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SUMÁRIO
1 História da Cannabis
2 Legislação
3 Fisiologia da planta Cannabis
3.1 Genéticas
4 Efeito Comitiva
5 Câncer x Cannabis
6 Fisiologia do SEC (Sistema Endocanabinoide)
7 Particularidades em Felinos
8 Potencial paliativo em casos terminais
9 Modulação do SEC (Sistema Endocanabinoide)
10 Introdução a Medicina Integrativa x Cannabis
10.1 Introdução
10.2 A construção do diagnóstico pela Medicina Integrativa
10.3 Terapias Integrativas utilizadas na Medicina Veterinária
10.4 A Estimulação do Sistema Endocanabinoide através dos mecanismos
neuromodulares da Acupuntura
10.5 A Modulação do Sistema Endocanabinoide a partir da Medicina Integrativa
11 Toxicologia
12 Extração da medicina
13 Interação medicamentosa
14 Casos clínicos de Cães
15 Casos clínicos de Felinos
16 Casos clínicos
17 Particularidades em animais Silvestres
17.1 Casos clínicos em animais Silvestres
18 Particularidades em Equinos
18.1 Casos clínicos em Equinos
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História da Cannabis
Essa planta já passou pela história dos romanos, persas, egípcios, judeus, árabes e
indianos, devido às suas propriedades analgésicas, anti-inflamatórias, benefícios na
insônia, desordens gástricas, febres, vômitos e também pelas suas propriedades de
modificação de humor. No século 19, o médico irlandês Willian O’Shaughnessy, em seus
estudos na Índia, tratou de um quadro de epilepsia refratária em uma criança (um tipo de
epilepsia cujos pacientes têm múltiplas crises convulsivas durante o dia e os
medicamentos habituais não conseguem controlá-las).
Naquela época o entendimento sobre o tema era bastante limitado e não havia muitas
opções de tratamento. O doutor, por experimento, ministrou ao seu jovem paciente uma
tintura feita com a planta Cannabis Sativa.
Ele observou que os números e a frequência das crises convulsivas se reduziram. Willian
então introduziu na medicina ocidental a Cannabis Sativa para o tratamento de epilepsia
refratária, reumatismo, espasmos musculares, cólica menstrual e dor.
Atualmente 46 estados americanos possuem leis locais que favorecem o uso medicinal
da Cannabis. O Canadá e Israel também possuem programas aprovados pelo Ministério
da Saúde que facilitam o acesso à planta e à informação relacionada a ela. A Cannabis
também é aprovada em boa parte da Europa e em alguns países da América Latina.
Colômbia, Chile, Uruguai e recentemente o Brasil retiraram o canabidiol da lista de
substâncias proibidas e avançam rumo à regulamentação para uso medicinal.
https://drapauladallstella.com.br/historia-da-cannabis-medicinal
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Aspectos Jurídicos
PREÂMBULO
1 – O homem é livre para decidir sua forma de atuar a partir do conhecimento de seu ser,
das relações interpessoais, com a sociedade e com a natureza.
2 – A Medicina Veterinária é uma ciência a serviço da coletividade e deve ser exercida sem
discriminação de qualquer natureza.
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Art. 5º Defender a dignidade profissional, quer seja por remuneração condigna, por
respeito à legislação vigente ou por condições de trabalho compatíveis com o exercício
ético profissional da Medicina Veterinária em relação ao seu aprimoramento científico.
XVI – comunicar aos órgãos competentes e ao CRMV de sua jurisdição as falhas nos
regulamentos, procedimentos e normas das instituições em que trabalhe, sempre que
representar riscos a saúde humana ou animal;
I - Exercer a Medicina Veterinária sem ser discriminado por questões de religião, raça,
sexo, nacionalidade, cor, orientação sexual, idade, condição social, opinião política ou de
qualquer outra natureza;
CAPÍTULO IV - DO COMPORTAMENTO
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III - Receitar, ou atestar de forma ilegível ou assinar sem preenchimento prévio
receituário, laudos, atestados, certificados, guias de trânsito e outros;
XXIII - Prescrever ou administrar aos animais: a) drogas que sejam proibidas por lei;
XXVIII - Permitir a interferência de pessoas leigas em seus trabalhos e julgamentos
profissionais;
Art. 11. Tomando por objetivo a preservação do sigilo profissional, o médico veterinário
não poderá:
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CAPÍTULO IX - DA RELAÇÃO COM O CONSUMIDOR DE SEUS SERVIÇOS
Art. 17. O médico veterinário deve: I - conhecer as normas que regulamentam a sua
atividade;
Art. 18. O médico veterinário deve: I - conhecer a legislação de proteção aos animais, de
preservação dos recursos naturais e do desenvolvimento sustentável, da biodiversidade e
da melhoria da qualidade de vida;
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0038_12_ 08_2013.h tml
Art. 1º Fica aprovado o regulamento para condução dos programas de acesso expandido,
uso compassivo e fornecimento de medicamento pós-estudo.
Art. 2º Para os efeitos desta Resolução, além das definições estabelecidas no art. 4º da
Lei nº 5.991, de 17 de dezembro de 1973, e no artigo 3º da Lei nº 6.360 de 23 de
setembro de 1976, são adotadas as seguintes definições:
II- Doença debilitante grave: aquela que prejudica substancialmente os seus portadores
no desempenho das tarefas da vida diária e doença crônica que, se não tratada,
progredirá na maioria dos casos, levando a perdas cumulativas de autonomia, a sequelas
ou à morte;
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Art. 6º Deverá ser garantido o fornecimento do medicamento autorizado nos programas
de acesso expandido, uso compassivo e fornecimento de medicamento pós-estudo nos
casos de doenças crônicas enquanto houver benefício ao paciente, a critério médico.
Art. 23. A ANVISA poderá, durante os programas de acesso expandido, uso compassivo
ou fornecimento de medicamento pós estudo, solicitar informações adicionais aos
responsáveis pela sua execução ou monitoramento, bem como realizar inspeções a fim
de verificar o atendimento à legislação brasileira vigente e ao programa aprovado.
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com outros métodos alternativos existentes; j) Que o produto está sendo fornecido
gratuitamente ao paciente pelo período determinado nesta
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES INICIAIS
Seção I Objetivos
Seção II Da Abrangência
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Seção III Definições
Art. 3° Para efeito desta Resolução, além das definições já dispostas na legislação
sanitária para fitoterápicos e fitofármacos, especificamente na Resolução da Diretoria
Colegiada - RDC nº 26, de 13 de maio de 2014, e na Resolução da Diretoria Colegiada -
RDC n° 24, de 14 de junho de 2011 e suas atualizações, são adotadas as seguintes
definições:
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 4° Os produtos de Cannabis contendo como ativos exclusivamente derivados vegetais
ou fitofármacos da Cannabis sativa, devem possuir predominantemente, canabidiol (CBD)
e não mais que 0,2% de tetrahidrocanabinol (THC).
Parágrafo único. Os produtos de Cannabis poderão conter teor de THC acima de 0,2%,
desde que sejam destinados a cuidados paliativos exclusivamente para pacientes sem
outras alternativas terapêuticas e em situações clínicas irreversíveis ou terminais.
Art. 5° Os produtos de Cannabis podem ser prescritos quando estiverem esgotadas outras
opções terapêuticas disponíveis no mercado brasileiro.
Art. 10. Os produtos de Cannabis serão autorizados para utilização apenas por via oral ou
nasal.
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Parágrafo único. Não é permitida a importação da planta ou partes da planta de Cannabis
spp.
Art. 48. Os produtos de Cannabis podem ser prescritos em condições clínicas de ausência
de alternativas terapêuticas, em conformidade com os princípios da ética médica.
§ 3° O médico prescritor deve apoiar-se em dados técnicos capazes de sugerir que essa
alternativa pode ser eficaz e segura.
Art. 49. A indicação e forma de uso dos produtos de Cannabis são de responsabilidade do
médico assistente.
Art. 50. Os pacientes devem ser informados sobre o uso de produto da Cannabis,
devendo ser fornecidas, minimamente, as seguintes informações:
§ 2° Deve ser utilizado o TCLE, conforme modelo estabelecido Anexo III desta Resolução
ou outro estabelecido pelos respectivos Conselhos de Classe.
§ 3° O TCLE deve ser assinado em duas vias, sendo uma retida pelo paciente ou seu
representante legal e outra arquivada pelo médico assistente.
Art. 51. A prescrição do produto de Cannabis com THC até 0,2% deve ser acompanhada
da Notificação de Receita "B", nos termos da Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de
1998 e suas atualizações.
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Art. 52. A prescrição do produto de Cannabis com THC acima de 0,2% deve ser
acompanhada da Notificação de Receita "A", nos termos da Portaria SVS/MS nº 344, de
1998 e suas atualizações.
Art. 53. Os produtos de Cannabis devem ser dispensados exclusivamente por farmácias
sem manipulação ou drogarias, mediante apresentação de prescrição por profissional
médico, legalmente habilitado.
§1° A dispensação dos produtos de Cannabis deve ser feita, exclusivamente, por
profissional farmacêutico.
http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-rdc-n-335-de-24-dejaneiro-de- 2020-
239866072
Seção I Abrangência
Art. 3º Fica permitida a importação, por pessoa física, para uso próprio, mediante
prescrição de profissional legalmente habilitado para tratamento de saúde, de Produto
derivado de Cannabis.
§ 1º A importação de que trata o caput deste artigo também pode ser realizada pelo
responsável legal do paciente ou por seu procurador legalmente constituído.
Art. 12. As quantidades efetivamente importadas serão registradas pela Anvisa para fins
de monitoramento. Parágrafo único. Quando solicitadas pelas autoridades sanitárias
competentes, deverão ser prestadas informações ou realizada a entrega de documentos,
nos prazos fixados, a fim de não obstarem as ações e medidas que se fizerem
necessárias.
Art. 15. É vedada a alteração de finalidade desta importação, sendo o uso do produto
importado estritamente pessoal e intransferível e proibida a sua entrega a terceiros,
doação, venda ou qualquer outra utilização diferente da indicada.
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III - a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 306, de 25 de setembro de 2019,
publicada no Diário Oficial da União nº 191, de 2 de outubro de 2019, Seção 1, pág. 801.
Art. 19. Esta Resolução entra em vigor a partir da data de sua publicação.
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Fisiologia da Cannabis
Cannabis é uma erva anual, dioica e angiospérmica. As folhas são compostas em forma
de palmeira ou digitadas, com folíolos serrilhados. [9] O primeiro par de folhas geralmente
tem um folíolo único, que cresce gradualmente até um máximo de cerca de treze folíolos
por folha (normalmente sete ou nove), dependendo da variedade e das condições de
crescimento. No topo de uma planta angiosperma, a quantidade diminui de novo para um
folíolo único por folha. Os pares de folhas inferiores geralmente ocorrem em um arranjo de
folhas opostas e os pares de folhas superiores em um arranjo alternativo na haste
principal de uma planta madura.
As folhas têm um padrão de venação peculiar que permite que pessoas não
familiarizadas com a planta possam distinguir uma folha de uma das espécies de
Cannabis, que têm folhas confusamente similares (ver ilustração). Como é comum em
folhas dentadas, cada uma tem uma veia central serrilhada estendendo-se até a ponta.
