significado. Na verdade, desde o tempo de Moisés,
ou até antes disso, esse traçado geométrico já representava ideias de alto conteúdo
esotérico. Era utilizado nos templos egípcios, nas antigas sinagogas judaicas e nos
templos greco-romanos como forma de captar e filtrar a luz solar, orientando-a para
um fim determinado. Dessa forma, não é estranho que os alquimistas tenham utilizado
a mesma disposição geométrica para preparar o seu “filtro”, fundamentados na mesma
sensibilidade que tiveram os antigos profetas e hierofantes.
As antigas tradições maçônicas dizem que o Templo de Salomão era ornamentado
por um piso mosaico formado por quadrados pretos e brancos, orientados de certa
forma. Essa informação consta de diversos manuscritos antigos, pertencentes ao
conjunto que hoje chamamos de Old Charges (As Velhas Instruções). É bom lembrar,
entretanto, que em nenhuma parte da Bíblia, ou de qualquer outro documento histórico,
esse detalhe foi realmente informado, o que nos leva a pensar que ele tenha,
efetivamente, mais relação com o simbolismo alquímico do que, propriamente com as
antigas tradições maçônicas herdadas da arquitetura medieval.
O iluminismo maçônico
Por analogia, podemos comparar o magistério alquímico com a prática maçônica.
Há uma similitude nos objetivos de ambas as tradições e no processo de obtenção de
resultados, que muito se assemelham entre si. Da mesma forma que na prática
alquímica o metal se regenera a partir de uma conjunção entre a luz e as trevas, na
Maçonaria essa regeneração é operada a partir do sol e da lua. Por isso esses astros
estão representados no Oriente da Loja, atrás do trono do Venerável Mestre. No meio
deles, no centro do triângulo, o “olho onisciente” reina absoluto.
Essa simbologia, inspirada em tradições egípcias, é representativa da crença de
que tudo no universo emana da conjunção de dois princípios, resultando num terceiro,
que se propaga por todo o real existente. O sol ali representado é Osíris, ou Rá, o
Princípio Criador de tudo que existe no universo. A lua representa Isis, a deusa-mãe
em cujo ventre se opera o milagre da regeneração, e o “olho onisciente” é o olho de
Hórus, o filho que nasce da união de Ísis e Osíris, após a ressurreição daquele deus.
Por ele, a manifestação do Princípio Criador projeta o universo real, dando forma a
toda a criação cósmica.
A trindade egípcia, pintada obrigatoriamente atrás do trono do Venerável Mestre é
representativa do “mistério maçônico” que se opera na Loja, a partir do qual o maçom
alcança a regeneração psíquica pela prática da Iniciação. É da luz que vem do
Oriente, a partir da consagração dada pelo Venerável, que o iniciado atinge a
qualidade de homem renascido, após ter sofrido a morte psíquica, simbolizada por
sua passagem pelos subterrâneos e sua descida ao ventre da terra.
Após ter passado um período perdido nas trevas, realizando diversas provas e
viagens, o neófito “vê” a luz, no momento em que lhe são retiradas as vendas dos
olhos. Momento limite de sua Iniciação, ele percebe que essa luz lhe é conferida
pelos astros ali representados, simbolizando que ele, finalmente, superou a primeira
fase de sua jornada iniciática e sabe agora da existência de uma verdade maior que
precisará ser descoberta.
A correspondência entre o iluminismo maçônico e a tradição alquímica é evidente:
o Aprendiz, que durante longo tempo permaneceu num estado de semente, lançada num
profundo negro, evolui para o branco da regeneração, quando se torna Companheiro e
conhece o vermelho da ressurreição ao tornar-se Mestre. O Mestre que renasce a
partir de Hiram morto, eis o apogeu do processo que simboliza o nascimento de um
maçom na sua plenitude iniciática, pois ao iniciar-se Aprendiz, e ao elevar-se a
Companheiro, ele ainda está em processo de gestação. Será preciso um longo trabalho
de manipulação e aprimoramento do seu caráter até que ele se torne, enfim, o Homem
Universal, alicerce da nova sociedade, justa e perfeita, que a Maçonaria se propõe
construir.
Essa é a alquimia que se processa no interior de uma Loja Maçônica, que nesse
mister, repete o trabalho feito no laboratório do alquimista.
