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Manual de Orientação

Departamentos Científicos de Neurologia e


Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento
(gestão 2022-2024)
Nº 32, 13 de Dezembro de 2022

Indicações para o uso da Cannabis em


pacientes pediátricos com transtornos
do neurodesenvolvimento e/ou epilepsia:
uma revisão baseada em evidências

Departamento Científico de Neurologia (gestão 2022-2024)


Presidente: Magda Lahorgue Nunes
Secretário: Márcio Moacyr de Vasconcelos
Conselho Científico: André Luis Santos do Carmo, Camila dos Santos El Halal,
Eduardo Jorge Custódio da Silva, Jaime Lin (relator),
Paulo Emídio Lobão Cunha, Sergio Antoniuk, Valéria Loureiro Rocha

Departamento de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento (gestão 2022-2024)


Presidente: Liubiana Arantes de Araújo
Secretário: Livio Francisco da Silva Chaves
Conselho Científico: Ana Márcia Guimarães Alves, Álvaro Jorge Madeiro Leite,
Margareth H. Melo Coelho, Mariana Facchini Granato,
Maura Calixto Cecherelli de Rodrigues, Renato Mikio Moriya,
Renato Santos Coelho

medicinal está cada vez mais sendo estudada e


Introdução
pesquisada, motivada pela busca de novos me-
dicamentos que possam ser usados para aliviar
“Cannabis medicinal” é um termo amplo os sintomas que não respondem a terapêuticas
que pode ser aplicado para qualquer tipo de tradicionais e que causam muito sofrimento
medicamento à base de cannabis. A cannabis para crianças, adolescentes e a suas famílias,

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Indicações para o uso da Cannabis em pacientes pediátricos com transtornos do neurodesenvolvimento e/ou epilepsia:
uma revisão baseada em evidências

como no caso das epilepsias refratárias e nos Em 2018, após vários ensaios clínicos bem
transtornos do neurodesenvolvimento, princi- delineados, o uso de canabidiol (CBD) foi con-
palmente em casos de transtorno do espectro siderado efetivo e liberado pelo FDA (Food and
autista (TEA). Entretanto, o uso da cannabis só Drug Adminisitration) norte-americano para as
deve ser considerado quando outros tratamen- síndromes de Dravet e de Lennox-Gastaut, duas
tos não consigam o controle dos sintomas.1 síndromes epilépticas graves e frequentemente
refratárias aos antiepilépticos convencionais.8,9
Vários estudos envolvendo o uso de canabi-
noides em diversas doenças vêm sendo realiza- O mecanismo pelo qual o CBD tem efeito
dos; e apesar do grande interesse em seu uso como fármaco anticrise ainda não está total-
há ainda poucos estudos com método científico mente esclarecido, entretanto sabe-se que pos-
robusto que comprove sua eficácia e segurança. sui ampla e variável farmacocinética associada
Há uma necessidade premente de mais pesqui- a um efeito proeminente de primeira passagem
sas sobre seu uso com segurança e é necessá- e baixa biodisponibilidade oral que aumenta
rio enfatizar que as evidências de potenciais quatro vezes quando o CBD é tomado com uma
benefícios, até o momento, ainda são limitadas refeição com alto teor de gordura/calorias.10
a algumas patologias.2 Os primeiros estudos clínicos randomizados
com o uso de CBD puro em crianças e adolescen-
Nesta revisão temos como objetivo sinte-
tes com epilepsia foram publicados entre 2017
tizar o atual “estado da arte” em relação às in-
e 2018 e demonstraram eficácia na redução de
dicações de inclusão de medicamentos à base
crises epilépticas (em torno de 50%) em pacien-
de cannabis no tratamento de doenças neuro-
tes com síndrome de Dravet e Lennox-Gastaut,
lógicas. Aquelas que representam interesse ao
duas encefalopatias epilépticas caracterizadas
pediatra estão sintetizadas abaixo.
pela refratariedade das crises e déficit cognitivo
associado. Em 2019 foi publicado outro estudo
que mostrou também a eficácia em pacientes
com complexo da esclerose tuberosa.10-13
Epilepsia A síndrome de Dravet foi descrita na França
por Charlotte Dravet e colaboradores em 1978.
A epilepsia é uma das doenças neurológicas É uma epilepsia que acomete lactentes previa-
mais comuns e acomete cerca de 50 milhões de mente normais e sem complicações perinatais.
pessoas, mundialmente. Cerca de um terço dos O quadro inicia entre 5 e 9 meses de vida com
pacientes com epilepsia apresentam quadros crises clônicas associadas a hipertermia. No iní-
refratários, que se caracterizam pela persis- cio, muitos destes pacientes recebem o diag-
tência de crises epilépticas apesar do uso, em nóstico de convulsão febril. Após algum tempo,
posologia adequada, de duas ou mais medica- podem ocorrer crises afebris ou com discreta
ções de primeira linha (de maneira concomitan- elevação da temperatura. Entre 1 e 4 anos de
te ou não).3,4 vida se iniciam as crises do tipo mioclônicas,
que são muito frequentes. Em associação à
Até muito recentemente, as descrições do piora das crises ocorre atraso no desenvolvi-
benefício do uso de canabinoides no tratamen- mento neuropsicomotor. Outros tipos de crise
to de pacientes epilépticos eram casos esparsos (parciais, atônicas ou automatismos) também
ou provenientes de estudos pequenos, de curta podem ocorrer. A manobra de fotoestimulação
duração, e envolvendo grupos heterogêneos de durante o EEG desencadeia crises. A investi-
pacientes.5 Desta forma, não havia evidências gação etiológica evidencia associação a muta-
robustas o bastante para a recomendação for- ções nos canais de sódio (gene SCNA). As crises
mal de sua prescrição.6,7 são refratárias aos fármacos antiepilépticos e

