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DOI: http://dx.doi.org/10.18569/tempus.v11i1.1924

Psicologia e a despatologização da transexualidade

Psychology and depathologization of transsexuality

Psicología y despatologización de la transexualidad

Francisco André da Silva1


Ivana Suely Paiva Bezerra de Mello2

RESUMO: A transexualidade é um fenômeno complexo e universal, ocorrendo em várias épocas


e lugares diferentes na história da civilização. Na atualidade, é definida como o desejo persistente
de viver e ser aceito como uma pessoa do sexo oposto. Esses indivíduos podem apresentar
desconforto psicológico por causa de seu sexo biológico e almejam submeter-se a cirurgias ou
tratamentos hormonais para redefinir seus corpos. O objetivo geral deste estudo foi conhecer as
opiniões dos psicólogos sobre o processo de despatologização da transexualidade. Realizou-se
uma pesquisa de campo, descritiva, de natureza qualitativa e quantitativa, com amostra composta
por nove psicólogos clínicos de três abordagens distintas: psicanálise, cognitivo-comportamental
e humanista-existencial, com mais de 10 anos de atuação. Para alcançar os objetivos propostos,
foram utilizados dois instrumentos: 1) questionário sociodemográfico. 2) entrevista semiestruturada
elaborada especificamente para este trabalho. Os dados coletados pelas entrevistas foram analisados
pela técnica de Análise de Conteúdo Temática. Os resultados apontaram que todos os entrevistados
são favoráveis ao processo de despatologização dessas identidades. Todavia, esses profissionais
compreendem a experiência transexual de três formas diferentes: científica, vitimizadora e senso
comum. Apenas uma psicóloga entrevistada atendeu transgêneros. No entanto, todos expressaram
preparação técnica ou disponibilidade para o acompanhamento psicológico dessa população. E sobre
as propostas para despatologização, emitiram uma sugestão clínica e outra sociocultural. Conclui-
se que o conhecimento sobre a transexualidade está em construção, devido aos entrevistados ainda
confundirem os conceitos de orientação sexual e identidade de gênero.
Palavras-chave: Transexualidade, Despatologização, Psicólogos.

1 Graduado em Psicologia pelo Centro Universitário de João Pessoa - Unipê (2015.2). Cursando o Programa de
Pós-Graduação: Especialização em Psicologia Humanista e Abordagem Centrada na Pessoa pelo Unipê (2016-
2017). Psicoterapeuta de crianças, adolescentes e adultos. Têm interesse nas áreas da Psicologia Clínica, Psicologia
Social e da Saúde, Estudos de Gêneros e Sexualidade Humana. Centro Universitário de João Pessoa-UNIPE. Email:
andrew8398@hotmail.com.
2 Graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1982). Cursou a Universidade
de Harvard no período de 1988 a 1989, onde participou de um programa de Extensão em Atendimento de crianças e
adolescentes. Mestra em Psicologia Clínica pela Universidade Católica do Pernambuco (2002). Atualmente professora
e supervisora de Psicologia Jurídica do Centro Universitário de João Pessoa-UNIPÊ. João Pessoa-PB, Brasil.

ISSN 1982-8829 Tempus, actas de saúde colet, Brasília, 11(1), 81-95, mar, 2017
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ABSTRACT: Transsexuality is a complex and universal phenomenon, occurring at various times
and different places in the history of civilization. At the present time is defined as the persistent
desire to live and be accepted as a person of the opposite sex. These individuals may experience
psychological discomfort because of their biological sex and crave to undergo surgery or hormonal
treatments to redefine their bodies. The aim of this study was to know the opinions of psychologists
about the process of depathologization of transsexuality. A descriptive, qualitative and quantitative
field study was carried out with a sample composed of nine clinical psychologists from three different
approaches: psychoanalysis, cognitive-behavioral and humanistic-existential, with more than 10
years of experience. To achieve the goals we used two instruments: 1) demographic questionnaire.
2) semi-structured interview designed specifically for this job. Data collected by interviews were
analyzed by the technique of Thematic Content Analysis. The results showed that all respondents are
in favor of depathologization process these identities. Nevertheless, these professionals understand
the transsexual experience in three different ways: scientific, victimizing and common sense. Only
one interviewee psychologist met transgenders. However, they expressed technical preparation
or readiness for counseling this population. And on the proposals for depathologization issued a
clinical suggestion and other sociocultural. It is concluded that knowledge about transsexuality is
under construction, because the interviewees still confuse the concepts of sexual orientation and
gender identity.
Keywords: Transsexuality, Depathologization, Psychologists.

