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ENSAIO

Violência e Serviço Social: notas críticas

José Fernando Siqueira da Silva


Universidade Estadual Paulista (UNESP-Franca)

Violência e Serviço social: notas críticas


Resumo: O ensaio teórico apresentado tece algumas importantes observações sobre a violência como um complexo social que indica
demandas particulares ao Serviço Social. Sugere, ao mesmo tempo, pistas para um tratamento crítico dessa importante categoria presente
no próprio exercício profissional do assistente social. Reivindica, para tanto, a perspectiva da totalidade enfatizando a unidade-diversa
entre a ontologia (a existência do ser social) e a gnosiologia (o conhecimento sobre esse ser), considerando a reconstrução do tema
proposto como ‘concreto pensado’.
Palavras-chave: violência, Serviço Social, formação profissional, trabalho profissional.

Violence and Social Work: Critical Notes


Abstract: This theoretical essay presents some important observations about violence as a social phenomenon that places particular
demands upon Social Work. It suggests ways to handle this critical category of Social Work. It works from the perspective of totality,
emphasizing the diverse unity between ontology (the existence of a social being) and gnosology (knowledge about this being), considering
the reconstruction of the issue proposed as ‘concrete thought’.
Key words: violence, Social Work, professional education, professional work.

Recebido em 15.04.2008. Aprovado em 24.07.2008.

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1 Situando empiricamente o tema no Serviço que revelam contextos cotidianamente enfrentados


Social pelos profissionais de Serviço Social. Não se preten-
de, com a indicação desses itens, alegar que haja uma
Em geral, a fúria da violência tem algo a ver com ruptura – ou promovê-la – entre as áreas indicadas;
a destruição do ‘outro’, ‘diferente’, ‘estranho’, ao contrário, existe entre elas um nível de interlocução
com o que busca a purificação da sociedade, o que, porém, não é direto e mecânico2.
exorcismo de dilemas difíceis, a sublimação do Posto isto, é possível indicar os seguintes eixos de
absurdo embutido nas formas de sociabilidade e análise da categoria violência nos recentes estudos
nos jogos das forças sociais [...] (IANNI, 2004, de Serviço Social (2000-2007): violência e gênero –
p. 168, grifos do autor). 20,10%; violência, Estado, violação de direitos e ques-
tão urbana – 19,59%; violência doméstica – 14,43%;
Analisar as múltiplas expressões da violência na violência, juventude, criminalidade e drogadição –
contemporaneidade e suas relações com o Serviço So- 12,37%; violência e relações familiares – 8,25%; vi-
cial nos diversos espaços socioocupacionais em que os olência sexual – 8,25%; violência e instituição –
assistentes sociais atuam profissionalmente 4,64%; violência e exercício profissional do assisten-
(IAMAMOTO; CARVALHO, 1985), é condição básica te social – 3,61%; violência e idosos – 3,61%; violên-
para um exercício teórico-prático crítico que se propo- cia e educação – 2,58%; violência e religião – 1,03%;
nha a perseguir, perquirir e reconstruir (ainda que não violência estrutural-econômica – 1,03%; violência e
exatamente) o movimento do real como ‘concreto pe- meios de comunicação de massa – 0,51%.
sado’ (MARX, 1989). Trata-se de uma iniciativa que, Se forem consideradas somente as informações
certamente, não se limita ao Serviço Social, mas o de- obtidas até o ano de 2004 (tendo como referência o
safia no sentido de discutir a violência como uma cate- XI Congresso Brasileiro realizado na cidade de For-