Este padrão de venação varia ligeiramente entre as variedades, mas, em geral, é possível
observar folhas de Cannabis superficialmente semelhantes sem dificuldade e sem
equipamento especial. Pequenas amostras de plantas de Cannabis também podem ser
identificadas com precisão pelo exame microscópico de células da folha e de
características semelhantes, mas que exigem conhecimentos e equipamentos especiais.
[10]
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Canabinóides, terpenoides e outros compostos são secretados por tricomas glandulares
que ocorrem mais abundantemente sobre os cálices florais e brácteas das plantas
femininas.[19] Como uma droga que geralmente vem em forma de botões de flores secas
(maconha), resina (haxixe) ou vários extratos conhecidos coletivamente como o óleo de
haxixe.[3] No início do século XX, tornou-se ilegal na maior parte do mundo cultivar ou
possuir maconha para venda ou uso pessoal.
A Cannabis indica pode ter uma relação CBD/THC de 4 a 5 vezes maior que a Cannabis
sativa. As cepas de cannabis com índices de CBD/THC relativamente altos são menos
propensas a induzir à ansiedade, do que ao contrário. Isto pode acontecer devido a
efeitos antagonistas do CBD nos receptores de canabinóides, em comparação ao efeito
do THC agonista parcial. O CBD também é um agonista do receptor 5-HT1A, o que
também pode contribuir para um possível efeito ansiolítico.[33] Isto provavelmente significa
que as altas concentrações de CBD encontrados na Cannabis indica uma significativa
mitigação do efeito ansiogênico do THC.[33] Os efeitos da sativa são bastante conhecidos
por suas altas cerebral, portanto utilizada durante o dia como maconha medicinal,
enquanto os efeitos da indica são conhecidos por seus resultados sedativos e, portanto, é
mais utilizada preferencialmente durante a noite como
medicamento.[33]
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cannabis
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GENÉTICAS MEDICINAIS MAIS UTILIZADAS
OG KUSH
THC 16 - 21 % CBD <1% TERPENOS: Mirceno, Limoneno,
Cariofileno.
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LEMON HAZE
THC 16 - 21 % CBD <1% TERPENOS: Terpino leno, Cariofileno, Ocimeno.
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BLUE DEMON
-BSCseeds -Genética brasileira
THC 20 % CBD >6 % TERPENOS: Mirceno, cariofileno Limoneno.
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COLOMBIA GOLD -THC 19 - 30 % CBD 1% TERPENOS: Mirceno , Linalol Humuleno
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PURPLEDIOL CBD-- Os níveis de CBD estão em torno de 17% enquanto o THC é muito baixo em
cerca de 0,5%. O efeito que proporciona é relaxante corporal e leve, sem psicoatividade. As
aplicações terapêuticas provavelmente serão amplas e variadas
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EUPHORIA -THC 9% CBD 10% TERPENOS: a-phandandrene, geraniol, Limoneno, valenceno, Mirceno e linalol
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PURPLE KUSH CBD 1:1 AUTO THC- 7% -CBD- 8%
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EFEITO ENTOURAGE OU EFEITO COMITIVA
O CBD tem uma sinergia bem documentada com o THC reduzindo seus efeitos negativos
e ampliando seus benefícios.
Nas infecções bacterianas o efeito comitiva se mostra essencial. Existem uma grande
gama de estudos que demostram que os canabinoides tem um efeito antibacteriano
efetivo. Porem em alguns casos, as bactérias desenvolvem mecanismos de resistência
contra os antibióticos, sendo os componentes não canabinoides da maconha
indispensáveis pois atacam as bactérias de forma diferente dos canabinoides, tornando o
mecanismo de resistência bacteriana limitada.
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predominante em THC não conseguiu superar o placebo, enquanto um extrato de planta
inteira (nabiximols, vide infra) com THC e CBD mostrou-se estatística e significativamente
melhor que ambos (Johnson et al., 2010).
Em estudos de analgesia em animais, o CBD puro produz uma curva bifásica de resposta
à dose, de modo que doses progressivamente maiores reduzem as respostas à dor de
forma dose-dependente até que um pico seja atingido. Após esse pico, aumentos
subsequentes na dose são ineficazes ou, às vezes, prejudiciais. A aplicação de um
extrato de Cannabis de espectro completo com doses equivalentes de CBD e THC elimina
a resposta bifásica em favor de uma curva linear dose-dependente, de modo que o extrato
botânico seja analgésico em qualquer dose sem efeito de teto observado (Gallily et al.,
2014).
A taxa de resposta com melhora de 50% na frequência de crises não foi estatisticamente
diferente nos dois grupos e ambos os grupos alcançaram status livre de crises em cerca
de 10% dos pacientes.
No entanto, as doses diárias médias foram marcadamente divergentes nos grupos: 27,1
mg/kg/d para CBD purificado vs. apenas 6,1 mg/kg/d. Para extratos de Cannabis ricos em
CBD, uma dose é apenas 22,5% daquela para CBD isolado. Além disso, a incidência de
eventos adversos leves e graves foi comprovadamente maior em pacientes com CBD
purificado versus extrato de alto CBD (p<0,0001), resultado que os autores atribuíram à
menor dose utilizada, que foi alcançada em sua opinião pelas contribuições sinérgicas de
outros compostos, atuando em efeito comitiva.
Esses e outros estudos fornecem uma base sólida para a sinergia da Cannabis e
apoiam o desenvolvimento de medicamentos botânicos versus o de componentes únicos
(Bonn-Miller et al., 2018), ou a produção por métodos de fermentação em leveduras ou
outros microrganismos.
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No efeito em comitiva, as moléculas não só modulam os potenciais efeitos adversos de
algum componente, como também, potencializam os efeitos terapêuticos.
Os resultados demonstraram que é necessário uma dose pelo menos 4 vezes maior de
CBD isolado, quando comparado ao extrato completo da planta para se chegar aos
mesmos efeitos terapêuticos.
Além disso, a incidência de efeitos adversos nos grupos que trataram com o CBD isolado
foi significativamente superior que nos grupos que trataram com o extrato da planta
completa.
Já esse estudo publicado em 2018 traz mais um relevante diferencial da prescrição de produtos
full spectrum (feitos com o extrato completo da planta) e do efeito entourage: ele demonstra o
aumento de respostas antineoplásicas em células tumorais do câncer de mama a partir da
administração dos extratos da planta completa com predominância do THC em comparação ao
THC isolado.
Fonte: https://wecann.academy/br/efeito-entourage
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CÂNCER x CANNABIS
O site do Instituto Nacional do Câncer, que faz parte do Departamento de Saúde dos
EUA, indica que “os canabinóides podem ser úteis no tratamento dos efeitos colaterais
do câncer e do tratamento do câncer”. As substâncias foram estudadas como formas de
gerenciar os efeitos colaterais do câncer, incluindo dor, náusea, perda de apetite e
ansiedade. No entanto, o instituto sugere que estudos em laboratório e em animais
demonstraram que os canabinóides podem matar células cancerígenas enquanto
protegem as células normais, já que eles podem inibir o crescimento do tumor, causando
a morte celular e bloquear o desenvolvimento dos vasos sanguíneos necessários para o
crescimento dos tumores.
Antes demonizada, substâncias derivadas da cannabis vêm sendo cada vez mais
utilizadas. Hoje, mais da metade dos norteamericanos já têm acesso à maconha de
forma regularizada, para fins medicinais ou mesmo recreativos, mas o tabu ainda existe.
A Cancer Research Charity explica que não há evidências confiáveis suficientes para
provar que os canabinóides podem efetivamente tratar o câncer em pacientes, embora a
pesquisa esteja em andamento em todo o mundo.
Vale lembrar que um estudo de 2014 sobre o uso de canabinóides e radioterapia para
combater o câncer cerebral agressivo mostrou resultados promissores, mas a A FDA –
Agência Federal de Saúde Pública nos Estados Unidos, diz que as alegações são
simplesmente infundadas. Somente no ano passado o mercado global de cannabis
movimentou US$ 18 bilhões. Se a guerra contra à planta já foi declarada perdida, ainda
há um longo caminho pela frente, sobretudo no que diz respeito a tabus e preconceitos.
Fonte: https://www.hypeness.com.br/2019/10/cannabis-pode-de-fato-matar-
celulascancerigenas-assume-governo-dos-eua/
Atividade antitumoral
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Mecanismos de ação antitumoral
Com a descoberta dos receptores de membrana celular canabinóides CB1 e CB2 em células
malignas, a pesquisa básica em oncologia, envolvendo a cannabis, ganhou novo impulso
apesar de toda a proibição. Vários estudos demonstraram que os canabinóides, agonistas dos
receptores CB1 e CB2, podem atuar como agentes antitumorais diretos, em uma variedade de
tumores agressivos. Além do THC, existem muitos outros canabinóides encontrados na
cannabis, sendo que a maioria deles produz pouco ou nenhum efeito psicoativo importante. O
mais conhecido e estudado é o CBD, que já apresenta papel significativo em neurologia,
psiquiatria e imunologia.
Em modelos experimentais animais, tanto CBD quanto THC têm apresentado resultados muito
interessantes, e até surpreendentes, no sentido de impedir a progressão e promover a redução
da massa tumoral em câncer de mama, pulmão, próstata, cólon, glioblastoma e endométrio
mais recentemente.
Fonte: https://revistamedicinaintegrativa.com/apoptose-
induzida-por-canabinoide-emcelulas-cancerigenas-
endometriais/
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FISIOLOGIA DO SEC (Sistema Endocanabinoide)
O sistema endocanabinoide (SEC) é o maior e mais complexo sistema de regulação a
nível bioquímico que já foi descoberto. Seus receptores se espalham para outros órgãos e
tecidos, é basicamente um sistema de comunicação celular regulatório, não restrito
apenas ao sistema nervoso central. Regula dor, mutagênese de células cancerígenas,
ciclo celular, humor, ciclo circadiano, reprodução, síntese e liberação de hormônios e
neurotransmissores, entre outros. Parece ser a versão evoluída de um sistema de
comunicação intercelular ancestral também encontrado em plantas: o sistema de ácido
araquidônico. De fato, a natureza bioquímica e origem fisiológica dos endocanabinóides
estão diretamente relacionadas ao ácido araquidônico.
Encontrado em quase todos os animais, desde mamíferos até os filos mais primitivos,
como Cnidaria, o surgimento precoce do SEC na evolução do filo indica sua importância
biológica. Todos os animais, incluindo vertebrados (mamíferos, aves, répteis e peixes) e
invertebrados (ouriços do mar, sanguessugas, mexilhões, nematoides e outros), foram
encontrados como tendo sistema endocanabinoide.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S000427302006000200025
33
Os receptores canabinoides são proteínas transmenbrana acopladas à proteína G, que
transduzem a ação dos endocanabioóides ao interior celular. Essa ligação provoca
alterações metabólicas em uma ampla variedade de processos fisiológicos.
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estimulatória ou inibitória dependendo do receptor ativado e de sua proteína G acoplada,
possuem a habilidade de agir como um "interruptor celular", aumentando ou diminuindo
estímulos com o objetivo de manter o equilíbrio do sistema.