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a evolução clínica é desfavorável com atraso É preciso lembrar que o CBD pode afetar o
cognitivo.10,12,13 funcionamento de outros medicamentos, e como
geralmente os pacientes com epilepsia refratá-
A síndrome de Lennox–Gastaut, identificada
ria recebem politerapia, esta possibilidade deve
por Lennox e Davis (1950) e Gastaut (1966), ge-
ser levada em consideração. Evidências in vitro e
ralmente ocorre em crianças a partir de 2 anos
in vivo sugerem a ocorrência de interações entre
de idade e cerca de 60% dos pacientes têm com-
o CBD e os fármacos anticrises convencionais.
prometimento neurológico prévio. É caracteriza-
Em um estudo, o uso concomitante de CBD resul-
da por múltiplos tipos de crises convulsivas, in-
tou em aumento dos níveis séricos de clobazam,
cluindo mioclonias maciças com queda súbita ao
topiramato, rufinamida, zonisamida e eslicar-
solo. O prognóstico é reservado, as crises são re-
bazepina, com aumento dos sintomas de sono-
fratárias, ocorrem distúrbios neuropsiquiátricos
lência nos usuários de clobazam. Entre usuários
e alterações cognitivas.10,11,13
de valproato, o consumo concomitante de CBD
O complexo da Esclerose Tuberosa é classi- cursou com aumento dos níveis das enzimas
ficado como uma doença neurocutânea causada transaminase glutâmico oxalacética (TGO), e
por disfunção genética de herança dominante transaminase glutâmico pirúvica (TGP).13
em que tumores (geralmente hamartomas) afe-
Concluindo, no momento podemos dizer que
tam múltiplos órgãos, incluindo o sistema ner-
os estudos de metanálise sugerem evidências
voso central. A doença é caracterizada por cri-
claras do benefício de CBD em pacientes com
ses epilépticas, muitas vezes de início precoce,
as síndromes de Dravet e Lennox-Gastaut.14,15
atraso ou regressão no neurodesenvolvimento e
Mais recentemente o complexo da esclerose
disfunções cognitivas, além de lesões de pele.
tuberosa também entrou nas indicações. Estu-
Outras síndromes epilépticas - O CBD tam- dos desenvolvidos com método adequado uti-
bém está sendo estudado em outras síndromes lizaram formulações industriais contendo CBD
epilépticas como a por deficiência de CDKL5, puro, aprovadas pelos órgãos fiscalizadores do
nas síndromes de Aicardi e de Doose, além da respectivo país.13,16 Os produtos à base de CBD
Dup15q (duplicação do cromossoma 15) (ver parecem ter efeito favorável em um largo espec-
detalhes em ClinicalTrials.gov.) A média de redu- tro de crises epilépticas com manifestações mo-
ção de crises nestes estudos abertos é de 50%. toras (clônica, mioclônica, mioclônica–astática,
É importante ressaltar que em todas estas in- tônico-clônica generalizada).13
dicações o CBD é utilizado como fármaco adjun-
to dentro do esquema de politerapia que estas
situações requerem.
Transtorno do Espectro Autista

O TEA refere-se a um transtorno do neurode-


Efeitos colaterais nos senvolvimento que se caracteriza pela presen-
pacientes com epilepsia ça de dificuldades na comunicação e interação
social e pela presença de um padrão restrito e
Os efeitos adversos mais comuns que dife- repetitivo de comportamentos, interesses e ati-
renciaram o CBD do placebo em estudos reali- vidades. Por definição, estes sintomas são obser-
zados com pacientes com epilepsia foram: sono- vados em fases precoces do desenvolvimento,
lência/sedação, diminuição do apetite, aumento afetando o funcionamento diário. O termo “es-
de transaminases e diarreia, alterações compor- pectro” é utilizado, tendo-se em vista a hetero-
tamentais, erupções cutâneas, fadiga e distúr- geneidade existente na apresentação clínica, a
bios do sono.10 gravidade dos sintomas e o nível de funciona-

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Indicações para o uso da Cannabis em pacientes pediátricos com transtornos do neurodesenvolvimento e/ou epilepsia:
uma revisão baseada em evidências

mento e habilidades encontradas entre as pes- atípicos) para o tratamento dos sintomas asso-
soas com autismo.17 ciados ao autismo em crianças e adolescentes;
entretanto, muitas outras classes de medicações
Enquanto não se define o que seja o TEA, ob-
como estabilizadores de humor, antidepressivos
servou-se, nos últimos anos, um aumento drásti-
e psicoestimulantes são comumente utilizados
co nas taxas de prevalência do autismo. Segundo
na prática clínica.23
o último levantamento do Centro de Contro-
le de Doenças dos Estados Unidos da América,
encontrou-se prevalência de 1 caso para cada
44 crianças, tornando o autismo uma das condi-
ções mais comuns a afetar o neurodesenvolvi- O uso do canabidiol
mento na faixa etária pediátrica.18 no tratamento do TEA
Além dos sintomas centrais, o TEA frequen-
temente é acompanhado por comorbidades Em 2019, foi aprovada pelo FDA uma solução
psiquiátricas. Evidências sugerem a ocorrência oral à base de CBD para o tratamento de duas
de 70% para, pelo menos, uma e de 50% para encefalopatias epilépticas graves: a síndrome de
múltiplas doenças neurológicas ou de saúde Dravet e a síndrome de Lennox-Gastault.24 Como
mental, sendo as mais comuns: deficiência in- a epilepsia é uma comorbidade frequentemen-
telectual, epilepsia, ansiedade, transtornos do te encontrada no TEA e, tendo-se em vista que
humor, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e a presença de crises epilépticas/anormalidades
esquizofrenia.19 eletroencefalográficas poderia levar a alterações
comportamentais, aventou-se a possibilidade
Embora apresente prevalência elevada, alta
de utilização do CBD também para o tratamento
taxa de morbidade e significativo impacto eco-
do autismo.25
nômico e social, ainda não existem tratamentos
eficazes direcionados aos seus sintomas centrais. O primeiro estudo a avaliar o CBD no tra-
Até o momento, o tratamento dos casos consiste tamento de crianças com TEA foi realizado por
em intervenções comportamentais, educacio- Barchel e colaboradores. Foi estudo aberto e
nais e associação de psicofármacos, visando a não controlado, realizado em Israel que incluiu
melhora de sintomas, como agressividade e irri- 53 participantes (mediana de idade de 11 anos,
tabilidade, e às diversas comorbidades do TEA.20 85% meninos), que receberam óleo de CBD
(proporção de CBD para tetrahidrocanabidiol
Atualmente, o tratamento considerado pa-
[THC] 1:20). A mediana de tempo de seguimen-
drão-ouro para o TEA é a intervenção precoce
to foi 66 dias. Houve um efeito benéfico geral
(um conjunto de modalidades terapêuticas com-
em 74% dos pacientes. Especificamente, houve
portamentais e psicoeducacionais que visam
melhora de agressividade em 67,6%, de hipe-
melhorar o desenvolvimento social e de comuni-
ratividade em 68,4%, de distúrbios do sono em
cação, protegendo o funcionamento intelectual
71,4% e de ansiedade em 47,1%. Ressalta-se
e melhorando a qualidade de vida), que deve ser
que, em alguns casos, houve piora sintomática e
iniciada tão logo haja suspeita ou imediatamen-
que também foram relatados efeitos colaterais,
te após o diagnóstico.21
em especial sonolência e alteração de apetite.
Muitas vezes, a pessoa com TEA demanda, Várias foram as críticas ao estudo, entre elas, o
ainda, tratamento psicofarmacológico para os método falho, sem critérios diagnósticos bem
sintomas relacionados ao quadro como: agita- definidos, captação dos pacientes baseada no
ção, impulsividade, irritabilidade, auto ou he- interesse dos familiares, curto tempo de segui-
teroagressividade e destrutividade22. Até o mo- mento e resultados baseados em informações
mento, o FDA norteamericano indica apenas a telefônicas sem avaliação clínica ou instrumen-
risperidona e o aripiprazol (ambos antipsicóticos tos padronizados.26

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O estudo de Fleury-Teixeira e colaborado- na comunicação e na interação social em 20%


res foi o primeiro a avaliar o efeito do CBD no dos casos.27
tratamento de sintomas centrais do autismo.
Avaliou 18 pacientes com TEA, idades entre A Tabela 1 traz um resumo dos principais es-
seis e 17 anos, com um questionário aplicado tudos publicados a respeito do uso de CBD no
aos pais e responsáveis, verificou-se melhora tratamento do TEA.

