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Prezados Colegas,
O que vocês têm disponível nessas notas de aula está longe de ser um material pronto e
acabado.
Na realidade, trata-se de uma apostila a ser usada como material de apoio a engenheiros e
estudantes que queiram se iniciar na arte de projetar pavimentos de edificações com a utilização
do concreto protendido.
Dentre as inúmeras lacunas, adianto que não há as necessárias referências bibliográficas
nem os créditos por projetos, cujos dados e fotos são aqui reproduzidos. Portanto, esse material
não deve ser publicado ou vendido.
Está faltando um capítulo sobre Verificação dos Estados Limites Últimos de flexão e esforço
cortante.
Nos capítulos 3 (Estados Limites de Utilização das Peças Protendidas) e 4 (Perdas de
Protensão) usamos fortemente o conteúdo da Apostila “Curso de Concreto Protendido”, do Profº
Joaquim E. Mota, da Universidade Federal do Ceará, ministrado na ACEE – Associação Cearense de
Engenharia Estrutural, além de formulação do artigo ”Projeto de Lajes Protendidas com
Cordoalha Engraxada, do Engº Giordano Loureiro, apresentado no 44º Congresso Brasileiro do
IBRACON.
A parte de avaliação de custos dos sistemas estruturais mais comuns é toda baseada em
projetos do Engº Hélder Martins e equipe, da Hepta Engenharia, de Fortaleza.
De modo geral, esta apostila está sujeita não só a revisões e correções, mas,
principalmente, receptiva a sugestões por parte daqueles que tiverem a boa vontade de ler o seu
conteúdo. Enfim, estamos longe de um material definitivo sobre assunto tão importante e ainda
tão carente em termos editoriais no Brasil.
Deve este material, portanto, ser encarado como mais uma ação visando divulgar a
tecnologia do concreto protendido, ainda longe de alcançar o seu merecido lugar na Engenharia
Civil brasileira.
2.1 - INTRODUÇÃO 31
2.1.1 - MÉTODO INDIRETO: REPRESENTAÇÃO DA PROTENSÃO ATRAVÉS DE UMA CARGA EQUIVALENTE 31
2.1.2 - MÉTODO DIRETO: REPRESENTAÇÃO DA PROTENSÃO COMO UM CONJUNTO DE ESFORÇOS SOLICITANTES INICIAIS 33
2.1.3 - APLICAÇÃO PRÁTICA DOS DOIS MÉTODOS 35
2.1.4 - CONCLUSÕES FINAIS 37
2.2 - CARGA EQUIVALENTE DE PROTENSÃO 38
2.2.1 - CONCEITUAÇÃO GERAL DA CARGA EQUIVALENTE DE PROTENSÃO 38
2.2.2 - CARGA EQUIVALENTE PARA CABOS RETOS E POLIGONAIS 41
2.2.3 - CARGA EQUIVALENTE – SUMÁRIO DAS CONCLUSÕES 42
2.3- CABLAGENS USADAS NA PRÁTICA E SUA CARGA EQUIVALENTE 42
2.4 - APLICAÇÕES NUMÉRICAS 51
2.5 - A PROTENSÃO PARA BALANCEAR CARGAS 55
3.1 - CONCEITUAÇÃO 81
3.2 - ESTADOS LIMITES DE UTILIZAÇÃO 81
3.3 - COMBINAÇÕES DE CARGA PARA OS ESTADOS LIMITES DE UTILIZAÇÃO 83
3.3.1 - COMBINAÇÕES QUASE-PERMANENTES 83
3.3.2 - COMBINAÇÕES FREQÜENTES 83
3.3.3 - COMBINAÇÕES RARAS 83
4.1 - INTRODUÇÃO 94
4.2 - TENSÕES INICIAIS DE PROTENSÃO 95
4.3 - PERDAS IMEDIATAS 95
4.3.1 - ATRITO INTERNO NO MACACO 95
4.3.2 - ATRITO CABO-BAINHA 95
4.3.3 - ACOMODAÇÃO DA ANCORAGEM 98
DADOS PROTENSÃO: 99
4.3.4 - ENCURTAMENTO ELÁSTICO IMEDIATO DO CONCRETO 103
4.4 - PERDAS LENTAS OU DIFERIDAS 103
4.4.1 - INTRODUÇÃO 103
1.1.1 - Definição
Segundo a norma brasileira, "Estruturas de Concreto Protendido" são aquelas que são
submetidos a um sistema de forças especialmente e permanentemente aplicadas, chamadas de
forças de protensão. Estas forças são tais que, em condições de utilização, quando agirem
simultaneamente com as demais ações (cargas permanentes, acidentais ou outros agentes),
impeçam ou limitem a fissuração do concreto (item 3.1.1 da antigae NBR 7197/89).
Na prática, estas forças de protensão são transmitidas por armaduras pré-tracionadas,
que transferem às peças estruturais esforços benéficos ao funcionamento das mesmas,
especialmente evitando que o concreto não "trabalhe" tracionado (ou limitando a presença de
tração neste material).
q s
- Zona comprimida
- + Zona tracionada
DMF
i
FIGURA 1.1
Uma peça fletida leva suas secções a sofrerem internamente tensões normais de tração e
compressão, calculadas por fórmulas simples da Resistência dos Materiais.
M M
S ; i , onde
WS Wi
Ys
CG
X0
Yi
FIGURA 1.2
Vamos agora imaginar que no interior da peça seja colocado um cabo que possa ser
tracionado nos seus extremos e, antes que possa voltar ao seu comprimento inicial, seja fixado por
dispositivos adequados. Por questões didáticas (para facilitar o entendimento conceitual)
imaginemos um cabo reto passando pelo eixo neutro da peça. Neste caso quando o cabo é
impedido de encurtar ele exercerá um esforço normal de compressão, que por sua vez gerará
tensões de compressão uniformes em todas as fibras da secção.
N N N
N
FIGURA 1.3
bainha
N: esforço normal (promovido pela protensão) (tensões normais) N
A
A: área da seção transversal
Observe agora que a viga biapoiada, submetida a flexão provocada pelas cargas usuais e
sendo submetida a um sistema de forças de protensão, terá suas fibras sujeitas aos seguintes
valores de tensão:
M N M N
S ; i
WS A Wi A
M/W 1 i i
sem tração com tração
Constata-se facilmente que podemos estipular valores para N (força de protensão) para
que possamos ter secções totalmente comprimidas ou com valores de tração dentro de valores
aceitáveis.
