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VCI0144 Anatomia Descritiva dos Animais Domésticos

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia


Universidade de São Paulo

Professor Doutor José Roberto Kfoury Junior.


Professor Doutor Antônio Assis Neto

ANATOMIA COMPARADA
DO ESQUELETO DO
CAVALO E DO GATO
________________________________________________

Chalana Oliveira Rocha Carneiro 5214050

São Paulo, 28 de abril de 2015


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................3

ESQUELETO AXIAL

CABEÇA (CRÂNIO E MANDÍBULA) ........................................................4

DENTIÇÃO................................................................................................5

PESCOÇO, DORSO E COLUNA VERTEBRAL.......................................6

ESQUELETO APENDICULAR............................................................................8

MEMBRO TORÁCICO..............................................................................8

MEMBRO PÉLVICO................................................................................11

BIBLIOGRAFIA..................................................................................................12

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INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo realizar, através da osteologia, o estudo
comparativo da anatomia do cavalo (equus caballus) e do gato (Felis silvestris
catus), animais que, apesar das grandes diferenças anatômicas, são
considerados domésticos e são intimamente ligados à sociedade humana. No
antigo Egito, gatos eram criados para controlar roedores, caçar e apanhar
pássaros selvagens. Já os cavalos, desde os tempos mais remotos, são
utilizados como meio de transporte, reconhecimento de campo e também em
ações de choque.

Devido a fatores evolutivos, necessidades locomotoras, hábitos alimentares,


entre outros, cada animal pode apresentar certa variação em sua arquitetura
óssea. O gato e o cavalo apresentam diferenças anatômicas bem evidentes,
embora pertençam ao mesmo reino, filo e classe (Animalia, Chordata e
Mammalia, respectivamente). As diferenças iniciam a partir da ordem como
pode ser observado no quadro taxonômico:

Gato (Felis silvetris catus)


Cavalo (Equus
caballus)
ORDEM Carnívora Perissodactyla
FAMÍLIA Felidae Equidae
GÊNERO Felis Equus
ESPÉCIE Felis silvetris catus Equus caballus
Taxonomia do gato e do cavalo

Esqueleto do gato Esqueleto do cavalo

Analisando a estrutura óssea do cavalo e do gato é possível observar, de forma


geral, que os ossos do cavalo são mais largos e pesados para promover
melhor sustentação e força, seu rabo é mais curto, sua coluna é pouco flexível
e mais linear e os processos espinhosos de sua coluna vertebral são muito
mais proeminentes. Apesar de ser grande e pesado o cavalo, por ser uma
presa no ambiente selvagem, tem a capacidade de correr muito rápido e assim
fugir de seus predadores. O gato, por sua vez, é muito menor e possui
esqueleto mais flexível, o que auxilia na caça e no deslocamento. Seu rabo é
mais longo e proporciona melhor equilíbrio e agilidade.

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ESQUELETO AXIAL
CABEÇA (CRÂNIO E MANDÍBULA)
O crânio do gato é muito mais arredondado, os olhos estão posicionados
rostralmente no crânio, o que facilita sua visão a longa distância e auxilia na
visualização da presa. O cavalo possui cabeça grande, olhos posicionados
lateralmente no crânio e osso nasal bem pronunciado. Isso faz com que ele
não enxergue alguns graus na frente, contudo, sua visão lateral é bem
desenvolvida o que facilita a visualização de um possível predador a espreita.

O osso lacrimal do gato localiza-se internamente no olho, a órbita é incompleta


e proporcionalmente maior, fornecendo um maior ângulo de visão binocular. No
cavalo, o osso lacrimal está localizado externamente e a órbita é completa.

O cavalo possui mandíbula muito mais desenvolvida e poderosa, pois sua


alimentação é composta por plantas muito fibrosas e de difícil digestão o que
faz com que ele passe grande parte de seu dia mastigando. O gato é carnívoro
e não possui mobilidade lateral entre crânio e mandíbula, o que o impossibilita
de mastigar. Ao se alimentar ele usa seus dentes para rasgar a carne em
pequenos pedaços para ser engolidos.

