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Artigo

Original

A UNIÃO DA FOTOGRAFIA E ARQUITETURA


ATRAVÉS DA CENOGRAFIA
The union of photography and architecture through scenography

Luiza Brandão dos Reis Aline Sauer


Graduando Orientador
Arquitetura e Urbanismo Faculdade UCL
luiza@ucl.br alinesauer@ucl.br

A lista completa com informações de autoria está no final do artigo

RESUMO
Objetivo: Demonstrar como a arquitetura se une a fotografia através da construção artística de vários cenários que
remetem várias épocas e temas diversos, comprovando mais um campo de atuação para o Arquiteto.
Método: Foi utilizado o método de pesquisa exploratória através de levantamentos bibliográficos constituídos de estudos
sobre livros e artigos sobre os assuntos abordados e entrevista com arquiteto.
Resultado: Através das pesquisas realizadas foi possível constatar a relação entre cenografia, fotografia e arquitetura e a
forma como elas se unem, ratificando mais uma área de atuação do arquiteto.
Conclusões: O objetivo deste trabalho foi atingido em virtude dos estudos realizados comprovando como a arquitetura
se une a fotografia através da cenografia, sendo essa mais uma área de atuação do arquiteto e corroborando a importância
dos conhecimentos de arquitetura nesse campo.

PALAVRAS-CHAVE: Arquitetura. Cenografia. Fotografia. Cenários.

ABSTRACT
Objective: Demonstrate how architecture joins photography through the artistic construction of various scenarios that
refer to different eras and different themes, proving yet another field of action for the Architect.
Method: The exploratory research method was used through bibliographic surveys consisting of studies on books and
articles on the topics covered, case studies and interviews with an architect.
Result: Through the researches carried out, it was possible to verify the relationship between scenography, photography
and architecture and the way they come together, confirming yet another area of activity of the architect.
Conclusions: The objective of this work was achieved due to the studies carried out proving how architecture joins
photography through scenography, this being another area of activity for the architect and corroborating the importance
of architectural knowledge in this field.

KEYWORDS: Architecture. Set design. Photography. Scenarios.

Faculdade do Centro Leste - Manguinhos, Serra-ES


1 INTRODUÇÃO
Ao se falar sobre fotografia torna-se necessário entender o que é a fotografia em si, e de acordo
com Machado (2019), “a fotografia é a base tecnológica, conceitual e ideológica de todas as mídias
contemporâneas”, abrangendo assim tudo o que a elas se referem: cinema, novela, series, programas
televisivos e a própria fotografia. Dessa forma, ao se referir sobre imagem fixa e imagem em
movimento, destacam-se diferentes formatos e composições hibridas da imagem fotográfica,
tornando-a uma vasta forma de expressão (FATORELLI, 2020).

A fotografia engloba não só a imagem em si, mas também os espaços a ela destinados. A
criação, organização e utilização desses espaços são elementos relevantes da cenografia, assim como
sua ocupação pela ação e pelo público (COHEN, 2007). A cenografia, através da criação de cenários,
tem importância não só na construção de uma atmosfera, mas na reprodução de contextos, sejam eles
históricos ou sociais, ou seja, na transmissão ao público da história a qual ele quer contar (LATORRE
e MALANGA, 2013).

As representações de espaços, lugares e objetos e a maneira na qual elas remetem as memórias,


não são instrumentos apenas da cenografia, mas linguagens profundamente ligadas a arquitetura,
criando dessa forma, uma conexão entre estas duas disciplinas (FREZZARIN, 2016). Assim,
arquitetura cenográfica une diferentes conceitos na construção de ambientes que possam proporcionar
uma fotografia de boa qualidade no que se deseja retratar.

Segundo Magnavita (2006), a cenografia era atribuição do arquiteto, o que é pouco usado nos
tempos atuais, mas de grande valia, como é perceptível nos cenários televisivos, festivais e, mais
recentemente, em estúdios fotográficos. A arquitetura cenográfica é a união dessas duas disciplinas
artísticas: cenografia e arquitetura; para a elaboração de ambientes que se tornem uma fotografia
visual de elevada qualidade (VIVA DECORA, c2018, online).

A arquitetura não deve ser vista apenas como um fator construtivo, mas como uma
manifestação de arte, assim como a cenografia não deve ser considerada apenas uma representação
de algo real, ela vai muito além, “através do ambiente cenográfico são expressados sentimentos e
sensações que atinge o público de uma forma única, em um momento especifico” (AMORIM, 2019,
p.8).