Os receptores CB2, por sua vez, estão localizados principalmente em células do sistema
imune, com a maior densidade localizada em macrófagos, linfócitos T, linfócitos B, células
NK, e monócitos, tendo função considerada imuno-moduladora. Estes receptores não são
tão esclarecidos quanto os CB1, embora já se possua uma grande literatura sobre os
mesmos. Isto ocorre devido à sua presença em uma grande variedade de células que
possuem diferentes funções reguladas pelos mesmos, além de sua variabilidade de
efeitos sobre elas. Eles também podem ser encontrados em órgãos como pulmões, pele,
trato gastrointestinal, assim como em células de suporte do sistema nervoso como a
micróglia, e em um pequeno número de neurônios.
40↑ Ir para:a b Twitchell W, Brown S, Mackie K (1997). «Cannabinoids inhibit N- and P/Q-type
calcium
channels in cultured rat hippocampal neurons». Journal of Neurophysiology. 78: 43– 50.
PMID 9242259. doi:10.1152/jn.1997.78.1.43
41↑ Ir para:a b Guo J, Ikeda SR (2004). «Endocannabinoids modulate N-type calcium channels
and G-proteincoupled inwardly rectifying potassium channels via CB1 cannabinoid receptors
heterologously expressed
in mammalian neurons». Molecular Pharmacology. 65: 665–
74. PMID 14978245. doi:10.1124/mol.65.3.665
43↑ Freund TF, Katona I, Piomelli D (2003). «Role of endogenous cannabinoids in synaptic
signaling». Physiological Reviews. 83: 1017–66. PMID 12843414.
doi:10.1152/physrev.00004.2003
44↑ Chevaleyre V, Heifets BD, Kaeser PS, Südhof TC, Purpura DP, Castillo PE (2007).
«EndocannabinoidMediated Long-Term Plasticity Requires cAMP/PKA Signaling and
RIM1α». Neuron. 54: 801–
12. PMC 2001295 . PMID 17553427. doi:10.1016/j.neuron.2007.05.020
36
45↑ Bacci A, Huguenard JR, Prince DA (2004). «Long-lasting self-inhibition of neocortical
interneurons
mediated by endocannabinoids». Nature. 431: 312–
6. Bibcode:2004Natur.431..312B. PMID 15372034. doi:10.1038/nature02913
48↑ Ir para:a b c Jiang W, Zhang Y, Xiao L, Van Cleemput J, Ji SP, Bai G, Zhang X (2005).
«Cannabinoids promote embryonic and adult hippocampus neurogenesis and produce
anxiolytic- and antidepressant-like effects». Journal of Clinical Investigation. 115: 3104–16.
PMC 1253627 . PMID 16224541. doi:10.1172/JCI25509
37
50↑ Christie BR, Cameron HA (2006). «Neurogenesis in the adult
hippocampus». Hippocampus. 16: 199–207. PMID 16411231. doi:10.1002/hipo.20151
Sistema imunológico
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OS CANABINOIDES
Sua alta densidade nos gânglios da base está associada aos efeitos declarados na
atividade locomotora. A presença do receptor no hipocampo e no córtex está relacionada
aos efeitos no aprendizado e na memória e com propriedades psicotrópicas e
antiepilépticas.
Portanto, podem agir com fitocanabinóides por meio do SEC e, como esse sistema
controla uma infinidade de funções, podemos modular uma ampla gama de sintomas.
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Anandamida. A degradação do 2-AG se deve principalmente à ação da lipase
monoacrílica de glicerol (MAGL), gerando ácido araquidônico e glicerol.
Dois outros compostos endógenos com ações canabinomiméticas, mas sem afinidade
para os receptores canabinoides clássicos, são a oleletanolamida (OEA) e a
palmitoiletanolamina (PEA). Em grandes concentrações, a OEA pode reduzir a ingestão
de alimentos por meio de um mecanismo periférico. A PEA exerce ações anti-
inflamatórias que são bloqueadas pelos antagonistas de CB2, possui propriedades
antiepilépticas e inibe a motilidade intestinal.
A cannabis produz mais de 150 canabinoides únicos, sendo seis deles produzidos em
maior quantidade em relação aos demais: THC, CBD, CBG, CBN, CBC e THCV. Cada
perfil genético possui estes e os diversos outros canabinoides, terpenos e flavonoides em
diferentes porcentagens como parte do perfil bioquímico total da planta.
Uma planta com maior porcentagem de CBD terá mais efeitos corporais. Por outro lado,
uma planta com elevado nível de THC terá um efeito mais psicoativo.
O poder medicinal da maconha não está apenas em um ou outro o, mas sim em uma
ação conjunta entre todos os seus componentes.
A cannabis contém mais de 150 canabinóides conhecidos até o momento, mais de 200
terpenos e centenas de outros compostos químicos que trabalham em conjunto para
produzir um efeito sinérgico conhecido como efeito de comitiva (Entourage Effect).
Graças a décadas de cultivos e manipulação genética, hoje é possível ter uma planta
com maior ou menor quantidade de um ou outro canabinoide. Por causa dessas técnicas,
hoje é possível ter uma planta com mais CBD que THC (exemplo: na proporção de 4:1
CBD:THC). Entretanto, isso não significa nem que a planta deixa de ser maconha por ter
menos THC, nem que ela não produza nada de THC. Os extratos derivados dessas
plantas levarão consigo a proporção canabinoide relativa ao que a planta produzir, salvo
se aplicado alguma forma de isolamento ou eliminação específica.
Hoje em dia, o canabidiol (CBD) tem chamado bastante atenção, sendo o segundo
canabinoide mais abundante na maioria das linhagens de Cannabis e, apesar de possuir
várias propriedades medicinais, inclusive anticancerígena, ele não apresenta
piscoatividade.
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O CBD também é responsável por contrabalancear os efeitos psicoativos do THC. Devido
a sua grande capacidade de dar alivio terapêutico a crianças e adultos que sofrem de
distúrbios epiléticos, por exemplo, e sem o efeito psicoativo, o CBD conquista cada vez
mais espaço no debate sobre a maconha medicinal tanto no exterior quanto no Brasil.
Até o momento, foram isolados 120 canabinóides (Tabela 1), que podem ser
classificados em 11 tipos gerais: Δ9-trans-tetrahidrocanabinol (Δ9-THC), Δ8-trans-tetra-
hidrocanabinol (Δ8-THC), canabigerol (CBG), canabicromeno (CBC), canabidiol (CBD),
canabinodiol (CBND), canabielsoin (CBE), canabiciclol (CBL), canabinol (CBN), canabitriol
(CBT) e tipos diversos.
Já foi demonstrado que o efeito dos fitocanabinoides nos receptores endocanabinoides
são mais potentes e prolongados do que aquele vistos com os endocanabinoides, e
modulam a resposta excitatória ou inibitória do sistema endocanabinoide e SNC.
METABOLISMO DO THC
Os metabólitos, resultado da metabolização do THC, contribuem significativamente para
os efeitos do consumo da Cannabis. 11-Hidroxi-Tetrahidrocanabinol (11-OH-THC), por
exemplo, é um metabólito hepático do THC com maior afinidade ao CB1 no cérebro,
induzindo um efeito mais potente do que o próprio THC. Isso significa que o metabolismo
do THC no organismo pode torná-lo ainda mais potente e explica a diferença entre a
administração sublingual versus oral, em que a primeira evita a transformação de primeira
passagem, conferindo mais segurança e controle da posologia/efeito.
O modo como o CBD interage com o citocromo P450 é crucial; em essência, eles
inibem um ao outro.
Se a dosagem de canabidiol for baixa, ela não terá nenhum efeito perceptível na
atividade do CYP, mas o CBD ainda pode exercer outros efeitos. Não existe uma dose
claramente estabelecida, abaixo da qual o CBD não interage com outros medicamentos.
Um relatório de 2013 de um ensaio clínico que utilizou o Sativex® da GW Pharmaceutical,
um spray sublingual rico em CBD, não encontrou interações com as enzimas CYP quando
aproximadamente 40mg de CBD foram administrados. Um ensaio clínico subsequente, no
entanto, descobriu que 25mg de CBD administrados por via oral bloqueavam
significativamente o metabolismo de um medicamento antiepiléptico.
Estudos em animais indicam que o pré-tratamento com CBD aumenta os níveis cerebrais de THC.
Isso acontece porque o CBD, que funciona como um inibidor competitivo do citocromo P450,
retarda a conversão do THC em seu metabólito mais potente, o 11- OHTHC. Consequentemente,
o THC permanece ativo por um período mais longo, mas o crescimento dos picos de concentração
é estabilizado sob a influência do canabidiol. Outros fatores destacamse no que concerne à
capacidade do CBD de diminuir ou neutralizar a alta do THC.
42
PATTICULARIDADES EM FELINOS
43
Atualmente existe um conceito muito difundido na medicina de felinos que é a clínica ou o
atendimento cat friendly, onde o felino é manipulado de maneira menos estressante e
invasiva (não segurar pela nuca, não esticar o gato, não fazer as “botinhas de
esparadrapo”, sem gaiolas de contenção).
2. Vacinação em gatos
A vacinação em felinos é bem diferente do protocolo básico para cães, porque gatos
geralmente são domiciliados e não tem acesso a rua. As vacinas disponíveis no Brasil são
V3, V4 e V5, além da antirrábica, que é obrigatória no mundo todo.
3. Alimentação
Gatos são estritamente carnívoros, por isso a proteína é o principal componente da dieta.
Também metabolizam bem gordura, mas não precisam de carboidratos, eles produzem
carboidratos a partir da proteína. Porém a ração seca é composta em sua maior parte por
carboidratos. Mesmo dando uma ração de ótima qualidade, super premiun, o índice de
carboidratos é bem elevado para gatos. A alimentação úmida é a mais indicada, por ter maior
umidade e maior índice proteico, sendo a alimentação mais semelhante a caça na natureza.
Esse excesso de carboidratos causa uma inflamação nas células, com liberação de
citocinas inflamatórias, podendo ter maior importância em quadros inflamatórios intestinais
, pancreatite, tríade felina, hepatopatias, dermatopatias entre outros. Ocorre também
44
stress oxidativo e metabólico, predispondo a resistência insulínica, encurtamento de
telômero e envelhecimento celular. Causando um desequilíbrio na homeostase com
comprometimento das funções orgânicas.
A inflamação e stress oxidativo também tem efeito sobre o óxido nítrico produzido pelo
endotélio. Em condições normais no organismo não inflamado, a produção de óxido
nítrico é regulada pelo sistema endocanabinóide, modulando diversas reações, entre elas,
o sistema renina-angiotensina-aldosterona, através do controle do influxo de sódio, e
também causa vasodilatação, melhorando a perfusão e elasticidade do vaso. Entretanto,
na presença de inflamação e stress oxidativo, o óxido nítrico se transforma em
peroxinitrito, causando vasoconstrição, consequentemente piora na perfusão e diminuição
da respiração celular.
4. Metabolismo Hepático
45
interior do reticulo endoplasmático liso). O processo básico é a hidroxilação , catalisada
pelo sistema P450, que exige NADPH (nicotinamida-adenina-nucleotideo-fosfato), NADH
(nicotinamidaadenina-nucleotideo) e oxigênio. Na fase 1 ocorre transformação do
composto original em um composto mais polar, podendo ser mais ativo que a molecula
original, menos ativo ou inativo, ou torna-los susceptiveis as reações da fase 2.