RESUMEN: La transexualidad es un fenómeno complejo y universal, que se producen en distintos


momentos y lugares diferentes en la historia de la civilización. En la actualidad se define como el
deseo persistente de vivir y ser aceptado como una persona del sexo opuesto. Estas personas pueden
experimentar malestar psicológico debido a su sexo biológico y desear que someterse a cirugía o
tratamientos hormonales para redefinir sus cuerpos. El objetivo de este estudio fue conocer las
opiniones de los psicólogos sobre el proceso de la despatologización de la transexualidad. Lo mismo
se hizo mediante la investigación de campo, descriptivo, cualitativo y cuantitativo de la naturaleza
con una muestra de nueve psicólogos clínicos a partir de tres enfoques distintos: el psicoanálisis,
cognitivo-conductuales y humanísticos-existencial, con más de 10 años de experiencia. Para lograr
los objetivos se utilizaron dos instrumentos: 1) cuestionario demográfico. 2) entrevista diseñado
específicamente para este trabajo semi-estructurada. Los datos recogidos por entrevistas fueron
analizados mediante la técnica de análisis cualitativo. Los resultados mostraron que todos los
encuestados están a favor de la despatologización proceso de estas identidades. Sin embargo,
estos profesionales a entender la experiencia transexual de tres maneras diferentes: científica,
victimista y el sentido común. Sólo un psicólogo entrevistado se reunió transgéneros. Sin embargo,
expresaron preparación técnica o la disposición para el asesoramiento de esta población. Y sobre
las propuestas de la despatologización emitido una sugerencia clínica y otra sociocultural. Se
concluye que el conocimiento sobre la transexualidad se encuentra en construcción, debido a los
encuestados todavía confundir los conceptos de orientación sexual e identidad de género.

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Palabras-clave: Transexualidad, Despatologización, Psicólogos.

INTRODUÇÃO

Ao longo da história da civilização, os conceitos de saúde e doença, normalidade e anormalidade


têm sofrido grandes transformações, uma vez que algumas práticas consideradas normais em uma
determinada época e em alguns locais poderão ser classificadas como anormais ou patológicas em
outro contexto cultural, geográfico, histórico, político e religioso. Um exemplo dessa mudança de
paradigma é o conceito da homossexualidade, que no passado já foi considerada uma anormalidade,
uma perversão sexual, mas, com o desenvolvimento sociocultural e científico, hoje é compreendida
como uma legítima expressão da orientação sexual humana.

Para Camino¹, o interesse da Psicologia brasileira nas questões da sexualidade não heterossexual
é ainda algo recente, comparado ao de outros organismos internacionais que há muitos anos vêm
despatologizando essas orientações e identidades sexuais. Tomando como exemplo o processo de
despatologização da homossexualidade, em 1973, a Associação Americana de Psiquiatria (APA)
retira de sua classificação a homossexualidade como transtorno de orientação sexual, o mesmo
ocorrendo com a Associação de Psicologia Americana, em 1975. Na década de 1990, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) fará o mesmo com a sua classificação de doenças.

No Brasil, em 1985, o Conselho Federal de Medicina (CFM) emitiu uma publicação definindo
que a homossexualidade não constitui uma doença de base biológica ou fisiológica nem mesmo
um transtorno psiquiátrico¹. No entanto, só em 1999 o Conselho Federal de Psicologia (CFP)
promulgou a Resolução nº 001/99², partindo do princípio de que a homossexualidade não constitui
doença, distúrbio nem perversão, estabelecendo normas de atuação para os psicólogos(as) com
relação à questão da orientação sexual. Portanto, a homossexualidade é totalmente despatologizada
no país.

Com relação aos transgêneros, sabe-se que esse é um fenômeno completo e universal, ocorrendo
em várias culturas, em épocas e locais diferentes na história da humanidade. O processo de
despatologização dessas identidades poderá ser considerado um assunto da atualidade, tanto para
a ciência como para a sociedade. Em 2010, a França foi o primeiro país do mundo ocidental a
desclassificar a transexualidade como transtorno psicológico³, enquanto na Índia, no Paquistão e
em Bangladesh, as hijras foram legitimadas e oficializadas com a nomenclatura do Terceiro Sexo4.