Tabela 1. Principais estudos publicados a respeito do uso de canabidiol (CBD) no tratamento do


Transtorno do Espectro Autista

Autor / Desenho N/ Resultados


ano do estudo idade*

Aran et al Coorte 60 / 11,8 Melhora no quadro comportamental (29%), na ansiedade (39%) e na


201928 retrospectivo comunicação (47%);
33% dos casos passaram a receber menos medicamentos.
Principais efeitos adversos (51%): distúrbios do sono (14%),
perda do apetite (9%), sintomas gastrintestinais (7%) e fadiga (5%).
Aran et al Ensaio clínico, 150 / 11,8 Participantes aleatoriamente divididos em três grupos segundo o tratamento:
202129 randomizado, Placebo vs. extrato de cannabis (CBD:THC – 20:1) vs. CBD puro.
duplo-cego Observou-se melhora significativa nos comportamentos disruptivos em
49% dos participantes que receberam extrato de cannabis vs 21% do grupo
placebo. Em relação aos comportamentos disruptivos, não houve diferença
significativa entre extrato de cannabis ou CBD puro.
Barchel Coorte 53 / 11 Melhora de sintomas: hiperatividade (68,4%), nos quadros de autoagressão
et al prospectivo (67,6%), nos distúrbios do sono (71,4%), nos quadros de ansiedade (47,1%)
201926 e melhora geral (74,5%).
Principais efeitos adversos: sonolência (22,6%) e perda do apetite (11,3%).
Fleury- Coorte 18 / 10,9 Houve percepção de melhora de sintomas: frequência de crises epilépticas
Teixeira prospectivo (50%), TDAH (30%), interação social (25%), transtornos comportamentais
et al (20%), déficit motor (20%) e déficit cognitivo (20%)
201927 Principais efeitos adversos: sonolência, irritabilidade, diarreia, aumento do
apetite e hiperemia conjuntival.
Hacohen Coorte 82 / 9,2 Administração de extrato de cannabis (CBD:THC 20:1).
et al prospectivo Houve melhora significativa nas habilidades de comunicação social e melhora
202230 na frequência de comportamentos repetitivos. Chama a atenção o fato de que
51% dos participantes do estudo não apresentaram melhora significativa,
ou seja, a melhora relatada no estudo foi observada em apenas metade dos
participantes que melhoraram de forma muito intensa (observou-se grande
variabilidade de resposta).
Principais efeitos adversos: piora na agressividade, ansiedade,
aumento de peso e hiperatividade.
Kuester Série de casos 20 / 9,8 Em escalas de impressão global (CGI-I) e de estresse parental (APSI)
et al retrospectivo houve percepção de melhora significativa em 66,7% dos casos.
201731 Melhora principalmente de sintomas de: alterações sensoriais,
aceitação alimentar e dificuldades de sono.
Efeitos adversos: agitação (2 casos) e irritabilidade (1 caso).
Schleider Coorte 188 / 12,9 Melhora: qualidade de vida (66,8%), humor (63,5%), habilidades
et al prospectivo adaptativas (42,9%), dificuldades de sono (24,7%) e concentração (14%).
201932 Principais efeitos adversos: Agitação (6,6%), sonolência (3,2%),
aumento do apetite (3,2%) e sintomas gastrointestinais (3,2%).
Legenda: N (número de participantes); idade* (média de idade em anos); GI (gastrointestinais);
TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade); THC (tetrahidrocanabidiol);
CGI-I (Clinical Global Impression of Improvement); APSI (Autism Parenting Stress Index)

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Indicações para o uso da Cannabis em pacientes pediátricos com transtornos do neurodesenvolvimento e/ou epilepsia:
uma revisão baseada em evidências

Canabidiol e TEA - Aspectos de segurança e


mecanismos de ação limitações das evidências existentes

Estudos em modelos animais sugerem uma O CBD não é isento de efeitos adversos, sen-
possível desregulação do sistema endocana- do os mais comumente relatados: sonolência,
binoide no TEA.33 O sistema endocanabinoide aumento do apetite e irritabilidade. Aran e cola-
está envolvido na regulação de neurotransmis- boradoes publicaram um caso de paciente com
sores excitatórios e inibitórios, sistemas es- crise psicótica grave que demandou a interrup-
ses comprometidos em indivíduos com TEA.34 ção do tratamento.28 Além disso, em todos os es-
Esse sistema também está envolvido na mo- tudos publicados, no entanto, a administração do
dulação da liberação de ocitocina e vasopres- CBD foi feita concomitantemente às outras me-
sina, que atuam modulando comportamentos dicações já utilizadas pelos pacientes, não sendo
sociais. possível, portanto, relacionar os efeitos adversos
a um fármaco específico, sendo ainda importan-
Além disso, O CBD parece exercer seus efei- te ressaltar que não é possível avaliar-se a segu-
tos pela modulação de sistemas excitatórios e rança do CBD em longo prazo, uma vez que os
inibitórios no sistema nervoso central (SNC), estudos não trazem dados de seguimento dos
elevando o nível de neurotransmissores ex- pacientes por prazo superior a seis meses.27-32
citatórios, como o glutamato, em regiões sub-
Até o presente momento, a literatura que
corticais (gânglios da base) e reduzindo seus
associa canabinoides para o tratamento de sin-
níveis em regiões corticais (cortex pré-frontal
tomas de TEA se baseia em relatos de casos ou
dorsomedial). Paralelamente, reduz os níveis
ensaios clínicos abertos, não controlados, e com
de neurotransmissores inibitórios (ácido gama-
número restrito de participantes.27-32 Até o mo-
-amino butírico – GABA) em regiões corticais
mento, um único ensaio clínico randomizado e
e subcorticais de indivíduos com TEA.35 Além
duplo-cego foi realizado.29
disso, o CBD parece, ainda, modular a atividade
cerebral de baixafrequência no córtex cerebral, É importante notar, ainda, que o relato subje-
um dos parâmetros utilizados para se avaliar – tivo de pais e cuidadores de pessoas com autis-
funcionalmente – a conectividade cerebral no mo foram utilizados como base para a determina-
autismo.33 ção de eficácia do CBD em vários destes estudos.
Partindo-se desse fato, é possível que as expec-
Estudos neuroquímicos apontam que de- tativas em relação a um novo tratamento possam
sequilíbrios nos níveis de neurotransmissores ter influenciado nas respostas fornecidas.26-28
excitatórios e inibitórios podem estar relacio-
nados a sintomas de autismo ou à gravidade de Segundo Salgado e colaboradores, a fal-
sua apresentação, ao menos em uma parcela ta de estudos metodologicamente adequados
tem contribuído para o surgimento de diversos
dos pacientes.34 Finalmente, a conectividade
relatos anedóticos de melhora excepcional, por
cerebral permite inferir quais regiões cerebrais
vezes milagrosas, do autismo, atribuídos ao uso
estão fisicamente ou funcionalmente conecta-
do CBD. Aliado à frustração de muitos familia-
das, a fim de formar redes neurais importantes
res com a falta de um tratamento prontamente
para a execução de tarefas cognitivas ou modu-
eficaz, muitos tem advogado o uso irrestrito do
lar comportamentos. Dessa forma, uma altera-
CBD como tratamento do TEA.37
ção na conectividade cerebral tem sido propos-
ta como mecanismo fisiopatológico plausível Frente às evidências cientificas de qualida-
para o TEA e também um potencial alvo tera- de, disponíveis neste momento, a prescrição
pêutico para o CBD.36 segura de canabidinoides para o tratamento de