Gatos são animais extremamente sensíveis, por isso uma avaliação minuciosa deve ser
realizada para escolha do tipo de óleo e qual concentração mais adequada para cada
patologia, de acordo também, com a idade do animal. As reações são particulares de
cada organismo, portanto cada caso deve ser avaliado individualmente, pois é comum,
tutores de muitos gatos, passarem só um em consulta e quererem dar o óleo para os
outros animais por conta própria. Gatos também podem fazer idiossincrasias, e não existe
um padrão de doses do óleo de cannabis medicinal, sendo uma medicina de cuidado e
atenção contínuos, apesar do baixo risco de efeitos colaterais.
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Cuidados paliativos em animais
Objetivo
Controle de sintomas
Cuidados paliativos
Atividade multidisciplinar
Comprometimento do tutor
Graduação
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Tanatologia: morte, eutanásia e luto
Visão humanística
Alguns conceitos
Eutanásia: O termo eutanásia (do grego eu= bem, bom; thanatos=morte) é referente
à morte sem sofrimento. É uma prática pela qual se interrompe o sofrimento de um
indivíduo portador de moléstia incurável.
Alguns conceitos
Cuidados paliativos
Medicina integrativa
Alopatia
Manejo
Higienização
Mudança de decúbito
Carrinhos de rodas
Tapetes antiderrapantes
Escadas/rampas
Internação x domicílio
Vantagens:
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Medicamentos intravenosos, realização rápida de exames, supervisão 24h,
equipamentos.
Desvantagens:
Escala 5h2m
Hurt
Hunger
Hydration
Hygiene
Happiness
Mobilit
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CONTABILIZANDO DIAS BONS - Quando dias ruins superam os dias bons, a
qualidade de vida pode ser muito comprometida. Quando um vínculo humano-animal
não é mais saudável, a decisão pela eutanásia deve ser considerada.
Dias ruins
Mudança de comportamento
Hiporexia ou anorexia
Alterações fisiológicas
Alterações de comportamento
Imunológicas
Metabólicas
Neuroendócrinas
Sinais da morte
50
Cuidados paliativos
Não julgamento
Acolhimento da família.
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Enquanto a Medicina Ocidental se mostra eficaz no tratamento de doenças agudas, a
MVTC pode trazer possibilidades de tratamento, e até mesmo de cura, para doenças crônicas,
especialmente para as que a Medicina Ocidental consegue apenas controlar, mas não curar. Além
disso, a Medicina Veterinária Tradicional Chinesa se mostra benéfica para a identificação de
potenciais alterações e prevenção de doenças, por atuar com terapias preventivas, como por
exemplo, a modificação da dieta, assim como a terapêutica da MVTC pode evitar efeitos colaterais
deletérios relacionados à terapêutica ocidental. Portanto, através da integração, pode-se utilizar
os benefícios de cada uma dessas vertentes somatizando-as (XIE; PREAST 2012).
2.1. A Fitoterapia
A Fitoterapia foi historicamente uma ferramenta utilizada pela humanidade. Todas as Civilizações em todos
os continentes deixaram registros sobre a virtude das plantas para fins alimentícios, medicinais ou comerciais,
atreladas aos seus aspectos culturais. Como critério esquemático didático, este curso se pautará em duas
classificações gerais de estudo da Fitoterapia: a Fitoterapia Oriental e a Ocidental.
A Fitoterapia Oriental, como foi o caso da Medicina Tradicional Chinesa, utiliza a propriedade curativa das
plantas a partir de sua influência energética, associando ervas que potencializam o poder de cura ou
minimizam os efeitos tóxicos dos agentes patogênicos invasores.
A partir do século XX, surgiu a Etnobotânica, uma ciência que estuda as interações das comunidades
tradicionais humanas com o mundo vegetal, em suas dimensões antropológica, botânica e medicinal. A partir
daí, nasceu a Etnomedicina, uma área de pesquisa e aplicação da etnologia, que utiliza como base as diversas
práticas e crenças de uma cultura específica na prevenção e tratamento das doenças, utilizando em sua base
de dados não somente os conhecimentos tradicionais e populares, mas também os estudos botânicos,
farmacológicos, toxicológicos, de interação com o organismo e outros fármacos, seus mecanismos de ação,
dosificação, dentre outros.
52
• Planta medicinal
• Planta fresca
• Planta seca
• Derivados vegetais
• Droga vegetal
• Fitocomplexo
• Marcadores
• Fitofármaco
• Preparação Oficinal
• Preparação Magistral
• Dispensário
• Metabólitos Primários
• Metabólitos Secundários
• Princípio Ativo
• Sinergismo Farmacobotânico
53
Principais Formas de Apresentação dos Fitoterápicos
54
2.2) Acupuntura
Princípios da MTC
Efeitos:
Efeitos analgésicos
Modulação da dor
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Efeitos não analgésicos
• Imunomodulação
• Neuromodulação
• Reparador Tecidual
• Cicatrizante
• Estímulo Metabólico/anabólico
(GARCIA, 2005)
A acupuntura é uma importante técnica terapêutica que vem sendo utilizada por milhares de
anos na China antiga. Envolve a inserção e manipulação de agulhas finas em acupontos
específicos. Atualmente, uma variedadede técnicas relacionadas à acupuntura, como acupuntura
manual (MA); a estimulação elétrica transcutânea de acupontos (TEAS), ou eletroacupuntura (EA);
e a estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) estão sendo usadas na clínica no
tratamento de vários distúrbios (Han, 2011; Kasat et al., 2014; Liu e outros, 2016).
56
Diferentes conjuntos de parâmetros podem produzir diferentes efeitos fisiológicos e levar à
liberação de diferentes peptídeos opioides. A eletroacupuntura de baixa frequência (2/5 Hz) é
utilizada para acelerar a liberação de encefalinas e endorfina. A alta frequência (100 Hz) é indicada
para estimular a liberação de dinorfina para produzir efeitos analgésicos (Han, 2003).
A acupuntura atua na ativação de nervos periféricos e os sinais são transmitidos para a medula
espinhal e cérebro através de vários neurônios. Esse processo induz uma série de efeitos
neurológicos na periferia, a níveis espinhal e supraespinhal, o que, por sua vez, leva a diversos
efeitos fisiológicos e funcionais, como neuroproteção e analgesia.
O sistema endógeno mais bem estudado e conhecido por estar envolvido na regulação das
vias, tanto central quanto perifericamente, é o sistema opióide endógeno (Zhao, 2008). O sistema
opióide demonstrou estar envolvido na analgesia induzida pela acupuntura, tanto central quanto
perifericamente, devido a liberação de opióides e a ativação de receptores μ-, δ- e κ-opióides (Han,
2003; Zhang et al., 2005a). Além disso, outras substâncias endógenas no sistema nervoso central
(SNC), incluindo CCK-8 (Han et al., 1986), 5-HT (Kim et al., 2005) e adenosina (Goldman et al.,
2010), também contribuem para a analgesia induzida pela acupuntura.
Em 2009, foi descoberto que a eletroacupuntura (EA) conferia neuroproteção contra isquemia
cerebral, estimulando a mobilização de endocanabinóides no cérebro e ativando os receptores
CB1(Wang et al., 2009). Além disso, a EA atenuou as respostas reflexas simpatoexcitatórias
causando a liberação de endocanabinóides e a ativação de receptores pré-sinápticos CB1 na
substância cinzenta periaquedutal ventrolateral (vlPAG) (Tjen et al., 2009). Também foi
demonstrado que a EA aumentou níveis do endocanabinóide anandamida (N-
57
araquidonoiletanolamina, AEA) em tecidos inflamados da pele e analgesia induzida por ativação
de Receptores CB2 (Chen et al., 2009).
Esses achados sugerem que o SEC pode ser um dos mediadores primários, bem como
um fator regulador de todos os efeitos benéficos da acupuntura.
Teria O SEC um papel regulador dos múltiplos efeitos biológicos e terapêuticos da EA?
Os receptores CB1 e opióides são coexpressos em várias regiões do SNC (Rodriguez et al.,
2001; Salio et al., 2001), ambos são primariamente localizado pré-sinapticamente, e sua ativação
inibe a liberação de neurotransmissores (Mansour et al., 1995; Schlicker e Katmann, 2001). Assim,
é altamente provável que o EA ative tanto o SEC e o sistema opióide endógeno para produzir
analgesia. De fato, foi relatado recentemente que o SEC contribui para a analgesia induzida por
EA tanto central quanto perifericamente.
Com base nesses achados, sugere-se que o efeito antinociceptivo da EA pode ser central,
direto e independente de seu efeito anti-inflamatório, o que sugere que o regulador central da EA
via receptores CB1 podem superar um possível efeito que ocorre via receptores CB2. (Gondim et
al.,2012).
Recentemente foi relatado que a antinocicepção orofacial produzida por EA no acuponto E36
em ratos foi prolongado e intensificado pelo pré-tratamento de endocanabinoides, inibindo a
enzima metabolizadora e a recaptação de anandamida. Este efeito antinociceptivo orofacial
induzido por EA foi abolido pelo antagonista do receptor CB1, não pelo receptor CB2. Logo, os
58
autores sugeriram que os receptores CB2 podem participar seletivamente nos efeitos
antiinflamatórios da estimulação com EA (Almeida et al., 2016).
59
Fonte: B Hu, et al.The endocannabinoid system, a novel and key participant in acupuncture’s multiple
beneficial effects.p.344. Neuroscience and Biobehavioral Reviews 77(2017) 340- 357.
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Fonte: B Hu, et al.The endocannabinoid system, a novel and key participant in acupuncture’s multiple
beneficial effects.p.344. Neuroscience and Biobehavioral Reviews 77(2017) 340- 357.
A redução da ingestão de alimentos e do peso corporal induzida pela acupuntura foi relatada
(Jiet al., 2013; Kim et al., 2006b). Além disso, a acupuntura é conhecida por ter efeitos antieméticos
específicos, e seu eficácia foi documentada (Anders et al., 2012; Liodden et al., 2011; Vickers,
1996). Da mesma forma, os canabinóides, como o THC, também são recomendados como
agentes terapêuticos eficazes contra náuseas e vômitos desencadeados por muitas causas, como
quimioterapia ou radioterapia (Abalo et al., 2012; Martin e Wiley, 2004; Rock e Parker, 2016).
Além disso, foi relatado alguns dos efeitos de fatores humorais na participação dos efeitos
benéficos induzidos pela acupuntura (Long et al., 2015; Zhu, 2014) também estiveram envolvidos
em efeitos induzidos por canabinóides semelhantes. Por exemplo, substâncias vasoativas, como
endotelina, foram relacionadas tanto à acupuntura (Tian et al., 2013; Yang et al., 2007) e efeitos
neuroprotetores induzidos por canabinóides (Chen et al., 2000; Li et al., 2017; Mechoulam et al.,
2002; Schmidt et ai., 2012) para manter a homeostase vascular em condições patológicas. Todas
61
essas correlações interessantes são indicações de potencial ligações entre a acupuntura e o SEC.
Uma melhor compreensão do ligações intrínsecas entre a acupuntura e o SEC devem permitir o
desenvolvimento de novas técnicas que combinam o tratamento com acupuntura com agentes
terapêuticos que visam a sinalização endocanabinóide. Tal abordagem deve aumentar a eficácia
clínica da acupuntura, diminuir a dosagens e efeitos colaterais de drogas canabinóides e até
mesmo potencializar efeitos terapêuticos (Bo Hu, et al., 2017).
2.3) Ozonioterapia
Definição: gás instável e incolor que e se forma por meio de descargas elétricas sobre uma
molécula de oxigênio medicinal – O3.