Teoricamente, o projeto de uma peça em concreto protendido consiste em se verificar se
as tensões, obtidas pelas diversas combinações dos carregamentos usuais (carga permanente,
carga acidental) e da protensão, não ultrapassam os valores admissíveis nas diversas secções e
também ao longo do tempo.
Na prática, as normas exigem outras verificações, tais como deflexões máximas ao longo
do tempo, verificações ao esforço constante e verificação no estado limite último de resistência
interna à flexão (momentos de ruptura).
Um ponto importante é como estimar de maneira confiável os valores das forças de
protensão à medida que o tempo passa, pois se no futuro, a protensão decair de maneira maior
que a prevista, a distribuição de tensões não se dará conforme se projetou, o que decerto
provocará danos à estrutura.
Isto passa não só pelo conhecimento da características reológicas dos materiais envolvidos,
como também do domínio de técnicas que promovam a protensão no nível desejado, no ato da
aplicação de carga e ao longo do tempo.
Como sabemos, as estruturas de concreto armado tem sua aplicação limitada em virtude
principalmente dos seguintes fatos:
a) A limitação da aderência entre o aço e o concreto, que impede o uso de armaduras de
alta resistência.
b) A reduzida capacidade plástica do concreto á tração, mesmo quando de alta
resistência à compressão, do que resulta a possibilidade de fissura no concreto com
grande abertura, quando se usam aços de alta resistência (superior a 600MPa).
c) A limitação da tensão de cisalhamento, que impede o uso de peças com pequena
largura que permita reduzir o peso próprio de obras de grandes vãos.
O objetivo principal do concreto protendido é o de criar um processo que permita usar
aços e concretos de altas resistências sem os inconvenientes citados acima.
a) Economia de material, tanto de aço quando de concreto, pelo emprego eficiente dos
mesmos. Notar que, no caso do concreto protendido, a tração do cabo não implica na
deformação excessiva do concreto, pelo contrário, quando mais tracionado for o cabo
mais compressão ele transmitirá ao concreto.
b) Permite vencer vãos maiores que o concreto armado convencional; para o mesmo vão,
permite reduzir a altura necessária de viga; estes fatos provêm da eficiência comentada
anteriormente e do maior aproveitamento do trabalho à compressão do concreto
quando protendido.
c) Reduz em geral a incidência de fissuras
d) Menores flechas, pois as secções não fissuradas têm muito maior momento de inércia
que um secção no estádio II.
e) Reduz as tensões principais de tração provocadas pelo esforço cortante.
f) Durante a operação de protensão, o concreto e o aço são submetidos a tensões em
geral superiores às que poderão ocorrer durante a vida da estrutura. Desse modo, os
materiais componentes da estrutura são testados antes de receberem as cargas de
serviço.
Exigências para o uso do concreto protendido:
a) O concreto de maior resistência exige melhor controle de execução;
b) Os aços de alta resistência e com tracionamento ativo são muito susceptíveis a
corrosão, exigindo cuidados especiais de proteção;
c) A colocação dos cabos de protensão deve ser feita com maior precisão, de modo a
garantir as posições propostas pelos projetistas.
d) As operações de protensão exigem equipamento e pessoal especializados, com
controle permanentes dos esforços aplicados e dos alongamento dos cabos.
e) De um modo geral as construções protendidas exigem atenção e controle superiores
aos necessários para o concreto armado comum.
S0 S1 S2
q = 30 kN/m
100 cm
3,0 3,0m
l =12,0 m 30 cm
Propriedades Geométricas
0,30 1,00 3
I= 0,025 m 4 WS = Wi = 0,050m3
12
Esforços
M(x = 0) = 0
30 12 30 (3) 2
M(x = 3) = 3 405 kN .m
2 2
30 12 2 Mq
M(x = 6) = 540 kN.m
8
P
a) Cabo Reto Centrado
(-)
+ - =
+
qs p qi - p =0
Mq P 540 P
qi 0
Wi A 0,050 0,30
P
10800 0 P 3240kN ( P 324 tf )
0,30
Neste caso teremos as seguintes distribuições de tensão:
P
1) Em S0 (Mq = 0) ; S = i = - S = i = - 10800 kN/m2 (108 kgf/cm2)
A
2) Em S1 ; Mq = 405 kNm
405 3.240
S 8.100 10.800 18.900 kn/m2 (189kgf / cm 2 )
0,05 0,3
i 81 108 i 27kgf / cm 2
3) Em S2
S= - 10.800 – 10.800 = - 21.600 kn/m2 (216 kgf/cm2)
i= - 10.800 – 10.800 = 0
Graficamente (em kgf/cm2):
S0 S1 S2 S1
i Tração
(a)
P = 324 tf
27
27 Compressão
108 108
189
216 189
Mq Mq
Linha do CG e = 40cm P
P
MP
- +
+ + - = -
+ -
P 0,40 P P P
10800 0 10800
0,050 0,30 0,125 0,30
11,33 ... P 10800 P 952 ,9kN ou P 95,29 tf
A distribuição de tensões será:
1) Em S0:
S0
P
e = 0,4 m
Mq = 0
MP = -381,18 kn.m
P = 952,9 kn
2) Em S1:
Mq = 405 kn.m
MP = -381,18 Kn.m
P = 952,9 Kn
405 381,18
S 3176
0,050 0,050
S 8100 7624 3176 S 3652Kn / m 2
i 8100 7624 3176 i 2700Kn / cm 2
3) Em S2:
Mq = 54.000 kgf.m
MP = -38.118 Kgf.m
P = 95.290 Kgf
540 381,18
S 3176
0,050 0,050
S 10800 7624 3176 S 6352kn / m 2
i 10800 7624 3176 i 0
S0 S1 i S2
s
Tração nas fibras
36,52 63,52 superiores
P = 95,29 tf
27
27
Compressão
36
108 108
x
f
y
1) Em S0 ; y = 0
952 ,9
S i 3176 kn / m 2
0,30
4 40
2) Em S1 ; y (3 12 9) 30cm MP P 0,3
144
Mq = 405 Kn.m
Mp = +285,87 Knm
P = 952,90 Kn
405 285,87
S 3176
0,050 0,050
S 8100 5717 3176 S 5562kn / m 2 ( 55,62 kgf/cm2 )
i 8100 5717 3176 i 793kn / m 2 ( 7,93 kgf/cm2 )
S0 S1 S2
i
(c)
Tração
P = 95,29 tf
55,6 63 55,6
s
Conclusões:
I. Comparando-se as situações “a” e “b”, verifica-se que a introdução de excentricidade reduz
bastante a protensão necessária. A excentricidade também propicia um diagrama final de
tensões mais favorável; entretanto, o aparecimento de tensões trativas na região dos
apoios não é interessante para o que se espera do concreto protendido;
II. Entre “b” e “c”, observa-se que as tensões na seção do meio do vão são as mesmas nos
dois casos. Nas seções entre o meio do vão e o apoio, contudo, as tensões normais obtidas
com cabo curvo são mais favoráveis que obtidas com cabo reto.
