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DIREITO PENAL

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ESTELIONATO
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Prof. Ivo Henrique Moreira Martins


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ESTELIONATO Ivo Henrique Moreira

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Martins

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Direito Penal

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Ivo Henrique Moreira Martins é pós-graduado em Direito

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Processual Civil pelo Instituo Brasiliense de Direito Público - IDP

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- Brasília/DF. Graduado em Direito pelo Instituto Metodista

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Bennett no Rio de Janeiro.

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Delegado de Polícia Civil no Estado do Amazonas. Foi Delegado-

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Geral Adjunto da Polícia Civil do Amazonas. Diretor do

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Departamento de Inteligência da Secretaria-executiva Adjunta

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de Inteligência do Estado do Amazonas. Delegado Titular da

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Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros. Professor

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universitário da graduação e Pós-graduação. Professor do
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Instituto integrado de segurança Pública do Estado do
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Amazonas e de cursos preparatórios para concurso público.


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Redes Sociais:
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@deltaivomartins
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ESTELIONATO

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CONCEITO

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O delito de estelionato é encontrado no art. 171 do Código Penal.

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Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém

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em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:

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Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.

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§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o

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disposto no art. 155, § 2º.

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§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:

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Disposição de coisa alheia como própria
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I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria;
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Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria


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II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa,
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ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer
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dessas circunstâncias;
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Defraudação de penhor
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III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia,
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quando tem a posse do objeto empenhado;


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Fraude na entrega de coisa


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I

IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém;


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Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro


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V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as
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consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;


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Fraude no pagamento por meio de cheque


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VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
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Fraude eletrônica
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§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é cometida com a utilização
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de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos
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telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento

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análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)

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§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso, aumenta-se

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de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora

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do território nacional. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021)

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§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público

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ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.

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Estelionato contra idoso ou vulnerável (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021)

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§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é cometido contra idoso ou vulnerável,

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considerada a relevância do resultado gravoso. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021)

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§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for:

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I - a Administração Pública, direta ou indireta;

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II - criança ou adolescente;
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III - pessoa com deficiência mental;
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IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.


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Para a configuração do crime, o agente usa de fraude, ardil, artifício para ludibriar a vítima e, assim, conseguir
uma vantagem econômica ilícita.
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O estelionato também é conhecido como “crime camaleão”.


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Fazendo a leitura do caput, percebe-se que o crime traz uma conduta composta, ou seja, o agente precisa
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praticar dois verbos para que o crime se consuma: (i) obter e (ii) induzindo ou mantendo.
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Para que haja a consumação no crime de estelionato, requer que haja a obtenção da vantagem ilícita pelo
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estelionatário e deve haver o prejuízo suportado por uma vítima.


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O meio da prática desse crime é a manutenção ou indução ao erro mediante artifício, ardil, ou qualquer outro
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meio fraudulento. “Qualquer outro meio fraudulento” significa que é possível a interpretação analógica.
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Inclusive, a fraude pode ser realizada por meio do silêncio.


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Tutela-se com a incriminação do estelionato a inviolabilidade patrimonial, calcada pela prática de atos
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enganosos pelo agente.


S

O estelionato é delito material. Crime material é aquele cujo tipo descreve o comportamento e menciona o
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resultado, exigindo a sua produção.


GO

IMPORTANTE: O crime de estelionato, até o início do ano de 2020, era de ação penal pública
AO

incondicionada. Com o advento da Lei n. 13.964, o Pacote Anticrime, o crime de estelionato


C
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passou a ser um delito de ação penal pública condicionada à representação, em regra. Existem
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exceções, previstas no art. 171, §5º, que o legislador manteve como um crime de ação penal
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pública incondicionada. Veremos tudo isso mais adiante.


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Rogério Sanches elucida se existe diferença entre fraude penal e fraude civil. Em suas palavras:

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“A doutrina discute fartamente acerca da existência de diferença entre fraude penal e fraude civil,

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sinalizando negativamente. Com efeito, fraude é fraude, é o ato ardiloso, de má-fé, que visa a

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obtenção de indevida vantagem, acarretando prejuízo a outrem. Não há critério científico apto a

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estabelecer diferenciação entre as duas hipóteses, sendo certo que caberá ao aplicador da lei,

NC
_tendo como base as razões de política criminal, estabelecer em quais situações estará o agente

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buscando uma vantagem indevida e quando tal vantagem deve ser tolerada como a obtenção

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permitida de lucro proveniente do próprio negócio estabelecido entre as partes.”

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OBJETO JURÍDICO

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Como dito acima, tutela-se a inviolabilidade do patrimônio.

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SUJEITOS DO CRIME

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Em relação ao sujeito ativo, trata-se de crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa. Não há

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obstáculo para coautoria ou participação. Observem a explicação de Damásio de Jesus:

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“Sujeito ativo, em primeiro lugar, é quem induz ou mantém a vítima em erro, empregando artifício, ardil ou
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qualquer outro meio fraudulento. É possível, entretanto, que na hipótese do concurso de agentes um sujeito
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empregue fraude contra a vítima, enquanto outro obtém a indevida vantagem patrimonial. Neste caso,
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ambos são sujeitos ativos. Pode ocorrer que o sujeito obtenha da vítima, enganando-a, vantagem ilícita para
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terceiro. O CP, definindo o fato, diz que a obtenção é para o sujeito ‘ou para outrem’. Este terceiro cometerá
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o crime na hipótese de ser destinatário doloso do proveito ilícito.”


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Já o sujeito passivo, é a pessoa enganada e que sofre o prejuízo patrimonial. Nada impede que haja dois
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sujeitos passivos: um que é enganado e outro que sofre o prejuízo patrimonial. Assim como o sujeito ativo, o
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sujeito passivo é comum.


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ATENÇÃO: É necessário que a vítima seja determinada. Tratando-se de sujeitos passivos indeterminados, há
crime contra a economia popular e não estelionato.
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Outro ponto que deve ser destacado no tocante ao sujeito passivo, é que a Lei nº 13.228/2015 acrescentou
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causa especial de aumento de pena ao § 4º do art. 171 do Código Penal, qual seja, a pena do estelionato
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simples é dobrada (passa a ser de 2 a 10 anos) se o crime for praticado contra pessoa idosa (60 anos ou mais).
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Com isso, o crime de estelionato passa a ter tratamento específico para o sujeito passivo com 60 anos de idade
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ou mais. Para isso, é importante que o agente saiba, ou deva saber, acerca da idade do agente, pois do
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contrário poderá incorrer em erro de tipo (CP, art. 20).


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01

CONDUTA
S
ME

A característica primordial do estelionato é a fraude: engodo empregado pelo sujeito para induzir ou manter
a vítima em erro, com o fim de obter um indevido proveito patrimonial. O sujeito, para enganar a vítima,
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induzindo-a ou mantendo-a em erro, pode empregar: (i) artifício, (ii) ardil ou (iii) qualquer outro meio
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fraudulento.
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“Artifício” é o engodo empregado por intermédio de aparato material, encenação. Segundo Mirabete: “O
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artifício existe quando o agente se utilizar de um aparato que modifica, ao menos aparentemente, o aspecto
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material da coisa, figurando entre esses meios o documento falso ou outra falsificação qualquer, o disfarce, a

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modificação por aparelhos mecânicos ou elétricos, filmes, efeitos de luz etc.” Um exemplo a ser dado é o conto

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do bilhete premiado.

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“Ardil” é o engano praticado por intermédio de insídia, como a mentirosa qualificação profissional. É fraude

NC
no sentido imaterial, intelectualizada, dirigindo-se à inteligência da vítima e objetivando excitar nela uma

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paixão, emoção ou convicção pela criação de uma motivação ilusória. Uma boa conversa, uma simulação de
doença, sem nenhum outro disfarce ou aparato.