Propriedades Terapêuticas: A presenta ação viricida, fungicida e bacteriana, atua como agente
antiálgico, antisséptico e anti-inflamatório, inibindo a síntese de prostaglandina e na destruição de
citocinas, promovendo bloqueio da inflamação. (Srinivasan & Chitra, 2015; Tiwari et al., 2017).
2.4) Fototerapia/Fotobiomodulação
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Definição: A Fototerapia de baixa intensidade é uma terapia não invasiva, segura e sem efeitos
colaterais. A fototerapia é uma alternativa terapêutica, uma vez que apresenta capacidade de
prevenção, tratamento, cicatrização e obtenção de analgesia
Tipos:
Laser Luz Vermelha: Ajuda a conter processos inflamatórios, atua na regeneração de tecidos,
melhora da vascularização e angiogênese, estimula síntese de colágeno e elastina, estimula a
produção de ATP, realiza a quebra da molécula de gordura (laserlipólise), atua na terapia
fotodinâmica em conjunto com o azul de metileno, realiza a acupuntura veterinária não invasiva.
Terapia ILIB:
Led Azul: Possui ação bactericida e fungicida, promove hidratação e limpeza dos tecidos, previne
e trata infecções, tem efeito clareador, despigmentante e
cicatrizante.https://conteudo.eccofibras.com.br/landing-page-ecco-vet
Definição: As Células Tronco Mesenquimais (CTMs) são células indiferenciadas que ficam
latentes no organismo e apresentam o potencial de se diferenciar de acordo com a ativação de
estímulos recebidos, como processos inflamatórios, necróticos, neoplásicos e fraturas (VISCONDI
et al., 2013).
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Fonte: MEIRELLES, L. S, et al. Mechanisms involved in the therapeutic properties of mesenchymal stem
cells. Cytokine & Growth Factor Reviews, v. 20, n. 5-6, p. 419–427. 2009.
Eletroacupiuntura
Fitoterapia chinesa
Fitoterapia brasileira
PRP
Terapia Neural
Medicina Nutracêutica
Cromoterapia
Musicoterapia
Reiki
Medicina quântica
3.1) Como a dieta dos animais pode auxiliar na estimulação do SEC e na redução da recaptação
de endocanabinoides?
3.2) Quais compostos e mecanismos podem ser compreendidos como gatilhos para amplificação
do desequilíbrio do SEC?
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3.3) Como a inflamação crônica pode atuar como um fator de desequilíbrio do SEC, via estímulo
do receptor CB1 em contraposição ao declínio do estímulo CB2 nos tecidos periféricos?
3.4) De que forma o desequilíbrio do terreno biológico pode contribuir para o desequilíbrio do SEC?
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TOXICOLOGIA
A palavra “toxicologia” deriva do grego toxicon, que significa “veneno” e logos que significa
“estudo”.
A toxicologia veterinária em seu início focava em plantas tóxicas e antídotos para toxinas e
evoluiu até o presente, que assimila conhecimentos e técnicas de da bioquímica, biologia,
química, genética, matemática, medicina, farmacologia, fisiologia e física;
Fatores como idade, espécie, prenhez, estado físico, propriedades químicas do agente e fatores
ambientais podem influenciar de forma notável um componente específico.
Toxicidade aguda se refere ao efeito durante o período de 24 horas. Efeitos produzidos pela
exposição prolongada ( >3 meses) é denominado como toxicidade crônica.
Todos efeitos tóxicos são dose-dependente. Uma dose pode causar efeitos indetectáveis,
terapêuticos, tóxicos ou letais. A dose é expressa pela quantidade de componentes por unidade
de peso vivo (por exemplo mg/Kg) e concentração tóxica é expressa por ppm ou ppb.
DL50 é a dose que é letal a 50% de uma população em um exemplo teste. É a estimativa da
letalidade e a expressão mais comum usada para avaliar a potência dos agentes tóxicos.
Outros termos para classificação de doenças ou letalidade: “Sem efeitos adversos observados”,
“Dose máxima não-tóxica”, “Dose máxima tolerada” e “Dose tóxica mínima”.
RELAÇÃO DOSE-RESPOSTA
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A relação entre dose e resposta é geralmente estabelecida quando o efeito químico/toxicante,
em uma dose em particular, alcança seu ponto máximo ou é constante.
Os efeitos químicos não se desenvolvem instantaneamente ou continuam indefinidamente: eles
mudam de acordo com o tempo.
A magnitude do efeito dado a qualquer momento é uma função que não compete somente à
dose, mas também à quantidade de tempo decorrido desde o contato da substância com o
tecido reativo.
Fase II: Pico do efeito (Tb) – a resposta máxima ocorrerá quando a mais resistente célula for
atingida ou quando o agente alcance as células mais inacessíveis do tecido responsivo.
Fase III: Duração da ação (Tc) – a duração da ação compreende do momento que se iniciam os
efeitos perceptíveis até quando a ação não possa mais ser mensurada. Dependerá de quando
começa a metabolização, alteração, inativada ou removida do corpo.
Fase IV: Efeito residual (Td) – mesmo quando as primeiras ações finalizam, muitos químicos
executam uma ação residual. Nem sempre é possível determinar se o efeito residual é causado
pela persistência da quantidade em minutos ou pela persistência de efeitos sublimes/não
explícito.
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INTERAÇÃO COM RECEPTORES
Muitas das substâncias exercem seus efeitos interagindo com receptores específicos no corpo.
Essa interação receptor-xenobióticos leva à mudança de macromoléculas, que por sua vez
desencadeia uma sequência de eventos resultando na resposta de um tecido ou órgão. A
intensidade dessa resposta produzida pela substância/xenobiótico depende da atividade
intrínseca que vai depender da estrutura química do composto.
Quando dois ou mais xenobióticos são utilizados associados, a resposta
farmacológica/toxicológica não é necessariamente a mesma quando ambos são utilizados
individualmente. Isso ocorre porque um agente pode interferir com a ação de outro agente
chamada interação xenobiótica. Os termos mais comuns utilizados em relação a interação com
receptores inclui:
- Agonista: agente que interage com um constituinte específico celular. Ex: AEA/THC em CB1 ou
2AG/CBD em CB2;
- Agonista parcial: atua no mesmo receptor que outros agonistas em um grupo de ligantes
endógenos e, independentemente de sua dose, ele não pode executar a mesma resposta
biológica máxima que um agonista. Ex: AEA/THC em CB2 ou 2AG/CBD em CB1;
- Antagonista: quando um componente diminui os efeitos de outro. Ex: o efeito tóxico de um
químico “A” (agonista) é reduzido quando administrado com o químico “B” (antagonista).
Geralmente utilizado como antídoto. – Rimonabant SR141617 com CB1.
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CANNABINÓIDES:
ENDOCANABINÓIDES:
FITOCANABINÓIDES:
Oriundos das plantas. Formas ácidas, ativas e varinas;
*Psicoativo: que tem efeitos sobre a atividade psíquica ou mental, ou sobre o comportamento.
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- CBD – Canabidiol: bastante conhecido, maior afinidade por CB2, combate convulsões,
espasmos, ansiedade, distúrbios do sono... Aplicação médica: câncer, TEPT, insônia, epilepsia
de difícil controle;
- CBN – Canabinol: excelente sedativo, regula sistema imunológico, reduz PIO, anti-
inflamatório... Aplicações médicas: Artrite reumatoide, doença de Crohn, insônia.
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- CBG – Canabigerol: anti-inflamatório, inibe cicloxigenase (COX) e modulador do efeito
psicoativo do THC... Aplicação médica: glaucoma, doença de Chron, síndrome do intestino
irritável;
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- CBM - Canabimovona: propriedades que podem ser úteis no tratamento de desordens
relacionadas à resistência à insulina. Pode ser uma alternativa à insulina. Capacidade de ativar
receptores nucleares chamados de PPAR, que estão relacionados com o metabolismo da
glicose e lipídico e já são alvo de pesquisa no tratamento de resistência à insulina. Mais estudos
são necessários! (Iannotti, F.A.; De Maio, F.; Panza, E.; Appendino, G.; Taglialatela-Scafati, O.;
De Petrocellis, L.; Amodeo, P.; Vitale, R.M. Identification and Characterization of
Cannabimovone, a Cannabinoid from Cannabis sativa, as a Novel PPARγ Agonist via a
Combined Computational and Functional Study. Molecules 2020, 25, 1119.)
- THCA – Ácido Tetrahidrocanabinólico: abundante na planta, melhor absorvido de
forma bruta. Estimulante de apetite e diminuição de células neoplásicas. Aplicação médica:
neoplasia, caquexia;
CBM (Canabimovona)
Ação: cérebro
Sim Não
Psicoativo
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- CBDA – Ácido Canabidiólico: potencial antiproliferativo, bacteriostático...Aplicação médica:
neoplasia, HIV, artrite;
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- CBDV – Canabidivarina: reduz frequência e gravidade de crise epilética, distúrbios do humor...
Aplicação médica: epilepsia refratária, esclerose múltipla.
A exposição acidental por cães e gatos à cannabis e à produtos que contém THC tem
aumentado nos EUA. Comestíveis infundidos e alguns que contém chocolate em sua
composição são os mais comumente reportados à Pet Poison Helpline.
Entende-se que esse aumento de casos de intoxicação está intimamente relacionado ao acesso
aos produtos, com regulamentação do mercado e crescimento de vendas.
A cannabis tem uma larga margem de segurança e o prognóstico é positivo quando identificada
a exposição e dado o suporte correto.
Sabemos que o mecanismo de receptores do Sistema Endocanabinóide é similar aos receptores
opióides (Delta, Kappa, Mu) que são ativados por peptídeos endógenos opióides (endorfinas); o
SEC tem os receptores que são ativados pelos endocanabinóides ou fitocanabinóides. Os
endocanabinóides são 4-20 vezes menos potentes que o THC e tem uma duração
significantemente curta.
Além disso, a potência e presença do THC nas plantas tem aumentado bastante nas últimas
décadas. Na década de 1960, era de 1,5% aumentando para 3,5% na década de 1980. De 1995
a 2014, as concentrações aumentaram de 4% para 12%, respectivamente onde as
concentrações de CBD reduziram de 0,28% para 0,15%. Relacionado à seleção artificial e
melhoramento genético.
FARMACOCINÉTICA DO THC
Sabemos que os cães possuem uma quantidade maior de receptores canabinóides no cérebro
em comparação com os humanos o que resulta em aumento à sensibilidade às propriedades
psicoativas do THC. O THC é rapidamente absorvido quando inalado quando comparado à
ingestão. Consumindo produtos com THC junto a gordura, a absorção será maior devido sua
propriedade lipofílica. Por conta de sua capacidade lipofílica, THC é rapidamente distribuído aos
tecidos e atravessa a barreira hematoencefálica, resultado em meia-vida longa.