No Brasil, o CFP, considerando o direito à cidadania, bem como à igualdade e à dignidade


da pessoa humana, garantido pela Constituição Federal, promulga a resolução nº 014, de 20115,
permitindo aos psicólogos(as) travestis e transexuais utilizarem seus nomes sociais no campo
“observação” de suas carteiras de identificação profissional5. Essa publicação abre precedentes

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para o questionamento e a consequente mudança sobre a forma como a psicologia brasileira
compreende a experiência dos transgêneros.

Já em 2013, a publicação da nota técnica sobre processo transexualizador e demais formas


de assistência às pessoas trans se torna um marco no processo de despatologização. Como um
documento oficial de orientação para a atuação dos psicólogos na promoção da saúde mental dessa
população, o CFP afirma que a transexualidade e a travestilidade não constituem psicopatologias,
embora sejam expressões do gênero e da sexualidade não normativa6. Em 2014, é oficialmente
regularizada a campanha de comunicação pela despatologização dessas identidades.

Outra razão que justifica a importância de se pesquisar essa temática é a violência sofrida pelas
pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgêneros (LGBTs), mais especificamente, os
transgêneros. De acordo com o Grupo Gay da Bahia7, no ano de 2014, houve 326 assassinatos
de pessoas LGBTs no país, sendo que, desse número, 41% eram travestis. No estado da Paraíba,
ocorreram 18 assassinatos, sendo de duas mulheres lésbicas, sete homens gays e nove pessoas
travestis.

Percebe-se, através desses dados, a necessidade urgente de problematizar essa realidade, uma
vez que as pessoas transexuais são vítimas de inúmeras atitudes de preconceito e comportamentos
discriminatórios, inclusive assassinatos.

Na contemporaneidade, todas as expressões da lgbtfobia, como lesbofobia, gayfobia, bifobia,


travestifobia, transfobia, são importantes determinantes sociais a serem analisados e discutidos.
Mesmo não sendo o objetivo deste estudo o fenômeno do preconceito e a discriminação sofrida pelos
transgêneros, é necessário enfatizá-los como variáveis socioculturais importantes na compreensão
dos processos de saúde e padecimento psicológico vivenciados por essas pessoas8.

Neste trabalho, abordou-se o processo da despatologização da transexualidade sob o ponto de


vista do enfoque biomédico psicopatologizante, na perspectiva da construção sociocultural e nos
discursos das abordagens teóricas da ciência psicológica. Dessa forma, adotou-se a terminologia
transexualidade, em vez de transexualismo, por se entender que se trata de uma legítima expressão
do gênero e da sexualidade humana que produz subjetividade singular.

Considerações sobre a sexualidade

Antes de adentrar nas teorias sobre identidades transexuais, faz-se necessário conhecer alguns
pressupostos básicos que auxiliarão em uma melhor compreensão das diversidades de gênero e
sexual humanas. Deve-se entender que a sexualidade é uma construção biopsicossocial e histórica.
É complexa, pois envolve uma gama de comportamentos, sentimentos e atrações que nem sempre
poderão ser alterados. Para compreender essa multiplicidade, é necessário conhecer alguns

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aspectos dessa construção. Picazio9 apresenta a teoria dos quatro pilares da sexualidade, que são:
os conceitos de sexo biológico, os papéis sexuais, a orientação sexual e a identidade sexual.

Sexo biológico é a terminologia atribuída de acordo com as marcas anatômicas, características


genotípicas e fenotípicas do corpo humano. A partir da genitália, reconhecer-se-á o indivíduo como
macho ou fêmea. Já o papel sexual refere-se a comportamentos considerados adequados a cada
gênero, de acordo com o contexto sociocultural em que a pessoa está inserida9.

A orientação sexual é definida como a direção do desejo erótico, a recorrente atração afetiva/
sexual por um representante de um determinado gênero. A terminologia orientação sexual é
considerada, atualmente, mais apropriada para definir esse aspecto da sexualidade do que opção ou
preferência, isso porque a mesma não é uma escolha consciente e nem deliberadamente alterada.
São expressões da orientação sexual humana: a heterossexualidade, a homossexualidade e as várias
formas da bissexualidade, além da assexualidade9,10.