DA
“Qualquer outro meio fraudulento” é uma interpretação analógica. Após a fórmula casuística artifício e ardil,

NE
emprega fórmula genérica, em que se contém qualquer espécie de fraude que tenha a mesma natureza

A
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daqueles meios. Na fórmula genérica ingressam engodos como a mentira e a omissão do dever de falar

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(silêncio).

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O meio utilizado deve ser apto a enganar a vítima. Fernando Capez explica da seguinte maneira: “Seja qual

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for o meio empregado, só há estelionato quando existir aptidão para iludir o ofendido. A aferição dessa

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potencialidade deve ser realizada segundo as características pessoais da vítima (sua maior ou menor

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experiência e capacidade de percepção) e as circunstâncias específicas do caso concreto. Desde que o meio
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fraudulento empregado pelo agente seja apto a burlar a boa-fé da vítima, pouco importa que a fraude seja
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grosseira ou inteligente, pois o mundo do estelionatário comporta gente de variada densidade intelectual. No
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entanto, quando totalmente inapta a iludir, mesmo o mais ingênuo dos mortais, o fato será atípico.”
GO

Erro é a falsa percepção da realidade. A vítima, em face da conduta fraudulenta do sujeito, é levada a erro.
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Podem ocorrer duas hipóteses: (i) a vítima é induzida a erro pela conduta do sujeito e (ii) a vítima é mantida
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em erro. No primeiro caso, o sujeito ativo induz o ofendido a erro, mediante fraude. No segundo, o sujeito
NC

passivo já incidiu em erro espontâneo, que é mantido pelo artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento.
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O resultado no estelionato é duplo: (i) vantagem ilícita e (ii) prejuízo alheio.


DA

Vantagem ilícita é o objeto material do crime em tela. O agente emprega meio fraudulento capaz de iludir a
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vítima com a finalidade de obter vantagem ilícita em prejuízo alheio. Deve a vantagem ser econômica, pois
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trata-se de crime patrimonial. Deve também ser ilícita, ou seja, não corresponder a qualquer direito. Se for
CI
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lícita, haverá o crime de exercício arbitrário das próprias razões.


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00

Prejuízo alheio é o dano de natureza patrimonial. É necessário que o sujeito, obtendo a vantagem ilícita, venha a causar
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prejuízo a terceiro. É possível que o sujeito apenas obtenha a vantagem ilícita, mas não cause prejuízo a terceiro.
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Neste caso, não se pode dizer que ocorreu o resultado do estelionato, respondendo por tentativa do crime.
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IMPORTANTE: Trata-se de prejuízo efetivo e não potencial.


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Sendo assim, existem quatro fases no crime de estelionato:


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I. Empregar fraude;
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II. Colocar ou manter a vítima em erro;


CAO

III. Obtenção da vantagem ilícita;


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IV. Prejuízo suportado pela vítima.


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Caso não haja uma das fases, é tentativa de crime de estelionato, não houve consumação. As fases são as

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elementares do crime de estelionato.

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CONSUMAÇÃO E TENTATIVA

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O estelionato é crime material. Consuma-se com a obtenção da vantagem ilícita indevida, em prejuízo alheio,

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ou seja, quando o agente aufere o proveito econômico, causando dano à vítima. Via de regra, esses resultados

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ocorrem simultaneamente. Há, assim, ao mesmo tempo, a obtenção de proveito pelo estelionatário e o

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prejuízo da vítima.

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A competência para esse crime, em razão disso, é do local em que o agente obteve a vantagem ilícita.

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ATENÇÃO: Em relação à falsificação de cheques para a prática de estelionato, o STJ editou a Súmula 48:

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Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato

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cometido mediante falsificação de cheque.

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Consuma-se, portanto, no momento em que o agente aufere a vantagem econômica indevida e não no
momento do emprego da fraude.
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Existe, também, a súmula 521, do STF, que trata do cheque sem fundo.
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O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão
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dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado.
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NC

A tentativa é admissível quando o sujeito, enganando a vítima, não obtém a vantagem ilícita, ou, obtendo-a,
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não causa prejuízo a ela ou a terceiro.


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IMPORTANTE: Haverá tentativa quando o meio for eficaz, e este tenha sido frustrado por circunstâncias
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alheias à vontade do autor. Tal não ocorre se o meio empregado for totalmente ineficaz, como, por exemplo,
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na adulteração grosseira de documento, que pode de pronto ser constatada. Nesse caso, haverá crime
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impossível pela ineficácia absoluta do meio empregado (CP, art. 17).


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ARREPENDIMENTO POSTERIOR
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Fernando Capez detalha muito bem a figura do arrependimento posterior. Em suas palavras:
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“É pacífico nos tribunais o entendimento no sentido de que a reparação do dano antes do recebimento da
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denúncia não afasta o crime de estelionato, constituindo a hipótese verdadeiro arrependimento posterior (CP,
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art. 16), causa geral de diminuição de pena. Dessa forma, quando se tratar da figura fundamental do crime
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de estelionato (caput), não há falar na aplicação extensiva da Súmula 554 do STF, que prevê a extinção da
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punibilidade do agente na hipótese de pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, antes do
recebimento da denúncia, pois a mesma somente se refere à modalidade prevista no § 2º, VI, do art. 171
AO

(fraude no pagamento por meio de cheque). Dessa forma, ainda que o agente repare o dano antes do
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oferecimento da denúncia, haverá justa causa para a propositura da ação penal pelo Ministério Público, pois
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o crime de estelionato já se perfez, devendo, contudo, ser apenado mais brandamente em face do
arrependimento do agente.
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Assim, aplicam-se as seguintes regras à figura fundamental do crime de estelionato (caput):

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(i) antes do recebimento da denúncia – constitui causa geral de diminuição de pena (CP, art. 16 –

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arrependimento posterior);

EI
(ii) depois do recebimento da denúncia e antes da sentença – constitui circunstância atenuante genérica (CP,

NC
art. 65, III, d).”

CO
ELEMENTO SUBJETIVO

DA
O estelionato só é punível a título de dolo, que consiste na vontade de enganar a vítima, dela obtendo

NE
vantagem ilícita, em prejuízo alheio, empregando artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento.

A
CI
OI
O dolo deve abranger não só o ato de indução ou manutenção da vítima ao equívoco, como também o meio

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fraudulento empregado, a vantagem ilícita a ser obtida e o prejuízo alheio.

20
É necessário que o sujeito tenha consciência da ilicitude da vantagem que obtém da vítima.

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O tipo requer um segundo elemento subjetivo, contido na expressão “para si ou para outrem”. Não há fraude

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culposa. A denominada fraude culposa constitui fato atípico.
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Ressalte-se que deve o agente ter consciência de que a vantagem almejada é ilícita; do contrário, poderá ele
ME

responder pelo crime de exercício arbitrário das próprias razões.


GO

TORPEZA BILATERAL
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CA

Pergunta-se: a fraude bilateral, má-fé do agente e da vítima, exclui o crime?


EI

Refere-se a hipótese em que a vítima também age de ma-fé.


NC
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Como vimos, os requisitos exigidos por lei para caracterizar o crime de estelionato são: (i) empregar fraude,
(ii) colocar ou manter a vítima em erro, (iii) obtenção da vantagem ilícita e (iv) prejuízo suportado pela vítima.
DA
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O tipo não faz qualquer referência à boa-fé da vítima (esta não aparece como elementar do tipo). Caso o
AN

ofendido se deixe enganar pelo engodo de outrem, ainda que movido por ganância, nem por isso se apaga a
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conduta criminosa do estelionatário.


I
JO

Essa é a posição majoritária.