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sintomas de TEA não deve ser amplamente indi- para a saúde das crianças e sem uma cura defini-
cada. Estudos bem delineados encontram-se em tiva para a grande maioria delas. Recentemente
andamento, e podem abrir caminho no esclare- a cannabis medicinal vem sendo testada como
cimento do potencial papel desses fármacos em adjuvante no tratamento para controlar muitos
doenças neurocomportamentais. Até o momen- dos sintomas dos pacientes, refratários às te-
to, recomenda-se bom senso e cautela, que rapêuticas habituais, com o objetivo melhorar
podem ser abaixo resumidas:37 sua qualidade de vida. O CBD, em particular, foi
apontado como seguro e bem tolerado, com pro-
1. Todo o médico que trate pessoas com TEA
priedades anticonvulsivantes, ansiolíticas e an-
deve se informar e se capacitar a respeito do
ti-inflamatórias. Ultimamente há consenso que
CBD, assim como a respeito dos diferentes
o sistema endocanabinoide tem sua função no
tratamentos considerados alternativos para o
desenvolvimento de vias neurais e consequen-
autismo. Sabe-se que cerca de 60% dos fami-
te associação com o neurodesenvolvimento in-
liares de pessoas dentro do espectro do autis-
fantil. A pesquisa atual encontrou evidências
mo já tentaram um ou mais tratamentos ainda
de que há vias de sinalização envolvendo neu-
sem eficácia comprovada, cabendo aos médi-
rotransmissores e o sistema endocanabinoide,
cos conhecê-los e saber orientar a respeito;
pelo qual os canabinoides poderiam exercer
2. É necessário criar uma relação médico-pacien- seus efeitos terapêuticos, mesmo que, neste
te de confiança mútua, sem julgamentos por momento, com bases teóricas a serem mais bem
parte do clínico. Uma vez gerado o vínculo, estudadas.38
evidências de eficácia e segurança dos dife-
rentes tratamentos podem ser discutidas com A prevalência dos transtornos do neurode-
mais facilidade; senvolvimento parece variar dependendo do
método de estudo, no entanto, a maioria coloca
3. Evidências de segurança e eficácia devem ser
em torno de 15% a 20% das crianças. Dentre
revisadas constantemente, uma vez que novos
eles, o transtorno de déficit de atenção e hipe-
estudos são publicados com frequência;
ratividade (TDAH), TEA, deficiência Intelectual,
4. Muitos médicos recebem pedidos diretamente transtornos da comunicação e linguagem e os
dos familiares para a prescrição do CBD, porém transtornos específicos da aprendizagem.38
a decisão compartilhada só é obtida mediante
As crianças com um transtorno do neurode-
a compreensão adequada acerca do autismo
senvolvimento geralmente têm duas a quatro
(quais as características clínicas, tratamentos
vezes mais risco de desenvolver comorbidades,
disponíveis, benefícios esperados de cada um
comparado a uma criança com desenvolvimento
deles, assim como seus riscos potenciais);
típico. As comorbidades frequentemente asso-
5. Finalmente, o uso do CBD no autismo, até o ciadas são os transtornos de ansiedade e humor,
momento, tem a sua utilização ainda baseada síndrome de Tourette e tiques no geral, trans-
em um número reduzido de estudos, na expe- tornos do sono, transtornos de comportamento
riência médica individual e nas expectativas como Transtorno Opositor Desafiador, alimenta-
dos familiares de pacientes. res diversos e quadros psicóticos.38

As opções de tratamento para os problemas


de saúde mental primários e comorbidades são
muitas vezes limitadas em geral a terapias com-
Outros transtornos do portamentais, de linguagem, psicoeducação e
neurodesenvolvimento treinos parentais, o que muitas vezes traz dú-
vidas de suas evidências e os seus resultados
Os transtornos do neurodesenvolvimento quanto à eficácia no tratamento e tempo de du-
e neuropsiquiátricos têm amplas implicações ração dos mecanismos envolvidos, fazendo com

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Indicações para o uso da Cannabis em pacientes pediátricos com transtornos do neurodesenvolvimento e/ou epilepsia:
uma revisão baseada em evidências