Portanto, em vigas simplesmente apoiadas com carga uniforme, há vantagem em adotar
um cabo curvo com excentricidade crescente, do apoio para o meio do vão, por duas razões:
Podem usar as fórmulas da resistência dos materiais para estimar o valor da força de protensão a
ser aplicada para que alguns valores de tensão possam ser atendidos.
Casos particulares
A) Secção retangular ;
Admitindo:
A aplicação de uma protensão de 70,55 t levaria a admissão de tensões trativas até 28kgf/cm2.
Adotaremos:
PREVISÃO DE FLECHA
TENSÃO MÉDIA
O concreto protendido só se torna viável na prática porque estão disponíveis aços de alta
resistência e de alto limite elástico. Estas características permitem aplicar elevadas tensões na
armadura com alongamento de ordem de 6%. Os aços de protensão são chamados na linguagem
comum de "aços duros" devidos ao seu alto teor de carbono.
a) Fios:
Exemplo 1: CP 170 RN-E
Significa: aço para concreto protendido, Relaxação normal, entalhado, com
tensão de escoamento de 170 kgf/mm2 ou 1.700 MPa.
Exemplo 2: CP 175 RB-L
Significa: aço para concreto protendido, Relaxação baixa, liso, com tensão de
escoamento de 175 kgf/mm2
b) Cordoalha
Exemplo 1: CP190 RB 3x3,0
Significa: Cordoalha para concreto protendido, relaxação baixa, constituída de 3
fios de 3,0 mm, com tensão de escoamento de 190 kgf/mm2
Exemplo 1: CP 190 RB 7
Significa: Cordoalha para concreto protendido, relaxação baixa, constituído de 7
fios de 3,0 mm, com tensão de escoamento de 190 kgf/mm2
b) Passivas: aquelas imersas no concreto, onde não se tem acesso para o macaco de
protensão, e onde os cabos são pré-ancorados ou ancorados no concreto por
aderência; os principais tipos são: ancoragem por aderência (usando uma alça ou um
cebolão formado por fios ou cordoalhas); ancoragem por engrossamento da
extremidade dos fios (formando um botão) ou a própria ancoragem ativa pré-blocada;
c) Intermediária: usada em juntas de protensão e concretagem; quando, devido a grandes
extensões a concretagem é feita em 2 etapas; no 1º trecho, a ancoragem funciona
como ativa; no 2º trecho a mesma ancoragem funciona como passiva.
1.7.1 - Pré-tensão
Por causa do custo elevado dos suportes, esta tecnologia é usada sobretudo, para a
fabricação de peças pré-moldadas de pequeno a médio porte, pré-fabricadas em usinas em grande
quantidade, como vigas de cobertura, vigotas, estacas, lajes (placas), lajes alveolares e dormentes
para estrada de ferro; em casos especiais, este tipo de protensão pode ser usado em canteiros de
obras.
Para executar as três modalidades de Concreto Protentido, estão disponíveis diversos tipos
de acessórios e equipamentos, desenvolvidos por empresas especializadas. Cada tecnologia
especifica constitui o que se denomina na prática de Sistema de Protensão.
Um Sistema de Protensão é, portanto é um conjunto formado por determinados tipos de
cabos, suas ancoragens e pelos equipamentos de protensão necessários para tracionar a armadura
e injetar as bainhas com nata de cimento. Os processos de protensão atualmente existentes no
Brasil são: Freyssinet, Rudloff, VSL, Tensiacciai, Dywidag, MAC, todos com sistema aderente.
Em 1997, foi introduzido no Brasil, o processo de protensão com mono cordoalhas
engraxadas, sendo a PROTENSÃO IMPACTO, de Fortaleza(CE), a empresa, que trouxe esta
tecnologia dos Estados Unidos, onde é usada desde os anos 60.
As primeiras construções executadas foram blocos para a Universidade de Fortaleza e os
Edifícios TORRE SANTOS DUMONT e IATE PLAZA, da REATA Engenharia, executadas a partir de
julho de 1997. Os engenheiros responsáveis pela protensão foram Joaquim Caracas (execução),
Helder Martins e Ricardo Brígido Moura (projetos estruturais).
α U
Portanto, todo ponto de mudança de direção do cabo será um ponto de aplicação de carga
na estrutura. Estes pontos poderão ser discretos, no caso dos cabos poligonais, gerando cargas
concentradas nos desviadores; caso dos cabos curvos o contato é contínuo, gerando cargas
distribuídas. As cargas equivalentes também são conhecidas como forças de desviação.
Além dos pontos de mudança de direção, o cabo também transmite à estrutura, através
das ancoragens, uma carga concentrada de valor idêntico ao da força que o traciona (Princípio da
ação e reação, 3ª Lei de Newton).
A segunda parte deste Capítulo se ocupará da formulação prática para obtenção da carga
equivalente de protensão.
Convem aqui, desde já, salientar alguns aspectos importantes ligados a representação da
protensão através de cargas equivalentes:
i. Tratando a protensão como um carregamento podemos facilmente incorporá-la
aos processos modernos de análise estrutural via "softwares" para estruturas
reticuladas ou de elementos finitos. A protensão passa a ser apenas um caso a mais
de carregamento.
ii. As cargas equivalentes só dependem do traçado do cabo. É possível então projetar
um traçado que produza cargas equivalentes que se oponham na sua forma ao
carregamento real propriamente dito. Pode-se assim gerar um carregamento de
protensão de forma a equilibrar uma parcela da carga total. Este conceito de carga
de balanceamento (balancing load) foi proposto pioneiramente por T.Y. Lin no início
dos anos 60. A estrutura passa ser dimensionada em termos de armadura passiva
apenas para resistir à carga não balanceada.
Os esforços na seção S tanto para o trecho A como para o trecho B podem ser obtidos pela
integração das cargas equivalentes que atuam ao longo do segmento. Logo os esforços seccionais
em S são iguais aos obtidos quando a viga estava íntegra. Ora, para calcularmos os esforços
seccionais em S não precisamos integrar a carga equivalente uma vez que S está na extremidade
do segmento. Basta considerarmos os esforços produzidos nas seção S pela força P nela ancorada.
Assim sendo temos simplesmente ( “e” é a excentricidade do cabo com relação ao CG da seção):
Pode-se assim, através de uma forma simples, rápida e prática se obter os esforços
seccionais de protensão em qualquer seção da viga.