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FORMAS DE ESTELIONATO
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32

A) FORMA SIMPLES: É a que está prevista no caput.


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B) PRIVILEGIADA (ART. 171, § 1º):


S
ME

Art. 171
GO

§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
AO

disposto no art. 155, § 2º.


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Caso o criminoso seja primário, e seja de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
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disposto no art. 155, § 2º. Entretanto, existe uma diferença do estelionato para o furto. No crime de

GO
estelionato, exige-se que seja pequeno o valor do prejuízo, o qual deve ser aferido no momento da

O
consumação do crime, enquanto, no crime de furto, exige-se que a coisa furtada seja de pequeno valor. A

CA
jurisprudência considera como pequeno valor do prejuízo aquele que não ultrapassa um salário mínimo. Essa

EI
figura criminal aplica-se ao caput e § 2º do art. 171.

NC
CO
C) FIGURAS EQUIPARADAS (ART. 171, § 2º): Estão previstas no § 2º, I a VI. A pena é a mesma da figura penal
prevista no caput.

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Art. 171

A
CI
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:

OI
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Disposição de coisa alheia como própria

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I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria;

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Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria

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II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa,
S
ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer
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dessas circunstâncias;
GO

Defraudação de penhor
O
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III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia,
EI

quando tem a posse do objeto empenhado;


NC

Fraude na entrega de coisa


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DA

IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém;


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Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro


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CI

V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as
I
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consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;


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Fraude no pagamento por meio de cheque


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VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
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INCISO I – DISPOSIÇÃO DA COISA ALHEIA COMO PRÓPRIA


S

Sendo comum, qualquer pessoa pode praticar esta forma equiparada do crime de estelionato (inclusive o
ME

condômino que aliena coisa indivisa como se só dele fosse).


GO

É crime de dupla subjetividade passiva, ou seja, o sujeito passivo será tanto o adquirente de boa-fé quanto o
AO

real proprietário da coisa.


C
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Pune-se o agente que vende (transferência da coisa mediante pagamento), permuta (troca), dá em pagamento
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(entrega, com o consentimento do credor, de determinada coisa como pagamento por prestação
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eventualmente devida), locação (o agente cede a coisa, mediante remuneração, por tempo determinado ou

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não), dação em garantia (penhor, anticrese e hipoteca), coisa alheia como própria.

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O objeto material é a coisa alheia.

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Para que se configure crime, não basta ao agente induzir ou manter alguém em erro apenas praticando uma

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das condutas, sendo imprescindível sua ciência no tocante à titularidade da coisa por terceiro, ou seja, o dolo

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deve abranger a consciência de que não há o poder de disponibilidade sobre o bem.

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IMPORTANTE: Efetivada a alienação, ainda que o agente regularize posteriormente o domínio, o crime

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permanecerá.

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INCISO II – ALIENAÇÃO OU ONERAÇÃO FRAUDULENTA DE COISA PRÓPRIA

OI
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As canduras trazidas pelo inciso II são praticamente as mesmas do anterior, excluindo-se apenas a locação, já

20
que esta modalidade de disposição, por si só, não é impedida nos casos de coisa gravada de ônus, litigiosa ou

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prometida a terceiro.

32
Rogério Sanches ensina: “A diferença significativa entre os incisos está no objeto material. Lá (inciso I), o

86
01
agente vende coisa (móvel ou imóvel) alheia como própria; aqui (inciso II), vende coisa (móvel ou imóvel) sua
(própria), porém onerada, silenciando sobre a existência do gravame. Aliás, para que haja o crime, não basta
S
ME

a disposição do bem onerado, sendo imprescindível que o agente silencie a respeito dos ônus que sobre ele
GO

recaem (aqui reside a fraude).”


O

O sujeito ativo é o proprietário da coisa. É crime próprio. O sujeito passivo é o adquirente de boa-fé.
CA
EI

É crime material de duplo resultado: consuma-se com a obtenção da vantagem ilícita junto com o prejuízo à vítima.
NC

INCISO III – DEFRAUDAÇÃO DE PENHOR


CO

Sendo pressuposto para a prática do crime a existência de um contrato pignoratício, sujeito ativo será o
DA

devedor que conserva a posse da coisa empenhada, e, passivo, o credor titular do penhor.
E
AN

A ação típica consiste na defraudação, mediante alienação (venda, permuta, doação) não consentida pelo
CI

credor ou por outro modo (destruindo, ocultando, abandonando a coisa etc.), a garantia pignoratícia.
I
JO

É necessário que o agente tenha consciência de que sobre a coisa pesam os efeitos inerentes ao penhor, e que
00

o credor não tenha autorizado expressamente a alienação.


2
83

INCISO IV – FRAUDE NA ENTREGA DA COISA


32
86

Sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa, juridicamente obrigada a entregar a coisa a alguém. Em relação ao
01

sujeito passivo, é a pessoa prejudicada com recebimento da coisa defraudada.


S
ME

O sujeito ativo deve ter consciência de que entrega coisa defraudada em sua substância, qualidade ou
GO

quantidade.
AO

A ação nuclear é a mesma do inciso anterior (defraudação), alterando o agente a substância, qualidade ou
C

quantidade de coisa que deve entregar a outrem (em decorrência de obrigação legal, judicial ou contratual).
EI
NC

Substância é a natureza da coisa, é a sua essência (exemplo: o agente substitui diamantes por vidro).
CO
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01
S
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Qualidade é o seu atributo, seu modo de ser (exemplo: o agente substitui a coisa por outra aparentemente

GO
igual, mas economicamente inferior). Quantidade é relacionada a números como peso, dimensão, entre

O
outros (exemplo: o agente entrega, dolosamente, menos do que estaria obrigado).

CA
EI
ATENÇÃO: Caso a fraude recaia sobre produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais, é aplicado o art.

NC
273 do CP, o qual é considerado crime hediondo.

CO
INCISO V – FRAUDE PARA RECEBIMENTO DE INDENIZAÇÃO OU VALOR DE SEGURO

DA
Sabemos que, no Direito Penal, a autolesão e a danificação ou destruição da própria coisa não constituem

NE
atos ilícitos, exceto quando acarretam prejuízo a terceiro. É o que se dá no crime em estudo, que objetiva

A
proteger o patrimônio das empresas de seguro.

CI
OI
A lei penal pune a conduta do segurado que propositadamente produz o risco previsto no contrato (exemplo:

0J
furto de automóvel), com o fim de obter indevidamente o prêmio do seguro (importância paga pelo segurado

20
ao segurador em razão da responsabilidade por este assumida), prejudicando, dessa forma, as empresas

83
privadas que exploram as operações de seguro contra acidentes pessoais, incêndio, marítimos etc.

32
86
O pressuposto básico do crime, portanto, é a existência de contrato de seguro válido e vigente ao tempo da ação.
01
O sujeito ativo é o proprietário da coisa que a destrói, total ou parcialmente, ou a oculta, ou lesa o próprio corpo
S
ME

ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença. Nada impede que terceiro pratique essas condutas.
GO

Sujeito passivo é o segurador, isto é, o responsável pelo pagamento do valor do seguro. O segurado poderá ser
O

vítima desse crime quando terceiro o lesione.


CA
EI

Punido a título de dolo, esta modalidade equiparada é a única de consumação antecipada (crime formal),
NC

perfazendo-se com o emprego da fraude, independentemente do recebimento da indenização. A tentativa


CO

pode ser admitida, em razão do caráter plurissubsistente do delito.