goria que se objetiva (heterogeneamente, mas não iso- taleza), a violência, predominantemente citada pelos
ladamente), sob dadas condições sócio-históricas, como assistentes sociais, está associada a agressões no
um complexo social que envolve essa profissão e seus âmbito doméstico e no das questões de gênero (até
profissionais e exige deles posicionamentos e ações que aquela oportunidade perfazendo um total de 43,48%
possam criar, reafirmar ou inibir processos violentos. das indicações). No mesmo período, esse índice am-
Uma referência mais cuidadosa sobre as deman- plia-se ainda mais se forem observadas as possíveis
das enfrentadas pelo Serviço Social brasileiro na era – mas não necessárias – vinculações entre violência
da pós-reestruturação produtiva (marcada pela cri- e gênero (24,35%), violência doméstica (19,13%),
se permanente do capital e por seus amplos impac- relações familiares (9,56%) e violência sexual
tos nos Estados e no mundo do trabalho), pode ser (8,69%), totalizando um índice significativo de 61,73%.
esboçada por meio das produções teóricas, apre- Se, forem inseridas nesse cálculo, as informações
sentadas pelos assistentes sociais nos principais con- dos encontros em Recife e em Foz do Iguaçu, os
gressos e encontros dessa categoria profissional a dados mostram um aumento na preocupação da ca-
partir da virada do século 201. A sistematização ini- tegoria profissional com os itens ‘violência, juventu-
cial dessas informações permite afirmar que 3,99% de, criminalidade e drogadição’ (que saltou de 5,22%
dos trabalhos aprovados fazem uma referência di- em 2004 para 12,37% em 2007) e ‘violência, Estado,
reta à violência. Dos cerca de 4.860 estudos que violação de direitos e questão urbana’ (de 18,26%
podem ser acessados, 194 indicam a violência como para 19,59%, no mesmo período). Ao mesmo tempo,
eixo analítico central. É relevante afirmar que 69% há um recuo nos índices dos estudos sobre ‘violência
desses trabalhos concentraram-se nos encontros em e gênero’ (de 24,35% até 2004 para 20,10% em 2007),
Recife (X Encontro Nacional de Pesquisadores em ‘violência doméstica’ (de 19,13% para 14,43%), ‘vi-
Serviço Social – ENPESS, 2006) e em Foz Iguaçu olência e relações familiares’ (de 9,56% para 8,25%)
(XII Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais – e ‘violência sexual’ (de 8,69% para 8,25%). Mesmo
CBAS, 2007), o que endossa a presença inegável assim, a presença final desses últimos itens conjun-
do tema no âmbito da categoria dos assistentes so- tamente continua significativa: 51,03% (portanto, mais
ciais e, ao mesmo tempo, permite inferir um recen- que a metade das produções, ainda que inferior ao
te adensamento da visibilidade dessa discussão no considerável índice constatado até 2004: 61,73%). Há
campo profissional. de se ressaltar, um crescimento da preocupação dos
A sistematização inicial dos dados desses encon- assistentes sociais com a discussão de assuntos que
tros revela, ainda que com inegáveis limites, infor- relacionam ‘violência e idosos’ (que saltou de 1,74%
mações interessantes. Apesar do risco de oferecer em 2004 para 3,61% em 2007) e ‘violência e institui-
uma categorização limitada (de difícil precisão e or- ção’ (de 0,87% para 4,64%).
ganização – em vista da diversidade dos estudos apre- Vale registrar, no entanto, que a indicação dessas
sentados na interface com o Serviço Social), é possí- ‘áreas de intersecção’ entre a atuação profissional do
vel captar um padrão e sistematizá-los em itens afins, assistente social e a violência (em algumas de suas