Esta foi historicamente a forma preferida pela escola européia para a representação da
protensão e consequentemente também foi adotada pelos projetistas brasileiros, principalmente
os de pontes.
Há, contudo, alguns inconvenientes neste procedimento que precisam ser evidenciados.
µ=
µ µ2
Na fórmula acima M é o diagrama isostático da protensão obtido pelo produto da força de
protensão pela excentricidade do cabo em cada seção. A integração é feita normalmente por
métodos numéricos simples como Simpson.
Os esforços finais em qualquer seção da viga será a soma de duas parcelas, a isostática e a
hiperestática.
Mp = M(isostático) + M(hiperestático)
Vp = V(isostático) + V(hiperestático)
Temos que convir que a aplicação deste procedimento a estruturas com maior grau de
hiperestaticidade torna-se bastante trabalhoso quando não impossível, sendo ainda de difícil
programação computacional.
A estes esforços por seção acrescentaríamos os esforços produzidos pelas cargas usuais.
Para parábolas suaves (cos 1) poderíamos pensar num carregamento uniformemente
distribuído "p" que promovesse nas secções os mesmos esforços solicitantes.
M N.y P cos y Py
px px 2
M (S )
2 2
2
px px
Py
2 2
4f P
P ( x x 2 ) ( x x 2 ) daí
2 2
4f p 8Pf
P 2 ou seja p
2 2
De uma maneira simplificada podemos afirmar:
P u
PONTOS DE CONTATO
CONTÍNUO
DESVIADOR
ANCORAGEM ANCORAGEM
P
U
U
PONTOS DE CONTATO
DISCRETO DESVIADOR
ds
P
d
P=u.r
r r
u
P u= P
P r
CABO CIRCULAR
No caso de cabos retos e poligonais, os desviadores são discretos; as forças de desviação serão
cargas concentradas obtidas diretamente da análise do equilíbrio de forças no ponto do desviador.
A resultante é função apenas da direção de chegada e de saída do cabo no desviador.
P Py
P
Px
α1 α2
Px = P (cos α 2 - cos α1 )
Py = P (sen α 2 + sen α1)
Além das peças premoldadas com fios aderentes, cabos retos e poligonais são muito
utilizados para correção de flechas na recuperação de estruturas. Esta forma de cablagem também
Y1
Y2
X1 X2
W2
W3
W1 W4
(a) Parábola reversa com dois
pontos de inflexão
PONTO DE INFLEXÃO
X1
W2
W3
W1
P1
(b) Parábola reversa com um
ponto de inflexão
FIG. 2.3.1 - Parábolas Reversas
Y1
Y2
X1 X3
W2
W3
P1 P2
(a) Parábola Parcial
Y1
Y2
W2
W3
P1 P2
(b) Parábola Simples
Y1
Y2
X1 EQ EQ
X3
X2
P2 P3
P1 P4
(a) Cabos Poligonais Multiplos
Y1
Y2
X2
P1 P3
(b) Parábola Poligonais Simples
Parábola Simples
wb
wb
Parábola Reversa
wb
Cabo Poligonal
FIG. 2.3.4 - Perfis de Cabos para balanço e suas respectivas cargas balanceadas
L/5
L
P1
W1
CABO
(A) Cabo
wb
P
m P
Fa =P/A1 Fa =P/A 2
P
m P
A Mp = Pm
A
(c )
EIXO DO EIXO DO
CENTRÓIDE CENTRÓIDE
P m
P
wb
Mp
LAJE
P P
m CENTRÓIDE
M=Pm P M=Pm
P P
A título de ilustração, iremos calcular algumas cargas equivalentes, inclusive para confirmar
alguns conceitos vistos neste Capítulo.
Exemplo 1: Seja calcular a carga equivalente a um cabo parabólico em uma viga biapoiada.
f=40cm
P=60tf
α 0
=10,0 m
P = 60 tf
f = 0,4 m
10,0m
8Pf 8 60 0,4
u u 1,92tf / m
2 (10) 2
4 f 4 0,4
tg 0 0,16 0 9,05
10
P cos 0 60 cos9,09 59,25 tf
Psen 0 60 sen9,09 9,48 tf
Carregamento equivalente
9,48 tf u=1,92 tf 9,48 tf
59,25 tf 59,25 tf
=1,0 m
O cálculo da resultante das forças verticais mostra que podemos considerar o
carregamento auto equilibrado, senão vejamos:
V( ) = 9,48 x 2 = 18,96 tf
V ( ) = 1,92 x 10 = 19,2 tf
= 0,24 tf ( 1,25% )
P = 150 t f
0.7m
5cm
1,2m 1,2m
12,0m
fAB
fBC
1,2 4,8
fAB + fBC = 70 cm – 5 cm = 65 cm
y 65
10,833 cm / m
x 6
fAB = 10,833 x 1,2 = 13 cm
fBC = 10,833 x 4,8 = 52 cm
8Pf AB 8 150tf 0,13m
u AB 2 2
27,08tf
2 AB 2,4 m 2
8 150tf 0,52m
u AB 2
6,77tf
9,6
6,77 t f / m
150 t f 150 t f
Dados: P = 120 tf
y0 = 0,45 m
yA = 0,05 m
yD = 0,85 m
yF = 0,45 m
A, C, E : pontos de inflexão
Solução: vamos inicialmente determinar as coordenadas dos pontos de inflexão:
0,45 0,05
YA 0,05 7,20 YA 0,37 m
9,0
O ponto OA deve estar sobre a reta OB
0,80
Analogamente: YC 0,05 7,20 YA 0,69 m
9,0
0,40
YE 0,45 9 YA 0,81m
10
As planilhas seguintes são de fácil preenchimento: A primeira contém a ordenada dos
pontos determinantes dos ramos da parábola: a Segunda obtém "f" e "l" e finalmente "u" de cada
trecho.
F 0,45
2,96 t / m
1,48 t / m 1,07 t / m
120 t f
A B C D E F
Momento de Protensão
( -) 49,16
M(iso) + M(hip)
9,82
26,59 (+)
45,51
40,94
Reações Hiperestáticas
( -) M(hip)
A protensão, vista como um caso a mais de carregamento, representa uma boa ferramenta
de projeto, visando propiciar à peça condições mais favoráveis de comportamento.
Na prática, isto equivale a determinarmos valores de protensão e traçados de cabo, cujos
efeitos na estrutura se contraponham aos efeitos do carregamento externo. Em outras palavras, a
meta é anular parte considerável dos momentos e cortantes destes carregamentos.