DA

INCISO VI – FRAUDE NO PAGAMENTO POR MEIO DE CHEQUE


E

O inciso VI traz a modalidade mais corrente de estelionato (equiparado), consistente: (i) na emissão de cheque
AN

sem provisão de fundos, colocando a cártula em circulação e (ii) na frustração de seu pagamento (mediante
CI
I

contraordem ao banco sacado, retirando o saldo da conta corrente, encerrando-a, entre outros).
JO
00

Em ambas as hipóteses, obviamente, mostra-se imprescindível fraude. Desse modo, não há crime quando o
2

emitente possui o direito de impedir o pagamento do cheque, caso tenha justificado motivo para tanto.
83
32

Sujeito ativo será o emitente do cheque.


86
01

O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa.


S
ME

Somente responde pelo delito aquele que intencionalmente emite cheque sem provisão de fundos ou
intencionalmente frustra seu pagamento, com a finalidade específica de obter vantagem indevida.
GO

Não se pune a forma culposa (descuido, falta de organização das contas).


AO
C

ATENÇÃO: A conduta do agente que falsifica a assinatura do titular da conta corrente não se subsume ao
EI

inciso VI, mas à forma básica do caput.


NC
CO
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S
ME
O delito consuma-se no momento em que o banco sacado se recusa a realizar o pagamento, seja por falta de

GO
fundos ou pela sustação do título.

O
CA
D) FORMAS MAJORADAS (ART. 171, §§ 3º E 4º)

EI
NC
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito público

CO
ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência.

DA
Estelionato contra idoso ou vulnerável (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021)

NE
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é cometido contra idoso ou vulnerável,

A
considerada a relevância do resultado gravoso. (Redação dada pela Lei nº 14.155, de 2021)

CI
OI
0J
Sobre o parágrafo terceiro, essa majorante tem em vista a lesão a interesse social, o que torna a conduta

20
criminosa mais reprovável. São entidades de direito público, além da União, Estado, Município e Distrito

83
Federal, também as autarquias e entidades paraestatais. Essa causa de aumento de pena incidirá sobre o

32
caput e variantes do § 2º.

86
01
Atenção para a súmula 24 do STJ: Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade
S
autárquica da Previdência Social, a qualificadora do § 3º do art. 171 do Código Penal.
ME
GO

Já o novel parágrafo quarto trata do estelionato contra o idoso será tratado mais adiante em face de sua
modificação legislativa imposta pelo advento da Lei 14.155/21. De todo modo, este parágrafo afasta a
O
CA

circunstância agravante genérica prevista no art. 61, II, h, do Código Penal (delito cometido contra criança ou
maior de 60 anos), sob pena da ocorrência de bis in idem.
EI
NC

A doutrina entende que o parágrafo 4º tem natureza jurídica de causa de aumento de pena (é aplicada na 3ª
CO

fase da dosimetria da pena).


DA

A majorante do § 4º é aplicável não apenas para a modalidade fundamental do estelionato (caput) como
E

também para as figuras equiparadas do § 2º do art. 171.


AN
CI

Para que incida essa causa de aumento, é indispensável que o agente saiba que a vítima é idosa. Se o agente
I
JO

desconhecer essa circunstância, ele responderá por estelionato na modalidade fundamental (art. 171, caput).
00

AÇÃO PENAL
2
83

Nesse ponto, precisamos considerar as alterações pelo Pacote Anticrime.


32
86

A Lei 13.964/19 fez uma série de alterações no sistema de justiça criminal e da legislação penal. Uma dessas
01

alterações é a que trata o crime de estelionato. Até a entrada em vigor do Pacote Anticrime (23 de janeiro de
S

2020), o estelionato era crime de ação penal pública incondicionada e apenas excepcionalmente, em hipóteses
ME

taxativas exigia como requisito a representação do ofendido para o início da ação. Vejamos:
GO

Art. 182 -Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em
AO

prejuízo:
C
EI

I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;


NC
CO

II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;


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01
S
ME
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

GO
Com o advento da Lei n° 13.964/2019, foi introduzido o parágrafo quinto ao artigo 171 do Código Penal, que,

O
CA
portanto, se aplica ao estelionato e a todas as modalidades equiparadas. A regra agora é que a ação penal

EI
pública condicionada à representação. A ação penal, entretanto, continua a ser incondicionada

NC
excepcionalmente, se o delito for praticado contra a Administração Pública, direta ou indireta; contra criança

CO
ou adolescente; contra pessoa com deficiência mental; contra maior de 70 (setenta) anos de idade

DA
ou contra incapaz. Vejamos:

NE
Diante disso, verifica-se que até o advento do Pacote Anticrime (com vigência prevista a partir de 23/01/2020)

A
o crime de estelionato era processado mediante ação penal pública incondicionada, e, excepcionalmente, era

CI
processado através de ação pública condicionada à representação.

OI
0J
Ao contrário disso, com a entrada em vigor da Lei Anticrime temos - como regra - que os crimes de estelionato

20
serão de ação penal pública condicionada à representação do ofendido.

83
32
Vejamos:

86
Até o advento do Pacote Anticrime 01
Com a entrada em vigor da Lei Anticrime
S
ME
GO

O crime de estelionato é processado mediante Como regra, o crime de estelionato será de ação penal
ação penal pública incondicionada e, pública condicionada à representação do ofendido e,
O
CA

excepcionalmente, será processado através de excepcionalmente, será processado através de ação


EI

ação pública condicionada à representação. pública incondicionada.


NC
CO

✓ A titularidade do Ministério Público se mantém, contudo, passa a ser condicionada a representação


do ofendido.
DA
E

Outras considerações
AN

No que diz respeito aos crimes de estelionato cometidos antes da entrada em vigor do Pacote Anticrime, cujos
CI
I

processos criminais já estivessem em andamento por ocasião da vigência da referida lei, até o momento o STF
JO

ainda não tinha se manifestado sobre a necessidade da representação.


00
2

Ocorre que, no dia 13 de outubro de 2020, por meio do HC 18734, por decisão unânime, a Primeira Turma do
83

Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que, no crime de estelionato, não é necessária a exigência da
32
86

representação (autorização) da vítima para o cabimento de ação penal nos casos em que o Ministério Público já
01

tiver oferecido a denúncia antes da entrada em vigor do parágrafo 5º do artigo 171 do Código Penal (CP).
S
ME

Vejamos o caso concreto:


GO

A decisão da Primeira Turma ocorreu no julgamento do Habeas Corpus (HC) 187341, impetrado em favor de Eric
Fabiano Arlindo que, por meio de sua empresa, lesava pessoas hipossuficientes ao oferecer a renegociação de
AO

dívidas. Há registros de que ele teria cometido o crime contra mais de 100 vítimas e, no caso concreto, induziu
C
EI

a erro duas pessoas, ao fazê-las acreditar que seriam ajuizadas ações visando à revisão contratual dos juros de
NC

contrato de financiamento de um veículo. Por esse fato, Arlindo foi condenado pela Sexta Câmara de Direito
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S
ME
Criminal no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) a um ano de reclusão, em regime aberto, além de 10 dias-

GO
multa. A pena privativa de liberdade foi substituída por prestação de serviços à comunidade.

O
CA
A defesa buscava a extinção da punibilidade com base no artigo 107, inciso V, do Código Penal, e argumentou

EI
ainda a necessidade de aplicação da norma mais benéfica introduzida pelo Pacote Anticrime, que passou a exigir

NC
representação do ofendido como condição para a abertura da ação penal relativa ao crime de estelionato. A

CO
condenação foi mantida pelo TJ-SP e, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o relator negou medida liminar.
Contra essa decisão, os advogados recorreram ao Supremo.

