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Florianópolis
Universidade Federal de Santa Catarina
2022
ABSTRACT
Segawa dystonia is a neurological disorder, usually with higher incidence in the first
and second decade of life, mostly in females. Its clinical presentation is due to initial
dystonia of the lower limbs, which may progresses to generalized if inadequately
treated. It has a good response to the continuous use of levodopa, in low doses.
The use of cannabis-derived drugs has grown in the past years, as it has shown
promise in the treatment of epilepsy refractory to conventional pharmacology. One
of its derivatives, CBD full spectrum cannabis oil proved to be beneficial in the
treatment of Segawa's Disease, that until now had not been discussed in
bibliographic research.
RESUMO
A epilepsia e a distonia responsiva a levodopa são entidades neurológicas que têm
suas terapêuticas definidas, a priori, com uso de anticonvulsivantes e levodopa. O
uso de derivados de cannabis, principalmente canabidiol, vem se mostrando positivo
a diversas desordens neurológicas. Neste presente relato é descrito a história de um
jovem paciente com epilepsia associado a distonia responsiva à levodopa,
associação rara, que respondeu de maneira notável a terapeutica com o óleo de
cannabis rico em CBD, algo até então não relatado na literatura.
OBJETIVO
Mostrar um relato de caso de Doença de Segawa, ou distonia responsiva à
levodopa, na qual houve boa resposta ao uso de óleo de cannabis full spectrum rico
em CBD.
INTRODUÇÃO
1
Esta classificada e estabelecida por escores de probabilidade
RELATO DO CASO
O caso se deu com um paciente ATS, masculino, que hoje tem 44 anos,
previamente hígido, natural e procedente de Criciúma. Estudou até o ensino médio.
Não apresentava déficits cognitivos, comportamentais ou motores, até então, tinha
um bom relacionamento familiar.
Aos 14 anos de idade, começou a apresentar crises epilépticas tônico-clônico
generalizadas(CGTC). Até, então, o sr ATS, não fazia uso de nenhuma medicação,
substância ou tinha sofrido qualquer tipo de trauma que pudesse desencadear tais
episódios. Tais crises começaram a ocorrer numa frequência de 5-6x/mês, sem fator
desencadeante conhecido ou estabelecido ,evoluiu para crises diárias e
rapidamente teve o diagnóstico de epilepsia. O tratamento inicial foi então instituído
porém manteve refratariedade à terapia de primeira e segunda linha, tentado a
combinação de múltiplos fármacos antiepilépticos na tentativa de controle. Teve
controle parcial das crises,estas permanecendo semanais, porém manteve-se com
diversos efeitos colaterais dos fármacos. Buscou incessantemente outros
profissionais e abordagens terapêuticas, cogitou até cirurgia para epilepsia. Dentre
os sintomas relatados como colaterais foram da prostração, apatia e
comprometimento da memória que mais chamavam atenção. Mantinha assim a
busca por alternativas.
Aos 33 anos, o sr ATS, iniciou com uma sintomatologia diferente, apresentou
distonia, inicialmente segmentar, isto é, em membros inferiores; que em pouco
tempo, cerca de 6 meses, evoluiu para distonia generalizada, esta, acometendo
região crânio-cervical, região torácica, membros superiores e inferiores; que variava
ao longo do dia, piorava do decorrer do mesmo e melhorava após dormir; não
apresentava outra desordem motora associada.
Tal distonia, incapacitava-o motoramente (posições álgicas e paralisadas),
passando, a depender da ajuda de sua mãe, para desenvolver qualquer tipo de
atividade (tomar banho, escovar dentes e locomover-se).
A principal suspeita clínica foi de Doença de Segawa ou distonia responsiva à
levodopa. Para tanto foi feita a testagem terapêutica com doses baixas de
carbidopa/levodopa. Da qual só se obteve o resultado desejado em doses diárias
chegando a 75/300 mg, dadas em 3 vezes ao dia. Porém nessa dosagem foram
atribuídos efeitos colaterais, estes de discinesias e flutuações motoras.
Nesse dado momento, o paciente encontrava-se com controle parcial da distonia(
sem distonia incapacitante), eventuais crises convulsivas, 2 episódios na semana, e
presença de discinesia (atribuída a levodopa). Ele fazia uso de poli farmacologia
antiepiléptica com carbamazepina 400 mg/dia, fenobarbital 160 mg/dia e uso de
carbidopa/levodopa 75/300 mg/dia.
Para tanto, devido a sua má resposta a farmacologia comum no tratamento da
epilepsia, foi tentado o uso do óleo de cannabis full spectrum rico em CBD e com tal
fármaco, observou-se promissora resposta em poucas semanas, com diminuição da
intensidade e aumento do espaçamento entre as crises. Passou a ter 3 crises
tônico-clônicas generalizadas ao mês, sem ainda atingir terapia otimizada do óleo.
Paralelamente, observou-se que ele havia tido melhora do quadro de distonia, com
diminuição na frequência e intensidade dos episódios de distonia, estas marcadas
por diminuição da rigidez e ocorrência passando a ser a cada 3 semanas. Ainda
relatava diminuição da dor pós e durante os episódios.
A otimização da terapia era feita com a incrementação do uso do óleo de CBD, à
medida que apresentava melhora dos quadros de crises epiléticas. Observava-se
também diminuição dos episódios de distonia gradativamente, sendo que cessaram
no decorrer do tempo, não havendo paralisias, episódios álgicos ou incapacidades.
Para tanto foi reduzido a levodopa ponderadamente conforme estabilidade clínica.
Atualmente com 44 anos o paciente, vê-se livre de crises de distonia e de epilepsia,
está fazendo o tratamento com o óleo de cannabis full spectrum rico em CBD e
carbamazepina. Como consequência, o paciente adquiriu independência e
consegue desenvolver suas atividades pessoais tranquilamente, como ir ao estádio
de futebol e poder andar tranquilamente pela cidade/bairro.
DISCUSSÃO
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