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mais importantes expressões – tendo como referência funda dificuldade desses profissionais apanharem as
os eventos citados), não significa, em absoluto, que particularidades da violência a partir de suas mani-
elas sejam as únicas realmente materializadas. O não festações imediatas e singulares no espaço em que
registro de outras dimensões não significa, necessari- se materializa a atuação profissional. Cria-se, então,
amente, a inexistência delas no cotidiano profissional. um cenário perverso: o mesmo ingrediente necessá-
Isso pode ocorrer por falta de apropriação de deman- rio para uma densa apropriação do movimento do
das existentes ou, simplesmente, por impossibilidade real (a vivência de experiências concretas), quando
ou dificuldade de chegarem aos principais eventos, e tomado isoladamente, consome a força, o potencial
serem aprovadas e publicadas nos seus anais. Pode- criativo do assistente social na divisão do trabalho,
se, por exemplo, considerar a violência não apenas atribuindo-lhe a responsabilidade de ‘gerenciar prati-
como um complexo social, que se objetiva na atuação camente’ mazelas sociais, oriundas da violência es-
do assistente social, motivada por um ‘elemento ex- trutural, implícita no próprio metabolismo do capita-
terno’ a ela (uma demanda apresentada à profissão: a lismo contemporâneo, que é objetivada, com certa
mulher violentada, a criança espancada ou a violência independência, por meio de ações violentas, também
urbana em suas diversas manifestações, entre outras), potencializadas por individualidades e suas respecti-
mas, também, como um processo que se reconstrói a vas subjetividades.
partir da própria intervenção profissional. Nesta Consolida-se, então, um terreno fértil para certo
acepção a violência adquire, inclusive, outros desdo- tipo de fragmentação teórica e prática que se esten-
bramentos que a colocam como parte constituinte de de à categoria violência, (eliminando uma em favor
um circuito violento (isso foi indicado no item ‘violên- da outra, ou simplesmente ressaltando uma delas
cia e exercício profissional do assistente social’ – como a esfera que interessa à profissão), e, ao mes-
3,61%). Essa é uma dimensão particularmente inte- mo tempo, reforça-se um procedimento formativo,
ressante que não pode ser subestimada em qualquer comprometido com a criação de especialistas (teóri-
discussão sobre a violência, cos ou práticos) que atuem
as suas múltiplas expressões nas expressões das ‘violên-
e o Serviço Social. O problema está, sobretudo, na cias singulares’ (como se
Os dados relatados, ape- essa dimensão – componen-
sar dos limites, são suficien- profunda dificuldade desses te insuprimível da categoria
tes para evidenciar que os as- da totalidade – não fosse
sistentes sociais possuem uma profissionais apanharem as saturada por características
inserção profissional altamen-
te relevante no campo da vio- particularidades da violência a universais e particulares).
Essa ruptura entre o fazer e
lência (embora isso nem sem- partir de suas manifestações o pensar (já explicitamente
pre pareça claro para eles pró- relatada por Marx na segun-
prios), espaço esse que pode imediatas e singulares no da metade do século 19 –
e deve servir como um ver- MARX, 1983), essa dificulda-
dadeiro celeiro empírico ne- espaço em que se materializa a de de apanhar – ainda que
cessário e insuprimível, apon- relativamente – a realidade
tando para o ponto de partida atuação profissional. como totalidade (em movi-
e o de chegada da práxis pro- mento), é determinada e re-
fissional. Em outras palavras, forçada pela estrutura da or-
trata-se de um profissional empiricamente privilegiado dem burguesa e encontra ecos profundos na profis-
por ocupar os confins da sociedade burguesa são. Nesse contexto, a formação teórica fragmenta-
abrasileirada e atuar concretamente frente a esse im- da, deficitária ou simplesmente ‘aplicada” às neces-
pacto (sobretudo no campo das políticas sociais – seja sidades imediatas dos assistentes sociais, é mais uma
na reprodução da força de trabalho, ou na simples questão imposta à profissão.
manutenção dos miseráveis). Ao mesmo tempo, pare- Embora não seja possível, nesse curto espaço, ana-
ce que – e esse é um segundo aspecto relevante – lisar o conteúdo dos estudos apresentados pelas co-
vem crescendo a sintonia entre as múltiplas inserções municações selecionadas a partir dos anais dos even-
desse profissional e alguns setores da academia, com- tos considerados (e esse não é o objetivo desse arti-
prometidos com a produção de conhecimentos relaci- go), essa abordagem preliminar sobre elas confirma
onados à violência. sua diversidade teórica e temática. Transitam da sis-
Por outro lado, o grande desafio continua sendo o tematização de práticas interessantes que remetem a
de qualificar a forma como essa riqueza empírica é situações desafiadoras, apresentadas aos profissionais
apropriada teoricamente pelos assistentes sociais e de Serviço Social, propiciando múltiplas análises sus-
como isso é socializado com os diferentes segmen- tentadas em diversas orientações teóricas ou fragmen-
tos da profissão. O problema está, sobretudo, na pro- tos delas. Reivindicam, pelo menos intencionalmente,