76
- Dose letal mínima é entre 3 a 9g /kg de material botânico;
- DL50 não está definida pontualmente – 3000mg/kg THC;
- Início dos sinais: quando inalada em minutos; VO +- 60 minutos;
- Meia-vida: 30 horas; 80% do THC é excretado dentro de 5 dias;
- Recuperação após ingestão ocorre dentro de 24h na maioria dos casos, mas pode durar até
72h;
- Biodisponibilidade da inalação em humanos: 10% a 27% dependendo da frequência de uso;
A ingestão ou inalação do THC leva à altos níveis de morbidade, porém baixos níveis de
letalidade. Sinais comuns em cães inclui letargia, depressão SNC, ataxia, vômito (principalmente
se a ingestão for do vegetal), incontinência urinária, aumento da sensibilidade à sons, midríase,
hiperestesia, ptialismo e bradicardia. Incontinência urinária de início agudo não é um sinal
comum visto em outras intoxicações e pode ser um fator chave para fechar o diagnóstico em
exposição/ingestão ao THC.
Sinais menos comuns incluem: agitação, agressão, bradipneia, hipotensão, taquicardia e
nistagmo.
Sinais raros incluem convulsão ou condição de coma. As convulsões podem ser desencadeadas
pela congestão devido ao chocolate ou outras substâncias.
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SINAIS CLÍNICOS DE SOBREDOSE DO CBD
Devido à falta de propriedades psicoativas e interação com receptor CB1, efeitos menos severos
são esperados em casos de exposição/overdose comparado ao THC. No entanto, a exposição
pode se tornar complicada devido à baixa qualidade dos produtos à base de CBD com
contaminação de THC ou outros produtos não mencionados.
Outros riscos acidentais incluem exposição ao diluente (óleo de uva, por exemplo), álcoois ou
fontes de alimentos que causarão desconforto gástrico.
FARMACOCINÉTICA DO CBD
O CBD sofre recirculação êntero-hepática (moléculas e sais biliares do fígado para intestino e
retorna para o fígado), e encara metabolismo de primeira passagem (concentração é reduzida
pelo fígado antes de atingir a circulação sistêmica), o que afetará sua biodisponibilidade oral.
Apesar disso, CBD via oral ainda parece ser melhor absorvido de forma sistêmica do que por
preparações transdérmica.
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PLANO DE TRATAMENTO
- Descontaminação:
A) Vômito pode ser estimulado se a dose tóxica for ingerida em até 30 e 60 minutos ou se
houver conteúdo significante no estômago; se o paciente é assintomático e há baixo risco de
aspiração do conteúdo ou se o vômito espontâneo não ocorreu; *Cuidado! Devido ao efeito
antiemético do THC pode ser dificultosa a indução se passado mais de 60 minutos. Se o
paciente estiver sintomático não deve ser executada!
a) Nos cães, apomorfina (0,03mg/kg IV) ou Peróxido de Hidrogênio (água oxigenada)
igual ou inferior a 3% (2-5 mg/kg VO) sem exceder a dose total de 50mg no cães e 10mg nos
gatos. Estômago repleto aumenta a chance de sucesso. CUIDADO com lesão de mucosa!;
b) em gatos utiliza-se Xylazina (1,1mg/kg IM). Se necessário, reverter com Atipamezole.
B) Doses de carvão ativado deve ser administrada no paciente que tenha baixo risco de
aspiração;
a) Admnistra dose de 1-2mg/kg VO
b) NÃO administre se o paciente estiver em risco de aspirar o conteúdo, em hipernatremia
(>152 mEq/L) ou desidratado;
C) Se houve ingestão massiva de planta, a lavagem estomacal pode ser feita com o paciente em
anestesia e entubado.
D) Se for observado material suspeito no exame retal, pode-se utilizar enemas.
- Cuidados de Suporte:
A) Antiemético pode ser necessário. Evite Maropitant (letargia, hipersalivação, tremor muscular)
e se o paciente correr risco de obstrução por corpo estranho;
B) Fluidoterapia IV em dose de manutenção e ajustado de acordo com as necessidades. Saiba
que não se espera que a fluido aumente a excreção dos canabinóides em grande escala;
C) Termorregulação!
a) aquecer ou resfriar o paciente é necessário. Hipotermia é mais comum com ingestão de
matéria vegetal; Hipertermia está associada a canabinóides sintéticos;
b) Se o paciente está sedado ou em estado quase de coma, cuidados como lubrificação
ocular e rotação do corpo devem ser executados a cada 4-6 horas;
c) Mantenha o paciente limpo e seco. É difícil mas pode ser que precise de sonda urinária;
- Monitoramento:
A) Casos brandos podem ser monitorados de casa e sempre indicar que o paciente esteja em
um ambiente seguro, livre da possibilidade de quedas;
B) Monitorização vital e pressão dependendo do estado do paciente (> 180bpm);
- Medicações:
A) Agitação: butorfanol (0,1-0,4 mg/kg IM ou IV) ou acepromazina (0,01-0,2 mg/kg devagar, IV,
IM ou SC titulando a dose). EVITE acepromazina em pacientes hipotensos;
B) Convulsão: diazepam (0,5-1,0mg/kg IV) - ¼ dose;
C) Bradicardia: atropina (0,01-0,02mg/kg IV);
79
INTOXICAÇÃO POR CANNABIS SATIVA : DESAFIOS RELACIONADOS À CLÍNICA DE
ANIMAIS DE COMPANHIA
As circunstâncias que envolvem a exposição podem variar desde um tutor pouco cuidadoso que
facilita o acesso ou erra a dose, administração intencional da substância ou cães policiais em
treinamento que inadvertidamente inalam/ingerem o produto.
A intoxicação por cannabis pode ocorrer por via digestória ou inalatória, apresentando
sintomatologia variável conforme a via por onde ocorreu a intoxicação e a quantidade de THC
presente na amostra com a qual ocorreu o contato; Apesar da inexistência de antídoto, o
prognóstico é favorável na ausência de complicações secundárias. O tratamento é baseado no
suporte ao paciente adequando-se conforme o quadro de sintomas apresentados.
O principal desafio é obter um diagnóstico conclusivo visto que para realiza-lo é necessário a
identificação do metabólito 11-OH-delta-9-tetrahidrocanabinol (11-OH-THC) na urina (produto da
conversão do THC nos pulmões e fígado). Como agravante, os cães possuem uma via adicional
de beta-oxidação que converte o THC em 8-OH-delta-9-tetrahidrocanabinol (8-OH-THC),
ocasionando falso-negativos na espécie canina com o uso de teste rápido disponível para os
humanos. Em conjunto a esse aspecto, deve-se levar em consideração que se trata de uma
substância ilícita e necessita de cautela nos termos utilizados durante a anamnese, de modo a
não desestimular o tutor a fornecer os dados corretos.
A natureza lipofílica do THC permite que ele atravesse a barreira placentária, onde o feto terá
concentração plasmática equivalente a 10% presente na mãe. Além disso, fêmeas são mais
suscetíveis e apresentam maior sensibilidade ao THC decorrente da sua interação com
estrogênio.
A dose de 0,5mg/kg já é suficiente para manifestar sinais clínicos; A severidade do quadro é
relacionada a quantidade de THC a qual o paciente foi exposto. Animais intoxicados por via
inalatória tendem a ter uma recuperação mais rápida, enquanto que pela via digestória, podem
apresentar sintomatologia por alguns dias.
2 estudos com 213 casos e 230 casos (n = 443) verificou que 99,1% dos casos apresentam
sinais neurológicos, 30,5% sinais TGI. Os riscos de complicações secundárias existem, porém
em menor proporção. Estão relacionados a traumas devido queda e incoordenação ou
pneumonia aspirativa pela combinação de vômito e depressão do SNC.
Então o ambiente no qual o paciente intoxicado se encontra deve ser restrito em espaço e
isolado de estímulos internos (som, excesso de luz, movimento brusco). Pacientes em
depressão severa ou comatoso, deve ser realizada a troca de decúbito a fim de evitar úlceras de
pressão.
80
EXTRAÇÃO DA MEDICINA
A extração da cannabis é um processo muito antigo, e consiste em separar os
tricomas da matéria vegetal a fim de obter um concentrado de substâncias ativas da
planta. É utilizado para conseguir o máximo de cannabinóides, terpenos e flavonóides
possíveis. Essas substâncias são os responsáveis pelo sabor, pelo aroma e pelo efeito
medicinal. Como resultado, o produto da extração é muito mais potente do que a cannabis
in natura. Por exemplo, a cannabis em sua forma natural contém até 30% de THC e 24%
de CBD, enquanto alguns concentrados podem chegar a 99% de pureza!
TRICOMAS:
Definidos em 03 tipos:
81
TIPOS DE EXTRAÇÃO:
SEM SOLVENTES:
Consistem em remover fisicamente a resina. Podem ser feitas por agitação, fricção,
usando água, gelo, gelo seco, máquinas de calor e pressão e peneiras/telas.
COM SOLVENTES:
Consiste em remover os tricomas com uso de algum solvente químico (butano,
propano, CO2, álcool) o qual também precisará ser removido.
SEM SOLVENTES:
- BUBBLE HASH: é utilizado água + gelo + matéria vegetal + bags. Congela a matéria
vegetal, coloca na malha (220u, 190u, 160u, 120u, 90u, 73u, 45u, 25u) com 1 parte de
flor para 2 partes de gelo e completa com água gelada até o gelo boiar. Mexe por 10 a
15 minutos, retira a material vegetal (220u) e coleta a resina nas bags, secando em papel
manteiga, na forma artesanal. Na forma industrial, utiliza-se um freeze dryer para
congelar à vácuo e retirar a umidade. Ponto positivo: seleciona bem os melhores
tricomas pelas malhas. Melhores sabores. Ponto negativo: depende a força e tempo de
fricção pode coletar matéria vegetal, custo das bags.
*Vídeo Bubble Hash*
- DRY ICE: é utilizado as bags de 73u e gelo seco. Utilize 1 parte de gelo seco para 3
partes de flores. Congela matéria vegetal, adiciona o gelo seco. Pode esperar 15 minutos
para congelamento maior. Agitando por 15 segundos, terá os melhores tricomas. Após
esse período a qualidade vai diminuindo devido aumento da coleta de matéria vegetal.
Ponto positivo: rápido e pronto para consumo. Ponto negativo: aquisição gelo seco,
preço das bags, possibilidade de matéria vegetal;
*Vídeo Dry Ice*
*FRESH FROZEN: congela a matéria logo depois de colhido. Menos ação oxidativa.
Preserva mais terpenos e formas ácidas
- DRY SIFT / MARROQUI: é utilizado quadro de madeira com tela 73u/45u, insere a
matéria vegetal, cobre com plástico e bate com varetas. Ponto positivo: pronto para
consumo, pode ser prensado para diminuir volume ou armazenar o kieff. Ponto negativo:
pode passar bastante matéria vegetal devido a fricção mais violenta.
*Vídeo Marroqui*
82
- ROSIN: prensa mecânica com duas placas aquecidas
(plates). Pressão e temperatura. Pode usar flor, bubble hash, dry ice, marroqui... A
matéria vegetal é inserida numa bag de 90u em formato cilíndrico e colocada no papel
vegetal que protege as placas e faz a compressão. Temperaturas baixas = extração mais
clara e saborosa; temperaturas altas = extração mais escura e perde alguns aromas.
Utiliza entre 60º-80º-110ºC, de 2 a 4 minutos. Ponto positivo: excelente qualidade e
potência, preservação de terpenos. Ponto negativo: equipamento caro, quantidade
reduzida, bag de extração uso único. *Vídeo Rosin*
- LIVE ROSIN: colhe e extrai ou pode colher, congelar e extrair. Temperaturas abaixo de
0 ºC, maquinário específico. Terpenos bem mais evidentes.