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dos-alquimistas/
#22
Arte Royal
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#23
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tradicao-inventada/
#25
Bibliografia
CAMINO, Rizzardo da. Dicionário Maçônico, ISBN 85-7374-251-8, primeira
edição, Madras Editora limitada., 413 páginas, São Paulo, 2001;
Paraná, Grande Loja do. Ritual do Grau de Aprendiz Maçom do Rito Escocês
Antigo e Aceito, terceira edição, Grande Loja do Paraná, 98 páginas, Curitiba, 2001.
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cinzel/
#26
A Estrela Flamígera
o número mínimo de meses estipulado para que um maçom chegue ao grau 33;
o total de graus da maçonaria francesa, em 1784;
a idade do Mestre Secreto (3 x 27);
a quantidade de atributos da divindade, para o intendente dos edifícios;
a idade do Vigilante do Perfeito e Sublime Maçom.
Além dessas, a inspiração para a adoção dos 81 nós pelas Lojas brasileiras talvez
possa ter advindo de Albert Pike, que escreveu em seu livro O Pórtico e a Câmara
do Meio, de 1872, o seguinte:
Quanto às borlas, nenhum documento foi encontrado que justificasse seu uso
maçônico. Se foram, de fato, inspiradas no brasão das viúvas, serviriam apenas de
arremate e adorno e, do ponto de vista operativo, não teriam qualquer significado.
Há, porém, uma hipótese plausível de que tenham existido marcadores de distância
atados nas cordas junto com os nós ou em substituição a eles. Essa hipótese decorre
da constatação de que algumas Correntes de Gunter adotavam pingentes de metal
presos em cada elo, de modo que o agrimensor soubesse, ao olhar um pingente, a que
distância se encontrava com relação ao início da corrente. Isso evitava, especialmente
nas distâncias maiores, o trabalho de contagem e recontagem de elos, que poderia
levar a erros.
Ora, se é sabido que as cordas de nós foram aperfeiçoadas durante dezenas de
séculos, é razoável imaginar-se que a solução dos pingentes fosse anterior à invenção
das Correntes de Gunter. Assim sendo, da mesma forma que adotou as cordas com
nós, não seria de se estranhar que a maçonaria simbólica tenha incorporado também
os pingentes, transformando-os em borlas. Mas isso é apenas um palpite.
Para concluir, mesmo considerando que o uso da corda de nós pela Ordem possa,
de fato, ter advindo do erro de tradução de Pérau, é inegável que esta “coincidência”
foi extraordinariamente feliz, já que, à exceção da Pedra, nenhum outro utensílio
operativo poderia ser considerado mais importante e tradicional.
Mas estes são apenas aspectos exotéricos relacionados à Corda de 81 nós. Muito
mais se poderia falar sobre ela ao analisá-la sob outros prismas.
É o que pretendemos fazer oportunamente…
Bibliografia
Ashley, C.W.. The Ashley Book of Knots. Londres, Inglaterra, Faber and Faber,
1993.
Buckland, R.. Buckland’s Complete Book of Witchcraft. St. Paul, Minnesota,
E.U.A., Llewellyn Publications, 1997.
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Gould, R.F.. Collected Essays and Papers Relating to Freemasonry. Belfast,
William Tait, 1913.
Mackey, A.G.. An Encyclopedia of Freemasonry. Nova Iorque, E.U.A., The
Masonic History Company, 1914.
Paulson, J. F.. Surveying in Ancient Egypt. Cairo, Egito, Anais do From Pharaohs
to Geoinformatics FIG Working Week 2005 and GSDI-8.
Pike, A.. The Porch and the middle chamber: book of the Lodge. 1872.
Poll, M.R. (ed). Ancient Manuscripts of the Freemasons. New Orleans, LA,
Cornerstone Book Publishers, 2009.
Prichard, S.. Masonry Dissected. Londres, Inglaterra, Charles Corbett, 1730.
Rituais no 1º, 2º e 3º Graus. Adotados pelo Supr∴ Cons∴ do Brazil, em julho
de 1898 – Rio de Janeiro, Typ. J. Schmidt, 1904.
Turner, J. C. e van de Griend, P. (ed). History and science of knots. Singapore,
World Scientific, 1995.
Van Win, J.. La Houppe dentellée: cordelière ou «floche», décor ou symbole?.
Extraído de http://montaleau.over-blog.com/article-rite-francais-de-la-houppe-
dentellee-66256800.html
Wendrich, W.. Entangled, connected or protected? The power of knotting in
ancient Egypt. In K. Szpakowska (ed). Through a Glass Darkly: Magic, Dream and
Prophecy. In Ancient Egypt 243-69 Swansea, The Classical Press of Wales, 2006.
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visao-operativa/
#28
Procura-se
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