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a defesa de direitos e a denúncia de todas as formas co. Tal procedimento é absolutamente necessário para
de violência sob a orientação do Código de Ética e do que seja construída uma abordagem séria, densa e com-
projeto ético-político da profissão. prometida capaz de combater qualquer forma particu-
Ora, reivindicar isso não é pouco, embora seja, lar de violência que se apresente como demanda ao
certamente, insuficiente para sintonizar a profissão – assistente social ou que se reproduza com o aval –
sem idealismos – com as inúmeras discussões que consciente ou não – do profissional e de sua atuação.
emergem do campo da violência. Cabe salientar, aqui,
a necessidade de não apenas sistematizar experiên-
cias (por melhor e mais elaboradas que sejam) e, ao 2 A violência como complexo social e sua
mesmo tempo, não afirmar qualquer tradição teórica reconstrução como categoria de análise
(muito menos aquelas comprometidas com sínteses
ecléticas). Para além desse nível que ‘adoça a boca’ Argumentou-se, até o presente momento, que o
dos amantes da pós-modernidade, é necessário res- prévio mapeamento empírico das múltiplas expres-
saltar uma tradição teórica que permita forcejar o sões contemporâneas da violência na relação direta
projeto ético-político da profissão e questionar as com o Serviço Social deve servir de referência à práxis
possibilidades e os limites da emancipação política profissional. É preciso não apenas qualificar a apro-
(MARX, 2005a, p. 41-42). É preciso afirmar que a priação da dinâmica desse real, mas, ao mesmo tem-
produção de conhecimentos, comprometida com a po, fomentar condições para que a produção elabo-
perspectiva da totalidade (no sentido em que foi tra- rada tenha impactos efetivos no cotidiano (HELLER,
tada por Marx e explicitada por Lukács), fornece as 1989) profissional. Desconsiderar essa dimensão –
melhores condições para isso, embora não garanta – insuprimível como tal – na produção de conhecimen-
em absoluto e por si só – um sucesso do pesquisador tos ou, ao contrário, se limitar a sua face singular e
que assuma esse ponto de vista (LÖWY, 1988). imediata, inviabiliza qualquer iniciativa comprometi-
Portanto, embora a focalização, a fragmentação da com a reconstrução da violência como categoria
e a departamentalização sejam características implí- sócio-histórica que se objetiva como complexo social.
citas no próprio metabolismo Esse é um procedimento im-
da ordem burguesa em curso prescindível atualmente para
(com suas derivações mais ... o prévio mapeamento o Serviço Social.
elaboradas que valorizam, A violência, em suas di-
com maior ou menor intensi- empírico das múltiplas versas manifestações con-
dade, a ‘rede comunicativa’,
estabelecida entre as partes
expressões contemporâneas da temporâneas mais imediata-
mente visíveis (física, psico-
para a ‘estabilidade’ do todo violência na relação direta com lógica, simbólica, estrutural –
– CAPRA, 2004) é preciso ou a associação entre elas),
ressaltar os tipos de aborda- o Serviço Social deve servir de possui uma existência real
gem e de tratamento ofere- que impacta a vida de seres
cidos pelos estudos e a for- referência à práxis sociais sob dada historicida-
ma como esse conhecimento de. Sua objetivação não é
vem sendo apropriado pelos profissional. uma abstração e supõe, ne-
assistentes sociais, tendo cessariamente, para que seja
como ponto de partida as in- violência, uma realização prá-
serções concretas da profissão na contemporaneidade. tica – mais ou menos visível, reconhecida ou não so-
Valorizar esse aspecto dentro da perspectiva da totali- cialmente – capaz de violar, oprimir, constranger fe-
dade – construída na unidade-diversa entre a teoria e rir e impor interesses e vontades que se sustentam
a prática, entre o pensamento e a realidade, entre a em desejos de indivíduos sociais, situados em uma
ontologia e a gnosiologia e apanhada na trama dada existência que impõe os parâmetros por onde
estabelecida entre o singular, o universal e o particular tais subjetividades se formam e se desenvolvem.
(LUKÁCS, 1979, p. 27) – é condição básica para que Portanto, por mais pontual que possa parecer um ato
os assistentes sociais apreendam criticamente as de- violento, ele sempre será ideado, viabilizado e expli-
mandas imediatamente enfrentadas, potencializem po- cado sob determinadas condições sócio-históricas e,
sitivamente essa relação, qualifiquem as possibilida- evidentemente, não poderá ficar circunscrito à esfe-
des e os limites da emancipação política em questão e ra puramente individual-subjetiva (embora não pres-
sintonizem a profissão, sem qualquer idealismo, com a cinda dela), já que o ser social é, ao mesmo tempo,
emancipação humana (MARX, 2005a). Esse é, segun- subjetividade-objetividade, indivíduo-classe. A violên-
do nossa opinião, o caminho mais fecundo para force- cia, nas suas diversas expressões, é uma categoria
jar, nas suas fronteiras e contradições, o Código de que se realiza como complexo social, que pertence
Ética dos assistentes sociais e seu projeto ético-políti- às relações humano-sociais (longe de qualquer