A partir disso, o objetivo geral do trabalho consiste em demonstrar como a arquitetura se une
a fotografia através da construção artística de vários cenários que remetem várias épocas e temas
diversos, comprovando mais um campo de atuação para o Arquiteto. Além disso, os objetivos
específicos são, explicar os conceitos na área da arquitetura baseados na criação, elaboração e
montagem de um cenário; refletir sobre a relação da cenografia com a fotografia e arquitetura;
entender a importância e estruturação do espaço cênico; e identificar como os arquitetos são capazes
de criar tais espaços.

2 METODOLOGIA
O projeto de pesquisa é classificado como pesquisa exploratória, pois, é um estudo sobre as
disciplinas de arquitetura, cenografia e fotografia e a forma como elas se relacionam e se assimilam.
Segundo Gil (2002) em sua bibliografia, uma pesquisa exploratória pode ser descrita da seguinte
maneira:
Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema,
com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas

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pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de
intuições (GIL, 2002, p. 41)
De acordo com o projeto de estudo, é necessário que haja uma discussão a respeito da
classificação da pesquisa sobre a técnica de coleta de dados. Refletindo-se sobre a pesquisa, pode-se
afirmar que, sobre a visão de Gil, a pesquisa é classificada como bibliográfica pois tem como base
um material já desenvolvido, majoritariamente constituído de estudos sobre livros e artigos
científicos. Tendo como vantagem clara, a possibilidade de o investigador obter uma ampla cobertura
de fenômenos do que aquela pesquisada diretamente (GIL, 2002).

Portanto, levando em conta o conceito anterior, a classificação como bibliográfica se dá pela


análise e estudo de livros e obras de embasamento cientifico sobre o assunto abordado agregando
conteúdo a pesquisa. Para colaboração na fundamentação desse estudo foi realizada uma entrevista
online com um profissional de arquitetura.

3 RELAÇÃO DA CENOGRAFIA COM A FOTOGRAFIA E ARQUITETURA


Com o avanço dos estudos realizados a respeito da fotografia, o item de maior importância e
que mais influencia na qualidade das imagens é a iluminação. O que também, segundo Urssi (2006),
é de suma relevância em ambientes cenográficos para o conjunto artístico que o constitui, sendo o
componente compositivo para toda a obra. Sendo assim, a principal relação entre cenografia,
fotografia e arquitetura é a essência da iluminação: a luz.

Na fotografia, a luz é fundamental para a captação do que se deseja registrar, para Lüersen
(2007), a luz é responsável por conceder personalidade e clima a fotografia, ela realça as
características do tema, transmite estados de espírito, proporciona a atmosfera desejada ao fotógrafo
e, por fim, expõe emoções por meio de uma adequada associação entre luz e tema.

Para a arquitetura, a luz surge como um elemento que determina a percepção do espaço,
permitindo a contemplação de suas qualidades, tais como: textura, forma, cor, dentre outras. A luz é
possivelmente o componente com maior importância na atmosfera do espaço (COSTA, 2013). De
acordo com Costa (2013) a utilização da iluminação de forma apropriada, exacerba o impacto
emocional e poético do projeto, considerando assim, que a luz não é algo devoluto e insignificante,
visto que está sempre presente na arquitetura, mas o artifício mais rico e magnificente utilizado pelos
arquitetos.

Outra grande relação entre as disciplinas de arquitetura, cenografia e fotografia, é o que se


chama de espaço, que é o ambiente ao qual se organiza e dispõe os elementos do ato. Enquanto “a
cenografia é a solução dramática do espaço” (COHEN, 2007 apud MALINA, 2007, p. 32), na
fotografia o espaço surge como parte indispensável à sua construção e elemento fundamental a sua
recordação (FELIZARDO e SAMAIN, 2007). Segundo Costa (2013), o significado de arquitetura se
tem através do espaço, onde esse é o centro da interação e no conceito de espaço não existe espaço
vazio.

Através da expansão do campo comparativo, nota-se como a arquitetura, cenografia e


fotografia estão relacionadas de diversas maneiras e, de acordo com Santini (2018), a cenografia,
assim como as demais disciplinas, possui o intuito de estruturar um espaço para que nele possa se
estabelecer uma relação interativa aliando conhecimentos técnicos e teóricos a criatividade para a
criação desses espaços.