Já o conceito de identidade sexual é definido como o reconhecimento subjetivo que a pessoa faz
quanto à sua identidade de gênero. Podendo ser masculino, feminino ou, ainda, alguma combinação
entre os dois. Entretanto, essa identificação nem sempre estará de acordo com o sexo biológico9,10.
É esse último aspecto que irá focalizar este estudo. São exemplos das identidades não binárias as
expressões transgêneras, como travestis e homens e mulheres transexuais.

Na atualidade, a transexualidade é reconhecida como o desejo permanente de viver e ser aceito


como uma pessoa do sexo oposto. Esses indivíduos podem apresentar grande sofrimento psicológico
por causa de seu sexo anatômico e almejam submeter-se a cirurgias ou tratamentos hormonais
para redefinirem seu sexo11,12. Enquanto a travestilidade é caracterizada como uma vivência de
gênero discordante da genitália, em que a pessoa usa vestimentas do gênero oposto, chegando a
transformar seu corpo, mas sem a intenção de redefinir seu sexo biológico12. Vale explicar que essa
divisão entre travestis e transexuais é um fenômeno tipicamente brasileiro, pois em outros países
ambas as identidades são denominadas transgêneros.

Transexualidade e o discurso médico psicopatologizante

O discurso biomédico psicopatologizante partiu de uma perspectiva biológica e evolucionista,


em que a sexualidade tem como meta a reprodução, e toda experiência erótica que não culmine
com esse objetivo é considerada um desvio, uma anormalidade ou perversão. Stoller13, como
representante dessa vertente, defende a experiência transexual como um transtorno de identidade
de gênero. Todavia, para realização desse diagnóstico, seria necessário que o portador apresentasse
o senso de identidade permanente, ou seja, profunda convicção de que nasceu no corpo errado. Ele
deverá apresentar uma identidade de gênero discrepante com o sexo biológico, repulsa pelos órgãos
genitais e, ainda, uma relação simbiótica com a figura materna. De acordo com essa abordagem,

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o transexual não pode ser entendido como psicótico, mas deve ser tratado através da cirurgia de
transgenitalização.

Atualmente, o discurso biomédico tem como referência para realização de seus diagnósticos o
Código da Classificação Internacional de Doenças – CID-10, publicado conforme a Organização
Mundial da Saúde11, em que a experiência transexual é denominada Transtorno de Identidade
de Gênero. Já para o novo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5,
emitido pela Associação de Psiquiatria Americana (APA)14, os transgêneros deixaram a categoria
de Transtorno de Identidade Sexual e receberam a nomenclatura de Disforia de Gênero3. Dessa
forma, a identidade não é mais compreendida como um transtorno por si mesmo, mas a disforia,
sim14.

Entretanto, existem no mundo mais de 100 organizações internacionais e multiprofissionais


que trabalham pela retirada dos transgêneros das classificações patológicas, entre as quais se pode
destacar a rede na África, na Ásia, na Europa e nas Américas do Norte e do Sul. Essas organizações
propõem: a remoção do Transtorno de Identidade de Gênero do DSM-5 e do CID-11; a exclusão
da menção de sexo dos documentos oficiais; a extinção dos tratamentos de normalização binária
para pessoas intersexos; o livre acesso aos tratamentos de transexualização, sem a necessidade de
tutela psiquiátrica compulsória; e a intensificação da luta contra a transfobia, facilitando a entrada
das pessoas transexuais no mercado de trabalho, promovendo a reinserção social15.

No Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou as Resoluções Federais nº


1.482/199716, n° 1.652/200217 e nº 1.955/201018, diagnosticando o paciente transexual como portador
de um desvio psicológico permanente, com rejeição do fenótipo e tendência a autoextermínio ou
automutilação. Dessa forma, permite a realização das cirurgias de transgenitalização como uma
maneira de corrigir terapeuticamente os casos de transexualidade16-18.

Assim, a experiência dos transgêneros ainda é psicopatologizada como transtorno de gênero no


mundo ocidental. Vale salientar que o discurso biomédico é uma variável de extrema importância
na problematização da despatologização das identidades trans, uma vez que o processo
transexualizador é ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no país, garantido pelos mesmos
dispositivos que emitem o discurso de medicalização.