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paradigma biologista) e que carece, para seu Assim é que Hegel chegou à ilusão de conceber o
enfretamento, de reconstrução crítica apoiada na ra- real como resultado do pensamento que se con-
zão que se debruça sobre o mundo e, a partir dele, centra, que se aprofunda em si mesmo e se apreen-
formula conceitos e propõe alternativas práticas. de a partir de si mesmo como pensamento móvel;
Entretanto, como categoria que também é siste- enquanto que o método que consiste em elevar-se
matizada por meio de conceitos, a violência não está do abstrato ao concreto não é senão a maneira de
circunscrita a um ou outro conceito. Trata-se de um proceder do pensamento para se apropriar do con-
acontecimento excepcional – material – que revela creto, para reproduzi-lo espiritualmente como coi-
dimensões desconhecidas da vida social, produzindo sa concreta [...] (MARX, 1989, p. 410).
impactos econômicos, políticos e socioculturais. A
violência conta com seres reais que a operacionalizam É importante salientar que a existência de diferen-
com uso da força (não necessariamente física), com tes formas de apreensão do real (marcadas por bases
certa intensidade, com finalidades, intenções e inte- teóricas diferenciadas e por orientações de classe igual-
resses diversos. Revela, no geral, como lembra Ianni mente diferentes), não elimina, em absoluto, a existên-
(2004, p. 168), um desejo de destruição do outro, da- cia de uma verdade sobre esse real (a sua lógica con-
quele que é ‘diferente’ e ‘estranho’, que foge dos creta). Nós a perseguimos, se a capturamos, ainda
padrões socialmente estabelecidos. Procura, com isto, que nunca exatamente, é outro problema. O mesmo
exorcizar questões de difícil solução e sublimar situ- ocorre com as diferentes apreensões sobre a catego-
ações e cenários absurdos, embutidos na sociabilida- ria violência e o significado da desigualdade social na
de e no jogo de forças sociais3. Isso, por si só, indica ordem burguesa madura ‘abrasileirada’, contamina-
os imensos desafios que se apresentam ao Serviço das por formas ideológicas que tomam parte do pro-
Social e à formação de seus profissionais. cesso como sendo o processo por inteiro. Por isso,
Apanhar, neste contexto, a violência como cate- com não pouca freqüência, são endossadas apreen-
goria de análise exige um procedimento metodológico sões da ‘violência’ ou de ‘violências’ (na verdade for-
comprometido com a perspectiva da totalidade – que mas particulares de objetivação cotidiana da violên-
também, como categoria ontológica, possui uma exis- cia) como atos pontuais causados exclusivamente por
tência para além da razão pensante. Em outras pala- indivíduos que carecem de um tratamento focal.
vras, longe de qualquer tentativa de fragmentar ou Essa deturpação se estende para outras impor-
de generalizar mecanicamente a explicação da vio- tantes categorias abstratamente referenciadas: a de-
lência nas suas heterogêneas formas de objetivação, mocracia, a cidadania, a liberdade, a autonomia, a
é preciso partir das demandas imediatas impostas à justiça, a eqüidade, os direitos e a emancipação. To-
profissão e descortinar suas conexões universais re- das elas necessárias para uma abordagem de tota-
ais que jamais se realizam como atos unicamente iso- lidade, mas freqüentemente consideradas como
lados. No entanto, isso somente adquire maior ‘uma outra coisa’ quando se fala de violência. Ora,
concretude na medida em que as particularidades da é necessário explicar o que representam, do que
violência como complexo social e suas inúmeras tratam e em qual sentido são apropriadas e
mediações reconstruídas com o auxílio da razão, se- reproduzidas tais terminologias no âmbito da profis-
jam explicadas para além das manifestações imedia- são, também quando se discutem as expressões
tamente constatadas pelos assistentes sociais em seu particulares da violência! Por exemplo: de qual de-
trabalho. É preciso, mais do que isso, que todo esse mocracia falamos? Ela é a referência para o que se
processo volte ao seu ‘ponto de partida’ e oriente a chama de emancipação? Qual tipo de emancipa-
intervenção profissional sem idealismos, ou seja, sem ção? Qual a utilidade delas no combate às múltiplas
exigir dela e do Serviço Social o que ambos não po- manifestações da violência na contemporaneidade,
dem oferecer. Isso indica as grandes dificuldades para desde a leitura crítica desse complexo social (para
a concretização de uma leitura de totalidade em tem- além da culpabilização meramente individual) até a
pos de fragmentação generalizada. formulação de ações efetivas para sua negação-
superação? O mesmo vale para os outros termos
[...] O concreto é concreto, porque é a concentra- tomados, muitas vezes, sem qualquer rigor – o eixo
ção de muitas determinações, isto é, unidade do exclusão-inclusão social, por exemplo –, como re-
diverso. Por isso, o concreto aparece no pensa- ferências indiscutíveis à construção genérica de uma
mento como o processo de concentração, como ‘outra ordem societária’ (diga-se de passagem, uma
resultado, não como ponto de partida e, portanto, tarefa que não se limita, jamais, às profissões).
o ponto de partida também da intuição e da repre- Analisar com cuidado esse pantanoso e contra-
sentação. No primeiro caminho a representação ple- ditório terreno por onde se move a profissão, é con-
na volatiliza-se na determinação abstrata4; no se- dição básica para uma abordagem séria da violên-
gundo, as determinações abstratas conduzem à re- cia no âmbito da formação e do trabalho do assis-
produção do concreto por meio do pensamento. tente social, seja em relação às formas de violência