DA
Vejamos os argumentos utilizados na decisão:

A NE
✓ A nova legislação não prevê a manifestação da vítima como condição ao prosseguimento da ação penal

CI
quando o Ministério Público já tiver oferecido a denúncia, independentemente do momento da prática

OI
0J
do delito.
✓ A representação da vítima é obrigatória nos casos em que não tenha sido iniciada a ação penal, em razão

20
83
da incidência do parágrafo 5º do artigo 171 do Código Penal. No entanto, a nova regra não pode

32
retroagir às hipóteses em que o Ministério Público tiver oferecido a denúncia antes da entrada em vigor

86
da Lei 13.964/2019, pois, naquele momento, a norma processual em vigor definia a ação como pública
incondicionada para o delito de estelionato. 01
S
✓ Como não há possibilidade de retratação da representação após o oferecimento da denúncia, conforme
ME

dispõe o artigo 25 do Código de Processo Penal, a hipótese em julgamento é de ato jurídico perfeito.
GO

Sendo assim, a manifestação de interesse ou desinteresse da vítima sobre essa denúncia não repercute
O

mais na continuidade da persecução penal.


CA

✓ É correta a decisão que negou a necessidade de representação da vítima do estelionato, uma vez que a
EI

denúncia já tinha sido oferecida antes da reforma legislativa que modificou a natureza da ação penal de
NC

incondicionada para pública condicionada.


CO

Esquematizando!!!
DA
E

Crimes de estelionato cometidos antes da entrada em vigor da Lei n° 13.964/2019, cujas denúncias ainda
AN

não tenham sido oferecidas por ocasião da vigência do referido diploma normativo:
CI

A representação da vítima é obrigatória nos casos em que não tenha sido iniciada a ação penal, em razão da
I
JO

incidência do parágrafo 5º do artigo 171 do Código Penal.


00
2
83
32

Crimes de estelionato cometidos antes da entrada em vigor da Lei n° 13.964/2019, cujos processos
86

criminais já estivessem em andamento por ocasião da vigência do referido diploma normativo:


01

Não é necessária a exigência da representação (autorização) da vítima para o cabimento de ação penal nos
S

casos em que o Ministério Público já tiver oferecido a denúncia antes da entrada em vigor do parágrafo 5º
ME

do artigo 171 do Código Penal (CP).


GO
CAO

ATENÇÃO: O estelionato contra idoso do parágrafo 4º é a partir dos 60 anos de idade da vítima,
EI

entretanto será um crime de ação penal pública incondicionada somente se a vítima tiver 70 anos
NC

ou mais.
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S
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INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI Nº 14.155/2021 NO CRIME DE ESTELIONATO i

GO
A lei 14.155/2021 promoveu alterações significativas nos crimes de violação de dispositivo informático, furto e

O
CA
estelionato. Vejamos o que mudou especificamente no delito de estelionato.

EI
Referida lei, realizou três alterações no art. 171:

NC
CO
▪ inseriu o § 2º-A, prevendo a qualificadora do estelionato mediante fraude eletrônica;
▪ acrescentou o § 2º-B, com uma causa de aumento de pena relacionada com o § 2º-A;

DA
▪ modificou a redação da causa de aumento de pena do § 4º.

NE
▪ Veja a nova qualificadora:

A
CI
Fraude eletrônica

OI
0J
Art. 171 (...)

20
§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se a fraude é cometida com a utilização de

83
informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos

32
telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo.

86
Em que consiste o crime: 01
S
ME

O agente obtém vantagem ilícita por meio de informações da vítima que ele obteve da própria vítima ou de um
GO

terceiro que foram induzidos em erro.


O

O grande diferencial aqui é que a atuação do agente foi por meio eletrônico, ou seja, a vítima ou o terceiro foram
CA

induzidos a erro por meio de:


EI
NC

▪ redes sociais (ex: Facebook, Instagram);


CO

▪ contatos telefônicos (ex: simulando que se trata de ligação da operadora de cartão de crédito);
▪ envio de correio eletrônico fraudulento (ex: e-mail que imita correspondência da loja, banco etc.);
DA

▪ ou qualquer outro meio fraudulento análogo.


E
AN

Cuidado para não confundir:


CI
I

Furto mediante fraude por dispositivo eletrônico ou Estelionato mediante fraude eletrônica
JO

informático (art. 155, § 4º-B) (art. 171, § 2º-A)


00

O agente subtrai coisa alheia móvel por meio de O agente obtém vantagem ilícita com a utilização de
2
83

dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou informações fornecidas pela vítima ou por terceiro
32

não à rede de computadores, com ou sem a violação induzido a erro por meio de redes sociais, contatos
86

de mecanismo de segurança ou a utilização de telefônicos ou e-mail fraudulento, ou por qualquer


01

programa malicioso, ou por qualquer outro meio outro meio fraudulento análogo.
S
ME

fraudulento análogo.
GO

Pena: 4 a 8 anos. Pena: 4 a 8 anos.


Exemplo de Rogério Sanches: Exemplo de Rogério Sanches:
AO

“Aproveitando a vulnerabilidade de pessoas que “Pretendendo adquirir um televisor, um indivíduo faz


C

utilizam uma rede pública de internet, um hacker uma pesquisa na internet e encontra a página de uma
EI
NC

intercepta a conexão e obtém dados de acesso a contas conhecida rede varejista na qual o produto está
CO
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bancárias. Com esses dados à disposição, acessa as sendo anunciado por um preço muito abaixo das

GO
contas e transfere quantias em dinheiro para outra concorrentes. Insere seus dados pessoais e bancários

O
conta da qual efetua saques. É um caso típico de furto sem saber que, na verdade, se trata de uma página

CA
mediante fraude, no qual a manobra ardilosa clonada, que apenas copia os caracteres da famosa

EI
(interceptar os dados transmitidos entre o usuário e o rede varejista, para induzir as pessoas em erro.

NC
ponto de conexão) é utilizada para que as vítimas Efetuado o pagamento, o dinheiro é creditado ao

CO
sejam despojadas de seus bens sem que nada autor da fraude, que evidentemente não pretende

DA
percebam.” (CUNHA, Rogério Sanches. Lei 14.155/21 e entregar o produto anunciado. Nesse exemplo, ao
os crimes de fraude digital: primeiras impressões e contrário do anterior, a vítima tem participação

NE
reflexos no CP e no CPP. Disponível em direta, pois, induzida por um anúncio enganoso,

A
CI
https://meusitejuridico. fornece os dados para que o autor da fraude possa

OI
editorajuspodivm.com.br/2021/05/28/lei-14-15521-e- obter a vantagem. Trata-se, portanto, de

0J
os-crimes-de-fraude-digital-primeiras-impressoes-e- estelionato.”

20
reflexos-no-cp-e-no-cpp/)

83
32
Causa de aumento de pena

86
01
Art. 171 (...) S
ME

§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso, aumenta-se de
1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do
GO

território nacional.
O
CA

Mudança na causa de aumento de pena do § 4º do art. 171


EI
NC

CÓDIGO PENAL
CO

ANTES da Lei 14.155/2021 DEPOIS da Lei 14.155/2021


DA

Estelionato contra idoso Estelionato contra idoso ou vulnerável


E

§ 4º Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido § 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se
AN

contra idoso. o crime é cometido contra idoso ou vulnerável,


CI

considerada a relevância do resultado gravoso.


I
JO
00

Percebam que, neste caso, houve uma novatio legis in mellius porque, antes, a pena deveria ser sempre
2

dobrada. Agora, ela pode ser aumentada de 1/3 até o dobro.


83
32

IV – COMPETÊNCIA PARA JULGAR ESTELIONATO NO CASO EM QUE O PREJUÍZO OCORREU EM LOCAL


86

DIFERENTE DA OBTENÇÃO DA VANTAGEM


01

O estelionato, previsto no art. 171, do CP, é um crime por meio do qual o agente, utilizando um meio
S
ME

fraudulento, engana a vítima, fazendo com que ela entregue espontaneamente uma vantagem, causando
GO

prejuízo à vítima.
AO

Algumas vezes pode acontecer de a vantagem ilícita ocorrer em um local e o prejuízo em outro. Tais situações
C

poderão gerar algumas dúvidas relacionadas com a competência territorial para processar e julgar esse crime.
EI
NC

A Lei nº 14.155/2021 inseriu o § 4º ao art. 70 do CPP tratando sobre o tema.