que muitas famílias e profissionais busquem Os canabinoides têm sido relatados como
propedêuticas alternativas sem evidências potencialmente eficazes na redução da dor, es-
científicas, nem sempre eficazes e muitas vezes pasticidade muscular, náuseas e vômitos indu-
danosas.38 zidos por quimioterápicos, transtornos do hu-
mor, ansiedade, distúrbios do sono, transtornos
O uso de antipsicóticos atípicos continua
psicóticos e TDAH. Estudos positivos, isolados,
sendo um dos únicos tratamentos baseados em
demonstraram potenciais benefícios para re-
evidências em crianças com autismo e compor-
dução da ansiedade social, distúrbios de sono
tamentos graves, os psicoestimulantes para o
e transtorno de estresse pós-traumático, vistos
TDAH, os ansiolíticos, antidepressivos, dentre
apenas em estudos de casos. Os achados preli-
outros. Porém, nem sempre conseguirão auxi-
minares indicam que não há benefícios para de-
liar na melhora dos sintomas graves ou refratá-
pressão ou mania e estudo isolado demonstrou
rios destas crianças, o que tem levado médicos
discreta melhora de alguns sintomas para com-
e familiares a testarem regularmente medica-
binação oral de canabinoide/terpeno no TDAH.
mentos para apoiar o tratamento, levando a um
Estes achados mostram, até o momento, fracas
aumento na prescrição destes psicoativos, de
evidências científicas que realmente encorajam
forma off-label, para crianças neuroatípicas. Re-
o uso.39
centemente, um exemplo disto é o aumento no
número de prescrição dos medicamentos tendo Na síndrome do X-frágil (SXF), resultados
como base a cannabis medicinal.38 positivos também foram obtidos com estudos de
caso bem-sucedidos (5 casos) e ensaios clínicos
A incerteza sobre os efeitos de longo prazo
(45 participantes) que envolviam a participação
dos canabinoides no cérebro humano, principal-
de crianças. Os estudos relataram melhora clíni-
mente infantil, reforça a necessidade de investi-
ca nos sintomas emocionais e comportamentais
gações aprofundadas dos seus efeitos positivos
da SXF, como ansiedade, evitação social e irri-
e deletérios. Ainda há muito pouco entendimen-
tabilidade. A maioria dos efeitos colaterais foi
to de como a ingestão de THC, CBD e/ou outros
leve, o suficiente para que este novo tratamento
canabinoides podem afetar o desenvolvimento
com CBD fosse considerado tolerável pelos pa-
de cérebros em desenvolvimento. Desta forma,
cientes com SXF. O raciocínio é que o CBD exer-
a pesquisa é urgentemente necessária à medida
ceria melhorias ansiolíticas e comportamentais,
que o uso de cannabis medicinal se torna legali-
semelhantes às observadas na terapia com CBD
zado em várias partes do mundo.38
de crianças com TEA. Porém, os próprios autores
Os pesquisadores ainda estão tentando de- sugerem que são dados preliminares e o uso só
terminar os efeitos precisos de cada canabinoi- deve ser considerado para casos de maior gra-
de no corpo humano e suas interações entre si, vidade e/ou não resposta aos tratamentos habi-
bem como com outros xenobióticos. Os desa- tuais.38,39
fios no desenvolvimento da base de evidências
O papel do sistema endocanabinoide na
para a prescrição clínica têm sido relacionados
regulação da ansiedade é principalmente me-
a produtos de qualidade variável, com compre-
diada pelas vias glutamatérgicas (excitató-
ensão mínima de como vários canabinoides fun-
ria), serotoninérgica e GABAérgica (inibitória).
cionam individualmente, em conjunto (efeito
A ansiedade excessiva observada nos transtor-
entourage) ou com outros medicamentos.38
nos de ansiedade é teoricamente causada por
Esta parte da revisão irá trazer dados sobre desequilíbrio entre a sinalização excitatória e a
os estudos com canabinoides já publicados e inibitória. Pesquisas e evidências contínuas no
suas relevâncias científicas e indicações para os estabelecimento de relações definitivas entre a
principais transtornos do neurodesenvolvimen- ingestão de canabinoides e a melhora dos sin-
to e suas possíveis comorbidades. tomas ansiosos são necessárias para determinar

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perfis claros de risco-benefício e rastrear indiví- está disponível ou acessível. A terapia de segun-
duos em potencial, nos quais o benefício possa da linha inclui antipsicóticos, como flufenazina,
ser previsto. O CBD é atualmente o canabinoide aripiprazol, risperidona e ziprasidona. Injeções
terapêutico mais promissor para o tratamen- de toxina botulínica também podem ser usadas
to de crianças ansiosas devido ao seu perfil de em pacientes com tiques focais incômodos.44
segurança e ação de amplo espectro. Uma com-
Há escassez notável de ensaios clínicos bem
preensão mais completa de sua segurança e efi-
desenhados e controlados que forneçam evi-
cácia deve ser mais bem estudada, uma vez que
dências que apoiem o tratamento farmacológico
há carência de estudos controlados, com núme-
para tiques na infância. De fato, existem apenas
ro ainda pequeno de participantes e com tempo
três revisões Cochrane de ensaios que avalia-
de duração curto.38-40
ram três farmacoterapias separadas, a pimozida,
Estudo controlado por placebo com o ca- cannabis medicinal e toxina botulínica, sem
nabinoide Nabiximols oral para espasticidade, conclusões robustas sobre as recomendações de
em crianças com paralisia cerebral e/ou lesão tratamento.44
do SNC, foi bem tolerado do ponto de vista de
À medida que a legalização do uso medicinal
efeitos colaterais. No entanto, foram observados
da cannabis evoluiu, houve mais interesse em
três casos de alucinações, um dos quais envolvia
explorar medicamentos à base de canabinoides
alucinações auditivas e uma tentativa de suicí-
como uma terapia potencial, entretanto, ainda
dio. O Nabiximols versus placebo não reduziu a
são escassos os estudos bem desenhados e bem
espasticidade relacionada à paralisia cerebral/
conduzidos, principalmente na infância. Estu-
lesão do sistema nervoso central no grupo estu-
do duplo cego, randomizado e controlado por
dado (72 crianças).40 Duas outras revisões obser-
placebo recente, com 12 semanas de duração,
varam melhoria na espasticidade, função motora
avaliou o uso de THX-10 (dronabinol, tetrahi-
grossa e qualidade de vida em crianças com dis-
drocanabinol, palmitoiletanolamida) em pacien-
túrbios motores devido à paralisia cerebral, sín-
tes adultos com ST. Aparentemente atingiu seu
dromes neurogenéticas e traumatismo cranioen-
objetivo primário e levou à melhora dos tiques
cefálico com o CBD e THC (20:1), porém, eventos
de forma inicial.44
adversos como piora das convulsões, alterações
comportamentais e sonolência foram relatados Mesmo com este resultado inicial, os pesqui-
em cerca de 20% dos casos.41,42 Os autores reco- sadores relatam que as evidências, neste mo-
mendam que estudos abertos maiores e rando- mento, ainda são limitadas de que o dronabinol
mizados são necessários antes do uso clínico de reduz a gravidade dos tiques quando compa-
cannabis para espasticidade.41-43 rado ao placebo. Não há evidências suficientes
sobre o uso de compostos à base de cannabis
A síndrome de Tourrette (ST) é um distúrbio
(nabiximol, nabilona e canabidiol) para o trata-
neurocomportamental grave, heterogêneo, ma-
mento de tiques e ST. Os efeitos colaterais mais
nifestado por tiques motores e fônicos crônicos,
comuns observados com esses medicamentos
muitas vezes incapacitantes, em geral com início
incluíram boca seca, tontura e fadiga. Para os
na infância e acompanhado por uma variedade
pacientes interessados, os seus médicos devem
de comorbidades comportamentais, incluindo
orientá-los e reservar-se a casos refratários,
TDAH, ansiedade e transtorno obsessivo compul-
onde as terapias convencionais não obtiveram
sivo. Terapias farmacológicas, como agonistas
bons resultados e não indicada como monotera-
alfa, topiramato e inibidores do transporte vesi-
pia até o momento.44
cular de monoaminas tipo 2 são geralmente usa-
das como terapias de primeira linha, em pacien- Os efeitos da cannabis medicinal para ST na
tes com tiques graves, que não são controlados maioria dos estudos apresentados foram consi-
por terapia comportamental ou quando esta não derados incertos, porém, com provável benefí-