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que fazem parte da vida cotidiana dos usuários ou, Crescem, simultaneamente, as possibilidades de
o que é especialmente interessante, àquelas que se uma análise mais densa sobre o papel da profissão
propagam com a colaboração dos profissionais (e e dos profissionais como atores que potencializam,
elas freqüentemente ‘dialogam’ entre si). ou não, processos violentos.
As desigualdades sociais particularizadas e fun- Reivindica-se, então, sem romantismos, um tra-
damentadas, sob as condições objetivas ofereci- balho profissional, entendido como uma determina-
das pelo capitalismo (a apropriação privada da pro- da forma de trabalho assalariado (necessariamente
dução social), possibilitam a materialização de di- abstrato – que subsume, mas não elimina sua di-
ferentes formas de violência. Esse aspecto relaci- mensão concreta), predominantemente improduti-
onado à questão social – intrínseca à natureza da vo e claramente material (situado no campo das re-
propriedade privada (MARX, 1984, p. 187) –, pre- lações sociais e da reprodução da força de traba-
cisa ser considerado na formação profissional do lho, especificamente relacionado com o ge-
assistente social ao se discutir as expressões da renciamento de múltiplos programas e projetos so-
violência no Serviço Social. Não se trata, então, ciais que fazem parte das políticas sociais – e esse
de fomentar abordagens segmentadas da violên- é um dado insuprimível), dotado de uma formação
cia no processo de formação profissional, mas de profissional com densidade teórica e forte carisma
reconstruí-la como elemento que se repete e se interventivo (contexto em que deve se inserir a pes-
particulariza – não mecanicamente – sob condi- quisa e a produção de conhecimentos). Sob essas
ções históricas, marcadas pela crise do capital e condições, sem qualquer concessão messiânica e
de suas contraditórias iniciativas de reprodução em com clareza de suas bases históricas nitidamente
escala ampliada. conservadoras (IAMAMOTO 1985, 1994; PAULO
Nesse sentido é que, por exemplo, a violência NETTO, 1991), é necessário valorizar o potencial cri-
particularizada em ‘múltiplas faces’ (diferentes, mas ativo do sujeito histórico possível – que também o
unidas entre si), não carece, necessariamente, de assistente social pode exercer – sobretudo nesses
um espaço específico nas grades curriculares dos momentos em que a voracidade do capital estimula a
cursos de Serviço Social, mas, sobretudo, deve ser criação e a recriação de múltiplas formas de violên-
abordada e destacada na interface entre a profis- cia com a participação, mais ou menos consciente,
são e os assuntos que servem como eixo central dos profissionais e das profissões. Não acreditar nessa
para importantes conteúdos programáticos, materi- possibilidade não apenas engessa a ambos, mas, so-
alizados em ementas de disciplinas: Fundamentos bretudo, os coloca no campo exclusivo da reprodu-
Teóricos-Históricos-Filosóficos, Trabalho Profissi- ção do capital (sem qualquer possibilidade de resis-
onal, Ética, Sociologia, Teoria Política, Filosofia, tência) e a favor da violência em suas múltiplas ex-
Psicologia, entre outras5. O estágio supervisionado, pressões (mesmo que os assistentes sociais não se
a supervisão acadêmica e de campo, no caso da dêem conta disso). É preciso, portanto, qualificar a
graduação, devem ser interlocutores privilegiados forma como o profissional ocupa espaços, apropria-
para oferecer e discutir cenários reais vividos pelos se criticamente deles e desenvolve ações.
discentes e pelos futuros profissionais. A partir disso e dos limites intransponíveis de-
Essa postura evita a fragmentação e o isola- terminados pelas possibilidades de uma profissão,
mento na própria forma de reconstruir o tema no dentro de sua história e de sua historicidade, que é
âmbito da profissão (e no da formação), bem como possível reivindicar uma interlocução entre o Ser-
estimula uma apropriação das expressões da vio- viço Social, a contribuição marxiana e certa tradi-
lência tendo como base temas-eixo reais para o ção marxista comprometida com a perspectiva da
Serviço Social: questão social, Estado e políticas totalidade (inclusive no trato da categoria violên-
sociais, teoria/método/produção de conhecimentos, cia), sem crer, em absoluto, em um ‘Serviço Soci-
trabalho profissional, entre outros, considerando al marxista’ ou em um marxismo adaptado às con-
como terreno sócio-histórico a ordem burguesa dições de uma profissão (PAULO NETTO, 1989).
contemporânea no Brasil. Existem, nesse sentido, Essas são as melhores condições – embora não
melhores condições para apreender a violência sirvam de garantia absoluta – para dar combate
como um importante complexo social que interage radical à violência e às suas múltiplas expressões
com o Serviço Social de múltiplas maneiras, sob na contemporaneidade, valorizando uma inserção
dadas condições, desconstruindo interpretações crítica e propositiva que potencialize importantes
que tendem a explicá-la como uma ‘aberração‘ alternativas de resistência naqueles espaços
unicamente criada e praticada por indivíduos ou socioocupacionais onde se possa, deva e tenha que
segmentos sociais ‘predispostos’ a comportamen- pensar e fazer de forma diferente (como intelec-
tos violentos, tomando formas particulares de vio- tuais e não como ‘acadêmicos’ ou ‘práticos’).
lência como sendo ‘a violência‘ (hoje, por exem- Nesse sentido, é possível qualificar a emancipa-
plo, materializada na maldita ‘violência urbana’). ção política e forcejar na direção da emancipação

