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O texto explora duas perspectivas do processo: como ato jurídico complexo e como
conjunto de relações jurídicas. Sob a perspectiva da Teoria do Fato Jurídico, o
processo é considerado um ato jurídico complexo, composto por vários atos
jurídicos relacionados entre si. O procedimento, nesse contexto, é um conjunto de
atos processuais com o objetivo comum de buscar a tutela jurisdicional. O processo
pode ser visto como um procedimento estruturado em contraditório, sendo esse
requisito de validade do processo, mas não essencial para sua configuração.
Em países democráticos, é cada vez mais comum que todas as atuações estatais
ocorram por meio de procedimentos em contraditório, levando à "processualização"
de diversas atividades que antes não eram consideradas passíveis de
desenvolvimento processual. Assim, o processo é geralmente entendido como um
procedimento em contraditório. Também aborda o processo como um conjunto de
relações jurídicas. Nessa perspectiva, o processo é considerado uma relação
jurídica complexa formada pelas relações entre os sujeitos processuais, como
partes, juiz e auxiliares da justiça. Essas relações podem ser combinadas de várias
formas, como autor-juiz, autor-réu, juiz-réu, autor-perito, juiz-órgão do Ministério
Público, entre outras. Por metonímia, pode-se dizer que essas relações formam
uma única relação jurídica chamada processo. Essa relação jurídica é composta por
um conjunto de situações jurídicas, como direitos, deveres, competências e
capacidades, que são atribuídas a todos os sujeitos do processo. Portanto, o
processo é considerado uma relação jurídica complexa ou um conjunto de relações
jurídicas. É importante observar que o termo "processo" pode ser utilizado tanto
para se referir ao ato jurídico complexo quanto à relação jurídica que dele emerge.
O conteúdo específico dessa relação jurídica é determinado pela Constituição e
pelas normas processuais, que devem obedecer aos princípios do devido processo
legal e outros corolários estabelecidos.
Alguns processualistas penais brasileiros, como Rogério Lauria Tucci e Aury Lopes
Jr., são contrários à ideia de uma Teoria Geral do Processo que englobe tanto o
processo civil quanto o processo penal. Rogério Lauria Tucci argumenta que não se
pode aplicar indiscriminadamente os regramentos e institutos do processo civil ao
processo penal, devido às diferenças entre os objetos desses processos. Ele
destaca a inadequação dos conceitos de lide, processo e ação cautelar do processo
civil ao processo penal, assim como as regras de revelia. Embora seja correto
afirmar que não se deve simplesmente transplantar as regras do processo civil para
o processo penal, a crítica de Lauria Tucci falha ao direcionar sua argumentação à
Teoria Geral do Processo. A Teoria Geral do Processo não é o mesmo que um
direito processual único e não se destina a discutir a unidade ou diversidade do
direito processual. Ela tem como objetivo estudar os fundamentos e princípios
comuns a todos os ramos do direito processual. A discussão sobre a aplicação
específica de institutos e regras do processo civil ao processo penal pode ser
realizada no âmbito da Filosofia do Direito Processual.