Transexualidade e o discurso da construção sociocultural

Ao abordar o fenômeno da transexualidade, é preciso entender que gênero e sexualidade


são construções sociais que sofrem influência do tempo histórico, político e cultural. Segundo
Foucault19, na história da humanidade, a sexualidade é um dos dispositivos das relações de poder,

3 Disforia de Gênero: refere-se ao sofrimento que poderá acompanhar a incongruência entre a expressão do gênero e
o sexo biológico (APA, 2013)14.

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pois se busca o adestramento do corpo pela produção da subjetividade que ocorre no campo do
imaginário. Para tal autor, a invenção da sexualidade obedece à normatização do corpo através de
regras pré-estabelecidas pela sociedade em cada momento histórico.

Beauvoir20 analisou o papel da mulher na coletividade ocidental, escandalizando a sociedade


parisiense ao afirmar: “Ninguém nasce mulher, mas torna-se mulher”20. Para a filósofa, o meio
sociocultural, histórico, político e econômico irá moldar a construção da identidade de gênero. De
acordo com esse enfoque, é através da interação social que o indivíduo se constituirá em homem ou
mulher, e não por ter nascido com a marca anatômica sexuada que o designa como macho ou fêmea.
A autora ainda afirma que é através do corpo, como instrumento de conhecimento do meio social,
que se irradia a subjetividade. Pode-se compreender, através dessa perspectiva, que a identidade
de gênero será constituída através das relações da criança com o seu meio sociocultural e que a
formação do feminino ou do masculino não estará alinhada com o sexo biológico do nascimento.

Butler21, rompendo com o alinhamento da trilogia naturalista do sexo-gênero-desejo, afirma


que o gênero é uma performance fortemente construída pela cultura com o objetivo de perpetuar
os modelos heteronormativos dominantes. Mas alguns corpos fugiram da malha da normatividade,
desconstruindo a dicotomia do sexo como algo natural e do gênero como construto social.

Esta autora critica o movimento feminista e as ideias de Beauvoir20, por aceitar o sexo como
algo natural e o gênero como uma configuração construída culturalmente, pois, dessa forma, o
conceito de identidade do gênero estaria próximo à essência, substância do verdadeiro eu, seguindo
o paradigma naturalista do sexo binário.

Ao descontruir esse entendimento, o sexo deixa de ser algo natural e passa a ser algo
construído pelo discurso e pela cultura. Já o gênero não mais representará o verdadeiro eu,
mas será compreendido como um fenômeno mutável e contextual, configurando novas formas
de subjetividades21. Compreende-se, através dessa perspectiva teórica, que as expressões dos
transgêneros são rupturas com o modelo heteronormativo do sexo binário. No entanto, mesmo
sendo transgressões, produzem subjetividades.

Com base nessa breve apresentação teórica, o objetivo geral desta pesquisa foi conhecer as
opiniões dos profissionais da ciência psicológica acerca do processo de despatologização da
transexualidade. Já os objetivos específicos foram: identificar o perfil sociodemográfico dos
profissionais; áreas de atuação e as teorias psicológicas que consolidam suas intervenções;
investigar o conhecimento dos psicólogos(as) sobre o fenômeno da transexualidade; verificar se os
profissionais se sentem preparados para o atendimento de transexuais; e analisar o trabalho desses
profissionais nos atendimentos prestados a essa população.

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METODOLOGIA

Este artigo é derivado de uma pesquisa de campo, descritiva e de natureza qualitativa e


quantitativa, com amostra composta por nove psicólogos clínicos de três abordagens: Psicanálise,
Cognitivo-Comportamental e Humanista-Existencial, com mais de 10 anos de atuação. Para alcançar
os objetivos propostos, foram utilizados dois instrumentos: 1) questionário sociodemográfico;
2) instrumento composto por 11 itens, elaborado especificamente para este trabalho. Os dados
coletados pelas entrevistas foram analisados pela técnica de Análise de Conteúdo Temática22, sendo
discutidos com base no referencial teórico, utilizado no corpo do trabalho. Este estudo foi realizado
considerando-se os aspectos éticos pertinentes a pesquisas envolvendo seres humanos, de acordo
com a Resolução nº 466/1223.