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humana (MARX, 2005a, p. 42), sem atribuir à primei- e que podem continuar a se reproduzir – mais inten-
ra o caminho mágico para a realização da segunda samente – com base em seu exercício profissional
(LESSA, 2007). (como processo que atravessa a profissão e os pro-
fissionais inseridos nesse circuito). Apanhar esse
contexto, reconhecer sua complexa e pulverizada
3 Apontamentos para a continuidade do (mas não isolada) particularização e, a partir disso,
debate propor encaminhamentos práticos e efetivos que le-
vem em consideração os aspectos peculiares dos
O Serviço Social como profissão e os assistentes segmentos envolvidos, é condição para o
sociais como profissionais que exercem determinado enfrentamento das múltiplas formas de violência.
tipo de trabalho, podem reforçar – com maior ou Entretanto, esse procedimento, em momento algum,
menor intensidade – processos violentos ou resistir a não pode ser confundido com ações focais adminis-
eles a partir das condições objetivas disponíveis. A tradas por gerentes sociais especialistas em recortar
violência e suas expressões particulares não são de- o ‘irrecortável’.
mandas puramente ‘externas’ que se apresentam à Nesse sentido, apontamos nos itens a seguir algu-
profissão para um tratamento técnico, eficiente e mas iniciativas de resistência, necessárias para sub-
sistêmico. Mais do que isso, imbricam-se com o exer- sidiar ações individuais e coletivas.
cício profissional do assistente social e exigem dele a) É fundamental, insistir em uma formação pro-
um posicionamento teórico, político e prático – mar- fissional que, negando, simultaneamente, o
cado pela necessária clareza teórico-analítica e pela ‘academicismo’ e o ‘teoricismo’, esteja voltada
solidez interventiva – que o coloca como um ator para a análise teórica de desafios práticos, en-
participante de um complexo circuito repleto de suti- riquecendo a experiência com a reflexão críti-
lezas e de armadilhas. ca. Evidentemente que as atuais condições não
É preciso reconhecer que a violência apresenta- são nada favoráveis para isso. A precarização
se heterogênea e multifacetada e se particulariza da formação profissional, estimulada pela proli-
atingindo diferentes segmentos sociais (jovens, mu- feração de cursos à distância – com amplo aval
lheres, idosos, famílias, grupos, movimentos sociais, e estímulo das instâncias oficiais –, a
entre outros), classes sociais diversas (dos miserá- ‘flexibilização’ e as inúmeras dificuldades dos
veis aos milionários – ainda que, evidentemente, cursos presenciais, a tendência em ‘enxugar’ a
objetive-se com intensidades variadas e conte com pós-graduação, entre outras iniciativas em cur-
instrumentos de defesa igualmente diferentes e de- so, consolidam uma orientação educacional su-
siguais) e imediatamente se manifesta por meio de perficial e meramente operativa (ou nem isso),
marcas físicas ou psicológicas, sentidas por indiví- portanto muito distante da necessária base in-
duos. Certamente que as expressões particulares telectual fundamental à práxis profissional.
da violência não estão circunscritas às camadas b) É preciso ter claro, que os campos da emanci-
pobres, ainda que se materializem nelas sob condi- pação política e da afirmação de direitos
ções peculiares (como vítimas ou agentes repro- ( MARX , 2005a) devem ser ocupados e
dutores). Mas é necessário reconhecer que as con- potencializados pelos profissionais de Serviço
dições materiais de existência e a sociabilidade nela Social. No entanto, somente vale a pena assu-
formada são componentes insuprimíveis para a ex- mi-los se for possível imprimir uma direção que
plicação desse fenômeno mesmo que seja para res- ocupe e movimente suas possibilidades por
saltar as faltas ou os excessos por onde as relações meio da práxis profissional. Isso significa ocu-
sociais – burguesas – constituem-se, cada vez mais, par espaços oficiais e institucionais (pelo me-
como ‘relações coisais’. nos aqueles que propiciam a contradição e o
Portanto, afirmar que processos violentos se par- debate), ainda que estas instâncias sejam in-
ticularizam sob determinadas condições e em deter- suficientes. Assim, é preciso, entre outras coi-
minados segmentos sociais, não é o mesmo que en- sas, preparar profissionais capazes de
dossar uma abordagem focal da violência. Enfrentar potencializar múltiplas instâncias que ponham
as múltiplas formas atuais de violência não significa, em movimento forças comprometidas com a
em absoluto, especializar o ‘olhar científico’ para for- emancipação humana.
mar profissionais comprometidos com tratamentos e c) É necessário, retomar o vínculo com os mo-
ações cirúrgicas, como verdadeiros ‘médicos soci- vimentos sociais e com os trabalhos popula-
ais’. Reafirmar a perspectiva da totalidade na recons- res. Longe de qualquer iniciativa preocupa-
trução da violência como categoria e como comple- da em ressuscitar ações sectárias e
xo social possui o exato sentido de reconhecer, a ab- dogmáticas, mas para sintonizar o trabalho
soluta necessidade de apanhar as particularidades da profissional com outras instâncias absoluta-
violência que se apresentam aos assistentes sociais mente necessárias à práxis social (MARX,