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Indicações para o uso da Cannabis em pacientes pediátricos com transtornos do neurodesenvolvimento e/ou epilepsia:
uma revisão baseada em evidências

cio, devendo ser mais bem explorado e estuda- perfil de absorção e o metabolismo na infância
do. A evidência geral sugere que os efeitos no e adolescência modificam de acordo com a ida-
tratamento dos tiques da cannabis são em gran- de e possuem características específicas. Assim,
de parte devidos ao THC. Ao mesmo tempo, o o risco de superdosagem em pediatria é maior.
THC também é o composto responsabilizado por Pediatras estão na expectativa de que se consi-
mais eventos adversos. A base de evidências é ga evidências mais robustas e esclarecimentos
quase exclusivamente em adultos. Muito mais sobre indicações e quais produtos devam ser
evidências são necessárias antes que os medi- usados – canabidiol puro / canabidiol: THC e em
camentos à base de cannabis possam ser reco- qual proporção, além da idade e doses mais pre-
mendados com segurança aos pacientes para o cisas.
manejo da ST, principalmente na infância.44-51
As formas puras (contendo somente CBD)
Condições psiquiátricas gerais: a avaliação têm seu uso licenciado pela ANVISA. Apresentam
do tratamento da depressão clínica com cana- maior perfil de segurança por não conterem THC
binoides (principais estudos com CBD e THC) e possuem como principais efeitos colaterais:
versus placebo, não foram observados resulta- diarreia; fraqueza; mudança comportamental ou
dos positivos que sugiram o seu uso.46 Para a de humor; tontura; cansaço; alucinações; pen-
psicose também foi considerado pelos pesqui- samentos suicidas.57 As evidências disponíveis
sadores “sem efeito”.47 Não há evidências para sugerem que o risco de dependência do medica-
apoiar o CBD no tratamento da mania bipolar ou mento seja provavelmente pequeno quando seu
nabiximols/CBD para tratar o TDAH. A recomen- uso for controlado e monitorado por um médico
dação de grau C (mais fraca) existe para insônia, especialista.
transtorno bipolar e transtorno de estresse pós-
-traumático. Essas recomendações devem ser Os produtos de cannabis que contém THC
consideradas no contexto do número limitado estão associados a maiores riscos, tais como
de estudos disponíveis. Os autores recomendam desenvolvimento de psicose precoce, esquizo-
ensaios controlados randomizados bem plane- frenia, aumento do comportamento impulsivo,
jados para estudar ainda mais os benefícios do transtorno bipolar de início precoce, alucina-
CBD e opções contendo CBD, como nabiximols, ções, aumento da depressão, aumento do sui-
em pacientes com transtornos psiquiátricos. Não cídio, e agravamento do transtorno de estresse
há neste momento qualquer evidência científica pós-traumático. Quanto mais THC o produto con-
robusta que justifique a indicação dos canabi- tiver, maiores serão esses riscos.58
noides como primeira opção de tratamento para
O CBD não é isento de riscos. Em modelos
nenhum transtorno do desenvolvimento ou neu-
animais os efeitos adversos incluíram toxicidade
ropsiquiátrico na infância.44,51-56
no desenvolvimento, mortalidade embriofetal,
inibição e neurotoxicidade do sistema nervoso
central, lesões hepatocelulares, redução da es-
permatogênese, alterações no peso dos órgãos,
Formas de Cannabis medicinal: alterações no sistema reprodutor masculino e
efeitos colaterais e interações hipotensão, embora em doses superiores às re-
com outros medicamentos comendadas para farmacoterapias humanas.

No geral, a incidência de ocorrências graves


A cannabis pode ser administrada como drá- de efeitos colaterais é tida como baixa e, em
geas comestíveis, cápsulas, pastilhas, tintura, comparação com outras drogas empregadas para
adesivo dérmico, sprays e vaporizado. Os efei- o tratamento dessas doenças, o CBD apresenta
tos de cada uma das apresentações em pedia- um perfil de efeitos adversos tido como tolerá-
tria devem ser ainda melhor estudados, pois o vel. A duração do tratamento é outro fator im-

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portante, uma vez que, os dados sobre tolerabili- cerebral, Esclerose Múltipla e Dor por exemplo.59
dade e segurança são muito mais limitados após É essencial acompanhar os novos dados que
a administração crônica de CBD. A pesquisa ain- podem respaldar a indicação ou contra-indicação
da é necessária em coortes maiores de pacientes de cannabis em cada diagnóstico em pediatria.
em uso prolongado, principalmente na infância
e é necessária uma avaliação dos efeitos dos ca-
nabinoides, após exposição a longo prazo, sobre
genotoxicidade e citotoxicidade, alterações hor-
Uso compassivo
mônios, hepáticas e do sistema imunológico.57

O uso compassivo do CBD em pediatria


deve ser rigorosamente avaliado diante de to-
das as informações descritas neste documento.
Novas pesquisas
Diante de pacientes pediátricos que apresentem
as condições clínicas aqui descritas com com-
Inúmeros trials estão sendo realizados rela- prometimento grave clínica e da qualidade de
cionados ao uso do CBD em pediatria. Ao reali- vida com sintomas persistentes apesar da
zar pesquisa no site trails.gov usando os termos otimização de tratamentos com respaldo cien-
“cannabis” em crianças de 0-17 anos encontra- tífico o uso do CBD pode ser discutido coma
mos: Epilepsia Dravet, Lennox-Gastaut, Doose, família, abordando os riscos e o nível científico
Transtorno do Espectro do Autismo, Epidermó- das evidências atuais dos benefícios. O respon-
lise bolhosa, Síndrome de Angelman, X-Frágil, sável deverá preencher sempre um termo de
Prader-Willi, Migrânea, Transtorno de Ansie- consentimento e de responsabilidade para o uso
dade, Gilles de la Tourette, Insônia, Paralisia da medicação.

