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O Capítulo 2 aborda a Teoria Geral do Processo, também conhecida como Teoria do

Direito Processual. Essa disciplina jurídica se dedica à elaboração, organização e


articulação dos conceitos fundamentais (lógico-jurídicos) relacionados ao processo.
A Teoria Geral do Processo é uma teoria parcial dentro da Teoria Geral do Direito,
sendo um ramo filosófico com ênfase epistemológica e faz parte da Filosofia do
Processo. A Teoria Geral do Processo pode ser considerada uma teoria geral devido
à sua abrangência universal dos conceitos lógico-jurídicos processuais, aplicáveis
em qualquer contexto processual. No entanto, ela tem uma capacidade limitada de
explicar fenômenos específicos de uma determinada ordem jurídica, pois seu objeto
de estudo é amplo. Assim como a Teoria Geral do Direito é composta por teorias
parciais, a Teoria Geral do Processo também pode ser analisada como um conjunto
de outras teorias parciais, como a Teoria da Decisão, Teoria da Execução, Teoria da
Prova, entre outras. O processo é o conceito fundamental primário da Teoria Geral
do Processo, e todos os outros conceitos jurídicos processuais dependem dele para
serem compreendidos. O conceito de processo está presente em todas as demais
categorias lógico-jurídicas processuais, bem como nos conceitos jurídico-positivos
processuais. Sem o conceito de processo, seria impossível compreender normas
processuais, direito processual, partes, admissibilidade, decisões, entre outros
elementos essenciais para a análise de qualquer tipo de processo.

O texto também menciona diferentes perspectivas do processo, como método de


criação de normas jurídicas, ato jurídico complexo (procedimento) e relação jurídica.
O processo pode ser entendido como o método de produção de normas jurídicas,
onde o poder normativo é exercido processualmente, seja no processo legislativo,
administrativo, jurisdicional ou negocial. No entanto, a estrutura do processo varia
de acordo com o ordenamento jurídico analisado, e cabe à Teoria Geral do
Processo definir o que é o processo e seus requisitos de validade. Por fim, o texto
destaca a importância do processo no contexto brasileiro, enfatizando que nem todo
processo legitima o exercício da função jurisdicional. No Brasil, o método processual
deve seguir o modelo estabelecido na Constituição, que garante o direito
fundamental ao devido processo legal, com todas as suas garantias e princípios
correlatos.

O texto explora duas perspectivas do processo: como ato jurídico complexo e como
conjunto de relações jurídicas. Sob a perspectiva da Teoria do Fato Jurídico, o
processo é considerado um ato jurídico complexo, composto por vários atos
jurídicos relacionados entre si. O procedimento, nesse contexto, é um conjunto de
atos processuais com o objetivo comum de buscar a tutela jurisdicional. O processo
pode ser visto como um procedimento estruturado em contraditório, sendo esse
requisito de validade do processo, mas não essencial para sua configuração.

Em países democráticos, é cada vez mais comum que todas as atuações estatais
ocorram por meio de procedimentos em contraditório, levando à "processualização"
de diversas atividades que antes não eram consideradas passíveis de
desenvolvimento processual. Assim, o processo é geralmente entendido como um
procedimento em contraditório. Também aborda o processo como um conjunto de
relações jurídicas. Nessa perspectiva, o processo é considerado uma relação
jurídica complexa formada pelas relações entre os sujeitos processuais, como
partes, juiz e auxiliares da justiça. Essas relações podem ser combinadas de várias
formas, como autor-juiz, autor-réu, juiz-réu, autor-perito, juiz-órgão do Ministério
Público, entre outras. Por metonímia, pode-se dizer que essas relações formam
uma única relação jurídica chamada processo. Essa relação jurídica é composta por
um conjunto de situações jurídicas, como direitos, deveres, competências e
capacidades, que são atribuídas a todos os sujeitos do processo. Portanto, o
processo é considerado uma relação jurídica complexa ou um conjunto de relações
jurídicas. É importante observar que o termo "processo" pode ser utilizado tanto
para se referir ao ato jurídico complexo quanto à relação jurídica que dele emerge.
O conteúdo específico dessa relação jurídica é determinado pela Constituição e
pelas normas processuais, que devem obedecer aos princípios do devido processo
legal e outros corolários estabelecidos.