Cabeça do cavalo (vista lateral) Cabeça do gato (vista lateral)

Crânio do cavalo (vista ventral) Crânio do gato (vista ventral)

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DENTIÇÃO
Tanto cavalos quanto gatos estão classificados entre os mamíferos domésticos
com dentição heterodonte, pois apresentam diversos grupos de dentes:
incisivos, caninos, pré-molares e molares, cada um com uma função e
característica específica. De forma geral, os dentes incisivos cortam, os
caninos seguram e rasgam, e os pré-molares e molares esmagam e trituram os
alimentos. Ambas as espécies possuem duas dentições, a primeira é
temporária e chamada de "dentição de leite" e a segunda é a dentição
permanente.

A dentição de um animal está intimamente relacionada a sua alimentação e


seu estilo de vida. Cavalos são herbívoros e passam grande parte do dia
pastando, possuem dentes incisivos longos e cortantes, separados dos
molares largos por um espaço chamado de barra. Os molares são muito largos
e têm pregas que ajudam a triturar. A sua mastigação faz o movimento de um
lado para o outro (mandíbula e maxila), raspando um dente sobre o outro para
quebrar as fibras do alimento

Os gatos têm dentição de carnívoro, com dentes afiados e dilaceradores que


foram desenhados para capturar, segurar e dilacerar uma presa e até mesmo
morder os ossos. Possuem incisivos pequenos, caninos fortes e pontiagudos e
molares com saliências aguçadas e cortantes. Suas mandíbulas não podem se
mover para os lados impedindo os gatos de mastigarem a comida, contudo,
eles mostram refinada sensibilidade organoléptica e ingerem alimentos em
pequenas quantidades várias vezes ao dia.

Quadro comparativo da dentição do cavalo e do gato

CAVALO (Total: 40 dentes) GATO (Total: 28 dentes)


Incisivos 12 (longos e cortantes) 12 (dentes pequenos)
Caninos 4 (ausente nas fêmeas) 4 (longos e afiados)
Pré-molares 12 (largos e com pregas) 8 (com saliências cortantes)
Molares 12 (largos e com pregas) 4 (com saliências cortantes)

Dentição do cavalo (vista ventral) Dentição do gato (vista ventral)

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PESCOÇO, DORSO E COLUNA VERTEBRAL
A coluna vertebral tanto de cavalos como de gatos é arqueada para auxiliar
com o estresse mecânico do peso, contudo, a diferença no formado da coluna
reflete nas diferentes exigências mecânicas.

O cavalo possui dorso reto o que proporciona maior estabilidade e corrida


linear. Já o do gato é bem arqueado e proporciona grande agilidade e
equilíbrio. Por ser um animal de tração, as vértebras lombares do cavalo são
bem largas. As do gato são pequenas e flexíveis. A crista esternal do cavalo é
maior por necessitar de maior inserção muscular.

Em relação ás costelas, o gato possui uma costela flutuante que não está
presente no cavalo. O cavalo tem movimentos de espinha muito limitados entre
as vértebras torácicas e as lombares e também não possui clavícula.

Quadro comparativo das vértebras do cavalo e do gato


CAVALO GATO
Vértebras cervicais 7 7
Vértebras torácicas 18 13
Vértebras lombares 6 7
Vértebras sacrais 5 fusionadas 3 fusionadas
Vértebras caudais 15-20 18-26

Um gato que é solto no ar com as patas mais elevadas que o corpo reage se
posicionando de modo a tocar o solo com as patas antes do impacto. Isso é
possível devido a sua coluna vertebral muito flexível e adaptada a escaladas,
subidas e descidas.

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Coluna vertebral do gato

Coluna vertebral do cavalo

Pescoço do cavalo (vista lateral) Pescoço do gato (vista lateral)

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ESQUELETO APENDICULAR
Os gatos manifestam padrões de movimentos que podem ser descritos como
alternativos ou como locomoção em fases: caminada, passo lento, trote,
passada, galope, escalada. Já os cavalos também possuem diferentes
movimentos:

Os cavalos apoiam-se em apenas uma falange, o que aumenta sua velocidade.