B) MOMENTO PERMANENTE
F) CORTANTE PROTENSÃO
H) PERFIL DO CABO
B) MOMENTO PERMANENTE
F) CORTANTE PROTENSÃO
H) PERFIL DO CABO
B) MOMENTO PERMANENTE
F) CORTANTE PROTENSÃO
H) PERFIL DO CABO
B) MOMENTO PERMANENTE
F) CORTANTE PROTENSÃO
H) PERFIL DO CABO
B) MOMENTO PERMANENTE
F) CORTANTE PROTENSÃO
H) PERFIL DO CABO
y
P P
u
f
y(x) = 4f 2x ; y’(x) = 8f x ; 8f
y”(x) = 2
2
y” 8f/
2
ρ (x) =
1
= =
[1+(y’) ] 3/2 [1+( 4f ) ] 3/2
2 2
r (y)
2
2
( 4f ) << 1 ρ *(x) = 8f/ 2
u= 8Pf
2
ρ*(x) 2 3/2
ρ (x) < 1,10 [1+( 4f ) ] < 1,10
2
1+( 4f ) < 1,066 4f < 0,256
f < 0,064 = 6,4%
Parábola Suave
P TEORIA EXATA
A
x
1
u ( x) P P ( x) x
r ( x)
P tg α
u
P
α B
f
P Vértice α
A
TEORIA SIMPLIFICADA
/2
8 pf
u ( x) u
2
f
6,4%
H 0: P P 0
8Pf 4f
V 0:u x P( ) Ptg
2 2 2
8Pf 2
M o:u Pf Pf 0
2 4 2 B
DESVIADORES
Linha “cg”
Vg
U M Vx
e
P P
2 1 Vx = P(cos 1 - cos )
2
Vy = P(sen 1 - sen 2 )
DESVIADOR M = Vx . e
U1 P tgα 2
U2
P tg α1 C
P α2 P
A
α1
f1 f2
VÉRTICE
1/2 1/2
8Pf1 8Pf2
u1= 2 u2= 22
1
1 2 3 4
2 2 2 2
P tg α1 VÉRTICE
α2
INFLEXÃO C D
A
α1 E
f1 VÉRTICE f3
f2 P tgα 2
B U4
U1 U3
U2
8Pfi
u1= i 2
São os seguintes os estados limites que devem ser verificados em regime de serviço:
a) Estado Limite de Formação de Fissuras
Estado em que se inicia a formação de fissuras. É uma situação particularmente
importante, quando a utilização da estrutura requer a eliminação de fissuras para
determinadas combinações de carregamentos, como no caso de reservatórios. Por
definição, este estado limite é atingido quando a máxima tensão de tração no
concreto atinge o valor fctk.
b) Estado Limite de Abertura de Fissuras
Estado em que as fissuras se apresentam com aberturas iguais aos máximos
especificados para a construção. Deve-se garantir, que a abertura de fissuras não
prejudicará a utilização e durabilidade da estrutura. As normas fixam de w lim em
função do grau de agressividade do ambiente e da sensibilidade do aço.
Um carregamento é definido pela combinação das ações, que tem probabilidade não
desprezível de atuarem simultaneamente sobre a estrutura, durante um período pré-
estabelecido. As combinações devem ser feitas de diferentes maneiras, de forma que possam ser
determinados os efeitos mais desfavoráveis para a estrutura.
As combinações previstas para verificação dos estados limites de utilização são
classificadas em quase-permanentes; freqüentes e raras, de acordo com a ordem de grandeza de
permanência na estrutura.
Na formação das combinações, as cargas permanentes comparecem com seus valores
característicos (Fgi,k) e as cargas variáveis com seus valores característicos multiplicados por um
fator de redução ( Fqi,k), onde os valores de acham-se definidos nas normas e dependem de
cada tipo de combinação. São as seguintes as combinações consideradas:
Podem ocorrer no máximo algumas vezes durante o período de vida da estrutura. São
normalmente utilizadas para a verificação dos estados limites de formação de fissuras, abertura de
fissuras e descompressão.
Para as obras em geral, a força de protensão entrará na combinação como carga
permanente e com seu valor característico Pk (x,t) já deduzido de todas as perdas de protensão.
A = Área da seção;
J = Momento de Inércia à flexão
Trata-se de um processo aproximado, que não leva em conta a presença das armaduras
passivas nem de diversos efeitos, inerentes ao processo, tais como fluência, retração ou relaxação
do aço, mas que é aceito pela maioria das normas.
- Por ocasião da protensão: os limites estabelecidos visam evitar que a força não ultrapasse
o limite elástico do aço e que não haja ruptura de fios dos cabos.
- Ao término da protensão: Os limites fixados objetivam menores tensões nas ancoragens e
menores perdas por relaxação do aço.
Dada a viga abaixo, determinar a protensão que neutralizará as cargas permanentes. Qual
o tipo de protensão daí resultante, com os valores de sobrecarga fornecidos?
S1 S2
10m 10m
Secção:
150
10
50 30 30
10
45 28
f max 5 fadot 31,5cm
2
Carga a balancear: qb = 3,0 tf/m (g0 + g1)
qb 2 3 (10 ) 2
Força de protensão: P 119 tf
8f 8 0,315
Adotando P(1 ) = 80% x 15 tf = 12 tf (considerando perdas de 20%), teremos 10
cordoalhas de 12,5 mm. Estas cordoalhas propiciarão uma carga equivalente de:
8 pf 8 120 0,315
P 3,02 tf / m
2 (10 ) 2
Calcularemos, então, a viga para os seguintes casos de carga:
Peso próprio da estrutura, obtendo dos esforços nas secções indicadas:
2,5 tf/m
S1 S2
P = 3,40 tf/m S2
135 tf 135 tf
S1
P = 3,02 tf/m
120 tf 120 tf
S1 S2
As forças de protensão aplicadas inicialmente a uma estrutura não mantém seu valor ao
longo do tempo.
Por várias causas, a protensão diminui. Perdas de Protensão são, portanto, as quedas no
valor da protensão, pelos mais diferentes fatores.
Por não saber estimar esta queda, as primeiras construções protendidas apresentaram
problemas de fissuração e deformações excessivas. É que não se dispunha de informações sobre o
comportamento reológico do concreto e a relaxação dos aços não era prevista de forma confiável.
As perdas de protensão podem ser enquadradas em duas categorias.
- As perdas instantâneas ou imediatas;
- As perdas lentas ou diferidas.