Tanto a arquitetura, quanto a cenografia e a fotografia, estão diretamente ligadas através da


arte, da imagem e da interação do homem. Assim sendo, a cenografia não se pauta apenas no texto,

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mas no espaço, luz, som, cor, imagem e movimento (COHEN, 2007). Da mesma maneira, como a
fotografia não se limita apenas a captura de uma imagem, mas, segundo Felizardo e Samain (2007),
é a arte de perpetuar uma memória. Para Costa (2013, p. 39), “falar de arquitetura é falar de espaço
que se percebe, que se inicia no limite da matéria tangível, ligando o Homem à interação da luz com
a sombra”.

4 A IMPORTÂNCIA DA ESTRUTURAÇÃO DO ESPAÇO CÊNICO


Um cenário não funciona apenas como plano de fundo para uma imagem, mas, de acordo com
Silva (2013), como um fator de interação entre o espaço e o homem, permitindo a comunicação entre
eles. A narrativa, a história e o contexto social são pontos cruciais para a formação do espaço cênico,
bem como a paisagem, o local e o cenário também são uma forma de construir uma cenografia física,
perceptiva e emocional do que ela deseja retratar ao espectador (LOTKER e GOUGH, 2013)

Segundo Howard (2009), o espaço do cenário permanece inerte, silencioso e vazio aguardando
que o cenógrafo e o telespectador o libertem para a vida. É possível perceber dessa forma, a
importância da estruturação do espaço cênico, pois a cenografia é vista como a conexão entre os
figurantes, os recursos cênicos e a forma com que esta varia de acordo com a maneira em que o corpo
se comunica com o equipamento cênico (SILVA, 2013).

A linguagem cenográfica e a linguagem visual estão associadas, pois uma está completamente
ligada a outra, visto que todo o seu conceito está vinculado (VANTINE, 2019). Sendo assim, a
cenografia pode ser considerada uma experiência multissensorial para o público, tornando o ambiente
cenográfico um local de natureza polissêmica, permitindo que o espectador se baseie em seus próprios
sentimentos, experiências e criatividade em suas interpretações e projeções imaginativas
(MCKINNEY, 2008).

O espaço cênico tem esse desígnio de propagar emoções, e essas são transmitidas por meio
dos sentidos humanos – visão, audição, tato, olfato e em alguns casos o paladar, tornando notável a
importância da estruturação cenográfica para a ligação entre a linguagem e o ambiente cênico. Dessa
maneira, é perceptível como o espaço é o fator principal para a cenografia e a maneira como ele se
associa com outros elementos é capaz de ser compreendida como a manifestação dessa arte
(VANTINE, 2019).

5 A ARQUITETURA NA CRIAÇÃO DE ESPAÇOS CINEMATOGRÁFICOS


A arquitetura e a cenografia possuem o espaço como elemento comum entre elas, segundo
Santini (2018), a percepção, a forma, o preenchimento, a cor e a iluminação desse espaço constituem
o processo de concepção de um cenário. Dessa maneira, a criação de espaços cenográficos por
arquitetos surge através da arquitetura cenográfica, sendo essa, umas das vertentes da arquitetura. Na
arquitetura cenográfica, de acordo com Amaral (c2013), é onde se torna possível idealizar cenários
reproduzindo ou não a realidade e manifestar sua criatividade nos mais variados projetos.

Disciplinas diretamente ligadas a arquitetura, como conforto ambiental, história da arte, teoria
e história da arquitetura, desenho técnico, são comumente usadas na criação de cenários, conforme
Santini (apud LOPES, 2018), a arquitetura e o teatro sempre estiveram ligados e, a geometria, a cor,
a ótica e a acústica, são componentes essenciais na construção do espaço e da arte. Assim como no
processo de criação de um projeto arquitetônico, no projeto de um cenário é necessário a compreensão
sobre o espaço, sua ocupação, composição, cor e luz (COHEN, 2007).

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A arquitetura cenográfica pode ser considerada como sendo a arte de projetar ambientes
distintos apropriados para acomodar as mais variadas práticas humanas, tornando formas agradáveis
e capazes de cativar as pessoas (ANJOS e DIAS, 2005). Conforme Santos (2005), o espaço projetado
vai além de mera cenografia, pois possibilita a conexão entre tempo, espaço e homem.

A arquitetura cenográfica é o melhor das duas especialidades, arquitetura e cenografia, que,


quando unidas à criatividade a favor da aclimatação de uma cena, faz encantar e atrair seus
espectadores. Assim, surge a importância de se projetar o cenário de forma que o público reconheça
um local, época ou até mesmo uma emoção (VIVA DECORA, 2018).