Estudos mostram que gatos têm controle de patas semelhante ao de pessoas,


canhotas ou destras. Isso não foi observado em cavalos.

Por serem presas na natureza, os cavalos tem a capacidade de dormir em pé


devido aos suspensores de boleto, ligamentos especiais capazes de fixar as
articulações das pernas impedindo-as de se dobrarem enquanto estão
dormindo. Isso permite que o animal possa escapar rapidamente diante de uma
ameaça.

Apesar de seu tamanho, o cavalo desenvolveu a habilidade física de se mover


rapidamente de uma possível ameaça ou ataque de um predador. Já os gatos
ao localizarem uma presa, rastejam próximo ao chão, utilizando uma passada
rápida e suave, se deitando com os membro torácicos sob o corpo e os
cotovelos estendidos, se preparando para o ataque.

MEMBROS TORÁCICOS
O acrômio está presente nos gatos, mas não nos cavalos.

A espinha da escápula dos gatos é mais pronunciada.

O rádio e a ulna, a tíbia e a fíbula sofreram processo de sinostose no cavalo e


o espaço interósseo é bem menor. Esses ossos são fusionados para evitar
torção no antebraço. Nos gatos, esses pares de ossos são claramente
separados.

Gatos não possuem clavícula e sim uma pequena cartilagem clavicular, isso dá
a capacidade de estender sua passada mover a pata de fora para dentro.

O úmero é um dos ossos mais fortes do cavalo, sua angulação permite grande
absorção de choque.

Os cavalos apresentam sete ou oito ossos carpais, dependendo da presença


ou ausência do primeiro osso do carpo. Já nos carnívoros, como os gatos, os
ossos carporradial e carpo intermediário estão fundidos, de forma que a
quantidade total de ossos carpais é reduzida para sete.

Os ossos metacárpicos (Mc) no cavalo: apenas o Mc III é totalmente


desenvolvido e contém um único dedo (forma perissodátila), não há Mc I nem
Mc V.

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Nos gatos, os dois ossos metacarpais médios (Mc III e IV) são os mais longos,
Mc II e V são mais curtos e Mc I é o mais reduzido.

Metacarpo do cavalo Metacarpo do gato

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MEMBROS PÉLVICOS
O cavalo se apoia em um conjunto unha-falanges, já o gato tem 4 falanges.

O osso coxal do gato é bem mais estreito, assim como o forame obturador é
bem menor.

A cauda do gato é bem maior o que proporciona maior equilíbrio e mais


agilidade, características importantes para um predador.

Os ossos longos do cavalo são muito mais pesados e grosso e com acidentes
ósseos mais proeminentes devido á inserção de músculo.

O ato de escalar ou subir é parte importante do comportamento locomotor do


gato, por isso eles possuem os membros pélvicos bem alongados e em formato
de Z, pois utilizam frequentemente o salto e ao saltar os ossos se distendem
proporcionando grande altura.

Membro pélvico do gato Membro pélvico do cavalo

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BIBLIOGRAFIA
 KONIG, H.E.; LIEBICH,H.G. Anatomia dos animais domésticos. Texto e
atlas colorido. Porto Alegre: Artmed, 2011.
 BOYD J. S. Atlas colorido de anatomia clínica do cão e do gato.
Segunda Edição. Manole, 2002.
 ROMER A. S., PARSONS T. S. Anatomia comparada dos vertebrados.
São Paulo: Atheneu Editora, 1985.
 DAVIES Z. Introduction to HORSE BIOLOGY. Blackwell Publishing,
2005.
 BEAVER B. V. Comportamento Felino. Um guia para veterinários.
Segunda Edição. ROCA, 2005.
 SILVA F. M. Estimativa da idade dos equinos através do exame
dentário. Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias. Centro de
Investigação Interdisciplinar em Sanidade Animal, Faculdade de
Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa
 SCAPINELLO C.. RIVERA N. L M., BORTOLO M. Fisiologia da digestão
em cães e gatos.
 DYCE ,K.M.; SACK, W.O.; WENSING C.J.G. Tratado de anatomia
veterinária. Rio de janeiro: Elsevier, 2010.

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