COM SOLVENTES:
1) SHATTER: extração de aspecto cristalino. Para chegar nessa textura deve purgar
por 24 a 36 horas a uma temperatura entre 37ºC com alta pressão. Se utilizarmos
temperaturas baixas, os lipídios reterão melhor os aromas.
3) CRUMBLE: Para obter o crumble, a purga deve ser feita a uma temperatura de 55-
60º. Opaco, desfaz facilmente e mais terpenos;
-
Quem é Rick Simpson?
Rick Simpson é um engenheiro canadense. Em 2002 foi diagnosticado com câncer de
pele e já conhecendo os benefícios da cannabis de forma adulta, desenvolveu a extração
que leva o seu nome. Utilizou via oral e tópico até que as feridas cicatrizassem e distribuiu
óleo para mais de 5000 pacientes. Enfrentou represália em seu país de origem e desde
2013 vive na Europa.
84
Essas regras devem ser adotadas a fim de garantir a segurança dos consumidores:
COMO DESCARBOXILAR:
MÉTODO RSO:
- Insira a matéria vegetal congelada (12h-24h) no recipiente de vidro e cubra com álcool
de cereais (também armazenado por
12h-24h no freezer) = 100g para 1 litro de álcool;
- Com a colher, mexa e misture o material por 4 a 5 minutos.
Nessa hora os tricomas vão se dissolvendo no álcool;
- Filtre esse material no filtro/peneira de 220u;
- O material pode ou não voltar para mais uma extração; - Essa segunda passagem
extrai mais clorofila. Observe a coloração do solvente. Quanto mais verde, mais clorofila;
- Coe novamente no filtro de 220u. O líquido vai com o líquido da 1ª passagem; a
matéria vegetal pode ser compostada; - Filtre o líquido no filtro de papel.
EVAPORAÇÃO DO SOLVENTE:
- Mexa continuamente e controlando a temperatura para que não passe dos 65ºC;
- Demora entre 2 e 3 horas para reduzir/evaporar o álcool.
Enquanto houver bolhas, há álcool.
- O resultado final é uma substância escura, densa, pegajosa. Ao virar o recipiente, ela não
descola. Colete com seringa e dilua conforme necessidade;
- A seringa com o conteúdo pode ser armazenada na geladeira;
DILUIÇÃO:
Após a extração temos o extrato integral de cannabis. Extrato full spectrum, com todos os
canabinóides presentes na planta, com 100% de concentração. Ao adicionar um veículo
lipídico, teremos um óleo diluído, com menor concentração num mesmo volume. O
processo deve ser feito em banho-maria, com temperatura até 50ºC, controlado com
termômetro de cozinha. Insira a quantidade de extrato integral e complete
com o veículo oleoso.
86
TABELAS DE DILUIÇÃO
87
Cálculo de 99mL de óleo para 1mL de extrato integral = 1% Quantidade de
Dose canabinóides vai varia de
1mL = 20 gotas acordo com qualidade do
extrato
0,5mg de extrato por gotas de 1%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
% 1 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5 9 9,5 10
2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
3 1,5 3 4,5 6 7,5 9 10,5 12 13,5 15 16,5 18 19,5 21 22,5 24 25,5 27 28,5 30
4 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
5 2,5 5 7,5 10 12,5 15 17,5 20 22,5 25 27,5 30 32,5 35 37,5 40 42,5 45 47,5 50
6 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57 60
7 3,5 7 10,5 14 17,5 21 24,5 28 31,5 35 38,5 42 45,5 49 52,5 56 59.5 63 66,5 70
8 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 44 48 52 56 60 64 68 72 76 80
9 4,5 9 13,5 18 22,5 27 31,5 36 40,5 45 49,5 54 58,5 63 67,5 72 76,5 81 85,5 90
10 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
11 5,5 11 16,5 22 27,5 33 38,5 44 49,5 55 60,5 66 71,5 77 82,5 88 93,5 99 104,5 110
13 6,5 13 19,5 26 32,5 39 45,5 52 58,5 65 71,5 78 84,5 91 97,5 104 110,5 117 123,5 130
15 7,5 15 22,5 30 37,5 45 52,5 60 67,5 75 82,5 90 97,5 105 112,5 120 172,5 135 142,5 150
19 9,5 19 28,5 38 47,5 57 66,5 76 85,5 95 104,5 114 123,5 133 142,5 152 161,1 171 181,5 190
20 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200
Citocromo P450
São as mais significativas interações. As enzimas P450 (CYP), são responsáveis pelo
metabolismo da maioria dos medicamentos. O THC vai acelerar a atividade das enzimas,
resultando em degradação acelerada dos fármacos. Esse fenômeno resulta em menores
concentrações plasmáticas no organismo. O grupo enzimático P450 é responsável por
metabolizar até 50 fármacos comumente utilizados (ibuprofeno, naproxeno, acetaminofeno,
codeína, Xanax (alprazolam), Lipitor (atorvastatina), clozapina, duloxetina, ciclobenzaprina,
haloperidol e clorpromazina.
Antidepressivos tricíclicos
Estudos realizados em UK, associado ao Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, relatam
que os canabinóides associados aos tricíclicos podem resultar em hipertensão e taquicardia,
além de alteração do humor, inquietação e confusão mental. Amitriptilina – Geralmente utilizado
para potencializar o controle da dor.
90
Opiáceos
A associação com cannabis aumenta o potencial analgésico sem afetar o nível plasmático dos
opióides. Excelente opção para reduzir a dose ou optar pelo uso tardio. O CED (Centro de
Estudos da Dor – Unicamp) sugere que para tratamento de dor crônica, utilize os canabinóides
antes dos opióides. Há melhores resultados e deixamos de expor o paciente ao risco da
depressão respiratória ocasionada pelos opióides. Além disso, nos EUA, com a regulamentação
e ampliação ao acesso à cannabis, idosos deixaram de consumir cerca de 10% dos opióides
prescritos e pacientes de todas as idades que têm acesso ao uso medicinal da cannabis
reduziram o uso de opióides entre 40% e 60%. Fibromialgicos em Israel são aconselhados a
tratar a condição com administração de óleo via oral e dose resgate fumando ou vaporizando
cannabis.
Depressores SNC
Classe de fármacos que reduzem níveis de neurotransmissão no sistema nervoso central,
resultando em diminuição da atividade cerebral, relaxamento muscular e sensação de calma.
Mais conhecidos são o clonazepam, lorazepam e zolpidem. O uso concomitante com cannabis
aumenta seus efeitos e potencializa o efeito sonolento ocasionado por ele.
Anticoagulantes
O paciente que utiliza anticoagulante, como a warfarina, deve evitar o uso de cannabis já que o
THC tem propriedade vasodilatadora e aumentam as chances de hematomas e hemorragias e
desaconselha-se o uso concomitante.
Broncodilatadores
O THC reduz drasticamente os níveis plasmáticos de broncodilatadores. Teofilina e aminofilina.
Não aconselhável o uso concomitante.
Anticonvulsivantes
Um estudo com modelo neuropático em ratos encontrou interação sinergística entre gabapentina
e THC, onde a gabapentina além de aumentar a janela terapêutica do THC, também foi efetiva
aumentando sua atividade anti-alodínica (Controlled Cannabis Vaporizer Administration: Blood
and Plasma Cannabinoids with and without Alcohol - Rebecca L Hartman, Timothy L
Brown, Gary Milavetz, Andrew Spurgin, David A Gorelick, Gary Gaffney, Marilyn A Huestis.
Clinical Chemistry, Volume 61, Issue 6, 1 June 2015, Pages 850–869)
91
Antifúngicos e antibióticos podem inibir a enzima que metaboliza o CBD, gerando acúmulo de
canabidiol no organismo, resultando em sonolência, transtornos do apetite e ganho de peso.
Cetoconazol, itraconazol e claritromicina.
Outros fármacos vão agir de maneira oposta, acelerando o metabolismo do CBD e resultando na
redução da biodisponibilidade do CBD. Fenobarbital, rifampicina, carbamazepina e fenitoína –
Sempre titular o tratamento buscando desmamar do fenobarbital.
Anticoagulantes
Pacientes que utilizam anticoagulantes precisam de acompanhamento próximo, pois o CBD
aumenta os níveis séricos devido à inibição do citocromo P450. Logo, aumento do risco de
sangramento.
Anticonvulsivantes
O CBD inibe a enzima CYP2C19 e o uso em conjunto com Clobazam resulta em aumento dos
níveis plasmáticos do fármaco. Os pacientes em tratamento concomitante apresentam sedação
mais frequente.
Site: https://www.drugs.com/drug-interactions/cannabis-index.html
92
MCT, obtendo concentrações de 7,5, 15, 30 e 90mg/mL.
Após o período de aclimatação e 12h de jejum, a administração de 1 a 2mL VO iniciou-se.
Os cães eram alimentados com ração seca ao menos 4h antes da administração do
CBD/placebo. A ração era oferecida na quantidade de manutenção de peso e ficava à disposição
por 1h, água era disponível à vontade.
As avaliações dos cães eram feitas 2 vezes ao dia, de manhã, após a administração e à tarde,
aproximadamente 6h após a administração.
A avaliação envolvia exame clínico veterinário, consumo de ração e atividades diárias, além do
peso. Após 2 e 4 semanas de tratamento, a PIO, produção de lágrima e PA e ECG passaram a
ser avaliadas também. Amostras de sangue foram colhidas para análise bioquímica 2 vezes
durante a aclimatação e semanalmente após o início do teste.
O exame de sangue era para determinar a farmacocinética durante 24h do 7-COOH-CBD e 7-
OH-CBD e eram coletados nos intervalos de ½, 1, 2, 3, 4, 6, 8, 12 e 24h após a dose
administrada.
Durante o estudo, nenhum sinal clínico fora do padrão de normalidade foi observado.
Resultados
Durante o estudo, nenhuma diferença significativa de peso foi observada;
Ao exame físico, nenhuma alteração clínica significativa foi observada; Isso também inclui a
avaliação de ECG;
Os exames oftalmológicos de PIO e produção de lágrima também não revelaram diferenças
clínicas relevantes;
A alteração mais notável ocorreu nos níveis séricos de ALP/FA.
94
pets e humanos.
Materiais e Métodos
Foi utilizado um grupo de 12 ratos, fêmeas, com idade entre 9-10 semanas. Ração e água foram
oferecidas sem restrições. O CBD utilizado foi diluído em MCT nas concentrações de 0,4, 2, 4 e
20mg/mL.
O CBD foi administrado VO, o animal mantido em gaiola por 60 minutos e inserido em câmara de
anestesia com Isoflurano a 4% com fluxo de 4L/min. Quando o animal deixava de apresentar
sinais de vigilância, avaliou-se o plano anestésico pela presença/ausência de reflexos. Então
durante a cada 5 segundos fazia o teste de reflexo de pinçamento no 4º dedo do pé esquerdo,
até que ele volta-se a se mexer, considerando retorno da anestesia.
Repetiu-se esse procedimento 5 vezes em cada animal durante 7 dias.
Resultados
A indução em ratos que receberam a dose de 20mg/kg de CBD foi significantemente diminuída
enquanto em ratos tratados com 100mg/kg a recuperação foi tardia.
Os resultados desse estudo mostram redução do tempo de indução se o CBD for administrado
previamente na dose de 20mg/kg e este efeito pode estar relacionado com a capacidade
sedativa do CBD. As doses de 2 e 10mg/kg são bem brandas para interferir no efeito do
isoflurano, em contra partida, a dose de 100mg/kg tem uma indução prolongada mas nada
distante do grupo controle.