A arquitetura através de conhecimentos culturais, econômicos, políticos, históricos e sociais


tem a capacidade de personificar a experiencia espacial fazendo da sua representação parte importante
dos espaços figurados no cinema. A figura arquitetônica obtém corpo e auxilia a esboçar a essência
dos filmes, o ofício das ações e a ambientação das locações (SANTOS, 2005).

A partir da década de 1920 tornou-se crescente a atuação de profissionais de arquitetura na


indústria cinematográfica. O cinema se transformou em um campo perfeito para os arquitetos dado
os seus conhecimentos de dimensões espaciais, estruturais e estéticos, além de oferecer uma
oportunidade para que esses profissionais possam expressar sua imaginação e explorar a questão
arquitetônica na concepção de cenários. Segundo estimativas, na década de 1930, aproximadamente
95% de todos os diretores de arte de Hollywood eram arquitetos (ESPERDY, 2007).

Tendo em vista a atuação de arquitetos na criação de espaços cinematográficos, é possível


citar alguns profissionais que ficaram famosos pelos seus trabalhos. Um exemplo é o arquiteto e
cenógrafo Anshuman Prasad que estudou e praticou arquitetura na Índia, atualmente ele mora em Los
Angeles e ficou conhecido pelos seus projetos para os filmes: Se Beber não Case (Hangover - 2009),
O Exterminador do Futuro: A Salvação (Terminator Salvation - 2009), Os Mercenários (The
Expendables - 2009), Capitão América: Soldado Invernal (Captain America: Winter Soldier -
2014), Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Batman vs Superman: Dawn of Justice -
2016) e Malévola: Dona do Mal (Maleficent: Mistress of Evil - 2019) (PRASAD, 2021).

Segundo Anthony, Butka e Calnon (2013), Prasad enxerga sua carreira no cinema como
uma especialização em arquitetura, visto que, como cenógrafo, ele adquiriu um novo apreço pelo
humor e grandeza dos espaços. Para Prasad, a luz, sombras, reflexos e até mesmo a chuva, criam
transformações extraordinárias dentro de um espaço e, sendo cenógrafo, todas essas
circunstâncias podem ser controladas. “Ele também acredita que o aspecto mais crítico do design
de cenários é a proporção, e aqui seu diploma de arquitetura é especialmente útil.” (ANTHONY,
BUTKA e CALNON, 2013, s.p.).

Alguns trabalhos de Anshuman Prasad são apresentados nas figuras 1, 2 e 3, onde é possível
ver a estruturação dos cenários através de 3D e projeto, demonstrando assim que os conhecimentos
em arquitetura são realmente importantes na criação desses espaços pois tratam-se de concepções
arquitetônicas de edifícios que serão utilizados nas cenas.

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Figura 1. Maleficent: Mistress os Evil - 2019 (PRASAD, 2021)

Figura 2. Captain America: Winter Soldier - 2014 (PRASAD, 2021)

Figura 3. The Expendables - 2009 (PRASAD, 2021)

Outro exemplo de arquiteto e cenógrafo é Tino Schaedler, formou-se em arquitetura na


Alemanha e tornou-se diretor de arte cinematográfico, alguns de seus trabalhos conhecidos são:
Mulher Gato (Catwoman - 2004), A Fantástica Fábrica de Chocolate (Charlie and the Chocolate

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Factory - 2005), V de Vingança (V for Vendetta - 2005), A Bússola de Ouro (The Golden
Compass - 2007), Harry Potter e a Ordem da Fênix (Harry Potter and the Order of the Phoenix -
2007), Harry Potter e o Enigma do Príncipe (Harry Potter and the Half-Blood Prince - 2009)
(IMDB, c1990-2021).

Schaelder notou que sua formação em arquitetura possibilitava uma vasta serie de
entendimento e suscetibilidade para outros campos. Para ele, se tornar um cenógrafo permitiu maior
independência criativa, já que ele não se considera mais restrito às normas construtivas tradicionais
(ANTHONY, BUTKA e CALNON, 2013, online).

As figuras 4, 5 e 6 mostram cenas de alguns dos trabalhos citados de Tino Schaelder onde é
possível analisar a importância da luz, cor e toda a estruturação dos espaços para transmitir o que se
espera de cada cena. Desde ambientações mais fantasiosas expondo todo o mistério e suspense da
cena (figuras 4 e 5), até mais realistas evidenciando a humildade e pobreza dos personagens (figura
6).