As perdas imediatas são:
- Perdas internas no macaco;
- Perdas por atrito cabo/bainha
- Perdas por cravação das cunhas
- Perdas por deformação elástica imediata do concreto
As perdas diferidas têm como fonte:
- Retração do concreto
- Deformação lenta do concreto (fluência do concreto)
- Relaxação do aço (fluência do aço)
A força de protensão em um cabo dependerá da seção considerada e da idade ou maturidade do
concreto.
Teremos então que, a força de protensão é uma função não apenas do tempo, mas com a posição
da seção transversal:
P = P(x,t) = força é variável com o tempo e com a secção.
P(x,t0) = força Instalada de Protensão (força de Protensão após as perdas imediatas.
A tensão inicial de protensão deve ser a máxima possível, sem comprometer a integridade
e as características elásticas do aço. As normas fixam limites que resguardam o atingimento de
tensões perigosas quanto à ruptura e escoamento.
Para aços de relaxação normal (RN) essa tensão inicial deve atender:
i 0,8 fptk e i 0,95 fpyk
Para aços de relaxação baixa (RB):
i 0,8 fptk e i 0,9 fpyk
fptk: Resistência característica à tração
fpyk: Resistência convencional de escoamento
Representa a tensão que corresponde a uma deformação unitária de 0,2% quando se retira o
tensionamento do aço. Para os fios e cordoalhas trefilados esta tensão corresponde a um
alongamento relativo de 1%. Para o aço CP190RB as condições acima são atendidas para tensões
de 1500 MPa (15 tf/cm2) (alongamentos da ordem de 0,7%).
Dependendo do tipo de macaco, o sem valor deve ser fornecido pelo fabricante do
equipamento. Esta perda pode ser eliminada pelo aumento da pressão de protensão lida no
manômetro. Deve-se ler no manômetro uma pressão dada por m .
Exemplo: m' =1,04 i, caso a perda seja 4% d tensão lida no manômetro.
i = Tensão Inicial de Protensão prevista no projeto.
Alguns equipamentos já vêm calibrados para compensar a perda interna, ou seja, calibra-se
o manômetro para uma certa tensão que se deseja no final do cabo, sem a necessidade de
majoração no valor. Portanto, o projetista deve ter conhecimento do tipo de equipamento que vai
ser usado, bem como deve-se exigir constantemente a aferição do mesmo, para a certeza de que a
força de projeto seja a que realmente vai ser aplicada à estrutura.
Esta é decorrente do atrito gerado pelo deslocamento do cabo em contato com a bainha
por ocasião da realização da protensão. É uma perda portanto exclusivamente dos sistemas tipo
pós-tração.
No Anexo 1, é mostrado como se dá a diminuição da força de protensão ao longo do cabo.
Coeficiente de Coeficiente de
Tipo de cordoalha
arrasto, por metro (k) curvatura ( )
P( x)dx
( x) dx
( x) d
A
P( x)dx 1 S
P( x)dX
S1
S2
D
EXEMPLO NUMÉRICO
- Determinar as perdas imediatas na viga dada, considerando cordoalhas engraxadas:
Dados Protensão:
PA = 120 tf
AP = 10 cm2
EP = 1960 tf/cm2
AC = 0,36 m2
= 6 mm
4f
Y TRECHO f "l"
0 0,60 0A 0,11 3,60 0,122
A 0,49 AB 0,44 14,40 0,122
B 0,05 BC 0,64 14,40 0,178
C 0,69 CD 0,16 3,60 0,178
D 0,85 DE 0,04 2,00 0,08
E 0,81 EF 0,36 18,00 0,08
F 0,45
P(Xi) = P0 . exp [ - - kx ]
P(Xi) = 120 . exp [ - (0,007 - 0,0035x) ]
X P
0 0 0 120
A 1,80 0,122 118,23
B 8,0 0,244 114,31
C 16,2 0,422 110,08
D 18,0 0,60 108,04
E 19,0 0,68 107,06
F 28 0,76 103,16
Área:
120 118,23 114,31 118,23 114,31 110,08 108,04 107,06
A 1,80 7,20 7,20 1,0
2 2 2 2
107,06 103,16 108,04 110,08
9,0 1,80
2 2
A 3.109,20cm 2
3.109 100
15,90cm
19.500
Até C:
8,46 7,20
A 8,46 9 45,52 A1 152,1tf .m
2
X estará entre B e C
X 117,0
X 14,20cm
16,2 152,1
2ª tentativa
OBS.:
114 ,31 110
P( X ) 110 2X 111,3tf
7,20
P(B) = 2 x 111,3 - 114,31 = 108,29 tf
P(A') = 108,29 - (118,23 - 114,31) = 104,37 tf
P(0') = 104,37 - (120 - 118,23) = 102,60 tf
4.4.1 - Introdução
As perdas lentas ou diferidas são ocasionadas pela atuação de três fenômenos reológicos:
Os fenômenos relacionados ao concreto (“a” e “b”) levam ao encurtamento das peças, que
levam a um afrouxamento da cordoalha, com a conseqüente queda no valor da força no cabo.
Devemos salientar que essas perdas, apesar de inevitáveis, podem ser reduzidas pela
adoção de bons procedimentos construtivos. Uma boa cura reduz as deformações finais da
retração; deixar escoramentos residuais após a desforma posterga o carregamento precoce da
estrutura, contribuindo para que seja obtido um módulo de elasticidade inicial o maior possível,
minorando as deformações inicias.
O cálculo das perdas se apresenta como um problema dos mais complexos, uma vez que os
fenômenos atuam simultaneamente e têm entre si relação de causa de efeito.
Além dos fatores ambientais há a interação entre as próprias perdas; por exemplo: a
deformação lenta introduz perdas de protensão que afetam a relaxação; as tensões variam ao
longo das secções e o cabo muda de posição a cada secção.
ANEXO 1
OU
GENERALIZANDO
5.2 - VIGAS
Podem ser usadas vantajosamente para vãos a partir de 10m e balanços maiores que
4m. São projetadas corriqueiramente com cordoalhas vigas com 20m ou mais. Vigas de
maiores vãos podem ser viabilizadas com adoção de seções duplo T ou caixão perdido.
Não se deve abrir mão da contribuição da mesa para compor viga T, bem mais eficiente
que as vigas retangulares, pois a “subida” do centro de gravidade aumenta a flecha disponível
“f” para a aplicação da força de protensão “P”, aumentando a carga balanceada “p”, para um
vão “L”. De modo simplificado, temos: p = 8 * P *f / L2.
5.2.2 - Pré-dimensionamento
Altura de viga em torno de L/20, onde L é o vão a ser vencido; em vigas com balanço
apreciável, pode prevalecer a altura exigida pelo balanço: um bom indicativo para se achar a
dimensão necessária seria a de considerar Lb/10, sendo Lb o comprimento do balanço.