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A alteração é muito bem-vinda porque anteriormente havia uma imensa insegurança jurídica diante da

GO
existência de regras distintas para situações muito parecidas, além da uma intensa oscilação jurisprudencial.

O
CA
Veja o § 4º do art. 70 que foi inserido no CPP pela Lei nº 14.155/2021:

EI
Art. 70. (...)

NC
CO
§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), quando
praticados mediante depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do

DA
sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida pelo

NE
local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção.

A
CI
Vamos analisar três casos envolvendo estelionato para identificarmos as mudanças operadas pela novidade

OI
legislativa.

0J
20
1) Estelionato praticado por meio de cheque falso (art. 171, caput, do CP)

83
Imagine a seguinte situação hipotética:

32
86
João, domiciliado no Rio de Janeiro (RJ), achou um cheque em branco. Ele foi, então, até Juiz de Fora (MG) e lá
01
comprou inúmeras roupas de marca em uma loja da cidade. As mercadorias foram pagas com o cheque que ele
S
encontrou, tendo João falsificado a assinatura.
ME
GO

Trata-se do crime de estelionato, na figura do caput do art. 171 do CP.


O

De quem será a competência territorial para julgar o delito?


CA
EI

Do juízo da comarca de Juiz de Fora (MG), local da obtenção da vantagem indevida.


NC

Existe até uma súmula tratando sobre o tema:


CO

Súmula 48-STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de
DA

estelionato cometido mediante falsificação de cheque.


E
AN

Aplica-se aqui o § 4º do art. 70 do CPP?


CI
I

NÃO. Se você ler o § 4º verá que ele não trata da hipótese de estelionato praticado por meio de cheque falso.
JO

Logo, esse dispositivo não incide no presente caso.


00
2

A regra a ser aplicada, portanto, é a do caput do art. 70:


83
32

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de
86

tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.


01
S

O estelionato se consumou no momento em que João comprou as mercadorias da loja, pagando com o cheque
ME

falsificado. Nesse instante houve a obtenção da vantagem ilícita e o dano patrimonial à loja.
GO

Logo, nesta primeira hipótese, nenhuma mudança operada pela Lei nº 14.155/2021. Vale ressaltar que a Súmula
AO

48 do STJ manteve-se válida com a novidade legislativa.


C
EI

2) Estelionato praticado por meio de cheque sem fundo (art. 171, § 2º, VI)
NC

Imagine a seguinte situação hipotética:


CO
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S
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Pedro, domiciliado no Rio de Janeiro (RJ), foi passar o fim de semana em Juiz de Fora (MG).

GO
Aproveitando que estava ali, ele foi até uma loja da cidade e comprou inúmeras roupas de marca, que

O
CA
totalizaram R$ 4 mil. As mercadorias foram pagas com um cheque de titularidade de Pedro.

EI
Vale ressaltar, no entanto, que Pedro sabia que em sua bancária havia apenas R$ 200,00, ou seja, que não havia

NC
fundos suficientes disponíveis. Ele agiu assim porque supôs que não teriam como responsabilizá-lo já que não

CO
morava ali.

DA
Qual foi o crime cometido por Pedro?

NE
Estelionato, no entanto, na figura equiparada do art. 171, § 2º, VI, do CP:

A
CI
OI
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém

0J
em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:

20
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.

83
32
(...)

86
01
Fraude no pagamento por meio de cheque S
ME

VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
GO

O cheque emitido por Pedro estava vinculado a uma agência bancária que se situa no Rio de Janeiro (RJ). Tendo
isso em consideração, indaga-se: de quem será a competência territorial para julgar o delito?
O
CA

Aqui houve uma grande alteração promovida pela Lei nº 14.155/2021:


EI
NC

· Antes da Lei: a competência para julgar seria do juízo do Rio de Janeiro (RJ), local onde se situa a agência
CO

bancária que recusou o pagamento. Na teoria, o “dinheiro” que iria pagar a loja sairia da agência bancária na
qual Pedro tinha conta, ou seja, no Rio de Janeiro. Quando a loja foi tentar sacar o cheque, lá em Juiz de Fora
DA

(MG), na teoria, a agência bancária localizada no RJ recusou o pagamento porque informou que ali não havia
E
AN

saldo suficiente. Nessas situações, a jurisprudência afirmava que a competência territorial era do local onde se
situava a agência que recusou o pagamento:
CI
I
JO

Súmula 244-STJ: Compete ao foro do local da RECUSA processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque
00

sem provisão de FUNDOS.


2
83

Súmula 521-STF: O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade
32

da emissão dolosa de cheque sem provisão de FUNDOS, é o do local onde se deu a RECUSA do pagamento pelo
86

sacado.
01
S

· Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima, ou seja, do juízo de Juiz de Fora
ME

(MG). É o que prevê o novo § 4º do art. 70:


GO

Art. 70. (...)


AO

§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do (...) Código Penal, quando praticados (...) mediante emissão de cheques
C
EI

sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado (...) a competência será definida pelo local do domicílio
NC

da vítima (...)
CO
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32
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ESTELIONATO Ivo Henrique Moreira Martins

01
S
ME
Isso significa que a Súmula 244 do STJ e a Súmula 521 do STF estão superadas.

GO
O que é o cheque com pagamento frustrado mencionado no § 4º do art. 70 do CPP?

O
CA
Ocorre quando o agente que emitiu o cheque tinha fundos disponíveis, no entanto, depois de emitir o cheque,

EI
ele saca o dinheiro que tinha no banco ou, então, simplesmente emite uma contraordem à instituição financeira

NC
afirmando que não é para ela pagar aquele cheque.

CO
Em nosso exemplo, imagine que, depois de emitir a cártula em favor da loja, Pedro entra em contato com a

DA
instituição financeira e susta o cheque.

NE
No que tange à competência, a regra é a mesma do cheque sem fundos.

A
CI
OI
3) Estelionato mediante depósito ou transferência de valores

0J
Imagine a seguinte situação hipotética:

20
83
Carlos, morador de Goiânia (GO), viu um anúncio na internet que oferecia empréstimo “rápido e fácil”. Ele

32
entrou em contato com a pessoa, que se identificou como Henrique.

86
01
Carlos combinou de receber um empréstimo de R$ 70 mil, no entanto, para isso, ele precisaria depositar uma
S
parcela de R$ 1 mil a título de “custas” para a conta bancária de Henrique, vinculada a uma agência bancária
ME

localizada em São Paulo (SP).


GO

Carlos efetuou o depósito e, então, percebeu que se tratava de uma fraude porque nunca recebeu o dinheiro
O

do suposto empréstimo.
CA
EI

Quem será competente para processar e julgar este crime de estelionato: o juízo da comarca de Goiânia (onde
NC

foi feito o depósito) ou o juízo da comarca de São Paulo (local onde o dinheiro foi recebido)?
CO

Aqui houve outra grande alteração promovida pela Lei nº 14.155/2021:


DA

· Antes da Lei: o juízo competente seria, neste exemplo, o da comarca de São Paulo. Nesse sentido:
E
AN

No caso em que a vítima, induzida em erro, efetuou depósito em dinheiro e/ou transferência bancária para a
CI

conta de terceiro (estelionatário), a obtenção da vantagem ilícita ocorreu quando o estelionatário se apossou
I
JO

do dinheiro, ou seja, no momento em a quantia foi depositada em sua conta.