Alguns processualistas penais brasileiros, como Rogério Lauria Tucci e Aury Lopes
Jr., são contrários à ideia de uma Teoria Geral do Processo que englobe tanto o
processo civil quanto o processo penal. Rogério Lauria Tucci argumenta que não se
pode aplicar indiscriminadamente os regramentos e institutos do processo civil ao
processo penal, devido às diferenças entre os objetos desses processos. Ele
destaca a inadequação dos conceitos de lide, processo e ação cautelar do processo
civil ao processo penal, assim como as regras de revelia. Embora seja correto
afirmar que não se deve simplesmente transplantar as regras do processo civil para
o processo penal, a crítica de Lauria Tucci falha ao direcionar sua argumentação à
Teoria Geral do Processo. A Teoria Geral do Processo não é o mesmo que um
direito processual único e não se destina a discutir a unidade ou diversidade do
direito processual. Ela tem como objetivo estudar os fundamentos e princípios
comuns a todos os ramos do direito processual. A discussão sobre a aplicação
específica de institutos e regras do processo civil ao processo penal pode ser
realizada no âmbito da Filosofia do Direito Processual.

No entanto, a Teoria Geral do Processo não está relacionada a essa discussão


específica. Além disso, a existência de conceitos como a tutela cautelar, que fazem
parte da Teoria Geral do Processo, é fundamental para compreender por que a
tutela cautelar não é aplicável ao processo penal, conforme defendido pelo próprio
Lauria Tucci. Em resumo, a inexistência de regras jurídicas únicas para o direito
processual civil e penal e a impossibilidade de transposição indiscriminada de
institutos do processo civil para o processo penal não são argumentos suficientes
para negar a existência de uma Teoria Geral do Processo que abranja ambos os
ramos do direito processual.
A disciplina Teoria Geral do Processo é amplamente presente nos cursos de
bacharelado em Direito nas principais instituições de ensino superior do Brasil. É
uma disciplina obrigatória na maioria dos cursos, sendo raras as exceções em que
não é oferecida. Embora exista variação na nomenclatura da disciplina, a
designação mais comum é "Teoria Geral do Processo". No entanto, é possível
encontrar outras denominações, como "Teoria do Processo", "Direito Processual
Geral", "Introdução ao Processo", "Introdução ao Estudo do Processo", "Introdução
ao Direito Processual" e "Introdução ao Estudo do Direito Processual". Algumas
faculdades também oferecem uma disciplina introdutória ao processo civil, que
abrange conteúdos de Introdução ao Direito Processual.

A carga horária da disciplina pode variar de 36 a 80 horas-aula por semestre, o que


geralmente equivale a três a cinco horas-aula semanais. A média costuma ser de
quatro horas-aula semanais, o que corresponde a aproximadamente 60 a 68
horas-aula por semestre, dependendo do calendário acadêmico.O conteúdo da
disciplina, em grande parte, abrange os temas sugeridos nesta tese, o que reforça
seu caráter enciclopédico, como mencionado anteriormente. Normalmente, são
estabelecidos pré-requisitos para cursar a disciplina, como Introdução ao Estudo do
Direito, Teoria Geral do Direito Civil, Direito Constitucional 1 ou 2, ou ainda Teoria
Constitucional. Além desses, podem ser exigidos pré-requisitos adicionais, como
Introdução ao Direito Civil, Teoria Geral do Direito Civil, Direito Civil 3, Introdução à
Filosofia, Direito Penal e Teoria do Estado. Devido a esses pré-requisitos, a
disciplina geralmente é oferecida a partir do quarto semestre, embora em alguns
casos possa ser introduzida antes, no primeiro, segundo ou terceiro semestre.

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