A largura deve ser de pelo menos 30cm, o que na prática permite a colocação de 4
ancoragens por camada. Se, por imposições arquitetônicas ou funcionais, for necessária a
adoção de alturas menores, resta aumentar a largura.
A adoção de vigas baixas (“shallow beams”), com L/h até 30 ou mais, pode levar a
tensões elevadas na região dos apoios. O alargamento da viga nessa região pode ser um bom
recurso para aliviar a concentração exagerada de placas de ancoragem nessa região e facilitar
a concretagem.
5.2.6 - Ilustração
Foto 1- viga com balanço de 6,5m (Fortaleza)
Muito vantajosas do ponto de vista construtivo, essa solução é excelente para espaçamentos
entre pilares na faixa de 6 a 8m. São muito utilizadas em edifícios residenciais e comerciais, com as
seguintes vantagens:
- rapidez na execução e flexibilidade na colocação das paredes divisórias, propiciando
liberdade para dispor do espaço interno;
- não necessitam de forro falso;
- pé-direito livre maior;
- pela ausência de vigas (assoalho plano), essa solução permite que possam ser adotadas
técnicas mais eficazes para fôrma e escoramento.
Pré-dimensionamento e recomendações
- espessura L/45 (vãos contínuos) a L/40 (vãos biapoiados), onde L é o vão maior, para lajes
de piso. Em lajes de forro podem ser adotadas lajes mais esbeltas (45 ≤ L/h ≤ 48);
- o ACI recomenda L/h ≤ 42 para lajes de piso e L/h ≤ 48 para lajes de forro;
- a Norma NBR 6118 não faz referência a índices de esbeltez de lajes lisas protendidas.
Estabelece somente para as lajes com protensão apoiadas em vigas, os limites: L/h ≤ 42, no
caso de lajes de piso biapoiadas e L/h ≤ 50, para lajes de piso contínuas (item 13.2.4.1).
Fixa, no entanto, valores limites para as flechas: L/250 para as cargas totais (limitação
visual) e L/350 para as cargas acidentais (vibrações indesejáveis);
- Em seu item 13.2.4.1, a NBR 6118, recomenda espessuras mínimas de 15 cm para lajes
com protensão apoiadas em vigas e 16cm para lajes lisas apoiadas diretamente sobre
pilares.
- Um dos condicionantes mais fortes na fixação da espessura a ser adotada é a punção na
região dos pilares. As normas especificam valores quer delimitam três situações dos efeitos
da punção:
a) não há necessidade de armadura adicional;
b) exigência de armaduras adicionais;
c) ultrapassagem do limite admissível para aquela espessura.
- O condicionante “c” acima surge para vãos maiores, acima de 12m, ou para sobrecargas
altas - acima de 5kN/m², por exemplo, o que leva o calculista a lançar mão de capitéis (lajes
cogumelo), evitando aumentar a espessura de todo o painel.
Na modelagem do pórtico equivalente, as rigidezes dos pilares são modificadas para levar
em consideração o funcionamento das lajes em duas direções.
A protensão é considerada como um carregamento externo equivalente, levando em conta
o princípio da carga balanceada.
- Arranjo das cargas acidentais:
Quando as cargas acidentais não ultrapassarem 75% das cargas permanentes, os esforços
poderão ser calculados considerando todos os vãos carregados, simultaneamente, com a carga
total.
Caso contrário, os esforços deverão ser calculados alternando-se as cargas acidentais, de
modo a produzirem o maior esforço na seção considerada, tomando-se, no entanto, apenas 75%
do valor da carga acidental. Os esforços não deverão ser menores que aqueles resultantes do
carregamento total em todos os vãos.
Os quadros a seguir, retirados do manual do ADAPT-PT, mostram o roteiro para a obtenção
dos pórticos equivalentes numa edificação de plantas e vãos não muito regulares.
→ Usar o TQS para gerar as tributárias: serão necessários dois processamentos pelo
método simplificado, um em cada direção (“horizontal” e “vertical”), utilizando em cada direção,
vigas fictícias (sem peso próprio) no alinhamento dos apoios e considerando bordos livres nas
direções perpendiculares, para que a totalidade das cargas convirja para a viga fictícia.
É necessário que se conheça, para cada linha tributária, o esquema de cargas a ela
convergentes, com separação de cargas permanentes e acidentais.
As tributárias serão processadas pelo ADAPT-PT, que já fornece as armaduras ativas e
passivas.
As armaduras serão detalhadas usando o editor gráfico do TQS.
5.3.3.2- Método das grelhas (TQS)
A laje é discretizada como uma grelha para obtenção dos esforços, momentos fletores e cortantes,
nas barras da mesma.
Para levar em conta a protensão, a laje é dividida em faixas, onde serão lançados os cabos de
mesmo perfil. Cada faixa é considerada isolada das outras e os momentos fletores nas seções transversais
são tomados pela média ou pelo máximo dos momentos atuantes nas barras da grelha que atravessam a
seção. A consideração da protensão é feita através da aplicação de diversos momentos “P * e” nos pontos
utilizados para discretização das barras das grelhas.
A partir dos momentos fletores obtidos das combinações dos carregamentos externos e dos
esforços de protensão são feitas as verificações de tensões e o dimensionamento das seções.
5.3.3.3- Método dos elementos finitos (ADAPT – Builder)
Devido à sua complexidade é utilizado somente no cálculo de estruturas muito irregulares ou com
grandes vazios, que não possam ser modeladas adequadamente pelos métodos anteriores.
5.4 - Lajes com Faixas Largas (Slabs with wide shallow beams ou banded slabs).
Quando os vãos nas duas direções perpendiculares são diferentes, a espessura necessária
da laje (escolhida em função do vão maior) leva a soluções anti-econômicas. Para evitar um
consumo exagerado de concreto, adotamos na direção dos vãos maiores uma faixa de concreto
mais espessa e a espessura da laje será calculada em função do menor vão.
Os cabos na direção dos maiores vãos ficam concentrados nas faixas e o aumento das
excentricidades dos mesmos resulta em cargas balanceadas maiores.
As dimensões da faixa são escolhidas de forma a evitar um aumento significante da rigidez
da laje nessa direção, de maneira que o comportamento da laje em duas direções não seja
prejudicado. O vão da laje na menor direção deve ser considerado de eixo a eixo dos pilares e não
de face a face das faixas.
Figura 3
Para h>2t, a faixa deve se calculada como viga e as lajes como do tipo “one way
Este sistema é ideal quando se tem edificações retangulares, com um lado bem maior
que o outro.