00

STJ. 3ª Seção. CC 167.025/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 14/08/2019.
2
83

STJ. 3ª Seção. CC 169.053/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/12/2019.
32
86

O fundamento era o caput do art. 70 do CPP:


01
S

Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de
ME

tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.


GO

Segundo decidiu o STJ, o estelionato consuma-se no momento e no local em que é auferida a vantagem ilícita.
AO

O prejuízo alheio, apesar de fazer parte do tipo penal, está relacionado à consequência do crime de estelionato
C

e não à conduta propriamente.


EI
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32
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ESTELIONATO Ivo Henrique Moreira

01
Martins

S
ME
O núcleo do tipo penal é obter vantagem ilícita, razão pela qual a consumação se dá no momento em que os

GO
valores entram na esfera de disponibilidade do autor do crime, o que somente ocorre quando o dinheiro ingressa

O
efetivamente em sua conta corrente.

CA
EI
Resumindo

NC
Estelionato que ocorre quando a vítima, induzida em erro, se dispõe a fazer depósitos ou transferências

CO
bancárias para a conta de terceiro (estelionatário): a competência era do local onde o estelionatário possuía a

DA
conta bancária.

NE
· Depois da Lei: a competência passou a ser do local do domicílio da vítima, ou seja, em nosso exemplo, do juízo

A
de Goiânia (GO). É o que prevê o novo § 4º do art. 70:

CI
OI
Art. 70. (...)

0J
20
§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do (...) Código Penal, quando praticados mediante depósito (...) ou

83
mediante transferência de valores, a competência será definida pelo local do domicílio da vítima (...)

32
E se houver mais de uma vítima, com domicílios em locais diferentes?

86
01
Utilizando novamente o terceiro exemplo acima mencionado. Suponhamos que Henrique aplicou o mesmo
S
“golpe” do empréstimo não apenas em Carlos, mas também em Luísa (domiciliada em Curitiba/PR), em Ricardo
ME

(Rio Branco/AC), em Vitor (Fortaleza/CE) e em outras inúmeras vítimas.


GO

De quem será a competência para julgar todas essas condutas?


O
CA

A competência será definida por prevenção, ou seja, será competente para julgar todos as condutas o juízo do
EI

domicílio da vítima que tiver praticado o primeiro ato do processo ou medida relativa a este, nos termos do art.
NC

83 do CPP:
CO

Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente
DA

competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do
E

processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70,
AN

§ 3º, 71, 72, § 2º, e 78, II, c).


CI
I
JO

É o que preconiza a parte final do § 4º do art. 70:


00

Art. 70. (...)


2
83

§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), quando
32
86

praticados mediante depósito, mediante emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do
01

sacado ou com o pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida pelo
S

local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á pela prevenção.
ME

Esse novo § 4º do art. 70 do CPP aplica-se aos processos penais que estavam em curso quando entrou em
GO

vigor a Lei nº 14.155/2021? O juízo que estava processando o crime deverá remeter o feito para o juízo do
AO

domicílio da vítima?
C
EI

NÃO. Vigora aqui o princípio da “perpetuatio jurisdictionis” (perpetuação da jurisdição), previsto no art. 43 do
NC

CPC/2015 e que pode ser aplicado ao processo penal por força do art. 3º do CPP.
CO
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83
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ESTELIONATO Ivo Henrique Moreira Martins

01
S
ME
Segundo esse princípio, uma vez iniciado o processo penal perante determinado juízo, nele deve prosseguir até

GO
seu julgamento. Assim, depois que o processo se iniciou perante um juízo, as modificações que ocorrerem serão

O
consideradas, em regra, irrelevantes para fins de competência.

CA
EI
Exceções ao princípio da perpetuatio jurisdictionis:

NC
Existem duas mudanças que irão influenciar na competência, ou seja, duas situações em que o juízo que

CO
começou a ação penal deixará de ser competente para continuar o processo por força de fatos supervenientes.

DA
Veja:

NE
a) Supressão do órgão judiciário: a lei (ou a CF) extingue o órgão judiciário (juízo) que era competente para

A
aquele processo.

CI
OI
Ex: a EC 45/2004 extinguiu os Tribunais de Alçada e todos os recursos ali existentes foram redistribuídos.

0J
20
b) Alteração da competência absoluta: pode acontecer de determinadas modificações do estado de fato ou de

83
direito alterarem as regras de competência absoluta para julgar aquele crime.

32
Ex1: imaginemos que viesse uma EC retirando da Justiça Federal a competência para julgar delitos contra

86
01
servidores públicos federais no exercício de suas funções; S
Ex2: o crime doloso contra a vida praticado por militar contra civil, ainda que cometido em serviço, deixou de
ME

ser considerado crime militar e passou a ser crime comum por força da Lei nº 9.299/96, que alterou o art. 9º,
GO

parágrafo único, do CPM (atual § 1º, por força da Lei nº 13.491/2017).


O
CA

A regra e as exceções estão previstas no art. 43 do CPC/2015 que, como vimos, aplica-se ao processo penal em
EI

virtude do art. 3º do CPP:


NC

Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo
CO

irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem
DA

órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.


E

Finalizando o assunto, seguem algumas situações em que não são consideradas crimes de estelionato e
AN

algumas súmulas importantes sobre o tema e a diferença entre apropriação indébita e estelionato
CI
I
JO

SITUAÇÕES QUE NÃO CONFIGURAM CRIME DE ESTELIONATO


00

I. CRIME IMPOSSÍVEL
2
83

Exemplo: O agente utiliza dinheiro de um determinado jogo para comprar água. Foi usado de uma falsidade,
32
86

grotesca, para comprar algo. Desse modo, é impossível se consumar esse crime por ineficácia absoluta do
01

meio empregado.
S
ME

II. COLA ELETRÔNICA


GO

Exemplo: O agente utiliza de um ponto eletrônico para obter uma vantagem ilícita. Não é crime de estelionato
em razão do princípio da especialidade, art. 311-A, crime de fraudes em certames de interesse público.
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S
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OUTRAS SÚMULAS SOBRE ESTELIONATO

GO
I. SÚMULA 17, STJ. Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este

O
CA
absorvido.

EI
II. SÚMULA 24, STJ. Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da

NC
previdência social, a qualificadora do § 3º, do art. 171 do Código Penal.

CO
III. SÚMULA 48, STJ. Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de

DA
estelionato cometido mediante falsificação de cheque.

NE
IV. SÚMULA 73, STJ. A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de

A
CI
estelionato, da competência da Justiça Estadual.

OI
0J
V. SÚMULA 107, STJ. Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado

20
mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão

83
à autarquia federal.

32
APROPRIAÇÃO INDÉBITA X ESTELIONATO

86
APROPRIAÇÃO INDÉBITA 01
ESTELIONATO
S
ME

O dolo é subsequente à posse da coisa. O dolo é antecedente à obtenção da vantagem.


A fraude, se existir, é para dissimular a posse da coisa. A fraude é a causa da entrega da vantagem pela
GO

vítima.
O

Objeto material: coisa alheia móvel. Objeto material: qualquer vantagem econômica.
CA
EI
NC

QUESTÕES
CO

Questão 01 – Tatiana, em uma loja de departamento, apresentou roupas no valor de R$ 3.100,00 (três mil e
DA

cem reais) ao caixa, buscando efetuar o pagamento por meio de um cheque de terceira pessoa, inclusive
E

assinando como se fosse a titular da conta. Na ocasião, não foi exigido qualquer documento de identidade.
AN

Entretanto, o caixa da loja desconfiou ao ver Tatiana nervosa no momento do preenchimento do cheque, apesar
CI
I

da assinatura perfeita, e consultou o banco sacado, constatando que aquele documento constava como furtado.
JO

Assim, há o reconhecimento:
00
2

a) do concurso formal entre os crimes de estelionato consumado e falsificação de documento público.