RESULTADOS

Abaixo, apresenta-se tabela referente aos dados sociodemográficos dos participantes


entrevistados:

Tabela 1 – Dados sociodemográficos

ESTADO TEMPO DE
SEXO IDADE RELIGIÃO FORMAÇÃO ABORDAGEM
CIVIL ATUAÇÃO
Sujeito Cognitivo-
M 34 Casado Ateu Especialista 12 anos
1 Comportamental
Sujeito
F 62 Casada Católica Mestre Humanista 35 anos
2
Sujeito
F 44 Casada Espírita Doutora Psicanálise 21 anos
3
Sujeito
F 49 Solteira Católica Mestre Humanista 25 anos
4
Sujeito
F 50 Casada Católica Mestre Humanista 20 anos
5
Sujeito Cognitivo-
M 39 Casado Não Tem Especialista 14 anos
6 Comportamental
Sujeito
F 61 Divorciada Não Tem Especialista Psicanálise 19 anos
7
Sujeito
F 64 Casada Católica Especialista Psicanálise 14 anos
8
Sujeito Cognitivo-
F 35 Casada Católica Doutora 14 anos
9 Comportamental

Fonte: Elaboração própria.

De acordo com a tabela acima, foram entrevistados nove psicólogos, sendo sete deles do sexo
feminino e dois do sexo masculino. A idade variou de 34 a 64 anos. O estado civil foi de sete
casados, uma solteira, uma divorciada. No quesito religião, cinco são católicos, uma espírita, um
ateu e outros dois se denominaram sem religião.

Foram entrevistados três profissionais de cada abordagem, ou seja, três da abordagem Cognitivo-
Comportamental, três da abordagem Humanista-Existencial e três da perspectiva Psicanalítica.
O tempo de atuação clínica variou de 12 a 35 anos. Já a Análise de Conteúdo Temática gerou
um conhecimento geral baseado em oito categorias e dezessete subcategorias, conforme a tabela

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abaixo:

Tabela 2 – Categorias e subcategorias

CATEGORIA SUBCATEGORIA
Afirmativo
Atendimento às pessoas com questões sexuais
Atendimento a homossexuais
Afirmativo
Formação específica para atender questões sexuais
Negativo
Percepção se há diferença no atendimento com relação Negativo
ao gênero Afirmativo
Vitimização
Percepção sobre a transexualidade Científica
Senso Comum
Negativo
Atendimento a transgêneros
Afirmativo

Preparação teórica para atender a esta demanda Afirmativo

Não é doença
Percepção sobre a despatologização da transexualidade Afirmativa
Etiologia
Social
Propostas para a despatologização
Clínica

Fonte: Elaborada pelo autor.

DISCUSSÃO

As psicólogas Humanistas-Existenciais enunciaram na categoria Atendimento às Pessoas com


Questões Sexuais a informação de que todas atendem essa população. Entretanto, ressaltaram que
não tratavam da problemática da sexualidade em si, mas das pessoas em suas totalidades. Foi
possível constatar nessas respostas uma harmonia com os pressupostos do holismo preconizado
por esse sistema de psicoterapia. Segundo Ribeiro24, as abordagens Humanistas-Existenciais não
focalizam a psicopatologia, ninguém cura ninguém, mas enfatizam as potencialidades, nos aspectos
saudáveis da personalidade. Neste grupo de entrevistadas apareceu a subcategoria atendimento a
pessoas com orientação homossexual. Vale lembrar que no instrumento de entrevista não havia
nenhuma pergunta direcionada ao conceito da orientação sexual.

Sobre a Formação Específica para Atender Pessoas com Questões Sexuais, revelou-se
ambivalência nas subcategorias: afirmativa (“sim, através cursos de curta duração”) e negativa.
Enquanto a categoria Percepção se há Diferença no Atendimento com Relação ao Gênero, houve
duas subcategorias: uma afirmativa (“sim”) e outra negativa: “Não, quando você olha o indivíduo
como um todo. Independente do gênero, é um contato com a pessoa humana.”.

Com relação à categoria Percepção sobre a Transexualidade, revelaram uma subcategoria

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de vitimização: “o sofrimento vivenciado por estas pessoas motivado pelo preconceito”. Já na
subcategoria científica, foi expresso o conhecimento de que a transexualidade é uma identidade
que apresenta incongruência entre o corpo e a alma, que poderá gerar sofrimento, e não é igual
ao construto da orientação sexual. Observa-se que essas informações também estão alinhadas
com a perspectiva humanista, para a qual a psicopatologia é compreendida como um processo de
alienação, discrepância entre o autoconceito e a experiência das pessoas25.

