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Universidade Federal Do Rio De Janeiro

Centro De Filosofia E Ciências Humanas


Escola De Serviço Social
Disciplina: Prática Profissional / 2023.2
Docente: Alzira Guarany
Discente: Klarice Manhães Pereira

Avaliação:
Qual relação dos temas tratados na live “As relações de trabalho urbano e
rural, o assédio moral e as violências laborais no século XXI” com a prática
profissional?

A temática “as relações de trabalho urbano e rural, o assédio moral e as


violências laborais no século XXI” foi apresentada num encontro online de
debates universitários, proposta por pesquisas sobre o mundo do trabalho e o
enfrentamento de embates sociais. As convidadas: Márcia Regina Botão
Gomes, Alzira Mitz Bernardes Guarany (UFRJ), Jeovana Nunes (UFMA),
Meiryellem Pereira Valentim (UFRRJ) expuseram suas falas, pensamentos e
teses acerca das mudanças ocorridas no processo de trabalho no Brasil, além
de características que ainda se perpetuam na totalidade social.

A partir do entendimento da necessidade da profissão do Serviço Social,


que está inserida na divisão do trabalho como um produto histórico, com dupla
dimensão, ou seja, contraditória, tem o papel de atuar no processo de
reprodução social. Desse modo, pude identificar nas falas tratadas, como a
prática profissional pode ser útil para manutenção de violências, ao mesmo
tempo como potência para reflexão e superação da multifatorialidade das
violências sofridas no campo do trabalho.

Primeiramente, a professora Alzira relatou as experiências de violências no


contexto capitalista neoliberal, qual naturaliza e amplia a relação contraditória
do capital/trabalho, sempre cercada por exploração, tendo a violência como
fundamental para a manutenção da acumulação do capital. Esse ideário,
fomenta contrarreformas políticas, a produtividade, a precarização do trabalho,
o enfraquecimento das organizações da classe trabalhadora, e influi até na
subjetividade da vida. Sendo assim, o profissional de Serviço Social necessita
conhecer a dinâmica social, entender a contradição posta na sua prática, fugir
do pragmatismo, clientelismo, para então pensar numa mudança,
transformação da realidade. Nessa perspectiva, a questão do assédio leva a
vários tipos de adoecimentos, e num ambiente laboral, precisa ser
compreendido não como uma ação individual ou institucional, já que se repete,
mas algo enraizado na formação social brasileira, na estrutura do modo de
produção operante, tal compreensão teórica proporciona que a prática seja
reflexiva, questionadora, conscientizadora, coletiva, seja para a realidade
profissional, demonstrada na correlação de forças, assédio moral e sexual,
como para ser debatido com demais trabalhadores.

Outra fala apresentada, foi da Jeovana Nunes, que trabalha diversas


temáticas, entre elas a questão agrária, qual me chamou bastante atenção. De
fato, a sazonalidade, trazida como termo de reflexão, é um objeto de estudo
essencial para propor mudanças na vida dos trabalhadores rurais,
especificamente os pequenos trabalhadores, desprotegidos, sem garantia de
mínimas condições de sobrevivência no período pós e entre safras, sem contar
com a precarização do tipo de trabalho, muitas vezes análogos a escravidão.
Nesse sentido, o compromisso ético político da profissão exige que sejamos
aliados na luta por condições dignas de vida, atuar com esses indivíduos é
percebe-los como sujeitos históricos, de direitos, que são constantemente
fragilizados em políticas e proteção, sem acesso a garantia de emprego,
moradia, renda, realizando um trabalho fundamental para toda a reprodução da
vida, pois “se o campo não planta, a cidade não janta”. Atrelar a teoria com a
prática é compreender o processo de mudanças no mundo do trabalho, refletir
sobre como essas condições levam a um adoecimento físico, emocional e
mental pela precariedade do modo de vida, considerando a prática profissional
atuante na garantia dos direitos a saúde em seu conceito mais ampliado.

Por último, Meiryellem Pereira destaca em sua fala a saúde do trabalhador


dentro de um espaço público, entrevistou diversos trabalhadores que fazem a
universidade funcionar, critica como as violências e ataques vão incidir e serem
percebidas de maneira distinta dependendo das ocupações, do gênero,
raça/cor e orientação sexual. Além disso, ela defende o sindicato como espaço
coletivo em potência para representação da classe trabalhadora. A prática foi
compreendida em buscar mecanismos de resistência no interior da instituição,
que sofre disputas e ataques ultraneoliberais, momento em que o capitalismo
se reatualiza, para que seja um lugar de acolhimento, defesa, reflexão, e não
como um mecanismo para reprodução do assédio, outras violências,
exploração, alienação e discriminação.

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