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272 José Fernando Siqueira da Silva

1987). Como está expresso em Silva (2008), ______.; CARVALHO, R. de. Relações sociais e Serviço
é fundamental abandonar o isolamento e a Social no Brasil. Esboço de uma interpretação histórico-
‘neutralidade’ técnico-instrumental – o metodológica. São Paulo: Cortez, 1985.
posto unicamente gerencial –, ‘colar’ no
movimento do real e, portanto, produzir co- IANNI, O. A cultura da violência. Capitalismo, violência e
nhecimentos, propor e viabilizar alternati- terrorismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.
vas a partir das necessidades dos segmen-
tos sociais desapropriados pelo capital. Isso, LESSA, S. A emancipação política e a defesa de direitos.
simultaneamente, enriquece os espaços ofi- Revista Serviço Social & Sociedade, São Paulo: Cortez,
ciais e gerenciais – importantes quando ocu- n. 90, p. 35-57, jun. 2007.
pados propositivamente – ‘temperando-os’
com potência contestatória e oxigenan- LÖWY, M. As aventuras de Karl Marx contra o barão de
do possíveis comportamentos dóceis de Münchausen. Marxismo e positivismo na sociologia do
lideranças cooptadas pelo instituído. Ao conhecimento. São Paulo: Busca Vida, 1988.
mesmo tempo, oferece informações
institucionais valiosas aos movimentos soci- LUKÁCS, G. Introdução a uma estética marxista. Tradução
ais e contribui para criticá-los em suas fra- de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Civilização
gilidades (particularmente na sua fragmen- Brasileira, 1978.
tação), fortalecendo e concretizando suas
ações. Esse procedimento qualifica o traba- ______. Ontologia do ser social. Os princípios onto-
lho profissional e exige, dele, posturas abso- lógicos fundamentais de Marx. São Paulo: Livraria Editora
lutamente diferenciadas no campo teórico- Ciências Humanas, 1979.
prático e ético-político.
Um grande desafio está claramente posto ao Ser- MARX, K. O método da economia política. Contribuição à
viço Social: ou se caminha em direção a reafirmar crítica da economia política. In: FERNANDES, F. (Org.).
o Código de Ética e o projeto ético-político da pro- Marx/Engels – História. São Paulo: Ática, 1989. (Coleção
fissão no exato sentido de esclarecer e de radicalizar Grandes Cientistas Sociais, n. 36, p. 409-417).
a apreensão teórico-prática de categorias sociais que
dizem respeito à existência do ser na ordem bur- ______. A questão judaica. São Paulo: Centauro Editora,
guesa (trabalho, questão social, democracia, eman- 2005a.
cipação, solidariedade, justiça, equidade, liberdade
e, nessa trama, as manifestações particulares da ______. As teses sobre Feuerbach. A ideologia alemã. São
violência), ou serão eliminadas quaisquer possibili- Paulo: Hucitec, 1987.
dades de resistência e de reorganização das forças
progressistas nesses duros tempos de supremacia ______. O capital. São Paulo: Abril Cultural, 1984. (v. 1, t. 2).
do capital sobre o trabalho. Este é o caminho para
sucumbir à desumanização do homem e reafirmar PAULO NETTO, J. Ditadura e Serviço Social – uma
um Serviço Social limitado ao ‘cidadão’ consumidor análise do Serviço Social no Brasil pós-64. São Paulo:
responsável e comprometido com a ‘solidariedade’ Cortez, 1991.
de classes. Essas não seriam as condições ideais
para a reprodução da violência e de suas expres- ______. O Serviço Social e a tradição marxista. Serviço
sões contemporâneas particulares no mundo do ca- Social & Sociedade, São Paulo: Cortez, n. 30, p. 89-102,
pital, considerando as bases criadas pela ideologia abr. 1989.
do ‘humanismo solidário’?
SILVA, J. F. S. da. ‘Justiceiros’ e violência urbana. São
Paulo: Cortez, 2004a.
Referências
______. Violência, Serviço Social e formação profissional.
CAPRA, F. O ponto de mutação – a ciência, a sociedade e Serviço Social & Sociedade. São Paulo: Cortez, n. 79, p.
a cultura emergente. São Paulo: Editora Cultrix, 2004. 133-147, set. 2004b.

HELLER, A. O cotidiano e a história. Rio de Janeiro: Paz e ______. O recrudescimento da violência nos espaços urba-
Terra, 1989. nos: desafios para o Serviço Social. Serviço Social &
Sociedade, São Paulo: Cortez, n. 89, p. 130-154, mar. 2007a.
IAMAMOTO, M. V. Renovação e conservadorismo no
Serviço Social – ensaios críticos. São Paulo: Cortez/Celats, ______. Pesquisa e produção do conhecimento em Serviço
1994. Social. Textos & Contextos, PUCRS, v. 6, n. 2, dez. 2007b.

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Violência e Serviço Social: notas críticas 273

Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/fass/


ojs/index.php/fass>. Acesso em: 2 fev. 2007.

______.Violência e desigualdade social: desafios contem-


porâneos para o Serviço Social. Revista Ser Social, Brasília:
UnB, n. 19, p. 31-58, 2008.

Notas

1 São considerados, aqui, os trabalhos que reivindicam


diretamente uma discussão sobre a violência a partir de suas
expressões na área de Serviço Social, tendo como referência
o período situado entre o VII Encontro Nacional de
Pesquisadores em Serviço Social (Enpess, Brasília, 2000) e o
XII Congresso Brasileiro de Assistentes Social (Foz do
Iguaçu, 2007).

2 Análises focalistas empobrecem a explicação do movimento


do real tanto quanto estudos puramente generalistas. É
preciso indicar as mediações situadas na esfera da
particularidade, apanhando a dinâmica entre o universal e o
singular. Sobre isso consultar Lukács (1978, 1979).

3 Discussão feita em Silva (2007a-b, 2008).

4 Marx critica, aqui, o procedimento metodológico abstrato-


especulativo dos economistas do século 17 que partia,
sempre, de um “todo vivo: a população, a nação, o Estado,
vários Estados etc.”

5 Isso também vale para a pós-graduação em seus diferentes


níveis (SILVA, 2004b).

José Fernando Siqueira da Silva


Doutor em Serviço Social pela Pontifícia Universi-
dade Católica de São Paulo (PUC-SP)
Professor do Departamento de Serviço Social da
Universidade Estadual Paulista (UNESP-Franca)

UNESP-Franca
Rua Major Claudiano, 1488, sala 157
Centro
Franca – São Paulo
Caixa Postal 211
CEP: 14400-690

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