O período de recuperação não teve diferença significativa do grupo controle no entanto foi
prolongado no grupo tratado com 100mg/kg.
Essa diferença pode ser relacionada a teoria do “U invertido” – Efeito bifásico já mencionado em
outros estudos.
95
EFFECTS OF CANNABIS USE ON SEDATION REQUIREMENTS FOR ENDOSCOPIC
PROCEDURES
O objetivo deste estudo é analisar se o consumo regular de cannabis produz algum efeito sobre
a necessidade de dose de sedativos em procedimentos de endoscopia.
É necessário saber como o uso de cannabis interfere em procedimentos de sedação/anestesia
pois sabe-se que a meia-vida do THC é entre 5 e 13 dias e sua eliminação total pode levar mais
de 25 dias e há interação com receptores canabinóides, opióides e outros mecanismos de ação
farmacológica.
Há um tendência prática observada que consumidores de cannabis necessitem de dose acima
da recomendada para entrar em plano anestésico. Um estudo australiano de 2009 comparou 30
consumidores com 30 não consumidores e concluiu que os consumidores precisaram de um
aumento da dose de propofol durante a inserção de máscara laríngea; um outro estudo, do
Paquistão em 2014, relatou uma possível associação de aumento de dose de anestésico em
consumidores de cannabis depois que precisaram trocar o propofol por tiopental em um paciente
que não respondeu à dose de 300mg de propofol (1 a 2,5mg/kg).
Metódos
Foram analisadas 250 fichas de procedimentos do centro de endoscopia em um hospital no
Colorado – EUA e chegaram a 25 fichas de usuários regulares, que foram comparadas a não
consumidores.
96
Conclusão
As análises sugerem que usuários regulares têm necessidade de maior quantidade de sedação
para o procedimento de endoscopia. Até o momento é algo não reportado e não se sabe o exato
mecanismo de ação. Ainda que a limitação foi a pequena amostra (n = 25), a comparação com os
não usuário foi bem relevante. Esse estudo não relata nenhum efeito adverso ou colateral, ainda
que é de nosso conhecimento o comprometimento respiratório que o uso de opióide pode trazer.
A farmacologia e interação devem ser mais bem estudadas. O custo do procedimento aumenta
devido ao aumento da quantidade de fármaco exigida e a necessidade de histórico do paciente é
fundamental para prevenir eventos adversos durante o procedimento.
97
PARTICULARIDADES EM SILVESTRES
Muito se é relatado sobre os animais de vida livre com acesso à planta Cannabis s., assim como
a utilização de algumas espécies para estudos. Nos permitindo um melhor entendimento tanto
da relação natural desses animais com a planta, como da parte médica.
Já se foi dito que o sistema endocanabinóide foi descoberto em quase todos os animais, exceto
nos protozoários e insetos.
Dentro da história da cannabis, incluindo a sua proibição, vimos muitos testes sendo realizados
com animais, como em 1974 onde houve um estudo em que utilizaram macacos Rhesus presos
à cadeiras com uma máscara de gás, inalando o equivalente a 30 cigarros de maconha por dia.
Neste estudo foi relatado que após 90 dias os animais começaram atrofiar e morrer. Na
necrópsia constataram que havia uma quantidade muito superior de células cerebrais mortas,
comparadas à macacos Rhesus que não foram expostos à fumaça. Deduzindo assim, que a
maconha causava morte cerebral.
Anos mais tarde, após refutar a pesquisa, um grupo de pesquisadores constataram que a
combustão da maconha como de qualquer outro material gera monóxido de carbono, gás
altamente letal, que causa a morte das células cerebrais. Além disso, como os animais estavam
presos às máscaras eles asfixiaram pela privação de oxigênio. Fazendo com que o estudo tenha
caído por terra. (“Dr.Heat/Tulane Study, 1974 - The Hype: Brain Damage and Dead Monkeys”)
Em 1976, realizaram um estudo com o THC e a comunicação não verbal de macacos Rhesus.
Constataram uma diminuição das expressões faciais à estímulos, aumento da percepção em
98
relação aos outros macacos e diminuição das taxas cardíacas. (“Delta-9-THC and nonverbal
communication in monkeys”).
No mesmo ano, também constataram uma baixa toxicidade do THC em coelhos de linhagem
branca da Nova Zelândia. Considerando a dose de 100mg/kg/dia por via subcutânea, não houve
toxicidade considerável em histopatológico, os animais apresentaram anorexia, diminuição do
peso corpóreo e alguns tiveram irritabilidade no local da aplicação. (“Toxicity of delta9 -
tetrahydrocannabinol (THC) administered subcutaneously for 13 days to female rabbits”).
No ano de 1979, realizaram um estudo constatando que o THC não é teratogênico em coelhos
de linhagem branca. Considerando doses mais altas que 60mg/kg/dia, no período de
organogênese. (“Teratologic evaluation of synthetic delta 9-tetrahydrocannabinol in rabbits”).
No início da década de 80 foi realizado um estudo com camundongos, onde foram manipulados
com haxixe. Constataram uma diminuição dos conflitos em grupos, principalmente entre os
machos; aumento da reprodução; que doses baixas eram sedativas mas que os animais
apresentavam rápida resistência à substância em questão. (“Behavioral effects of hashish in
mice”).
No ano de 2003, foi realizado um trabalho onde utilizaram por via tópica um agonista de CB1, o
WIN 55212-2, que é uma molécula sintética, em macacos normais e com glaucoma. Relataram
uma diminuição significativa da pressão ocular em ambos os grupos, provavelmente pela
diminuição do fluxo aquoso, sugerindo um grande potencial clínico deste agonista. (“Effect of
WIN 55212-2, a cannabinoid receptor agonist, on aqueous humor dynamics in monkeys.”)
Em 2007, constataram que o CBD pode ser usado no tratamento de diabetes tipo 1. Após um
trabalho realizado com camundongos. (“Cannabidiol arrests onset of autoimmune diabetes in
NOD mice”)
Em 2014 realizaram um trabalho com camundongos onde concluíram que o canabidiol melhora a
função pulmonar e diminui a inflamação dos animais submetidos à lesão pulmonar aguda
induzida por lipopolissacarídeos. (“Cannabidiol improves lung function and inflammation in mice
submitted to LPS-induced acute lung injury”)
99
em si. (“Chronic Δ9-THC in Rhesus Monkeys: Effects on Cognitive Performance and Dopamine
D2/D3 Receptor Availability”).
E em 2022, realizaram um estudo com coelhos e CBD, para analisar a ação do canabidiol nos
canais iônicos das fibras cardíacas ventriculares. Constataram que o CBD altera a eletrofisiologia
cardíaca e ressaltaram a atenção para administrar esse fitocanabinóide em pacientes com
cardiopatias ou que fazem uso de medicações que alteram o ritmo e/ou contratilidade do
coração.
Além dos diversos trabalhos, temos relatos de animais de vida livre que entraram em plantações
de cannabis para se alimentar da planta. Os animais muitas vezes procuram determinada planta
para aliviar algum sintoma e com a cannabis não seria diferente.
Aves possuem o metabolismo super elevado, alta temperatura corpórea, frequência cardíaca e
respiratória elevadas.
Répteis são animais com baixo metabolismo, são ectotérmicos o que influencia diretamente na
taxa de metabolização desses animais e na administração das medicações.
Após a morte da chefe da manada, alguns elefantes não souberam lidar com a perda e se inserir
no grupo. Utilizaram CBD para diminuir o estresse desses animais, que era medido através dos
níveis de cortisol de fezes, saliva e sangue.
101
• Íbex, tratou convulsões com CBD, relataram uma diminuição de 95% das crises em 6/7
meses
• Tigre Chalet, tratando melanoma com CBD, notaram aumento de apetite e diminuição do
desconforto
• Leoa Kumba, tratando ansiedade de separação com CBD, encontra-se muito mais calma
102
PARTICULARIDADES EM EQUINOS
Registros apontam uso da Cannabis spp para tratamento de feridas em equinos por gregos e
indígenas (Butrica, 2002)
The American Veterinary Medical Association´s Annual Proceedings (AVMA - 1913) indicava o
uso da Cannabis Indica para tratamento de síndrome cólica e como anestésico em equinos.
- Teste de Potência: eram realizados testes de potências dos extratos das plantas
utilizadas, a fim de ter o conhecimento para estipulação de doses.
Universidade de Pensilvânia --- distúrbios gastro-intestinais.
103
AVMA Proceedings - opióides x cannabis para controle de dor - benefícios: além de exercer
controle da dor assim como medicações alopáticas, a ausência de efeitos adversos (nas
dosagens utilizadas com controle efetivo da dor) colocaria o uso da cannabis como primeira
opção de tratamento.
- 200mg/kg x 20mg/kg: Palmer et al., evidenciou que os mesmos efeitos eram observados em
equinos e canídeos com o uso de doses 10x menores em equinos que em canídeos. Com as
doses utilizados nenhum efeito adverso maléfico foi observado.
Baixa absorção de medicamentos por equídeos tem fatores associados à: pH gástrico mais
baixo quando comparado a outras espécies domésticas (resultando em maior maiores reações
químicas como e alteração no balanço de proporções ionizáveis e efetivas), trânsito intestinal
lento (o que proporciona maior interação medicamentosa com bolo alimentar) - fisiologia
monogástrica fermentativa.
Administração:
- Oral(OTM x Gástrica - OTM ocorrendo absorção transmucosa por vira oral, do inglês Oral
Transmucose – ocorre maior e mais rápida absorção através da mucosa quando comparada
com absorção gástrica)
- Retal
- Tópica (pomada)
Formas de apresentação:
Quanto ao uso:
104
- Segurança (dose terapêutica x dose tóxica)
- THC: tolerância
Quanto ao Produto:
- Procedência
- Análises químicas: perfil molecular + presença de resíduos + microbiológica
- Espécime de Cannabis spp (cada variante apresenta diferentes níveis de concentração de cada
fitocanabinóide).
- Tipo de extração (álcool x óleo x CO2 – cada extração tem seus prós e contras, assim como
suas diferenças em custo financeiro para produção e para o consumidor final. A diferença de
cada tipo de extração se vê principalmente na pureza e potência do produto fina.)
Meia vida: 10 horas (Ryan, 2021) - maior que outras espécies estudadas.
105
Sistema Endocanabinóidico Equino
- Sistema Endócrino
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108
Manejo e Controle da Dor e Inflamação
109
Sistema Digestório
- Controle de inflamação
- Regulação de hipersensibilidade intestinal
- Regulação da motilidade e secreção intestinal
- Regulação do apetite
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- Conforto visceral
- Cicatrização epitelial
Indicações:
- Úlceras
- Doença Inflamatória Intestinal
- Diarréia
- Desbiose ??
Administração:
- Oral (TNG)
- Enema (atenção)
Protocolos:
Quadros Agudos: 1- 4mg/kg TID (estabilização e controle) 2 mg/kg BID
Sistema Respiratório
Ação broncoespasmolítica
- Traumas
- Dor crônica
- Laminite
- HoofCanker
- Abcessos soleares
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CASOS CLÍNICOS
Nome:
Idade: Espécie: Raça:
Sexo: Castrado (a):
Doença:
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