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Indicações para o uso da Cannabis em pacientes pediátricos com transtornos do neurodesenvolvimento e/ou epilepsia:
uma revisão baseada em evidências

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Diretoria Plena
Triênio 2022/2024

PRESIDENTE: DIRETORIA DE DEFESA PROFISSIONAL Anamaria Cavalcante e Silva (CE) AP - SOCIEDADE AMAPAENSE DE PEDIATRIA
Clóvis Francisco Constantino (SP) DIRETOR: Maria Tereza Fonseca da Costa (RJ) Camila dos Santos Salomão
1º VICE-PRESIDENTE: Fabio Augusto de Castro Guerra (MG) Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) BA - SOCIEDADE BAIANA DE PEDIATRIA
Edson Ferreira Liberal (RJ) DIRETORIA ADJUNTA: Rodrigo Aboudib Ferreira Pinto (ES) Ana Luiza Velloso da Paz Matos
2º VICE-PRESIDENTE: Sidnei Ferreira (RJ) Claudio Hoineff (RJ) CE - SOCIEDADE CEARENSE DE PEDIATRIA
Edson Ferreira Liberal (RJ) Sidnei Ferreira (RJ) Anamaria Cavalcante e Silva
Anamaria Cavalcante e Silva (CE)
Maria Angelica Barcellos Svaiter (RJ) DF - SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO DISTRITO FEDERAL
SECRETÁRIO GERAL: MEMBROS: Donizetti Dimer Giambernardino (PR)
Maria Tereza Fonseca da Costa (RJ) Gilberto Pascolat (PR) Renata Belém Pessoa de Melo Seixas
1º SECRETÁRIO: Paulo Tadeu Falanghe (SP) PROGRAMA DE ATUALIZAÇÃO CONTINUADA ES - SOCIEDADE ESPIRITOSSANTENSE DE PEDIATRIA
Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) Cláudio Orestes Britto Filho (PB) À DISTÂNCIA Roberta Paranhos Fragoso
Ricardo Maria Nobre Othon Sidou (CE) Luciana Rodrigues Silva (BA) GO - SOCIEDADE GOIANA DE PEDIATRIA
2º SECRETÁRIO:
Anenisia Coelho de Andrade (PI) Edson Ferreira Liberal (RJ) Valéria Granieri de Oliveira Araújo
Rodrigo Aboudib Ferreira (ES)
Isabel Rey Madeira (RJ) DIRETORIA DE PUBLICAÇÕES MA - SOCIEDADE DE PUERICULTURA E PEDIATRIA
3º SECRETÁRIO: Donizetti Dimer Giamberardino Filho (PR) DO MARANHÃO
Fábio Ancona Lopez (SP)
Claudio Hoineff (RJ) Jocileide Sales Campos (CE) Editores do Jornal de Pediatria (JPED) Marynea Silva do Vale
DIRETORIA FINANCEIRA: Carlindo de Souza Machado e Silva Filho (RJ) COORDENAÇÃO: MG - SOCIEDADE MINEIRA DE PEDIATRIA
Sidnei Ferreira (RJ) Corina Maria Nina Viana Batista (AM) Renato Soibelmann Procianoy (RS) Cássio da Cunha Ibiapina
2ª DIRETORIA FINANCEIRA: DIRETORIA CIENTÍFICA MEMBROS: MS - SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO MATO GROSSO DO SUL
Maria Angelica Barcellos Svaiter (RJ) Crésio de Aragão Dantas Alves (BA) Carmen Lúcia de Almeida Santos
DIRETOR:
3ª DIRETORIA FINANCEIRA: Dirceu Solé (SP) Paulo Augusto Moreira Camargos (MG) MT - SOCIEDADE MATOGROSSENSE DE PEDIATRIA
Donizetti Dimer Giambernardino (PR) João Guilherme Bezerra Alves (PE) Paula Helena de Almeida Gattass Bumlai
DIRETORIA CIENTÍFICA - ADJUNTA
DIRETORIA DE INTEGRAÇÃO REGIONAL Luciana Rodrigues Silva (BA) Marco Aurelio Palazzi Safadi (SP) PA - SOCIEDADE PARAENSE DE PEDIATRIA
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GRUPOS DE TRABALHO EDITORES REVISTA Alexsandra Ferreira da Costa Coelho
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Dirceu Solé (SP) Residência Pediátrica
NORDESTE: PI - SOCIEDADE DE PEDIATRIA DO PIAUÍ
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SUDESTE: Luciana Rodrigues Silva (BA)
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Edson Ferreira Liberal (RJ)
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Cristina Targa Ferreira (RS) Ana Alice Ibiapina Amaral Parente (ES) Márcia Garcia Alves Galvão (RJ) Cláudio Hoineff
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CENTRO-OESTE: PROGRAMAS NACIONAIS DE ATUALIZAÇÃO Sidnei Ferreira (RJ) Manoel Reginaldo Rocha de Holanda
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COMISSÃO DE SINDICÂNCIA Fernanda Luisa Ceragioli Oliveira (SP) Danilo Blank (RS) Wilmerson Vieira da Silva
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Jose Hugo Lins Pessoa (SP) Claudia Bezerra Almeida (SP) Renata Dejtiar Waksman (SP) Mareny Damasceno Pereira
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Marynea Silva do Vale (MA) Renato Soibelmann Procianoy (RS) Angelica Maria Bicudo (SP) Sérgio Luis Amantéa
Paulo de Jesus Hartmann Nader (RS) Clea Rodrigues Leone (SP) COORDENAÇÃO DE PESQUISA SC - SOCIEDADE CATARINENSE DE PEDIATRIA
Vilma Francisca Hutim Gondim de Souza (PA) TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA - PROTIPED Cláudio Leone (SP) Nilza Maria Medeiros Perin
SUPLENTES: Werther Bronow de Carvalho (SP) SE - SOCIEDADE SERGIPANA DE PEDIATRIA
TERAPÊUTICA PEDIÁTRICA - PROPED COORDENAÇÃO DE GRADUAÇÃO Ana Jovina Barreto Bispo
Analiria Moraes Pimentel (PE)
Dolores Fernanadez Fernandez (BA) Claudio Leone (SP) COORDENAÇÃO: SP - SOCIEDADE DE PEDIATRIA DE SÃO PAULO
Rosana Alves (ES) Sérgio Augusto Cabral (RJ) Rosana Fiorini Puccini (SP) Renata Dejtiar Waksman
Silvio da Rocha Carvalho (RJ) EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA - PROEMPED MEMBROS: TO - SOCIEDADE TOCANTINENSE DE PEDIATRIA
Sulim Abramovici (SP) Hany Simon Júnior (SP) Rosana Alves (ES) Ana Mackartney de Souza Marinho
Gilberto Pascolat (PR) Suzy Santana Cavalcante (BA)