Na subcategoria Senso Comum, afirmaram que a transexualidade é igual à homossexualidade.


Essa informação é bastante presente na grande população que não conhece as atuais teorias sobre
a diversidade de gênero e a sexual9. Já a categoria Atendimento aos Transgêneros foi revelada
uma subcategoria Negativa, ou seja, nenhuma das entrevistadas atendeu pessoas travestis ou
transexuais. Mesmo assim, essas profissionais afirmaram disponibilidade para ouvir e acompanhar
psicologicamente essas pessoas.

Com relação à categoria Percepção sobre a Despatologização, apresentaram uma subcategoria


Afirmativa: expressaram ser a favor, pois não é doença. E, sobre a etiologia, afirmaram não saber
ao certo, ora era biológico, ora construção. No entanto, não relataram a teoria psicodramática da
construção psicossocial da transexualidade26,27.

Na categoria Propostas para a Despatologização, apareceu o discurso social: “pesquisar mais


para construir uma concepção não patologizante/ser revisto pela CID-10/o profissional deverá se
desvencilhar dos preconceitos”. Essa unidade temática corrobora os achados de Giongo, Menegotto
e Petters28 sobre a necessidade de problematizar os preconceitos dos profissionais da saúde; e
uma Proposta Clínica enfatizando a necessidade de se oferecer escuta através de um processo
empático. Assim, as psicólogas Humanistas-Existenciais trouxeram alguns pressupostos das suas
abordagens, como o conceito de totalidade, o enfoque na pessoa e não nas psicopatologias, não
explicando as casualidades, mas oferecendo a escuta empática, sem esquecer as variáveis sociais
do preconceito, problematizando os dispositivos de saúde que patologizam.

As profissionais de orientação Psicanalítica expressaram, na categoria Atendimento às Pessoas


com Questões Sexuais, duas subcategorias: uma afirmativa – “Sim. Pessoas têm questões ligadas à
sexualidade/sexualidade está na estruturação do sujeito/É uma pulsão forte que nos move”. Na outra
subcategoria, também foi evidenciado o atendimento frequente aos homossexuais. Na categoria
Formação para Atender, não haviam feito nenhuma formação específica, exceto pequenos cursos,
pois a própria abordagem oferece suporte. Enquanto na categoria Percepção se há Diferença no
Atendimento com Relação ao Gênero, todas verbalizaram que não há diferença no atendimento
entre os sexos, pois a essência ou os problemas do ser humano são os mesmos.

Com relação à categoria Percepção sobre a Transexualidade, apresentaram a subcategoria


científica “Um caminho de constituição psíquica/O transexual aponta claramente que a biologia
não responde pelo sujeito/identidade subjetiva que está além do órgão e gênero”. Esse resultado

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está embasado na teoria freudiana da bissexualidade psíquica29,30. Já na subcategoria vitimização,
revelaram os dizeres sobre sofrimento e angústias. E, quanto à categoria Atendimento aos
Transgêneros, houve uma subcategoria Afirmativa: “sim, normal”. E outra Negativa: “nunca atendi
transexuais”. Sobre a preparação teórica para atender a essa demanda, afirmaram que se sentem
preparadas.

Quanto à Percepção sobre a Despatologização da Transexualidade, evidenciou-se uma


concordância afirmativa, justificada pelas subcategorias, de que a transexualidade não é doença,
e uma etiológica: “a biologia não responde as possibilidades de constituição psíquica”. Sobre as
Propostas para a Despatologização, apareceram duas subcategorias: uma clínica, embasada na
possibilidade de ajuda psicológica; e outra social, levando em consideração que “ideia é de ajuda
social/Precisa ser discutida/debatida nas áreas da política/Tem uma questão social/o contexto social
é fundamental”.

Identifica-se que o conhecimento levantado pelas psicólogas Psicanalíticas está em concordância


com a perspectiva teórica apresentada por Lionço30, uma vez que essas profissionais entendem a
vivência dos transgêneros à luz de suas abordagens clínicas, levando em consideração as variáveis
políticas e sociais na compreensão dos fenômenos do preconceito e da discriminação, como,
também, de propostas sobre a despatologização dessas subjetividades. Assim, percebe-se que esse
viés clínico está dialogando com a perspectiva do discurso sociocultural.

