O documento discute como a estrutura partidária brasileira mudou nos últimos anos, com os partidos que antes eram considerados do "centrão" crescendo em tamanho e representação, enquanto os grandes partidos como PMDB, DEM e PSDB encolheram. A conclusão é que o antigo "centrão" não existe mais, com os partidos que o compunham assumindo os lugares antes ocupados pelos maiores partidos. O Brasil agora tem uma nova configuração partidária.
O documento discute como a estrutura partidária brasileira mudou nos últimos anos, com os partidos que antes eram considerados do "centrão" crescendo em tamanho e representação, enquanto os grandes partidos como PMDB, DEM e PSDB encolheram. A conclusão é que o antigo "centrão" não existe mais, com os partidos que o compunham assumindo os lugares antes ocupados pelos maiores partidos. O Brasil agora tem uma nova configuração partidária.
O documento discute como a estrutura partidária brasileira mudou nos últimos anos, com os partidos que antes eram considerados do "centrão" crescendo em tamanho e representação, enquanto os grandes partidos como PMDB, DEM e PSDB encolheram. A conclusão é que o antigo "centrão" não existe mais, com os partidos que o compunham assumindo os lugares antes ocupados pelos maiores partidos. O Brasil agora tem uma nova configuração partidária.
Adriano Cerqueira, Cientista Político e professor do IBMEC-BH
É um jargão na imprensa o termo “centrão”, nome pejorativo para um bloco não oficial de deputados federais que fazem parte de partidos pequenos e médios e que se posicionam ideologicamente na centro-direita. Esse termo pejorativo associou-se, desde o fim do século XX, a outros preconceitos que identificavam um comportamento venal (fisiologismo) por parte desse bloco informal, ao mesmo tempo que denominavam essa bancada de “baixo clero”, que contrastava com os membros do “alto clero” e que faziam parte de grandes partidos de então, como o PMDB, PT, PSDB, DEM. Mas será que ainda existe esse “centrão”? Será que partidos e parlamentares que hoje são identificados como membros do “centrão” são, de fato, oriundos de pequenas legendas? A resposta é não. A estrutura partidária brasileira mudou sensivelmente nos últimos anos, e oquem era “alto clero” virou, hoje, “baixo clero”, e quem era “baixo clero” é, hoje, “alto clero”. Para se ter uma base de comparação, veremos alguns partidos que no início do século XXI faziam parte do chamado “centrão”. Na legislatura de 2003 a 2007, o PP tinha 42 deputados, o PR tinha 23 e o PTB tinha 22. Por outro lado, os maiores partidos (“alto clero”) eram PMDB, que tinha 89 deputados, o PT tinha 83, o PSDB tinha 65 e o DEM tinha 65. Na legislatura de 2011-2015, os maiores partidos eram PT, com 88 deputados, o PMDB tinha 78, o PSDB tinha 53, e o DEM já apresentava sinais de enfraquecimento, com 43 deputados. Os partidos do “centrão” eram o PP, que tinha 44 deputados (maior que o DEM), o PR tinha 40 e o PTB tinha 22. Já se nota os sinais de mudança, que se intensificaram nos anos seguintes. Assim, na legislatura de 2019-2023, o PSL, até então uma minúscula representação partidária, por ter sido escolhido como o partido do candidato Jair Messias Bolsonaro, ele conseguiu eleger 52 deputados federais, só perdendo para o PT, que elegeu 55 deputados. Mas no primeiro ano do governo Bolsonaro, ele rompeu com a direção do partido e o PSL encolheu significativamente, a ponto de se unir ao DEM para fundarem o União Brasil. Por outro lado, o PP obteve 57 deputados nessa legislatura, o Republicanos, antigo PRB, teve 41 deputados e o PL, que acolheu o presidente Bolsonaro para ser o candidato à reeleição, chegou no final da legislatura com 75 deputados. O MDB, ex-PMDB, encolheu para 36 deputados e o PSDB encolheu para 25 deputados. Ou seja, na legislatura 2019-2023 os outrora grandes partidos (MDB, DEM e PSDB) ficaram menores e procuraram sanar essa desidratação com reformas partidárias (DEM se fundindo ao PSL para formar o União Brasil) e o PSDB formando uma federação partidária com o Cidadania. Essa tendência se manifestou na atual legislatura (2023-2027), pois o maior partido é o PL, com 97 deputados, o União Brasil tem 59, o PP tem 50 e o Republicanos tem 41. Por outro lado, o MDB tem 43 e a Federação PSDB Cidadania tem 18 deputados. Concluindo, o antigo “centrão” não mais existe. Os partidos que o integravam cresceram e ocuparam o lugar antes ocupados por PMDB, DEM e PSDB. Os líderes dos partidos do antigo “centrão” têm outros objetivos, agora: assumir a presidência da Câmara dos Deputados, eleger prefeitos e governadores e serem parceiros privilegiados na composição de candidaturas aos executivos federal e estadual. O Brasil tem, hoje, uma nova formação partidária e os antigos grandes partidos perderam espaço significativo. Eles ficaram pequenos.
A reconfiguração do modelo representativo brasileiro originalmente fixado pela Constituição Federal de 1988 diante da atuação jurisdicional e a possível realização de um Estado de partidos no Brasil