83
32

b) do concurso formal entre os crimes de estelionato tentado e falsificação de documento particular.


86
01

c) de crime único de estelionato, na forma consumada, afastando-se o concurso de crimes.


S

d) de crime único de estelionato, na forma tentada, afastando-se o concurso de crimes.


ME
GO

Comentários:
AO

a) INCORRETA. O crime de falsificação é absorvido pelo estelionato, que neste caso, foi somente tentado,
C

pois Tatiana tinha o intento de obter vantagem ilícita e lesar terceiro, mas por ter sido presa em flagrante,
EI

não o consumou.
NC
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01
S
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b) INCORRETA. Não se trata de concurso formal, visto que aplicável o princípio da consunção.

GO
c) INCORRETA. Houve somente a tentativa de estelionato.

O
CA
d) CORRETA. O estelionato é crime tipificado no art. 171 do Código Penal. Seu objetivo é preservar a

EI
inviolabilidade patrimonial, ofendida através de ações enganosas cometidas pelos agentes: Art. 171 -

NC
Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em

CO
erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. No caso em tela, Tatiana utilizou-se

DA
de cheque de terceira pessoa para induzir em erro o caixa da loja, inclusive assinando como titular da
conta. Entretanto, não responderá pelo crime de falsificação de documento público porque o crime de

NE
estelionato absorve o de falsificação, de acordo com o princípio da consunção, o qual se encontra previsto

A
CI
na Súmula 17 do STJ: Súmula 17. Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva,

OI
é por este absorvido. Ademais, o estelionato não se consumou, porquanto Tatiana foi presa em flagrante

0J
antes que sua conduta causasse dano a terceiro. Assim, seria punida pela mera tentativa.

20
83
32
Questão 02 – O Código Penal brasileiro traz em seu artigo 171 o delito de estelionato como “obter, para si ou

86
01
para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício,
ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”. Em relação a este crime, apenas se procede mediante
S
ME

representação, exceto se a vítima for:


GO

a) Administração Pública, desde que direta.


O
CA

b) criança ou adolescente.
EI

c) Administração Pública, desde que indireta.


NC
CO

d) maior de 60 anos de idade ou incapaz.


DA

Comentários:
E

a) INCORRETA. De acordo com o Código Penal: Art. 171 - § 5º Somente se procede mediante representação,
AN

salvo se a vítima for: I - a Administração Pública, direta ou indireta; (...)


CI
I
JO

b) CORRETA. De acordo com o Código Penal: Art. 171 - § 5º Somente se procede mediante representação,
00

salvo se a vítima for: (...) II - criança ou adolescente;


2
83

c) INCORRETA. De acordo com o Código Penal: Art. 171 - § 5º Somente se procede mediante representação,
32

salvo se a vítima for: I - a Administração Pública, dir eta ou indireta; (...)


86
01

d) INCORRETA. De acordo com o Código Penal: Art. 171 - § 5º Somente se procede mediante representação,
S

salvo se a vítima for: (...) IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.


ME
GO

Questão 03 – Rodrigo, simulando ser manobrista de uma loja famosa, recebe de um cliente seu veículo para
AO

estacionar. Logo após, sai com o veículo para local distante, vindo a oferecê-lo para terceira pessoa de boa-fé.
C
EI

Rodrigo praticou estelionato, crime que, em regra, é de ação penal pública condicionada à representação; sendo
NC

prescindível a representação do ofendido para oferecimento da denúncia.


CO
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Certo

GO
Errado

O
CA
Comentários: Gabarito “Errado”. Rodrigo, realmente cometeu estelionato. Rodrigo não era manobrista, mas

EI
fingiu ser para que a vítima entregasse seu carro a ele, induzindo-a em erro a fim de obter vantagem ilícita. Essa

NC
conduta, de forma induvidosa, configura o crime de estelionato constante no art. 171, caput do Código Penal.

CO
Art. 171- Obter, para si o para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em

DA
erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. Não poderia ser classificada como furto
qualificado por fraude. Apesar de esse delito prever uma manobra ardilosa para iludir outrem e, com isso,

NE
subtrair coisa alheia, há apenas a vontade unilateral (do agente delituoso) de inverter a posse. Já no estelionato

A
CI
a intenção do agente não é subtrair um bem, mas que a vítima, enganada, lhe entregue a vantagem. Ocorre a

OI
vontade bilateral das partes (sujeito ativo e sujeito passivo) de inverter a posse, tendo em vista que a vítima

0J
acreditou estar entregando seu carro a um manobrista. De igual forma, não poderia o agente ter cometido o

20
delito de apropriação indébita, uma vez que o dolo não foi subsequente à posse, mas existiu desde o início da

83
ação criminosa. Quanto ao tipo de ação penal, com a entrada em vigor da Lei Anticrime teremos - como regra -

32
que os crimes de estelionato serão de ação penal pública condicionada à representação do ofendido, sendo

86
01
imprescindível a representação do ofendido para oferecimento da denúncia. É nessa palavra que está o erro da
questão.
S
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GO

Questão 04 – O Código Penal brasileiro tipifica em seu art. 171 o crime de estelionato como “obter, para si ou
O
CA

para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício,
EI

ardil, ou qualquer outro meio fraudulento”. Em relação a este crime, qual a alteração trazida pela Lei n°
NC

13.964/2019? Quanto à ação penal, a exigência de representação da vítima de estelionato retroage às denúncias
CO

anteriores ao pacote anticrime? Comente à luz dos Tribunais Superiores.


DA

Comentários:
E

Com o advento da Lei n° 13.964/2019, foi introduzido o parágrafo quinto ao artigo 171 do Código Penal, que,
AN

portanto, se aplica ao estelionato e a todas as modalidades equiparadas. Traz o dispositivo hipóteses em que a
CI
I

ação penal passa a ser pública incondicionada. Portanto, a regra agora é que a ação penal pública condicionada
JO

à representação. A ação penal passa a ser incondicionada excepcionalmente, se o delito for praticado contra a
00

Administração Pública, direta ou indireta; contra criança ou adolescente; contra pessoa com deficiência mental;
2
83

contra maior de 70 (setenta) anos de idade ou contra incapaz.


32

Quanto à ação penal, a exigência de representação da vítima de estelionato não retroage às denúncias
86
01

anteriores ao pacote anticrime. A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por meio do HC
18734, por decisão unânime, que no crime de estelionato, não é necessária a exigência da representação
S
ME

(autorização) da vítima para o cabimento de ação penal nos casos em que o Ministério Público já tiver oferecido
GO

a denúncia antes da entrada em vigor do parágrafo 5º do artigo 171 do Código Penal (CP).
AO

A nova legislação não prevê a manifestação da vítima como condição ao prosseguimento da ação penal quando
C

o Ministério Público já tiver oferecido a denúncia, independentemente do momento da prática do delito. Além
EI

do mais, a representação da vítima é obrigatória nos casos em que não tenha sido iniciada a ação penal, em
NC

razão da incidência do parágrafo 5º do artigo 171 do Código Penal. No entanto, a nova regra não pode retroagir
CO
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às hipóteses em que o Ministério Público tiver oferecido a denúncia antes da entrada em vigor da Lei

GO
13.964/2019, pois, naquele momento, a norma processual em vigor definia a ação como pública incondicionada

O
para o delito de estelionato.

CA
EI
E por fim, como não há possibilidade de retratação da representação após o oferecimento da denúncia,

NC
conforme dispõe o artigo 25 do Código de Processo Penal, a hipótese em julgamento é de ato jurídico perfeito.

CO
Sendo assim, a manifestação de interesse ou desinteresse da vítima sobre essa denúncia não repercute mais na
continuidade da persecução penal.

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Fonte: site Dizer o Direito

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