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UNIVERSIDADE PAULISTA

ELAINE APARECIDA GOMES

1899955

ANÁLISE CRÍTICA

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Rosângela Nojosa dos Santos Patrícia de Campos Cavaleiro
Supervisora Acadêmica Supervisora de campo

Mauá / SP
2023
A ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NO COMBATE À
VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES.

O objeto de estudo do Serviço Social é a questão social que segundo as autoras


Iamamoto; Carvalho (2006) é a contradição fundamental do modo produção
capitalista, onde a classe trabalhadora vende a sua força de trabalho e produz a
riqueza, porém não usufrui dela, já os donos dos meios de produção organizam o
processo de produção e se apropriam da riqueza.
Essa apropriação desigual do produto social gera inúmeras expressões sociais
como reflete Machado (1999):

Como toda categoria arrancada do real, nós não vemos a questão social,
vemos suas expressões: o desemprego, o analfabetismo, a fome, a favela, a
falta de leitos em hospitais, a violência, a inadimplência, etc. Assim é que, a
questão social só nos apresenta nas suas objetivações, em concretos que
sintetizam as determinações prioritárias do capital sobre o trabalho, onde o
objetivo é acumular capital e não garantir condições de vida para toda a
população.

A expressão social analisada neste estudo será a violência praticada contra


crianças e adolescentes em relações interpessoais, A autora Guerra (1998, p. 31),
relata que o universo infanto-juvenil está “ permeado de pequenas e grandes
violências em seu dia a dia, o que acaba banalizando os castigos físicos, maus-tratos,
agressões verbais ou físicas como forma de solucionar os conflitos nas relações
familiares. ”

Sobre a violência sofrida por crianças e adolescentes a autora descreve:

[...]representa todo ato ou omissão praticado pelos pais, parentes ou


responsáveis contra criança e/ou adolescentes que – sendo capaz de causar
dano físico, sexual e/ou psicológico a vítima – implica, de um lado, uma
transgressão de poder/dever de proteção do adulto e, de outro, uma
coisificação da infância, isto é, uma negação do direito que crianças e
adolescentes tem de ser tratados como sujeitos e pessoas em condição
peculiar de desenvolvimento (GUERRA, 1998, p. 32).

O primeiro núcleo de socialização de um indivíduo é a família, nelas são


transmitidas valores, costumes, saberes. A violência vivenciada nesses ambientes
podem ocasionar sequelas físicas e emocionais em crianças e adolescentes.
Neste contexto familiar, é de extrema importância que o profissional que vai
intervir nessa dinâmica, seja preparado e qualificado. De acordo com a autora
Szymanski (1992), é indispensável a compreensão da problemática apresentada,
respeitando suas individualidades, crenças e valores, evitando julgamentos baseados
preconceitos cientifico, moralistas ou pessoais de modo a contribuir na prevenção e
combate à violência.

Durante minha inserção no campo de estagio obrigatório, realizado em uma


Associação Filantrópica sem fins lucrativos, a qual, desenvolve Serviço de
Convivência e Fortalecimento de Vínculos - SCFV para crianças e adolescentes de 6
a 15 anos de idade. Foi possível constatar que na atualidade é posto ao profissional
de Serviço Social uma intervenção que esteja além das rotinas institucionais,
conforme retrata a autora:

Um dos maiores desafios que o assistente social vive no presente é


desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de
trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de
demandas emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo e
não executivo [...] É uma ação de um sujeito profissional que tem
competência para propor, para negociar com a instituição os seus projetos,
para defender o seu campo de trabalho, suas qualificações e funções
profissionais. Requer, pois, ir além das rotinas institucionais e buscar
apreender o movimento da realidade para detectar tendências e
possibilidades nela presentes passiveis de serem impulsionadas pelo
profissional. (IAMAMOTO, 2003, p 20-21)

No espaço de atendimento da associação são expressas situações


desafiadoras, onde se busca estimular e orientar os usuários na construção e
reconstrução de suas histórias e vivências individuais e coletivas. As ações são
organizadas para propiciar trocas culturais e de vivências onde visa desenvolver o
sentimento de pertencimento, de identidade fortalecendo vínculos familiares
incentivando a socialização e a convivência comunitária. As atividades realizadas
contribuem para re-significar vivências e na prevenção de situações de risco social,
entre elas a violência interpessoal.

O assistente social como agente habilitado para formulação, implementação e


execução das políticas sociais, estruturado em seu espaço sócio ocupacional dentro
da divisão social e técnica do trabalho, tem um importante papel na prevenção e no
enfrentamento à violência em vários espaços de atuação. Porém, para a erradicação
da violência contra a criança e ao adolescente requer também que mudanças ocorram
na forma como a sociedade atual se organiza, dado que muitas das atuais faces da
violência são fruto do modelo de desenvolvimento imposto por essa ordem social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GUERRA, V. N. A. Violência de pais contra filhos: a tragédia revisitada. São Paulo:
Cortez,1998.

IAMAMOTO, Marilda V. Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação


profissional. São Paulo Cortez, 2003

IAMAMOTO, M. V.; CARVALHO, R. de. Relações Sociais e Serviço Social no


Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 19 ed. São Paulo:
Cortez, 2006.

MACHADO, Edineia Maria. Questão Social: objeto do Serviço Social? In: Serviço
Social em Revista. Volume 2 – Número 1. Jul./Dez 1999.

Szymanski, H. Trabalhando com famílias. Cadernos de Ação. CBIA, IEE/ PUC-SP,


n.1. Mar. /1992

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