ASSESSORES DA PRESIDÊNCIA PARA POLÍTICAS PÚBLICAS: Ana Lucia Ferreira (RJ) DEPARTAMENTOS CIENTÍFICOS
DOCUMENTOS CIENTÍFICOS • Adolescência
COORDENAÇÃO: Emanuel Savio Cavalcanti Sarinho (PE) Silvia Wanick Sarinho (PE)
Maria Tereza Fonseca da Costa (RJ) Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) • Aleitamento Materno
Dirceu Solé (SP) • Alergia
DIRETORIA E COORDENAÇÕES Luciana Rodrigues Silva (BA) COORDENAÇÃO DE RESIDÊNCIA E ESTÁGIOS EM PEDIATRIA • Bioética
DIRETORIA DE QUALIFICAÇÃO E CERTIFICAÇÃO PUBLICAÇÕES COORDENAÇÃO: • Cardiologia
PROFISSIONAL Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) • Dermatologia
TRATADO DE PEDIATRIA
Edson Ferreira Liberal (RJ) MEMBROS: • Emergência
Fábio Ancona Lopes (SP)
José Hugo de Lins Pessoa (SP) Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE) • Endocrinologia
Luciana Rodrigues Silva (BA)
Maria Angelica Barcellos Svaiter (RJ) Paulo de Jesus Hartmann Nader (RS) • Gastroenterologia
Dirceu Solé (SP)
Victor Horácio da Costa Junior (PR) • Genética
COORDENAÇÃO DE ÁREA DE ATUAÇÃO Clovis Artur Almeida da Silva (SP)
Silvio da Rocha Carvalho (RJ) • Hematologia
Sidnei Ferreira (RJ) Clóvis Francisco Constantino (SP)
Tânia Denise Resener (RS) • Hepatologia
Edson Ferreira Liberal (RJ)
COORDENAÇÃO DO CEXTEP (COMISSÃO EXECUTIVA DO Delia Maria de Moura Lima Herrmann (AL) • Imunizações
Anamaria Cavalcante e Silva (CE)
TÍTULO DE ESPECIALISTA EM PEDIATRIA) Helita Regina F. Cardoso de Azevedo (BA) • Imunologia Clínica
OUTROS LIVROS • Infectologia
COORDENAÇÃO: Fábio Ancona Lopes (SP) Jefferson Pedro Piva (RS)
Sérgio Luís Amantéa (RS) • Medicina da Dor e Cuidados Paliativos
Hélcio Villaça Simões (RJ) Dirceu Solé (SP) • Medicina Intensiva Pediátrica
Clóvis Francisco Constantino (SP) Susana Maciel Wuillaume (RJ)
COORDENAÇÃO ADJUNTA: Aurimery Gomes Chermont (PA) • Nefrologia
Ricardo do Rego Barros (RJ) Silvia Regina Marques (SP) • Neonatologia
DIRETORIA DE CURSOS, EVENTOS E PROMOÇÕES
MEMBROS: Claudio Barssanti (SP) • Neurologia
DIRETORA:
Clovis Francisco Constantino (SP) - Licenciado Marynea Silva do Vale (MA) • Nutrologia
Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck (SP)
Ana Cristina Ribeiro Zöllner (SP) Liana de Paula Medeiros de A. Cavalcante (PE) • Oncologia
Carla Príncipe Pires C. Vianna Braga (RJ) MEMBROS: • Otorrinolaringologia
Cristina Ortiz Sobrinho Valete (RJ) Ricardo Queiroz Gurgel (SE) COORDENAÇÃO DAS LIGAS DOS ESTUDANTES • Pediatria Ambulatorial
Grant Wall Barbosa de Carvalho Filho (RJ) Paulo César Guimarães (RJ) COORDENADOR: • Ped. Desenvolvimento e Comportamento
Sidnei Ferreira (RJ) Cléa Rodrigues Leone (SP) Lelia Cardamone Gouveia (SP) • Pneumologia
Silvio Rocha Carvalho (RJ) Paulo Tadeu de Mattos Prereira Poggiali (MG) • Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas
MUSEU DA PEDIATRIA na Infância e Adolescência
COMISSÃO EXECUTIVA DO EXAME PARA OBTENÇÃO DO COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE REANIMAÇÃO NEONATAL (MEMORIAL DA PEDIATRIA BRASILEIRA)
Maria Fernanda Branco de Almeida (SP) • Reumatologia
TÍTULO DE ESPECIALISTA EM PEDIATRIA AVALIAÇÃO COORDENAÇÃO: • Saúde Escolar
SERIADA Ruth Guinsburg (SP) Edson Ferreira Liberal (RJ) • Sono
COORDENAÇÃO: COORDENAÇÃO DO CURSO DE APRIMORAMENTO MEMBROS: • Suporte Nutricional
Eduardo Jorge da Fonseca Lima (PE) EM NUTROLOGIA PEDIÁTRICA (CANP) Mario Santoro Junior (SP) • Toxicologia e Saúde Ambiental
Luciana Cordeiro Souza (PE) Virgínia Resende Silva Weffort (MG) José Hugo de Lins Pessoa (SP)
Sidnei Ferreira (RJ) GRUPOS DE TRABALHO
MEMBROS: PEDIATRIA PARA FAMÍLIAS Jeferson Pedro Piva (RS) • Atividade física
João Carlos Batista Santana (RS)
COORDENAÇÃO GERAL: • Cirurgia pediátrica
Victor Horácio de Souza Costa Junior (PR) DIRETORIA DE PATRIMÔNIO
Edson Ferreira Liberal (RJ) • Criança, adolescente e natureza
Ricardo Mendes Pereira (SP) COORDENAÇÃO: • Doença inflamatória intestinal
Mara Morelo Rocha Felix (RJ) COORDENAÇÃO OPERACIONAL:
Nilza Maria Medeiros Perin (SC) Claudio Barsanti (SP) • Doenças raras
Vera Hermina Kalika Koch (SP) Edson Ferreira Liberal (RJ) • Drogas e violência na adolescência
Renata Dejtiar Waksman (SP)
Maria Tereza Fonseca da Costa (RJ) • Educação é Saúde
DIRETORIA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS MEMBROS: Paulo Tadeu Falanghe (SP)
Nelson Augusto Rosário Filho (PR) • Imunobiológicos em pediatria
Adelma Alves de Figueiredo (RR)
Sergio Augusto Cabral (RJ) • Metodologia científica
Marcia de Freitas (SP) AC - SOCIEDADE ACREANA DE PEDIATRA • Oftalmologia pediátrica
Nelson Grisard (SC) Ana Isabel Coelho Montero
REPRESENTANTE NA AMÉRICA LATINA • Ortopedia pediátrica
Normeide Pedreira dos Santos Franca (BA) AL - SOCIEDADE ALAGOANA DE PEDIATRIA
Ricardo do Rego Barros (RJ) • Pediatria e humanidades
PORTAL SBP Marcos Reis Gonçalves • Políticas públicas para neonatologia
INTERCÂMBIO COM OS PAÍSES DA LÍNGUA PORTUGUESA Clovis Francisco Constantino (SP) AM - SOCIEDADE AMAZONENSE DE PEDIATRIA • Saúde mental
Marcela Damasio Ribeiro de Castro (MG) Edson Ferreira Liberal (RJ) Adriana Távora de Albuquerque Taveira • Saúde digital

www.sbp.com.br
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