Figura 4. Harry Potter and the Order of the Phoenix - 2007 (SCHAEDLER, 2021)

Figura 5. The Golden Compass - 2007 (SCHAEDLER, 2021)

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Figura 6. Charlie and the Chocolate Factory - 2005 (HAJAPIPOCA, 2021)

Para Cabideli (2021), formado em arquitetura e urbanismo pela Universidade Federal do


Espirito Santo – UFES, e atuante na área da cenografia, enquanto o arquiteto projeta um
ambiente estático “que ficará ali para sempre”, um arquiteto cenográfico aplica a sua bagagem
de aprendizado do curso de arquitetura e utiliza seu conhecimento sobre materiais que serão
montados e desmontados na criação de espaços e cenários para um objetivo específico. Os
profissionais da área cenográfica que não tem conhecimento sobre arquitetura acabam
“patinando” na hora de lidar com o uso dos espaços, com setorização, com fluxos, e com o
próprio desenho do projeto, sendo essas técnicas aprendidas ao longo do curso de arquitetura.

Nas figuras 7 e 8 são exibidos alguns dos projetos realizados por Cabideli demonstrando
a aplicabilidade de seus conhecimentos arquitetônicos em uso dos espaços, conforto ambiental
e iluminação na criação de espaços para eventos.

Figura 7. Projeto: Prêmio Valor1000 - 2019 (BEHANCE, 2021)

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Figura 8. Projeto conceito do lançamento do carro elétrico ID.3 (BEHANCE, 2021)

Desse modo, através das imagens apresentadas e baseado no que foi visto anteriormente,
é possível constatar a importância dos conhecimentos adquiridos nas disciplinas de arquitetura
como: Conforto Ambiental que instrui sobre as questões de iluminação e acústica; História da
Arte e Teoria e História da Arquitetura que auxiliam na hora de criar cenários com contextos
históricos; Projeto Interdisciplinar de Arquitetura que ensina sobre setorização e fluxos; e
disciplinas de artes plásticas e representação gráfica que contribuem com as formas, as cores e
o desenho do cenário. Todos esses aprendizados colaboram com a elaboração de espaços
cinematográficos, pois com o conhecimento adquirido ao longo do curso se torna mais atingível
criar, projetar, e estruturar grandes cenários.

6 CONCLUSÃO
Esse trabalho, através de levantamentos bibliográficos e entrevista, buscou demonstrar a
forma com que a arquitetura e a fotografia se unem através da criação e estruturação de cenários,
comprovando dessa forma que a cenografia é mais um campo de atuação do arquiteto.

Dessa forma, foi possível relatar pontos em comum entre a arquitetura, cenografia e fotografia
e a forma com que essas áreas se relacionam através da luz, do espaço, da arte e até mesmo da
interação do homem. Explicar a importância da estruturação de um bom cenário, pois ele não é apenas
um plano de fundo para uma imagem, mas a conexão entre tudo o que ele quer transmitir e as emoções
que o telespectador irá interpretar e sentir a partir daquilo.

Sendo assim, corroborou-se, através de pesquisa exploratória e estudo dos arquitetos atuantes
na área de cenografia, como o aprendizado adquirido ao longo do curso de arquitetura em desenho
técnico, conforto ambiental, história, setorização, iluminação, entre outros estudos, é de grande
relevância na hora de projetar, criar e estruturar um cenário. Dito isto, é possível concluir que os
objetivos deste trabalho foram alcançados.

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NOTAS

AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter me dado força e saúde para superar os obstáculos. A minha família pelo
amor, encorajamento e apoio. A minha orientadora pelo suporte, correções e incentivos e a todos
que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação.

CONTRIBUIÇÃO E AUTORIA
Não se aplica.

FINANCIAMENTO
Não se aplica.

CONSENTIMENTO DE USO DE IMAGEM


Não se aplica.

CURSO
Arquitetura e Urbanismo

COORDENADOR DO CURSO
Aline Sauer

DATA DE ENTREGA
19/11/2021

BANCA AVALIADORA
Tatiana Caniçali
Yulli Mapelli

DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE PLÁGIO


Declaro que o trabalho não contém plágio ou autoplágio total ou parcial. Todo o conteúdo utilizado
como citação direta ou indireta foi indicado e referenciado.

LICENÇA DE USO
Os autores do artigo cedem o direito à divulgação e publicação do material para comunidade
acadêmica através de portal da Biblioteca e repositório institucional. Esta autorização permite sua
utilização como base para novas pesquisas, caso haja adaptação do conteúdo é necessário atribuir o
devido crédito de autoria.

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