Como ordem de grandeza em que a solução se mostra interessante poderíamos
apontar painéis com vãos a partir de 7m. Como a laje é bi apoiada, a protensão é “bem vinda”
para resolver o problema de deformação Dependendo do material ou da caixa para a
confecção das nervuras, podemos ter lajes maiores (até 16m).
Figura 5
De acordo com a simbologia da figura acima
a) Espessura da mesa: t ≥ s/12 e t ≥ 5cm;
b) Largura das nervuras: b ≥ h/3,5 e b ≥ 10cm;
c) Espaçamento entre nervuras: s ≤ 80cm.
SEÇÃO EQUIVALENTE
Figura 6
A protensão total bem como as armaduras obtidas serão distribuídas na região analisada.
Obviamente, a armadura positiva será dividida entre as nervuras; a negativa, distribuída
uniformemente na mesa, na zona de momento negativo.
As faixas podem ser analisadas como vigas. Pode usar um programa que forneça as cargas
que convergem à viga (em suas parcela: permanente e acidental).
Processam-se as faixas pelo ADAPT e usa-se o programa de edição de armadura de vigas do
TQS, a partir do detalhamento gerado no processamento do pavimento (simplificado ou outro
qualquer mais sofisticado).
Analogamente ao modelo anterior, detalha-se a protensão com editores gráficos ou Auto
CAD, com as informações do ADAPT-PT.
5.9.1 - Generalidades
Uma das aplicações mais vantajosas das cordoalhas engraxadas consiste na protensão de
lajes assentadas sobre o solo, destinadas a apoiar residências, pisos industriais para galpões e
mesmo edifícios de grande porte. Este sistema construtivo, muito comum nos Estados Unidos
(onde são chamados de “slabs on ground”), apresenta vantagens bastante atraentes:
a) a laje desempenha a função de fundação; por se estender em toda projeção da
edificação, transmite de maneira segura as suas cargas ao solo, sem exigir dele grande
resistência, já que as tensões a serem equilibradas pelo solo ficam bastante diluídas;
b) A laje já desempenha as funções de “piso pronto”, com excelente qualidade de
acabamento, estando praticamente adequado para receber a pavimentação;
c) o construtor está dispensado de fazer escavações, alicerces em alvenaria de pedra,
baldrames e cintas, além do piso citado no item anterior.
Podem ser usados vários modelos, desde os mais simplificados até os mais complexos.
Um modelo simples seria o cálculo de lajes “trabalhando” de maneira invertida (de baixo
para cima) apoiadas nas paredes ou pilares, solicitadas pela reação do solo. Neste caso, o
calculista tem de assumir uma distribuição de tensões no solo compatíveis com a natureza do
mesmo.
Um modelo mais refinado, recomendado para edificações de maior porte, seria considerar
um laje sobre base elástica, sendo o solo representado por molas, cuja constante elástica é obtida
a partir das características mecânicas (ensaios CBR e SPT). O calculista não pode dispensar a
assessoria de engenheiros geotécnicos experientes, pois a adoção de constantes elásticas
associadas a um tipo de solo exige conhecimento da relação entre as faixas de validade das
constantes elásticas (função do carregamento) e do recalque admitido.
A análise dos esforços solicitantes é então realizada por “softwares” específicos, que
normalmente utilizam o Método dos Elementos Finitos ou modelos de grelha.
O módulo de laje protendida do programa TQS tem sido usado, possibilitando uma análise
segura e com boa visualização do comportamento solo-estrutura.
Esta tecnologia, introduzida no Brasil pela IMPACTO PROTENSÃO vem sendo aplicada com
sucesso, em diversas construções em Fortaleza, Natal e Recife.
As obras variam de condomínio residenciais duplex, casas populares e de luxo (Foto 8), e
até edifício de múltiplo andares. Na foto 9 podemos observar a cablagem de uma fundação para
Foto 08
Foto 09
Apresentamos, nas Tabelas 6.1, 6.2, 6.3 e 6.4, os principais resultados da análise realizada.
A estrutura do Anexo 6.1 foi tratada separadamente das outras, pois sua definição obedeceu a
critérios arquitetônicos e funcionais (altura disponível para passagem de veículos). Suas
dimensões em planta são 10,0 por 34,0m, com pilares apenas ao longo dos 34,0m. Teria sido
melhor estruturada com nervuras na direção dos 10m, apoiadas em vigas longitudinais. Seus
índices não foram comparados com as outras soluções, mas usados para comparar os custos do
sistema não aderente (cordoalhas engraxadas), com relação ao sistema pós-aderente. Em todos os
quantitativos apresentados, os pilares não estão contabilizados, pois a inclusão deles poderia
dificultar a comparação com outras edificações com diferentes números de pavimentos.
Para a laje projetada (Anexo 6.1), constata-se que a protensão com cordoalhas engraxadas
apresenta-se como a solução mais econômica: os custos com serviços e materiais de protensão
ficaram 42% abaixo do sistema aderente, conduzindo a uma economia de 15% nos custos finais da
estrutura (Tabela 6.3).
Realmente, a ausência de bainhas metálicas, da necessidade de injeção de nata de cimento,
aliadas a facilidades de montagem e protensão, tornam a protensão não aderente mais vantajosa
para as edificações comercias e residenciais.
6.4 - CONCLUSÕES
Os resultados encontrados na análise dos custos das edificações, a partir da adoção dos
sistemas estruturais recomendados neste Trabalho, mostram que a protensão não aderente se
torna uma solução competitiva para edificações usuais na construção civil. As dimensões adotadas
estão dentro de padrões recomendados noutros países, conforme tabela mostrada no Anexo 7.
Também, pelos inúmeros exemplos, constata-se que as cordoalhas engraxadas podem ser usadas
nos mais diversos sistemas estruturais. Arquitetonicamente, abrem-se excelentes perspectivas de
utilização de amplos espaços livres, de tetos lisos, sem a interferência de vigas, dando maior
flexibilidade ao uso da edificação. Para os construtores, um incremento na eficiência e qualidade
da estrutura, além da melhoria do processo construtivo que pode ser conseguida com custos
semelhantes e até inferiores aos das estruturas convencionais.
Laje Nervurada com Concreto Armado e Faixas Protendidas (fck > 30 MPa).
Laje Nervurada com Concreto Armado e Faixas Protendidas (fck > 30 MPa).
Laje Nervurada com Concreto Armado e Faixas Protendidas (fck > 30 MPa).
Laje Nervurada com Concreto Armado e Faixas Protendidas (fck > 30 MPa).