Pode-se observar, através do relato dos psicólogos Cognitivo-Comportamentais, que o


Atendimento a Pessoas com Questões Sexuais é realizado como qualquer outro tipo de demanda.
No entanto, o acompanhamento psicológico prestado a homossexuais é um fenômeno recorrente,
mesmo que os entrevistados não possuíssem formação específica para atender tais questões. No
tocante à categoria Percepção se Ocorre Diferença no Atendimento com Relação ao Gênero, foi
expresso que, embora haja diferença entre homens e mulheres, os processos clínicos e o sofrimento
são os mesmos, o que difere são as queixas.

Já na categoria Percepção sobre a Transexualidade, ainda que entendam o fenômeno de forma


vitimizadora – “confusão, complicação” –, esses profissionais compreendem que a vivência
transexual não é igual à homossexualidade, sendo uma identidade e não uma orientação afetiva/
sexual. Enfatizaram que não é doença e que, se existe algum problema, é a dissonância e não
a pessoa em si. Nenhum dos entrevistados teve experiência no Atendimento dos Transgêneros,
todavia, afirmaram sentir-se preparados para acompanhar psicologicamente essa população.

Quanto à categoria Percepção sobre a Despatologização da Transexualidade, expressaram que


é “uma coisa boa para essas pessoas não convencionais”. Ressaltaram, mais uma vez, que não é
patologia, que são “pessoas comuns, trabalham, amam, têm amigos”. E, sobre a origem, afirmaram
que não se conhece ao certo a etiologia, entretanto, evidenciaram uma perspectiva biológica.

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Já na categoria Propostas para a Despatologização, expressaram uma subcategoria Clínica:
“Um tipo de procedimento clínico que ajude a pessoa a viver sua real identidade sexual”. E uma
subcategoria Social, priorizando a necessidade do “diálogo, abertura de certos canais para a
população compreender/aspectos culturais para que as pessoas vejam que não há diferença/é questão
cultural”. Desta forma, observa-se que as respostas dos psicólogos Cognitivo-Comportamentais
estão embasadas no DSM-514, já que, mesmo que a transexualidade não seja psicopatologizante,
está alinhada com uma perspectiva clínica biomédica.

CONCLUSÃO

A presente pesquisa objetivou conhecer as opiniões dos psicólogos clínicos acerca do processo de
despatologização da transexualidade: ao qual todos afirmaram ser favoráveis. Também foi possível
verificar que apenas uma entrevistada desta amostra atendeu uma pessoa no trânsito dos gêneros,
o que dificulta uma análise mais consistente do trabalho desses profissionais nos atendimentos às
pessoas travestis e transexuais.

Com relação ao conhecimento dos psicólogos sobre o fenômeno da transexualidade, percebe-se


que ainda está em construção, pois alguns entrevistados confundiram os construtos de orientação
sexual e identidade de gênero, além de associarem em suas respostas a orientação homossexual aos
transgêneros.

No entanto, todos verbalizaram preparação técnica ou disponibilidade para atender esse


segmento populacional. Provavelmente, a campanha levantada pelo CFP pela despatologização
dessas identidades tenha de alguma forma contribuído para esse resultado, uma vez que essas
informações são transmitidas a todos os profissionais tanto através de informativos impressos
como, também, por meio eletrônico, pelo site oficial dessa autarquia.

Ao término dessa atividade, vale registrar as dificuldades enfrentas para se conseguir essa amostra
de entrevistados, pois foram convidados mais de 20 profissionais que se negaram a participar desta
pesquisa. Alegaram não possuir tempo, problemas de saúde e que não gostariam de se posicionar
sobre o tema naquele momento. É sabido que esse assunto ainda é delicado, envolto de tabus, o
que fomenta os processos de preconceito e discriminação. Por esse motivo, a finalidade deste artigo
não é generalizar os dados obtidos na presente pesquisa, uma vez que são poucos em uma amostra
por conveniência, mas levantar discussões, refletindo sobre o processo de despatologização da
transexualidade no Brasil.

Espera-se que futuras pesquisas venham aprofundar e problematizar esse tema, pois se entende
o quão importante são para a construção de uma visão positiva dos transgêneros, como também
se espera a efetivação de políticas públicas inclusivas e o desenvolvimento de dispositivos que
promovam a saúde psicológica para esse segmento populacional.

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Artigo apresentado em 29/09/2016


Artigo aprovado em 11/07/2017
Artigo publicado no sistema em 21/09/2017

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